princípios semiológicos para a compreensão da obra musical enquanto objecto de compreensão e...
TRANSCRIPT
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
1/19
1INTERPRETAO MUSICAL:
Princpios semiolgicos para a compreenso da obramusical enquanto objecto de compreenso e
interpretao
Introduo
O estudo que aqui se prope parte da necessidade de conceber formas de anlise musical
que possam ser teis no s num conhecimento e compreenso como, em especial,
numa interpretao musical.
Para uma definio exacta dos termos devem ser salientados os pontos que se seguem.
A.
No fenmeno musical, quando se fala de msica entende-se a sua dimenso real, sonora
o que se ouve diferente de uma dimenso conceptual, virtual a obra musical.
A obra musical tem como base
1- a composio, o acto de criao do autor, primeiro momento de existncia da obra;
2- a percepo do ouvinte, apresentando-se a obra musical, ento, na forma de msica;
3- o testemunho do seu suporte (notao, gravao, esquema, a memria de uma
audio), sendo ento a sua percepo feita atravs do estudo desse suporte .1
A obra musical pode definir-se como o produto de actividades psquicas e fsicas de um
msico o compositor que terminam logo aps a sua notao ou execuo
imediata2. A partir deste momento de criao adquire um carcter virtual. A obra
musical realiza-se, actualiza-se, nas suas diversas execues e audies transformando-
1 Cf.(Ingarten, 1989: 51, 58, 60, 64 e 181) e (Martin, 1993: 117).
2 Cf. (Ingarten, 1989: 147).
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
2/19
2se ento em msica3. Mas at ocorrer essa transformao, a obra musical no msica,
no uma coisa real com propriedades determinadas independentemente da sua
percepo, mas algo virtual e intencional.
B.
Seguindo os pressupostos delineados por Molino e Nattiez, compreende-se o fenmeno
musical em trs diferentes dimenses:
1. a dimenso poitica o acto de criao;
2. a dimenso estsica a percepo e a compreenso;
3. o nvel neutro o que resta desta troca, independente da criao ou de uma possvel
percepo e/ou compreenso (o lado o resduo material do processo) 4.
A estas trs dimenses correspondem diferentes papeis perante a msica e a obra
musical: o criador numa poisis, o ouvinte numa estsis e a partitura, a gravao,
mesmo a memria de uma audio (ou execuo) como um suporte material do nivel
neutro da obra musical.
c o m p o sito r o b ra p b lic op o ie s is e s te s is
No entanto, este sistema pode-se tornar bem mais complexo se incluirmos todo um
nmero de intervenes que tm a ver com a criao inicial, com a sua compreenso por
um intrprete, com a prpria interpretao e com uma audio e compreenso final.
3 Considera-se, assim, msica como o fenmeno sonoro resultante da execuo de uma obra musical; otermo msica ser sempre associado vertente sonora do fenmeno musical; ressalvam-se, no entanto,expresses de fcil e imediato reconhecimento como ensino de msica, msica deJazz, etc.
4 Cf. (Molino, s.d.: 112) e (Nattiez, 1987: 34).
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
3/19
3
Assim, mltiplas aproximaes, criaes e compreenses se vo sucedendo at formar
uma ideia final.
C.
O estudo que aqui se pretende realizar no se limita a um reflexo sobre a dimenso
neutra da obra musical, reflectindo porventura alguma necessidade de objectivao;
assume, desde incio, que qualquer aproximao e compreenso , em si, um acto
subjectivo de interpretao no sentido lingustico do termo dependendo das
circunstncias em que decorre, quer seja no contacto (estsis) com a msica (audio)
ou com um qualquer suporte material (partitura, gravao, etc.); esta estsis, sendo um
conhecimento e uma compreenso da obra, toma assim um carcter criador poitico
de uma ideia (hermenutica) da obra musical.
Por outro lado, considera-se como vlidos para estudo diferentes suportes que se
revelam na obra musical: a partitura, a gravao (suportes materiais tradicionais do nvel
neutro), mas tambm a memria da audio, a memria de uma contnuo emocional que
lhe aderente, mesmo as vivncias simblicas que se evidenciam na audio e/ou na
interpretao da obra.
compositor
O b r a 1
Intrprete 1P oiesis 1 E stesis 1
Pblico 1
Obr a 2Poiesis 2
Estesis 2
Intrprete 3E stesis 3
Intrprete 2
Poiesis 3
Pblico 2
Obr a 3
Estesis 4
E stesis 5
Poiesis 4
Pblico 3
Obr a 4
Estesis 6
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
4/19
4Assim, sero tidos em conta diferentes factores prprios de uma atitude subjectiva e
criadora, de ndole cultural, social, circunstancial, mesmo pessoal, desde que passveis
de uma anlise, de uma sistematizao, de uma universalizao mesmo que limitada.
Pretende-se encontrar diferentes formas de estruturao simblica da obra, tendo como
ponto de vista no s o acto criador inicial ou o resultado objectivo dessa criao como,
essencialmente, as possibilidades de vivncia e compreenso dessa obra.
