pró -reitoria de pós -graduação e pesquisa escola de ... · protocolo rpe-13 a amostra foi...

82
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Escola de Saúde Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA E EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE O DESEMPENHO EM TESTE DE CORRIDA DE 3000 METROS Autor: Bibiano Madrid Orientador: Dr. Rinaldo Wellerson Pereira Co-orientador: Dr. Herbert Gustavo Simões Brasília DF 2016

Upload: phamtram

Post on 13-Oct-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Escola de Saúde

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA E EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR

CORRENTE CONTÍNUA SOBRE O DESEMPENHO EM TESTE DE CORRIDA DE 3000 METROS

Autor: Bibiano Madrid Orientador: Dr. Rinaldo Wellerson Pereira

Co-orientador: Dr. Herbert Gustavo Simões

Brasília – DF 2016

BIBIANO MADRID

PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO AERÓBIA E ANAERÓBIA E EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE O

DESEMPENHO EM TESTE DE CORRIDA DE 3000 METROS

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Educação Física

da Universidade Católica de Brasília, como

requisito parcial para obtenção do Título de

Doutor em Educação Física.

Orientador: Dr. Rinaldo Wellerson Pereira

Co-orientador: Dr. Herbert Gustavo Simões

Brasília

2016

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB.

M183p Madrid, Bibiano.

Protocolos de avaliação aeróbia e anaeróbia e efeitos da estimulação

transcraniana por corrente contínua sobre o desempenho em teste de

corrida de 3000 metros. / Bibiano Madrid – 2016.

81 f.; il.: 30 cm

Tese (Doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2016.

Orientação: Prof. Dr. Rinaldo Wellerson Pereira

Co-orientação: Prof. Dr. Herbert Gustavo Simões

1. Educação física. 2. Wingate. 3. Lactato mínimo. 4. Reprodutibilidade.

5. Percepção subjetiva de esforço. 6. Estimulação transcraniana por

Dedico este trabalho a minha companheira Paola Bottin Madrid, uma companheira amorosa e verdadeira, mãe zelosa e dedicada.

AGRADECIMENTOS

Neste momento de conclusão desta importante jornada acadêmica, que é o doutorado, se faz necessário olhar para traz e reconhecer as pessoas que de alguma forma contribuíram para que eu seja quem sou hoje e para estar onde estou.

Aos meus professores da graduação, que me deram o alicerce para a trajetória acadêmica. Em especial ao professor Ruiter por me apresentar a Bioquímica logo no primeiro semestre de curso. A professora Sandra Mara Bessa Ferreira por me apresentar os artigos científicos, me estimular a escrever e me encaminhar para o Grupo de Estudos dos professores Herbert Gustavo Simões e Carmen Campbell no final do primeiro semestre da graduação.

Ao professor Roberto Landhwear por me abrir as portas do Laboratório de Avaliação Física e Treinamento (Lafit) e me desafiar no momento certo. Agradeço também a toda equipe que por lá passou, em especial a Marcia Gonçalves, Rafael Sotero, Ronaldo Benford, Herbert Gustavo Simões, Carlos Ernesto, Alexandre Vieira e Ioranny Sousa pelos momentos de aprendizado e descontração. Agradeço também a ex-técnica do Laboratório de Estudos em Educação Física e Saúde (Leefs) Alessandra Matida, pela cordialidade e acessibilidade ao laboratório.

Ao Gepefs e seus integrantes, formado inicialmente pelos estudantes Raphael Mafra, Rafael Cunha, Gustavo Fernandes, por mim e pelos demais estudantes que se achegaram com o passar do tempo. Nós éramos, sem dúvida, um grupo imaturo, mas sedento por conhecimento e que debatia e discutia papers com afinco, instigávamos e despertávamos uns aos outros para o meio acadêmico e docência. Lá tive a oportunidade de pela primeira vez estar frente a frente com uma plateia de estudantes apresentando uma palestra na Semana Acadêmica da Educação Física.

Ao extinto projeto Universidade Aberto a Terceira Idade e seus colaboradores, em especial aos professores Francisco Martins da Silva, Nilzinha Martionivic e Rolando Dumas pelos ensinamentos e confiança. Aos estudantes Talita Avelar, Luiz Humberto Souza, Milena Lopes, Paula Emediato, Gustavo Fernandes, Thays Rodrigues e Thayana Motta pela convivência, parceria e amizade. A Alessandra Matida pela paciência. Por fim, aos idosos pelo carinho, aconchego e por oportunizarem um aprendizado prático emocionante.

Ao Grupo de estudos do Desempenho Humano e das Respostas Fisiológicas ao Exercício Físico, coordenado pelos professores Herbert Gustavo Simões e Carmen Campbell, pois nele cresci e amadureci. Acertei e errei. Cheguei, parti e voltei. Lá conheci os caminhos necessários para se desenvolver uma pesquisa científica. Vale aqui um salve especial aos colegas Emerson Pardono, Rafael Sotero, Ioranny Souza, Carol Belfort, Suliane Beatriz Rauber, Rafael Cunha e Rafael Olher pela oportunidade de trabalharmos juntos e colaborarmos mutuamente em nossas pesquisas.

Ao professor Rinaldo Wellerson Pereira e seu grupo de pesquisa. Um visionário que abriu as portas do seu laboratório e permitiu que eu ingressasse no Doutorado sob sua orientação. Gostaria de ser grato também aos estudantes Getúlio Junior, Clarissa Gomes, Alexandre Vieira, Carlos Bainy Franz, Darlan Lopes de Farias e Ramires Tibana pois foram intensos os momentos de coleta, armazenamento e análise de amostras.

As Faculdades Albert Einstein (Falbe), Centro Universitário de Desenvolvimento do Centro Oeste (Unidesc), Universidade Católica de Brasília (UCB), Faculdade de Ciência e Tecnologia de Unaí (Factu), Educação à Distância da Universidade de Brasília (UnB) e ao Centro Universitário de Brasília (UniCeub) por me oportunizarem o exercício da docência. À Universidade Paulista (Unip), em especial a figura do coordenador do curso de Educação Física Dr. Aparecido Pimental Ferreira por acreditar no meu potencial e possibilitar a continuidade do trabalho como professor.

Ao Programa de Pós Graduação em Educação Física, que me recebeu um garoto e devolve um homem e um pai de família para a sociedade. Cabe aqui também, um registro especial aos professores Ricardo Jacó, Luiz Otávio, Tânia Sampaio, Jonato Prestes, Flávio de Oliveira Pires, Carmen Campbell e Herbert Gustavo Simões pelos ensinamentos e bons exemplos.

Ao professor Herbert Gustavo Simões dedico um agradecimento especial, pois após idas e vindas me acolheu de volta em seu grupo. Orientou os trabalhos desenvolvidos e me oportunizou um retorno para aparar algumas arestas, reescrever alguns capítulos em aberto da minha trajetória e mostrar um pouco mais de quem eu sou. Continuo um admirador de sua batalha como professor, orientador, gestor, atleta e pai de família.

A minha companheira, que merece sim dedicatória e agradecimento. Pois sempre esteve ao meu lado e sem sua companhia e apoio, certamente, em algum momento eu teria sucumbido e desistido. A minha filha Laura, que veio dar mais sentido a minha vida.

Aos meus pais, que sempre acreditaram no meu potencial e me incentivaram a trilhar o caminho que eu viesse a escolher. Aos demais familiares pelo carinho, convivência e vibrações positivas.

A CAPES por me disponibilizar uma bolsa de estudos durante parte do doutorado. A Deus por permitir que tudo isto tenha acontecido.

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior e primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo” (Mateus, 22:37-39).

RESUMO

MADRID, Bibiano. Protocolos de avaliação aeróbia e anaeróbia e efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre o desempenho em teste de corrida de 3000 metros. 2016. 122 páginas. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2016.

O presente trabalho é composto por quatro artigos científicos com diferentes objetivos, conforme a seguir: 1) Verificar a reprodutibilidade do teste anaeróbio de Wingate. 2) Verificar a reprodutibilidade do protocolo de lactato mínimo com a indução a hiperlactatemia individualizada pela percepção subjetiva de esforço. 3) Verificar a eficiência do um novo protocolo submáximo de avaliação aeróbia, com cargas determinadas pela percepção subjetiva de esforço, denominado RPE-13, em identificar a intensidade de exercício associada ao máximo estado estável de lactato e lactato mínimo. 4) Verificar a influência da estimulação transcraniana por corrente contínua anódica sob o lobo temporal esquerdo sobre a variabilidade da frequência cardíaca e no desempenho em teste de corrida de 3000 metros. O estudo com Wingate teve uma amostra composta por 15 ciclistas que realizaram três testes de Wingate. O estudo com lactato mínimo teve uma amostra composta por 20 estudantes universitários fisicamente ativos que realizaram o teste duas vezes. No estudo com o protocolo RPE-13 a amostra foi formada por 11 adultos jovens fisicamente ativos que realizaram três testes, o RPE-13, lactato mínimo e máximo estado estável de lactato. Já no estudo com estimulação transcraniana por corrente contínua a amostra foi composta onze corredores recreacionais que cumpriram o teste de 3000 metros em duas condições, na condição com estimulação anódica e na condição Sham (placebo). Os testes de Wingate e lactato mínimo apresentaram boa reprodutibilidade. O teste RPE-13 se mostrou eficiente em identificar uma intensidade de exercício associada máximo estado estável de lactato e lactato mínimo. Por sua vez, a estimulação transcraniana por corrente contínua modificou a variabilidade da frequência cardíaca, aumentando a reserva cronotrópica e melhorando o desempenho do teste de corrida de 3000 metros em média em 10 segundos.

Palavras-Chave: Wingate. Lactato mínimo. Reprodutibilidade. Percepção subjetiva de esforço. Estimulação transcraniana por corrente contínua.

RESUMO EM LÍNGUA INGLESA

MADRID, Bibiano. Protocols of aerobic and anaerobic evaluation and effects of transcranial direct current stimulation on running of 3000 meters. 2016. 122 pages. Doctoral thesis (Postgraduate Program Stricto Sensu in Phsysical Education) - Catholic University of Brasília, Brasília, 2016.

The present study is composed by four papers with different aims, as follows: 1) Verify the reliability of the Wingate anaerobic test. 2) Verify the reliability of lactate minimum protocol with induction of hyperlactatemia individualized by ratings perceived exertion. 3) Verify the efficiency of a new submaximal protocol for aerobic evaluation, with workloads determination by ratings perceived exertion, denominated RPE-13, in identify the intensity of exercise associated at maximal lactate steady state and lactate minimum. 4) Verify the influence of anodal transcranial direct current stimulation on left temporal lobe in the heart rate variability and in the running of 3000 meters. The Wingate study had a sample composed by 15 cyclists that performed three Wingate tests. The lactate minimum study had a sample composed by 20 university students active physically that performed two times the test. In the study with RPE-13 the sample was formed by 11 young adults active physically that performed three tests, the RPE-13, lactate minimum and maximal lactate steady state. Yet, in the study with anodal transcranial direct current stimulation the sample was composed by 11 amateurs’ runners that performed of the 3000 meters test in two conditions, in the anodal stimulation and Sham condition (placebo). The tests of Wingate and lactate minimum showed good reliability. The RPE-13 test showed to be efficient to identify an intensity of exercise associated at maximal lactate steady state and lactate minimum. Therefore, the transcranial direct current stimulation changed the heart rate variability, increasing the chronotropic reserve and improving the performance in running of 3000 meters in mean 10 seconds.

Keywords: Wingate. Lactate minimum. Reliability. Rating of perceived exertion. Transcranial direct current stimulation.

LISTA DE ABREVIATURAS ETCC – estimulação transcraniana por corrente contínua.

H+ – íon de hidrogênio.

HCO3- – íon bicarbonato.

IAT – Individual anaerobic threshold.

CCI – coeficiente de correlação intraclasse.

LAn – limiar anaeróbio.

LM – lactato mínimo.

MEEL – máximo estado estável de lactato.

OBLA – onset blood lactate accumulation.

PSE – percepção subjetiva de esforço.

RPE-13 – protocolo de percepção subjetiva de esforço 13.

TAW – teste anaeróbio de Wingate.

VE/VO2 – equivalente ventilatório de oxigênio.

VE/VCO2 – equivalente ventilatório de gás carbônico.

VFC – variabilidade da frequência cardíaca.

[lac] – concentrações de lactato.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 17

3.1 TESTE ANAERÓBIO DE WINGATE (TAW) ...................................................... 17

3.2 LACTATO MÍNIMO (LM) .................................................................................... 19

3.3 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO – 13 (RPE-13) ................................. 22

3.4 ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA (ETCC) 23

4 ARTIGOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS ........................................................... 25

4.1 REPRODUTIBILIDADE DO TESTE ANAERÓBIO DE WINGATE EM

CICLISTAS .............................................................................................................. 25

4.2 REPRODUTIBILIDADE DO PROTOCOLO DE LACTATO

MÍNIMO COM INTENSIDADE DO ESFORÇO PRÉVIO INDIVIDUALIZADO

PELA PSE ....................................................................................................................... 33

4.3 ESTIMATION OF THE MAXIMAL LACTATE STEADY STATE

INTENSITY BY THE RATING OF PERCEIVED EXERTION ................................... 44

5 ARTIGO CIENTÍFICO EM FASE DE SUBMISSÃO............................................. 60

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 74

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 75

13

1 INTRODUÇÃO

A Fisiologia do Exercício vem avançando de forma vertiginosa nas últimas décadas,

em especial na busca por explicar melhor o movimento humano, suas interações fisiológicas,

bem como as adaptações agudas e crônicas causadas pela imposição de diferentes sobrecargas

de trabalho ao organismo. Uma fração da fisiologia do exercício tem recebido especial

atenção da comunidade científica, é a que investiga as diferentes formas de identificação da

intensidade do esforço físico. Sendo que, podemos dividir estas formas de avaliação em duas

grandes subáreas, as avaliações aeróbias e anaeróbias (ARAUJO et al., 2014; KOTSKA, et

al., 2009).

Para avaliação do desempenho anaeróbio, temos testes de corrida de curta distância,

sprints repetitivos (ARAUJO et al., 2014; ZAGATTO; BECK; GOBATTO, 2009), testes de

salto vertical (FARIAS et al., 2013), de força isocinética (OLIVEIRA et al., 2015), teste de

uma repetição máxima (PEREIRA; GOMES, 2003), preensão manual (MADRID et al., 2010;

TIBANA et al., 2012), dentre outros. Além dos testes supracitados, o Teste Anaeróbio de

Wingate (TAW) tem se destacado, embora não possa ser considerado um Gold Standard

devido as diferentes especificidades dos gestos motores investigados nas avaliações

anaeróbias, novos testes para serem considerados válidos têm sido comparados ao TAW

(ARSLAN, 2005; COSO; MORA-RODRIGUES, 2006; SANDS et al., 2004; ZAGATTO;

BECK; GOBATTO, 2009). Sendo que o TAW tradicional corresponde a um teste de 30

segundos de duração, realizado em cicloergômetro para membros inferiores, onde o indivíduo

desempenha a maior potência possível contra uma carga fixa, definida por um percentual de

sua massa corporal (INBAR; BAR-OR; SKINNER, 1996).

Quanto a avaliação aeróbia, o limiar anaeróbio (LAn) identifica uma máxima

intensidade de exercício físico constante, desenvolvido por grande grupo muscular, que não

resulta em acúmulo exponencial das concentrações de lactato ([lac]) (SVEDAHL;

MCINTOSH, 2003). O LAn é usado para avaliação do condicionamento físico, prescrição de

exercícios e identificar cargas seguras de trabalho para populações de risco (ESTEVE-

LANAO et al., 2007; MEYER et al., 2005; SIMÕES et al., 2010). Não obstante, as formas de

identificação do LAn são definições operacionais (SVEDAHL; MCINTOSH, 2003) e tem no

protocolo de máximo estado estável de lactato (MEEL) o seu Gold Standard (DENADAI, et

al., 2004; PARDONO et al., 2008; SVEDAHL; MACINTOSH, 2003). Contudo, a utilização

do MEEL é dispendiosa quanto ao tempo utilizado e aos custos laboratoriais (BARON et al.,

2003; BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003; DOTAN et al., 2011).

14

Diante disto, métodos mais simples e menos dispendiosos têm sido propostos para a

identificação da intensidade em que ocorre o LAn. Como os tradicionais testes incrementais

que identificam o LAn por alterações na cinética de diferentes variáveis, como [lac]

(GARCIN et al., 2003; JOHNSON; SHARPE; BROWN, 2009), glicemia (SIMÕES et al.

2010), variáveis ventilatórias (AOIKE et al., 2012; NEDER; STEIN, 2006), variabilidade da

frequência cardíaca (OKANO et al., 2015; SALES et al., 2011), dentre outros. O teste de

lactato mínimo (LM) se utiliza de um esforço prévio máximo, seguido de um período de

recuperação para induzir altas [lac]. Logo após é iniciada a parte incremental do LM, com

carga inicial de baixa intensidade e que vai sendo aumentando com o passar do tempo até

nova exaustão. Ao se observar graficamente o comportamento das [lac], no princípio há um

decaimento das [lac] até chegar a um ponto mínimo, após as [lac] voltam a aumentar. Este

comportamento das concentrações de lactato descreve uma curva em formato de “U”, onde o

estágio em que ocorre o menor valor das concentrações de lactato é considerado a intensidade

de LM (PARDONO et al., 2009; SOTERO et al., 2011; TEGTBUR; BUSSE; BRAUMANN,

1993). O LM tem apresentado boa reprodutibilidade inter-avaliadores (DOTAN et al., 2011),

carecendo de estudos que apliquem teste e reteste e verifiquem a reprodutibilidade do teste.

Um teste físico, seja ele aeróbio ou anaeróbio, para ser válido precisa medir o que se

propõe, ser reprodutível e sensível a alterações no condicionamento físico. Sendo que a

reprodutibilidade é definida como a capacidade de aplicarmos teste e reteste dentro de um

curto espaço de tempo e obtermos valores iguais ou muito próximos (THOMAS; NELSON;

SILVERMAN, 2007). É necessário que bons testes físicos apresentem boa reprodutibilidade,

pois acreditando que dentro de um curto espaço de tempo, respeitado o período de

recuperação, o indivíduo não teria modificado consideravelmente seu condicionamento físico,

logo o teste não poderia apresentar resultados diferentes. Não obstante, torna-se fundamental

que tenhamos acurácia nos testes que avaliam o desempenho atlético, visto que uma fração de

segundo ou uma pequena variação no condicionamento podem determinar o vencedor em

uma competição esportiva. Assim, como uma pequena incorreção na determinação do LAn

pode resultar na prescrição inadequada de uma intensidade de exercício dentro de um

programa de treinamento.

Os testes de campo são aqueles realizados fora do ambiente laboratorial, que embora

coloque o avaliado em um ambiente um pouco menos controlado, tem sido muito investigado

por suas características de baixo custo, simplicidade metodológica e boa especificidade

quando comparado aos testes laboratoriais (ALMEIDA et al., 2010; SOTERO et al., 2009a).

O teste de campo onde o indivíduo corre 3000 metros no menor tempo possível em pista de

15

atletismo se correlaciona positivamente com o LAn e velocidade crítica (SIMÕES et al.,

2005), economia de corrida (BRAGADA; BARBOSA, 2007), consumo máximo de oxigênio

e com a velocidade associada a este consumo (YAMAJI; IGARASHI; IGUCHI, 2008).

Ainda, o teste de 3000 metros possui predominância aeróbia quanto a sua contribuição

energética (DUFFIELD; DAWSON; GOODMAN, 2005).

Por sua vez, a estimulação transcraniana por corrente continua (ETCC) é uma

estratégia não invasiva de neuromodulação que altera o potencial de membrana das células

nervosas, alterando assim a excitabilidade cortical (BRUNONI, BOGGIO e FREGNI, 2012).

A ETCC tem sido amplamente utilizada pela área médica no tratamento da dor crônica

(ANTAL; PAULUS, 2010), depressão (PALM et al., 2012), Alzheimer (BOGGIO et al.,

2011), Parkinson (BOGGIO et al., 2006) e na reabilitação pós acidente vascular cerebral

(BOLOGNINI et al., 2011) . A ETCC pode ser anódica (carga positiva) ou catódica (carga

negativa), sendo que há indícios recentes de que a ETCC anódica aplicada sobre o lobo

temporal esquerdo (T3) modifica a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em situação de

repouso (MONTENEGRO et al., 2011) e exercício, bem como melhora o limiar de

variabilidade da frequência cardíaca e a potência máxima obtida em teste incremental máximo

em cicloergômetro (OKANO et al., 2015).

16

2 OBJETIVOS

A presente tese é apresentada no modelo alternativo, composta por quatro artigos

científicos, cada um com seu objetivo enumerado abaixo:

1. Verificar a reprodutibilidade de variáveis específicas do teste de anaeróbio de Wingate

(potência pico, potência média, potência mínima e índice de fadiga), de alguns

marcadores fisiológicos (concentração de lactato e frequência cardíaca) e perceptuais

(percepção subjetiva de esforço) associados ao teste em ciclistas treinados (MADRID, B.;

PARDONO, E.; FARIAS, D. L.; ASANO, R. Y.; SILVA, R. J. S.; SIMÕES, H. G.

Reprodutibilidade do teste anaeróbio de Wingate em ciclistas. Motricidade, v. 9, n. 4, p. 40-46,

2013).

2. Verificar a reprodutibilidade de um teste de LM, com indução à hiperlactatemia realizada

por intensidade de esforço individualizada pela PSE (MADRID, B.; SOTERO, R. C.;

CAMPBELL, C. S. G.; SOUSA, I. R. C.; CARVALHO, F. O.; VIEIRA, A.; RAUBER, S. B.;

FRANCO, C. B.; SIMÕES, H. G. Reprodutibilidade do protocolo de lactato mínimo com

intensidade do esforço prévio individualizado pela PSE. Motriz, v. 18, n. 4, p. 646-655, 2012).

3. Investigar se um protocolo de esforço submáximo, com uma carga de trabalho associada

a PSE 13, poderia estimar a intensidade de esforço correspondente ao MEEL e LM

(MADRID, B.; PIRES, F. O.; PRESTES, J.; VIEIRA, D. C. L.; CLARK, T.; TIOZZO, E.;

LEWIS, J. E.; CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G. Perceptual and Motor Skills, paper

aceito para publicação, 2016).

4. Verificar os efeitos da ETCC anódica no lobo temporal esquerdo (T3) sobre a VFC e

sobre o desempenho em teste de corrida de 3000 metros em corredores recreacionais

(MADRID, B.; OLHER, R. R.; FARIAS, D. L.; CUNHA, R. R.; OKANO, A. H.; PEREIRA, R.

W.; SIMÕES, H. G. Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a

variabilidade da frequência cardíaca e desempenho em corrida de 3000 metros. Artigo em fase de

submissão).

17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 TESTE ANAERÓBIO DE WINGATE (TAW)

A força é um componente da aptidão física relacionada à saúde e quando não treinada

sofre forte ação deletéria do tempo (KOTSKA et al., 2009). A força e a potência muscular são

parâmetros fundamentais para identificar a performance atlética. Por isto, conhecer os níveis

de força e potência muscular é importante tanto para atletas de alto rendimento, quanto para

praticantes de atividades físicas como forma de lazer ou busca por saúde (BROWN; WEIR,

2001).

Dentro deste contexto, o Departamento de Pesquisa em Medicina Esportiva do

Instituto Wingate para Educação Física e Esporte de Israel criou na década de 70 o TAW,

para atender uma demanda crescente de mais informações quanto ao desempenho anaeróbio

de atletas e praticantes das mais variadas modalidades esportivas. Tradicionalmente, o TAW é

realizado em cicloergômetro para membros inferiores, onde o voluntário desenvolve a maior

potência possível, contra uma resistência fixa, previamente estabelecida por um percentual da

massa corporal do avaliado (INBAR; BAR-OR; SKINNER, 1996). O TAW tem duração de

30 segundos e foi desenvolvido para ser um teste de simples aplicação, visando à avaliação do

desempenho anaeróbio nas mais diversas populações (BAR-OR, 1987).

