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PRIVATIZAÇÃO DO SUS: UMA PROBLEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO
CAMPOS, Marco Antônio Lopes1; ARMELIN, Renata Maria Martins2
RESUMO O artigo aborda a problemática do contexto de privatização do SUS, envolvendo sua trajetória, vivência atual, aspectos positivos, enfatizando a necessidade de direcionamento e implementação de estratégias no intuito de melhorar a realidade referente ao significativo aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS de forma destoante a legislação, com vistas ao fortalecimento do SUS. Observa-se o crescente aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS, embora esta complementaridade esteja prevista na legislação, constata-se sua vertente de crescimento em detrimento dos serviços de saúde oferecidos de forma pública, caracterizando a privatização, esta traz benefícios auxiliando a prestação de serviços, entretanto estão presentes fatores deletérios nos levando a problematizar sua necessidade, e a maneira como vem sendo realizada. Tem-se como objetivo suscitar e subsidiar a problemática da privatização do SUS, possibilitando o direcionamento de discussões e analises sobre a situação atual, buscando ressaltar o importante papel da sociedade e dos gestores públicos no direcionamento de políticas públicas. Com vistas a perfazer o tema de estudo optou-se pela realização de revisão bibliográfica, desenvolvida a partir de buscas em meios eletrônicos, envolvendo legislações e textos literários. Premente é a necessidade de que se problematize sobre a privatização do SUS, compreendendo seus pontos negativos e positivos, buscando um consenso de sua atuação, entretanto deve-se buscar que realmente assim como na legislação haja igualdade entre público e privado no SUS principalmente no que se refere ao alcance do interesse público e controle por parte da sociedade para o alcance pleno deste. Palavras-chave:Privatização, Saúde, SUS. ABSTRACT The article addresses the issue of privatization of the SUS context, involving its history, current experience, positive aspects, emphasizing the need for direction and implementation of strategies in order to improve the reality regarding the significant increase of complementary actions of the private sector in the SUS so incongruous legislation, aimed at strengthening the SUS. Note the increasing complementarity of actions of the private sector in SUS, although this complementarity is provided for in the legislation, there is a strand of growth at the expense of the health services offered publicly, featuring privatization, this brings benefits assisting service delivery, but are present deleterious factors leading us to discuss your needs, and how is being held. Has aimed to raise and support the issue of privatization of the SUS, enabling the targeting of discussions and analysis on the current situation, seeking to emphasize the important role of society and public managers in the 1Mestre em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Especialista em Direito Público pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha. [email protected]. 2Acadêmica do Curso de Especialização Latu-Sensu em Gestão Pública AMOG/IFSULDEMINAS, Graduada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade São Francisco, concluído em 1998. [email protected].
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direction of public policy. In order to make up the subject of study was chosen for conducting a literature review, developed from searches of electronic media, involving legislation and literary texts. Pressing is the need for that problematizes on the privatization of the SUS, including its negatives and positives, seeking a consensus about its performance, however one must seek it really like in the legislation there is equality between public and private in SUS especially in refers to the scope of public interest and scrutiny by society to the full scope of this. Keywords: Privatization, Health, SUS.
INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda a problemática do contexto de privatização do SUS,
envolvendo sua trajetória e vivência atual contrariando os princípios constitucionais do
Sistema Único de Saúde, bem como aspectos positivos nesta relação, enfatizando a
necessidade de direcionamento e implementação de estratégias no intuito de melhorar tal
realidade referente ao significativo aumento de ações de complementariedade do setor privado
no SUS de forma destoante a legislação, com vistas ao fortalecimento do SUS.
Observa-se o crescente aumento de ações de complementaridade do setor privado no
SUS, embora esta complementaridade esteja prevista na legislação, constata-se no SUS sua
vertente de crescimento em detrimento dos serviços de saúde oferecidos de forma pública,
caracterizando, portanto a privatização do SUS.
A escolha do tema se deve a formação da percepção da importância do sistema único
de saúde para nosso país, constatando ser este motivo de interesse coletivo, sendo que a partir
dos quais emergiu a questão da privatização do SUS, representando uma dúvida quanto a seus
benefícios ou efeitos deletérios, instigando a busca por respostas e soluções para o
enfrentamento diante do cenário atual da saúde pública, questão esta também que se faz
presente em todo cenário de gestão pública de nosso país.
Este tem como objetivo suscitar e subsidiar a problemática da privatização do SUS,
possibilitando o direcionamento de discussões e analises sobre a situação atual, buscando
ressaltar o importante papel da sociedade e dos gestores públicos no direcionamento de
políticas públicas que visem o interesse público.
Com vistas a perfazer o tema de estudo e indo de encontro ao objetivo proposto optou-
se pela realização de uma revisão bibliográfica, com vistas a buscar contribuições de diversas
fontes bibliográficas para o estudo. Assim o presente foi desenvolvido a partir de buscas em
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meios eletrônicos, envolvendo legislações e textos literários de diversos autores, como
BORGES (2012); CAMPOS [2011]; OCKÉ-REIS; SOPHIA (2009); SANTOS (2010), os
quais estão presentes ao longo do texto.
Ao longo do texto estão presentes informações a cerca do SUS, suas características,
diretrizes, ações desenvolvidas, tendo por objetivo buscar a compreensão de sua realidade e
vivencia, bem como justificar a existência de previsão legal de complementaridade do setor
privado. Também se faz presente a conceituação da privatização do SUS, apresentação de
fatores contributivos e deletérios, com vistas a buscar a compreensão desta realidade,
embasando assim a problemática em questão.
No decorrer do texto seguem-se aspectos referentes a crescente privatização do SUS
através da apresentação de dados e situações presentes em nossa realidade, objetivando
promover o levantamento do cenário atual da privatização, promovendo o questionamento
quanto a sua real necessidade aliado a desconfiguração do caráter complementar do setor
privado no SUS, assim como do SUS propriamente dito. Segue-se com a apresentação dos
fatores desencadeantes deste, demonstrando ser desencadeado por uma série de fatores que
aliados determinam a crescente da privatização do SUS, tendo por objetivo demonstrar a
crescente da situação da privatização, sua presença mascarada em nossa sociedade.