Diferentes Formas Simblicas
O primeiro momento de existncia da obra musical consiste num acto de criao, de
construo da obra numa poisis inicial, referindo a terminologia adoptada porMolino/Nattiez. E neste acto de criao, qualquer obra musical, pela sua natureza
intencional, vai invocando a existncia de objectos musicais sons, construes
sonoras com uma determinada importncia na construo musical. Estes objectos
musicais existem e como tal so considerados devido somente sua importncia em
relao a outros, mais ou menos semelhantes: remetendo para outros objectos musicais
dentro da mesma obra, funcionam como smbolos, so verdadeiros smbolos musicais.
Estes smbolos existem, assim, no especialmente em relao a conceitos, a coisas, masem relao a outros smbolos semelhantes, com uma determinada importncia na
estrutura da obra em que se enquadram. A tradio de anlise de Riemann, Schenker e
toda uma linha de anlise musical de ndole estrutural, remetem para o estudo deste tipo
de smbolos, da sua sintaxe, enfim das relaes (tonais, harmnicas, formais) dentro de
uma organizao exclusivamente musical, quer seja uma s obra, ou mesmo um
conjunto de obras (um estilo, uma poca, uma tcnica, etc.).
Mas considerando as observaes, experincias e as consideraes de muitos
musiclogos, psiclogos e outros tericos da msica S. Langer, L. B. Meyer,
Sloboda, Clynes, Hanslick at um certo ponto so possveis de encontrar elementos
musicais smbolos musicais que remetem para aces, para coisas, para
movimentos, para ambientes: esto em substituio de outros que no so em si objectos
musicais. o caso, por exemplo, dos toques militares, dos sons onomatopaicos, das
figuras de retrica musical (Affectenlehre em msica barroca), das sonoridades
padronizadas passveis de serem encontradas em instrumentos electrnicos. , por outro
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
5/19
5lado, o caso de uma possvel relao intrnseca (psicolgica e mesmo fisiolgica), no
intencional ou premeditada, entre os seres vivos enquanto organismos sensveis
(emocionais) e uma sucesso de sons, entre o ouvinte e a (uma) msica; uma relao
psicomotora entre o indivduo e uma possvel simbolizao de um contnuo emotivo
reconhecvel atravs do movimento da msica o seu ritmo, o tempo, etc.
SMBOLOS EXOGENOS
1. SMBOLOSORGNICOS
" Nous dirons, alors que la musique opre au moyen de deux
grilles. Lune est physiologique, donc naturelle; son existence
tient au fait que la musique exploit les rythmes organiques, et
quelle rend ainsi pertinentes des discontinuits que resteraient
autrement ltat latent, et comme noyes dans la dure." (Levy
Strauss, 1974: 24)
A emoo pode ser definida como uma reaco a um estmulo mais forte, no esperado:
uma reaco de emergncia, uma luta pela adaptao psquica (e fsica) do indivduo a
um estmulo no esperado, para levar ao restabelecimento do equilbrio psicofisiolgico
do indivduo. Algumas emoes primrias como o medo, o amor, a alegria, esto bem
definidas e caracterizadas, at mesmo em termos musicais.
conhecido que o som pode produzir tais emoes, e no s a msica mas todos os
tipos de sons at mesmo todos os tipos de artes, modos de comunicao ou qualquer
estmulo pode induzir emoes. Como Budd (1992) explica no seu ensaio, as
emoes no so uma propriedade ou algo inerente msica mas um possvel efeito da
audio musical. Como uma resposta a um estmulo musical, as emoes podem agir
como reaces audio de ou ao envolvimento com qualidades e construessonoras (uma mudana de intensidade, de textura, de timbre, etc.).
Mas as emoes tambm podem ser entendidas como algo mais profundo, mesmo no
definvel. Wallon 5 descreve a natureza profunda das emoes primrias, o seu carcter
neuro-psicolgico e a sua importncia gentica no desenvolvimento de comunicao, de
interaco e socializao na infncia. As emoes podem tambm ser entendidas no
5 Cf. (Wallon, 1966 and 1983) e (Martinet, 1981)
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
6/19
6como uma reaco temporria a um estmulo especfico, mas como um continuum de
reaces a vrios estmulos que vm do exterior e do interior do indivduo 6. Estando a
msica sempre em estreita relao com o tempo, pode-se conceber que obras musicais
(pelo menos alguns aspectos de uma obra musical) sejam como que um tipo de
simbolizao de aspectos da vida, do tempo vivente. Nesta medida tambm possvel
imaginar que a msica pode, por sua vez, causar um continuum emocional idntico num
grupo de pessoas que a escutam, e tais emoes ficam como que apensas ao
conhecimento dessa obra. Assim, as emoes no sero inerentes msica, mas
algumas emoes (ou continuum emotivo) podero simbolizar uma determinada obra
musical, como algo intencional.