O TAW é utilizado para avaliar a potência e a capacidade anaeróbia (CARVALHO et

al., 2011; KOHLER et al., 2010), predizer performance (INOUÉ et al., 2012), verificar

adaptações positivas ao treinamento desportivo (OOSTHUYSE et al., 2013) e em pesquisas

que se propuseram a investigar exclusivamente os detalhes metodológicos do teste (BIELIK,

2010; HACHANA et al., 2012, OKANO et al., 2001). O TAW tem recebido especial destaque

da literatura especializada e embora não seja considerado “gold standard” para a avaliação

anaeróbia, muitos testes têm sido validados comparando seus resultados a ele (ARSLAN,

2005; COSO; MORA-RODRIGUES, 2006; SANDS et al., 2004).

Na literatura científica são encontradas diversas propostas metodológicas para o

aquecimento, que deve ser realizado previamente a aplicação do TAW. Contudo, os próprios

autores do teste propõem um aquecimento que deve ser executado em um intervalo de 2 a 4

minutos, com uma carga de 1 a 2 kp, em uma cadência confortável. Sendo que no final de

cada minuto, o voluntário deve dar um Sprint de 4 a 8 segundos. O teste em si, deve ser

realizado após um período de recuperação que varia de 3 a 5 minutos (BROWN; WEIR,

2001; INBAR; BAR-OR; SKINNER, 1996).

18

Um ponto de divergência na literatura é a respeito da carga que deve ser utilizada na

aplicação do teste. Pois a carga original, e mais utilizada nos dias de hoje, é a de 7,5% da

massa corporal do indivíduo. Contudo, o primeiro estudo que estabeleceu esta carga foi feito

com indivíduos sedentários e não fez uma investigação de qual seria a melhor carga para

desenvolver maiores valores de potência (AYALON; INBAR; BAR-OR, 1974). Okano et al.

(2001) verificaram que para levantadores de peso recreacionais, cargas mais altas (9,5 e 9,0%

da massa corporal) são benéficas para o desenvolvimento de uma maior potência máxima e

potência média quando comparadas a carga de 7,5%.

O TAW está altamente relacionado ao metabolismo anaeróbio, tanto pela utilização

das reservas fosfagênicas intramusculares, quanto pelo uso da via metabólica glicolítica; uma

vez que a característica do teste é de esforço máximo com duração de 30 segundos

(HACHANA et al., 2012). O marcador fisiológico mais utilizado para mensurar a taxa da

produção de energia através da glicólise são as [Lac]. Weinstein et al. (1998) utilizaram as

[Lac] e a FC para testar a reprodutibilidade do TAW em indivíduos com diversos níveis de

condicionamento físico e observaram alto coeficiente de correlação intraclasse (CCI) das

[Lac] e FC entre teste e reteste do TAW.

Guerra, Giné-Garriga e Fernhall (2009) analisaram a reprodutibilidade do TAW em

adolescentes com síndrome de Down. A carga utilizada no estudo foi de 0,7 vezes a massa

corporal para adolescentes acima de 14 anos e 0,5 vezes a massa corporal para os

adolescentes abaixo de 14 anos. Os autores encontraram bons escores de CCI para potência

pico (0,93, p < 0,05) e potência média (0,86, p < 0,05). Contudo, a potência média apresentou

diferença estatística entre o primeiro e segundo testes. Não obstante, através da técnica de

Bland-Altman foi possível verificar grande variabilidade entre os indivíduos, trazendo

restrições às interpretações dos scores do CCI. Devido a estes achados, os autores concluíram

que a reprodutibilidade do TAW em crianças com síndrome de Down é questionável.

Também foi verificada a reprodutibilidade do TAW com esforço unilateral, utilizando

somente a perna dominante, em crianças de diferentes estágios maturacionais. Em dois testes

realizados em dias distintos. Foi verificada uma melhora significativa no desempenho físico

entre o teste e o reteste (p < 0,001), embora se tenha obtido bons valores de CCI (0,89–0,98).

Os autores atribuíram este ganho de desempenho a efeitos provenientes do aprendizado do

teste (HEBESTREIT et al., 1999).

Jacobs, Mahoney e Johnson (2003), em uma amostra composta por voluntários com

paraplegia completa, não encontraram diferenças estatisticamente significantes entre os

valores de potência obtidos em teste e reteste do TAW para membros superiores.

19

Adicionalmente, estes autores observaram alta associação entre os resultados de potência

obtidos nos dois testes, através do uso de regressões. Ao fazermos um apanhado da literatura

existente que se propôs investigar a reprodutibilidade do TAW, observa-se grande variação

metodológica, inconsistência da análise estatística, se utilizando por vezes de testes

inadequados, como simples correlações para verificar a reprodutibilidade, bem como

divergência nos resultados encontrados, fazendo-se necessário ampliar os estudos dentro desta

temática para elucidar o assunto em questão.

Não obstante, o TAW tem sido utilizado também para induzir hiperlactatemia (figura

1) em testes de LM realizados em cicloergômetro (PARDONO; SIMÕES; CAMPBELL,

2005; PARDONO et al., 2009; SIMÕES et al., 2003). Para esta finalidade, o TAW possui

alguns pontos positivos: 1) Mantém o avaliado no mesmo ergômetro que será utilizado na

continuidade do teste. 2) É eficiente para aumentar as concentrações de lactato dentro de um

curto espaço de tempo. 3) Produz pouca fadiga periférica devido a curta duração do teste (30

segundos).

Figura 1: Extraída de Pardono, Simões e Campbell (2005).

3.2 LACTATO MÍNIMO (LM)

O LAn corresponde a maior intensidade de exercício físico constante, envolvendo

grande grupo muscular, sem aumentos exponenciais das [lac] (SVEDAHL; MACINTOCH,

2003). Em intensidades de exercício físico acima do LAn, o organismo tem dificuldade em

manter o equilíbrio homeostático corporal geral (BARON et al., 2003), não havendo

capacidade fisiológica para tamponamento em níveis satisfatórios dos metabólitos produzidos,

em especial os íons de hidrogênio (H+), o que induz o indivíduo a finalizar o exercício ou

reduzir sua intensidade, devido ao desenvolvimento de acidose metabólica induzida pelo

exercício. As [lac] são bons marcadores da intensidade do exercício e acompanham a

20

liberação destes íons H+ (BERTUZZI et al., 2009; ROBERGS; GHIASVAND; PARKER,

2004).

O LAn vem sendo utilizado para avaliar a capacidade aeróbia (PARDONO et al.,

2009; SIMÕES et al., 2009), prescrição e verificação de adaptações crônicas ao treinamento

(PHILP et al., 2008), identificar cargas seguras de treinamento para populações de risco

(MOREIRA et al., 2008; SIMÕES et al., 2010) e é um bom indicador da performance em

provas de endurance (SIMÔES et al., 2005). Sendo que, diferentes variáveis têm sido

utilizadas para se obter o LAn, como a variabilidade da frequência cardíaca (SALES et al.,

2011), [lac] (JOHNSON; SHARPE; BROWN, 2009; SIMÕES et al., 2009), respostas da

glicemia (MOREIRA et al., 2008; SIMÕES et al., 2003; SOTERO et al., 2009b), variáveis

ventilatórias (NAKAMURA et al., 2009; NEDER; STEIN, 2006), sinais de eletromiografia

(CANDOTTI et al., 2008), PSE (NAKAMURA et al., 2009; SIMÕES et al., 2010), além de

protocolos indiretos de campo (SOTERO et al., 2009a).

Os diferentes protocolos utilizados para identificação desta intensidade são definições

operacionais (SVEDAHL; MACINTOCH, 2003). Dentro deste contexto, diferentes

protocolos têm sido utilizados para se identificar o limiar anaeróbio através das [lac], como o

onset of blood lactate accumulation – OBLA (HECK et al., 1985), limiar de lactato (CUNHA

et al., 2008; SIMÕES et al., 2010), individual anaerobic trheshold – IAT (CAMPBELL;

SIMÕES; DENADAI, 1998, SIMÕES et al., 2002; STEGMANN; KINDERMANN;

SHNABEL, 1981), LM (JOHNSON; SHARPE; BROWN, 2009; PARDONO et al.; 2009;

TEGTBUR; BUSSE; BRAUMANN, 1993) e MEEL (BARON et al., 2003; BILLAT et al.,

2003), dentre outros.

O protocolo de MEEL consiste de várias sessões de exercício de carga constante com

duração de 30 minutos, a partir dos quais se pretende identificar a maior intensidade de

exercício em que haja um equilíbrio dinâmico nas [lac], ou seja, a maior intensidade de

exercício em que a produção e remoção das [lac] se igualam (BILLAT et al., 2003). O MEEL

marca também uma intensidade de exercício com estado estável fisiológico da relação

lactato/piruvato, pressão de oxigênio, íon bicarbonato (HCO3-), excesso de base, pressão

arterial sistólica, consumo de oxigênio, razão de trocas respiratórias (RER), ventilação,

equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2) e equivalente ventilatório de gás carbônico

(VE/VCO2) (BARON et al., 2003). O MEEL vem sendo considerado o protocolo “Gold

Standard” na investigação da intensidade em que ocorre o LAn (BARON et al., 2003; 2008;

BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003). Como limitação, o protocolo de MEEL é muito

dispendioso, tanto quanto ao tempo necessário para concluir todos os testes em cada

21

voluntário, quanto aos recursos consumidos devido ao custo dos equipamentos e dos

reagentes envolvidos nas análises (BARON et al., 2003; 2008; BENEKE et al., 2003;

BILLAT et al., 2003).

O protocolo de LM é precedido de um esforço máximo para indução à hiperlactatemia.

Após um período de repouso/recuperação é realizado um teste incremental, iniciado em uma

baixa intensidade, onde há predominância dos mecanismos de remoção sobre a produção das

[lac]. Com os sucessivos incrementos é alcançada uma intensidade de exercício

correspondente a menor [lac] durante o teste, onde a produção de lactato iguala sua remoção.

Este ponto mínimo é considerado a intensidade de LM. Ao continuar o teste, nos estágios

seguintes, há predominância dos mecanismos de produção frente aos de remoção das [lac],

caracterizada pelo maior acúmulo de lactato sanguíneo. Posteriormente, as [lac] aumentam

exponencialmente até a exaustão voluntária. A cinética da [lac] apresenta forma em “U”

(TEGTBUR; BUSSE; BRAUMANN, 1993).

Em estudo feito com ciclistas competitivos, Smith et al. (2002) encontraram

intensidades médias de LM de 295 (± 15) W. Pardono et al. (2009), com ciclistas

recreacionais, obtiveram valores médios de LM de 209,1 (± 23,2) W, enquanto Strupler,

Mueller e Perret (2009) encontraram em atletas de endurance valores médios de intensidade

de LM de 186 (± 12) W. Este apanhado de estudos mostra a boa sensibilidade do protocolo de

LM em identificar diferentes níveis de condicionamento aeróbio.

O protocolo de LM tem sido válido em identificar uma intensidade de exercício físico

que não difere da intensidade em que ocorre o MEEL em cicloergômetro para membros

inferiores (JHONSON et al., 2009) e em corrida em pista de atletismo (SOTERO et al.,

2009b). O LM também pode ser obtido em cicloergêmetro para membros superiores em

humanos, tanto pelas [lac] sanguíneas, quanto pelas concentrações salivares (ZAGATTO et

al., 2004). Inusitadamente, Godim et al. (2007) demonstraram a capacidade do protocolo de

LM em identificar uma intensidade de exercício correspondente ao MEEL em equinos.

Alternativamente, diversos protocolos de esforço prévio têm sido propostos com a

finalidade de induzir hiperlactatemia, dos quais podemos destacar diferentes testes

incrementais máximos (JOHNSON; SHARPE; BROWN, 2009; SMITH et al., 2002;

STRUPLER; MUELLER; PERRET, 2009), um sprint máximo e combinações de dois ou

mais sprints com curtos intervalos de recuperação (CAMPBELL et al., 1998; SMITH et al.,

2002; SOTERO et al., 2009a, TEGTBUR; BUSSE; BRAUMANN, 1993), além do teste

anaeróbio de Wingate supracitado (PARDONO et al., 2009; SIMÕES et al., 2003). Contudo,

22

desconhecemos estudos que tenham individualizado as cargas do esforço prévio para indução

de hiperlactatemia pela PSE.

3.3 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO – 13 (RPE-13)

A percepção subjetiva de esforço (PSE) é considerada uma construção

psicofisiológica, que é afetada por variáveis fisiológicas e psicológicas (ESTON et al., 2007).

Alterações na frequência cardíaca, no consumo de oxigênio, concentrações de glicogênio

muscular e concentrações de metabólitos centrais como dopamina e glicose alteram as

respostas de PSE frente a um esforço físico (BORG, 1982; HAMPSON et al., 2001; PIRES et

al., 2011). Assim como, alterações nas emoções e afetividade também influenciam no

desempenho físico e na PSE (BARON et al., 2011).

As adaptações impostas ao organismo são diretamente dependentes do nível de

estresse imposto a ele, também conhecido como carga interna de treinamento

(IMPELLIZZERI et al. 2005). Dentro deste contexto, para que ocorra o fenômeno da

supercompensação, adaptação idealizada por um treinamento que visa ganho de performance,

é importante o monitoramento desta carga interna, que pode ser realizada por diversos

parâmetros, destacando-se a PSE, frequência cardíaca (FC), [lac], relação testosterona/cortisol

e concentração de amônia (NAKAMURA; MOREIRA; AOKI, 2010).

A PSE é uma variável que apresenta um indicativo subjetivo de tolerância ao exercício

(HAMPSON et al., 2001; BARON, et al., 2008; PIRES et al., 2011; ESTON, 2012) e tem sido

utilizada na determinação das cargas de treinamento (NEVES; DOIMO, 2007), bem como

para identificação do LAn em testes incrementais em indivíduos saudáveis (NAKAMURA et

al., 2009) e em populações especiais (SIMÕES et al., 2010). Nesse sentido, a PSE se

apresenta como uma ferramenta interessante em estudos sobre avaliação funcional, por ser de

baixo custo, não invasiva e de boa acessibilidade (NAKAMURA et al., 2009). Contudo, não

encontramos na literatura estudos que utilizaram a PSE para identificar cargas de trabalho em

testes de avaliação aeróbia submáximos.

Após aplicar testes incrementais com e sem esforço prévio, Simões et al. (2003)

observaram que nos estágios em que ocorria a identificação do LAn, a PSE apresentava

valores entre 13 e 15 na escala original de Borg (1982) que vai de 6 a 20, em indivíduos

saudáveis. Em outro trabalho, Simões et al. (2010) submeterem indivíduos diabéticos tipo 2 a

um teste incremental em cicloergômetro e aplicaram uma regressão linear entre as cargas de

trabalho e a PSE. Os autores encontraram que a PSE-13 identificava uma carga de trabalho

23

que não diferia da carga em que ocorria o limiar de lactato. Contudo, a carga referente a PSE-

14 superestimava o limiar de lactato.

Pardono et al. (2008) aplicaram em uma amostra com ciclistas, um teste de LM

completo, composto por indução a hiperlactatemia através de uma teste anaeróbio de Wingate

mais a parte incremental do LM. Posteriormente, os autores selecionaram três estágios da

parte incremental, o primeiro estágio com carga de 75 W, o segundo referente a PSE 13 e o

terceiro referente a PSE 16. Analisando graficamente as concentrações de lactato obtidas

nestes pontos, aplicaram um ajuste polinomial de segunda ordem e ao derivarem a equação

gerada, obtiveram o valor mínimo da curva e a este valor chamaram-no de LM submáximo.

Cabe ressaltar, que o voluntário foi levado a exaustão duas vezes, na hiperlactatemia e na

parte final do teste incremental. Contudo, este estudo serviu de base fundamental para

elaboração do protocolo apresentado no 3° artigo da presente tese, onde utilizamos a PSE 10,

13 e 16 para selecionar as cargas de trabalho, identificando na PSE 13 (chamado lá de RPE-

13) o LAn.

3.4 ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA (ETCC)

Existem relatos escritos, datados de 43 a 48 d.C., acerca da utilização de energia

elétrica aplicada no cérebro para fins medicinais. Mas, somente no final do século XIX que

foi aplicada uma carga elétrica controlada no córtex cerebral de uma pessoa desperta e pode-

se então observar suas evoluções clínicas (BRUNONI et al. , 2012). Estes trabalhos históricos

são precursores da estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) contemporânea,

que tem tido ampla utilização clínica no tratamento da depressão (PALM et al., 2012),

Alzheimer (BOGGIO et al., 2011), Parkinson (BOGGIO et al., 2006), dor crônica (ANTAL;

PAULUS, 2010), reabilitação pós-acidente vascular cerebral (BOLOGNINI et al., 2011) e na

regulação do apetite (MONTENEGRO et al., 2012).

A ETCC é uma estratégia de estimulação cerebral não invasiva, que altera o potencial

de repouso da membrana neural, alterando assim a excitabilidade cortical, fazendo uma

neuromodulação. Esta estimulação pode ser feita por estimulação anódica ou catódica. Sendo

que a estimulação anódica promove uma despolarização da membrana, facilitando assim o

disparo neural (BRUNONI, BOGGIO e FREGNI, 2012). Recentemente, surgiram evidências

de que a aplicação anódica do ETCC previamente a uma esforço físico poderia alterar

positivamente o desempenho na tarefa executada, reduzindo a frequência cardíaca (FC) e

percepção subjetiva de esforço em esforços incrementais, nas intensidades de exercício

24

submáximas e levando o indivíduo a desempenhar uma maior potência máxima em testes

incrementais (OKANO et al., 2015).

O sistema nervoso autônomo controla a maior parte das funções viscerais do

organismo, como a frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal; dentre outras

(HALL, 2011). Sendo que, as interações entre as vias simpática e parassimpática que

compõem o sistema nervoso autônomo fazem uma eficiente modificação da frequência

cardíaca. Por sua vez, as oscilações dos intervalos entre os batimentos cardíacos, intervalos R-

R da onda do eletrocardiograma, são conhecidos como a variabilidade da frequência cardíaca

(VFC) (VANDERLEI et al., 2009). Não obstante, a prática de exercícios físicos nas suas

diferentes intensidades altera de maneira efetiva a VFC (OKANO et al., 2015; SALES et al.,

2011). Um estudo recente de Montenegro et al. (2011) verificou a eficiência da ETCC

anódica aplicada sobre o lobo temporal do hemisfério esquerdo do cérebro (T3) e observou

que uma alteração da VFC em uma amostra formada por ciclistas de estrada participantes de

competições nacionais, mas não promoveu alteração significativa em na VFC em sujeitos

sedentários.

No entanto, diferentes protocolos de avaliação funcional são utilizados tanto para

determinação de parâmetros da aptidão aeróbia, quanto para estimar intensidades de esforço

físico associados a eles (SILVA et al, 2005; SVEDAHL; MCINSTOSH, 2003). Dentro desta

temática, destacam-se os testes de campo, pelo seu baixo custo, simplicidade metodológica e

especificidade (ALMEIDA et al., 2010; SOTERO et al, 2009a; 2011). Um teste de campo

muito utilizado é o de 3000 metros que possui predominância aeróbia quanto a sua

contribuição energética (DUFFIELD; DAWSON; GOODMAN, 2005) e se correlaciona

positivamente com o limiar anaeróbio, velocidade crítica (SIMÕES et al., 2005), economia de

corrida (BRAGADA; BARBOSA, 2007), consumo máximo de oxigênio e a velocidade

associada a este consumo (YAMAJI; IGARASHI; IGUCHI, 2008).

25

4 ARTIGOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS

4.1 REPRODUTIBILIDADE DO TESTE ANAERÓBIO DE WINGATE EM CICLISTAS.

Referência:

MADRID, B.; PARDONO, E.; FARIAS, D. L.; ASANO, R. Y.; SILVA, R. J. S.; SIMÕES,

H. G. Reprodutibilidade do teste anaeróbio de Wingate em ciclistas. Motricidade, v. 9, n. 4,

p. 40-46, 2013.

Nome da Revista: Motricidade.

Periodicidade: trimestral.

Qualis Nacional: B1.

ISSN: 1646-107X.

N° Páginas: 7.

Motricidade © Fundação Técnica e Científica do Desporto 2013, vol. 9, n. 4, pp. 40-46 doi: 10.6063/motricidade.9(4).1130

Reprodutibilidade do teste anaeróbio de Wingate em ciclistas Reliability of the Wingate anaerobic test in cyclists

B. Madrid, E. Pardono, D.L. Farias, R.Y. Asano, R.J.S. Silva, H.G. Simões ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLE

RESUMO O objetivo do presente estudo foi verificar a reprodutibilidade de variáveis específicas do teste anaeróbio de Wingate e de alguns marcadores fisiológicos e percetuais associados ao teste em ciclistas treinados. Quinze ciclistas do sexo masculino realizaram três testes, com intervalo mínimo de 48 horas entre cada sessão, com carga correspondente a 0.087 vezes a massa corporal de cada voluntário. Foram mensuradas a potência pico, potência média, potência mínima, índice de fadiga, frequência cardíaca, perceção subjetiva de esforço e concentração de lactato. Foi verificada a normalidade dos dados, aplicada Anova One Way para medidas repetidas, com post-hoc de Tukey, foi utilizado o coeficiente de correlação intraclasse e a técnica de concordância de Bland-Altman. Não foram encontradas diferenças significativas na potência pico, índice de fadiga, concentração de lactato, frequência cardíaca e perceção subjetiva de esforço entre os testes. Destas, a potência pico, frequência cardíaca e perceção subjetiva de esforço apresentaram valores elevados e significativos de coeficiente de correlação intraclasse entre cada teste e entre os três testes (variando entre .797 e .975). Ainda, a potência pico apresentou boa concordância entre os testes através da técnica de Bland-Altman. Em suma, o teste anaeróbio de Wingate apresentou alta reprodutibilidade para a potência pico, a frequência cardíaca e a perceção subjetiva de esforço em ciclistas treinados. Palavras-chave: reprodutibilidade, ciclismo, potência, Wingate

ABSTRACT The aim of this study was to verify the reliability of selected variables during Wingate anaerobic test, physiologic markers and perceptual associated in trained cyclists. Fifteen male cyclists performed three tests, with workload of 0.087 times the body mass. Measures of peak power, average power, minimum power, fatigue index, heart rate, perceived effort and lactate concentration were collected. It was verified data normality, applied ANOVA One Way repeated with Tukey as post-hoc test, intraclass coefficient correlation and Bland Altman test. Results showed no significant different for the peak power, fatigue index, lactate concentration, heart rate and perceived effort between tests. Of these, peak power, heart rate and perceived effort high and significant intraclass correlation scores were found (.797−.975). Also, peak power showed good agreement between tests. In conclusion, the Wingate anaerobic test showed high reliability for peak power, heart rate and perceived effort in recreational cyclists. Keywords: reliability, bicycling, power, Wingate

Submetido: 06.09.2012 | Aceite: 30.01.2013

Bibiano Madrid, Darlan Lopes de Farias, Ricardo Yukio Asano, Herbert Gustavo Simões. Universidade Católica de Brasília, Brasil.

Emerson Pardono, Roberto Jerônimo dos Santos Silva. Universidade Federal de Sergipe, Brasil. Endereço para correspondência: Bibiano Madrid, Universidade Católica de Brasília – Programa de Pós-Graduação

em Educação Física, QS 07, Lote 01, S/N, Bloco G, Sala 119, Areal, CEP: 71966-700 Taguatinga DF, Brasil. E-mail: [email protected]

Reprodutibilidade do Wingate | 41

A força e potência muscular são parâmetros fundamentais para identificar a performance atlética. Por isto, conhecer os níveis de força e potência muscular individuais é importante para identificar níveis de capacidade funcional ocupacional, assim como para a prescrição de exercícios, tanto visando o desempenho atlé-tico quanto a reabilitação neuromuscular (Brown & Weir, 2001). Neste sentido, o teste anaeróbio de Wingate (TAW) tem recebido especial destaque da literatura especializada e embora não seja considerado “gold standard” para a avaliação anaeróbia, muitos testes têm sido validados comparando seus resultados a ele (Arslan, 2005; Coso & Mora-Rodrigues, 2006; Sands et al., 2004). Mesmo com o passar dos anos e a evolução das ciências do exercício, o TAW continua sendo muito utilizado para avaliar a potência e a capacidade anaeróbia (Carvalho et al., 2011; Kohler, Rundell, Evans & Levine, 2010), predizer performance (Inoué, Sá Filho, Mello & Santos, 2012), verificar adaptações positivas ao treinamento desportivo (Hespanhol, Maria, Silva Neto, Arruda & Pra-tes, 2006; Oosthuyse, Viedge, McVeigh & Avi-don, 2013) e em pesquisas que se propuseram a investigar exclusivamente os detalhes meto-dológicos do teste (Bielik, 2010; Coso & Mora-Rodrigues, 2006; Guerra, Giné-Garriga & Fer-nhall, 2009; Hachana et al., 2012).

