problemas econômicos do socialismo na urss

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    Problemas Econmicos do Socialismona URSS

    J. V. Stlin

    1 de Fevereiro de 1952

    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS, Editorial Vitria, Rio de Janeiro, 1953.

    Traduo: Editorial Vitria

    Transcrio: PCR - http://pcrbrasil.org/

    Fonte: http://www.marxists.org/portugues/stalin/1952/problemas/index.htm

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    ndice

    Observaes Sobre as Questes Econmicas Referentes Discusso de Novembro de1951

    1 Carter das leis econmicas no socialismo

    2 A produgo mercantil no socialismo

    3 A lei do valor no socialismo

    4 A abolio das contradies entre a cidade e o campo, entre o trabalho intelectuale o fsico, e a liquidao das diferenas entre eles

    5 A desagregao do mercado mundial nico e o aprofundamento da crise do

    sistema capitalista mundial

    6 A inevitabilidade das guerras entre os pases capitalistas

    7 As leis econmicas fundamentais do capitalismo contemporneo e do socialismo

    8 Outras questes

    1) A coao extra-econmica no feudalismo

    2) A propriedade pessoal da famlia kolkhosiana

    3) O valor do arrendamento pago pelo campons ao proprietrio de terras, bem comoo valor dos gastos com a compra da terra

    4) A fuso dos monoplios com o aparelho estatal

    5) O emprego das mquinas na URSS

    6) A situao material da classe operria nos pases capitalistas

    7) A renda nacional

    8) Sobre o captulo especial do Manual, que trata de Lnin e Stlin como criadores daEconomia Poltica do Socialismo

    9 A importncia internacional de um Manual Marxista de Economia Poltica

    10 Meios de melhorar o Projeto de Manual de Economia Poltica

    Resposta ao Camarada Alexandre Ilitch Notkin (21 de abril de 1952)

    Os Erros do Camarada L. D. Iarochenko (22 de maio de 1952)

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    1 O principal erro do camarada Iarochenko

    2 Outros erros do camarada Iarochenko

    Resposta aos Camaradas: A. V. Sanina e V. G. Venzher (28 de setembro de 1952)

    1 O carter das leis econmicas do socialismo

    2 Medidas para elevar a propriedade kolkhosiana ao nvel da propriedade de todo opovo

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    Observaes Sobre as Questes Econmicas Referentes Discusso de Novembro de 1951

    Recebi todos os documentos sobre a discusso econmica realizada para

    examinar o projeto de manual de economia poltica. Recebi, inclusive, as "Propostas

    para melhorar o projeto de manual de economia poltica"; as "Propostas para eliminaros erros e inexatides" do projeto, e o "Relatrio sobre as questes em discusso".

    A respeito de todos estes materiais, como tambm sobre o projeto de manual,

    considero necessrio fazer as seguintes observaes.

    1. Carter das Leis Econmicas no Socialismo

    Alguns camaradas negam o carter objetivo das leis da cincia, particularmente

    das leis da economia no socialismo. Negam que as leis da economia poltica refletem aregularidade de processos que se realizam independentemente da vontade dos

    homens. Consideram que, em vista do papel peculiar reservado ao Estado Sovitico

    pela Histria, o Estado Sovitico e seus dirigentes podem abolir as leis existentes da

    economia poltica, podem "formar"novas leis, "criar"novas leis.

    Esses camaradas esto profundamente errados. Como se v, eles confundem as

    leis da cincia, que refletem processos objetivos da natureza ou da sociedade, que se

    realizam independentemente da vontade dos homens, com as leis promulgadas pelos

    governos, criadas pela vontade dos homens e que somente tm fora jurdica. De

    modo algum, porm, elas podem ser confundidas.

    O marxismo concebe as leis da cincia quer se trate de leis das cincias

    naturais, quer de leis da economia poltica como o reflexo de processos objetivos,

    que se realizam independentemente da vontade dos homens. Os homens podem

    descobrir estas leis, conhec-las, estud-las, lev-las em conta nas suas aes, utiliz-

    las no interesse da sociedade, mas no podem modific-las nem aboli-las. E menos

    ainda podem formar ou criar novas leis da cincia.

    Significa isso, por exemplo, que os resultados da ao das leis da natureza, osresultados da ao das foras da natureza, sejam em geral inelutveis, que as aes

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    destrutivas das foras da natureza se manifestam sempre e em toda parte, como uma

    fora inexorvel e espontnea, que no se submete influncia do homem? No, no

    significa. Se se exclurem os processos astronmicos, geolgicos e alguns outros

    anlogos, nos quais os homens, mesmo conhecendo as leis do seu desenvolvimento,

    so realmente incapazes de influir, em muitos outros casos os homens esto longe deser incapazes, quanto possibilidade de influir nos processos da natureza. Em todos

    esses casos, os homens, conhecendo as leis da natureza, tomando-as em considerao

    e apoiando-se nelas, tendo capacidade de aplic-las e utiliz-las, podem limitar sua

    esfera de ao, dar s foras destrutivas da natureza outra direo, transformar as

    foras destrutivas da natureza em benefcio da sociedade.

    Tomemos um entre muitos exemplos. Antigamente, os transbordamentos dos

    grandes rios, as inundaes e conseqentes destruies de moradias e lavouras,

    consideravam-se calamidades inelutveis, contra as quais os homens eramimpotentes. Todavia, com o decorrer do tempo, com o desenvolvimento dos

    conhecimentos humanos, quando os homens aprenderam a construir as represas e as

    hidreltricas, tornou-se possvel proteger a sociedade contra a calamidade das

    inundaes, que dantes pareciam inelutveis. Ainda mais, os homens aprenderam a

    domar as foras destrutivas da natureza, aprenderam por assim dizer a amans-las, a

    transformar a fora da gua em benefcio da sociedade e a utiliz-la na irrigao dos

    campos e para a obteno de energia.

    Significa isto que os homens aboliram assim as leis da natureza, as leis da cincia,

    que criaram novas leis da natureza, novas leis da cincia? No, no significa. Na

    verdade, toda essa operao para evitar as aes destruidoras da fora das guas e

    para sua utilizao no interesse da sociedade, ocorre sem qualquer infrao,

    modificao ou supresso das leis da cincia, sem a criao de novas leis da cincia. Ao

    contrrio, toda essa operao se realiza exatamente base das leis da natureza, das

    leis da cincia, porque qualquer infrao s leis da natureza, a mais insignificante das

    infraes, conduziria apenas desorganizao, ao fracasso.

    A mesma coisa preciso dizer a respeito das leis do desenvolvimento econmico,

    das leis da economia poltica quer se trate do perodo do capitalismo, quer do

    perodo do socialismo. Aqui, da mesma forma que nas cincias naturais, as leis do

    desenvolvimento econmico so leis objetivas, que refletem os processos do

    desenvolvimento econmico, que se realizam independentemente da vontade dos

    homens. Os homens podem descobrir essas leis, conhec-las e, baseando-se nelas,

    utiliz-las no interesse da sociedade, dar outro rumo s aes destrutivas de algumas

    leis, limitar sua esfera de ao, dar livre espao a outras novas leis que abrem caminho

    para adiante, mas no podem destru-las ou criar novas leis econmicas.

    Uma das peculiaridades da economia poltica consiste no fato de que as suas leis,diferentemente das leis das cincias naturais, no so permanentes. Pelo menos a

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    maioria delas atua no decorrer de um determinado perodo histrico, depois do qual

    cede lugar a novas leis. Mas essas leis no so destrudas, perdem sim sua validade,

    em conseqncia de novas condies econmicas e saem de cena para dar lugar a

    novas leis, que no se criam pela vontade do homem, pois surgem base de novas

    condies econmicas.

    Invoca-se o "Anti-Dhring", de Engels, quanto sua frmula de que, com a

    liquidao do capitalismo e a socializao dos meios de produo, os homens

    adquirem o domnio sobre os seus meios de produo, libertam-se do jugo das

    relaes econmico-sociais, tornam-se "senhores" de sua vida social. Engels chama

    esta liberdade de "necessidade consciente". Mas, que pode significar a "necessidade

    consciente"? Isso significa que os homens, conhecendo as leis objetivas

    ("necessidade"), aplic-las-o com plena conscincia no interesse da sociedade.

    Justamente por isso, Engels diz na mesma obra que:

    "As leis de sua prpria atividade social, que at agora se opunham

    aos homens como leis naturais estranhas, que os submetiam ao seu

    domnio, so aplicadas, agora, pelo homem, com pleno

    conhecimento* de causa, e, por conseguinte, dominadas por ele".

    Como se v, a frmula de Engels no fala de nenhum modo em favor daqueles

    que pensam que no socialismo possvel abolir as leis econmicas existentes e criar

    outras novas. Ao contrrio, ela exige no a abolio, mas o conhecimento das leis

    econmicas e sua sbia aplicao.

    Diz-se que as leis econmicas tm um carter elementrio, que a ao dessas leis

    inelutvel, que a sociedade impotente diante delas. Isto no certo. Isto fazer

    das leis um fetiche e fazer do homem escravo das leis. Est provado que a sociedade

    no impotente ante as leis, que a sociedade pode, conhecendo as leis econmicas e

    apoiando-se nelas, limitar sua esfera de ao, utiliz-las no interesse da sociedade e

    "amans-las", como acontece em relao s foras da natureza e suas leis, como

    sucede no exemplo acima apresentado sobre o transbordamento dos grandes rios.

    Alega-se o papel peculiar do Poder Sovitico na construo do socialismo, que lhe

    permitiria abolir as leis existentes do desenvolvimento econmico e "formar" novas.

    Isso tambm no certo.

    O papel peculiar do Poder Sovitico explica-se por duas circunstncias: em primeiro

    lugar o Poder Sovitico no teve de substituir uma forma de explorao por outra, tal

    como nas antigas revolues, mas de liquidar toda explorao; em segundo lugar, em

    vista da ausncia no pas de quaisquer embries de economia socialista, o Poder

    Sovitico teve de criar, por assim dizer, em "terreno virgem", as novas formas

    socialistas de economia.

