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261 Princípios de Construção Enxuta em Empresa de Pequeno Porte em Guarulhos (SP) Principles of Lean Construction in Small Business in Guarulhos (SP) LUIZ CELSO PERETTI * ANA CRISTINA DE FARIA** MARCOS ANTÔNIO GASPAR*** ISABEL CRISTINA DOS SANTOS**** HELLEN CLÁUDIA DONATO***** Resumo O objetivo desta pesquisa é verificar de que maneira os princípios da construção enxuta estão sendo empregados em empresas de pequeno porte do segmento de construção civil. A pesquisa é de natureza qualitativa e exploratória, sendo o estudo de caso reali- zado em uma construtora de pequeno porte de edifícios verticais com o apoio do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Loca- ção e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo – SECOVI. Observou-se grande interesse na implantação de tais princípios, sendo ponto negativo a necessidade de mu- dança de cultura, visto que muitas atividades tidas como “vícios” devem ser eliminadas frente a novo conhecimento. Os gestores e a alta direção da organização estudada sentiram-se motivados a seguir a filosofia, assim como outras ferramentas de produção enxuta, tais como o kanban, housekeeping, 5S, just in time e me- * Doutorando em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul. ** Pós-Doutora em Gestão de Operações e Logística. Doutora em Controladoria e Contabilida- de pela Universidade de São Paulo. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho. *** Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Informática e Gestão do Conhecimento da Universidade Nove de Julho. **** Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo. Docente perma- nente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. ***** Doutoranda em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

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Princípios de Construção Enxuta em Empresa de Pequeno Porte em Guarulhos (SP)

Principles of Lean Construction in Small Business in Guarulhos (SP)

Luiz CeLso Peretti *

AnA CristinA de FAriA**MArCos Antônio GAsPAr***

isAbeL CristinA dos sAntos****HeLLen CLáudiA donAto*****

ResumoO objetivo desta pesquisa é verificar de que maneira os princípios da construção enxuta estão sendo empregados em empresas de pequeno porte do segmento de construção civil. A pesquisa é de natureza qualitativa e exploratória, sendo o estudo de caso reali-zado em uma construtora de pequeno porte de edifícios verticais com o apoio do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Loca-ção e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo – SECOVI. Observou-se grande interesse na implantação de tais princípios, sendo ponto negativo a necessidade de mu-dança de cultura, visto que muitas atividades tidas como “vícios” devem ser eliminadas frente a novo conhecimento. Os gestores e a alta direção da organização estudada sentiram-se motivados a seguir a filosofia, assim como outras ferramentas de produção enxuta, tais como o kanban, housekeeping, 5S, just in time e me-

* Doutorando em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul.** Pós-Doutora em Gestão de Operações e Logística. Doutora em Controladoria e Contabilida-

de pela Universidade de São Paulo. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis da Universidade Nove de Julho.

*** Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Informática e Gestão do Conhecimento da Universidade Nove de Julho.

**** Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo. Docente perma-nente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

***** Doutoranda em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

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lhorias nos canteiros de obra e processos logísticos. Concluiu-se nesta pesquisa que os princípios da construção enxuta são pouco conhecidos pelos profissionais, que, na prática voltam-se para gestão da qualidade e produtividade. Mas foi possível constatar ainda aceitação imediata de tais princípios quando se fala em redução de tempo e aumento da produtividade com eliminação de tarefas consideradas como de não agregação de valor.Palavras-chave: Construção Enxuta. Princípios de Construção Enxuta. Empresa de Pequeno Porte.

AbstractThe objective of this research is to verify how the principles of Lean Construction are being carried out in small business in segment of Civil Construction. The research is qualitative and exploratory in nature, and the single case study conducted in a small builder of vertical buildings with the support of the Trade Union of Sale, Lease and Management of Residential and Com-mercial Properties in São Paulo – SECOVI. It was observed great interest in the implementation, with a negative point the need for cultural change, since many activities considered “vices” must be eliminated before a new knowledge. Motivated by managers and senior management, the philosophy will be welcome, as well as other Lean Manufacturing tools such as kanban, housekeeping, 5S, JIT and improvements in construction sites and logistics pro-cesses. As a conclusion, this study indicates that the principles of Lean Construction are little known by professionals and in practice being geared to quality management and productivity. It was found that by mentioning the principle, these are of little knowledge, and has an immediate acceptance when it comes to time saving and increased productivity and elimination of tasks considered that not add value to the processes.Keywords: Lean Construction. Principles of Lean Construction. Small Business.

1. IntroduçãoA construção civil no Brasil é considerada como atividade in-

dustrial, embora seja voltada mais frequentemente para a edificação de casas, edifícios, obras de restauração de monumentos antigos ou produto totalmente diferenciado, inclusive para outros setores, tais

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como demolições e construções de estradas, de acordo com seus clientes finais. (WIGINESKI, 2009). Empresas desse segmento têm buscado cada vez mais investir em melhorias de seus processos produtivos. (SARHAN; FOX, 2013).

Nesse cenário, Souza e Abiko (1997) diagnosticam que há muito tempo empresas atuam frente às concorrências de mercado, mas poucas são – principalmente entre as de pequeno porte –, as que se despontam como líderes em tecnologia e inovação em processos, embora seja grande o número de obras necessárias para acompanhar o desenvolvimento do Brasil.

A indicação de baixa produtividade e falta de profissionais devidamente preparados nesse setor tem sido o foco de atenção para os pequenos empresários do segmento. (LORENZON, 2008). Mesmo em 2015 – após o cenário de obras realizadas para grandes eventos, tanto da Copa Mundial de Futebol que ocorreu em 2014, quanto das Olimpíadas que irão ocorrer em 2016 –, esse panorama continua, o que tem trazido preocupação a representantes da área.