Um teste para ser válido ou fidedigno pre-cisa medir o que se propõe, ser sensível a modificações no condicionamento físico e ser reprodutível. Sendo que a reprodutibilidade é definida como a capacidade de se reproduzir um teste e se obter valores idênticos ou apro-ximados (Thomas, Nelson & Silverman, 2007). Ainda, a reprodutibilidade é uma variável fun-damental para a validação de testes físicos, uma vez que os efeitos do treinamento despor-tivo para atletas treinados muitas vezes são mínimos. Portanto, um teste com boa reprodu-tibilidade e sensibilidade conseguiria identifi-car estas pequenas alterações na performance. Alguns estudos têm-se proposto a verificar a reprodutibilidade do TAW em mensurar a potência e capacidade anaeróbia em adolescen-

tes com síndrome de Down (Guerra et al., 2009) e em uma amostra de homens e mulhe-res, com níveis de atividade física variando de sedentários a muito ativos (Weinstein, Bediz, Dotan & Falk, 1998). O TAW é um teste reali-zado tradicionalmente em cicloergómetro para membros inferiores, que simula a atividade característica do ciclismo. Contudo, não foram encontrados trabalhos investigando a reprodu-tibilidade do TAW em ciclistas, que é a ativi-dade que possui o mesmo gesto motor do teste. Sendo assim, o objetivo do presente es-tudo foi verificar a reprodutibilidade de variá-veis específicas do teste de anaeróbio de Win-gate (potência pico: PP, potência média: PM, potência mínima: Pmin e índice de fadiga: IF) e de alguns marcadores fisiológicos (concentra-ção de lactato: [Lac] e frequência cardíaca: FC) e percetuais (percepção subjetiva de esforço: PSE) associados ao teste em ciclistas treinados.

MÉTODO

Participantes A amostra foi composta de 15 ciclistas de

nível regional do sexo masculino e suas carac-terísticas antropométricas estão relatadas na tabela 1. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Católica de Brasília (CEP/UCB 011/2003). Após as informações dos riscos e benefícios da sua participação no estudo, os sujeitos assina-ram um termo de consentimento livre e escla-recido, e fizeram parte da pesquisa de forma voluntária.

Instrumentos e Procedimento

Os testes foram realizados no Laboratório de Avaliação Física e Treinamento (Lafit) da UCB, em um período máximo de 15 dias, com intervalo mínimo de 48 horas entre cada ses-são, para cada voluntário. Os avaliados foram orientados a não treinarem ou praticarem outras atividades físicas durante o estudo. A temperatura e humidade relativa do ar no inte-rior do Laboratório foram mantidas entre 18 e 22°C e entre 50 e 70%, respetivamente, con-forme orientado por Guimarães et al. (2003).

42 | B. Madrid, E. Pardono, D.L. Farias, R.K. Asano, R.J.S. Silva, H.G. Simões

Tabela 1 Caracterização da amostra (n=15)

Amostra Idade (anos) MC (kg) Estatura (cm) Gordura (%) TT (anos)

Média 27.0 71.1 176.2 12.0 2.4

DP 6.1 9.8 5.4 5.2 1.9 Nota: MC - massa corporal; TT - tempo de treinamento; DP - desvio padrão.

Os testes foram realizados sempre no mesmo horário do dia para cada voluntário, de acordo com sua disponibilidade, evitando assim a influência de diferentes ciclos circadianos sobre o desempenho físico (Souissi et al., 2012). Previamente às sessões experimentais, os voluntários realizaram uma sessão de adapta-ção aos equipamentos e procedimentos do TAW. A ordem dos ciclistas nos vários testes foi sempre a mesma.

Protocolo experimental do Teste Anaeróbio de Wingate

O aquecimento foi feito em cicloergómetro, com uma carga de 1 kp e com duração de qua-tro minutos. O voluntário era estimulado a realizar sprints de quatro a oito segundos no final dos três primeiros minutos de aqueci-mento. No final do aquecimento, após três a cinco minutos de recuperação era iniciado o TAW propriamente dito (Inbar, Bar-Or & Skinner, 1996). Os protocolos experimentais constituíram-se de três TAW com carga fixa correspondente a 0.087 vezes a massa corporal do indivíduo, que corresponde a uma produção de energia de 5.13 joules por revolução do pedal por kg (Bar-Or, 1987; Dotan & Bar-Or, 1983), em um cicloergómetro com frenagem mecânica (Monark Ergomedic 834E, Suécia). Os indivíduos foram orientados a pedalar em intensidade máxima durante 30 segundos, contra uma resistência previamente estabele-cida para uma potência mecânica supramáxima e indução do desenvolvimento de fadiga. Para isto também foram orientados a não se utiliza-rem de estratégias que permitissem a conser-vação de energia (Inbar et al., 1996). A conta-gem do número de repetições por minuto foi

feita através de filmagem do experimento, com posterior verificação e cálculo dos valores de potência obtidos (Bar-Or, 1987; Denadai, Gugliemo & Denadai, 1997). Os avaliados foram estimulados verbalmente para produzi-rem a maior potência possível durante os tes-tes.

Frequência cardíaca e perceção subjetiva de esforço

A FC foi monitorada durante os testes, uti-lizando-se um frequencímetro (Polar Sport Tester S810i, Finlândia), sendo obtidos os valores imediatamente após a realização do experimento. Para análise da PSE foi utilizada a escala original de Borg (1982), sendo coleta-dos os valores imediatamente após o TAW.

Coletas e Análises Sanguíneas

As coletas das amostras sanguíneas foram realizadas no lobo da orelha, sete minutos após o término dos testes, como empregado por Pardono et al. (2009), utilizando capilares de vidros calibrados para 25 µL de sangue, deposi-tados em tubos Eppendorff’s, contendo 50 µL de fluoreto de sódio (NAF 1%). Posterior-mente as amostras foram analisadas para quan-tificação da lactatemia a partir de um analisa-dor eletroenzimático (YSI 2700 SELECT, Esta-dos Unidos da América) no Laboratório de Estudos em Educação Física e Saúde (Leefs) da UCB, Brasil.

Análise Estatística

Foi verificada a normalidade dos dados a partir do teste de Shapiro-Wilks. Para verificar diferenças entre os testes foi utilizada a análise de variância para medidas repetidas, com post-

Reprodutibilidade do Wingate | 43

hoc de Tukey. Para análise da reprodutibilidade foi usado o coeficiente de correlação intraclasse (CCI). Ainda, foi utilizada a técnica de Bland & Altman (2010) para verificar a concordância entre as variáveis. Em todas as análises o nível de significância estabelecido foi de p< .05.

RESULTADOS

Os resultados não demonstraram diferenças significativas nas variáveis PP, IF, [Lac], FC e PSE entre os três TAW. Já a PM e Pmin apre-sentaram diferença significativa (p< .05) entre o segundo e terceiro TAW (tabela 2).

Os valores de CCI estão expressos na tabela 3 e a maioria das variáveis estudadas apresen-taram valores altos e significativos (PP, PM, Pmin, FC e PSE). Para o IF obteve-se boas cor-relações entre os testes, com exceção da corre-lação entre o teste 1 e o teste 3 (CCI= .475, p> .05). Já para a [Lac], não se obteve correla-ção significativa entre o teste 1 e o teste 2 (CCI= .469, p> .05) e entre o teste 2 e 3 (CCI= .361, p>.05). A técnica de concordância de Bland-Altman foi aplicada somente na PP, por ter sido a única variável específica do teste

que não apresentou diferença significativa entre os testes e apresentou altos valores de CCI, e como resultado verificamos boa concor-dância entre as PP obtidas nos três diferentes testes (Figuras 1A, 1B e 1C).

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo veri-ficar a reprodutibilidade de variáveis específi-cas do teste de Wingate (PP, PM, Pmin e IF) e de alguns marcadores fisiológicos ([Lac] e FC) e percetuais (PSE) em ciclistas treinados. A PP, IF, [Lac], FC e PSE não apresentaram diferença significativa entre os testes. Entretanto, a PM e Pmin apresentaram diferença significativa do teste 2 para o teste 3 (tabela 2). O TAW apre-sentou altos CCI para as variáveis específicas do teste, como a PP, PM e Pmin, assim como a FC e PSE. Contudo, o IF não apresentou CCI significativo entre os testes 1 e 3, ao passo que as [Lac] não apresentaram entre os testes 1 e 2 e entre 2 e 3 (tabela 3). Os valores de PP apre-sentaram ainda boa concordância através da técnica de Bland-Altman (ver figuras 1A, 1B e 1C).

Tabela 2 Valores de potência (n = 14), IF, [Lac], FC e PSE para os 3 TAW (demais variáveis n = 15)

TAW PP

(Watts/kg) PM

(Watts/kg) Pmin

(Watts/kg) IF

(%) [Lac] (mM)

FC (bpm)

PSE

1º 11.7±2.1 9.9±1.7 8.1±1.6 0.7±6.9 10.5±1.8 174±9 18±2

2º 11.9±2.1 10.1±1.7* 8.2±1.4* 1.2±7.4 10.8±2.3 175±11 18±2

3º 11.4±2.0 9.7±1.7 7.6±1.3 3.7±7.0 10.4±2.3 174±7 18±2

Média 11.7±0.2 9.9±0.2 7.9±0.3 1.9±1.6 10.6±0.2 174±1 18±0 Nota: * diferença significativa em relação ao 3º TAW (p< .05). PP = potência pico, PM = potência média, Pmin = potência mínima, IF = índice de fadiga, [Lac] = concentração de lactato, FC = frequência cardíaca, PSE = percepção subjetiva de esforço

Tabela 3 Valores de coeficiente de correlação intraclasse (CCI) entre os diferentes TAW realizados

Testes PP PM Pmin IF [Lac] FC PSE

1º e 2º .971 .986 .962 .765 .469* .931 .859

1º e 3º .960 .981 .857 .475* .825 .797 .933

2º e 3º .959 .978 .902 .831 .361* .841 .824

1º, 2º e 3º .975 .988 .939 .788 .662 .924 .913 Nota: * valores de CCI não significativos (p> .05)

44 | B. Madrid, E. Pardono, D.L. Farias, R.K. Asano, R.J.S. Silva, H.G. Simões

A

B

C

Figuras 1A, 1B e 1C. Análise concordância de Bland-Altman entre os valores de potência pico dos três

testes anaeróbios de Wingate O TAW está altamente relacionado ao

metabolismo anaeróbio, tanto pelas reservas fosfagénicas quanto pela via metabólica da glicólise, uma vez que a característica do teste é de esforço máximo com duração de 30 segundos (Hachana et al., 2012). O marcador

fisiológico mais utilizado para mensurar a taxa da produção de energia através da glicólise é a [Lac]. Weinstein et al. (1998) utilizaram a [Lac] e a FC para testar a reprodutibilidade do TAW em indivíduos com diversos níveis de condicionamento físico e observaram alto CCI das [Lac] e FC entre o teste e o reteste do TAW. No presente estudo a FC e a PSE confir-maram os resultados das variáveis específicas do teste. Porém as [Lac] apresentaram CCI não significativos entre alguns momentos, pelo que estes resultados da [Lac] são controversos à literatura; portanto sugerimos futuros estudos para elucidar essa questão. Contudo, o TAW foi desenvolvido para ser um teste de simples aplicação, visando a avaliação do desempenho anaeróbio. Ainda, o TAW não foi criado com o objetivo de se analisar a contratilidade muscu-lar, bem como o desenvolvimento de fadiga muscular, seja por acúmulação de metabólitos ou outros mecanismos envolvidos na fadiga (Bar-Or, 1987).

Guerra et al. (2009) analisaram a reprodu-tibilidade do TAW em adolescentes com sín-drome de Down. A carga utilizada no estudo foi uma para adolescentes acima de 14 anos (0.5 × peso corporal) e outra para os adoles-centes abaixo de 14 anos (0.7 × peso corpo-ral). Os autores encontraram bons escores de CCI para PP (.93, p<.05) e PM (.86, p< .05). Contudo, a PM apresentou diferença estatística entre o teste 1 e o teste 2. Não obstante, atra-vés da técnica de Bland-Altman foi possível verificar grande variabilidade entre os indiví-duos, trazendo restrições às interpretações dos scores de CCI. Devido a estes achados os auto-res concluíram que a reprodutibilidade do TAW em crianças com síndrome de Down é questionável. Embora a metodologia utilizada tenha sido particularmente alterada para a população do estudo, a diferença estatística verificada na PM confirma os achados do pre-sente estudo onde encontramos diferença esta-tisticamente significante na PM e Pmin.

Também foi verificada a reprodutibilidade do TAW com esforço unilateral, utilizando somente a perna dominante, em crianças de

8 10 12 14 16 18-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

média do teste 1 e teste 2

test

e 1

- tes

te 2

Mean-0,23

-1.96 SD-1,60

+1.96 SD1,13

8 10 12 14 16 18-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

média do teste 1 e teste 3

test

e 1

- tes

te 3

Mean0,23

-1.96 SD-1,33

+1.96 SD1,78

8 10 12 14 16 18-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Média do teste 2 e teste 3

test

e 2

- tes

te 3

Mean0,46

-1.96 SD-0,93

+1.96 SD1,85

Reprodutibilidade do Wingate | 45

diferentes estágios maturacionais. Em dois testes realizados em dias distintos, foi verifi-cada uma melhora significativa no desempenho físico entre o teste e o reteste (p< .001), embora tenham-se obtido bons valores de CCI (.89–.98). Os autores atribuíram este ganho de performance a efeitos provenientes do aprendi-zado do teste (Hebestreit et al., 1999). Já Jacobs, Mahoney e Johnson (2003), em uma amostra composta por voluntários com para-plegia completa, não encontraram diferenças estatisticamente significantes entre os valores de potência obtidos em teste e reteste do teste anaeróbio de Wingate para membros superio-res. Adicionalmente, estes autores observaram também alta associação entre os resultados de potência obtidos nos dois testes, através do uso de regressões.

Como limitação do trabalho fica a não investigação da carga ideal para a amostra do presente estudo. Ainda, a não utilização de um dispositivo eletrônico para quantificação da potência gerada, embora tenhamos utilizado uma metodologia validada e amplamente utili-zada na literatura (Bar-Or, 1987; Denadai et al., 1997). Não obstante, recomendamos a proposição de estudos que se dediquem a investigar a carga ideal e a sensibilidade ao treinamento/destreinamento esportivo, do protocolo do teste anaeróbio de Wingate em ciclistas.

CONCLUSÕES

O teste anaeróbio de Wingate apresentou, de uma maneira geral, boa reprodutibilidade em ciclistas. Contudo, nem todas as variáveis responderam conforme esperado, trazendo algumas ressalvas quanto a sua utilização para prescrição de exercícios e acompanhamento de evoluções advindas de um determinado trei-namento. Entretanto, a potência pico, principal variável obtida no teste, apresentou resultados consistentes, nos permitindo afirmar com segurança, que é uma variável reprodutível em ciclistas, podendo ser utilizada para avaliar ganhos/perdas de performance dentro de um programa de treinamento/destreinamento.

Agradecimentos: Nada a declarar.

Conflito de Interesses: Nada a declarar.

Financiamento: Os autores declararam que a Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) financiou o presente trabalho disponibilizando uma bolsa de estudos (Prosup/Capes) aos quatro primei-ros autores.

REFERÊNCIAS

Arslan, C. (2005). Relationship between the 30-second Wingate test and characteristics of iso-metric and explosive leg strength and young subjects. Journal of Strength and Conditioning Research, 19(3), 658-666.

Bar-Or, O. (1987). The Wingate anaerobic test: An update on methodology, reliability and validity. Sports Medicine, 4(6), 381-394. doi: 10.2165/ 00007256-198704060-00001

Bielik, V. (2010). Effect of different recovery mo-dalities on anaerobic power in off-road cyclists. Biology of Sport, 27(1), 59-63.

Bland, J. M. & Altman, D. G. (2010). Statistical methods for assessing agreement between two methods of clinical measurement. International Journal of Nursing Studies, 47(8), 931-936.

Borg, G. A. V. (1982). Psychophysical bases of per-ceived exertion. Medicine & Science and Sports & Exercise, 14(5), 377-381.

Brown, L. E. & Weir, J. P. (2001). ASEP procedures recommendation I: Accurate assessment of muscular strength and power. Journal of Exercise Physiology Online, 4(3).

Carvalho, H. M., Silva, M. J., Gonçalves, C. E., Philippaerts, R. M., Castagna, C., & Malina, R. M. (2011). Age-related variation of anaerobic power after controlling for size and maturation in adolescent basketball players. Annals of Hu-man Biology, 38(6), 721-727. doi: 10.3109/0301 4460.2011.613852

Coso, J. D., & Mora-Rodrigues, R. (2006). Validity of cycling peak power as measured by a short-sprint test versus the Wingate anaerobic test.

46 | B. Madrid, E. Pardono, D.L. Farias, R.K. Asano, R.J.S. Silva, H.G. Simões

Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, 31(3), 186-189. doi: 10.1139/h05-026

Denadai, B. S., Gugliemo, L. G. A., & Denadai, M. L. D. R. (1997). Validade do teste de Wingate para a avaliação da performance em corridas de 50 e 200 metros. Motriz, 3(2), 83-94.

Dotan, R., & Bar-Or, O. (1983). Load Optimization for the Wingate Anaerobic Test. European Jour-nal of Applied Physiology and Occupational Physiol-ogy, 51(3), 409-417. doi: 10.1007/BF00429077

Guerra, M., Giné-Garriga, M., & Fernhall, B. (2009). Reliability of Wingate testing in adolescents with Down Syndrome. Pediatric Exercise Science, 21(1), 47-54.

Guimarães, J. I., Stein, R., Vilas-Boas, F., Galvão, F., Nobrega, A., Castro, R., ... Brito, F. S. (2003). Normatização de técnicas e equipamentos para realização de exames em ergometria e ergoespirometria. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 80(4), 457-464. doi: 10.1590/S0066 -782X2003000400011

Hachana, Y., Attia, A., Nassib, S., Shephard, R. J., & Chelly, M. S. (2012). Test-retest reliability, cri-terion-relation validity, and minimal detectable change of score on an abbreviated Wingate test for field sport participants. Journal of Strength and Conditioning Research, 26(5), 1324-1330. doi: 10.1519/JSC.0b013e3182305485

Hebestreit, H., Dunstheimer, D., Staschen, B., & Straburg, H. M. (1999). Single-leg Wingate Test in children: Reliability and optimal braking force. Medicine & Science and Sports & Exercise, 31(8), 1218-1225.

Hespanhol, J., Maria, T., Silva Neto, L., Arruda, M., & Prates, J. (2006). Mudanças no desempenho da força explosiva após oito semanas de preparação com futebolistas da categoria sub-20. Movimento e Percepção, 6(9), 82-94.

Inbar, O., Bar-Or, O., & Skinner, J. S. (1996). The Wingate Anaerobic Test. Champaign: Human Ki-netics.

Inoué, A., Sá Filho, S. A., Mello, F. C., & Santos, T. M. (2012). Relationship between anaerobic cy-

cling tests and mountain bike cross-country performance. Journal of Strength and Conditioning Research, 26(6), 1589-1593. doi: 10.1519/ JSC.0b013e318234eb89

Jacobs, P. L., Mahoney, E. T., & Johnson, B. (2003). Reliability of arm Wingate anaerobic testing in persons with complete paraplegia. The Journal of Spinal Cord Medicine, 26(2), 141-144.

Kohler, R. M., Rundell, K. W., Evans, T. M., & Lev-ine, A. M. (2010). Peak power during repeated Wingate trial: implications for testing. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(2), 370-374. doi: 10.1519/JSC.0b013e3181b06f41

Oosthuyse, T., Viedge, A., McVeigh, J. & Avidon, I. (2013). Anaerobic power in road cyclists is im-proved following ten weeks of whole body vi-bration training. Journal of Strength and Condi-tioning Research, 27(2), 485-494. doi: 10.1519/ JSC.0b013e31825770be

Pardono, E., Madrid, B., Motta, D. F., Mota, M. R., Campbell, C. S. G., & Simões, H. G. (2009). Lactato mínimo em protocolo de rampa e sua validade em estimar o máximo estado estável de lactato. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 11(2), 174-180.

Sands, W. A., McNeal, J. R., Ochi, M. T., Urbanek, T. L., Jemni, M., & Stone, M. H. (2004). Com-parison of the Wingate and Bosco anaerobic tests. Journal of Strength and Conditioning Research, 18(4), 810-815.

Souissi, H., Chtourou, H., Chaouachi, A., Chamari, K., Souissi, N., & Amri, M. (2012). Time-of-day effects on EMG parameters during the Wingate test in boys. Journal of Sports Science and Medicine, 11, 380-386.

Thomas, J. R., Nelson, J. K., & Silverman, S. J. (2007). Métodos de pesquisa em atividade física (5a ed). Porto Alegre: Artmed.

Weinstein, Y., Bediz, C., Dotan, R., & Falk, B. (1998). Reliability of peak-lactate, heart rate, and plasma volume following the Wingate test. Medicine & Science and Sports & Exercise, 30(9), 1456-1460.

Todo o conteúdo da revista Motricidade está licenciado sob a Creative Commons, exceto quando especificado em contrário e nos conteúdos retirados de outras fontes bibliográficas.

33

4.2 REPRODUTIBILIDADE DO PROTOCOLO DE LACTATO MÍNIMO COM

INTENSIDADE DO ESFORÇO PRÉVIO INDIVIDUALIZADO PELA PSE.

Referência:

MADRID, B.; SOTERO, R. C.; CAMPBELL, C. S. G.; SOUSA, I. R. C.; CARVALHO, F.

O.; VIEIRA, A.; RAUBER, S. B.; FRANCO, C. B. S.; SIMÕES, H. G. Reprodutibilidade do

protocolo de lactato mínimo com intensidade do esforço prévio individualizado pela PSE.

Motriz, v. 18, n. 4, p. 646-655, 2012.

Nome da Revista: Motriz.

ISSN: 1980-6574.

Periodicidade: trimestral.

Qualis Nacional: B1.

N° Páginas: 10.

Introdução

O significado fisiológico do limiar anaeróbio

(LA) refere-se à máxima intensidade de um

exercício realizado com grande massa muscular,

durante o qual a produção de energia é

predominantemente resultante de processos

oxidativos, sem acúmulo progressivo nas

concentrações sanguíneas de lactato ([lac]).

Contudo, as formas de identificação da

intensidade do LA são definições operacionais,

como por exemplo, a identificação pelo teste do

lactato mínimo (LM) (SVEDAHL; MACINTOSH,

2003). Tal intensidade de exercício,

Motriz, Rio Claro, v.18 n.4, p.646-655, out./dez. 2012

Artigo Original

Reprodutibilidade do protocolo de lactato mínimo

com intensidade do esforço prévio individualizado pela PSE

Bibiano Madrid 1

Rafael da Costa Sotero 1

Carmen Sílvia Grubert Campbell 1

Ioranny Raquel Castro de Sousa 1

Ferdinando Oliveira Carvalho 2

Alexandre Vieira 1

Suliane Beatriz Rauber 1

Carolina Belfort Sousa Franco 1

Herbert Gustavo Simões 1

1 Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Católica de Brasília, DF, Brasil

2 CEFIS – Educação Física,

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, PE, Brasil

Resumo: Introdução: O protocolo de lactato mínimo (LM) é precedido de um esforço máximo para indução a hiperlactatemia. Objetivo: Verificar a reprodutibilidade de um teste de LM com indução à hiperlactatemia realizada em teste incremental com cargas individualizadas através da percepção subjetiva de esforço (PSE). Metodologia: A amostra foi composta por 20 estudantes fisicamente ativos (25,4 ± 4,1 anos; 14,1 ± 5,0 % gordura), submetidos a dois testes de LM com metodologia idêntica. A indução a hiperlactatemia foi realizada por um teste com quatro estágios, com duração de três minutos cada e cargas individualizadas pela PSE (níveis 10, 13, 16 e o último estágio 17-20 até a exaustão voluntária). Após oito minutos de recuperação o teste progressivo começou com carga inicial de 75 W e incrementos de 25 W a cada três minutos, até a exaustão. Resultados: As intensidades de LM 1 (155,0 ± 23,8 W) e LM 2 (157,5 ± 27,0 W) não diferiram estatisticamente (p = 0,795) e de uma maneira geral apresentaram boa reprodutibilidade (CCI = 0,79) e concordância [-2,5 W de média da diferença e ± 41,8 W de abas]. Conclusão: O teste de LM, com cargas para hiperlactatemia individualizadas pela PSE, se mostrou reprodutível em indivíduos fisicamente ativos.

