principais formaÇÕes vegetais de mato grosso · entre a floresta amazônica e as áreas...

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO A TUTELA JURÍDICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL SUMÁRIO I- COMARCAS E PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO (DEFESA DO MEIO AMBIENTE) .............................................. Pág.03 I.I- INFOGRÁFICO............................................................................... Pág. 04 II- REFERENCIAL TEÓRICO ACERCA DA FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA VEGETAÇÃO EM MATO GROSSO ............................................................ Pág. 05 II.I- PRINCIAIS FORMAÇÕES ............................................................ Pág. 06 II.II- VARIEDADES ARBÓREAS DE MATO GROSSO........................ Pág. 11 II.III- COMPOSIÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE MATO GROSSO. ........................................................................ Pág. 23 III- LEGISLAÇÃO ESPARSA PERTINENTE ÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL .............................................................. Pág. 25 CONSTITUIÇÂO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL .......... Pág. 26 CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO ......................... Pág. 28 DECRETO LEI N.º 2.848 DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 ................. Pág. 36 LEI N.º 4.771 DE SETEMBRO DE 1975 ............................................. Pág. 37 MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.166-67 DE 24 DE AGOSTO DE 2001 (Altera dispositivos da Lei Nº. 4.771/75) ......................................................... Pág. 50 LEI N.º 9.605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 ................................. Pág. 61 LEI N.º 9.985 DE JULHO DE 2000 ..................................................... Pág. 81 LEI N.º 6.766 DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 ................................ Pág. 102 DECRETO N.º 2.119 DE 13 JANEIRO DE 1997 .............................. Pág. 106 1

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSOA TUTELA JURÍDICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL

SUMÁRIO

I- COMARCAS E PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO

GROSSO (DEFESA DO MEIO AMBIENTE) .............................................. Pág.03

I.I- INFOGRÁFICO............................................................................... Pág. 04

II- REFERENCIAL TEÓRICO ACERCA DA FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA

VEGETAÇÃO EM MATO GROSSO ............................................................ Pág. 05

II.I- PRINCIAIS FORMAÇÕES ............................................................ Pág. 06

II.II- VARIEDADES ARBÓREAS DE MATO GROSSO........................ Pág. 11

II.III- COMPOSIÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE

MATO GROSSO. ........................................................................ Pág. 23

III- LEGISLAÇÃO ESPARSA PERTINENTE ÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE E RESERVA LEGAL .............................................................. Pág. 25

CONSTITUIÇÂO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL .......... Pág. 26

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO ......................... Pág. 28

DECRETO LEI N.º 2.848 DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 ................. Pág. 36

LEI N.º 4.771 DE SETEMBRO DE 1975 ............................................. Pág. 37

MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.166-67 DE 24 DE AGOSTO DE 2001 (Altera

dispositivos da Lei Nº. 4.771/75) ......................................................... Pág. 50

LEI N.º 9.605 DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 ................................. Pág. 61

LEI N.º 9.985 DE JULHO DE 2000 ..................................................... Pág. 81

LEI N.º 6.766 DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 ................................ Pág. 102

DECRETO N.º 2.119 DE 13 JANEIRO DE 1997 .............................. Pág. 106

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DECRETO N.º 2.473 DE JANEIRO DE 1998 ................................... Pág. 109

DECRETO N.º 2.661 DE 8 DE JULHO DE 1998 .............................. Pág. 110

DECRETO N.º 2.959 DE 10 DE FEVEREIRO DE 1999 ................... Pág. 117

DECRETO N.º 3.179 DE 21 DE SETEMBRO DE 1999 .................... Pág. 119

DECRETO N.º 3.420 DE 20 DE ABRIL DE 2000 ............................. Pág. 135

DECRETO N.º 3.559 DE 14 DE AGOSTO DE 2000 ........................ Pág. 138

LEI COMPLEMENTAR N.º 38 DE 21 DE NOVEMBRO DE 1995 (Dispõe

sobre o Código Estadual do Meio Ambiente) .................................... Pág. 139

LEI ESTADUAL N.º 7.330 DE 27 DE SETEMBRO DE 2000 ............ Pág. 170

RESOLUÇÃO CONAMA N.º 001-A DE 23 DE JANEIRO DE 1986... Pág. 172

RESOLUÇÃO CONAMA N.º 009 DE 06 DE DEZEMBRO DE 1990...Pág. 173

RESOLUÇÃO CONAMA N.º 011 DE 06 DE DEZEMBRO DE 1990...Pág. 176

RESOLUÇÃO N.º 237 DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997 ................. Pág. 178

RESOLUÇÃO COMANA N.º 254 DE 15 DE ABRIL DE 1999 ........... Pág. 189

IV- COMPROMISSOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, CELEBRADOS PELO

MINISTÉRIO PÚBLICO EM CASOS CORRELATOS À MATÉRIA .......... Pág 191

IV.I- CASO DA “FAZENDA PRATA”, NO MUNICÍPIO DE CÁCERES NO

ESTADO DE MATO GROSSO ..................................................... Pág. 192

IV.II- CASO DO “CÓRREGO DO SANGRADOURO”, NO MUNICÍPIO DE

CÁCERES ..................................................................................... Pág. 195

IV.III- CASO DA “RASTRO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA”, NO

MUNICÍPIO DE CUIABÁ ................................................................ Pág 201

IV.IV- CASO DA “AMBEV”, NO MUNICIPIOS DE CUIABÁ ................... Pág. 204

IV.V- CASO DA “FAZENDA SÃO JOÃO”, EM CUIABÁ/MT .................... Pág. 208

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I- COMARCASE PROMOTORIAS DE JUSTIÇADO ESTADO DE MATO GROSSO(DEFESA DO MEIO AMBIENTE)

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I.I- INFOGRÁFICO

Nº COMARCA01 Água Boa02 Alta Floresta03 Alto Araguaia04 Alto Garças05 Araputanga06 Arenápolis07 Aripuanã08 Barra dos bugres09 Barra dos Garças10 Cáceres11 Campo Novo dos Parecis12 Campo Verde13 Canarana14 Chapada dos Guimarães15 Colíder16 Comodoro17 Cuiabá18 Diamantino19 Dom Aquino20 Guiratinga21 Itiquira22 Jaciara23 Jauru24 Juara25 Juína26 Jucimeira27 Lucas do Rio Verde28 Mirassol d’Oeste29 Nobres30 Nortelândia31 Nova Brasilândia32 Nova Xavantina33 Paranatinga34 Pedra Preta35 Peixoto de Azevedo36 Poconé37 Pontes e Lacerda38 Porto Alegre do Norte39 Porto dos Gaúchos40 Poxoréu41 Primavera do Leste42 Rio Branco43 Rondonópolis44 Rosário Oeste45 Santo Antonio do Leveger46 São Felix do Araguaia47 São José dos IV Marcos48 São José do Rio Claro49 Sinop50 Sorriso51 Tangará da Serra52 Torixoréu53 Várzea Grande54 Vila Bela da Santíssima

Trindade55 Vila Rica

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II- REFERENCIAL TEÓRICO ACERCA DA FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA VEGETAÇÃO EM MATO GROSSO

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II.I- PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETAIS DE MATO GROS-SO

1 – FLORESTAS

1.1 – Florestas Ombrófita Densa

O termo Floresta Ombrófita Densa, criado por Ellemberg & Muller – Dambois (1965/6), substitui Pluvial (de origem latina) por Ombrófita (de origem grega), ambos com o mesmo significado “amigo das chuvas”. Além disso, empregaram pela 1º vez os termos Densa e Aberta como divisão de florestas dentro do espaço intertropical, muito embora este tipo de vegetação seja conhecida também pelo nome original dado por Schimper (1903) e reafirmado por Richards (1952) de “Floresta Pluvial Tropical”. Aceitou-se a designação de Ellemberg & Muller – Dambois, porque apresenta as duas fisionomias ecológicas tanto na Amazônia como nas áreas costeiras, justificando-se assim o uso da terminologia mais recente.

Esse tipo de vegetação é caracterizado por fanerófitos, justamente pelas subformas de vida macro e mesofanerófitos, além de lianas lenhosas e epífitos em abundância que o diferenciam das outras classes de formações. Porém, sua característica ecológica principal reside nos ambientes ombrófitos que marcam muito bem a “região florística florestal”. Assim, a característica ombrotérmica da Floresta Ombrófita Densa está presa aos fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25º C) e de alta precipitação bem distribuída durante o ano (de 0 a 60 em dias secos), o que determina uma situação bioecológica praticamente sem período biologicamente seco.

1.1.1 – Floresta Ombrófita Densa Aluvial

Formação ribeirinha ou “floresta ciliar” que ocorre ao longo dos cursos de água.

A Floresta Aluvial apresenta com freqüência um dossel emergente, porém, devido à exploração madeireira, a sua fisionomia torna-se bastante aberta.

1.1.2 – Floresta Ombrófita Densa Submontana

É ocupado por uma formação florestal que apresenta os fanerófitos com alturas aproximadamente uniformes. A submata é integrada por plântulas de regeneração natural, poucos nanofanerófitos e caméfitos, além da presença de palmeiras de pequeno porte e lianas herbáceas em maior quantidade.

Suas principais características ficam por conta dos fancrófitos de alto porte, alguns ultrapassando os 50 m. na Amazônia e raramente os 30 m. nas outras partes do País.

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1.2 – Floresta Ombrófita Aberta

Este tipo de vegetação considerado durante anos como um tipo de transição entre a floresta amazônica e as áreas extra-amazônicas foi denominado pelo Projeto RADAMBRASIL (Veloso et. Alie, 1675) de Floresta Ombrófita Aberta. Apresenta quatro faciações florísticas que alteram a fisionomia ecológica da Floresta Ombrófita Densa, imprimindo-lhe claros, daí lhe advindo o nome adotado, além dos gradientes climáticos com mais de 60 dias secos por ano, assinalados em sua curva ombrotér-mica.

1.2.1 – Floresta Ombrófita Aberta das Terras Baixas

Essa formação, compreendida entre 4º de latitude Norte e 16º de latitude Sul, em altitudes que variam de 5 até 100 m., apresenta predominância da faciação com palmeiras.

1.2.2 – Floresta Ombrófita Aberta Submontana

Essa formação pode ser observada distribuída por toda a Amazônia e mesmo fora dela, principalmente com a fácies floresta com palmeiras. Na Amazônia ocorre com quatro faciações florísticas – com palmeiras, com cipó, com sororoca e com bambu entre os 4º de latitude norte e os 16º de latitude sul, situadas acima de 100m de altitude e não raras vezes chegando a cerca de 600 m.

1.3 – Floresta Estacional Semidecidual

O conceito ecológico da Semidecidual está condicionado pela dupla estabilidade climática, uma tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno, com temperaturas médias inferiores a 15º C.

É constituída por fanerófitos com gemas foliares protegidas da seca por escamas (catáfitos), ou pêlos, e cujas folhas adultas são esclerófilas ou membranáceas deciduais.

Nesse tipo de vegetação a porcentagem das árvores caducifólias, no conjunto florestal e não das espécies que perdem as folhas individualmente, situa-se entre 20 a 50%. Nas áreas tropicais é composta por mesofanerófitos que revestem, em geral, solos arenitos distróficos. Já nas áreas subtropicais é composta por macrofanerófitos em face de revestirem solos basálticos. Essa floresta possui uma dominância de gêneros amazônicos de distribuição brasileira, como por exemplo: Parapiptadenia, Peltophorum, Carinia, Lecythis, Tabebuia, Astronium, e outros de menor importância fisionômica.

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1.3.1 – Floresta Estacional Semidecidual Aluvial

É uma formação encontrada com maior freqüência na grande depressão pantaneira mato-grossense do sul, sempre margeando os rios da bacia hidrográfica do Paraguai.

O mesofanerófito Amburana cearensis var, acreana, vulgarmente conhecido como cerejeira, de grande valor econômico-madeireiro, é de origem andino amazôni-ca e de dispersão sul-americana ampla e divergente. O gênero ocorre nas áreas do chaco argentino-boliviano, na caatinga brasileira e nas áreas úmidas da Amazônia Ocidental, mais precisamente nos Estados do Acre, Rondônia, Mato-Grosso e no Pantanal Mato-Grossense. Nessa formação existem em grande abundância várias espécies dos gêneros Tabebuia, além dos ecótipos Calophyllum brasilense, Tapirira guianenses, Inga sp, Podocarpus sellowi, Cidrela lilloi, Guarea guidonia entre outros.

1.3.2 – Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas

É um tipo florestal caracterizado pelo gênero Caesalpinia de origem africana, de onde se destacam, pelo seu inegável valor histórico, a espécie Caesalpinia. echinata (pau-brasil) e outros gêneros brasileiros como Lecythis, acompanhado por outros da mesma família Lecythidaceae, tais como: Cariniana (jequitibá ) e Eschweilera (gonçalo alves).

1.3.3 – Floresta Estacional Semidecidual Submontana

Nos planaltos areníticos os ecótipos deciduais que caracterizam esta formação pertencem aos gêneros Hymenaea (jatobá), Copaifera (óleo-vermelho), Pettophorum (canafístula), Astronium, Tabebuia e muitos outros. Contudo, o gênero dominante que a caracteriza é Aspidosperma com seu ecótipo A. polyneuron (peroba-rosa)

1.4 – Floresta Estacional Decidual

Este tipo de vegetação, que é caracterizado por duas estações climáticas bem demarcadas, uma chuvosa seguida de longo período biologicamente seco, ocorre na forma de disjunções florestais apresentando o estrato dominante macro ou mesofanerófito predominante caducifólio, com mais de 50% dos indivíduos de folhagem no período desfavorável.

As disjunções florestais deciduais são, via de regra, dominadas tanto nas áreas tropicais como nas subtropicais pelos mesmos gêneros de origemafro-amazônicas, tais como: Peltophorum, Anadenanthera, Apuleia embora suas espécies sejam diferentes, o que demarca um “domínio florístico” também diferente, quanto ao levantamento fitosociológico das duas áreas.

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2 – SAVANAS (CERRADO)

2.1 – Savana Florestada (Cerradão)

Subgrupo de formação com uma fisionomia típica e característica, restrita das áreas areníticas lixiviadas com solos profundos, ocorrendo em clima tropical eminentemente estacional.

Extremamente respectiva, a sua florística reflete-se de norte a sul em uma fisionomia caracterizada por dominantes fanerófitos típicos, tais como:

- Caryocar brasiliense ( pequi).- Salvertis concallariodora (pau-de colher).- Boldichia virgilioides (sucupira-preta)- Dimorphandra mollis (faveiro)- Qualea grandífera (pau-terra-de-folhas-grandes)- Qualea parviflora (pau-terra-de-folhas-miúdas).- Anadenanthera peregrina (angico-preto).- Kielmeyera coriocea (pau-santo).

2.2 – Savana Arborizada (Campos-Cerrado)

Subgrupo de formação natural e/ou antrópica que se caracteriza por apresentar uma fisionomia nanofanerófitica rala e outra hemicriptofítica graminóide, contínua, sujeita ao fogo anual. Estas sinúsias dominantes formam uma fisionomia em terrenos degradados . A composição florística, apesar de semelhante à da Savana Florestada (Cerradão), possui ecótipos dominantes que caracterizam os ambientes de acordo com o espaço geográfico ocupado, tais como:

- Salvertia convallarriodora (pau-de colher)- Curatella americana (lixeira)- Himatanthus sucuuba (sucuuba ou sucuba)- Platonia insignis (bacuri)- Dimorphandra mollis (faveiro)- Stryphnodendron adstringens (barbatimão)

2.3 – Savana Parque sem galeria

Subgrupo de formação essencialmente constituído por um estrato graminóide, integrado por hemicriptófitos e geófitos de florística natural e/ou antropizada, entremeado por nanofanerófitos isolados com conotação típica de um “parque inglês” (Park-land).

A savana parque de natureza antrópica é encontrada em todo o País e a natural, nas áreas abaixo relacionadas com os seguintes ecótipos dominantes:

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- Ilha de Marajó – Hancornia speciosa (Apocynaceae, mangaba)- Pantanal Mato-Grossense – Tabebuia caraiba (Bignoniaceae, paratudo)- Depressão do Araguaia e ilha do Bananal – Byrsonima sericea

(Malpigniacea, murici)

2.4 – Savana Parque com Mata de Galeria

A mesma da anterior diferenciando apenas na composição da vegetação ciliar nos cursos d’água, que são bem definidas de porte mais frondoso.

2.5 – Savanas Gramíneo Lenhosa sem Mata de Galeria

Prevalecem nessa fisionomia, quando natural, os gramados entremeados por plantas lenhosas raquíticas, que ocupam extensas áreas dominadas por hemicriptófitos e que, aos poucos, quando manejadas através do fogo ou pastoreio, vão sendo substituídas por geófitos que se distinguem por apresentar colmos subterrâneos, portanto, mais resistentes ao pisoteio do gado e ao fogo.

A composição florística é bastante diversificada, sendo seus ecóticos mais representativos as plantas lenhosas:

- Andira humilis (angelim-do-cerrado)- Cassia spp. (fedegoso-do-cerrado). O gênero Cassia foi considerado

segundo o conceito de Bentham.- Byrsonima spp. (murici-rasteiro)- Bauchinia spp. (unha-de-vaca)- Attalea spp. (palmeirinha-do-cerrado)- Allagoptera campestris (coco-de-raposa)- Orbignya eichleri (coco-de-guriri) e as plantas graminóides (Graminea)- Axonopus spp. (grama-do-cerrado)- Andropogon spp. (capim-do-cerrado)- Aristida pallens (capim-barba-de-bode)- Echinolaena inflexa- Paspalum spp.- Trachypogon polymorphus (capim-redondo)- Schizachyriuim spp.- Tristachya spp. (capim-flechinha).

2.6 – Savanas Gramíneo Lenhosa com Mata de Galeria

A mesma da anterior diferenciando na composição da vegetação ciliar nos cursos d’água, que são bem definidos e de porte mais frondoso.

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3 – ÁREAS DE TENSÃO ECOLÓGICA

Entre duas ou mais regiões ecológicas ou tipos de vegetação, existem sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, comunidades indiferentes onde as floras se interpretam constituindo as transições florísticas ou contatos edáficos. O primeiro caso se refere ao “mosaico específico” ou ao próprio ecótono de Clements (1949). O segundo caso se refere ao “mosaico de áreas edáficas”, onde cada encrave guarda sua identidade ecológica, sem se misturar (Veloso et alii, 1973), ecótono (mistura florística entre tipos de vegetação) e a encrave (áreas disjuntas que se contatam).

As áreas de Tensão Ecológica em Mato Grosso, apresentam os mais significativos contatos, entre vegetações dos tipos: a) Contato entre Savana/Floresta Ombrófita

b) Contato entre Floresta Ombrófita / Floresta Estacionalc) Contato Savana/ Savana Estépicad) Contato Savana/ Floresta Estacional.

4 – VEGETAÇÃO COM INFLUÊNCIA FLUVIAL (COMUNIDADES ALUVIAIS)

Trata-se de comunidades vegetais das planícies aluviais que refletem os efeitos das cheias dos rios nas épocas chuvosas ou, então, das depressões alagáveis todos os anos. Nestes terrenos aluvionares, conforme a quantidade de água empoçada e ainda o tempo que ela permanece na área, as comunidades vegetais vão desde a pantanosa criptofítica (hidrófitos) até os terrenos alágaveis temporariamente dos terófitos, geófitos e caméfitos onde, em muitas áreas, as Palmae dos gêneros Euterpe e Mauritia se agregam, constituindo o açaizal e o buritizal do norte do País.

Nos pântanos, o gênero cosmopolita Typha fica confinado a um ambiente especializado, diferente dos gêneros Cyperus e Juncus que são exclusivos das áreas pantanosas dos trópicos. Estes três gêneros dominam nas depressões brejosas em todo o País.

Nas planícies alagáveis mais bem drenadas ocorrem comunidades campestres, e os gêneros Panicum e Paspalum dominam em meio ao caméfito do gênero Thalia. Nos terraços mais enxutos dominam nanofanerófitos dos gêneros Acácia e Mimosa, juntamente com várias famílias pioneiras, tais como: Solanaceae, Composite, Myrtaceae e outras de menor importância sociológica.

II.II- VARIEDADES ARBÓREAS DE MATO GROSSO

As espécies arbóreas que compõem nossos biomas (florestas, pantanal e cerrado), são de diversidade e características absurdamente amplas, de usos que abrangem todas as necessidades do consumo humano.

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Muitas espécies existentes ainda não têm aproveitamento econômico, por falta de investimentos em pesquisas e uma visão mais arrojada de nossos empresários. Porém, em face à crescente escassez de madeira, nos últimos anos muitas espécies não tradicionais tem sido exploradas economicamente.

Algumas espécies já foram proibidas de corte, em face da alta pressão de exploração que vieram sofrendo ao longo dos anos, devido ao alto valor de sua madeira como é o caso do Mogno - Swietenia macrophylla, Virola - Virola surinamensis, Castanheira - Bertolletia excelsa, Aroeira - Astronium urundeuva, Gonçaleiro - Astronium fraxinifolium, Braúna - Melanoxylum brauna e Schinopsis brasiliensis.

É grande a diversidade das espécies arbóreas do Estado de Mato Grosso; relacionamos apenas trinta espécies, com algumas características para conhecimento preliminar. Algumas são conhecidas e outras não, no entanto, todas são passíveis de aproveitamento econômico.

1) MAÇARANDUBA – (Manilkara huberi).

Árvore que pode atingir 45 m de altura, 90 cm de diâmetro, copa pouco ampla, galhos grossos, tronco retilíneo, com casca grossa, escura e fissurada. As folhas são simples, amareladas, medindo de 8 a 20 cm de comprimento e 4 a 6 cm de largura. As flores são pequenas de cor bege. Os frutos são do tipo baga, medindo cerca de 2,5 cm de diâmetro, amarelos na maturação e as sementes entre 4 a 6 por fruto, de cor negra, finas na base e testa dura. Ocorrem nas florestas de terra firme da Amazônia e do Maranhão.

Madeira muito pesada de 1041 Kg/m³. de madeira seca, cerne vermelho-escuro e alburno bege-avermelhado, fácil de se trabalhar, resistente às intempéries da natureza. Seus meios de trabalhar são: dormentes, tacos, vigotas, caibros, ripas, postes, pontes, arco de violino.

2) AROEIRA (Astronium urundeuva)

Árvore com 6 a 20 m de altura, casca escura e áspera, as folhas com cheiro de manga e caducas. Floresce em agosto/setembro e tem sementes de outubro/novembro, no início das chuvas.

Madeira pesada, densidade da ordem de 1,180 Kg/m³., dura. Muito durável, pelo tanino, usada para moirão, poste, curral, esteiro, ponte. Boa para roda, moenda, dormente, pisos, peças torneadas. A casca serve para curtir, e para lenha não queima bem. Ocorre em cerradões, cerrados e caatinga, com preferência à luz solar, pois são ricos em cálcio.

3) MARUPÁ (Simarouba amara)

Árvore de até 35 m. de altura, frondosa, copa ampla, galhos grossos, tronco reto, com casca fina, cinza claro, pouco fissurada. As folhas compostas, alternas,

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medem de 25 a 30 cm. de comprimento, de 7 a 23 folíolos, glabros, de 6 a 10 cm. de comprimento, com 3 a 5 cm de largura, as flores brancas ou bege, são grande com numerosas flores pequenas, seus frutos medem de 1,5 a 2 cm. de comprimento e tem 1,5 cm. de largura. Ocorrem em terras firme ou em várzea da Amazônia.

Madeira leve, com densidade de 480 Kg/m³. de madeira seca, branca, cerne pouco distinto do alburno, boa de se trabalhar, sem brilho, usam para tábuas, cepos de tamancos, saltos de sapatos, palitos de fósforo, instrumentos musicais, compensado, polpa para papel.

4) CEDRORANA (Vochysia maxima)

É uma das espécies que apresenta árvores das mais altas da Amazônia com cerca de 60 m. de altura, com 1,30 m. de diâmetro, copa pouco ampla, com fuste reto. As flores são amarelas e vistosas, seus frutos com sementes pequenas, aladas.

Madeira leve, com cerca de 580 Kg/m³. de madeira seca, com tonalidade rósea, cerne pouco distinto do alburno, pode ser usada na construção de barcos, compensado e papel. Ocorre na Amazônia, nas partes altas de terra firme.

5) ANGICO VERMELHO (Anadenanthera macrocarpa)

Árvore de até 25 m. de altura, 90 cm de diâmetro, copa ampla ou reduzida, irregular, ramos grossos, tronco reto, com casca marrom-claro, quase lisa e rica em tanino.

Madeira dura, densidade 860 Kg/m³. de madeira seca, alburno bege-escuro, cerne escuro. Usa-se para construção civil em geral, carroçaria, mourões, postes rurais, de excelente qualidade para carvão e lenha. Ocorre em cerrado e mata ciliar do Centro-Oeste, caatinga, mata atlântica, Serra da Mantiqueira, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina.

De modo geral a madeira do gênero Anadenanthera é de boa qualidade para geração de energia, notadamente carvão e lenha. Além das espécies mencionadas citam-se ainda A. obliqua, da área de transição entre caatinga e cerrado; A. perigrina, de terra firme da Amazônia; A. pterosperma (angico); A. rígida (angico-branco).

6) XIMBUVA OU ORELHA DE NEGRO (Enterolobium contortisiliquum)

Árvore de até 30 m. de altura, até 2 m. de diâmetro, com copa muito ampla e irregulares, galhos grossos, tronco reto, casca pouco escuro ou acinzentada, quase liso com flores quase brancas.

Madeira leve, densidade da ordem de 588 Kg/m³. de madeira seca, cerne avermelhado, alburno bege-amarelado, macia, boa de se trabalhar. Usa-se para caixão de defunto, tábuas, laminados, ripa, móveis, construção civil em geral. Ocorrem em Floresta Atlântica do Nordeste, até Uruguai e Paraguai, ocorrendo

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também no Centro-Oeste.

7) SUCUPIRA AMARELA (Enterolobium schomburgkii)

Árvore que pode atingir 40 m. de altura, 1,3 m. de diâmetro, copa ampla, irregular, galhos grossos, tronco retilíneo, com casca avermelhada, dura, com flores esbranquiçadas, às vezes amareladas. Os frutos são duros e com várias sementes pequenas, entre 13 a 26 por fruto.

Madeira dura, densidade de 868 Kg/m³. de madeira seca, cerne amarelado, pouco distinto do alburno de cor bege, fácil de se trabalhar, macia, recebe bom acabamento. Usa-se para marcenaria, tacos, dormentes e construção civil em geral. Ocorrem em Mata de terra firme da Amazônia e Cerradões.

8) FAVEIRA (Pithecelobium adenophorum)

Árvore de 25 m. de altura, 48 cm. de diâmetro, copa moderadamente ampla, galhos grossos, tronco retilíneo e casca rugosa, flores brancas e frutos do tipo legume, podendo atingir até 10 cm. de comprimento e 1,3 cm. de largura.

Madeira dura, densidade da ordem de 998 Kg/cm³. de madeira seca, de cor castanho-claro, cerne pouco distinto do alburno. Usa-se para compensado, lambris, dormentes, tacos, ebanesteria, objetos de adornos; é uma das mais belas madeiras das Mimosaceae e excelente para se trabalhar. Ocorrem na margem de igarapé na Amazônia.

9) ANGELIM (Pithecelobium racemosum)

Árvore que pode atingir até 26 m. de altura e 90 cm. de diâmetro, copa reduzida, tronco retilíneo, com casca grossa, com flores amareladas e frutos do tipo legume, que pode ser de 4 a 10 cm. de comprimento e 0,6 a 1 cm. de largura.

Madeira muito pesada e dura, densidade da ordem de 993 Kg/m³. de madeira seca, de excelente visual, alburno amarelado, cerne castanho-amarelado, fácil de se trabalhar, brilhosa na superfície polida. Usa-se para ebanesteria, tacos, dormentes, lambris, laminados, objetos de decoração, carpintaria em geral. Ocorre na Amazônia e florestas de terra firme.

10) AMAPÁ (Brosimum parinaroides)

Árvore que pode ultrapassar a marca de 40 m. de altura e mais de 1 m. de diâmetro, copa moderadamente ampla, fuste reto, com casca fissurada. As folhas de 12 a 20 cm. de comprimento e 7 a 12 de largura, duras, pouco pilosas, flores de cor bege e pequenas. Apresenta madeira leve, densidade de 570 kg/m3 de madeira seca, indicada para marcenaria, laminados e móveis. Ocorre em florestas de terra firme da Amazônia.

Brosimum rubescens Taub.; ocorre nas áreas do Centro-Oeste até o norte

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de MT. É conhecida por madeira vermelha ou pau-brasil, sempre formado grandes populações, ou seja florestas monodominantes. Seu uso é para lambris, marcenaria, ebanesteria, toco, laminado, para móveis de aglomerados, construção civil.

11) VIROLA (Virola surinamensis)

Árvore de 28 m. de altura, 95 cm. de diâmetro, copa reduzida, fuste retilíneo, com casca espessa, clara na superfície, libera líquidos incolor através de incisões. As folhas de 8 a 25 cm. de comprimento e 2 a 6 cm. de largura.

Madeira leve, densidade da ordem de 520 Kg/m³. de madeira seca. Ocorre em florestas igapós e de Várzeas da Amazônia, de excelente produção de papel, laminados e compensados. Algumas espécies são tidas como alucinógenas.

Citam-se ainda mais outras espécies cuja madeira tem utilidade semelhante à das espécies anteriores tais como Virola dukei; V. divergens que chega até 30 m de altura, ocorrendo na floresta de terra firme da Amazônia, especialmente na bordadura da mata; V, crebrinervia com cerca de 25 m. de altura, de florestas de terra firme da Amazônia, às vezes em várzeas. V. urbaniana, comum nas matas ripárias inundadas do Centro-Oeste.

12) CASTANHEIRA (Bertholletia excelsa)

Árvore de porte majestoso, frondosa, copa moderadamente ampla, fuste reto, com casca grossa, áspera, escura e fendida. A altura pode atingir até 62 m. e o diâmetro de 2 m., raramente com 4,3 m. As folhas de 25 a 45 cm. de comprimento e 8 a 15 cm. de largura. As flores amareladas e frutos grandes, lenhosos, duros, conhecidos por “ouriço”. O diâmetro do fruto varia de 10 a 15 cm, sementes entre 5 e 25 por fruto, angulosas, cuja testa é muito dura, amêndoas comestíveis, ricas em óleos graxos e lecitina (proteína). Ocorre nas florestas Amazônicas de terra firme.

Madeira moderadamente pesada, densidade da ordem de 724 Kg/m³ de madeira seca, alburno de cor bege, cerne róseo-castanho, boa para se trabalhar, macia, recebe bom acabamento. Seu uso é para lambris (para forro em geral), laminados, tábuas, construção naval e civil.

13) JEQUITIBÁ (Cariniana estrelensis)

Árvore que pode atingir até mais de 40 m. de altura e 2,30 m. de diâmetro, copa reduzida, tronco retilíneo, com casca escura e grossa. As folhas de 4 a 12 cm. de comprimento, 3 a 7 cm. de largura. As flores são aromáticas, amareladas às vezes claras. Ocorrem em Mata Atlântica da Bahia até o Rio Grande do Sul, matas ciliares do Centro-Oeste, Acre, Paraguai e Bolívia.

Madeira moderadamente leve, densidade da ordem de 628 Kg/m³ de madeira seca, de cor róseo-pardacenta, boa de se trabalhar, pouco lustrosa. Usa-se para compensado, tábuas, caixão de defunto, carpintaria, saltos de sapatos e caixotaria.

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14) CEDRO (Cedrela fissilis)

Árvore de 80 m de altura, com 80 cm. de diâmetro, copa reduzida, com fuste retilíneo e casca grossa, dura e fissurada. As folha compostas são grandes de 35 a 75 cm. de comprimento, com 15 a 33 folíolos opostos de 5 a 16 cm. de comprimento, de 3 a 4 cm. de largura. Suas flores são abundantes, pequenas, de cor bege a bem claras e seus frutos são cápsula, lenhosos, de 4 a 6 cm. de comprimento, cujas sementes são pequenas, aladas e planas.

Madeira moderadamente leve, densidade da ordem de 610 Kg/m³. de madeira seca, de cor amarelada ou avermelhada, macia, boa de se trabalhar. Usa-se para laminados, lambris, móveis, construção naval, molduras, instrumentos musicais, dentre outros. Distribuição geográfica: em todo território nacional, sempre em floresta de terra firme.

15) MOGNO (Swietenia macrophylla)

Árvore de até 50 m. de altura, até 2 m. de diâmetro, copa reduzida, galhos grossos, tronco reto, com casca grossa, acinzentada, decorticante em placas pequenas às vezes grandes, com folhas formando “tufos” nas extremidades dos ramos, medindo de 20 a 50 cm. de comprimento, com 6 a 12 folíolos, luzentes quando secos. As flores são beges ou amareladas, numerosas e com 5 pétalas. Os frutos são cápsula, lenhoso, de 11 a 20 cm. de comprimento e de 6 a 9 cm. de diâmetro na base; as sementes aladas, medem de 7 a 12 cm. de comprimento e de 3 a 5 cm. de largura.

Madeira moderadamente leve, densidade de 600 Kg/m³. de madeira seca, alburno amarelado e cerne castanho-amarelado, macia boa de se trabalhar, com superfície brilhosa. Usa-se para ebanesteria, lambris, compensado, laminado em geral, objeto de adorno, para revestimento interno, etc. Ocorre na Amazônia, sempre em floresta de terra firme.

16) PEROBA ROSA (Aspidosperma polyneuron)

Árvore de até 33 m. de altura, com 80 cm. de diâmetro, copa reduzida, ramos grossos, fuste reto, com casca áspera e espessa. A folha pouco pilosa, variada quanto à forma, nervuras proeminentes e pecíolo longo. A flores são de cor bege e pequena, os frutos achatados, com 14 sementes aladas por fruto.

Madeira de cor róseo-amarelada, cerne pouco distinto do alburno, dura, densidade cerca de 898 Kg/m³. de madeira seca, racha com facilidade especialmente quando em contato com o sol ou em umidade muito baixa, presta-se para tacos, carroçaria, construção civil em geral. Ocorre desde a floresta atlântica e Amazônica, indo até o Paraguai, Argentina e notadamente no Peru.

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17) IPÊ ROXO (Tabebuia impetiginosa)

Árvore de até 50 m. de altura e 1 m. de diâmetro, copa reduzida com tronco reto, casca moderadamente grossa, com fruto pontiagudo no ápice, longo, com cerca de 25 cm. de comprimento e 20 cm. de largura. As sementes são aladas e pequenas.

Madeira pesada com cerca de 890 Kg/m³ de madeira seca, escura, cerne pouco distinto do alburno, lapachol abundante, moderadamente opaca, isto é, com pouco brilho, indicada para dormentes, tacos, carroçaria, taco de bilhar, pontes, postes, construção civil e naval. Ocorre na Amazônia (terra firme) e matas ciliares do Centro-Oeste.

18) IPÊ ROSA (Tabebuia heptaphylla)

Árvore de até 30 m. de altura, 90 cm. de diâmetro, copa moderadamente ampla, tronco reto, com casca pouco espessa, flor roxo-violácea pouco pilosa. O fruto é muito longo, podendo atingir até mais de 50 cm., fino com sementes grandes e alados.

Madeira muito dura e pesada, densidade da ordem de 1070 Kg/m³ de madeira seca, escura, alburno claro, Usa-se para dormentes, tacos, portais, postes, eixos de roda, construção civil e naval. Ocorre em área de chaco no Pantanal, Centro Oeste, Bolívia, Peru, Argentina, Amazônia, Mata Atlântica.

19) IPÊ AMARELO (Tabebuia serratifolia)

Árvore de até 25 m. de altura, 90 cm. de diâmetro, tronco reto, com casca áspera, escura, copa reduzida, com folha de 3 a 4 folíolos, com flor amarelo-ouro bem vistosa, com pêlos esparsos. Os frutos apresentam ápice alongado em ponta, com cerca de 30 a 40 cm de comprimento e 3 cm. de largura. As sementes são retangulares.