No intuito de que as operações realizadas em empresas de qualquer segmento sejam racionalizadas, é essencial que haja um controle científico por meio de filosofias de gerenciamento dos pro-cessos envolvidos no ciclo de vida da intervenção que garanta sua racionalização. (VIVAN; PALIARI; NOVAES, 2010). Assim sendo, estudos desenvolvidos por Koskela (1992); Santos e Farias Filho (1998); Picchi (2003); Barros Neto, Heineck e Souza (2005) e outros pesquisadores da construção civil evidenciam a falta de indicadores que monitorem os desperdícios nesse segmento.

Tarefas que não agregam valor e gerações de refugos denotam que existem lacunas, tanto acadêmica quanto na conscientização dos empregados para a minimização de valores que afetam diretamente a produtividade. Acrescente-se a essas considerações (embora não seja o foco deste trabalho) que o desperdício de material pode tam-bém afetar o meio-ambiente e precisa ser minimizado ou eliminado. (REVELL; BLACKBURN, 2007).

Vista como paradigma, a filosofia denominada construção en-xuta, em inglês Lean Construction, tem mostrado elevado número de processos produtivos realizados por meio de novos dispositivos e equipamentos. (PICCHI, 2003). Isso pode ser visto nas atividades

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de transformação na Construção Civil, como exemplo a preparação do concreto, visando a atingir um mercado consumidor de forma rápida e competitiva nesta inovação. (LEWIS, 2000). Quando se fala na filosofia da construção enxuta, mesmo os mais experientes gerentes a desconhecem, mas ao primeiro contato mostram-se en-tusiasmados pelo tema.

A aceitação desse novo conceito por parte das empresas, con-solidaram a possibilidade deste trabalho. Assim, o problema de pesquisa que norteia este artigo é: como empresas de pequeno porte do segmento de construção civil estão empregando os princípios da construção enxuta?

Para conduzir esta pesquisa foi importante o contato com o Sin-dicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo – SECOVI-SP, que colaborou na seleção de empresas de pequeno porte que se enqua-dram no perfil desejado e que atuam nesse segmento e com clientes cuja tecnologia e a pontualidade da entrega da obra tornaram-se o seu benchmarking para outras empresas. Com base nessa proposta, a pesquisa teve por objetivo verificar de que maneira os princípios da construção enxuta estão sendo empregados em empresas de pequeno porte do segmento de construção civil.

2 Referencial teórico

2.1 A Produção Enxuta (Lean Manufacturing) e a Construção Enxuta (Lean Construction)

A produção enxuta, na visão de Ohno (1997), tem como premis-sa combater os “desperdícios” (ou mudá, em japonês) existentes no Modelo Fordista de produção, chamado de “Produção em Massa”. Esse autor estabeleceu como passo preliminar para a criação do Sistema Toyota de Produção (TPS) que preconiza a identificação e a eliminação dos desperdícios, tais como: superprodução desne-cessária, transportes e estoques em espera, tempo de inspeção e processo de transformação, integrado a operadores e equipamentos para finalizar o produto.

Essa visão disseminada mundialmente pela Toyota buscou tornar clara a segregação das atividades que não agregam valor

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das atividades que geram valores. Os dois objetivos primários são eliminar desperdícios e criar valor para os usuários finais. (LIKER, 2005). Esse pensamento enxuto foi apresentado por princípios no fluxo de valor, fluxo puxado na eliminação de desperdícios e nas perdas pela superprodução, por tempo de espera no transporte, no processo, por estoque, na movimentação e perda por produtos defeituosos. (WOMACK; JONES, 2004).

A filosofia de construção enxuta teve seu embrião na TPS, que introduziu um novo paradigma para o entendimento dos processos produtivos e novo cenário de processo organizacional na construção civil. (KOSKELA, 1992). A falta de literatura apropriada na época le-vou à busca por conceitos que adaptassem os princípios da produção enxuta à construção civil, envolvendo etapas como movimento, espe-ra, processamento e inspeção, eliminando rejeitos e retrabalhos, ou seja, desperdícios. (MOYANO-FUENTES; SACRISTÁN-DÍAZ, 2012).

A origem do termo construção enxuta pode ser encontrada na publicação do trabalho de Lauri Koskela (1992), na Finlândia, que criou o IGLC – international Group for Lean Construction, com sede na VTT building technology. Essa filosofia objetiva o desenvolvi-mento e a adaptação de um novo paradigma da construção enxuta, representativos na Europa, Ásia, América do Norte e América do Sul. No Reino Unido os conceitos de construção enxuta têm sido disseminados principalmente em seminários desenvolvidos pela Associação de Pesquisa e Informação da Construção Civil (CIRIA) e pela Rede de Produtividade na Construção (CPN). (JOHANSEN; GLIMMERVEEN; VRIJHOEF, 2002).

Na visão de Amorim (1996) e Santos e Farias Filho (1998), no ramo da construção civil o sistema construtivo teve melhor desem-penho em processos do que o observado no sistema construtivo tradicional, principalmente nos campos da tecnologia, devido à inovação de equipamentos e novas tecnologias, o que resultou na redução do prazo e do custo das obras.

Com o advento da informatização e da popularização dos com-putadores, observa se que o maior consumo de tempo na construção enxuta está na espera e na movimentação para atingir a função em produtos de transformação; etapas que ainda são negligenciadas pelos gestores. Tais etapas são tidas como atividades não obser-

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vadas e ignoradas, inerentes ao processo de transformação, sendo formadas pelo próprio transporte, esperas interferências, inspeção e retrabalhos. (BALLARD, 1999).

