principais correntes educacionais no brasil
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Sobre as correntes educacionais no BrasilTRANSCRIPT
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AS PRINCIPAIS CORRENTES DA PEDAGOGIA
Por Elias Celso Galvêas
É importante fazer uma abordagem comparativa entre grandes correntes da pedagogia,
bastante útil para a compreensão global das diversas ideologias que norteiam o pensamento pedagógico e
que estão na origem de cada uma dessas correntes. Para fins didáticos, podemos dizer que as principais
correntes da pedagogia são:
1- Tradicional
2- Comportamental
3- Montessoriana
4- Renovadora
5- Tecnicista
6- Sócio-cultura
7- Humanista
8- Libertadora
9- Cognitivista
10- Critico-socialdeconteúdos
11- Peagetiana
12- Construtivista
O simples enunciado das diversas correntes didáticas da pedagogia nos dá a idéia das grandes
diferenças que existem entre elas, especialmente no que se refere às críticas mais comumente tecidas à
chamada “escola tradicional”.
1. Corrente tradicional
A escola tradicional, que reinou soberana até a decana de 1950, tem o professor como foco central,
orientando o conteúdo do ensino do proporcionar ao aluno o conhecimento da evolução das ciências e das
grandes realizações da civilização, através da História.
O academicismo e a teoria prevalecem sobre a visão prática, na medida em que o conservadorismo
dificulta os processos da inovação e tornam o currículo excessivamente rígido e conteudista. Predomina o
que se denominou “educação bancária”, que faz o aluno um recipiente passivo em relação ao
conhecimento, modelando os currículos como sínteses descritivas dos modelos pré- existentes. Não
confere o devido estimulo à pesquisa, com vistas à invenção e ao desenvolvimento das inovações.
O aluno tende a acumular informações isoladas sobre cada ciência, o que dificulta a percepção da
realidade, em relação à teoria. A educação sistemática é complementada pela família e, de alguma forma,
pela igreja.
O professor é o centro do processo de transmissão do conhecimento, monopolizando e transmitindo
os saberes de forma sistemática e padronizada, de acordo com modelos pré-estabelecidos. Como centro
de todo processo de aprendizagem, o professor conduz a aula sozinho, e, através de sua autoridade,
procura induzir o aluno à memorização e à repetição.
A pedagogia da escola tradicional é uma proposta de educação centrada na figura do professor, cuja
função abrangente vai desde ensinar a matéria e corrigi-la, até acompanhar o desenvolvimento dos alunos,
aconselhando e orientando-os. A metodologia tradicional tem como princípio a transmissão dos
conhecimentos através da aula do professor, geralmente expositiva e seqüencialmente predeterminada e
fixa, conferindo ênfase à repetição de exercícios, com exigências de memorização dos conteúdos.
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Prisioneira de um currículo que revela um conteúdo programático inflexível, essa vertente tende a
valorizar o conteúdo livresco, a quantidade e àquilo que Paulo Freire chamou de “Educação Bancária”:
reduz o aluno a um mero receptáculo do saber, menosprezando e subestimando seu potencial holístico.
Dessa forma, o professor fala, enquanto o aluno ouve e “apreende”, o que não propicia ao sujeito
que “aprende” (ou deveria estar aprendendo) um papel ativo e autônomo na construção dessa
aprendizagem - aceita e vista, por sua vez, como vinda de fora para dentro. Muitas vezes, esse tipo de
educação pouco leva em consideração o universo que cerca a criança, ou melhor, o que ela aprende fora
da escola, bem como seus esforços espontâneos na tentativa de construção pessoal e coletiva de um
corpo significativo de conhecimento. Enfim, a autoridade do professor - como “vetor-transmissor” detentor
de todo saber - é a principal força motriz que rege o espírito dessa vertente.
No contexto do modelo tradicional de ensino, a principal função da escola é transmitir
conhecimentos disciplinares para a formação geral do aluno- formação essa que o levará a sua adequada
inserção posterior na sociedade, bem como poder optar por uma profissão valorizada.
