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PROCEDIMENTO PARA A LOCALIZAO DE TERMINAIS RODOVIRIOS INTERURBANOS, INTERESTADUAIS E INTERNACIONAIS DE PASSAGEIROS

Ubiratan Pereira Soares

DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES.

Aprovada por:

Prof. Licnio da Silva Portugal, D. Sc.

Prof. Carlos David Nassi, Dr. Ing

Prof. Mrcio Peixoto de Sequeira Santos, Ph. D

Profa. Ilce Marila Dantas Pinto de Freitas, D. Sc

RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL. SETEMBRO DE 2006

SOARES, UBIRATAN PEREIRA Procedimento para a Localizao de Terminais Rodovirios Interurbanos, Interestaduais e Internacionais de

Passageiros [Rio de Janeiro] 2006. XXI, 343 p. 29,7 cm M.Sc.,Engenharia 2006). Dissertao Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. 1. Terminais Rodovirios 2. Passageiros 3. Interestadual, Internacional I.COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie) de (COPPE/UFRJ, Transportes,

ii

Ao Seu Batan, velho praa de guerra e Dona Isa, meus pais (in memorian) Por tudo.

iii

AGRADECIMENTOS

Presidencia da CET-RIO pela oportunidade concedida; Ao Ricardo Lemos, pela decisiva concordncia e aprovao para a realizao do Mestrado; Ao profesor Licnio, pela compreenso e pacincia, quanto ao trabalho de orientao para a presente Dissertao; Aos profesores Nassi, Mrcio Peixoto e Paulo Cesar pela acolhida, incentivo e apoio no PET; Vera Bacelar, amiga imprescindve! Tnia, outra grande amiga, pelo despreendimento da ajuda; Ao Adalberto, pelo apoio e colaborao e pelos livros (que ainda no devolvi); Ao Paulo Henrique, a pessoa certa, na hora exata, na prestao do auxlio; Ao Paulo Ventura, pela lucidez e pertinncia sempre presentes; Ao Mrcio, pela competncia e segurana; Ao Caruso, pela decisiva colaborao na undcima hora; Teresa Tcupollilo, pelo desvelo da preciosa ajuda; A todos da Gerncia de Projetos, que, de uma forma ou de outra, acudiram-me e desejaram me sorte nessa empreitada; A todos os especialistas que colaboraram com a pontuao das matrizes e aqueles que participaram da Sesso de Brainstorming; Ao Pablo, ao Jorge e ao Jos Carlos Diniz; A Secretaria do PET, pelo presteza do atendimento das minhas demandas; Um agradecimento especial Dra.Rosemary Santiago, l de So Joo del Rey, pela inesperada reviso do meu portugues ruim; E a todos os demais que colaboraram para a consecuo deste trabalho; Ao Luiz Paulo Gerbassi, mais que grande Amigo, o Irmo sempre presente, generoso, lcido e pertinente em todas as horas! Agradeo tambm pelas horas do bom debate!

iv

Os que lutam "H aqueles que lutam um dia; e por isso so muito bons; H aqueles que lutam muitos dias; e por isso so muito bons; H aqueles que lutam anos; e so melhores ainda; Porm h aqueles que lutam toda a vida; esses so os imprescindveis. Bertold Brecht"

v

Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.).

PROCEDIMENTO PARA A LOCALIZAO DE TERMINAIS RODOVIRIOS INTERURBANOS, INTERESTADUAIS E INTERNACIONAIS DE PASSAGEIROS

Ubiratan Pereira Soares

Setembro / 2006

Orientadores: Licnio Portugal Carlos David Nassi Programa: Engenharia de Transportes

O presente trabalho apresenta um procedimento para a definio da melhor localizao de terminais rodovirios de passageiros interurbanos, interestaduais e internacionais (TRP) em cidades de grande porte, considerando diversas alternativas de localizao em reas centrais ou em reas perifricas da cidade, visando contribuir para a pesquisa do tema no Brasil como instrumento de orientao e apoio para o tomador de deciso. A relevncia do tema se justifica pela fundamental importncia que o TRP representa para o bom desempenho do transporte rodovirio de passageiros no Brasil.

O procedimento adotado consiste na modelagem de uma estrutura hierrquica baseada nas recomendaes dos mtodos multicritrios de apoio deciso, particularmente o Mtodo de Anlise Hierrquica (MAH), utilizado no desenvolvimento desse estudo.

O trabalho objetiva hierarquizar as alternativas de localizao conforme as opinies dos especialistas consultados, cujas respostas representam a percepo dos agentes de deciso e atores intervenientes, na produo do servio do transporte rodovirio de passageiros, onde a identificao e a avaliao dos principais fatores locacionais so essenciais para a determinao da melhor alternativa de localizao para o TRP.

vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

INTERURBAN, INTERSTATE AND INTERNATIONALS PASSENGER BUS STATION LOCATION PROCEEDINGS

Ubiratan Pereira Soares September / 2006

Advisors : Licnio Portugal Carlos David Nassi Department: Transport Engineering.

This work presents a procedure definition to the best localization alternative for interurban, interstate and internationals passenger bus station in large cities, considering various alternatives of localization into central or peripheric areas, contributing to the themes research in Brazil by orientations and support tools for decision makers. The themes relevance are justified by the essential importance that the TRP represents for the good performance of Brazils highway transport passenger.

The procedure used consists in a hierarchic structure model basing in multicriterials methods greetings to decision support, particularly represented for Analysis Hierarchy Method (AHP), used into this development study.

The works objective is the localizations alternatives hierarchy of the specialist concerns witch their answers represent the agents and actors perceptions into highway transport passengers service production, where the identifying and evaluation of principals locational factors are being essentials for the best alternatives. TRP localization

vii

NDICE

CAPTULO 1 - INTRODUO

1

1.1 Apresentao 1.2 Conceituao do Problema 1.3 Objetivo e Hiptese do Estudo 1.4 Relevncia do Tema e Contribuio 1.5 Estrutura do Trabalho

1 6 9 10 11

CAPTULO 2 - O TERMINAL RODOVIRIO DE PASSAGEIROS (TRP)2.1 Transporte Rodovirio de Passageiros 2.2 Problemas Operacionais Observados 2.3 A Funo do Terminal de Passageiros dentro do Sistema de Transporte Rodovirio de Passageiros 2.4 Caractersticas de um Terminal Rodovirio de Passageiros - TRP 2.5 Classificao dos Terminais Rodovirios de Passageiros 2.6 Caracterizao Sistmica do Terminal de Passageiros 2.7 Atributos de Funcionamento dos terminais Rodovirios de Passageiros 2.8 Consideraes Finais CAPTULO 3 LOCALIZAO 3.1 Introduo 3.2 Espacialidade 3.3 Conceitos Espaciais 3.3.1 Conceitos Gerais sobre Espao Produtivo 3.3.2 Regio Regio Homognea 3.3.3 Lugar 3.4 Localizao de Terminais Rodovirios de Passageiros TRP Relaes Dinmicas entre Natureza e Sociedade 3.4.1 Conceitos de Centro e Periferia 3.4.2 rea de Influncia

14 14 17 17

19 25 30 34 36 38

38 38 43 44 47 47 49 51 52 53 57

viii

rea Diretamente Afetada ADA rea de Influncia Direta AID rea de Influncia Indireta AII 3.4.3 Estudos Relativos Localizao de Terminais 3.4.4 Fatores Relevantes de Localizao 3.4.5 Resumo dos Fatores Locacionais 3.5 Critrios Locacionais a) Anlise Custos / Benefcios b) Acessibilidade Gerenciamento da Mobilidade Acessibilidade versus Gerenciamento da Mobilidade c) Desenvolvimento Urbano Espao Urbano Planejamento Urbano e Transporte Pblico Sustentabilidade do Transporte d) Externalidades Ambientais Urbanas Deseconomias Urbanas 3.6 Consideraes Finais

60 60 60 62 68 79 83 84 88 92 97 98 102 103 106 110 113 115

CAPTULO 4 TOMADA DE DECISO E ANLISE DOS MTODOS MULTICRITRIOS DE APOIO DECISO - MMAD 4.1 Introduo 4.2 O Processo de Tomada de Deciso 4.3 Mtodos Multicritrios de Apoio Deciso - MMAD 4.3.1 Introduo 4.3.2 Conceituao dos Mtodos Multicritrios 4.3.3 Classificao dos Mtodos Multicritrios de Apoio Deciso a) Mtodos de Agregao a um Critrio nico de Sntese (Escola Americana) b) Mtodos de Subordinao (outranking) e Sntese da Escola Francesa c) Mtodos Interativos ou de Programao Matemtica Multiobjetivo 117

117 117 125 125 125 130 131 132 135

ix

4.3.4 Seleo do Mtodo Multicritrio a ser Utilizado no Estudo a) Mtodo de Anlise Hierrquica MAH O Programa Expert Choice Aplicaes do Mtodo b) Mtodo TODIM Aplicaes do Mtodo c) Mtodo de Anlise Hierrquica da Escola Francesa Aplicaes do Mtodo 4.3.5 Escolha do Mtodo Multicritrio 4.4 Consideraes Finais

135 136 142 142 144 146 146 149 149 153

CAPTULO 5 AGENTES INTERVENIENTES NO PROCESSO DE DECISO

154

5.1 Introduo 5.2 Identificao, Qualificao e Determinao dos Agentes de Deciso 5.2.Identificao dos Agentes de Deciso a) Quanto ao Usurio do TRP b) Quanto aos Atores Sociais 5.2.2 Qualificao e Definio dos Agentes de Deciso Mtodos de Prospeco Mtodos Intuitivos Mtodos dos Questionrios e Checklists Mtodos Sistemticos Mtodos Heursticos Mtodos Orientados 5.2.3 Aplicao do Mtodo de Brainstorming Aplicao da Sesso de Brainstorming Aplicao do Tema a) Quanto Localizao do TRP e Critrios Locacionais b) Quanto Qualificao dos Agentes de Deciso c) Quanto ao Transporte Rodovirio d) Quanto ao Transporte Pblico Urbano

154 154 154 155 156 156 156 158 159 159 159 160 161 163 163 164

165 166 166

x

e) Quanto ao Agente Gestor de Trnsito f) Quanto ao Usurio do TRP g) Quanto ao Ator Social 5.2.4 Resultados da Aplicao do Mtodo de Brainstorming 5.3 Agentes de Deciso 5.3.1 Agente Pblico Estado Regulador versus Empresas Privadas 5.3.2 Agentes Privados Empresas Operadoras do Transporte Rodovirio de Passageiros a) Operadoras do Transporte Rodovirio versus Terminal Rodovirio b) Usurio do nibus Rodovirio versus Operadores do Transporte Rodovirio Operadores de Terminais Rodovirios de Passageiros TRP Empresas do Transporte Pblico Urbano e Metropolitano Transporte Coletivo por nibus Transporte Pblico Urbano e Integrao Intermodal Transporte de Grande Capacidade sobre Trilhos Txis Transporte Alternativo 5.3.3 Gestor do Trnsito 5.3.4 Usurio do TRP Caracterizao Socioeconmica e Espacial do Usurio 5.3.5 Associaes de Moradores 5.4 Consideraes Finais