Este tipo de simbolizao cria uma ligao entre o tempo e o movimento fisiolgico
o desenrolar da vida e o tempo e o movimento musical o desenrolar dos
acontecimentos musicais. Na poisis, por exemplo no acto de composio, estes
smbolos orgnicos so, na terminologia usada por Pierce e E. Clark, cones, porque eles
aparecem na msica como uma imitao mimesis de um continuum emocional
imaginado pelo compositor, imitando um movimento real ou virtual e sua constante
mudana 7. Podero constituir, na estsis, por exemplo na audio musical, o que de
mais imediato se pode compreender de uma determinada obra musical: as reaces
emotivas imediatas do ouvinte sucesso de sons ouvidos. Podem ser, assim, formas
(embora precrias) de definir essa obra pois, atravs de uma determinada
compreenso emotiva (e consequentemente psicofisiolgica) desse contnuo sonoro, a
distinguem de outras obras que engendram compreenses emotivas diferentes.
Os smbolos orgnicos existem nas relaes entre elementos musicais como tempo,
ritmo, dinmica, a linha meldica, a textura e factores inerentes vida como tenso,felicidade, energia, calma, etc.
6 Cf. (Martinet, 1981: page 35), (Wallon, 1983: 51) e (Fraisse, 1985).7 Cf. (Pierce, 1993). Muitos autores como Clarke e Nattiez usam os conceitos semiticos de C. S. Pierce onde "signo"
(representamen) um elemento bsico e primrio na trade semitica dividida em "index", "icon" e "smbolo". Para
Pierce "smbolo" tem somente com uma relao convencionada com o objecto. Outros tericos usam, pelo contrrio,
a palavra "smbolo" como uma relao bsica, sendo "signo" um smbolo convencional, no sendo necessria ao"signo" alguma relao directa (mimtica, causal ou outra) com o objecto que esteve na gnese da sua existncia. Cf.
(Wallon 1966: 248).
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
7/19
7Music also presents us with an obvious illusion, (...) the
appearance of movement8
Estes smbolos orgnicos no so objectos musicais9, no so sons ou grupos de sons,
mas apenas vertentes de uma obra musical. Eles aparecem muito ligados ao ritmo, aofluxo de eventos sonoros no tempo, como descrito em Gabrielson (1983) e Clynes e
Walker (1982). Podem ser, numa poisis, resultantes da forma como os acontecimentos
musicais e os objectos musicais so dispostos e se sucedem horizontal e
verticalmente no tempo: da tenso, do movimento da msica, do gesto musical.
Sendo smbolos exgenos, remetem, atravs do seu poder mimtico de factores
inerentes prpria vida, para qualidades como a lentido, a rapidez, a fora, a fraqueza,
o nervosismo, a tranquilidade. Numa estsis, os smbolos orgnicos constituem-se comosmbolos na relao entre um determinado desenrolar dos fenmenos sonoros o
desenrolar da msica e o seus (possveis) efeitos emocionais no intrprete e/ou no
ouvinte. So, assim, de grande importncia na msica de dana ou em msica descritiva.
Permitem a concepo e uma possvel compreenso da msica como uma continuum
vital, um movimento, uma tenso plstica constante. Este tipo de concepo e de
compreenso constitui a forma mais simples e directa de idealizao, de fruio e de
compreenso musical.
Indcios destes smbolos orgnicos so indicaes de carcter ( Allegro, Andante, con
forza, crescendo, subito) comummente inscritas em partituras, reaces fsicas que se
observam na audio musical (movimentos como bater o p, reaces do corpo na
audio, variao de presso sangunea, etc. 10), e mesmo formas grficas de construo
de partituras do sc. XX.
Dificilmente individualizveis como smbolos, aparecem geralmente como os efeitos ouas associaes que uma msica (ou parte de uma msica) produz num ouvinte. Podem
s vezes ser confundidos com o metrum, ou com o ritmo, devido sua conexo ntima
com o tempo o tempo vivente. Mas tambm podem ser entendidos na evoluo de
texturas, do timbre, da harmonia, da melodia, na evoluo do som e suas qualidade, num
8
Em analogia com a pintura, que uma iluso de espao virtual. Cf. (Langer, 1957: 36).9 Segundo definio de (Shaeffer, 1966).
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
8/19
8sentido mais lacto de ritmo. Na msica ocidental, podemos ver exemplos no carcter
melanclico da 3 sinfonia de Beethoven (p.e. o 2 movimento), no carcter danante de
Rondos de Mozart em Concertos de piano, ou na ansiedade de Bartok no Mandarim
Maravilhoso.
Le charme de la musique, qui peut se communiquer si
universellement, semble reposer sur le fait que tout expression
du language possde dans un contexte un ton, qui est appropri
son sens; ce ton indique plus ou moin une affection du sujet
parlant et la provoque aussi chez lauditeur. (Kant (1989), 53)
Os smbolos orgnicos existem num cdigo, num certo contexto cultural e social.
Alguns smbolos orgnicos podem, talvez, ter um carcter universal comum a todosos seres humanos baseado na identificao do "movimento" da msica com as
actividades psicomotoras e as reaces emocionais que aparecem nos seres humanos.
Ouvindo uma obra musical, todo o ser humano impelido a reagir de um certo modo: o
indivduo reage ao movimento " sonoro" com um real movimento um gesto ou
com um movimento imaginrio ou at mesmo um movimento intelectualizado o
movimento possvel em face dos cdigos complexos de comportamento cultural.