Madeira dura, densidade da ordem de 870 Kg/m³ de madeira seca, de cor escuro-clara a violácea, cerne pouco distinto do alburno, com lapachol, muito resistente às intempéries da natureza. Usa-se para carroçaria, pés de mesa e cama, pontes, tacos, dormentes, construção civil e naval. Ocorre na Amazônia (terra firme), Mato-Grosso, São Paulo, Mata Atlântica e áreas Serrâneas do Nordeste.

20) JACARANDA PRETO OU CAROBA (Jacaranda cuspidifolia)

Árvore de 10 a 13 m. de altura, com 80 cm. de diâmetro, copa reduzida, irregular e tronco reto, com casca fina, acinzentada, sua flor é azul-violácea. Madeira moderadamente leve, densidade 620 Kg/m³ de madeira seca e clara, cerne pouco distinto do alburno. Ocorrência mais comum nas partes seca cacária (chaco) do Pantanal. Usa-se para fabricação de brinquedo, compensado, papel, palitos de fósforo, jangada. Ocorre em regiões de cerrados de Mato Grosso e também em terra firme na Amazônia.

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21) FREIJÓ (Cordia Goeldiana)

Árvore de até 25 m. de altura, com 60 cm. de diâmetro, copa pouco ampla, irregular, com tronco reto. A casca dura e moderadamente espessa. Apresentam folhas simples de 10 a 18 cm. de comprimento e 3 a 5 cm. de largura. As flores são brancas. Ocorre na Floresta Amazônica de terra firme.

Madeira leve, densidade da ordem de 560 Kg/m³ de madeira seca de boa qualidade para móveis, laminado e papel.

22) GARAPA (Apuleia leiocarpa)

Árvore com até 15 m. de altura e 80 cm. de diâmetro, copa moderadamente ampla, caducifolia no período de floração, com tronco reto, casca acinzentada na superfície as flores alvas, minúsculas com frutos planos e as sementes duras e lisas.

Madeira muito dura, com 989 Kg/m³ seca, cerne distinto do alburno devido a cor moderadamente escura, de múltipla utilização, inclusive para dormentes, tacos, mourões, carroceria de caminhão, pontes, construção civil e móveis. Ocorre nas florestas atlântica, nas serrâneas do Nordeste, matas ciliares do Centro-Oeste, estendendo-se até a Argentina, passando pelo Uruguai.

ESPÉCIE SIMILAR: Garapa – (Apuleia molaris)Árvore com cerca de 40 m. de altura, de 8 a 100 cm. de diâmetro, copa

ampla, ramos longos, tronco reto, com casca lisa. Madeira muito dura e pesada, densidade 1000 Kg/m³. de madeira seca, alburno amarelado e cerne escuro. Os usos são os mesmos da espécie anterior.

23) PAU-D’ÓLEO (Copaifera langsdorffii)

Árvore de 8 a 18 m. de altura e 1,20 m. de diâmetro, copa ampla, perenifólia, ramos grossos, fuste reto, com casca grossa, áspera, com flores de cor bege, pequenas, numerosas e perfumadas. Seus frutos são cápsula, perfumada e ricos em óleo. As sementes são pequenas com listras pretas.

Madeira moderadamente pesada, densidade 73 4Kg/m³ de madeira seca, perfumada, rica em óleo-resina, de cor amarelada, cerne arroxeado ou escuro e alburno amarelado ou bege, com numerosos canais resiníferos. É boa para lenha, carvão, tacos e mourões. Ocorre na Amazônia (terra firme), cerrado, cerradão, mata ciliar do Planalto Central, matas cerranas do interior do Nordeste, chegando até ao sul do Brasil.

24) JATOBÁ (Hymenaea courbaril)

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Árvores que podem atingir até 45 m. de altura e cerca de 2 m. de diâmetro, copa ampla, irregular, com galhos grossos, tronco reto. A casca é grossa, clara, quase lisa, sempre com goma-resina, às vezes com fendas longitudinais; sua flor branca, grande e perfumada; seu fruto é grande, cilíndrico, lenhoso, endocarpo farináceo, com 3 a 6 sementes.

Madeira dura, 850Kg/m³ de madeira seca, alburno de cor bege, cerne pouco escuro, resiste as intempéries da natureza, inclusive ataques de fungos e insetos xilófagos, de múltipla utilização, como construção civil em geral, esteios, barcos, carroçaria. A goma-resina (bálsamo) é translúcida quando seca, usada na preparação de Verniz. Ocorre desde o México até o Espírito Santo, passando pela Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste.

25) JATOBÁ DO CERRADO (Hymenaea stigonocarpa)

Árvore de 4 a 6 m. de altura, de 15 a 20 cm. de diâmetro, copa reduzida, irregular, com ramos grossos, tronco torto, com casca grossa, áspera e fendida. Suas folhas apresentam dois folíolos grandes; sua flor é branca e grande e seu fruto é igual ao da espécie anterior porém menor.

Madeira dura, densidade da ordem 890 Kg/m³. de madeira seca, alburno moderadamente claro, cerne escuro, boa para lenha e carvão, inclusive os galhos. Ocorre em cerrado e cerradão, notadamente no Centro-Oeste.

26) PIQUI (Caryocar brasilense)

Seu nome é indígena = py (pele) e qui (espinho ou seja, casca ou cerne com espinho).

Árvore de até 10 m. de altura, mais freqüente entre 4 e 6 m., tronco de até 30 cm. de diâmetro, torto, com casca escura, espessa, copa ampla com galhos grossos. Suas folhas medem de 5 a 18 cm. de comprimento e 5 a 10 cm. de largura. Suas flores são brancas; seus frutos são de cor verde, pericarpo carnoso espesso e a polpa amarela. Semente única dura, polpa do mesocarpo oleífero-aromática, utilizado na culinária e preparação de licor de boa qualidade. Ocorre em cerrados e cerradões menos denso do Centro-Oeste.

Madeira dura, densidade de 860 Kg/m³ de madeira seca, de cor amarelo-parda, alburno bege-escuro, portanto, distinto do cerne, de excelente qualidade para produção de carvão e mourões.

27) TARUMARANA (Buchenavia macrophylla)

Árvore cuja copa se forma na altura entre 1,5 a 3 m., às vezes a 7 m., ramos horizontais, quase no mesmo nível, formando uma copa semelhante a umbela (guarda-chuva), ampla, frondosa, às vezes formando andares, com tronco reto e casca fina. Suas flores são de cor bege e pequenas e seus frutos são pequenos.

Madeira dura, cujo uso é semelhante à da espécie anterior. Ocorre em

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matas ciliares do Centro-Oeste e “cordilheiras” do Pantanal e na Amazônia inclusive nas margens dos rios e terreno úmido.

28) CUMBARU (Dipteryx alata)

Árvore de até 15 m. de altura, com 35 cm. de diâmetro, copa reduzida, com galhos grossos, tronco reto, às vezes moderadamente torto, com casca pouco espessa, quase lisa, de cor bege pálido. Seu fruto mede de 5,5 a 7 cm. de comprimento e 3 a 4 cm. de largura.

Madeira dura, densidade da ordem de 930 kg/m³. de madeira seca, com alburno de cor bege e cerne amarelado-escuro, difícil de se trabalhar e odor desagradável. Usa-se para fazer mourões, esteios, carvão, lenha, tacos, carpintaria, portais, etc. Ocorre em cerrado, inclusive na Amazônia, cerradão e início de matas ciliares.

29) ANGELIM PEDRA (Hymenolobium petraeum)

Árvore que pode alcançar cerca de 55 m. de altura e 2 m. de diâmetro, copa ampla, galhos grossos, com tronco reto, com flores violáceas, aromáticas; seus frutos são planos finos e medem até 14 cm. de comprimento e 4 de largura, com 1 a 2 sementes minúsculas.

Madeira muito dura e pesada, com cerca de 1000 Kg/m³. de madeira seca, seu alburno é de cor bege e cerne róseo, tornando-se escuro no decorrer do tempo. Usa-se para fazer tacos, móveis, dormentes, construção civil e naval. Ocorre na Amazônia e em terra firme.

30) ITAUBA (Mezilaurus itauba)

Árvore que pode atingir 40 m. de altura, 90 cm. de diâmetro, copa pouco ampla, tronco reto, com casca avermelhada internamente fissurada, com folhas de 6 a 9 cm de comprimento e de 3 a 5 cm. de largura. As flores são muito pequenas, amareladas e os frutos são negros na maturação. Com cerca de 2,5 cm. de comprimento, 1,2 a 1,5 cm. de largura. Ocorre em floresta amazônica de terra firme.

Madeira dura, pesada, 850Kg/m³ de madeira seca, cerne amarelado/amarronzado, boa de se trabalhar.

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GLOSSÁRIO

ALADAS – Provido de alas, expansões em forma de asas.

ALBURNO – A parte externa funcional do lenho.

ALTERNAS – Folhas que se inserem isoladamente em diferentes níveis do caule ou ramo.

CADUCA – O mesmo que decíduo, que cai.

CADUCIFÓLIA – Perde as folhas temporariamente.

CAMÉFITOS - são plantas sublenhosas e/ou ervas com gemas e brotos de crescimento situados acima do solo, atingindo até 1m de altura e protegidos durante o período desfavorável, ora por catafilos, ora pelas folhas verticiladas ao nível do solo, ocorrendo preferencialmente nas áreas campestres pantanosas.

CÁPSULA – Frutos simples, formado por dois ou mais carpelos e em geral, com várias sementes.

CERNE – A parte interior do lenho.

LENHOSA – Referente ao lenho ou de natureza do lenho.

ENDOCARPO – Camada interna do pericarpo (parede do fruto que envolve a semente).

FANERÓFITOS - são plantas lenhosas com as gemas e brotos de crescimento protegidos por catáfitos, situados acima de 0,25 m do solo. Apresentam-se com dois aspectos ecoedáficos: normal climático e raquítico oligotrófico, subdivididos, conforme suas alturas médias, em:

Macrofanerófitos: são de alto porte, variando entre 30 e 50 m de altura, ocorrendo preferencialmente na Amazônia e no sul do Brasil.

Mesofanerófitos: são plantas de porte médio, variando entre 20 e 30 m de altura, ocorrendo preferencialmente nas áreas extra-amazônica.

Microfanerófitos: são plantas de baixo porte, variando entre 5 e 20 m de altura, ocorrendo preferencialmente nas áreas nordestinas e no Centro-Oeste.

Nanofanerófitos: são plantas anãs, raquíticas, variando entre 0,25 e 5 m de altura, ocorrendo preferencialmente em todas as áreas campestres do Pís.

FOLHAS COMPOSTAS – Folha cuja lâmina (limbo) é formada por duas ou mais folí-olos.

FOLÍOLOS – Cada uma das partes laminares de uma folha.

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FOLÍOLOS OPOSTOS – Folhas ou folíolos que se inserem aos pares no mesmo ní-vel do caule ou ramo.

GEÓFITOS - são plantas herbáceas com os órgão de crescimento (gema, xilopódio, rizoma ou bulbo) situados no subsolo, estando assim protegidos durante o período desfavorável, ocorrendo preferencialmente nas áreas campestres, em alguns casos, nas áreas florestais.

GLABROS – Sem pelos.

HEMICRIPTÓFITOS - são plantas herbáceas com gemas e brotos de crescimento protegidos ao nível do solo pelos céspedes que morrem na época desfavorável, ocorrendo em todas as áreas campestres do País.

LAPACHOL – Substâncias em forma de minúsculos cristais insolúveis em água de cor amarela, porém sob a ação de álcalis tornam-se vermelhos.

LIANAS - são plantas lenhosas e/ou herbáceas reptantes (cipós) com as gemas e brotos de crescimento situados acima do solo, protegidos por catafitos, ocorrendo quase que exclusivamente nas áreas florestais.

PERENIFÓLIA – Folhas perenes, não caem.

PILOSA – Provido de pelos.

RUGOSA – Apresentam tecido de revestimento áspero, como se fossem rugas.

TERÓFITOS - são plantas anuais, cujo ciclo vital é completado por sementes que sobrevivem à estação desfavorável, ocorrendo exclusivamente nas áreas campestres.

XEROMÓRFITOS - são plantas lenhosas e/ou herbáceas que se apresentam duplo modo de sobrevivência ao período desfavorável; um subterrâneo através de xilopó-dios e outro aéreo, com asa gemas e brotos de crescimento protegidos por catafilos. Estas plantas apresentam-se com alturas variáveis, desde 0,25 até cerca de 15m, ocorrendo freqüentemente nas áreas savanícolas do Centro-Oeste brasileiro. O ter-mo “xeromorfo” foi introduzido pela Universidade de São Paulo – USP – para desig-nar uma forma vegetal da Savana (Cerrado) de Emas (SP), conforme Rawistscher (1943/4)

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II.III- COMPOSIÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE MATO GROSSO

FONTE: 2º ciclo de Palestras: Cerrado fonte de vida e cultura - FEMA.

COMPOSIÇÃO VEGETACIONAL DO ESTADO DE MATO GROSSO

FONTE: 2º ciclo de Palestras: Cerrado fonte de vida e cultura - FEMA.

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BACIA ÁREA APROXIMADA PARTICIPAÇÃO(Km²) (%)

Amazônica 585.000 64,6%

Platina (Alto Paraguai) 209.068 23,10

Araguaia – Tocantins 112.000 12,3

TOTAL 906.068 100

FITOFISIONOMIA ÁREA PARTICIPAÇÃO(Km²) (%)

FLORESTA 472.605,10 52,16

CERRADO 369.675,78 40,80

PANTANAL 63.787,19 7,04

TOTAL 906.068,069 100,00

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Paula, J. E. de & Alves, J. L. H.. Madeiras Nativas – anatomia, dendrologia, dendrometria, produção e uso. MOA, Brasil, 1997;

Ferri, M. G. & Menezes, N. L. & Scanavacca, W. R. M.. Glossário Ilustrado de Botânica. USP, SP, 1978.

Pott, A. & Pott V.. Plantas do Pantanal. EMBRAPA, 1994.

Ribeiro, J. F.. Cerrado – matas de galeria. EMBRAPA, 1998.

Galvão, A. P. M.. Reflorestamento de propriedades rurais. EMBRAPA, 2000.

Crestana, M. S.. Florestas, sistemas de recuperação com essências nativas. CATI – SP, 1993.

Manual técnico da vegetação brasileira. IBGE, 1992.

Trabalho desenvolvido especificamente para o Seminário “A Tutela Jurídica das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal”, por

MARCELO CURY RODER, Engenheiro Florestal (e-mail: [email protected])

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III- LEGISLAÇÃO ESPARSA PERTINENTEÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL

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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERETIVA DO BRASIL

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

..................................................................................................................................................

TÍTULO IIDos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:..................................................................................................................................

CAPÍTULO VIDO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,

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estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

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CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO

Nós, representantes do povo mato-grossense, verdadeiro sujeito da vida política e da história do Estado de Mato Grosso, investidos dos poderes constituíntes atribuídos pelo art. 11 das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, no firme propósito de afirmar no território do Estado os valores que fundamentam a existência e organização da República Federativa do Brasil, objetivando assegurar o pleno exercício dos direitos sociais, individuais e os valores do ser humano, na busca da concretização de uma sociedade fraterna, solidária, justa e digna, invocando a proteção de Deus e o aval de nossas consciências, promulgamos a seguinte: CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO.

......................................................................................................................................

CAPÍTULO IIIDos Recursos Naturais

SEÇÃO IDo Meio Ambiente

Art. 263 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Parágrafo único - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Estado:

I – zelar pela utilização racional e sustentada dos recursos naturais de modo a assegurar-lhe a perpetuação e minimização do impacto ambiental;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético e fiscalizaras entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação do material genético, condicionando tal manejo à autorização emitida pelo órgão competente;

III - instituir a Política estadual de saneamento básico e recursos hídricos;

IV - exigir, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade, garantida a participação da comunidade mediante audiências públicas e de seus representantes em todos as fases;

V - combater a poluição e a erosão, fiscalizando e interditando as

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atividades degradadoras;

VI - informar, sistemática e amplamente, a população sobre os níveis de poluição, a qualidade do meio ambiente, as situações de risco de acidentes, a presença de substâncias potencialmente nocivas à saúde na água potável e nos alimentos, bem como os resultados de auditorias e monitoragens, a que se refere o art. 272, II, desta Constituição;

VIl - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VIII - estimular e promovera recomposição da cobertura vegetal nativa em áreas degradadas, objetivando a consecução de índices mínimos necessários à manutenção do equilíbrio ecológico;

IX - proteger a fauna e a flora, assegurando a diversidade das espécies e dos ecossistemas, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica e provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade;

X - criar, implantar e administrar unidades de conservação estaduais e municipais representativas dos ecossistemas existentes no Estado, restaurando seus processos ecológicos essenciais, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

XI - controlar e regulamentar, no que couber, a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, qualidade de vida e o meio ambiente;

XII - vincular a participação em licitações, acesso a benefícios fiscais e linhas de crédito oficiais, ao cumprimento da legislação ambiental, certificado pelo órgão competente;

XIII - definir, criar, e manter, na forma da lei, áreas necessárias à proteção das cavidades naturais, sítios arqueológicos, paisagens naturais notáveis outros bens de valor histórico, turístico, científico e cultural;

XIV - definir espaços territoriais e seus componentes, a serem especialmente projetados pela criação de unidades de conservação ambiental e tombamento dos bens de valor cultural;

XV - promover o zoneamento antrópico-ambiental do seu território, estabelecendo políticas consistentes e diferenciadas para a

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preservação de ambientes naturais, paisagens notáveis, mananciais d'água, áreas de relevante interesse ecológico no contexto estadual, do ponto de vista fisiográfico, ecológico, hídrico e biológico;

XVI - promover estudos técnico-científicos visando à reciclagem de resíduos de matérias-primas, bem como incentivar sua aplicação nas atividades econômicas;

XVII - estimular a pesquisa, o desenvolvimento e a utilização de fontes de energia alternativas, não poluentes, bem como de tecnologias, poupadoras de energia.

Art. 264 - As condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores a sanções administrativas, com aplicação de multas diárias e progressivas no caso de continuidade da infração ou reincidência, incluídas a redução de atividade e a interdição, independente da obrigação dos infratores de repararem os danos causados, na forma do art. 298 desta Constituição.

Art. 265 - Os pedidos de licença, autorização, permissão ou concessão concernentes aos recursos ambientais, antes de sua apreciação, serão publicados, resumidamente, no Diário Oficial do Estado e a imprensa local ou regional.

Art. 266 - A licença ambiental para instalação de equipamentos nucleares somente será outorgada mediante consulta popular.

Parágrafo único - Os equipamentos nucleares destinados às atividades de pesquisa ou terapêuticas terão seus critérios de instalação e funcionamento definidos em lei.

Art. 267 - O Estado manterá, obrigatoriamente, o Conselho Estadual do Meio Ambiente, órgão autônomo, composto paritariamente por representantes do Poder Público, entidades ambientais, representantes da sociedade civil que, dentre outras atribuições definidas em lei, deverá:

I - aprovar qualquer projeto público ou privado que implique em impacto ambiental;

II - definir e coordenar a implantação dos espaços territoriais escolhidos para serem especialmente protegidos;

III - apreciar os estudos prévios de impacto ambiental;

IV- avaliar o propor normas de proteção e do meio ambiente.

Art. 268 - Aos Municípios que tiverem parte de seu território integrando unidade de conservação ambiental será assegurado, na forma de lei, especial tratamento

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quanto ao crédito das parcelas de receita referidas no art. 158, inciso IV, de Constituição Federal.

Art. 269 - Aos órgãos e entidades responsáveis pelo licenciamento e fiscalização das obras e atividades causadoras de degradação ambiental não será permitida a prestação de serviços de consultoria e assessoramento técnico a empresas privadas.

Art. 270 - Os recursos oriundos de multas e de condenações judiciais por atos de degradação ao meio ambiente reverterão a um fundo gerido por Conselho Estadual de que participarão o Ministério Público e representantes da comunidade e serão necessariamente aplicados na restauração de bens lesados e na defesa do meio ambiente.

Art. 271 - A Administração Pública direta e indireta as universidades públicas, as entidades de pesquisa técnica e científica, oficiais ou subvencionadas pelo Estado prestarão ao Ministério Público o apoio necessário ao exercício de proteção e defesa do meio ambiente.

Art. 272 - As pessoas físicas ou jurídicas, ou públicas ou privadas, que exercem atividades consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, ou que possam causar danos ambientais, são obrigadas a:

I - responsabilizar-se pela coleta e tratamento dos resíduos e poluentes por elas gerados;

II – auto-monitorar suas atividades de acordo com o requerido pelo órgão ambiental competente, sob pena de suspensão do licenciamento.

Art. 273 - O Pantanal, o Cerrado e a Floresta Amazônica Mato-grossense constituirão pólos prioritários da proteção ambiental e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

Parágrafo único - O Estado criará e manterá mecanismos de ação conjunta com o Estado de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de preservar o Pantanal Mato-grossense e seus recursos naturais.

Art. 274 - A Chapada dos Guimarães e as porções situadas em território mato-grossense das bacias hidrográficas dos rios Paraguai, Araguaia e Guaporé são patrimônio estadual e a sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de seus recursos naturais.

Art. 275 - Ficam vedadas, na forma da lei, a pesca no período de desova e a pesca predatória em qualquer período, bem como a caça amadora e profissional, apreensão e comercialização de animais silvestres no território mato-grossense, não

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provenientes de criatórios autorizados pelo órgão competente.

Art. 276 - O apreendido da caça, pesca ou captura proibidas de espécies da fauna terá destinação social e não será mutilado, incinerado ou sob qualquer forma, destruído.

Art. 277 -O Estado assegurará a formação de consórcios entre Municípios, objetivando a solução de problemas comuns relativos ao saneamento básico e preservação dos recursos hídricos.

Art. 278 - O Estado e os Municípios exercerão poder de polícia com reciprocidade de informações e colaboração efetiva, impedindo toda a atividade que possa degradar o meio ambiente e exigir estudo prévio de impacto ambiental para licenciar aquelas que potencialmente possam causar risco ou prejuízo ao ambiente ou à qualidade de vida.

Art. 279 - A construção de centrais termoelétricas e hidroelétricas dependerá de projeto técnico de impacto ambiental, com a Participação do Conselho Estadual do Meio Ambiente e aprovação da Assembléia Legislativa.

Art. 280 - São indisponíveis as terras públicas patrimoniais ou devolutas, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais, devendo ter destinação exclusiva para esse fim.

Art. 281 - Ficam vedadas no Estado as atividades de fabricação, distribuição, comercialização, manipulação e armazenamento de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos que tenham seu uso não permitido nos locais de origem.

Art. 282 - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeiros em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

Art. 283 - O descumprimento por parte de qualquer entidade ou pessoa jurídica de direito privado, de quaisquer normas da legislação de proteção ao meio ambiente impedirá o infrator de receber auxílios ou incentivos do Estado, de empresas ou fundações instituídas pelo Poder Público.

SEÇÃO IIDos Recursos Hídricos

Art. 284 - A Administração Pública manterá atualizado Plano Estadual de Recursos Hídricos e instituirá, por lei, sistema de gestão dos recursos financeiros e mecanismos institucionais necessários para garantir:

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I - a utilização racional e armazenamento das águas, superficiais e subterrâneas;

II - o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e o rateio das respectivas obras, na forma da lei;III - a proteção das águas contra os regimes que possam comprometer o seu uso, atual ou futuro;IV - a defesa contra eventos críticos, que oferecem riscos à saúde, à segurança pública e prejuízos econômicos ou sociais.

Art. 285 - A gestão dos recursos hídricos deverá:

I - propiciar o uso multiplo das águas e reduzir seus efeitos adversos;

II - ser descentralizada, participativa e integrada em relação aos demais recursos naturais;

III - adotara bacia hidrográfica como fonte potencial de abastecimento e considerar o ciclo hidrológico, em todas as suas fases.

Art. 286 - As diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos serão estabelecidas por lei.

Art. 287 - O Estado celebrará convênios com os Municípios para a gestão, por estes, das águas de interesse exclusivamente local, condicionada às políticas e diretrizes estabelecidas a nível de planos estaduais de bacias hidrográficas, em cuja elaboração participarão as municipalidades.

Art. 288 - No aproveitamento das águas superficiais e subterrâneas, será considerado prioritário o abastecimento das populações.

Art. 289 - As águas subterrâneas são reservas estratégicas para o desenvolvimento econômico-social e valiosas para o suprimento de água das populações e deverão ter programa permanente de conservação e proteção contra poluição e super-exploração.

Art. 290 - A vegetação das áreas marginais dos cursos d'água, nascentes, margens de lagos e topos de morro, numa extensão que será definida em lei, respeitada a legislação federal, é considerada de preservação permanente, sendo obrigatória a recomposição onde for necessário.

Art. 291 - Constarão das leis orgânicas municipais disposições relativas ao uso, à conservação, à proteção e ao controle dos recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, no sentido:

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I - de serem obrigatórias a conservação e proteção das águas, e a inclusão, nos planos diretores municipais, de áreas de preservação para abastecimento das populações, inclusive através da implantação de matas ciliares;

II - de fazer o zoneamento de áreas inundáveis, com restrições à edificação em áreas sujeitas a inundações freqüentes, e evitar maior velocidade de escoamento a montante por retenção superficial para evitar inundações;

III - da implantação de sistemas de alerta e defesa civil, para garantir a segurança e a saúde pública, quando de eventos hidrológicos indesejáveis;

IV - do condicionamento à aprovação prévia por organismos estaduais de controle ambiental e de gestão de recursos hídricos;V - da implantação dos programas permanentes visando à racionalização do uso das águas para abastecimento público e industrial e para irrigação.

Art. 292 - A conservação de quantidade e da qualidade das águas será função direta dos componentes do ecossistema em defesa da qualidade de vida.

Art. 293 - O Estado e os Municípios estabelecerão programas conjuntos, visando ao tratamento de despejos urbanos e industriais e de resíduos sólidos, de proteção e de utilização racional das águas, assim como de combate às inundações e à erosão.

Art. 294 - A irrigação deverá ser desenvolvida após a instalação da Política de Recursos Hídricos e Energéticos e dos programas para a conservação do solo e de água.

Art. 295 - As empresas que utilizam recursos hídricos ficam obrigadas a restaurar e a manter numa faixa marginal de cem metros dos reservatórios, os ecossistemas naturais.

Art. 296 - O Estado aplicará cinco por cento do que investirem obras de recursos hídricos, no estudo de controle de poluição das águas, de prevenção de inundações, do assoreamento e recuperação das áreas degradadas.

SEÇÃO IIIDos Recursos Minerais

Art. 297 - O Estado definirá, por lei, a Política Estadual sobre Geologia e Recursos Minerais, que contemplará a conservação, o aproveitamento racional dos recursos minerais, o desenvolvimento harmônico do setor com os demais, o desenvolvimento equilibrado das regiões do Estado, bem como instituirá um Sistema Estadual de Geologia e Recursos Minerais.

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§ 1º - Respeitados os princípios de participação o democrática e popular, o Sistema referido no "caput" deste artigo deverá congregar os Municípios, as entidades, os organismos e as empresas do setor, abrangendo a Administração Pública Estadual, a iniciativa privada e a sociedade civil.

§ 2º - A Política Estadual de Geologia e Recursos Minerais desenvolver-se-á de modo integrado e articulados com as diretrizes da Política Estadual do Meio Ambiente.

§ 3º - O Sistema Estadual de Geologia e Recursos Minerais comportará três níveis articulados para a atuação nas instâncias política, técnica e do meio ambiente.

§ 4º - O Plano Estadual de Geologia e Recursos Minerais estabelecerá programas de trabalho plurianuais para os diversos subsetores, objetivando dotar o Estado de levantamentos geológicos básicos e aplicados, assim como proporcionar o aprimoramento técnico-científico necessário ao seu desenvolvimento harmônico.

§ 5º - Nos planos a que se refere o parágrafo quarto deste artigo, deverão ser ressalvadas as aptidões do meio físico e a conservação ou a otimização do aproveitamento dos recursos naturais, objetivando a melhoria da qualidade de vida da população.

§ 6º - O Estado estimulará a atividade garimpeira, em forma associativa, nas áreas e segundo as normas definidas pela União.

Art. 298 - Todo aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Art. 299 - O produto dos recursos financeiros recolhidos ao Estado, resultante de sua participação na exploração mineral, nos termos da legislação federal, executada em Mato Grosso ou da competência financeira correspondente, será aplicado, preferencialmente, nos programas de desenvolvimento do setor mineral e para minimizar os custos ecológicos e sociais advindos.

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Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940

Código Penal.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:

......................................................................................................................................

Título VIIIDos Crimes Contra a Incolumidade Pública

......................................................................................................................................

Capítulo IDos Crimes de Perigo Comum

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.§ 1o As penas aumentam-se de um terço:

I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;II - se o incêndio é:(...)

h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.§ 2o - Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de (seis) meses a 2 (dois) anos.

Getúlio Vargas PresidenteFrancisco Campos

(DOU de 31.12.40 - Ret. 03.01.41)

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LEI Nº. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1975

Institui o novo Código Florestal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

Parágrafo único. As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e exploração das florestas são consideradas uso nocivo da propriedade (art. 302, XI b, do Código de Processo Civil). (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

§1º - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

§2º - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

I - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

a) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

b) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

c) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

II - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

III - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

IV - (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

a) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

b) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

c) (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

VI (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

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2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. (Alínea acrescentada pela Lei nº 6.535, de 15.6.1978 e implicitamente suprimida quando da redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

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a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

§ 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.

§ 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.

Art. 3º-A (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 4° Consideram-se de interesse público: (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

a) a limitação e o controle do pastoreio em determinadas áreas, visando à adequada conservação e propagação da vegetação florestal;

b) as medidas com o fim de prevenir ou erradicar pragas e doenças que afetem a vegetação florestal;

c) a difusão e a adoção de métodos tecnológicos que visem a aumentar economicamente a vida útil da madeira e o seu maior aproveitamento em todas as fases de manipulação e transformação.

Art. 5° Revogado pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000:

Texto original: O Poder Público criará:

a) Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e científicos;

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b) Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, com fins econômicos, técnicos ou sociais, inclusive reservando áreas ainda não florestadas e destinadas a atingir aquele fim.

Parágrafo único. Ressalvada a cobrança de ingresso a visitantes, cuja receita será destinada em pelo menos 50% (cinquenta por cento) ao custeio da manutenção e fiscalização, bem como de obras de melhoramento em cada unidade, é proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais nos parques e reservas biológicas criados pelo poder público na forma deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 7.875, de 13.11.1989)

Art. 6º Revogado pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000:

Texto original: O proprietário da floresta não preservada, nos termos desta Lei, poderá gravá-la com perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse público pela autoridade florestal. O vínculo constará de termo assinado perante a autoridade florestal e será averbado à margem da inscrição no Registro Público.

Art. 7° Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes.

Art. 8° Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de colonização e de reforma agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de preservação permanente de que trata esta Lei, nem as florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional de madeiras e outros produtos florestais.

Art. 9º As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com outras, sujeitas a regime especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem para estas.

Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45 graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização racional, que vise a rendimentos permanentes.

Art. 11. O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo, que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios, nas florestas e demais formas de vegetação marginal.

Art. 12. Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a extração de lenha e demais produtos florestais ou a fabricação de carvão. Nas demais florestas dependerá de norma estabelecida em ato do Poder Federal ou Estadual, em obediência a prescrições ditadas pela técnica e às peculiaridades locais.

Art. 13. O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de licença da autoridade competente.

Art. 14. Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o

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Poder Público Federal ou Estadual poderá:

a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais;

b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais consideradas em via de extinção, delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender, nessas áreas, de licença prévia o corte de outras espécies; (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem à extração, indústria e comércio de produtos ou subprodutos florestais.

Art. 15. Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da bacia amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de condução e manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de um ano.

Art. 16. As florestas de domínio privado, não sujeitas ao regime de utilização limitada e ressalvadas as de preservação permanente, previstas nos artigos 2° e 3° desta lei, são suscetíveis de exploração, obedecidas as seguintes restrições: (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

a) nas regiões Leste Meridional, Sul e Centro-Oeste, esta na parte sul, as derrubadas de florestas nativas, primitivas ou regeneradas, só serão permitidas, desde que seja, em qualquer caso, respeitado o limite mínimo de 20% da área de cada propriedade com cobertura arbórea localizada, a critério da autoridade competente;

b) nas regiões citadas na letra anterior, nas áreas já desbravadas e previamente delimitadas pela autoridade competente, ficam proibidas as derrubadas de florestas primitivas, quando feitas para ocupação do solo com cultura e pastagens, permitindo-se, nesses casos, apenas a extração de árvores para produção de madeira. Nas áreas ainda incultas, sujeitas a formas de desbravamento, as derrubadas de florestas primitivas, nos trabalhos de instalação de novas propriedades agrícolas, só serão toleradas até o máximo de 30% da área da propriedade;

c) na região Sul as áreas atualmente revestidas de formações florestais em que ocorre o pinheiro brasileiro, "Araucaria angustifolia" (Bert - O. Ktze), não poderão ser desflorestadas de forma a provocar a eliminação permanente das florestas, tolerando-se, somente a exploração racional destas, observadas as prescrições ditadas pela técnica, com a garantia de permanência dos maciços em boas condições de desenvolvimento e produção;

d) nas regiões Nordeste e Leste Setentrional, inclusive nos Estados do Maranhão e Piauí, o corte de árvores e a exploração de florestas só será permitida com observância de normas técnicas a serem estabelecidas por ato do Poder Público, na forma do art. 15.

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§ 1º Nas propriedades rurais, compreendidas na alínea a deste artigo, com área entre vinte (20) a cinqüenta (50) hectares computar-se-ão, para efeito de fixação do limite percentual, além da cobertura florestal de qualquer natureza, os maciços de porte arbóreo, sejam frutícolas, ornamentais ou industriais. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

§ 2º A reserva legal, assim entendida a área de , no mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada, a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

§ 3º Aplica-se às áreas de cerrado a reserva legal de 20% (vinte por cento) para todos os efeitos legais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Art. 17. Nos loteamentos de propriedades rurais, a área destinada a completar o limite percentual fixado na letra a do artigo antecedente, poderá ser agrupada numa só porção em condomínio entre os adquirentes.

Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público Federal poderá fazê-lo sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.

§ 1° Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com culturas, de seu valor deverá ser indenizado o proprietário.

§ 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder Público Federal ficam isentas de tributação.

Art. 19. A exploração de florestas e de formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá de aprovação prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, bem como da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição floretal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. (Redação dada pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 20. As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grande quantidades de matéria prima florestal serão obrigadas a manter, dentro de um raio em que a exploração e o transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de novas áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção sob exploração racional, seja equivalente ao consumido para o seu abastecimento.

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Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas neste Código, obriga os infratores ao pagamento de uma multa equivalente a 10% (dez por cento) do valor comercial da matéria-prima florestal nativa consumida além da produção da qual participe.

Art. 21. As empresas siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou outra matéria prima florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração racional ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas destinadas ao seu suprimento.

Parágrafo único. A autoridade competente fixará para cada empresa o prazo que lhe é facultado para atender ao disposto neste artigo, dentro dos limites de 5 a 10 anos.

Art. 22. A União, diretamente, através do órgão executivo específico, ou em convênio com os Estados e Municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste Código, podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis. (Redação dada pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único do art. 2º desta Lei, a fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União supletivamente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados não excluem a ação da autoridade policial por iniciativa própria.

Art. 24. Os funcionários florestais, no exercício de suas funções, são equiparados aos agentes de segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.

Art. 25. Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários, compete não só ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.

Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas as penas cumulativamente:

a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;

b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente;

c) penetrar em floresta de preservação permanente conduzindo armas, substâncias ou instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente;

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d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas;

e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as precauções adequadas;

f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação;

g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;

h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;

i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente;

j) deixar de restituir à autoridade, licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao consumidor dos produtos procedentes de florestas;

l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;

m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade não penetre em florestas sujeitas a regime especial;

n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;

o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;

p) (Vetado).

q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem licença da autoridade competente. (Alínea acrescentada pela Lei nº 5.870, de 26.3.1973)

Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público, circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

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Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades neles cominadas.

