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Entrevista: quem é a Justiça Pernambucana? O entrevistado desta edi- ção do Judicatura é o juiz Carlos Magno, Dire- tor Cultural da AMEPE, que esclarece o perfil da Justiça Pernambucana, sugere critérios de ava- liação da produtividade do Judiciário e aponta al- gumas dificuldades hoje enfrentadas no Estado. Transparência: Primeiro voto aberto e fundamentado para promoção e remoção de magistrados O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Fernando Cerqueira, utilizou, pela primeira vez no Brasil, o voto fundamentado para remoção e promoção de juízes. O momento histórico ocorreu durante a sessão extraordinária do dia 15 de agosto, no Pleno do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A iniciativa cumpre a Emenda 45, que modificou o artigo 93 da Constituição Federal. Sancionada no dia 1º de janeiro deste ano, a Emenda prevê que a votação de todos os processos administrativos deve ser motivada. A sessão foi presidida pelo presidente do TJPE, desembargador Macedo Malta, e contou com a presença de 33 desembargadores do Estado de Pernambuco. VIII Interagindo com a Sociedade recebe Gustavo Krause Durante o encontro, que aconteceu na Fundaj, o consultor empresarial Gustavo Krause abordou as mu- danças no eixo de poder, na família e nas organizações governamen- tais. O palestrante afirmou que a reforma política é necessária para garantir funcionalidade e eficácia à democracia. Ele também lembrou o período em que era ministro do ex- presidente Fernando Henrique Cardoso e criticou o tro- ca-troca de favores dentro do palácio do planalto. Krause disse ainda que, até por características meritocráticas, pela forma de acesso, o Judiciário fica em tese mais longe e menos permeável aos grandes vícios e virtudes. Seleção inédita na AMEPE é exemplo contra o nepotismo Quase duzentas e setenta pessoas participaram do processo de seleção para preenchimento de vaga no setor administrativo da sede da AMEPE. O concurso foi realizado no mês de junho. A seleção inédita na instituição foi realizada pela Associação dos Magistrados de Pernambuco em parceria com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (Ipad). Só puderam participar do processo de seleção os candidatos com nível superior. Amepe incentiva regularização do porte de arma A Amepe firmou parceria com a Polícia Federal para mi- nistrar um curso de tiro aos magistrados do Estado. O as- sociado teve a oportunidade de fazer o teste exigido por lei para o manuseio da arma. A associação também encarre- gou-se de encaminhar a documentação dos interessados à PF para regularizar ou atualizar o registro da arma. Página 20 Página 13 Página 06 Página 11 Página 18

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Entrevista: quem é a Justiça Pernambucana?

O entrevistado desta edi-ção do Judicatura é o juiz Carlos Magno, Dire-tor Cultural da AMEPE, que esclarece o perfil da Justiça Pernambucana, sugere critérios de ava-liação da produtividade do Judiciário e aponta al-gumas dificuldades hoje enfrentadas no Estado.

Transparência: Primeiro voto aberto e fundamentado para

promoção e remoção de magistradosO desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Fernando Cerqueira, utilizou, pela primeira vez no Brasil, o voto fundamentado para remoção e promoção de juízes. O momento histórico ocorreu durante a sessão extraordinária do dia 15 de agosto, no Pleno do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A iniciativa cumpre a Emenda 45, que modificou o artigo 93 da Constituição Federal. Sancionada no dia 1º de janeiro deste ano, a Emenda prevê que a votação de todos os processos administrativos deve ser motivada. A sessão foi presidida pelo presidente do TJPE, desembargador Macedo Malta, e contou com a presença de 33 desembargadores do Estado de Pernambuco.

VIII Interagindo com a Sociedade recebe

Gustavo KrauseDurante o encontro, que aconteceu na Fundaj, o consultor empresarial Gustavo Krause abordou as mu-danças no eixo de poder, na família e nas organizações governamen-tais. O palestrante afirmou que a reforma política é necessária para garantir funcionalidade e eficácia à democracia. Ele também lembrou o período em que era ministro do ex-

presidente Fernando Henrique Cardoso e criticou o tro-ca-troca de favores dentro do palácio do planalto. Krause disse ainda que, até por características meritocráticas, pela forma de acesso, o Judiciário fica em tese mais longe e menos permeável aos grandes vícios e virtudes.

Seleção inédita na AMEPE é exemplo contra o nepotismoQuase duzentas e setenta pessoas participaram do processo de seleção para preenchimento de vaga no setor administrativo da sede da AMEPE. O concurso foi realizado no mês de junho. A seleção inédita na instituição foi realizada pela Associação dos Magistrados de Pernambuco em parceria com o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (Ipad). Só puderam participar do processo de seleção os candidatos com nível superior.

Amepe incentiva regularização do porte de armaA Amepe firmou parceria com a Polícia Federal para mi-nistrar um curso de tiro aos magistrados do Estado. O as-sociado teve a oportunidade de fazer o teste exigido por lei para o manuseio da arma. A associação também encarre-gou-se de encaminhar a documentação dos interessados à PF para regularizar ou atualizar o registro da arma.

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� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

Editorial

As instituições brasileiras en-contram-se extremamente vulneradas pela onda de es-cândalos que tem dominado a mídia nos últimos meses. Outrora vestais do cenário

político vêem sua biografia lançada a um lamaçal, que não permite dúvidas acerca da falta de lisura na condução dos parti-dos políticos e da administração pública, esta antiga vítima das mais escabrosas tramóias, sempre protagonizada por gru-po de atores, hoje integrantes de elenco diferente.

O Judiciário foi vulnerado com a pro-mulgação de sua festejada reforma, que teve por único objetivo subjugar seus membros ao controle de um Conselho integrado por estranhos ao Poder ou, como bem disse a deputada Juíza Denise Frossard, no último dia 20 de julho, o Ju-diciário teve a espinha quebrada.

À população resta o estarrecimento, o desencanto, a repulsa aos fatos alardeados e, como estamos no Brasil, o escândalo inspira piadas, charges, desenhos anima-dos e máscaras, dentre outro adornos, que versam sobre malas e cuecas, denotando a constante e perigosa falta de credibili-dade de significativa parcela da liderança política nacional.

Dos tristes episódios, devemos tirar proveitosas lições a respeito do caminho a ser tomado pelo Judiciário, rumo à sua credibilidade e respeito.

Episódios verificados em Pernambu-co são indicadores de que novos rumos devemos tomar, sob pena de estarmos no alvo da denúncia gratuita, que, sem sombra de dúvida, arruinará a parcela de prestígio de que ainda desfrutamos.

Fragiliza-nos a prática do nepotismo e o desprestígio do servidor de carreira. Invocando preceito legal – de iniciativa do TJPE, que lhes assegurava metade dos

cargos comissionados do Judiciário Per-nambucano, obtiveram decisão judicial com deferimento de antecipação de tute-la, no sentido de que se observasse o pre-ceito da impessoalidade. Além da decisão não ter sido executada, cuidou a nossa Corte de, com extrema velocidade, enviar projeto de lei, excluindo da base de cál-culo os agentes de segurança, secretários e assessores técnicos dos desembargado-res, em total de cento e onze cargos, além de assegurar o “direito adquirido” aos que ocupam os cargos comissionados.

Vulnera a independência do juiz a ação do desembargador que, acreditando que sua decisão liminar não foi cumprida, informalmente telefona para o Juízo de origem,ameaçando o magistrado, além de, pior, formalizar a ameaça de repre-sentação perante o Órgão Disciplinar de que faz parte.

Descredencia-nos perante a classe jurídica a ação da Corte que, de ofício, delibera arredondar as médias de candi-datos não aprovados no último concurso público para provimento de cargos de juiz substituto, depois da homologação do certame, alterando a ordem de classi-ficação daqueles que logram êxito ante-riormente, sem falar que não se observa a ordem de classificação, no momento em que os recém-empossados indicam as co-marcas de suas preferências, prevalecen-do, por vezes, o critério genético.

Fatos como os demonstrados têm o repúdio da sociedade civil, cabendo-nos, enquanto interessados no prestígio da Justiça Pernambucana, indagar aos res-ponsáveis que caminho pretendem trilhar e mesmo questioná-los nos foros com-petentes, para que não nos vejamos, em futuro próximo, substituindo os protago-nistas dos escândalos de malas e cuecas, pois, aí sim, teremos arruinado o Poder a que servimos.

Diretoria da Amepe

QUO VADIS?Presidente:Dr. Airton Mozart Valadares Vieira Pires

1º Vice-Presidente:Dr. Laiete Jatobá Neto2º Vice-Presidente

Dr. Brasílio Antônio GuerraSecretária Geral

Dra. Nicole de Faria NevesSecretário Geral-Adjunto

Dr. Fernando Menezes SilvaDiretor de Finanças e Patrimônio

Dr. Edvaldo José PalmeiraDiretor de Finanças e Patrimônio-Adjunto

Dr. Marcos Franco Bacelar

CONSELHO FISCAL

Dr. Antônio Medeiros de SouzaDr. Evanildo Coelho de A. FilhoDra. Ildete Veríssimo de LimaDr. José Valdmir de O. Chaves

Dr. Cícero Bittencourt de Magalhães

Diretoria Cultural:Dr. Carlos Magno Cysneiros SampaioDr. Nivaldo Mulatinho de M. C. Filho

Diretoria Esportiva:Dr. Arnóbio Amorim A. Júnior

Dr. Luiz Gustavo M. AraújoDiretoria Jurídica:

Dr. Ruy Trezena Patú JúniorDr. Luiz Mário de Góes Moutinho

Diretoria de Informática:Dr. Rafael José de Menezes

Diretoria Social:Dr. Clicério Bezerra e Silva

Dra. Maria das Graças Serafim CostaDiretoria CAMPE:

Dr. Eudes dos Prazeres FrançaDr. Virgínio M. Carneiro Leão

Dr. Fábio Eugênio Dantas de O. Lima

Judicatura é uma publicação da Associação dos Magistrados de Pernambuco - AMEPE

Jornalistas Responsáveis:Lorena Barbier (DRT-2583/PE) e Fabiano Antunes (DRT-2830/PE)

Projeto Gráfico e Diagramação: Sebastião CorrêaImpressão: CCS GráficaTiragem: 1000 exemplares

Os artigos assinados refletem, exclusivamente, a opinião dos seus autores.

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - �

U ma das funções da Asso-ciação dos Magistrados de Pernambuco é a defesa dos associados. Com o propósito de dar cumprimento a esse

fim institucional, a AMEPE instituiu uma ajuda de custo para o juiz associado contratar advogado de sua livre escolha e confiança, caso não queira, gratuita-mente, fazer uso dos advogados vincula-dos à Diretoria de Assuntos Jurídicos da própria associação. Essa assistência será dada somente naqueles casos em que o associado tenha interesse concorrente com toda a magistratura, ou seja, na-quelas hipóteses em que seja autor, réu, assistente ou oponente em causas ajuiza-das em razão da sua função judicante.

O benefício foi instituído no início da atual gestão e, agora, encontra-se de-finitivamente regulado pela Resolução 08/2004. “Os casos de interesse exclu-

Associado ganha ajuda de custo para contratação

de advogado particular

sivamente pessoal, como questões de família ou vizinhança, por exemplo, não são contemplados nesta Resolução”, res-salta o Diretor Jurídico da AMEPE, Ruy Patú. Para tomar essa iniciativa a AME-PE levou em consideração solicitações encaminhadas por magistrados sobre a possibilidade de pagamento de hono-rários advocatícios, refererentes à con-tratação de advogados feita diretamente pelos associados, atendendo assim ao interesse particular do magistrado. De acordo com Patú, essa ajuda de custo vem para suprir uma lacuna, uma vez que, em casos dessa natureza, o associa-do, quando optasse em contratar um ad-vogado particular, não tinha o apoio do órgão associativo, embora tivesse com ele interesse concorrente.

No caso de o juiz querer contratar o próprio advogado, ele deverá manifes-tar essa pretensão, devidamente justifi-

cada, mediante requerimento instruído com cópias dos seguintes documentos: contrato de prestação do serviço ad-vocatício, instrumento de procuração e comprobatórios da necessidade de contratação de advogado. “Conside-rando a justificativa e os documentos apresentados, a solicitação é examina-da pelos departamentos jurídico e fi-nanceiro da AMEPE, que levam até 15 dias para opinar sobre o requerimento e a respectiva ajuda de custo, toman-do-se como referência os valores míni-mos previstos na Tabela de Honorários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, afirma o Diretor.

A mesma Resolução também disci-plina os serviços de assistência judici-ária já existentes na AMEPE, mas que não estavam formalizados. A Associação disponibiliza um corpo de advogados atendendo gratuitamente os juízes. São quatro especialistas: Dr. João Olímpio (criminal), Dr. José Henrique Wander-ley, Dr. João Campos e Dr. Túlio Vilaça, estes últimos voltados para as áreas cí-veis e administrativas. Os mencionados advogados, por integrarem o setor jurí-dico da AMEPE, podem ser acionados, sem nenhum ônus, por qualquer juiz associado que necessite de advogados, desde que demonstre interesse insti-tucional concorrente. Os especialistas assinaram um contrato com a AMEPE, formalizando a relação de prestação de serviço em abril de 2004.

