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1 PRINCÍPIOS TEÓRICOS E CIENTÍFICOS DA NEUROPSICOPEDAGOGIA

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PRINCÍPIOS TEÓRICOS E CIENTÍFICOS DA

NEUROPSICOPEDAGOGIA

2

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de

empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de

Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como

entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de

conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a

participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua

formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,

científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o

saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma

confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base

profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições

modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,

excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

3

Sumário PRINCÍPIOS TEÓRICOS E CIENTÍFICOS DA

NEUROPSICOPEDAGOGIA .............................................................................. 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Princípios da Neuropsicopedagogia ........................................................ 4

Metodologia e intervenção para o trabalho com princípio na coletividade

,por meio de oficinas temáticas e projetos de trabalho ..................................... 5

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA NEUROPSICOPEDAGOGIA ............. 8

A NEUROPSICOPEDAGOGIA .............................................................. 12

Princípios teóricos e ciêtíficos da Neuropsicopedagogia ....................... 14

FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM ............................................... 16

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM .......................................... 21

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO .................................................... 25

Dos 6 aos 8 anos: aprendendo a conviver em grupo ............................ 27

Dos 9 aos 11 anos: “Sou ou não competente?” .................................... 29

NEUROCIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO...................................................... 31

O que é Cérebro? .................................................................................. 32

O sistema nervoso central ..................................................................... 36

Tecido nervoso ...................................................................................... 40

O neurônio ............................................................................................. 40

Neurotransmissores............................................................................... 43

AS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA NA APRENDIZAGEM .......... 46

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 50

4

Princípios da Neuropsicopedagogia

Com a união da neurociências, da psicologia e da pedagogia originou-se

uma nova ciência transdisciplinar, a Neuropsicopedagogia, cujo objetivo é

compreender as funções cerebrais para o processo de aprendizagem, com

intuito na reabilitação e prevenção dos eventuais problemas detectados nos

indivíduos. Temos o objetivo de analisar e discutir o papel da

neuropsicopedagogia no processo de ensino e aprendizagem na Educação

Básica, com uma proposta de implementação desse profissional em todas as

escolas do país, como ferramenta para a inclusão e sucesso escolar.

A partir do exame do referencial bibliográfico, constatou-se que o fracasso

escolar está agregado a inúmeros fatores, como: biológico, social, histórico e

econômico, a qual influenciam diretamente na aprendizagem dos alunos,

principalmente daqueles reincidentes com históricos de insucesso escolar.

Como método, recorreu-se a revisão bibliográfica. Para dar ênfase a essa

pesquisa, Almeida (2012), Beauclair (2014), Consenza e Guerra (2011),

Tabaquim (2003), Mantovanini (2001) e Patto (1999), que por sua vez permeiam

as questões da neurociência, psicologia, pedagogia e do/no/sobre o cotidiano

escolar respectivamente contribuíram para uma maior compreensão da

temática.

Como resultado, ao examinar o arcabouço teórico, percebeu-se que as

produções de estado da arte ou do conhecimento, ainda permanecem em

“passos lentos”, o que marcam uma lacuna entre a teoria e a prática sobre a

temática da neuropsicopedagogia, a falta de políticas públicas e a relação entre

a saúde e a educação.

5

Metodologia e intervenção para o trabalho com princípio

na coletividade ,por meio de oficinas temáticas e projetos de

trabalho

A nuance entre a neurociências, a psicologia e a pedagogia vem

adquirindo espaços cada vez mais significativo no Brasil, a qual originou-se em

uma nova ciência transdisciplinar. Assim, o Centro Nacional de Ensino Superior,

criou em 2008, o primeiro curso de Pós-graduação em Neuropsicopedagogia no

país (SBNPp, 2016), cujo objetivo foi compreender as funções cerebrais para o

processo de aprendizagem, com intuito na reabilitação e prevenção dos

eventuais problemas detectados em alunos de escolas no país.

A partir daí, diversos pesquisadores como: Pedagogos, Psicopedagogos,

Psicólogos, Neuropsicólogos, Pediatras, Psiquiatras, Fonoaudiólogos,

Neurolinguistas, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e Neurocientistas,

se reuniram diretamente e indiretamente para melhor entender a forma como o

cérebro se processa nos processos cognitivos e emocionais dos indivíduos. E

definiram que:

[...] a neuropsicopedagogia procura reunir e integrar os estudos do desenvolvimento, das estruturas, das funções e das disfunções do cérebro, ao mesmo tempo que estuda os processos psicocognitivos responsáveis pela aprendizagem e os processos psicopedagógicos responsáveis pelo ensino” (FONSECA, 2014, p.1).

Desse modo, a neuropsicopedagogia se caracteriza na área de

conhecimento, voltada principalmente para os processos de ensino e

aprendizagem, que se compõe na avaliação de indivíduos em defasagem. A

saber, esses indivíduos não se desenvolvem fora dos contextos históricos,

sociais, culturais, econômicos e educacionais, e o funcionamento do cérebro é

justamente uma interação dos impulsos nervosos ao transmitir por meio das

sinapses a liberação de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores

(RAQUEL ARAUJO, 2010, p.149).

6

Para que haja o processo cognitivo do aluno no cotidiano escolar, uma

ampla inter-relação de desenvolvimento deve agregar-se aos fatores

psicológicos, biológicos e culturais, esses por sua vez, precisam estar

sintonizados para alcançar o sucesso escolar dos envolvidos nesse contexto.

Com isso, o professor no século XXI, tem a difícil tarefa de educar alunos por

meio do processo de ensino e aprendizagem metódicos e ultrapassados que

remetem ao fracasso escolar.

Contudo, é notório que a aprendizagem não é assimilada igualmente

pelos mesmos alunos da Educação Básica, devido aos fatores genéticos

construtivista apontados por Piaget (ABREU, 2010) ou social interacionista

discutidos por Vygotsky (LUCCI, 2006). É justamente no cotidiano escolar que

são trabalhados a atenção, a memória, a linguagem, a emoção e cognição, o

que traz valiosas contribuições para se alcançar a educação plena, dentro e fora

do ambiente escolar.

O cérebro é o órgão principal do sistema nervoso e consequentemente o

responsável pelo controle do corpo e do processo de aprendizagem. Assim, o

estudo da neurociências por educadores ajudam a evitar o fracasso escolar e

frustações futuras ao longo da Educação Básica. A saber, a plasticidade neural

são encarregadas da aprendizagem do indivíduo, ativadas pela área do córtex

cerebral. Desse modo, educadores ao conhecerem o processo de

funcionamento do cérebro, se apoderam de uma ferramenta importantíssima no

processo de ensino e aprendizagem que remetem ao sucesso escolar tão

almejado no Brasil.

É notório que a neuropsicopedagogia, tem se apresentado no contexto

educacional como promissora ao relacionar saberes, que vão desde os mais

diversos comportamentos, pensamentos, emoções, movimentos e

principalmente a efetividade, ao fornecer melhorias na qualidade de vida do

indivíduo. Assim, a função geradora do profissional em neuropsicopedagogia é

buscar tratamentos efetivos para variados distúrbios, transtornos ou doenças,

que prejudicam principalmente sonhos de alunos, pais e professores na

Educação Básica.

7

Contudo, para Herculano-Houzel (2004), cabe ao neuropsicopedagogo

avaliar as necessidades cognitivas do aluno, para que haja uma intervenção

estimuladora e a possibilidade de entender como se processa o desenvolvimento

de aprendizagem, com atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de

desenvolvimento de cada aluno no cotidiano escolar. Segundo Lima (2017), ao

longo da Educação Básica, os processos cognitivos precisam ser analisados em

todas as concepções, não apenas com os fracassos, ao qual ficam impregnados

em alguns indivíduos. Mas, como oportunidade dos envolvidos no processo de

ensino e aprendizagem ao encontrar um víeis, na busca de um ensino de

qualidade e a realização dos projetos de vida dos alunos.

Com pouco mais de dez anos de abordagem da neuropsicopedagogia no

Brasil, observou-se que especialistas estiveram preocupados em redigir

pesquisas científicas. Porém, ao examinar revistas especializadas, percebeu-se

que as produções de estado da arte ou do conhecimento, ainda permaneceram

em “passos lentos”, o que marca uma lacuna entre a teoria e a prática sobre a

temática da neuropsicopedagogia.

Pois, diante do exposto encontrar e analisar as pesquisas no cotidiano

escolar da Educação Básica não é uma tarefa muito fácil, justamente porque

esse especialista vem buscando espaços em um viés, clínico e institucional

paralelamente. A partir do exame do referencial teórico, analisou-se que o

fracasso escolar está agregado a inúmeros fatores, como: biológico, social,

histórico e econômico, a qual influenciam diretamente na aprendizagem dos

alunos, principalmente daqueles reincidentes com históricos de insucesso

escolar.

Para dar luz a essa pesquisa bibliográfica, recorreu-se ao arcabouço

teórico de Almeida (2012), Beauclair (2014), Consenza e Guerra (2011),

Tambaquim (2003), Mantovanini (2001) e Patto (1999), que por sua vez

permeiam as questões da neurociência, psicologia, pedagogia e cotidiano

escolar.

Portanto, temos o objetivo de analisar e discutir o papel da

neuropsicopedagogia no processo de ensino e aprendizagem na Educação

8

Básica, com uma proposta de implementação desse profissional em todas as

escolas do país devido à importância nesse processo educacional, ratificado

pelas pesquisas.

Como método, recorreu-se a revisão bibliográfica a partir de autores que

examinam e compreendem a neuropsicopedagogia como ferramenta no

processo de desenvolturas no/do/sobre o cotidiano escolar, em prol do sucesso

escolar.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA NEUROPSICOPEDAGOGIA

Refletindo sobre a relação da neuropsicopedagogia e sua contribuição

para o desenvolvimento da aprendizagem, ajuda a compreender também outros

aspectos nesse mesmo contexto como: a neuropsicopedagogia e o

conhecimento, o desenvolvimento cerebral, o desenvolvimento neuropsicomotor

e sua influência no processo de aprendizagem e o desenvolvimento da memória.