Essa pratica pedagógica, na grande maioria das escolas que a adotam, caracteriza-se pela
sobrecarga de informações que são veiculadas aos alunos, os que o torna, muitas vezes o processo da
aquisição de conhecimento burocratizado e destituído de significação prática para a vida do aluno.
Dessa forma, a postura de uma escola tradicional tende a ser excessivamente conservadora.
No processo de alfabetização, apóia-se principalmente nas técnicas para codificar/decodificar a escrita,
não se levando em conta a escrita espontânea da criança em fase de alfabetização, sendo a cartilha
seqüencialmente seguida, ao pé da letra, pois é considerada a base do processo de alfabetização.
2. Corrente Comportamental
Na corrente comportamental predomina o método científico, visando à experimentação cientifica. O
homem é o produto do meio ambiente e deve ser orientado no sentido de exercer o sentido pleno sobre a
natureza. A educação e o ensino devem enfatizar o conhecimento do mundo exterior, de serem orientados
dentro de um processo de transmissão de cultura de geração em geração, visando adequar o indivíduo
para o convívio coletivo, em sociedades civilizadas.
A escola é voltada para as questões sociais, com vistas à harmonia social. A mudança do individuo,
que a escola se propõe a fazer, consiste na transformação de seu comportamento, através do mecanismo
da repetição e da punição aos resultados não alcançados. A aplicação dos métodos científicos está voltada
para a experimentação empírica.
Cabe ao professor o planejamento adequado dos conteúdos curriculares, de forma a promover a
promover o desenvolvimento eficaz do sistema de aprendizagem. A situação do aluno é menos passiva em
relação à aquisição do conhecimento, e de certa forma, passa a ser co-responsável pelo controle do
processo de aprendizagem.
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Através da avaliação sucessiva, em várias etapas, procura-se averiguar se o aluno está realmente
aprendendo e se estão sendo alcançados os objetivos propostos pelo professor.
Principais expoentes dessa Escola: Skinner, Mager, Briggs, Prophan, Glaser Papay.
3. Corrente Montessoriana
A pioneira e fundadora desta corrente é Maria Motessori, fisioterapeuta e educadora, tendo
desenvolvido, na Itália, em 1907, um sistema educacional com materiais didáticos que objetivam despertar
interesse espontâneo na criança, obtendo uma concentração natural nas tarefas, para não cansá-las ou
desinteressá-las. Diverge fundamentalmente da escola tradicional. Até os dias de hoje o método é
considerado original no sentido em conferir total liberdade as crianças que, por sua vez, permanecem livres
para se movimentarem pela sala de aula e suas próprias atividades, utilizando materiais apropriados,
tentando sempre gerar o ambiente propício à auto-educação. A manipulação desses materiais em seus
aspectos multi- sensorial é, igualmente, um fator fundamental para o aprendizado da linguagem,
matemática, ciências e prática de vida.
O aprendizado da leitura e da escrita se inicia mais cedo, com crianças antes da idade de 05 anos.
Os agrupamentos não seguem delimitações de idade muito rígidas: procura-se agrupar crianças de faixas
etárias diferentes, ou seja, com diferença de idade de até três anos. O professor assume o papel de
observador, facilitador e orientador dos fatores de aprendizagem.
Através da aprendizagem auto motivada e individualizada- que é a essência da metodologia
montessoriana – procura-se desenvolver nas crianças, a autodisciplina e a autoconfiança – o que
futuramente gerará a autonomia necessária para a continuação do aprendizado em outros níveis.
Hoje em dia, podemos encontrar muitas escolas montessorianas, mais especificadamente
atendendo crianças da educação infantil, bem como as quatro primeiras séries do ensino fundamental.