A maioria utiliza-se dos advogados da Associação, mas a AMEPE registrou cinco casos no último ano de solicita-ções de ajuda de custo. “O valor ainda é módico, mas é uma iniciativa que tende a se aperfeiçoar, uma vez que ainda se encontra em fase de experimentação e compatibilização com o orçamento da AMEPE”, é o que garante Ruy Patú.

Ruy Patú, dir. jurídico da AMEPE

� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

N o ano de 2003, quando a atual Diretoria assumiu o comando da AMEPE, ve-rificou-se que o seu quadro associativo tinha crescido

significativamente. Eis que, em cerca de 3 anos apenas, passou de 300 para quase 600 associados.

Observou-se, ainda, que o uso co-mum das sedes de lazer da entidade apresentava grandes dificuldades de ad-ministração, especialmente quanto ao serviço de hospedagem. Primeiro, por-que nos períodos de alta demanda, al-guns associados utilizavam em demasia o direito de hospedagem, em detrimento de outros; segundo, porque a falta de re-gras pré-definidas permitia exageros que importavam em prejuízo ao bom uso da coisa comum, quer porque tornava difícil ou impossível a convivência entre os hós-pedes, quer porque a estrutura física e de serviços não comportava tais excessos.

Na primeira hipótese do parágrafo anterior (excesso de reserva e de uso), alguns associados faziam, de uma única vez, reservas para todos os fins de sema-na, não só para aquele mês, mas também para o(s) mês(es) seguinte(s), especial-mente porque não precisavam efetuar de imediato o pagamento das respectivas diárias e poderiam desistir da hospeda-gem a qualquer tempo. Resultado: os associados que pouco se utilizavam des-se serviço tinham dificuldades de fazer uma reserva de hospedagem.

Na segunda hipótese acima referida (mau uso, inclusive com violação ao direito de vizinhança), inúmeros foram os exageros ou abusos cometidos, bas-tando, aqui, trazer os seguintes exem-plos: 1) hospedagem de 14 pessoas num único flat de Gravatá, que somente comporta, na normalidade, 4 pessoas, o que resultou, inclusive, no uso indevido do parque infantil como dormitório; 2) mulheres trazidas à noite para dentro do

normas?Pra queprivê; 3) utilização de sistema de som em níveis e horário incompatíveis com o direito de vizinhança; 4) circulação de cães, inclusive nas áreas comuns (com pêlos espalhados por todo o apartamento – criando dificuldade para a limpeza e para os hóspedes alérgicos – e ataques aos funcionários e demais hóspedes); 5) piscina suja por recipientes de bebida ou mesmo pela própria bebida, inclusive alcoólica, ali derramada; 6) retirada de lençol de apartamento e sua utilização como rede de pesca no pequeno tanque de peixes do prive de Gravatá; 7) utiliza-ção da hospedagem, a preços simbólicos – fortemente subsidiados pelas contri-buições sociais – por pessoas estranhas à Associação, desacompanhadas do as-sociado que fez a reserva; 8) reserva de hospedagem feita em razão de sorteio, mas o uso por associado não sorteado.

Constatando a Diretoria que o con-trole da situação demandava a existência de regras pré-determinadas, editou, via Resolução nº 07, de 22.11.2004, o RE-GULAMENTO SOCIAL PARA USO DAS UNIDADES DE LAZER DA AMEPE.

O Regulamento foi editado com base nas ocorrências do dia-a-dia e tem como objetivo a efetivação do princípio da isonomia, onde todos possam, em igualdade de condições, fazer o uso do patrimônio da Associação, assim como tornar mais agradável a convivência en-tre os hóspedes, de forma que as sedes de “lazer”, não se transformassem em sedes de “aborrecimentos”.

No referido Regulamento, estabe-leceu-se uma vacatio legis de cerca de 2 meses, ao tempo em que já ali ficou definido que seria ele revisado no prazo de 6 meses.

Enviou-se a todos os associados có-pia fiel do Regulamento, solicitando-se-lhes a apresentação à AMEPE das pro-postas que entendessem devidas.

Decorridos mais de 3 meses da vi-gência do multicitado Regulamento, nenhuma proposta de revisão havia che-gado à AMEPE, o que fez a Diretoria acreditar que as normas ali veiculadas atendiam aos anseios dos associados.

Diferentemente do que supomos, no entanto, problemas ainda continuaram a ocorrer, especialmente quanto ao exces-so da capacidade de ocupação e ao uso por pessoas diversas das destinatárias da autorização expedida pela AMEPE.

A Diretoria da AMEPE editou a Resolução n° 12/2005, aperfeiçoando o Regulamento e, visando à sua conso-lidação, abriu, novamente, prazo para que os associados encaminhassem suas propostas de aperfeiçoamento do multi-citado instrumento normativo à AMEPE até o dia 31.07.2005, sendo garantido na correspondência encaminhada a todos que as propostas não acolhidas pela Di-retoria seriam objeto de consulta ao con-junto dos associados.

Mais uma vez, nenhuma proposta foi ofertada à AMEPE, o que implicou na reafirmação de que as providências adotadas pela Diretoria para o bem co-letivo foram plenamente acolhidas pelo conjunto dos associados.

Ocorre, porém, que um diminuto nú-mero de associados (cerca de 1%) insis-te em adotar atitudes anti-sociais, tratan-do o patrimônio da AMEPE como coisa particular, individual, em detrimento do direito coletivo, o que, aliás, confirma a regra segundo a qual onde há coletivida-de (e os magistrados não fogem a essa regra, pois são seres humanos), há con-flito de interesses a demandar a edição de normas jurídicas, para proteger o in-teresse da maioria e possibilitar a efetiva convivência social.

Para os renitentes, restou à Direto-ria da AMEPE a aplicação da lei (no caso, do Regulamento), garantindo-se, nos procedimentos adotados, os

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - �

normas?Pra queprincípios do contraditório e da ampla defesa na sua mais ampla expressão, como previsto no Regulamento. Assim é que foram editadas 8 notificações, onde foram narrados, objetivamente, os fatos imputados a cada notificando, inclusive com a indicação das normas regulamentares em tese infringidas, e abrindo-se o prazo de 05 dias úteis para defesa. Posteriormente, concluí-ram-se os procedimentos com o julga-mento das notificações, arquivando-se 5 delas e aplicando-se as penalidades previstas regulamentares aos demais casos. Vale destacar que as 8 notifica-ções abrangiam apenas 6 associados, sendo igualmente certo que tão-so-mente 3 resultaram em penalidades e dentre esses apenados, dois deles foram absolvidos em outros procedi-mentos, o que confirma a absoluta im-parcialidade dos julgamentos.

Como também previsto no Regula-mento, todos os procedimentos correram em sigilo, identificando-se os penaliza-dos apenas por suas iniciais, como se faz, aliás, nos processos judiciais que correm em segredo de justiça. Infelizmente, no entanto, um associado da AMEPE, em atitude evidentemente eleitoreira, cuidou de tornar pública a identidade dos ape-nados em correspondência encaminhada ao conjunto dos associados. Para não polemizar, a Diretoria não mais utilizará nas suas publicações qualquer símbolo que possa, mesmo que remotamente, identificar o associado que venha a re-sponder a procedimento administrativo disciplinar, garantindo-se, no entanto, a qualquer associado, pelo princípio da transparência, o acesso aos autos, como previsto no Regulamento.

As manifestações da imensa maio-ria dos associados nos dão a certeza de que o Regulamento contempla e efeti-va o direito coletivo dos integrantes da Associação.

exemplo de agilidade na justiça

A justiça nem sempre é mo-rosa como se imagina. Um exemplo disso é o trabalho que vem sendo desenvolvi-do pelo 1o Colégio Recursal

dos Juizados Cíveis de Pernambuco. Quando a atual composição da turma assumiu o Colégio Recursal, em fe-vereiro de 2002, havia 950 recursos pendentes para julgamento; alguns estavam ali há meses, esperando por uma decisão.

Para desafogar as prateleiras, os componentes da Turma fizeram uma espécie de mutirão com aumento de carga horária e do número de sessões de julgamento. “Antes as sessões de julgamento começavam às 14h, nós resolvemos iniciá-las mais cedo às 13h30 e não tinha hora para acabar”, ressalta Dr Saulo Sebastião, atual pre-sidente da turma única do I Colégio Recursal. Outra medida adotada pela equipe foi a ampliação de duas para três sessões por semana - toda quarta, quinta e sexta - o Colégio Recursal es-tava funcionando para agilizar os pro-cessos acumulados.

A equipe de juízes titulares, forma-da inicialmente por Dr Saulo Freire, Dr. Eduardo Guilliod Maranhão e Dr. Abelardo Tadeu da Silva Santos, e, ao depois, por Dr. Sérgio José Vieira Lo-pes – em substituição ao Dr. Eduardo Guilliod, chegou a julgar uma média de 40 processos por sessão, o que em poucos meses fez baixar o volume de trabalho e, atualmente o grupo conse-gue atender aos pedidos com o máxi-mo de agilidade possível.

Aos poucos, o Colégio Recursal voltou a realizar sessões duas vezes por semana; atualmente elas acontecem as quartas e quintas-feiras, e os processos que antes levavam uma média de 3 a 4 meses para serem julgados, agora não passam mais de dez dias aguardando por uma decisão. Hoje não há pendên-cias, garante Dr Saulo Freire: “tudo o que chega é julgado”.

Os casos mais freqüentes que vão parar nas mãos dos juízes do Colégio Recursal são reclamações contra ope-radoras de telefonia. As outras ações mais comuns referem-se a questões relativas ao complemento de indeniza-ção de seguro obrigatório por aciden-tes com veículos (DPVAT), todos são provenientes dos juizados cíveis.

O Colégio recebe hoje uma média de 250 recursos por mês, mas já acon-teceu de receber 450 em um único mês. Mesmo não existindo prazos de-terminados por lei para o julgamento de recursos, a média de 7 a 10 dias foi uma meta estabelecida pela pró-pria equipe, seguida desde o início de 2003, quando os julgamentos foram postos em dia e assim se mantém até hoje. A eficiência do Colégio deve-se, segundo o presidente, à dedicação dos juízes e do corpo de funcionários, “que vestem a camisa e procuram dar o melhor de si”, acrescenta. Além dos 3 juízes titulares, o grupo ainda é formado por três suplentes: Dra Ma-ria Rosa Vieira Santos, Dr. Alberto Flávio Barros Patriota e Dr Aldemir Alves de Lima.

O Colégio Recursal funciona dia-riamente, no 4o andar do Fórum Tho-más de Aquino, das 13h às 19h.

Colégio Recursal:

Saulo Freire, presidente do Colégio Recursal

� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

Judicatura - Quem é a Justiça Per-nambucana?Carlos Magno - Eu não sei qual foi o critério usado pela Fundação Getúlio Vargas para dizer que em Pernambuco existe um magistrado para cada 5 ha-bitantes. No Estado, de acordo com o último censo do IBGE, temos aproxima-damente 8 milhões de habitantes, então para chegarmos ao resultado menciona-do, precisaríamos ter um milhão e seis-centos mil magistrados. Talvez tenham sido levados em consideração os juízes federais, os trabalhistas, os militares, os esportivos, inclusive os amadores, os aposentados e os mortos. No Tribunal de Justiça de Pernambuco, nós temos 469 magistrados, sendo 37 desembargadores, 150 juízes de Terceira Entrância, 173 de Segunda Entrância e 109 de Primeira Entrância. Se considerarmos os mesmos 8 milhões de habitantes, teremos 17.057 habitantes por magistrados no Estado de Pernambuco. Em Pernambuco temos 195 municípios, dos quais, em contrapo-sição à Constituição do Estado, apenas 152 são sedes de comarca.

Judicatura - A relação entre número de magistrados e número de habitan-tes é um bom parâmetro para avaliar o desempenho do Poder Judiciário?Carlos Magno - Penso que não. Isso é um mero indicativo. Essa relação não reflete a litigância trazida ao Poder Ju-diciário. Metade da população só tem conhecimento que o Poder Judiciário existe quando se encontra envolvido em

Carlos MagnoA reportagem do Jornal do Commercio intitulada “Justiça Pernambucana em números”, divulgada no dia 05/06/2005, traz os primeiros dados de um levantamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal sobre o desempenho do Judiciário no Brasil. Contestando os números divulgados na reportagem com relação ao Estado de Pernambuco, o juiz Carlos Magno, Diretor Cultural da AMEPE, esclarece nesta entrevista ao Judicatura o perfil da Justiça Pernambucana, sugere critérios de avaliação da produtividade do Judiciário e aponta algumas dificuldades hoje enfrentadas no Estado.