Por fim seguem questões sobre a necessidade de mudança deste cenário e busca pelo
fortalecimento do SUS, objetivando demonstrar a necessidade de se promover esta mudança e
motivar gestores e comunidade quanto a esta necessidade e sua importante participação neste
processo.
Premente é a necessidade de que se problematize cada vez mais sobre a privatização
do SUS, compreendendo seus pontos negativos e positivos, buscando um consenso de sua
atuação tendo em vista seus fatores positivos, entretanto deve-se buscar que realmente assim
como na legislação haja igualdade entre público e privado no SUS principalmente no que se
refere ao alcance do interesse público e controle por parte da sociedade para o alcance pleno
deste.
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2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Constantes foram as lutas e buscas da população por melhores condições de saúde e
vida, assim a partir da culminância dessas ações surge um novo sistema de saúde em nosso
país, O Sistema Único de Saúde – SUS.
O surgimento do SUS iniciou-se nos anos 70 e 80 do século XX a partir da iniciativa
popular através de um movimento, denominado movimento sanitário, envolvendo
profissionais da saúde, donas de casa, trabalhadores, religiosos, tendo por objetivo a criação
de um sistema público que solucionasse os problemas relacionados ao atendimento de saúde.
A idéia precípua é a de que todos têm direito a saúde e o dever de alcançar objetivos para
tanto é do governo em conjunto com a sociedade. (BRASIL/MS, [20--?]).
A partir deste momento histórico, a sociedade passou a reivindicar e exigir melhores
condições de saúde, validando a concepção de que o alcance de condições ideais e pertinentes
as necessidades se fazia possível a partir do trabalho e direcionamento de esforços de forma
conjunta entre sociedade e governo.
A Constituição Federal de 1988 traz a saúde como dever do Estado e a partir da qual
se formularam legislações, determinando a criação de um sistema de saúde público,
demonstrando a preocupação do Estado na formulação de políticas públicas visando atender a
esta indicação constitucional e anseio e busca da população por melhores condições de saúde.
A Constituição Federal de 1988 determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população. Para tanto, criou o Sistema Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do Sistema. Portanto, o SUS resultou de um processo de lutas, mobilização, participação e esforços desenvolvidos por um grande número de pessoas.(BRASIL/MS, [20--?], p. 01).
A criação do SUS se deve a conscientização e mobilização social ocorrida,
determinando sua criação e implementação, ressaltando neste processo a busca pela cidadania
e a efetivação dos direitos do cidadão. Através de suas ações a sociedade pode demonstrar
suas necessidades e realidades e desta forma sensibilizar o governo para direcionar políticas
públicas indo de encontro a tais.
O Sistema Único de Saúde – SUS foi criado tendo como finalidade promover a
alteração da situação de desigualdade vigente na assistência a saúde, estabelecendo
obrigatoriedade no atendimento aos cidadãos, sendo vedada a cobrança pela prestação de
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serviços; foi criado pela Constituição Federal de 1988, sendo regulamentado pelas Leis n°
8080/90 e n° 8142/90. (BRASIL/MS, [20--?]).
As legislações que embasam o SUS confirmam que a saúde é um direito dos cidadãos.
Assim temos que nos termos do Art. 196 da Constituição Federal de 1988:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 2010, p. 33).
Ênfase deve ser dada a este artigo da Constituição Federal, pois se faz a base para a
criação de um sistema de saúde dotado de características importantes como acesso universal e
igualitário e oferecimento de serviços envolvendo promoção, proteção e recuperação da
saúde.
A Lei n° 8080/90 em seu art. 2° traz que: “A saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.”
(BRASIL, 2008).
Observa-se referida preocupação do estado relacionado a saúde da população, fato
presente na Constituição Federal de 1988, norteadora da criação do SUS através da Lei n°
8080/90, visto a existência de relevante e constante aspiração e preocupação dos cidadãos
envolvendo questões relacionadas a saúde, assim consolidou-se a visão quanto a importância
desse fato por parte doEstado, que considera a saúde como um dever do cidadão.
Complementando os apontamentos sobre a saúde pública apresentados temos a Lei
norteadora do SUS (n° 8080/90) que traz em seu Art. 7° os princípios do SUS, estes que são
diretrizes da implantação e efetivação do mesmo, conforme segue abaixo:
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal,obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
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VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
Observa-se que importantes são os princípios norteadores do SUS, os mesmos também
revelam a extensão e complexidade envolvida no desenvolvimento de suas ações. Assim
conforme apresentado o Sistema Único de Saúde representa um plano de saúde público, sobre
responsabilidade do Estado, em que todos os cidadãos tem direito ao acesso a saúde,
representando uma política pública que vem de encontro as necessidades da população
relacionada a saúde, seus objetivos defrontam-se com a realidade e enfrentamento da mesma,
buscando a qualidade, além de igualdade no atendimento aos cidadãos. O SUS em sua
realidade e complexidade apresenta reflexos positivos e negativos de suas ações na sociedade.
Ocké-Reis; Sophia (2009) consideram o SUS um dos maiores sistemas públicos de
saúde do mundo, sendo o responsável pelos crescentes números do Brasil relacionados a área
de transplante de órgãos realizados. Fator determinante em relação ao SUS e sua percepção
frente aos sistemas de saúde relaciona-se a sua integralidade de atuação, envolvendo
assistência básica, tratamentos de média e alta complexidade, serviços de emergência,
implementação do Programa de Saúde da Família (PSF); são referências internacionais o
programa de vacinação e programa de HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana); destacam-
se a realização de pesquisas em diversas áreas da ciência, inclusive com células- tronco.
Santos (2007) apud Cordeiro et al (2010) acrescenta as seguintes qualidades ao
serviços oferecidos pelo SUS: considerável quantidade de atendimentos nas unidades básicas,
consultas, procedimentos especializados, exames, internações, destacando o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), ações de vigilância em saúde, desenvolvimento de
conhecimentos e tecnologias em imunobiológicos, fármacos, informação e gestão.