4. Renovadora
Inteiramente antagônicas aos modelos educacionais tradicionais, o movimento da
“pedagogia renovada” é uma resposta direta aos excessos da vertente tradicional, constituindo-se numa
concepção pedagógica que inclui inúmeras correntes, e que de uma maneira ou de outra, estão ligadas ao
movimento da escola nova ou escola ativa (escolanovismo). Tais correntes, embora admitam algum nível
de divergência entre si, assumem um mesmo princípio no sentido de nortear a valorização do indivíduo
como ser livre, ativo e social.
As atividades da escola deixam ter o professor como o centro de tudo, incontestável monopolizador
do saber. Portanto os conteúdos disciplinares também cedem lugar para o aluno que, agora, como ser
ativo e curioso, passa a ser o centro dos processos. Ademais, o mais importante não é o resultado final do
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processo de aquisição do conhecimento, mas todo o processo de aprendizagem em si- tendo um aluno
como elemento central.
Em oposição à escola tradicional, a escola nova confere ênfase ao princípio da aprendizagem por
descoberta, estabelecendo que a atitude de aprendizagem, que, por sua vez, aprendem fundamentalmente
pela experiência, ou seja, pelo que descobrem por si mesmos. Neste contexto, o professor passa a ser
visto como orientador e facilitador do processo de busca de conhecimento que, por sua vez, deve partir do
aluno, ou melhor, das motivações espontâneas dos mesmos.
Cabe ao professor, portanto, organizar e coordenar as situações de aprendizagem, tentando
permanentemente adaptar suas ações às características individuais dos alunos, para desenvolver suas
capacidades e habilidades intelectuais.
Contudo a idéia de um ensino guiado pelo interesse dos alunos acabou, em muitos casos, por
desconsiderar a necessidade de um trabalho planejado, fato que muito contribuiu para que perdessem de
vista os conteúdos que deveriam ser ensinados e aprendidos.
Essa tendência, que na década de 30 teve grande penetração no Brasil, mais
especificamente no âmbito do ensino pré-escolar (jardim de infância), ainda exerce, nos dias de hoje, uma
grande influência sobre a maior parte das práticas pedagógicas.
5. Tecnicista
A década de 70 assistiu a um acentuado desenvolvimento e proliferação da corrente que se
denominou de “tecnicismo educacional”, totalmente inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e
da abordagem sistêmica do ensino.
Portanto, as práticas educacionais da época definiram uma prática pedagógica altamente
burocrática, controlada e dirigida pelo professor, com um currículo pouco flexível aliada a atividades
mecânicas, inseridas numa proposta educacional rígida, conteudista e passível de ser totalmente
programada em detalhes. A supervalorização da tecnologia programada de ensino trouxe conseqüências:
A escola se revestiu de uma grande auto-suficiência, reconhecida por ela e por toda a comunidade por ela
influenciada, criando desta maneira, a idéia errônea de que aprender não é algo natural do ser humano,
mas que depende exclusivamente de especialistas e técnicas.
Assim, dentro deste contexto, nem o professor, tampouco o aluno são elemento centrais, ou
seja, são valorizados: o que é de fato valorizado nessa perspectiva não é o professor, mas a tecnologia. O
professor passa a ser um mero transmissor do conhecimento técnico, ou melhor, um mero especialista na
aplicação de manuais, estando a sua criatividade restrita aos limites e estreitos da técnica utilizada. A
figura do aluno, por sua vez, passa a se restringir a um individuo (ou objeto) que reage mecanicamente aos
estímulos de forma a responder as respostas esperadas pela escola, pois estas eram as atitudes
esperadas pela escola, pois estas eram atitudes esperadas pela instituição parar que eles obtivessem êxito
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e avançar. Os interesses dos alunos, bem como o seu processo particular deixam de ser considerados,
sendo que a atenção recebida limitava-se a ajustar seu ritmo de aprendizagem ao conteúdo pragmático
que deve ser implementado pelo professor dentro de rígidos cronogramas estabelecidos. Essa orientação
foi dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos 60, e até hoje está presente em muitos
materiais didáticos com caráter estritamente técnico e instrumental.