167 167 167 168 169 170 171 174

174 176 177

178

181 182 182 184 185 187 190 191 195 199

xi

CAPTULO 6 PROCEDIMENTO PROPOSTO E SUA APLICAO 6.1 Introduo 6.2 Descrio do Procedimento Proposto 6.3 Etapas do procedimento Etapa 1 Estruturao do Mtodo de Anlise Hierrquica Fase 1 Agentes de Deciso Fase 2 Critrios Locacionais Fase 3 Identificao e Definio das Alternativas de Localizao a) Prximo rea Central da Cidade b) Na regio Perifrica Tipologia das Alternativas de Localizao Fase 4 Estruturao da rvore Hierrquica de Deciso Etapa 2 Aplicao do Mtodo de Anlise Hierrquica Fase 5 Composio das Matrizes de Comparao Fase 6 Seleo e Consulta aos Especialistas Correlao dos Fatores de Julgamentos Fase 7 O Programa Expert Choice Fase 8 Aplicao do Programa Expert Choice Determinao das Matrizes do Expert Choice Matrizes em Planilhas de Clculo Excell a) Determinao do Vetor de Prioridade b) Determinao da Razo de Consistncia Anlise de Sensibilidade Etapa 3 Resultados Obtidos Fase 9 Determinao Preliminar do Grau de 209 211 211 211 212 213 214 215

201 201 203 204 205 205 205 205 206 207 207

215 216 216 218 219

xii

Importncia de Cada Alternativa de Localizao Fase 10 Resultados Obtidos do Expert Choice Nomenclatura Empregada no Expert Choice Grficos de Sensibilidade Dinmica 6.4 Resumo dos Resultados Obtidos 6.4.1 Classificao das Alternativas de Localizao 6.4.2 Classificao dos Agentes de Deciso Usurio do Terminal Agente Pblico Agente de Trnsito Associao de Moradores Operador do Transporte Pblico Operador do Terminal Rodovirio de Passageiros 6.4.3 Classificao dos Critrios Locacionais Acessibilidade Anlise Custos Benefcios Desenvolvimento Urbano Externalidades Ambientais Urbanas 6.5 Consideraes Finais 219 222 222 229 230 230 232 232 232 232 232 233 233 233 233 234 234 234 234

xiii

CAPTULO 7 CONCLUSES E RECOMENDAES 7.1 Concluses 7.2 Recomendaes a) Quanto Bibliografia Relativa ao Tema b) Quanto aos Mtodos Multicritrios de Anlise Deciso- MMAD c) Quanto ao Mtodo Multicritrio Adotado, o MAH

236 236 239

239

239

240 d) Quanto ao Mtodo Prospectivo Brainstorming e) Quanto Questo da Localizao de TRPs f) Quanto Aplicao Exclusiva de Modelos Racionais em Processos de Tomada de Deciso na Escolha de Alternativas 242 241 241

xiv

LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 Classes de Terminais Rodovirios de Passageiros - TRP TABELA 2.2a Atributos Agregados de Operao de TRP TABELA 2.2b Atributos Agregados de Operao de TRP TABELA 2.3 Atributos Agregados de Localizao de TRP TABELA 3.1 Exemplos de Localizao de Terminais Rodovirios de Passageiros em Cidades Europias TABELA 3.2 Sub-fatores de Localizao TABELA 3.3 Fatores Relevantes de Localizao de um TRP TABELA 4.1 Escala de Medidas Mtodo TODIM TABELA 4.2 Comparao de Desempenho entre os Mtodos TABELA 5.1 Indicadores Mdios de Operao do Sistema Interestadual e Internacional de Transporte Rodovirio de Passageiros TABELA 5.2 Indicadores de Qualidade, segundo a Percepo dos Tcnicos da ANTT TABELA 5.3 Percepo do Usurio quanto Qualidade do Transporte Rodovirio TABELA 5.4 Classificao Entre Classe e Renda no Brasil TABELA 6.1 Tipologia das Alternativas de Localizao TABELA 6.2 Escala Fundamental de SAATY TABELA 6.3 Determinao Preliminar do Grau de Importncia de Cada Alternativa de Localizao TABELA 6.4 Alternativas de Localizao versus Agentes de Deciso TABELA 6.5 Grau de Importncia dos Agentes de Deciso e Atores em Relao Localizao de um TRP, sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.6 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso do Agente Pblico sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.7 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso do Operador do TRP sob a Percepo dos Especialistas

27 34 35 36 68

77 83 145 150

176 177

177 192 208 212

220 223

225

225

226

xv

TABELA 6.8 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso do Operador do Transporte Pblico sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.9 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso do Agente de Trnsito sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.10 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso do Usurio do TRP sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.11 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso da Associao de Moradores sob a Percepo dos Especialistas TABELA 6.12 Grau de Importncia dos Critrios Locacionais em Relao Localizao de um TRP, na Viso de Todos os Agentes de Deciso e Atores sob a Percepo dos Especialistas 228 228 227 227 226

xvi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Participao dos Produtos e Servios Rodovirios na Receita do Segmento de Transporte Rodovirio de Passageiros Figura 2.2 Fluxograma Bsico de um TRP Figura 2.3 Fluxograma Funcional Simplificado de um Terminal Rodovirio de Passageiros -TRP Figura 3.1 - Relaes Dinmicas entre os Processos Poltico-econmico, Socioculturais e Ecolgicos Figura 3.2 rea de Influncia Figura 5.1 Renda Familiar dos Usurios de Transporte Rodovirio Interestadual Figura 6.1 Mapa da Cidade do Rio de Janeiro - Localizao das Alternativas Figura 6.2 Estrutura da rvore Hierrquica Figura 6.3 Fluxograma Geral da Estrutura Hierrquica 191 206 210 210 53 60 16 31

33

xvii

LISTA DE SIGLAS MOST EPOMM UTPS ANTP TRP DAC ANTT PGV GEIPOT MMAD MAH ABRATI ANAC SOCICAM IBGE DNIT DNER MITERP DER CGEE PETROBRAS UFAM CONAMA ADA AID AII HABITARE Mobility Management Strategies for the Next Decades European Forum for Soft Mobility in Tourism Innovative Models and Pilot Projects Urban Transportation Planning System Associao Nacional dos Transportes Pblicos Terminal Rodovirio de Passageiros Diretoria de Aeronutica Civil Agncia Nacional de Transportes Terrestres Plo Gerador de Viagens Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes Mtodos Multicritrios de Apoio Deciso Mtodo de Anlise Hierrquica Associao Brasileira de Empresas de Transportes Intermunicipais Agncia Nacional de Aviao Civil Sociedade Civil Campineira - Terminais Rodovirios e Representaes Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Manual de Implantao de Terminais de Passageiros Departamento de Estradas de Rodagem Centro de Gesto e Estudos Estratgicos/ Ministrio de Cincia, Tecnologia e Inovao Petrleo Brasileiro S.A. Universidade Federal da Amaznia Conselho Nacional do Meio Ambiente rea Diretamente Afetada rea Indiretamente Afetada rea de Influncia Indireta Programa de Tecnologia de Habitao, referenciado ao FINEP Financiadora de Estudos e Projetos e Caixa 16 26 26 26 28 52 59 59 59 59 59 59 14 14 15 2 4 5 6 6 6 7 2

9 11 12

xviii

Econmica Federal CEF AIR AHITAR/MT IMIP SAREM TRRC ACB EMDEC GM HABITAT/ONU OECD PIB BNDES IPEA UTA TOPSIS TODIM MACBETH MAVT MAUT SMART AIM ELECTRE PROMETTHEE TIPEC AHP NSF EC ONG TRIZ IPR CTB rea de Influncia Regional Administrao das Hidrovias do Tocantins e Araguaia, vinculada ao Ministrio dos Transportes MT Instituto Municipal de Investigacin y Planeacin Secretaria de Articulao com os Estados e Municpios Terminal Rodovirio Regional de Cargas Anlise Custos-Benefcios Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas Gerenciamento da Mobilidade Programa de Assentamentos Humanos da ONU Organizao das Naes Unidas Organization for Economic Cooperation and Development Produto Interno Bruto Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social Instituto de Pesquisas Econmicas e Aplicadas Utilit Aditive Techinique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution Tomada de Deciso Multicritrio Measuring Attractiveness by a Categorical Based Evalution Multi-atribute Value Theory Multi- attribute Utility Theory Specific Measurable Agreed Upon Relevant Time Bound Adaptive Implict Method Elimination and Choice Translating Reality Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluations Tecnologias para o Aumento da Eficincia Corporativa Analytic Hierarchy Process National Science Foundation Expert Choice Organizao no Governamental Teoria da Soluo Inventiva dos Problemas Instituto de Pesquisas Rodovirias, vinculado ao DNIT/MT Cdigo de Trnsito Brasileiro

59 60

61 74 77 78 84 94 97

100 106 106 111 115 132

132 132 132 132 132 132 132 134

134 136 136 136 142 155 160 161 167

xix

OAB PDM DENATRAN CONTRAN CBTU TREMSURB ES QFD ANTT ANPET NTU VPP SECTRAN-RJ SNT CNT COPPEAD/UFRJ

Ordem dos Advogados do Brasil Plano Diretor Municipal Departamento Nacional de Trnsito Conselho Nacional de Trnsito Companhia Brasileira de Trens urbanos Empresa de Trens Urbanos Esprito Santo Quality Function Deployment Agncia Nacional de Transportes Terrestres Associao Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes Associao Nacional das Empresas de Transportes Urbanos Veculo de Pequeno Porte Secretaria de Transportes do Estado do Rio de Janeiro Sistema Nacional de Trnsito Confederao Nacional dos Transportes Instituto de Ps-Graduao e Pesquisa em Administrao, vinculado UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

168 172 172 172 172 172 176 176 176

179

182 186

187 187 191

191 191 196 197 207 207 215 215 222 222 222 222 222 222 222 222

ANEP IAB EIV CCPL CEASA-RIO RC IC AG PUB OP TRP US TRP ASS MOR ACESS DU C/B EXT

Associao Nacional das Empresas de Pesquisas Instituto dos Arquitetos do Brasil Estudos de Impactos de Vizinhana Cooperativa Central dos Produtores de Leite Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro Razo de Consistncia ndice de Consistncia Agente Pblico Operador do Terminal Rodovirio de Passageiros Usurio do Terminal Rodovirio de Passageiros Associaes de Moradores Acessibilidade Desenvolvimento Urbano Custos/Benefcios Externalidades

xx

Nota: Os termos referentes a REGIMA, NAIADE, QUALIFLEX, ORESTE,

MELCHIOR, TACMC,MAPPAC, PRAGMA,N-TOMIC,EVAMIX, PREFCALC, UTASTARS, MINORA, so relativos aos Mtodos Multicritrios de Deciso, destacados no Captulo 5, pginas 132 e 134, para os quais no foi encontrado o significado na literatura consultada.