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    Essa tarefa indiscutivelmente difcil e complicada, no teve precedentes. No

    obstante isso, o Poder Sovitico executou essa tarefa honrosamente. Executou-a,

    porm, no porque tivesse abolido as leis econmicas existentes, e "formado" novas,

    mas unicamente porque se apoiou na lei econmica da correspondncia

    obrigatria entre as relaes de produo e o carter das foras produtivas. As forasprodutivas do nosso pas, particularmente na indstria, tinham carter social; mas a

    forma de propriedade era privada, capitalista. Apoiando-se na lei econmica da

    correspondncia obrigatria entre as relaes de produo e o carter das foras

    produtivas, o Poder Sovitico socializou os meios de produo, tornou-os propriedade

    de todo o povo e com isso destruiu o sistema de explorao, criou as formas socialistas

    de economia. No fora esta lei, e no se houvesse apoiado nela, nunca o Poder

    Sovitico poderia ter executado sua tarefa.

    A lei econmica da correspondncia obrigatria entre as relaes de produo e ocarter das foras produtivas luta, desde muito tempo, para abrir caminho, nos pases

    capitalistas. Se ela ainda no abriu o seu caminho e no alcanou plena liberdade,

    porque encontra a mais forte resistncia do lado das foras da sociedade moribunda.

    Aqui deparamos outra peculiaridade das leis econmicas. Diferentemente das leis das

    cincias naturais, em que o descobrimento e a aplicao de unia nova lei decorrem

    mais ou menos sem entraves, na esfera econmica o descobrimento e a aplicao de

    uma nova lei, que fere os interesses das foras da sociedade moribunda, encontram a

    mais forte resistncia por parte destas foras. Conseqentemente, precisa-se de uma

    fora, uma fora social, capaz de vencer essa resistncia. Tal fora existia em nossopas sob a forma da aliana da classe operria e dos camponeses, que constituam a

    maioria esmagadora da sociedade. Tal fora ainda no existe em outros pases, nos

    pases capitalistas. Nisso consiste o segredo de ter o Poder Sovitico conseguido

    derrotar as foras caducas da sociedade; e por isso a lei econmica da correspondncia

    obrigatria entre as relaes de produo e o carter das foras produtivas teve em

    nosso pas plena liberdade.

    Diz-se que a necessidade de um desenvolvimento harmonioso (proporcional) da

    economia de nosso pas permite ao Poder Sovitico abolir as leis econmicas

    existentes e criar novas. Isto absolutamente falso. No podemos confundir nossos

    planos anuais e qinqenais com a lei econmica objetiva do

    desenvolvimentoharmonioso, proporcional, da economia nacional. A lei do

    desenvolvimento harmonioso da economia nacional surgiu em contraposio lei da

    concorrncia e da anarquia da produo no capitalismo. Surgiu base da socializao

    dos meios de produo, depois que a lei da concorrncia e da anarquia da produo

    perdeu sua fora. Ela entrou em vigor porque a economia nacional-socialista,

    unicamente pode ser realizada base da lei econmica do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional. Isto significa que a lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional d a possibilidade aos nossos rgos de planificao

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    de planificar corretamente a produo social. Mas no se pode confundir

    a possibilidade com a realidade. So duas coisas diferentes. Para converter esta

    possibilidade em realidade, preciso estudar esta lei econmica, preciso domin-la,

    preciso aprender a aplic-la com pleno conhecimento de causa, preciso traar

    planos que reflitam plenamente as exigncias dessa lei. No se pode dizer que nossosplanos anuais e qinqenais refletem plenamente as exigncias desta lei econmica.

    Diz-se que algumas leis econmicas, entre elas a lei do valor, em ao em nosso

    pas, no socialismo, so leis "transformadas" ou mesmo "radicalmente transformadas",

    base da economia planificada. Isso tambm no est certo. No se pode

    "transformar" leis e ainda menos "radicalmente". Se possvel transform-las, ento

    possvel tambm aboli-las, substituindo-as por outras leis. A tese da "transformao"

    das leis uma sobrevivncia da frmula incorreta sobre a "abolio" e "formao" das

    leis. Embora a frmula da transformao das leis econmicas, h muito tempo jesteja em uso em nosso pas, temos que repudi-la no interesse da exatido. possvel

    limitar a esfera de ao de umas ou outras leis econmicas, possvel evitar suas

    aes destrutivas, desde que, naturalmente, estas existam, mas no se pode

    "transform-las" ou "aboli-las". Por conseguinte, quando se fala de "subjugao" das

    foras da natureza ou das foras econmicas, de "domnio" sobre elas, etc., isto

    absolutamente no quer dizer que os homens possam "abolir" "as leis da cincia" ou

    "form-las". Ao contrrio, com isto quer-se dizer somente que os homens podem

    descobrir as leis, conhec-las, assimil-las, aprender a aplic-las com pleno

    conhecimento de causa, utiliz-las no interesse da sociedade e dessa maneira subjug-las, chegar a exercer domnio sobre elas.

    Assim, as leis da economia poltica no socialismo so leis objetivas, que refletem a

    regularidade dos processos da vida econmica, que se realizam independentemente

    da nossa vontade. Negar esta tese negar, na essncia, a obra da cincia; e negar a

    cincia negar a possibilidade de qualquer previso; e, por conseguinte, negar a

    possibilidade de dirigir a vida econmica.

    Podero dizer que tudo quanto foi dito aqui correto e universalmente

    conhecido, mas que no h nada de novo em tudo isso e que, portanto, no vale a

    pena perder tempo nessa repetio de verdades por todos conhecidas. Sem dvida,

    aqui no h realmente nada de novo, mas seria incorreto pensar que no vale a pena

    perder tempo na repetio de algumas verdades por ns conhecidas. Cada ano se

    aproximam de ns, que somos o ncleo dirigente, milhares de novos quadros, de

    quadros jovens, que calorosamente desejam ajudar-nos, que ardentemente desejam

    mostrar de quanto so capazes, mas no tm bastante educao marxista, no

    conhecem muitas verdades por ns bem conhecidas e so obrigados a tatear nas

    trevas. Esto atordoados pelas colossais conquistas do Poder Sovitico; os

    extraordinrios xitos do regime sovitico pem-lhes a cabea tonta e eles comeam a

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    imaginar que o Poder Sovitico "tudo pode", que "nada o detm", que pode abolir as

    leis da cincia, formar novas leis. Como devemos proceder com estes camaradas?

    Como educ-los no esprito do marxismo-leninismo? Penso que a repetio sistemtica

    das chamadas verdades "universalmente conhecidas", e a sua paciente explicao

    um dos melhores meios de dar a esses camaradas uma educao marxista.

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    J. V. Stlin

    2. A Produo Mercantil no Socialismo

    Alguns camaradas afirmam que o Partido agiu incorretamente, ao conservar a

    produo mercantil depois que tomou o poder e nacionalizou os meios de produo

    em nosso pas. Acham que o Partido deveria j naquela poca eliminar a produo

    mercantil. Invocam, para isso, Engels, que diz:

    "Uma vez que a sociedade tome posse dos meios de produo, ser

    eliminada a produo mercantil e simultaneamente o domnio dos

    produtos sobre os produtores" (ver "Anti-Dhring").

    Estes camaradas se equivocam profundamente.

    Vamos analisar a frmula de Engels. No se pode considerar a frmula

    de Engels como inteiramente clara e precisa, pois ela no indica se se trata da posse

    por parte da sociedade de todos os meios de produo ou de apenas uma parte deles,isto , se todos os meios de produo passam a ser patrimnio do povo ou apenas

    uma parte deles. Portanto, esta frmula de Engels pode ser compreendida de duas

    maneiras.

    Noutra passagem do "Anti-Dhring", Engels fala sobre a posse de "todo

    o conjunto de meios de produo. Assim, Engels, na sua frmula, tem em vista a

    nacionalizao, no de uma parte dos meios de produo, mas de todos os meios de

    produo, isto , a passagem para o patrimnio do povo dos meios de produo, no

    apenas da indstria, mas tambm da agricultura.

    Da se conclui que Engels tinha em vista os pases em que o capitalismo e a

    concentrao da produo estivessem suficientemente desenvolvidos, no somente na

    indstria, mas tambm na agricultura, para tornar possvel a expropriao detodos os

    bens de produo do pase pass-los propriedade do povo. Engels considera, por

    conseguinte, que nesses pases se realizaria, ao lado da socializao de todos os meios

    de produo, a liquidao da produo mercantil. E isto, naturalmente, est certo.

    No fim do sculo passado, no momento da sada do prelo do "Anti-Dhring", aInglaterra era o nico pas em que o desenvolvimento do capitalismo e a concentrao

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    da produo, tanto na indstria como na agricultura, tinham-se elevado a tal ponto

    que seria possvel, no caso da tomada do poder pelo proletariado, passar todos os

    meios de produo do pas ao patrimnio do povo, assim como eliminar a produo

    mercantil.

    Fao abstrao, neste caso, da importncia que tem para a Inglaterra o comrcio

    exterior, com seu enorme peso especfico na economia nacional. Penso que somente

    depois do estudo desta questo se poderia resolver definitivamente o problema do

    destino da produo mercantil na Inglaterra, aps a tomada do poder pelo

    proletariado e a nacionalizao detodos os meios de produo.

    Alis, no somente no fim do ltimo sculo, mas tambm no presente, nenhum

    pas ainda alcanou o grau de desenvolvimento capitalista e de concentrao da

    produo na agricultura que observamos na Inglaterra. No que se refere aos demais

    pases, apesar do desenvolvimento do capitalismo no campo, existe ainda uma classe

    bastante numerosa de pequenos e mdios proprietrios-produtores no campo, cujo

    destino se deveria determinar em caso da tomada do poder pelo proletariado.

    Eis, porm, a questo: como deveria agir o proletariado e seu partido, se neste ou

    naquele pas, inclusive no nosso, existissem condies favorveis para a tomada do

    poder pelo proletariado e derrubada do capitalismo; se o capitalismo na indstria

    tivesse concentrado a tal ponto os meios de produo que fosse possvel expropri-los

    e pass-los s mos da sociedade, mas se a agricultura, apesar do crescimento do

    capitalismo, estivesse ainda a tal ponto fracionada entre inmeros pequenos e mdios

    proprietrios-produtores, que no fosse possvel levantar o problema da expropriao

    desses produtores?

