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PRIVATIZAÇÃO DO SUS: UMA PROBLEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO CAMPOS, Marco Antônio Lopes 1 ; ARMELIN, Renata Maria Martins 2 RESUMO O artigo aborda a problemática do contexto de privatização do SUS, envolvendo sua trajetória, vivência atual, aspectos positivos, enfatizando a necessidade de direcionamento e implementação de estratégias no intuito de melhorar a realidade referente ao significativo aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS de forma destoante a legislação, com vistas ao fortalecimento do SUS. Observa-se o crescente aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS, embora esta complementaridade esteja prevista na legislação, constata-se sua vertente de crescimento em detrimento dos serviços de saúde oferecidos de forma pública, caracterizando a privatização, esta traz benefícios auxiliando a prestação de serviços, entretanto estão presentes fatores deletérios nos levando a problematizar sua necessidade, e a maneira como vem sendo realizada. Tem-se como objetivo suscitar e subsidiar a problemática da privatização do SUS, possibilitando o direcionamento de discussões e analises sobre a situação atual, buscando ressaltar o importante papel da sociedade e dos gestores públicos no direcionamento de políticas públicas. Com vistas a perfazer o tema de estudo optou-se pela realização de revisão bibliográfica, desenvolvida a partir de buscas em meios eletrônicos, envolvendo legislações e textos literários. Premente é a necessidade de que se problematize sobre a privatização do SUS, compreendendo seus pontos negativos e positivos, buscando um consenso de sua atuação, entretanto deve-se buscar que realmente assim como na legislação haja igualdade entre público e privado no SUS principalmente no que se refere ao alcance do interesse público e controle por parte da sociedade para o alcance pleno deste. Palavras-chave:Privatização, Saúde, SUS. ABSTRACT The article addresses the issue of privatization of the SUS context, involving its history, current experience, positive aspects, emphasizing the need for direction and implementation of strategies in order to improve the reality regarding the significant increase of complementary actions of the private sector in the SUS so incongruous legislation, aimed at strengthening the SUS. Note the increasing complementarity of actions of the private sector in SUS, although this complementarity is provided for in the legislation, there is a strand of growth at the expense of the health services offered publicly, featuring privatization, this brings benefits assisting service delivery, but are present deleterious factors leading us to discuss your needs, and how is being held. Has aimed to raise and support the issue of privatization of the SUS, enabling the targeting of discussions and analysis on the current situation, seeking to emphasize the important role of society and public managers in the 1 Mestre em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Especialista em Direito Público pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha. [email protected]. 2 Acadêmica do Curso de Especialização Latu-Sensu em Gestão Pública AMOG/IFSULDEMINAS, Graduada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade São Francisco, concluído em 1998. [email protected].

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PRIVATIZAÇÃO DO SUS: UMA PROBLEMÁTICA EM CONSTRUÇÃO

CAMPOS, Marco Antônio Lopes1; ARMELIN, Renata Maria Martins2

RESUMO O artigo aborda a problemática do contexto de privatização do SUS, envolvendo sua trajetória, vivência atual, aspectos positivos, enfatizando a necessidade de direcionamento e implementação de estratégias no intuito de melhorar a realidade referente ao significativo aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS de forma destoante a legislação, com vistas ao fortalecimento do SUS. Observa-se o crescente aumento de ações de complementaridade do setor privado no SUS, embora esta complementaridade esteja prevista na legislação, constata-se sua vertente de crescimento em detrimento dos serviços de saúde oferecidos de forma pública, caracterizando a privatização, esta traz benefícios auxiliando a prestação de serviços, entretanto estão presentes fatores deletérios nos levando a problematizar sua necessidade, e a maneira como vem sendo realizada. Tem-se como objetivo suscitar e subsidiar a problemática da privatização do SUS, possibilitando o direcionamento de discussões e analises sobre a situação atual, buscando ressaltar o importante papel da sociedade e dos gestores públicos no direcionamento de políticas públicas. Com vistas a perfazer o tema de estudo optou-se pela realização de revisão bibliográfica, desenvolvida a partir de buscas em meios eletrônicos, envolvendo legislações e textos literários. Premente é a necessidade de que se problematize sobre a privatização do SUS, compreendendo seus pontos negativos e positivos, buscando um consenso de sua atuação, entretanto deve-se buscar que realmente assim como na legislação haja igualdade entre público e privado no SUS principalmente no que se refere ao alcance do interesse público e controle por parte da sociedade para o alcance pleno deste. Palavras-chave:Privatização, Saúde, SUS. ABSTRACT The article addresses the issue of privatization of the SUS context, involving its history, current experience, positive aspects, emphasizing the need for direction and implementation of strategies in order to improve the reality regarding the significant increase of complementary actions of the private sector in the SUS so incongruous legislation, aimed at strengthening the SUS. Note the increasing complementarity of actions of the private sector in SUS, although this complementarity is provided for in the legislation, there is a strand of growth at the expense of the health services offered publicly, featuring privatization, this brings benefits assisting service delivery, but are present deleterious factors leading us to discuss your needs, and how is being held. Has aimed to raise and support the issue of privatization of the SUS, enabling the targeting of discussions and analysis on the current situation, seeking to emphasize the important role of society and public managers in the 1Mestre em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Especialista em Direito Público pelo Centro Universitário de Belo Horizonte. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Varginha. [email protected]. 2Acadêmica do Curso de Especialização Latu-Sensu em Gestão Pública AMOG/IFSULDEMINAS, Graduada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade São Francisco, concluído em 1998. [email protected].

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direction of public policy. In order to make up the subject of study was chosen for conducting a literature review, developed from searches of electronic media, involving legislation and literary texts. Pressing is the need for that problematizes on the privatization of the SUS, including its negatives and positives, seeking a consensus about its performance, however one must seek it really like in the legislation there is equality between public and private in SUS especially in refers to the scope of public interest and scrutiny by society to the full scope of this. Keywords: Privatization, Health, SUS.

INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a problemática do contexto de privatização do SUS,

envolvendo sua trajetória e vivência atual contrariando os princípios constitucionais do

Sistema Único de Saúde, bem como aspectos positivos nesta relação, enfatizando a

necessidade de direcionamento e implementação de estratégias no intuito de melhorar tal

realidade referente ao significativo aumento de ações de complementariedade do setor privado

no SUS de forma destoante a legislação, com vistas ao fortalecimento do SUS.