ANEXOS ANEXO 1 - ESCLARECIMENTOS E INSTRUES PARA PREENCHIMENTO DAS MATRIZES 1 A 4.24 ANEXO 2 MENU PRINCIPAL ANEXO 3 MATRIZES DE 1 A 4.24 ANEXO 4 TABELAS DE AVALIAO COMPLEMENTAR DAS ALTERNATIVAS DE LOCALIZAO DO TRP

263

264 269

273

309

ANEXO 5 MAPA DAS ALTERNATIVAS PARA LOCALIZAO DE UM TRP ANEXO 6 - GRFICOS DO EXPERT CHOICE Grupo 1 Anlises Comparativas Grupo 2 Agentes de Deciso Grupo 3 Sntese

325 327 328 336 339

xxi

CAPTULO 1 - INTRODUO

1.1 Apresentao

Os problemas e as dificuldades existentes nas cidades do mundo industrializado, relacionados acessibilidade e mobilidade, so resultantes da atuao do homem no espao, no processo de produo e reproduo do capital, promovendo uma estratificao do territrio. Nesse sentido, a resoluo ou atenuao desses conflitos exige a implementao de apropriadas medidas derivadas do planejamento e comprometidas com a preservao do meio ambiente fsico e cultural, de modo a assegurar o bem estar da coletividade.

Preconiza-se, portanto, a idealizao de um cenrio institucional, onde uma viso estratgica de mdio e longo prazo prevalea no planejamento de polticas pblicas sustentveis, atuando de maneira preventiva e harmoniosa. Essa forma de desenvolvimento deve ser vista simultaneamente como instrumento e parte de um processo destinado a alcanar maior eficincia, eficcia e efetividade na aplicao de recursos, produzindo os resultados sociais, econmicos e ambientais desejados.

Essa viso incide, necessariamente, em uma gesto eficiente do territrio, em contraposio ao crescimento desordenado das cidades, gerador de deseconomias de aglomerao e prejuzos significativos economia urbana e regional, ao meio ambiente e consequentemente ao bem-estar de cidados e visitantes.

O processo de planejamento, dentro da viso sistmica, significa o interrelacionamento de diversas atividades necessrias para atingir o objetivo bsico de transformao da realidade (CALSING, 1986).

YAMASHITA e MAGALHES (2006) observam que esse processo nas grandes cidades vem tornando-se um desafio difcil para garantir a circulao de pessoas e cargas na rede viria urbana, exigindo a aplicao de novas prticas. Nesse sentido, esses autores admitem que a utilizao somente dos mtodos e prticas da engenharia de transporte insuficiente, exigindo um novo enfoque, multidisciplinar e dinmico.

Assinalam que historicamente, as aes e teorizaes nessa rea focalizaram fortemente os meios de transportes. Destacam que nas metrpoles, as solues mais1

comuns associadas ao transporte urbano no so mais capazes de sanar os problemas colocados vida cotidiana. As polticas pblicas de proviso de infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, aeroportos), baseadas nessa perspectiva, perduram at hoje, apesar da emergncia das novas preocupaes, principalmente pela comunidade acadmica e tcnica da rea, que, nos ltimos anos, procura situar o transporte dentro de um contexto mais amplo.

Dentre as preocupaes emergentes, destacam-se as relacionadas demanda, referenciadas nas polticas, estratgias e tcnicas de Gerenciamento da Mobilidade preconizadas pelo MOST (2003) e pelo EPOMM (2004).

Complementam

que

hoje

no

basta

apenas

explicar

(quantitativamente)

o

comportamento dos fluxos do transporte urbano (envolvendo trens, nibus, carros, bicicletas e outros veculos, alm dos prprios pedestres) e dos custos que envolvem os movimentos (condio das vias, modernidade das tcnicas e equipamentos). Torna-se tambm necessrio entender quais foras impulsionam tais movimentos, como so gerados e qual a lgica de sua dinmica. Ou seja, agora numa viso mais completa, so considerados trs aspectos fundamentais: os aspectos ligados ao sujeito do transporte (que articula os recursos necessrios para promover e facilitar o deslocamento de pessoas e bens), ao meio (o conjunto de elementos e recursos que permitem e facilitam o deslocamento) e ao objeto do transporte (aquilo que transportado), lembrando que o transporte nunca um fim em si mesmo, mas apenas um meio para o atendimento de necessidades de deslocamento individuais e coletivas da populao.

Os autores argumentam que a persistncia desse cenrio devida principalmente implementao de polticas pblicas, que centram sua ateno em solues paliativas, imediatistas e de maior impacto. Citam como exemplo, o aumento da capacidade das vias em detrimento de solues estruturais, cujos resultados, muitas vezes, s aparecem a mdio ou longo prazo, envolvendo outros aspectos alm do transporte, os quais exigem discusso, atuao multidisciplinar e intersetorial (YAMASHITA e MAGALHES, 2006).

Como contraponto a essa viso imediatista que se coloca a idia da sustentabilidade, que pode ser definida como a caracterstica daquilo que d conta das necessidades presentes sem comprometer o atendimento das necessidades das

2

futuras geraes, uma meta a ser perseguida constantemente (COMISSO BRUNDTLAND, 1991).

RAIA JUNIOR (2000) converge para esse pensamento assinalando que, de maneira geral, o processo de planejamento de transportes no tem apresentado a sensibilidade suficiente para resolver ou, ao menos, atenuar o conflito entre o que planejado e a necessidade real dos cidados urbanos, principalmente os de menor renda. O autor observa que, embora seja freqente que as anlises levem em conta aspectos ligados acessibilidade, ou os ligados mobilidade, isto em geral feito de forma no associada.

Esta viso tambm compartilhada por BRUTON (1979), quando adverte que, apesar das necessidades de que o processo de planejamento dos transportes seja compreensivo e incorpore de uma forma integrada e mais ampla, consideraes de fatores econmicos e populacionais, uso do solo, valores sociais e comunitrios e as funes dos diferentes modos de transportes.

Para o autor, a demanda por transporte pblico passa a ser tratada como um resduo, depois que as viagens por veculos individualizados j foram estimadas. Essa atitude tem resultado no desenvolvimento de uma metodologia comparativamente sofisticada para estimar os fluxos de trfego futuros e derivar redes alternativas. Simultneamente so produzidas propostas que impactam negativamente sobre locais de trabalho e residncias, sendo totalmente inaceitveis pelo pblico. O planejamento de transportes deve refletir as opinies de todos os especialistas envolvidos no planejamento - o engenheiro de trfego e transportes, o urbanista, o economista, dentre outros - bem como atender as aspiraes da populao como um todo (BRUTON, 1979).

DE TONI (2000) destaca que no planejamento pblico e governamental do setor de transportes o peso da herana tcnica normativa determinante. Sob um universo dominante de instrumentos quantitativos e uma profuso, por vezes abusiva, de projees economtricas e pressupostos simplificadores, produziram-se muitos equvocos gerenciais, erros de projetos, obras inacabadas ou resultados socialmente injustos.

Para o autor, entretanto, tais valores, no mudaro se no houver foras endgenas de inovao tcnica e metodolgica capazes de compreender outros referenciais3

conceituais de planejamento estratgico, muitos dos quais originrios na cincia poltica ou da sociologia organizacional. O entendimento da acessibilidade urbana, por exemplo, restrito ao conceito de custo generalizado ou ancorado unicamente na projeo probabilstica de viagens futuras - por maior sofisticao da modelagem estatstica ou dos dados coletados ser insuficiente se no incluir a noo de excluso/incluso social ou explicitar um conceito de Estado e polticas pblicas.

Conforme o autor, a defesa de vises mais flexveis que assumem explicitamente as relaes de poder (a poltica em sentido amplo), como variveis to importantes quanto as variveis quantitativas tradicionais no significa, entretanto, a negao imediata do instrumental matemtico ou da modelagem convencional e clssica do UTPS (Urban Transportation Planning System): gerao de viagens (atrao e produo), distribuio, diviso modal e alocao dos fluxos rede de transportes. Ao contrrio, ao abrigar tcnicas e instrumentos metodolgicos sob nova orientao terica, permite-se no s redimensionar a importncia de tais procedimentos como tambm expandir os efeitos positivos de seu uso para diagnosticar problemas, formular projetos e estabelecer previses em cenrios mais confiveis.

DE TONI (2000) aponta dois outros tipos de modelos como suporte na anlise de problemas de transportes:

Modelos comportamentais: trabalham com fatores motivacionais dos usurios em relao aos atributos (que compem o nvel de servio) dos sistemas de transporte. Vo alm do aspecto descritivo normativo do modelo anterior e procuram saber o processo de deciso do usurio de transporte;

Modelos

atitudinais:

procuram

captar

as

reaes

dos

usurios

no

compreendidas pelos modelos anteriores. Partem da suposio que as atitudes concretas dos indivduos nem sempre traduzem corretamente os seus comportamentos, ou seja, ocorre a interferncia de inmeros e complexos fatores subjetivos ligados percepo ou aspectos culturais, psicolgicos, hbitos consolidados etc. Os modelos atitudinais, ao contrrio de invalidarem os esquemas racionais de deciso (suposio nos modelos comportamentais), complementam este processo na medida em que identificam estes fatores subjetivos, auxiliares na tomada de deciso.

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Conforme DE TONI (2000), os mtodos mais tradicionais de planejamento de transportes so extremamente normativos, impessoais e neutros, estruturando-se teoricamente como se segue:

H sempre um ator que planeja (o Estado) e os demais so simples agentes econmicos (realidade econmica e social) com reaes completamente previsveis. O primeiro pode controlar o segundo;

As reaes dos demais agentes ou atores so previsveis porque seguem leis e obedecem a prognsticos de teorias sociais bem conhecidas; O sistema gera incertezas, porm, previsveis enquanto tais, no h possibilidade de surpresas no - imaginveis; O ator social que planeja no controla todas as variveis, mas as variveis no controladas no so importantes ou determinantes, no tem um

comportamento criativo ou so controladas por outros atores; H nesta viso, uma aparente governabilidade, gerada pela iluso de que as variveis no controladas simplesmente no so importantes.

Conforme o autor, o ator que planeja est inserido num jogo de final aberto, onde o prprio tempo j tem conceitos diferenciados conforme a percepo dos mltiplos agentes em situao de poder compartilhado. Conclui observando que esta construo terica est baseada na interao criativa de atores sociais que planejam com objetivos antagnicos, porm atuando cooperativamente.

De acordo com a ANTP (1995), o planejamento de transportes pode ser definido como a atividade que define a infra-estrutura necessria para assegurar a circulao de pessoas e mercadorias e que organiza os sistemas de transporte que estaro sujeitos regulamentao pblica, inclusive tecnologia e o nvel de servio a ser ofertado.

Segundo BLACK (1996), o planejamento dos transportes visa encontrar as melhores solues, em funo dos recursos disponveis, para resolver o problema do transporte. Como atividade profissional, o planejamento dos transportes s se justifica para a comunidade se os problemas e solues forem tratados de maneira rigorosa, inclusive com uma anlise detalhada de todos os fatores relevantes. A abordagem sistmica fornece aos planejadores a estrutura adequada para atingir esses ideais.