Contudo observa-se o crescente aumento do leque de serviços oferecidos pelo SUS
assim como expressiva amplitude de cobertura, com avanços nos serviços de atenção básica,
tratamentos e exames de alta complexidade em todo o país. Em contrapartida apesar da
evidenciação de sucesso, são percebidos pontos de conflito na implementação das ações do
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SUS como baixa oferta de serviços especializados e de diagnóstico, terapias complementares
(SADT), cirurgias eletivas, permeadas por dificuldades de acesso e grande demanda em listas
de esperas. (PORTO, SANTOS, UGÁ, 2006 apud CORDEIRO ET AL 2010).
O Sistema Único de Saúde em suas legislações e normatizações representa um sistema
público de saúde em potencial, suas ações envolvem vários níveis de complexidade de
atenção a saúde, buscando atingir a integralidade dos serviços de saúde oferecidos a
população. Conforme mencionado várias são as áreas e ações promovidas pelo SUS na
atualidade que merecem destaque, demonstrando ser um sistema de saúde que tem seus
pontos positivos, mas que também apresenta críticas relacionadas a aspectos destoantes em
relação a suas ações e normatizações.
A existência de tal realidade nos leva a constatar que as ações desenvolvidas pelo
SUS, embora precipuamente visando a integralidade, não conseguem abranger toda a
população, não conseguindo disponibilizar à população todos as ações necessárias de forma
satisfatória, contrariando seus princípios norteadores, como a integralidade e universalidade.
Segundo apresentado nas considerações acima, o Estado em conjunto com a sociedade
assume o dever de garantir aos cidadãos a efetividade do exercício do seu direito de atenção a
saúde, assim através de políticas públicas, como a criação do SUS e sua implementação tal
afirmação se faz possível. Apesar da existência deste dever, da premissa de aspectos públicos
relacionados ao SUS e contemplando tal questão temos nos art. 24 e 25 da Lei n° 8080/90
aspectos referentes a participação complementar da iniciativa privada, conforme segue
abaixo:
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada. Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público. Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde (SUS). (BRASIL, 2008, p. 12).
Assim temos que sendo o SUS, um sistema público de saúde, em situações de
indisponibilidade do setor público pode oferecer a prestação de serviços provenientes da
iniciativa privada com vistas a garantir a cobertura assistencial a população. Para tanto tal
situação é estabelecida a partir de critérios e normatizações previstas nesta legislação, sendo
vigente a necessidade de que estes serviços da iniciativa privada respeitem as normas do
direito público e mantenham a qualidade dos serviços, dentre outras ações.
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Em relação a complementaridade da iniciativa privada no SUS ressalta Brasil/MS [20-
-?], p. 01: “O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e
convênios de prestação de serviço ao Estado quando as unidades públicas de assistência à
saúde não são suficientes para garantir o atendimento a toda a população de uma determinada
região.”
A legislação e realidade do SUS tento em vista o número de ações propostas,
complexidades envolvidas e a existência de possíveis dificuldades na implementação de tais
ações, garantiu a existência de previsão de complementaridade entre serviços da iniciativa
privada e o SUS, agindo assim de certa forma resguardou a prestação dos serviços e o
atendimento da população conforme estabelecimento legal e anseio popular.
3 PRIVATIZAÇÃO DO SUS
Diante do apresentado em relação ao SUS observa-se que vários são os recursos e
ações oferecidas por este, sua legislação e realidade envolve uma gama de atividades que
detém o intuito de promover o atendimento em saúde em sua integralidade, entretanto mesmo
sendo um sistema público de saúde o SUS acaba por terceirizar significativa parte dos
serviços que são oferecidos por ele.
O SUS em sua realidade não escapou da necessidade de promover a participação do
setor privado na complementaridade dos serviços públicos de saúde oferecidos; visto a
existência de respaldo legal e diante do escasso financiamento da saúde, representando
empecilhos ao aumento das atividades, e em virtude das dificuldades vivenciadas, a
complementaridade do setor privado no SUS se expandiu além do previsto inicialmente.
(SANTOS, 2010).
Complementando e ressaltando a citação acima, temos o apontamento de Campos
[2011] que afirma que ao final do século XX como alternativa para promover o atendimento e
manter os custos de forma considerável, diante da evidenciação de ações ineficientes e
ineficazes do sistema público de saúde, do crescente número de críticas às políticas sociais,
surge dentre as alternativas para promover a contrarreforma sanitária a ação caracterizada pela
transferência de responsabilidades, passando a assistência que se fazia a cargo do Estado para
serviços privados.
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A complementariedade do setor público no SUS surge como uma válvula de escape
para a resolução dos problemas apresentados, como a falta de financiamento, críticas as
políticas públicas, dentre outras que culminam em vários empecilhos para o desenvolvimento
de suas atividades. Devido a previsão legal o estado acaba por implementar tal estratégia, esta
que aos poucos vai se disseminando sendo crescente sua presença com mais ênfase, permeada
nas ações do SUS.
A dependência na relação SUS: público – privado é perigosa, determinando por vezes
o subfinanciamento e financiamento a privatização da saúde, mantendo nosso sistema de
saúde a mercê dos prestadores de serviços privados em saúde, transformando a saúde em
mercadoria. (BORGES, 2012).
A relação acima apresentada desencadeia um processo de desconfiguração do SUS
como sistema público de saúde, assim como enfatiza o surgimento da saúde como mercadoria,
não mais como direito garantido. Esta estreita relação SUS-público-privado e sua tendência
desencadeia o que atualmente se chama de privatização do SUS, o qual será explicitado deste
ponto em diante.
3.1 Conceito de privatização
Para o prosseguimento do estudo torna-se necessário conceituar privatização e a
transposição deste para questões relacionadas a saúde e ao SUS, partindo do princípio de que
normalmente tal conceito relaciona-se a questões comerciais, destoando precipuamente da
saúde pública. Observa-se que tal conceito possui referida amplitude, assim pretende-se a
partir do levantamento de aportes teóricos possibilitar sua compreensão e relação com o tema
de estudo.