Observa-se o crescente aumento de ações de complementaridade do setor privado no

SUS, embora esta complementaridade esteja prevista na legislação, constata-se no SUS sua

vertente de crescimento em detrimento dos serviços de saúde oferecidos de forma pública,

caracterizando, portanto a privatização do SUS.

A escolha do tema se deve a formação da percepção da importância do sistema único

de saúde para nosso país, constatando ser este motivo de interesse coletivo, sendo que a partir

dos quais emergiu a questão da privatização do SUS, representando uma dúvida quanto a seus

benefícios ou efeitos deletérios, instigando a busca por respostas e soluções para o

enfrentamento diante do cenário atual da saúde pública, questão esta também que se faz

presente em todo cenário de gestão pública de nosso país.

Este tem como objetivo suscitar e subsidiar a problemática da privatização do SUS,

possibilitando o direcionamento de discussões e analises sobre a situação atual, buscando

ressaltar o importante papel da sociedade e dos gestores públicos no direcionamento de

políticas públicas que visem o interesse público.

Com vistas a perfazer o tema de estudo e indo de encontro ao objetivo proposto optou-

se pela realização de uma revisão bibliográfica, com vistas a buscar contribuições de diversas

fontes bibliográficas para o estudo. Assim o presente foi desenvolvido a partir de buscas em

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meios eletrônicos, envolvendo legislações e textos literários de diversos autores, como

BORGES (2012); CAMPOS [2011]; OCKÉ-REIS; SOPHIA (2009); SANTOS (2010), os

quais estão presentes ao longo do texto.

Ao longo do texto estão presentes informações a cerca do SUS, suas características,

diretrizes, ações desenvolvidas, tendo por objetivo buscar a compreensão de sua realidade e

vivencia, bem como justificar a existência de previsão legal de complementaridade do setor

privado. Também se faz presente a conceituação da privatização do SUS, apresentação de

fatores contributivos e deletérios, com vistas a buscar a compreensão desta realidade,

embasando assim a problemática em questão.

No decorrer do texto seguem-se aspectos referentes a crescente privatização do SUS

através da apresentação de dados e situações presentes em nossa realidade, objetivando

promover o levantamento do cenário atual da privatização, promovendo o questionamento

quanto a sua real necessidade aliado a desconfiguração do caráter complementar do setor

privado no SUS, assim como do SUS propriamente dito. Segue-se com a apresentação dos

fatores desencadeantes deste, demonstrando ser desencadeado por uma série de fatores que

aliados determinam a crescente da privatização do SUS, tendo por objetivo demonstrar a

crescente da situação da privatização, sua presença mascarada em nossa sociedade.

Por fim seguem questões sobre a necessidade de mudança deste cenário e busca pelo

fortalecimento do SUS, objetivando demonstrar a necessidade de se promover esta mudança e

motivar gestores e comunidade quanto a esta necessidade e sua importante participação neste

processo.

Premente é a necessidade de que se problematize cada vez mais sobre a privatização

do SUS, compreendendo seus pontos negativos e positivos, buscando um consenso de sua

atuação tendo em vista seus fatores positivos, entretanto deve-se buscar que realmente assim

como na legislação haja igualdade entre público e privado no SUS principalmente no que se

refere ao alcance do interesse público e controle por parte da sociedade para o alcance pleno

deste.

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2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Constantes foram as lutas e buscas da população por melhores condições de saúde e

vida, assim a partir da culminância dessas ações surge um novo sistema de saúde em nosso

país, O Sistema Único de Saúde – SUS.

O surgimento do SUS iniciou-se nos anos 70 e 80 do século XX a partir da iniciativa

popular através de um movimento, denominado movimento sanitário, envolvendo

profissionais da saúde, donas de casa, trabalhadores, religiosos, tendo por objetivo a criação

de um sistema público que solucionasse os problemas relacionados ao atendimento de saúde.

A idéia precípua é a de que todos têm direito a saúde e o dever de alcançar objetivos para

tanto é do governo em conjunto com a sociedade. (BRASIL/MS, [20--?]).

A partir deste momento histórico, a sociedade passou a reivindicar e exigir melhores

condições de saúde, validando a concepção de que o alcance de condições ideais e pertinentes

as necessidades se fazia possível a partir do trabalho e direcionamento de esforços de forma

conjunta entre sociedade e governo.

A Constituição Federal de 1988 traz a saúde como dever do Estado e a partir da qual

se formularam legislações, determinando a criação de um sistema de saúde público,

demonstrando a preocupação do Estado na formulação de políticas públicas visando atender a

esta indicação constitucional e anseio e busca da população por melhores condições de saúde.

A Constituição Federal de 1988 determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população. Para tanto, criou o Sistema Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha o funcionamento do Sistema. Portanto, o SUS resultou de um processo de lutas, mobilização, participação e esforços desenvolvidos por um grande número de pessoas.(BRASIL/MS, [20--?], p. 01).

A criação do SUS se deve a conscientização e mobilização social ocorrida,

determinando sua criação e implementação, ressaltando neste processo a busca pela cidadania

e a efetivação dos direitos do cidadão. Através de suas ações a sociedade pode demonstrar

suas necessidades e realidades e desta forma sensibilizar o governo para direcionar políticas

públicas indo de encontro a tais.

O Sistema Único de Saúde – SUS foi criado tendo como finalidade promover a

alteração da situação de desigualdade vigente na assistência a saúde, estabelecendo

obrigatoriedade no atendimento aos cidadãos, sendo vedada a cobrança pela prestação de

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serviços; foi criado pela Constituição Federal de 1988, sendo regulamentado pelas Leis n°

8080/90 e n° 8142/90. (BRASIL/MS, [20--?]).

As legislações que embasam o SUS confirmam que a saúde é um direito dos cidadãos.

Assim temos que nos termos do Art. 196 da Constituição Federal de 1988:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 2010, p. 33).

Ênfase deve ser dada a este artigo da Constituição Federal, pois se faz a base para a

criação de um sistema de saúde dotado de características importantes como acesso universal e

igualitário e oferecimento de serviços envolvendo promoção, proteção e recuperação da

saúde.

A Lei n° 8080/90 em seu art. 2° traz que: “A saúde é um direito fundamental do ser

humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.”

(BRASIL, 2008).

Observa-se referida preocupação do estado relacionado a saúde da população, fato

presente na Constituição Federal de 1988, norteadora da criação do SUS através da Lei n°

8080/90, visto a existência de relevante e constante aspiração e preocupação dos cidadãos

envolvendo questões relacionadas a saúde, assim consolidou-se a visão quanto a importância

desse fato por parte doEstado, que considera a saúde como um dever do cidadão.