Entrevista

algum procedimento criminal. Mais da metade dos feitos distribuídos na Comar-ca do Recife no ano passado apresentava o Estado em um dos pólos da ação (Es-tado de Pernambuco e o município do Recife). Penso que também não serve como critério de aferição do trabalho do magistrado essa vinculação ao núme-ro de feitos distribuídos. A distribuição independe de qualquer providência do magistrado. O desfecho de um processo, com efetiva concretização da prestação jurisdicional, reclama a observância de prazos e ritos pré-estabelecidos na lei que não podem ser desconsiderados pelo juiz. Penso que o indicador resul-tante da relação havida entre o número de processos conclusos, despachados e sentenciados consubstanciaria o melhor critério para aferição da produtividade do magistrado.

Judicatura - Pode-se atribuir exclu-sivamente ao magistrado a respon-sabilidade pelo retardo na prestação jurisdicional?Carlos Magno - Evidentemente que não. Vivemos um tempo em que se exige ve-locidade em tudo. É drive thru, self ser-vice, fast food; lava-jato, come-em-pé, etc.. A atividade do juiz exige reflexão, não pode ser medida pelo cronômetro de Tailor, mas pode ser concebida pelo a ótica de Ford. Vivenciamos uma prática artesanal numa sociedade que se desen-volve a acelerado ritmo tecnológico.Concebendo a prestação jurisdicional como uma linha de montagem encontra-

remos vários agentes, cada um pratica determinado ato. Alguns absolutamente dispensáveis como o inquérito policial, o que não se confunde com a investigação criminal, essa de extrema relevância, e o ato subseqüente não pode ser realizado sem a observância do antecedente.Na esfera criminal tudo começa na de-legacia de polícia. Enquanto não recebe o inquérito o promotor não oferece a denúncia. Somente com o recebimen-to da denúncia se inicia a atividade do juiz. O denunciado tem direito à ampla defesa, isso inclui, por exemplo, a oitiva de testemunhas residentes em comar-cas distantes, por vezes até no exterior, o que demanda a expedição de cartas precatórias ou rogatórias. Em fim, o juiz só pode proferir a sentença depois que concluir a instrução do processo. Nessa fase, os advogados exercem um papel decisivo quanto à fluidez do processo. Também não podemos desconsiderar a responsabilidade do próprio Estado, que muitas vezes deixa de apresentar o réu preso para audiência.Na esfera civil a situação não é muito diferente. Agíssemos com o rigor preco-nizado na legislação processual, mais de 20% (vinte por cento) das petições ini-ciais seriam indeferidas. Extinguir pro-cesso sem julgamento do mérito é muito fácil, mas não resolve o problema das partes. Quando o juiz manda emendar a petição inicial não é ele quem está retar-dando o processo. Quando a investiga-ção de paternidade fica parada por falta de recursos para realização de exame

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - �

do DNA, não é o juiz quem da causa ao atraso; quando a audiência tem que ser adiada por falta de defensor público, ou por ausência de sua intimação pessoal, não é o juiz quem está retardando a pres-tação jurisdicional; quando o processo fica parado à espera de uma providência da secretaria, não se pode responsabili-zar o juiz pela insuficiência de servido-res; também não se pode culpar o juiz quando a sentença não pode ser proferi-da em audiência em face da ausência do promotor que está respondendo, simul-taneamente, por duas ou três unidades. O sistema de informática do Tribunal de Justiça lhe permite apurar o tempo de cada agente no processo. Somente assim poderíamos saber, quem, de fato, retarda a prestação jurisdicional.

Judicatura - Em que medida o juiz pode contribuir para a celeridade processual?Carlos Magno - Superando ritos e ro-tinas burocráticas, ainda que preconiza-das na lei. Para que ouvir testemunhas em divórcio consensual, quando as par-tes querem o divórcio e afirmam que estão separadas há mais de dois anos? Basta que o juiz verifique o equilíbrio da partilha de bens, as disposições re-ferentes à guarda, à visitação dos filhos e a eventual necessidade de alimentos. Finda a audiência, com a renúncia do prazo recursal, inclusive pelo Ministé-rio Público, as partes podem sair con-duzindo o mandado. Uma vara como essa que eu atualmente ocupo, 9ª vara de família, com atribuições de assistên-cia judiciária, tendo uma boa estrutura de secretaria pode funcionar em tempo real. Você não imagina o que isso re-presenta para as partes. Quantas rotinas de trabalho, quantas passagens, quantos expedientes de trabalho não deixariam de ser desperdiçados.

Judicatura – A quem compete admi-nistrar cada unidade jurisdicional. Carlos Magno – É voz corrente que cada unidade jurisdicional tem a cara de seu titular. Cada Juiz molda a vara a seu estilo pessoal de trabalho. Essa atribuição não consta da Lei Orgâni-ca da Magistratura, mas é necessária. Nós magistrados fomos forjados, tão somente, para despachar e sentenciar. Nós magistrados não temos formação

gerencial. Gerenciar sua unidade de trabalho é uma tarefa que se impõe ao magistrado desde a oficialização das serventias judiciais, é incumbência nova que precisa ser estimulada e de-senvolvida.

Judicatura - Todos os atos proces-suais são concentrados na pessoa do juiz? Carlos Magno - De fato, a maior parte dos atos processuais é concentrada na pessoa do juiz, entretanto, o próprio código de ritos autoriza o servidor a praticar os atos ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória indepen-dentemente da intervenção judicial. (§ 4º do artigo 162 do Código de Processo Civil). Alguns colegas, aqui no Recife, tomaram essa iniciativa, o problema é saber quantos outros poderão fazê-lo. A maior parte das secretarias de vara não dispõe de recursos humanos suficientes nem preparados para essa atividade. Em muitos casos o juiz precisa redigir ofí-cios simplórios, e alguns outros, chega mesmo a digitar o termo de audiência. Judicatura - E qual o critério consi-derado razoável para avaliar a pro-dutividade do magistrado?Carlos Magno - Normalmente afe-re-se a produtividade dos magistrados pelo número de sentenças proferidas. A sentença representa o coroamento do trabalho de um magistrado, mas apenas isso. A aferição da produtividade do magistrado deve levar em consideração todas as etapas da atividade por ele de-senvolvida a saber, despachos, decisões interlocutórias, audiências e sentenças. Um juiz substituto, por exemplo, pode chegar numa vara e não encontrar pro-cessos conclusos para sentenciar e as-sim proferir poucas sentenças no mês, mas também pode encontrar inúmeros processos conclusos para sentenciar, não proferir um único despacho, não realizar nenhuma audiência e concluir o mês proferindo um número de sen-tenças muitas vezes maior que a média prolatada pelo juiz titular. Isso não in-dica que o juiz substituto é melhor que o titular, apenas que cada um deles, nos meses considerados, concentrou sua atividade sentenciando ou instruindo processos. Como já disse, o melhor cri-tério para aferir a produtividade do ma-

gistrado seria aquele que tomasse em consideração o número de processos conclusos, as quantidades de processos despachados e sentenças prolatadas.

Judicatura - Como se disponibilizam os recursos humanos e materiais no Tribunal de Justiça de Pernambuco?Carlos Magno - Penso que ao sabor das conveniências. Vamos começar pe-los magistrados. Na Comarca do Reci-fe, temos aproximadamente o mesmo número de juízes substitutos e titulares. Não existe critério para a alocação des-ses juízes substitutos; boa parte deles é movida a cada trinta dias, sem vincu-lação entre sua especialização e a vara para a qual é designado. Temos caso de magistrado com elevada especialização em direito público que foi designado para responder pelo juizado de execu-ções cíveis; temos caso de magistrado com especialização de direito civil que é designado para atuar na área criminal e vice-versa. A simples movimentação mensal do magistrado, além de configu-rar grave violação ao princípio do juiz natural, prejudica enormemente a sua produtividade. Recém designado para uma vara, como não conhece os pro-cessos que por ali tramitam, sempre que atua precisa examinar os autos de capa a capa, isso demanda muito tempo. Quem atua numa mesma vara, diferentemente daquele outro, conhecendo o processo, e sabendo o que fez anteriormente, vai di-reto ao último ato processual. Quem gira a cada trinta dias, não estabelece laços de rotina burocrática com a secretaria da vara e com a sensação de estar ocupando a casa do outro evita empreender ritmo e procedimentos próprios. O Tribunal de Justiça de Pernambuco não desenvolve nenhum esforço no sentido de minimizar esses malefícios. Registre-se ainda que o serviço judiciário, em algumas comar-cas do interior, se socorre de pessoal das prefeituras, estabelecendo indesejados vínculos para com o executivo local. Por fim, não posso deixar de registrar que o Tribunal de Justiça, sempre que tem ne-cessidade, requisita os melhores talen-tos da Comarca do Recife, ampliando a insuficiência de servidores nas diversas unidades jurisdicionais da capital.

Judicatura - Vamos falar agora dos ser-ventuários e dos recursos materiais.

� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

Carlos Magno - Teve um tempo aqui em Pernambuco que o presidente do Tribunal adquiriu alguns notebooks para distribuir com os juízes da capital. Como não tinha um notebook para cada magis-trado, ele resolveu escolher quem rece-beria o equipamento. Indagado acerca do critério usado, o presidente disse que utilizara o critério da sua conveniência pessoal. Registre-se que eu recebi um desses equipamentos, mas com certeza esse não é o critério preconizado para o exercício da administração, mas talvez de forma abrandada, esse mesmo crité-rio continue vigendo. A administração do Poder Judiciário reclama o estabe-lecimento de parâmetros objetivos para a alocação de pessoas e máquinas. Tal-vez um bom parâmetro seja o número de feitos em andamento em cada uma das unidades de trabalho. Uma vara de família como mais de 7 mil processos em andamento não pode ter o mesmo número de servidores que uma outra de mesma natureza com menos de mil feitos em andamento. Não tenha dúvida que em cada um desses casos, a velo-cidade da prestação jurisdicional estará diretamente relacionada com a alocação desses recursos. Não conheço nenhuma iniciativa do Tribunal de Justiça no sen-tido de eqüalizar essa distribuição. Nós magistrados nunca fomos chamados, ou sequer consultados, pelo planejamento do Tribunal a esse respeito.

Judicatura - Hoje em dia já se cons-tata uma sobrecarga de demanda nos juizados especiais, com audiências sendo designadas, em média para doze meses, depois da reclamação. Por que isso acontece? Carlos Magno - Observamos que a de-manda nos juizados especiais cresceu muito mais que a sua estrutura. Talvez precisássemos de uma quantidade muito maior de juizados. O seu procedimento é célere, os atos são simplificados e o sis-tema recursal é muito restritivo. Isso é tudo que se pode imaginar em termos de justiça célere. Temos ainda um Colégio Recursal que no prazo de 30 dias, em média, tem julgado qualquer recurso.

Isso configura um fato inédito em ter-mos de prestação jurisdicional. Alguns fatores, entretanto, desaceleram essa atividade. Os cargos de conciliador, secretário e secretário-adjunto, que não guardam atribuições de direção, chefia e assessoramento, são ocupados, em cará-ter temporário, por pessoas que não inte-gram a estrutura do Poder Judiciário. A constante renovação desses quadros im-pede a formação de uma burocracia es-tável que imprima ritmo de continuidade ao serviço. Destaque-se ainda que esses cargos em comissão, em grande parte ocupados por parentes de desembarga-dores, são muito melhor remunerados que os cargos da estrutura permanente do Poder Judiciário. Isso funciona como desalento ao servidor efetivo.

Judicatura - As pessoas que não po-dem pagar honorários de advogados e custas processuais têm a mesma opor-tunidade de acesso ao Poder Judiciá-rio que as demais?Carlos Magno - De forma alguma. A dificuldade começa na insuficiência da Defensoria Pública. Na Comarca do Re-cife existem apenas 118 defensores pú-blicos para atender a aproximadamente metade da população da cidade. Isso sig-nifica que quem necessitar de um defen-sor público precisa chegar em um dos 5 núcleos existentes, entre 5 e 6 horas da manhã para ser atendido depois das 8 horas. Quando essa pessoa conseguir que seu processo seja distribuído, en-contrará mais dificuldades. No Recife, existem doze varas de família, sendo 6 delas destinadas ao atendimento dos que não podem pagar as custas do processo e os honorários de advogado. Cada uma dessas varas recebe, em média, cem processos/mês. As outras 6 recebem em média trinta processos/mês. Isso sig-nifica que o processo do pobre tende a demorar em média três vezes mais que o outro, tendo em vista que em vara de família quase todo processo reclama audiência. A desproporção ainda maior quando se trata das varas cíveis. Nesse caso, temos 30 varas para os que podem pagar e apenas 4 para os que não podem.