2. ORGANISAES SONORAS SIMBLICAS
2.1 Smbolos onomatopaicos
Tambm possvel considerar, de um modo mais preciso, algumas relaes simblicas
exgenas entre certos objectos musicais ou parmetros musicais e coisas ou
objectos, aces, at mesmo animais. Podemo-nos referir, por exemplo, ao cuco imitado
por um instrumento construdo para esse propsito (J. Haydn), o canto de um pssaro
imitado por uma flauta ou outro instrumento (Messiaen), uma batalha feita pelo ritmo eos sons de um rgo (msica de Renascimento), a mquina referida por repeties
mecnicas contnuas de um motivo.
Contrariamente ao que escreve S. Langer, muitos outros exemplos semelhantes so
possveis de se encontrar na msica ocidental na actualidade e como tal devem ser
entendidos na msica ocidental: o trovo, a respirao, o espao, o mar, a cidade, os
10 Cf. (Gabrielson, 1983), (Clynes and Walker 1983) e (Rsing, 1993).
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
9/19
9gritos, os cavalos, so construes sonoras que normalmente so imitadas na msica, em
msica de filme, publicidade, etc. Embora no apaream em todas as obras musicais,
quando o fazem tm um interesse acrescido e influenciam a compreenso da obra
musical.
2.2 Smbolos culturais
Os compositores e os msicos usam, por vezes, outros smbolos que no tm qualquer
carcter mimtico ou semelhante. Quando um compositor se quer referir ao campo,
caa, ou at mesmo a algo vagamente relacionado com essas coisas (cavalos, o anncio
da chegada de um grupo das pessoas, animais selvagens, etc.), o instrumento que usa a
trompa, ou imitar este instrumento atravs das tpicas sextas paralelas tocadas por
trompas naturais.
Este smbolos aparecem em substituio de alguns objectos, paisagens, ou ideias, mas
por vezes tm com eles somente uma vaga relao. Existem dentro um quadro cultural
determinado, em desenvolvimento constante, entendidos por um nmero limitado de
pessoas. No vivendo de uma relao onomatopaica ou imitativa directa, eles so
smbolos porque so normalmente empregues num contexto muito especfico por um
determinado grupo de pessoas. Alguns dos elementos da retrica musical estudados naAffectenlehre Barroca 11, os leitmotive na pera de Wagner, at mesmo a quinta
diminuta (o famoso diabulus in musica), os sons usados em instrumentos electrnicos
comerciais, so exemplos destes smbolos culturais.
Estes smbolos12 podem ter uma grande importncia na anlise pela sua relao com
outros objectos ou parmetros musicais, com outras obras, com um estilo, com o
contexto histrico. Quando compositores como Schnberg, Ligeti, Schnitke, Milhaud e
muitos outros usam ritmos de msica popular (valsa, samba, rumba, rock, habanera,
etc.,) em contextos especficos (e com intenes especficas), eles oferecem ao ouvinte
um novo campo de relaes simblicas, de formas de compreenso da obra no seu todo,
passvel de compreenso a pessoas que conhecem esses ritmos e o seu carcter socio-
cultural. Quando msicos do barroco e do sculo XVIII usaram a Ouverture francesa,
11 Mesmo os que so algum tipo de mimesis do movimento (ascensus, cruxis, etc.), pois, em muitos casos,esta relao no bvia nem passvel de ser ouvida.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
10/19
10certamente no quiseram sempre anunciar a entrada do Rei; mas os msicos e muitos
amantes de msica poderiam entender o seu carcter introdutrio, a pomposidade da
marcha lenta, como o anncio de algo a suite, a sinfonia, etc.
A citao musical outro smbolo cultural poderoso, tal como acontece em A. Berg no
concerto de violino, ou em obras modernas e contemporneas 13. At mesmo a imitao
de um estilo 14, como em Schnitke (K)ein Sommernachtstraum ou noutros compositores
contemporneos (os Lndlerde Rihm, os Liederde Killmayer, etc.), tem propriedades
semiolgicas que certamente no escaparo aos ouvintes contemporneos.
Podemo-nos perguntar se possvel incluir como smbolos culturais objectos musicais
como o baixo figurado de Alberti, uma sucesso tonal IV-V-I, at mesmo uma escala.De facto, os smbolos culturais existem porque so compreendidos como smbolos num
contexto (socio-cultural) especfico. Uma sucesso simples de acordes no existe como
um smbolo exgeno num contexto tonal porque no tem qualquer particularidade
somente uma sucesso de acordes no meio de outras afins. Pelo contrrio, se aparece
num contexto no tonal, ou num contexto onde uma simples sucesso de acordes IV-V-I
fica de alguma forma proeminente, pode ser entendido como um smbolo de
simplicidade tonal, ou de msica velha, ou mesmo de estupidez; no sendocompreendido como tal, no sero tomadas em considerao as leis da boa continuidade
e da coerncia interna da obra.