De acordo com Armstrong e Armstrong (2008) apud Borges (2012) a definição de
privatização da saúde compreende os processos de terceirização da força de trabalho e gestão
de unidades públicas, fatos estes aliados a estrutura de produção de serviços de saúde, dentro
e fora do SUS, formando uma visão onde a saúde passa a ser vista como um bem de consumo
e não mais como um direito fundamental do ser humano. A privatização do SUS compreende
o movimento de transferência de responsabilidades do setor público para o setor privado,
trata-se de ações em que o estado terceiriza seus serviços a iniciativa privada com o objetivo
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de dinamizar a gestão das unidades públicas e/ou serviços que deveriam ser oferecidos pelo
estado. (BORGES, 2012).
A privatização da saúde, portanto representa a intensificação de ações de terceirização
desta prestação de serviços ou do que se denomina complementaridade do setor privado no
público, colaborando para a formação de uma visão distorcida em relação a saúde que passa
de direito fundamental a bem de consumo. A privatização também se direciona para o SUS,
sendo que em relação ao SUS temos que a privatização envolve a transferência de
responsabilidades do setor público para o privado, envolvendo várias ações, que inicialmente
tem o objetivo de promover a melhoria na gestão da saúde pública ou dos serviços oferecidos,
sem se preocupar diretamente com a observância destes ou os efeitos deste.
“Considerando que o fim de todo processo privatizante é tornar a saúde um bem de
mercado, acredita-se que tal fim é um provável resultado do movimento de privatização do
SUS.”(BORGES, 2012, p. 125).
Analisando a conceituação e entendimento do que vem a ser privatização acredita-se
que a partir da privatização do SUS a saúde torne-se um bem de consumo, de mercado, o que
vem de encontro com os princípios e diretrizes do SUS, gerando uma relação conflituosa que
apresenta além desta, demais questões e dilemas permeados por pros e contras.
Público e privado estabelecem estreitas ligações ao se falar do SUS, havendo confusão
entre seus interesses, sendo vigente a relação de complementaridade do setor privado no
público, mas também em muitos casos o SUS complementa a atividade privada lucrativa
(entidades sem fins lucrativos tomadas por entidades privadas lucrativas terceirizadas, planos
de saúde que geram duas portas de entrada no sistema, judicialização na busca de serviços
complementares públicos aos planos privados), contrariando a afirmação de que a saúde é um
direito de todos. (SANTOS, 2010).
A relação SUS e sua privatização gera vários questionamentos, pois se por um lado a
privatização é real e necessária diante a realidade do SUS, também há nesta realidade ações
deletérias em que o SUS financia o setor privado, gerando contrariedades, benefícios e fatores
deletérios a saúde pública.
Segundo Waitzkin et al (2007) apud Borges (2012) a privatização garante eficiência,
modernização e melhoria da qualidade dos serviços quando realizados pela iniciativa privada,
na medida em que os serviços públicos são caracterizados como incapazes de promover a
saúde universal e gratuita para todos, assim como feita a altos custos.
Entre os fatores favoráveis a privatização está a alegação de que com a privatização os
serviços vistos como precários pelo SUS passam a ser vistos com eficiência, refletindo a visão
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de que o serviço público em nosso pais ainda é precário e iniciativas privadas se sobressaem
sobre as públicas. Diante da maciça crítica frente ao SUS e sua efetividade a realização dos
serviços por parte da iniciativa privada se faz a solução, agregando e enfatizando seus pontos
positivos como a eficiência, qualidade, modernização, deixando de lado os possíveis efeitos
deletérios desta.
O fato de o SUS em sua realidade comprar serviços de entidades privadas nos remete à
concepção de que este sistema detém escassas capacidades de intervençãoàs prioridades de
atendimento diante do fluxo das pessoas. Ademais observa-se que os prestadores privados
selecionam serviços e procedimentos mais rentáveis, recusando os de pequena lucratividade,
caracterizando a presença de preços arbitrários nesta relação. (CAMPOS, [2011]).
A partir do momento em que o SUS passa a comprar serviços que deveria oferecer fica
claro que não há aptidão para o atendimento da demanda oferecida, assim a iniciativa privada
compreendendo a ocorrência desta realidade e necessidade, vendo a saúde como um bem de
consumo, passa a se beneficiar dessa relação, buscando oferecer serviços mais rentáveis,
trazendo fatores deletérios a esta relação.
Descrentes da possibilidade de uma mudança desse contexto e sem disposição para realizar as necessárias reformas, política e do modelo de gestão, do sistema público, diversos analistas têm sugerido variantes privatistas para enfrentar estas reais debilidades da administração estatal. Considera-se que há privatização do sistema quando, para escapar a constrangimentos, se inventam várias modalidades de gestão de hospitais e de outros serviços, delegando-os a pessoas ou organizações particulares. (CAMPOS, [2011], p. 03).
A privatização do SUS parece representar somente uma válvula de escape diante de
uma situação onde não se tem a iniciativa de buscar soluções de gestão do sistema de saúde
público brasileiro. Surge a partir de dilemas e entraves presentes no SUS, apresenta benefícios
e arbitrariedades, mas apenas mascara a situação e persiste de forma a enfatizar seus efeitos
deletérios e noviços a garantia do direito fundamental à saúde, pois os gestores públicos não
buscam intervir sobre ela de forma a direcionar mais ênfase em seus benefícios em detrimento
de fatores não contributivos.
No decorrer da história da saúde pública no Brasil observa-se uma tendência no
sentido da privatização da saúde. Em linhas gerais o termo privatização significa a ampliação
do setor privado em detrimento do estatal, em relação a área da saúde demonstra a existência
de um contexto em que o mercado se torna a lógica do sistema. Os diversos tipos de
privatização tem em comum o fato de promover a transformação da saúde de um direito a
uma mercadoria. (MENICUCCI, 2010).
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Diante desta, temos que a tendência privatizante da saúde está aliada a história da
saúde pública no Brasil, sendo determinada pela ampliação do setor privado na medida da
diminuição do estatal, estando arraigada em nossa história, crescente e presente cada vez mais
em nossa realidade.
3.2 Realidade crescente da privatização do SUS
Sendo a privatização uma realidade na atualidade do Sistema Único de Saúde, temos
que esta realidade também se apresenta com o passar do tempo de forma crescente, rumo a
incorporação da privatização ao SUS, sendo difícil ou mesmo impossível dissociar esta
relação de nossa situação atual.