Vale ainda registrar que nada justifica essa segregação dos pobres. Isso era coi-sa do tempo em que o escrivão era di-retamente remunerado pela parte. Hoje, serventuários, magistrados, promotores e defensores públicos, recebemos todos dos cofres públicos. Quero registrar que na vara onde atuo não tenho problemas com a Defensoria Pública. Temos uma defensora permanente que comparece ao serviço todos os dias e atua com zelo nos processos que lhe são confiados. Isso reduziu significativamente o trabalho da secretaria da vara, que ficou dispensada de preparar mandados de intimação, que agora são feitas nos próprios autos, e dos oficiais de justiça. Também facilitou o contato das partes com seu defensor, agilizando a emenda de petições e a jun-tada de documentos. Isso, infelizmente, constitui rara exceção. Mais de oiten-ta comarcas do Estado não dispõem de Defensores Públicos. Há uma verdadeira negação do serviço de defensoria pública em Pernambuco. Isso prejudica grave-mente as pessoas pobres. No Recife, por exemplo, nos feriados e finais de semana acontecem plantões judiciários, mas não existe plantão da defensoria. Isso signi-fica que um pobre preso na sexta feira à noite, só vai encontrar defensor público na segunda-feira, e olhe lá. A plenitude da defesa, como prevista na Constituição, letra “a” do inciso XXXVIII do artigo 5º, compreende a assistência ao preso desde o momento da prisão.

Judicatura – Como a AMEPE se posi-ciona diante disso tudo?Carlos Magno – De forma muito críti-ca, mas, sempre o com o firme propósi-to de contribuir, de fazer um judiciário melhor, sem personificações nem sub-serviências, visando apenas ao aperfei-çoamento da prestação jurisdicional. Nesse sentido, estamos preparando uma ampla pesquisa, objetivando levantar as potencialidades e deficiências do judi-ciário em todo o Estado, para ofertar à próxima mesa diretora do Tribunal de Justiça, com o propósito de subsidiar o planejamento e a proposta orçamentária. Nossa crítica é assim: construtiva.

Entrevista(continuação)

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - �

A diretoria da AMEPE, sem esquecer do papel institucional da entidade de lutar pela melhoria da imagem do Poder Judiciário perante a so-ciedade, pois não é um simples

grêmio recreativo, mas sim uma associação que congrega membros de um Poder da re-pública, tem se empenhado em promover eventos que visem a congregar os seus asso-ciados. Para oferecer um serviço de conforto e qualidade, inclusive quanto ao buffet a ser contratado, a Associação estabeleceu limites de acompanhantes e restringiu o acesso de pessoas estranhas às festividades.

Enquanto que nas festas anteriores ha-via sempre uma superlotação de pessoas, mas com a participação mínima de associa-dos da AMEPE e serviços de má qualidade, pôde-se planejar melhor cada evento e ofe-recer serviços de boa qualidade aos associa-dos. O resultado disso é que nunca se viu, como agora, a participação de tantos asso-ciados, o que tornou efetivo o real objetivo dessas festividades, que é o de reunir os ma-gistrados de todo o Estado em verdadeiras confraternizações. Além disso, o dinheiro proveniente das contribuições passou a ser destinado, com igualdade, a quem de direi-to: os associados da AMEPE.

O resultado da festa junina/2005, que teve a participação de quase 400 pessoas, inclusi-

Festa de São João da AMEPE

foi uma explosão de alegria!

ve 27 adultos e 13 adolescentes, com senhas compradas pelos próprios associados na sede administrativa da AMEPE, confirmou, mais uma vez, o acerto das novas providências adotadas pela diretoria. Os acompanhantes menores de 12 anos tiveram acesso gratuito.

A festa realizou-se no dia 17 de junho, no Clube dos Magistrados, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes. O local recebeu uma decoração toda especial, com símbolos da tradição dos festejos do mês de junho: balões e bandeirinhas.

No clube, foram montadas diversas bar-raquinhas com comidas típicas: pamonha, canjica, pé-de-moleque, bolo de milho. Os convidados foram servidos com buffet de Ana Góes. A animação da noite ficou por conta da banda Lampiões e Maria Bonita, que levou aos convidados o autêntico forró. O arrasta-pé foi até de madrugada.

A Diretoria Social, organizadora do evento, contou com a colaboração de Te-resa Neves, esposa do Diretor Social, Cli-cério Bezerra e Silva, e que já vem reali-zando grandes eventos sociais na AMEPE. “A festa de São João da AMEPE foi mar-cada pela alegria de todos os convidados, mas o que deve ter chamado a atenção é que, mesmo se tratando de uma festa de São João, o evento contou com muito gla-mour”, disse Teresa.

Social / Institucional

Aplausos

O juiz Júlio César, da Comarca de Belo Jardim, recebeu uma Moção de Aplauso da Câmara Municipal, pelo bom trabalho realizado naquele mu-nicípio. A moção foi de autoria do vereador Antônio Gomes do Nasci-mento.

Parabéns

O juiz Carlos Eugênio de Castro Montenegro, da Comarca de Riacho das Almas, recebeu o título de Ci-dadão Honorífico daquela cidade. O título foi concedido pela Câmara Mu-nicipal.

Mais parabéns

Advogados e o defensor público da Comarca de Bezerros enviaram, a Sub-secção da OAB em Caruaru, uma carta elogiando o trabalho do juiz Ednaldo Aureliano de Lacerda, que, em 2004, teve uma passagem pela Comarca daquele município. No documento, os autores elogiam a atuação do magistrado, afirmando que o período em que o juiz esteve na Comarca foi de tranqüilidade, acesso à justiça e rapidez no julgamento dos processos.

Receita Federal multa Amepe

A Associação dos Magistrados de Pernambuco foi multada pela Receita Federal por não ter apresentado, no prazo legal, a declaração do Impos-to de Renda, em 2003, referente ao exercício de 2002. A AMEPE é isenta do imposto, mas tem a obrigação de declará-lo. Por conseqüência, a As-sociação dos Magistrados vai ter que desembolsar R$ 250,00 para pagar a multa recebida recentemente.

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - 11

por Guida Vanderlei / Mariana Dantas

O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambu-co (TJPE), Fernando Cerqueira, utilizou, pela primei-ra vez no Brasil, o voto fundamentado para remoção e promoção de juízes. O momento histórico ocorreu durante a sessão extraordinária do dia 15 de agos-

to, no Pleno do Tribunal de Justiça de Pernambuco. A iniciativa cumpre a Emenda 45, que modificou o artigo 93 da Constituição Federal. Sancionada no dia 1º de janeiro deste ano, a Emenda prevê que a votação de todos os processos administrativos deve ser motivada. A sessão foi presidida pelo presidente do TJPE, desembargador Macedo Malta, e contou com a presença de 33 desembargadores do Estado de Pernambuco.

“Eu não posso motivar meu voto calado, é preciso que a decisão seja fundamentada. Minha escolha foi baseada nos requisitos estabelecidos pela Lei Orgânica da Magistratura. Quem faz o merecimento é o próprio magistrado, quando cum-pre todos os requisitos”, afirmou o desembargador Fernando Cerqueira, que sugeriu o cumprimento da lei no início da ses-são no Tribunal, e utilizou a fundamentação em todos os seus votos. No total, foram removidos sete juizes, promovidos dois e escolhidos nove juizes que irão substituir os desembargado-res que precisarem se ausentar por mais de 30 dias.

Ao longo da sessão, o desembargador Luiz Carlos de Bar-

ros Figueiredo também utilizou a Emenda 45, argumentando suas decisões para as promoções por merecimento. Para Luiz Carlos de Barros Figueiredo, o voto aberto minimiza os ma-les da falta de critérios objetivos para promoção e remoção de juizes. “Deve-se garantir os critérios objetivos para evitar o protecionismo. A Emenda 45 é um passo para a conquista de um objetivo maior: a independência da Magistratura”, afirmou o desembargador, declarando que a evolução é muito tímida para a transparência necessária. “É preciso valorizar àqueles que podem chegar a desembargadores. Acredito que os desem-bargadores substitutos devem ser os mais ativos”, concluiu.

O presidente da AMEPE, juiz Mozart Valadares, apoiou a iniciativa dos desembargadores. “A magistratura sempre foi muito conservadora e nunca se preocupou em mostrar transpa-rência. Era uma contradição os juizes serem julgados por um voto secreto”, declarou. O desembargador Fernando Cerqueira também informou que o ministro do Supremo Tribunal Fede-ral, Celso de Melo, declarou que a Emenda 45 tem eficácia imediata. “Essa Emenda é um avanço para o Brasil. É preciso que exista transparência”, concluiu. Fernando Cerqueira foi empossado no cargo de desembargador no dia 11 de julho de 2005. No dia 15 de agosto, ele participou, pela 1ª vez, de uma sessão no Tribunal.

Primeiro voto aberto e fundamentado para promoção e remoção de magistrados

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acolheu, no dia 30 de agosto, requerimento da AMB sobre o sistema de promoção de juízes e determinou que o voto nas promoções por mereci-mento deverá ser aberto e fundamentado. A decisão foi tomada por 12 votos a dois. Os conselheiros decidiram ainda discutir os termos de uma resolução para colocar o novo sistema em prática. Há possibilidade de isso ocorrer na próxima sessão do Conselho, por volta do dia 15 de setembro.

Os 12 conselheiros que votaram favoravelmente ao pedido da AMB entenderam que a promoção de juízes é um ato admi-

CNJ acolhe requerimento da AMB sobre promoção de juízes

nistrativo e, portanto, deve seguir a nova regra constitucional de publicidade. Eles também foram unânimes em relação à auto-aplicabilidade de regra estabelecida pela Emenda Cons-titucional nº 45 — da reforma do Judiciário — quanto à uti-lização de critérios objetivos para a aferição do merecimento na promoção.

A votação do requerimento da AMB começou no dia 16 de agosto, um dia após a sessão no Pleno do TJPE, quando o desem-bargador Fernando Cerqueira utilizou pela primeira vez no Brasil o voto fundamentado para promoção e remoção de juízes.

1� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

A Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE), em parceria com a Associa-ção dos Magistrados do Bra-sil (AMB), organizou o VI

Campeonato Norte e Nordeste de Tênis de Magistrados, no período de 02 a 04 de junho, no Squash Tennis Center, em Boa Viagem, no Recife. Participaram da disputa 21 magistrados dos Estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Sergipe.

Mais uma vez, os atletas pernam-bucanos mantiveram a hegemonia na

Esportes

A paixão pelo tênis começou des-de cedo, quando ele tinha ape-nas 10 anos de idade. Conheceu o esporte por incentivo do pai e

não parou mais. Hoje, o juiz da 8ª Vara Cível do Recife, André Guimarães, já contabiliza 36 anos de convívio com as quadras de tênis. Pelo menos duas vezes por semana, este magistrado pratica o esporte nos clubes do Recife.

Muitas vezes, o companheiro das partidas são colegas de profissão. “Cos-tumo jogar com Luiz Gustavo, Marco Aurélio, Arnóbio Amorim e Rafael Me-nezes”, conta. Ao longo de sua trajetória nas quadras, André vem colecionando tí-tulos. Está entre os dez magistrados com melhor atuação nesse esporte. No ano de 2003, conquistou, em Aracaju, o primei-ro lugar da competição nacional. No ano seguinte, foi vice-campeão na mesma competição. “Já cheguei a três finais e duas semi-finais de torneios nacionais. Sou o melhor do Norte e Nordeste, tetra-campeão na categoria simples e dupla”, diz orgulhoso.

Além dos amigos, André joga tam-

André Guimarães: o número 1 no Norte e Nordeste

Magistrados pernambucanos brilham no Tênis

região. Na primeira categoria, o nosso campeão André Guimarães conquistou o título após vencer por 2X0 o sergi-pano Sérgio Lucas. Na outra catego-ria, a disputa final foi caseira, entre os irmãos Luiz Gustavo e Marco Aurélio Araújo, também conhecidos no meio como os “irmãos Wiliams” tupini-quins. Prevaleceu a maior experiência de Gustavo, que venceu o irmão por 2X1. Na categoria duplas, a parceria André / Gustavo derrotou Marco Au-rélio / Meales (paraibano). A festa de encerramento e premiação contou com

a presença de mais de 60 pessoas, en-tre atletas / magistrados, familiares e convidados.

A Associação dos Magistrados Bra-sileiros foi representada pelo Dr. Fer-nando Carvalho, Diretor Nacional de Tênis e Juiz de Santa Catarina. Pelo Banco do Brasil, compareceu o gerente da agência do Poder Judiciário Maurício Santa Cruz. O campeonato serviu como preparação para o próximo desafio dos magistrados esportistas: conquistar me-dalhas no Campeonato Nacional a ser realizado no segundo semestre.

bém com duas filhas, que já se torna-ram adeptas ao esporte. “Bárbara, de 16 anos, e Débora, de 14, já estão pratican-do”, conta. André relata que pratica tênis porque ele exige muita resistência físi-ca. “É na verdade um grande exercício aeróbico”. O esportista destaca também

as facilidades para praticá-lo. “Basta um companheiro para jogar, não é difícil en-contrar uma quadra de tênis em qualquer lugar do mundo, o material necessário é de fácil locomoção. Além disso tudo, ainda é um excelente exercício para as relações humanas”, afirma.