Ressaltando que o desenvolvimento da aprendizagem e da memória é um

processo que ocorre desde o nascimento até a idade adulta. E assim, o

desenvolvimento humano ocorre durante toda vida e resulta de uma inter-relação

complexa de fatores biológicos, psicológicos, culturais e ambientais, sendo

definido com as mudanças na vida de um indivíduo desde a concepção até a

morte.

Segundo Antunes (1998), a aprendizagem é uma combinação de 3

fatores: como você capta as informações - aprendiz visual, auditivo, sinestético

ou tátil; como você organiza e processa as informações - quer seja ou não com

dominância cerebral ou ainda, condições para compreendê-la e a armazenar as

informações que está aprendendo - emocional, social, física e ambiental.

Além de que é uma importante interface com a Psicologia e Ventura

(2010) a define do seguinte modo:

A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O

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controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da neurociência e da neuropsicopedagogia. (VENTURA, 2010, p.123).

A neurociência pode ajudar muito a todos os indivíduos, contribuindo com

um olhar especialmente para aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades

de aprendizagem, uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral,

da busca de novos caminhos para a aprendizagem, das múltiplas inteligências

propostas por Gardner.

Gardner afirma que a Inteligência não é uma propriedade única da mente

humana, mas a interação entre as competências diversas – as inteligências.

Cada competência tem sua própria história de desenvolvimento e é

relativamente independente das outras.

Inicialmente este desenvolvimento ocorre apenas ¼ no ventre da mãe,

pois muito antes do nascimento, o cérebro do bebê começa a funcionar por

determinação de uma ordem genética, e a forma como os humanos se

desenvolvem. Mesmo antes de nascer, o sistema nervoso dos bebês

apresentam funções sensoriais e motoras elementares, como: mover-se

espontaneamente, reagirem à luz e a sons, demostrando assim, inclusive

sistema de memória.

Fora do ventre, é contemplado o desenvolvimento dos ¾ restantes em

sua relação com o ambiente para aprender, depende, crítica e continuamente,

da interação entre a herança genética e o meio, a nutrição, o cuidado, a

estimulação, as oportunidades e os ensinamentos que são oferecidos.

As partes do cérebro denominadas de tronco encefálico já estão bem

desenvolvidas ao nascer. Ficam na porção inferior do crânio regulando funções,

como: sono, vigília, eliminação de urina e fezes. O córtex, que regula funções,

como: percepção, movimentos corporais, o complexo de linguagem e

pensamento é a parte do cérebro menos desenvolvida ao nascer. (BEE, 2003).

10

Não menos importante no desenvolvimento do sistema nervoso é a

mielinização. Mielina é uma proteína que reveste cada neurônio, isolando-os do

contato com outras células nervosas, facilitando a transmissão do pulso nervoso.

(BELSKY, 2010). O tônus muscular corresponde à capacidade de resistência e

elasticidade dos músculos. Ao nascer, uma série de mecanismos inatos que lhe

auxiliarão a lidar com o meio, os reflexos. Esses, irão se adaptar mediante as

interações da criança com o meio ampliando as possibilidades de

comportamentos.

Nesse contexto, a neuropsicopedagogia vem contribuindo numa

perspectiva do conhecimento da gênesis da aprendizagem. Uma das áreas que

vem abrindo um grande espaço de conhecimento é a Neuropsicopedagogia, que

no Brasil teve a sua entrada, através do Centro Nacional de Ensino Superior,

Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós Graduação (CENSUPEG) no ano de

2008, no estado de Santa Catarina.

Sua primeira descrição no campo científico se deu através de Jennifer

Delgado Suárez, no artigo intitulado “Desmistificación de la

neuropsicopedagogia” onde apresentou uma composição histórica da trajetória

neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o contexto educativo.

Fernandez (2010) aponta para três pontos elucidativos da

Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º

Neuropsicologia.

Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a educação

dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E,

finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui

oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner.

Conforme as autoras colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes

contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo

em sua totalidade. (POHLMANN, 2010).

É através desse campo que possibilita conhecer o processo de

aprendizado de cada sujeito, propondo metodologias e estímulos apropriados e

assim, compreendendo que o aprendizado acontece para todos,

11

necessariamente, no entanto, devem-se aplicar os processos metodológicos que

estimularão de forma a obter respostas positivas.

Nesse contexto, vale ressaltar que a “Plasticidade é a capacidade

apresentada pelo sistema nervoso de alterar o funcionamento do sistema motor

e perceptivo baseado em mudanças no ambiente da conexão, através da

conexão e (re) conexão das sinapses nervosas, organizando e (re) organizando

as informações dos estímulos motores e sensitivos” (Relvas, 2005: 69-70)

De acordo com os estudos de Bear (2002) sobre a Inteligência Humana e

a Plasticidade Cerebral, não existem limites para o desenvolvimento do ser

humano. O que chamávamos de deficiência, agora pode ser considerada uma

mera especulação para padronização da anormalidade.

Neuropsicopedagogia contribui efetivamente para o conhecimento do

cérebro humano e a sua relação com a aprendizagem. Segundo Falcão (2005,

p.54) “o cérebro possui bilhões de neurônios, e cada neurônio pode ter até 100

mil contatos.”

Essas áreas de contato entre neurônios através de partículas de sódio,

potássio, cálcio e cloreto é conhecida como área sináptica onde ocorre a

sinapse, isto é local onde ocorrem ligações entre neurônios através de impulsos

nervosos ou eletroquímico chamado de potenciais de ação. (FALCÃO 2005,

p.54)

Nessa perspectiva, voltada para uma constante busca de conhecimentos

sobre os transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa

estar relacionado, o Neuropsicopedagogo terá condições de identificar nos

indivíduos tais sintomalogias, procurar identificar quais competências e

habilidades que tais indivíduos possuem.

Esse profissional, ao sugerir a intervenção, se fará acompanhada junto

aos familiares, professores e equipe pedagógicos e demais profissionais que se

fazem presentes na vida destes indivíduos.

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A NEUROPSICOPEDAGOGIA

Com as transformações percebidas ao longo dos anos, o campo da

Neurologia, Psicologia e Pedagogia, áreas que estabeleceram relações com a

Neurociências, consequentemente tornando-se em Neuropsicopedagogia, tem

buscado fomentar em estudos e pesquisas em prol das funções desse

profissional e de indivíduos que sofrem com distúrbios neuronais. Numa visão

mais abrangente, pode-se dizer que essa união tornou-se em uma ciência que

analisa o sistema nervoso e sua atuação no comportamento humano, tendo

como principal enfoque, a aprendizagem por meio da práxis.

Assim, procura fazer inter-relações entre os estudos das neurociências

com os conhecimentos da Psicologia Cognitiva e da Pedagogia. As áreas do

conhecimento que antes agiam independentes uma das outras, começaram a

fazer relações, denominado neuroeducação, promovendo desta forma a

identificação, diagnóstico, reabilitação e prevenção frente às dificuldades e

distúrbios das aprendizagens dos estudantes da Educação Básica.

Representação de entretenimentos e jogos que promovam a motivação e

interesse da criança a participar de forma ativa; conter elementos de

diferenciação que possam prender a atenção da criança durante o processo;

possibilitar a estimulação das áreas mais comprometidas da criança, utilizando-

se das mais desenvolvidas a fim de tornar a intervenção mais completa possível;

eliminação de fatores inibitórios que possam bloquear a estimulação programada

(PERUZZOLO; COSTA, 2015, p.7).

Diante do que foi mencionado até o momento sobre a temática é

fundamental abraçar todas as possibilidades de avanços nas pesquisas sobre a

aprendizagem, para que a educação na contemporaneidade se torne cada vez

mais reflexiva e digna de orgulho na sociedade. Sendo assim, percebe-se que a

neuroeducação pode trazer inúmeras contribuições a todos envolvidos com uma

educação escolar de qualidade.

O surgimento deste campo de conhecimento em âmbito escolar, traz

consigo uma gama de possibilidades, principalmente no que tange educação

13

inclusiva, contudo, de fato, precisa ser melhorado dia após dia. Inúmeras ações

precisam ser tomadas em relação a aprendizagem, políticas públicas, formação

de professores e apoio psíquico, econômico e social aos familiares em prol dos

alunos.

Conforme Cosenza e Guerra (2011, p.139): As neurociências não

propõem uma nova pedagogia e nem prometem solução para as dificuldades da

aprendizagem, mas ajudam a fundamentar a prática pedagógica que já se

realiza com sucesso e orientam ideias para intervenções, demonstrando que

estratégias de ensino que respeitam a forma como o cérebro funciona tendem a

ser mais eficientes.

Em um primeiro momento é necessário reforçar na base da formação dos

educadores, nos cursos de licenciaturas e manter a formação continuada, pois

a relação da teoria e prática, deverá ser capaz de trabalhar a individualidade dos

alunos, nos pontos de fragilidades e dos pontos positivos, e saber agir sobre

elas. Para Cosenza (2011, p. 136) é de suma importância que: Os avanços das

neurociências possibilitam uma abordagem mais científica do processo ensino-

aprendizagem, fundamentada na compreensão dos processos cognitivos

envolvidos.

Devemos ser cautelosos, ainda que otimistas em relação às contribuições

recíprocas entre neurociências e educação[...]Descobertas em neurociências

não autorizam sua aplicação direta e imediata no contexto escolar, pois é preciso

lembrar que o conhecimento neurocientífico contribui com apenas parte do

contexto em que ocorre a aprendizagem. Embora ele seja muito importante, é

mais um fator em uma conjuntura cultural bem mais ampla.