Art. 29. As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) diretos;

b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes compradores ou proprietários das áreas florestais, desde que praticadas por prepostos ou subordinados e no interesse dos preponentes ou dos superiores hierárquicos;

c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento legal, na prática do ato.

Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código Penal e da Lei de Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso.

Art. 31. São circunstâncias que agravam a pena, além das previstas no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais:

a) cometer a infração no período de queda das sementes ou de formação das vegetações prejudicadas, durante a noite, em domingos ou dias feriados, em épocas de seca ou inundações;

b) cometer a infração contra a floresta de preservação permanente ou material dela provindo.

Art. 32. A ação penal independe de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade privada, quando os bens atingidos são florestas e demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção florestal disciplinada nesta Lei.

Art. 33. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou contravenções, previstos nesta Lei, ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e produtos procedentes das mesmas:

a) as indicadas no Código de Processo Penal;

b) os funcionários da repartição florestal e de autarquias, com atribuições correlatas, designados para a atividade de fiscalização.

Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias autoridades, o Juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmou a

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competência.

Art. 34. As autoridades referidas no item b do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo Ministério Público, terão ainda competência igual à deste, na qualidade de assistente, perante a Justiça comum, nos feitos de que trata esta Lei.

Art. 35. A autoridade apreenderá os produtos e os instrumentos utilizados na infração e, se não puderem acompanhar o inquérito, por seu volume e natureza, serão entregues ao depositário público local, se houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo Juiz, para ulterior devolução ao prejudicado. Se pertencerem ao agente ativo da infração, serão vendidos em hasta pública.

Art. 36. O processo das contravenções obedecerá ao rito sumário da Lei n. 1.508 de l9 de dezembro de 1951, no que couber.

Art. 37. Não serão transcritos ou averbados no Registro Geral de Imóveis os atos de transmissão "inter-vivos" ou "causa mortis", bem como a constituição de ônus reais, sôbre imóveis da zona rural, sem a apresentação de certidão negativa de dívidas referentes a multas previstas nesta Lei ou nas leis estaduais supletivas, por decisão transitada em julgado.

Art.37-A (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 38. Revogado pela Lei nº 5.106, de 2.9.1966:

Texto original: As florestas plantadas ou naturais são declaradas imunes a qualquer tributação e não podem determinar, para efeito tributário, aumento do valor das terras em que se encontram.

§ 1° Não se considerará renda tributável o valor de produtos florestais obtidos em florestas plantadas, por quem as houver formado.

§ 2º As importâncias empregadas em florestamento e reflorestamento serão deduzidas integralmente do imposto de renda e das taxas específicas ligadas ao reflorestamento.

Art. 39. Revogado pela Lei nº 5.868, de 12.12.1972:

Texto original: Ficam isentas do imposto territorial rural as áreas com florestas sob regime de preservação permanente e as áreas com florestas plantadas para fins de exploração madeireira.

Parágrafo único. Se a floresta for nativa, a isenção não ultrapassará de 50% (cinqüenta por cento) do valor do imposto, que incidir sobre a área tributável.

Art. 40. (Vetado).

Art. 41. Os estabelecimentos oficiais de crédito concederão prioridades aos projetos

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de florestamento, reflorestamento ou aquisição de equipamentos mecânicos necessários aos serviços, obedecidas as escalas anteriormente fixadas em lei.

Parágrafo único. Ao Conselho Monetário Nacional, dentro de suas atribuições legais, como órgão disciplinador do crédito e das operações creditícias em todas suas modalidades e formas, cabe estabelecer as normas para os financiamentos florestais, com juros e prazos compatíveis, relacionados com os planos de florestamento e reflorestamento aprovados pelo Conselho Florestal Federal.

Art. 42. Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de educação florestal, previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal competente.

§ 1° As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas programações, textos e dispositivos de interêsse florestal, aprovados pelo órgão competente no limite mínimo de cinco (5) minutos semanais, distribuídos ou não em diferentes dias.

§ 2° Nos mapas e cartas oficiais serão obrigatoriamente assinalados os Parques e Florestas Públicas.

§ 3º A União e os Estados promoverão a criação e o desenvolvimento de escolas para o ensino florestal, em seus diferentes níveis.

Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País, do Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentos públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em que se ressalte o valor das florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a forma correta de conduzí-las e perpetuá-las.

Parágrafo único. Para a Semana Florestal serão programadas reuniões, conferências, jornadas de reflorestamento e outras solenidades e festividades com o objetivo de identificar as florestas como recurso natural renovável, de elevado valor social e econômico.

Art. 44. Na região Norte e na parte Norte da região Centro-Oeste enquanto não for estabelecido o decreto de que trata o artigo 15, a exploração a corte razo só é permissível desde que permaneça com cobertura arbórea, pelo menos 50% da área de cada propriedade. (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Parágrafo único. A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento), de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

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Art.44-A (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 44-B (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 44-C (Vide Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001)

Art. 45. Ficam obrigados ao registo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA os estabelecimentos comerciais responsáveis pela comercialização de moto-serras, bem como aqueles que adquirirem este equipamento. (Artigo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

§ 1º A licença para o porte e uso de moto-serras será renovada a cada 2 (dois) anos perante o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

§ 2º Os fabricantes de moto-serras ficam obrigados, a partir de 180 (cento e oitenta) dias da publicação desta Lei, a imprimir, em local visível deste equipamento, numeração cuja seqüência será encaminhada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e constará das correspondentes notas fiscais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

§ 3º A comercialização ou utilização de moto-serras sem a licença a que se refere este artigo constitui crime contra o meio ambiente, sujeito à pena de detenção de 1 (um) a 3 (três) meses e multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos de referência e a apreensão da moto-serra, sem prejuízo da responsabilidade pela reparação dos danos causados. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 46. No caso de florestas plantadas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA zelará para que seja preservada, em cada município, área destinada à produção de alimentos básicos e pastagens, visando ao abastecimento local. (Artigo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 47. O Poder Executivo promoverá, no prazo de 180 dias, a revisão de todos os contratos, convênios, acordos e concessões relacionados com a exploração florestal em geral, a fim de ajustá-las às normas adotadas por esta Lei. (Art. 45 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 48. Fica mantido o Conselho Florestal Federal, com sede em Brasília, como órgão consultivo e normativo da política florestal brasileira. (Art. 46 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. A composição e atribuições do Conselho Florestal Federal, integrado, no máximo, por 12 (doze) membros, serão estabelecidas por decreto do Poder Executivo.

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Art. 49. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado necessário à sua execução. (Art. 47 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 50. Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a data de sua publicação, revogados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934 (Código Florestal) e demais disposições em contrário. (Art. 48 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

H. CASTELLO BRANCOHugo LemeOctaavio Gouveia de BulhõesFlávio Lacerda

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MEDIDA PROVISÓRIA No 2.166-67, DE 24 DE AGOSTO DE 2001

Altera os arts. 1o, 4o, 14, 16 e 44, e acresce dispositivos àà Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Cóódigo Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, que dispõõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, e dáá outras providêências.

O PRESIDENTE DA REPÚÚBLICA, no uso da atribuiçção que lhe confere o art. 62, e tendo em vista o disposto no art. 225, § 4o, da Constituiçção, adota a seguinte Medida Provisória, com forçça de lei:

Art. 1o Os arts. 1o, 4o, 14, 16 e 44, da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a vigorar com as seguintes redações:

"Art. 1o ............................................................

§ 1 o As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e exploração das florestas e demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo da propriedade, aplicando-se, para o caso, o procedimento sumário previsto no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil.

§ 2o Para os efeitos deste Código, entende-se por:

I - pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não supere:

a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o

W, do Estado do Maranhão ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense;

b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das secas ou a leste do Meridiano de 44º W, do

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Estado do Maranhão; e

c) trinta hectares, se localizada em qualquer outra região do País;

II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;

IV - utilidade pública:

a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;

b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia; e

c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA;

V - interesse social:

a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do CONAMA;

b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área; e

c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA;

VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,

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Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão." (NR)

"Art. 4 o A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.

§ 1o A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo.

§ 2o A supressão de vegetação em área de preservação permanente situada em área urbana, dependerá de autorização do órgão ambiental competente, desde que o município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer técnico.

§ 3o O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em área de preservação permanente.

§ 4o O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.

§ 5o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas "c" e "f" do art. 2o deste Código, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.

§ 6o Na implantação de reservatório artificial é

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obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do CONAMA.

§ 7o É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa." (NR)

"Art. 14. ............................................................

............................................................

b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como as espécies necessárias à subsistência das populações extrativistas, delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de licença prévia, nessas áreas, o corte de outras espécies;

............................................................" (NR)

"Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal;

II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo;

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País.

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§ 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo.

§ 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas.

§ 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas.

§ 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:

I - o plano de bacia hidrográfica;

II - o plano diretor municipal;

III - o zoneamento ecológico-econômico;

IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e

V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida.

§ 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá:

I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos,

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os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e

II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional.

§ 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a:

I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;

II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e

III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o.

§ 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o.

§ 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.

§ 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário.

§ 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação,

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aplicando-se, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural.

§ 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos." (NR)

"Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o

e 6o, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:

I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente;

II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e

III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.

§ 1o Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental estadual competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar.

§ 2o A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo com critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA.

§ 3o A regeneração de que trata o inciso II será autorizada, pelo órgão ambiental estadual competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o isolamento da área.

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§ 4o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma micro-bacia hidrográfica, deve o órgão ambiental estadual competente aplicar o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes estabelecidas no inciso III.

§ 5o A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à aprovação pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o art. 44-B.

§ 6o O proprietário rural poderá ser desonerado, pelo período de trinta anos, das obrigações previstas neste artigo, mediante a doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada no interior de Parque Nacional ou Estadual, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva Biológica ou Estação Ecológica pendente de regularização fundiária, respeitados os critérios previstos no inciso III deste artigo." (NR)

Art. 2o Ficam acrescidos os seguintes dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965:

"Art. 3 o -A. A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2o e 3o deste Código." (NR)

"Art. 37-A. Não é permitida a conversão de florestas ou outra forma de vegetação nativa para uso alternativo do solo na propriedade rural que possui área desmatada, quando for verificado que a referida área encontra-se abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada, segundo a vocação e capacidade de suporte do solo.

§ 1o Entende-se por área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada, aquela não efetivamente utilizada, nos termos do § 3o, do art. 6o

da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ou que

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não atenda aos índices previstos no art. 6o da referida Lei, ressalvadas as áreas de pousio na pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional.

§ 2o As normas e mecanismos para a comprovação da necessidade de conversão serão estabelecidos em regulamento, considerando, dentre outros dados relevantes, o desempenho da propriedade nos últimos três anos, apurado nas declarações anuais do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR.

§ 3o A regulamentação de que trata o § 2o

estabelecerá procedimentos simplificados:

I - para a pequena propriedade rural; e

II - para as demais propriedades que venham atingindo os parâmetros de produtividade da região e que não tenham restrições perante os órgãos ambientais.

§ 4o Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão da vegetação que abrigue espécie ameaçada de extinção, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie.

§ 5o Se as medidas necessárias para a conservação da espécie impossibilitarem a adequada exploração econômica da propriedade, observar-se-á o disposto na alínea "b" do art. 14.

§ 6o É proibida, em área com cobertura florestal primária ou secundária em estágio avançado de regeneração, a implantação de projetos de assentamento humano ou de colonização para fim de reforma agrária, ressalvados os projetos de assentamento agro-extrativista, respeitadas as legislações específicas." (NR)

"Art. 44-A. O proprietário rural poderá instituir servidão florestal, mediante a qual voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, a direitos de supressão ou exploração da vegetação nativa, localizada fora da reserva legal e da área com vegetação de preservação permanente.

§ 1o A limitação ao uso da vegetação da área sob regime de servidão florestal deve ser, no mínimo, a

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mesma estabelecida para a Reserva Legal.

§ 2o A servidão florestal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental estadual competente, sendo vedada, durante o prazo de sua vigência, a alteração da destinação da área, nos casos de transmissão a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites da propriedade." (NR)

"Art. 44-B. Fica instituída a Cota de Reserva Florestal - CRF, título representativo de vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de Reserva Particular do Patrimônio Natural ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os percentuais estabelecidos no art. 16 deste Código.

Parágrafo único. A regulamentação deste Código disporá sobre as características, natureza e prazo de validade do título de que trata este artigo, assim como os mecanismos que assegurem ao seu adquirente a existência e a conservação da vegetação objeto do título." (NR)

"Art. 44-C. O proprietário ou possuidor que, a partir da vigência da Medida Provisória no 1.736-31, de 14 de dezembro de 1998, suprimiu, total ou parcialmente florestas ou demais formas de vegetação nativa, situadas no interior de sua propriedade ou posse, sem as devidas autorizações exigidas por Lei, não pode fazer uso dos benefícios previstos no inciso III do art. 44." (NR)

Art. 3o O art. 10 da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 10. ............................................................

§ 1o ............................................................

I - ............................................................

II - ............................................................

a) ............................................................

b) ............................................................

c) ............................................................

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d) as áreas sob regime de servidão florestal.

............................................................

§ 7 o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." (NR)

Art. 4o Fica autorizada a transferência de recursos, inclusive os oriundos de doações de organismos internacionais ou de agências governamentais estrangeiras e a respectiva contrapartida nacional, aos governos estaduais e municipais, às organizações não-governamentais, associações, cooperativas, organizações da sociedade civil de interesse público, dentre outras selecionadas para a execução de projetos relativos ao Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil.

Art. 5o A transferência dos recursos de que trata o art. 4o será efetivada após análise da Comissão de Coordenação do Programa Piloto.

Art. 6o Os executores dos projetos referidos no art. 4o apresentarão prestação de contas do total dos recursos recebidos, observadas a legislação e as normas vigentes.

Art. 7o Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória no

2.166-66, de 26 de julho de 2001.

Art. 8o Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOMarcus Vinicius Pratini de MoraesJosé Sarney Filho

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Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO IDisposições Gerais

Art. 1o (Vetado)

Art. 2o Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3o As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4o Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5o (Vetado)

CAPÍTULO IIDa Aplicação da Pena

Art. 6o Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

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I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7o As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8o As penas restritas de direito são:I - prestação de serviços à comunidade;II - interdição temporária de direitos;III - suspensão parcial ou total de atividades;IV - prestação pecuniária;V - recolhimento domiciliar.

Art. 9o A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidade conservação e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

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Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;II - ter o agente cometido a infração:para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;d) concorrendo para danos à propriedade alheia;e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;g) em período de defeso à fauna;h) em domingos ou feriados;i) à noite;j) em épocas de seca ou inundações;l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;n) mediante fraude ou abuso de confiança;o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

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q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2o do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;II - restritivas de direitos;III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direito da pessoa jurídica são:I - suspensão parcial ou total de atividades;II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.§ 1o A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem

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obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.§ 2o A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.§ 3o A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:I - custeio de programas e de projetos ambientais;II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;III - manutenção de espaços públicos;IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CAPÍTULO III

Da Apreensão do Produto e do Instrumento de

Infração Administrativa ou de Crime

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1o Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.§ 2o Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.§ 3o Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4o Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização através da reciclagem.

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CAPÍTULO IV

Da Ação e do Processo Penal

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (Vetado)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5o do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1o do mesmo artigo;II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;Ill - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1o do artigo mencionado no caput;IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

CAPÍTULO V

Dos Crimes contra o Meio Ambiente

SEÇÃO I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,

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nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.§ 1o Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2o No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.§ 3o São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.§ 4o A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;II - em período proibido à caça;III - durante a noite;IV- com abuso de licença;V - em unidade de conservação;VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5o A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.§ 6o As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente.

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e

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licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.§ 1o Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§ 2o A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

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Art. 35. Pescar mediante a utilização de:I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante.II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.Pena - reclusão de um a cinco anos.

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçados de extinção, constantes nas listas oficiais de fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;Ill - (Vetado)IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

SEÇÃO IIDos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (Vetado)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até o final beneficiamento:

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Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (Vetado)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangue, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 51. Comercializar motoserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;II - o crime é cometido:

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a) no período de queda das sementes;b) no período de formação de vegetações;c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;d) em época de seca ou inundação;e) durante a noite, em domingo ou feriado.

SEÇÃO IIIDa Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1o Se o crime é culposo:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.§ 2o Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:Pena - reclusão, de um a cinco anos.§ 3o Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior

quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

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Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos ternos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou

ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 1o Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança. § 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço. § 3o Se o crime é culposo:Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (Vetado)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (Vetado)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

SEÇÃO IVDos Crimes contra o Ordenamento

Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

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Seção VDos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas, ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

CAPÍTULO VI

Da Infração Administrativa

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1o São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2o Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir

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representação às autoridades relacionadas no artigo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3o A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambientar é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4o As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura apresentada ou não a defesa ou impugnação;III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha de acordo com o tipo de autuação;IV - cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;II - multa simples;III - multa diária;IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;V - destruição ou inutilização do produto;VI - suspensão de venda e fabricação do produto;VII - embargo de obra ou atividade;XIIII - demolição de obra;IX - suspensão parcial ou total das atividades;X - (Vetado)XI - restritiva de direitos.§ 1o Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

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§ 2o A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. § 3o A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha,II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4o A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.§ 5o A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.§ 6o A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.§ 7o As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.§ 8o As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;II - cancelamento de registro, licença ou autorização;III – perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei no 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto no 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capitulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

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Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

CAPÍTULO VII

Da Cooperação Internacional para a

Preservação do Meio Ambiente

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestara, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

I - produção de prova;II - exame de objetos e lugares;Ill - informações sobre pessoas e coisas;IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1o A solicitação de que trata este inciso será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.§ 2o A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;II - o objeto e o motivo de sua formulação;III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;IV - a especificação da assistência solicitada;V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

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CAPÍTULO VIII

Disposições Finais

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores.

§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais;II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período;III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas;IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas;V - o valor da multa de que trata o inciso anterior não poderá ser superior ao valor do investimento previsto;VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.

§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento.

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§ 3 o Da data da protocolização do requerimento previsto no parágrafo anterior e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento.§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior.§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da protocolização do requerimento.§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato.

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (Vetado)

Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

Fernando Henrique CardosoPresidenteGustavo Krause

(DOU de 13.02.98)

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LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000

Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, e dá outras providências.

O Vice-Presidente da república no exercício do cargo de Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Das Disposições Preliminares

Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.

Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;

III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas;

IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e

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subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;

V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;

VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;

VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características;

VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;

IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;

X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais;

XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;

XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis;

XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;

XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original;

XV - (VETADO)

XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz;

XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da

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unidade;

XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e

XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

CAPÍTULO II

Do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC

Art. 3o O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei.

Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:

I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,

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estudos e monitoramento ambiental;

XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Art. 5o O SNUC será regido por diretrizes que:

I - assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico existente;

II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de conservação;

III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades de conservação;

IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação;

V - incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do sistema nacional;

VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de conservação;

VII - permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos genéticos silvestres;

VIII - assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;

IX - considerem as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais;

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X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;

XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que, uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e atender aos seus objetivos;

XII - busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira; e

XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;

II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o Sistema; e

III - Órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, os órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.

Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do CONAMA, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em relação a estas, uma clara distinção.

CAPÍTULO III

Das Categorias de Unidades de Conservação

Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral;

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II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:

I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;

II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;

III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;

IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.

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Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

§ 1o A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

Art. 12. O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de

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acordo com o que dispõe a lei.

§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento.

Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 4o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

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§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.

§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.

§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.

§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.

§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

§ 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas.

§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico.

Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração.

§ 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização

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do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas em regulamento.

§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.

§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.

Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

§ 1o A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.

§ 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área.

§ 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento.

§ 5o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo.

§ 6o São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.

§ 7o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.

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§ 1o A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração.

§ 3o É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.

§ 4o A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.

Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.

§ 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações.

§ 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica.

§ 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.

§ 5o As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão às seguintes condições:

I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área;

II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento;

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III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e

IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.

§ 6o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.

Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

§ 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.

§ 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se dispuser em regulamento:

I - a pesquisa científica;

II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;

III - (VETADO)

§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.

CAPÍTULO IV

Da Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação

Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.

§ 1o (VETADO)

§ 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.

§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é obrigado

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a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.

§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo.

§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.

§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.

§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser feita mediante lei específica.

Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

§ 1o As populações de que trata este artigo obrigam-se a participar da preservação, recuperação, defesa e manutenção da unidade de conservação.

§ 2o O uso dos recursos naturais pelas populações de que trata este artigo obedecerá às seguintes normas:

I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que danifiquem os seus habitats;

II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos ecossistemas;

III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da unidade de conservação e no contrato de concessão de direito real de uso.

Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do ecossistema, integram os limites das unidades de conservação.

Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos.

§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma unidade de conservação.

§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as

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respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou posteriormente.

Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.

Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a forma de gestão integrada do conjunto das unidades.

Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo.

§ 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.

§ 2o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente.

§ 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação.

Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.

Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.

Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.

Art. 30. As unidades de conservação podem ser geridas por organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão.

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Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de conservação de espécies não autóctones.

§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais categorias de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.

§ 2o Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos Naturais podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu Plano de Manejo.

Art. 32. Os órgãos executores articular-se-ão com a comunidade científica com o propósito de incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das unidades de conservação e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-se o conhecimento das populações tradicionais.

§ 1o As pesquisas científicas nas unidades de conservação não podem colocar em risco a sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas protegidos.

§ 2o A realização de pesquisas científicas nas unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, depende de aprovação prévia e está sujeita à fiscalização do órgão responsável por sua administração.

§ 3o Os órgãos competentes podem transferir para as instituições de pesquisa nacionais, mediante acordo, a atribuição de aprovar a realização de pesquisas científicas e de credenciar pesquisadores para trabalharem nas unidades de conservação.

Art. 33. A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento.

Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação podem receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que desejarem colaborar com a sua conservação.

Parágrafo único. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estes serão utilizados exclusivamente na sua implantação, gestão e manutenção.

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Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação, serviços e atividades da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios:

I - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na implementação, manutenção e gestão da própria unidade;

II - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na regularização fundiária das unidades de conservação do Grupo;

III - até cinqüenta por cento, e não menos que quinze por cento, na implementação, manutenção e gestão de outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral.

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.

§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de conservação.

§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste artigo.

CAPÍTULO V

Dos Incentivos, Isenções e PenalidadesArt. 37. (VETADO)

Art. 38. A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos demais atributos naturais das unidades de conservação, bem

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como às suas instalações e às zonas de amortecimento e corredores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas em lei.

Art. 39. Dê-se ao art. 40 da Lei n no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a seguinte redação:

"Art. 40. (VETADO)

"§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre." (NR)

"§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena." (NR)

"§ 3o ........................................................................................................"

Art. 40. Acrescente-se à Lei no 9.605, de 1998, o seguinte art. 40-A:

"Art. 40-A. (VETADO)

"§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural." (AC)

"§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena." (AC)

"§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade." (AC)

CAPÍTULO VI

Das Reservas da Biosfera

Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações.

§ 1o A Reserva da Biosfera é constituída por:

I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;

II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades

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que não resultem em dano para as áreas-núcleo; e

III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis.

§ 2o A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado.

§ 3o A Reserva da Biosfera pode ser integrada por unidades de conservação já criadas pelo Poder Público, respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo de cada categoria específica.

§ 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um Conselho Deliberativo, formado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser em regulamento e no ato de constituição da unidade.

§ 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem e a Biosfera – MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é membro.

CAPÍTULO VII

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes.

§ 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas.

§ 2o Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações, assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e ações.

§ 3o Na hipótese prevista no § 2o, as normas regulando o prazo de permanência e suas condições serão estabelecidas em regulamento.

Art. 43. O Poder Público fará o levantamento nacional das terras devolutas, com o objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de cinco anos após a publicação desta Lei.

Art. 44. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-se prioritariamente à proteção da

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natureza e sua destinação para fins diversos deve ser precedida de autorização do órgão ambiental competente.

Parágrafo único. Estão dispensados da autorização citada no caput os órgãos que se utilizam das citadas ilhas por força de dispositivos legais ou quando decorrente de compromissos legais assumidos.

Art. 45. Excluem-se das indenizações referentes à regularização fundiária das unidades de conservação, derivadas ou não de desapropriação:

I - (VETADO)

II - (VETADO)

III - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Poder Público;

IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;

V - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos;

VI - as áreas que não tenham prova de domínio inequívoco e anterior à criação da unidade.

Art. 46. A instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura urbana em geral, em unidades de conservação onde estes equipamentos são admitidos depende de prévia aprovação do órgão responsável por sua administração, sem prejuízo da necessidade de elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais.

Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das unidades do Grupo de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade privada inseridas nos limites dessas unidades e ainda não indenizadas.

Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.

Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.

Art. 49. A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral é considerada zona rural, para os efeitos legais.

Parágrafo único. A zona de amortecimento das unidades de conservação de que trata este artigo, uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona urbana.

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Art. 50. O Ministério do Meio Ambiente organizará e manterá um Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, com a colaboração do Ibama e dos órgãos estaduais e municipais competentes.

§ 1o O Cadastro a que se refere este artigo conterá os dados principais de cada unidade de conservação, incluindo, dentre outras características relevantes, informações sobre espécies ameaçadas de extinção, situação fundiária, recursos hídricos, clima, solos e aspectos socioculturais e antropológicos.

§ 2o O Ministério do Meio Ambiente divulgará e colocará à disposição do público interessado os dados constantes do Cadastro.

Art. 51. O Poder Executivo Federal submeterá à apreciação do Congresso Nacional, a cada dois anos, um relatório de avaliação global da situação das unidades de conservação federais do País.

Art. 52. Os mapas e cartas oficiais devem indicar as áreas que compõem o SNUC.

Art. 53. O Ibama elaborará e divulgará periodicamente uma relação revista e atualizada das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no território brasileiro.

Parágrafo único. O Ibama incentivará os competentes órgãos estaduais e municipais a elaborarem relações equivalentes abrangendo suas respectivas áreas de jurisdição.

Art. 54. O Ibama, excepcionalmente, pode permitir a captura de exemplares de espécies ameaçadas de extinção destinadas a programas de criação em cativeiro ou formação de coleções científicas, de acordo com o disposto nesta Lei e em regulamentação específica.

Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta Lei.

Art. 56. (VETADO)

Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pela execução das políticas ambiental e indigenista deverão instituir grupos de trabalho para, no prazo de cento e oitenta dias a partir da vigência desta Lei, propor as diretrizes a serem adotadas com vistas à regularização das eventuais superposições entre áreas indígenas e unidades de conservação.

Parágrafo único. No ato de criação dos grupos de trabalho serão fixados os participantes, bem como a estratégia de ação e a abrangência dos trabalhos, garantida a participação das comunidades envolvidas.

Art. 58. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação, no prazo de cento e oitenta dias a partir da data de sua publicação.

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Art. 59. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 60. Regovam-se os arts. 5o e 6o da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965; o art. 5o da Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967; e o art. 18 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Marco Antonio de Oliveira MacielVice-PresidenteJosé Sarney Filho

(DOU de 19.07.2000)

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Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, e dá outras providências.

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1O O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei.Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais.

......................................................................................................................................

Capítulo IDisposições Preliminares

Art. 3o Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas ou de expansão urbana, assim definidas por lei municipal.

Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo:I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomada as previdências para assegurar o escoamento das águas;II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados;III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes;IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação;V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.

......................................................................................................................................

Capítulo IIDos Requisitos Urbanísticos para Loteamento

Art. 4o Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

(...)III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio

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público das rodovias, ferrovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa non aedificandi de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;

......................................................................................................................................

Capítulo IIIDo Projeto de Loteamento

Art. 6o Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este fim, requerimento e planta do imóvel contendo, pelo menos:

(...)

III - a localização dos cursos d'água, bosques e construções existentes;(...)

VI - as características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas.

Art. 7o A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, indicará, nas plantas apresentadas junto com o requerimento, de acordo com as diretrizes de planejamento estadual e municipal:

(...)

III - a localização aproximada dos terrenos destinados a equipamento urbano e comunitário e das áreas livres de uso público;IV - as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas pluviais e as faixas não edificáveis;V - a zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos compatíveis.Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigorarão pelo prazo máximo de 2 (dois) anos.(...)

Art. 9o Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais, quando houver, o projeto, contendo desenhos e memorial descritivo, será apresentado à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, acompanhado do título de propriedade, certidão de ônus reais e certidão negativa de tributos municipais, todos relativos ao imóvel.

(...)

§ 2o O memorial descritivo deverá conter, obrigatoriamente, pelo menos:I - a descrição sucinta do loteamento, com as suas características e a fixação da zona ou zonas de uso predominante;

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II - as condições urbanísticas do loteamento e as limitações que incidem sobre os lotes e suas construções, além daquelas constantes das diretrizes fixadas;III - a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do município no ato de registro do loteamento;IV - a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de utilidade pública, já existentes no loteamento e adjacências.

......................................................................................................................................

Capítulo VDa Aprovação do Projeto de Loteamento e Desmembramento

Art. 13. Caberão aos Estados o exame e a anuência prévia para a aprovação, pelos Municípios, de loteamento e desmembramento nas seguintes condições:

I - quando localizados em áreas de interesse especial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidos por legislação estadual ou federal;(...)

Art. 14. Os Estados definirão, por decreto, as áreas de proteção especial, previstas no inciso I do artigo anterior.

Art. 15. Os Estados estabelecerão, por decreto, as normas a que deverão submeter-se os projetos de loteamento e desmembramento nas áreas previstas no art. 13, observadas as disposições desta Lei.

Parágrafo único. Na regulamentação das normas previstas neste artigo, o Estado procurará, atender às exigências urbanísticas do planejamento municipal.(...)

Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo, não poderão ter sua destinação alterada pelo loteador, desde a aprovação do loteamento, salvo as hipóteses de caducidade da licença ou desistência do loteador, sendo, neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei.......................................................................................................................................

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Capítulo VIDo Registro do Loteamento e Desmembramento

Art. 20. O registro do loteamento será feito, por extrato, no livro próprio.Parágrafo único. No Registro de Imóveis, far-se-ão o registro do loteamento, com uma indicação para cada lote, a averbação das alterações, a abertura de ruas e praças e as áreas destinadas a espaços livres ou a equipamentos urbanos.(...)

Art. 22. Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o domínio do Município as vias e praças, os espaços livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo.......................................................................................................................................

Capítulo VIIIDisposições Gerais

Art.43. Ocorrendo a execução de loteamento não aprovado, a destinação de áreas públicas exigidas no inciso I do art. 4º desta Lei não se poderá alterar sem prejuízo da aplicação das sanções administrativas, civis e criminais previstas.......................................................................................................................................

Capítulo XDisposições Finais

Art. 53. Todas as alterações de uso do solo rural para fins urbanos dependerão de prévia audiência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do Órgão Metropolitano, se houver, onde se localiza o Município, e da aprovação da Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, segundo as exigências da legislação pertinente.

João FigueiredoPresidentePetrônio PortellaÂngelo Amaury StábileMário David Andreazza

(DOU de 20.12.79)

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Decreto no 2.119, de 13 de janeiro de 1997

Dispõe sobre o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e sobre a sua Comissão de Coordenação, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, decreta:

Art. 1o O Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e a sua Comissão de Coordenação, instituídos pelo Decreto no 563, de 5 de junho de 1992, passam a reger-se pelas disposições deste Decreto.

Art. 2o O Programa tem por objetivo a implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável em florestas tropicais brasileiras, constituindo-se de um conjunto de projetos de execução integrada pelos governos federal, estaduais e municipais e a sociedade civil organizada, com o apoio técnico e financeiro da comunidade internacional.

Parágrafo único. A primeira fase do Programa inclui atividades como: zoneamento ecológico-econômico, monitoramento e vigilância, controle e fiscalização, fortalecimento institucional de órgãos estaduais de meio ambiente, implantação e operação de parques e reservas, florestas nacionais, reservas extrativistas e terras indígenas, pesquisas orientadas ao desenvolvimento sustentável e ao estabelecimento de centros de excelência científica, manejo de recursos naturais; reabilitação de áreas degradadas; educação ambiental e projetos demonstrativos.

Art. 3o A Comissão de Coordenação será integradas por:I - um representante de cada um dos seguintes órgãos federais:

a) Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal, do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, que a presidirá;b) Secretaria Executiva do Ministério da Justiça;c) Secretaria de Desenvolvimento Científico do Ministério da Ciência e Tecnologia;d) Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento e Orçamento;e) Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República;f) Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, do Ministério da Fazenda;

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g) Departamento de Temas Especiais do Ministério das relações Exteriores;h) Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores;i) Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores;j) Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM;l) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;m) Fundação Nacional do Índio - FUNAI;

II - dois representantes dos órgãos estaduais de Meio Ambiente e de Planejamento dos Estados da Amazônia Legal;III - dois representantes de organizações não-governamentais, com atuação na Amazônia Legal;IV - um representante de organizações não-governamental, com atuação na Mata Atlântica;§ 1o Os representantes do Governo Federal, juntamente com seus suplentes, serão indicados pelos titulares dos respectivos órgãos e designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.§ 2o A participação dos Governos dos Estados da Amazônia Legal far-se-á mediante rodízio entre os seus representantes, titulares e suplentes, que serão indicados pelos órgãos de Meio Ambiente e de Planejamento, e designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, para mandato de um ano.§ 3o Os representantes das organizações não-governamentais, juntamente com seus suplentes, serão indicados pelas respectivas entidades e designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, para mandato de dois anos.

Art. 4o Poderão participar das reuniões da Comissão de Coordenação, a convite do seu Presidente, representantes de outros órgãos e entidades da administração pública, de pessoas jurídicas ou pessoa físicas.

Art. 5o A Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal prestará o apoio técnico administrativo à Comissão de Coordenação.

Art. 6o Compete à Comissão de Coordenação.I - aprovar a programação anual e aplicação dos recursos financeiros, bem assim as fases de implantação dos projetos do Programas;II - avaliar os resultados do monitoramento físico e financeiro dos Projetos do Programa;

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III - analisar os resultados da avaliação técnica independente, a ser realizada anualmente;IV - elaborar as diretrizes técnicas do Programa, para cada uma de suas fases;V - aprovar, mediante proposição do Presidente da Comissão de Coordenação, a criação, composição, atribuições e procedimentos operacionais das secretarias técnicas do Programa;VI - analisar os resultados dos acompanhamentos sistemáticos de desempenho dos projetos e a avaliação final do Programa;VII - aprovar o seu regimento interno.Parágrafo único. O estabelecimento de diretrizes para negociações e entendimentos dos órgãos competentes do Governo brasileiro, com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD e órgãos bilaterais de financiamento do Programa, será definido em reuniões específicas da Comissão de Coordenação, com a participação exclusiva dos representantes dos órgãos do Governo Federal, que o compõem.

Art. 7o O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal estabelecerá a estrutura e os procedimentos necessários ao funcionamento dos serviços da secretaria executiva da Comissão de Coordenação.

Art. 8o O funcionamento do Programa correrá à conta do Projeto/Atividade Proteção das Florestas Tropicais, do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, de doações internacionais e de outras fontes externas e internas que venham a ser identificadas.

Art. 9o A participação na Comissão não enseja qualquer tipo de remuneração e será considerada de relevante interesse público.

Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 11. Fica revogado o Decreto no 563, de 5 de junho de 1992.

Fernando Henrique CardosoPresidenteGustavo Krause

(DOU de 14.01.97)

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Decreto no 2.473, de 26 de janeiro de 1998

Cria o Programa Florestas Nacionais, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 5o, alínea b, da Lei no

4.771, de 15 de setembro de 1965, combinado com os arts. 15 e 19 da mesma Lei, e o disposto no Decreto no 1.298, de 27 de outubro de 1994, decreta:

Art. 1o Fica criado o Programa Florestas Nacionais, destinado a dinamizar o manejo florestal sustentável de produtos madeireiros e não madeireiros, em caráter empresarial ou comunitário.

Parágrafo único. O manejo comunitário referido no caput deste artigo somente poderá ser empreendido em áreas destinadas especificamente para este fim, por associações ou cooperativas formadas por comunidades que, comprovadamente, habitavam as Florestas Nacionais antes da edição dos decretos que as criaram.