André Guimarães, atleta e juiz da 8ª Vara Cívil do Recife

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - 1�

C om a edição da Lei Federal nº 10.826, de 22.12.2003, regulamentada pelo Decreto nº 5.123, de 1º.07.2004, pas-sou a ser da Polícia Federal a

competência para o registro e a auto-rização do porte de armas de fogo no país, salvo as de uso restrito, que se-rão registradas no Comando do Exército. O registro feito anteriormente na Polícia Civil estadual deve ser renovado no prazo de 03 anos, observa-dos os novos requisitos le-gais, como a comprovação da aptidão para o manuseio, em teste reali-zado na Polícia Federal ou por instrutor por ela habilitado.

E s t a b e l e -ceu-se, ainda, na nova legisla-ção que as armas de fogo desprovidas de documentação de origem poderiam ser registradas até o dia 23 de junho de 2005, com a simples declaração de procedência lícita subscrita pelo seu proprietário.

Os magistrados, não obstante te-nham o direito de porte de arma de fogo, garantido pela Lei Orgânica da Magistratura, têm que registrar ou atualizar o registro de suas armas, devendo para tanto, inclusive, subme-ter-se ao teste de manuseio, o que os obriga a deslocar-se várias vezes das

Regularização do Porte de armas

suas comarcas, muitas delas distantes da capital, e deixar seus afazeres.

Sabendo no enorme transtorno que causariam a seus associados as provi-dências de registro ou atualização de arma de fogo, cujo porte legal é con-cedido ao magistrado pelo risco decor-rente do exercício da função, a Amepe

firmou parceria com a Polícia Federal, que se prontificou a ministrar um curso de tiro aos magistrados do Estado, em lugar reservado e com equipe própria. No mesmo curso o associado submeter-se-ia ao teste exigido por lei.

Para viabilizar o curso, a Amepe locou o stand de tiro da Federação Per-nambucana de Tiro, no Caxangá Golf Country Club, adquiriu munição pró-pria para treinamento e contratou um instrutor de tiro para servir de elo entre a Associação e a Polícia Federal.

Foram ao todo 9 dias de aula e 87

magistrados beneficiados, com custo aproximado de R$ 10 mil. “Eles fo-ram divididos em 9 turmas e cada um precisou de despender apenas um dia, realizando o curso, que foi ministrado com profissionalismo e empenho da equipe da Polícia Federal”, acrescenta Dr. Edvaldo Palmeira, um dos dire-

tores da Amepe, que também par-ticipou do treina-mento.

Além de or-ganizar o curso e encaminhar os magistrados para o teste, a Ame-pe se encarregou de enviar à Polí-cia Federal toda a documentação necessária ao re-gistro ou atualiza-ção do registro da arma do associa-do que participou do processo. De acordo com Dr. Edvaldo Palmeira, a meta da Amepe no patrocínio do curso foi ajudar o

magistrado a, sem burocracia, regu-larizar-se e capacitar-se para a utili-zação adequada da arma em caso de necessidade. A juíza da 10ª Vara da Família da capital, Dra. Valéria Rú-bia Duarte, foi uma das beneficiadas pela iniciativa e diz que achou ótima a idéia da Associação. “Facilitou a vida dos magistrados e deu oportu-nidade a quem estava interessado em fazer o curso e, mais do que isso, as aulas permitiram um entrosamento maior entre os próprios magistra-dos”, ressaltou a juíza.

Edvaldo Palmeira, diretor da finanças e patrimônio da AMEPE

1� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

R eafirmando o compromisso de interagir com a comunidade a diretoria da AMEPE acompa-nhada de outros magistrados retornou ao Coque. O reen-

contro foi propiciado pelo Frei Aloísio Fragoso que acolheu a todos na Igreja Local. Dessa vez os magistrados se fi-zeram acompanhados por representantes da Defensoria e do Ministério Público. Do bairro vieram líderes comunitários, integrantes de grupos de jovens, da ter-ceira idade, da igreja católica e de diver-sas outras organizações locais.

Os magistrados disseram que a de-fensoria e o Ministério Público repre-sentavam as portas de acesso dos pobres ao Judiciário. “Nós somos vizinhos, já que o Fórum do Recife fica bem aqui ao lado”, lembrou a Defensora Pública, Dra Nilma Campos. “Mas é preciso que es-ses vizinhos se integrem e tenham mais aproximação”, completou. A comunida-de pôde compreender melhor o papel do Defensor Público, o advogado do pobre, e do Promotor de Justiça, o advogado da sociedade. Numa linguagem simples, os moradores do bairro puderem perceber como viabilizar seus direitos.

Como já era de se esperar, a vio-lência foi o tema mais destacado pelos presentes. Alguns chegaram a dizer que muitas pessoas não ousavam comparecer àquela reunião por medo da violência.

Uma integrante do grupo da terceira idade afirmou que o atendimento no úni-co posto de saúde do bairro está compro-metido porque os profissinais têm medo de se deslocar na área. “Isso é muito ruim pra gente que às vezes não tem di-nheiro pra pagar uma passagem para ir a outro posto de saúde.

“O que a gente precisa é de educa-ção, de emprego e de programas que

Encontro de vizinhosMagistrados se encontraram pela segunda vez com moradores do Coque levando com eles, outros representantes do Estado. Da reunião, na Igreja do bairro, saíram propostas e promessas. Os magistrados aproveitaram para enfatizar que o Coque é vizinho ao Fórum do Recife e é preciso haver uma maior interação entre eles.

ocupem essa juventudade”, ressaltou uma das moradoras.

“As crianças e adolescentes do bair-ro precisam de um maior amparo do Po-der Público” reclamou outra moradora do bairro.

A comunidade pediu a presença de um representante da Secretaria de Defe-sa Social no próximo encontro que ainda não tem data para acontecer.

Outros representantes falaram da ne-cessidade de o Estado desenvolver pro-gramas sociais que contemplem os jo-vens, “porque depois de atingir 18 anos, os que não conseguem emprego acabam se entregando à criminalidade.”

Algumas pessoas falaram de outros problemas que se repetem entre milha-res de famílias de menor poder aqui-sitivo, dentro de fora do Coque, como pensão alimentícia, investigação de pa-ternidade, reconhecimento de união es-tável e guarda de filhos menores. Duas mães presentes ao encontro falaram das

dificuldades que tiveram que enfrentar para conseguirem registrar seus filhos e conseguir fazer com que os pais fos-sem obrigados a pagar pensão alimentí-cia. Diante dos problemas apresentados foram sugeridas algumas providências mais concretas. Subindo o degrau da in-tegração entre a comunidade e o Estado, Dra Nilma Leal propôs um atendimento especial, a ser efetivado pela Defensoria Pública, em forma de mutirão a ser de-senvolvido no Fórum do Recife, para o encaminhamento de cada caso, seja ele na área cível ou criminal. Os represen-tantes do Coque ficaram encarregados de levar as discussões, levantadas duran-te a reunião, aos demais moradores. Os líderes comunitários também assumiram a responsabilidade de fazer um levanta-mento detalhado, entre os moradores da área, acerca dos processos pendentes na justiça.

Os próximos passos desta relação se-rão norteados por esse levantamento.

Carlos Magno e Frei Aloísio com representantes do Coque

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - 1�

A Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE), a Procuradoria do Estado de Pernambuco e o Ministé-rio Público de Pernambuco

(MPPE) promoveram I Ciclo de Debates sobre Inovações Legislativas, realizado no dia 10 de junho, no hotel Atlante Plaza, em Boa Viagem, no Recife. O en-contro foi aberto pelo Procurador Geral do Estado, Silvio Pessoa. Em seguida, as atenções foram voltadas para o Pre-sidente da AMEPE, Mozart Valadares, que falou da importância do evento. O

D uzentas e sessenta e nove pessoas dos vários municípios de Pernambuco, de João Pessoa e de Maceió inscreveram-se no processo de seleção para preenchimento de vaga no setor administrativo da sede da AMEPE. As provas

foram aplicadas no mês de junho. A seleção inédita na instituição foi realizada em parceria com o Instituto de Planejamento e Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e Científico (IPAD).

Só puderam participar do processo de seleção os candidatos com nível superior. Eles foram submetidos a provas de Português e Informática (Windows, Word, Excel e Internet Explorer). Somadas, as duas provas valeram 60 pontos. Além dessas provas, os candidatos também fizeram uma dissertação, com valor de 40 pontos. “Somente os 15 concorrentes que obtiveram as melhores pontuações nas provas objetivas tiveram as dissertações corrigidas”, explica Edvaldo Palmeira, Diretor de Finanças e Patrimônio da AMEPE.

Ele acrescenta que os candidatos aprovados tiveram os seus currículos analisados, selecionando-se, com a

I Ciclo de Debates discute inovações legislativas

encontro trouxe para o debate o tema Alteração do Código Tributário Nacio-nal (Lei complementar nº 118/05). O as-sunto foi abordado pelo Juiz de Direito e professor de Direito Tributário, José Viana Ulisses Filho.

O Procurador Geral Adjunto do Es-tado, Flavio Góes, e o Diretor de Finan-ças e Patrimônio da AMEPE, Edvaldo Palmeira, que participou do encontro como juiz da 5º Vara da Fazenda Públi-ca, debateram sobre as providências que devem ser tomadas para que haja maior agilidade nos processos judiciais.

O Procurador do Estado Leonardo Carneiro da Cunha ministrou pales-tra sobre o Projeto de Lei nº 52/2004 – Cumprimento de Sentença Judicial. O encontro contou com a participa-ção de juízes das Varas de Fazenda e executivos fiscais do Estado, além de membros do Ministério Público com atuação na área e os procuradores do Estado. O auditório do hotel Atlante Plaza ficou lotado. O evento teve tanto sucesso que os organizadores já pen-sam em realizar o segundo encontro ainda este ano.

AMEPE dá exemplo contra o nepotismo

assessoria direta de uma psicóloga do IPAD, os que tinham experiência e formação superior mais adequados aos cargos para os quais seriam contratados; em seguida, foram esses candidatos submetidos a uma entrevista, tudo nos termos do edital do concurso. Todo o processo, inclusive com a escolha dos contratados (uma secretária executiva e uma bacharela em Direito) - que se deu por decisão colegiada - foi realizado no prazo de aproximadamente 2 meses. Além de selecionar os contratados, a AMEPE mantém, para necessidades futuras, quer da própria Associação, quer da CAMPE, a lista dos demais aprovados.

De acordo com Edvaldo Palmeira, desde 2004, já existe uma resolução (nº 04) que estabelece critérios objetivos para a seleção de pessoal e proíbe a contratação de parente de juiz. “Com esta seleção rigorosa, fechamos o cerco contra o nepotismo e demos um grande passo para a profissionalização do quadro de pessoal da AMEPE, que, aliás, já havia sido iniciada com a aplicação aos seus funcionários de cursos específicos de organização, atendimento e relacionamento interpessoal”.

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A 15ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, julgando a Ap. Cív. nº 2004.001.10025, Re-lator Des. Carlos Eduardo da Fon-seca Passos, deu provimento ao

recurso interposto pelo Desembargador, au-tor da ação indenizatória por perdas e danos (que perdeu a ação), apenas para reduzir o valor da condenação que lhe foi infligida de R$ 170.000 para R$100.000, vencido o Des. Galdino Siqueira Netto, que reduzia ainda mais o valor para R$ 24.000, equivalente a 100 salários mínimos.

Conforme o voto do Relator, tem-se:

“A apelada deferiu a venda do imóvel, determinando a expedição de alvará para tanto, com o depósito de R$ 30.000,00 à dis-posição do juízo, o que foi reconsiderado, de ofício, pela recorrida, ensejando o Agravo de Instrumento, ao qual foi atribuído efeito sus-pensivo pelo apelante, mas “observada a ga-rantia das obrigações fazendárias e outras”, sem que esclarecesse em que consistia, tanto a garantia das obrigações fazendárias quanto as outras.

Às fls. 39 dos autos do agravo consta o recebimento do ofício na mesma data.

Às fls. 40 dos mesmos autos, o apelante, na condição de relator, certamente, por verificar que a primeira decisão era vaga e sibilina, d.v., quase como que emitindo um conceito jurídico indeterminado, resolveu colmatá-la, aí sim, expressando, de forma clara, o que pretendia e que correspondia à decisão proferida pela apelada, depois re-considerada e que deu causa ao Agravo de Instrumento.

Sucede que, examinados os autos do in-ventário e daquele recurso, inexiste qualquer prova de que daquela ficou ciente a recorrida, não obstante afirme o apelante que o ofício referente a ela foi recusado pela apelada.

Todavia, tal assento não restou compro-vado nestes autos e nos apensos, a despeito do que foi determinado às fls. 355, o que per-mite inferir que não houve qualquer descum-primento do decidido pelo apelante, dado que a apelada, simplesmente, concretizou a decisão do apelante, pois proferida, de forma vaga e, insista-se, c. v., de forma enigmática quanto ao seu alcance.

De fato, se não eram muito claras as obrigações fazendárias a serem garantidas, quiçá as ‘outras’.