O SUS no desenvolvimento de suas ações tem assegurado a reprodução do setor
privado na prestação de seus serviços, assim o SUS ao mesmo tempo estatiza e privatiza a
atenção a saúde. Em sua criação não fazia parte a estatização de serviços privados,
filantrópicos ou não governamentais que até então prestavam assistência ao antigo sistema
previdenciário, para permitir sua integração a rede única através da delegação aos municípios
e estados a função de realizar contratos e convênios com estes. (CAMPOS, [2011]).
Na atualidade temos que o SUS tanto realiza ações de modo próprio, os serviços
públicos, como também de modo terceirizado, os serviços privados, representando uma
dualidade destoante. Desde seu surgimento temos que o SUS já buscou ou estabeleceu que
esta realidade viesse a existir, talvez por necessidade ou por conveniência.
A rede de serviços do SUS possui estabelecimentos particulares e privados
contratados, assim como estabelecimentos públicos vinculados com empresas privadas. Na
prestação de serviços ao SUS pelos hospitais privados com ou sem fins lucrativos é nítida a
discrepância entre o atendimento de pacientes de planos privados e usuários do SUS, sendo os
últimos prejudicados nesta relação. (BORGES, 2012).
A realidade da privatização do SUS demonstra claramente a dualidade de tratamento
que é oferecida por esta relação, sendo que tanto serviços contratados ou próprios deveriam
ser oferecidos de forma igualitária conforme estipulado na legislação do SUS, mas diante da
necessidade de usufruir destes serviços acaba-se de certa forma aceitando tal tratamento,
realidade que só cresce em nosso país, pois o SUS cada vez mais necessita da prestação
desses serviços.
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Borges (2012) ao trazer dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do ano
de 2010, evidencia que apesar do país possuir cerca de 55,3% do total de estabelecimentos de
saúde do país, ainda persiste a existência de uma dependência latente do SUS em relação ao
setor privado.
Evidencia-se que atualmente o sistema único de saúde é bastante dependente de
hospitais privados e filantrópicos para assegurar o atendimento a saúde. Atualmente 36% dos
leitos do SUS detém caráter público, pertencendo aos municípios, estados, universidades ou a
união, a maior parcela, os 64% pertencem as instituições particulares, que detém clientela
pagante, de sistemas de saúde complementares e usuários do SUS. Observa-se que o SUS já
em seus primórdios já era dotado de marcas de privatização, fato que só vem crescendo a cada
dia. (CAMPOS, [2011]).
Os números ressaltam e demonstram que crescente é a dependência que o SUS acaba
por estabelecer com instituições privadas, caracterizando sumariamente a realidade da
privatização do SUS, onde a maior parcela dos serviços são oferecidos por contratados ou
conveniados do setor privado ao invés de serem oferecidos totalmente ou em sua maioria por
instituições públicas.
O SUS é fortemente dependente dos contratos com o setor privado nas áreas de
serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, principalmente em regiões com insuficiente
infraestrutura de estabelecimentos, serviços, equipamentos e pessoal. A atenção terciária
inclui procedimentos de alto custo, fazendo com que prestadores privados contratados e
hospitais de ensino estabeleçam preferências para o atendimento de pacientes do SUS.
(BORGES, 2012).
Esta forte dependência entre SUS e serviços privados contratados vem de encontro a
pontos conflitantes presentes na precariedade deste sistema, pontos de maior carência, que por
vezes representam serviços de maior custo e por isso despertam o maior interesse dos
prestadores de serviços.
A partir disto segundo Santos (2010) temos que recentemente o Estado tem suas
atividades em saúde diminuídas em razão da transposição destes serviços públicos à entidades
privadas a partir de concessões e permissões e efetivação de privatização de muitas
atividades.
Observa-se a constante diminuição das ações em saúde promovidas pelo Estado e em
contrapartida temos o aumento da realização de concessões, permissões, contratos, convênios,
efetivando assim uma privatização a passos largos diante de uma realidade em que a presença
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de defasagens, contribui para o aumento da privatização das ações do SUS, como resposta a
estas.
Diante da crise no financiamento da administração pública em gerir serviços de saúde
surgiram novas formas de terceirização, como as organizações sociais, as organizações de
sociedade civil de interesse público, como cooperativas de serviços, fundações de apoio,
parcerias público- privadas (PPPs), dentre outras. (SANTOS, 2010).
As estratégias encontradas e implementadas para suprir as carências do SUS foram
diversas formas de terceirização como apresentadas acima, estas que tendem a aumentar
assim como os números que envolvem a privatização.
Observa-se que está em curso no SUS um processo constante em direção a sua
privatização, evidenciado pela criação da concepção de insustentabilidade do SUS em várias
dimensões que associadas as condições do setor privado de saúde, determinam a
predominância da mercantilização da saúde. (BORGES, 2012).
É clara a existência de uma crescente no processo de privatização do SUS, sendo que o
SUS depende de forma crescente dos serviços privados, devidoas várias carências que
permeiam sua realidade, e também crescente é o número de estratégias implementadas
visando a realização de terceirizações dos serviços de saúde.
Com vistas a mascarar o processo crescente de privatização presente no país, observa-
se atualmente e em processo crescente a presença de fundações privadas acopladas a grandes
hospitais públicos, onde mediante convênios,os médicos, gestores e políticos recebem
repasses financeiros do SUS; também estes hospitais com o pretexto de balancear seus
orçamentos oferecem atendimento privado, gerando a chamada dupla porta de entrada.
Caracteriza-se assim uma tendência clara de privatização, onde o Estado através de orçamento
público financia o pagamento de despesas da iniciativa privada. Equívocos também
acontecem por parte dos entes federados, Ministério da Saúde, secretarias de estados e
municípios que diante de inadequada política de pessoal do SUS e restrições de contratações,
delegam a universidades, entidades não-governamentais ou filantrópicas a gestão de pessoal,
permitindo a expansão da cobertura assistencial e capacidade de atendimento em detrimento
de uma adequada gestão de pessoas. Crescente também é a presença das Organizações
Governamentais (OS) e fundações públicas que representam a delegação do papel de gestão
do estado para uma organização privada, elegida pelos gestores, sem nenhuma forma de
licitação ou disputa, nesta relação o controle e integração do SUS seriam assegurados por
contratos administrativos, estando a fiscalização de desempenho aos cuidados de agentes
públicos. (CAMPOS, [2011]).