Complementando os apontamentos sobre a saúde pública apresentados temos a Lei

norteadora do SUS (n° 8080/90) que traz em seu Art. 7° os princípios do SUS, estes que são

diretrizes da implantação e efetivação do mesmo, conforme segue abaixo:

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal,obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;

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VIII - participação da comunidade; IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.

Observa-se que importantes são os princípios norteadores do SUS, os mesmos também

revelam a extensão e complexidade envolvida no desenvolvimento de suas ações. Assim

conforme apresentado o Sistema Único de Saúde representa um plano de saúde público, sobre

responsabilidade do Estado, em que todos os cidadãos tem direito ao acesso a saúde,

representando uma política pública que vem de encontro as necessidades da população

relacionada a saúde, seus objetivos defrontam-se com a realidade e enfrentamento da mesma,

buscando a qualidade, além de igualdade no atendimento aos cidadãos. O SUS em sua

realidade e complexidade apresenta reflexos positivos e negativos de suas ações na sociedade.

Ocké-Reis; Sophia (2009) consideram o SUS um dos maiores sistemas públicos de

saúde do mundo, sendo o responsável pelos crescentes números do Brasil relacionados a área

de transplante de órgãos realizados. Fator determinante em relação ao SUS e sua percepção

frente aos sistemas de saúde relaciona-se a sua integralidade de atuação, envolvendo

assistência básica, tratamentos de média e alta complexidade, serviços de emergência,

implementação do Programa de Saúde da Família (PSF); são referências internacionais o

programa de vacinação e programa de HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana); destacam-

se a realização de pesquisas em diversas áreas da ciência, inclusive com células- tronco.

Santos (2007) apud Cordeiro et al (2010) acrescenta as seguintes qualidades ao

serviços oferecidos pelo SUS: considerável quantidade de atendimentos nas unidades básicas,

consultas, procedimentos especializados, exames, internações, destacando o Programa de

Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), ações de vigilância em saúde, desenvolvimento de

conhecimentos e tecnologias em imunobiológicos, fármacos, informação e gestão.

Contudo observa-se o crescente aumento do leque de serviços oferecidos pelo SUS

assim como expressiva amplitude de cobertura, com avanços nos serviços de atenção básica,

tratamentos e exames de alta complexidade em todo o país. Em contrapartida apesar da

evidenciação de sucesso, são percebidos pontos de conflito na implementação das ações do

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SUS como baixa oferta de serviços especializados e de diagnóstico, terapias complementares

(SADT), cirurgias eletivas, permeadas por dificuldades de acesso e grande demanda em listas

de esperas. (PORTO, SANTOS, UGÁ, 2006 apud CORDEIRO ET AL 2010).

O Sistema Único de Saúde em suas legislações e normatizações representa um sistema

público de saúde em potencial, suas ações envolvem vários níveis de complexidade de

atenção a saúde, buscando atingir a integralidade dos serviços de saúde oferecidos a

população. Conforme mencionado várias são as áreas e ações promovidas pelo SUS na

atualidade que merecem destaque, demonstrando ser um sistema de saúde que tem seus

pontos positivos, mas que também apresenta críticas relacionadas a aspectos destoantes em

relação a suas ações e normatizações.

A existência de tal realidade nos leva a constatar que as ações desenvolvidas pelo

SUS, embora precipuamente visando a integralidade, não conseguem abranger toda a

população, não conseguindo disponibilizar à população todos as ações necessárias de forma

satisfatória, contrariando seus princípios norteadores, como a integralidade e universalidade.

Segundo apresentado nas considerações acima, o Estado em conjunto com a sociedade

assume o dever de garantir aos cidadãos a efetividade do exercício do seu direito de atenção a

saúde, assim através de políticas públicas, como a criação do SUS e sua implementação tal

afirmação se faz possível. Apesar da existência deste dever, da premissa de aspectos públicos

relacionados ao SUS e contemplando tal questão temos nos art. 24 e 25 da Lei n° 8080/90

aspectos referentes a participação complementar da iniciativa privada, conforme segue

abaixo:

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada. Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público. Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde (SUS). (BRASIL, 2008, p. 12).

Assim temos que sendo o SUS, um sistema público de saúde, em situações de

indisponibilidade do setor público pode oferecer a prestação de serviços provenientes da

iniciativa privada com vistas a garantir a cobertura assistencial a população. Para tanto tal

situação é estabelecida a partir de critérios e normatizações previstas nesta legislação, sendo

vigente a necessidade de que estes serviços da iniciativa privada respeitem as normas do

direito público e mantenham a qualidade dos serviços, dentre outras ações.

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Em relação a complementaridade da iniciativa privada no SUS ressalta Brasil/MS [20-

-?], p. 01: “O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e

convênios de prestação de serviço ao Estado quando as unidades públicas de assistência à

saúde não são suficientes para garantir o atendimento a toda a população de uma determinada

região.”

A legislação e realidade do SUS tento em vista o número de ações propostas,

complexidades envolvidas e a existência de possíveis dificuldades na implementação de tais

ações, garantiu a existência de previsão de complementaridade entre serviços da iniciativa

privada e o SUS, agindo assim de certa forma resguardou a prestação dos serviços e o

atendimento da população conforme estabelecimento legal e anseio popular.

3 PRIVATIZAÇÃO DO SUS

Diante do apresentado em relação ao SUS observa-se que vários são os recursos e

ações oferecidas por este, sua legislação e realidade envolve uma gama de atividades que

detém o intuito de promover o atendimento em saúde em sua integralidade, entretanto mesmo

sendo um sistema público de saúde o SUS acaba por terceirizar significativa parte dos

serviços que são oferecidos por ele.

O SUS em sua realidade não escapou da necessidade de promover a participação do

setor privado na complementaridade dos serviços públicos de saúde oferecidos; visto a

existência de respaldo legal e diante do escasso financiamento da saúde, representando

empecilhos ao aumento das atividades, e em virtude das dificuldades vivenciadas, a

complementaridade do setor privado no SUS se expandiu além do previsto inicialmente.

(SANTOS, 2010).

Complementando e ressaltando a citação acima, temos o apontamento de Campos

[2011] que afirma que ao final do século XX como alternativa para promover o atendimento e

manter os custos de forma considerável, diante da evidenciação de ações ineficientes e

ineficazes do sistema público de saúde, do crescente número de críticas às políticas sociais,

surge dentre as alternativas para promover a contrarreforma sanitária a ação caracterizada pela

transferência de responsabilidades, passando a assistência que se fazia a cargo do Estado para

serviços privados.