A avaliao de alternativas procedida atravs da modelagem do sistema. Uma vez gerados os modelos e avaliadas as alternativas, obtm-se um conjunto de solues5

alternativas para o problema que devem ser submetidas a um processo de deciso para determinar qual soluo ou conjunto de solues a serem adotadas.

O contexto de tomada de deciso uma das caractersticas de problemas e modelos de transportes que deve ser considerada quando da escolha de alternativas, definindo o tipo de deciso: estratgico, ttico ou operacional. A escolha do escopo envolve o nvel de anlise, se apenas transporte ou tambm localizao de atividades.

Desta forma, pautado na conceituao anteriormente abordada, o foco do presente trabalho particulariza-se, voltando-se para a problemtica de localizao de terminais rodovirios de passageiros (TRPs), enunciando a formulao de uma proposta que transcenda a mera localizao fsico-geogrfica, alicerando-se e atribuindo fundamental importncia aos aspectos de acessibilidade, mobilidade e uso e ocupao do solo. Refere-se tambm a percepo dos diversos agentes e atores sociais, produtores e usurios do servio rodovirio de passageiros, com a compreenso de que estejam diretamente ligados plena efetividade no atendimento necessidade por viagens, dentro das cidades e nas ligaes entre as cidades.

1.2 Conceituao do Problema

Os terminais rodovirios de passageiros, comumente chamados rodovirias, alm de representarem uma importante componente da infra-estrutura do transporte rodovirio de passageiros do pas, constituem-se como forte fator de integrao nacional. Os TRPs so o ponto de transio entre as viagens por nibus rodovirios nas ligaes de mdia e longa distncia (intermunicipais para percursos alm da regio metropolitana, interestaduais e internacionais) e as viagens intra-urbanas nas cidades.

Os TRPs, alm de contriburem para a acessibilidade e mobilidade, atuam simultaneamente como atividade-meio no emprego de mo-de-obra, gerao de servios, impostos, impulsionando o desenvolvimento urbano, regional e nacional.

O DAC (2005), por exemplo, informa que em 2004, o setor areo transportou cerca de 34,4 milhes de passageiros. No mesmo perodo, segundo a Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT, 2005), o setor rodovirio de transporte de passageiros, transportou mais de 136,4 milhes de passageiros ou cerca de 29,7 bilhes de passageiros x km referente s linhas interestaduais e internacionais, correspondendo a cerca de 4,2 milhes de viagens realizadas.6

Nesse contexto, o TRP assume importncia fundamental para o transporte interurbano brasileiro, tornando-se evidente que no pode ser dissociado de polticas efetivas para o transporte rodovirio de passageiros.

Prope-se, ento, a reviso conceitual sobre a localizao mais apropriada entre stios disponveis ou a serem disponibilizados para a implantao de um TRP, conforme a observao de que a localizao deve estar fundamentada em parmetros objetivos segundo uma dualidade locacional especfica: se prximos ao centro urbano e, portanto, junto ao comrcio e servios, ou se afastados da malha urbana, nas regies perifricas e mais prximas das rodovias. Nesse sentido, a proposta de reviso, na medida em que considera o estudo das demandas, explicita fatores considerados mais importantes e fundamentais para a melhor localizao na implantao de um TRP, como custos, acessibilidade, mobilidade, uso e ocupao do solo e segurana da viagem, alm das externalidades ambientais urbanas, dentre outros.

A localizao de um terminal em reas centrais, por exemplo, pode apresentar aparentemente, maior facilidade de acesso aos usurios do transporte rodovirio em razo da maior oferta do transporte pblico urbano. Por outro lado, terminais localizados distantes do centro e prximos de vias estruturais ou rodovias, na medida em que facilita a circulao do nibus rodovirio, fora das reas urbanas mais congestionadas, pode reduzir a durao do tempo de viagem entre as localidades atendidas. Nesse caso, deve estar interligado a um bem provido sistema de transporte urbano integrado, que assegure as condies de acessibilidade, mobilidade e segurana, sem que represente custos adicionais ao usurio.

Ao desenvolver um exerccio de aproximao de semelhanas de funes de um TRP como as exercidas por um Plo Gerador de Viagens (PGV), referentemente quanto localizao e impactos, esse balizamento encontra referncia em PORTUGAL (2006), na sua abordagem sobre Plos Geradores de Viagens (PGVs), onde esse autor assinala que os PGVs, quando localizados e projetados adequadamente, podem estimular a adoo de polticas de gerenciamento da demanda do trfego para a promoo de uma mobilidade mais sustentvel; fortalecendo a centralidade local, servindo como articuladores das construes adjacentes, disponibilizando atividades e servios no existentes, valorizando e desenvolvendo a regio na qual se inserem.

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O autor contextualiza o problema observando que os PGVs, quando instalados em locais incompatveis e com deficincias de projeto, podem acarretar a saturao das infra-estruturas coletivas e disfunes sociais, expressas pela deteriorao dos centros tradicionais de ruas concorrentes, mudanas indesejveis no uso e ocupao do solo, degradao ambiental das reas de entorno, alm de problemas de acessibilidade e de mobilidade, referentes circulao viria (e de pedestres), como a formao de congestionamentos e acidentes de trnsito.

De uma forma geral, o que se procura fundamentar que o crescimento desordenado das cidades brasileiras e a ausncia de estudos criteriosos que definam os parmetros de uso e ocupao do solo, reas mnimas compatveis e capacidade de atendimento e crescimento da demanda podem ter contribudo para a reduo de funcionalidade e para o anacronismo fsico-operacional nesses terminais situados em reas centrais das cidades (REVISTA ABRATI, 2001, 2002, 2004, 2005).

SANCHES (1996) observa que o enfoque est mudando da movimentao de veculos para a movimentao de pessoas, com propostas que visam, muitas vezes, a minimizao da demanda de viagens, ressaltando que h necessidade de que outros indicadores, alm do nvel de servio das vias, sejam utilizados na avaliao dos sistemas, observando ainda que atualmente, outros aspectos dos sistemas de transporte comeam a ser considerados nos processos de planejamento, como a qualidade ambiental, a segurana e a equidade de oportunidades de acesso s atividades urbanas.

Segundo WACHS e KOENIG (1979, apud LIMA, 1998) existem diversas reas de estudo de acessibilidade que carecem de mais projetos e pesquisas. Uma delas diz respeito relao entre acessibilidade, demanda de viagens e o arranjo fsico da mancha urbana da cidade.

Para as municipalidades essas realidades formam um conjunto de fatores que acarreta a depreciao do solo, tornando necessrio, mais adiante a inverso de recursos pblicos significativos para a sua recuperao. As prefeituras so induzidas a custosas intervenes na circulao viria, seja no aumento da capacidade dos corredores de trfego imediatos, seja em obras virias de maior vulto, como tneis e viadutos, dentre outras.

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Na percepo do usurio do transporte interurbano, esses fatores representam tempo adicional de viagem ao seu destino final dentro da cidade, implicando em seu desconforto e irritao.

1.3 Objetivo e Hiptese do Estudo

O presente trabalho tem por objetivo a elaborao de um Procedimento para a Localizao de Terminais Rodovirios de Passageiros para nibus Interurbano, Interestaduais e Internacionais, direcionado para as cidades de grande porte, ressaltando a percepo da dualidade quanto localizao do equipamento, considerando sua implantao em reas centrais ou perifricas.

A conceituao quanto s cidades de grande porte atribuda para centros urbanos que apresentam populao acima de 500 mil habitantes, patamar estabelecido nesse trabalho como limite para essas duas escalas de cidades, a partir de estudos procedidos pelo GEIPOT (1985, apud LIMA, 1998) em 52 cidades que delimitam a faixa entre 80 a 460 mil habitantes como sendo cidades de porte mdio.

O objeto do trabalho pretende tornar-se uma ferramenta de apoio ao planejamento dos transportes, auxiliando na qualificao do processo decisrio para a implantao de terminais rodovirios de passageiros, incorporando a participao de agentes, suficientemente pautado por indicadores especficos e fatores locacionais, incluindo observncia do conceito de sustentabilidade, compreendendo os socioeconmicos e ambientais relacionados rea de transportes, segundo as premissas contidas na Agenda 21.

Nesse sentido, preconiza-se que a forma de insero e efetividade da abordagem quanto a melhor localizao, dentro do processo de tomada de deciso para implantao de um TRP, dever estar respaldada em base terica como o exemplificado em PORTUGAL (2006) quanto aos requisitos indispensveis para implementao de um plo gerador de viagens (PGV), onde os mltiplos e conflitantes interesses sejam examinados por um processo transparente e com a participao dos distintos agentes intervenientes.

Para esse autor, a relevncia de tais estudos torna-se mais visvel em nosso pas, pelo acentuado e desordenado crescimento urbano aqui verificado, exigindo aes efetivas

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de planejamento e controle do uso do solo, particularmente no que concerne aos PGVs e necessidade de estudos de impacto ambiental e de vizinhana.

A hiptese a ser verificada, conforme a interpretao dos resultados consiste na verificao da validade da argumentao referente dualidade de localizao centro versus periferia.

Uma vez estabelecidos os parmetros determinantes referentes aos critrios locacionais e agentes de deciso explicitados na reviso bibliogrfica e, determinada a sua importncia para a localizao mais adequada para um TRP, prope-se, ento, um procedimento como aplicao de caso, envolvendo a escolha da melhor localizao para um TRP, considerando vrias alternativas de localizao. A aplicao do procedimento est referenciada na Cidade do Rio de Janeiro.

O problema apresenta-se claramente como um problema multicritrio, sendo proposto a sua resoluo atravs da Teoria da Deciso.

1.4 Relevncia do Tema e Contribuies

A relevncia do tema reporta-se como sendo de fundamental importncia melhor adequao de localizao do TRP para o bom desempenho do transporte rodovirio de passageiros no Brasil. A sua insero em um sistema de acessibilidade est fundamentada no inter-relacionamento socioeconmico de trs elementos: o usurio (viajante), a empresa transportadora e o prprio terminal, visto como um ponto de equilbrio desse sistema, no controle e troca entre os transportes urbano e rodovirio.

O presente trabalho pretende ser uma contribuio pesquisa do tema no Brasil, uma vez que se observa a relativa escassez de bibliografia nacional e internacional especfica sobre o assunto, que possa servir de orientao e apoio para o tomador de deciso, com referncia ao problema de localizao de terminal rodovirio de passageiros.

Com respeito constatao da elevada utilizao do transporte rodovirio de passageiros no pas, espera-se que os resultados a serem obtidos apresentem benefcios para o usurio do sistema, minimizando os reflexos da excluso social e econmica brasileira, incidindo na melhoria da qualidade de vida da populao, bem

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como

a

reduo

das

iniqidades

geradas

pelas

polticas

de

transporte

(VASCONCELOS, 1996).

1.5 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho encontra-se estruturado em sete captulos, Referncias Bibliogrficas, alm de uma Seo de Anexos.

