PRINCÍPIOS EDUCATIVOS DO KUNG FU – DA ESSÊNCIA FILOSÓFICA À DESCVALORIZAÇÃO DAS ARTES

MARCIAIS

ALAN HENRIQUE MARÇÃOT722217

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que, com o advento do mundo capitalista, juntamente com seus

modismos, epidemias como a obesidade, valores morais deturpados e a explosão

das artes marciais mistas (MMA), tem-se alterando o modo de pensar da maioria dos

mestres e instrutores de artes marciais modificando assim o conteúdo ministrado em

suas aulas, limitando-as à exercícios para o emagrecimento e combate corporal,

desarmado ou não, esquecendo-se completamente de o “porquê” lutar. Por conta

desses fatores e outros não mencionados os praticantes de artes marciais vêm

perdendo o contato com a essência filosófica das mesmas, limitando-se às

competições, desempenho físico e ao tecnicismo, fato este que vem contribuindo

para o descaso com valores importantes para nossa sociedade, como a honra,

dignidade e honestidade.

Acredita-se que a indiferença com os princípios filosóficos e originais das

artes marciais resulta na contribuição para a formação de praticantes propensos à

impulsividade e à violência. O desinteresse pela formação integral do aluno e a

grande cobiça por posicionamentos em competições, como torneios e campeonatos,

têm sido um grande problema apresentado pelos mestres e instrutores por

considerarem a essência da arte marcial, supérflua.

Pensando nesse cenário os objetivos propostos pelo trabalho identificar na

literatura tradicional oriental e ocidental os princípios educativos do Kung Fu e sua

importância, buscando associá-los à essência da arte marcial e propor um resgate

para que eles sejam reintroduzidos nas aulas ministradas em academias de arte

marcial.

A realização deste trabalho é de fundamental importância para as academias

de artes marciais em geral, pois visa resgatar os princípios enterrados pelo tempo e

esquecimento, trazendo novamente à luz a verdadeira essência do Kung Fu,

contribuindo com a formação integral dos alunos praticantes. Espera-se que, com

essa conscientização os alunos passem a valorizar mais esses princípios até então

esquecidos nas aulas e reavaliem seus atuais conceitos sobre a arte marcial que

praticam.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A HISTÓRIA DO KUNG FU

RUFFONI, (2004)¹ explica que no século V a.C., na província de Henan, na

China, repousava um mosteiro budista conhecido por Mosteiro Shaolin, onde

monges budistas devotavam seu tempo e esforço em suas práticas religiosas. Certo

dia esses monges receberam a visita de Bodhidharma (28°sucessor em uma

linhagem especial de ensinamentos transmitidos por Buda), onde o mesmo passou

nove longos anos praticando a meditação zazen de fronte a uma parede, antes de

retomar seus esforços missionários.

Assim que seu treinamento se deu por concluído, Bodhidharma deparou-se

com aqueles monges que aparentavam serem seres humanos franzinos que muitas

vezes dormiam em suas exaustivas rotinas religiosas, ou acabavam adoecendo por

conta de sua saúde debilitada. Disposto a ajuda-los, Bodhidharma transmitiu-lhes

parte de seu conhecimento, ensinando-lhes técnicas de respiração e exercícios

físicos que pudessem ajudá-los a suportar as rígidas exigências da vida Religiosa,

propondo a eles uma consciência corporal para um melhor desempenho. As técnicas

transmitidas por Bodhidharma incluíam autodefesa para que eles pudessem suportar

os perigos escondidos naquela região montanhosa, longínqua e selvagem onde se

encontrava o mosteiro. Diferente de outras escolas budistas, Bhodidharma enfatizou

em seus ensinamentos aos monges o respeito pela vida, a valorização da disciplina

e o respeito, dizendo a eles que o combate era a sua última finalidade. Um longo

século se passou depois que Bodhidharma havia transmitido seus ensinamentos aos

monges budistas. Os monges se tornaram eximíeis lutadores e o mosteiro contava

com mais de 1.500 monges onde 500 já eram experientes e dominavam com

perfeição as técnicas de combate desarmado. Os monges usavam as técnicas

aprendidas por Bodhidharma para defender suas moradias, além de prestar ajuda

nos momentos de