Palavras-chave: Avaliação da capacidade de trabalho. Avaliação de programas e instrumentos de pesquisa. Avaliação.

Reliability of the lactate minimum protocol with previous effort intensity individualized by RPE

Abstract: The lactate minimum protocol (LM) is preceded by a maximum effort to induce hyperlactatemia. Objective: To verify the reliability of LM test with induced hyperlactatemia realized by exercise intensity individualized by the rating perceived effort (RPE). Methods: The sample was composed of 20 students, physically active (25.4 ± 4.1 years, 14.1 ± 5.0% fats) who were undertaken to two tests with identical methodology of LM. Induction of hyperlactatemia was performed by a test with four stages, lasting three minutes each, loads individualized by the PSE (levels 10, 13, 16 and 17-20 last stage until voluntary exhaustion). After eight minutes of recovery the progressive test started with initial load of 75W and 25W increments every 3 min until exhaustion. Results: The intensities of LM 1 (155.0 ± 23.8 W) and 2 (157.5 ± 27.0 W) did not differ statistically (p = 0.795) and showed good reliability (ICC = 0.79) and agreement [-2.5 W of mean difference and ± 41.8 W of bias]. Conclusion: The LM test, with loads for induction of hyperlactatemia individualized by the RPE, has shown to be reliable in physically active individuals.

Keywords: Work capacity evaluation. Evaluation studies. Evaluation of research programs and tools. Evaluation.

doi:

B. Madrid, R. C. Sotero, C. S. G. Campbell, I. R. C. Sousa, F. O. Carvalho, A. Vieira, S. B. Rauber, C. B. S. Franco & H. G. Simões

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 647

frequentemente tratada como segundo limiar de

lactato, tem sido utilizada para avaliar a

capacidade aeróbia (PARDONO et al., 2009;

SIMÕES et al., 2009, SOTERO et al., 2009a),

prescrever exercícios, verificar adaptações

crônicas ao treinamento (CUNHA et al., 2008;

URHAUSEN et al., 1995), predizer a performance

em provas de endurance (JACOBS, 1986;

TANAKA et al., 1983), identificar cargas

adequadas de treinamento para populações de

risco (MOREIRA et al., 2008; SIMÕES et al.,

2010), assim como para avaliação funcional em

modelo animal (CUNHA et al., 2009; GONDIM et

al., 2007).

O máximo estado estável de lactato (MEEL)

durante exercícios constantes é considerado

como Gold Standard para avaliação da

capacidade aeróbia (BARON et al., 2003; 2008;

BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003). Porém, para

sua realização são necessárias várias sessões de

avaliação, o que dificulta sua aplicação em alguns

ambientes. Portanto, diferentes protocolos são

sugeridos para identificar uma intensidade de

exercício associada ao MEEL. Por exemplo, o

teste do LM, que utiliza um único teste de

intensidade incremental para identificar a maior

intensidade de exercício em que ocorre equilíbrio

entre produção e remoção do lactato sanguíneo.

Este protocolo emprega um esforço máximo

prévio para indução da hiperlactatemia (altas

concentrações de lactato), seguido de um teste

incremental até a exaustão após um período de

recuperação. A [lac] apresenta um

comportamento em forma de “U” durante o

incremento de intensidade e a menor [lac] é

considerada a intensidade de LM, pois representa

o ponto de equilíbrio entre produção e remoção

do lactato sanguíneo (PARDONO et al., 2009;

SOTERO et al., 2011; TEGTBUR et al., 1993).

Portanto, a indução à hiperlactatemia é fator

primordial no teste de LM.

Alternativamente, diversos protocolos de

esforço prévio têm sido propostos com a

finalidade de induzir a hiperlactatemia, dos quais

podemos destacar diferentes testes incrementais

máximos (JOHNSON et al., 2009; 2011; SMITH et

al., 2002; STRUPLER et al., 2009), um sprint

máximo e combinações de dois ou mais sprints

com curtos intervalos de recuperação

(CAMPBELL et al., 1998; SMITH et al., 2002;

SOTERO et al., 2009a, TEGTBUR et al., 1993),

além do teste anaeróbio de Wingate (PARDONO

et al., 2009; SIMÕES et al., 2003). No presente

estudo, optamos pela utilização de um protocolo

com intensidades individualizadas, baseadas na

percepção subjetiva de esforço (PSE), para

indução à hiperlactatemia.

A escolha de um protocolo prévio baseado na

PSE poderia encontrar suporte em seus

mecanismos de controle. Por exemplo, a PSE é

uma variável psicofisiológica resultante de

estímulos sensoriais, provenientes de fatores

cardiopulmonares ou periféricos (BORG, 1982;

2000; HAMPSON et al., 2001; NAKAMURA et al.,

2010), ou de mecanismos localizados em regiões

corticais (WILLIAMSON et al., 2001). A PSE tem

sido utilizada no controle e determinação de

cargas de treinamento em testes retangulares

(NEVES; DOIMO, 2007), identificação do limiar de

esforço percebido (NAKAMURA et al., 2009), bem

como para identificação do LA em testes

incrementais em populações de risco (SIMÕES et

al., 2010) e tem sido reprodutível em crianças e

adolescentes (LEUNG et al., 2002; PFEIFFER et

al., 2002).

Em nossa metodologia optamos pela

individualização do protocolo de indução à

hiperlactatemia através da PSE, que nos permite

um controle da carga interna de treinamento

(NAKAMURA et al., 2010). Contudo, a sugestão

de um protocolo alternativo para a identificação de

um fenômeno fisiológico, deve ser precedida pela

investigação de importantes aspectos

metodológicos. Por exemplo, para que um

protocolo seja considerado válido e fidedigno é

necessária à verificação de sua reprodutibilidade

(THOMAS et al., 2007). Assim, o objetivo do

presente estudo foi verificar a reprodutibilidade de

um teste de LM, com indução à hiperlactatemia

realizada por intensidade de esforço

individualizada pela PSE.

Materiais e métodos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa em seres humanos da Universidade

Católica de Brasília (CEP/UCB 104/2008). Os

testes e dosagens do lactato sanguíneo foram

realizados no Laboratório de Avaliação Física e

Treinamento da Universidade Católica de Brasília

(LAFIT-UCB). A amostra foi composta por 20

estudantes do sexo masculino, fisicamente ativos

(25,4 ± 4,1 anos; 24,1 ± 2,2 kg/m²; 14,1 ± 5,0 %

gordura). Como critérios para participação do

estudo os avaliados não poderiam fumar,

apresentar disfunção cardiovascular, bem como

problemas ortopédicos e/ou neuromusculares.

Os voluntários foram informados sobre os

riscos e benefícios da participação no estudo e,

após esclarecimentos, convidados a assinar um

termo de consentimento livre e esclarecido. Os

avaliados receberam orientação para manter a

Reprodutibilidade do lactato mínimo

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 648

ingestão alimentar normal durante o experimento

e não praticar atividade física durante as últimas

24 horas anteriores. As avaliações foram

realizadas sempre no mesmo horário do dia para

cada avaliado, com a finalidade de evitar a

influência de diferentes ciclos circadianos sobre o

desempenho (MELLO et al., 2005).

Para a realização dos testes foi utilizado um

ciclo ergômetro com frenagem eletromagnética

(Lode-Excalibur, Lode, Holanda). Cada avaliado

foi orientado a encontrar uma cadência de

pedaladas entre 60 e 80 rotações por minuto, na

qual se sentisse confortável para utilização em

todos os testes. Sendo considerada exaustão

quando o indivíduo não conseguisse manter uma

cadência mínima de 60 rotações. Para verificar a

reprodutibilidade do protocolo de LM, cada

avaliado realizou duas visitas ao laboratório (teste

1 e teste 2), separadas por no mínimo 48 horas,

dentro da mesma semana.

Previamente à realização dos testes, os

participantes foram submetidos a um

eletrocardiograma de repouso, exame clínico

cardiológico, anamn2se e avaliação

antropométrica. Não foi realizada familiarização

ao esforço e aos equipamentos utilizados na

coleta de dados. Para análise da PSE foi utilizada

a escala de 6 a 20 de Borg (1982). Os voluntários

receberam explicação prévia sobre a escala, onde

foram orientados a relatar a percepção geral que

estavam tendo do esforço. A frequência cardíaca

(FC) foi monitorada durante os testes (Polar Sport

Tester - Finlândia).

Lactato Mínimo (LM)

Os avaliados foram submetidos a dois testes

de LM com metodologia idêntica (LM 1 e LM 2).

Todas as coletas sanguíneas foram realizadas

nos 30 segundos finais de cada estágio, com

exceção da indução a hiperlactatemia, que foi

coletada no sétimo minuto da recuperação. Após

cinco minutos de repouso na posição sentada, foi

iniciada a indução a hiperlactatemia, que consistiu

de um teste incremental submáximo de quatro

estágios, três minutos cada, sem pausa entre

eles. Os três primeiros com cargas referentes às

percepções 10, 13 e 16, respectivamente.

Posteriormente, sem pausa, a carga era ajustada

para uma percepção de 17 a 20 (quarto estágio),

onde o indivíduo permanecia até a exaustão

voluntária. Nos primeiros 10 segundos de cada

estágio a carga era ajustada para que se

chegasse às intensidades referentes às PSE pré-

determinadas (não informadas aos voluntários

antes da aplicação dos testes).

Após a exaustão proveniente de esforço

prévio, no sétimo minuto de recuperação passiva,

foi coletada a amostra sanguínea referente à

hiperlactatemia. No oitavo minuto de recuperação,

iniciou-se a parte incremental do LM, com carga

inicial de 75 watts e incrementos de 25 watts a

cada três minutos. A carga de trabalho associada

à mínima [lac] obtida durante o teste é definida

como a intensidade de LM (DAVIS; GASS, 1979;

1981; DAVIS et al., 1983; TEGTBUR et al., 1993),

conforme pode ser observado na figura 1. A

determinação da intensidade de LM foi feita por

um único avaliador experiente, através de análise

visual.

Figura 1: Exemplo de determinação do protocolo de lactato mínimo (LM) em um indivíduo. Indução a hiperlactatemia, mais parte incremental, observando-se a intensidade de LM de modo visual em 150 watts e potência máxima em 200 watts (Pmax).

B. Madrid, R. C. Sotero, C. S. G. Campbell, I. R. C. Sousa, F. O. Carvalho, A. Vieira, S. B. Rauber, C. B. S. Franco & H. G. Simões

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 649

A FC e PSE no LM (FC-LM e PSE-LM,

respectivamente) foram obtidas no final do

estágio em que se observou a menor [lac]. Já a

frequência cardíaca máxima (FCmax) foi obtida

no teste incremental, a partir do maior valor,

encontrada no final do último estágio de teste.

Coletas e Análises Sanguíneas

As amostras sanguíneas foram obtidas nos 30

segundos finais de cada estágio, a partir de uma

punção do lobo da orelha, utilizando capilares de

vidro calibrados para 25 L. As amostras foram

depositadas em micro-tubos de 1,5 ml contendo

50 L de fluoreto de sódio (NaF 1%) e

acondicionadas para posterior dosagem das [lac]

pelo método eletroenzimático (YSI-2700 SELECT,

Yellow Springs Instruments, Yellow Springs, Ohio,

USA).

Tratamento estatístico

Foi utilizada análise descritiva, através de

média e desvio-padrão. Foi verificada a

distribuição normal dos dados (Shapiro-Wilk).

Para verificar diferenças entre as médias dos

testes 1 e 2 foi aplicado o teste t de Student

pareado nos dados paramétricos (DANCEY;

REIDY, 2006) e teste de Wilcoxon para os não

paramétricos (SPSS 15.0). O effect size foi

calculado através da equação 1 para os dados

analisados com o teste t e equação 2 para os

dados analisados através do teste Wilcoxon

(FIELD, 2009). Ainda, foi calculado o power

através do software G*Power (versão 3.1.3)

(FAUL et al., 2007). A reprodutibilidade entre as

variáveis obtidas nos testes de lactato mínimo 1 e

2 foi obtida através do coeficiente de correlação

intraclasse (CCI) One Way Random (THOMAS et

al., 2007) (SPSS 15.0). Os níveis de concordância

entre as principais variáveis (intensidade de LM e

Pmax) foram obtidos através da técnica de Bland

e Altman (1999) (MedCalc 8.2.0.3). Foi adotado

um nível de significância de p ≤ 0,05.

ES = glt

t

2

2

Equação 1. Effect size para dados analisados com teste t, onde “t” é o valor obtido no teste e “gl” são os graus de liberdade.

TE = n

Z

Equação 2. Effect size para dados analisados com teste Wilcoxon, onde “Z” é o escore e “n” o número de indivíduos.

Resultados

Na tabela 1 estão apresentadas as cargas

utilizadas na indução dos testes 1 e 2, assim

como a [lac] de repouso e hiperlactatemia.

Quando comparadas as cargas na PSE-17 a 20 o

“n” amostral foi de 15, enquanto para as demais

comparações foi de 20. No teste 1, quatro

voluntários entraram em exaustão durante o

terceiro estágio, que se iniciou com cargas

correspondentes à PSE-16. No teste 2, apenas

um avaliado entrou em exaustão no terceiro

estágio.

Tabela 1. Cargas nos diferentes estágios e concentrações de lactato obtidas no repouso e indução a hiperlactatemia, mais níveis de significância (p), Effect Size e Power para as comparações entre os testes 1 e 2.

Média ± DP p Effect Size Power

[lac] repouso 1,0 ± 0,4 0,145 -0,38 0,05

[lac] repouso 2 1,1 ± 0,4

PSE-10 (W) 125,7 ± 38,1 0,477 0,16 0,10

PSE-10 2 (W) 119,6 ± 26,9

PSE-13 (W) 172,8 ± 31,8 0,156 0,32 0,27

PSE-13 2 (W) 164,7 ± 30,7

PSE-16 (W) 226,7 ± 41,0 0,62 0,41 0,41

PSE-16 2 (W) 211,2 ± 43,3

PSE 17-20 (W) 268,3 ± 43,3 0,817 0,06 0,06

PSE-17-20 2 (W) 265,9 ± 45,8

[lac] indução (mmol) 12,0 ± 2,5 0,144 0,33 0,29

[lac] indução 2 (mmol) 11,3 ± 2,6

[lac] repouso: concentração de lactato após cinco minutos de repouso, antes de qualquer tipo de exercício. PSE-10: carga referente ao estágio na PSE-10. PSE-13: carga referente ao estágio na PSE-13. PSE-16: carga no estágio referente à PSE-16. Indução: PSE 17-20: carga referente ao estágio na PSE 17 a PSE 20. [lac] indução: concentração de lactato referente ao protocolo de indução a hiperlactatemia, coletado no 7° minuto após a exaustão.

Reprodutibilidade do lactato mínimo

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 650

Na tabela 2 estão às comparações entre os

principais resultados do teste de LM 1 e LM 2,

onde foi observada diferença estatisticamente

significante somente na frequência cardíaca no

LM (FC-LM) (p = 0,022) e na frequência cardíaca

máxima (FCmax) (p = 0,002). Todas as demais

variáveis não diferiram do teste 1 para o teste 2

(p> 0,05).

Tabela 2. Análise descritiva (média ± DP) para as variáveis analisadas no teste de lactato mínimo 1 e 2 (LM e LM 2), níveis de significância (p), Effect Size, Power para as comparações entre os testes.

Média ± DP p Effect Size Power

LM (W) 155,0 ± 23,8 0,795 - 0,12 0,08

LM 2 (W) 157,5 ± 27,0

FC-LM (bpm) 160,9 ± 13,2 0,022 - 0,50 0,56

FC-LM 2 (bpm) 154,7 ± 15,1

[lac]-LM (mmol) 6,4 ± 2,5 0,079 0,62 0,75

[lac]-LM 2 (mmol) 5,8 ± 2,9

PSE-LM 14,8 ± 2,1 0,293 0,24 0,17

PSE-LM 2 14,2 ± 2,1

FCmax (bpm) 182,4 ± 9,4 0,002 0,39 0,38

FCmax 2 (bpm) 177,8 ± 11,9

Pmax (W) 217,6 ± 34,6 0,375 - 0,27 0,21

Pmax 2 (W) 222,5 ± 36,2

[lac]-exa (mmol) 9,5 ± 2,6 0,086 - 0,33 0,05

[lac]-exa 2 (mmol) 8,6 ± 2,6

LM: intensidade de lactato mínimo; FC-LM: frequência cardíaca no estágio em que ocorreu o LM; [lac]-LM: concentração de lactato no LM; PSE-LM: percepção subjetiva de esforço no LM; FCmax: freqüência cardíaca máxima obtida no último estágio; Pmax: potência máxima obtida no final do teste. [lac]-exa: concentração de lactato obtida após exaustão no final do teste incremental do LM.

Tabela 3. Coeficiente de correlação intraclasse (CCI), intervalos de confiança (IC 95%) e valor de significância (p) para a reprodutibilidade das variáveis entre os testes 1 e 2.

Variáveis CCI IC 95% p

LM 0,79 0,49 – 0,92 0,001

FC-LM 0,74 0,35 – 0,89 0,002

[lac]-LM 0,92 0,80 – 0,97 0,001

PSE-LM 0,48 -2,82 – 0,794 0,076

FCmax 0,87 0,69 – 0,95 0,001

Pmax 0,92 0,80 – 0,97 0,001

LM: intensidade de lactato mínimo; FC-LM: frequência cardíaca no LM; [lac]-LM: concentração de lactato no LM; PSE-LM: percepção subjetiva de esforço no LM; FCmax: freqüência cardíaca máxima obtida no último estágio; Pmax: potência máxima obtida no final do teste.

Na tabela 3 estão apresentados os valores de

coeficiente de correlação intraclasse (CCI) entre

as variáveis investigadas nos testes 1 e 2, onde

verificamos reprodutibilidade significante (p<0,01)

em todas as variáveis, com exceção da PSE na

intensidade de LM (PSE-LM).

A plotagem de Bland e Altman está

apresentada nas figuras 2A e 2B para as duas

principais variáveis, intensidade de LM [-2,5 ±

41,8 W] e Pmax [-5 ± 37,3 W]. De uma maneira

geral, as variáveis apresentaram boa

concordância entre si, verificada pelo baixo valor

de diferença entre as médias (-2,5 W para

intensidade de LM e -5 para Pmax). Ainda, dos 20

avaliados, apenas um no LM e dois na Pmax

ficaram foram das abas determinadas

graficamente.

B. Madrid, R. C. Sotero, C. S. G. Campbell, I. R. C. Sousa, F. O. Carvalho, A. Vieira, S. B. Rauber, C. B. S. Franco & H. G. Simões

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 651

Figura 2A e 2B. Plotagem de Bland e Altman para comparações entre as intensidades de lactato mínimo (LM) (A) e potência máxima (Pmax) (B) obtidas nos testes 1 e 2.

Discussão

O presente estudo teve como objetivo verificar

a reprodutibilidade do teste de LM, com cargas da

indução a hiperlactatemia individualizadas pela

PSE. Podemos observar que não houve diferença

estatística entre as principais variáveis

investigadas no teste (LM 1) e reteste (LM 2), com

exceção da FC-LM e FCmax. Ainda, foi verificada

boa reprodutibilidade em diversas variáveis (CCI),

com exceção da PSE-LM. A intensidade de LM e

Pmax, principais variáveis obtidas no teste,

apresentaram também boa concordância (Bland e

Altman).

As cargas da indução à hiperlactatemia não

apresentaram diferença significante entre elas (p

= 0,16), contudo, não foram necessariamente as

mesmas nos testes 1 e 2, visto que eram

individualizadas pela PSE (tabela 1). Quatro

voluntários entraram em exaustão no terceiro

estágio da indução à hiperlactatemia (PSE-16) no

teste 1, enquanto no teste 2, apenas um

voluntário entrou em exaustão no terceiro estágio.

Estas particularidades no protocolo de indução

podem ter sido responsáveis pela diferença obtida

entre os testes 1 e 2 na FC-LM (160,9 ± 13,2 W e

154,7 ± 15,1 W, respectivamente) e FCmax

(182,4 ± 9,4 e 177,8 ± 11,9 bpm,

respectivamente). Contudo, nas duas variáveis

em que foram encontradas diferenças

estatisticamente significantes (FC-LM e FCmax),

observamos um Effect Size moderado (0,5 e 0,39

respectivamente) e um Power baixo (0,56 e 0,38

respectivamente). Assim, aumenta a possibilidade

de estarmos rejeitando a hipótese nula

(encontrando diferença entre as médias) ao passo

que deveríamos estar aceitando-a (igualdade

entre as médias) (THOMAS et al., 2007).

Smith et al. (2002) investigaram se diferentes

tipos de indução à hiperlactatemia poderiam

alterar a determinação do LM. Utilizaram para isto

4 diferentes protocolos: teste de rampa (10-12

minutos), 30s de sprint máximo, 40s de sprint

máximo e um quarto envolvendo dois sprints

máximos de 20s com intervalo de um minuto

entre eles. As diferentes formas de indução não

alteraram a identificação do LM. No presente

estudo, optou-se por uma forma inédita de

Reprodutibilidade do lactato mínimo

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 652

indução à hiperlactatemia, composta por três

estágios de 3 minutos e um quarto até a

exaustão, com cargas individualizadas pela PSE

(10, 13, 16 e 17-20, respectivamente). Nossa

metodologia não prejudicou a identificação da

intensidade em que ocorre o LM em teste (155,0

± 23,8 W) e reteste (157,5 ± 27 W) apresentando

ainda boa reprodutibilidade (CCI = 0,79; p =

0,001) e concordância [-2,5 ± 41,8 W].

Em estudo feito com ciclistas competitivos,

Smith et al. (2002) encontraram intensidades de

LM de 295 (± 15 W). Pardono et al. (2009), com

ciclistas recreacionais, obtiveram valores médios

de LM de 209,1 (± 23,2 W). Strupler et al. (2009),

em atletas de endurance, encontraram LM de 186

(± 12 W). Nestes estudos foram observados

valores de LM superiores aos do presente

trabalho, o que demonstrou uma melhor condição

aeróbia dos ciclistas competitivos e recreacionais,

assim como dos atletas de endurance, em

relação aos estudantes de Educação Física

(155,0 ± 23,8 W no teste 1 e 157,5 ± 27,0 W no

teste 2), que, embora fossem fisicamente ativos,

não treinavam nenhuma modalidade específica.

No presente estudo, optou-se por uma análise

visual da intensidade em que o ocorre o LM,

caracterizada pela menor [lac] encontrada na

parte incremental do teste (figura 1). Muitos

estudos têm se utilizado deste tipo de análise, que

é uma forma simples e direta de obtenção do

fenômeno fisiológico (SIMÕES et al., 2003;

STRUPLER et al., 2009; SOTERO et al., 2009b).

Entretanto, alguns estudos têm utilizado ajustes

matemáticos para encontrar a intensidade de LM,

indicando que seria uma forma de corrigir os

valores e obter um resultado mais fidedigno

(GONDIM et al., 2007 , JOHNSON; SHARPE,

2011; PARDONO et al., 2008; RIBEIRO et al.,

2003; SIMÕES et al., 2009). Contudo, Sotero et

al. (2007) investigaram as duas formas de

determinação, visual e polinomial, e não

encontraram diferenças estatisticamente

significantes com a intensidade de MEEL.

Para este tipo de delineamento, se recomenda

utilizar o coeficiente de correlação intraclasse

(CCI), que analisa dados univariados (mesma

variável medida mais de uma vez), sendo um

teste específico para identificar erros de medida e

variância sistemática entre teste e reteste

(THOMAS et al., 2007). No presente trabalho

observamos boa reprodutibilidade (CCI) da

intensidade de LM (CCI = 0,79), FC-LM (CCI =

0,74), [lac]-LM (CCI = 0,92), FCmax (CCI = 0,87)

e Pmax (CCI = 0,92).