O modelo de processo da construção enxuta assume um proces-so de fluxo de material desde a matéria-prima até o produto final, sendo constituído por atividades de movimentação, espera, proces-samento (ou conversão, como tratado na construção civil), inspeção e movimentação. (TZORTZOPOULOS, 1999). Essas atividades não agregam valor ao produto final sendo, por essa razão, denominadas atividades de fluxo de não valor. (BERNARDES, 2003).

Com visão mais contemporânea, Koranda et al. (2012) comentam que os conceitos de construção enxuta e sustentabilidade são apli-cados na construção civil com o propósito de minimizar os desper-dícios nas obras. Esses autores examinaram diferentes projetos em empresas de variados portes e ambientes nos EUA e identificaram os aspectos de integração da sustentabilidade e dos conceitos de construção enxuta.

Foram identificados profissionais associados nesse segmento e em empresa de pequeno porte, em cujos trabalhos puderam ser reconhecidos princípios e processos de construção enxuta. Como resultado, obteve-se significante redução de desperdícios com a integração da construção enxuta e da sustentabilidade. (KORANDA et al., 2012).

Na revisão da literatura, observou-se a visão voltada ao proces-so de transformação, tratado como conversão na construção civil, negligenciando as subdivisões das etapas inerentes ao processo. Koskela, Ballard e Tanhuanpää (1997) e Tzortzopoulos (1999) apre-sentam as características desses processos:

• Processo de conversão: o processo de conversão pode ser subdividido em subprocessos que também são conhecidos como processos de transformações. A execução de uma tarefa de estrutura pode ser subdividida em múltiplas execuções, formas, corte de ferragens, dobras e montagem, amarrações ancoragens e lançamento de concreto;

• Visão de custo de processo: o esforço de minimização do custo total de um processo em geral é focado na busca de redução da despesa de cada subprocesso separadamente

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visto como fluxo de transformação e• Visão pelo indicador contábil: o valor do produto final (ou-

tput) de um subprocesso é associado somente ao custo (ou valor) dos seus insumos, apenas visto pelo fator contábil e indicadores de produtividade final.

Na percepção de Formoso (2002), esse é o modelo adotado, por exemplo, nos orçamentos convencionais que são tipicamente seg-mentados por produtos intermediários (por exemplo, vigas, paredes, portas, entre outros). Isso também ocorre nos planos de obra, nos quais são normalmente representadas apenas as atividades de con-versão. Assim, os orçamentos associados ao projeto da obra, em geral representam claramente uma sequência de atividades que agregam valor ao produto final. (BARROS NETO; HEINECK; SOUZA, 2005).

Nakagawa e Shimizu (2004) entendem que a mensuração con-vencional de custo na construção enxuta, o valor da mão de obra e do material estão, na maioria dos casos, combinados. Conse-quentemente, o custo estrutural fica pouco visível, tornando difícil identificar onde ocorre o desperdício (no material, na mão de obra ou no processo).

É evidente que os itens definidos nos orçamentos convencionais não são claros e dificultam a sua percepção mesmo em fase de projeto – pode ser informação do cliente, pendências governamentais, apro-vação em prefeitura ou órgãos de meio ambiente ou ainda em setores de financiamentos. (HIROTA; FORMOSO, 2001). A partir da visão desses autores conclui-se que a falta de planejamento contribui para o desperdício, o que é contrário aos princípios da construção enxuta.

2.2 Princípios da Construção EnxutaConforme Alves (2000), a construção enxuta tem desenvolvido

suas atividades com base em um modelo de administração da pro-dução que coloca ênfase nas atividades de conversão, como visto anteriormente. Tal modelo negligencia as demais fases do processo, como a inspeção, transporte e estoques, que têm pouca relevância. Koskela (1992) contempla em sua proposta, dentro do conceito de produção enxuta no novo cenário construtivo, 11 premissas que têm como ponto de partida os principais valores necessários de integração na conversão e fluxos de valores:

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Primeiro princípio – Redução das parcelas das atividades que não agregam valor: toda vez que uma tarefa é dividida em duas subtarefas executadas por diferentes especialistas, as mesmas não agregam valor, o que resulta em aumento de inspeção, movimenta-ção e espera. (KOSKELA, 1992). A redução da parcela das atividades que não agregam valor significa reduzir as atividades que consomem tempo, recurso ou espaço, mas não contribuem para atender aos requisitos dos clientes. (BERNARDES, 2003). No entanto, é possí-vel atacar diretamente essas funções residuais, também conhecidas como atividades residuais.

Segundo princípio – Aumentar os valores de saída por meio das considerações sistemáticas dos requisitos das necessidades do cliente: princípio fundamental, já que os clientes não foram identificados e nem tiveram suas necessidades esclarecidas. Nis-so, observa-se o não atendimento das especificações do cliente. (KOSKELA,1992). Conforme Bernardes (2003), o aumento do valor de saída por meio da consideração sistemática dos requisitos dos clientes envolve valores agregados tanto aos produtos quanto aos clientes internos e externos. A identificação dos clientes internos e externos e dos seus requisitos constitui-se um dos passos principais para melhorar a eficácia da produção. (LIKER, 2005).

Terceiro princípio – Redução da variabilidade: existem duas razões para reduzir a variabilidade do processo. Do ponto de vista do cliente um produto uniforme é melhor e a padronização é vista pela ótica da qualidade, o que pode ser facilmente demonstrado por meio de Teoria das Filas, que aumenta o tempo de ciclo. (KOSKE-LA,1992). Conforme Bernardes (2003), a variabilidade tende a au-mentar o tempo de ciclo, bem como a parcela de atividade que não agrega valor. Outros métodos podem ser mensurados, tais como os processos de controle estatístico ou instalação de dispositivo à prova de erros ou denominados como poka-yoke no processo. (MOYANO-FUENTES; SACRISTÁN-DÍAZ, 2012).