O Captulo 1 trata da parte introdutria sobre o problema, onde primeiramente procura enfatizar a relevncia do planejamento de transportes e das infra-estruturas de transportes. Nesse captulo so apresentadas a conceituao, o objetivo do trabalho e a hiptese a ser testada mediante a aplicao de estudo de caso, alm da importncia do tema e da estrutura do trabalho, com a descrio dos captulos subseqentes que integram o presente trabalho de dissertao. Alm de ressaltar a importncia do tema e suas contribuies para o problema de localizao de um TRP com respeito dualidade locacional e a seleo de alternativas, constata-se que o problema refere-se tomada de deciso. Para sua resoluo prope-se a aplicao de Mtodo Multicritrio de Apoio Deciso (MMAD) especfico.

O Captulo 2, alm de destacar a importncia do sistema interurbano de transporte de passageiros, contextualiza o terminal rodovirio de passageiros na funo exercida pela estrutura dentro desse sistema de transporte rodovirio. Nesse sentido, evidencia e qualifica os parmetros funcionais e operacionais que explicam e caracterizam o equipamento, pautando-se, inclusive, pela pertinente reviso bibliogrfica.

O Captulo 3 analisa primeiramente a espacialidade e as relaes scio-polticoeconmicas contemporneas, particularmente as relacionadas aos problemas de localizao, observando a evoluo do estudo do espao nas anlises econmicas e sua interao com os transportes, explicitando que a multiplicidade de fatores existentes ou facilidades podem representar atrativos que favoream a localizao de empreendimentos, como um terminal rodovirio de passageiros. Em seguida, o captulo, com base na reviso bibliogrfica, trata da Localizao, onde desenvolve a argumentao que considera a localizao geogrfica do TRP como fator de integrao regional e na economia urbana. Nesse sentido passa a examinar as condicionantes existentes para a localizao de um TRP, procedendo a identificao dos fatores relevantes que propiciem a definio dos critrios de localizao, como forma de referenciar o processo de tomada de deciso.11

O captulo 4 desenvolve uma abordagem sobre o processo de tomada de deciso, onde observa que as peculiaridades do processo decisrio pressupem conflitos e limitaes de conhecimento, o que causa desdobramento poltico e social, contrapondo a resoluo do problema sobre bases racionais, lineares e estveis, onde, atravs da sntese, busca a determinao da melhor alternativa.

Nesse captulo so abordados e avaliados os diversos mtodos multicritrios de apoio deciso (MMAD) mais usuais, os quais, basicamente trabalham com a mesma ferramenta principal, a matriz de deciso. Assim, uma vez analisados esses mtodos, foi efetuada a escolha que considera a aplicao do Mtodo de Anlise Hierrquica (MAH) na soluo do problema.

O Captulo 5 aborda a identificao e qualificao dos agentes de deciso, explicitando os graus de relevncia dos mesmos, mediante a pesquisa bibliogrfica e da aplicao do Mtodo de Brainstorming, tcnica prospectiva selecionada por ser considerada como a mais adequada para a obteno do consenso sobre a qualificao desses agentes de deciso.

O Captulo 6 consiste na estruturao e aplicao do Procedimento Proposto, baseado no MAH, atravs do software Expert Choice, como forma de testar e validar a hiptese formulada com respeito dualidade de localizao referente um terminal rodovirio de passageiros: centro versus periferia. A aplicao toma como base a Cidade do Rio de Janeiro.

O Captulo 7 apresenta as principais concluses e recomendaes com base nos resultados apurados no estudo.

Em seguida so apresentadas as Referncias Bibliogrficas, seguida da Seo de Anexos contendo: Anexo 1: Esclarecimentos e Instrues para Preenchimento das Matrizes de 1 a 4.24; Anexo 2: Menu Principal, com as Instrues de Preenchimento das Matrizes; Anexo 3: Matrizes de 1 a 4.24, constando de 35 matrizes; Anexo 4: Tabelas de Avaliao Preliminar das Alternativas de Localizao do TRP;12

Anexo 5: Mapa das Alternativas para a Localizao de um TRP, consistindo no mapa da Cidade do Rio de Janeiro com a localizao geogrfica dos diversos stios alternativos selecionados para instalao de terminal rodovirio de passageiros; Anexo 6: Grficos gerados pelo software Expert Choice.

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CAPTULO 2 - O TERMINAL RODOVIRIO DE PASSAGEIROS (TRP)

2.1 Transporte Rodovirio de Passageiros

Hoje no Brasil, ao se observar a matriz de distribuio dos modais de transporte de passageiros, constata-se a elevada participao do modal rodovirio no servio em sua quase totalidade, constituindo-se na principal alternativa de transporte interurbano de pessoas, sendo possvel afirmar que o viajante brasileiro utiliza plenamente o sistema de nibus rodovirio, sendo por isso, considerado essencial no processo de desenvolvimento econmico, social e de integrao do pas.

O passageiro dispe de grande variedade de servios e opes de itinerrios, podendo escolher conforme a convenincia e os motivos de sua viagem, quais sejam, atividades econmicas, culturais, lazer, emprego, dentre outras. A sua mobilidade est assegurada ao se constatar que todas as regies brasileiras esto integradas pelas ligaes rodovirias.

No Brasil, segundo dados da Associao Brasileira de Empresas de Transportes Intermunicipais, Interestaduais e Internacionais ABRATI (2004), nas ligaes interurbanas entre os estados da federao o transporte rodovirio responsvel por 95% do fluxo de passageiros, estando o sistema interligado a mais de 600 terminais rodovirios e a 1000 pontos de parada.

Nesse cenrio pontuam os nmeros do servio, informando que a frota brasileira de nibus rodovirio no quadrinio 2001/2004 fez cerca de 4,3 milhes de viagens /ano, transportando em mdia 136,4 milhes de passageiros por ano.

O transporte rodovirio caracterizado por ser mais barato que o modal areo, porque acomoda maior nmero de passageiros e pode desenvolver com facilidade diversas rotas alternativas para chegar ao destino. Essa flexibilidade no ocorre no transporte ferrovirio ou areo.

No cenrio brasileiro, essa tendncia reforada ao se constatar que as passagens do transporte areo custam de trs at dez vezes mais do que as do rodovirio e que apenas 253 cidades brasileiras possuem aeroportos com servios aeroporturios de primeira ordem, com linhas regulares de transporte de passageiros, segundo a Agncia Nacional de Aviao Civil (ANAC, 2006).14

Por outro lado, entretanto, conforme CAMPASSI e OLMOS (2006) nos ltimos anos, o transporte rodovirio intermunicipal e interestadual vm perdendo passageiros. Algumas das grandes operadoras assistem o nmero de usurios decrescer, sem lograr recuperao, assinalando que a produtividade das companhias vem apresentando um desempenho menor, segundo o ndice de avaliao mais importante para o setor: passageiro/quilmetro transportado.

Conforme os autores, dentre as causas que explicam a queda, podem estar o crescimento do transporte clandestino, o maior uso do carro particular e do avio em viagens, principalmente nos trechos longos. Segundo as empresas, a concorrncia interna do setor no apontada como um motivo relevante, pois a queda do nmero de passageiros no se deve ao aumento da concorrncia endgena, que ainda apresenta pequeno grau de competitividade, especialmente nas rotas menos procuradas.

Dados da SOCICAM (2006), empresa que administra 18 terminais rodovirios em cinco estados do pas, revelam que o nmero de embarques nas rodovirias que gerencia est caindo desde 1995. Entre 1998 e 2004, a queda foi de 17,5%. Em 2005, a reduo do movimento foi de cerca de 2,4% em relao ao ano anterior, situao que explicada, em parte, pelo grande nmero de feriados que ocorreram em fins de semana, desestimulando as viagens rodovirias.

Na rodoviria do Rio de Janeiro, segundo a SOCICAM (2004), em 1999 foram contabilizadas 303.897 viagens, com 16.150.206 passageiros transportados. No ano de 2000 aconteceram 305.564 viagens, com 15.767.185 passageiros transportados, representando um decrscimo de 2,4 % do total de passageiros transportados, de um ano para o outro.

Nmeros da ANTT (2006) sobre o movimento rodovirio interestadual e internacional tambm confirmam a queda. Ao se comparar os dados relativos aos anos 2001 e 2003, verifica-se que o nmero de passageiros caiu de 8,0 milhes, j descontados desse clculo os passageiros das linhas semi-urbanas, que representam rotas com menos de 75 quilmetros que cruzam divisas entre estados ou fronteiras de pases, mas, so consideradas urbanas. A reduo do fluxo de passageiros tambm pode ser constatada quando no exame da relao nmero de passageiro x quilmetro transportado, obtm-se para os anos de 2001, 2002, 2003, e 2004 as taxas de 33,6; 29,9; 30,3 e 29,7 passageiros x km transportados, respectivamente. (ANTT, 2005).15

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE (2005) a receita operacional lquida dos servios de transporte rodovirio de passageiros (urbano e no urbano) no ano de 2003 correspondeu a R$ 21.160.567.000,00, representa 29,6% do setor de transportes, mantendo o mesmo percentual verificado em 2002. Dessa parcela, o transporte rodovirio interestadual e internacional de passageiros apresenta participao de 10,5% da receita lquida, o que demonstra a importncia econmica. do servio para o pas. O principal produto do setor, o transporte em linhas municipais, obteve o destaque, representando cerca de 62,9% do transporte rodovirio de passageiros, conforme se observa na Figura 2.1, onde est registrada a participao da receita dos diversos servios no segmento de Transporte Rodovirio de Passageiros.

Figura 2.1: Participao dos Produtos e Servios Rodovirios na Receita do Segmento de Transporte Rodovirio de Passageiros.

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2.2 Problemas Operacionais Observados

Para a melhor compreenso do problema, primeiramente, cabe observar a localizao dos diversos terminais rodovirios interestaduais e internacionais em funcionamento no pas, principalmente os situados nas grandes cidades e capitais.

Assim, percebe-se que dentre os terminais situados prximos s reas centrais das cidades, alguns apresentam ou podem vir apresentar desempenho operacional deficiente e problemtico, como o caso de Belo Horizonte e, particularmente, os que foram frutos de solues tpicas ou setoriais, exemplificados pelos terminais rodovirios de Braslia, que funciona na antiga estao de trem da capital federal e, o da cidade do Rio de Janeiro, implantado no local de um antigo quartel do Corpo de Bombeiros da cidade (REVISTA ABRATI, 2001, 2002).

No caso dos TRPs localizados em reas centrais, dentre outros fatores que contribuem para o agravamento do nvel de servio oferecido aos usurios esto os relacionados com as dificuldades de expanso de suas infra-estruturas e dos altos custos de desapropriao dos terrenos de entorno, da ausncia ou mesmo impossibilidade de integrao fsica direta com as demais modalidades de transporte urbano e questes de segurana pblica, casos dos terminais do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.