De uma maneira geral, o protocolo de LM com

cargas da indução a hiperlactatemia

individualizadas pela PSE, apresentou bons

índices estatísticos de reprodutibilidade. Como

aplicação prática, recomendamos a não utilização

da FC e PSE como parâmetro absoluto de

prescrição de exercícios, enquanto as cargas

encontradas na intensidade de LM e Pmax

apresentaram uma consistência estatística maior,

o que nos permite sugerir uma prescrição da

intensidade de exercícios com pequena

possibilidade de erro. Como sugestão de futuros

estudos, fica a possibilidade de aplicação do

protocolo em diferentes populações, sensibilidade

a diferentes programas de treinamento e

destreinamento, bem como a capacidade do

presente protocolo em estimar uma intensidade

de exercício correspondente ao MEEL.

Conclusão

O protocolo de lactato mínimo com intensidade

do esforço prévio, utilizado para indução a

hiperlactatemia, individualizado pela percepção

subjetiva de esforço, em estudantes do sexo

masculino e fisicamente ativos, mostrou-se

reprodutível.

Referências

BARON, B.; DEKERLE, J.; ROBIN, S.; NEVIERE, R.; DUPONT, L.; MATRAN, R.; VANVELCENAHER, J.; ROBIN, H.; PELAYO, P. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state.

International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v. 24, n. 8, p. 582-587, 2003. doi: http://dx.doi.org/10.1055/s-2003-43264

BARON, B.; NOAKES, T. D.; DEKERKE, J.; MOULLAN, F.; ROBIN, S.; PELAYO, P. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady

state intensity? Brazilian Journal of Sports

Medicine, Loughborough, v. 42, n. 10, p. 834-838, 2008. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.2007.040444.

BENEKE, R. Methodological aspects of maximal lactate steady state-implications for performance

testing. European Journal of Applied

Physiology, Berlin, v. 89, n. 1, p. 95-99, 2003. doi: http://dx.doi.org/10.1007/s00421-002-0783-1

BILLAT, V. L.; SIRVENT, P.; PY, G.; KORALSZTEIN, J. P.; MERCIER, J. The concept of maximal lactate steady state: a bridge between biochemistry, physiology and sport science.

B. Madrid, R. C. Sotero, C. S. G. Campbell, I. R. C. Sousa, F. O. Carvalho, A. Vieira, S. B. Rauber, C. B. S. Franco & H. G. Simões

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 653

Sports Medicine, Auckland, v. 33, n. 6, p. 407-426, 2003.

BLAND, J. M.; ALTMAN, D. G. Measuring agreement in method comparison studies.

Statistical Methods in Medical Research, Sevenoaks, v. 8, n. 2, p. 135-160, 1999. doi: http://dx.doi.org/10.1177/096228029900800204

BORG, G. A. Psychophysical bases of perceived

exertion. Medicine & Science in Sports &

Exercise, Madison, v. 14, n. 5, p. 377-381, 1982.

BORG, G. Escalas de Borg para a dor e o

esforço percebido. São Paulo: Manole, 2000.

CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G.; DENADAI, B. S. Reprodutibilidade do limiar anaeróbio individual (iat) e lactato mínimo (lm) determinados

em teste de pista. Revista Brasileira de

Atividade Física & Saúde, Londrina, v. 3, n. 3, p. 24-31, 1998.

CUNHA, R. R.; CUNHA, V. N.; RUSSO SEGUNDO, P.; MOREIRA, S. R.; KOKUBUN, E.; CAMPBELL, C. S.; OLIVEIRA, R. J.; SIMÕES, H. G. Determination of the lactate threshold and maximal blood lactate steady state intensity in

aged rats. Cell Biochemistry & Function, Guildford, v. 27, n. 6, p. 351-357, 2009. doi: http://dx.doi.org/10.1002/cbf.1580

CUNHA, V. N. C.; CUNHA, R. R.; SEGUNDO, P. R.; PACHECO, M. E.; MOREIRA, S. R.; SIMÕES, H. G. Oito semanas de treinamento moderado não altera a carga correspondente ao limiar de

lactato em ratos idosos. Revista Portuguesa de

Ciências do Desporto, Porto, v. 8, n. 2, p. 277-283, 2008.

DANCEY, C. P.; REIDY, J. Estatística sem

matemática para psicologia: usando SPSS

para Windows. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

DAVIS, H. A.; BASSETT, J.; HUGHES, P.; GASS, G. C. Anaerobic threshold and lactate turnpoint.

European Journal of Applied Physiology &

Occupational Physiology, Berlin, v. 50, v. 3, p.383-392, 1983.

DAVIS, H. A.; GASS, G. C. Blood lactate concentrations during incremental work before

and after maximum exercise. Brazilian Journal

of Sports Medicine, Loughborough, v. 13, n. 4, p. 165-169, 1979. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.13.4.165

DAVIS, H. A.; GASS, G. C. The anaerobic threshold as determined before and during lactic

acidosis. European Journal of Applied

Physiology & Occupational Physiology, Berlin, v. 47, n. 2, p. 141-149, 1981.

FAUL, F.; ERDFELDER, E.; LANG, A. G.; BUCHNER, A. G*Power 3: a flexible statistical power analyses program for the social, behavioral,

and biomedical sciences. Behavior Research

Methods, New York, v. 39, n. 2, p. 175-191, 2007. doi: http://dx.doi.org/10.3758/BF03193146

FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o

SPSS. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GONDIM, F. J.; ZOPPI, C. C.; SILVA, L. P.; MACEDO, D. V. Determination of the anaerobic threshold and maximal lactate steady state speed in equines using the lactate minimum speed

protocol. Comparative Biochemistry &

Physiology Part A: Molecular & Integrative

Physiology, New York, v. 146, n. 3, p. 375-380, 2007. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.cbpa.2006.11.002

HAMPSON, D. B.; ST CLAIR GIBSON, A.; LAMBERT, M. I.; NOAKES, T. D. The influence of sensory cues on the perceived of exertion during exercise and central regulation of exercise

performance. Sports Medicine, Auckland, v. 31, n.13, p. 935-952, 2001.

JACOBS, I. Blood Lactate. Implications for

Training and Sports Performance. Sports

Medicine, Stuttgart, v. 3, n. 1, p. 10-25, 1986.

JOHNSON, M. A.; SHARPE, G. R.; BROWN, P. I. Investigations of the lactate minimum test.

International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v. 30, n. 6, p. 448-454, 2009. doi: http://dx.doi.org/10.1055/s-0028-1119404

JOHNSON, M. A.; SHARPE, G. R. Effects of protocol design on lactate minimum power. .

International Journal of Sports Medicine, Stuttgart, v. 32, n. 3, p. 199-204, 2011. Doi: 10.1055/s-0030-1268487.

LEUNG, M. L.; CHUNG, P. K.; LEUNG, R. W. An assessment of the validity and reliability of two perceived exertion rating scales among Hong

Kong children. Perceptual & Motor Skills, Louisville, v. 95, n. 3 Pt 2, p. 1047-1062, 2002. doi: http://dx.doi.org/10.2466/pms.2002.95.3f.1047

MELLO, M. T.; BOSCOLO, R. A.; ESTEVES, A. M.; TUFIK, S. O exercício físico e os aspectos

psicobiológicos. Revista Brasileira de Medicina

do Esporte, Niterói, v. 11, n. 3, p. 203-207, 2005. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922005000300010

MOREIRA, S. R.; ARSA, G.; OLIVEIRA, H. B.; LIMA, L. C.; CAMPBELL, C. S.; SIMÕES, H. G.

Reprodutibilidade do lactato mínimo

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 654

Methods to identify the lactate and glucose thresholds during resistance exercise for

individuals with type 2 diabetes. Journal of

Strength & Conditioning Research, Philadelphia, v. 22, n. 4, p.1108-1115, 2008. doi: http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0b013e31816eb47c

NAKAMURA, F. Y.; OKUNO, N. M. Perceived exertion threshold: Comparison with ventilatory

thresholds and critical power. Science & Sports, Paris, v. 24, n.3-4, p.196-201, 2009. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.scispo.2008.07.003

NAKAMURA, F. Y.; MOREIRA, A.; AOKI, M. S. Monitoramento da carga de treinamento: a percepção subjetiva de esforço da sessão é um

método confiável? Revista da Educação Física, Maringá, v. 21, n. 1, p. 1-11, 2010. doi: http://dx.doi.org/10.4025/reveducfis.v21i1.6713

NEVES, A. R. M.; DOIMO, L. A. Avaliação da percepção subjetiva de esforço e da freqüência cardíaca em mulheres adultas durante aulas de

hidroginástica. Revista Brasileira de

Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianópolis, v. 9, n. 4, p. 386-392, 2007.

PARDONO, E.; SOTERO, R. C.; HIYANE, W.; MOTA, M. R.; CAMPBELL, C. S. G.; NAKAMURA, F. Y.; SIMÕES, H. G. Maximal lactate steady-state prediction through quadratic modeling of selected

stages of the lactate minimum test. Journal of

Strength & Conditioning Research, Philadelphia, v. 22, n. 4, p. 1073-1080, 2008. doi: http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0b013e318173c594

PARDONO, P.; MADRID, B.; MOTTA, D. F.; MOTA, M. R.; CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G. Lactato mínimo em protocolo de rampa e sua validade em estimar o máximo estado estável de

lactato. Revista Brasileira de

Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 174-180, 2009.

PFEIFFER, K. A.; PIVARNICK, J. M.; WOMACK, C. J.; REEVES, M. J.; MALINA, R. M. Reliability and validity of the Borg and OMNI rating of perceived exertion scales in adolescent girls.

Medicine & Science in Sports & Exercise, Madison, v. 34, n. 12, p. 2057-2061, 2002.

RIBEIRO, L.; BALIKIAN, P.; MALACHIAS, P.; BALDISSERA, V. Stage length, spline function

and lactate minimum swimming speed. Journal

of Sports Medicine & Physical Fitness, Torino, v. 43, n. 3, p. 312-318, 2003.

SIMÕES, H. G.; CAMPBELL, C. S. G.; KUSHNICK, M. R.; NAKAMURA, A.; KATSANOS, C. S.; BALDISSERA, V.; MOFFATT, R. J. Blood glucose threshold and the metabolic responses to incremental exercise tests with and without prior

lactic acidosis induction. European Journal of

Applied Physiology, Berlin, v. 89, n. 6, p. 603-611, 2003. doi: http://dx.doi.org/10.1007/s00421-003-0851-1

SIMÕES, H. G.; HIYANE, W. C.; SOTERO, R. C.; PARDONO, E.; PUGA, G. M.; LIMA, CAMPBELL, C. S. G. Polynomial modeling for the identification of lactate minimum velocity by different methods.

Journal of Sports Medicine & Physical Fitness, Torino, v. 49, n. 1, p. 14-18, 2009.

SIMÕES, H. G.; HIYANE, W. C.; BENFORD, R. E.; MADRID, B.; PRADA, F. A.; MOREIRA, S. R.; NAKAMURA, F. Y.; OLIVEIRA, R. J.; CAMPBELL, C. S. G. Lactate threshold prediction by blood glucose and rating of perceived exertion in people

with type 2 diabetes. Perceptual & Motor Skills, Louisville, v. 111, n. 2, p. 365-378, 2010. doi: http://dx.doi.org/10.2466/06.13.15.27.PMS.111.5.365-378

SMITH, M. F.; BALMER, J.; COLEMAN, D. A.; BIRD, S. R.; DAVISON, R. C. Method of lactate elevation does not affect the determination of the

lactate minimum. Medicine & Science in Sports

& Exercise, Madison, v. 34, n. 11, p. 1744-1749, 2002.

SOTERO, R. C.; CAMPBELL, C. S. G.; PARDONO, E.; PUGA, G. M.; SIMÕES, H. G. Polynomial adjustment as a new technique for determination of lactate minimum velocity with

blood sampling reduction. Revista Brasileira de

Cineantropometria & Desempenho Humano, Florianópolis, v. 9, n. 4, p. 327-332, 2007.

SOTERO, R.C.; PARDONO, E.; GRUBERT CAMPBNELL, C.S.; SIMOES, H.G. Indirect assessment of lactate minimum and maximal blood lactate steady-state intensity for physically

active individuals Journal of Strength and

Conditioning Research, v. 23 n 3, p. 847-853, 2009a. doi: http://dx.doi.org/10.1519/JSC.0b013e318196b609

SOTERO, R. C.; PARDONO, E.; LANDWEHR, R.; CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G. Blood glucose minimum predicts maximal lactate steady

state on running. International Journal of Sports

Medicine, Stuttgart, v. 30, n. 9, p. 643-646, 2009b. doi: http://dx.doi.org/10.1055/s-0029-1220729

SOTERO, R. C.; CUNHA, V. N. C.; MADRID, B.; SALES, M. M.; MOREIRA, S. R.; SIMÕES, H. G. Identificação do lactato mínimo de corredores adolescentes em teste de pista de três estágios

incrementais. Revista Brasileira de Medicina do

Esporte, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 119-122, 2011. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922011000200010

B. Madrid, R. C. Sotero, C. S. G. Campbell, I. R. C. Sousa, F. O. Carvalho, A. Vieira, S. B. Rauber, C. B. S. Franco & H. G. Simões

Motriz, Rio Claro, v.18, n.4, p.646-655, out./dez. 2012 655

STRUPLER, M.; MUELLER, C.; PERRET, C. Heart rate-based lactate minimum test: a

reproducible method. Brazilian Journal of

Sports Medicine, Loughborough, v. 43, n. 6, p. 432-436, 2009. doi: http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.2006.032714

SVEDAHL, K.; MACINTOSH, B. R. Anaerobic threshold: the concept and methods of

measurement. Canadian Journal of Applied

Physiology, Champaign, v. 28, n. 2, p. 299-323, 2003.

TANAKA, K.; MATSUURA, Y.; KUMAGAI, S.; MATSUZAKA, A.; HIRAKOBA, K.; ASANO, K. Relationships of anaerobic threshold and onset of blood lactate accumulation with endurance

performance. European Journal of Applied

Physiology & Occupational Physiology, Berlin, v. 52, n. 1, p. 51-56, 1983.

TEGTBUR, U.; BUSSE, M. W.; BRAUMANN, K. M. Estimation of an individual equilibrium between lactate production and catabolism during exercise.

Medicine & Science in Sports & Exercise, Madison, v. 25, n. 5, p. 620-627, 1993.

THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S.

J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

URHAUSEN, A.; GABRIEL, H.; KINDERMANN, W. Blood hormones as markers of training stress

and overtraining. Sports Medicine, Stuttgart, v. 20, n. 4, p. 251-276, 1995.

WILLIAMSON, J. W.; McCOLL, R.; MATHEWS, D.; MITCHELL, J. H.; RAVEN, P. B.; MORGAN, W. P. Hypnotic manipulation of effort sense during dynamic exercise: cardiovascular responses and

brain activation. Journal of Applied Physiology, Bethesda, v. 90, p. 1392-1399, 2001.

Agradecimentos: À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que financiou o presente trabalho, disponibilizando uma bolsa de estudos (Prosup/Capes) ao primeiro autor. Ao Laboratório de Avaliação Física e Treinamento (LAFIT) e sua equipe, pelo suporte e equipamentos para a realização da pesquisa.

Endereço:

Bibiano Madrid UCB – Programa de Pós-Graduação em Educação Física. QS 07, Lote 01, S/N, Bloco G, Sala 119, Areal. Taguatinga DF Brasil 71966-700. Telefone: (61) 3356-9350. e-mail: [email protected]

Recebido em: 17 de outubro de 2010. Aceito em: 2 de outubro de 2012.

Motriz. Revista de Educação Física. UNESP, Rio Claro,

SP, Brasil - eISSN: 1980-6574 - está licenciada sob

Creative Commons - Atribuição 3.0

44

4.3 ESTIMATION OF THE MAXIMAL LACTATE STEADY STATE INTENSITY BY

THE RATING OF PERCEIVED EXERTION.

Referência:

MADRID, B.; PIRES, F. O.; PRESTES, J.; VIEIRA, D. C. L.; CLARK, T.; TIOZZO, E.;

LEWIS, J. E.; CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G. Estimation of the maximal lactate

steady state intensity by the rating of perceived exertion Perceptual and Motor Skills (paper

aceito para publicação), 2016.

Nome da Revista: Perceptual and Motor Skills.

ISSN:0031-5125.

Periodicidade: bimestral.

Qualis Nacional: A2.

N° Páginas: 15

Article

Estimation of theMaximal LactateSteady State Intensityby the Rating ofPerceived Exertion

Bibiano MadridGraduate Program in Physical Education, Catholic University of Brasilia (UCB), Taguatinga DF, Brazil;

Paulista University (UNIP), Brasılia DF, Brazil

Flavio Oliveira PiresExercise Psychophysiology Research Group, School of Arts, Sciences and Humanities, University of Sao

Paulo, Brazil

Jonato PrestesGraduate Program in Physical Education, Catholic University of Brasilia (UCB), Taguatinga DF, Brazil

Denis Cesar Leite VieiraGraduate Program in Physical Education, Catholic University of Brasilia (UCB), Taguatinga DF, Brazil;

University Center (UDF), Brasılia, Distrito Federal, Brazil

Tyler Clark, Eduard Tiozzo, and John E. LewisMiller School of Medicine, University of Miami, Miami, Florida, USA

Carmen S. Grubert Campbell andHerbert Gustavo SimoesGraduate Program in Physical Education, Catholic University of Brasilia (UCB), Taguatinga DF, Brazil

Abstract

The maximal lactate steady state is the gold standard for evaluating aerobic capacity;

however, it is time-consuming. The lactate minimum protocol is an easier alternative,

but is not feasible and still expensive. This study investigated whether the rating of

perceived exertion of 13 is an accurate predictor of lactate minimum and maximal

lactate steady state intensities. Eleven physically active men performed three tests:

Perceptual and Motor Skills

2016, Vol. 122(1) 136–149

! The Author(s) 2016

Reprints and permissions:

sagepub.com/journalsPermissions.nav

DOI: 10.1177/0031512516631070

pms.sagepub.com

Corresponding Author:

Bibiano Madrid, Graduate Program in Physical Education, Catholic University of Brasilia (UCB),

Taguatinga DF, Brazil.

Email: [email protected]

(1) incremental exercise with workloads based on rating of perceived exertion of 10,

13, and 16 (experimental protocol – denominated RPE-13 test), (2) lactate minimum,

and (3) maximal lactate steady state. No differences were observed among partici-

pants’ workloads corresponding to rating of perceived exertion 13, lactate minimum,

and maximal lactate steady state intensities. Thus, the workload associated with the

rating of perceived exertion of 13 was equivalent to the other two protocols

investigated.

Keywords

anaerobic threshold, aerobic capacity, lactate minimum

Introduction

The anaerobic threshold is a physiological concept defined as an exercise inten-sity that can be sustained by a large muscle group, while maintaining oxidativemetabolism and without blood lactate accumulation (Svedahl & MacIntosh,2003). The anaerobic threshold is used for exercise evaluation and prescription,besides being sensitive to training adaptations (Meyer, Lucıa, Earnest, &Kindermann, 2005; Esteve-Lanao, Foster, Seiler, & Lucia, 2007). The goldstandard to identify the anaerobic threshold is the maximal lactate steadystate (MLSS) protocol (Svedahl & MacIntosh, 2003; Denadai, Figuera,Favaro & Goncalves, 2004; Pardono, Sotero, Hiyane, Mota, Campbell,Nakamura et al., 2008). The MLSS method requires several 30-min exercisebouts on different days at constant workloads, with the MLSS being consideredthe highest exercise intensity in which the blood lactate steady state is stillobserved (Baron, Dekerle, Robin, Neviere, Dupon, Matran et al., 2003;Beneke, 2003; Billat, Sirvent, Py, Koralsztein & Mercier, 2003).

Due to the high cost and time-consuming procedures of the MLSS protocol,alternative methods have been proposed to identify the anaerobic thresholdthrough the responses of heart rate variability (Sales, Campbell, Morais,Ernesto, Soares-Caldeira, Russo et al., 2011), ventilation (Neder & Stein,2006; Aoike, Baria, Rocha, Kamimura, Mello, Tufik et al., 2012), blood glucose(Simoes, Campbell, Kushnick, Nakamura, Katsanos, Baldissera et al., 2003;Sotero, Pardono, Landwehr, Campbell & Simoes, 2009; Simoes, Moreira,Hiyane, Benford, Madrid, Prada et al. 2010), blood lactate (Garcin, Mille-Hamard, Duhamel, Boudin, Reveillere, Billat et al., 2003; Johnson, Sharpe &Brown, 2009), and electromyography (Candotti, Loss, Melo, La Torre, Dutra,Oliveira et al., 2008). In addition, the rating of perceived exertion (RPE) is afeasible, non-invasive, low cost, and efficient procedure that has been appliedduring incremental exercise tests for aerobic evaluation and training prescriptionin a variety of populations (Hugget, Connely & Overend, 2005; Lima, Assis,Hiyane, Almeida, Arsa, Baldissera et al., 2008; Nakamura, Okuno, Perandini,

Madrid et al. 137

Caldeira, Simoes, Cardoso, et al., 2008, Nakamura, Okuno, Perandini, Oliveira,Buchheit & Simoes 2009).

In theory, the RPE is considered a psychophysiological construct that isaffected by physiological and psychological variables (Eston, 2012). For exam-ple, alterations in heart rate, oxygen uptake, muscle glycogen concentrations,and concentrations of centrally active metabolic compounds such as dopamineand glucose may affect RPE responses to exercise (Borg, 1982; Hampson,St Clair Gibson, Lambert & Noakes, 2001; Pires, Noakes, Lima-Silva,Bertuzzi, Ugrinowitsch, Lira et al., 2011). Furthermore, alterations in emotionsseen in affective scores also influence both RPE and exercise performance(Baron, Moullan, Deruelle, & Noakes, 2011). Thus, it has been suggested thatRPE is a robust variable indicating an individual’s subjective tolerance of exer-cise at a given intensity (Hampson et al., 2001; Baron, Noakes, Dekerle,Moullan, Robin, Matran et al., 2008; Pires et al., 2011; Eston, 2012).

In the lactate minimum (LM) protocol, the participant exercises to exhaustiontwice: the first time early on to induce hyperlactatemia and the second time in thefinal part of the protocol. Pardono et al. (2008) utilized the traditional LM proto-col with several stages and selected three stages: the first stage of LM (fixed at75W) and the second and third stages with workloads corresponding to RPEs of13 and 16, respectively. The authors used polynomial adjustment to analyze thelactate curve formed by these three points, identifying the minimum point. Whenthis point was compared with the MLSS, they were not statistically different.Although the stages were selected at submaximal intensities, the participants per-formed the traditional LM to exhaustion twice. The RPE has not been used insubmaximal exercise tests to predict MLSS intensity. Using the RPE methodcould reduce costs and be a useful tool for functional evaluation. Therefore, thepurpose of this study was to investigate if a submaximal exercise protocol, withan associated workload corresponding to a rating of perceived exertion of 13(RPE-13), could estimate the exercise intensity corresponding to MLSS and LM.

Hypothesis. The submaximal RPE-13 protocol would estimate the exercise intensity

corresponding to both MLSS and LM.

Method

Participants were eleven physically active men (age¼ 24.6� 4.7 yr, body massindex¼ 23.9� 2.8 kg/m2, body fat¼ 15.3� 5.2%) recruited at the Universitywhere the study was conducted. To take part in this study, the participantswere neither smokers nor did they have cardiovascular, orthopedic, or neuro-muscular diseases. The study was approved by the local ethical committee forhuman research. All volunteers signed a written informed consent after explan-ation of the study’s procedures, risks, and benefits. Participation was voluntary,

138 Perceptual and Motor Skills 122(1)

and any participant could leave the study at any time. The participants wereadvised to maintain their normal diet throughout the duration of the study andto refrain from strenuous exercise for the 24 hours prior to the tests.

All tests were performed on a cycle ergometer controlled by electromagneticbrakes (Excalibur, Lode, The Netherlands) with a 48-hr minimum intervalbetween experimental sessions. In the first session, participants were directed tochoose a comfortable pedal cadence (60–80 revolutions per minute) and to main-tain this cadence on all tests. Heart rate was monitored during all tests (Polar�

Sport Tester, Finland). In the final 30 sec of each stage, 25 mL of capillary bloodwere collected from the earlobe. The sample was mixed in 50 mL sodium fluoride(1%), and deposited into 1.5mL tubes for posterior analysis. Lactate concentra-tions were analyzed with the Biochemistry Analyzer YSI 2700 Select (YellowSprings, Ohio, USA) according to the manufacturer’s instructions.