Art. 2o Constituem recursos do Programa os valores alocados do Fundo Nacional do Meio Ambiente, em conformidade com o disposto no art. 4o, incisos I, IV e VII, do Decreto no 98.161, de 21 de setembro de 1989.

Art. 3o O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, em articulação com outros órgãos do Governo Federal, fica autorizado a realizar estudos e a indicar áreas para criação de novas Florestas Nacionais, preferencialmente na Amazônia, em locais aptos e potencialmente produtivos.

Parágrafo único. O Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal articular-se-á com Estados, Municípios e o Distrito Federal, visando a promover a criação de florestas estaduais, municipais e distritais, complementarmente à ampliação da área de Florestas Nacionais.

Art. 4o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Fernando Henrique CardosoPresidenteGustavo Krause

(DOU de 27.01.98)

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Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998

Regulamenta o parágrafo único do art.27 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965 (código florestal), mediante o estabelecimento de normas de precaução relativas ao emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84 inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e no art. 9o da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, decreta:

CAPÍTULO IDa Proibição do Emprego do Fogo

Art. 1o É vedado o emprego do fogo:I - nas florestas e demais formas de vegetação;II - para queima pura e simples, assim entendida aquela não carbonizável, de:

a) aparas de madeira e resíduos florestais produzidos por serrarias e madeireiras, como forma de descarte desses materiais;b) material lenhoso, quando seu aproveitamento for economicamente viável;

III - numa faixa de:a) quinze metros dos limites das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica;b) cem metros ao redor da área de domínio de subestação de energia elétrica;c) vinte e cinco metros ao redor da área de domínio de estações de telecomunicações;d) cinqüenta metros a partir de aceiro, que deve ser preparado, mantido limpo e não cultivado, de dez metros de largura ao redor das Unidades de Conservação;e) quinze metros de cada lado de rodovias estaduais e federais e de ferrovias, medidos a partir da faixa de domínio;

IV - no limite da linha que simultaneamente corresponda:a) à área definida pela circunferência de raio igual a seis mil metros, tendo como ponto de referência o centro geométrico da pista de

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pouso e decolagem de aeródromo públicos;b) à área cuja linha perimetral é definida a partir da linha que delimita a área patrimonial de aeródromo públicos, dela distanciando no mínimo dois mil metros, externamente, em qualquer de seus pontos.

§ 1o Quando se tratar de aeródromos públicos que operem somente nas condições visuais diurnas (VFR) e a queima se realizar no período noturno compreendido entre o por e o nascer do sol, será observado apenas o limite de que trata a alínea b do inciso IV.§ 2o Quando se tratar de aeródromos privados, que operem apenas condições visuais diurnas (VFR) e a queima se realizar no período noturno compreendido entre o por e o nascer do sol, será observado apenas o limite de que trata a alínea b do inciso IV será reduzido para mil metros.§ 3o Após 9 de julho de 2003, fica proibido o uso do fogo, mesmo sob a forma de queima controlada, para queima de vegetação contida numa faixa de mil metros de aglomerado urbano de qualquer porte, delimitado a partir do seu centro urbanizado ou de quinhentos metros a partir do seu perímetro urbano, se superior.

CAPÍTULO II

Da Permissão do Emprego do Fogo

Art. 2o Observadas as normas e condições estabelecidas por este Decreto, é permitido o emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais, mediante Queima Controlada.

Parágrafo único. Considera-se Queima Controlada o emprego do fogo como fator de produção e manejo em atividades agropastoris ou florestais, e para fins de pesquisa científica e tecnológica, em áreas com limites físicos previamente definidos.

Art. 3o O emprego do fogo mediante Queima Controlada depende de prévia autorização, a ser obtida pelo interessado junto ao órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, com atuação na área onde se realizará a operação.

Art. 4o Previamente à operação de emprego do fogo, o interessado na obtenção de autorização para Queima Controlada deverá:

I - definir as técnicas, os equipamentos e a mão-de-obra a serem utilizados;II - fazer o reconhecimento da área e avaliar o material a ser queimado;III - promover o enleiramento dos resíduos de vegetação, de forma a limitar a ação do fogo;IV - preparar aceiros de no mínimo três metros de largura, ampliando esta

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faixa quando as condições ambientais, topográficas, climáticas e o material combustível a determinarem;V - providenciar pessoal treinado para atuar no local da operação, com equipamentos apropriados ao redor da área, e evitar propagação do fogo fora dos limites estabelecidos;VI - comunicar formalmente aos confrontantes a intenção de realizar a Queima Controlada, com o esclarecimento de que, oportunamente, e com a antecedência necessária, a operação será confirmada com a indicação da data, hora do início e do local onde será realizada a queima;VII - prever a realização da queima em dia e horário apropriados, evitando-se os períodos de temperatura mais elevada e respeitando-se as condições dos ventos predominantes no momento da operação;VIII - providenciar o oportuno acompanhamento de toda a operação de queima, até sua extinção, com vistas à adoção de medidas adequadas de contenção do fogo na área definida para o emprego do fogo.§ 1o O aceiro de que trata o inciso IV deste artigo deverá ter sua largura duplicada quando se destinar à proteção de áreas de florestas e de vegetação natural, de preservação permanente, de reserva legal, aquelas especialmente protegidas em ato do poder público e de imóveis confrontantes pertencentes a terceiros.§ 2o Os procedimentos de que tratam os incisos deste artigo devem ser adequados às peculiaridades de cada queima a se realizar, sendo imprescindíveis aqueles necessários à segurança da operação, sem prejuízo da adoção de outras medidas de caráter preventivo.

Art. 5o Cumpridos os requisitos e as exigências previstas no artigo anterior, o interessado no emprego de fogo deverá requerer, por meio da Comunicação de Queima Controlada, junto ao órgão competente do SISNAMA, a emissão de Autorização de Queima Controlada.

§ 1o O requerimento previsto neste artigo será acompanhado dos seguintes documentos:

I - comprovante de propriedade ou de justa posse do imóvel onde se realizará a queima;II - cópia da autorização de desmatamento, quando legalmente exigida;III - Comunicação de Queima Controlada.

§ 2o Considera-se Comunicação de Queima Controlada o documento subscrito pelo interessado no emprego do fogo, mediante o qual ele dá ciência ao órgão do SISNAMA de que cumpriu os requisitos e as exigências previstas no artigo anterior e requer a Autorização de Queima Controlada.

Art. 6o Protocolizado o requerimento de Queima Controlada, o órgão competente do SISNAMA, no prazo máximo de quinze dias, expedirá a autorização correspondente.

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Parágrafo único. Não expedida a autorização no prazo estipulado neste artigo, fica o requerente autorizado a realizar a queima, conforme comunicado, salvo se se tratar de área sujeita à realização de vistoria prévia a que se refere o artigo seguinte.

Art. 7o A Autorização de Queima Controlada somente será emitida após a realização da vistoria prévia, obrigatória em áreas:

I - que contenham restos de exploração florestal;II - limítrofes às sujeitas a regime especial de proteção, estabelecido em ato do poder público.Parágrafo único. A vistoria prévia deverá ser dispensada em áreas cuja localização características não atendam ao disposto neste artigo.

Art. 8o A Autorização de Queima Controlada será emitida com finalidade especifica e com prazo de validade suficiente à realização da operação de emprego do fogo, dela constando, expressamente, o compromisso formal do requerente, sob pena de incorrer em infração legal, de que comunicará aos confrontantes a área e a hora de realização da queima, nos termos em que foi autorizado.

Art. 9o Poderá ser revalidada a Autorização de Queima Controlada concedida anteriormente para a mesma área, para os mesmos fins e para o mesmo interessado, ficando dispensada nova apresentação dos documentos previstos neste artigo, salvo os comprovantes de comunicação ao confrontantes, de que trata o inciso VI do art. 4o.

Art. 10. Além de autorizar o emprego do fogo, a Autorização de Queima Controlada deverá conter orientações técnicas adicionais, relativas às peculiaridades locais, aos horários e dias com condições climáticas mais adequadas para a realização da operação, a serem obrigatoriamente observadas pelo interessado.

Art. 11. O emprego do fogo poderá ser feito de forma solidária, assim entendida a operação realizada em conjunto por vários produtores, mediante mutirão ou outra modalidade de interação, abrangendo simultaneamente diversas propriedades familiares contíguas, desde que o somatório das áreas onde o fogo será empregado não exceda quinhentos hectares.

Parágrafo único. No caso de emprego do fogo de forma solidária, a Comunicação e a Autorização de Queima Controlada deverão contemplar todas as propriedades envolvidas.

Art. 12. Para os fins do disposto neste Decreto, os órgãos do SISNAMA deverão dispor do trabalho de técnicos, habilitados para avaliar as Comunicações de Queima Controlada, realizar vistorias e prestar orientação e assistência técnica aos interessados no emprego do fogo.

Parágrafo único. Compete aos órgãos integrantes do SISNAMA promover a habilitação de técnicos para atuar junto a prefeituras municipais e demais

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entidades ou organismos públicos ou privados, a fim de possibilitar o fiel cumprimento deste Decreto.

CAPÍTULO III

Do Ordenamento e da Suspensão

Temporária do Emprego do fogo

Art. 13. Os órgãos integrantes do SISNAMA poderão estabelecer escalonamento regional do processo de Queima Controlada, com base nas condições atmosféricas e na demanda de Autorizações de Queima Controlada, para controle dos níveis de fumaça produzidos.

Art. 14. A autoridade ambiental competente poderá determinar a suspensão da Queima Controlada da região ou município quando:

I-constatados risco de vida, danos ambientais ou condições meteorológicas desfavoráveis;II - a qualidade do ar atingir índices prejudiciais à saúde humana, constatados por equipamentos e meios adequados, oficialmente reconhecidos como parâmetros;III - os níveis de fumaça, originados de queimadas, atingirem limites mínimos de visibilidade, comprometendo e colocando em risco as operações aeronáuticas, rodoviárias e de outros meios de transporte.

Art. 15. A Autorização de Queima Controlada será suspensa ou cancelada pela autoridade ambiental nos seguintes casos:

I - em que se registrarem risco de vida, danos ambientais ou condições meteorológicas desfavoráveis;II - de interesse e segurança pública;III - de descumprimento das normas vigentes.

CAPÍTULO IV

Da Redução Gradativa do Emprego do Fogo

Art. 16. O emprego do fogo, como método despalhador e facilitador do corte de cana-de-açúcar em áreas passíveis de mecanização da colheita, será eliminado de forma gradativa, não podendo a redução ser inferior a um quarto da área mecanizável de cada unidade agroindustrial ou propriedade não vinculada a unidade agroindustrial, a cada período de cinco anos, contados da data de publicação deste Decreto.

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§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se mecanizável a área na qual está situada a lavoura de cana-de-açúcar, cuja declividade seja inferior a doze por cento.§ 2o O conceito de que trata o parágrafo anterior deverá ser revisto periodicamente para adequar-se à evolução tecnológica na colheita de cana-de-açúcar, oportunidade em que serão ponderados os efeitos sócio-econômicos decorrentes da incorporação de novas áreas ao processo de colheita mecanizada.§ 3o As novas áreas incorporadas ao processo de colheita mecanizada, nos termos do parágrafo anterior, terão a redução gradativa do emprego do fogo como método despalhador e facilitador do corte da cana-de-açúcar conforme o caput deste artigo, contada a partir da publicação do novo conceito de área mecanizável.§ 4o As lavouras de até cento e cinqüenta hectares, fundadas em cada propriedade, não estarão sujeitas à redução gradativa do emprego do fogo de que trata este artigo.

Art. 17. A cada cinco anos, contados da data de publicação deste Decreto, será realizada, pelos órgãos competentes, avaliação das conseqüências sócio-econômicas decorrentes da proibição do emprego do fogo para promover os ajustes necessários nas medidas impostas.

CAPÍTULO V

Das Disposições Finais

Art. 18. Fica criado, no âmbito do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, o Sistema Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais - PREVFOGO.

Parágrafo único. O PREVFOGO será coordenado pelo IBAMA e terá por finalidade o desenvolvimento de programas, integrados pelos diversos níveis de governo, destinados a ordenar, monitorar, prevenir e combater incêndios florestais, cabendo-lhe, ainda, desenvolver e difundir técnicas de manejo controlado do fogo, capacitar recursos humanos para difusão das respectivas técnicas e para conscientizar a população sobre os riscos do emprego inadequado do fogo.

Art. 22. Será permitida a utilização de Queima Controlada, para manejo do ecossistema e prevenção de incêndio, se este método estiver previsto no respectivo Plano de Manejo da unidade de conservação, pública ou privada, e da reserva legal.

Art. 23. Continua regido pela legislação própria o emprego do fogo para o combate a

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pragas e a doenças da agropecuária e em operações de controle fitossanitário, a cujos procedimentos não se aplicam as normas deste Decreto.

Art. 24. Mediante a celebração de convênios, os órgãos do SISNAMA deverão articular-se com as entidades competentes pela fiscalização das rodovias federais, estaduais e municipais, no sentido de que, ao longo das respectivas faixas de domínio, aceiros sejam abertos e mantidos limpos.

Art. 25. O descumprimento do disposto neste Decreto e das exigências e condições instituídas em razão da aplicação de suas normas sujeita o infrator às penalidades previstas nos arts. 14 e 15 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e na Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Art. 26. Os órgãos do SISNAMA baixarão normas complementares a este Decreto, no prazo de sessenta dias contados da data de sua publicação.

Parágrafo único. As normas complementares a que se refere este artigo deverão conter orientações detalhadas sobre os procedimentos a serem adotados pelos interessados em obter autorização para o emprego do fogo, e todas as informações que possam facilitar e agilizar o processamento dos requerimentos correspondentes.

Art. 27. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 28. Fica revogado o Decreto no 97.635, de 10 de abril de 1989.

Fernando Henrique CardosoPresidenteFrancisco Sérgio TurraGustavo Krause

(DOU de 09.07.98)

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Decreto no 2.959, de 10 de fevereiro de 1999

Dispõe sobre medidas a serem implementadas na Amazônia Legal, para monitoramento, prevenção, educação ambiental e combate a incêndios florestais.

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere os incisos IV e VI do art. 84, e tendo em vista o disposto no inciso XVIII do art. 21, ambos da Constituição, decreta:

Art. 1o Fica criada a Força-Tarefa para Combate a Incêndios Florestais na Amazônia Legal, a ser coordenada pela Secretaria Especial de Políticas Regionais, com a participação dos Ministérios da Aeronáutica, do Exército, e do Meio Ambiente.

Art. 2o A Secretaria Especial de Políticas Regionais fica autorizada a declarar a "Situação de Emergência", nos Estados e Municípios localizados na Amazônia Legal, sempre que as condições climáticas e de vegetação indicarem o risco iminente de incêndio florestal, aplicando-se, no que couber, as regras do Decreto no

895, de 16 de agosto de 1993.

Art. 3o Fica instituído o Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal com o objetivo de:

I - identificar áreas de maior risco de ocorrência de incêndios florestais, por meio de sistema de monitoramento e previsão climática;II - controlar o uso do fogo ao longo da região, por meio das ações de fiscalização das autorizações de queima controlada;III - informar os produtores e as comunidades rurais quanto aos riscos dos incêndios florestais, por meio de campanhas educativas de mobilização social, conscientização e treinamento;IV - estruturar e implantar núcleo estratégico com capacidade institucional de mobilizar força tarefa para atender a emergências em combate a incêndios florestais de grandes proporções.§ 1o O Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal será coordenado:

I - pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, nos aspectos de monitoramento, prevenção, educação ambiental e de formação de brigadas para combate a incêndios florestais na Amazônia Legal, em articulação com os órgãos estaduais competentes ;II - pela Secretaria Especial de Políticas Regionais nos aspectos relacionados ao combate a incêndios florestais que fugirem ao

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controle dos órgãos locais.§ 2o Os recursos destinados ao financiamento do Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal são os previstos nos orçamentos dos órgãos envolvidos, bem como os provenientes de créditos extraordinários ou de origem externa.

Art. 4o Ficam a Secretaria Especial de Políticas Regionais e o IBAMA autorizados a celebrar convênios com o Distrito Federal e com os Estados e Municípios da Amazônia Legal, para cumprimento do disposto neste Decreto.

Art. 5o O Ministro de Estado do Meio Ambiente e o Secretário Especial de Políticas Regionais expedirão os atos necessários ao cumprimento do disposto neste Decreto.

Art. 6o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7o Fica revogado o Decreto no 2.662, de 8 de julho de 1998.

Fernando Henrique CardosoPresidenteJosé Sarney FilhoClovis de Barros Carvalho

(DOU de 11.02.99)

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DECRETO NO 3.179, DE 21 DE SETEMBRO DE 1999

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Capítulo VI da Lei n o

9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nos §§ 2o e 3o do art. 16, nos arts.19 e 27 e nos §§ 1o e 2o do art. 44 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, nos arts. 2o, 3o, 14 e 17 da Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967, no inciso IV do art. 14 e no inciso II do art. 17 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, no art. 1o da Lei no 7.643, de 18 de dezembro de 1987, no art. 1o da Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, no § 2o

do art. 3o e no art. 8o da Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, nos arts. 4o, 5o, 6o e 13 da Lei no 8.723, de 28 de outubro de 1993, e nos arts. 11, 34 e 46 do Decreto-Lei n o

221, de 28 de fevereiro de 1967, decreta:

CAPÍTULO I

Das Disposições Preliminares

Art. 1o Toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente é considerada infração administrativa ambiental e será punida com as sanções do presente diploma legal, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades previstas na legislação.

Art. 2o As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:I - advertência;II - multa simples;III - multa diária;IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;V - destruição ou inutilização do produto;VI - suspensão de venda e fabricação do produto;VII - embargo de obra ou atividade;VIII - demolição de obra;IX - suspensão parcial ou total das atividades;X - restritiva de direitos; eXI - reparação dos danos causados.

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§ 1o Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.§ 2o A advertência será aplicada pela inobservância das disposições deste Decreto e da legislação em vigor, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. § 3o A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido, por irregularidades, que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA ou pela Capitania dos Portos do Comando da Marinha;II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos do Comando da Marinha.

§ 4o A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.§ 5o A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo, até a sua efetiva cessação ou regularização da situação mediante a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação de dano.§ 6o A apreensão, destruição ou inutilização, referidas nos incisos IV e V do caput deste artigo, obedecerão ao seguinte:

I - os animais, produtos, subprodutos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e embarcações de pesca, objeto de infração administrativa serão apreendidos, lavrando-se os respectivos termos;II - os animais apreendidos terão a seguinte destinação:

a) libertados em seu habitat natural, após verificação da sua adaptação às condições de vida silvestre;b) entregues a jardins zoológicos, fundações ambientalistas ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados; ouc) na impossibilidade de atendimento imediato das condições previstas nas alíneas anteriores, o órgão ambiental autuante poderá confiar os animais a fiel depositário na forma dos arts. 1.265 a 1.282 da Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, até implementação dos termos antes mencionados;

III - os produtos e subprodutos perecíveis ou a madeira apreendidos pela fiscalização serão avaliados e doados pela autoridade competente às instituições científicas, hospitalares, penais, militares, públicas e outras com fins beneficentes, bem como às comunidades carentes, lavrando-se os respectivos termos, sendo que, no caso de

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produtos da fauna não perecíveis, os mesmos serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais;IV - os produtos e subprodutos de que tratam os incisos anteriores, não retirados pelo beneficiário no prazo estabelecido no documento de doação, sem justificativa, serão objeto de nova doação ou leilão, a critério do órgão ambiental, revertendo os recursos arrecadados para a preservação, melhoria e qualidade do meio ambiente, correndo os custos operacionais de depósito, remoção, transporte, beneficiamento e demais encargos legais à conta do beneficiário;V - os equipamentos, os petrechos e os demais instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos pelo órgão responsável pela apreensão, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem;VI - caso os instrumentos a que se refere o inciso anterior tenham utilidade para uso nas atividades dos órgãos ambientais e de entidades científicas, culturais, educacionais, hospitalares, penais, militares, públicas e outras entidades com fins beneficentes, serão doados a estas, após prévia avaliação do órgão responsável pela apreensão;VII - tratando-se de apreensão de substâncias ou produtos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde humana ou ao meio ambiente, as medidas a serem adotadas, seja destinação final ou destruição, serão determinadas pelo órgão competente e correrão às expensas do infrator;VIII - os veículos e as embarcações utilizados na prática da infração, apreendidos pela autoridade competente, somente serão liberados mediante o pagamento da multa, oferecimento de defesa ou impugnação, podendo ser os bens confiados a fiel depositário na forma dos arts. 1.265 a 1.282 da Lei no 3.071, de 1916, até implementação dos termos antes mencionados, a critério da autoridade competente;IX - fica proibida a transferência a terceiros, a qualquer título, dos animais, produtos, subprodutos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veículos e embarcações de pesca, de que trata este parágrafo, salvo na hipótese de autorização da autoridade competente;X - a autoridade competente encaminhará cópia dos termos de que trata este parágrafo ao Ministério Público, para conhecimento.

§ 7o As sanções indicadas nos incisos VI, VII e IX do caput deste artigo serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às determinações legais ou regulamentares.§ 8o A determinação da demolição de obra de que trata o inciso VIII do caput deste artigo, será de competência da autoridade do órgão ambiental integrante do SISNAMA, a partir da efetiva constatação pelo agente autuante da gravidade do dano decorrente da infração.

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§ 9o As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas ou jurídicas são:

I - suspensão de registro, licença, permissão ou autorização;II - cancelamento de registro, licença, permissão ou autorização;III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; eV - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

§ 10. Independentemente de existência de culpa, é o infrator obrigado à reparação do dano causado ao meio ambiente, afetado por sua atividade.

Art. 3o Reverterão ao Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA, dez por cento dos valores arrecadados em pagamento de multas aplicadas pelo órgão ambiental federal, podendo o referido percentual ser alterado, a critério dos demais órgãos arrecadadores.

Art. 4o A multa terá por base a unidade, o hectare, o metro cúbico, o quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 5o O valor da multa de que trata este Decreto será corrigido, periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais), e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 6o O agente autuante, ao lavrar o auto-de-infração, indicará a multa prevista para a conduta, bem como, se for o caso, as demais sanções estabelecidas neste Decreto, observando:

I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;II - os antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; eIII - a situação econômica do infrator.

Art. 7o A autoridade competente deve, de ofício ou mediante provocação, independentemente do recolhimento da multa aplicada, majorar, manter ou minorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos nos artigos infringidos, observando os incisos do artigo anterior.

Parágrafo único. A autoridade competente, ao analisar o processo administrativo de auto-de-infração, observará, no que couber, o disposto nos arts. 14 e 15 da Lei no 9.605, de 1998.

Art. 8o O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados,

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Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os limites estabelecidos neste Decreto.

Art. 9o O cometimento de nova infração por agente beneficiado com a conversão de multa simples em prestação de serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, implicará a aplicação de multa em dobro do valor daquela anteriormente imposta.

Art. 10. Constitui reincidência a prática de nova infração ambiental cometida pelo mesmo agente no período de três anos, classificada como:

I - específica: cometimento de infração da mesma natureza; ouII - genérica: o cometimento de infração ambiental de natureza diversa.Parágrafo único. No caso de reincidência específica ou genérica, a multa a ser imposta pela prática da nova infração terá seu valor aumentado ao triplo e ao dobro, respectivamente.

CAPÍTULO IIDs Sanções Aplicáveis às Infrações Cometidas

Contra o Meio Ambiente

Seção IDas Sanções Aplicáveis às Infrações Contra a Fauna

Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade com acréscimo por exemplar excedente de:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES; eII - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

§ 1o Incorre nas mesmas multas:I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; ou

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III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2o No caso de guarda doméstica de espécime silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode a autoridade competente, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a multa, nos termos do § 2o do art. 29 da Lei no 9.605, de 1998.§ 3o No caso de guarda de espécime silvestre, deve a autoridade competente deixar de aplicar as sanções previstas neste Decreto, quando o agente espontaneamente entregar os animais ao órgão ambiental competente.§ 4o São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro ou em águas jurisdicionais brasileiras.

Art. 12. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; eIII - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Art. 13. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem autorização da autoridade competente:

Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; eIII - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

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Art. 14. Coletar material zoológico para fins científicos sem licença especial expedida pela autoridade competente:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais), com acréscimo por exemplar excedente de:I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), por unidade;II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES;III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas:I - quem utilizar, para fins comerciais ou esportivos, as licenças especiais a que se refere este artigo; e,II - a instituição científica, oficial ou oficializada, que deixar de dar ciência ao órgão público federal competente das atividades dos cientistas licenciados no ano anterior.

Art. 15. Praticar caça profissional no País:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com acréscimo por exemplar excedente de:I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade;II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; eIII - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Art. 16. Comercializar produtos e objetos que impliquem a caça, perseguição, destruição ou apanha de espécimes da fauna silvestre:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimo de R$ 200,00 (duzentos reais), por exemplar excedente.

Art. 17. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por exemplar excedente:

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade de espécie constante

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da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; eIII - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

Art. 18. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem:

I - causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;II - explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente; eIII - fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 19. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto da pescaria.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem:I - pescar espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;II - pescar quantidades superiores às permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; eIII - transportar, comercializar, beneficiar ou industrializar espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibida.

Art. 20. Pescar mediante a utilização de explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeitos semelhantes, ou substâncias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibido pela autoridade competente:

Multa de R$ 700,00 (setecentos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto da pescaria.

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Art. 21. Exercer pesca sem autorização do órgão ambiental competente:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Art. 22. Molestar de forma intencional toda espécie de cetáceo em águas jurisdicionais brasileiras:

Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

Art. 23. É proibida a importação ou a exportação de quaisquer espécies aquáticas, em qualquer estágio de evolução, bem como a introdução de espécies nativas ou exóticas em águas jurisdicionais brasileiras, sem autorização do órgão ambiental competente:

Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Art. 24. Explorar campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, bem como recifes de coral sem autorização do órgão ambiental competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Seção IIDas Sanções Aplicáveis às Infrações Contra a Flora

Art. 25. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Multa de R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectare ou fração.

Art. 26. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fração, ou R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico.

Art. 27. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

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Art. 28. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), por hectare ou fração queimada.

Art. 29. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade.

Art. 30. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Multa simples de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), por hectare ou fração.

Art. 31. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada em ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro cúbico.

Art. 32. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Multa simples de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 33. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas ou demais formas de vegetação:

Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração.

Art. 34. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por árvore.

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Art. 35. Comercializar motosserra ou utilizá-la em floresta ou demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade ambiental competente:

Multa simples de R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade comercializada.

Art. 36. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).

Art. 37. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), por hectare ou fração.

Art. 38. Explorar área de reserva legal, florestas e formação sucessoras de origem nativa, tanto de domínio público, quanto de domínio privado, sem aprovação prévia do órgão ambiental competente, bem como da adoção de técnicas de condução, exploração, manejo e reposição florestal:

Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais), por hectare ou fração, ou por unidade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.

Art. 39. Desmatar, a corte raso, área de reserva legal:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração.

Art. 40. Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou fração.

Seção IIIDas Sanções Aplicáveis à Poluição e a Outras Infrações Ambientais

Art. 41. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), ou multa diária.

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§ 1o Incorre nas mesmas multas, quem:I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação humana;II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos; eVI - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

§ 2o As multas e demais penalidades de que trata este artigo serão aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano decorrente da infração.

Art. 42. Executar pesquisa, lavra ou extração de resíduos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), por hectare ou fração.Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem deixar de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 43. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus regulamentos:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).§ 1o Incorre nas mesmas penas, quem abandona os produtos ou substâncias referidas no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.§ 2o Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a multa é aumentada ao quíntuplo.

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Art. 44. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Art. 45. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Art. 46. Conduzir, permitir ou autorizar a condução de veículo automotor em desacordo com os limites e exigências ambientais previstas em lei:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Art. 47. Importar ou comercializar veículo automotor sem Licença para Uso da Configuração de Veículos ou Motor-LCVM expedida pela autoridade competente:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) e correção de todas as unidades de veículo ou motor que sofrerem alterações.

Art. 48. Alterar ou promover a conversão de qualquer item em veículos ou motores novos ou usados, que provoque alterações nos limites e exigências ambientais previstas em lei:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), por veículo, e correção da irregularidade.

Seção IVDas Sanções Aplicáveis às Infrações Contra o Ordenamento

Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 49. Destruir, inutilizar ou deteriorar:I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; ou II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

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Art. 50. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Art. 51. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 52. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada, em virtude de seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a multa é aumentada em dobro.

Seção VDas Sanções Aplicáveis às Infrações Administrativas

Contra a Administração Ambiental

Art. 53. Deixar de obter o registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, as pessoas físicas e jurídicas, que se dedicam às atividades potencialmente poluidoras e à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora:

Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Art. 54. Deixar, o jardim zoológico, de ter o livro de registro do acervo faunístico ou mantê-lo de forma irregular:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).

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Art. 55. Deixar, o comerciante, de apresentar declaração de estoque e valores oriundos de comércio de animais silvestres:

Multa R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade em atraso.

Art. 56. Deixar, os comandantes de embarcações destinadas à pesca, de preencher e entregar, ao fim de cada viagem ou semanalmente, os mapas fornecidos pelo órgão competente:

Multa: R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade.

Art. 57. Deixar de apresentar aos órgãos competentes, as inovações concernentes aos dados fornecidos para o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), por produto.

Art. 58. Deixar de constar de propaganda comercial de agrotóxicos, seus componentes e afins em qualquer meio de comunicação, clara advertência sobre os riscos do produto à saúde humana, aos animais e ao meio ambiente ou desatender os demais preceitos da legislação vigente:

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Art. 59. Deixar, o fabricante, de cumprir os requisitos de garantia ao atendimento dos limites vigentes de emissão de poluentes atmosféricos e de ruído, durante os prazos e quilometragens previstos em normas específicas, bem como deixar de fornecer aos usuários todas as orientações sobre a correta utilização e manutenção de veículos ou motores:

Multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

CAPÍTULO IIIDas Disposições Finais e Transitórias

Art. 60. As multas previstas neste Decreto podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se à adoção de medidas específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental.

§ 1o A correção do dano de que trata este artigo será feita mediante a apresentação de projeto técnico de reparação do dano.§ 2o A autoridade competente pode dispensar o infrator de apresentação de projeto técnico, na hipótese em que a reparação não o exigir.

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§ 3o Cumpridas integralmente as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em noventa por cento do valor atualizado, monetariamente. § 4o Na hipótese de interrupção do cumprimento das obrigações de cessar e corrigir a degradação ambiental, quer seja por decisão da autoridade ambiental ou por culpa do infrator, o valor da multa atualizado monetariamente será proporcional ao dano não reparado.§ 5o Os valores apurados nos §§ 3o e 4o serão recolhidos no prazo de cinco dias do recebimento da notificação.

Art. 61. O órgão competente pode expedir atos normativos, visando disciplinar os procedimentos necessários ao cumprimento deste Decreto.

Art. 62. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Fernando Henrique CardosoPresidenteJosé Sarney Filho

(DOU de 22.09.1999)

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DECRETO No 3.420, DE 20 DE ABRIL DE 2000

Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas - PNF, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, da Constituição, decreta:

Art. 1o Fica criado o Programa Nacional de Florestas - PNF, a ser constituído de projetos que serão concebidos e executados de forma participativa e integrada pelos governos federal, estaduais, distrital e municipais e a sociedade civil organizada.

Art. 2o O PNF tem os seguintes objetivos:I - estimular o uso sustentável de florestas nativas e plantadas;II - fomentar as atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades rurais;III - recuperar florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas;IV - apoiar as iniciativas econômicas e sociais das populações que vivem em florestas;V - reprimir desmatamentos ilegais e a extração predatória de produtos e subprodutos florestais, conter queimadas acidentais e prevenir incêndios florestais;VI - promover o uso sustentável das florestas de produção, sejam nacionais, estaduais, distrital ou municipais;VII - apoiar o desenvolvimento das indústrias de base florestal;VIII - ampliar os mercados interno e externo de produtos e subprodutos florestais;IX - valorizar os aspectos ambientais, sociais e econômicos dos serviços e dos benefícios proporcionados pelas florestas públicas e privadas;X - estimular a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas florestais.

Art. 3o Caberá ao Ministério do Meio Ambiente promover a articulação institucional, com vista à elaboração e implementação dos projetos que integrarão o PNF, e exercer a sua coordenação.

§ 1o O Ministério do Meio Ambiente poderá acolher sugestões da sociedade brasileira para definir o alcance, as metas, as prioridades, os meios e os mecanismos institucionais e comunitários do PNF.§ 2o O resultado do processo da consulta de que trata o parágrafo anterior, que será divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente no dia 21 de setembro

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de 2000, orientará a implementação do Programa.

Art. 4o Fica constituído Grupo de Trabalho composto de um representante de cada um dos seguintes Ministérios:

I - do Meio Ambiente, que o coordenará;II - da Agricultura e do Abastecimento;III - do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;IV - do Desenvolvimento Agrário;V - da Ciência e Tecnologia;VI - da Integração Nacional;VII - do Planejamento, Orçamento e Gestão.Parágrafo único. Os membros do Grupo de Trabalho serão designados pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, mediante indicação dos titulares dos respectivos Ministérios.

Art. 5o O Grupo de Trabalho de que trata o artigo anterior terá a incumbência de:I - apoiar as ações dos Programas Florestar - Expansão da Base Florestal Plantada e Manejada; Florestas Sustentáveis; e Prevenção e Combate a Desmatamentos, Queimadas e Incêndios Florestais, integrantes do Plano Plurianual de Investimentos do Governo para o período de 2000 a 2003, para que possam ser prontamente implementados e gradativamente ampliados;II - delinear, com a participação das entidades representativas dos setores envolvidos, projeto de desenvolvimento e modernização das indústrias de base florestal, com a indicação:

a) dos instrumentos necessários aos aperfeiçoamentos dos métodos de utilização de matéria-prima e de especialização de mão-de-obra;b) dos equipamentos necessários e da forma de conquistar novos mercados;c) de proposta de adequação dos meios necessários à viabilização do projeto e de sua respectiva estratégia operacional;

III - desenvolver projeto de estímulo e apoio ao reflorestamento e ao manejo sustentável de florestas nativas, com vistas à expansão da oferta de matéria-prima madeireira e de outros produtos florestais não madeireiros, como os destinados à produção de óleo, castanha e palmito, tendo como propósito também o fortalecimento da renda agrícola, notadamente dos pequenos e médios produtores rurais, indicando, igualmente, os meios necessários à viabilização dos empreendimentos;IV - elaborar projeto de recomposição e restauração de florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas que envolva mecanismo capaz de promover efetiva interação institucional e comunitária, de implementar os empreendimentos programados e gerar efeito

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demonstração que possa difundir e consolidar métodos de atuação conjunta em busca de benefícios comuns;V - delinear ações para o manejo sustentável das florestas nacionais e outras unidades de conservação de uso direto, seja para fornecimento de matéria-prima florestal ou para outros fins que permitam a adequada utilização dessas áreas em seu próprio benefício, e a criação de novas unidades;VI - avaliar as estruturas governamentais de implementação das políticas florestais, como as de prevenção de incêndios florestais e de contenção de queimadas acidentais, e propor as medidas julgadas necessárias para imprimir maior efetividade às ações do Governo.

Art. 6o O Grupo de Trabalho, que poderá ser constituído de subgrupos compostos de integrantes também de outros órgãos e entidades, a convite do Ministério do Meio Ambiente, terá o prazo de cento e vinte dias, a contar da publicação deste Decreto, para conclusão dos trabalhos e apresentação de relatórios conclusivos e circunstanciados, podendo sugerir outras iniciativas, com os mesmos propósitos.

Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 8o Fica revogado o Decreto no 2.473, de 26 de janeiro de 1998.

Fernando Henrique CardosoPresidenteJosé Sarney Filho

(DOU de 22.04.2000)

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DECRETO No 3.559, DE 14 DE AGOSTO DE 2000

Suspende a exploração da espécie mogno (swretenia macrophylla king), na região Amazônica, pelo período de dois anos, e dá outras providências.