2.3 A Funo do Terminal de Passageiros dentro do Sistema de Transporte Rodovirio de Passageiros

O TRP uma estao de transporte onde aportam viajantes em trnsito entre duas cidades, saindo ou chegando das cidades, constituindo-se no ponto extremo das viagens realizadas, principalmente, pelo transporte interurbano de passageiros de mdia e longa distncia, representando a interface, o elo dos usurios, viajantes do sistema com a cidade. Completa tanto na origem quanto no destino o traslado do passageiro entre duas modalidades de transporte: o rodovirio de um lado e o urbano ou metropolitano de outro.

Para GOUVA (1980), um terminal de passageiros se caracteriza como um elemento de apoio ao sistema de transporte atravs do qual se processa a interao entre indivduo e servio de transporte. Esse elemento pode representar o ponto final de uma viagem ou um ponto intermedirio para transferncia a outro modo de transporte,17

durante uma viagem, assumindo aspectos mais variados, desde um simples ponto de parada de nibus, at um terminal multimodal, cada um possuindo caractersticas prprias que condicionam a sua operao e localizao.

Complementarmente, a autora referencia que, de maneira geral, um terminal de passageiros poderia ser definido como qualquer ponto destinado ao embarque e desembarque de passageiros num sistema de transporte e cujas caractersticas dependeriam principalmente de suas funes e objetivos que justificam a sua implantao.

Conforme assinala SARAIVA DE MELLO (1979), estaes de nibus podem ser consideradas como um mecanismo ao qual os nibus chegam, so processados e partem, devendo preencher trs objetivos bsicos:

Fornecer s pessoas a maneira mais fcil e conveniente para a mudana de modo de transporte; Encorajar o uso do transporte pblico; Aumentar a confiabilidade e efetividade do sistema.

MORLOK (1978) observa que os terminais so os pontos onde passageiros e carga que entram e prosseguem no sistema, constituindo-se componentes essenciais de qualquer sistema de transporte. Eles no somente representam o componente de maior importncia do sistema, como tambm, muitas vezes, so os de maior custo e eventuais pontos de engarrafamento.

Complementa que a funo primria de um terminal de transporte possibilitar a entrada e/ou sada de objetos, passageiros ou carga a serem transportados dentro do sistema de transporte, como tambm prosseguir pelo sistema.

De acordo com GOUVA (1980), a funo maior de um terminal de passageiros promover maior eficincia nos sistemas de transportes atravs de uma integrao de seus subsistemas e melhor organizao do sistema de operao de linhas de transporte, proporcionando, consequentemente, um melhor atendimento das

necessidades de transporte do passageiro.

Ao considerar o TRP como sendo parte de um sistema de movimentao de pessoas, a autora observa que o seu estudo no deve ser abordado isoladamente e sim de18

forma integrada aos demais setores da economia, como o ponto de equilbrio na interrelao socioeconmica formada conforme a percepo sistmica pela reunio dos trs elementos em que se fundamenta o transporte rodovirio: O usurio, a empresa transportadora e o prprio terminal.

Assim, o TRP integrado nesse sistema oferece um carter polarizador, na medida em que se associa e se inter-relaciona com os demais elementos estruturais do sistema, explicitando o carter pblico do transporte rodovirio de passageiros e permitindo o controle da sua operacionalidade e efetividade, dentro dos parmetros das empresas transportadoras e das expectativas e necessidades dos usurios, tornando possvel o crescimento harmnico e racional do sistema.

Pelo seu prprio alcance socioeconmico, pela infra-estrutura apresentada e por constiturem um sistema, devem estar compatibilizados com os objetivos sociais, polticos e econmicos do desenvolvimento brasileiro, criando condies para que considerveis parcelas da populao recebam os benefcios de um verdadeiro servio com qualidade e agilidade, oferecendo um atendimento mais rpido e flexvel, contribuindo decididamente na construo de uma relao mais humana, justa e com melhor qualidade de vida.

2.4 Caractersticas de um Terminal Rodovirio de Passageiros TRP

O terminal rodovirio de passageiros consiste numa estrutura fsica e operacional, especialmente construda para esse fim, na qual so desenvolvidas as atividades que possibilitam deslocamentos internos e a transferncia eficiente, eficaz e segura do passageiro do modal de transporte utilizado at o ponto destinado ao embarque no nibus rodovirio e viceversa.

De uma forma geral, o TRP apresenta como caractersticas bsicas o funcionamento de diversos mdulos para atividades distintas, com um saguo principal

compreendendo sala de espera, reas de circulao comum e terminais (baias) de embarque e desembarque.

As reas de circulao comum compreendem as alas internas destinadas circulao dos passageiros e demais usurios, bem como os portais de entrada / sada destinados ao pblico e passeios de permetro da estrutura. Nessas reas tambm se

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encontram localizados os servios institucionais de fiscalizao e policiamento, alm de ambulatrio de socorro emergencial.

As alas internas tambm esto destinadas s instalaes das operadoras do transporte rodovirio (boxes) para a venda dos bilhetes de viagem e ainda a um conjunto de facilidades como lojas de convenincia, praas de alimentao, farmcia, jornaleiro, entre outras comodidades.

Os terminais de embarque/desembarque, de circulao restrita aos viajantes e ao pessoal autorizado, compreendem os corredores e portes de acesso, alm de pistas internas com plataformas dotadas de baias para o estacionamento do nibus rodovirio.

A estrutura do TRP completa-se com as instalaes administrativas e operacionais do equipamento e das reas de estacionamento para o pblico e as exclusivas da administrao.

VUCHIC (1986) explicita que terminais, sob o ponto de vista estrito, o ponto final de uma ou mais linhas de nibus, mas de qualquer forma, o termo muitas vezes usado para amplas estaes com comodidades para os passageiros, com salas de espera, box para a venda de bilhetes e outros.

Segundo MANHEIM (1979, apud GOUVA, 1980), o terminal rodovirio de passageiros a estrutura fsica cuja concepo assemelha-se a um aeroporto, apropriando os principais atributos inerentes a um sistema de transporte, que um viajante-usurio leva em considerao para definir uma escolha sobre o deslocamento que pretende fazer:

Tempo:

Tempo total de viagem; Instabilidade (variao) no tempo de viagem; Tempo despendido em transferncias; Freqncia do servio; Horrios programados.

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Custo ao Usurio:

Taxaes diretas: tarifa, taxas de uso interno, combustvel, pedgio e estacionamento; Custos indiretos: aquisio, manuteno e seguro do veculo.

Segurana interna:

Probabilidade de morte; Probabilidade de acidente de qualquer tipo; Percepo de segurana.

Conforto e convenincia:

Distncia de deslocamento p; Nmero de baldeaes at o fim da viagem; Conforto fsico (temperatura ambiente, limpeza, qualidade da conduo); Conforto psicolgico (status, privacidade); Prazer da viagem; Outras amenidades como bagagem de mo, bilhetagem e servio de bordo.

MORLOK (1978) destaca a importncia do terminal em todas as tecnologias de transporte, sendo que o nvel de conhecimento das caractersticas operacionais e da concepo do projeto varia bastante conforme os diferentes tipos de terminais. As caractersticas dos terminais so to mais representativas nas caractersticas dos seus componentes. Enquanto estaes de nibus (rodovirias) so diferentes de aeroportos, alguns dos seus componentes so similares a ponto deles exibirem propriedades de nvel de servio e capacidade similares.

O autor acrescenta que se o perodo de espera grande, o fornecimento de comodidades pode ser necessrio. Aeroportos e outros terminais de passageiros providenciam numerosas comodidades para o conforto dos passageiros, incluindo confortveis salas de espera, restaurantes e locais de entretenimento.

Nesse sentido, considera que o usurio do transporte pblico a principal referncia quanto qualidade do servio prestado. Assim o TRP constitui-se no ponto chave da

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viagem, que uma vez mal localizado e/ou mal instalado poder comprometer ou retardar os procedimentos de embarque ou desembarque, causando atrasos ao tempo de viagem previsto e percebido pelo usurio, devendo-se, portanto, dedicar especial ateno ao TRP, por ser este o primeiro contato do passageiro com o sistema de transporte rodovirio.

Salienta que em geral, os terminais rodovirios de passageiros so instalaes que requerem grandes investimentos, tendo custo operacional elevado, devendo, entretanto, ofertar ao usurio capacidade e nvel de servio que resultem no bom desempenho e qualidade de servio.

Conforme GOUVA (1980), as caractersticas do sistema de transporte e malha urbana ao qual o terminal est relacionado, os atributos do equipamento, segundo o tipo de servio de transporte e a tipologia do terminal, permitem duas classificaes:

1. Quanto operao:

Facilidade de embarque e desembarque de passageiros; Possibilitar a transferncia de um modo ou servio de transporte para outro; Prover estacionamentos ou ptios para garageamento de veculos; Oferecer os servios necessrios ao atendimento do usurio; Administrar e operar o sistema de transporte no terminal; Proporcionar conforto e segurana ao usurio; Possibilitar uma circulao adequada de passageiros e veculos.

2. Quanto localizao:

Servir como ponto de referncia ao usurio; Dar maior eficincia ao sistema de transporte; Possibilitar uma maior acessibilidade ao transporte; Aumentar a mobilidade dos indivduos; Atrair um maior nmero de usurios para o transporte; Integrar sistemas de transporte; Desenvolver ou restringir o uso de transporte dentro de determinadas reas segundo uma viso poltica e econmica.

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MANHEIM (1979) completa a caracterizao de um terminal rodovirio com a formulao de atributos especficos, assinalados como requisitos fsicos - operacionais para garantia de bom desempenho:

Baias ou boxes de embarque e de desembarque separados; Nmero de baias ou boxes de embarque e de desembarque compatveis com a demanda prevista; rea adicional para estocagem de nibus compatvel com o

dimensionamento da frota; Estacionamento integrado estrutura do terminal; Integrao com o transporte local, coletivos ou modais de mdia e alta capacidade; Informaes antecipadas sobre o movimento do terminal e das vias de acesso; Informaes sobre o terminal, dispostas nos meios de transporte, principalmente os que o tenham como destino; Painis com os horrios de partidas e de chegadas; Passagens adquiridas de forma antecipada ou diretamente nos balces das empresas transportadoras, com nfase na tecnologia de emisso de passagens e destinao de bagagens; Circulao restrita atravs de salas de embarque e monitorao eletrnica; Acessos para deficientes fsicos; Comodidades como banheiros pblicos, fraldrios, bares e restaurantes, livrarias, guarda-volumes etc.