Procedure

The experiment consisted of several visits. In the first session, anthropometric vari-ables were collected and a familiarization session was performed. In the secondsession, the participants performed the RPE-13 protocol followed by the LM testimmediately afterward. The final part of experimental design consisted of at leasttwo visits in which participants underwent the MLSS protocol. On the second visit,participants rested for five minutes before the experimental protocol was initiated.

The familiarization session was initiated at a workload of 75W and increasingworkload of 25W every 3min until exhaustion. In the final 30 sec of each stage,a blood sample was collected. The RPE was recorded at each minute. Heart ratewas monitored during the entire test.

Measures

Rating of Perceived Exertion (RPE). Measures of RPE were obtained with the 15-point (6 to 20) Borg Scale (Borg, 1982) using the original verbal descriptors. Theparticipants were asked to report their overall RPE based on breathlessness,cardiopulmonary work, and muscle discomfort. Category expressions such as“comfortable intensity level” were used as anchors. The use of RPE was basedon several controlled trials and population studies that have observed that indi-viduals can correctly categorize the RPE and accurately identify different exer-cise intensities based on RPE (Nakamura et al., 2008; Nakamura et al., 2009;Simoes et al., 2010; Pires et al., 2011).

The RPE-13 protocol consists of three stages of 3min each with intensities setaccording to the RPE Borg Scale. The first workload was set at the RPE corres-ponding to a Borg score of 10 (between “very light” and “fairly light”); the secondworkload was set at the RPE corresponding to a Borg score of 13 (“somewhathard”); and the third workload was set at the RPE corresponding to a Borg score

Madrid et al. 139

of 16 (between “hard” and “very hard”). The individualized workloads corres-ponding to each RPE were identified during the familiarization session accordingto the participants’ RPE responses and adjusted during the first 30 sec of eachstage. The designated workload during the second stage corresponded with theintensity of RPE-13 and was used to compare the relationship to MLSS and LM.

Lactate Minimum (LM). Immediately after completion of the RPE-13 protocol,without intermission, participants underwent the LM test. For the LM test theworkload was first adjusted to the RPE corresponding to a Borg score of 17 (“veryhard”) to 20 (above “very very hard”), at which they cycled until exhaustion toelevate blood lactate. This intensity was chosen to elicit hyperlactatemia and wascollected in the 7th minute of post-exhaustion recovery. The incremental test of theLM was initiated in the 8th minute of recovery. The previous high-intensity exer-cise induced the blood lactate to increase was important to promote the “U-shape” on the blood lactate curve during the incremental test. The first workloadof incremental test was set at 75W and was increased by 25W every three minutesuntil exhaustion. This adaptation of the LM protocol initiated immediately afterthe incremental test based on RPE responses conforms with a previous study byour group, where this methodology showed good reliability (Madrid, Sotero,Campbell, Sousa, Carvalho, Vieira et al., 2012). Blood samples were collectedduring the last 30 sec of each stage without interrupting the exercise. Polynomialadjustment, using a derivation of the quadratic formula (Figure 1), was used todetermine the LM intensity.

Maximal Lactate Steady State (MLSS). Participants underwent the MLSS protocol,which consisted of different constant workloads lasting 30min each. The object-ive of this protocol was to find the maximal exercise workload corresponding tothe MLSS or the maximal workload that elicited an increase of no more than1mmol.L�1 in the blood lactate concentration between the 10th and 30th minutesof exercise. Blood samples were collected at rest and in the10th, 20th, and 30th

minutes of exercise. The first workload was set at the LM intensity, and theworkloads performed in each subsequent session were adjusted to be 6% moreor less intense according to the lactate responses observed. This procedure fol-lowed recommendations as reported by Beneke (2003).

Data Analysis

Data were reported as means and standard deviations (SD). The Shapiro-Wilkstest was used to ensure normal distribution. Mauchly’s test was used to checkthe sphericity of the data, and the data were corrected with the Greenhouse-Geisser adjustment in the case of sphericity violation. One-way ANOVA withrepeated measures with post hoc Bonferroni comparisons were used to evaluatethe means. The effect size was calculated by Cohen’s f2. The Pearson product-

140 Perceptual and Motor Skills 122(1)

moment correlation coefficient was used to determine the relationship among theworkloads from the different protocols. The agreement between variables wasanalyzed with the Bland-Altman technique. Statistical significance was set atp< .05. The analyses were performed with SPSS 20.0 (IBM, Inc., Chicago, IL,United States) with the exception of the Bland-Altman test, which was analyzedusing Medcalc 12.4.0 (Ostend, Belgium).

Results

The results of the three stages of the RPE-13 protocol are presented in Table 1.The workload, Fworkload (1.14, 11.39)¼ 85.99, p< .001, lactate concentration,Flactate (3, 30)¼ 188.12, p< .001, and heart rate FHeart Rate (3,30)¼ 245.00,p< .001, were significantly different among the three stages evaluated in theRPE-13 protocol.

y = 0.0007x2 - 0.2109x + 21.479R² = 0.98

4

5

6

7

8

9

10

11

50 75 100 125 150 175 200 225 250

[Lac

] (m

mol

.L-1

)

Workload (W)

Figure 1. Example of the lactate minimum intensity identified by polynomial adjustment.

The lactate minimum intensity was obtained through a derivation of the quadratic equation

(LM¼�b/2a). The R2 mean¼ .98 and SD¼ .13.

Table 1. Descriptive Statistics for workload, lactate, and heart rate responses at three

stages of the RPE-13 protocol.

Variable

Rest RPE 10 RPE 13 RPE 16

M SD M SD M SD M SD

Workload (watts)* – 114 23 148 18 187 24

Lactate (mmol.L�1)* 1.17 0.18 2.57 0.77 3.80 0.75 6.35 0.98

Heart Rate (bpm)* 68 7 125 14 145 14 168 14

Note. RPE: rating of perceived exertion. *Significant difference (p< .001) between all measurement times

for the same variable.

Madrid et al. 141

As shown in Table 2, data from the RPE-13, the LM, and the MLSS proto-cols were not significantly different from each other (ps> .05). Medium effectsizes were observed between the protocols RPE-13 and MLSS (0.18), RPE-13and LM (0.26), and LM and MLSS (0.15). Furthermore, the RPE-13 protocolshowed a stronger correlation with MLSS (r¼ .78) than LM with MLSS(r¼ .45) (Figure 2). The Bland-Altman plot revealed agreement between inten-sities of the RPE-13, LM, and MLSS (Figure 3).

Discussion

The present study proposed a new methodology (the RPE-13 protocol) to predicttheMLSS intensity through a submaximal test with workloads being identified byRPE scores. This test was composed of three stages with workloads defined atRPE of 10, 13, and 16, respectively. The initial hypothesis was that the RPE-13would identify the exercise intensity corresponding to the MLSS and LM. In fact,workloads across the three investigated protocols were not significantly differentfrom each other. The Pearson coefficients demonstrated a stronger correlationbetween RPE-13 andMLSS, when compared to the relationship between LM andMLSS. Moreover, the RPE-13 intensity (second stage) showed acceptable agree-ment with LM and MLSS according to the Bland-Altman analysis.

In the RPE-13 protocol, the workload corresponding to RPE of 13 produceda mean 3.8mmol.L�1 of blood lactate concentration, which was close to the4.0mmol.L�1 that is considered the onset of blood lactate accumulation(OBLA). In the classic study by Heck, Mader, Hess, Mu00 cke, Mu00 ller, andHollmann (1985), the OBLA was not different from MLSS intensity, and thecorrelation between them was significant. Accordingly, it was observed thatRPE-13 intensity was not different from MLSS and were strongly correlated.The similarity between blood lactate concentration obtained in the RPE-13protocol from the present study and OBLA, together with no differences andstrongly correlated RPE-13, MLSS, and LM intensities, are relevant indicatorsthat the RPE-13 workload is a valid measure of MLSS, LM, and consequentlythe anaerobic threshold.

Table 2. Descriptive statistics for workload (Watts) in the three stu-

died protocols.

Variable M SD Min Max

RPE-13 148 18 120 175

LM 156 11 142 174

MLSS 153 17 125 177

Note. RPE-13: rating of perceived exertion of 13. LM: lactate minimum. MLSS: max-

imal lactate steady state. F(2,20)¼ 1.75, p¼ .20, Power¼ 0.32.

142 Perceptual and Motor Skills 122(1)

In another study, Pardono et al. (2008) selected three stages of a complete LMtest (the first stage, RPE 13, and RPE 16) and applied a polynomial adjustmentobtaining 192 W (SD¼ 27) at LM three points. This workload did not differfrom the exercise intensity corresponding to MLSS 204 W (SD¼ 16) with mod-erate correlation (r¼ .65, p¼ .03). These findings were the fundamental basis for

110

120

130

140

150

160

170

180

120 130 140 150 160 170 180

r = .78 , p < .01

RPE-

13

MLSS

110

120

130

140

150

160

170

180

120 130 140 150 160 170 180

r = .61 , p < .05

RPE-

13

LM

110

120

130

140

150

160

170

180

120 130 140 150 160 170 180

r = .45 , p > .05

LM

MLSS

(a)

(b)

(c)

Figure 2. Relationships between RPE-13 and MLSS (a), RPE-13 and LM (b), and LM and

MLSS (c). RPE-13: rating of perceived exertion 13 protocol (experimental protocol);

LM: lactate minimum; and MLSS: maximal lactate steady state.

Madrid et al. 143

Figure 3. Bland-Altman Plots with workloads in Watts. (a) RPE-13 vs MLSS [�4.7� 22.3].

(b) LM vs MLSS [2.9� 30.0]. (c) RPE-13 LM [�7.6� 27.3]. RPE: rating of perceived

exertion. LM: lactate minimum. MLSS: maximal lactate steady state.

144 Perceptual and Motor Skills 122(1)

the experimental design of the present study. A protocol was similarly proposedwith workloads determined by RPE 10, 13, and 16, but with submaximal char-acteristics and without previous effort. Results revealed that the stage corres-ponding to RPE 13, 148W (SD¼ 17), was accurate in identifying the MLSSintensity, 153W (SD¼ 16), demonstrating good agreement (�4.7� 22.3) andstrong correlation (r¼ .78; p< .01) between them.

Simoes et al. (2003) applied a maximal incremental test, with and withoutprevious effort, utilizing variables such as blood lactate, blood glucose, and ven-tilation. They found that anaerobic threshold occurs between RPE of 13–15 inhealthy individuals. While applying a maximal incremental test in type 2 diabeticpatients, Simoes et al. (2010) observed, through a linear regression between work-loads and RPE, that the workload associated with the RPE of 13 (73.2W) did notdiffer from the workload corresponding to the lactate threshold (75W) as identi-fied with the blood lactate breakpoint. In the present study, the workload wasidentified solely through RPE without any mathematical approach. It is note-worthy that the RPE-13 protocol is a simple, short test performed at submaximalintensity without previous effort or complicated mathematical procedures.

However, exercise performed at the LM intensity scored an average RPE valueof 14.2. This greater RPE at LM intensity as compared with RPE-13 can beexplained, at least in part, by the initial effort to induce hyperlactatemia priorto the LM test. Although the methods are slightly different, this approach cor-roborates with the findings of Eston, Faulkner, St Clair Gibson, Noakes, andParfitt (2007), who verified an increase in RPE for the same absolute workload,when compared to a session with previous effort and a session starting from rest.The authors demonstrated that the RPE couldmodulate internal mechanisms andwas not necessarily a reflection of physiological responses to an exact workload.

The MLSS has been used as a gold standard for aerobic evaluation and as areference to validate other protocols. However, the workload corresponding tothe MLSS in endurance cyclists was 282W (SD¼ 24), in untrained cyclists180W (SD¼ 25) (Denadai et al., 2004), in recreational cyclists 204W(SD¼ 16.0; Pardono et al., 2008), and in junior rowers 205W (SD¼ 21;Beneke, Leithauser, & Hutler et al., 2001), which demonstrated greater aerobicfitness in those participants as compared to the physically active participants ofthe present study 153W (SD¼ 17). This lower workload of MLSS of the sampleanalyzed in the present study was expected and confirmed the efficiency of thepresent protocol to identify aerobic capacity.

The results of this study showed that the RPE-13 protocol is a practical methodto identify anaerobic threshold intensity. The first stage of RPE 10 was exerciseintensity below anaerobic threshold. The second stage, RPE 13, has been shownto effectively identify the exercise intensity corresponding to MLSS, LM, andconsequently, the anaerobic threshold. The third stage of exercise, RPE 16, wasabove anaerobic threshold. Finally, the intensity of exercise corresponding to theRPE of 17 to 20 produced hyperlactatemia in LM and was supramaximal exercise

Madrid et al. 145

intensity. Therefore, the use of RPE-13 provided a good estimate of the MLSSand could reduce the costs and complexity found in other protocols.

In the present study, LM intensity was used as an initial workload for theMLSS protocol. This would be a limitation, once could to induce for a betterrelationship of LM with MLSS. However, this did not occur in the presentstudy. Actually the RPE-13 was a better predictor of the MLSS than LM.Although the general findings showed good results from the protocol, one par-ticipant’s RPE-13 underestimated the MLSS by 21W. Therefore, caution mustbe taken while explaining the Borg Scale to participants, mainly to those experi-encing this protocol by the first time, since this particular underestimation can beattributed to such a misunderstanding. Future studies should be done, prefer-ably with larger sample, to establish the reliability and sensitivity of the protocolin measuring physiological gains arising from training.

Finally, once the workload corresponding to the RPE of 13 was equivalentand associated with the other two protocols investigated, it was concluded thatthe proposed RPE-13 protocol is a good predictor of the MLSS intensity for theparticipants of present study.

Acknowledgments

The first author is grateful to PROSUP/CAPES for the scholarship. The authors are

thankful to the Laboratorio de Avaliacao Fısica e Treinamento (LAFIT) for assistingin data collection. Part of this data was featured in the 34th International Symposium onSports Science in 2011.

Declaration of Conflicting Interests

The author(s) declared no potential conflicts of interest with respect to the research,authorship, and/or publication of this article.

Funding

The author(s) received no financial support for the research, authorship, and/or publica-

tion of this article.

References

Aoike, D. T., Baria, F., Rocha, M. L., Kamimura, M. A., Mello, M. T., Tufik,S., . . .Cuppari, L. (2012). Impact of training at ventilatory threshold on cardiopul-

monary and functional capacity in overweight patients with chronic kidney disease.Jornal Brasileiro de Nefrologia, 34, 139–147.

Baron, B., Dekerle, J., Robin, S., Neviere, R., Dupont, L., Matran, R., . . .Pelayo, P.

(2003). Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiologicalsteady state. International Journal of Sports Medicine, 24, 582–587.

Baron, B., Noakes, T. D., Dekerle, J., Moullan, F., Robin, S., Matran, R., . . .Pelayo, P.(2008). Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity?

British Journal of Sports Medicine, 42, 828–833.

146 Perceptual and Motor Skills 122(1)

Baron, B., Moullan, F., Deruelle, F., & Noakes, T. D. (2011). The role of emotions onpacing strategies and performance in middle and long duration sport events. British

Journal of Sports Medicine, 45, 511–517.Beneke, R., Leithauser, R. M., & Hutler, M. (2001). Dependence of the maximal lactate

steady state on the motor pattern of exercise. British Journal of Sports Medicine, 35,

192–196.Beneke, R. (2003). Methodological aspects of maximal lactate steady state-implications

for performance testing. European Journal of Applied Physiology, 89, 95–99.Billat, V. L., Sirvent, P., Py, G., Koralsztein, J. P., & Mercier, J. (2003). The concept of

maximal lactate steady state: a bridge between biochemistry, physiology and sportscience. Sports Medicine, 33, 407–426.

Borg, G. A. (1982). Psychophysical bases of perceived exertion. Medicine and Science in

Sports and Exercise, 14, 377–81.Candotti, C. T., Loss, J. F., Melo, M. O., La Torre, M., Dutra, L. A., Oliveira, J.

L., . . .Oliveira, L. P. (2008). Comparing the lactate and EMG thresholds of recre-

ational cyclists during incremental pedaling exercise. Canadian Journal of Physiologyand Pharmacology, 86, 272–278.

Denadai, B. S., Figuera, T. R., Favaro, O. R. P., & Goncalves, M. (2004). Effect of the

aerobic capacity on the validaty of the anaerobic threshold for determination of themaximal lactate steady state in cycling. Brazilian Journal of Medical and BiologicalResearch, 37, 1551–1556.

Esteve-Lanao, J., Foster, C., Seiler, S., & Lucia, A. (2007). Impact of training intensity

distribution on performance in endurance athletes. Journal of Strength Conditioningand Research, 21, 943–949.

Eston, R., Faulkner, J., St Clair Gibson, A., Noakes, T. D., & Parfitt, G. (2007). The effect

of antecedent fatiguing activity on the relationship between perceived exertion andphysical activity during a constant load exercise task. Psychophysiology, 44, 779–786.

Eston, R. (2012). Use of ratings of perceived exertion in sports. International Journal of

Sports Physiology and Performance, 7, 175–182.Garcin, M., Mille-Hamard, L., Duhamel, A., Boudin, F., Reveillere, C., Billat,

V., . . .Lhermitte, M. (2006). Factors associated with perceived exertion and estimatedtime limit at lactate threshold. Perceptual and Motor Skills, 103, 51–66.

Hampson, D. B., St Clair Gibson, A., Lambert, M. I., & Noakes, T. D. (2001). Theinfluence of sensory cues on the perceived of exertion during exercise and centralregulation of exercise performance. Sports Medicine, 31, 935–952.

Heck, H., Mader, A., Hess, G., Mu00 cke, S., Mu00 ller, R., & Hollmann, W. (1985).Justification of the 4-mmol/l lactate threshold. International Journal of SportsMedicine, 6, 117–130.

Hugget, D. L., Connely, D. M., & Overend, T. J. (2005). Maximal aerobic capacity testingof older adults: a critical review. Journal of Gerontology: Medical Science, 60A, 57–66.

Johnson, M. A., Sharpe, G. R., & Brown, P. I. (2009). Investigations of the lactate

minimum test. International Journal of Sports Medicine, 30, 448–454.Lima, L. C., Assis, G. V., Hiyane, W., Almeida, W. S., Arsa, G., Baldissera,

V., . . . Simoes, H. G. (2008). Hypotensive effects of exercise performed around anaer-obic threshold in type 2 diabetic patients. Diabetes Research and Clinical Practice, 81,

216–222.

Madrid et al. 147

Madrid, B., Sotero, R. C., Campbell, C. S. G., Sousa, I. R. C., Carvalho, F. O., Vieira,A., . . . Simoes, H. G. (2012). Reliability of the lactate minimum protocol with previous

effort intensity individualized by RPE. Motriz, 18, 646–655.Meyer, T., Lucıa, A., Earnest, C. P., & Kindermann, W. (2005). A conceptual framework

for performance diagnosis and training prescription from submaximal gas exchange

parameters - theory and application. International Journal of Sports Medicine, 26,S38–S48.

Nakamura, F. Y., Okuno, N. M., Perandini, L. A. B., Caldeira, L. F. S., Simoes, H. G.,Cardoso, J. R., . . .Bishop, D. J. (2008). Critical power can be estimated from non-

exhaustive tests based on rating of perceived exertion responses. Journal of StrengthConditioning and Research, 22, 937–943.

Nakamura, F. Y., Okano, N. M., Perandini, L. A. B., Oliveira, F. R., Buchheit, M., &

Simoes, H. G. (2009). Perceived exertion threshold: Comparison with ventilatorythresholds and critical power. Science & Sports, 24, 196–201.

Neder, J. A., & Stein, R. (2006). A simplified strategy for the estimation of the

exercise ventilatory thresholds. Medicine and Science in Sports and Exercise, 38,1007–1013.

Pardono, E., Sotero, R. C., Hiyane, W., Mota, M. R., Campbell, C. S. G., Nakamura, F.

Y., . . . Simoes, H. G. (2008). Maximal lactate steady-state prediction through quad-ratic modeling of selected stages of the lactate minimum test. Journal of Strength andConditioning Research, 22, 1073–1080.

Pires, F., Noakes, T. D., Lima-Silva, A. E., Bertuzzi, R., Ugrinowitsch, C., Lira, F.

S., . . .Kiss, M. A. (2011). Cardiopulmonary, blood metabolite and rating of perceivedexertion responses to constant exercises performed at different intensities until exhaus-tion. British Journal of Sports Medicine, 45, 1119–1125.

Sales, M. M., Campbell, C. S. G., Morais, P. K., Ernesto, C., Soares-Caldeira, L. F.,Russo, P., . . . Simoes, H. G. (2011). Noninvasive method to estimate anaerobic thresh-old in individuals with type 2 diabetes. Diabetology & Metabolic Syndrome, 3, 1–8.

Simoes, H. G., Campbell, C. S., Kushnick, M. R., Nakamura, A., Katsanos, C. S.,Baldissera, V., . . .Moffatt, R. J. (2003). Blood glucose threshold and the metabolicresponses to incremental exercise tests with and without prior lactic acidosis induction.European Journal of Applied Physiology, 89, 603–611.

Simoes, H. G., Moreira, S. R., Hiyane, W. C., Benford, R. E., Madrid, B., Prada,A., . . .Campbell, C. S. (2010). Lactate threshold prediction by blood glucose andrating of perceived exertion in people with type 2 diabetes. Perceptual and Motor

Skills, 111, 1–14.Sotero, R. C., Pardono, E., Landwehr, R., Campbell, C. S., & Simoes, H. G. (2009).

Blood glucose minimum predicts maximal lactate steady state on running.

International Journal of Sports Medicine, 30, 643–646.Svedahl, K., & MacIntosh, B. R. (2003). Anaerobic threshold: the concept and methods

of measurement. Canadian Journal of Applied Physiology, 28, 299–323.

Author Biographies

Bibiano Madrid, M.P.E., is a Ph.D. student in Catholic University of Brasilia,Taguatinga DF, Brazil and Professor at Paulista University (UNIP), Brasılia

148 Perceptual and Motor Skills 122(1)

DF, Brazil with research interests in RPE, Human performance, Exercise eva-luation, maximal lactate steady state, lactate minimum.

Flavio Oliveira Pires, Ph.D., is Associate Professor at School of Arts, Sciencesand Humanities, University of Sao Paulo, Brazil with research interests inCentrally-regulated effort model, RPE, Pacing strategy, Psychophysiologicalresponses to exercise.

Jonato Prestes, Ph.D., is Professor at Catholic University of Brasilia,Taguatinga DF, Brazil with research interests in Resistante training,Immunology, Exercise evaluation, Human performance, Exercise and health.

Denis Cesar Leite Vieira, M.P.E., is Associate Professor at School of Health,UDF University Center, Brazil with research interests in RPE, resistance train-ing and aging.

Tyler Clark, B.S., is Medical Graduate Student, University of Miami MillerSchool of Medicine, Miami, Florida, USA with research interests in ExercisePhysiology, Kinesiology, Joint mechanics, Behavioral Responses to Activity.

Eduard Tiozzo, Ph.D., is Instructor/AHA fellow at Department of Psychiatryand Behavioral Sciences, University of Miami, Miami, FL, USA with researchinterests in nutrition, dietary supplement, exercise training, and medical devicestudies in special populations.

John E. Lewis, Ph.D., M.S., is Associate Professor at Department of Psychiatryand Behavioral Sciences, University of Miami, Miami, FL, USA with researchinterests in nutrition, dietary supplement, exercise training, and medical devicestudies in special populations.

Carmen S. Grubert Campbell, Ph.D., is Professor at Catholic University ofBrasilia, Taguatinga DF, Brazil with research interests in Exercise, cognitionand health in scholars, Human performance, Chronic and acute physiologicalresponses to exercise, Role of exercise mode and intensity on blood pressure andblood glucose control.

Herbert Gustavo Simoes, Ph.D., is Professor at Catholic University of Brasilia,Taguatinga DF, Brazil with research interests in Exercise evaluation, Humanperformance, Exercise and health, Chronic and acute physiological responses toexercise, Role of exercise mode and intensity on blood pressure and bloodglucose control.

Madrid et al. 149

Corrigendum

Madrid, B., Pires, F. O., Prestes, J., Vieira, D. C. L., Clark, T., Tiozzo, E., Lewis, J. E.,

Campbell, C. S. G., & Simões, H. G. (2016). Estimation of the Maximal Lactate Steady State

Intensity by the Rating of Perceived Exertion. Perceptual & Motor Skills, 122(3), 136 49.