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A complementariedade do setor público no SUS surge como uma válvula de escape

para a resolução dos problemas apresentados, como a falta de financiamento, críticas as

políticas públicas, dentre outras que culminam em vários empecilhos para o desenvolvimento

de suas atividades. Devido a previsão legal o estado acaba por implementar tal estratégia, esta

que aos poucos vai se disseminando sendo crescente sua presença com mais ênfase, permeada

nas ações do SUS.

A dependência na relação SUS: público – privado é perigosa, determinando por vezes

o subfinanciamento e financiamento a privatização da saúde, mantendo nosso sistema de

saúde a mercê dos prestadores de serviços privados em saúde, transformando a saúde em

mercadoria. (BORGES, 2012).

A relação acima apresentada desencadeia um processo de desconfiguração do SUS

como sistema público de saúde, assim como enfatiza o surgimento da saúde como mercadoria,

não mais como direito garantido. Esta estreita relação SUS-público-privado e sua tendência

desencadeia o que atualmente se chama de privatização do SUS, o qual será explicitado deste

ponto em diante.

3.1 Conceito de privatização

Para o prosseguimento do estudo torna-se necessário conceituar privatização e a

transposição deste para questões relacionadas a saúde e ao SUS, partindo do princípio de que

normalmente tal conceito relaciona-se a questões comerciais, destoando precipuamente da

saúde pública. Observa-se que tal conceito possui referida amplitude, assim pretende-se a

partir do levantamento de aportes teóricos possibilitar sua compreensão e relação com o tema

de estudo.

De acordo com Armstrong e Armstrong (2008) apud Borges (2012) a definição de

privatização da saúde compreende os processos de terceirização da força de trabalho e gestão

de unidades públicas, fatos estes aliados a estrutura de produção de serviços de saúde, dentro

e fora do SUS, formando uma visão onde a saúde passa a ser vista como um bem de consumo

e não mais como um direito fundamental do ser humano. A privatização do SUS compreende

o movimento de transferência de responsabilidades do setor público para o setor privado,

trata-se de ações em que o estado terceiriza seus serviços a iniciativa privada com o objetivo

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de dinamizar a gestão das unidades públicas e/ou serviços que deveriam ser oferecidos pelo

estado. (BORGES, 2012).

A privatização da saúde, portanto representa a intensificação de ações de terceirização

desta prestação de serviços ou do que se denomina complementaridade do setor privado no

público, colaborando para a formação de uma visão distorcida em relação a saúde que passa

de direito fundamental a bem de consumo. A privatização também se direciona para o SUS,

sendo que em relação ao SUS temos que a privatização envolve a transferência de

responsabilidades do setor público para o privado, envolvendo várias ações, que inicialmente

tem o objetivo de promover a melhoria na gestão da saúde pública ou dos serviços oferecidos,

sem se preocupar diretamente com a observância destes ou os efeitos deste.

“Considerando que o fim de todo processo privatizante é tornar a saúde um bem de

mercado, acredita-se que tal fim é um provável resultado do movimento de privatização do

SUS.”(BORGES, 2012, p. 125).

Analisando a conceituação e entendimento do que vem a ser privatização acredita-se

que a partir da privatização do SUS a saúde torne-se um bem de consumo, de mercado, o que

vem de encontro com os princípios e diretrizes do SUS, gerando uma relação conflituosa que

apresenta além desta, demais questões e dilemas permeados por pros e contras.

Público e privado estabelecem estreitas ligações ao se falar do SUS, havendo confusão

entre seus interesses, sendo vigente a relação de complementaridade do setor privado no

público, mas também em muitos casos o SUS complementa a atividade privada lucrativa

(entidades sem fins lucrativos tomadas por entidades privadas lucrativas terceirizadas, planos

de saúde que geram duas portas de entrada no sistema, judicialização na busca de serviços

complementares públicos aos planos privados), contrariando a afirmação de que a saúde é um

direito de todos. (SANTOS, 2010).

A relação SUS e sua privatização gera vários questionamentos, pois se por um lado a

privatização é real e necessária diante a realidade do SUS, também há nesta realidade ações

deletérias em que o SUS financia o setor privado, gerando contrariedades, benefícios e fatores

deletérios a saúde pública.

Segundo Waitzkin et al (2007) apud Borges (2012) a privatização garante eficiência,

modernização e melhoria da qualidade dos serviços quando realizados pela iniciativa privada,

na medida em que os serviços públicos são caracterizados como incapazes de promover a

saúde universal e gratuita para todos, assim como feita a altos custos.

Entre os fatores favoráveis a privatização está a alegação de que com a privatização os

serviços vistos como precários pelo SUS passam a ser vistos com eficiência, refletindo a visão

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de que o serviço público em nosso pais ainda é precário e iniciativas privadas se sobressaem

sobre as públicas. Diante da maciça crítica frente ao SUS e sua efetividade a realização dos

serviços por parte da iniciativa privada se faz a solução, agregando e enfatizando seus pontos

positivos como a eficiência, qualidade, modernização, deixando de lado os possíveis efeitos

deletérios desta.

O fato de o SUS em sua realidade comprar serviços de entidades privadas nos remete à

concepção de que este sistema detém escassas capacidades de intervençãoàs prioridades de

atendimento diante do fluxo das pessoas. Ademais observa-se que os prestadores privados

selecionam serviços e procedimentos mais rentáveis, recusando os de pequena lucratividade,

caracterizando a presença de preços arbitrários nesta relação. (CAMPOS, [2011]).

A partir do momento em que o SUS passa a comprar serviços que deveria oferecer fica

claro que não há aptidão para o atendimento da demanda oferecida, assim a iniciativa privada

compreendendo a ocorrência desta realidade e necessidade, vendo a saúde como um bem de

consumo, passa a se beneficiar dessa relação, buscando oferecer serviços mais rentáveis,

trazendo fatores deletérios a esta relação.

Descrentes da possibilidade de uma mudança desse contexto e sem disposição para realizar as necessárias reformas, política e do modelo de gestão, do sistema público, diversos analistas têm sugerido variantes privatistas para enfrentar estas reais debilidades da administração estatal. Considera-se que há privatização do sistema quando, para escapar a constrangimentos, se inventam várias modalidades de gestão de hospitais e de outros serviços, delegando-os a pessoas ou organizações particulares. (CAMPOS, [2011], p. 03).