    A esta pergunta a frmula de Engels no d resposta. Alis, ela no deve

    responder a esta pergunta porque surgiu base de outra, que justamente a seguinte:

    qual deveria ser o destino da produo mercantil depois de socializados todosos meios

    de produo?

    Assim, como agir se nem todos os meios de produo podem ser socializados,mas somente parte deles, apesar de existirem condies favorveis para a tomada do

    poder pelo proletariado? Deveria o proletariado tomar o poder e, logo depois,

    precisaria eliminar de um golpe a produo mercantil?

    No se pode, certamente, chamar de resposta as opinies de alguns pseudo-

    marxistas, que consideram que em semelhantes condies se deveria renunciar

    tomada do poder e esperar at que o capitalismo consiga arruinar os milhes de

    pequenos e mdios produtores, transformando-os em operrios agrcolas, e

    concentrar os meios de produo na agricultura; e que somente depois disso seriapossvel colocar a questo da tomada do poder pelo proletariado, e a da socializao

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    de todos os meios de produo. compreensvel que com tal "sada"no podem os

    marxistas estar de acordo, se no querem, por fim, cobrir-se de vergonha.

    No se pode, tampouco, considerar como resposta a opinio de outros pseudo-

    marxistas, que pensam talvez fosse preciso tomar o poder e promover a expropriaodos pequenos e mdios produtores rurais e socializar cs seus meios de produo. Mas

    este insensato e criminoso caminho tampouco pode ser seguido pelos marxistas, pois

    tal caminho anularia qualquer possibilidade de vitria da revoluo proletria, e

    jogaria o campesinato, por muito tempo, no campo dos inimigos do proletariado.

    Lnin respondeu a esta questo em seus trabalhos sobre o "imposto em espcie"

    e no seu famoso "plano de cooperativas".

    resposta de Lnin resume-se no seguinte:

    a) No se devem perder as condies favorveis para a tomada do poder; o

    proletariado deve tomar o poder sem esperar o momento em que o capitalismo

    arruinar os muitos milhes de pequenos e mdios produtores individuais;

    b) expropriar os meios de produo na indstria e pass-los ao patrimnio do

    povo;

    c) quanto aos pequenos e mdios produtores individuais, uni-los gradualmente

    em cooperativas de produo, isto , em grandes empresas agrcolas os kolkhoses;

    d) desenvolver por todos os meios a indstria e dar aos kolkhoses a base tcnica

    atual da grande produo; entretanto, no expropri-los, mas, ao contrrio, supri-los

    intensamente de tratores e outras mquinas de primeira qualidade;

    e) para unidade econmica da cidade e do campo, da indstria e da agricultura,

    conservar por certo tempo a produo mercantil (a troca atravs da compra e venda),

    como a nica forma aceitvel, para os camponeses, de relaes econmicas com a

    cidade e desenvolver amplamente o comrcio sovitico, estatal, e cooperativo-

    kolkhosiano, expulsando da circulao de mercadorias todos e quaisquer capitalistas.

    A histria da nossa construo socialista mostra que este caminho de

    desenvolvimento, traado por Lnin, era inteiramente justo.

    No pode haver dvida alguma de que para todos os pases capitalistas onde h

    uma classe mais ou menos numerosa de pequenos e mdios produtores, este caminho

    de desenvolvimento o nico possvel e racional para a vitria do socialismo.

    Diz-se que a produo mercantil sempre e em todas as condies, deve conduzir,e obrigatoriamente conduzir, ao capitalismo. Isto no certo. Nem sempre e

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    tampouco em quaisquer condies! No se pode identificar a produo mercantil com

    a produo capitalista. So duas coisas diferentes. A produo capitalista a forma

    superior de produo mercantil. A produo mercantil leva ao capitalismo apenas

    neste caso: se existe propriedade privada dos meios de produo, se a fora de

    trabalho se apresenta no mercado como mercadoria que pode ser comprada eexplorada pelo capitalista no processo da produo; se, conseqentemente, existe no

    pas o sistema de explorao dos operrios assalariados pelos capitalistas. A produo

    capitalista comea onde os meios de produo esto concentrados em mos de

    particulares e os operrios, privados dos meios de produo, so obrigados a vender

    sua fora de trabalho, como mercadoria. Sem isto, no h produo capitalista.

    Bem, e se no existirem estas condies que transformam a produo mercantil

    em produo capitalista; se os meios de produo j no forem de propriedade

    privada mas de propriedade socialista; se o sistema de trabalho assalariado no existire a fora de trabalho no for mais uma mercadoria; se o sistema de explorao j h

    muito tempo tiver sido liquidado que pensar ento? possvel admitir que a

    produo mercantil sempre leva ao capitalismo? No, no se pode pensar assim. Ora,

    nossa sociedade justamente uma sociedade em que a propriedade privada sobre os

    meios de produo, o sistema de trabalho assalariado, o sistema de explorao, j h

    muito no existem.

    No se pode considerar a produo mercantil como algo que se basta a si mesmo,

    independente das condies econmicas que a cercam. A produo mercantil mais

    antiga que a produo capitalista. Ela j existia durante o regime escravagista e o

    servia, embora sem lev-lo ao capitalismo. Ela existiu no feudalismo, e o servia, mas,

    no obstante preparar algumas condies para a produo capitalista, no o levou ao

    capitalismo. Pergunta-se, por que no pode a produo mercantil servir tambm, num

    certo perodo, nossa sociedade socialista, sem lev-la ao capitalismo, se se considera

    que a produo mercantil no tem em nosso pas to vasta e ilimitada expanso, como

    nas condies capitalistas; que a produo mercantil, em nosso pas, rigorosamente

    circunscrita, graas a decisivas condies econmicas, como a propriedade social sobre

    os meios de produo, a liquidao do sistema do trabalho assalariado, a liquidao do

    sistema de explorao?

    Diz-se que depois de estabelecer-se em nosso pas o domnio da propriedade

    social sobre os meios de produo, e depois que o sistema de trabalho assalariado e o

    da explorao foram liquidados, a existncia da produo mercantil no tem mais

    sentido, que seria preciso, em vista disso, suprimi-la.

    Isso tampouco certo. Atualmente, em nosso pas, existem duas formas

    fundamentais de produo socialista: a estatal, que de todo o povo e a kolkhosiana,

    que no se pode dizer que de todo o povo. Nas empresas estatais, os meios deproduo e a produo so de propriedade de todo o povo. Nas empresas

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    kolkhosianas, porm, embora os meios de produo (a terra e as mquinas) tambm

    pertenam ao Estado, os produtos obtidos, contudo, pertencem aos

    diversos kolkhoses, uma vez que o trabalho, como tambm as sementes, so de

    propriedade dos kolkhoses. Quanto terra entregue aos kolkhosesem usufruto

    perptuo, os kolkhosianos dispem dela, de fato, como sua propriedade, apesar deno poderem vend-la, compr-la, arrend-la ou hipotec-la. Esta circunstncia

    determina que o Estado pode dispor somente da produo das empresas estatais,

    enquanto os kolkhoses dispem da produo kolkhosiana como de sua propriedade.

    Os kolkhoses, porm, no querem alienar seus produtos seno em forma de

    mercadorias, em cuja troca eles querem receber as mercadorias de que necessitam.

    Atualmente os kolkhoses no admitem outros vnculos econmicos com a cidade que

    no sejam os vnculos mercantis, o intercmbio atravs da compra e venda. Por isso, a

    produo mercantil e sua circulao, em nosso pas, so hoje da mesma forma

    necessrias, como o foram, digamos, h trinta anos passados, quando Lnin proclamoua necessidade de desenvolver, por todos os meios, a troca de mercadorias.

    Naturalmente, quando, ao invs de dois setores fundamentais de produo, estatal e

    kolkhosiano, surgir um nico setor de produo, com o direito de dispor de toda a

    produo destinada ao consumo do pas, a circulao das mercadorias com sua

    "economia monetria" desaparecer, como elemento desnecessrio da economia

    nacional. Mas, at que isso acontea, enquanto existirem os dois setores fundamentais

    da produo, a produo mercantil e a circulao de mercadorias devem permanecer

    em vigor como elementos muito teis e necessrios no sistema de nossa economia

    nacional. De que maneira se chegar criao de um s setor unificado? Por meio deuma simples absoro do setor kolkhosiano pelo setor estatal, o que pouco provvel

    (porque isto seria considerado uma expropriao doskolkhoses) ou por meio da

    instituio de um nico rgo econmico nacional(com representantes da indstria

    estatal e doskolkhoses) com o direito, no comeo, de controlar toda a produo

    destinada ao consumo do pas e, depois de algum tempo, tambm com o de distribuir

    a produo, sob a forma, digamos, de troca dos produtos. Esta uma questo especial,

    que exige um exame parte.

    Conseqentemente, nossa produo mercantil no uma produo mercantil nosentido corrente, mas uma produo mercantil de tipo especial, uma produo

    mercantil sem capitalistas, realizada, fundamentalmente, por produtores unidos,

    socialistas (o Estado, os kolkhoses, as cooperativas), cuja esfera de ao limitada aos

    objetos de consumo pessoal, e que, evidentemente, de modo algum, pode

    transformar-se em uma produo capitalista, pois destinada a servir, com sua

    "economia monetria", ao desenvolvimento e ao fortalecimento da produo

    socialista.

    Por isso, absolutamente no tm razo os camaradas que declaram que, se a

    sociedade socialista no liquida as formas mercantis de produo, devem ser

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    restabelecidas, em nosso pas, segundo sua opinio, todas as categorias econmicas

    peculiares ao capitalismo: a fora de trabalho, como mercadoria, a mais-valia, o

    capital; os lucros do capital, a taxa mdia do lucro, etc. Estes camaradas confundem a

    produo mercantil, com a produo capitalista e supem que uma vez existindo a

    produo mercantil, tambm deveria existir a produo capitalista. No compreendemque nossa produo de mercadorias distingue-se radicalmente da produo mercantil

    no capitalismo.