Quarto princípio – Redução do tempo de ciclo, sendo o tempo visto como mensuração métrica natural no fluxo de processo: o

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tempo é uma dimensão vista nesse processo como uma das medidas mais úteis e universais na formação do custo e da qualidade, pois pode contribuir para impulsionar melhorias em ambos. (KOSKELA, 1992). Na visão de Bernardes (2003), o tempo de ciclo está envolvido em todo o processo – inspeção, transporte, movimentação e trans-formação. A redução das atividades que não agregam valor consiste em uma das principais formas de reduzir esse ciclo. Nesse sentido, recorre-se a Moyano-Fuentes e Sacristán-Díaz (2012), para quem, além da eliminação forçada dos ciclos e atividades mortas do tempo total, o processo proporciona entrega mais rápida para o cliente, reduzindo a necessidade de fazer previsões sobre a demanda futura.

Quinto princípio - Simplificação por meio da minimização do número de passos, etapas, peças e ligações: um fator para buscar a simplificação é a convivência no ambiente de flexibilidade em tratar problemas. Bernardes (2003) considera que a simplificação deve ser feita por meio da redução do número de pessoas, partes e ligações, o que torna mais fácil a redução de atividades como inspeção e movimentação. Na ótica de Isatto et al. (2000), a abordagem prática para a simplificação inclui: encurtamento dos fluxos de atividades consolidando em menos etapas ou redução do número de peças de produtos a partir de mudanças de projeto ou peças pré-fabricadas, alternativas disponíveis no mercado.

Sexto princípio – Aumentar a flexibilidade de saída: à pri-meira vista pode-se ver como contraditória essa observação com o exposto na simplificação. Porém, em Koskela (1992) vê-se atingir simultaneamente os dois alvos: o lado do cliente e o da empresa. Nesse aspecto, Isatto et al. (2000) esclarecem que os consumidores eventualmente mudam e então são necessárias condições para al-terações no sentido de satisfazer suas exigências. A aplicação desse princípio pode ocorrer na redução do tamanho dos lotes e no uso de mão de obra polivalente. Formoso (2002) ressalta que a qualificação da mão de obra com treinamento e a customização do produto no tempo possível e na utilização de processos construtivos permitem a flexibilidade sem grande ônus para a produção.

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Sétimo princípio - Aumentar a transparência do processo: a fal-ta de transparência em todo tipo de processo amplia a possibilidade de induzir ao erro. A visibilidade e a clareza dos procedimentos dos processos reduzem a possibilidade de erros e aumenta a motivação para as melhorias. (KOSKELA,1992). Diante de tais considerações torna-se essencial manter o processo de produção transparente e observável para facilitar o controle e melhorias e, assim, fazer o fluxo principal das operações do início ao fim de maneira cristalina a todos os funcionários. (BERNARDES, 2003).

Entre as estratégias para aumentar a transparência do processo, destacam-se: remoção de obstáculos visuais, como divisórias e tapu-mes; utilização de dispositivos visuais, quadro de avisos. Sugere-se também o emprego de indicadores de desempenho e sinalização, bem como a implantação de programas de melhorias, de organiza-ção e limpeza. (ISATTO et al., 2000). Na visão de Moyano-Fuentes e Sacristán-Diaz (2012), isso é possível ao se estabelecer o uso das ferramentas housekeeping e 5S, tornando o processo diretamente observável por meio de layout e de processos visuais, como o VSM (Visual stream Mapping).

Oitavo princípio – Foco no controle do processo como um todo: há pelo menos dois pré-requisitos para focar o controle sobre o processo completo. Primeiro, o processo tem que ser medido e, segundo, deve haver uma autoridade responsável pelo processo completo do sistema hierárquico de controle. (KOSKELA,1992). A estratégia é sempre manter a visão do sistema de controle de qua-lidade como um sistema único. É necessário focalizar no controle do processo como um todo, o que pode ser realizado a partir da integração entre os diferentes níveis de planejamento.

Nono princípio – Construção da melhoria contínua no proces-so: os esforços em prol da redução do desperdício e do aumento do valor do produto devem ocorrer de maneira contínua na empresa. (BERNARDES, 2003). Esse princípio costuma ser implementado por meio do departamento de planejamento, programação e controle da produção. Na visão de Shingo (1996), o uso das ferramentas de qua-lidade para estimular a aplicação do kanban, housekeeping, 5S e kaizen

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reflete boas práticas de trabalho, visando procurar melhores caminhos, utilizando procedimentos padronizados com atribuição de respon-sabilidades para a melhoria. A boa prática de padronizar serviços e tarefas estimula a melhoria do fluxo de transformação, maximizando a linha de balanceamento entre movimento e transformação.

Décimo princípio – Balanceamento entre a melhoria do fluxo e a melhoria das conversões: na visão de Koskela (1992), o grande paradigma do incremento das atividades produtivas deve ser abor-dado tanto no aprimoramento das conversões de fluxos quanto nas de transformações. Esse balanço deve ser melhorado, uma vez que no sistema convencional a ótica é valorizada na transformação, sen-do negligenciado o fluxo de processo de movimento. Para Teixeira (2004), os processos de transformação são vistos com facilidade e realizadas muitas melhorias em maquinários, tecnologias. Porém, quanto ao fluxo pouco se tem visto nas literaturas. Na realidade, a subdivisão do processo permite promover o balanço entre fluxo e transformação (processo de conversão), que, visto sob essa ótica resulta na minimização de tempo que é denominado resíduo no processo. Um bom fluxo necessita de menor capacidade nas ativi-dades de conversão e a aplicação desse princípio depende muito da consciência por parte da gerência de produção da necessidade de atuar em ambas as frentes. (ISATTO et al., 2000).