A privatização do SUS parece representar somente uma válvula de escape diante de

uma situação onde não se tem a iniciativa de buscar soluções de gestão do sistema de saúde

público brasileiro. Surge a partir de dilemas e entraves presentes no SUS, apresenta benefícios

e arbitrariedades, mas apenas mascara a situação e persiste de forma a enfatizar seus efeitos

deletérios e noviços a garantia do direito fundamental à saúde, pois os gestores públicos não

buscam intervir sobre ela de forma a direcionar mais ênfase em seus benefícios em detrimento

de fatores não contributivos.

No decorrer da história da saúde pública no Brasil observa-se uma tendência no

sentido da privatização da saúde. Em linhas gerais o termo privatização significa a ampliação

do setor privado em detrimento do estatal, em relação a área da saúde demonstra a existência

de um contexto em que o mercado se torna a lógica do sistema. Os diversos tipos de

privatização tem em comum o fato de promover a transformação da saúde de um direito a

uma mercadoria. (MENICUCCI, 2010).

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Diante desta, temos que a tendência privatizante da saúde está aliada a história da

saúde pública no Brasil, sendo determinada pela ampliação do setor privado na medida da

diminuição do estatal, estando arraigada em nossa história, crescente e presente cada vez mais

em nossa realidade.

3.2 Realidade crescente da privatização do SUS

Sendo a privatização uma realidade na atualidade do Sistema Único de Saúde, temos

que esta realidade também se apresenta com o passar do tempo de forma crescente, rumo a

incorporação da privatização ao SUS, sendo difícil ou mesmo impossível dissociar esta

relação de nossa situação atual.

O SUS no desenvolvimento de suas ações tem assegurado a reprodução do setor

privado na prestação de seus serviços, assim o SUS ao mesmo tempo estatiza e privatiza a

atenção a saúde. Em sua criação não fazia parte a estatização de serviços privados,

filantrópicos ou não governamentais que até então prestavam assistência ao antigo sistema

previdenciário, para permitir sua integração a rede única através da delegação aos municípios

e estados a função de realizar contratos e convênios com estes. (CAMPOS, [2011]).

Na atualidade temos que o SUS tanto realiza ações de modo próprio, os serviços

públicos, como também de modo terceirizado, os serviços privados, representando uma

dualidade destoante. Desde seu surgimento temos que o SUS já buscou ou estabeleceu que

esta realidade viesse a existir, talvez por necessidade ou por conveniência.

A rede de serviços do SUS possui estabelecimentos particulares e privados

contratados, assim como estabelecimentos públicos vinculados com empresas privadas. Na

prestação de serviços ao SUS pelos hospitais privados com ou sem fins lucrativos é nítida a

discrepância entre o atendimento de pacientes de planos privados e usuários do SUS, sendo os

últimos prejudicados nesta relação. (BORGES, 2012).

A realidade da privatização do SUS demonstra claramente a dualidade de tratamento

que é oferecida por esta relação, sendo que tanto serviços contratados ou próprios deveriam

ser oferecidos de forma igualitária conforme estipulado na legislação do SUS, mas diante da

necessidade de usufruir destes serviços acaba-se de certa forma aceitando tal tratamento,

realidade que só cresce em nosso país, pois o SUS cada vez mais necessita da prestação

desses serviços.

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Borges (2012) ao trazer dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do ano

de 2010, evidencia que apesar do país possuir cerca de 55,3% do total de estabelecimentos de

saúde do país, ainda persiste a existência de uma dependência latente do SUS em relação ao

setor privado.

Evidencia-se que atualmente o sistema único de saúde é bastante dependente de

hospitais privados e filantrópicos para assegurar o atendimento a saúde. Atualmente 36% dos

leitos do SUS detém caráter público, pertencendo aos municípios, estados, universidades ou a

união, a maior parcela, os 64% pertencem as instituições particulares, que detém clientela

pagante, de sistemas de saúde complementares e usuários do SUS. Observa-se que o SUS já

em seus primórdios já era dotado de marcas de privatização, fato que só vem crescendo a cada

dia. (CAMPOS, [2011]).

Os números ressaltam e demonstram que crescente é a dependência que o SUS acaba

por estabelecer com instituições privadas, caracterizando sumariamente a realidade da

privatização do SUS, onde a maior parcela dos serviços são oferecidos por contratados ou

conveniados do setor privado ao invés de serem oferecidos totalmente ou em sua maioria por

instituições públicas.

O SUS é fortemente dependente dos contratos com o setor privado nas áreas de

serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, principalmente em regiões com insuficiente

infraestrutura de estabelecimentos, serviços, equipamentos e pessoal. A atenção terciária

inclui procedimentos de alto custo, fazendo com que prestadores privados contratados e

hospitais de ensino estabeleçam preferências para o atendimento de pacientes do SUS.

(BORGES, 2012).

Esta forte dependência entre SUS e serviços privados contratados vem de encontro a

pontos conflitantes presentes na precariedade deste sistema, pontos de maior carência, que por

vezes representam serviços de maior custo e por isso despertam o maior interesse dos

prestadores de serviços.

A partir disto segundo Santos (2010) temos que recentemente o Estado tem suas

atividades em saúde diminuídas em razão da transposição destes serviços públicos à entidades

privadas a partir de concessões e permissões e efetivação de privatização de muitas

atividades.

Observa-se a constante diminuição das ações em saúde promovidas pelo Estado e em

contrapartida temos o aumento da realização de concessões, permissões, contratos, convênios,

efetivando assim uma privatização a passos largos diante de uma realidade em que a presença

14

de defasagens, contribui para o aumento da privatização das ações do SUS, como resposta a

estas.

Diante da crise no financiamento da administração pública em gerir serviços de saúde

surgiram novas formas de terceirização, como as organizações sociais, as organizações de

sociedade civil de interesse público, como cooperativas de serviços, fundações de apoio,

parcerias público- privadas (PPPs), dentre outras. (SANTOS, 2010).

As estratégias encontradas e implementadas para suprir as carências do SUS foram

diversas formas de terceirização como apresentadas acima, estas que tendem a aumentar

assim como os números que envolvem a privatização.

Observa-se que está em curso no SUS um processo constante em direção a sua

privatização, evidenciado pela criação da concepção de insustentabilidade do SUS em várias

dimensões que associadas as condições do setor privado de saúde, determinam a

predominância da mercantilização da saúde. (BORGES, 2012).