Extremamente ligada a neurociência, a neuropsicopedagogia busca por

meio do funcionamento do cérebro, os recursos para a aprendizagem,

considerando os métodos didáticos e avaliativos uma interferência significativa

nesse processo. Para compreender basicamente esse órgão, ele é dividido em

três partes fundamentais: o hipotálamo que é um pequeno órgão que controla as

funções de sobrevivência, como a fome, a sede, e também o impulso sexual; já

o sistema límbico, tem a função de prover ao indivíduo as emoções; por fim, o

14

córtex que controla os movimentos do corpo, a percepção dos sentidos e o

pensamento. (BEAR; CONNORS, 2008)

A maior parte das transformações no cérebro ocorre logo nos primeiros

anos de vida, e é justamente nesse período que a criança aprende os sons,

coordenação motora, cores, sentimentos, etc. Mas, tudo depende do convívio

familiar e das questões fisiológicas e biológicas, a qual deve-se levar em

consideração a faixa etária.

Por isso, cabe aos pais e professores, estimular as crianças nos primeiros

anos de vida a pensar, estudar, comunicar, movimentar, memorizar e resolver

situações problemas do cotidiano, ou seja, as habilidades e competências

necessárias para a vida adulta. Percebe-se que muitos jovens e adultos não

estão sendo preparados para essa fase da vida, pois não foram estimulados

pelos pais e professores, e quando se deparam com situações problemas, não

conseguem resolver e avançar, transformando-os em jovens e adultos frustrados

com a vida e com a escola. É de suma importância apontar que a criança é um

ser social, afetivo, psicomotor e perceptivo, antes mesmo de ser considerado um

ser aprendiz.

Sendo assim, deve-se levar em conta os quatros pilares da educação o

aprender a ser, conviver, fazer e conhecer (DELORS, 2012), visando sempre o

desenvolvimento humano acima de tudo. Assim, esses quatros pilares

educacionais, em seu conjunto, como princípio organizador nesse processo de

construção buscam ampliar as competências e habilidades dos indivíduos ao

longo de sua história, algo que educadores precisam colocar em pratica

diariamente.

Princípios teóricos e ciêtíficos da Neuropsicopedagogia

Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década

está pautado nos avanços neurocientíficos, representados pela palavra

“Neurociências”, que conforme Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência

nova, tendo em torno de 150 anos, mas que a partir da década de 90 alcançou

15

um maior auge e vem proporcionando mudanças significativas na forma de

perceber o funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram devido a

neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As contribuições provindas

das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre estes a

Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a

aprendizagem em cada indivíduo.

Dentro dessa abordagem, se procurará mostrar o que é Neurociências,

suas possíveis contribuições para a área educacional, bem como a

contextualização da Neuropsicopedagogia e sua relação com o processo ensino

e aprendizagem.

Tabaquim (2003) destaque que:

O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela compreensão dos processos de aprendizagem e seus distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), integração (processamento da informação) e output (expressão da resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.

Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento

é a Neuropsicopedagogia. Fernandez (2010) afirma que a Neuropsicopedagogia

traz importantes contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se

perceber o indivíduo em sua totalidade. Para Hennemann (2012) a

Neuropsicopedagogia apresentase como um novo campo de conhecimento que

através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da

pedagogia e psicologia vem contribuir 3 para os processos de ensino-

aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem e

que estão inseridos no processo de inclusão.

Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a

possibilidade de entender como se processa o desenvolvimento de

aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas

educacionais e dessa forma desmistificar a ideia de que a aprendizagem não

16

ocorre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto

para uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas,

respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo.

FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM

Onde se dá aprendizagem? Não restam dúvidas de que o processo da

aprendizagem se dá no sistema nervoso central (SNC), que é uma estrutura

complexa.

No que se refere ao processo de aprendizado, existe uma interface entre

duas áreas de atuação: a educação e a saúde. Na primeira, agem os

educadores, orientadores educacionais, pedagogos e psicopedagogos; na

segunda, atuam pediatras, neurologistas, neuropediatras, psicólogos,

psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos, psicomotricistas,

fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros. A rigor, essa interface

entre saúde e educação, na qual o assunto é a aprendizagem e seus principais

problemas, poderia ser denominada neuropedagogia (ROTTA, 2006).

As informações vindas das neurociências e da área médica, em especial

da neurologia, são de suma importância para o entendimento do processo da

aprendizagem e dos seus distúrbios, que em última análise são funções

corticais. Dentro da abordagem médica, o neuropediatra é o profissional em

melhores condições para bordar os fundamentos psiconeurológicos do

aprendizado.

O processo de aprendizagem é foco constante das pesquisas em

psicologia, educação e neurociências, a preocupação não envolve apenas como

se aprende, mas como se ensina também. Os conhecimentos sobre como esses

dois processos podem ser implementados fazem parte do universo de

educadores e de estudiosos da área, isto é, que tipo de métodos, estratégias,

perspectivas e contextos diferenciados, além dos estilos de ensinar e de

aprender, servem de base para o processo educacional.

17

Neste sentido, Coll (2003) enfatiza que as práticas educativas são

fenômenos complexos, mesmo que aparentemente classificadas como mais

simples. Doyle, citado por Coll (2003) reafirma o nível de complexidade que é

inerente aos processos de ensino e aprendizagem, sublinhando que as relações

professo-aluno se evidenciam pela multidimensionalidade (vários eventos estão

presentes), simultaneidade (sucessão de tópicos e condições), imediação

(rapidez que os eventos se sucedem), imprevisibilidade (elementos não

esperados e não planejados que ocorrem), publicidade (as atividades que

envolvem os sujeitos da aprendizagem são públicas e reconhecidas), história (há

uma continuidade das ações e atos pedagógicos relacionados às aulas ou

situações anteriores). Acrescentam-se ainda, os fatores afetivos, os interativos

e os de comunicação que interferem no processo ensino-aprendizagem.

Por essas condições, percebe-se que o conceito de aprendizagem é

multifacetado, pois ela se inicia pela inserção da pessoa no mundo de relações,

em que o aprendiz é produto e produtor de conhecimento e de transformações

em nível cognitivo, afetivo, social e histórico. Marques (2000) ressalta que toda

aprendizagem tem sentido quando se repercute nas práticas cotidianas dos

indivíduos e grupos, reconstruindo os seus significados e possibilitando novas

situações e experiências.

Fonseca (1995) destaca que a aprendizagem resulta em uma mudança

de comportamento oriunda da experiência que paralelamente é consolidada no

próprio cérebro indivíduo. 5 Envolve uma dupla condição: a de assimilação e a

de conversação do conhecimento que conecta com o controle e mudança no

ambiente, retratando a experiência humana e sua história.

Vygotsky (2004) afirma que o ser humano nasceu com uma

potencialidade de aprender, sendo, então, a condição básica do psiquismo

humano, afinal a consciência pressupõe uma condição intencional, organizada,

sistematizada, ilustrando o dinamismo das funções mentais superiores. Na

perspectiva histórico-cultural, aprendizagem se constitui como um processo

dinâmico da apreensão da experiência humana, sendo sempre mediada pelo

seu meio físico e social.

18

A aprendizagem então deve se antecipar ao desenvolvimento, e para isso

a mediação de indivíduos mais capazes se faz essencial. Piaget (2001) destaca

que os processos de equilibração e desequilibração são mecanismos auto

reguladores que propiciam a interação contínua do sujeito com o seu meio

ambiente.

Quando o aprendiz entra em contato com o objeto de conhecimento,

esses dois mecanismos se alternam, gerando, então, os processos de

assimilação e acomodação, imprescindíveis à aprendizagem.

Em síntese, na abordagem piagetiana, o equilíbrio cognitivo depende das

inter-relações entre a acomodação do conhecimento, nas estruturas de

pensamentos, e de sua conservação. Assim, se o sujeito apenas assimilasse,

desenvolveria somente alguns esquemas cognitivos que não permitiriam, então,

que ele desenvolvesse a capacidade de diferenciação, por exemplo, não

conseguir distinguir o sentido da palavra manga fruta da manga parte da camisa.

No caso de ocorrer apenas acomodação, haveria uma restrição significativa no

tocante aos processos de generalizações imprescindíveis ao aprender, por

19

exemplo, a dificuldade em empregar a noção de mamíferos aos animais como

cachorro, gato, baleia e morcego.

A abordagem de Wallon (2005) é que o projeto de sociedade define o

projeto de educação. O objetivo da Educação é formar indivíduos históricos,

autônomos, democráticos, críticos que possam interferir na sociedade voltada à

justiça social. E, por isso, os métodos e práticas educacionais devem alternar

momentos de aprendizagem individual e coletiva. Os processos interativos em

sala de aula e a forma como o conhecimento é desenvolvido devem atender as

necessidades no plano motor, afetivo, cognitivo sempre assegurando uma

unidade entre eles. Por isso, ao selecionar uma atividade, o professor deve

refletir como ela interfere nesses planos, além de avaliar como ela contribui para

o desenvolvimento do aluno.

A aprendizagem é um processo que se direciona do sincretismo à

diferenciação, devendo, então, os professores estarem atentos e planejarem

atividades que contemplem essa passagem. Para Wallon (2003), os conflitos

20

gerados da relação do sujeito com o seu ambiente dinamizam tanto o processo

de desenvolvimento quanto os de aprendizagem, porque possibilitam a busca de

uma maior e melhor diferenciação no que tange a relação eu e outro enquanto

que os conhecimentos adquiridos promovem as transformações e a evolução da

pessoa.

Dessa forma, ao interagir com o conhecimento formal, o indivíduo

apreende as diferenciações que são oriundas da organização do conhecimento

pela cultura que, paralelamente, contribuem para que a pessoa possa então

realiza-la. O aspecto cognitivo entrelaça um conjunto de funções que possibilita

a aquisição manutenção e ampliação do conhecimento por meio de imagens,

noções, ideias e representações. Por meio dele, há a integração do passado,

presente e futuro. Quanto ao primeiro, a condição de rever e reconhecer os fatos,

o segundo, analisar como eles se programam, e o terceiro, a projeção do futuro

que implica a possibilidade de transformação deles (ALMEIDA, 2005).