O aparecimento de um comum IV-V-I ou de um baixo de Alberti sempre um sinal de
um estilo particular, excluindo outros que no os usam. E, nesta medida, todo o objecto
musical, se for entendido como uma particularidade ou caracterstica de um estilo (ou de
um grupo de obras), torna-se um smbolo desse estilo. Neste caso, a sua relevncia no
contexto da obra no , talvez, proeminente, mas a sua identidade como um elemento de
um cdigo um estilo, uma forma de pensamento musical inconfundvel e assim
se torna um smbolo desse cdigo, desse estilo, dessa forma de pensamento. Ento,
alguns parmetros (texturas, timbres, etc.), infra-estruturas (p.e. sries, escalas, modos,
12 Em termos Peircianos, smbolos.13 interessante a citao do acorde de Tristo como um smbolo na msica do sc. XX.14 Uma citao de um estilo.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
11/19
11acordes) e formas podem ser entendidos como smbolos culturais pela sua identidade e
importncia num cdigo musical especfico.
SMBOLOS ENDGENOS OBJETOS MUSICAIS E INFRA-
ESTRUCTURAS
A msica feita de construes de sons e silncios. Estas construes usam relaes
simblicas entre partes, elementos, propriedades, estruturas sonoras, sem qualquer
referncia exterior. Estes smbolos existem devido sua relao a smbolos semelhantes
na mesma obra, at mesmo em obras diferentes. So objectos musicais: grupos de sons,
motivos, temas, organizaes sonoras, pertinentes por causa da sua relao intencional
(simblica) com outros da mesma espcie, com alguns dos mesmos parmetros e
propriedades. No se podem interligar de uma forma indefinida sob pena de perderem a
sua unidade, a sua existncia simblica, como partes de um todo; a sua interligao
obedece (eventualmente) a regras, a esquemas formais, dentro de cdigos definiveis
o cdigo da construo musical, da composio, do gnero, do estilo, da poca, do local.15
A famosa clula rtmica de Beethoven (. . .) um exemplo paradigmtico: no s
existe na 5 sinfonia mas tambm em muitos outras obras, at mesmo a nvel poltico,tornando-se tambm num smbolo cultural.
Alguns destes smbolos no so sequer objectos musicais mas s perspectivas,
parmetros de objectos, at infra-estruturas. Como exemplos podemos ver as infra-
estruturas modais de Messiaen e Bartok, os padres mtrico/rtmicos da msica de
dana, etc. A sua compreenso est intimamente ligada ao conhecimento destes cdigos
da sua sintaxe e depender das expectativas, do conhecimento e do interesse do
ouvinte por este tipo de msica e pela utilizao que lhe pretende dar. Assim,
facilmente memorizvel e reconhecvel a melodia de uma cano popular alentejana; a
sua estrutura no ser, certamente, estranha a ouvintes portugueses; no entanto, a
compreenso das estruturas meldicas e harmnicas mais subtis e que esto na sua base,
a sequncia das diversas frases e a estrutura dos ornamentos que intuitivamente,
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
12/19
12culturalmente, organicamente os cantores empregam nestas canes, implicar um
conhecimento profundo das estruturas musicais em causa.
Estes smbolos podem ser identificados e estudados na anlise tal como entendida por
Riemann, Schenker, Tovey, Nattiez, etc. A sua caracterizao, a sua identidade e o seu
sentido a sintaxe depende do mtodo, da base da anlise e dos princpios
pressupostos.
OS CDIGOS E A SUA COMPREENSO
Para a compreenso de uma obra musical, so de grande importncia os cdigos
implcitos nos diferentes tipos de smbolos. De facto, so o conhecimento e as
experincias contnuas com estes cdigos que possibilitam uma compreenso mais oumenos profunda das relaes simblicas e da obra em questo: como os sons na
linguagem falada, os sons e conjuntos sonoros na msica tm um significado especfico
simblico somente quando so compreendidos dentro de estruturas especficas,
com relaes especficas, semelhantes a outras construes (musicais ou no), at
mesmo semelhantes a outras obras do mesmo compositor ou at de outro. Estas
relaes, o seu repertrio de possibilidades e o seu modo de interagir formam um cdigo
uma estrutura superior de smbolos.
Estes cdigos so parte de "quadros de referncia" comuns a vrias pessoas, com
experincias semelhantes em termos musicais. Qualquer som ou conjunto de sons
concebidos como parte de um cdigo objectos musicais sero entendidos como
um smbolo pertencendo a esse mesmo cdigo e estabelecero relaes com outros com
propriedades semelhantes.
Mas a compreenso de um cdigo (qualquer cdigo) no deve ser entendida em termos
de um conhecimento acadmico: a obra musical permite aproximaes diferentes, tipos
diferentes de compreenso16, hermenuticas diferentes, cdigos diferentes de
compreenso, dependendo dos interesses do sujeito, nas possibilidades de compreenso
15 Esta definio no est em contradio com a definida por Schaeffer e Maneveau, excluindo, no
entanto, toda a semiosis externa (exgena) como os smbolos orgnicos e as organizaes sonorassimblicas.16 Talvez ainda diferentes graus de compreenso.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
13/19
13 os quadros de referncia e do uso suposto para essa compreenso. Tal evidente
nos mltiplos tipos de audio e compreenso de obras musicais. Os exemplos seguintes
so disso representativos.