O Presidente da Republica, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, decreta:

Art. 1o Fica suspensa a exploração da espécie mogno (swretenia macrophylla king), na Região Amazônica, pelo período de dois anos.

Parágrafo único. A suspensão de que trata o caput deste artigo não se aplica as autorizações de exploração da espécie em planos de manejo florestal sustentável, devidamente aprovados até a data da publicação do Decreto no 1.963, de 25 de julho de 1996, bem como as explorações da espécie quando oriunda de florestas plantadas.

Art. 2o Os créditos e incentivos oficiais para empreendimentos produtivos na Região Amazônica deverão, preferencialmente, ser destinados às áreas já convertidas para fins agropecuários.

Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4o Revoga-se o Decreto no 2.687, de 27 de julho de 1998.

Fernando Henrique CardosoPresidenteJosé Sarney Filho

(DOU de 15.08.2000)

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LEI COMPLEMENTAR N° 38, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1995

Dispõe sobre o Código Estadual do Meio Ambiente e dá outras providências.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO, tendo em vista que dispõe o Artigo 45 da Constituição Estadual, aprova e o Governador do Estado sanciona a seguinte lei complementar:

CAPÍTULO IDOS PRINCÍPIOS DA POLÍTICA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 1º Esta lei complementar, ressalvada a competência da União, institui o Código Ambiental do Estado de Mato Grosso e estabelece as bases normativas para a Política Estadual do Meio Ambiente, observados os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;II - recuperação do meio ambiente e gestão de recursos ambientais, bem como diretrizes para seu detalhamento em planos setoriais, de acompanhamento e avaliação;III - desenvolvimento e implementação de mecanismos que garantam a integração dos diversos organismos da ação setorial do Estado na consecução dos objetivos da política ambiental;IV - consideração da disponibilidade e limites dos recursos ambientais, em face do desenvolvimento e dinâmica demográfica do Estado;V - consideração do padrão na interação entre os recursos ambientais e as atividades ocorrentes no território com aqueles que se verificam em outras unidades geopolíticas;VI - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água, da fauna, da flora e do ar;VII - desenvolvimento científico e tecnológico através de incentivos aos estudos e pesquisas de tecnologia orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;VIII - recuperação das áreas degradadas;IX - educação ambiental e conscientização da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação na defesa do meio ambiente.

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CAPÍTULO IIDO SISTEMA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Seção IDa Estrutura do Sistema

Art. 2º O Sistema Estadual do Meio Ambiente-SIMA tem como finalidade integrar todos os mecanismos da Política Estadual do Meio Ambiente, sob a coordenação do Secretário Especial do Meio Ambiente, sendo composto por:

I - Conselho Estadual do Meio Ambiente-CONSEMA;II - órgãos ou entidades integrantes da Administração Pública Estadual, ou a ela vinculados, cujas atividades estejam associadas às de preservação da qualidade ou de disciplinamento do uso dos recursos ambientais ou sejam responsáveis pela execução de programas ou projetos de incentivos governamentais, de financiamentos subsidiados ou de controle e fiscalização das atividades potencialmente degradadoras da qualidade ambiental;III - órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas áreas de jurisdição.

Seção IIDo Conselho Estadual do Meio Ambiente

Art. 3º O CONSEMA, órgão colegiado do Sistema Estadual de Meio Ambiente-SIMA, tem a finalidade de assessorar, avaliar e propor ao Governo do Estado de Mato Grosso diretrizes da Política Estadual do Meio Ambiente, bem como deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à qualidade de vida, possuindo as seguintes atribuições:

I - participar da elaboração da Política Estadual do Meio Ambiente, inclusive mediante a proposição de normas e diretrizes que excedam ao seu nível de competência;II - aprovar normas definindo padrões de qualidade ambiental e de emissões, bem como as relativas ao uso racional dos recursos ambientais;III - aprovar normas regulamentadoras, do ponto de vista da proteção ambiental e da saúde pública, da legislação relativa ao uso, transporte e comercialização de produtos tóxicos ou perigosos;IV - apreciar e deliberar sobre o licenciamento ambiental de projetos públicos ou privados que impliquem na realização do Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA;V - deliberar sobre a dispensa do Estudo de Impacto Ambiental, para as atividades elencadas no Artigo 24, mediante recomendação da FEMA;VI - participar, obrigatoriamente, das audiências públicas convocadas para a

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apresentação de projetos e discussão do respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, designando, para tanto, três de seus membros;VII - regulamentar a criação, implantação e administração de unidades de conservação nos espaços territoriais escolhidos para serem especialmente protegidos por seus atributos ambientais, espeleológicos ou paisagísticos;VIII - propor, quando julgar necessário, o tombamento de bens de valor cultural;IX - julgar, em última instância, recursos administrativos interpostos contra as penalidades aplicadas com base na legislação ambiental;X - aprovar previamente o Plano Anual de Aplicação dos recursos do FUNDER e apreciar mensalmente o balancete apresentado pelo Presidente da FEMA;XI - determinar, em grau de recursos, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público estadual ou municipal, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamentos em estabelecimentos oficiais de crédito estaduais, devendo solicitar ao Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA idênticas providências junto aos órgãos e entidades federais, quando comprovadamente se verificarem transgressões das normas legais vigentes; XII - opinar sobre o licenciamento ambiental das usinas termelétricas ou hidrelétricas com capacidade acima de 10MW, para o que, obrigatoriamente, será exigida a prévia elaboração de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, dependendo a validade da licença de sua aprovação pela Assembléia Legislativa;XIII - consultar, previamente, o órgão congênere do Estado de Mato Grosso do Sul, toda vez que a matéria, objeto de deliberação, implicar em ação conjunta com aquela Unidade da Federação, objetivando a preservação do Pantanal Mato-grossense e seus recursos naturais;XIV - solicitar informações de órgãos públicos sobre a tramitação de matérias, planos e projetos relacionados com o meio ambiente;XV - estimular a criação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento e Meio Ambiente; eXVI - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno.

Art. 4° O CONSEMA será composto paritariamente por 09 (nove) representantes do Poder Público e 09 (nove) representantes da sociedade civil organizada, conforme disposto no Artigo 10 da Constituição Federal, e 09 (nove) representantes de entidades ambientalistas não governamentais, legalmente constituídas, tendo a seguinte estrutura:

I - Plenário;II - Secretaria-Geral;III - Juntas de Julgamento de Recursos;

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IV - Comissões Especiais.§ 1º Os órgãos e instituições representativas do Poder Público serão definidos através de decreto, desde que tenham atuação em uma das seguintes áreas: Meio Ambiente, Saúde, Agricultura, Indústria, Mineração, Planejamento, Ensino Superior e Ministério Público.§ 2º As demais entidades representativas serão eleitas por mandato de dois anos.§ 3º A escolha das entidades a que se refere o parágrafo anterior far-se-á em audiência pública, por categoria, conforme dispuser o regulamento.§ 4º Os integrantes do CONSEMA não receberão qualquer espécie de remuneração, sendo sua participação no referido Conselho considerada de relevante interesse público.

Art. 5° As decisões do CONSEMA serão formalizadas em resoluções, numeradas seqüencialmente, que entrarão em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Estado.

Seção IIIDa Fundação Estadual do Meio Ambiente

Art. 6° À Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA compete:I - exercer o poder de polícia administrativa ambiental no Estado de Mato Grosso, através de:

a) licenciamento ambiental das atividades utilizadoras dos recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente;b) fiscalização e aplicação das penalidades por infração à legislação de proteção ambiental; c) auditorias, controle e fiscalização das atividades de exploração dos recursos minerais, hídricos, florestais e faunísticos.

II - estudar, formular e propor as normas necessárias ao zoneamento ambiental;III - promover o levantamento, organização e manutenção do Cadastro Estadual de Atividades Poluidoras;IV - promover o monitoramento dos recursos ambientais estaduais e das ações antrópicas sobre os mesmos;V - desenvolver pesquisas e estudos técnicos que subsidiem o planejamento das atividades que envolvam a conservação e a preservação dos recursos ambientais e o estabelecimento de critérios de exploração e manejo dos mesmos;VI - adotar medidas visando ao controle, conservação e preservação dos recursos ambientais e, quando julgar necessário, para proteção de bens de

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valor científico e cultural;VII - elaborar e propor ao CONSEMA a edição de resoluções que julgar necessárias à sua atuação no controle, conservação e preservação do meio ambiente;VIII - implantar, administrar e fiscalizar as Unidades de Conservação Estaduais;IX - elaborar e divulgar inventários e censos faunísticos e florísticos periódicos, considerando principalmente as espécies raras e endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção, objetivando sua perpetuação;X - estimular a conscientização ambiental;XI - cooperar com os órgãos federais na fiscalização ambiental das terras indígenas.

Art. 7º (VETADO)Parágrafo único (VETADO)

CAPÍTULO IIIDO FUNDO CONSTITUCIONAL DE RECONSTITUIÇÃO DE BENS LESADOS

Art. 8º O Fundo Constitucional de Reconstituição dos Bens Lesados-FUNDER tem por objetivo financiar a implementação de ações visando à restauração ou reconstituição dos recursos naturais degradados, bem como à recuperação da qualidade do meio ambiente.

Art. 9º Constituem recursos financeiros do FUNDER:I - receitas provenientes de condenações judiciais nas ações de natureza ambiental;II - receitas decorrentes de multas judiciais nas ações de natureza ambiental;III - dotações constantes do Orçamento Estadual; IV - recursos oriundos de acordos, contratos e consórcios; V - recursos arrecadados em licitações de produtos apreendidos; e VI - outras receitas destinadas ao FUNDER.Parágrafo único Os recursos mencionados nos incisos I e II serão aplicados necessariamente em ações que visem à restauração de bens naturais lesados, enquanto que os mencionados nos incisos subseqüentes poderão ser aplicados na defesa e preservação do meio ambiente, a partir de Planos de Aplicação previamente aprovados.

Art. 10 O FUNDER será operacionalizado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA.

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Parágrafo único A gestão do FUNDER dar-se-á na forma que dispuser o seu regulamento, a ser baixado por resolução do CONSEMA.

CAPÍTULO IVDOS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 11 São instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente:I - as medidas diretivas que promovam a melhoria, conservação, preservação ou recuperação do meio ambiente;II - o zoneamento ambiental;III - o sistema de registro, cadastro e informações ambientais;IV - o licenciamento ambiental;V - o Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, e as audiências públicas;VI - o controle, o monitoramento e a fiscalização das atividades efetivas ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente;VII - o Sistema Estadual de Unidades de Conservação;VIII - as auditorias ambientais; eIX - a educação ambiental.

Seção IDas Medidas Diretivas

Art. 12 O estabelecimento das normas disciplinadoras do meio ambiente, incluindo as de utilização e exploração de recursos naturais, atenderá, como objetivo primordial, ao princípio da orientação preventiva na proteção ambiental, sem prejuízo da adoção de normas e medidas corretivas e de imputação de responsabilidade por dano ao meio ambiente.

Seção IIDo Zoneamento Ambiental

Art. 13 O Estado procederá ao zoneamento ambiental do território, estabelecendo, para cada região ou bacia hidrográfica:

I - o diagnóstico ambiental, considerando os aspectos geobiofísicos, a organização espacial do seu território, incluindo o uso e ocupação do solo, as características do desenvolvimento socioeconômico e o grau de degradação dos recursos naturais;II - as metas plurianuais a serem atingidas, através da fixação de índices de qualidade das águas, ar, do uso e ocupação do solo e da cobertura vegetal, bem como os respectivos índices quantitativos, considerando-se o

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planejamento das atividades econômicas, a instalação de infra-estrutura e a necessidade de proteção, conservação e recuperação ambientais;III - a capacidade de suporte dos ecossistemas, indicando os limites de absorção de impactos provocados pela instalação de atividades produtivas e de obras infra-estruturais, bem como a capacidade de saturação resultante de todos os demais fatores naturais e antrópicos;IV - a definição das áreas de maior ou menor restrição, no que diz respeito ao uso e ocupação do solo e ao aproveitamento dos recursos naturais; eV - os planos de controle, fiscalização, acompanhamento, monitoramento, recuperação e manejo de interesse ambiental.

Art. 14 A lei que definir o zoneamento ambiental do Estado de Mato Grosso estabelecerá incentivos à utilização dos recursos naturais, de conformidade com a vocação e as potencialidades definidas para cada região, desaconselhando-se as demais.

Art. 15 A lei do zoneamento ambiental poderá ser revista sempre que o nível de conhecimento do potencial dos recursos naturais ou alterações antrópicas trouxer modificações significativas nos dados anteriores utilizados.

Seção IIIDo Sistema de Registro, Cadastro e Informações Ambientais

Art. 16 Os órgãos e entidades do Sistema Estadual do Meio Ambiente manterão, de forma integrada, para efeito de controle e informações ambientais, bancos de dados, registro e cadastros atualizados, das obras, empreendimentos ou atividades efetiva ou potencialmente degradadoras, das ocorrências de interesse ambiental, dos dados, elementos, estudos e análises de natureza técnica, bem como dos usuários naturais e dos infratores da legislação ambiental.

§ 1º Será assegurado ao público o acesso às informações técnicas de interesse ambiental, ressalvadas as de caráter sigiloso.§ 2º O Estado e os Municípios têm o dever de fazer elaborar o Relatório da Qualidade do Meio Ambiente, a cada dois anos, publicando-o integralmente nos respectivos jornais oficiais.

Seção IVDo Licenciamento Ambiental

Art. 17 O licenciamento ambiental tem como objetivo disciplinar a implantação e funcionamento das atividades que utilizem recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente.

Art. 18 As pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as entidades da administração pública, que vierem a construir, instalar, ampliar e funcionar no Estado de Mato

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Grosso, cujas atividades possam ser causadoras de poluição ou degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento ambiental.

Parágrafo único Os pedidos de licenciamento serão objeto de publicação resumida no Diário Oficial do Estado e na imprensa local ou regional.

Art. 19 A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA, no exercício de sua competência, expedirá as seguintes licenças, de caráter obrigatório:

I - Licença Prévia (LP) - é concedida na fase preliminar do planejamento da atividade e corresponde à fase de estudos para a localização do empreendimento, observados os planos municipais, estaduais e federais de uso dos recursos naturais;II - Licença de Instalação (LI) - é concedida para autorizar o início da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado;III - Licença de Operação (LO) - é concedida após cumpridas todas as exigências feitas por ocasião da expedição da LI, autorizando o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle ambiental, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI);IV - Licença Ambiental Única (LAU) - é concedida nos termos do regulamento, autorizando a localização, implantação e operação das atividades de desmatamento, exploração florestal e projetos agropecuários.§ 1º As Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, outorgadas por prazo não superior a dois anos, serão renovadas conforme dispuser o regulamento.§ 2º A outorga da Licença de Operação não inibirá o órgão licenciador de tornar mais severa a restrição nela expressa, ou mesmo formular nova exigência ou restrição, se ocorrerem modificações ambientais relevantes durante a sua vigência.§ 3º O eventual indeferimento da solicitação de licença ambiental deverá ser devidamente instruído com o parecer técnico do órgão ambiental, pelo qual se dará conhecimento do motivo do indeferimento, concedendo-se prazo ao interessado para interposição de recurso.§ 4º As atividades de pequeno nível de poluição e/ou degradação ambiental poderão ser licenciadas mediante a apresentação de um Projeto Executivo simplificado, a critério do órgão ambiental.§ 5º O não-cumprimento das medidas de conservação, preservação e controle ambiental, previstas no licenciamento, ensejará a anulação das licenças, sem prejuízo da aplicação das penalidades previstas em lei.§ 6° Quando a Licença Ambiental Única implicar em autorização para desmatamento, deverá ser exigida a apresentação prévia de um plano de aproveitamento do material lenhoso existente na área.

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Art. 20 A Licença Prévia, de que trata o artigo anterior, dependerá do expresso assentimento das Prefeituras Municipais, em consonância com as respectivas leis de uso, ocupação e parcelamento do solo.

Art. 21 As Prefeituras Municipais condicionarão a expedição de licença, autorização ou alvará de funcionamento e sua renovação à apresentação de Licença de Operação expedida pelo órgão ambiental do Estado.

Art. 22 Os cartórios de registro de imóveis deverão exigir a apresentação da Licença de Instalação, emitida pela FEMA, antes de efetuar o registro de loteamento.

Seção VDos Estudos de Impacto Ambiental e Audiências Públicas

Art. 23 O licenciamento das atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente será sempre precedido da aprovação do Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório do Impacto Ambiental-RIMA.

§ 1º O estudo referido no caput deste artigo deverá abranger a área de possível impacto ambiental do projeto, inclusive da bacia hidrográfica, devendo contemplar as alternativas tecnológicas e locacionais, explicitando as razões da escolha indicada, confrontando com a hipótese da não execução do projeto.§ 2º O Estudo de Impacto Ambiental-EIA será realizado por equipe multidisciplinar, cadastrada em órgão ambiental oficial, não podendo dela participar servidores públicos da administração direta e indireta do Estado.§ 3º O órgão ambiental poderá acompanhar o andamento de todos os trabalhos de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, inclusive análises de laboratório, coletas, experimentos e inspeção de campo.§ 4º O requerente do licenciamento custeará todas as despesas referentes à realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA.§ 5º A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA poderá contratar consultores para, em conjunto com sua equipe técnica, analisar o Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA..

Art. 24 Dependerá de elaboração do EIA e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação da FEMA, o licenciamento da implantação das seguintes atividades modificadoras do meio ambiente:

I - estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;II - ferrovias;III - portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;IV - aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, do Artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;

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V - oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;VI - linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230kW;VII - obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias e diques;VIII - extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);IX - extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração;X - aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; XI - usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária acima de 10MW; XII - complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos e destilarias de álcool);XIII - Distritos Industriais e Zonas Estritamente Industriais-ZEI;XIV - exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 1.000 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;XV - projetos urbanísticos, acima de 100 hectares, ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério dos órgãos municipais e estaduais competentes;XVI - projetos públicos ou privados que incidam, direta ou indiretamente, em terras de ocupação indígena;XVII - projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 hectares ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental;XVIII - nos casos de empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional.§ 1º A FEMA, desde que em exame prévio constate que a obra ou atividade tem baixo potencial de causar significativa degradação ambiental, poderá recomendar ao CONSEMA a dispensa da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental-EIA, para fins de licenciamento de atividades mencionadas nos incisos deste artigo.

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§ 2° Com base em justificativa técnica adequada e em função da magnitude das alterações ambientais efetivas ou potenciais decorrentes de sua implantação, a FEMA poderá determinar a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental-EIA e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, para atividades não referidas nos incisos deste artigo ou com potência, consumo ou área inferiores às nele exigidas.§ 3° Em todos os casos em que houver exigência de apresentação prévia de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e do respectivo RIMA, inclusive na hipótese contemplada no parágrafo anterior, como condição de sua validade, a Licença Prévia concedida deverá ser referendada pelo CONSEMA.

Art. 25 No licenciamento de atividades que impliquem na elaboração de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, a FEMA promoverá, sempre que solicitada, a realização de audiência pública para apresentação do Relatório de Impacto Ambiental-RIMA.

Art. 26 As audiências públicas destinam-se a possibilitar o debate público sobre os projetos causadores de significativo impacto ambiental, apontados no respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, antes da expedição da competente Licença Prévia, e serão convocadas e realizadas na forma que determinar o seu regulamento específico, a ser baixado por resolução do CONSEMA.

Seção VIDo Controle, Monitoramento e Fiscalização

Art. 27 O controle, o monitoramento e a fiscalização das atividades, processos e obras que causem ou possam causar degradação ambiental, serão exercidos pela FEMA, através de seus agentes, com observância dos seguintes princípios:

I - o controle ambiental será realizado por todos os meios e formas legalmente permitidos, compreendendo o acompanhamento regular das atividades, processos e obras públicas e privadas, sempre tendo como objetivo a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado;II - a constatação operativa das infrações ambientais implicará na aplicação de um sistema de sanções gradativas e não cumulativas, caracterizadas em razão da natureza e gravidade da conduta medida por seus efeitos e ameaças que representem à integridade do meio ambiente.§ 1º No exercício da ação fiscalizadora, ficam assegurados aos agentes livre acesso e permanência pelo tempo que se fizer necessário à verificação em estabelecimentos públicos ou privados.§ 2º A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA deverá ministrar o treinamento aos agentes, facultando-lhes conhecimento profundo sobre seu campo de atuação.§ 3º Os agentes de fiscalização, quando obstados, poderão requisitar força policial para o exercício de suas atribuições em qualquer parte do território estadual, sem prejuízo da aplicação das penalidades cabíveis.

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Art. 28 A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA poderá celebrar convênios com órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional do Estado, dos Municípios, do Governo Federal e dos outros Estados da Federação, para execução da atividade fiscalizadora.

Art. 29 Aos agentes de fiscalização compete:I - efetuar vistorias em geral, levantamento e avaliação;II - proceder às inspeções e visitas de rotina, bem como à apuração de irregularidade e infrações e elaboração dos relatórios dessas inspeções;III - verificar a observância das normas e padrões ambientais vigentes;IV - expedir notificações;V - lavrar autos de infração indicando os dispositivos violados; VI - exercer outras atividades que lhes forem determinadas.

Art. 30 A Fundação Estadual do Meio Ambiente poderá firmar convênio com organizações não governamentais para exercerem a atividade de auxiliares na fiscalização.

Parágrafo único Os agentes credenciados a que se refere o caput deste artigo somente poderão lavrar auto de notificação e de inspeção, na forma do regulamento.

Art. 31 Em cada Secretaria de Estado, bem como em suas entidades descentralizadas, haverá um grupo setorial de planejamento ambiental, responsável pela articulação com a Fundação Estadual do Meio Ambiente, nos termos do regulamento, objetivando:

I - a troca de informações de interesse ambiental, especialmente para fornecer subsídios à Política Estadual de Meio Ambiente;II - o apoio técnico para a elaboração e implementação do planejamento setorial e regional do meio ambiente, de conformidade com as normas estaduais e federais;III - a cooperação na fiscalização e o monitoramento do meio ambiente, relacionados com os respectivos campos de atuação.

Seção VIIDo Sistema Estadual de Unidades de Conservação

Art. 32 O Sistema Estadual de Unidades de Conservação será implantado pelo Poder Público estadual, na forma do regulamento, e visará à efetiva proteção de espaços territoriais, com vistas a manter e utilizar racionalmente o patrimônio biofísico e cultural de seu território.

Art. 33 O Poder Público, mediante regulamento e demais normas estabelecidas pelo

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CONSEMA, fixará os critérios de uso, ocupação e manejo das áreas referidas no artigo anterior, sejam elas públicas ou privadas, sendo vedadas quaisquer ações ou atividades que comprometam ou possam a vir comprometer os atributos e características especialmente protegidos nessas áreas.

Parágrafo único Nas Unidades de Conservação de domínio estadual, a Fundação Estadual do Meio Ambiente poderá limitar o acesso de visitantes, através da cobrança de ingresso, devendo o valor arrecadado reverter para a conservação da respectiva Unidade.

Art. 34 As áreas declaradas de utilidade pública, para fins de desapropriação, objetivando a implantação de Unidades de Conservação Ambiental, serão consideradas espaços territoriais especialmente protegidos, não sendo nelas permitidas atividades que prejudiquem o meio ambiente ou que, por qualquer forma, possam comprometer a integridade das condições ambientais que motivaram a edição do ato declaratório.

Art. 35 São indisponíveis as terras públicas, patrimoniais ou devolutas do Estado, necessárias à proteção, preservação e conservação dos ecossistemas naturais, devendo ter destinação exclusiva para esse fim.

Art. 36 Nos mapas e cartas oficiais do Estado e municípios, serão obrigatoriamente assinaladas as Unidades de Conservação públicas existentes.

Art. 37 O Estado criará museus e jardins botânicos representativos de seus principais ecossistemas, visando à pesquisa e à educação ambiental.

Art. 38 O Estado criará e estimulará a criação de Centros de Reabilitação e Reintrodução no Habitat de Origem, para animais silvestres vítimas de maus-tratos ou captura ilegal, que funcionarão junto às Unidades de Conservação Estaduais.

Seção VIII Auditorias Ambientais

Art. 39 Toda atividade de grande e elevado potencial poluidor, ou processo industrial de grande complexidade, deverá sofrer auditorias ambientais periódicas, às expensas e responsabilidade do empreendedor.

Parágrafo único A auditoria ambiental deverá ser realizada, ordinariamente, no caso de renovação da Licença de Operação, ou extraordinariamente, sempre que constatada sua necessidade, a critério da FEMA.

Art. 40 Os auditores ambientalistas devem possuir conhecimento profissional que inclua experiência relevante no gerenciamento ambiental, sendo capacitados nas áreas e/ou setores a serem auditados.

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§ 1º Os auditores, quando não integrantes do órgão ambiental, serão nele cadastrados, observada a independência dos mesmos com relação à pessoa física ou jurídica auditada, possibilitando a avaliação objetiva e imparcial.§ 2º No caso de negligência, imperícia, inexatidão, falsidade ou dolo na realização da auditoria, o auditor será descredenciado pelo órgão ambiental, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

Art. 41 As auditorias ambientais deverão contemplar:I - levantamento e coleta de dados disponíveis sobre a atividade auditada;II - inspeção geral, incluindo entrevistas com diretores, assistentes técnicos e operadores da atividade auditada;III - verificação das matérias-primas, aditivos e sua composição, geradores de energia, processo industrial, sistema e equipamentos de controle da poluição, planos e sistemas de controle de situação de emergência e de risco, e dos subprodutos, resíduos e despejos da atividade auditada;IV - elaboração de relatório contendo a compilação dos resultados, análise dos mesmos e proposta de plano de ação visando à adequação da atividade às exigências legais de proteção ambiental.

Art. 42 Dependendo do grau de complexidade ou do potencial poluidor das atividades auditadas, o órgão ambiental poderá exigir do empreendedor a contratação de auditores independentes, especificando os levantamentos a serem executados, além daqueles estabelecidos no artigo anterior.

Seção IXEducação Ambiental

Art. 43 O Estado, através de seus órgãos competentes, deverá promover, por todos os meios disponíveis, a educação ambiental especialmente no nível fundamental de ensino.

Art. 44 Ao Estado caberá, através de medidas apropriadas, a criação e implantação de espaços naturais visando a atividades de lazer, turismo e educação ambiental.

Art. 45 A FEMA, em conjunto com o órgão estadual de educação, promoverá a capacitação, na área ambiental, dos professores da rede estadual e municipal, visando a ampliar a dimensão ecológica nas diversas disciplinas curriculares do ensino fundamental.

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Art. 46 O Estado desenvolverá, através de seus órgãos competentes, técnicas de manejo e reaproveitamento de materiais orgânicos nas escolas de ensino fundamental.

CAPÍTULO VDOS SETORES AMBIENTAIS

Seção IDo Patrimônio Genético

Art. 47 Compete ao Estado, em conjunto com os municípios, a proteção do patrimônio genético, objetivando a manutenção da biodiversidade pela garantia dos processos naturais que permitam a reprodução deste mesmo patrimônio, mediante:

I - a criação e a manutenção de um sistema integrado de áreas protegidas dos diversos ecossistemas ocorrentes no seu território;II - a garantia da preservação de amostras significativas dos diversos componentes de seu patrimônio genético e de seus habitats;III - a criação de bancos de germoplasma que preservem amostras significativas de seu patrimônio genético, em especial das espécies raras e ameaçadas de extinção;IV - a garantia de pesquisas e do desenvolvimento de tecnologia de manejo de bancos genéticos e gestão dos habitats das espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção, bem como de seus ecossistemas associados.

Seção IIDa Flora

Art. 48 A flora nativa no território mato-grossense constitui bem de interesse comum a todos os habitantes do Estado, que poderão exercer o direito de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta lei complementar estabelecer.

Art. 49 Qualquer espécie ou associação de espécies vegetais poderá ser declarada imune ao corte, na forma da lei, por motivo de sua localização, raridade, beleza, importância científica, econômico-extrativista, histórica, cultural ou ainda na condição de porta-sementes.

Art. 50 O uso do fogo para limpeza e manejo de áreas somente será permitido após autorizado pela FEMA.

Parágrafo único A FEMA poderá suspender o uso do fogo para limpeza, por

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período determinado, com o fim de resguardar a qualidade do ar, punindo os infratores com multas proporcionais à dimensão da área queimada, na forma do regulamento.

Art. 51 Cabe ao Poder Público e à coletividade o combate a incêndios florestais. Parágrafo único A FEMA estimulará a criação de Unidades Comunitárias visando ao combate a incêndios florestais e à detecção e erradicação de pragas florestais.

Art. 52 A exploração dos remanescentes de florestas nativas do Estado de Mato Grosso dar-se-á, preferencialmente, através de técnicas de manejo que garantam sua sustentabilidade.

Art. 53 O desmatamento no Estado de Mato Grosso fica condicionado à obtenção da Licença Ambiental Única-LAU, expedida pela FEMA.

Art. 54 O Estado manterá controle estatístico do desmatamento e da exploração florestal, através do monitoramento da cobertura vegetal, divulgando, anualmente, estas informações.

Art. 55 O transporte e a comercialização de produtos florestais no Estado dar-se-ão de acordo com as normas que forem baixadas por lei.

Parágrafo único Os produtos florestais que forem transportados em desacordo com a lei serão apreendidos pelo órgão competente; e os infratores, sujeitos às penalidades e aos procedimentos administrativos.

Art. 56 As pessoas físicas ou jurídicas que exploram, utilizam, industrializam, transformam ou consomem matéria-prima florestal nativa no Estado ficam obrigadas a promover a reposição, mediante o plantio de espécies florestais adequadas, observado um mínimo equivalente ao respectivo consumo, conforme dispuser o regulamento.

Art. 57 O Estado de Mato Grosso estimulará e incentivará reflorestamento ou florestamento visando à produção de madeira e lenha, mediante adequados mecanismos de pesquisa, de fomento e fiscais, nos termos do regulamento.

Seção IIIDas Áreas de Preservação Permanente

Art. 58 Consideram-se de preservação permanente, no âmbito estadual, as florestas e demais formas de vegetação situadas :

a) ao longo de qualquer curso d'água, desde o seu nível mais alto, em faixa marginal, cuja largura mínima será:

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1 - de 50m (cinqüenta metros), para os cursos d'água de até 50m (cinqüenta metros) de largura;2 - de 100m (cem metros), para os cursos d'água que tenham de 50m (cinqüenta metros) a 200m (duzentos metros) de largura;3 - de 200m (duzentos metros), para os cursos d'água que tenham de 200m (duzentos metros) a 600m (seiscentos metros) de largura;4 - de 500m (quinhentos metros), para os cursos d'água que tenham largura superior a 600m (seiscentos metros).

b) ao redor das lagoas ou lagos e reservatórios d'água naturais ou artificiais, represas hidrelétricas ou de uso múltiplo, em faixa marginal, cuja largura mínima será de 100m (cem metros); c) nas nascentes, ainda que intermitentes, nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja sua situação topográfica, nas veredas e nas cachoeiras ou quedas d'água, num raio mínimo de 100m (cem metros);d) no topo dos morros, montes e serras;e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45 (quarenta e cinco) graus;f) nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100m (cem metros) em projeção horizontal.§ 1º Nas áreas urbanas, definidas por lei municipal, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores ou leis de uso do solo; na ausência desta, respeitar-se-á os princípios e limites a que se refere este artigo.§ 2º A proteção da vegetação nas áreas alagáveis do Pantanal do Estado de Mato Grosso, nas faixas que ultrapassam as citadas no caput deste artigo, será normatizada pelo CONSEMA.

Art. 59 São proibidos, nas áreas de preservação permanente, o depósito de qualquer tipo de resíduos e o exercício de atividades que impliquem na remoção da cobertura vegetal.

Parágrafo único As áreas e a vegetação de preservação permanente somente poderão ser utilizadas mediante licença especial, no caso de obras públicas ou de interesse social comprovado e ainda para as atividades necessárias, sem alternativas economicamente viáveis, a critério do órgão ambiental, exigindo-se nesses casos a apresentação e aprovação do Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA.

Art. 60 Os planos de reforma agrária deverão ser submetidos à autoridade ambiental competente, para efeito de demarcação das áreas de preservação permanente.

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Art. 61 O desmatamento ou alteração da cobertura vegetal em área de preservação permanente, sem a competente licença, constitui-se em infração, ficando o proprietário do imóvel obrigado a recuperar o ambiente degradado, de acordo com as exigências do órgão ambiental.

Seção IVDas Áreas de Reserva Legal

Art. 62 Consideram-se reservas legais as florestas ou demais formas de vegetação nativa que representem um mínimo percentual da área da propriedade rural, visando à manutenção da sua cobertura vegetal e de todas as formas de vida existentes.

§ 1º Para as áreas de florestas ou matas de transição, o percentual mínimo admitido por propriedade será de 50% (cinqüenta por cento) de sua superfície.§ 2º Para as áreas de cerrados, o percentual mínimo admitido por propriedade será de 20% (vinte por cento).§ 3º Para a planície alagável do Pantanal não será permitido nenhum tipo de desmatamento, com exceção daqueles feitos para agricultura de subsistência e limpeza de pastagens nativas e artificiais.§ 4º Para as propriedades rurais limítrofes com as terras indígenas, a reserva legal deverá, preferencialmente, confrontar-se com estas.

Art. 63 O desmatamento ou alteração indevida da cobertura vegetal situada na área de reserva legal das propriedades constitui infração considerada gravíssima, ficando o proprietário do imóvel obrigado a recompor a vegetação alterada, de acordo com exigências do órgão ambiental, além de sujeitá-lo a outras sanções cabíveis.

Art. 64 A reserva legal deverá ser inscrita à margem da matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento da área.

Art. 65 O uso dos recursos florestais instalados nas reservas legais das propriedades ficará a critério do órgão ambiental, que poderá somente autorizá-lo no caso do atual proprietário se comprometer a usar, na sua exploração, técnicas de manejo que garantam a sua auto-sustentabilidade.

Seção VDa Fauna

Art. 66 Os animais que constituem a fauna, bem como seus ninhos, abrigos, criadouros naturais e ecossistemas necessários à sua sobrevivência como espécie são considerados bens de domínio público, cabendo ao Poder Público e à

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coletividade o dever de defendê-los e preservá-los para as presentes e futuras gerações, promovendo:

I - o combate a todas as formas de agressão aos animais, em especial à caça e ao tráfico de animais silvestres;II - o socorro a animais em perigo, ameaçados por calamidades, assim como àqueles vítimas de maus-tratos ou abandono;III - programas de educação ambiental e conscientização popular voltadas para a proteção e a preservação de animais silvestres.

Art. 67 É proibido o exercício da caça amadora e profissional, assim como o comércio de espécies da fauna silvestre e de seus produtos no Estado de Mato Grosso.

Parágrafo único (VETADO)

Art. 68 A introdução e reintrodução de exemplares da fauna nativa em ambientes naturais somente será permitida mediante autorização expressa da FEMA.

Parágrafo único É vedada a introdução de exemplares da fauna exótica em ambiente natural do Estado de Mato Grosso.

Art. 69 A Fundação Estadual do Meio Ambiente elaborará anualmente a lista de animais cuja criação será permitida nos criatórios, estabelecendo critérios para a autorização de funcionamento dos mesmos.

Art. 70 As atividades de pesca serão objeto de autorização específica expedida pela FEMA, nos termos do regulamento.

Art. 71 O CONSEMA definirá, através de resolução, os períodos e locais de proibição da pesca, o tamanho mínimo e relação das espécies que devam ser preservadas, assim como os instrumentos e métodos de utilização vedados.

Art. 72 O proprietário ou concessionário de represas é obrigado a adotar medidas de proteção à fauna, quer no período de instalação, fechamento de comportas ou operação de rotina.

Parágrafo único Serão determinadas pela FEMA as medidas de proteção à fauna aquática em quaisquer obras que importem na alteração de regime dos cursos d’água, mesmo quando ordenados pelo Poder Público.

Art. 73 É vedada a introdução, nos corpos d'água de domínio público existentes no Estado, de espécies não autóctones da bacia hidrográfica.