15
Tais situações citadas acima representam terceirizações as avessas, estas que crescem
vertiginosamente em nossa realidade e referem-se sumariamente a privatização da saúde,
entretanto permanecem mascaradas em nossa realidade, buscando não evidenciar demais
fatores que envolvem a privatização, assim como o caráter de mercantilização, obtenção de
lucros, mau uso do dinheiro público, a que está submetido o nosso sistema de saúde.
A relação de dicotomia entre público-privado se faz tema de constante debate, sendo
que de um lado está a garantia da saúde enquanto um direito, e do outro a penetração de
interesses privados no governo, gerando a chamada privatização do público. Esta relação gera
várias críticas e dilemas, dentre estas associa-se também a defesa pela publicialização da
saúde, que objetiva garantir os interesses públicos no sistema de saúde. (MENICUCCI, 2010).
A relação público-privado é tema de constante debate, visto que a tendência à
privatização do SUS é preocupante, bem como os rumos que ela vem determinado, assim
surgem novas questões como a busca pelo ressurgimento dos interesses públicos nesta relação
e a existência de questionamento sobre a gestão que é implementada em relação a este fato.
3.3 Fatores que convergiram para a privatização do SUS
Vários fatores de nosso percalço histórico e presentes em nossa realidade se fizeram
determinantes e condicionantes da realidade crescente de privatização do SUS, aonde chega-
se a um ponto onde não é possível apontar um marco inicial ou ponto convergente diferencial,
mas o resultado do desenrolar de fatos e ações que acabam por determinar a crescente
privatização presente nos serviços do Sistema Único de Saúde.
Estão presentes em nossa realidade fatores convergentes como terceirizações,
subfinanciamentos, financiamento público do setor privado, deterioração das unidades
públicas, geração de crises pela mídia, que combinados demonstram o intuito de transformar o
SUS em um sistema privado. (BORGES, 2012).
A existência destes fatores conforme citados agem de forma combinada, cada um
contribuindo com sua parcela e desencadeando as demais, assim temos só para citar um
exemplo: fatores deletérios presentes nas unidades de saúde, normalmente pela falta de
investimento, é destacada pela mídia, gestores preocupados com a situação ressaltada para a
população implementam a cada dia mais terceirizações, subfinanciamentos, financiamento do
setor público, ações estas que mascaram a situação do SUS, determinam mais ações rumo ao
16
detrimento de ações próprias públicas e convergem para a privatização do SUS, criando um
ciclo, uma série de ações que desencadeadas e combinadas culminam com a privatização
propriamente dita.
A privatização dos serviços públicos de saúde é precedida por ações que basicamente
envolvem a hipervalorização da eficiência privada na saúde aliada aos apontamentos
conflituosos dos serviços públicos. Em relação a esta realidade estão presentes determinantes
da privatização do SUS nas esferas política, econômica e ideológica, influindo na
disseminação desta. No que se refere à questões políticas está presente a geração de um
ambiente de crise, que determina a tomada de medidas equivocadas e imediatistas como
terceirizações de recursos humanos, compra de hospitais, aumento de recursos para os
prestadores privados com fins lucrativos, transferência da gestão de unidades públicas para o
setor privado. (BORGES, 2012).
Continua o autor acima considerando que no que se refere a questões econômicas
estão presentes medidas de contenção de gastos públicos representadas por cortes de
orçamento, redução de pessoal e reformas na organização. Em relação as questões ideológicas
temos a concepção de que a eficiência privada é superior a pública, concepção propagada por
agentes econômicos, políticos, sociais e substancialmente pela mídia, reforçando a
necessidade de melhoria da gestão de saúde pública através da iniciativa privada. Tal cenário
combina-se com realidades presentes na saúde do Brasil, como dualidade entre público e
privado existente na saúde, financiamento público do setor privado, subfinanciamento do
SUS.
Basicamente são ações que contribuem para a privatização do SUS a hipervalorização
do setor privado e pontos negativos presentes no SUS em sua estrutura e realidade, mas a
condição que se observa com maior ênfase é a parcela atribuída aos gestores nesta relação,
sendo que a partir de suas ações e concepções é que se propagam e determinam os pilares da
privatização, é devido a sua atuação que os dilemas aparecem, bem como é ao seu alcance que
as decisões acontecem, e a única solução encontrada para as diversidades do SUS é a
privatização, onde observa-se ser esta cada vez mais a estratégia adotada e perpetuada na
gestão do SUS.
O processo de privatização de serviços e sistemas locais de saúde do SUS é dotado de
sinais indicadores, observa-se com maior ênfase a busca pela desconceituação dos serviços
públicos, visando a desqualificação da gestão e a fragmentação da força de trabalho. Neste
processo estão presentes sinais que referem-se a busca pela desconfiguração institucional do
SUS (movimentos contrários ao arcabouço normativo) como: instabilidade política da gestão
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do SUS, inserção de profissionais do setor privado na gestão do SUS, inobservância de
resoluções, alterações que permitem a administração privada dos serviços, centralização da
tomada de decisão nas áreas da administração e fazenda, desvio de recursos, não observância
da Emenda Constitucional n° 29 e Lei Complementar n° 141/12, ausência de planos de
carreiras e projetos de formação profissional para os servidores públicos. (BORGES, 2012).
Também estão presentes sinais que relacionam-se a fragmentação do acesso a saúde
como: inobservância de critérios epidemiológicos, sociais e demográficos na organização da
rede de serviços, ausência de mecanismos intermunicipais de composição de rede em saúde,
organização da atenção a saúde segundo o interesse dos prestadores privados de saúde,
direcionamento dos serviços para a iniciativa privada, enfraquecimento de programas de
saúde regionais, influência política para acesso ao serviços de atenção secundária e terciária,
aumento no número de casas de apoio gerenciadas por grupos políticos, judicialização do
acesso aos serviços de saúde. (BORGES, 2012).