(Available here: http://pms.sagepub.com/content/122/1/136.abstract)

1. The second affiliation of the co-author Denis César Leite Vieira is “School of Health

University Center (UDF), Brasília, Distrito Federal, Brazil” and not “University

Center (UDF), Brasília, Distrito Federal, Brazil”

2. Figure 1’s caption should read “Example of the lactate minimum intensity identified

by polynomial adjustment. The lactate minimum intensity was obtained through a

derivation of the quadratic equation (LM = b/2a). The R2 mean = .89 and SD =.13.”

and not “Example of the lactate minimum intensity identified by polynomial

adjustment. The lactate minimum intensity was obtained through a derivation of the

quadratic equation (LM = b/2a). The R2 mean = .98 and SD =.13.”

3. First row of Table 1 should read:

4. Footnote of Table 2 should read “RPE-13: rating of perceived exertion of 13. LM:

lactate minimum. MLSS: maximal lactate steady state. F(2,20)=1.75, p=.20,

Power=.32.”

5. On page 142, line 2 should read “different from each other (p > .05).”

6. On page 145, line 30 should read “(SD = 25; Denadai et al., 2004)” and not “(SD=25)

(Denadai et al., 2004)”.

Variable

Rest RPE 10 RPE 13 RPE 16

M SD M SD M SD M SD

Workload (watts)* - - 114 23 148 18 187 24

60

5 ARTIGOS CIENTÍFICOS EM FASE DE SUBMISSÃO

Referência:

MADRID, B.; OLHER, R. R.; FARIAS, D. L.; CUNHAS, R. R.; OKANO, A. H.; PEREIRA,

R. W.; SIMÕES, H. G. Efeitos da estimulação transcraniana por corrente contínua sobre a

variabilidade da frequência cardíaca e desempenho em corrida de 3000 metros. 2016.

61

EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA

SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E DESEMPENHO EM

CORRIDA DE 3000 METROS

Bibiano Madrid, Rafael dos Reis Olher, Darlan Lopes de Farias, Rafael Rodrigues da Cunha,

Alexandre Hideki Okano, Rinaldo Wellerson Pereira, Herbert Gustavo Simões.

Resumo:

A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma estratégia de

neuromodulação que tem sido utilizada clinicamente pela área médica. Evidências indicam a

eficácia desta técnica em melhorar o desempenho físico. Portanto, o objetivo do presente

estudo foi verificar os efeitos da ETCC anódica aplicado sobre o lobo temporal esquerdo (T3)

na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e no desempenho em teste de corrida de 3000

metros em corredores recreacionais. Onze corredores recreacionais (31,5 ± 8,3 anos, 24,6 ±

1,7 kg/m2, 47,3 ± 2,9 mL.kg-1.min-1) participaram do estudo. Os participantes foram

submetidos a três visitas. Sendo a primeira para anamnese e teste ergoespirométrico. As duas

sessões seguintes, em ordem randômica, para verificar os efeitos da ETCC ou Sham, sobre a

VFC e desempenho no teste de corrida de 3000 metros. Estas sessões foram compostas por 10

min de repouso seguidos de 20 min de ETCC. Após este período, os participantes executaram

6 min de ambientação e em seguida o teste de corrida de 3000 metros. Quanto a VFC a ETCC

anódica reduziu o Low Frequency (LF), aumentou o High Frequency (HF) e reduziu a razão

LF/HF quando comparado ao momento pré-estimulação; quanto ao teste de 3000 metros a

ETCC melhorou significativamente o desempenho dos corredores, baixando o tempo em

média 10 segundos. Devido à baixa ocorrência de efeitos colaterais e aos bons resultados

obtidos, a ETCC tem demonstrado ser uma ferramenta com potencial para uso com finalidade

de melhoria do desempenho físico e esportivo.

Palavras-chave: Estimulação transcraniana por corrente contínua, variabilidade da frequência

cardíaca, teste de corrida de 3000 metros.

62

Introdução

A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma estratégia de

estimulação cerebral não invasiva, que modula o potencial de repouso da membrana neural,

alterando assim a excitabilidade cortical. A ETCC pode ser realizada por corrente elétrica

anódica ou catódica. A corrente anódica promove uma despolarização da membrana,

facilitando assim o disparo neural (BRUNONI, BOGGIO e FREGNI, 2012). Clinicamente, a

ETCC tem sido utilizada no tratamento da depressão (PALM et al., 2012), Alzheimer

(BOGGIO et al., 2011), Parkinson (BOGGIO et al., 2006), dor crônica (ANTAL; PAULUS,

2010), na reabilitação pós-acidente vascular cerebral (BOLOGNINI et al., 2011). Nas

Ciências do Exercício e Esporte tem sido aplicada na regulação do apetite (MONTENEGRO

et al., 2012), gasto energético (MONTENEGRO et al., 2014), modulação do sistema nervoso

em repouso (MONTENEGRO et al., 2011) e exercício, e mais recentemente, na melhoria do

desempenho físico (OKANO et al., 2015).

O sistema nervoso autônomo controla a maior parte das funções viscerais do

organismo, como a frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal; dentre outras

(HALL, 2011). Sendo que, as interações entre as vias simpática e parassimpática que compõe

o sistema nervoso autônomo fazem uma eficiente modificação da frequência cardíaca. Por sua

vez, as oscilações dos intervalos entre os batimentos cardíacos, intervalos R-R da onda do

eletrocardiograma, são conhecidos como variabilidade da frequência cardíaca (VFC)

(VANDERLEI et al., 2009). Entretanto, a prática de exercícios físicos nas suas diferentes

intensidades altera de maneira efetiva a VFC (OKANO et al., 2015; SALES et al., 2011).

A ETCC anódica aplicada sobre o lobo temporal do hemisfério esquerdo do cérebro

(T3) e altera a VFC em ciclistas de estrada participantes de competições nacionais, mas não

promove alteração significativa da VFC em sujeitos sedentários (MONTENEGRO et al.,

2011). Já com relação à melhoria do desempenho físico, Okano et al. (2015) investigaram os

efeitos da ETCC anódica sobre um teste incremental em cicloergômetro e verificaram uma

redução significativa da frequência cardíaca e uma tolerância maior ao esforço máximo

quando comparado à situação controle em ciclistas. Os achados indicam a possibilidade de a

ETCC promover melhoria do desempenho físico em teste máximo incremental com duração

média em torno de 12 minutos.

Não obstante, diferentes protocolos de avaliação funcional são utilizados tanto para

determinação de parâmetros da aptidão aeróbia, quanto para estimar intensidades de esforço

físico associado a eles (SILVA et al, 2005; SVEDAHL; MACINSTOSH, 2003). Neste ponto,

destacam-se os testes de campo, por seu baixo custo, simplicidade metodológica e boa

63

especificidade (ALMEIDA et al., 2010; SOTERO et al, 2009). Um teste de campo muito

utilizado é o de corrida de 3000 metros, que possui predominância aeróbia quanto a sua

contribuição energética (DUFFIELD; DAWSON; GOODMAN, 2005), e apresenta boa

capacidade de predição do condicionamento aeróbia, se correlacionando positivamente com o

limiar anaeróbio, velocidade crítica (SIMÕES et al., 2005), economia de corrida

(BRAGADA; BARBOSA, 2007), consumo máximo de oxigênio e a velocidade associada a

este consumo máximo (YAMAJI; IGARASHI; IGUCHI, 2008).

Embora a literatura científica evidencie a eficácia da técnica para melhorar o

desempenho físico de ciclistas, não encontramos estudos que tenham verificado os efeitos da

ETCC sobre a atividade de corrida ou sobre estudos que investigaram estes efeitos sobre a

potência aeróbia. Portanto, o presente estudo tem como objetivo verificar os efeitos da ETCC

anódica aplicada sobre o lobo temporal esquerdo (T3) na VFC e sobre o desempenho em teste

de corrida de 3000 metros em corredores recreacionais. Nossa hipótese era a de que o

procedimento utilizado para estimulação transcraniana modificasse a VFC e melhorasse o

desempenho no teste de corrida de 3000 metros.

Métodos

Procedimentos éticos e amostra

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade

Anhanguera (parecer 556.068/2014). A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Estudos em

Educação Física e Saúde (Leefs) da Universidade Católica de Brasília (UCB). A amostra foi

formada por onze voluntários do sexo masculino (31,5 ± 8,3 anos, 24,6 ± 1,7 kg/m2, 47,3 ±

2,9 mL.kg-1.min-1), praticantes de treinamento de corrida e participantes de corridas de rua em

provas de 5 e 10 km há pelo menos um ano. Como critérios de exclusão os participantes não

podiam fazer uso de medicação, ter doença(s)/disfunções no histórico de saúde ou outros

problemas que pudessem comprometer a integridade física e a participação na pesquisa. Os

participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e foram submetidos a

uma detalhada anamnese, onde se investigou seu histórico esportivo, médico e nutricional.

Procedimentos Experimentais

Os voluntários foram orientados a se manterem hidratados e a realizar sua dieta

normal, evitando alimentos de alto índice glicêmico nas 2 horas antecedentes aos testes. Foi

solicitado também, que nas 48 horas antecedentes aos experimentos os participantes não

64

realizassem esforço físico e não ingerissem bebidas alcoólicas ou estimulantes à base de

cafeína.

Os testes foram realizados por cada voluntário em um período máximo de duas

semanas e com um intervalo mínimo de 48 horas entre cada teste, realizadas sempre no

mesmo horário do dia. Na primeira visita foi realizada anamnese, coletadas as medidas de

massa corporal e estatura (Balança/Estadiômetro Filizola) e foi realizado o teste

ergoespirométrico para avaliação cardiovascular e determinar o consumo máximo de oxigênio

para fins de caracterização da amostra.

No teste ergoespirométrico incremental foi feita a análise dos gases espirados

(Metalyzer 3B, Cortex, Alemanha). Antes do teste era realizado um período de 6 minutos de

ambientação na própria esteira ergométrica com velocidade ajustada para uma percepção

subjetiva de esforço (PSE) entre 11 e 13 da Escala de Borg original (variação de 6-20). O

teste foi realizado com inclinação fixa de 1% e incrementos de 0,5 km/h a cada três minutos

até a exaustão voluntária máxima. A velocidade inicial foi individualizada em 1 km/h a menos

que velocidade desenvolvida durante a ambientação.

Nas sessões 2 e 3, de maneira randômica, foram aplicados a ETCC com estimulação

anódica ou Sham e a VFC foi coletada constantemente durante os experimentos. Estas sessões

eram iniciadas com um repouso de 10 minutos, seguidos de 20 minutos de ETCC/Sham, 6

minutos de ambientação com corridas leves com a intensidade correspondente a uma PSE

entre 11 e 13, 15 minutos de recuperação e o teste de corrida de 3000 metros.

ETCC

A ETCC seguiu a montagem proposta por Fregni et al. (2006) com a aplicação de

eletrodos de 35 cm2 com esponjas embebidas em solução salina. A colocação dos

eletrodos seguiu os procedimentos utilizados por Okano et al. (2015), com base no

sistema internacional 10-20 de EEG (Eletroencefalograma) para localização dos pontos

anatômicos, cujo eletrodo ânodo foi posicionado em T3 (lobo temporal esquerdo) com

objetivo de modular o córtex insular esquerdo. Por sua vez o cátodo foi posicionado

na região supra-orbital direita (Fp2).

A corrente elétrica fo i produzida por estimuladores do tipo galvano-farádico

devidamente aferidos para verificação da confiabilidade da forma e intensidade de

corrente. O estímulo foi feito com corrente contínua de 2 mA durante 20 minutos. A

aplicação placebo (conhecida como Sham) foi realizada com a disposição dos eletrodos

da mesma forma, porém após um minuto de aplicação da ETCC a corrente foi

65

desligada e o indivíduo permaneceu durante todo o período com os eletrodos afixados

normalmente assim como na sessão experimental e não foi informado a ele a respeito do

desligamento da corrente elétrica (GANDIGA, HUMMEL e COHEN, 2006).

Variabilidade de frequência cardíaca (VFC)

A análise da variabilidade de frequência cardíaca (VFC) foi realizada com monitores

de frequência cardíaca da marca Polar® modelo RS800CX (Polar Electro Oy, Kempele,

Finlândia). Os dados foram analisados nos softwares Polar Pró Trainer e Kubius HRV. Os

artefatos, quando necessário, foram removidos manualmente. Para a VFC foram assumidos

valores absolutos da média entre intervalos R-R. Para análise foi utilizado o domínio da

frequência, onde as potências espectrais foram obtidas pelas bandas Low Frequency (LF –

0,04 a 0,15 Hz) e High Frequency (HF – 0,15 a 0,40 Hz) que refletem respectivamente a

atividade simpática e parassimpática; também foi obtida a razão LF/HF que é um índice do

balanço simpático-vagal (MONTENEGRO et. al., 2011). Para análise da VFC estratificamos

os dados em intervalos de 5 minutos em momentos específicos: 1) pré-estimulação: últimos 5

minutos do repouso. 2) Estimulação: os 5 minutos finais deste período, ainda durante o ETCC

anódica ou Sham.

Teste de 3000 metros

Os participantes executaram um teste de corrida de 3000 metros em pista de atletismo

de concreto. Os voluntários foram orientados a percorrer a distância no menor tempo possível,

com estratégia de pace e sprints livre. O tempo foi cronometrado com cronômetros manuais

(BRAGADA; BARBOSA, 2007; DUFFIELD; DAWSON; GOODMAN, 2005; SIMÕES et

al., 2005; YAMAJI; IGARASHI; IGUCHI, 2008)

Análise Estatística

Os dados foram expressos através de média e (±) desvio padrão. Nos dados

referentes à VFC devido a grande variação dos índices espectrais de LF, HF e razão LF/HF,

os dados foram transformados em logaritmos naturais, permitindo a análise através de testes

estatísticos paramétricos. A normalidade dos dados foi testada por meio do teste de Shapiro-

Wilk e depois de confirmada a distribuição normal, deu-se sequência a análise. Sendo que,

para verificar as diferenças na VFC do momento pré-estimulação com o momento

estimulação (ETCC anódica ou Sham) e para comparar o desempenho no teste de 3000

metros entre ETCC e Sham utilizou-se o teste “t de student” pareado e o valor de “r”

66

calculado pela Equação de Rosenthal foi adotado como tamanho do efeito (FIELD, 2009).

Todos os procedimentos estatísticos foram realizados com auxílio dos softwares SPSS

(versão, 22.0) e Microsoft Excel (versão 2010); foi adotado o nível de significância de p≤

0,05.

Resultados

A variabilidade da frequência cardíaca, quanto a variável LF e razão LF/HF

apresentaram uma redução estatisticamente significante na sessão em que foi aplicado ETCC

quando comparado ao momento pré-estimulação. Já o HF apresentou um aumento

significativo na sessão com a ETCC anódica quando comparado ao momento pré-

estimulação. Já na sessão Sham não foi verificado diferença significativa em nenhuma das

variáveis analisadas quanto a VFC. Ainda, nas analises aplicadas, a LF apresentou o tamanho

do efeito de 0,61 na estimulação anódica e 0,55 na sessão Sham, já o HF apresentou tamanho

do efeito de 0,68 na estimulação anódica e 0,38 na sessão Sham e a razão LF/HF apresentou

tamanho do efeito de 0,59 na estimulação anódica e 0,49 na sessão Sham. Estas comparações

podem ser mais bem visualizadas na figura 1.

*** inserir figura 1.

Já os resultados obtidos com a ambientação de 6 minutos e o teste de 3000 metros

estão expostos na tabela 1. Não houve efeito da ETCC sobre a distância percorrida e sobre a

frequência cardíaca durante a ambientação de 6 minutos. Já no teste de 3000 metros foi

verificada uma diminuição significativa no tempo, sendo os atletas em média 10 segundos

mais rápidos. Ainda, os participantes apresentaram uma frequência cardíaca final menor no

dia em que foi submetido ao ETCC quando comparado à condição Sham, contudo não

significante.

Discussão

Nossa hipótese inicial, que veio a se confirmar, era de que a ETCC alteraria a

atividade do sistema nervoso autônomo, verificado por meio da VFC e melhoraria o

desempenho no teste de corrida de 3000 metros. Para tal, foi encontrada uma modificação na

VFC em ambas às análises realizadas pelo domínio da frequência, seja em LF, HF e razão

LF/HF do momento ETCC quando comparado com o repouso; alterações estas que não

aconteceram na sessão Sham. Não obstante, foi verificado que a ETCC melhorou o

67

desempenho no teste de 3000 metros, com uma redução significativa no tempo de execução

do teste, deixando os corredores em média 10 segundos mais rápidos.

Os componentes de LF na VFC são decorrentes de uma ação conjunta dos

componentes vagal e simpático sobre o coração, com predominância do sistema nervoso

simpático. Já o HF corresponde a um indicador da estimulação vagal do coração. Por sua vez

a razão LF/HF é um indicador do balanço simpático/vagal do coração (VANDERLEI, 2005).

Sendo que, no presente trabalho foi encontrada uma redução do LF quando comparado ao

repouso o que remonta a uma menor atividade simpática decorrente da ETCC. Verificou-se

ainda, um aumento do HF, nos dando bons indícios de um aumento da atividade

parassimpática com a ETCC anódica. Foi observado também, uma diminuição da razão

LF/HF, confirmando os achados quanto a LF e HF. Ambos os resultados mostram uma

redução da atividade simpática e um aumento da atividade parassimpática, parecendo haver

um possível aumento da reserva cronotrópica, o que poderia explicar a melhora no

desempenho.

Montenegro et al. (2011) aplicando a ETCC anódica com metodologia semelhante a

do presente estudo, verificaram que a ETCC alterou a VFC em ciclistas competidores de nível

nacional de maneira similar ao ocorrido no presente estudo, ou seja, uma redução no LF,

aumento no HF e diminuição da razão LF/HF. Contudo, a ETCC não alterou a VFC em

indivíduos sedentários. No presente estudo, a amostra foi composta por corredores amadores

engajados na modalidade há no mínimo um ano, ou seja, embora praticantes da modalidade,

os atletas amadores possuíam pouca experiência e mesmo assim verificamos efeitos positivos

da ETCC sobre a VFC e consequentemente sobre o sistema nervoso autônomo. Esta alteração

da VFC com a ETCC verificada na literatura e corroborada no presente estudo se daria por

uma possível excitação do córtex insular esquerdo, que se localiza em área subcortical abaixo

do lobo temporal e controlaria a atividade parassimpática ligada à frequência cardíaca

(OPPENHEIMER et al., 1992).

Em estudo que analisou os efeitos da ETCC anódica em T3 sobre o desempenho em

teste máximo em cicloergômetro em ciclistas, Okano et al. (2015) verificaram um aumento na

carga em que ocorreu o limiar de VFC, na potência máxima produzida, com consequente

aumento do tempo de exaustão. Os autores verificaram também que em cargas submáximas

ocorreu uma redução na frequência cardíaca e na PSE. No estudo supracitado foi verificado

uma melhora de desempenho em uma tarefa fechada, teste de esforço máximo em

cicloergômetro. No presente trabalho o indivíduo correu 3000 metros para o menor tempo

possível, tendo liberdade para escolher o seu pace e sua estratégia de corrida. Mesmo com

68

esta peculiaridade, verificamos uma melhora no desempenho. Este aspecto metodológico e o

resultado obtido são a grande contribuição de nosso trabalho para trazer um melhor

entendimento à comunidade científica a respeito dos benefícios do uso da ETCC anódica no

desempenho esportivo.

Ao estimular ambos os hemisférios cerebrais, colocando um eletrodo sobre o ponto

central Cz para estimular o córtex motor e o segundo eletrodo na protuberância occipital

(também conhecida como inion) em indivíduos fisicamente ativos e submete-los a um teste de

exaustão máxima com carga de trabalho fixada em 80% da potência máxima obtida em teste

incremental em cicloergômetro, Victor-Costa et al. (2015) verificaram aumento no tempo de

exaustão da sessão em que os participantes foram submetidos a uma ETCC anódica quando

comparada com as sessões com estimulação catódica e Sham. Contudo, os autores não

encontraram diferenças significantes na frequência cardíaca, na PSE, na atividade

eletromiográfica e no humor. Portanto, a aplicação de ETCC anódica sobre o córtex motor

também parece eficiente para melhorar o desempenho físico.

Estudos futuros poderiam se propor a verificar a influência da ETCC sobre distâncias

consideradas olímpicas, como 800, 1500, 5000 e 10000 metros. Como também poderia se

verificar a influência do ETCC sobre outras modalidades esportivas, bem como verificar a

influência da ETCC anódia sobre outros diferentes pontos da calota craniana. Como

limitações do presente estudo está o fato de não possuímos em nosso centro de pesquisa

tecnologia suficiente para mapear a atividade cerebral e vermos de uma maneira mais precisa

o que acontece no cérebro quando o submetemos um indivíduo a uma ETCC anódica, para

verificarmos se de fato excita o córtex insular. Ainda, a medida da VFC através de um

frequencímetro é considerada uma técnica indireta para aferição da atividade autonômica.

Conclusão

A ETCC anódica aplicada sobre o lobo temporal esquerdo (T3) alterou a VFC

reduzindo o LF, aumentando HF e diminuindo a razão LF/HF, ou seja, reduzindo a atividade

simpática antes da atividade física. Ainda, por consequência da ETCC aplicada previamente

aos testes de desempenho, verificamos uma melhora significativa no desempenho dos

corredores recreacionais no teste de corrida de 3000 metros, melhorando o tempo de corrida

em média em 10 segundos.

69

Referências Bibliográficas

ALMEIDA J. A.; CAMPBELL, C. S. G.; PARDONO, E.; et al. Validade de equações de predição em estimar o VO2max de Brasileiros jovens a partir do desempenho em corrida de 1.600m. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 16, p. 57-60, 2010. ANTAL, A.; PAULUS, W. Transcranial magnetic and direct current stimulation in the therapy of pain. Schmerz, v. 24, n. 2, p. 161–166, 2010. BRAGADA, J. A.; BARBOSA, T. M. Estudo da relação entre variáveis fisiológicas, biomecânicas e o rendimento de corredores portugueses de 3000 metros. Rev Port Cienc Desp, v. 7, n. 3, p. 291-298, 2007. BOGGIO, P. S.; FERRUCCI, R.; RIGONATTI, S. P.; et al. Effects of transcranial direct current stimulation on working memory in patients with Parkinson’s disease. J Neurol Sci, v. 249, n. 1, p. 31–38, 2006. BOGGIO, P. S.; VALASEK, C. A.; CAMPANHÃ, C.; et al. Non-invasive brain stimulation to assess and modulate neuroplasticity in Alzheimer’s disease. Neuropsychol Rehabil, v. 21, n. 5, p. 703–16, 2011. BOLOGNINI, N.; VALLAR, G.; CASATI, C.; et al. Neurophysiological and behavioral effects of tDCS combined with constraint-induced movement therapy in poststroke patients. Neurorehabil Neural Repair, v. 25, n. 9, p. 819–29, 2011. BRUNONI, A. R.; BOGGIO, P. S.; FREGNI, F. Estimulação elétrica no sistema nervoso central: uma breve revisão histórica. In: FREGNI, F; BOGGIO, P. S.; BRUNONI, A. R. Neuromodulação terapêutica: princípios e avanços da estimulação cerebral não invasiva em neurologia, reabilitação, psiquiatria e neuropsicologia. São Paulo: Servier, p. 3-20, cap. 1, 2012. DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 1500- and 3000-metre track running. Journal of Sports Science, v. 23, n. 10, p. 993-1002, 2005. FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. FREGNI, F.; BOGGIO, P. S.; NITSCHE, M. A.; et al. Cognitive effects of repeated sessions of transcranial direct current stimulation in patients with depression. Depress Anxiety, v. 23, n. 8, p. 482-484, 2006. GANDINGA, P. C.; HUMMEL, F. C.; COHEN, L. G. Transcranial DC stimulation (tDCS): A tool for double-blind sham-controlled clinical studies in brain stimulation. Clinical Neurophysiology, v. 117, n. 4, p. 845-850, 2006. HALL, J. E. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 12a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. MONTENGRO, R. A.; FARINATTI, P. T. V.; FONTES, E. B.; SOARES, P. P. S.; CUNHA, F. A.; GURGEL, J. L.; PORTO, F. CYRINO, E. S.; OKANO, A. H. Transcranial direct current stimulation influences the cardiac autonomic nervous control. Neuroscience Letters, v. 497, p. 32-36, 2011.