Da forma como ela foi redigida, outra postura não poderia ser imposta à ape-lada, exigindo verdadeiro trabalho de concre-ção. Para confirmar tal assertiva, basta que se

verifiquem os autos do inventário, translada-dos para estes autos, em que se constata que somente após a consumação do incidente é que fica claro o que determinou o relator.

No tocante à ação, inexiste qualquer pro-va, também, de que a iniciativa da veiculação da notícia tenha partido da apelada.

O fato de haver comentário da recorrida na publicação da notícia não significa que ela tenha emanado de divulgação sua.

De outro turno, as regras de experiên-cia (artigo 335, do Código de Processo Ci-vil) mostram que, em qualquer ambiente de trabalho, especialmente naqueles em que há exercício de poder, os equívocos e as faltas sofrem maior repercussão que os acertos.

Foi o que se deu. A ação inusitada e im-própria do apelante, ao se dirigir ao gabinete da apelada, evidentemente chamou a atenção de todos, despertando o interesse jornalísti-co, e todos são perfeitamente sabedores da facilidade como notícias deste tipo chegam à mídia, notadamente, pela garantia do sigilo da fonte.

E ainda que a apelada não tecesse qual-quer comentário, a notícia seria divulgada da mesma forma, sendo isto indubitável.

Vale ressaltar que o comentário da ape-lada não foi acerca da decisão judicial do apelante, mas de sua conduta, ao lhe dar voz de prisão, sem qualquer fundamento fático e jurídico.

Assim, não tem procedência o preten-dido na inicial da ação, dada a ausência de nexo causal.

Passa-se à reconvenção.”

Embora pretenda negar o apelante a ver-são de que prendeu a apelada, este fato restou evidenciado nos autos.

Do depoimento do Juiz, colhe-se o se-guinte trecho:

“que o autor estava com o ânimo alterado ..., sendo informado pelo autor que o mesmo havia dado ordem de prisão à ré” (fls. 194).

Na inquisição do hoje Desembargador ..., é por este declarado que “o desembarga-dor alegou que sua ordem fora descumprida e que ele manteria a prisão” (fls. 197).

Outro depoimento foi tomado do Juiz ..., perante o Órgão Especial, no qual confirmou a versão da prisão, ao asseverar que “ao en-trar pelo cartório ali encontrou o Des. ... que lhe disse textualmente que havia dado voz de prisão à juíza e que ela estava recolhida ao gabinete”.

Também perante o Órgão Especial, o ilustre Presidente deste Tribunal confirmou a prisão, ao fazer a seguinte assertiva:

“que logo a seguir o Des. Ingressou no

gabinete do depoente, Presidente do Tribu-nal, com a juíza e mais uma pessoa, dando notícia que efetivamente prendera a juíza;” (fls. 203).

No mesmo sentido está o depoimento da Juíza ..., nos seguintes termos:

“que o Desembargador afirmou ter pren-dido a juíza por não ter a mesma cumprido uma determinação judicial sua” (fls. 212).

Tais depoimentos são suficientes para demonstrar que, efetivamente, o apelante deu voz de prisão à apelada, submetendo-a a situação vexatória, humilhante, ilegal e sem qualquer base fática.

Embora haja depoimentos em sentido contrário aos antes destacados, não em razão de maior ou menor qualidade de cargos exer-cidos, mas em função de eventual interesse, deve conferir-se a primazia aos primeiros.

De fato, os testemunhos, em favor do ape-lante, são de pessoas a ele ligadas, em decor-rência do cargo que exerce e de pessoa interes-sada, qual seja, a advogada que subscreveu o Agravo de Instrumento, visto como a decisão do recorrente foi proferida e seu favor.

Dado o total desinteresse dos outros de-poimentos, que confirmam a versão da ape-lada, devem eles prevalecer.

Partindo dessas premissas, inegável o dano causado pelo recorrente, além de exis-tir flagrante ilícito civil, quer por não ter base legal o ato praticado, quer por inexistir, tam-bém suporte fático para tanto.

Com efeito, sem aqui cogitar da impos-sibilidade, no caso concreto, de haver coe-xistência dos crimes de desobediência e de prevaricação, para o mesmo fato, na medida em que a distinção que se impõe é aquela se-gundo a qual a desobediência à ordem judi-cial só a pratica o particular, ao passo que o funcionário público, tomada a expressão em seu sentido amplo, abrangendo o magistra-do, quando descumpre aquela, pratica crime de prevaricação, o fato é que ambos os tipos penais são afiançáveis.

Por outro lado, o artigo 33, inciso II, da Lei Orgânica da Magistratura dispõe, ex-pressis verbis, que a prisão em flagrante só é admitida, para os magistrados, em crimes inafiançáveis.

Assim, a conduta do apelante configura ato ilícito, em face de sua ilegalidade.

Ademais, consoante há referido, fato al-gum existiu, para justificar a prisão, pois a apelada não descumpriu o que lhe foi deter-minado.

Emerge, por conseguinte, o dever de in-denizar.

No referente ao valor da condenação, as-siste razão parcial ao apelante.

Ação de idenizaçãodesembargador manda prender juíza de direito e é condenado a pagar-lhe pesada idenização por danos morais

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - 1�

O dano moral decorre de um binômio: pena e compensação. Pune-se o ato ilícito e, ao mesmo tempo, se procura compensar de-terminado e injusto desgosto íntimo, deven-do o valor fixado aproximar-se tanto quanto possível da extensão do sofrimento.

De outro turno o elemento subjetivo do ato ilícito não é só determinante da responsa-bilidade, como também influi na fixação do quantum debeatur. Yussef Said Cahali ensina que “o direito brasileiro não se mostra insen-sível à perquirição da qualidade da conduta do agente (elemento subjetivo do ato), não só na determinação de sua responsabilidade civil como também para seu agravamento em função da gravidade incursa” (Revista da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, Ano I, 1996, p. 22).

O direito pretoriano tem recomendado, na fixação da verba compensatória, a obser-vância do princípio da razoabilidade.

Em abono ao que foi ressaltado, já foi decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, em acórdão de que foi relator o eminente Ministro Sálvio de Figueiredo Teireira, que o valor da verba fixada a título de dano moral deve ser fixada “com moderação, proporcio-nalmente ao grau de culpa, ao nível socioe-conômico da parte autora e, ainda, ao porte econômico da ré, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela ju-risprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso” (DJ de 7-8-2000, p. 115).

Conforme noticiado nos autos, a con-denação alcançou a importância de R$ 170.000,00.

Não há dúvida que a conduta do apelante se reveste de absoluta ilegalidade e subme-teu-se a apelada a injusta e inaceitável hu-milhação.

Todavia, o patamar arbitrado revela-se exagerado.

Reconhece-se que a compensação tem de ser cabal, pois o que se espera de um De-sembargador é que ele aja com urbanidade e equilíbrio, especialmente pela sua experiên-cia ao lidar com o Juiz de 1º grau, o qual não lhe deve qualquer obediência ou reverência, senão apenas o cumprimento das decisões reformadas, impondo-se o mútuo respeito. Façamos votos que assim sempre seja, pois do contrário não haverá garantia para nin-guém e será a supremacia do aulicismo e da subserviência.

Não se ignora, também, que o apelante agiu de forma imprudente, de vez que, antes de qualquer atitude, impunha-se a ele o cui-dado de verificar o efetivo descumprimento da decisão.

Também não se olvida a impossibilidade jurídica da prisão, dada a natureza afiançá-vel do crime de prevaricação e a proibição da prisão em casos tais pela Lei Orgânica da

Magistratura.Não esquece, outrossim, o fato de que

a apelada foi destratada, em público, ao ser conduzida presa e encaminhada à Presidên-cia do Tribunal de Justiça.

Sopesados todos esses argumentos, mes-mo assim, o valor encontrado afigura-se ex-cessivo.

Com efeito, a importância de R$ 170.000,00 supera aquilo que se pode enten-der por razoável.

O valor deve ser tal que nunca mais algo semelhante a isso ocorra, estabelecendo-se indenização que desencoraje a reiteração de condutas como esta.

No entanto, a pena civil imposta não de ser mais, perdoe-se a repetição, do que sim-ples pena, não sendo passível de ser transfor-mada em instrumento de indignação.

A atuação do apelante foi deplorável, mas a pena imposta deve ser compatível ao ato praticado, compensando-se o desgosto íntimo da apelada, por inteiro, sem, todavia, extrapolar para o enriquecimento sem causa e o excesso.

O patamar de R$ 170.000,00 é demasia-do, ante a capacidade econômica da média dos magistrados e as conseqüências do fato, que embora graves foram minimizadas pela solidariedade de vários colegas da apelada, inclusive do ilustre Presidente do Tribunal, que não hesitou em lhe prestar apoio, ao mesmo tempo em que, de forma plenamente justificada, o apelante foi execrado publica-mente.

Examinados todos esses aspectos, a condenação deve ser reduzida para R$ 100.000,00.

Em voto de divergência, apenas na fixa-ção do quantum em R$ 24.000, lamenta o Des. Galdino Siqueira toda a situação, nos seguintes termos:

“Como desabafo assinalo, coberto pela mais completa isenção, integrante graças a Deus de meu caráter e perfil como julgador e magistrado, independentemente a adentrar no meritum causae, triste episódio ocorrido envolvendo dois juízes, haja vista que, como se já não bastassem a mídia e a imprensa im-piedosas, que ao invés de enaltecer o Poder Judiciário – como pilar de um Estado Demo-crático de Direito – o denigre no dia-a-dia, os juízes, no intuito de pôr cobro neste infeliz estado de coisas, antes de guerrear entre si, deveriam dar as mãos e as vozes do consen-so, tudo com vistas justamente de fortalecer as bases do dito poder, e, enfatizo, não en-fraquecê-lo tanto ao sabor de vários ou de alguns de nossa sociedade.

A apelada não veio a ser tomada de um simples aborrecimento, tendo como causa o comportamento do apelante. Mas sim o que se trata de questão sumamente diversa alvo de constrangimento por este impingido àque-la; acarretador de dor em seu ego, pois que

ao magistrado não é lícito dar ordem ou voz de prisão a um outro magistrado, indepen-dentemente do grau de jurisdição por onde quer que estejam lotados.

A todos nós magistrados, urge o dever de um respeito precípuo e recíproco, haja vista este o relacionamento que necessariamen-te deve nortear a expressão de ‘colega para colega’ – a não ser para as hipóteses excep-cionalíssimas e de desditas incontornáveis e intransponíveis, como e verbi gratia, as que desmantelam mesmo a espinha dorsal de qualquer um de nós, quando aí então impera não mais a expressão citada, mas sim outra pelo extremismo acarretado de ‘ser humano para ser humano’ – o que não se me afigura hipótese tratada nos presentes autos.

E, uma vez estabelecidos os parâmetros apontados, cumpria pois ao apelante, e – ad argumentandum tantum – acaso se conside-rasse desrespeitado, ou que sua determina-ção como magistrado de segundo grau em determinada via recursal houvera em ser descumprida pela apelada como magistrada em primeiro grau de jurisdição, dirigir-se antes de tudo e mais nada ao Conselho da Magistratura do Tribunal Estadual, ofere-cendo contra a mesma representação com-petente, por se tratar de uma de sua funções precípuas – instaurar aos juízes, de ofício ou mediante comunicação de órgãos de segunda instância (artigo 38 do CODJERJ), processo disciplinar contra magistrados de primeiro grau; aplicando-se aos mesmos juízes ‘san-ções disciplinares de advertência e censura com recurso, no prazo de 5 (cinco) dias para o Órgão Especial’ (cf. artigo 9º - incisos I, X, XVI do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

Em sendo assim, ante todo esse contexto trazido à confrontação, entendo bem andou a sentença de primeiro grau.

Todavia, nada obstante reconhecer o constrangimento de que foi alvo a apelada, mas sem que, enfatizo, fosse desmantela-da sua espinha dorsal – tanto assim que ela própria, apelada, e ao que consta, continua a exercer regular e ininterruptamente sua no-bre função judicante, livre de qualquer algoz -, considero, como que refugindo aos lindes da normalidade e ao princípio da razoabi-lidade, o quantum debeatur fixado a título reparatório por danos morais e constante da parte dispositiva da precitada sentença como compensação por tudo por ela experimenta-do. Ou seja e por outras palavras, condena-do o apelante-reconvindo àquela reparar na exorbitante importância de 15 (quinze) vezes os vencimentos líquidos da ofendida à épo-ca do cumprimento da execução, numerário esse que, e acaso para argumentar vingue, certamente acarretar-lhe-á a ruína, tanto civil como familiarmente falando.”

Fonte: publicação ADV COAD

1� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

Oconsultor empresarial Gus-tavo Krause foi o convidado do VIII Interagindo com a Sociedade, que aconteceu no dia 1º de junho, na Fundaj. O

presidente da AMEPE, Mozart Valada-res, fez a apresentação do convidado e explicou que o encontro tem como ob-jetivo discutir a magistratura. Gustavo Krause iniciou afirmando que ficou li-sonjeado com o convite por duas razões: ter conhecimento dos convidados que o antecederam e pelo objetivo do evento. “Essa exposição do Poder Judiciário tem muita sabedoria porque, normalmente, ele tende a se isolar”, disse Krause.