6. Corrente Sócio- Cultural
A característica principal desta escola é a sua preocupação direcionada totalmente para as
questões sociais, visando possibilitar uma maior participação do povo nos processos de formação de sua
própria cultura. Do ponto do ponto de vista ideológico, apresenta tendência de elaborar síntese entre o
humanismo, o Existencialismo e o Marxismo.
O individuo é visto como sujeito ativo e participante na aquisição e construção do
conhecimento, inserido no contexto histórico. É um ser práxis, que age e reflete sobre o mundo, com o
claro objetivo de transformá-lo. O individuo interage, continuamente, com a sociedade, em um processo
permanente de transformação. A ênfase do processo educacional é a consciência crítica da realidade. A
educação deve propiciar a interação plena entre o professor e o aluno, sem o caráter do oprimido/opressor,
com base no diálogo democrático e na maior liberdade dos participantes no processo ensino/
aprendizagem. A relação professor/ aluno é horizontal, desprovida de mecanismo coercivo ou repressores.
A metodologia adotada por esta escola baseia-se na criação de simulações realistas, com
um conteúdo adaptado a essa finalidade. No processo de avaliação, o aluno é convidado a ser co-autor
das propostas e estratégias do ensino, de modo a permitir um sistema de auto-avaliação, que tanto se
aplica aos alunos, como aos professores. O principal expoente desta escola, no Brasil, é Paulo Freire.
7. Corrente humanista
Para a corrente humanista, o individuo é peça chave e principal colaborador da construção dos
saberes humanos, de modo que toda ênfase é referida a vida emocional e psicológica do aluno, bem como
em suas relações interpessoais. O professor é um facilitador, um orientador para levar o conhecimento ao
aluno, cultivando as experimentações práticas junto com os próprios alunos.
Nessa escola não se aceita a existência de modelos prontos e regras pré-definidas, pois o homem é
um ser em permanente evolução, e a sua vida é um processo contínuo de exercício de utilização de sua
capacidade parar superar-se. Dessa forma, o homem e o conhecimento estão em permanente e inacabado
processo dialético, que exige esforço contínuo de atualização. A característica fundamental desta
abordagem é que o individuo já nasce com a potencialidade de vir a ser.
Para se ter uma visão do mundo, deve-se proporcionar ao aluno um ambiente de liberdade, a fim de
que o mesmo possa se manifestar e se expressar livre e abertamente (dentro dos princípios de educação e
civilidade), o que contribui para o desenvolvimento de suas potencialidades.
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É o próprio homem que constrói seu mundo real. Diferentemente do enfoque da escola sócio-
cultural, o humanismo não enfatiza o coletivo, nem o trato social, concentrando-se no próprio individuo. Daí
que a educação deve ser vista com independência suficiente para não cair na planificação social, nem
servir de controle coercitivo à manipulação das pessoas.
Na escola humanista, o ensino procura gerar um ambiente propício à aprendizagem, fazendo com
que todos os alunos participem do processo educativo. Preocupa-se, igualmente, com a promoção da
capacidade de auto-aprendizagem do aluno, com vista a acelerar seu desenvolvimento intelectual e
afetivo, valorizando a autonomia e a autodeterminação, no combate à heteronomia (dependência de tudo e
de todos).
No processo de aprendizagem, o aluno deve usar sua própria experiência, buscando,buscando
construir, ele mesmo, sua capacidade de estruturar a forma de absorver o conhecimento, tanto no plano
cognitivo, como afetivo. A aprendizagem tende a ser psicologicamente significativa e envolver,
politicamente os mais variados aspectos do individuo. O professor, neste caso funciona com um facilitador
de aprendizagem, cabendo ao aluno a responsabilidade de definir seus objetivos e dar significados a eles.