Parágrafo único É vedada, igualmente, a reprodução, criação e engorda de espécies exóticas no Estado, sem autorização do órgão ambiental.

Art. 74 O pescado que apresentar marcas ou características de remoção de marcas e sinais que identifiquem pesca predatória será apreendido juntamente com todo o

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material utilizado na pesca e no transporte, inclusive o veículo transportador e embarcações, sujeitando-se o infrator às penalidades desta lei, sem prejuízo das sanções penais.

§ 1º Os apetrechos utilizados na pesca proibida, quando apreendidos, serão destruídos.§ 2º O veículo e as embarcações apreendidos somente serão liberados após o pagamento da multa.§ 3º O pescado apreendido será distribuído a instituições filantrópicas e creches.§ 4º O disposto no caput deste artigo não se aplica ao pescado proveniente de criatórios autorizados, bem como aos de origem marítima, devidamente documentados.

Art. 75 Além da apreensão do produto da pesca predatória, será aplicada ao infrator multa por quilograma de produtos e subprodutos de pescados apreendidos, sem prejuízo das demais penalidades cabíveis.

Art. 76 São consideradas gravíssimas as infrações ao disposto nesta seção.

Seção VIDos Recursos Hídricos

Art. 77 O Estado estabelecerá diretrizes específicas para a proteção de mananciais, através de planos de uso e ocupação de áreas de drenagem de bacias e sub-bacias hidrográficas.

Art. 78 O Estado poderá exigir dos usuários dos recursos hídricos o automonitoramento de seus efluentes.

Art. 79 É vedado o lançamento de águas residuárias nos cursos d'água, quando essas não forem compatíveis com a classificação dos mesmos.

Art. 80 As atividades industriais e os depósitos de substâncias capazes de causar riscos aos recursos hídricos deverão ser dotados de dispositivos de segurança e prevenção de acidentes, e deverão estar localizados a uma distância mínima de 300 (trezentos) metros dos corpos d'água, em áreas urbanas, e 1.000 (mil) metros, em áreas rurais.

Parágrafo único Verificada a impossibilidade técnica de serem mantidas as distâncias de que trata este artigo ou de serem constituídos os dispositivos de prevenção de acidente, a execução do projeto poderá ser autorizada, desde que sejam oferecidas outras medidas de segurança.

Art. 81 Todo aquele que utilizar recursos hídricos para fins industriais ficará obrigado a abastecer-se em local à jusante do ponto de lançamento.

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Seção VIIDo Uso e Conservação do Solo

Art. 82 A utilização do solo, para quaisquer fins, deverá atender às seguintes disposições:

I - aproveitamento adequado e conservação das águas em todas as suas formas;II - controle da erosão em todas as suas formas;III - adoção de medidas para evitar processos de desertificação;IV - procedimento para evitar assoreamento de cursos d'água e bacias de acumulação;V - adoção de medidas para fixar taludes e escarpas naturais ou artificiais;VI - procedimento para evitar a prática de queimadas, tolerando-as somente quando amparadas por normas específicas;VII - medidas para impedir o desmatamento das áreas impróprias para exploração agrossilvopastoril, e promover o possível plantio de vegetação permanente nessas áreas, caso estejam degradadas;VIII - procedimentos para recuperar, manter e melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo agrícola;IX - adequação dos princípios conservacionistas da locação, construção e manutenção de barragens, estradas, canais de irrigação e escoadouros;X - caracterização da utilização, exploração e parcelamento do solo, observadas todas as exigências e medidas do Poder Público para a preservação e melhoria do meio ambiente.

Art. 83 Os assentamentos, mediante o parcelamento do solo e a implantação de empreendimentos de caráter social, atenderão aos parâmetros desta lei, devendo ainda:

I - proteger as áreas destinadas ao abastecimento urbano, bem como suas áreas de contribuições imediatas;II - prever a disposição final dos detritos sólidos de forma a não comprometer a saúde pública e os mananciais de abastecimento;III - vedar a urbanização de áreas com acentuada declividade, sujeitas a inundações ou aterradas com material nocivo à saúde pública.

Seção VIII

Do Controle da Poluição Ambiental

Art. 84 Considera-se poluição o lançamento ou a liberação no meio ambiente de toda e qualquer forma de matéria ou energia:

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I - em desconformidade com as normas, critérios e parâmetros ou com exigências técnicas ou operacionais estabelecidas na legislação;II - que, independentemente da conformidade com o inciso anterior, causem efetiva ou potencialmente:

a) prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar da população;b) dano à fauna, à flora e aos recursos naturais;c) prejuízo às atividades sociais e econômicas;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

Art. 85 A FEMA exercerá o controle de toda e qualquer substância considerada poluente, podendo exigir das empresas potencialmente poluidoras o automonitoramento de seus efluentes, com periodicidade definida no regulamento.

Art. 86 A coleta, o armazenamento, a disposição final ou a reutilização de resíduos poluentes, perigosos ou nocivos em qualquer estado da matéria, sujeitar-se-ão ao licenciamento ambiental.

Art. 87 É proibido depositar, dispor, enterrar, infiltrar ou acumular no solo resíduos em qualquer estado de matéria, desde que sejam poluentes ou possam causar a degradação da qualidade ambiental.

Art. 88 Os resíduos de qualquer natureza, portadores de agentes patogênicos ou alta toxidade, bem como inflamáveis, explosivos, radioativos e outros prejudiciais à saúde pública e ao meio ambiente, deverão ser tratados de acordo com normas estabelecidas pelo CONSEMA.

Art. 89 A disposição final do lixo processar-se-á em condições que não tragam malefícios ou inconveniências à saúde, ao bem-estar público ou ao meio ambiente.

Art. 90 É vedada a implantação de sistemas de coleta conjunta de águas pluviais e esgotos domésticos e industriais.

Seção IXDos Recursos Minerais

Art. 91 As atividades de extração de recursos minerais estarão submissas ao licenciamento ambiental, que levará em conta a legislação federal pertinente, inclusive no que concerne à obrigação do titular da lavra e do empreendedor de recuperar o meio ambiente degradado pela atividade, de acordo com a solução técnica a ser aprovada pela FEMA .

§ 1º A expedição de Licença de Instalação para lavra garimpeira dependerá da comprovação do requerimento da área junto ao órgão federal competente.

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§ 2º A Licença de Operação somente será processada mediante a apresentação do documento federal de concessão de lavra.

Art. 92 As atividades mineradoras de pequeno porte poderão ser objeto de licenciamento simplificado, na forma do Regulamento.

Art. 93 A juízo das autoridades ambientais estaduais, os trabalhos de extração mineral que, contrariando as prescrições técnicas ou restrições constantes das licenças ambientais, estejam sendo executados em desacordo com normas legais de proteção ambiental, causando danos significativos ao meio ambiente, serão considerados infrações gravíssimas, justificando a suspensão dos trabalhos ou interdição da atividade.

Parágrafo único. A aplicação da penalidade referida no caput não isentará o titular da lavra de outras penas previstas nas legislações federal e estadual.

Art. 94 O órgão ambiental exigirá o monitoramento das atividades de extração de recursos minerais, sob a responsabilidade dos interessados, nos termos da programação aprovada, sobre o qual exercerá auditoria periódica.

CAPÍTULO VIDAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES

Seção IDas Infrações

Art. 95 Para os efeitos deste Código, considera-se infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe em inobservância das normas previstas nesta lei complementar e demais atos normativos, editados e destinados à sua implementação.

Parágrafo único Respondem pela infração, conjunta ou separadamente, todos aqueles que, de qualquer forma, concorrerem para sua prática ou deixarem de adotar medidas preventivas destinadas a evitar a sua ocorrência.

Art. 96 Qualquer autoridade que tiver conhecimento ou notícia da ocorrência de infração ambiental deverá noticiar às autoridades ambientais competentes, que serão obrigadas a promover a apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena da lei.

Art. 97 O infrator, pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, é responsável pela reparação do dano que causar ao meio ambiente.

Art. 98 Para os efeitos desta lei complementar e seu regulamento, as penalidades incidirão sobre os infratores, sejam eles:

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a) autores diretos, quando, por qualquer forma, se beneficiarem da prática da infração;b) autores indiretos, assim compreendidos aqueles que, de qualquer forma, concorrerem, por ação ou omissão, para a prática da infração ou dela se beneficiarem;c) autoridades que facilitarem ou se omitirem, por consentimento ilegal, na prática do ato.

Art. 99 As infrações classificam-se em:I - leves: assim consideradas as esporádicas, que não causem riscos de danos à saúde pública, à flora e à fauna, nem provoquem alterações sensíveis nas condições ambientais;II - graves: as continuadas, que causem sério risco à incolumidade da saúde pública, da fauna e da flora; as que representem desobediência à norma expressa de proteção ambiental ou causem efetiva degradação ambiental ou ainda, as que impliquem na instalação ou operação de obra ou atividade em desacordo com as restrições ou condicionantes da respectiva licença ambiental;III - gravíssimas: as que causem significativo dano à saúde pública ou ao meio ambiente, as que impliquem na instalação ou operação de obra ou atividade potencialmente degradadora do meio ambiente sem a competente licença ambiental, bem como a desobediência a determinação expressa de autoridade ambiental.

Art. 100 Salvo expressa disposição legal, as infrações às normas desta lei serão classificadas a critério da autoridade competente, levando-se em consideração as diretrizes previstas no artigo anterior, bem como as circunstâncias atenuantes e agravantes.

Parágrafo único No regulamento deste Código serão discriminadas, em uma Tabela anexa, as infrações puníveis com multa, assim como o valor mínimo e máximo a ser arbitrado aos transgressores.

Art. 101 Quando da infração resultar dano ao meio ambiente, o autuado, independente das penalidades aplicáveis, será notificado a assinar o Termo de Compromisso de Reparação de Dano Ambiental, na forma do regulamento.

Parágrafo único O não-cumprimento do compromisso referido no caput deste artigo implicará na remessa da documentação à Procuradoria-Geral do Estado, visando à proposição da ação indenizatória cabível.

Seção IIDas Penalidades

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Art. 102 Aos infratores desta lei e das normas dela decorrentes serão aplicadas as seguintes penalidades:

I - advertência;II - multa;III - redução de atividade;IV - interdição temporária ou definitiva;V - embargo;VI - demolição;VII - apreensão;VIII - suspensão ou cassação da licença;IX - suspensão de financiamento ou de incentivos governamentais.Parágrafo único As penalidades podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, dependendo da gravidade da infração.

Art. 103 Na aplicação das penalidades serão considerados os seguintes fatores:I - o grau de desconformidade da execução, utilização ou exploração, com normas legais, regulamentares e medidas diretivas; II - a intensidade do dano efetivo ou potencial ao meio ambiente;III - as circunstâncias atenuantes ou agravantes;IV - os antecedentes do infrator.§ 1º Para efeito do disposto no inciso III deste artigo, serão atenuantes as seguintes circunstâncias:

a) arrependimento eficaz do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano ou limitação significativa de degradação ambiental causada;b) observância, no imóvel, de princípios e medidas relativas à utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação ou conservação do meio ambiente;c) comunicação prévia, pelo infrator, do perigo eminente de degradação ambiental às autoridades competentes;d) colaboração com os agentes encarregados da fiscalização e do controle ambiental;e) ser o infrator primário e a falta cometida de natureza leve.

§ 2º Para efeito do disposto no inciso III deste artigo, serão agravantes as seguintes circunstâncias:

a) ser o infrator reincidente ou cometer a infração de forma continuada;b) ter o agente cometido a infração para obter vantagem pecuniária;

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c) ter o infrator coagido outrem para a execução material da infração;d) ter a infração conseqüência danosa à saúde pública ou ao meio ambiente;e) se, tendo conhecimento de ato lesivo à saúde pública e ao meio ambiente, o infrator deixar de tomar as providências de sua alçada para evitá-lo;f) ter o infrator agido com dolo direto ou eventual;g) a ocorrência de efeitos sobre a propriedade alheia;h) a infração atingir áreas sob proteção legal;i) o emprego de métodos cruéis no abate ou captura de animais;j) utilizar-se, o infrator, da condição de agente público para a prática da infração;l) tentativa de se eximir da responsabilidade, atribuindo-a a outrem;m) ação sobre espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção;n) impedir ou dificultar a fiscalização;o) deixar o infrator de comunicar imediatamente à FEMA a ocorrência de acidente com conseqüências ambientais.

Art. 104 A penalidade de advertência será aplicada quando for constatada a irregularidade e se tratar de primeira infração de natureza leve, fixando-se, quando for o caso, prazo para que as irregularidades sejam sanadas.

Art. 105 A penalidade de advertência não é aplicável nos casos de infração de natureza grave e gravíssima, ainda que consideradas as circunstâncias atenuantes do caso.

Art. 106 Salvo disposição em contrário, a pena de multa consistirá no pagamento do valor correspondente a:

I - nas infrações de natureza leve - de 10 (dez) UPF-MT a 100 (cem) UPF-MT;II - nas infrações de natureza grave - de 101 (cento e uma) UPF-MT a 500 (quinhentas) UPF-MT;III - nas infrações de natureza gravíssima - de 501 (quinhentas e uma) UPF-MT a 1000 (mil) UPF-MT.§ 1º O índice a ser aplicado nas infrações constantes deste artigo será a Unidade Padrão Fiscal do Estado de Mato Grosso - UPF-MT mensal ou outro índice que venha a substituí-lo.

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§ 2º Nas hipóteses de pesca, desmatamento e queimadas ilegais, o valor da multa será fixado considerando-se, respectivamente, o peso e quantidade do pescado e a dimensão da área desmatada ou queimada.

Art. 107 Em caso de reincidência, a multa corresponderá ao dobro da anteriormente imposta.

Art. 108 Em caso de continuidade da infração, a aplicação da multa poderá ser diária e progressiva, observados os limites e valores estabelecidos no Artigo 106.

Art. 109 A multa diária cessará, quando corrigida a irregularidade, nunca ultrapassando o período de 30 (trinta) dias, contados da data de sua imposição.

§ 1º Persistindo a infração após o período referido neste artigo, poderá haver nova imposição de multa diária, sem prejuízo de outras penalidades.§ 2º É facultado ao infrator, a quem for aplicada multa diária, solicitar oficialmente ao órgão competente novo prazo para sanar as irregularidades, que poderá ser concedido sem aplicação da multa diária.§ 3º Sanada a irregularidade, o infrator comunicará o fato ao órgão competente e, uma vez constatada sua veracidade, retroagirá o termo final do curso diário da multa à data da comunicação oficial.

Art. 110 Havendo concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes, a pena será aplicada em consideração à circunstância preponderante, entendendo-se como tal aquela que caracterize o conteúdo da vontade do autor ou as conseqüências da conduta assumida.

Art. 111 Independente da existência de infração, poderá ser determinada a redução ou paralisação temporária de qualquer atividade causadora de poluição, nos casos em que se caracterizar um episódio agudo de poluição ambiental que ponha em risco a saúde ou o bem-estar da população.

Parágrafo único Constatada a existência de infração ambiental, nestes casos, a penalidade será aplicada em grau máximo, podendo dar lugar cumulativamente, além de multa, à interdição temporária ou definitiva do estabelecimento.

Art. 112 A interdição temporária ou definitiva poderá ser aplicada nos seguintes casos:

I - de perigo iminente à saúde pública;II - a partir da segunda reincidência; ouIII - após o decurso de qualquer dos períodos de multa diária imposta.Parágrafo único A penalidade de interdição temporária ou definitiva será aplicada sem a observância de precedência da penalidade de advertência ou multa, no caso previsto no inciso I deste artigo.

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Art. 113 A imposição da penalidade de interdição, se definitiva, acarreta a cassação da licença e, se temporária, sua suspensão pelo período em que durar a interdição.

Parágrafo único A atividade que tiver a sua licença cassada somente poderá requerer nova licença após ter cumprido todas as exigências do órgão ambiental.

Art. 114 O embargo, assim como a interdição, deve paralisar a atividade e o seu desrespeito caracteriza crime de desobediência previsto no Código Penal.

Art. 115 A verificação da utilização irregular de equipamentos, veículos, instrumentos, máquinas, bem como o transporte irregular de produtos animais e vegetais, importará na sua imediata apreensão, mediante a lavratura do competente Termo de Apreensão.

Art. 116 A demolição será aplicada no caso de obras e construções executadas sem a devida licença do órgão ambiental ou em desacordo com a licença concedida.

Art. 117 Em caso de aplicação de penalidades concomitantes, pela União, Estado e Município, prevalecerá a que primeiro tiver sido imposta.

Art. 118 Os bens apreendidos pela fiscalização, por ato administrativo, terão a seguinte destinação:

I - aqueles cuja utilização for terminantemente proibida com relação à atividade fiscalizada, bem como os produtos dela originados, poderão ser apreendidos e destinados a órgãos ou entidades públicas, ou devolvidos sob condição, conforme dispuser o regulamento; II - sendo perecíveis, e de acordo com suas características, serão destruídos ou doados a estabelecimentos científicos, penais, hospitalares ou outros, com fins beneficentes, e associações comunitárias; na falta destes, à população carente, mediante termo de recebimento;III - leiloados, na forma da legislação em vigor.

CAPÍTULO VIIIDO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Art. 119 As infrações à legislação ambiental serão apuradas em procedimento administrativo próprio e sua instauração dar-se-á com a lavratura do Auto de Infração, em 4 (quatro) vias, devendo a segunda ser destinada a formalização do procedimento.

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Art. 120 A primeira via do Auto de Infração será entregue ao autuado, pessoa física ou jurídica, oportunidade em que será, também, cientificado de que terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentação de defesa perante o órgão ambiental.

§ 1º A intimação a que se refere este artigo dar-se-á, alternativamente, da seguinte forma:

I - pessoalmente;II - por seu representante legal ou preposto;III - por carta registrada ou com aviso de recebimento;IV - por edital, se estiver o infrator autuado em lugar incerto ou não sabido.

§ 2º Se o infrator, cientificado pessoalmente, se recusar a apor o seu CIENTE, essa circunstância será expressamente mencionada pelo agente encarregado da diligência.§ 3º O edital a que se refere o § 1º será publicado uma só vez, na imprensa oficial, considerando-se efetivada a intimação 5 (cinco) dias após a publicação.§ 4º Decorrido o prazo sem apresentação de defesa, será o autuado considerado revel, caso em que os prazos, a partir daí, correrão independentemente de intimação, salvo se, posteriormente, habilitar-se regularmente nos autos, quando então será intimado dos atos verificados após essa habilitação.

Art. 121 Os agentes dos órgãos ambientais são responsáveis administrativa e criminalmente pelas declarações constantes de Auto de Infração que subscreverem.

Art. 122 A defesa do autuado deverá, desde logo, indicar as provas que desejar produzir, devendo a autoridade administrativa, antes de proferir sua decisão, levar em consideração o pedido.

Art. 123 Constatada a revelia do infrator, ou após a apresentação de sua defesa, a autoridade administrativa formará sua convicção mediante o exame das provas constantes dos autos e, quando julgar necessário, pela audiência de sua assessoria técnica e jurídica, bem como do agente subscritor do Auto, proferindo, no prazo de 30 (trinta) dias, sua decisão.

Art. 124 Da decisão administrativa que resultar em aplicação de penalidade, caberá recurso com efeito suspensivo ao Conselho Estadual do Meio Ambiente-CONSEMA, que tramitará na forma que dispuser o regulamento.

Parágrafo único O recurso será interposto, perante a autoridade que tiver proferido a decisão administrativa, no prazo de quinze dias contados da intimação.

Art. 125 Decorrido o prazo de recurso da decisão administrativa, se esta for de

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imposição de multa, o autuado será intimado para recolher a importância respectiva à FEMA, com preenchimento de guia própria, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de um acréscimo de 10% (dez por cento) sobre o valor da multa.

§ 1º O valor da multa poderá ser parcelado, na forma do regulamento. § 2º Desde que o infrator demonstre inequívoca intenção de sanar a irregularidade, o CONSEMA, mediante requerimento do interessado, poderá sustar por até 180 (cento e oitenta) dias o recolhimento da multa aplicada.§ 3º Corrigida ou sanada a irregularidade, o CONSEMA poderá relevar o pagamento da multa cujo recolhimento tenha sido sustado nos termos do parágrafo anterior.§ 4º Persistindo a irregularidade ou revelando-se a atitude do infrator como meramente paliativa ou procrastinatória, serão cobradas imediatamente as multas sustadas na forma do § 2º, corrigidas monetariamente e com acréscimo de 30% (trinta por cento) sobre seu montante.

Art. 126 Verificado o não-recolhimento da multa, a autoridade administrativa providenciará o encaminhamento do processo para cobrança judicial.

Art. 127 A autoridade administrativa velará para que nenhum procedimento administrativo fique sem decisão por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias.

Art. 128 Esta lei complementar e suas Disposições Transitórias entram em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente:

I - a Lei nº 4.894, de 25.09.85, na sua totalidade; eII - a Lei nº 5.612, de 15.06.90, na sua totalidade.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 1º O Poder Executivo terá o prazo de um ano para baixar a regulamentação de sua responsabilidade, encaminhando ao Poder Legislativo as propostas de legislação necessárias ao bom cumprimento do disposto nesta lei complementar.

Art. 2º O Estado promoverá ampla divulgação de sua legislação ambiental, especialmente deste Código, que será distribuído nas instituições de ensino públicas e privadas.

Art. 3º Fica extinto o Fundo Especial do Meio Ambiente, instituído pelo Decreto nº 1.980, de 23 de abril de 1986.

Parágrafo único Os recursos financeiros existentes na conta do Fundo Especial do Meio Ambiente, bem como os créditos orçamentários do corrente exercício, ficam transferidos para o FUNDER.

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Art. 4º As atividades econômicas em funcionamento há mais de dois anos, a contar da data de publicação desta lei, poderão requerer Licença de Operação à FEMA, independentemente de possuírem Licença Prévia ou Licença de Instalação.

Art. 5º Até a criação e implantação do Conselho Estadual da Pesca, o CONSEMA exercerá a atribuição de definir a Política Estadual da Pesca, consultando, sempre que possível, o segmento do setor pesqueiro.

Art. 6º Todo proprietário atual de imóveis rurais, dentro do território estadual, que vier a possuir percentuais relativos de reserva legal menores que os estabelecidos no Artigo 50 e seus §§ 1º e 2º, deverá recompor o percentual de reserva legal estabelecido no mesmo, através do plantio de espécies típicas regionais, ou de espécies exóticas de ciclo longo, produtoras de madeiras nobres, nas áreas assim definidas, por si ou às suas expensas, num prazo mínimo de 5 (cinco) anos, à base de 20% (vinte por cento) ao ano, a partir da data de publicação desta lei complementar, independente de prévia notificação da FEMA.

Parágrafo único Os proprietários rurais enquadrados no caput deste artigo poderão optar por ceder a interessados, pessoas físicas ou jurídicas, em regime de comodato ou outro a ser estabelecido entre as partes, as áreas de reserva legal degradadas, para reflorestamento, desde que obedecidos os prazos fixados nesta lei.

Art. 7º Ficam ressalvados os direitos dos proprietários que tenham promovido alterações nas áreas de preservação permanente ou reserva legal, além dos limites estabelecidos nesta lei, mas em concordância com o que estabelece o Código Florestal Brasileiro.

Art. 8º A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA promoverá, dentro de um ano após a aprovação desta lei, a identificação das barragens, diques e aterros existentes no Pantanal Mato-grossense, fixando, aos proprietários, prazos para a remoção dos mesmos, se constatado que deles decorrem significativos danos ao ecossistema.

Art. 9º A Fundação Estadual do Meio Ambiente-FEMA promoverá anualmente cursos de atualização na área de proteção ao meio ambiente, objetivando a capacitação do seu quadro técnico, dos agentes de fiscalização, policiais florestais e delegados de Polícia.

Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 21 de novembro de 1995

DANTE MARTINS DE OLIVEIRA

Governador do Estado

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(D.O. 21.11.95.)

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LEI N° 7.330, DE 27 DE SETEMBRO DE 2000

Institui o sistema de compensação entre áreas de reserva legal alterada em áreas de Unidades de Conservação Estaduais e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO, tendo em vista o que dispõe o art. 42 da Constituição Estadual, sanciona a seguinte lei:

Art. 1° Todo proprietário de imóvel rural do Estado de Mato Grosso que, na data de publicação desta lei, tiver os percentuais de reserva legal menor que os estabelecidos no art. 62 da Lei Complementar nº 38, de 21 de novembro de 1995 (Código Estadual do Meio Ambiente), poderá optar, para proceder à obrigatória regularização, pelas seguintes modalidades:

I - recompor o percentual de reserva legal através do plantio de espécies típicas (nativas) da área a ser reconstituída, de acordo com orientação de Projeto Técnico elaborado por profissional habilitado e aprovação da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA;II - compensação, através da alienação gratuita ao patrimônio público estadual, de áreas situadas dentro das Unidades de Conservação Estaduais representativas do ecossistema da reserva legal degradada.

Art. 2º As pessoas físicas ou jurídicas interessadas na modalidade de compensação através da alienação ao patrimônio público estadual, de áreas situadas dentro das Unidades de Conservação Estaduais, devem protocolar requerimento junto à FEMA cumprindo as equivalências estabelecidas no Anexo I desta lei.

Art. 3º A aquisição de áreas dentro das Unidades de Conservação Estaduais será de responsabilidade do proprietário de imóvel rural interessado em efetivar o sistema de compensação, cabendo à FEMA aprovar o estado de conservação e localização da área, que deverá estar necessariamente confrontando com áreas de propriedade do Estado.

Art. 4º A FEMA realizará a análise técnica dos requerimentos dentro do prazo de 30 (trinta) dias, sendo o seu parecer técnico conclusivo encaminhado à Procuradoria-Geral do Estado para análise e formalização jurídica da transação.

Art. 5º A escritura por instrumento público, relativa ao imóvel alienado ao patrimônio do Estado, devidamente registrada e com respectiva matrícula no cartório competente do registro de imóveis da comarca de circunscrição, é o instrumento apropriado que permitirá à FEMA liberar Certidão de Regularização referente à reserva legal.

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Art. 6º A FEMA fornecerá apoio necessário ao Ministério Público Estadual visando ao ajuizamento de ação civil pública contra os proprietários de imóvel rural que não tenham comprovadamente os percentuais de reserva legal estabelecidos na legislação ambiental.

Art. 7º O desmatamento ou alteração indevida da cobertura vegetal situada na área de reserva legal das propriedades constitui infração considerada gravíssima, conforme disposto no art. 63 da Lei Complementar nº 38/95, ficando o infrator sujeito à multa de 100 (cem) UPF’s/MT, por hectare descaracterizado.

Art. 8º Fica a FEMA autorizada a efetuar a cobrança pelo serviço de análise e inspeção na área objeto do sistema de compensação no valor máximo de 2 (duas) UPF’s/MT, por hectare de área a ser oferecida para alienação ao Poder Público.

Art. 9º Na regulamentação da presente lei, serão estabelecidas as condições para reposição ou compensação da reserva legal relativa aos imóveis que não dispõem da área mínima exigida, e definidas as espécies nativas e exóticas para cultivo.

Art. 10 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 11 Revogam-se as disposições em contrário. DANTE MARTINS DE OLIVEIRAGovernador do Estado

(D.O. De 27.09.00)

ANEXO I

Sistema de equivalência para compensação entre Reserva Legal alterada com áreas de propriedades situadas

dentro de Unidades de Conservação Estaduais. Área de Reserva Legal Alterada

(ha)Data de Protocolo

requerendo o sistema de compensação

Área de propriedade dentro da unidade de conservação

(ha)

01 até dezembro de 2001 0101 até dezembro de 2002 0201 até dezembro de 2003 0301 após dezembro de 2003 05

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RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001-A, DE 23 DE JANEIRO DE 1986

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o inciso II do artigo 7º do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, alterado pelo Decreto nº 91.305, de 3 de junho de 1985, e o artigo 48 do mesmo diploma legal, e considerando o crescente número de cargas perigosas que circulam próximas a áreas densamente povoadas, de proteção de mananciais, reservatórios de água e de proteção do ambiente natural, bem como a necessidade de se obterem níveis adequados de segurança no seu transporte, para evitar a degradação ambiental e prejuízos à saúde, RESOLVE:

Art. 1º - Quando considerado conveniente pelos Estados, o transporte de produtos perigosos, em seus territórios, deverá ser efetuado mediante medidas essenciais complementares às estabelecidas pelo Decreto nº 88.821, de 6 de outubro de1983.

Art. 2º - Os órgãos estaduais de meio ambiente deverão ser comunicados pelo transportador de produtos perigosos, com a antecedência mínima de setenta e duas horas de sua efetivação, a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.

Art. 3º - Na hipótese de que trata o artigo 1º, o CONAMA recomendo aos órgãos estaduais de meio ambiente que definam em conjunto com os órgãos de trânsito, os cuidados especiais a serem adotados.

Art. 4º - A presente Resolução, entra em vigor na data de sua publicação.

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RESOLUÇÃO CONAMA Nº 009, DE 06 DE DEZEMBRO DE 1990

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 79, inciso II, do Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 17 do mesmo Decreto, e

Considerando a necessidade de serem editadas normas específicas para o Licenciamento Ambiental de Extração Mineral das classes I, III, IV, V, VI, VII,VIII e IX (Decreto-Lei nº 227, 28 de fevereiro de 1967), e tendo em vista o disposto no artigo 18, do Decreto nº 98.812, de 09/01/90, RESOLVE:

Art 1º - A realização da pesquisa mineral quando envolver o emprego de guia de utilização, fica sujeita ao licenciamento ambiental pelo órgão competente.

Parágrafo Único - O empreendedor deverá requerer ao órgão ambiental competente a licença de operação para pesquisa mineral, nos casos previstos no caput deste artigo, apresentando o plano de pesquisa mineral, com a avaliação do impacto ambiental e as medidas mitigadoras a serem adotadas.

Art 2º - Para o empreendedor exercer as atividades de lavra e/ou beneficiamento mineral das classes I, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX, excetuado o regime de permissão de lavra garimpeira. deverá submeter seu pedido de licenciamento ambiental ao órgão estadual de meio ambiente ou ao IBAMA, quando couber, prestando todas as informações técnicas sobre o respectivo empreendimento, conforme prevê a legislação ambiental vigente, bem como atender ao disposto nesta Resolução.

Parágrafo 1º - O empreendedor, quando da apresentação do Relatório de Pesquisa Mineral ao DNPM, deverá orientar-se junto ao órgão ambiental competente sobre os procedimentos para habilitação ao licenciamento ambiental.Parágrafo 2º - As solicitações da Licença Prévia - LP, da Licença de Instalação - LI e da Licença de Operação -LO deverão ser acompanhadas dos documentos relacionados nos anexos I, II e III desta Resolução, de acordo coma fase do empreendimento, salvo outras exigências complementares do órgão ambiental competente.

Art. 3º - Caso o empreendimento necessite ser licenciado por mais de um Estado, dada a sua localização ou abrangência de sua área de influência, os órgãos estaduais deverão manter entendimento prévio no sentido de, na medida do possível, uniformizar as exigências.

Parágrafo Único - O IBAMA será o coordenador entre os entendimentos previstos neste artigo.

Art. 4º - A Licença Prévia deverá ser requerida ao órgão ambiental competente,

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ocasião em que o empreendedor deverá apresentar os Estudos de Impacto Ambiental com o respectivo Relatório de Impacto Ambiental, conforme Resolução/conama/nº 01/86, e demais documentos necessários.

Parágrafo Único - O órgão ambiental competente, após a análise da documentação pertinente, decidirá sobre a concessão da LP.

Art. 5º - A Licença de Instalação deverá ser requerida ao meio ambiental competente, ocasião em que o empreendedor deverá apresentar o Plano de Controle Ambiental-PCA, que conterá os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na fase da LP, acompanhado dos demais documentos necessários.

§ lº - O órgão ambiental competente, após a análise do PCA do empreendimento e da documentação pertinente, decidirá sobre a concessão da LI.§ 2º - O ambiental competente, após a aprovação do PCA do empreendimento, concederá a Licença de Instalação. § 3º - O órgão ambiental competente solicitará ao empreendedor a autorização de desmatamento, quando couber.

Art. 6º - A concessão da Portaria de lavra ficará condicionada à apresentação ao DNPM, por parte do empreendedor, da Licença de Instalação.

Art. 7º - Após a obtenção da Portaria de lavra e a implantação dos projetos constantes do PCA, aprovados quando da concessão da Licença de Instalação, o empreendedor deverá requerer a Licença de Operação, apresentando a documentação necessária.

§ 1º - O órgão ambiental competente, após a verificação da implantação dos projetos constantes do PCA e a análise da documentação pertinente, decidirá sobre a concessão da LO.§ 2º - O órgão ambiental competente, após a comprovação da implantação dos projetos do PCA, concederá a Licença de Operação.

Art. 8º - O órgão ambiental competente, ao negar a concessão da Licença. em qualquer de suas modalidades, comunicará o fato ao empreendedor e ao DNPM, informando os motivos do indeferimento.

Art. 9º - O não cumprimento do disposto nesta Resolução acarretará aos infratores as sanções previstas nas Leis nº 6.938, de 31/08/81 e 7.805, de 18/07/89, regulamentadas pelos Decretos nº 99.274, de 06/06/90 e no 98.812, de 09/01/90, e demais leis específicas

Art. 10º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

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Tânia Maria Tonelli Munhoz José A. Lutzenberger

(D.O.U, de 28/12/90)

Minerais das Classes I, III, I, V, VI, VII, VIII e IX

ANEXO I

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

LICENÇA PRÉVIA - LP (fase de planejamento eviabilidade do empreendimento)

1 - Requerimento da L.P. 2 - Cópia da publicação do pedido da L. P.3 - Certidão da Prefeitura Municipal4- Estudos de Impacto Ambiental - EIA e seurespectivo Relatório de Impacto Ambiental -RIMA, conforme Resolução/conama/nº01/86

ANEXO II

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

LICENÇA DE INSTALAÇÃO LI( fase de desenvolvimentoda mina, de instalação docomplexo minerário, inclusivea usina, e implantação dosprojetos de controle ambiental

1 - Requerimento da LI 2 - Cópia da publicação do pedido da LI3 - Cópia da publicação da concessão da LP4- Cópia da comunicação do DNPM julgandosatisfatório ao PAE - Plano de Aproveita-mento Econômico5 - Plano de Controle Ambiental6- Licença para desmate expedida pelo órgãocompetente, quando for o caso

ANEXO III

TIPO DE LICENÇA DOCUMENTOS NECESSÁRIOS LICENÇA DE OPERÇÃO - (fase de lavra, beneficiamentoe acompanhamento de sistemasde controle ambiental)

1 - Requerimento da LO 2 - Cópia publicação do pedido de LO3 - Cópia da publicação da concessão da LI4 - Cópia autenticada da Portaria de Lavra

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RESOLUÇÃO CONAMA N.º 011, DE 06 DE DEZEMBRO DE 1990

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada pela Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, do 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e

Considerando o Decreto nº 99.547, de 25/05/90, que dispõe sobre a vedação do corte, e da respectiva exploração, da vegetação nativa da mata Atlântica, bem como a Portaria/IBAMA/nº 218, de 04/05/89;

Considerando que o objetivo maior dos Decretos do Excelentíssimo Senhor Presidente da República e conseqüentes Portarias do IBAMA sobre as medidas para evitar a degradação florestal do Brasil, incluindo-se os remanescentes finais da Mata Atlântica;

Considerando que os órgãos ambientais estaduais tem encontrado dificuldades de interpretar o alcance das restrições de exploração, notadamente no tocante a fiscalização de exploração das florestas Atlânticas e sistemas secundários cujos termos estão pouco claros.

Considerando que os critérios ora em uso para elaboração de Planos de Manejo e Licenciamento de Operação Florestal são pouco objetivos e inadequados ao processo de desenvolvimento sustentado, RESOLVE:

Art. 1º - Determinar ao IBAMA que para os efeitos da legislação conceitue e defina áreas de ocorrência de "florestas nativas", "formações florestais sucessoras nativas de Mata Atlântica", "vegetação nativa de Mata Atlântica" e "formações florestais".