É clara a existência de uma crescente no processo de privatização do SUS, sendo que o

SUS depende de forma crescente dos serviços privados, devidoas várias carências que

permeiam sua realidade, e também crescente é o número de estratégias implementadas

visando a realização de terceirizações dos serviços de saúde.

Com vistas a mascarar o processo crescente de privatização presente no país, observa-

se atualmente e em processo crescente a presença de fundações privadas acopladas a grandes

hospitais públicos, onde mediante convênios,os médicos, gestores e políticos recebem

repasses financeiros do SUS; também estes hospitais com o pretexto de balancear seus

orçamentos oferecem atendimento privado, gerando a chamada dupla porta de entrada.

Caracteriza-se assim uma tendência clara de privatização, onde o Estado através de orçamento

público financia o pagamento de despesas da iniciativa privada. Equívocos também

acontecem por parte dos entes federados, Ministério da Saúde, secretarias de estados e

municípios que diante de inadequada política de pessoal do SUS e restrições de contratações,

delegam a universidades, entidades não-governamentais ou filantrópicas a gestão de pessoal,

permitindo a expansão da cobertura assistencial e capacidade de atendimento em detrimento

de uma adequada gestão de pessoas. Crescente também é a presença das Organizações

Governamentais (OS) e fundações públicas que representam a delegação do papel de gestão

do estado para uma organização privada, elegida pelos gestores, sem nenhuma forma de

licitação ou disputa, nesta relação o controle e integração do SUS seriam assegurados por

contratos administrativos, estando a fiscalização de desempenho aos cuidados de agentes

públicos. (CAMPOS, [2011]).

15

Tais situações citadas acima representam terceirizações as avessas, estas que crescem

vertiginosamente em nossa realidade e referem-se sumariamente a privatização da saúde,

entretanto permanecem mascaradas em nossa realidade, buscando não evidenciar demais

fatores que envolvem a privatização, assim como o caráter de mercantilização, obtenção de

lucros, mau uso do dinheiro público, a que está submetido o nosso sistema de saúde.

A relação de dicotomia entre público-privado se faz tema de constante debate, sendo

que de um lado está a garantia da saúde enquanto um direito, e do outro a penetração de

interesses privados no governo, gerando a chamada privatização do público. Esta relação gera

várias críticas e dilemas, dentre estas associa-se também a defesa pela publicialização da

saúde, que objetiva garantir os interesses públicos no sistema de saúde. (MENICUCCI, 2010).

A relação público-privado é tema de constante debate, visto que a tendência à

privatização do SUS é preocupante, bem como os rumos que ela vem determinado, assim

surgem novas questões como a busca pelo ressurgimento dos interesses públicos nesta relação

e a existência de questionamento sobre a gestão que é implementada em relação a este fato.

3.3 Fatores que convergiram para a privatização do SUS

Vários fatores de nosso percalço histórico e presentes em nossa realidade se fizeram

determinantes e condicionantes da realidade crescente de privatização do SUS, aonde chega-

se a um ponto onde não é possível apontar um marco inicial ou ponto convergente diferencial,

mas o resultado do desenrolar de fatos e ações que acabam por determinar a crescente

privatização presente nos serviços do Sistema Único de Saúde.

Estão presentes em nossa realidade fatores convergentes como terceirizações,

subfinanciamentos, financiamento público do setor privado, deterioração das unidades

públicas, geração de crises pela mídia, que combinados demonstram o intuito de transformar o

SUS em um sistema privado. (BORGES, 2012).

A existência destes fatores conforme citados agem de forma combinada, cada um

contribuindo com sua parcela e desencadeando as demais, assim temos só para citar um

exemplo: fatores deletérios presentes nas unidades de saúde, normalmente pela falta de

investimento, é destacada pela mídia, gestores preocupados com a situação ressaltada para a

população implementam a cada dia mais terceirizações, subfinanciamentos, financiamento do

setor público, ações estas que mascaram a situação do SUS, determinam mais ações rumo ao

16

detrimento de ações próprias públicas e convergem para a privatização do SUS, criando um

ciclo, uma série de ações que desencadeadas e combinadas culminam com a privatização

propriamente dita.

A privatização dos serviços públicos de saúde é precedida por ações que basicamente

envolvem a hipervalorização da eficiência privada na saúde aliada aos apontamentos

conflituosos dos serviços públicos. Em relação a esta realidade estão presentes determinantes

da privatização do SUS nas esferas política, econômica e ideológica, influindo na

disseminação desta. No que se refere à questões políticas está presente a geração de um

ambiente de crise, que determina a tomada de medidas equivocadas e imediatistas como

terceirizações de recursos humanos, compra de hospitais, aumento de recursos para os

prestadores privados com fins lucrativos, transferência da gestão de unidades públicas para o

setor privado. (BORGES, 2012).

Continua o autor acima considerando que no que se refere a questões econômicas

estão presentes medidas de contenção de gastos públicos representadas por cortes de

orçamento, redução de pessoal e reformas na organização. Em relação as questões ideológicas

temos a concepção de que a eficiência privada é superior a pública, concepção propagada por

agentes econômicos, políticos, sociais e substancialmente pela mídia, reforçando a

necessidade de melhoria da gestão de saúde pública através da iniciativa privada. Tal cenário

combina-se com realidades presentes na saúde do Brasil, como dualidade entre público e

privado existente na saúde, financiamento público do setor privado, subfinanciamento do

SUS.

Basicamente são ações que contribuem para a privatização do SUS a hipervalorização

do setor privado e pontos negativos presentes no SUS em sua estrutura e realidade, mas a

condição que se observa com maior ênfase é a parcela atribuída aos gestores nesta relação,

sendo que a partir de suas ações e concepções é que se propagam e determinam os pilares da

privatização, é devido a sua atuação que os dilemas aparecem, bem como é ao seu alcance que

as decisões acontecem, e a única solução encontrada para as diversidades do SUS é a

privatização, onde observa-se ser esta cada vez mais a estratégia adotada e perpetuada na

gestão do SUS.

O processo de privatização de serviços e sistemas locais de saúde do SUS é dotado de

sinais indicadores, observa-se com maior ênfase a busca pela desconceituação dos serviços

públicos, visando a desqualificação da gestão e a fragmentação da força de trabalho. Neste

processo estão presentes sinais que referem-se a busca pela desconfiguração institucional do

SUS (movimentos contrários ao arcabouço normativo) como: instabilidade política da gestão

17

do SUS, inserção de profissionais do setor privado na gestão do SUS, inobservância de

resoluções, alterações que permitem a administração privada dos serviços, centralização da

tomada de decisão nas áreas da administração e fazenda, desvio de recursos, não observância

da Emenda Constitucional n° 29 e Lei Complementar n° 141/12, ausência de planos de

carreiras e projetos de formação profissional para os servidores públicos. (BORGES, 2012).