A metodologia adotada, portanto, deve promover o relacionamento interpessoal, a autonomia do
educando e a troca de experiências. As grades curriculares consistem em diretrizes, não acolhendo
verdades absolutas. O aluno é o principal responsável pela seleção dos conteúdos, bem como da
respectiva construção do conhecimento através deles.
O processo de avaliação não contempla qualquer padronização dos resultados da aprendizagem,
utilizando-se mais os métodos de auto-avaliação e menos o poder de avaliação do professor.
8. Libertadora
De um modo geral, podemos dizer que a proposta brasileira atual é a da escola libertadora,
embora não seja a esta realidade.
No final dos anos 70 e inicio dos anos 820, a abertura política decorrente do final do regime
militar coincidiu com a intensa mobilização dos educadores em busca de uma educação crítica a serviço a
serviço das transformações sociais, econômicas e políticas em vigor, objetivando a superação das
desigualdades existentes no interior da sociedade. Ao lado das denominadas teorias “pedagogia
libertadora” e da “pedagogia critico social dos conteúdos”, que foram as correntes adotadas pela facção de
educadores marxistas.
A “pedagogia libertadora” originou-se dos movimentos para a educação popular que
ocorreram no final da década de 50 e início dos anos 60, sendo interrompidos pelo golpe militar de 1964,
para ter seu desenvolvimento retornado somente no final da década de 70 e inicio dos anos 80.
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Nessa proposta, a atividade escolar está concentrada em discussões de temas sociais e
políticos, bem como em ações diretas sobre a realidade social vigente na época: analisam-se os
problemas, seus fatores determinantes, ao mesmo tempo em que se tenta organizar uma forma de
atuação capaz de transformar a realidade social e política do país. O professor passa a ser um
coordenador de atividades que organiza e atua com a co-participação dos alunos. No entanto, este
movimento esteve muito mais presente nas escolas públicas - nos mais variados níveis de ensino -, bem
como em universidades, do que no âmbito do ensino privado propriamente.
9. Corrente Cognitivista
A corrente cognitivista enfatiza a investigação dos processos centrais do individuo, bem como a
preocupação com a gênese dos processos cognitivos. Defende a interação do individuo com o meio, ou
seja, é interacionista; porém, considera a aprendizagem como um resultado que vai além da interação do
indivíduo com o meio ambiente. O objetivo é conferir capacidade ao aluno para assimilar o conhecimento,
com vistas à integração das informações, para processá-las, posteriormente. O homem é visto com um ser
receptivo, estágio final, que naturalmente não existe. As idéias interacionistas predominam como processo
gradual de adaptação entre o individuo e o meio ambiente, daí surgindo sua visão do mundo.
A ação educativa deve contribuir para o fortalecimento da democracia, mas seu objetivo principal é
fazer com que o aluno conquiste, gradualmente, sua autonomia intelectual. A escola tem por função
ensinar a criança a observar e a pensar, para tirar suas próprias conclusões sobre o conhecimento
estudado e as experiências realizadas. As atividades, realizada em grupo, deve favorecer a formação de
um ambiente democrático e proporcionar o dialogo permanente, em que imperem a liberdade de ação e de
opinião. O ensino deve favorecer a estratégia de aprendizagem através da metodização dos esquemas
mentais, para facilitar a assimilação dos conteúdos. O erro deve ser encarado como parte do processo de
aprendizagem e um estágio capaz de levar conclusões mais acertadas. Para tanto, são fundamentais a
reciprocidade intelectual e a cooperação mútua entre o professor e aluno, cabendo ao professor criar
desafios, como estratégias de ensino.
Pelo visto, a metodologia adotada pela escola cognitivista é essencialmente motivada pelo
individualismo, ao mesmo tempo em que pelo interativismo, utilizando uma didática permanente voltada
para a investigação científica. A avaliação final do processo de ensino e aprendizagem é realizada
mediante a utilização de parâmetros, baseados na teoria do conhecimento, visando averiguar se o aluno
assimilou os conceitos básicos, através da teoria da prática experimental. Principais expoentes: Piaget,
Emilia Ferreiro e Jerome Braner.