    Alm disso, penso que necessrio renunciar tambm a algumas outras idias tiradas

    de "O Capital", de Marx, no qual este se ocupou com a anlise do capitalismo,

    artificialmente aplicadas s nossas relaes socialistas. Refiro-me, entre outras coisas,

    a conceitos como os de trabalho "necessrio" e "suplementar", os de produto

    "necessrio" e "suplementar", os de tempo "necessrio" e

    "suplementar". Marx analisou o capitalismo para esclarecer a fonte da explorao da

    classe operria, a mais-valia, e dar classe operria, privada dos meios de produo,uma arma espiritual para a derrubada do capitalismo. compreensvel que Marx se

    utilize, para isso, de conceitos (categorias) que correspondam plenamente s relaes

    capitalistas. Mais do que estranho, porm, se utilizarem, agora, esses conceitos,

    quando a classe operria no somente no est privada do poder e dos meios de

    produo, mas, pelo contrrio, mantm em suas mos o poder e possui os meios de

    produo. Torna-se bastante absurdo agora, em nosso regime, falar-se a respeito de

    fora de trabalho como mercadoria, e de trabalho "assalariado", como se a classe

    operria, possuidora dos meios de produo, se empregasse a si prpria e a si prpria

    vendesse a sua fora de trabalho. Do mesmo modo estranho falar atualmente detrabalho "necessrio" e "suplementar", como se o trabalho dos operrios, em nossas

    condies, consagrado sociedade para ampliar a produo, desenvolver a instruo,

    preservar a sade pblica, organizar a defesa, etc., no fosse to necessrio para a

    classe operria, que se encontra agora no poder, como o trabalho despendido para

    satisfazer as necessidades pessoais do operrio e de sua famlia.

    preciso notar que no seu trabalho "Crtica ao Programa de Gotha", onde j

    analisa no s o capitalismo, mas, entre outras coisas, a primeira fase da sociedade

    comunista, Marx reconhece que o trabalho consagrado sociedade, para ampliar aproduo, desenvolver a instruo, preservar a sade pblica, para as despesas da

    administrao, formao das reservas, etc., do mesmo modo to necessrio quanto

    o trabalho despendido para a satisfao das necessidades de consumo da classe

    operria.

    Penso que nossos economistas deveriam acabar com essa discrepncia entre os

    velhos conceitos e o novo estado de coisas em nosso pas socialista, substituindo os

    velhos conceitos por novos, correspondentes nova situao.

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    Pudemos suportar estas discrepncias at certo momento, mas agora j chegou o

    tempo em que devemos, finalmente, liquid-las.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    3. A Lei do Valor no Socialismo

    s vezes, pergunta-se: ser que existe e atua em nosso pas, em nosso regime

    socialista, a lei do valor?

    Sim, existe e atua. Onde houver mercadorias e produo mercantil, no pode

    deixar de existir tambm a lei do valor.

    A esfera de ao da lei do valor estende-se, em nosso pas, antes de tudo,

    circulao de mercadorias, troca de mercadorias atravs da compra e venda, e

    principalmente troca de mercadorias de consumo pessoal. Aqui, neste domnio, a lei

    do valor conserva, naturalmente dentro de certos limites, uma funo reguladora.

    Mas a ao da lei do valor no se limita esfera da circulao de mercadorias. Ela

    se estende tambm produo. Na verdade, a lei do valor no possui importncia

    reguladora em nossa produo socialista, mas, no obstante, influi na produo, e istono pode deixar de ser considerado ao dirigir a produo. Na verdade, os produtos de

    consumo, necessrios renovao da fora de trabalho empregada durante o

    processo da produo, so produzidos e se realizam em nosso pas como mercadorias,

    sujeitos ao da lei do valor. Aqui, justamente, se revela a influncia da lei do valor

    na produo. Por fora disso, em nossas empresas tm importncia, atualmente,

    questes como a da autonomia financeira e a da rentabilidade, a do custo de

    produo, a dos preos de venda, etc.. Por isso, nossas empresas no podem nem

    devem deixar de ter em conta a lei do valor.

    Ser isto um bem? No um mal. Em nossas atuais condies, isso realmente no

    um mal, porque esta circunstncia educa os dirigentes de nossa economia no esprito

    de uma direo racional da produo, disciplinando-os. No um mal, porque ensina

    os dirigentes de nossa economia a calcular o potencial de produo, a calcul-lo

    exatamente, e a levar em conta com a mesma exatido a realidade da produo, e a

    no tagarelar a respeito de "dados aproximados", tomados ao acaso. No um mal,

    porque ensina os nossos economistas a procurar, encontrar e utilizar as reservas

    escondidas no seio da produo, e a no desprez-las. No um mal, porque ensina os

    nossos economistas a melhorar sistematicamente os mtodos de produo, a reduzir ocusto da produo, realizar o princpio da autonomia financeira e a esforar-se pela

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    rentabilidade das empresas. Isso uma boa escola prtica, que acelera o crescimento

    dos quadros que trabalham em nossa economia, transformando-os em verdadeiros

    dirigentes da, produo socialista na sua atual etapa de desenvolvimento.

    No uma desgraa que a lei do valor influa na produo em nosso pas. Adesgraa que os nossos economistas e planificadores, com poucas excees,

    conhecem mal as influncias da lei do valor, no a estudam, e no sabem tom-la em

    considerao nos seus clculos. Com isto, justamente, se explica a confuso que reina

    ainda em nosso pas, na questo da poltica dos preos. Eis um dos inmeros

    exemplos. H algum tempo, foi resolvido regular, no interesse da produo algodoeira,

    a relao entre os preos do algodo e o dos cereais, precisar os preos dos cereais

    vendidos aos cultivadores de algodo e elevar os preos do algodo entregue ao

    Estado. Devido a isso, alguns dirigentes de nossa economia e especialistas da

    planificao apresentaram uma proposta que no podia deixar de surpreender osmembros do Comit Central, porque, segundo esta proposta, o preo de uma tonelada

    de cereais era oferecida quase pelo mesmo preo de uma tonelada de algodo; alm

    disso, o preo de uma tonelada de cereais igualava o de uma tonelada de po. Quando

    os membros do Comit Central observaram que o preo da tonelada de po deveria

    ser superior ao de uma tonelada de cereais, em vista das despesas suplementares de

    moagem e de cozimento e que o algodo, em geral, custa muito mais caro que os

    cereais, o que demonstravam tambm os preos do algodo e dos cereais no mercado

    mundial, os autores da proposta nada puderam dizer de sensato. Em vista disso, o

    Comit Central foi obrigado a tomar este assunto em suas mos, baixar os preos doscereais e elevar os preos do algodo. Que aconteceria se a proposta desses

    camaradas lograsse sano legal? Teramos arruinado os produtores de algodo, e

    ficaramos sem algodo. Entretanto, significa tudo isso que a ao da lei do valor tem,

    no nosso pas, a mesma plena liberdade de ao que no capitalismo, que a lei do valor

    em nosso pas um regulador da produo? No, no significa. Na realidade, a esfera

    de ao da lei do valor em nosso regime econmico est rigorosamente circunscrita e

    limitada. J foi dito que a esfera de ao da produo-mercantil em nosso pas est

    circunscrita e limitada. A mesma coisa preciso dizer a respeito da esfera de ao da

    lei do valor. Sem dvida, a ausncia da propriedade privada dos meios de produo e asocializao dos meios de produo tanto na cidade como no campo, no podem

    deixar de limitar a esfera de ao da lei do valor e o grau de sua influncia sobre a

    produo.

    No mesmo sentido atua a lei do desenvolvimento harmonioso (proporcional) da

    economia nacional, que substituiu a lei da concorrncia e da anarquia da produo.

    No mesmo sentido atuam nossos planos anuais e qinqenais, e em geral toda a

    nossa poltica econmica, que se apia nas exigncias da lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional.

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    Tudo isto em conjunto determina que a esfera de ao da lei do valor seja

    rigorosamente limitada em nosso pas e que a lei do valor no possa em nosso regime

    desempenhar um papel regulador da produo.

    Assim precisamente se explica o "surpreendente fato de que, apesar doininterrupto e impetuoso crescimento da nossa produo socialista, a lei do valor no

    determine, em nosso pas, as crises de superproduo, enquanto essa mesma lei do

    valor, que tem uma vasta esfera de ao no capitalismo, no obstante os baixos ritmos

    de aumento da produo nos pases capitalistas, determina as peridicas crises de

    superproduo.

    Diz-se que a lei do valor uma lei permanente, obrigatria para todos os perodos

    de desenvolvimento histrico, que a lei do valor tambm perde sua fora, como

    reguladora das relaes de troca no perodo da segunda ase da sociedade comunista,

    conservando, ento, nessa fase de desenvolvimento, a sua fora como reguladora das

    relaes entre os vrios ramos da produo, como reguladora da distribuio do

    trabalho entre os ramos da produo.

    Isto completamente falso. O valor, como tambm a lei do valor, uma categoria

    histrica ligada existncia da produo mercantil. Com o desaparecimento da

    produo mercantil, desaparecem tambm o valor, com suas formas, e a lei do valor.

    Na segunda fase da sociedade comunista, a quantidade de trabalho empregada

    na produo ser medida no por meios indiretos, nem por intermdio do valor e suasformas, como ocorre na produo mercantil, mas direta e imediatamente pela

    quantidade de tempo, pelo nmero de horas gastas na produo. No que se refere

    distribuio do trabalho entre os ramos da produo, esta ser regulada no pela lei

    do valor, que perder sua fora a esse tempo, mas pelo crescimento das necessidades

    da sociedade em produtos. Esta ser uma sociedade em que a produo se regular

    pelas suas necessidades; e a estimativa das necessidades da sociedade adquirir

    significao da mais alta importncia para os vrios ramos da produo.

    Se isso fosse certo, ento no se compreenderia por que em nosso pas no sedesenvolve plenamente a industria leve, a de maior rentabilidade, de preferncia

    indstria pesada, que freqentemente menos rentvel e, s vezes, no d lucro

    algum.

    Se isso fosse certo, ento no se compreenderia por que em nosso pas, no se

    fecham numerosas empresas de indstria pesada, que por enquanto ainda no so

    rentveis, onde o trabalho dos operrios no produz o "resultado devido" e no se

    abrem novas empresas de indstria leve, indiscutivelmente rentveis, onde o trabalho

    do operrio poderia produzir "maior resultado".