Também estão presentes sinais que relacionam-se a fragmentação do acesso a saúde

como: inobservância de critérios epidemiológicos, sociais e demográficos na organização da

rede de serviços, ausência de mecanismos intermunicipais de composição de rede em saúde,

organização da atenção a saúde segundo o interesse dos prestadores privados de saúde,

direcionamento dos serviços para a iniciativa privada, enfraquecimento de programas de

saúde regionais, influência política para acesso ao serviços de atenção secundária e terciária,

aumento no número de casas de apoio gerenciadas por grupos políticos, judicialização do

acesso aos serviços de saúde. (BORGES, 2012).

Estes fatores e situações surgem de forma isolada, silenciosa, não direcionada e

quando se vê já não se pode mensurar o que pode ou não ser feito, o que deve ou não ser feito,

o que necessita ou não ser terceirizado, privatizado; estes refletem claramente que a

privatização do modo como acontece fere os princípios norteadores do SUS, estas situações

estão cada vez mais presentes em nossa realidade e assim passam despercebidas e só tendem a

propagar-se, estes fatos buscam substancialmente fazer com que o SUS perca suas

características e que estas sejam convergidas segundo a realidade privada de prestação de

serviços em nossos país, esta realidade de privatização do SUS acontece aí, diante dos olhos

dos nossos gestores.

3.4 Necessidade de mudança e fortalecimento do SUS

Diante da concepção da atual situação de crescente privatização do SUS,

compreendendo a maneira como ela ocorre, compreendendo a relação entre público e privado

no SUS, os pros e os contras na realidade desta relação, há que se considerar a necessidade de

problematizar esta questão sob o enfoque de gestão do SUS com vistas a garantir o direito

fundamental a saúde.

Realmente na atualidade não é possível conceber uma administração pública que possa

executar o rol de seus serviços de forma direta, sem a participação do setor privado.

18

Entretanto o dilema está na distinção entre o complementar e o principal, devendo o poder

público complementar seus serviços segundo regras públicas e em quantidades realmente com

caráter complementar, havendo necessidade de que a gestão publica direcione seus esforços

com vistas a controlar os crescentes serviços privados de terceirização e privatização. É clara

que em nossa realidade a grande contribuição trazida por algumas entidades que

complementam o SUS, que realmente atuam em prol da sociedade, contudo há a necessidade

de que sejam considerados os riscos e conflitos de interesses entre o privado e o público.

(SANTOS, 2010).

Realmente o SUS em sua integralidade e realidade não detém condições de oferecer a

gama de serviços a que se propõe sem a participação do setor privado, sendo que o setor

privado agrega com certa relevância e ressalvas contribuições ao serviço público realizado a

partir do SUS, entretanto há a necessidade de se ponderar esta relação, buscar o entendimento

do que realmente e efetivamente vem a ser complementar o SUS com serviços privados,

havendo necessidade também de efetivar a garantia da igualdade de condições entre os

serviços próprios do SUS e os contratados do setor privado.

Ao se pensar no convívio estreito entre a atividade privada e a pública, havendo

complementaridade da privada na pública em um espaço social de garantia de direitos,

mediante contratos de prestação de serviços, torna-se necessário que esta realidade seja

encarada e sumariamente regulada em prol do interesse público. Assim deve-se evitar que os

serviços privados complementares fiquem alienados ou isolados das finalidades públicas,

diretrizes, normas e demais regras. (SANTOS, 2010).

Assim como os serviços próprios do SUS os contratados, conveniados, terceirizados

devem se submeter as mesmas normas e diretrizes do SUS, visto que a partir do momento em

que são prestadores de serviços para o SUS, representam propriamente dito o SUS, assim

devendo garantir a prestação de serviços assim como o SUS, garantindo plenos direitos aos

seus usuários. Maior atenção deve ser dada por parte dos gestores para com esta relação,

sendo eles os agentes primordiais para o atendimento aos interesses públicos.

Diante da realidade de que o público não irá prescindir o privado se faz necessário o

desenvolvimento de mecanismos e estratégias, que além de controlar as atividades deste,

determinem rumos, diretrizes e metas aliadas aos princípios públicos e os controlem com a

participação da sociedade. Sendo que na relação público-privado sempre deve estar presente a

supremacia do interesse público. Na relação público-privado há de existir justa medida,

havendo necessidade de delimitar, controlar, fiscalizar e promover a implementação de um

comando público na observância dos princípios e diretrizes públicas da saúde, tendo como

19

supremacia a imposição do interesse público, sendo que importante papel detém este nas

ações de planejamento de ações e serviços diante das necessidades, de forma eficiente, eficaz

e qualitativa. (SANTOS, 2010).

O foco maior nessa questão deve estar direcionado para o atendimento ao interesse

público, a sua supremacia, necessitando para tanto que sejam desenvolvidos mecanismos e

estratégias que permitam garantir com sucesso a implementação destas, sempre baseadas na

necessidade da população, permeada por um planejamento, dotada de características que

permitam que sejam realizadas de forma eficiente, eficaz e com qualidade acima de tudo.

Uma solução para o adequado relacionamento entre SUS e prestadores filantrópicos

parece ser a globalização do contrato de serviço, através do estabelecimento de metas por

cobertura populacional, indicadores de resultados baseados em vidas salvas, doenças evitadas,

controle de doenças crônicas, ou seja, nesta relação devem ser adotados os mesmos critérios

presentes na atenção primária com a saúde da família. (BORGES, 2012).

Observa-se que o enfrentamento e mudança diante da atual vertente crescente da

privatização do SUS é possível, sendo que a resposta encontra-se dentro do próprio SUS, de

seus princípios, diretrizes e normas para esta situação, havendo necessidade de que estas

passem a ser implementadas com maior ênfase.

Diante da presença de entraves e dilemas na relação público-privado na saúde

confirma-se a necessidade crescente da efetivação e participação dos cidadãos na formulação

de políticas públicas, na efetivação do controle social, modelando assim a atenção,

organização, regulação e compra de serviços hospitalares, laboratoriais e de média e alta

complexidade, reafirmando o papel do Estado na saúde. Sendo que existe na legislação de

forma clara as atribuições e competências do gestor do SUS visando a regulação, fiscalização

e controle do sistema, fatores estes que se estendem ao setor privado complementar.