Décimo primeiro princípio – O benchmarking: ao contrário da conversão, os melhores processos de fluxo não são comercializados. Muitas vezes, o benchmarking pode ser estímulo útil para alcançar a devida melhoria por meio de reconfiguração radical nos processos, uma estratégia diferenciada. (KOSKELA,1992). A realização desse princípio consiste em aprendizados a partir das práticas adotadas em outras empresas consideradas líderes em determinado segmento ou aspecto específico da produção. (ISATTO et al., 2000). De acordo com Bernardes (2003), os passos básicos de benchmarking incluem o seguinte: conhecer o processo, avaliando os pontos fortes e fracos de seus subprocessos, reconhecer os líderes da indústria ou seus concorrentes, encontrar, identificar, entender e comparar as me-lhores práticas dos concorrentes, mensurando como indicadores,

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incorporando aos melhores. Na sequência serão descritos os aspectos metodológicos da pesquisa.

3. Metodologia da PesquisaEsta investigação pode ser caracterizada como qualitativa e ex-

ploratória e foi realizada em apenas única empresa, classificando-a como estudo de caso, categoria de pesquisa cujo objeto é a unidade, pela qual o motivo é analisado com profundidade. A complexida-de do exame aumenta na medida em que se aprofunda o assunto. (YIN, 2010).

A pesquisa qualitativa deve contemplar diversas fontes de evi-dências, tais como: observação direta, pesquisa documental e entre-vistas. (CRESWELL, 2010). Essa investigação é também classificada como exploratória, pois pretende desenvolver análise detalhada do assunto em estudo e tem por objetivo oferecer o entendimento da situação/problema pelo pesquisador. (MALHOTRA, 2001).

Identificou-se uma empresa de pequeno porte do segmento da construção civil na cidade de Guarulhos (SP) com o auxílio do SECOVI, no intuito de verificar a aplicação das ferramentas da construção enxuta. Uma única organização preencheu os critérios necessários: atuar no segmento da construção civil há mais de 20 anos, desenvolvendo grandes obras e ter sobrevivido à crise eco-nômica de 2008. Os dados coletados por meio de visitas técnicas e as observações diretas no canteiro de obras objetivaram verificar se as boas práticas da ferramenta da construção enxuta estão sendo empregadas na referida empresa.

O estudo de caso, conforme orientação de Yin (2010), foi desen-volvido por meio de observação direta em visitas aos canteiros de obra em que foram observadas as práticas realizadas e ainda se essas atendem aos procedimentos da construção enxuta. Nesses contatos e observações pôde-se realizar ainda a análise de documentos e rela-tórios, tais como o Relatório Diário de Campo (RDC), utilizado pela empresa, bem como das respostas obtidas nas questões impetradas pessoalmente nas entrevistas.

As informações desta pesquisa foram obtidas por observação direta e participante, pesquisa documental e entrevistas semiestrutu-radas com três gerentes seniores, dois diretores, cinco coordenadores

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(engenharia, suprimentos, planejamento, administração e produção) e seis colaboradores envolvidos no processo produtivo. Os dados coletados resultaram de entrevistas com a equipe técnica, gerencial e dos colaboradores do setor no primeiro semestre de 2013, finali-zando-se com visitas técnicas na sede da empresa e em canteiros de obras, cujo acesso foi concedido pelos gestores.

Durante as entrevistas diversas perguntas surgiram visando atender à estrutura prevista. A entrevista é técnica eficiente para se com seguir dados em profundidade, mas apesar de inúmeras vantagens apresenta também limitações, na medida em que para se obter respostas depende-se da motivação do entrevistado e do conhecimento da temática questionada. (GIL, 2009).

Após os pesquisadores obterem por pesquisa documental o conhecimento da atuação da empresa entrevistada, os gestores da organização apresentaram seu portfólio por meio de dossiês e fotos das principais obras realizadas. Antes do início de cada reunião, foi apresentada a explicação dos princípios de construção enxuta, como base de conteúdo para iniciar as entrevistas.

No intuito de verificação as entrevistas foram direcionadas aos gestores, de maneira que o conteúdo abrangesse os 11 princípios da construção enxuta, preconizados por Koskela (1992). As respos-tas passaram por análise sem que houvesse ordem sequencial das perguntas, respeitando o entendimento dos entrevistados sobre a visão deles sobre a construção enxuta.

Foram observadas ainda as informalidades e as respostas contri-buíram para o entendimento do conhecimento e aplicabilidade dos princípios de construção enxuta. Percebeu-se que a referida filosofia enfrenta dificuldades de ser entendida pelos profissionais que atuam na construção civil, dado o descompasso da postura conservadora de alguns empreendedores e a baixa qualificação da mão de obra do segmento. (ROMANEL; FREITAS, 2011).

4. Descrição e análise dos resultadosA empresa de pequeno porte pesquisada atua no mercado

brasileiro de construção civil há mais de 20 anos, possui matriz sediada em Guarulhos (SP) e sua principal atividade está focada em empreendimentos industriais. Possui aproximadamente 250

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empregados diretos e um corpo gerencial formado por diretores e proprietários experientes, graduados há mais de 30 anos na área, com atuação nacional e internacional em obras como a Usina de Itaipu e trabalhos para a Petrobrás e na África e Angola em parce-ria com a Construtora Camargo Correa. Atua também no ramo de locações de equipamentos destinados a terraplenagens, demolições e apoio de obras.