A aprendizagem se incrementa por meio da interação do aprendiz com o

seu mundo físico e social, pela mediação dos procedimentos de ensino, pelas

formas de intervenção no mundo, por meio das diversas linguagens e dos

conhecimentos elaborados culturalmente, considerando a sua função coletiva, a

sua organização dentro das suas potencialidades e especificidades em cada

momento histórico. A complexidade do processo de Para ler mais sobre Wallon

e suas teorias acesse o site: www.crmario-covas.sp.gov.br 8 aprendizagem se

estabelece quando os significados são contextualizados e compreendidos,

possibilitando a generalização e a discriminação, nesse processo, a linguagem

promove que os códigos elaborados coletivamente e imbricados na situação

social representem a dinâmica cultural das pessoas (MARQUES, 2000).

Para Skinner, citado por Carrara (2004), aprendizagem implica em

mudança de comportamento, o organismo aprende, em relação a sua história e

sua experiência de vida, frente aos reforços que recebe do ambiente, podendo

inibir a sua manifestação ou aumenta-la. No entanto, ressalta Coll (2003) que

nem todas as teorias psicológicas e nem todas as teorias de ensino oferecem

princípios explicativos, recursos conceituais e metodológicos que possam

permitir uma análise completa e orientar de maneira ampla as práticas

21

educativas. Esse desafio pressupõe, então, uma visão multirreferencial do

processo educativo, na medida em que o conhecimento interdisciplinar é que

possibilita a compreensão análise e intervenção do fenômeno educacional, bem

como assegurar a sua inter-relação. Por isso, os educadores, professores e

outros interessados em se envolver num fenômeno de tal complexidade devem

realizar a interlocução das diversas disciplinas educativas, entre as quais

podemos citar a psicologia da educação, do desenvolvimento, da aprendizagem,

entre outras.

Na realidade, o processo ensino-aprendizagem deve ser sempre

analisado como uma unidade, sobressaindo não apenas a relação de

conhecimento, mas a interpessoal, professor-aluno e aluno-aluno que estão em

constante aprendizagem e fomentando o desenvolvimento. Por isso, o processo

educativo não pode ser compreendido de forma isolada, mas integrando todos

os seus aspectos (cognitivos, afetivos, sociais, históricos, contextuais), abarcam

a escolarização e a dialética teoria e prática, como o processo ensino-

aprendizagem, os métodos de ensino, as formas de avaliação que refletem o

sistema educacional e seus paradigmas vigentes. A partir desses componentes,

é que a práxis (a práxis é a ação de aplicar, usar, exercitar uma teoria; é uma

ação objetiva que, superando e concretizando a crítica social meramente teórica,

permite ao ser humano construir a si mesmo e o seu mundo, de forma livre e

autônoma) se conduz, refletindo o momento político, o contexto histórico e o

social que interferem nas relações professor- 9 aluno, aluno-aluno, escola-

família e na seleção dos conteúdos e na maneira de implementá-los.

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

O desenvolvimento humano é um processo extraordinariamente

complexo que tem início assim que o embrião é concebido. A partir desse

momento, uma sucessão incontável de eventos transforma uma única estrutura

celular em um ser humano completo, capaz de pensar, sentir e interagir com o

mundo a sua volta. Durante essa longa trajetória, observam-se parâmetros –

também chamados de marcos do desenvolvimento – que, mesmo admitindo

22

variações de uma pessoa para outra, permitem uma compreensão global e

esquematizada desse conjunto de transformações.

O desenvolvimento humano é basicamente contínuo, podendo alternar-

se entre momentos de “pico” – em que muitas habilidades são adquiridas em um

breve período de tempo – e momentos de maior ou menor evolução. Porém, nem

sempre o desenvolvimento é progressivo. Eventualmente a criança pode

aparentar ter perdido habilidades que havia conquistado e “regredir”. Essa

regressão pode ser considerada normal quando é temporária e não impede o

desenvolvimento de ouras áreas.

É comum que períodos de regressão normal aconteçam enquanto a

pessoa está “se preparando” para um momento de pico de desenvolvimento em

uma determinada área. Por exemplo, um pouco antes do estirão de crescimento

físico da puberdade, é comum que o púber apresente um período de irritabilidade

e “regressão psicológica”.

Em algumas ocasiões, entretanto, um jovem pode apresentar o que se

chama de regressão neurótica, que é caracterizada por isolamento, afastamento

dos estímulos e interrupção do desenvolvimento de diversas áreas

simultaneamente. Uma pessoa que demonstra um estado de regressão

neurótica está em risco e merece atenção, a fim de ser reconduzida ao caminho

do desenvolvimento normal.

23

O desenvolvimento humano é determinado em parte pela bagagem

genética que o indivíduo herda e em parte por influência do ambiente que o

cerca. Assim, podemos entender que uma criança nasce com uma série de

potenciais que herdou dos pais e pode desenvolvê-los ou inibi-los de acordo com

o padrão de estímulos que recebe.

O desenvolvimento humano é marcado por extraordinárias

transformações cerebrais. Tais transformações possibilitam a aprendizagem de

inúmeras habilidades que se desenvolvem Pesquisas na área do

desenvolvimento têm demonstrado que, apesar de cada um dos marcos

evolutivo amadurecer de forma independente, o sucesso ou o fracasso de um

deles pode influenciar na evolução dos demais. Por exemplo, uma criança com

dificuldades na área cognitiva pode apresentar problemas para fazer amigos

(desenvolvimento social) ou se controlar (desenvolvimento emocional).

Diz-se que uma criança apresenta um atraso no desenvolvimento quando,

por algum motivo, ela não esteja apresentando a maturidade esperada em uma

ou mais das áreas citadas. Pelo aperfeiçoamento dos sistemas sensoriais,

motores e das funções cognitivas. Assim, a partir do amadurecimento do

cérebro, o ser humano torna-se gradativamente mais capaz de centrar sua

atenção, de compreender e utilizar a linguagem e de formar relacionamentos

sociais complexos.

Durante os dois primeiros anos de vida, desenvolvemos bilhões de

conexões entre os neurônios (chamadas sinapses) ante um mundo cheio de

novidades, a ponto de um bebê ter um número bem maior dessas conexões do

24

que um adulto. Ao longo do tempo, sinapses não utilizadas vão sendo “podadas”,

enquanto outras vão sendo criadas e reforçadas, gerando redes de

comunicações neuronais mais concentradas e eficientes. O processo de

conexão, “posa” e mielinização neuronal está associado a períodos de

“reorganização” do cérebro que coincidem com momentos de grandes

aquisições no desenvolvimento.

Por exemplo, com aproximadamente 2 anos de idade as crianças

ampliam de maneira impressionante seu vocabulário após um período de

mielinização rápida das regiões do cérebro envolvidas com a linguagem. Aos 5

anos, uma criança já tem 90% do volume do cérebro de um adulto. Atingir esse

volume tão cedo, no entanto, não significa que a maturidade cerebral da criança

seja igual à de um adulto. Pelo contrário, nessa idade ela é um processo em

construção que ao longo dos anos permite a aquisição de habilidades conforme

o amadurecimento de áreas específicas do cérebro. Nesse sentido, acredita-se

que o processo de maturação siga uma sequência.

Por exemplo: as regiões frontais do cérebro que determinam as

chamadas “funções executivas” – ou seja, nossa capacidade de planejamento,

autocontrole e raciocínio – amadurecem mais tarde do que as áreas mais

posteriores do cérebro, como as que determinam nossas funções sensório-

motoras. Esse fenômeno é bastante conveniente para a vida escolar, na qual

habilidades básicas vão possibilitando aquisições cada vez mais refinadas.

A figura acima demonstra os lobos cerebrais, as funções e direção do

amadurecimento cerebral. Todo o processo de desenvolvimento cerebral é

influenciado pela herança genética da pessoa e pelas experiências de vida pelas

25

quais ela passa. Um tema de bastante importância para a compreensão do

desenvolvimento infantil é a plasticidade cerebral, que é a capacidade que o

cérebro tem de modificar sua estrutura ante experiências de vida e, assim,

possibilitar a aprendizagem.

O cérebro humano apresenta mais plasticidade durante o período pré-

natal tardio e a primeira infância, porém segue “sendo plástico” ao longo de toda

a vida, mesmo que com menor maleabilidade. O ambiente escolar é um papel

decisivo sobre o desenvolvimento cerebral de um individuo, uma vez que boa

parte do processo de “escultura” do cérebro acontece até o fim da adolescência.

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO

As brincadeiras de “faz de conta”, que começam entre 2 e os 3 anos, nas

quais as crianças representam o mundo utilizando a imaginação, fazendo um

objeto se passar por outro (um galho de árvore passe a ser uma espada, por

exemplo) e imitando situações do dia a dia, ficam cada vez mais complexas até

os 4 ou 5 anos, quando passam a ser construídas em conjunto com outras

crianças. Dramatizações como brincar de casinha, de médico e de super-herói

são consideradas muito ricas para o desenvolvimento por fortalecerem as

capacidades cognitivas e socioemocionais.

O pré-escolar consegue armazenar diversos itens na memória, e a

capacidade de prestar atenção melhora significativamente em relação aos anos

anteriores, embora ainda esteja longe do ideal. Uma criança de 5 anos pode ser

observada assistindo à televisão durante meia hora, mas ainda pode ter

dificuldade para manter a atenção em tarefas escolares se escuta outras

crianças brincando do lado de fora da sala de aula.