Com base na conceituao exposta, associam-se, complementarmente, outros requisitos que caracterizam e orientam o funcionamento de um TRP, quais sejam:

a) Quanto operao:

a) Administrao de todos os servios internos e operao adequada dos fluxos de passageiros (mobilidade interna e externa), veculos particulares e da frota de nibus rodovirio; b) Disponibilidade de capacidade e nvel de servio compatvel com a demanda das viagens; c) Processamento da transferncia desembaraada do viajante (passageiro);

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d) Promovendo o embarque e desembarque com segurana, eficcia e eficincia; e) Minimizao dos tempos de percurso das viagens rodovirias; f) Proviso de servios institucionais fiscalizadores e de apoio, comodidades e amenidades para o passageiro em trnsito; g) Dotao de reas de estacionamento distintas, para o pblico, para a administrao do terminal e para os funcionrios do prdio; h) Minimizao dos impactos no trfego urbano devido interveno dos coletivos rodovirios nas vias urbanas, assegurando melhor fluidez no sistema virio de entorno e por conseguinte, obtendo a reduo dos tempos de viagem, do consumo de combustveis e dos ndices de poluio.

b) Quanto localizao:

Proximidade ou facilidade de acesso aos entroncamentos rodovirios ou situar-se em vias estruturais; Integrao com os sistemas de transporte urbano e metropolitano; Prover maior eficincia ao servio de transporte rodovirio de passageiros; Possibilitar maior acessibilidade ao sistema de transporte rodovirio de passageiros; Proporcionar maior atratividade para o servio.

Quanto localizao, VUCHIC (1986) destaca que o terminal em reas centrais existe somente em cidades com condies especiais, com os finais de linhas provenientes de outros locais, complementando que estaes de nibus e terminais precisam estar situadas em locais com boa acessibilidade para rodovias e vias arteriais.

GOUVA (1980) considera que a localizao do terminal no deve prejudicar os usurios do sistema de transporte e o seu entorno (vizinhana urbana), aumentar os tempos de viagem, provocar maiores distncias de caminhadas, impor trfego adicional s vias sem condies ou aumentar o percurso dos veculos.

A autora complementa que no processo de deciso para a localizao de terminais, deve-se buscar maior proximidade com corredores de transportes e verificar as condies de capacidade da rede de transporte.

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2.5 Classificao dos Terminais Rodovirios de Passageiros

GOUVA (1980) prope uma classificao mais geral, considerando as caractersticas de utilizao do equipamento, conforme a definio das funes e dos servios, apresentadas a seguir:

Quanto ao modo de transporte:

Terminal unimodal - aquele que presta servios a um nico modo de transporte, com o ponto de parada de nibus ou uma estao ferroviria; Terminal multimodal serve a mais de uma modalidade de transporte de passageiros, de forma integrada e na maioria das vezes representa um ponto de transbordo necessrio para se atingir o destino final. um tipo de terminal mais caracterstico dos grandes centros urbanos.

Quanto organizao poltica-administrativa:

Nessa classificao, encontra-se a organizao poltica administrativa da origem e destino das viagens, que se relaciona com os tipos de servio de transporte dentro dos ncleos urbanos ou entre esses ncleos, variando conforme os tipos de viagem (principalmente em relao distncia ou percurso) e segundo a necessidade dos usurios que utilizam esses servios.

Urbanos quando os pontos extremos da viagem, ou seja, os terminais esto localizados numa mesma cidade ou rea metropolitana, utilizado para o atendimento dos transportes urbanos, suburbanos e intermunicipais, quando existe uma dependncia socioeconmica entre os ncleos servidos (regio metropolitana). Os usurios caracterizam-se pela ausncia de bagagens, pequena permanncia no terminal, sendo que a maioria realiza viagens pendulares de freqncia diria;

Interurbanos (interestaduais e internacionais) - quando os pontos extremos da viagem esto localizados em ncleos urbanos scio- economicamente independentes. Atendem aos servios de transporte de mdia e longa distncia entre os ncleos urbanos, inclusive dentro da unidade federativa.

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Os usurios desse terminal tendem a portar bagagens e dispor de um tempo de permanncia maior no complexo, o que exige uma infra-estrutura maior de servios para o seu atendimento.

Os terminais interestaduais e internacionais geralmente operam na mesma base fsica do terminal interurbano, diferenciando-se apenas por atender s linhas de transporte entre ncleos situados em unidades diferentes da federao. Do ponto de vista dos operadores, esses terminais assumiro caractersticas poltico-administrativas

compatveis com as condies de organizao dos ncleos servidos.

Os terminais internacionais tambm operam na base fsica do terminal interurbano, com a observncia dos aspectos legais estritos de uma viagem internacional, no modificando, porm, as aes dos usurios e veculos.

O Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre (DNIT), sucedneo do Departamento Nacional de Estrada de Rodagem (DNER), incorporou a coleo de manuais de procedimentos rodovirios, editados pela antiga autarquia federal. Um deles, o Manual de Implantao de Terminais Rodovirios de Passageiros - MITERP (DNER, 1986), rege a sistemtica de implantao do terminal, descrevendo etapas, procedimentos, critrios e recomendaes de aspectos especficos, inclusive sobre a localizao. Em sua terceira edio procede a uma reviso com a finalidade de estabelecer padres gerais mais simples para a implantao de terminais.

O manual prope a racionalizao de procedimentos operacionais e de reas, objetivando, atravs de reduo dos investimentos, compatibilizar os eventuais programas de implantao de terminais, para o atendimento das reais demandas de passageiros e de nibus, aos recursos oramentrios disponveis.

Dessa forma, em funo do tamanho do terminal, o MITERP (DNER, 1986) preconiza uma nova classificao para o equipamento. No item 3.0, Parte II desse manual so estabelecidas as oito classes de terminais (de A at H), ordenadas conforme as projees de demanda, para perodo no inferior a dez anos, transformada em parmetros como nmero mdio de partidas dirias, nmero de plataformas de embarque e nmero de plataformas de desembarque.

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O presente trabalho est referenciado ao TRP incluso nas classes A e B, apropriado para cidades mdias e grandes, que estabelece os seguintes valores, conforme mostra a Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Classes de Terminais Rodovirios de Passageiros - TRPFatores (classes) A B Nmero mdio em partidas dirias (un) De 1250 a 901 De 900 a 601 Nmero de plataformas de embarque 62 a 45 42 a 30 (un) Nmero de plataformas de desembarque 21 a 15 15 a 10 Fonte: MITERP (DNER,1986) (un)

O nmero mdio de partidas dirias expressa o previsto para o terminal, no perodo de 1 (um) ano.

O manual tambm prescreve que, quando o terminal possuir movimento acima de 1250 partidas dever ter dimensionamento especial ou ser estudada a possibilidade de implantao de mais um equipamento, com base em estudos a serem apresentados e a critrio do atual DNIT.

O MITERP (DNER, 1986) define e relaciona as instalaes bsicas que devem integrar os terminais das classes A e B: setores de servios pblicos e de administrao do terminal rodovirio e estabelecimentos comerciais, os quais devem contar com os seguintes servios descritos a seguir:

Setor de Servios Pblicos

Informaes; Achados e perdidos; Guarda-volumes; Correios e Telgrafos; Posto telefnico; Posto da Polcia Militar; Posto da Polcia Civil; Posto da Polcia Feminina; Posto de Juizado de Menores;

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Posto do DNIT; Posto do DER; Posto de Assistncia Social; Posto de socorro urgente; Posto de Polcia Federal/Alfndega; Posto de Fiscalizao Animal/ Vegetal; Estacionamento privativo.

Setor de Administrao do Terminal Rodovirio

Administrao do terminal; Servios gerais; Servio de controle; Vestirio masculino; Vestirio feminino; Depsito de lixo.

Quanto s instalaes dos servios de apoio, comodidades e convenincias, o MITERP (DNER, 1986) estabelece na Parte IV Projeto Arquitetnico, tem 3.0 Localizao Relativa de Diversas reas, subitem 3.1.5 Setor de Comrcio que as reas destinadas ao setor comercial devem estar localizadas junto s reas de uso pblico.

Na Parte V, item 4.5 Setor de Comrcio apresenta a diagramao das placas especficas dos estabelecimentos comerciais.

Na Parte VIII Atividades Comerciais apresenta a regulamentao e a classificao dessas atividades, inclusive fazendo a listagem das atividades comerciais necessrias no terminal. No tem 3.0 reas de Explorao Comercial estabelece as condies bsicas para a instalao das atividades comerciais.

O que se observa, de modo geral, a respeito das atividades comerciais consideradas necessrias pelo MITERP (1986), so comuns aos terminais rodovirios interurbanos e internacionais existentes no pas. O que se acrescenta quela listagem so as atividades comerciais mais recentes como salas de internet e loterias, por exemplo.

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Estabelecimentos comerciais

Praa de alimentao com lanchonetes e restaurantes; Jornaleiros; Bombonires; Livrarias; Engraxates; Lojas de artesanato; Fraldrios; Agncia bancria ou caixas eletrnicos; Sala de internet; Salas com telefones pblicos; Farmcia; Loterias Bazar; Perfumaria; Quiosques etc.

O manual tambm estabelece que os setores de embarque e desembarque devero contar com salo de espera com sanitrios masculino e feminino. MOZOS et al (2001) assinalam que a existncia de lojas, servios de alimentao e outros particularmente relevante, onde os tempos de espera costumam ser mais longos, em terminais de grande movimentao de passageiros, como aeroportos e terminais de trem de alta velocidade, por exemplo. A existncia de lojas numa regio central ou local no considerada muito importante, a no ser para as pessoas que acessam estao a p.

Destacam o importante papel que as lojas podem desempenhar na atrao de pessoas para as reas de circulao de passageiros e pblico em geral. Quando se avalia esta questo, importante olhar com ateno para as reas circundantes antes de tomar qualquer deciso. Se estiver localizada numa zona muito comercial talvez seja insensato colocar dentro da zona de interface lojas que no se podero sustentar. No entanto, se a zona de interface se localizar numa rea mais remota, a instalao de lojas pode fazer sentido.

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Por outro lado, advertem que um maior nmero de lojas na rea de circulao de passageiros pode aumentar a capacidade do terminal, especialmente se as funes disponibilizadas prevenirem a adio de elos na cadeia da mobilidade. O que se observa, para os autores que todas as mais centrais so bastante movimentadas durante todo o dia. Por outro lado, a maioria das reas comerciais mais longnquas pode assistir a um grande nmero de passageiros apressados em hora de ponta, na melhor das hipteses, atendendo a uma clientela durante 4 horas por dia. Durante o resto do dia no existem muitos clientes, porque destinos so poucos.

Para o estacionamento particular so fixadas entre 170 a 220 vagas e entre 110 e 170 vagas, para as classes A e B, respectivamente.

2.6 Caracterizao Sistmica do Terminal Rodovirio de Passageiros

A abordagem sistmica da operao de um TRP torna-se fundamental para o entendimento da importncia da construo no contexto do sistema de transporte rodovirio de passageiros, sendo visto como um processador de demandas, onde na sua concepo mais simples ele processa e controla os fluxos de entrada e sada de passageiros e nibus rodovirios.

A viso sistmica na medida em que oferece a descrio da dinmica do funcionamento do terminal, evidencia e analisa completamente as entradas e as sadas do processo sobre todos os outros processos secundrios, destacando o papel exercido pelos componentes do sistema na rotina das atividades internas para o atendimento do usurio/passageiro, das operadoras do transporte rodovirio e dos demais servios internos de apoio.

Segundo PEREIRA (2004), um sistema, intuitivamente, pode ser descrito como um conjunto de componentes interconectados com vistas a realizar um fim comum.