70

MONTENEGRO, R. A.; OKANO, A. H.; CUNHA, F.A.; GURGEL, J. L.; FONTES, E. B.; FARINATTI, P. T. Prefrontal cortex transcranial direct current stimulation associated with aerobic exercise change aspects of appetite sensation in overweight adults. Appetite, v. 58, p. 333–338, 2012. MONTENEGRO, R. A.; OKANO, A. H.; CUNHA, F. A.; FONTES, E. B.; FARINATTI, E. B. Does prefrontal cortex transcranial direct current stimulation influence the oxygen uptake at rest and post-exercise? Int J Sports Med, v. 35, n. 6, p. 459-464, 2014. OKANO, A, H.; FONTES, E. B.; MONTENEGRO, R. A.; FARINATTI, P. T. V.; CYRINO, E. S.; LI, L. M.; BIKSON, M.; NOAKES, T. D. Brain stimulation modulates the autonomic nervous system, rating of perceived exertion and performance during maximal exercise. Br j Sports Med, v. 49, n. 18, p. 1213-1218, 2015. OPPENHEIMER, S. M.; GELB, A.; GIRVIN, J. P.; RACHINSKI, V. C. Cardiovascular effects of human insular córtex stimulation. Neurology, n. 42, v. 9, p. 1727-1732, 1992. PALM, U.; SCHILLER, C.; FINTESCU, Z.; et al. Transcranial direct current stimulation in treatment resistant depression: a randomized double-blind, placebo-controlled study. Brain Stimul, v. 5, n. 3, p. 242–251, 2012. SALES M. M., CAMPBELL, C. S. G.; MORAIS, P. K.; et al. Noninvasive method to estimate anaerobic threshold in individuals with type 2 diabetes. Diabetology and metabolic syndrome, v. 12, p.1-11, 2011. SILVA, L. G. M.; PACHECO, M. E.; CAMPBELL, C. S. G.; et al. Comparison between direct and indirect protocols of aerobic fitness evaluation in physically active individuals. Revista brasileira de medicina do esporte, v. 11, n. 4, p. 209e-212e, 2005. SIMÕES, H. G.; DENANDAI, B. S.; BALDISSERA, V.; et al. Relationships and significance of lactate minimum, critical velocity, heart rate deflection and 3000 m track-tests for running. J Sports Med Phys Fitness, v. 45, n. 4, p. 441-451, 2005. SVEDAHL, K.; MACINTOSH, B. R. Anaerobic threshold: the concept and methods of measurement. Can J Appl Physiol, Champaign, v. 28, n. 2, p. 299-323, 2003. SOTERO, R. C.; PARDONO, E.; CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES H. G. Indirect assessment of lactate minimum and maximal blood lactate steady-state intensity for physically active individuals. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 23, n. 3, p. 847-853, 2009. VANDERLEI, L. C. M.; PASTRE, C. M.; HOSHI, R. A.; CARVALHO, T. D.; GODOY, M. F. Noções básicas da variabilidade da frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev Bras Cir Carviovasc, n. 24, v. 2, p. 205-217, 2009. VICTOR-COSTA, M.; OKUNO, N. M.; BERTOLOTTI, H.; BERTOLLO, M.; BOGGIO, P. S.; FREGNI, F.; ALTIMARI, L. R. Improving cycling performance: transcranial direct current stimulation increases time to exhaustion in cycling. Plos One, v. 10, n. 12, 2015.

71

YAMAJI, K.; IGARASHI, M.; IGUCHI, F.; et al. Running Speed at Predicted Maximal Heart Rate as an Assessment of Maximal Aerobic Capacity in Trained Teenaged Runners. International Journal of Sport and Health Science, v. 6, p. 154-161, 2008.

72

Figura 1: Variabilidade da frequência cardíaca através do domínio da intensidade pelas

variáveis low frequency (LF), high frequency (HF) e pela razão LF/HF. *p ≤ 0,05 em relação

ao momento pré-estimulação.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

ETCC Sham

Pré-estimulação Estimulação

HF

(lo

g)

*

3,8

3,9

4,0

4,1

4,2

4,3

4,4

4,5

ETCC Sham

Pré-estimulação EstimulaçãoLF

(lo

g)

*

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

ETCC Sham

Pré-estimulação Estimulação

LF/H

F (

log

)

*

73

Tabela 1: Variáveis obtidas nos 6 minutos de Ambientação e no teste de corrida de 3000

metros.

Momento Variáveis ETCC Sham Tamanho do

Efeito

Ambientação

(6 minutos)

Distância Percorrida (m) 1153 ± 102 1137 ± 108 r = 0,19

FC Final (bpm) 156 ± 12 155 ± 11 r = 0,12

Corrida de

3000 metros

Tempo (seg) 779 ± 56* 789 ± 61 r = 0,60

FC Final (bpm) 187 ± 11 190 ± 9 r = 0,42

*p ≤ 0,05 quando comparado ao Sham.

74

6 CONCLUSÕES

O TAW apresentou, de maneira geral, boa reprodutibilidade em ciclistas. Em especial

a potência pico, a principal variável obtida neste teste, que apresentou boa consistência

estatística, demonstrando ser uma variável reprodutível e confiável para ser usada na

avaliação anaeróbia, podendo ser utilizada para prescrição de exercícios ou para verificar

mudanças no condicionamento anaeróbio advindos do treinamento/destreinamento. Os

resultados obtidos com o TAW no estudo apresentado vem acrescer a consolidação deste teste

como um bom método pra avaliação do desempenho anaeróbio.

O protocolo de LM com indução a hiperlactatemia individualizada pela PSE mostrou-

se reprodutível em estudantes universitários do sexo masculino, fisicamente ativos. O

protocolo de LM é um teste que tem recebido crescente destaque na literatura especializada e

o trabalho aqui apresentado, vem auxiliar na consolidação deste método como uma importante

técnica para avaliação do condicionamento aeróbio. Carecendo ainda de estudos que se

proponham a verificar a sua sensibilidade em detectar adaptações impostos por diferentes

programas de treinamento.

O protocolo de RPE-13, um protocolo com características submáximas e com cargas

de trabalho identificadas pela percepção subjetiva de esforço, mostrou-se eficiente em

identificar uma intensidade de exercício correspondente ao MEEL, revelando-se um bom

método para identificar a intensidade em que ocorre o LAn. Este protocolo se destaca também

pelo seu baixo custo e fácil aplicação. Contudo, por se tratar de um protocolo inédito, se faz

necessário novos estudos para consolidação do método.

Por sua vez, a ETCC anódica aplicada sobre o lobo temporal esquerdo modificou a

VFC, alterando assim a atividade autonômica, e por consequência melhorou o desempenho de

corredores recreacionais no teste de corrida de 3000 metros. A ETCC, que já é bastante

utilizada na clínica médica, tem apresentado nos derradeiros anos estudos muito otimistas

quanto à eficácia do seu uso na melhora do desempenho atlético. Contudo, com a ampliação

dos experimentos, podemos vislumbrar para o futuro, a possibilidade de se incluir sessões de

ETCC em programas de treinamento físico para atletas de alto rendimento.

75

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA J. A. et al. Validade de equações de predição em estimar o VO2max de Brasileiros jovens a partir do desempenho em corrida de 1.600m. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 16, p. 57-60, 2010. ANTAL, A.; PAULUS, W. Transcranial magnetic and direct current stimulation in the therapy of pain. Schmerz, v. 24, n. 2, p. 161–166, 2010. AOIKE, D. T. et al. Impact of training at ventilatory threshold on cardiopulmonary and functional capacity in overweight patients with chronic kidney disease. Jornal Brasileiro de Nefrologia, 34, 139-147, 2012. ARAUJO, G. G. et al. Anaerobic and aerobic performances in elite basketball players. Journal of Human Kinetics, v. 42, p. 137-147, 2014. ARSLAN, C. Relationship between the 30-second Wingate test and characteristics of isometric and explosive leg strength and young subjects. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 19, n. 3, p. 658-666, 2005. AYALON, A.; INBAR, O.; BAR-OR, O. Relationship among measurements of explosive strength and anaerobic power. In NELSON & MOREHOUSE (editores). International series on sports sciences, v. 1, Biomechanics IV, p. 527-532, University Park Press, Baltimore, 1974. BARON, B. et al. Maximal lactate steady state does not correspond to a complete physiological steady state. International Journal of Sports Medicine, 24, 582-587, 2003. BARON, B.; et al. Why does exercise terminate at the maximal lactate steady state intensity? Brazilian Journal of Sports Medicine, v. 42, n. 10, p. 834-838, 2008. BARON, B. et al. The role of emotions on pacing strategies and performance in middle and long duration sport events. British Journal of Sports Medicine, v. 45, p. 511–517, 2011. BAR-OR, O. The Wingate anaerobic test: An update on methodology, reliability and validity. Sports Medicine, v. 4, n. 6, p. 381-394, 1987. BENEKE, R. Methodological aspects of maximal lactate steady state-implications for performance testing. European Journal of Applied Physiology, v. 89, p. 95-99, 2003. BERTUZZI, R. C. M. et al. Metabolismo do lactato: uma revisão sobre a bioenergética e fadiga muscular. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 11, n. 2, p. 226-234, 2009. BIELIK, V. Effect of different recovery modalities on anaerobic power in off-road cyclists. Biology of Sport, v. 27, n. 1, p. 59-63, 2010. BILLAT, V. L. et al. The concept of maximal lactate steady state: a bridge between biochemistry, physiology and sport science. Sports Medicine, v. 33, p. 407-426, 2003.

76

BOGGIO, P. S. et al. Effects of transcranial direct current stimulation on working memory in patients with Parkinson’s disease. Journal of the Neurological Sciences, v. 249, n. 1, p. 31–38, 2006. BOGGIO, P. S. et al. Non-invasive brain stimulation to assess and modulate neuroplasticity in Alzheimer’s disease. Neuropsychological Rehabilitation, v. 21, n. 5, p. 703–16, 2011. BOLOGNINI, N. et al. Neurophysiological and behavioral effects of tDCS combined with constraint-induced movement therapy in poststroke patients. Neurorehabilitation Neural Repair, v. 25, n. 9, p. 819–29, 2011. BORG, G. A. Psychophysical bases of perceived exertion. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 14, n. 5, p. 377-381, 1982. BRAGADA, J. A.; BARBOSA, T. M. Estudo da relação entre variáveis fisiológicas, biomecânicas e o rendimento de corredores portugueses de 3000 metros. Revista Portuguesa de Ciencias do Desporto, v. 7, n. 3, p. 291-298, 2007. BROWN, L. E.; WEIR, J. P. ASEP procedures recommendation I: Accurate assessment of muscular strength and power. Journal of Exercise Physiology Online, v. 4, n. 3, 2001. BRUNONI, A. R.; BOGGIO, P. S.; FREGNI, F. Estimulação elétrica no sistema nervoso central: uma breve revisão histórica. In: FREGNI, F; BOGGIO, P. S.; BRUNONI, A. R. Neuromodulação terapêutica: princípios e avanços da estimulação cerebral não invasiva em neurologia, reabilitação, psiquiatria e neuropsicologia. São Paulo: Servier, p. 3-20, cap. 1, 2012. CAMPBELL, C. S. G.; SIMÕES, H. G.; DENADAI, B. S. Reprodutibilidade do limiar anaeróbio individual (iat) e lactato mínimo (lm) determinados em teste de pista. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 3, n. 3, p. 24-31, 1998. CANDOTTI, C. T. et al. Comparing the lactate and EMG thresholds of recreational cyclists during incremental pedaling exercise. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 86, n. 5, p. 272-278, 2008. CARVALHO, H. M. et al. Age-related variation of anaerobic power after controlling for size and maturation in adolescent basketball players. Annals of Human Biology, v. 38, n. 6, p. 721-727, 2001. COSO, J. D.; MORA-RODRIGUES, R. Validity of cycling peak power as measured by a short-sprint test versus the Wingate anaerobic test. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 31, n. 3, p. 186-189, 2006. CUNHA, V. N. C. et al. Oito semanas de treinamento moderado não altera a carga correspondente ao limiar de lactato em ratos idosos. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 8, n. 2, p. 277-283, 2008. DENADAI, B. S. et al. Effect of the aerobic capacity on the validaty of the anaerobic threshold for determination of the maximal lactate steady state in cycling. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 37, 1551-1556, 2004.

77

DOTAN, R. et al. Reliability and validity of the lactate-minimum test. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 51, p. 42-49, 2011. DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 1500- and 3000-metre track running. Journal of Sports Science, v. 23, n. 10, p. 993-1002, 2005. ESTON, R. et al. The effect of antecedent fatiguing activity on the relationship between perceived exertion and physiological activity during a constant load exercise task. Psychophysiology, Baltimore, v. 44, p. 779-786, 2007. ESTON, R. Use of ratings of perceived exertion in sports. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 7, p. 175-182, 2012. FARIAS, D. L. et al. Reliability of vertical jump performance evaluated with contact mat in elderly women. Clinical Physiology and Functional Imaging, v. 33, p. 288-292, 2013. GARCIN, M. et al. Factors associated with perceived exertion and estimated time limit at lactate threshold. Perceptual & Motor Skills, v. 103, p. 51-66, 2006. GONDIM, F. J. et al. Determination of the anaerobic threshold and maximal lactate steady state speed in equines using the lactate minimum speed protocol. Comparative Biochemistry and Physiology. Part A, Molecular and Integrative Physiology, v. 46, n. 3, p. 375-380, 2007. GUERRA, M.; GINÉ-GARRIGA, M.; FERNHALL, B. Reliability of Wingate testing in adolescents with Down Syndrome. Pediatric Exercise Science, v. 21, n. 1, p. 47-54, 2009. HACHANA, et al. Test-retest reliability, criterion-relation validity, and minimal detectable change of score on an abbreviated Wingate test for field sport participants. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 26, n. 5, p. 1324-1330, 2012. HALL, J. E. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 12a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. HAMPSON, D. B. et al. The influence of sensory cues on the perceived of exertion during exercise and central regulation of exercise performance. Sports Medicine, v. 31, p. 935–952, 2001. HEBESTREIT, H. et al. Single-leg wingate test in children: reliability and optimal braking force. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 31, n. 8, p. 1218-1225, 1999. HECK, H. et al. Justification of the 4-mmol/l lactate threshold. International Journal of Sports Medicine, v. 6, n. 3, p. 117-130, 1985. INBAR, O.; BAR-OR, O.; SKINNER, J. S. The Wingate Anaerobic Test. Champaign: Human Kinetics, 1996.

78

IMPELLIZZERI, F. M. et al. Correlations between physiological variables and performance in high level cross country off road cyclists. British Journal of Sports Medicine, v. 39, n. 10, p. 474-751, 2005. INOUÉ, A. et al. Relationship between anaerobic cycling tests and mountain bike cross-country performance. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 26, n. 6, p. 1589-1593, 2012. JACOBS, P. L.; MAHONEY, E. T.; JOHNSON, B. Reliability of arm Wingate anaerobic testing in persons with complete paraplegia. The Journal of Spinal Cord Medicine, v. 26, n. 2, p. 141-144, 2003. JOHNSON, M. A.; SHARPE, G. R.; BROWN, P. I. Investigations of the lactate minimum test. International Journal of Sports Medicine, 30, 448-454, 2009. KOHLER, R. M. et al. Peak power during repeated Wingate trial: implications for testing. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 24, n. 2, p. 370-374, 2010. KOTSKA, T. et al. Aerobic and anaerobic power in relation to age and physical activity in 354 men aged 20-88 years. International Journal of Sports Medicine, v. 30, p. 225-230, 2009. MADRID, B. et al. Correlação entre força de preensão manual, distância da prega palmar média e circunferência de antebraço. Revista de Educação Física, p. 15-19, 2010. MADRID, B. et al. Reprodutibilidade do protocolo de lactato mínimo com intensidade do esforço prévio individualizado pela PSE. Motriz, v. 18, n. 4, p. 646-655, 2012. MADRID, B. et al. Reprodutibilidade do teste anaeróbio de Wingate em ciclistas. Motricidade, v. 9, n. 4, p. 40-46, 2013 MADRID, B. et al. Estimation of the maximal lactate steady state intensity by the rating of perceived exertion Perceptual and Motor Skills (paper aceito para publicação), 2016. MEYER, T. et al. A conceptual framework for performance diagnosis and training prescription from submaximal gas exchange parameters - theory and application. International Journal of Sports Medicine, 26, S38-S48, 2005. MONTENGRO, R. A. et al. Transcranial direct current stimulation influences the cardiac autonomic nervous control. Neuroscience Letters, v. 497, p. 32-36, 2011. MONTENEGRO, R. A. et al. Prefrontal cortex transcranial direct current stimulation associated with aerobic exercise change aspects of appetite sensation in overweight adults. Appetite, v. 58, p. 333–338, 2012. MOREIRA, S. R. et al. Methods to identify the lactate and glucose thresholds during resistance exercise for individuals with type 2 diabetes. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 22, n. 4, p.1108-1115, 2008.

79

NAKAMURA, F. Y.; et al. Perceived exertion threshold: Comparison with ventilatory thresholds and critical power. Science & Sports, v. 24, n.3-4, p.196-201, 2009. NAKAMURA, F. Y.; MOREIRA, A.; AOKI, M. S. Monitoramento da carga de treinamento: a percepção subjetiva de esforço da sessão é um método confiável? Revista da Educação Física, v. 21, n. 1, p. 1-11, 2010. NEDER, J. A.; STEIN, R. (2006) A simplified strategy for the estimation of the exercise ventilatory thresholds. Medicine and Science in Sports and Exercise, 38, 1007-1013. NEVES, A. R. M.; DOIMO, L. A. Avaliação da percepção subjetiva de esforço e da freqüência cardíaca em mulheres adultas durante aulas de hidroginástica. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 9, n. 4, p. 386-392, 2007. OLIVEIRA, S. C. G. et al. Avaliação isocinética do tornozelo de pacientes com artrite reumatóide. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 55, n. 4, 2015. OKANO, A. H. et al. Efeito da aplicação de diferentes cargas sobre o desempenho motor no teste de Wingate. Revista Brasileira de Ciência & Movimento, v. 9, n. 4, p. 7-11, 2001. OKANO, A, H. et al. Brain stimulation modulates the autonomic nervous system, rating of perceived exertion and performance during maximal exercise. British Journal of Sports Medicine, v. 49, n. 18, p. 1213-1218, 2015. OOSTHUYSE, T. et al. Anaerobic power in road cyclists is im-proved following ten weeks of whole body vibration training. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 27, n. 2, p. 485-494, 2013. PALM, U. et al. Transcranial direct current stimulation in treatment resistant depression: a randomized double-blind, placebo-controlled study. Brain Stimulation, v. 5, n. 3, p. 242–251, 2012. PARDONO, E.; SIMÕES, H. G.; CAMPBELL, C. S. G. Efeitos de variações metodológicas sobre a identificação do lactato mínimo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.19, n. 1, p. 25-33, 2005. PARDONO, E.; et al. Maximal lactate steady-state prediction through quadratic modeling of selected stages of the lactate minimum test. Journal of Strength and Conditioning Research, 22, 1073-1080, 2008. PARDONO, P. et al. Lactato mínimo em protocolo de rampa e sua validade em estimar o máximo estado estável de lactato. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 11, n. 2, p. 174-180, 2009. PEREIRA, M. I. R.; GOMES, P. S. C. Teste de força e resistência muscular: confiabilidade e predição de uma repetição máxima – Revisão e novas tendências. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 9, n. 5, 2003.

80

PIRES, F. et al. Cardiopulmonary, blood metabolite and rating of perceived exertion responses to constant exercises performed at different intensities until exhaustion. British Journal of Sports Medicine, v. 45, p. 1119–1125, 2011. PHILIP, A. et al. Maximal lactate steady state as a training stuimuls. International Journal of Sports Medicine, v. 29, p. 475-479, 2008.

ROBERGS, R. A.; GHIASVAND, F.; PARKER, D. Biochemistry of exercise-induced metabolic acidosis. American Journal of Physiology. Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, v. 287, n. 3, p. R502-516, 2004. SALES, M. M. et al. Noninvasive method to estimate anaerobic threshold in individuals with type 2 diabetes. Diabetology & Metabolic Syndrome, v. 3, p. 1-8, 2011. SANDS, W. A. et al. Comparison of the Wingate and Bosco anaerobic tests. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 18, n. 4, p. 810-815, 2004. SILVA, L. G. M. et al. Comparison between direct and indirect protocols of aerobic fitness evaluation in physically active individuals. Revista brasileira de medicina do esporte, v. 11, n. 4, p. 209e-212e, 2005. SIMÕES, H. G. Respostas hormonais e metabólicas durantes os testes de determinação do limiar anaeróbio individual (Iat) e ponto de equilíbrio entre produção e remoção do lactato sanguíneo (Lm). 2002. Dissertação (Doutorado em Ciências Fisiológicas) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2002. SIMÕES, H. G. et al. Blood glucose threshold and the metabolic responses to incremental exercise tests with and without prior lactic acidosis induction. European Journal of Applied Physiology, v. 89, n. 6, p. 603-611, 2003. SIMÕES, H. G.; et al. Relationships and significance of lactate minimum, critical velocity, heart rate deflection and 3000 m track-tests for running. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 45, n. 4, p. 441-451, 2005. SIMÕES, H. G. et al. Polynomial modeling for the identification of lactate minimum velocity by different methods. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 49, n. 1, p. 14-18, 2009. SIMÕES, H. G. et al. Lactate threshold prediction by blood glucose and rating of perceived exertion in people with type 2 diabetes. Perceptual & Motor Skills, 111, 1-14, 2010. SMITH, M. F. et al. Method of lactate elevation does not affect the determination of the lactate minimum. Medicine and Science and Sports Exercise, v. 34, n. 11, p. 1744-1749, 2002. SOTERO, R. C. et al. Indirect assessment of lactate minimum and maximal blood lactate steady-state intensity for physically active individuals. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 23, n. 3, p. 847-853, 2009a.

81

SOTERO, R. C. et al. Blood glucose minimum predicts maximal lactate steady state on running. International Journal of Sports Medicine, v. 30, n. 9, p. 643-646, 2009b.

SOTERO, R. C. et al. Identificação do lactato mínimo de corredores adolescentes em teste de pista de três estágios incrementais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 119-122, 2011. STEGMANN, H.; KINDERMANN, W.; SHNABEL, A. Lactate kinetics and individual anaerobic threshold. International Journal of Sports Medicine, v. 2, n. 3, p. 160-165, 1981. STRUPLER, M.; MUELLER, C.; PERRET, C. Heart rate-based lactate minimum test: a reproducible method. British Journal of Sports Medicine, v. 43, n. 6, p. 432-436, 2009. SVEDAHL, K.; MACINTOSH, B. R. Anaerobic threshold: the concept and methods of measurement. Canadian Journal of Applied Physiology, Champaign, v. 28, n. 2, p. 299-323, 2003. TEGTBUR, U.; BUSSE, M. W.; BRAUMANN, K. M. Estimation of an individual equilibrium between lactate production and catabolism during exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 25, n. 5, p. 620-627, 1993. TIBANA, R. A.; et al. Relação da circunferência do pescoço com a força muscular relativa e os fatores de risco cardiovascular em mulheres sedentárias. Einstein, v. 10, n.3, 329-334. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física. 5a ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. VANDERLEI, L. C. M. et al. Noções básicas da variabilidade da frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Revista Brasileira de Cirurgia Carviovascular, n. 24, v. 2, p. 205-217, 2009. WEINSTEIN, Y. et al. Reliability of peak-lactate, heart rate, and plasma volume following the Wingate test. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 30, n. 9, p. 1456-1460, 1998. YAMAJI, K.; IGARASHI, M.; IGUCHI, F.; et al. Running speed at predicted maximal heart rate as an assessment of maximal aerobic capacity in trained teenaged runners. International Journal of Sport and Health Science, v. 6, p. 154-161, 2008. ZAGATTO, et al. Comparison between the use of saliva and blood for the minimum lactate determination in arm ergometer and cycle ergometer in table tennis players. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, n. 6, p. 481-486, 2004. ZAGATTO, A. M.; BECK, W. R.; GOBATTO, C. A. Validity of the running anaerobic sprint test for assessing anaerobic power and predicting short-distance performances. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 23, n. 6, p. 1820-1827, 2009.