1 ouvintes completamente desconhecedores das estruturas e do tipo de msica que
esto a ouvir, mas que reagem emocionalmente (possivelmente atravs de
movimentos, compreendendo, talvez, um possvel cdigo orgnico universal) e se
deixam envolver por essa msica os pblicos de msicas no ocidentais na
Europa;
2 outros ouvintes, amantes de um determinado tipo de msica do qual ouvem com
prazer e renovadamente determinadas obras, mas que desconhecem os meandros docdigo (da infra-estrutura) que lhes serve de base (em geral o pblico dos concertos
clssicos, por exemplo); na dana utiliza-se a msica como base para uma explorao
de movimentos do corpo que de alguma forma tero uma relao com essa msica (o
balletclssico ou as danas rituais, por exemplo);
3 os intrpretes que de alguma forma tm de conhecer a obra musical atravs de
um (ou vrios) dos seus suportes (e cdigos) e que no s adquirem uma
compreenso profunda como a executam, dando a conhecer a outros algo dessa
compreenso interpretao musical;
4 o investigador que se esfora por compreender o funcionamento de uma
estrutura musical ou de um estilo musical de um cdigo musical
menosprezando a fruio da prpria msica e o lado emocional que os prprios
smbolos pressupem.
As possibilidades de compreenso da obra musical so assim extremamente diversas,
dependendo do interesse que a prpria obra desperta, da sua utilizao, enfim, das
competncias especficas para essa compreenso. Estas competncias podem resumir-se
a uma (possvel) existncia de um cdigo emptico simples de relaes entre o
movimento sonoro musical e o contnuo emotivo do ser humano, atravs dos
smbolos orgnicos. Podem, no entanto, ser proporcionalmente mais precisas, atravs da
profundidade da sua compreenso, do reconhecimento de maior nmero de smbolos e
dos respectivos cdigos, de uma hermenutica da obra.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
14/19
14MSICA COMO SMBOLO
A msica enquanto audio (mesmo parcial) de um todo delimitado (a audio de uma
pea musical) tem, ainda, um outro carcter simblico. Remete sempre para uma
construo que presumivelmente lhe est na base; pode, no entanto, no existir tal
construo, limitando-se esta a aparecer na sua audio e compreenso17.
Existe como smbolo dentro de um cdigo social que a permite compreender e definir
como msica ou obra musical, diferente de qualquer outra coisa (o simples facto de ser
tocada num concerto, ou de ser escutada com ateno, por exemplo). E pode ser
entendida como um smbolo social, cultural e/ou poltico, dependendo dos cdigos
simblicos compreendidos, dos protagonistas, da sua situao social, do seu impacto nasociedade. Tal acontece com os hinos nacionais, com as peas que vulgarmente so
definidas como msica clssica ou como msica popular18.
Neste processo de audio e compreenso intencional, a msica uma pea musical
ouvida afirma-se, principalmente, como smbolo de algo que possivelmente lhe est
na base, que lhe deu geneticamente a sua intencionalidade, mesmo que impossvel de se
identificar: um compositor, uma ideia musical, uma construo musical, a obra musical.
Uma aproximao a uma obra musical nunca simples e ingnua: est sempre baseada
numa grande quantidade de experincias prvias toda a vida do sujeito, todos as
experincias culturais, semiolgicas e musicais, todos os cdigos apreendidos.
A anlise, vista como um processo para a compreenso da obra musical, pode ser uma
procura de smbolos, dos seus cdigos e da sua importncia (semiolgica) numa obra ou
grupo de obras musicais. E pode tambm ser o reconhecimento de um plano de fundo
cultural, social e musical alargado, de experincias simblicas prvias que permitirouma determinada compreenso da obra musical. A interpretao musical uma
extenso de um processo hermenutico pode, em meu entender, beneficiar de uma
anlise que tem em perspectiva vrios tipos de smbolos e cdigos, que no actua
17 Cf. (Maneveau 1977)18 O facto de serem consideradas como msica clssica ou popular so definidoras do seu carctersimblico socio-cultural.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
15/19
15somente em termos estritamente musicais endgenos mas tambm em relao
com o mundo exterior.
Sendo por natureza dependente das circunstncias subjectivas que a envolvem o
tempo, o lugar, o momento, o pblico, os interesses, todo o contexto da interpretao
a interpretao musical deve estar atenta s implicaes simblicas que surgem da obra
musical de modo a ser mais efectiva e mais consciente do seu significado e da sua
importncia cultural.
- Janeiro de 1999, Francisco Monteiro
Bibliografia
ADDISON, Richard (1991). "Music and Play" in British Journal of Music Education,Vol. 8, number 3, Nov. 1991, Cambridge: Cambridge University Press.AGAWU, V. Kofi (1991). Playing With Signs, A Semiotic Interpretation of Classic
Music, Princeton: Princeton University Press.BERENSON, F. M. (1993). "Interpreting the Emotional Content of Music" in The
Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.BRELET, Gisele (1951).L'Interpretation cratrice, Tome 1 et 2, Paris: P.U.F.BUDD, Malcolm ( 1992). Music and The Emotions The philosophical Theories,N.Y.: Routledge.