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    Se isso fosse certo, no se compreenderia por que em nosso pas no se

    transferem os operrios das empresas de pouco rendimento, embora muito

    necessrias economia nacional, para as empresas de maior rendimento, de acordo

    com a lei do valor, que regularia as "propores" da distribuio do trabalho entre os

    ramos da produo.

    Evidentemente, seguindo os passos desses camaradas, deveramos renunciar

    primazia da produo dos meios de produo em favor da produo dos meios de

    consumo. E que significa renunciar primazia da produo dos meios de produo?

    Significa destruir a possibilidade de um ininterrupto crescimento de nossa economia

    nacional, pois impossvel realizar um ininterrupto crescimento da nossa economia

    nacional, sem dar ao mesmo tempo a primazia produo dos meios de produo.

    Esses camaradas esquecem que a lei do valor s pode ser reguladora da produo

    no capitalismo, quando existe a propriedade privada dos meios de produo, a

    concorrncia, a anarquia da produo, as crises de superproduo. Esquecem-se de

    que a esfera de ao da lei do valor limitada, em nosso pas, pela existncia da

    propriedade social dos meios de produo, pela ao da lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional e, por conseqncia, tambm limitada pelos nossos

    planos anuais e qinqenais, que so o reflexo aproximado das exigncias dessa lei.

    Alguns camaradas tiram daqui a concluso de que a lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional e a planificao da mesma suprimem o princpio da

    rentabilidade da produo. Isto absolutamente falso. Trata-se de coisa bem

    diferente. Se considerarmos a rentabilidade, no do ponto de vista de algumas

    empresas isoladas ou de ramos da produo isolados, e no no perodo de um ano,

    mas sim do ponto de vista de toda a economia nacional e durante o perodo, digamos,

    de 10-15 anos, que seria alis a nica maneira certa de encarar a questo, verificamos

    que a rentabilidade temporria e deficiente de certas empresas ou de certos ramos de

    produo no poderia comparar-se com a forma superior de slida e permanente

    rentabilidade, que nos do a ao da lei do desenvolvimento harmonioso da economia

    nacional e a planificao da economia nacional, ao livrar-nos das crises econmicas

    peridicas, que destroem a economia nacional, que causam sociedade enormes

    danos materiais, e ao assegurar-nos o crescimento ininterrupto da economia nacional,

    com seus altos ritmos. Em sntese: no pode haver dvida de que em nossas atuais

    condies socialistas de produo, a lei do valor no pode ser "reguladora das

    propores" na distribuio do trabalho entre os vrios ramos da produo.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    3. A Lei do Valor no Socialismo

    s vezes, pergunta-se: ser que existe e atua em nosso pas, em nosso regime

    socialista, a lei do valor?

    Sim, existe e atua. Onde houver mercadorias e produo mercantil, no pode

    deixar de existir tambm a lei do valor.

    A esfera de ao da lei do valor estende-se, em nosso pas, antes de tudo,

    circulao de mercadorias, troca de mercadorias atravs da compra e venda, e

    principalmente troca de mercadorias de consumo pessoal. Aqui, neste domnio, a lei

    do valor conserva, naturalmente dentro de certos limites, uma funo reguladora.

    Mas a ao da lei do valor no se limita esfera da circulao de mercadorias. Ela

    se estende tambm produo. Na verdade, a lei do valor no possui importncia

    reguladora em nossa produo socialista, mas, no obstante, influi na produo, e istono pode deixar de ser considerado ao dirigir a produo. Na verdade, os produtos de

    consumo, necessrios renovao da fora de trabalho empregada durante o

    processo da produo, so produzidos e se realizam em nosso pas como mercadorias,

    sujeitos ao da lei do valor. Aqui, justamente, se revela a influncia da lei do valor

    na produo. Por fora disso, em nossas empresas tm importncia, atualmente,

    questes como a da autonomia financeira e a da rentabilidade, a do custo de

    produo, a dos preos de venda, etc.. Por isso, nossas empresas no podem nem

    devem deixar de ter em conta a lei do valor.

    Ser isto um bem? No um mal. Em nossas atuais condies, isso realmente no

    um mal, porque esta circunstncia educa os dirigentes de nossa economia no esprito

    de uma direo racional da produo, disciplinando-os. No um mal, porque ensina

    os dirigentes de nossa economia a calcular o potencial de produo, a calcul-lo

    exatamente, e a levar em conta com a mesma exatido a realidade da produo, e a

    no tagarelar a respeito de "dados aproximados", tomados ao acaso. No um mal,

    porque ensina os nossos economistas a procurar, encontrar e utilizar as reservas

    escondidas no seio da produo, e a no desprez-las. No um mal, porque ensina os

    nossos economistas a melhorar sistematicamente os mtodos de produo, a reduzir ocusto da produo, realizar o princpio da autonomia financeira e a esforar-se pela

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    rentabilidade das empresas. Isso uma boa escola prtica, que acelera o crescimento

    dos quadros que trabalham em nossa economia, transformando-os em verdadeiros

    dirigentes da, produo socialista na sua atual etapa de desenvolvimento.

    No uma desgraa que a lei do valor influa na produo em nosso pas. Adesgraa que os nossos economistas e planificadores, com poucas excees,

    conhecem mal as influncias da lei do valor, no a estudam, e no sabem tom-la em

    considerao nos seus clculos. Com isto, justamente, se explica a confuso que reina

    ainda em nosso pas, na questo da poltica dos preos. Eis um dos inmeros

    exemplos. H algum tempo, foi resolvido regular, no interesse da produo algodoeira,

    a relao entre os preos do algodo e o dos cereais, precisar os preos dos cereais

    vendidos aos cultivadores de algodo e elevar os preos do algodo entregue ao

    Estado. Devido a isso, alguns dirigentes de nossa economia e especialistas da

    planificao apresentaram uma proposta que no podia deixar de surpreender osmembros do Comit Central, porque, segundo esta proposta, o preo de uma tonelada

    de cereais era oferecida quase pelo mesmo preo de uma tonelada de algodo; alm

    disso, o preo de uma tonelada de cereais igualava o de uma tonelada de po. Quando

    os membros do Comit Central observaram que o preo da tonelada de po deveria

    ser superior ao de uma tonelada de cereais, em vista das despesas suplementares de

    moagem e de cozimento e que o algodo, em geral, custa muito mais caro que os

    cereais, o que demonstravam tambm os preos do algodo e dos cereais no mercado

    mundial, os autores da proposta nada puderam dizer de sensato. Em vista disso, o

    Comit Central foi obrigado a tomar este assunto em suas mos, baixar os preos doscereais e elevar os preos do algodo. Que aconteceria se a proposta desses

    camaradas lograsse sano legal? Teramos arruinado os produtores de algodo, e

    ficaramos sem algodo. Entretanto, significa tudo isso que a ao da lei do valor tem,

    no nosso pas, a mesma plena liberdade de ao que no capitalismo, que a lei do valor

    em nosso pas um regulador da produo? No, no significa. Na realidade, a esfera

    de ao da lei do valor em nosso regime econmico est rigorosamente circunscrita e

    limitada. J foi dito que a esfera de ao da produo-mercantil em nosso pas est

    circunscrita e limitada. A mesma coisa preciso dizer a respeito da esfera de ao da

    lei do valor. Sem dvida, a ausncia da propriedade privada dos meios de produo e asocializao dos meios de produo tanto na cidade como no campo, no podem

    deixar de limitar a esfera de ao da lei do valor e o grau de sua influncia sobre a

    produo.

    No mesmo sentido atua a lei do desenvolvimento harmonioso (proporcional) da

    economia nacional, que substituiu a lei da concorrncia e da anarquia da produo.

    No mesmo sentido atuam nossos planos anuais e qinqenais, e em geral toda a

    nossa poltica econmica, que se apia nas exigncias da lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional.

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    Tudo isto em conjunto determina que a esfera de ao da lei do valor seja

    rigorosamente limitada em nosso pas e que a lei do valor no possa em nosso regime

    desempenhar um papel regulador da produo.

    Assim precisamente se explica o "surpreendente fato de que, apesar doininterrupto e impetuoso crescimento da nossa produo socialista, a lei do valor no

    determine, em nosso pas, as crises de superproduo, enquanto essa mesma lei do

    valor, que tem uma vasta esfera de ao no capitalismo, no obstante os baixos ritmos

    de aumento da produo nos pases capitalistas, determina as peridicas crises de

    superproduo.

    Diz-se que a lei do valor uma lei permanente, obrigatria para todos os perodos

    de desenvolvimento histrico, que a lei do valor tambm perde sua fora, como

    reguladora das relaes de troca no perodo da segunda ase da sociedade comunista,

    conservando, ento, nessa fase de desenvolvimento, a sua fora como reguladora das

    relaes entre os vrios ramos da produo, como reguladora da distribuio do

    trabalho entre os ramos da produo.

    Isto completamente falso. O valor, como tambm a lei do valor, uma categoria

    histrica ligada existncia da produo mercantil. Com o desaparecimento da

    produo mercantil, desaparecem tambm o valor, com suas formas, e a lei do valor.

    Na segunda fase da sociedade comunista, a quantidade de trabalho empregada

    na produo ser medida no por meios indiretos, nem por intermdio do valor e suasformas, como ocorre na produo mercantil, mas direta e imediatamente pela

    quantidade de tempo, pelo nmero de horas gastas na produo. No que se refere

    distribuio do trabalho entre os ramos da produo, esta ser regulada no pela lei

    do valor, que perder sua fora a esse tempo, mas pelo crescimento das necessidades

    da sociedade em produtos. Esta ser uma sociedade em que a produo se regular

    pelas suas necessidades; e a estimativa das necessidades da sociedade adquirir

    significao da mais alta importncia para os vrios ramos da produo.

    Se isso fosse certo, ento no se compreenderia por que em nosso pas no sedesenvolve plenamente a industria leve, a de maior rentabilidade, de preferncia

    indstria pesada, que freqentemente menos rentvel e, s vezes, no d lucro

    algum.