A orientação em relação ao tempo e à organização espacial ainda é

bastante limitada, por isso ficam perguntando a todo momento sobre um passeio

planejado para a semana seguinte e geralmente não conseguem diferenciar

direita de esquerda. A busca dos pais ainda é estratégica de resolução de

problemas mais utilizada. Enquanto na primeira infância a resolução de

problemas era baseada em tentativas e erros, na préescola a criança usa sua

26

capacidade intelectual associada a experiência anteriores para esses fins. Nesse

momento, ela já pode se utilizar de uma fala interna, dialogando consigo mesma,

pensando e planejando seu comportamento.

A grande maioria das crianças de 5 anos já pronuncia corretamente todos

os sons da língua nativa (fonemas) e apresenta um vocabulário de cerca de 2

mil palavras. Com isso, interagem de forma mais clara e coerente, fazendo

perguntas quando querem entender melhor uma coisa ou comunicando suas

vontades.

Nessa fase, a maioria já reconhece os números e o alfabeto, e o

conhecimento dos sons e do nome das letras pode predizer a capacidade da

criança de se alfabetizar. Nesse sentido, a influência do ambiente familiar nas

competências linguísticas infantis também está altamente correlacionada ao

sucesso do processo de leitura e escrita nos primeiros anos escolares.

As explosões de birra que normalmente ocorriam em resposta a

frustação, cansaço ou fome, bem como os comportamentos agressivos de

morder e bater, são menos frequente por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Em

seu lugar, surgem conflitos verbais (discussões), mais calculados e voltados a

um objetivo. As crianças podem se tornar bastante resistentes em atender aos

desejos dos pais, passando a confrontá-los com seu próprios desejos. Se, em

relação aos pais, a agressividade vai se transformando em debate, entre os

amigos, ela passa a ser canalizada frequentemente para a competição.

A mudança nesses comportamentos acontece devido à aquisição de uma

maior habilidade de autocontrole físico, associada a um aumento da

autoconsciência e da capacidade de verbalizar o que pensa e sente. As mesmas

capacidades de autoconsciência e autocontrole são muito importantes para o

amadurecimento emocional. Por meio delas, os pré-escolares tornam-se mais

seguros e precisos na avaliação de suas emoções, dos comportamentos

relacionados às suas emoções e da maneira mais apropriada de exibi-las

socialmente.

Aprendem, por exemplo, o momento para rir (ao ouvir uma piada) e para

ficar quieto (se a mãe está no telefone). Este período é marcado pelo surgimento

27

das primeiras amizades significativas, que ganham cada vez mais importância

até que atinja a idade escolar. Compreendendo melhor suas emoções e as

emoções dos outros, a criança, desenvolve características emocionais mais

complexas, como o sentimento de simpatia e a empatia, que é a habilidade que

uma pessoa pode ter de se identificar com as emoções e as preocupações soa

demais. A empatia é a base para a compaixão e o cuidado com os outros, além

de ser fundamental para que se estabeleçam parâmetros morais adequados,

como o que é certo ou errado.

Conceitos de certo e errado, bem e mal já estão se estruturando, bastante

influenciados pela opinião dos pais e pelo contexto cultural no qual a criança está

inserida. Regras e leis são vistas como inflexíveis e seguidas pelo medo de

punição externa, não pelo senso de justiça e da autoconsciência que se

manifesta posteriormente. Jogos de tabuleiro com regras sistemáticas e claras

são bastante requisitados nessa idade por reproduzirem a crescente

necessidade de adequação a regras.

Dos 6 aos 8 anos: aprendendo a conviver em grupo

Dos 6 aos 8 anos, com o amadurecimento gradual do lobo frontal do

cérebro, a criança desenvolve mais autocontrole. Com isso, passa a respeitar

melhor as regras de convívio social (como ficar sentado na sala de aula) e a

28

ampliar seu círculo de amigos (o autocontrole é um trunfo para que se falam

novas amizades).

Com a consolidação das habilidades básicas de leitura, escrita e

aritmética, a criança passa a ter a possibilidade de buscar novos conhecimentos,

como, por exemplo, explorar sua cultura. Com a evolução do autocontrole entre

os 6 e aos 8 anos, a maioria das crianças passa a se manter mais atenta em

sala de aula e a ser capaz de ignorar a maioria dos estímulos distratores.

Quando a distração acontece, aprendem a redirecionar sua atenção para

o foco anterior rapidamente. Poder prestar mais atenção possibilita o

aprendizado de uma série de novas informações e permite que se desenvolva

um raciocínio crítico sobre as coisas. Além disso, a maior capacidade de

memorização.

Com isso, uma criança de 6 a 8 anos, ainda que não consiga memorizar

várias coisas ao mesmo tempo, passa a conseguir relembrar situações que viveu

utilizando-se de elementos centrais dos acontecimentos. Por volta dos 7 ou 8

anos, as criança desenvolvem maior orientação espacial e temporal. Com isso,

já conseguem distinguir direita de esquerda em si próprias e nos outros e

lembrar-se do dia do seu aniversário.

Com essa idade passam a antever melhor e esperar por intervalos curtos

de tempo, como “esperar 15 minutos para o almoço estar pronto” ou “aguardar

até amanhã para irmos para a casa da vovó”. Intervalos mais extensos ainda

podem ser difíceis de assimilar, portanto, quando estabelecemos um

planejamento a longo prazo para uma criança dessa idade (preparação para um

trabalho com muita antecedência ou castigos muito duradouro), é possível que

os resultados não sejam os melhores.

Capacidades ainda não consolidadas são “portas abertas” para

estímulos. No caso do estímulo à orientação temporal, podemos utilizar como

estratégia incentivar a criança a fazer uma pequena “poupança” de moedas e

registrar seus resultados ao longo do tempo ou plantar um pé de feijão e registrar

o tempo de seu crescimento. A aquisição de mais autocontrole nesse período

29

está associada ao aumento da autorreflexão, ao desenvolvimento da capacidade

de espera por recompensas e ao controle dos impulsos.

Enquanto criança muito pequenas tem muita dificuldade de aguardar uma

possível gratificação, do 6 aos 8 anos, elas aprendem a esperar por uma

recompensa enquanto se engajam em outra atividade. Em parte, isso é facilitado

pela observação de colegas que conseguem ter autocontrole, embora essa

capacidade também varie de acordo com o temperamento de cada criança. A

fase de alfabetização é um período crucial para o desenvolvimento da

autoestima.

Como é nesse momento que as criança começam a se comparar com os

demais e a receber maior (ou menor) reconhecimento dos professores e de

outros adultos, a autoestima é posta à prova e, muitas vezes, apresenta uma

queda se comparada ao seu nível elevado dos anos pré-escolares. A criança

fica muito sensível a críticas, e é possível que a comparação com os outros a

faça desistir de atividades que gostava até então, por julgarse incompetente.

A maturação social evolui à medida que a atenção que antes era devotada

quase exclusivamente à família passa ser um pouco mais direcionada para os

amigos. Ao distanciar-se um pouco dos pais, a criança passa a ter uma

percepção um pouco mais clara de suas qualidades e defeitos e, em última

instância, de quem ela é.

Dos 9 aos 11 anos: “Sou ou não competente?”

Nessa idade, a criança redireciona cada vez mais o foco da atenção de si

para os outros, passando a compreender que o outro pensa, sente e se comporta

de maneiras diferentes da sua. “Olhar” para o outro pode levar a comparações e

submeter a autoestima a um risco maior. Durante esse período, como resultado

de tudo que foi desenvolvido até então, o jovem passa a se auto definir como

competente (e, portanto, independente) com relação a seus desafios ou como

dependente de outras pessoas para enfrenta-los.

30

Nessa fase, a capacidade de memória segue aumentando. A criança

entrando na puberdade é capaz de se lembrar de uma série de coisas

simultaneamente, seguindo instruções com maior competência e fazendo relatos

mais ricos em detalhes. Com o raciocínio mais rápido e eficiente, as habilidades

de resolução de problemas também evoluem.

O pensamento torna-se mais criativo, e a metacognição, ou “o ato de

pensar, sobre os próprios pensamentos”, se desenvolve, melhorando muito a

capacidade crítica em relação às coisas e, portanto, a aprendizagem. A pessoa,

por meio do autocontrole cognitivo, passa a monitorar melhor pensamentos e

ações para superar desafios. Mesmos com todos esses avanços, o padrão de

pensamento segue sendo concreto.

Com o avanço da atenção e da memória, os jovens seguem expandindo

seu vocabulário, que chega a aproximadamente 10 mil palavras por volta dos 10

anos. Ao dialogar, o préadolescente passa a ser mais espontâneo, aprende a

modificar o tema da conversa e passa a entender palavras e mensagens de

duplo sentido. No entanto, essas habilidades linguísticas dependerão das

habilidades intelectuais da pessoa e apresentarão variações de acordo com o

contexto cultural e o ambiente no qual a criança está inserida.

Embora emoções mais complexas, como orgulho, vergonha e culpa, já

sejam conhecidas durante os anos pré-escolares, a consciência dessas

emoções torna-se mais refinada na pré-adolescência. Com isso, os

comportamentos que surgem como respostas às emoções sentidas tendem a

ser mais adequados à medida que as crianças desenvolvem mais maturidade.

Por exemplo, um menino que antes referia ter raiva dos colegas diante de

diversas situações, começa, com o tempo, a ter uma compreensão mais correta

dessas mesmas situações, passando a classifica-las como eventualmente

causadoras de tristeza ou frustação (até por vezes assumindo a maior parte da

culpa pelo evento), o que leva a comportamentos mais adequados e resolutivos.

Dos 9 aos 11 anos, meninos e meninas passam a se comparar em tudo.

Portanto, usar roupas de marcas conhecidas ou ter um telefone moderno passa

a ser uma maneira de se auto afirmar. Nessa fase, a autoestima se baseia na

31

auto percepção de competência em tarefas, no retorno que os amigos e outras

pessoas possam oferecer e na identificação com pais, professore ou outros

adultos próximos. Nesse momento, o grupo de amigos começa a ser tão

importante quanto a família.