BUJIC, Bojan (1993). "Notation and Realization: Musical Performance in HistoricalPerspective" in The Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: ClarendonPress.CARVALHO, Mrio Vieira de (1990). Razo e sentimento na comunicao musicalinRevista Portuguesa de Psicanlise, November of 1990, Lisboa: Ed. Afrontamento.CLARKE, Eric F. (1988). "Generative principles in music performance" in GenerativeProcesses in Music, The Psychology of Performance, Improvisation, and Composition(Ed. John Sloboda), Oxford: Clarendon Press.CLARKE, Eric F. (1989). "Mind the Gap: Formal Structures and PsychologicalProcesses in Music" in Contemporary Music Reviw, 1989 Vol.3 pp 1-13, U.K.:
Harwood Academic Pub.DeBELLIS, Mark (1993). "Theoretically Informed Listening" in The Interpretation ofMusic, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.ECO, Umberto (1979). Obra Abierta, trad. de Roser Berdagu de Opera Aperta Ed.Valentino Bompiani, 1962, Barcelona: Ariel.ECO, Umberto (1992). Os Limites da Interpretao, trad. de Jos Colao Barreiros de
I Limitti dell'Interpretazione, Ed. Fabbri, 1990, Lisboa: Difel.ECO, Umberto (s.d.). "Pensamento Estrutural e Pensamento Serial" in Semiologia da
Msica, trad. de Mrio Vieira de Carvalho, Lisboa: Ed. Assrio Bacelar.FRAISSE, P. (1985 Emotion in Encyclopaedia Universalis, Edit. EncyclopaediaUniversalis, Paris.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
16/19
16GABRIELSSON, Alf (1983). "Perception and the Performance of Musical Rhythme"in Music, Mind and Brain, (Ed. Manfred Clynes), N.Y. e Londres: London PlenumPress.GABRIELSSON, Alf (1988). "Timing in music performance and its relations to musicexperience" in Generative Processes in Music, (Ed. John Sloboda), Oxford: Clarendon
Press.GELDRICH, MARTIN (1991). "Concentration and tension" in British Journal of
Music Education , Vol. 8, p.167-169, Cambridge:, Cambridge University Press.GIL, Jos (1993). "Dos Sons e das Cores" in Revista de Comunicao e Linguagem,17/18, Lisboa:Edies Cosmos.GOEHR, Lydia (1993). "Music Has No Meaning to Speak of': On the Politics ofMusical Interpretation" in The Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford:Clarendon Press.GOODMAN, Nelson (1976).Los Lenguages del arte, aproximacin a la theora de lossmbolos, trad. de Jem Cabanes de Languages of Art, an approach to a theory of
symbols, The Bobs Merril Co., 1968, Barcelona: Ed. Seix Barral.GRINDEA, Carola (ed.). Tension in the Performance of Music, N. Y.: Kahn andAverill.GUIRAUD, Pierre (1983.)La Smiologie Paris:P.U.F.HANSLICK, Eduard (1957). The Beautiful in Music, trad. de Gustav Cohen da 7 ed.de Vom Musikalisch-Schnen Leipzig 1885, N. Y.: Liberal Arts Press.HARR, Rom (1993). "Is There a Semantics for Music?" in The Interpretation of
Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.HERMERN, Gran (1993). "The Full Voic'd Quire: Types of Interpretationd ofMusic" in The Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.INGARDEN, Roman (1989). Qu'est-ce Qu'une Oeuvre Musicale?, trad. de DujkaSmoje deDas MusikWerk Max Niemeyer Verlag, Tbingen: Christian Bourgois dit.JACKENDOFF, Ray and LERDAHL, Fred (1983). "A Grammatical ParallelBetween Music and Language" in Music, Mind and Brain, (Ed. Manfred Clynes), N.Y. eLondres: Plenum Press.JAKOBSON, Roman (1993). Essais de Linguistique Gnrale, Vol. 1 et 2, trad. de N.Ruwet, Paris: Ed. de Minuit.JANKELEVITCH, Vladimir (1979). Liszt et la Rhapsodie, Essai sur la Virtuosit,Vvol. de "De la Musique au Silence", Paris: Plon.KANT, Emmanuel (1989). Critique de la Facult de Juger, trad. de A. Philonenko,Paris: Vrin.
KRAUSZ, Michael (1993). "Rightness and Reasons in musical Interpretation" in TheInterpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.KRAUT, Robert (1993). "Perceiving the Music Correctly" in The Interpretation of
Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.LANGER, Susanne (1957). Problems of Art, N. Y.: Ed. Charles Scribner's sons.LANGER, Susanne (1979). Philosophy in a New Key, London: Harvard UniversityPress.LANGER, Susanne (1980). Sentimento e Forma, trad. de Ana M. G. Coelho deFeeling and Form Charles Scribner's S., N.Y., 1953, S. Paulo: Ed. Perspectiva S.A.LEIBOWITZ, Ren (1986).Le Compositeur et son Double, Paris:ditions Gallimard.