A organização analisada congrega em torno de 500 colaborado-res indiretos subcontratados por meio do processo de terceirização, o que depende da localização da obra, uma vez que a atividade possui contrato em todo o território brasileiro. Dessa forma, torna mais econômica a contratação de mão de obra na região da obra. Constatou-se em seu portfólio experiência adquirida com centenas de obras diversificadas em fábricas, pontes, instalações de infraes-trutura na Petrobrás, hotéis, casas de alto padrão e serviços de obras públicas para prefeituras, saneamento básico, rede de drenagens e pavimentação.

4.1 A entrevista e visita à empresa pesquisada e desenvolvimento do processo

Na abertura das entrevistas, após breve apresentação dos prin-cípios propostos pela filosofia da construção enxuta, foi detalhado o motivo da pesquisa a partir de um cenário de argumentação num ambiente informal para que cada respondente tivesse total liber-dade para as respostas, de maneira que a clareza e a simplicidade pudessem atingir o objetivo da investigação.

Dessa maneira as respostas foram coletadas, analisadas e tra-tadas em forma de síntese, respeitando a íntegra do conteúdo para que elas pudessem representar o conhecimento dos respondentes coletivamente, sem interferência ou indução. Acrescenta-se também que cada pergunta foi devidamente esclarecida para que o respon-dente pudesse ter amplo conhecimento do questionário.

Pergunta de abertura: A empresa pratica a filosofia da cons-trução enxuta?

Os respondentes foram unânimes em responder que não conhe-cem a filosofia e que nunca haviam ouvido falar do termo construção

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enxuta, apesar de ter em seu quadro engenheiros civis e técnicos com longa experiência e vivência no segmento. A empresa adota postura voltada para a produtividade e identifica como vantagem a experiência de controle de obras, por meio do diário em que são apontadas as medições e ocorrências diárias. São registradas ativida-des das tarefas, suas medições de avanço e paradas por ocorrências – chuva ou falta de material ou mesmo por outras atividades ine-rentes as quais têm classificação em códigos para serem analisadas. Os dados evidenciam que o diário de obra (Relatório do Diário de Campo – RDC) é o documento básico de análise e principal guia para procedimentos de composição de relatórios de medição finan-ceira e indicador de produtividade para visualizar o mapa da obra.

Primeira pergunta: O que a empresa entende como redução das parcelas de atividades que não agregam valores?

A empresa como um todo desconhece a filosofia de Koskela (1992) e segue seus próprios métodos voltados para produtividade, em que utiliza o RDC. Por não terem conhecimento da filosofia da construção enxuta, os gestores entenderam que o RDC pudesse ser a resposta convincente.

Segunda pergunta: O que parece ser aumento do valor do produto por meio da consideração sistemática dos requisitos do cliente?

Na contundência das respostas, observa se que a empresa está mais preocupada com a qualidade para o atendimento dos requisitos exigidos pelos clientes. Procura explorar o mercado na aplicação dos melhores produtos buscando incrementar a qualidade da obra. Porém, dentro do orçamento aprovado o custo torna-se mandatório, uma vez que no contrato estão especificados todos os itens de aplicação.

Terceira pergunta: O que os entrevistados entendem como redução da variabilidade?

No entendimento dos entrevistados, a variabilidade existe devido à heterogeneidade socioeconômica de cada região em que se executa obras, ao tipo de construção e à mão de obra. A própria

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formação dos colaboradores mostra-se muito distinta e o fator mais evidente é a baixa formação profissional, necessitando para dimi-nuição desse problema, a capacitação eficiente. Com isso, a empresa investe no treinamento e prefere contratar o operário no nível mais baixo e, ao observar seletivamente os que se destacam na função, seleciona-os para treinamento em atividades superiores. Assim sendo, continuamente sua visão estratégica envolve a formação de um quadro de operários treinados de acordo com a filosofia de trabalho da empresa e a garantia da qualidade, fatores primordiais na construção enxuta e core business da empresa entrevistada.

Quarta pergunta: Como a empresa atua e convive com a re-dução do tempo de ciclo?

Em decorrência de não conhecerem a filosofia da construção enxuta, os respondentes alegam a não aplicação e treinamento em tais princípios. Esse fato pode ser medido pelo RDC, embora não haja evidência de utilização correta, devido ao desconhecimento do conceito. Eles, porém, afirmam terem elementos para serem observa-dos nessa melhoria – mesmo sem pleno conhecimento do processo da construção enxuta –, que usam apenas para efeitos de medição de avanço de obra, sua ferramenta própria o RDC, disponível para a melhoria do processo. Caso o gerente da obra tivesse o domínio da filosofia da construção enxuta, poderia obter melhores resultados.

Quinta pergunta: O que significa para a empresa a simpli-ficação pela minimização do número de etapas, passos e partes?

Na resposta conclusiva, os respondentes afirmaram que a empresa não aplica a simplificação por sua direção não ter total conhecimento dela. Eles destacaram que usam o método empírico a partir do conhecimento adquirido em outras obras e que os em-pregados conhecem as tarefas e executam os procedimentos padrão. Porém, ao serem questionados, mostraram-se dispostos a adquirir conhecimentos sobre a construção enxuta para simplificar e criar metodologia que seja padrão para todas as obras que tenham ati-vidades repetitivas. Não dispõem de certificação ISO 9000 e nem procedimentos próprios, mas utilizam os processos da Petrobrás e a conformidade dos requisitos dos clientes.

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Sexta pergunta: O que pode ser entendido na empresa como aumento da flexibilidade na execução do produto?