As amizades são formadas com base na confiança e no prazer mútuo por

meio de hobbies como esportes ou jogos eletrônicos. As crianças de 9 a 11 anos

passam a se interessar mais pelos pensamentos e sentimentos alheios, a

direcionada para pessoas desconhecidas (por exemplo, a vontade de doar

coisas ou participar de uma festa beneficente).

Nessa faixa etária, leis e regras são vistas como mais flexíveis ou

negociáveis e passam a se sustentar pelo senso de justiça e da autoconsciência,

e não mais pelo medo de punição externa, como ocorria anteriormente. O senso

de moral e ética, ou seja, a percepção interna do que é certo e errado, passa por

refinamento a partir do momento em que se adquire melhor compreensão do

ponto de vista do outro.

Muitos estudiosos advogam que o desenvolvimento da moral depende de

aspectos pessoais de desenvolvimento e da instrução dos adultos, que podem

estimulá-lo por meio de demonstrações de generosidade, altruísmo e prontidão

para ajudar os outros. Nesse sentido, a percepção que a criança tem sobre o

que são comportamentos adequados ou não pode variar muito com base na sua

exposição a comportamentos agressivos ou desviantes.

NEUROCIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

O cérebro e o comportamento são muito diferentes, mas estão ligados. O

cérebro é um objeto físico, um tecido vivo, um órgão do corpo. O comportamento

é uma ação, momentaneamente observável, porém passageira. Ainda sim, um

é responsável pelo outro, e assim por diante. Começamos definindo o cérebro,

que faz parte do sistema Nervoso Central. Depois o comportamento e sua

relação com o processo da aprendizagem.

32

O que é Cérebro?

Cérebro é a palavra para tecido encontrado dentro do crânio. O cérebro

tem duas metades relativamente simétricas, chamadas hemisférios, uma no lado

esquerdo e outra no lado direito (KOLB, 2002). Apesar da aparente semelhança

anatômica entre os dois hemisférios, as diferenças funcionais são bem grandes.

Os hemisférios cerebrais são dois, o esquerdo e o direito, e estão

separados e ao mesmo tempo unidos por estruturas de conexão. A mais

importante é chamada corpo caloso. Para as funções mais complexas, tais como

a linguagem, ambos os hemisférios atuam juntos, mas existe o que chamamos

de dominância hemisférica, ou seja, um trabalha melhor certos aspectos daquela

função enquanto que o outro trabalha melhor com outros aspectos da mesma

função (ROTTA, 2006).

HEMISFÉRIO ESQUERDO

1 Em 98% das pessoas se localiza a função da linguagem, fala e escrita;

2 Os neurotransmissores dominantes são: dopamina e acetilcolina, que

proporcionam o controle motor fino tanto manual como para a fala;

3 É responsável pela sintaxe e semântica do idioma;

4 Permite a compreensão literal das palavras;

33

5 Favorece a praticidade nas ações, a ser prático nas atividades e nas

conclusões;

6 Permite a interpretação linear e sequencial dos acontecimentos;

7 Procura por detalhes;

8 Reduz algo complexo em partes simples;

9 Classifica e ordena estímulos;

10 Faz a interpretação e justificação dos acontecimentos;

11 Realiza a observação focada, dirigida do acontecimento;

12 Segue um padrão lógico;

13 É objetivo;

14 Estima o tempo cronologicamente, hora a hora, dia a dia;

15 Encara os fatos como verdadeiro ou falso, branco ou preto;

16 Retém a memória recente;

17 Tem espírito criativo e “vocação pessimista”.

HEMISFÉRIO DIREITO

1-O neurotransmissor dominante é a norepinefrina que estimula a

percepção de novos estímulos visio-espaciais;

2-Avalia o contexto, entonação e ritmo da fala (prosódia);

3-Capta o simbolismo, a metáfora do texto e da fala;

4-Percebe o humor e a estética do acontecimento;

5-Permite uma visão holística da situação; 6- Percebe o todo e o padrão

do acontecimento;

7-Oferece a percepção de profundidade, reconhecimento do rosto e do

estado emocional;

8-Oferece a sensação de antipatia, mesmo imotivada, sem ter certeza da

razão, do porque;

9-Avalia o acontecimento de forma global, sem se deter em detalhes;

10-Segue a intuição;

11-Estabelece padrões sem seguir um processo etapa por etapa;

12-É subjetivo;

13-Vê o tempo como um todo-um projeto, uma carreira;

14-Pensa positivamente, sem preocupar-se com ideias preconcebidas;

15-Pergunta-se “porque não?” e quebra as regras.

34

A camada externa do cérebro consiste em um tecido pregueado. As

pregas são chamadas giros. Essa camada externa é conhecida como córtex

cerebral (chamado simplesmente de córtex). A palavra córtex que significa

“casca “ em latim, é uma escolha adequada em razão da aparência rugosa do

córtex e também porque ele recobre a maior parte do restante do encéfalo

(KOLB, 2002).

A ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca

alterações também em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões

isoladas. Isto ocorre devido a existência de um grande número de vias de

associação, precisamente organizadas, atuando nas duas direções

(ASSENCIO-FERREIRA, 2005). O córtex de cada hemisfério é dividido em

quatro lobos, denominados a partir dos ossos cranianos localizados acima deles,

que são: lobo occipital, lobo parietal, lobo temporal e o lobo frontal.

O lobo occipital realiza a integração visual à partir da recepção do

estímulos que ocorre nas áreas primárias. Processam os estímulos visuais

recebidos do exterior, esta região é especializada na visão da cor, do movimento,

da profundidade e da distância. Depois de passarem por está área, chamada

área visual primária, as informações são direcionadas para a área de visão

secundária, onde são comparadas com dados anteriores, permitindo assim que

o indivíduo identifique, por exemplo, um gato, uma moto ou uma maça. Todo

aprendizado de conteúdo visual necessita passar pelo lobo occipital.

35

O lobo parietal está localizado na região superior do cérebro,

constituídos por duas subdivisões, a anterior e a posterior. A primeira, também

chamada de córtex somatossensorial, tem a função de possibilitar a percepção

de sensações como o tato, a dor e o calor. Por ser a área responsável em receber

os estímulos obtidos com o ambiente exterior, representa todas as áreas do

corpo humano. É a zona mais sensível, logo ocupa mais espaço do que a zona

posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados, captados pelos

lábios, língua e garganta. A zona posterior é uma área secundária e que analisa,

interpreta e integra as informações recebidas pela anterior, que é a zona

primária, permitindo o indivíduo se localizar no espaço, reconhecer objetos

através do tato.

O lobo temporal também é sensitivo e tem várias funções. Esta área está

envolvida com a vida de relação social, visto que recebe as informações

auditivas. Quando a área auditiva primária é estimulada, os sons são produzidos

e enviados à área auditiva secundária, que interage com outras zonas do

cérebro, atribuindo um significado e assim permitindo ao indivíduo reconhecer

ao que está ouvindo.

A área de Wernicke situada no lobo temporal é um processador de sons

que os reconhece para que sejam interpretados como palavras e sejam

utilizados, posteriormente, para evocar conceitos. É a área de compreensão da

linguagem onde as regras gramaticais são utilizadas para elaborar mensagens

significativas. É também a região que nos permite adquirir novas informações.

36

A área de Broca contém um circuito necessário para a formação da

palavra. Esta área está localizada parcialmente no córtex pré-frontal e

parcialmente na área pré-motora. É onde ocorre o planejamento dos padrões

motores para a expressão de palavras individuais.

O lobo frontal é localizado na parte da frente do cérebro (testa), acontece

o planejamento de ações e movimento, bem como o pensamento abstrato. Nele

estão incluídos o córtex motor e o córtex pré-frontal. O córtex motor controla e

coordena a motricidade voluntária. A aprendizagem motora e os movimentos de

precisão são executados pelo córtex pré-motor, que fica mais ativa do que o

restante do cérebro quando se imagina um movimento sem executá-lo. A

atividade no lobo frontal de um indivíduo aumenta somente quando este se

depara com uma tarefa difícil em que ele terá que descobrir uma sequência de

ações que minimize o número de manipulações necessárias para resolvê-la. A

decisão de quais sequências de movimento ativar e em que ordem, além de

avaliar o resultado, é feito pelo córtex-frontal. Suas funções incluem o

pensamento abstrato e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem,

respostas afetivas capacidade para ligações emocionais, julgamento social,

vontade e determinação para ação e atenção seletiva.

O sistema nervoso central

O sistema nervoso coordena todas as atividades do organismo,

integrando sensações a respostas motoras, adaptando-o às condições (internas

ou externas) vigentes no momento, permitindo melhores oportunidades de

sobrevivência. Isto só é possível graças a estruturas altamente capacitadas nas

funções de excitabilidade e condutibilidade – as células nervosas ou neurônios.

O aprendizado não está localizado a um único local no cérebro. Nesse

evento ocorre uma modificação estrutural do sistema nervoso através dos

circuitos formados pelas conexões entre os neurônios.

A compreensão da natureza das mudanças estruturais do cérebro no

processo da aprendizagem passa pelo conhecimento das características

37

bioquímicas e funcionais dos neurônios, das sinapses e dos circuitos formados

por eles.