    Se isso fosse certo, ento no se compreenderia por que em nosso pas, no se

    fecham numerosas empresas de indstria pesada, que por enquanto ainda no so

    rentveis, onde o trabalho dos operrios no produz o "resultado devido" e no se

    abrem novas empresas de indstria leve, indiscutivelmente rentveis, onde o trabalho

    do operrio poderia produzir "maior resultado".

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    Se isso fosse certo, no se compreenderia por que em nosso pas no se

    transferem os operrios das empresas de pouco rendimento, embora muito

    necessrias economia nacional, para as empresas de maior rendimento, de acordo

    com a lei do valor, que regularia as "propores" da distribuio do trabalho entre os

    ramos da produo.

    Evidentemente, seguindo os passos desses camaradas, deveramos renunciar

    primazia da produo dos meios de produo em favor da produo dos meios de

    consumo. E que significa renunciar primazia da produo dos meios de produo?

    Significa destruir a possibilidade de um ininterrupto crescimento de nossa economia

    nacional, pois impossvel realizar um ininterrupto crescimento da nossa economia

    nacional, sem dar ao mesmo tempo a primazia produo dos meios de produo.

    Esses camaradas esquecem que a lei do valor s pode ser reguladora da produo

    no capitalismo, quando existe a propriedade privada dos meios de produo, a

    concorrncia, a anarquia da produo, as crises de superproduo. Esquecem-se de

    que a esfera de ao da lei do valor limitada, em nosso pas, pela existncia da

    propriedade social dos meios de produo, pela ao da lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional e, por conseqncia, tambm limitada pelos nossos

    planos anuais e qinqenais, que so o reflexo aproximado das exigncias dessa lei.

    Alguns camaradas tiram daqui a concluso de que a lei do desenvolvimento

    harmonioso da economia nacional e a planificao da mesma suprimem o princpio da

    rentabilidade da produo. Isto absolutamente falso. Trata-se de coisa bem

    diferente. Se considerarmos a rentabilidade, no do ponto de vista de algumas

    empresas isoladas ou de ramos da produo isolados, e no no perodo de um ano,

    mas sim do ponto de vista de toda a economia nacional e durante o perodo, digamos,

    de 10-15 anos, que seria alis a nica maneira certa de encarar a questo, verificamos

    que a rentabilidade temporria e deficiente de certas empresas ou de certos ramos de

    produo no poderia comparar-se com a forma superior de slida e permanente

    rentabilidade, que nos do a ao da lei do desenvolvimento harmonioso da economia

    nacional e a planificao da economia nacional, ao livrar-nos das crises econmicas

    peridicas, que destroem a economia nacional, que causam sociedade enormes

    danos materiais, e ao assegurar-nos o crescimento ininterrupto da economia nacional,

    com seus altos ritmos. Em sntese: no pode haver dvida de que em nossas atuais

    condies socialistas de produo, a lei do valor no pode ser "reguladora das

    propores" na distribuio do trabalho entre os vrios ramos da produo.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    4. A Abolio das Contradies Entre a Cidade e o Campo, Entreo Trabalho Intelectual e Fsico, e a Liquidao das Diferenas

    Entre Eles

    Este ttulo aborda numerosos problemas essencialmente diferentes um do outro,

    entretanto eu os reno num s captulo, no para mistur-los, mas exclusivamentepara abreviar a exposio.

    O problema da abolio das contradies entre a cidade e o campo, entre a

    indstria e a agricultura, um problema conhecido, j h muito tempo equacionado

    por Marx e Engels. A base econmica destas contradies a explorao do campo

    pela cidade, a expropriao do campesinato e a runa da maioria da populao rural

    devidas ao processo do desenvolvimento da indstria, do comrcio e do sistema de

    crdito no capitalismo. Por esta razo, a contradio entre a cidade e o campo, no

    capitalismo, deve ser considerada como uma contradio de interesses. Nesta basesurgiu a atitude hostil do campo para com a cidade e, em geral, para com a "gente da

    cidade".

    Sem dvida, com a destruio do capitalismo e do sistema de explorao, com o

    fortalecimento do regime socialista no nosso pas deveria tambm desaparecer a

    contradio de interesses entre a cidade e o campo, entre a indstria e a agricultura.

    Assim aconteceu. A imensa ajuda dada ao nosso campesinato por parte da cidade

    socialista, por parte da nossa classe operria, para liquidar os grandes latifundirios e

    os kulaks, consolidou a base da aliana da classe operria com os camponeses; ofornecimento sistemtico aos camponeses e aos seus kolkhoses de tratores e outras

    mquinas de primeira qualidade, transformou em amizade a aliana entre a classe

    operria e os camponeses. Naturalmente, os operrios e os camponeses kolkhosianos

    constituem, apesar de tudo, duas classes, que se distinguem uma da outra por sua

    situao. Mas esta diferena, de nenhum modo enfraquece a amizade que os une. Ao

    contrrio, seus interesses se encontram dentro de uma linha comum, a linha do

    fortalecimento do regime socialista e da vitria do comunismo. No admira, por isso,

    que da antiga desconfiana, e mais ainda, do dio do campo contra a cidade, j no

    restem vestgios.

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    Tudo isso significa que a base das contradies entre a cidade e o campo, entre a

    indstria e a agricultura, j foi liquidada pelo nosso atual regime socialista.

    Isto, naturalmente, no significa que a abolio das contradies entre a cidade e

    o campo deva acarretar a "runa das grandes cidades" (ver "Anti-Dhring", de Engels).As grandes cidades no se arruinaro, mas, ao contrrio, outras novas grandes cidades

    surgiro, como centros no somente da grande indstria, mas tambm da

    transformao dos produtos agrcolas e de um poderoso desenvolvimento de todos os

    ramos da indstria alimentar. Esta circunstncia facilitar o florescimento cultural do

    nosso pas e conduzir a um nivelamento das condies de existncia da cidade e do

    campo.

    Posio anloga temos com o problema da abolio das contradies entre o

    trabalho intelectual e o trabalho fsico. Este problema tambm um problema

    conhecido, h muito equacionado por Marx e Engels. A base econmica da

    contradio entre o trabalho intelectual e o fsico a explorao dos homens que

    realizam o trabalho fsico, por parte dos representantes do trabalho intelectual. Todo

    mundo conhece a separao existente no capitalismo entre as pessoas que realizam o

    trabalho fsico nas empresas e o pessoal da direo. sabido que esta separao fez

    surgir uma atitude hostil dos operrios para com os diretores, contramestres,

    engenheiros e outros representantes do pessoal tcnico, considerados pelos operrios

    como inimigos. Compreende-se que, com a destruio do capitalismo e do sistema de

    explorao, devia tambm desaparecer a contradio de interesses entre o trabalho

    fsico e o intelectual. E realmente desapareceu no nosso atual regime socialista. Hoje,

    os homens que realizam o trabalho fsico e o pessoal dirigente no so inimigos, mas

    camaradas e amigos, membros de um nico coletivo de produo, interessados

    vitalmente no progresso e no melhoramento da produo. Da antiga inimizade no

    restou vestgio. Carter completamente distinto tem o problema do desaparecimento

    das diferenas entre a cidade (indstria) e o campo (agricultura), entre o trabalho fsico

    e o intelectual. Este problema no foi focalizado pelos clssicos do marxismo. um

    problema novo, equacionado pela prtica de nossa construo socialista.

    No ser imaginrio este problema? Ter ele para ns alguma importncia prtica

    ou terica? No, no se pode considerar este problema como imaginrio. Ao contrrio,

    ele , para ns, problema srio, no mais alto grau.

    Se examinarmos, por exemplo, a diferena entre a agricultura e a indstria,

    veremos que entre ns ela no consiste apenas em que as condies de trabalho na

    agricultura diferem das da indstria, mas, antes de tudo, e principalmente em que na

    indstria temos a propriedade de todo o povo sobre os meios de produo e os

    produtos, enquanto na agricultura temos a propriedade, no de todo o povo, mas de

    um grupo: a propriedade kolkhosiana. J se disse que esta circunstncia determina aconservao da circulao de mercadorias, que somente com o desaparecimento

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    dessa diferena entre a indstria e a agricultura pode desaparecer a produo

    mercantil com todas as conseqncias da decorrentes. Por conseguinte, no se pode

    negar que o desaparecimento desta diferena essencial entre a agricultura e a

    indstria deva ter, para ns, uma importncia de primeira ordem.

    A mesma coisa preciso dizer do problema da liquidao da diferena essencial

    entre o trabalho intelectual e o trabalho fsico. Este problema tem para ns, tambm,

    uma significao da mais alta importncia. Antes do comeo do desenvolvimento da

    emulao socialista em massa, o crescimento da indstria em nosso pas se fazia

    emperradamente e muitos camaradas levantaram a questo de at tornar mais lento o

    ritmo do desenvolvimento da indstria. Explica-se isto, principalmente, pelo fato de

    ser quela poca, o nvel tcnico-cultural dos operrios bastante baixo e muito

    distanciado do nvel do pessoal tcnico. Na verdade, entretanto, essa situao mudou

    de modo radical, depois que a emulao socialista tomou, em nosso pas, carter demassa. Justamente depois disso, a indstria adiantou-se em ritmo acelerado. Por que a

    emulao socialista tomou o carter de massa? Porque no meio dos operrios se

    formaram grupos inteiros de camaradas que no somente assimilaram um mnimo de

    conhecimentos tcnicos, mas foram alm, alcanaram o nvel do pessoal tcnico,

    passaram a corrigir os tcnicos e engenheiros, a quebrar as normas existentes, como

    caducas, e a introduzir novas formas, atualizadas, etc. Que aconteceria se em vez de

    grupos isolados de operrios, a maioria desses tivesse elevado seu nvel tcnico e

    cultural at o nvel dos tcnicos e dos engenheiros? Nossa indstria teria alcanado

    uma altura inatingvel para a indstria de outros pases. Portanto inegvel que aliquidao da diferena essencial entre o trabalho intelectual e o fsico, por meio da

    elevao do nvel tcnico-cultural dos operrios at o nvel do pessoal tcnico, no

    pode deixar de ter, para ns, uma importncia de primeira ordem.