Estes fatores e situações surgem de forma isolada, silenciosa, não direcionada e
quando se vê já não se pode mensurar o que pode ou não ser feito, o que deve ou não ser feito,
o que necessita ou não ser terceirizado, privatizado; estes refletem claramente que a
privatização do modo como acontece fere os princípios norteadores do SUS, estas situações
estão cada vez mais presentes em nossa realidade e assim passam despercebidas e só tendem a
propagar-se, estes fatos buscam substancialmente fazer com que o SUS perca suas
características e que estas sejam convergidas segundo a realidade privada de prestação de
serviços em nossos país, esta realidade de privatização do SUS acontece aí, diante dos olhos
dos nossos gestores.
3.4 Necessidade de mudança e fortalecimento do SUS
Diante da concepção da atual situação de crescente privatização do SUS,
compreendendo a maneira como ela ocorre, compreendendo a relação entre público e privado
no SUS, os pros e os contras na realidade desta relação, há que se considerar a necessidade de
problematizar esta questão sob o enfoque de gestão do SUS com vistas a garantir o direito
fundamental a saúde.
Realmente na atualidade não é possível conceber uma administração pública que possa
executar o rol de seus serviços de forma direta, sem a participação do setor privado.
18
Entretanto o dilema está na distinção entre o complementar e o principal, devendo o poder
público complementar seus serviços segundo regras públicas e em quantidades realmente com
caráter complementar, havendo necessidade de que a gestão publica direcione seus esforços
com vistas a controlar os crescentes serviços privados de terceirização e privatização. É clara
que em nossa realidade a grande contribuição trazida por algumas entidades que
complementam o SUS, que realmente atuam em prol da sociedade, contudo há a necessidade
de que sejam considerados os riscos e conflitos de interesses entre o privado e o público.
(SANTOS, 2010).
Realmente o SUS em sua integralidade e realidade não detém condições de oferecer a
gama de serviços a que se propõe sem a participação do setor privado, sendo que o setor
privado agrega com certa relevância e ressalvas contribuições ao serviço público realizado a
partir do SUS, entretanto há a necessidade de se ponderar esta relação, buscar o entendimento
do que realmente e efetivamente vem a ser complementar o SUS com serviços privados,
havendo necessidade também de efetivar a garantia da igualdade de condições entre os
serviços próprios do SUS e os contratados do setor privado.
Ao se pensar no convívio estreito entre a atividade privada e a pública, havendo
complementaridade da privada na pública em um espaço social de garantia de direitos,
mediante contratos de prestação de serviços, torna-se necessário que esta realidade seja
encarada e sumariamente regulada em prol do interesse público. Assim deve-se evitar que os
serviços privados complementares fiquem alienados ou isolados das finalidades públicas,
diretrizes, normas e demais regras. (SANTOS, 2010).
Assim como os serviços próprios do SUS os contratados, conveniados, terceirizados
devem se submeter as mesmas normas e diretrizes do SUS, visto que a partir do momento em
que são prestadores de serviços para o SUS, representam propriamente dito o SUS, assim
devendo garantir a prestação de serviços assim como o SUS, garantindo plenos direitos aos
seus usuários. Maior atenção deve ser dada por parte dos gestores para com esta relação,
sendo eles os agentes primordiais para o atendimento aos interesses públicos.
Diante da realidade de que o público não irá prescindir o privado se faz necessário o
desenvolvimento de mecanismos e estratégias, que além de controlar as atividades deste,
determinem rumos, diretrizes e metas aliadas aos princípios públicos e os controlem com a
participação da sociedade. Sendo que na relação público-privado sempre deve estar presente a
supremacia do interesse público. Na relação público-privado há de existir justa medida,
havendo necessidade de delimitar, controlar, fiscalizar e promover a implementação de um
comando público na observância dos princípios e diretrizes públicas da saúde, tendo como
19
supremacia a imposição do interesse público, sendo que importante papel detém este nas
ações de planejamento de ações e serviços diante das necessidades, de forma eficiente, eficaz
e qualitativa. (SANTOS, 2010).
O foco maior nessa questão deve estar direcionado para o atendimento ao interesse
público, a sua supremacia, necessitando para tanto que sejam desenvolvidos mecanismos e
estratégias que permitam garantir com sucesso a implementação destas, sempre baseadas na
necessidade da população, permeada por um planejamento, dotada de características que
permitam que sejam realizadas de forma eficiente, eficaz e com qualidade acima de tudo.
Uma solução para o adequado relacionamento entre SUS e prestadores filantrópicos
parece ser a globalização do contrato de serviço, através do estabelecimento de metas por
cobertura populacional, indicadores de resultados baseados em vidas salvas, doenças evitadas,
controle de doenças crônicas, ou seja, nesta relação devem ser adotados os mesmos critérios
presentes na atenção primária com a saúde da família. (BORGES, 2012).
Observa-se que o enfrentamento e mudança diante da atual vertente crescente da
privatização do SUS é possível, sendo que a resposta encontra-se dentro do próprio SUS, de
seus princípios, diretrizes e normas para esta situação, havendo necessidade de que estas
passem a ser implementadas com maior ênfase.
Diante da presença de entraves e dilemas na relação público-privado na saúde
confirma-se a necessidade crescente da efetivação e participação dos cidadãos na formulação
de políticas públicas, na efetivação do controle social, modelando assim a atenção,
organização, regulação e compra de serviços hospitalares, laboratoriais e de média e alta
complexidade, reafirmando o papel do Estado na saúde. Sendo que existe na legislação de
forma clara as atribuições e competências do gestor do SUS visando a regulação, fiscalização
e controle do sistema, fatores estes que se estendem ao setor privado complementar.
(HEIMANN et al., 2010).
Assim como os gestores a população detém significativa importância e participação, o
cidadão tem o papel de cobrar dos gestores, do estado o cumprimento das premissas legais
concernentes ao SUS diante da vigente necessidade de mudar a realidade diante da
privatização do SUS, mudança esta que se faz possível a partir do direcionamento de políticas
públicas rumo a melhoria da relação entre público e privado no SUS.