Relvas (2008) desenvolveu um novo olhar dirigido à formação cerebral, a

fim de refletir melhor sobre as várias maneiras que o cérebro pode se apresentar

e realizar tarefas. Desta forma, fica mais fácil conversar sobre múltiplas

eficiências para melhor incluir o sujeito que aprende. Eficiências, tais como:

O cérebro individual é o órgão que temos dentro da caixa craniana, é

“meu” e ninguém “tira”, formado põe várias estruturas anatômicas e

dividido em regiões, como frontal, parietal, temporal, occipital, cada uma

com suas especificidades, que vimos anteriormente. É responsável pela

cognição, memória, tarefas intelectuais, decisões e escolhas;

O cérebro social é o responsável pelas relações com o meio, a cultura, a

sociedade, os conflitos, e todos precisam conviver em harmonia. É claro

que o cérebro social depende do cérebro individual para realizar tal tarefa

que é tão árdua e difícil. Ele está representado nas regiões do pré-frontal,

pois requer atenção e habilidades nas atitudes positivas da

personalidade;

O cérebro motor é representado pelos movimentos do corpo, localiza-se

na região parietal, e é responsável pelas destrezas e pelos refinamentos

dessas habilidades. Ele é o conjugado ao cerebelo que nos dá a

possibilidade de nos tornarmos ereto e bípedes, mantendo, assim, o tônus

ou a rigidez muscular. Ao entendermos os movimentos dos músculos do

corpo, compreendemos sua dinâmica e sua multiplicidade. Ao

compreender a dimensão motora do sujeito, pode-se perceber o quanto é

importante conhecer a Neurofisiologia muscular, pois, em muitos dos

casos, alterações nesses comandos aconteceram, trazendo então

transtornos na locomoção que, muitas vezes, atrapalham ou não a

aprendizagem. Isto dependerá de como esse sujeito será estimulado para

realização de suas atividades. O importante é sempre integrar o sujeito

em sua plenitude biológica, psicológica e social. É necessário que todos

os aspectos promovam a qualidade de vida e a autonomia dio humano, e

38

a acolhida sempre será primordial para o sujeito construir a sua

autoestima.

O cérebro afetivo-emocional – Esse é inseparável e fundamental para a

realização e a manutenção de nossas vidas. São sistemas que organizam

as emoções positivas ou negativas, controlando e equilibrando o

comportamento humano. O córtex frontal tem um papel crucial no

refreamento da explosão impulsiva, enquanto que o córtex cingulado

anterior ativa outras regiões para responder ao conflito. As amigdalas

cerebrais são pequenas porém são importantes porção do cérebro, pois

estão envolvidas na produção de uma resposta ao medo e a outras

emoções negativas.

O cérebro criativo, inventivo, genial – É esse que nós humanos estamos

buscando, ou seja, usar todas as potencialidades do hemisfério direito

para resolver problemas e, por meio dele, expressar melhor os nossos

desejos, vontades e sentimentos. O fascínio pelas descobertas das

pesquisas em neurociências aumentou com grande estímulo advindo da

década do cérebro. O principal ensinamento dessa década é que o

cérebro tem muito mais capacidade de sofrer modificações do que se

pensava até alguns anos atrás. Hoje está claro que, antes mesmo, o

cérebro adulto, o qual se pensava ser imutável, pode ser desse de

renovação, a partir de algumas áreas com capacidade para gerar novas

células. Essa possibilidade abre inúmeras portas em pesquisas para o

estudo de novas drogas com efeito sobre o desenvolvimento do sistema,

bem como para a utilização de técnicas de reabilitação que usam as

janelas de oportunidades para o desenvolvimento de determinadas

funções.

Outras regiões do Cérebro

Hipocampo – Responsável pelos fenômenos da memória de longa

duração. Quando ocorre lesão nos hipocampos, não há registros de

39

experiências vividas. O hipocampo intacto possibilita o indivíduo a lembrar

e comparar as reações vividas anteriormente, permitindo a melhor opção

e garantindo, assim, a perpetuação da espécie.

Tálamo – Tem como função a reatividade emocional do homem e dos

animais. O tálamo conecta-se com as estruturas corticais da área pré-

frontal, com o hipotálamo, com o hipocampo e o giro cingulado.

Hipotálamo – Região do sistema límbico mais importante, pois controla o

comportamento emocional, como várias condições internas do corpo. Por

exemplo: a temperatura e a vontade de comer e beber são denominadas

funções neurovegetativas internas do cérebro. O hipotálamo é a via de

comunicação com todos os níveis do sistema límbico e desempenha

também o papel das emoções especificamente, sendo que as partes

laterais parecem ser envolvidas com o prazer, e a raiva encontra-se na

porção mediana e está ligada ao desprazer e à tendências das

“gargalhadas incontroláveis”.

A via dos estímulos emocionais, tomando o hipotálamo como referência,

ocorre de duas maneiras: os estímulos entram pelos receptores sensoriais,

passam pelo hipotálamo, vindo sistema límbico (amigdala), e se dirigem às

glândulas; porém, retornam ao sistema límbico, vindo do próprio hipotálamo para

os centros límbicos e destes aos núcleos pré-frontais, aumentando, por um

mecanismo denominado de retroalimentação ou feedback negativo, a

ansiedade, podendo até chegar a um estado de pânico.

40

Tecido nervoso

O tecido nervoso compreende dois tipos celulares: os neurônios e as

células gliais ou neuroglia. O neurônio é a unidade fundamental, com a função

básica de receber, processar e enviar as informações. A neuroglia compreende

células que ocupam os espaços entre os neurônios, com funções de

sustentação, revestimento ou isolamento, modulação da atividade neuronal e

defesa.

O neurônio

O neurônio é a unidade funcional do cérebro. Ele recebe informações nos

dendritos e no corpo celular e envia-as para os outros neurônios e células ao

longo de seu axônio. Em geral, o axônio divide-se em várias fibras pequenas,

que acabam em terminações, formando cada uma delas a chamada sinapse com

outras células.

A sinapse é a conexão funcional entre a terminação do axônio e outro

neurônio, e o ponto onde as informações são transmitidas de um neurônio a

outro. Outro espaço muito pequeno, chamado fenda sináptica, separa a

terminação do axônio e o corpo celular ou dendrito da célula com a qual se une

em sinapse (THOMPSON, 2005).

Como unidades processadoras de informação do cérebro, os neurônios

precisam desempenhar muitas tarefas. Eles devem adquirir informações a partir

dos receptores sensoriais, passá-las adiante para outros neurônios e

desencadear o movimento dos músculos para organizar os comportamentos

(KOLB, 2002). Cabe aos neurônios, também, guardar as instruções de nosso

comportamento, isto é, eles devem codificar as memórias e originar nossos

pensamentos e emoções.

Ao mesmo tempo, é necessário regular todos os vários processos do

organismo com os quais raramente nos preocupamos, como respiração,

batimentos cardíacos, temperatura corporal e ciclo sono-vigília. Essa é uma

41

tarefa difícil, mas aparentemente desempenha com facilidade por estruturas

pequenas como os neurônios.

Os neurônios são células altamente excitáveis, que se comunicam entre

si ou com as células efetuadoras, por meio de modificações no potencial de

membrana. As cargas elétricas dentro e fora da célula são responsáveis pelo

estabelecimento de um potencial de membrana (ROTTA, 2006).

Os neurônios possuem três regiões responsáveis por funções

especializadas: corpo celular, dendritos e axônio.

Corpo celular: é a parte principal da célula nervosa, local onde está

situado o núcleo, que permitem a elaboração do estímulo elétrico

ou impulso nervoso em respostas às sensações recebidas por sua

membrana citoplasmática e seus prolongamentos. No retículo

endoplasmático rugoso e nos ribossomos são produzidas

substâncias químicas, os neurotransmissores, elementos ativo nas

sinapses.

Dendritos: são prolongamentos citoplasmáticos curtos, ricamente

ramificados, que desempenham a função de ampliar a área de

captação da membrana neuronal dos estímulos nervosos externos

à célula, para que sejam avaliados no corpo celular. Quanto maior

a quantidade de dendritos, maior será a coleta de informações,

permitindo ao corpo celular a elaboração de uma resposta mais

completa e complexa. Podemos dizer que a “inteligência” de um

neurônio é proporcional às ramificações (dendritos) que possui,

42

pois quanto mais informações forem colhidas, mais precisas serão

as respostas motoras.

Axônio: geralmente único, é a via de resposta, de expressão da

célula nervosa, servindo como fio condutor para que o estímulo

elétrico criado no corpo celular como resposta aos estímulos

recebidos chegue ao destino ou órgão efetor. Para que possa

desempenhar esta função de condutibilidade deve ser recoberto

por uma camada varável de substância ricamente gordurosa

denominada bainha de mielina.

Os neurotransmissores produzidos no corpo celular têm que atingir

as sinapses situadas nas terminações distais dos axônios. Para

facilitar esse transporte existe inúmeros micro túbulos que se

originam no corpo celular e percorrem toda a extensão do axônio.

Sinapses

A sinapse é a unidade processadora de sinais do sistema nervoso. Trata-

se da estrutura de contato entre um neurônio e outra célula, através da qual se

dá a transmissão de mensagens entre as duas. Ao serem transmitidas, as

mensagens podem ser modificadas no processo de passagem de uma célula

outra, e é justamente nisso que reside a grande flexibilidade funcional do sistema

nervoso.

Os neurônios precisam se comunicar uns com os outros para que as

informações possam ser transmitidas. É o local onde ocorre a transformação do

estímulo elétrico (gerado no corpo celular) em estímulo químico, mediada pelos

neurotransmissores.

As sinapses podem ser elétricas ou químicas. A transmissão sináptica no

sistema nervoso humano é química, e a comunicação entre os elementos em

contato depende da liberação de substâncias químicas, que são os

neurotransmissores. As sinapses do sistema nervoso central podem ser

classificadas em duas categorias gerais, com base na morfologia das

diferenciações das membranas pré e pós-sinápticas. Uma sinapse química

interneuronal compreende o elemento pré-sináptico, que armazena e libera o

43

neurotransmissor; o elemento pós-sináptico, que contém receptores para o

neurotransmissor e enzimas; e uma fenda sináptica.

Neurotransmissores

Quando uma sinapse está ativa e transmite informações, supostamente

ocorre a fusão das vesículas na terminação pré-sináptica e a membrana pré-

sináptica libera seu conteúdo de neurotransmissor no espaço sináptico. As

moléculas transmissoras difundem-se pela estreita fenda sináptica e ligam-se a

moléculas receptoras químicas específicas na superfície da membrana pós-

sináptica, o que ativa a célula-alvo pós-sináptica (THOMPSON, 2005).