Gustavo Krause é o convidado do VIII Interagindo com a Sociedade

Durante o discurso, Gustavo Krause abordou as mudanças no eixo de poder, na família e nas organizações gover-namentais. Em seguida, ele citou três tarefas que considera fundamentais para os integrantes do Poder Judiciá-rio. Primeira: o homem do Poder Ju-diciário tem a missão de ser o grande construtor da Democracia. “Mais do que nunca precisamos de construtores da Democracia, porque ela é nova e precisa de cuidados”. Segunda, os ma-gistrados devem ser reformuladores sociais porque, diferentemente dos ou-tros poderes, o Judiciário não denun-cia. “Ele é o responsável pela harmo-

nia social”. A terceira tarefa indicada por Krause foi que o Judiciário tem que ser o espelho da exemplaridade. “Quando falo em exemplaridade, falo em dar de si os melhores exemplos, não falo em virtudes pessoais, mas em virtudes políticas”, explicou.

Mozart perguntou como o Ex-Mi-nistro do Meio Ambiente enxergava a conjuntura nacional, lembrando que o governo atual fez reformas que outros não tiveram a coragem de fazer, como a reforma da previdência e tributária. “Será que este governo não teve que ceder mais por ter feito tudo isso?”, in-dagou. Gustavo Krause disse que o pri-

Consultor empresarial, Gustavo Krause participa de encontro promovido pela AMEPE

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - 1�

Gustavo Krause é o convidado do VIII Interagindo com a Sociedade

meiro sinal de sabedoria política de um líder é perceber os sinais de mudança. Depois, ele tem que optar entre a pró-xima geração e a sua eleição. “Será ta-lentoso quem conseguir juntar as duas coisas, pois Política se faz com realis-mo e idealismo”, afirmou. O palestran-te acrescentou que a reforma política é necessária para garantir funcionali-dade e eficácia à democracia. “Exis-tem várias reformas. Mas elas têm que ser feitas paulatinamente. Houve processo reformista que avançou de 1995 a 1998, mas depois emperrou”. Krause lembrou o período em que era ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e criticou o troca-troca de favores dentro do palácio do planalto. “Nossa cultura política é pa-trimonialista, clientelista, nepotista”.

Krause disse ainda que, até por ca-racterísticas meritocráticas, pela forma de acesso, o Judiciário fica em tese mais longe e menos permeável aos grandes vícios e virtudes. O Diretor de Finanças e Patrimônio da AMEPE, Edvaldo Pal-meira, acrescentou que o acesso ao Judi-ciário não se dá pelo voto popular e por isso o Judiciário paga um preço muito elevado. “Não vamos ao povo, achamos que o poder se impõe ao contrario de ser conquistado e, por isso, nossas mazelas continuam guardadas e o aperfeiçoa-mento da democracia fica emperrado. É difícil dentro do poder encontrar uma mudança. Quem está com ele, só ouve a voz da verdade quando ela vem de fora do povo”, disse Palmeira.

O convidado complementou que, quando falou das mudanças da contem-poraneidade, foi para provocar mesmo porque o Poder Judiciário é o menos permeável a isso, segundo ele. “E nem acho que ele deve ser o mais permeável. Optamos por esse modelo. Ser menos permeável não significa ser impermeá-vel. Compartilho de que ele é o menos exposto. O poder de fato se isola, encas-tela-se, e o Judiciário pela sua liturgia

se isola ainda mais. Ele tem que ter uma porosidade para os fenômenos sociais e para isso precisa da ampliação da for-mação humanística, porosidade política porque são homens de Estado e têm que ser o mais institucional possível”, con-cluiu Krause.

O Diretor Cultural da AMEPE, Car-los Magno, falou que a análise de con-juntura para os juízes é algo rico e pro-vocativo porque chama a atenção para o que acontece no mundo real, fora dos autos. Ele falou sobre a cultura do servi-lismo que caracteriza toda a instituição, que não observa critérios objetivos para a progressão funcional. Falando da ne-cessária independência do juiz lembrou que é preciso refletir sobre o conteúdo da seguinte expressão: O juiz é escravo da Lei. E Perguntou: Lei feita por quem? Para servir a quem? Com qual objeti-vo?”. Será que ele é escravo da lei inde-pendentemente da concretização da jus-tiça? Da realização da democracia? Da perspectiva humanista?”. Magno disse que a carreira do magistrado, na prática, se constrói em cima das relações de cor-dialidade. Disse ainda que “O Judiciário não é célere porque a elite não quer, não funciona porque não foi construído para funcionar. Quando uma demanda eco-nômica se arrasta no Judiciário alguém está tirando vantagem dessa demora”, afirmou. Ele disse que quem tira a maior vantagem da lentidão do Judiciário é o próprio Estado. “Ninguém descumpre tanto a lei no Brasil quanto o Estado. Os mecanismos para não garantir a celeridade reclamada são estabelecidos no Legislativo e passam pela sanção do Executivo. Quando a elite quer que o Ju-diciário seja célere, ele é. Um exemplo disso é o processo eleitoral, onde não há demora, onde tudo é imediato”.

Em relação à frase O juiz é escra-vo da lei, Krause afirmou que a lei é o elemento estruturador. A civilização é fundada em normas e que as questões levantadas por Magno são pertinentes,

mas não existem respostas para elas. Em seguida o palestrante indagou: “Será que nós não somos elites? Em todo lugar do mundo há elites. O problema reside na circulação das elites. No meu espaço, que constitui uma elite, a circulação dela não se dá por critérios coerentes. Não há promoção por mérito, tudo é feito pela cordialidade. Isso é o grande problema”. A juíza Hidya Landim disse que o Judici-ário precisa se deitar na cama de um psi-canalista. “Estou vendo problemas sérios e tem horas que me assusto com isso.

No final do debate, o presidente da AMEPE, Mozart Valadares, informou que está interiorizando as ações da as-sociação. “Já fizemos encontros nos municípios de Afogados da Ingazeira, Petrolina, Pesqueira, entre outros”. Ele sugeriu que também sejam discutidas nos próximos eventos questões que vão além dos temas jurídicos, como a violência, a qualidade de vida, o es-tresse no dia a dia do magistrado. Car-los Magno lamentou que o convidado do Interagindo, Gustavo Krause, não teve tempo de falar de sua experiência como administrador público e pergun-tou a opinião dele sobre a proposta fei-ta pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal aos Presidentes da Câmara e do Senado, no sentido de reajustarem seus respectivos salários através de re-solução. Krause disse que é difícil falar sobre isso por causa da admiração que nutre pelo Ministro Jobim. “A condu-ção do processo foi um equivoco. Eu acompanhei esse processo, ele repre-senta uma dissintonia com a opinião pública, com as expectativas da socie-dade. Montaram-se várias estratégias para atingir aquele objetivo, procura-ram um jurista e ele foi à casa do pre-sidente. Acho que aquilo não faz jus à biografia de Nelson Jobim. Estamos todos sujeitos a derrapagens. Aquilo foi uma derrapagem”. Mozart Valadares agradeceu a contribuição de Gustavo Krause e encerrou o encontro.

�0 - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

Guida Vanderlei / Mariana Dantas

A Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (AMEPE) divulgou, na tarde do dia 11 de agosto, os ven-cedores do 1º Concurso de

Monografia Ministro Evandro Lins e Silva. O concurso premiou as melhores monografias sobre o tema “A Indepen-dência do Magistrado”. Também foram premiados os vencedores do Concurso de Logomarcas, criadas para o II Con-gresso Estadual dos Magistrados de Per-nambuco, que acontece de 03 a 06 de novembro, no Blue Tree Park (Cabo de Santo Agostinho).

Além da divulgação do resultado, a AMEPE também promoveu uma pa-lestra sobre o tema abordado nas mo-nografias, trazendo como convidados especiais o desembargador de Alagoas, Antônio Sapucaia, e a repórter especial do Jornal do Commercio, Ciara Carva-lho. O evento aconteceu no auditório do Fórum Desembargador Rodolfo Aure-liano (Joana Bezerra) e também fez par-te das comemorações aos 178 anos da criação dos cursos jurídicos no Brasil, comemorado no dia 11 de agosto.

Reconhecido por exercer a magistra-tura com satisfação, ética e independên-cia, o desembargador Antônio Sapucaia trouxe para os participantes do evento um pouco de sua experiência adquirida em mais de 34 anos de carreira jurídica. Autor de um dos discursos mais admira-dos pelos colegas de profissão, pronun-ciado em setembro de 2003, durante sua posse de desembargador do Tribunal de Justiça de Alagoas, Sapucaia diz que ser independente e imparcial é obrigação do magistrado.

“A independência do magistrado deve ser vista como um direito e um dever na esfera funcional. Não existe um dispositivo que discipline a arte de julgar. A lei já permite uma ampla inde-pendência, que deve ser respeitada. Nós (magistrados) podemos discordar de um fato, desde que este seja um pensamento próprio e fundamentado”, explica o de-sembargador.

Antônio Sapucaia também fez ques-tão de destacar que a formação moral do magistrado é fundamental na manuten-

ção da sua independência. “A maior for-ça que um juiz dispõe está relacionada com a sua coragem e moral. Se um ma-gistrado não possui uma boa formação moral, ele deixa de ser independente e acaba perdendo a capacidade de tomar suas decisões sem a interferência de ordens externas ou internas”, afirmou o desembargador, que também é autor de dois livros já publicados: “Casos que julguei” e “Judicando na Fazenda Mu-nicipal”.

Para a jornalista Ciara Carvalho, a independência não é uma qualidade do magistrado e sim uma condição. Ciara também ressaltou que a discussão do tema é de extrema importância porque contribui para uma maior interação en-tre o Poder Judiciário e a sociedade. “Entre todos os poderes, o judiciário é o mais blindado e distante da população. A resistência ainda é muito grande. Por este motivo, jornalistas ficam satisfeitos quando identificam parcerias com os profissionais do Judiciário”, disse du-rante a palestra.

O debate contou com a mediação do vice-presidente da AMEPE, Laiete Jato-bá Neto. Também estiveram presentes à mesa o desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Fernando Cer-queira, o representante do Governo do Estado, Dorany Sampaio, o presiden-

te da Cooperativa de Crédito, Gilberto Gondim, e a juíza Andrea Brito.

AMEPE premia vencedores do Concurso

de Monografia

O jovem advogado pernambucano Rodrigo Martiniano Ayres Lins, 24 anos, foi o grande vencedor do I Concurso de Monografia Ministro Evandro Lins e Sil-va, realizado pela Associação dos Magis-trados do Estado de Pernambuco (AME-PE). Com uma média de 7,33, o candida-to ganhou o prêmio de R$ 12 mil reais, ao escrever o trabalho que trazia o seguinte tema: “Sumula Vinculável: Desobstrução do Poder Judiciário, Sem Máculas à In-dependência do Magistrado”.

Rodrigo Martiniano Ayres Lins con-correu com mais 16 candidatos, que tra-tavam do tema escolhido pela AMEPE: “A Independência do Magistrado”. A monografia premiada tem cerca de 70 páginas. Segundo o autor, sempre exis-tiu em sua pessoa o anseio de lutar pela entrega da justiça ao cidadão, acreditan-do que, para isso, é imprescindível uma magistratura sem qualquer algema.

“É preciso que os operadores do Di-reito busquem mecanismos capazes de dotar o sistema jurídico de efetividade,

Independência do Magistrado é discutida em debate

Rodrigo Martiniano Ayres Lins, vencedor do Concurso de Monografia

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - �1

sem, no entanto, tolher a independên-cia do magistrado. Com esse espírito, a monografia apresentada propõe uma sis-temática que possibilita uma prestação jurisdicional célere e com completa li-berdade para o magistrado decidir: a sú-mula vinculável”, declarou Martiniano, que agradeceu à AMEPE a oportunidade de ter participado do concurso.

Também foram premiados, em 2º lugar, recebendo o prêmio de R$ 6 mil, o pernambucano Alexandre Freire Pi-mentel, com média 6,67; e, em 3º lugar, com prêmio de R$ 3 mil, o carioca Luiz Guilherme Loureiro, que obteve a média 6,33. Luiz Guilherme foi escolhido pelo critério do sorteio, já que o estudante pernambucano Carlos Fernando Lopes de Oliveira, de 23 anos, obteve a mes-ma nota. Entre os 17 trabalhas inscritos, nove foram de Pernambuco, três do Rio de Janeiro, dois de Minas Gerais, um da Paraíba, um do Paraná e um do Mara-nhão.