Art. 22 - Determinar ao IBAMA que institua um Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar uma proposta de Anteprojeto de Lei regulamentando o § 4º do Art. 225 da Constituição Federal, no que se refere a Mata Atlântica.

Parágrafo Único - Na composição do Grupo de Trabalho a que se refere o caput deste artigo deve se garantir a participação efetiva das Unidades Federadas, interessadas especialmente dos Estados da Zona Costeira, e da Sociedade Civil

Art. 3º - Recomendar ao IBAMA que reveja os critérios para elaboração de Planos de Menejo e demais Autorizações de Exploração Florestal.

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Art. 4º - Estabelecer o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias paraapresentação dos resultados dos trabalhos ao CONAMA, assim como, o Plano de Ação Fiscalizadora que o IBAMA vem empreendendo para assegurar o cumprimento dos dispositivos legais de proteção da Mata Atlântica.

Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

(D.O.U. De 28/12/90)

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RESOLUÇÃO Nº 237 , DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições e competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e

Considerando a necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental, de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente;

Considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento ambiental os instrumentos de gestão ambiental, visando o desenvolvimento sustentável e a melhoria contínua;

Considerando as diretrizes estabelecidas na Resolução CONAMA nº 011/94, que determina a necessidade de revisão no sistema de licenciamento ambiental;

Considerando a necessidade de regulamentação de aspectos do licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente que ainda não foram definidos;

Considerando a necessidade de ser estabelecido critério para exercício da competência para o licenciamento a que se refere o artigo 10 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981;

Considerando a necessidade de se integrar a atuação dos órgãos competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA na execução da Política Nacional do Meio Ambiente, em conformidade com as respectivas competências, resolve:

Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:

I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou

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jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.III – Impacto Ambiental Regional: é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.

Art. 2º- A localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

§ 1º- Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução. § 2º- Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade.

Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.

Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.

Art. 4º - Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

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I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados;III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País ou de um ou mais Estados;IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica.§ 1º - O IBAMA fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.§ 2º - O IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o licenciamento de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando possível, as exigências.

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais Municípios;IV – delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio.Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento de que trata este artigo após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos Municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento.

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Art. 6º - Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.

Art. 7º - Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores.

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.

Art. 9º - O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.

Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:

I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

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IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.§ 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes.§ 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a necessidade de nova complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular novo pedido de complementação.

Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.

Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.

Art. 12 - O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação.

§ 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente.

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§ 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades.§ 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental.

Art. 13 - O custo de análise para a obtenção da licença ambiental deverá ser estabelecido por dispositivo legal, visando o ressarcimento, pelo empreendedor, das despesas realizadas pelo órgão ambiental competente.

Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor acesso à planilha de custos realizados pelo órgão ambiental para a análise da licença.

Art. 14 - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses.

§ 1º - A contagem do prazo previsto no caput deste artigo será suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor.§ 2º - Os prazos estipulados no caput poderão ser alterados, desde que justificados e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente.

Art. 15 - O empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e complementações, formuladas pelo órgão ambiental competente, dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da respectiva notificação

Parágrafo Único - O prazo estipulado no caput poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão ambiental competente.

Art. 16 - O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao arquivamento de seu pedido de licença.

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Art. 17 - O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo requerimento de licença, que deverá obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo pagamento de custo de análise.

Art. 18 - O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos:

I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos.III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos.§ 1º - A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos nos incisos I e II§ 2º - O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores.§ 3º - Na renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade, após avaliação do desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, respeitados os limites estabelecidos no inciso III.§ 4º - A renovação da Licença de Operação(LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Art. 20 - Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias,

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deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição profissionais legalmente habilitados.

Art. 21 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, aplicando seus efeitos aos processos de licenciamento em tramitação nos órgãos ambientais competentes, revogadas as disposições em contrário, em especial os artigos 3o e 7º da Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986.

GUSTAVO KRAUSE GONÇALVES SOBRINHOPresidenteRAIMUNDO DEUSDARÁ FILHOSecretário-Executivo

ANEXO 1 ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS

SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Extração e tratamento de minerais- pesquisa mineral com guia de utilização- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento- lavra garimpeira- perfuração de poços e produção de petróleo e gás naturalIndústria de produtos minerais não metálicos- beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração- fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros.

Indústria metalúrgica- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos- produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro- produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia- relaminação de metais não-ferrosos , inclusive ligas- produção de soldas e anodos- metalurgia de metais preciosos- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas- fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia- fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia - têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície

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Indústria mecânica- fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico e/ou de superfície

Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações- fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores- fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e informática- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos

Indústria de material de transporte- fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios- fabricação e montagem de aeronaves- fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes

Indústria de madeira- serraria e desdobramento de madeira- preservação de madeira- fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada- fabricação de estruturas de madeira e de móveis

Indústria de papel e celulose- fabricação de celulose e pasta mecânica- fabricação de papel e papelão- fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada

Indústria de borracha- beneficiamento de borracha natural- fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos- fabricação de laminados e fios de borracha- fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha , inclusive látex

Indústria de couros e peles- secagem e salga de couros e peles- curtimento e outras preparações de couros e peles- fabricação de artefatos diversos de couros e peles- fabricação de cola animal

Indústria química- produção de substâncias e fabricação de produtos químicos- fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira- fabricação de combustíveis não derivados de petróleo- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex

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sintéticos- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos- recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais- fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos- fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes- fabricação de fertilizantes e agroquímicos- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários- fabricação de sabões, detergentes e velas- fabricação de perfumarias e cosméticos- produção de álcool etílico, metanol e similares

Indústria de produtos de matéria plástica- fabricação de laminados plásticos- fabricação de artefatos de material plástico

Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos- fabricação e acabamento de fios e tecidos- tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos- fabricação de calçados e componentes para calçados

Indústria de produtos alimentares e bebidas- beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares- matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal- fabricação de conservas- preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados- preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados- fabricação e refinação de açúcar- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais- produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação- fabricação de fermentos e leveduras- fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais- fabricação de vinhos e vinagre- fabricação de cervejas, chopes e maltes- fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação de águas minerais- fabricação de bebidas alcoólicas

Indústria de fumo- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo

Indústrias diversas

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- usinas de produção de concreto- usinas de asfalto- serviços de galvanoplastia

Obras civis- rodovias, ferrovias, hidrovias , metropolitanos- barragens e diques- canais para drenagem- retificação de curso de água- abertura de barras, embocaduras e canais- transposição de bacias hidrográficas- outras obras de arte

Serviços de utilidade- produção de energia termoelétrica-transmissão de energia elétrica- estações de tratamento de água- interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário- tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos)- tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros- tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas- dragagem e derrocamentos em corpos d’água- recuperação de áreas contaminadas ou degradadas

Transporte, terminais e depósitos- transporte de cargas perigosas- transporte por dutos- marinas, portos e aeroportos- terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos- depósitos de produtos químicos e produtos perigosos

Turismo- complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos

Atividades diversas- parcelamento do solo- distrito e pólo industrial

Atividades agropecuárias- projeto agrícola - criação de animais - projetos de assentamentos e de colonização

Uso de recursos naturais- silvicultura- exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais

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- atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre- utilização do patrimônio genético natural- manejo de recursos aquáticos vivos- introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas- uso da diversidade biológica pela biotecnologia

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RESOLUÇÃO CONAMA NO 254, DE 15 DE ABRIL DE 1999

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei no 6.938 de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto no 99.274 de 6 junho de 1990, e tendo em vista o disposto no seu Regimento Interno,

Considerando que estudos recentes demonstram o agravamento do quadro de desmatamento em todos os biomas, com impactos negativos irreversíveis sobre a diversidade biológica e cultural, sobre a qualidade e produtividade dos mananciais hídricos, sobre a produtividade agrícola e sobre a qualidade de vida de milhares de brasileiros;

Considerando que para cumprimento da Convenção sobre Biodiversidade Biológica, aprovada na Rio-92 e tornada Lei através da ratificação pelo Congresso Nacional em 1994, foi criado o Programa Nacional de Diversidade Biológica (PRONABIO) que está elaborando a proposta de estratégia nacional da biodiversidade;

Considerando que o PRONABIO está coordenado e financiando a realização de workshops em todos os biomas brasileiros para, com base em vários estudos já existentes, avaliar a situação e definir ações prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, que deverão ocorrer até setembro próximo;

Considerando que recentemente foram aprovados novos dispositivos legais, como a Lei de Crimes Ambientais e a Lei Nacional de Recursos Hídricos;

Considerando que o crescimento da produtividade da agricultura nos últimos anos coloca o setor em posição de destaque frente à situação econômica que o país atravessa;

Considerando que há consenso entre os setores ambientalistas, órgãos de governo e setores empresariais que é necessário atualizar o Código Florestal;

Considerando que o Código Florestal, principal dispositivo legal que regula as relações entre conservação dos recursos naturais e produção agrícola foi editado em 1965;

Considerando que há vários estudos desenvolvidos por especialistas e propostas elaboradas por governos estaduais no sentido de promover esta atualização, resolve:

Art. 1o Fica criada a Câmara Técnica Temporária com o objetivo de elaborar uma proposta de anteprojeto de lei que atualize o Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965).

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Art. 2o A Câmara terá a seguinte composição:I - conselheiro representante das entidades ambientalistas da Região Centro-Oeste;II - conselheiro representante das entidades ambientalistas da Região Nordeste;III - conselheiro representante da Confederação Nacional da Indústria - CNI;IV - conselheiro representante da Confederação Nacional da Agricultura - CNA;V - conselheiro representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG;VI - conselheiro representante Governo do Estado do Acre;VII - conselheiro representante Governo do Estado de São Paulo;VIII - conselheiro representante da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente - ANAMMA;IX - conselheiro representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; eX - conselheiro representante do Ministério do Meio Ambiente.

Art. 3o Os trabalhos Câmara terão a duração de 1 (um) ano, sendo a proposta de anteprojeto de lei para a reforma do Código Florestal deverá ser apresentada ao Plenário dentro do prazo de 6 (seis) meses, restando o semestre seguinte para acompanhamento do processo legislativo.

Art. 4o Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.1.1.1.2.José Sarney FilhoPresidente do Conselho 1.2.1.José Carlos CarvalhoSecretário Executivo

(DOU de 14.06.99)

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IV- COMPROMISSOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, CELEBRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO, EM CASOS CORRELATOS À MATÉRIA

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IV.I- CASO DA “FAZENDA PRATA”, NO MINICÍPIO DE CÁCERES/MT

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA(art. 5º, § 6º, da Lei 7.347, de 24.7.85)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, pelo Promotor de Justiça e Curador do Meio Ambiente de Cáceres-MT, abaixo assinado, e XXXXX XXXXXXX, brasileiro, casado, XXXXX XXXXXXX, portador do RG n.º XXXXX SSP-XX, nascido aos XX-XX-XXXX, em XXXXXXX-XX, filho de XXXXX XXXXXXX e XXXX XXXXXXX, residente e domiciliado na cidade de XXXXX XXXXX-XX, na Rua XXXXXX, n.º XX, bairro XXXXXXX, telefones 0XX XXX-XXXX / 0XX XXX XXXX, que este também subscreve, doravante chamado de COMPROMISSÁRIO, nos autos do procedimento investigatório administrativo preliminar, em trâmite na Promotoria de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos, com base no laudo pericial anexo, celebram acordo nos seguintes termos:

2.1. O COMPROMISSÁRIO é o proprietário da Fazenda Prata, com XX.XXX,XXXX ha, situada no distrito (em fase de emancipação) do distrito de XXXXXXX, zona rural do município de Cáceres-MT (com coordenadas geográficas de XXº XX' XX" WGr e XXº XX' XX" S), com os seguintes limites e confrontações: ao norte com propriedades de XXXXX XXXXXXX, XXXX XXXXXXX e XXXX XXXXXXX e XXXX XXXXXXX e Outros; ao Sul com Gleba XXXXX, de XXXX XXXXXXX e Colônia Nacional da XXXXXXXX; a leste com Rio XXXXXXX, Irmãos XXXXXX, XXXX XXXXXXX e XXXX XXXXXXX; a oeste com XXXXX XXXXXXX XXXX, XXXX XXXXX, Rio XXXXXX, Gleba XXXXXX e XXXXXX XXXXXX;

2. O COMPROMISSÁRIO se obriga reflorestar a área indicada no laudo de vistoria técnica apresentado pelo perito nomeado pela Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres-MT, na área de reserva legal existente em referida propriedade (conforme averbações nas matrículas n.ºs XX.XXX AV X, XX.XXX AV. X, XX.XXX AV X, XX.XXX AV. X, XX.XXX AV X, XX.XXX AV X, X.XXX AV X, X.XXX AV X, X.XXX AV X e X.XXX AV. X, do Cartório do XXXXXX Ofício da Comarca de Cáceres-MT), até XX de janeiro de 2000;

3. Referida área deverá ser recomposta com o plantio de duas mil e oitocentas mudas de Mogno (Swietenia macrophylla),

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mil mudas de Aroeira (Astronium urundeuva), mil mudas de Cedro Rosa (Cedrela odorata), mil mudas de Ipê (Tabebuia spp) e mil mudas de Peroba (Aspidosperma spp).

4. Deverá o Compromissário observar, quanto ao plantio das mudas:

4.1. Todas as mudas deverão ser marcadas com balizas (no tamanho de 80 cm de altura e 5 cm de espessura), pintadas em vermelho vivo em uma faixa longitudinal de 10 cm;

4.2. O espaçamento será definido em campo, orientado pelos seguintes critérios: a) a muda não deverá ser plantada próxima a árvores de sua espécie, já existente na floresta, em distância inferior a, pelo menos, 30 metros; b) não se plantará mais de dez mudas da mesma espécie e nem 40 mudas de espécies diferentes por hectare; c) em se tratando de mudas da mesma espécie, deverá ser observado o distanciamento mínimo de vinte metros, e em se tratando de mudas de espécies diferentes, quinze metros;

4.3. A espécie Mogno (Swietenia macrophylla), deverá ser plantada em locais de floresta, e as espécies Ipê (Tabebuia spp) e Peroba (Aspidosperma spp) deverão ser plantadas em locais de floresta ou savana arbórea densa, em pontos que tenham penetração de sol (carreadores ou clareiras);

4.4. A espécie Cedro Rosa (Cedrela odorata) deverá ser plantada em floresta ou savana arbórea densa, em locais de "sub-bosque" (vegetação rasteira e arbustiva);

4.5. Os cursos d'água deverão ser priorizados, com o plantio de vários exemplares em suas proximidades;

4.6. Em volta dos locais de aberturas de covas, deverá ser procedida uma limpeza num raio mínimo de um metro (coroamento);

4.7. O COMPROMISSÁRIO se compromete a replantar as mudas que morrerem, bem como aquelas que apresentarem pouco desenvolvimento vegetativo, substituindo-as, e, ainda, adotar todas as providências necessárias para evitar o perecimento das espécies plantadas, mormente com relação ao trato silvicultural;.

4.8. A manutenção das mudas deverá ocorrer até o terceiro ano.

5.O Compromissário se compromete a delimitar, até XX de

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janeiro de 2000, a área de reserva legal, em mapa, bem como promover o seu isolamento, cercando nos locais onde possa ocorrer entrada de gado, e, também, construir e manter em sua volta aceiros, a fim de evitar o fogo

6.O Compromissário se obriga ao pagamento das despesas e honorários do perito nomeado pelo Ministério Público, ora apresentados no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

7.O não cumprimento das obrigações aqui assumidas pelo COMPROMISSÁRIO, até as datas fixadas nos itens 2, 4.8 e 5, implicará no pagamento de multa diária correspondente a cinco salário mínimo vigente na data do inadimplemento, até a satisfação integral do encargo aqui assumido, sendo que o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito (Banco do Brasil, agência de Cáceres-MT), em conta com correção monetária, para posterior repasse ao fundo previsto no art. 13, da Lei 7.347/85.

8.A fiscalização do cumprimento do compromisso ora firmado será feita pela FEMA ou outro órgão que vier a ser indicado pelo Ministério Público, através da Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres-MT.

9.O COMPROMISSÁRIO se obriga a não utilizar nas áreas de preservação permanente e reserva legal, herbicida ou qualquer outro agrotóxico que possa prejudicar a vegetação daqueles espaços e que comprometam o desenvolvimento das plantas.

E, por estarem assim combinados, firmam o presente compromisso, em quatro vias.

Cáceres-MT, XX de janeiro de 1999.

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IV.II- CASO DO “CÓRREGO SANGRADOURO”, NO MINICÍPIO DE CÁCERES/MT

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA(art. 5º, § 6º, da Lei 7.347, de 24.7.85)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, pelo Promotor de Justiça e Curador do Meio Ambiente de Cáceres-MT, abaixo assinado, e Município de Cáceres-MT, neste ato representado pelo Sr. Prefeito Municipal, que este também subscreve, doravante chamado de COMPROMISSÁRIO, e SANEOESTE - CONSTRUÇÕES CENTRO OESTE LTDA, nos autos do processo nº 153/98 (Ação Civil Pública Reparatória de Danos), em trâmite pelo Juízo de Direito da 3ª Vara Cível desta Comarca de Cáceres-MT, com base nos laudos periciais, vistorias e projetos constantes do processo e em anexo, celebram acordo nos seguintes termos, visando a extinção de referido feito:

1. O COMPROMISSÁRIO é o responsável pela execução da obra "Canalização do Córrego Sangradouro", ainda inacabada, cujo início deu-se em 16-9-97;

Do Reflorestamento e Limpeza das Margens do Córrego Sangradouro

2. Para fins de reflorestamento, o perímetro do Córrego Sangradouro (da Rodoviária até a Rua do antigo Orfanato da Dona Chiquinha, no bairro Lavapés) de aproximadamente 5.380 m, foi dividido em 17 pontos e dez etapas (anexos 01 e 02);

3. O Compromissário fica obrigado a proceder a limpeza de mencionado trecho, com retirada de entulhos e lixos das margens e das águas do Córrego Sangradouro (da Rodoviária para cima, até as proximidades da Nascente do Córrego Sangradouro, na Serra do Bom Jardim), até o dia 30-10-98;

4. O Compromissário fica obrigado também ao reflorestamento - com início em 30-11-98, devendo ser concluído até 30-4-2000 - (pontos 01 a 17,

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constantes dos anexos 01 e 02), com vegetação pertencente à flora regional, a saber: Inga sp (ingá), Genipa americana (jenipapo), Byrsonima sp (canjiquinha), Psidium guineese (araçá), Austroplenckia sp (marmelo), Tabebuia aurea (paratudo), Bactris glaucescens (tucum), Curatella americana (lixeira), Qualea sp (pau terra), Stryphnodendron olovatum (barbamitão), Triplaris americana (novateiro), Vochysia divergens (cambará), Tabebuia sp (ipê), Cordia glabrata (louro preto), Mauritia vinifera (buriti), Hymenaea sp (jatobá), Caruyocar brasiliense (pequi), Salacia elliptica (siputá), Astronuim sp (aroeira), Anadenanthera sp (angico), Enterolobium contortisiliquum (ximbuva), Acrocomia aculeata (bocaiúva), Scheelea phalerata (bacuri) e Talisia esculenta (pitomba), em quantidades de mudas conforme o especificado nos anexos (total de 6.906 mudas), sendo que o espaçamento entre as plantas de primeira linha é de dois metros, e o espaçamento entre as plantas da segunda linha é de quatro metros, adotando o espaço de dois metros entre as linhas;

5. As plantas que sucumbirem deverão ser substituídas pelo Compromissado, no prazo de trinta dias após comunicação, o que será feito pela Curadoria do Meio Ambiente, com base em vistoria da UNEMAT ou órgão ambientalista governamental;

6. Na total impossibilidade de se conseguir determinada muda, conforme relação constante do item 4, poderá ser substituída, por outra a ser indicada pela Curadoria do Meio Ambiente, com base em parecer técnico da UNEMAT;

7. O Compromissário se obriga a, com a participação e subsídios da Prefeitura Municipal, UNEMAT e EMPAER, apresentar projeto de reflorestamento, atendendo o disposto neste acordo e anexos, até o dia 30-10-98, junto à Curadoria do Meio Ambiente;

Da Urbanização e Criação de Espaços Culturais e Esportivos

8. O Compromissário se obriga a apresentar, junto à Curadoria do Meio Ambiente, até o dia 30-9-98, projeto de urbanização da área canalizada, com previsão de plantio de árvores nativas e criação de espaços culturais e esportivos, cujas obras deverão se iniciar no prazo máximo de seis meses, após o término da canalização;

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Da Educação Ambiental e Outras Medidas Junto aos Munícipes

9. O Compromissário fica obrigado a manter um convênio com a UNEMAT, - com início em 30-9-98 - objetivando o desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental, na bacia de contribuição do Córrego Sangradouro, dirigida à população ribeirinha e aos usuários, abrangendo os seguintes pontos: lixo, esgotos e efluentes, programa de construção de fossas sépticas e sumidouros;

10. Para o desenvolvimento dos trabalhos de educação ambiental, deverá o Compromissário:

a) determinar a confecção de todos os impressos necessários (cartilhas, cartazes etc.), em papel reciclado, quando possível, cujos textos e desenhos serão aproveitados, em parte, do "Projeto Educação Ambiental Enfoque Córrego Sangradouro", que já é desenvolvido pela UNEMAT, com as adaptações necessárias, mediante acompanhamento da Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres-MT;

b) fornecer todos os bens de consumo e materiais permanentes, necessários ao projeto, a saber: duas caixas de canetas para transparência, oitenta canetas comum, uma resma de cartolina, cinco cartuchos de tinta para impressora HP 692, cem tubos de cola, três caixas de disquetes, trinta filmes de 36 poses, asa 100, 30 filmes slides 36 poses, 10 rolos de fita adesiva, duas fitas super VHS, dois mil litros de combustível, quatro grampeadores, dez caixas de grampo, quatro caixas de lápis, quatro caixas de papel contínuo, papel crepom colorido (mil unidades), quatro resmas de papel pardo, vinte e cinco resmas de papel sulfite, cem pastas com elástico, trinta pincéis atômicos diversas cores, tecido morim branco (cinqüenta unidades), vinte tubos de tinta para pincel atômico, vinte tubos de tinta para tecido, cinco caixas de papel transparência para impressora, quatro perfuradores de papel e quatro tesouras;

c) fornecer, ainda que em comodato, ou através de cedência de outros órgãos da administração pública municipal ou governamentais, os seguintes materiais permanentes: um arquivo de aço, uma caixa de

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som amplificada (Frahm C A 300 watts), um gravador portátil, uma máquina fotográfica com lente 35 zoom 219 mm, um microfone SM 58 Leson, um aparelho Potência CP 350 Cicloton, um Retroprojetor, um televisor 20 polegadas, um aparelho de vídeo cassete, que deverão ser solicitados, à administração pública municipal, pela UNEMAT, com antecedência mínima de dez dias;

11. O Compromissário deverá entregar os bens descritos no item 10, letras "a" e "b", aos responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho de Educação Ambiental, na UNEMAT, até o dia 30-9-98. Em não sendo suficientes os bens de consumo acima relacionados para a demanda do projeto, o Compromissário se obriga a fornecer, no prazo de dez dias, após recebimento da solicitação, demais bens necessários;

12. O Compromissário, mediante as medidas administrativas que entender cabíveis, através de intensa fiscalização e trabalho de campo da Vigilância Sanitária Municipal, utilizando-se de seu poder de polícia, ou mediante delegação à UNEMAT, se obriga a:

12.1. identificar os contribuintes na área de influência (Bacia do Sangradouro) que estão despejando efluentes no Córrego Sangradouro, diretamente ou por intermédio dos canos destinados as águas fluviais;

12.2. proceder diagnóstico e itemização das providências para eliminação das irregularidades, notificando os contribuintes para, em prazo não superior a trinta dias, saná-las, sob pena de aplicação das sanções cabíveis à espécie;

13. As providências acima (item 12, letras "a" e "b") deverão ser iniciadas a partir de 30-9-98, e ter continuidade durante doze meses, podendo, obviamente, a critério do Município de Cáceres, se estender por mais tempo, caso verificada a necessidade;

14. Mensalmente, a partir de 30-10-98, o Compromissário se obriga a encaminhar, à Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres, relatório sucinto sobre as providências adotadas relativamente às alíneas a e b, do item 12, contendo, também, os nomes e endereços dos contribuintes notificados.

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Da Ponte Branca

15. O Compromissário se obriga a construir, com a participação da sociedade civil, a ser mobilizada pela Comissão "Pró-Reconstrução da Ponte Branca", réplica da Ponte Branca, utilizando a mesma técnica adotada para sua edificação, conforme consta do contrato assinado em 07 de abril de 1910, celebrado, à época, entre o Sr. Luiz da Costa Garcia e a Intendência Municipal de São Luiz de Cáceres, respeitadas, no entanto, as modificações procedidas posteriormente, verificadas quando de sua demolição, na madrugada do dia 19-5-98: "Uma ponte de alvenaria com 12 x 4,5 m e 4 m de altura, assentado o seu taboleiro sobre duas abóbadas de 0,75 m de espessura, levantadas sobre 3 paredes de 80 centímetros cada uma de grossura, tendo os alicerces das mesmas um metro de profundidade abaixo da superfície do solo e ficando um vão livre de três metros entre elas (....) Será construída de pedra canga e tijolos requeimados, devendo aquela ser lavrada e esquadriada na parte da ponte que fica acima da superfície do solo e a argamassa empregada será composta de uma parte de cal por três de areia" (Fonte: Arquivo Municipal, Livro de Contratos - apud Prof. Natalino Ferreira Mendes, in "Jornal Correio Cacerense", n. 5.729, 07-12-97);

16. O Compromissário se obriga a admitir que os trabalhos de reconstrução da Ponte Branca sejam procedidos mediante facultativa fiscalização e orientação da "Comissão Pró-Reconstrução da Ponte Branca", encabeçada pelos Dr. Adilson Domingos dos Reis e Prof. Natalino Ferreira Mendes;

17. A interferência de Comissão objetiva, além de fazer respeitar as características históricas (inclusive no que concerne a sua localização, conforme anexos 03 e 04) e arquitetônicas da Ponte Branca, a mobilização da sociedade civil para subsidiar a reconstrução, a fim de lhe dar maior celeridade;

18. Os trabalhos para reconstrução da Ponte Branca deverão se iniciar a partir de 30-9-98, com comunicação à Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres-MT, e o término não poderá exceder a três meses;

Da Rede de Esgotos

19. O Compromissário deverá apresentar, junto à Curadoria do Meio Ambiente, até o dia 30-11-98, projeto (a ser devidamente aprovado pelo

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órgão competente, cujo pedido deverá ser comprovado em referida data) acerca da implantação de rede de esgotos que intercepte os efluentes ligados ao Córrego Sangradouro, com previsão de implantação de estações elevatórias e estações de tratamento de esgotos, antes do lançamento dos efluentes na Bacia do Rio Paraguai;

20. Tratando-se de projeto de grande envergadura, impossibilitando arcar o município com seus elevados custos, obriga-se o Compromissário a buscar recursos no âmbito estadual ou federal, em caráter prioritário, comunicando todas as gestões neste sentido à Curadoria do Meio Ambiente.

Disposições Finais

21. O não cumprimento das obrigações aqui assumidas pelo Compromissário, até as datas fixadas, implicará na adoção das providências jurídicas cabíveis, inclusive contra a pessoa do Sr. Prefeito Municipal, que poderá responder por ato de improbidade administrativa;

22. A fiscalização do cumprimento dos compromissos ora firmados será feita pelo Ministério Público ou órgão indicado pela Curadoria do Meio Ambiente de Cáceres-MT;

23. Assumindo o Município de Cáceres todos os encargos decorrentes do presente acordo, por ter sido o responsável pela execução do projeto, fica excluído do pólo passivo a firma SANEOESTE - CONSTRUÇÕES CENTRO OESTE LTDA, nada obstando que venha ela a ser posteriormente acionada juridicamente pelo Município em virtude de obrigações inerentes ao contrato da obra Canalização do Córrego Sangradouro.

E, por estarem assim combinados, firmam o presente acordo, em quatro vias, o qual será submetido à homologação judicial, nos autos da ação civil pública indicada.

Cáceres-MT, 31 de julho de 1998.

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IV.III- CASO DA “RASTRO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.”, NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA(art. 5º, § 6º, da Lei 7.347, de 24.7.85)

Autos de Procedimento Administrativo Investigatório n. 0078/2001

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, pelo Promotor de Justiça in fine assinado, XXXXXXXXXX, brasileiro, casado, empresário, portador do RG n.º XXXXXX – SSP/XX e CPF XXXXXXXXX-XX, XXXXXXXXXXXXX, brasileira, casada, RG XXXXXX SSP/MT e CPF XXXXXXXXX-XX, residentes e domiciliados em Cuiabá, na Rua XXXXXX, n.º XX, Bairro XXXXXX, CEP XXXXXXX, doravante denominados de Primeiros Compromissários, e Rastro Empreendimentos Imobiliários Ltda, CGC n.º XX.XXX.XXX/XXXX-XX, Inscrição Estadual n.º XX.XXX.XXX-X, situada na Avenida XXXXXX, n.º XX, Edifício XXXXXX, salas XXX e XXX, Bairro XXXXXXX, nesta capital, neste ato representada pelo seu gerente substituto, XXXXX XXXXXXX, brasileiro, casado, XXXXXX, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua XXXXX, n.º XX, apto. XXX, Ed. XXXXX, Bairro XXXXXXXX, CEP XXXXXX-XX, denominada Segunda Compromissária, nos autos do procedimento investigatório administrativo n. 08/01, em trâmite na Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, com base no parecer técnico da FEMA e na vistoria realizada pelo Promotor de Justiça (documentos em anexo), celebram acordo nos seguintes termos:

1. OS PRIMEIROS COMPROMISSÁRIOS são os adquirentes da Chácara n.º XX, com 4,96 hectares, localizada no loteamento rural Fazenda Flor da Serra (Ecoville da Chapada), km XX, da estrada Cuiabá-Manso, matrícula n.º XX.XXX, folha XXX, livro 2-Hy, de XX-XX-XX, XXXX Serviço Notarial e de Registo desta Capital, cuja área limita-se ao norte com Rio XX, ao sul com Estrada XXX, ao leste com lote n.º XXX e a oeste com lote n. XXX;

2. OS PRIMEIROS COMPROMISSÁRIOS se obrigam a reflorestar a área indicada no parecer técnico e levantamento topográfico, denominada área remanescente, com essências nativas regionais, preferencialmente mudas oriundas de matrizes locais, da seguinte forma:

1. o acesso ao motor deverá ser totalmente revegetado, com as espécies arbóreas próprias da região, a saber: buriti, acumã, ingá, angico, cumbaru, cajazeiro, paineira, ximbuva, garapeira, sucupira, faveiro novateiro, timbó, jenipapo, chico-magro cambará e aroeira; deverá, também, plantar espécies herbáceas, entre as covas das árvores, para que ocorra a proteção completa do solo, dentre elas: capim navalha, hortelã do campo, jaborandi, gerbão, algodãozinho, jurubeba, malva branca e taboca;

2. a área desmatada existente no entorno das casas edificadas deverá ser revegetada com gramíneas (grama esmeralda, grama forquilha ou grama batatais), de modo a conter o processo erosivo e proteger o solo;

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3. o acesso ao rio, a jusante do primeiro acesso (ao motor), deverá ser revegetado com gramíneas, da espécie forquilha ou batatais, procedendo-se a retirada do “chapéu de palha”, plantando, naquele local, espécies arbóreas da região;

4.Deverá eliminar as clareiras existentes na beira do rio, plantando espécies herbáceas e gramíneas (imbé, erva de santa maria, malva branca, amendoim bravo, etc.);

5.O COMPROMISSÁRIO se compromete a replantar as mudas que morrerem, bem como aquelas que apresentarem pouco desenvolvimento vegetativo, substituindo-as, e, ainda, adotar todas as providências necessárias para evitar o perecimento das mudas plantadas.

6.A manutenção das mudas deverá ocorrer até o terceiro ano.

2. OS PRIMEIROS COMPROMISSÁRIOS se obrigam a não utilizar nas áreas de preservação permanente e reserva legal, herbicida ou qualquer outro agrotóxico que possa prejudicar a vegetação daqueles espaços e que comprometam o desenvolvimento das plantas, ficando a critério da FEMA a autorização de uso de produtos daquela espécie;

3. Para a revegetação em epígrafe, deverão os Primeiros Compromissários apresentar, em 30 dias, projeto técnico fundamentado, assinado por técnico responsável, devendo conter a previsão de emissão de relatórios semestrais da recomposição;

4. Após a apresentação do projeto, e eventual alteração pelo Ministério Público, a revegetação total deverá ser concluída em 90 dias, cabendo aos Primeiros Compromissários a apresentação de fotos da área antes do início dos trabalhos e periodicamente (a cada 90 dias), por três anos;

d) Quanto ao lixo, deverão os Primeiros Compromissários colocar os pontos de coleta, com seleção própria para reciclagem, próximos as casas edificadas (prazo: 90 dias)

e) Para o motor de água, deverá ser feita uma proteção, com base de concreto e um tanque de contenção (prazo: 90 dias);

f) Em todo o caminho de acesso ao rio deverá ser construído um sistema de tabique, objetivado a contenção da erosão (prazo: 90 dias);

g) Deverão os Primeiros Compromissários apresentar, em trinta dias, projeto de construção de um galinheiro, em observância as normas ambientais e sanitárias, sendo que a remoção do atual galinheiro e edificação de um novo deverá se dar no prazo de 90 dias, a partir da apresentação do projeto;

h) Quanto aos animais eqüinos existentes no local, conforme verificado na vistoria feita pelo Promotor de Justiça, ora signatário, deverão ser retirados no prazo de vinte dias;

i) Os ora Compromissários concordam que a área desmembrada “A” e área desmembrada “B” fiquem como “Reserva Legal”, da seguinte forma:

1. Caberá à Rastro Empreendimentos Imobiliários Ltda. providenciar a escritura do imóvel, com as devidas averbações das reservas (áreas desmembradas A e B), e a remanescente em nome do Sr. XXXXX XXXX e esposa, no prazo de trinta dias;

2. Caberá ao Sr. XXXXX XXXXXXXXX a manutenção das cercas e os cuidados necessários para que seja mantida intacta a área de reserva legal, acionando, quando necessário, os órgãos ambientais;

3. De conformidade com o pactuado entre os Primeiros Compromissários e a Segunda Compromissária, essa dará integral e imediata quitação da área adquirida, porquanto as parcelas já pagas representam o valor do imóvel;

4. As despesas com a averbação da reserva legal ficarão a cargo da Segunda Compromissária; as despesas da escritura da área remanescente, a cargo dos Primeiros

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Compromissários.10. Nas áreas desmembradas “A” e “B” deverão ser fixadas placas, com fundo pintado de

verde e letras grafadas em branco, pela Segunda Compromissária, no prazo de 30 dias, com o seguinte texto: “Área de reserva legal intocável (Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado junto ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso, no procedimento administrativo investigatório número 08/2001)”.

11. Pactuaram os Primeiros Compromissários e a Segunda Compromissária em assinar petição de desistência da ação interposta pelo Sr. XXX XXXXXX (n. XXX/00, em trâmite na XX.ª Vara Cível de Cuiabá), cujo protocolo se dará até o dia XX-11-2001.

12. O não cumprimento das obrigações aqui assumidas pelos COMPROMISSÁRIOS, até as datas fixadas, implicará no pagamento de multa diária correspondente a cinco salários mínimos vigentes na data do inadimplemento, para cada obrigação assumida, até a satisfação integral do encargo, independentemente de outras penalidades administrativas, cíveis e criminais previstas na legislação em vigor, sendo que o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito (Banco do Brasil, agência de Cuiabá-MT), em conta com correção monetária, para posterior repasse ao fundo previsto no art. 13, da Lei 7.347/85, ou outro indicado pelo Ministério Público.

13. O não cumprimento de qualquer obrigação assumida, prevista no Compromisso de Ajustamento de Conduta, será aferido com a falta de apresentação de comprovante, pelos Compromissários, ou mediante o relatório apresentado pelo técnico responsável pela vistoria.