    Alguns camaradas afirmam que, com o decorrer do tempo, desaparecer no

    somente a diferena essencial entre a indstria e a agricultura, entre o trabalho fsico e

    o intelectual, mas desaparecer tambm qualquerdiferena entre eles. Isto no

    certo. A liquidao da diferena essencial entre a indstria e a agricultura no pede

    conduzir liquidao de toda diferena entre elas. Certa diferena, embora no

    essencial, incontestavelmente permanecer, devido s diferenas nas condies de

    trabalho na indstria e na agricultura. Mesmo na indstria, se temos em vista seus

    vrios ramos, as condies de trabalho no so as mesmas, em toda parte: as

    condies de trabalho dos mineiros empregados na extrao de carvo, por exemplo,

    diferem das dos operrios de uma fbrica mecanizada de calados, as condies de

    trabalho dos mineiros empregados na extrao de metais diferem das dos operrios

    das usinas de construo de mquinas. Se isto certo, ento com maior razo se

    conservar certa diferena entre a indstria e a agricultura.

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    A mesma coisa preciso dizer a respeito da diferena entre o trabalho intelectual

    e o trabalho fsico. A diferena essencial entre eles, a diferena do seu nvel tcnico-

    cultural, indiscutivelmente desaparecer. Mas uma certa diferena, embora no

    essencial, subsistir, quando mais no seja porque as condies de trabalho do pessoal

    dirigente das empresas no so idnticas s condies de trabalho dos operrios.

    Os camaradas que afirmam o contrrio apiam-se, provavelmente, na conhecida

    frmula contida em alguns dos meus trabalhos, em que se fala da liquidao da

    diferena entre a indstria e a agricultura, entre o trabalho fsico e o intelectual, sem

    especificar que se trata da liquidao da diferena essenciale no de qualquer

    diferena. Os camaradas assim justamente compreenderam minha frmula, na

    suposio de que ela significava a liquidao de qualquer diferena. Isto quer dizer,

    porm, que a frmula era imprecisa, insatisfatria. preciso rejeit-la e substitu-la por

    outra frmula que fale da liquidao das diferenas essenciais e da permanncia dasdiferenas no essenciais entre a indstria e a agricultura, entre o trabalho intelectual

    e o trabalho fsico.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    5. A Desagregao do Mercado Mundial nico e oAprofundamento da Crise do Sistema Capitalista Mundial

    A desagregao do mercado mundial nico, universal, deve ser considerada como

    o mais importante resultado econmico da segunda guerra mundial e de suas

    conseqncias econmicas. Este acontecimento determinou o ulterioraprofundamento da crise geral do sistema capitalista mundial.

    A prpria segunda guerra mundial foi gerada por esta crise. Cada uma das duas

    coalizes capitalistas, empenhadas na guerra, calculava esmagar o adversrio e

    conquistar o domnio mundial. Com isso procuravam uma sada para a crise. Os

    Estados Unidos da Amrica pensavam eliminar os seus mais perigosos concorrentes, a

    Alemanha e o Japo, apoderar-se dos mercados estrangeiros, das fontes mundiais de

    matria-prima e conquistar o domnio mundial.

    A guerra, entretanto, no justificou essas esperanas. Na verdade, a Alemanha e o

    Japo foram postos fora de combate como concorrentes dos trs principais pases

    capitalistas: Estados Unidos, Inglaterra e Frana. Mas, concomitantemente, separaram-

    se do sistema capitalista a China e as Democracias Populares da Europa, formando

    juntamente com a Unio Sovitica um nico e poderoso campo socialista, em oposio

    ao campo capitalista. Como resultado econmico da existncia de dois campos

    opostos, o mercado mundial nico, universal, desagregou-se, motivo por que temos

    atualmente dois mercados mundiais paralelos, que tambm se opem um ao outro.

    preciso notar que os Estados Unidos e a Inglaterra, junto com a Frana,

    contriburam, naturalmente contra sua prpria vontade, para a formao e o

    fortalecimento do novo mercado mundial paralelo. Promoveram o bloqueio

    econmico da Unio Sovitica, da China e dos pases europeus de Democracia Popular

    que no entraram no sistema do "Plano Marshall", pensando com isso asfixi-los. Na

    realidade, porm, o resultado foi, no a asfixia, mas o fortalecimento do novo mercado

    mundial.

    Certamente, a causa principal disso reside no no bloqueio econmico, porm no

    fato de que no perodo de aps-guerra esses pases aproximaram-se economicamentee estabeleceram a colaborao e a assistncia mtua no domnio da economia. A

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    experincia desta colaborao mostra que nenhum pas capitalista poderia prestar

    assistncia to eficaz e tcnicamente de primeira classe. Trata-se, antes de tudo, de

    que a base desta colaborao o sincero desejo de ajudar-se mutuamente e de

    alcanar a prosperidade econmica de todos. Como resultado, temos os altos ritmos

    de desenvolvimento industrial nestes pases. Podemos dizer, com certeza, que comtais ritmos de desenvolvimento industrial, esses pases em breve no tero mais

    necessidade de importar mercadorias dos pases capitalistas, mas sentiro necessidade

    de exportar os excedentes de sua produo.

    Disto decorre que a esfera de explorao dos recursos mundiais pelos principais

    pases capitalistas (Estados Unidos, Inglaterra, Frana) no se expandir, mas, pelo

    contrrio, se contrair; que pioraro para esses pases as possibilidades de venda no

    mercado mundial e que suas indstrias funcionaro cada vez mais abaixo de sua

    capacidade. Justamente nisto consiste o aprofundamento da crise geral do sistemacapitalista mundial, em ligao com a desagregao do mercado mundial.

    Sentem-no os prprios capitalistas, pois difcil no sentir a perda de mercados

    como os da URSS e da China. Eles tudo fazem para resolver estas dificuldades com

    o Plano Marshall, a guerra na Coria, a corrida armamentista, a militarizao da

    indstria. Mas isso lembra muito o provrbio do afogado que se agarra a uma

    palhinha.

    Como resultado de tal situao, os economistas se encontram diante de dois

    problemas:

    1.Pode-se afirmar que ainda esteja em vigor a conhecida tese de Stlinsobre a estabilidade relativa dos mercados, no perodo da crise geral do

    capitalismo, formulada ainda antes da segunda guerra mundial?

    2.Pode-se afirmar que ainda esteja em vigor a conhecida tesede Lnin formulada na primavera de 1916, de que no obstante a

    decomposio do capitalismo, "o capitalismo em conjunto cresce

    consideravelmente mais depressa do que antes"?

    Penso que no se pode afirmar isso. Em face das novas condies, surgidas com a

    segunda guerra mundial, preciso considerar que estas duas teses caducaram.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    6. A Inevitabilidade das Guerras Entre os Pases Capitalistas

    Alguns camaradas afirmam que devido ao desenvolvimento das novas condies

    internacionais, aps a segunda guerra mundial, as guerras entre os pases capitalistas

    deixaram de ser inevitveis. Consideram que as contradies entre os campos do

    socialismo e do capitalismo so mais fortes do que as contradies entre os pasescapitalistas; que os Estados Unidos j dominam suficientemente os outros pases

    capitalistas, para impedi-los de guerrear-se entre si e de enfraquecer-se mutuamente;

    que os homens avanados do capitalismo j esto bem instrudos pela experincia de

    duas guerras mundiais guerras que causaram srios prejuzos a todo o mundo

    capitalista para outra vez permitirem que os pases capitalistas sejam arrastados a

    uma guerra entre si e que, em vista de tudo isto, as guerras entre os pases capitalistas

    deixaram de ser inevitveis.

    Estes camaradas esto errados. Eles vem os fenmenos externos, que aparecem

    na superfcie, mas no vem as foras profundas que, embora no momento atuem

    imperceptivelmente, iro determinar a marcha dos acontecimentos.

    Externamente parece que tudo "vai bem": os Estados Unidos puseram no regime

    de tutela a Europa Ocidental, o Japo e outros pases capitalistas. A Alemanha

    (Ocidental), a Inglaterra, a Frana, a Itlia, o Japo, nas garras dos Estados Unidos,

    executam obedientemente as suas ordens. Mas seria um erro supor que este "bem-

    estar" possa conservar-se "eternamente", que estes pases suportaro para sempre a

    dominao e o jugo dos Estados Unidos e que no tentaro livrar-se do cativeiro

    americano e tomar o caminho do desenvolvimento independente.

    Vejamos, antes de tudo, a Inglaterra e a Frana. Sem dvida, estes pases so

    imperialistas. Sem dvida, a matria-prima barata e os mercados de escoamento

    garantidos tm para eles uma importncia de primeira ordem. Ser lcito supor que

    esses pases suportaro indefinidamente a situao atual, em que os americanos, a

    pretexto da "ajuda do plano Marshall", penetram na economia da Inglaterra e da

    Frana, tentando convert-las em apndices da economia dos Estados Unidos; em que

    o capital americano se apodera das matrias-primas e dos mercados de exportao

    coloniais anglo-franceses, preparando assim uma catstrofe para os altos lucros doscapitalistas anglo-franceses? No seria mais certo dizer que a Inglaterra capitalista, e

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    com ela a Frana capitalista, sero por fim obrigadas a escapar dos braos dos Estados

    Unidos e a entrar em conflito com estes a fim de garantirem uma situao

    independente e, naturalmente, altos lucros?

    Passemos aos principais pases vencidos: a Alemanha (Ocidental) e o Japo. Estespases levam hoje uma existncia lastimvel, sob a bota do imperialismo americano.

    Sua indstria e sua agricultura, seu comrcio, sua poltica interna e externa, toda a sua

    vida est acorrentada pelo "regime" de ocupao americano. Mas estes pases ainda

    ontem eram grandes potncias imperialistas, que abalavam as bases do domnio da

    Inglaterra, dos Estados Unidos, da Frana, na Europa e na sia. Pensar que estes pases

    no tentaro pr-se novamente de p, destruir o "regime" dos Estados Unidos e

    enveredar pelo caminho do desenvolvimento independente significa acreditar em

    milagres.