A regulação do SUS deve envolver os serviços próprios públicos assim como os
contratados e conveniados, este fato deve ser ressaltado principalmente diante da fragilidade
da gestão da saúde nas áreas de avaliação e controle das ações do sistema. Devendo ocorrer de
forma urgente o direcionamento de ações no sentido de promover maior articulação,
20
acompanhamento e responsabilização dos gestores do SUS para com a saúde da população.
(HEIMANN et al., 2010).
A carência do SUS também é permeada e determinada pela deficiência em sua gestão,
havendo necessidade de seu fortalecimento, possibilitando o enfrentamento de várias
situações divergentes, dentre elas a questão da privatização do SUS. A partir de uma gestão
ampla do SUS, a partir do cumprimento e buscas dos preceitos legais, garantias fundamentais,
maior controle sobre as ações desenvolvidas pelo próprio SUS e através de seus contratados, é
que se faz possível um SUS que realmente garanta a saúde para todos de forma igualitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Sistema Único de Saúde surge diante do anseio e busca da população por melhores
condições de saúde, representando uma política pública a fim de garantir o direito
constitucional a saúde, assim em sua essência é dotado de importantes princípios atendendo a
afirmação anterior. Observa-se que as ações desenvolvidas pelo SUS representam uma gama
de atividades, trazendo extensão e complexidade para promoção da atenção a saúde a
população de forma integral, assim vários são os pontos positivos de sua realidade, assim
como também vários são os pontos negativos, ambos alvo de constantes análises e discussões.
Devido a gama de atividades a serem oferecidas pelo SUS, grandes se fazem os
desafios para a realização destas, pois se constata que embora se busque a integralidade da
assistência, muitas vezes não é possível atender a este quesito. Assim a legislação do SUS
tendo em vista a previsão de tal questão garantiu a previsão de complementaridade da
iniciativa privada no SUS, estabelecendo que esta deva acontecer em caráter complementar e
se submeter as mesmas normas e diretrizes dos serviços oferecidos pelo Estado.
Diante das várias dificuldades apresentadas pelo SUS ao longo de sua trajetória e
realidade observa-se a crescente realização da complementaridade do setor privado no SUS,
determinando o crescente número de terceirizações de serviços e ações. A implementação
desta estratégia dissemina-se com expressiva frequência, desconfigurando o SUS e
culminando em um processo de privatização do SUS, onde se observa o aumento das ações
desenvolvidas pelo setor privado através de contratações e convênios em detrimento das
desenvolvidas pelo SUS de forma própria.
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A relação público-privado e a realidade da privatização do SUS apresenta pontos
positivos e negativos, de um lado temos os benefícios trazidos a realidade do SUS pela
contratação de serviços privados, trazendo qualidade, inovação, permitindo a prestação do
serviço via SUS, em contrapartida esta relação gera também o subfinanciamento do SUS ás
entidades privadas, situações de mau uso do dinheiro público, camuflagem de ações que
configuram privatização, dentre outras, culminando na mudança de visão da saúde, passando
esta a ser considerada um bem de consumo, contrariando os princípios do SUS; assim esta
situação apresenta-se cada vez mais de forma preocupante, direcionando olhares para esta
questão a fim de clarificar como esta ocorre.
Na atualidade considera-se quase que impossível separar o SUS do setor privado,
situação esta que envolve todo um percalço histórico onde estão presentes as dificuldades
vivenciadas pelo SUS, a promoção da desacreditação do SUS, supervalorização do setor
privado, a formação da concepção de que a privatização é a única forma, ou forma mais
cômoda de mascarar as dificuldades vivenciadas pelo SUS, dentre outras, que de forma
conjunta culminam para a crescente privatização do SUS em nossa realidade atual.
A privatização do SUS de certa forma traz benefícios, auxiliando a prestação de
serviços de saúde via SUS, entretanto estão presentes fatores deletérios nesta relação, nos
levando a problematizar sua necessidade, e a maneira como vem sendo realizada diante do
cenário atual. Assim temos que é necessário problematizar a forma com que esta privatização
vem acontecendo em nosso país, não sendo possível negar os benefícios desta, mas sendo
necessário buscar o controle mediante sua realização através de um fortalecimento da gestão
do SUS e garantia do direito a saúde. Vigente é a necessidade de controlar os crescentes
serviços de privatização, observando o limiar entre serviços necessários e complementares, a
necessidade de complementar serviços do SUS ou não, buscar a igualdade entre serviços
próprios públicos e os contratados, garantindo acima de tudo o interesse público.
No que se refere a observância e atendimento ao interesse público relevante
participação também no que se refere a privatização do SUS tem a participação social, esta
que através de uma ação efetiva que deve compreender a participação no planejamento
conjunto das ações de saúde pública, de fiscalização, acompanhamento das ações
desenvolvidas, avaliação dos resultados, realização de questionamentos, observância dos
objetivos alcançados, dentre outras, detém subsídios reais para reconhecer as necessidades e a
efetividade ou não dos serviços prestados, auxiliando também na busca pelo aprimoramento.
Enfatiza-se também a importante açãoda participação social na fiscalização dos serviços
complementares do setor privado no SUS, observando a qualidade, efetividade dos serviços
22
prestados e atendimento aos princípios do SUS de forma plena, sendo esta uma importante
ferramenta que se faz meio para validar ou não a realização de forma terceirizada de serviços
que deveriam ser prestados pelo SUS de forma própria.
Pode-se concluir que as diretrizes do SUS devem passar a serem observadas nesta
relação, a situação é possível de enfrentamento e ponderação, a partir do respeito as
normatizações legais, maior participação popular, efetivação da ação dos agentes públicos,
assim não há necessidade de abrir mão da complementaridade do setor privado no SUS, mas
devem ser estabelecidas estratégias, diretrizes, objetivos comuns a fim de acompanhar,
organizar, regular, fiscalizar a compra de serviços do setor privado, garantindo sua aplicação
conforme previsão legal, para que acima de tudo se possa efetivar um SUS realmente para
todos e de forma igualitária.
REFERÊNCIAS
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