10. Crítico social dos conteúdos
A “pedagogia crítico-social dos conteúdos” surge no final dos anos 70 e inicio da década de 80, no
mesmo período da pedagogia libertadora. Sua proposta se fundamenta na reação de alguns educadores
que, na época, não aceitavam a pouca relevância que a “pedagogia libertadora”, ou seja, historicamente
acumulado que, por sua vez, deveria constituir importante parte do legado cultural da humanidade.
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A “pedagogia crítico-social de conteúdos” assegura, sobre tudo, a função social e política da escola
através do permanente do trabalho com conhecimentos sistematizados, de forma a colocar as classes
populares em condições intelectuais para a sua efetiva inserção e participação nas lutas sociais – vigentes
e futuras.
Desta forma, a visão desta nova corrente pedagógica acredita que não basta ter como conteúdo
escolar as questões sociais atuais, vista de maneira isolada e linear, mas é necessário que se tenha
domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas, capazes de conferir aos alunos a
capacidade de interpretar suas experiências de vida e, com isto, defender seus direitos individuais e
interesses de classes.
11. Piagetiana
Com maior evidência a partir dos anos 80, surge um movimento que pretende integrar
tendências que possuíam caráter mais psicológico com outras cujo viés era mais sociológico e político.
Se já era crescente a necessidades de se preocupar com o domínio de conhecimentos formais que
propiciassem uma maior participação ativa e crítica na sociedade se uma adequação psicopedagógica às
características de um aluno que pensa, e que, por isso, precisa ser considerado como ser integral, bem
como a de um professor que, por sua vez, domina conteúdos de valor social e formativo. Esse momento é
caracterizado pelo enfoque centrado no caráter social do processo de ensino de aprendizagem e é, por
sua vez, marcado pela influência da psicologia genética.
Tal enfoque inseriu nas questões pedagógicas aspectos muito relevantes, especialmente no que diz
respeito à maneira como se entende as relações entre: desenvolvimento e aprendizagem; a importância da
relação interpessoal nesse processo; a relação entre cultura e educação; o papel da ação educativa
ajustada às situações de aprendizagem; e finalmente, às características básicas da atividade de
construção dos esquemas mentais elaborada pelos alunos em cada diferente estágio de sua escolaridade.
A psicologia genética criou perspectivas de aprofundamento da compreensão sobre o processo de
desenvolvimento na construção do conhecimento, mais especificamente, no que diz respeito à
compreensão mais sistemática e profunda dos mecanismos pelos quais as crianças constroem
representações internas de conhecimento (esquemas mentais). Os conhecimentos, portanto, são
construídos através da interação direta da criança com seu meio social, em uma perspectiva
psicogenética, trazendo uma enorme contribuição que vai muito além dos grandes estágios de
desenvolvimento.
A teoria epistemológica de Piaget e se seus seguidores, com suas relevantes descobertas,
acarretaram muitos desvios por parte de interpretação de vários pedagogos que, por sua vez, passaram a
“criar” inúmeras “teorias” para a educação, como se o próprio Piaget as tivesse elaborado, o que de fato
não ocorreu. Neste sentido, a pedagogia em si sequer fazia parte dos objetivos fundamentais das
pesquisas de Piaget.
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Assim, encontramos inúmeras escolas que, através de um marketing agressivo se autodenominam
piagetianas, mesmo sem aplicarem, em suas profundas pesquisas de Piaget sobre a teoria do
conhecimento, ou sobre a evolução do pensamento infantil, até a adolescência.