Segundo os entrevistados, a direção da empresa entende que na execução do produto cada cliente tem um padrão de qualidade. Quando a emprega atua em hotéis ou casas de alto padrão o produto final considerado acabamento tem que ser executado de forma dife-renciada de um galpão industrial que, pela própria característica, é mais rústico. Nesse caso, a flexibilidade de execução tem variedade. Colocam-se operários em treinamento nas obras industriais e quando esses atingem a necessária experiência são transferidos para outras obras em que o acabamento é fator diferencial. Os respondentes en-fatizaram que a qualidade de material, tipo resistência do concreto, tempo de cura e fundações são elementos primordiais de uma obra.

Sétima pergunta: O que a empresa entende como aumento na transparência?

Foi observada na resposta a ausência da certificação da ISO 9000, fato que evidencia a não execução de procedimentos impor-tantes, o que leva à prática empírica aplicando conhecimento que não seja padronizado. Mas a construtora aplica, sim, normas pro-postas pela condição da própria imposição dos clientes. A falta de procedimentos evidenciou divergências e variabilidade entre uma tarefa e outra, mostrando a necessidade de padronização. Alguns dos fatores são os retrabalhos e inspeções, o que remete à necessidade de a empresa direcionar-se para conquistar a certificação da ISO 9000.

Oitava pergunta: Como é visto pela empresa o foco de controle em todo o processo?

A empresa atua com foco no controle de qualidade do processo. Seu prestígio nesse mercado tem sido destacado como referência devido ao fato de ela atuar em obras da Petrobrás, além de parce-rias com grandes empreiteiras do segmento, como preconizado por Eriksson (2010) nas quais os elementos de qualidade são exigência mandatória de continuidade. Para essas obras, são qualificados os equipamentos e materiais aplicados.

O concreto, matéria-prima transformada em produto acabado nas estruturas, obedece ao mais alto rigor de qualidade, composto

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de bloco de amostragem para teste de dureza e consistência. A ga-rantia segue os padrões da Associação Brasileira de Normas Técni-cas – ABNT. Quando se trata de obras dentro da Petrobrás, além de seguir procedimentos internos, deve-se cumprir os métodos devido à responsabilidade civil e ao próprio risco da atividade exercida.

Nona pergunta: A empresa pratica a melhoria contínua do processo?

Nessa questão os representantes ressaltaram que a empresa enfatiza o seu cartão de visita e, mesmo sendo desconhecedora da filosofia da construção enxuta, aplica os conhecimentos pela sua es-tratégia como missão e visão empresariais. Nesses 20 anos, embora tenha passado por crises, como toda empresa da construção civil em 2008, sua permanência no foco de qualidade do processo teve seu lugar garantido no mercado – apesar da grande concorrência que o setor tem enfrentado na última década. Sua referência é o cumprimento de prazos de contratos.

Décima pergunta: O que a empresa entende como balance-amento da melhoria dos fluxos com a melhoria das conversões?

Ao serem questionados sobre esse ponto, observou-se entre os representantes da empresa certa contradição nas respostas, pois os respondedores desconheciam os princípios da construção enxuta com esse nome. Assim, eles interpretaram o processo de constru-ção enxuta como equivalente a minimizar o quadro de pessoal, atuando apenas com o necessário na execução da obra. Depois de explicada a pergunta e anotadas as respostas, perceberam que o conhecimento era diferente do contexto da sua resposta e que a conversão no balanceamento está próxima ao que eles já fazem, embora não no nível técnico de aplicação. Entenderam que podem ter um ganho a mais se devidamente treinados e desejarem obter o conhecimento dessa filosofia.

Décima primeira pergunta: Esta empresa atua na qualidade? Como é o processo de benchmarking?

A empresa, mesmo sendo de pequeno porte, considera que aplica o benchmarking ao implantar os procedimentos de qualidade,

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apresentando diferencial frente a seus concorrentes. Resultado de muitos contratos atuando na Petrobrás e parcerias com as maiores empreiteiras do Brasil, eles consideraram que é sua melhor estratégia para vencer a concorrência.

Concluída a entrevista para a verificação do uso das ferramentas da construção enxuta, envolvendo a abordagem dos 11 princípios, manteve-se um diálogo informal para que os representantes da empresa contribuíssem no entendimento dos princípios que foram expostos, objetivando a melhoria do processo de transformação e movimentação no arranjo de canteiros de obras, em aplicações, por exemplo, do kanban e do JIT (just in time).

Constatou-se que essa empresa de pequeno porte, por não ter certificação, tende a seguir os procedimentos exigidos por seus clientes, aplicando-os e agregando-os às suas práticas. Seu desenvol-vimento sustenta-se mais na observação das organizações que são benchmarking, razão de sua permanência nesse mercado competitivo.

Enfatiza-se a logística da obra, o treinamento dos operadores com equipamentos e principalmente a formação de equipes de tra-balhos, tal como comentado por Romanel e Freitas (2011) – nessas atividades, por ser de atuação por contrato fechado ou obras de curto prazo, um dos focos estratégicos é a formação de times.

Os respondentes comentaram também que os principais operá-rios, conhecidos como equipe de frente representada pelos mestres de obra, transformam-se em patrimônio e, se perder um desses atores, a empresa terá grandes problemas porque nessa atividade não se tem escola disponível para formação. Esses profissionais pre-cisam ser treinados quanto ao conhecimento e qualidade e deve-se exigir disciplina da equipe no cumprimento de suas metas, visto que muitas das frentes de trabalhos são subdivididas em tarefas. (ROMANEL; FREITAS, 2011). Com isto destaca-se a importância do RDC, que evidencia a evolução das tarefas diárias executadas.

Um fato relevante foi relatado: quando a obra atinge um deter-minado nível de avanço considerado acima da meta planejada, a em-presa premia os colaboradores, oferecendo-lhes uma parada no final do expediente congratulando-os com uma churrascada. Essa medida é comum nesse segmento e tem o intuito de motivar e promover o relacionamento entre equipes e comemorar as metas atingidas.