    Diz-se que as contradies entre o capitalismo e o socialismo so mais fortes do

    que as contradies entre os pases capitalistas. Teoricamente isso, sem dvida,

    verdade. Isso certo no somente agora, no momento atual, como tambm o era

    antes da segunda guerra mundial. Os dirigentes dos pases capitalistas compreendiam

    isso, mais ou menos bem. Mas, apesar de tudo, a segunda guerra mundial foi iniciada

    no contra a URSS, mas com a guerra entre os pases capitalistas. Por que? Porque, em

    primeiro lugar, a guerra contra a URSS, pas do socialismo, mais perigosa para o

    capitalismo do que a guerra entre os pases capitalistas, visto que se a guerra entre os

    pases capitalistas apresenta a questo apenas da supremacia de uns pases

    capitalistas sobre outros pases capitalistas, a guerra contra a URSS apresentaria,

    inevitavelmente, a questo da existncia do prprio capitalismo. Porque, em segundo

    lugar, embora os capitalistas proclamem, para fins de propaganda, a agressividade da

    Unio Sovitica, eles prprios no acreditam nesta agressividade, porque tm em

    conta a poltica de paz da Unio Sovitica e sabem que a Unio Sovitica no atacar

    os pases capitalistas. Aps a primeira guerra mundial, considerava-se tambm que a

    Alemanha havia sido definitivamente posta fora de combate, do mesmo modo como

    pensam atualmente alguns camaradas que o Japo e a Alemanha foram

    definitivamente postos fora de combate. Naquela poca tambm se falava e se

    proclamava na imprensa que os Estados Unidos haviam posto a Europa no regime de

    tutela, que a Alemanha no poderia mais pr-se de p, que da por diante no haveria

    mais guerra entre os pases capitalistas. Apesar disso a Alemanha ps-se de p e

    elevou-se a grande potncia passados 15-20 anos depois da sua derrota, libertou-se do

    cativeiro e tomou o caminho do desenvolvimento independente. sintomtico o fato

    de que a Inglaterra e os Estados Unidos tenham sido precisamente os que ajudaram a

    Alemanha a reerguer-se economicamente e a elevar seu potencial econmico e

    militar. certo que os Estados Unidos e a Inglaterra, ajudando a Alemanha a levantar-

    se economicamente, tiveram em vista dirigir a Alemanha restaurada contra a Unio

    Sovitica, us-la contra o pas do socialismo. A Alemanha, porm, dirigiu suas foras,

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    em primeiro lugar, contra o bloco anglo-franco-americano. E quando a Alemanha

    hitlerista declarou guerra Unio Sovitica, o bloco anglo-franco-americano no s

    deixou de associar-se Alemanha hitlerista como, pelo contrrio, foi obrigada a

    coligar-se com a URSS, contra a Alemanha hitlerista.

    Conseqentemente, a luta dos pases capitalistas pelos mercados e o desejo de

    esmagar os seus concorrentes mostraram-se na prtica mais fortes do que as

    contradies entre o campo do capitalismo e o do socialismo.

    Pergunta-se: que garantia pode haver de que a Alemanha e o Japo no se

    reerguero novamente, que no trataro de escapar ao cativeiro norte-americano e de

    viver uma vida independente? Penso que tais garantia no existem.

    Da decorre, pois, que a inevitabilidade das guerras entre os pases capitalistas

    continua em vigor.

    Diz-se que a tese de Lnin, de que o imperialismo inevitavelmente gera as

    guerras, deve ser considerada caduca, visto como, atualmente, desenvolveram-se

    poderosas foras populares que atuam em defesa da paz, contra uma nova guerra

    mundial. Isto no certo.

    O movimento atual pela paz tem por objetivo levantar as massas populares para a

    luta pela manuteno da paz, para impedir uma nova guerra mundial. Por conseguinte,

    no tem o objetivo de derrubar o capitalismo e estabelecer o socialismo; limita-se aosobjetivos democrticos da luta pela manuteno da paz. Sob este aspecto, o atual

    movimento pela manuteno da paz difere do movimento realizado no perodo da

    primeira guerra mundial para transformar a guerra imperialista em guerra civil, uma

    vez que este ltimo movimento ia mais alm e tinha objetivos socialistas.

    Pode acontecer que, dentro de certas circunstncias, a luta pela paz se

    desenvolva em alguns lugares, transformando-se em luta pelo socialismo; no entanto,

    isto j seria, no o atual movimento pela paz, mas um movimento para a derrubada do

    capitalismo.

    O mais provvel que o atual movimento pela paz, como movimento pela

    manuteno da paz, sendo bem sucedido, conseguir evitar uma determinada guerra,

    adi-la por certo tempo, manter por certo tempo uma determinada paz, afastar um

    governo belicista e substitu-lo por outro governo disposto a manter temporariamente

    a paz. Isto, naturalmente, uma boa coisa. Uma tima coisa, alis. Entretanto, isso no

    basta para eliminar a inevitabilidade das guerras em geral, entre os pases capitalistas.

    No basta porque mesmo com um movimento bem sucedido em defesa da paz, o

    imperialismo subsiste, conserva sua fora e, por conseguinte, subsiste tambm ainevitabilidade das guerras.

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    Para eliminar a inevitabilidade das guerras, preciso destruir o imperialismo.

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    Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

    J. V. Stlin

    7. As Leis Econmicas Fundamentais do CapitalismoContemporneo e do Socialismo

    Como j se sabe, a questo das leis econmicas fundamentais do capitalismo e do

    socialismo foi apresentada repetidas vezes durante a discusso. Emitiram-se diferentes

    opinies a esse respeito, mesmo as mais fantsticas. Na verdade, a maioria dos quetomaram parte na discusso reagiu fracamente em relao a este assunto, no sendo

    indicada nenhuma soluo. Nenhum dos participantes da discusso, todavia, negou a

    existncia dessas leis.

    Existe uma lei econmica fundamental do capitalismo? Sim, existe. Qual esta

    lei? Quais so os seus traos caractersticos? A lei econmica fundamental do

    capitalismo uma lei que determina no um aspecto isolado ou alguns processos

    isolados do desenvolvimento da produo capitalista, mas todos os aspectos principais

    e todos os processos principais deste desenvolvimento. Conseqentemente,determina a substncia da produo capitalista, a sua essncia.

    No seria a lei do valor a lei econmica fundamental do capitalismo? No. A lei do

    valor , antes de tudo, a lei da produo mercantil. Ela existia antes do capitalismo e

    continuar a existir enquanto subsistir a produo mercantil, mesmo depois da

    derrubada do capitalismo, como, por exemplo, em nosso pas, se bem que dentro de

    uma esfera limitada de ao. Naturalmente, a lei do valor, que tem larga esfera de

    ao nas condies do capitalismo, desempenha um grande papel no desenvolvimento

    da produo capitalista; entretanto, ela no somente no determina a essncia da

    produo capitalista e as bases dos lucros capitalistas, como nem sequer focaliza tais

    problemas. Por isso, no pode ser a lei econmica fundamental do capitalismo

    contemporneo. Pelas mesmas razes, nem a lei da concorrncia e da anarquia da

    produo, nem a lei do desenvolvimento desigual do capitalismo nos diferentes pases,

    tampouco pode ser a lei econmica fundamental do capitalismo contemporneo.

    Diz-se que a lei da taxa mdia do lucro a lei econmica fundamental do

    capitalismo contemporneo. Isto no certo. O capitalismo contemporneo,

    capitalismo monopolista, no pode satisfazer-se com o lucro mdio, cuja tendncia,

    alis, para baixar, com a elevao da composio orgnica do capital. O capitalismo

  • 8/7/2019 Problemas Econmicos do Socialismo na URSS

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    monopolista contemporneo exige no o lucro mdio, mas o lucro mximo, necessrio

    para realizar uma reproduo ampliada mais ou menos regular.

    Mais que qualquer outra, aproxima-se do Conceito de lei econmica fundamental

    do capitalismo a lei da mais-valia, a lei da formao e do crescimento do lucrocapitalista. Esta lei, realmente, predetermina os traos fundamentais da produo

    capitalista. A lei da mais-valia, entretanto, uma lei demasiadamente geral, que no

    toca nos problemas da taxa superior de lucro, cuja existncia garantida condio de

    desenvolvimento do capital monopolista; a fim de preencher esta lacuna preciso

    concretizar a lei da mais-valia e desenvolv-la ulteriormente, aplicando-a s condies

    do capital monopolista, considerando que o capital monopolista exige no um lucro

    qualquer, mas, precisamente, o lucro mximo. Esta ser a lei econmica fundamental

    do capitalismo atual.

    As caractersticas e exigncias principais da lei econmica fundamental do

    capitalismo contemporneo, poderiam formular-se, aproximadamente, desta maneira:

    garantia de mximo lucro capitalista, por meio da explorao, runa e pauperizao da

    maioria da populao de um dado pas; por meio da escravizao e sistemtica

    pilhagem dos povos de outros pases, particularmente dos pases atrasados; e,

    finalmente, por meio das guerras e da militarizao da economia nacional utilizadas

    para garantir os lucros mximos.

    Diz-se que o lucro mdio deveria, apesar de tudo, ser considerado inteiramente

    satisfatrio para o desenvolvimento do capitalismo nas condies atuais. Isto no est

    certo. O lucro mdio o mais baixo limite da rentabilidade, abaixo do qual a produo

    capitalista se torna impossvel. Mas, seria ridculo pensar que os magnatas do

    capitalismo monopolista contemporneo, ao apoderar-se de colnias, escravizar os

    povos e tramar as guerras, aspiram apenas a garantir o lucro mdio. No, no o lucro

    mdio, nem o super lucro, que em geral representa apenas certo excedente sobre o

    lucro mdio, mas justamente o lucro mximo que constitui o motor do capitalismo

    monopolista. Precisamente a necessidade de obteno de lucros mximos impele o

    capitalismo monopolista a arriscados passos, como a escravizao e a pilhagem

    sistemtica das colnias e de outros pases atrasados, a transformao de muitos

    pases independentes em dependentes, a organizao de novas guerras, que so para

    os dirigentes do capitalismo atual o melhor "business" para a extrao dos lucros

    mximos, e por fim as tentativas de dominao econmica do mundo.

    A importncia da lei econmica fundamental do ca