(HEIMANN et al., 2010).

Assim como os gestores a população detém significativa importância e participação, o

cidadão tem o papel de cobrar dos gestores, do estado o cumprimento das premissas legais

concernentes ao SUS diante da vigente necessidade de mudar a realidade diante da

privatização do SUS, mudança esta que se faz possível a partir do direcionamento de políticas

públicas rumo a melhoria da relação entre público e privado no SUS.

A regulação do SUS deve envolver os serviços próprios públicos assim como os

contratados e conveniados, este fato deve ser ressaltado principalmente diante da fragilidade

da gestão da saúde nas áreas de avaliação e controle das ações do sistema. Devendo ocorrer de

forma urgente o direcionamento de ações no sentido de promover maior articulação,

20

acompanhamento e responsabilização dos gestores do SUS para com a saúde da população.

(HEIMANN et al., 2010).

A carência do SUS também é permeada e determinada pela deficiência em sua gestão,

havendo necessidade de seu fortalecimento, possibilitando o enfrentamento de várias

situações divergentes, dentre elas a questão da privatização do SUS. A partir de uma gestão

ampla do SUS, a partir do cumprimento e buscas dos preceitos legais, garantias fundamentais,

maior controle sobre as ações desenvolvidas pelo próprio SUS e através de seus contratados, é

que se faz possível um SUS que realmente garanta a saúde para todos de forma igualitária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema Único de Saúde surge diante do anseio e busca da população por melhores

condições de saúde, representando uma política pública a fim de garantir o direito

constitucional a saúde, assim em sua essência é dotado de importantes princípios atendendo a

afirmação anterior. Observa-se que as ações desenvolvidas pelo SUS representam uma gama

de atividades, trazendo extensão e complexidade para promoção da atenção a saúde a

população de forma integral, assim vários são os pontos positivos de sua realidade, assim

como também vários são os pontos negativos, ambos alvo de constantes análises e discussões.

Devido a gama de atividades a serem oferecidas pelo SUS, grandes se fazem os

desafios para a realização destas, pois se constata que embora se busque a integralidade da

assistência, muitas vezes não é possível atender a este quesito. Assim a legislação do SUS

tendo em vista a previsão de tal questão garantiu a previsão de complementaridade da

iniciativa privada no SUS, estabelecendo que esta deva acontecer em caráter complementar e

se submeter as mesmas normas e diretrizes dos serviços oferecidos pelo Estado.

Diante das várias dificuldades apresentadas pelo SUS ao longo de sua trajetória e

realidade observa-se a crescente realização da complementaridade do setor privado no SUS,

determinando o crescente número de terceirizações de serviços e ações. A implementação

desta estratégia dissemina-se com expressiva frequência, desconfigurando o SUS e

culminando em um processo de privatização do SUS, onde se observa o aumento das ações

desenvolvidas pelo setor privado através de contratações e convênios em detrimento das

desenvolvidas pelo SUS de forma própria.

21

A relação público-privado e a realidade da privatização do SUS apresenta pontos

positivos e negativos, de um lado temos os benefícios trazidos a realidade do SUS pela

contratação de serviços privados, trazendo qualidade, inovação, permitindo a prestação do

serviço via SUS, em contrapartida esta relação gera também o subfinanciamento do SUS ás

entidades privadas, situações de mau uso do dinheiro público, camuflagem de ações que

configuram privatização, dentre outras, culminando na mudança de visão da saúde, passando

esta a ser considerada um bem de consumo, contrariando os princípios do SUS; assim esta

situação apresenta-se cada vez mais de forma preocupante, direcionando olhares para esta

questão a fim de clarificar como esta ocorre.

Na atualidade considera-se quase que impossível separar o SUS do setor privado,

situação esta que envolve todo um percalço histórico onde estão presentes as dificuldades

vivenciadas pelo SUS, a promoção da desacreditação do SUS, supervalorização do setor

privado, a formação da concepção de que a privatização é a única forma, ou forma mais

cômoda de mascarar as dificuldades vivenciadas pelo SUS, dentre outras, que de forma

conjunta culminam para a crescente privatização do SUS em nossa realidade atual.

A privatização do SUS de certa forma traz benefícios, auxiliando a prestação de

serviços de saúde via SUS, entretanto estão presentes fatores deletérios nesta relação, nos

levando a problematizar sua necessidade, e a maneira como vem sendo realizada diante do

cenário atual. Assim temos que é necessário problematizar a forma com que esta privatização

vem acontecendo em nosso país, não sendo possível negar os benefícios desta, mas sendo

necessário buscar o controle mediante sua realização através de um fortalecimento da gestão

do SUS e garantia do direito a saúde. Vigente é a necessidade de controlar os crescentes

serviços de privatização, observando o limiar entre serviços necessários e complementares, a

necessidade de complementar serviços do SUS ou não, buscar a igualdade entre serviços

próprios públicos e os contratados, garantindo acima de tudo o interesse público.

No que se refere a observância e atendimento ao interesse público relevante

participação também no que se refere a privatização do SUS tem a participação social, esta

que através de uma ação efetiva que deve compreender a participação no planejamento

conjunto das ações de saúde pública, de fiscalização, acompanhamento das ações

desenvolvidas, avaliação dos resultados, realização de questionamentos, observância dos

objetivos alcançados, dentre outras, detém subsídios reais para reconhecer as necessidades e a

efetividade ou não dos serviços prestados, auxiliando também na busca pelo aprimoramento.

Enfatiza-se também a importante açãoda participação social na fiscalização dos serviços

complementares do setor privado no SUS, observando a qualidade, efetividade dos serviços

22

prestados e atendimento aos princípios do SUS de forma plena, sendo esta uma importante

ferramenta que se faz meio para validar ou não a realização de forma terceirizada de serviços

que deveriam ser prestados pelo SUS de forma própria.

Pode-se concluir que as diretrizes do SUS devem passar a serem observadas nesta

relação, a situação é possível de enfrentamento e ponderação, a partir do respeito as

normatizações legais, maior participação popular, efetivação da ação dos agentes públicos,

assim não há necessidade de abrir mão da complementaridade do setor privado no SUS, mas

devem ser estabelecidas estratégias, diretrizes, objetivos comuns a fim de acompanhar,

organizar, regular, fiscalizar a compra de serviços do setor privado, garantindo sua aplicação

conforme previsão legal, para que acima de tudo se possa efetivar um SUS realmente para

todos e de forma igualitária.

REFERÊNCIAS

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