14. A multa diária será independente para cada obrigação, e devida a partir da inadimplência.

15. A contagem dos prazos para cumprimento das obrigações assumidas se inicia a partir da assinatura do presente Compromisso de Ajustamento de Conduta.

16. A fiscalização do cumprimento das obrigações assumidas será feita pela FEMA ou outro órgão que eventualmente venha a ser indicado pelo Ministério Público, ou mesmo pelo engenheiro florestal que atua junto a esta Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.

17. O Ministério Público poderá, a qualquer tempo, diante de novas informações ou se assim as circunstâncias o exigirem, retificar ou complementar este compromisso, determinando outras providências que se fizerem necessárias, sob pena de invalidade imediata deste termo, ficando autorizado, nesse caso, a dar prosseguimento ao procedimento administrativo.

18. As questões decorrentes deste compromisso serão dirimidas no foro do local do imóvel mencionado no item 1.

E, por estarem assim combinados, firmam o presente compromisso, em três vias.

Cuiabá-MT, 12 de novembro de 2001.

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IV.IV- CASO DA “AMBEV” NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA( art. 5º, § 6º, da Lei 7.347, de 24.7.85)

Autos do Procedimento Preliminar de Investigação Nº. 10/2001

O M I N I S T É R I O P Ú B L I C O D O E S T A D O D E M A T O G R O S S O , p e l o P r o m o t o r d e J u s t i ç a d e D e f e s a d o M e i o A m b i e n t e , i n f i n e a s s i n a d o , e " I N D Ú S T R I A D E B E B I D A S A N T A R T I C A D O N O R T E N O R D E S T E S / A F I L I A L C U I A B Á " , s e d i a d a a v . A n t a r t i c a , 2 . 9 9 9 , b a i r r o S a n t a R o s a , e m C u i a b á , E s t a d o d e M a t o G r o s s o , n e s t e a t o r e p r e s e n t a d a p e l o s S r s . X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . n º X X X X X X - X S S P - X X , e d o C . P . F . n º X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o e m C u i a b á / M T , X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , X X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . N º . X X X X X - X S S P - X X , e d o C . P . F . N º . X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a c i d a d e d e X X X X X X - X X , e X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , a d v o g a d o - O A B / X X N º X . X X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a c i d a d e d e X X X X X X X - X X , d o r a v a n t e d e n o m i n a d a C O M P R O M I S S Á R I A , n o s a u t o s d o P r o c e d i m e n t o P r e l i m i n a r I n v e s t i g a t ó r i o n º 1 0 / 2 0 0 1 , e m t r â m i t e n a 2 0 ª P r o m o t o r i a d e J u s t i ç a d e D e f e s a d o M e i o A m b i e n t e d a C a p i t a l , q u e t r a t a d e p o l u i ç ã o d o s o l o , a r e á g u a p r o v e n i e n t e d e a t i v i d a d e s d e d e p ó s i t o d e r e s í d u o s i n d u s t r i a i s e x e c u t a d a s , p e l a C O M P R O M I S S Á R I A , n a “ F a z e n d a C a m p o s ” , n a l o c a l i d a d e d e S u c u r i , a p r o x i m a d a m e n t e n o k m X X d a e s t r a d a v e l h a d a G u i a , p r e t e n d e n d o a j u s t a r a c o n d u t a d a C O M P R O M I S S Á R I A a o s m a n d a m e n t o s l e g a i s , s e m n e c e s s i d a d e d e a j u i z a m e n t o d a a ç ã o c i v i l p ú b l i c a d e q u e t r a t a a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 / 8 5 , f i r m a m o p r e s e n t e C O M P R O M I S S O D E A J U S T A M E N T O D E C O N D U T A , e m v e r d a d e t í t u l o e x e c u t i v o e x t r a j u d i c i a l , d e c o n f o r m i d a d e c o m o d i s p o s t o n o p a r á g r a f o 6 º d o a r t i g o 5 º , d a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 / 8 5 e a r t i g o 5 8 5 , i n c i s o s I I e V I I , d o C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l , n o s s e g u i n t e s t e r m o s :

1 . A C O M P R O M I S S Á R I A n ã o p r o c e d e r á , p r o m o v e r á , o u r e a l i z a r á q u a l q u e r a t o o u a t i v i d a d e , n o q u e t a n g e o d e p ó s i t o d e r e s í d u o s i n d u s t r i a i s , q u e p r o v o q u e p o l u i ç ã o d o s o l o , a r e á g u a c o n f o r m e e s t a b e l e c i d o n a l e g i s l a ç ã o d e r e g ê n c i a e m v i g o r ;

1 . 1 A C O M P R O M I S S Á R I A f i c a e x p r e s s a m e n t e p r o i b i d a d e r e a l i z a r n o v o s d e p ó s i t o s d e r e s í d u o s i n d u s t r i a i s n o l o c a l d e q u e t r a t a e s t e t e r m o d e a j u s t a m e n t o d e c o n d u t a ;

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2 . A C O M P R O M I S S Á R I A a p r e s e n t a r á , n o p r a z o d e q u i n z e d i a s , p r o j e t o p a r a : a ) c o n s t r u ç ã o d e v a l a s d e c o n t e n ç ã o s u b s u p e r f i c i a l d e i n f i l t r a ç ã o d o s r e s í d u o s d o s l a g o s - d e p ó s i t o p a r a a s v á r z e a s m i n a d o r a s d a c a b e c e i r a d e c u r s o d ' á g u a ; b ) c o n t e n ç ã o d o e s c o r r i m e n t o s u p e r f i c i a l d o s d i t o s r e s í d u o s ; c ) a b e r t u r a d e n o v a s v a l a s e u t i l i z a ç ã o d a s e x i s t e n t e s p a r a i n c o r p o r a ç ã o d e m a t e r i a l o r g â n i c o e l í q u i d o s o b r e n a d a n t e e x i s t e n t e n o s l a g o s - d e p ó s i t o , c o m t r a t a m e n t o d o s r e s í d u o s e p o s t e r i o r f e c h a m e n t o d a s v a l a s ; d ) t r a t a m e n t o d o s r e s í d u o s r e m a n e s c e n t e s n o s l a g o s - d e p ó s i t o , a p ó s s e u e s v a z i a m e n t o , e f e c h a m e n t o d e f i n i t i v o d o s m e s m o s ; e ) r e v e g e t a ç ã o d a á r e a e m e p í g r a f e .

2 . 1 O p r o j e t o d e v e r á s e r e l a b o r a d o c o n t e m p l a n d o - s e m e d i d a s p a r a q u e t o d o o t r a b a l h o s e r e a l i z e c o m a m e n o r o u n e n h u m a e m i s s ã o d e o d o r d e s a g r a d á v e l , o u n a i m p o s s i b i l i d a d e d a e l i m i n a ç ã o d o o d o r , d e v e r - s e - ã o a p r e s e n t a r a s j u s t i f i c a t i v a s t é c n i c o - c i e n t í f i c a s c o r r e s p o n d e n t e s .

2 . 2 . O p r o j e t o d e v e r á c o n t e r o s n o m e s d o s r e s p o n s á v e i s t é c n i c o s d a e m p r e s a , q u e p r o c e d e r ã o o a c o m p a n h a m e n t o d o s t r a b a l h o s e s u b s i d i a r ã o a s p e r í c i a s .

2 . 3 O p r o j e t o a s e r a p r e s e n t a d o p e l a C O M P R O M I S S Á R I A s e r á a p r e c i a d o p o r t é c n i c o s d e s i g n a d o s p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , o s q u a i s e m i t i r ã o p a r e c e r a p r o v a n d o - o o u n ã o . N a h i p ó t e s e d o p r o j e t o n ã o s e r a p r o v a d o , a C O M P R O M I S S Á R I A d e v e r á r e a p r e s e n t á - l o , c o m a s d e v i d a s m o d i f i c a ç õ e s , n o p r a z o d e c i n c o d i a s , a c o n t a r d a d a t a d e c i ê n c i a d o p a r e c e r d o s m e n c i o n a d o s t é c n i c o s .

3 . N o m e s m o p r a z o d e q u i n z e d i a s , p a r a a p r e s e n t a ç ã o d o p r o j e t o , a C O M P R O M I S S Á R I A d e v e r á a p r e s e n t a r a n á l i s e d a á g u a ( m a n a n c i a l h í d r i c o ) e d o s o l o , a s e r e m r e a l i z a d a s e m l a b o r a ó r i o s d e e s c o l h a d a C O M P R O M I S S Á R I A .

4 . A C O M P R O M I S S Á R I A , a p ó s a p r o v a ç ã o d o p r o j e t o p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , d e v e r á i n i c i a r i m e d i a t a m e n t e a s o b r a s e t r a b a l h o s , e s p e c i f i c a d o s n o c r o n o g r a m a d o p r o j e t o , e t e r m i n á -l a s n o p r a z o m á x i m o d e c e n t o e v i n t e d i a s , a e x c e ç ã o d a r e v e g e t a ç ã o , q u e s e r á r e a l i z a d a d e s e t e m b r o a d e z e m b r o d e 2 0 0 2 .

4 . 1 O r e f e r i d o p r a z o p o d e r á s e r p r o r r o g a d o , p o r m o t i v o d e c a s o f o r t u i t o , d e v i d a m e n t e c o m p r o v a d o p e l a C O M P R O M I S S Á R I A .

5 . E s t a b e l e c e - s e a m u l t a d i á r i a d e R $ 1 . 0 0 0 , 0 0 ( h u m m i l r e a i s ) p o r d i a d e a t r a s o n a d a t a d e a p r e s e n t a ç ã o d o p r o j e t o e d a a n á l i s e p r é v i a o u d e c o n c l u s ã o d a s o b r a s e t r a b a l h o s , d i s p o s t o s n o s i t e n s 2 , 3 e 4 ;

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6 . A C O M P R O M I S S Á R I A d e v e r á c o m u n i c a r , i m e d i a t a m e n t e , a c o n c l u s ã o d a s o b r a s a o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , q u e d e t e r m i n a r á p e r í c i a f i n a l , - m e d i a n t e t é c n i c o s / p e r i t o s d e s u a c o n f i a n ç a , d e n t r e e l e s D r s . X X X X X X X X X X X X X X X , X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X e X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X - c o m o b j e t i v o d e a v a l i a r o c u m p r i m e n t o d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s n o p r e s e n t e C o m p r o m i s s o d e A j u s t a m e n t o d e C o n d u t a .

6 . 1 A p ó s a p e r í c i a r e a l i z a d a p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , f i c a r á a c r i t é r i o d o s t é c n i c o s n o v o s e x a m e s d e á g u a e s o l o , a s e r e m r e a l i z a d o s p r e f e r e n c i a l m e n t e p e l o l a b o r a t ó r i o d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e M a t o G r o s s o , o u o u t r o s i n d i c a d o s p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o .

6 . 2 A p ó s a v a l i a ç ã o d a s a n á l i s e s e p e r í c i a s d e s c r i t a s n o i t e m 6 , r e a l i z a r - s e - á a d i t a m e n t o d o p r e s e n t e t e r m o , c o n f o r m e c o n v e n i ê n c i a d o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , v i s a n d o a t o t a l r e p a r a ç ã o d o s d a n o s a m b i e n t a i s .

7 . T o d a s a s d e s p e s a s c o m a e l a b o r a ç ã o d o p r o j e t o , a n á l i s e s d e á g u a e s o l o , p e r í c i a s , m o n i t o r a m e n t o e a c o m p a n h a m e n t o t é c n i c o s e r ã o d e r e s p o n s a b i l i d a d e e x c l u s i v a d a C O M P R O M I S S Á R I A , i n c l u í d a s a s c o n t i d a s n o i t e m 6 .

7 . 1 A s d e s p e s a s c o m h o n o r á r i o s d e p e r i t o s n ã o p o d e r á e x c e d e r a i m p o r t â n c i a d e R $ 9 . 0 0 0 , 0 0 ( n o v e m i l r e a i s ) .

8 . A t í t u l o d e i n d e n i z a ç ã o p e l a p o l u i ç ã o p r o d u z i d a a t é o m o m e n t o , a C O M P R O M I S S Á R I A p a g a r á a i m p o r t â n c i a d e R $ 8 . 0 0 0 , 0 0 ( o i t o m i l r e a i s ) , a s e r d e p o s i t a d a e m f a v o r d o F u n d o C o n s t i t u c i o n a l d e R e c o n s t i t u i ç ã o d e B e n s L e s a d o s – F U N D E R , n o B a n c o d o B r a s i l , a g ê n c i a 0 0 4 6 - 9 , c o n t a - c o r r e n t e n º 3 0 3 0 3 0 1 - X , e m a t é q u i n z e d i a s d a a s s i n a t u r a d e s t e i n s t r u m e n t o .

9 . E s t e t í t u l o e x e c u t i v o n ã o i n i b e o u r e s t r i n g e , d e f o r m a a l g u m a , a s a ç õ e s d e c o n t r o l e , m o n i t o r a m e n t o e f i s c a l i z a ç ã o d e q u a l q u e r ó r g ã o p ú b l i c o , n e m l i m i t a o u i m p e d e o e x e r c í c i o , p o r e l e , d e s u a s a t r i b u i ç õ e s e p r e r r o g a t i v a s l e g a i s e r e g u l a m e n t a r e s .

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1 0 . E v e n t u a l d e s c u m p r i m e n t o o u v i o l a ç ã o d e q u a l q u e r d o s c o m p r o m i s s o s a s s u m i d o s , p r e v i s t o s n a c l á u s u l a 1 , i m p l i c a r á , a t í t u l o d e c l á u s u l a p e n a l , n o p a g a m e n t o , p e l a C O M P R O M I S S Á R I A , d e m u l t a d i á r i a n o i m p o r t e d e R $ 2 . 0 0 0 , 0 0 ( d o i s m i l r e a i s ) , e x i g í v e l e n q u a n t o p e r d u r a r a v i o l a ç ã o , c u j o v a l o r s e r á a t u a l i z a d o d e a c o r d o c o m í n d i c e o f i c i a l , d e s d e o d i a d e c a d a p r á t i c a i n f r a c i o n a l a t é e f e t i v o d e s e m b o l s o .

1 1 . A v u l n e r a ç ã o d e q u a l q u e r d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s p o r p a r t e d a C O M P R O M I S S Á R I A , i m p l i c a r á , c a s o n ã o s o b r e v e n h a p a g a m e n t o d o v a l o r d a c o r r e s p o n d e n t e m u l t a e m n í v e l e x t r a j u d i c i a l , n a s u j e i ç ã o d o r e s p o n s á v e l à s m e d i d a s j u d i c i a i s c a b í v e i s , i n c l u i n d o e x e c u ç ã o e s p e c í f i c a n a f o r m a e s t a t u í d a n o p a r á g r a f o 6 º , d o a r t i g o 5 º , d a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 , d e 2 4 d e j u l h o d e 1 9 8 5 e i n c i s o s I I e V I I , d o a r t i g o 5 8 5 , d o C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l .

1 2 . F i c a c o n s i g n a d o q u e o s v a l o r e s e v e n t u a l m e n t e d e s e m b o l s a d o s d e v e r ã o s e r r e v e r t i d o s e m b e n e f í c i o d o F U N D E R , c u j o s d a d o s b a n c á r i o s e n c o n t r a m - s e d e s c r i t o s n o i t e m 8 .

1 3 . O n ã o c u m p r i m e n t o d e q u a l q u e r o b r i g a ç ã o a s s u m i d a , p r e v i s t a n o C o m p r o m i s s o d e A j u s t a m e n t o d e C o n d u t a , s e r á a f e r i d o c o m a f a l t a d e a p r e s e n t a ç ã o d e c o m p r o v a n t e , p e l a C O M P R O M I S S Á R I A , o u m e d i a n t e r e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o p o r t é c n i c o r e s p o n s á v e l p e l a v i s t o r i a , d e s i g n a d o p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o .

1 4 . A m u l t a d i á r i a s e r á i n d e p e n d e n t e p a r a c a d a o b r i g a ç ã o , e d e v i d a a p a r t i r d a i n a d i m p l ê n c i a .

1 5 . A c o n t a g e m d o s p r a z o s p a r a c u m p r i m e n t o d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s s e i n i c i a a p a r t i r d a a s s i n a t u r a d o p r e s e n t e C o m p r o m i s s o d e A j u s t a m e n t o d e C o n d u t a .

1 6 . A f i s c a l i z a ç ã o d o c u m p r i m e n t o d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s s e r á f e i t a p e l o s t é c n i c o s / p e r i t o s q u e v e n h a m a s e r i n d i c a d o s p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , f a c u l t a n d o a c o m p a n h a m e n t o p o r a s s i s t e n t e s t é c n i c o s r e p r e s e n t a t e s d a C O M P R O M I S S Á R I A .

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1 7 . O M i n i s t é r i o P ú b l i c o p o d e r á , a q u a l q u e r t e m p o , d i a n t e d e n o v a s i n f o r m a ç õ e s , i n c l u s i v e p o r p a r t e d a C O M P R O M I S S Á R I A , o u s e a s s i m a s c i r c u n s t â n c i a s o e x i g i r e m , r e t i f i c a r o u c o m p l e m e n t a r e s t e c o m p r o m i s s o , d e t e r m i n a n d o o u t r a s p r o v i d ê n c i a s q u e s e f i z e r e m n e c e s s á r i a s , s o b p e n a d e i n v a l i d a d e i m e d i a t a d e s t e t e r m o , f i c a n d o a u t o r i z a d o , n e s s e c a s o , a d a r p r o s s e g u i m e n t o a o p r o c e d i m e n t o a d m i n i s t r a t i v o .

1 8 . A s q u e s t õ e s d e c o r r e n t e s d e s t e c o m p r o m i s s o s e r ã o d i r i m i d a s n o f o r o d o l o c a l d o i m ó v e l .

Cu iabá , XX de j ane i ro de 2002 .

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IV.V- CASO DA FAZENDA “SÃO JOÃO”, NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ/MT

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA( art. 5º, § 6º, da Lei 7.347, de 24.7.85)

Autos do Procedimento Preliminar de Investigação Nº. 16/2001

O M I N I S T É R I O P Ú B L I C O D O E S T A D O D E M A T O G R O S S O , p e l o P r o m o t o r d e J u s t i ç a d e D e f e s a d o M e i o A m b i e n t e , i n f i n e a s s i n a d o , e o s p r o p r i e t á r i o s d a “ F a z e n d a X X X X X X X X ” ( X X X X X X - M T ) , X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , X X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . N º . X X X . X X X S S P - X X e d o C . P . F . n º . X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a r u a X X X X X , s / n . º , b a i r r o X X X X X X X , n a c i d a d e d e X X X X X X X X X - X X , X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , X X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . N º . X X X . X X X S S P - X X e d o C . P . F . n . º X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a r u a X X X X X X X X X , n . º X . X X X , b a i r r o X X X X X , n a c i d a d e d e X X X X X X -X X , X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o s o l t e i r o , X X X X X X X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . n . º X X X . X X X S S P - X X e d o C . P . F . n . º X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a r u a X X X X X X X X X X , n . º X X X , b a i r r o X X X X X X X X , n a c i d a d e d e X X X X X - X X , e X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X , b r a s i l e i r o , c a s a d o , X X X X X X X X , p o r t a d o r d o R . G . n . º X X X . X X X S S P - X X e d o C . P . F . n º . X X X . X X X . X X X - X X , r e s i d e n t e e d o m i c i l i a d o n a r u a X X X X X X X X X X , n . º X . X X X , a p t o . X X , b a i r r o X X X X X X , n a c i d a d e d e X X X X X X X - X X , d o r a v a n t e d e n o m i n a d o s C O M P R O M I S S Á R I O S , n o s a u t o s d o P r o c e d i m e n t o P r e l i m i n a r I n v e s t i g a t ó r i o n º 1 6 / 2 0 0 1 , e m t r â m i t e p e l a 2 0 ª P r o m o t o r i a d e J u s t i ç a d e D e f e s a d o M e i o A m b i e n t e d a C a p i t a l , q u e t r a t a d e d e g r a d a ç ã o d e á r e a d e p r e s e r v a ç ã o p e r m a n e n t e n a “ F a z e n d a S ã o J o ã o ” , l o c a l i z a d a n a “ s e s m a r i a S ã o J o ã o ” , n e s t e M u n i c í p i o , p r e t e n d e n d o a j u s t a r a c o n d u t a d o s C O M P R O M I S S Á R I O S a o s m a n d a m e n t o s l e g a i s , s e m n e c e s s i d a d e d e a j u i z a m e n t o d a a ç ã o c i v i l p ú b l i c a d e q u e t r a t a a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 / 8 5 , f i r m a m o p r e s e n t e C O M P R O M I S S O D E A J U S T A M E N T O D E C O N D U T A , e m v e r d a d e t í t u l o e x e c u t i v o e x t r a j u d i c i a l , d e c o n f o r m i d a d e c o m o d i s p o s t o n o p a r á g r a f o 6 º d o a r t i g o 5 º , d a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 / 8 5 e a r t i g o 5 8 5 , i n c i s o s I I e V I I , d o C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l , n o s s e g u i n t e s t e r m o s :

1 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S s ã o p r o p r i e t á r i o s d o i m ó v e l r u r a l d e n o m i n a d o “ F a z e n d a X X X X X X X X X X ” , c o m á r e a d e

X . X X X h e c t a r e s , s i t u a d o n o m u n i c í p i o d e X X X X X X - X X , e

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r e g i s t r a d o n o C a r t ó r i o d e R e g i s t r o d e I m ó v e i s d o X X O f í c i o d e C u i a b á , s o b m a t r í c u l a n º X X . X X X , d e X X / X X / X X X X .

2 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S n ã o p r o c e d e r ã o , p r o m o v e r ã o , o u r e a l i z a r ã o q u a l q u e r a t o o u a t i v i d a d e q u e p r o v o q u e d e g r a d a ç ã o d e á r e a d e p r e s e r v a ç ã o p e r m a n e n t e , n a á r e a d e s c r i t a n o i t e m a n t e r i o r , c o n f o r m e e s t a b e l e c i d o n a l e g i s l a ç ã o d e r e g ê n c i a e m v i g o r ;

3 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S o b r i g a m - s e a r e f l o r e s t a r t o d a f a i x a d e d o m í n i o d a p r o p r i e d a d e d e s c r i t a n o i t e m 1 q u e m a r g e i a c o m o r i o X X X X X X , n u m a e x t e n s ã o t o t a l d e X . X X X , X X m d e c o m p r i m e n t o , p o r X X m d e l a r g u r a , a c o n t a r d a b a r r a n c a d o r i o , c o n s t i t u i n d o o t o t a l d e X X , X X h a d e á r e a a s e r r e f l o r e s t a d a .

3 . 1 O r e f l o r e s t a m e n t o d e s c r i t o n o i t e m 2 d e v e r á s e r r e a l i z a d o c o n f o r m e p r o j e t o e l a b o r a d o p o r t é c n i c o s d a E M P A E R , e j u n t a d o a o s a u t o s d o P r o c e d i m e n t o P r e l i m i n a r n º . 1 6 / 2 0 0 1 , d o q u a l o s C O M P R O M I S S Á R I O S r e c e b e m c ó p i a n o a t o d a a s s i n a t u r a d e s t e i n s t r u m e n t o , c o n s i s t i n d o n o p l a n t i o d e 1 3 . 3 5 0 m u d a s d e e s p é c i e s n a t i v a s , e m e s p a ç a m e n t o 4 x 4 , e e m c o v a s d e 2 0 c m d e d i â m e t r o p o r 3 0 c m d e p r o f u n d i d a d e .

3 . 2 A s m u d a s s e r ã o d i s p o n i b i l i z a d a s p e l a E M P A E R - M T , a t r a v é s d e s e u v i v e i r o l o c a l i z a d o n a r u a d o s P i n t a d o s , s / n . º , e m V á r z e a G r a n d e , d e o n d e o s C O M P R O M I S S Á R I O S d e v e r ã o r e a l i z a r a r e t i r a d a .

3 . 3 O t r a b a l h o d e r e f l o r e s t a m e n t o n ã o p o d e r á d a n i f i c a r a v e g e t a ç ã o j á e x i s t e n t e n o l o c a l o b j e t o d e s t e i n s t r u m e n t o , c o m p r e e n d e n d o á r v o r e s , a r b u s t o s e , p r i n c i p a l m e n t e , a b a r r a n c a d o r i o , c u i d a n d o o s C O M P R O M I S S Á R I O S d e q u e a m e s m a p e r m a n e ç a i n t a c t a .

4 . T o d a s a s d e s p e s a s c o m o s t r a b a l h o s d e r e f l o r e s t a m e n t o , e s p e c i a l m e n t e a s d e s c r i t a s n o i t e m “ 9 ” d o p r o j e t o d e r e c u p e r a ç ã o d e m a t a c i l i a r ( c o l u n a “ F a z . X X X X X X X X X ” ) , s ã o d e e x c l u s i v a r e s p o n s a b i l i d a d e d o s C O M P R O M I S S Á R I O S .

5 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S d e v e r ã o i n i c i a r , e m a t é q u i n z e d i a s a p a r t i r d a a s s i n a t u r a d e s t e i n s t r u m e n t o , a s o b r a s e t r a b a l h o s e s p e c i f i c a d o s n o c r o n o g r a m a d o p r o j e t o , e t e r m i n á - l a s n o p r a z o m á x i m o d e v i n t e e q u a t r o m e s e s .

6 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S s e o b r i g a m a r e p o r a s m u d a s q u e m o r r e r e m , n a s á r e a r e f e r i d a n e s t e t e r m o , b e m c o m o a q u e l a s q u e a p r e s e n t a r e m p o u c o d e s e n v o l v i m e n t o v e g e t a t i v o , s u b s t i t u i n d o - a s , e , a i n d a , a d o t a r t o d a s a s p r o v i d ê n c i a s n e c e s s á r i a s p a r a e v i t a r o p e r e c i m e n t o d a s e s p é c i e s p l a n t a d a s .

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6 . 1 O s C O M P R O M I S S Á R I O S s e o b r i g a m , a t é o f e c h a m e n t o a r b ó r e o d a f l o r e s t a i m p l a n t a d a n a á r e a d e p r e s e r v a ç ã o p e r m a n e n t e e r e f e r i d a n e s t e t e r m o , a r e a l i z a r a m a n u t e n ç ã o p r e v i s t a n o p r o j e t o d e r e c u p e r a ç ã o d e m a t a c i l i a r , p o r d o i s a n o s s e g u i n t e s a o t é r m i n o d a ú l t i m a e t a p a d o t r a b a l h o d e r e f l o r e s t a m e n t o , p r i n c i p a l m e n t e , e v i t a n d o a e n t r a d a d e a n i m a i s e f a z e n d o p r o t e ç ã o c o n t r a o f o g o ( c o n s t r u ç ã o d e a c e i r o s c o n t r a q u e i m a d a s ) .

7 . D e v e r ã o s e r c o n f e c c i o n a d a s , p e l o s C O M P R O M I S S Á R I O S , e m n o v e n t a d i a s , o i t o p l a c a s i d e n t i f i c a d o r a s d o r e f l o r e s t a m e n t o , n a s q u a i s d e v e r ã o c o n s t a r o n o m e d o p r o j e t o , a s i n s t i t u i ç õ e s e n v o l v i d a s , c o n f o r m e m o d e l o a p r e s e n t a d o p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o ( a n e x o 0 1 ) ; s e n d o a s m e s m a s f i x a d a s e m i n t e r v a l o s d e 3 0 0 m u m a s d a s o u t r a s , p o r t o d a a e x t e n s ã o d a á r e a d e r e f l o r e s t a m e n t o .

8 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S c o m p r o m e t e m - s e a p e r m i t i r o a c e s s o d e e s t u d a n t e s d a s e s c o l a s d a r e d e p ú b l i c a e p r i v a d a d e e n s i n o à á r e a d e r e f l o r e s t a m e n t o , p a r a p e r m i t i r o m o n i t o r a m e n t o e a c o m p a n h a m e n t o d o s t r a b a l h o s , b e n e f i c i a n d o a t i v i d a d e s d e e d u c a ç ã o a m b i e n t a l .

8 . 1 P a r a a s v i s i t a s d e q u e t r a t a o i t e m a n t e r i o r , o s C O M P R O M I S S Á R I O S d e v e r ã o s e r c o m u n i c a d o s c o m s e t e d i a s d e a n t e c e d ê n c i a , p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o .

9 . D u r a n t e t o d o o p e r í o d o d e e x e c u ç ã o d o p r o j e t o d e r e f l o r e s t a m e n t o , e n o s d o i s a n o s s u b s e q ü e n t e s d e m a n u t e n ç ã o e a c o m p a n h a m e n t o , d e q u e t r a t a o i t e m 6 . 1 , f i c a a s s e g u r a d o a o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , e a o s t é c n i c o s p o r e l e d e s i g n a d o s , a v i s i t a a á r e a d e r e f l o r e s t a m e n t o , q u a n t a s v e z e s s e f i z e r e m n e c e s s á r i a s , p a r a f i n s d e f i s c a l i z a ç ã o e m o n i t o r a m e n t o , i n d e p e n d e n t e m e n t e d e c o m u n i c a ç ã o p r é v i a a o s C O M P R O M I S S Á R I O S , o u d e s u a r e s p e c t i v a a n u ê n c i a .

1 0 . O s C O M P R O M I S S Á R I O S d e v e r ã o c o m u n i c a r , i m e d i a t a m e n t e , o i n í c i o e a c o n c l u s ã o d a s o b r a s a o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , o b j e t i v a n d o f a c i l i t a r a s a t i v i d a d e s d e f i s c a l i z a ç ã o .

1 1 . A f i s c a l i z a ç ã o d o c u m p r i m e n t o d o c o m p r o m i s s o o r a f i r m a d o s e r á f e i t a p e l a E m p r e s a M a t o - g r o s s e n s e d e P e s q u i s a A s s i s t ê n c i a e E x t e n s ã o R u r a l – E M P A E R - M T , a t r a v é s d e s e u s t é c n i c o s , e n t r e o s q u a i s o E n g º . F l o r e s t a l A n t ô n i o R o c h a V i t a l , o u o u t r o s ó r g ã o s o u t é c n i c o s / p e r i t o s q u e v i e r e m a s e r i n d i c a d o s p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o , a t r a v é s d a 2 0 ª P r o m o t o r i a d e J u s t i ç a d o M e i o A m b i e n t e d a C a p i t a l , s e n d o f a c u l t a d o o a c o m p a n h a m e n t o p o r a s s i s t e n t e s t é c n i c o s r e p r e s e n t a n t e s d o s C O M P R O M I S S Á R I O S .

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1 2 . O n ã o c u m p r i m e n t o d e q u a i s q u e r d a s o b r i g a ç õ e s a q u i a s s u m i d a s p e l o s C O M P R O M I S S Á R I O S , a t é a s d a t a s f i x a d a s , i m p l i c a r á n o p a g a m e n t o a o F U N D E R - F u n d o C o n s t i t u c i o n a l d e R e c o n s t i t u i ç ã o d e B e n s L e s a d o s ( c o n t a c o r r e n t e n º . 3 0 3 0 3 0 1 - X , a g ê n c i a 0 0 4 6 - 9 , B a n c o d o B r a s i l ) d e m u l t a s d i á r i a s c o r r e s p o n d e n t e s a R $ 5 0 0 , 0 0 ( q u i n h e n t o s r e a i s ) , p a r a c a d a o b r i g a ç ã o a q u i a s s u m i d a , a t é a s a t i s f a ç ã o i n t e g r a l d a r e s p e c t i v a o b r i g a ç ã o , i n d e p e n d e n t e m e n t e d e o u t r a s p e n a l i d a d e s a d m i n i s t r a t i v a s , c í v e i s e c r i m i n a i s p r e v i s t a s n a l e g i s l a ç ã o e m v i g o r .

1 2 . 1 A v u l n e r a ç ã o d e q u a l q u e r d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s p o r p a r t e d o s C O M P R O M I S S Á R I O S , i m p l i c a r á , c a s o n ã o s o b r e v e n h a p a g a m e n t o d o v a l o r d a c o r r e s p o n d e n t e m u l t a e m n í v e l e x t r a j u d i c i a l , n a s u j e i ç ã o d o s r e s p o n s á v e i s à s m e d i d a s j u d i c i a i s c a b í v e i s , i n c l u i n d o e x e c u ç ã o e s p e c í f i c a n a f o r m a e s t a t u í d a n o p a r á g r a f o 6 º , d o a r t i g o 5 º , d a L e i F e d e r a l n º 7 . 3 4 7 , d e 2 4 d e j u l h o d e 1 9 8 5 e i n c i s o s I I e V I I , d o a r t i g o 5 8 5 , d o C ó d i g o d e P r o c e s s o C i v i l .

1 2 . 2 A s m u l t a s , p r e v i s t a s n o s i t e n s a n t e r i o r e s s e r ã o c a l c u l a d a s d e f o r m a i n d e p e n d e n t e , p a r a c a d a o b r i g a ç ã o a s s u m i d a .

1 3 . E s t e t í t u l o e x e c u t i v o n ã o i n i b e o u r e s t r i n g e , d e f o r m a a l g u m a , a s a ç õ e s d e c o n t r o l e , m o n i t o r a m e n t o e f i s c a l i z a ç ã o d e q u a l q u e r ó r g ã o a m b i e n t a l , n e m l i m i t a o u i m p e d e o e x e r c í c i o , p o r e l e , d e s u a s a t r i b u i ç õ e s e p r e r r o g a t i v a s l e g a i s e r e g u l a m e n t a r e s .

1 4 . O n ã o c u m p r i m e n t o d e q u a l q u e r o b r i g a ç ã o a s s u m i d a , p r e v i s t a n o C o m p r o m i s s o d e A j u s t a m e n t o d e C o n d u t a , s e r á a f e r i d o c o m a f a l t a d e a p r e s e n t a ç ã o d e c o m p r o v a n t e , p e l o s C O M P R O M I S S Á R I O S , o u m e d i a n t e r e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o p o r t é c n i c o r e s p o n s á v e l p e l a v i s t o r i a , d e s i g n a d o p e l o M i n i s t é r i o P ú b l i c o .

1 5 . A c o n t a g e m d o s p r a z o s p a r a c u m p r i m e n t o d a s o b r i g a ç õ e s a s s u m i d a s s e i n i c i a a p a r t i r d a a s s i n a t u r a d o p r e s e n t e C o m p r o m i s s o d e A j u s t a m e n t o d e C o n d u t a .

1 6 . O M i n i s t é r i o P ú b l i c o p o d e r á , a q u a l q u e r t e m p o , d i a n t e d e n o v a s i n f o r m a ç õ e s , i n c l u s i v e p o r p a r t e d o s C O M P R O M I S S Á R I O S , o u s e a s s i m a s c i r c u n s t â n c i a s o e x i g i r e m , r e t i f i c a r o u c o m p l e m e n t a r e s t e c o m p r o m i s s o , d e t e r m i n a n d o o u t r a s p r o v i d ê n c i a s q u e s e f i z e r e m n e c e s s á r i a s , s o b p e n a d e i n v a l i d a d e i m e d i a t a d e s t e t e r m o , f i c a n d o a u t o r i z a d o , n e s s e c a s o , a d a r p r o s s e g u i m e n t o a o p r o c e d i m e n t o a d m i n i s t r a t i v o , e v e n t u a l m e n t e a r q u i v a d o o u s u s p e n s o e m d e c o r r ê n c i a d e s t e i n s t r u m e n t o .

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1 7 . A s q u e s t õ e s d e c o r r e n t e s d e s t e c o m p r o m i s s o s e r ã o d i r i m i d a s n o f o r o d o l o c a l d o i m ó v e l .

E , po r e s t a r e m as s im a j u s t ados , a s pa r t e s f i r mam o p r e s en t e compro mis s o , a companhados po r duas t e s t emunhas , em t r ê s v i a s de i gua l t eo r e f o rma , o qua l s e r á s ubme t ido à homologação do Cons e lho Supe r io r do M in i s t é r io P úb l i co , nos au to s do r e s pec t ivo P roced i men to P re l imina r .

Cu iabá , 04 de março de 2002 .

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