Esse autor, baseado na observao de que em qualquer sistema organizado de partes componentes (objetos) o comportamento de cada parte produz algum efeito na interao com outras partes, considera que um sistema um conjunto de objetos e relacionamentos entre os objetos.

A

anlise

de

sistemas,

segundo

STOPHER

e

MEYBURG

(1979,

apud

VASCONCELLOS, 1996), um termo utilizado para descrever uma abordagem para o30

estudo de sistemas grandes e complexos, onde um sistema pode ser caracterizado como grupos de elementos interdependentes que funcionam juntos para um dado propsito.

CHADWICK (1971, apud NOVAES, 1982) conceitua sistema como sendo um conjunto de partes ou subsistemas interconectados, apresentando interdependncia entre os componentes e seus atributos.

A concepo de um sistema tcnico consiste num processo operacional encadeado, susceptvel de comportar-se da forma prevista, onde o que operado usualmente chamado de entrada e o que produzido, de sada. A unidade geradora recebe, ento, o nome de sistema (PEREIRA, 2004).

Conforme MORLOK (1978), na sua forma simplificada, a representao de um terminal pode ser vista como uma caixa para onde demandam os fluxos de passageiros e veculos (entrada) e os fluxos de sada, resultantes do processamento, basicamente tambm passageiros e veculos, conforme o diagrama funcional apresentado na Figura 2.2.

Entrada Veculos Passageiros ou cargas

Processador Terminal

Sada

Figura 2.2: Fluxograma Bsico de um TRP (Fonte: MORLOK, 1978)

MANHEIM (1979, apud GOUVA, 1980) considera que um sistema de transporte a coleo de todos os componentes fsicos, sociais, econmicos e institucionais relacionados como deslocamento de pessoas e bens em um dado e bem definido contexto.

Para esse autor, a sistematizao das atividades dentro de um terminal de passageiros permite analisar e reproduzir a forma do processamento interno, como a seqncia das atividades desenvolvidas pelo passageiro em trnsito, a circulao do veculo individual, do nibus rodovirio ou outra qualquer unidade de trfego que demande ao terminal.

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Para MORLOK (1978), o processamento exige uma base fsica, operao e equipamentos e regras de procedimento para controlar a operao e garantir que todas as funes esto sendo executadas com propriedade e na seqncia correta.

O autor observa que na operao diria de um terminal o fator tempo assume crucial importncia para a produo e controle dos deslocamentos internos dos passageiros e nibus, pois se considera que o tempo necessrio para o incio e trmino do processamento dos passageiros e do transporte corresponda diferena entre os tempos de chegada e de partida.

Esse autor adverte que a identificao dos processos de cada componente e subcomponente torna-se relevante, pois alm de determinar o tempo necessrio para os deslocamentos, possibilita, se for o caso, o desenvolvimento de seqncias alternativas e a minimizao dos custos operacionais, por exemplo.

MORLOK (1978) sustenta que o processo sistmico na descrio de um terminal, constitui-se numa poderosa ferramenta para o desenvolvimento de projetos alternativos e planos de operao.

Segundo o autor, o elemento que melhor reflete os aspectos de qualidade nos sistemas de transportes o nvel de servio. o indicador de qualidade de um dado sistema, medido por um conjunto adequado de parmetros que possibilitam a comparao desses com outros sistemas de mesma funo, sob o ponto de vista dos usurios ou potenciais usurios.

O autor complementa que importante estar atento ao conceito dos sistemas no possurem uma capacidade nica de operao, mas sim capacidades associadas aos nveis de servio que oferecem. Quando esses nveis de servio degradam, isto , quando aumenta o congestionamento nos sistemas, a capacidade diminui, at atingir um limite operacional, a partir do qual o sistema entra em colapso.

A figura 2.3, mais complexa, desenvolve com base em MORLOK (1978) e segundo a Teoria Geral de Sistema (PEREIRA, 2004) o fluxograma com as funes comumente desenvolvidas em grande parte dos terminais rodovirios de passageiros,

exemplificando o processamento do viajante e dos veculos (carros particulares e nibus rodovirio), a partir da origem da sua viagem, assinalando as etapas e

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procedimentos intermedirios e internos ao TRP at o embarque / desembarque e partida do terminal at o seu destino final.

Origem da viagem dentro da cidade

Transporte urbano

Transporte individual

Terminal urbano de integrao

Terminal urbano de integrao

Estacionamento do TRP Passageiro com bilhete adquirido antecipadamente Entrada no TRP

Destino final da viagem dentro da cidade

Permetro do TRP

PROCESSAMENTO INTERNO NO TRP

Espera em rea comum ou sala VIP

Compra do bilhete de viagem

Utilizao dos servios e comodidadesTRP

Acesso plataforma de embarque

Despacho da bagagem

Rodovia

nibus rodovirio deixa o TRP

Embarque

nibus rodovirio enganjado em nova viagem Chegada do nibus rodovirio

nibus rodovirio vai p/ garagem

Rodovia

Desembarque

Conexo p/ 2 viagem

Transferncia do passageiro dentro TRP

Retirada da bagagem

Terminal urbano de integrao

Transporte urbano

Terminal urbano de integrao

Destino final da viagem dentro da cidade

Fluxograma funcional simplificado de um terminal rodovirio de passageiros -TRP

Figura 2.3: Fluxograma funcional simplificado de um terminal rodovirio de passageiros - TRP

O esquema anterior considera apenas o encaminhamento tido como bsico do passageiro e do transporte rodovirio, no incluindo os servios institucionais de apoio como os escritrios de controle governamentais e os servios de comodidades e convenincia, como lojas e restaurantes.

O desenvolvimento do processo sistmico abre caminho para o tratamento por simulao, objetivando aferir atravs de modelagem o desempenho dos terminais. Permite avaliaes sobre a capacidade e nvel de servio com base na aplicao dos indicadores usuais de medidas de trfego, como atrasos e headways aplicados nas unidades de trfego.

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MORLOK (1978) sustenta que uma importante distino deve ser feita entre dois tipos de simulao. Uma determinstica, determinando quais os eventos so caracterizados por certezas, como quando sempre eles ocorrem, qual o tamanho que cada processo ser desenvolvido. O outro tipo estocstico, determinando quais so as probabilidades de variaes destas caractersticas no sistema e como est representada no modelo de simulao.

De forma complementar, esse autor enfatiza que a discusso sobre terminais ser completa com a descrio da forma como os componentes do sistema operam, permitindo idealizar o funcionamento total do sistema, tratando todos os fatores previstos para o sistema como um todo, como o plano de operao e o nvel de servio, por exemplo.

2.7 Atributos de Funcionamento dos Terminais Rodovirios de Passageiros

Com base na conceituao apresentada, efetua-se uma agregao dos atributos explicativos de funcionamento de um TRP agrupando-os em atributos bsicos definidores de um sistema de transporte: acessibilidade, mobilidade, funcionabilidade, operacionalidade, economicidade, segurana e conforto, conforme as tabelas 2.2a e 2.2b Atributos Agregados de Operao de TRP e 2.3 - Atributos Agregados de Localizao de TRP, apresentadas a seguir:

a) Quanto operao:

Tabela 2.2a: Atributos Agregados de Operao de TRPAtributos segundo GOUVA (1980) facilidade de embarque e desembarque de passageiros Atributos MANHEIM (1979, apud GOUVA, 1980) baias de embarque e de desembarque separados Atributos agregados

funcionalidade/ operacionalidade/ mobilidade funcionabilidade/ operacionalidade/economicidade/ acessibilidade e mobilidade

possibilitar a transferncia de um modo ou servio de transporte para outro

no de baias de embarque e de desembarque compatveis c/ a demanda prevista

prover estacionamentos ou ptios para garageamento de veculos

estacionamento integrado estrutura p/ o pblico, adm, e funcionrios

funcionabilidade/ economicidade/ acessibilidade e mobilidade (Continua)

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(Continuao)

Tabela 2.2b: Atributos Agregados de Operao de TRPAtributos Atributos agregados MANHEIM (1979, apud GOUVA, 1980) integrao c/ o transp. local, coletivos administrar e operar o sistema de funcionabilidade/operacionabilidade/ / modais de mdia e grande transporte no terminal acessibilidade e mobilidade capacidade informaes antecipadas s/ o possibilitar uma circulao adequada funcionabilidade/operacionabilidade/ movimento do terminal e das vias de de passageiros e veculos mobilidade acesso informaes s/ o terminal, dispostas nos meios de transporte, funcionabilidade / mobilidade principalmente os que o tenham como destino painis c/ os horrios de partidas e funcionabilidade / mobilidade chegadas Atributos segundo GOUVA (1980) passagens adquiridas de forma antecipada ou diretamente nos funcionabilidade/operacionabilidade/ balces das emp. transp., c/ nfase economicidade/ mobilidade na tecnologia de emisso de bilhetes e destinao das bagagens circulao restrita atravs de salas de funcionabilidade/operacionabilidade/ embarque e monitorao eletrnica mobilidade acessos p/ deficientes fsicos adm. de todos os servios int.e op. adequada dos fluxos de pass. (mobilidade int. e ext.), vec. particulares e da frota de nibus funcionabilidade/ acessibilidade e mobilidade funcionabilidade/operacionabilidade/ acessibilidade e mobilidade

-

-

-

processar a transf. desembaraada do viajante, com seg., eficcia e funcionalidade/mobilidade eficincia comodidades como banheiros oferecer os servios necessrios ao pblicos, fraldrios, bares e funcionalidade/conforto atendimento do usurio restaurantes, livrarias, guarda volumes possuir capacidade e nvel de servio proporcionar conforto e segurana ao funcionalidade/operacinalidade/confor compatvel com a demanda das usurio to e segurana viagens proviso dos servios institucionais fiscalizadores e de apoio, funcionabilidade/conforto e segurana comodidades e amenidades p/ o passageiro contribuir para no aumentar o tempo minimizao dos tempos de percurso operacinalidade/ acessibilidade de viagem das viagens rodovirias -

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b) Quanto localizao:

Tabela 2.3: Atributos Agregados de Localizao de TRPAtributos segundo GOUVA (1980) Atributos MANHEIM (1979, apud GOUVA, 1980) integrao c/ os sistemas de transp. urbano e metropolitano integrar sistemas de transporte servir como ponto de apoio ao usurio nas viagens dar maior eficincia ao sistema de transporte aumentar a mobilidade dos indivduos desenvolver ou restringir o uso de transporte dentro de determinadas reas segundo uma viso poltica e econmica no provocar maiores distncias de caminhadas possibilitar uma maior acessibilidade ao transporte possibilitar maior acessibilidade ao sistema de transp. rodovirio de passageiros funcionabilidade/acessibilidade funcionabilidade/ peracionabilidade/ acessibidade /mobilidade mobilidade com conforto e segurana acessibidade e mobilidade Atributos agregados

funcionabilidade/ acessibidade/ mobilidade

-

estar prximo ou de acesso fcil aos entroncamentos rodovirios ou situar-se em vias estruturais

acessibidade e mobilidad