O GABA (ácido gama-aminobutírico) é o neurotransmissor inibitório no

cérebro. Os receptores GABA estão nos corpos celulares do neurônio e detritos.

Ele desempenha um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal

ao longo de todo o sistema nervoso. Nos seres humanos, o GABA também é

diretamente responsável pela regulação do tônus muscular.

Como resultado da falta da regulação da excitabilidade neuronal no

cérebro, acontecem os distúrbios da aprendizagem, ansiedade, bem como as

psicoses como a esquizofrenia e a depressão.

44

Evidências recentes relatam que a neurose da ansiedade, é um distúrbio

cerebral de base, por falta do neurotransmissor GABA. Duas formas importantes

de neurose da ansiedade são as crises de pânico e a ansiedade generalizada.

No distúrbio do pânico, a pessoa sofre crises repentinas e aterradoras de medo,

episódicas e de ocorrência imprevisível. Os sintomas de uma crise de pânico são

pupilas dilatadas, batimento cardíaco rápido, sensações de náusea, desejo de

urinar, sufocação, tontura e sensação de morte iminente.

A atividade do sistema nervoso aumenta e o hormônio do estresse,

cortisol, é liberado. O distúrbio da ansiedade generalizada é uma sensação

persistente de medo e ansiedade não associados a um fato ou estímulo

específico (THOMPSON, 2005).

A dopamina é um neurotransmissor que desempenha um papel

importante na regulação do movimento. É o sistema que se encontra deficiente

na doença de Parkinson. Por razões desconhecidas, os neurônios que contêm

dopamina morrem gradualmente e desaparecem, à medida que a doença

progride. Os resultados são os sintomas da doença de Parkinson: tremores e

movimentos repetitivos das mãos, movimento de “rolar a pílula” com os dedos,

e maior dificuldade para ficar em pé e iniciar os movimentos corporais gerais,

como andar. O sistema neurotransmissor dopaminérgico parece participar de

maneira crítica da esquizofrenia.

As pessoas que sofrem da esquizofrenia perdem o contato com a

realidade. Elas têm falsas crenças e processos de pensamentos perturbados.

Muitas vezes te alucinações auditivas, vozes que se dirigem a elas

45

pessoalmente e as instruem a fazer coisas. Algumas vezes, podem manter

conversações ativas e em voz alta (THOMPSON, 2005). Quando a dopamina é

liberada nas sinapses e liga-se aos receptores dopaminérgicos, ela ativa os

neurônios que a recebem.

Algumas de suas funções notáveis estão em: movimento, memória,

recompensa agradável, comportamento e cognição, atenção, sono, humor e

aprendizagem. A Dopamina nos lóbulos frontais do cérebro controla a circulação

da informação de outras áreas do cérebro. As Desordens da dopamina nesta

região conduzem para diminuir em funções cognitivas especialmente memória,

atenção, e resolução de problemas.

A serotonina é um neurotransmissor que é responsável em elevar o

humor e produzir uma sensação de bem-estar, sua falta no cérebro ou

anormalidades em seu metabolismo tem sido relacionada a condições

neuropsíquicas bastante sérias. A falta de serotonina no organismo pode resultar

em carência de emoção racional, sentimentos de irritabilidade e menos valia,

crises de choro, alterações do sono e uma série de outros problemas

emocionais.

Sem serotonina no organismo, pode causar a depressão. A depressão é

uma condição que a maioria das pessoas já experimentaram. Às vezes a pessoa

fica triste, chateada ou melancólica. As pessoas normais ficam tristes e

deprimidas por boas razões: perda do amor de alguém, uma dificuldade

financeira, etc. Entretanto, a depressão psicótica ocorre sem uma boa razão,

46

pelo menos nada que seja aparente a ninguém a não ser para a própria pessoa

deprimida.

Os sintomas de depressão psicótica são os mesmos da depressão normal

e somente um pouco mais. O indivíduo deprimido tipicamente só fica sentado

num lugar e sente-se infeliz. Ao contrário da esquizofrenia, os processos de

pensamento são normais, com exceção de sentimentos irracionais ou de

inutilidade (THOMPSON, 2005).

AS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA NA APRENDIZAGEM

Outra forma de se entender a organização da neuroanatomia da

aprendizagem é fundamentada no esquema proposto pelo neurologista russo

47

Luria. Apesar de cada hemisfério cerebral ter suas peculiaridades, o cérebro

funciona como um todo, no que se refere à cognição e conduta do indivíduo.

A base da aprendizagem se localiza nas modificações estruturais e

funcionais do neurônio e suas conexões. As funções cerebrais são executadas

por um conjunto de neurônios formando sistemas funcionais. Luria em 1976,

dividiu os sistemas funcionais em três:

Primeira unidade funcional ou de vigília: a principal função é manter

o estado de alerta do córtex cerebral, controlando o ciclo sono-

vigília. As estruturas cerebrais envolvidas são a substância

reticular ascendente e o córtex pré-frontal; neles encontramos

núcleos colinérgicos, noradrenérgicos, dopaminérgicos e

serotonérgicos. Como se relaciona com a atenção, a disfunção

deste sistema leva à distratilidade.

Segunda unidade funcional ou de recepção, análise e

armazenamento: localiza-se no córtex temporal, parietal e

occipital.

Podem ser distinguidas áreas primárias, secundárias e terciárias.

As áreas primárias são aquelas onde terminam as fibras sensitivas que

vêm do tálamo. No lobo temporal, as áreas 41 e 42 recebem as mensagens

auditivas; no lobo parietal, nas áreas 3, 1 e 2 se projetam as fibras relacionadas

à somestesia; no lobo occipital, a área 17 corresponde à área visual.

As áreas secundárias se localizam junto às primárias. A principal função

destas áreas é de processar a informação e dar significado, integrando dessa

48

forma as percepções e gnosias. No lobo temporal se localiza a área 22, no lobo

parietal as áreas 5 e 7, e no occipital as áreas 18 e 19.

As áreas terciárias são de associação entre áreas corticais para

elaboração de funções complexas; neste processo intervém várias modalidades

perceptivas onde se alcança o nível simbólico e conceitual, como a linguagem

oral e escrita, a noção de esquema corporal e a dominância hemisférica. A

localização no sistema nervoso central não é tão precisa.

Terceira unidade funcional de programação, regulação e

verificação da atividade; está representada pelos lobos frontais,

que possibilitam a intencionalidade, a planificação e a organização

da conduta em relação a percepção e ao conhecimento do mundo.

As unidades funcionais de Luria se referem às funções cognitivas, mas

não se pode esquecer a afetividade, podendo se incorporar uma quarta unidade

funcional, localizada no sistema límbico para selecionar os estímulos e a porção

orbitária do lobo frontal, para planificar a conduta no aspecto afetivo.

As unidades funcionais do cérebro estão organizadas de forma

hierárquica. A teoria do desenvolvimento neurológico sequencial leva em conta

as modificações anatômicas, funcionais e as habilidades intelectuais de

adaptação da criança. Podemos dividi-la em cinco etapas:

Primeira etapa: corresponde ao desenvolvimento da substância

reticular ascendente. Ela já está em atividade no nascimento, mas

adquire ação plena aos 12 meses de idade. A lesão desta área leva

a distúrbios da atenção.

Segunda etapa: se relaciona com o desenvolvimento da área

motora primária e das áreas sensitivas primárias. As áreas

sensitivas se conectam com as motoras, tornando possível uma

atividade sensório-motora, que se desenvolve nos dois primeiros

anos de vida. Corresponde ao período sensório-motor de Piaget.

Terceira etapa: corresponde à maturação funcional das áreas

secundárias. Esta etapa inicia com as anteriores, principalmente

aos dois anos, mas se estende até os cinco anos.

49

Estas áreas recebem informação das primárias e de estruturas

subcorticais, tornando possível processos motores e perceptuais complexos.

Nesse período, inicia o desenvolvimento da linguagem e a lateralização dos

hemisférios cerebrais, o que explica o fato de que lesões cerebrais antes dos

dois anos de idade levam o desenvolvimento da linguagem e localizar-se no

hemisfério não dominante. É o período de transição para o pensamento

representativo de preparação para as operações concretas da teoria de Piaget.

Quarta etapa: ocorre com o desenvolvimento das áreas terciárias

da segunda unidade funcional, localizadas na região parietal,

permitindo a produção de atividades mentais complexas

relacionadas com o nível simbólico e conceitual. Coincide com o

período das operações concretas de Piaget. O máximo de

desenvolvimento deste sistema funcional acontece entre os 5 e 12

anos de idade.

As alterações destas áreas podem levar a disfunção que vão desde

dificuldades na leitura e em matemática até o retardo mental.

Quinta etapa: corresponde ao desenvolvimento das áreas da

terceira unidade funcional; portanto, da região pré-frontal, que do

ponto de vista ontogenético e filogenético é a última que se

desenvolve. Esta área faz conexões com todas as áreas corticais,

com as estruturas subcorticais, o sistema límbico e o tronco

encefálico. Há controvérsias quanto ao seu início de

funcionamento, que poderia ser aos quatro anos ou somente a

partir da adolescência.

Esta etapa corresponde ao período das operações concretas de Piaget,

que inicia aos doze anos de idade.

Para finalizar, podemos dizer que, segundo a literatura considera que o

impacto do ambiente, incluindo o social e escolar, é determinado pelo

desenvolvimento interno, o que abrange a maturação física e anatômica do

cérebro da criança. Por sua vez, as diferentes formas de influências sociais na

criança determinam a formação mental das funções e estimulam a maturação

50

das estruturas cerebrais. Em outras palavras, a atividade da criança, em

colaboração do ambiente, leva a um funcionamento do cérebro fortalecido, de

forma que contribui para uma aprendizagem consolidada.

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