LERDHAL, Fred (1988). "Cognitive constraints on compositional systems" inGenerative Processes in Music, (Ed. John Sloboda), Oxford: Clarendon Press.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
17/19
17LEVINSON, Jerrold (1993). "Performativ vs. Critical Interpretation in Music" in The
Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.LEVY-STRAUSS, Claude (1974).Mythologies Le Cru et le Cuit, Dijon: Plon.MANEVEAU, Guy (1977).Musique et Education, Aix-en-Provence: Edisud.MARGOLIS, Joseph (1993). "Music as Ordered Sound: Some Complications
Affecting Description and Interpretation" in The Interpretation of Music, (Ed. MichaelKrausz), Oxford: Clarendon Press.MARGOLIS, Joseph (1993). "Music as Ordered Sound: Some ComplicationsAffecting Description and Interpretation" in The Interpretation of Music, (Ed. MichaelKrausz), Oxford: Clarendon Press.MARTIN, Robert L. (1993). "Musical Works in the Words of performers andListeners " in The Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: ClarendonPress.MARTINET, M. (1981). Teoria das Emoes, trad. de J. Seabra-Dinis de Thorie desmotions Aubier Montaigne, Paris,1972, Lisboa: Moraes Editores.
MEYER, Leonard B. (1956). Emotion and Meaning in Music, The University ofChicago Press, Chicago.MOLINO, Jean (s.d.) "Facto Musical e Semiologia da Msica " in Semiologia da
Msica, trad. de Mrio Vieira de Carvalho, Lisboa: Ed. Assrio Bacelar.NATTIEZ, Jean-Jacques (1987). Musicologie Gnralenet Smiologie, ChristianBourgois.NATTIEZ, Jean-Jacques (1993) Le Combat de Chronos et dOrphe Essais,Christian Bourgois.NATTIEZ, Jean-Jacques (s.d.) "Situao da Semiologia Musical" in Semiologia da
Msica, trad. de Mrio Vieira de Carvalho, Lisboa: Ed. Assrio Bacelar.
RODRIGUES, Adriano Duarte (1993). "A Comunicao No Verbal e o Discurso" inRevista de Comunicao e Linguagem, 17/18, Lisboa: Edies Cosmos.ROEDER, John (1993). Toward a Semiotic Evaluation of Music Analyses in MusicTheory Online, Vol 0, n 5, November of 1993, U.S.A.: Society for Music Theory.RSING, Helmut (1993). Musik und Emotion Musikalische AusdrucksmodelleinMusikpsychologie, Ein Handbuch, Hamburg: Rowohlts Enzyclopdie.ROSS, James (1993). Musical Standards as Functions of Musical Accomplishment" inThe Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.RUWET, Nicolas (1972).Langage, Musique, Posie, Paris: d. du Seuil.RUWET, Nicolas (s.d.). "Teoria e Mtodo nos Estudos Musicais: Algumas NotasRetrospectivas e Preliminares" in Semiologia da Msica, trad. de Mrio Vieira deCarvalho, Lisboa: Ed. Assrio Bacelar.SCHAEFFER, Pierre (1966). Trait des Objects Musicaux, Essai Interdisciplines,Paris: d. du Seuil.SCRUTON, Roger (1993). "Notes on the Meaning of Music" in The Interpretation of
Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.SLOBODA, John A. (1985). The Musical Mind, The Cognitive Psychology of music,Oxford: Clarendon Press.TODOROV, Tzvetan (1979). Teorias do smbolo, trad. de M. de Santa Cruz ofThories du Symbole, ditions du Seuil, Paris, 1977, Lisboa: Ed. 70.
VEILHAN, Jean-Claude (1977). Les Rgles de l'Interprtation Musicale l'poqueBaroque, Paris: Alphonse Leduc.
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
18/19
18WALLON, Henri (1966). Do Acto ao Pensamento, trad. de J. Seabra-Dinis de De
L'Acte la Pense Flammarion et Cie., Paris, s.d., Lisboa: Portuglia Editora.WALLON, Henri (1983). As Origens do Carcter da Criana, trad. de Mrio Francode Sousa de Les origines du Caractre chez L'Enfant P.U.F., Paris, 1949, Lisboa:Moraes Editores.
WALTON, Kendall (1993). "Understanding Humour and Understanding Music" inThe Interpretation of Music, (Ed. Michael Krausz), Oxford: Clarendon Press.
ndice
INTERPRETAO MUSICAL:........................................................................... 1
Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso einterpretao.................................................................................................................................................1
Introduo.....................................................................................................................................................1
A. ................................................... ............................................................ ......................................... 1
B..........................................................................................................................................................2
C..........................................................................................................................................................3
Diferentes Formas Simblicas......................................................................................................................4
SMBOLOS EXOGENOS.......................................................................................................................51. SMBOLOS ORGNICOS......................................................... ................................................... 5
2. ORGANISAES SONORAS SIMBLICAS..............................................................................8
2.1 Smbolos onomatopaicos..........................................................................................................8
2.2 Smbolos culturais....................................................................................................................9
SMBOLOS ENDOGENOS OBJETOS MUSICAIS E INFRA-ESTRUCTURAS ......................... 11
OS CDIGOS E A SUA COMPREENSO.........................................................................................12
MSICA COMO SMBOLO................................................................................................................14
Bibliografia.................................................................................................................................................15
ndice..........................................................................................................................................................18
-
8/8/2019 Princpios semiolgicos para a compreenso da obra musical enquanto objecto de compreenso e interpretao
19/19
19