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Outra forma de premiação foi observada – no término da obra, quando se atinge as datas do cronograma ou mesmo antecipando certas tarefas, a empresa premia com um adicional da verba do contrato como incentivo de gratificação salarial. Assim sendo, os trabalhadores, vendo-se recompensados, estarão motivados para a próxima obra, o que é um grande referencial.

Na construção civil, os contratos das obras nem sempre são longos. Questionados sobre a rotatividade de pessoal, fato comum nessa atividade, os gestores dizem que se orgulham de mostrar o quadro de colaboradores de longos anos de atuação, sendo que seus principais mestres de obras são todos formados na casa, termo co-mumente utilizado. Assim sendo, ao ouvirem tais depoimentos os iniciantes criam expectativas de carreira na empresa, com esperança de serem futuros mestres de obra.

O que os funcionários e a alta direção da empresa poderiam falar diante do novo conhecimento, seria uma reação positiva ou reativa? A direção da empresa demonstrou-se receptiva quando foi apresentado o objetivo da pesquisa. Após as entrevistas, por não terem sido induzidos às respostas, os participantes comentaram que desejam realizar uma reunião para apresentação dos detalhes da literatura no intuito de iniciarem um trabalho de implementação da filosofia da construção enxuta na empresa focal e em sua cadeia de suprimentos, de maneira semelhante ao que foi desenvolvido por Eriksson (2010).

5. Considerações finaisA filosofia de construção enxuta é baseada nos princípios da

produção enxuta, introduzindo um novo paradigma para entender os processos produtivos no segmento da construção civil. O termo construção enxuta teve seu marco inicial com a publicação do tra-balho de Lauri Koskela (1992), que apresentou 11 princípios que têm como ponto de partida os principais valores necessários de integração na conversão e fluxos de valores.

O estudo de caso único desenvolvido procurou responder ao problema proposto, concluindo que os princípios da construção enxuta são pouco empregados na empresa de pequeno porte de construção civil, pesquisada em Guarulhos (SP), principalmente,

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por raramente se ter ouvido falar sobre tal filosofia. Verificou-se a existência de trabalhos de Koskela (1992; 2000), e destacaram-se os seguintes pesquisadores desenvolvidos no Brasil como Isatto et al. (2000); Formoso (2002); Bernardes (2003); Picchi (2003) e Barros Neto, Heineck e Souza (2005), bem como outros que contribuem para o desenvolvimento desse conhecimento.

Na verificação do processo de transformação e qualidade, apesar do desconhecimento da filosofia da construção enxuta, há indícios de aplicação dos princípios da filosofia proposta por Koskela (1992). Embora seja uma limitação a pesquisa ter sido aplicada em apenas uma empresa, destaca-se como ponto positivo que a organização analisada de pequeno porte tem grande potencial para a implantação dessa filosofia, tal como observado por Sarhan e Fox (2013).

Foi constatado grande interesse na implantação por parte dos gestores, sendo um ponto negativo a necessidade de mudança de cultura, visto que muitas atividades tidas como “vícios” devem ser eliminadas, frente a um novo conhecimento. Os respondentes dis-seram acreditar que, se motivada pelos gestores e pela alta direção, a filosofia será bem recebida pelos empregados, assim como outras ferramentas da produção enxuta, tais como o kanban, housekeeping, 5S, just in time e melhorias nos canteiros de obra e processos logís-ticos de movimentação.

Observou-se na pesquisa empírica que Romanel e Freitas (2011) estão corretos quando afirmam que, no segmento da construção civil, o erro custa caro, acarreta o desperdício e a consequente queda da eficiência do empreendimento, razão pela qual há necessidade de serem plenamente aplicados os princípios da construção enxuta, no intuito de minimizar os referidos desperdícios, por meio da execu-ção de atividades que agregam valor, conforme destacam Sarhan e Fox (2013).

O modelo de gestão enxuta na empresa pesquisada apresenta diretrizes e objetiva a padronização na sua aplicação, proporcio-nando redução de custos e aumento dos índices de produtividade. Além disso, gera benefícios para o cliente a partir do recebimento da obra no tempo exato e na qualidade certa, de acordo com sua expectativa e de maneira semelhante à pesquisa de Costa, Rola e Azevedo (2009).

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Sugerem-se como trabalhos futuros a serem realizados dentro da aplicação da filosofia da construção enxuta: 1) desenvolver sis-temas e modelos padronizados para a gestão de canteiros de obras e 2) realizar estudos e modelagem de informações integradas para execução de serviço de campo.

Concluiu-se nesta pesquisa que os princípios da construção enxuta são pouco conhecidos pelos profissionais da empresa pesqui-sada que, na prática, estão sendo voltados para gestão da qualida-de. Mas constata-se aceitação imediata quando se fala em redução de tempo e aumento da produtividade com eliminação de tarefas consideradas como de não agregação de valor.

Por fim, pode-se afirmar que os resultados dessa pesquisa, ainda que limitados ao estudo de caso único na construtora de pequeno porte selecionada contribuem para o meio acadêmico e para o segmento da construção civil, por destacar a utilidade de um novo modelo para a gestão da referida área de atuação. Os resul-tados apontam que, mesmo que outras organizações desconheçam os princípios da construção enxuta, poderão utilizar em suas obras algumas dessas ferramentas visando melhorar sua gestão.

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Recebido em: 6-2-2016Aprovado em: 17.5.2016Avaliado pelo sistema double blind review. Editor: Elmo Tambosi FilhoDisponível em http://mjs.metodista.br/index.php/roc