12. Construtivista
A pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita chegou ao Brasil em meados dos anos 80,
causando um enorme impacto nas correntes e teorias em vigor, revolucionando o ensino da língua nas
séries iniciais do ensino fundamental. Ao mesmo tempo, tais estados acarretam uma revisão uma revisão
do tratamento conferido ao ensino e à aprendizagem em diversas outras áreas do saber. Essa
investigação evidencia a atividade construtiva do aluno em relação à língua escrita, reconhecido objeto de
estudo escolar, evidenciando a importante presença dos conhecimentos específicos sobre o
desenvolvimento da escrita já alcançada pela criança, e que, apesar de ainda não coincidirem com a dos
adultos, possui sentido próprio para ela.
De acordo com schnitman,
“O construtivismo é uma teoria post-objetiva do conhecimento que defende que o observador
participa de suas observações e que constrói e não descobre uma realidade, questionando assim os
conceitos da verdade, objetividade e realidade”.
(Texto não publicado)
A metodologia utilizada nessas pesquisas foi, muitas vezes, interpretada como uma proposta de
pedagogia construtivista para a alfabetização, o que re4presenta um duplo equívoco: (1) a redução do
construtivismo à uma teoria psicogenética que tenta explicar a aquisição da língua escrita;(2) e, por
conseguinte, a transformação de uma investigação acadêmica em método de ensino.Esses equívocos
proliferam-se sob o rótulo de “pedagogia construtivista”, contribuindo erradamente para reforçar a crença
de que não se deve corrigir os erros das crianças, pois, fazendo as coisas “do seu jeito”, elas acabam
“aprendendo” – por tentativa e erro - aquilo que necessitam aprender.
Enfim, o fato é que essa pedagogia - que se intitula construtivista -, ou melhor, a má interpretação da
prática docente em relação a seus postulados teóricos, acabou trazendo sérios problemas no que diz
respeito aos processos de ensino e aprendizagem, pois tira de foco a função primordial da instituição
escolar que é ensinar, intervindo como facilitadora do processo de aprendizagem, a fim de que os alunos
aprendam o que é correto - posto que, sozinhos, teriam mais dificuldades em destrinchar os caminhos do
conhecimento.
Em relação à alfabetização podemos citar Terezinha Nunes, que diz:
“Talvez a contribuição mais significativa que o construtivismo já ofereceu à alfabetização foi auxiliar
as alfabetizadoras na tarefa de compreender as produções da criança e saber respeitá-las como
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construções genuínas, indicadoras de processo, e não como erros absurdos. Nesse sentido, podem-se
destacar dois momentos em alfabetização: antes e depois dos trabalhos de Emilia Ferreiro”.
Dessa forma, não existe um “método construtivista” para a educação, no sentido em que certas
escolas fazem acreditar, sendo que “construtivismo” seria muito mais do que uma vertente ou abordagem
metodológica; mas uma postura, um olhar permanente do educador em relação à autonomia do educando
que, por sua vez, passa a ser visto e considerado como co-produtor dinâmico, ativo e autônomo de seu
próprio conhecimento – e não mero receptáculo e depositário passivo e alienado de saberes alheio. O
aluno é co-responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem.
E por essa razão, não se pode dispensar totalmente o “livro didático” como recurso, pois sua
finalidade é a de ordenar o conhecimento, o ensino e a aprendizagem. Um livro didático bem elaborado
pode funcionar como um quadro sinóptico a orientar e facilitar o processo de aprendizagem, conferindo-lhe
consistência, dinamismo eficiência e legitimidade.
Na concepção construtivista, a forma como se constrói o saber é muito ampla, de forma que
realmente se incluem as ações de descobrir, inventar, redescobrir, criar: sendo que aquilo que se faz (as
ações), ou seja, que se obtém por resultado, é tão importante quanto o “como” e o “porquê” se faz,
estratégia que contribui para que ênfase também seja conferida ao processo de aprendizagem - e não
apenas aos resultados em si.
É sempre importante lembrar que, dentro da concepção construtivista, a ação pedagógica se dará
no sentido da compreensão entre dois fatores: daquilo que o ambiente dispõe (oferece): e das estruturas
mentais que o sujeito potencialmente carrega (em termos de carga genética hereditária).