Concurso - Organizaram o I Con-curso de Monografia Ministro Evandro Lins e Silva os juizes José Viana Ulisses Filho, Nivaldo Mulatinho e Carlos Mag-no Cysneiros Sampaio (diretor Cultural da AMEPE). A Comissão Julgadora foi formada pelo Filósofo Eduardo Rama-lho Rabenhorst – doutor pela Universi-dade se Strassburgo, na França; a Pro-motora de Justiça Maria Betânia Silva – mestre pela Escola de Artes e Estudos de Ciências Sociais de Paris; e o soci-ólogo Luciano Oliveira, pós-doutor em Sociologia pela Escola de Artes e Estu-dos de Ciências Sociais de Paris.

Os requisitos avaliados pelos jura-dos foram os seguintes: adequação ao tema proposto, objetividade, dimensão da pesquisa efetuada, consistência das informações trabalhadas, criatividade e repercussão social. Segundo o filósofo Eduardo Ramalho, a iniciativa da AME-PE foi louvável, de estimular uma produ-ção acadêmica. Para ele, o tema é muito sugestivo, atual, difícil, porque meche com um Poder muito importante. “Foi uma surpresa agradável poder constatar que as pessoas têm tempo para se dedi-car a pesquisa acadêmica. Foi uma boa experiência, os trabalhos tiveram muito bom nível”, declarou.

Logomarca para Congresso Estadual dos Magistrados é escolhida

Após a apuração dos vencedores do I Concurso de Monografia Ministro Evan-dro Lins e Silva, foi iniciada a contagem das notas dos 44 candidatos que concor-rerem ao Concurso de Logomarca, que teve como objetivo escolher uma marca para o II Congresso Estadual dos Magis-trados de Pernambuco. O evento aconte-ce de 03 a 06 de novembro, no Blue Tree Park (Cabo de Santo Agostinho).

O grande vencedor foi o pernam-bucano Hélio Vieira Silva Filho, com média 8,57. Em segundo lugar, ficou o paulista Luiz Francisco Alves de Araújo, com média 7,9, e, em 3º, o pernambuca-no Daniel Pinheiro de Oliveira e Silva, com média 7,5. O primeiro colocado re-cebeu o prêmio de R$ 2 mil, o segundo de R$ 1 mil e, o terceiro, de R$ 500,00.

Segundo o publicitário Hélio Vieira, de 34 anos, a AMEPE está de parabéns pela excelente iniciativa de realizar este concurso. “O mercado está carente de concursos, que é uma forma de estimular o profissional da área e divulgar o merca-do local”, afirmou o vencedor. Segundo

Independência do Magistrado é discutida em debateele, como se trata de um seminário local e da magistratura, ele escolheu utilizar na marca as cores da bandeira do Estado de Pernambuco e os elementos da justiça.

A Comissão Julgadora e Organiza-dora do Concurso, formada pelos juizes Luiz Mário de Góes Moutinho, Andrea Epaminondas Tenório de Brito e Eva-nildo Coelho de Araújo Filho, julgou os seguintes requisitos: adequação ao tema, objetividade, criatividade (originalida-de), repercussão social e repercussão na magistratura. Segundo o juiz Luiz Mário de Góes Moutinho, os trabalhos inscritos foram de bom nível. “O vencedor teve uniformidade nas notas, o que revela o merecimento do prêmio”, declarou.

O diretor Cultural da AMEPE, o juiz Carlos Magno, declarou estar sa-tisfeito com o resultado dos concur-sos. “Agradeço as pessoas que se em-penharam, que participaram. O nosso próximo passo é publicar os melhores trabalhos em um livro, para que a ma-gistratura possa tomar conhecimento da avaliação feita pela sociedade do nosso trabalho”, concluiu.

A premiação foi financiada com re-curso advindos de patrócinios oficiais ao I Congresso Estadual dos Magistrados de Pernambuco.

Luiz Mário de Góes Moutinho, Edvaldo Palmeira, Maurício Galvão Martiniano (pai do vencedor), Rodrigo Martiniano Ayres Lins, Carlos Magno e Viana Ulisses

�� - Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005

A Associação dos Magistrados de Pernambuco (Amepe) aca-ba de fazer um levantamento dos imóveis que possui. O úl-timo valor patrimonial docu-

mentado pela Associação datava de ja-neiro de 1998, o que não retratava mais a realidade. O problema, de acordo com o diretor de Patrimônio da Amepe, Dr. Edvaldo Palmeira, é que “a contabilida-de tem um critério legal de depreciação de bens e se os imóveis não passam por uma avaliação periódica, acabam per-dendo o valor mês a mês nos registros contábeis, vale dizer, os dados oficiais tornar-se-ão imprestáveis para informar quanto efetivamente vale o patrimônio da entidade, informações essas indis-pensáveis para o planejamento dos in-vestimentos que se façam necessários quanto àqueles bens”.

Prova disso é que no ano de 1998 as 03 sedes da Associação valiam jun-tas mais de um milhão e meio de reais (R$ 1.537.500,00) e em maio deste ano, antes do novo levantamento, as 03 uni-dades não somavam R$ 278 mil, eviden-ciando uma desvalorização contábil que precisava ser corrigida. A comparação entre os quadros anexos evidencia essa disparidade provocada pela deprecia-ção patrimonial nos registros contábeis ao longo dos últimos 7 anos. De acordo com os números do quadro No 01, em ja-neiro de 1998, a Sede Social (Candeias) foi avaliada em R$ 820 mil, a Sede Cam-pestre (Gravatá) valia na época R$ 309 mil e a Sede Náutica (Ponta de Pedras) custava R$ 408 mil. O quadro No 02 traz a realidade em maio deste ano, pouco antes da atualização realizada pela Ame-pe. A Sede Social não valia mais nada, enquanto a Sede Campestre - que qua-druplicou no número de apartamentos disponíveis desde a ultima avaliação - caiu para R$ 3.500,00 e o valor da Sede Náutica não chegava a R$ 275 mil.

Preocupada com o patrimônio da As-

AMEPE avalia valor patrimonial e inicia reforma

em sedessociação e com o planejamento das ações futuras a serem realizadas nesses imó-veis, a diretoria da Amepe contratou um escritório de engenharia para fazer um novo levantamento com base nas regras da Associação Brasileira de Normas Téc-nicas (ABNT). De acordo com a avalia-ção finalizada em junho passado, o valor patrimonial da Amepe é hoje de mais de dois milhões de reais (R$ 2.333.892,00) como vem detalhado no quadro No 3. O quadro mostra não apenas o valor patri-monial de cada sede, como também os respectivos preços de mercado.

Na posse dos novos dados, a Amepe repensou o investimento que faria ante-riormente em uma única unidade e de-cidiu redistribuir o orçamento em refor-mas que vão abranger as 03 unidades de lazer. “Nossa idéia antes era fazer uma obra estrutural na Sede Náutica, no valor de 190 mil reais, que importava, inclu-sive, em acréscimo de construção, mas no final das contas o valor de mercado do imóvel, após as obras, não compen-saria o investimento, por isso decidimos suspender a execução daquele projeto, para reestudá-lo, e resolvemos contem-plar todas as 03 sedes com uma reforma geral, abrangendo, também, a parte mo-biliária, gastando no total pouco mais de um terço do inicialmente planejado so-mente para a Sede Náutica”, explica Dr. Edvaldo Palmeira.

Além do gasto ser bem menor, todas as sedes serão contempladas com repa-ros necessários, pintura, restauração ou substituição de mobília e de eletrodo-mésticos. As reformas já começaram. Em setembro fica pronta a Sede Náutica e em meados de outubro/novembro as Sedes Campestre e Social. “A Amepe mostrou transparência, com o levanta-mento desses números, além da preocu-pação não apenas com o patrimônio que pertence aos associados, mas também com a melhor maneira de investir os re-cursos disponíveis”, finaliza o diretor.

Quadro No 01

levantamento patrimonial das Sedes - janeiro de 1998

Social: R$ 820.000,00Gravatá: R$ 309.500,00Náutica: R$ 408.000,00Valor total: R$ 1.537.500,00

Quadro No 02

levantamento patrimonial das Sedes – maio de 2005

Social: totalmente desvalorizadaGravatá: R$ 3.500,00Náutica: R$ 274.438,30Valor total: R$ 277.938,30

Quadro No 03

atualização patrimonial das Sedes – junho 2005

Social: R$ 831.267,94Valor de mercado: R$ 860.000,00

Gravatá: R$ 1.098.111,65Valor de mercado: R$ 1.380.000,00

Náutica: R$ 404.512,00Valor de mercado: R$ 360.000,00

Valor total do patrimônio pelas nor-mas da ABNT: R$ 2.333.892,00Valor total do patrimônio por pes-quisa de mercado: R$ 2.600.000,00

Informativo da Associação de Magistrados de Pernambuco - Ano XVI - Junho/Julho - 2005 - ��

P or trás da obra física da nova sede, que está em processo de conclusão, a CAMPE dará mais um passo para a sua con-solidação como operadora de

plano de saúde. A Diretoria tem ressal-tado que as novas instalações propor-cionaram não só melhores condições de funcionamento, mais a ampliação dos serviços prestados aos associados. A di-retoria destaca os seguintes aspectos:

Autorização de funcionamento – Hoje, a CAMPE tem apenas um regis-tro provisório junto à ANS, agência de regulação do setor. Para a obtenção da autorização de funcionamento exige-se instalações físicas adequadas que aten-dam a mínimos parâmetros legais. A atu-al sede, na condição em que se encontra, não atende as exigências para obtenção da autorização de funcionamento. Bas-ta que se registre que o prédio sede não tem habite-se, além do que não dispõe de acesso a deficientes e idosos. Os con-sultórios odontológicos e almoxarifado também não obedecem às normas técni-cas de engenharia e arquitetura para os seus funcionamentos .

Campe amplia serviços prestadosAmpliação dos consultórios odon-

tológicos – Com o ingresso sempre cres-cente de novos associados – contamos com quase duas mil vidas – os consul-tórios odontológicos precisam ser am-pliados para mantermos a reconhecida qualidade desse serviço. O novo prédio permitirá a ampliação e instalação de outros consultórios, com destaque para um destinado especificamente para o serviço de implantodontia. Esse serviço exige consultório amplo e equipado de maneira própria e especial.

Profissionalização dos serviços administrativos – O setor adminis-trativo da CAMPE é o que mais se re-cente de instalações físicas adequadas. O almoxarifado, especialmente o de materiais odontológicos, é inadequado. O setor de contas médicas funciona em local totalmente insalubre. A gerente da CAMPE não dispõe de sala própria, desenvolvendo sua atividade na sala da Diretoria. O setor de informática, mal-grado seu crescimento em importância na estrutura da Campe, não dispõe de espaço próprio. As instalações não per-mitem, ainda, que se reserve uma área

O convênio com a Unimed Re-cife foi criado para atender aos associados nas cidades onde não existe rede creden-ciada da Campe, carência que

acontece em municípios do interior do Estado. A idéia do convênio foi para dar mais conforto e segurança às pessoas que viajam muito e acabavam ficando sem assistência médica. Porém o convê-nio está sendo usado de maneira inade-quada pelos usuários da CAMPE.

Há muitos associados que mesmo estando no Recife e nas cidades onde há ampla plena cobertura da Campe, estão utilizando os serviços da Unimed Recife. Essa opção está tornando ocio-

Convênio com Unimed torna atendimento ocioso na Campe

sa a rede credenciada da Campe, como clínicas, consultórios e hospitais. Além disso, o custo do repasse da Campe para a Unimed aumentou consideravelmente nos últimos meses e o pior do tudo, cada vez que o usuário procura à Unimed Re-cife, ele é obrigado a desembolsar 30% de co-participação, o que encarece o ser-viço desnecessariamente. “Muitas vezes o associado nem percebe esse acréscimo porque o débito é descontado direto do contracheque, mas essa prática acaba gerando prejuízos para todo mundo: para a Campe com o aumento do repasse à Unimed, para o usuário que paga mais caro pela consulta ou exame, e para a rede credenciada que está perdendo pa-

destinada a arquivo.Médico da família CAMPE - Esse

projeto, que será desenvolvido logo após a conclusão da obra e ampliação da sede, visa disponibilizar ao associado um atendimento médico especial e dife-renciado. Não é incomum o associado fi-car peregrinando em ambulatórios, hos-pitais e laboratórios sem uma orientação profissional. Um médico vinculado à CAMPE permitirá um acompanhamento do tratamento do associado, evitando a sua descontinuidade e fragmentação.

cientes”, explica a Diretora da Campe. Preocupada com a utilização inde-

vida do convênio com a UNIMED Re-cife a direção da Campe alerta que a rede credenciada da CAMPE conta com mais de 500 locais de atendimento para menos de dois mil associados, portanto a oferta é superestimada para quantida-de de usuários. Quem quiser checar a localização de clínicas, consultórios e hospitais que fazem parte dos serviços credenciados da Campe pode consultar o guia do associado que possui a lista de toda a rede. Uma lista atualizada será entregue na residência dos usuários, que também pode acessar o site da Campe, no site:www.campe.org.br

Caixa de Assistênciados Magistrados de Pernambuco

Diretoria Dr. Eudes dos Prazeres França - Diretor Dr. Fábio Eugênio Dantas de Oliveira - Diretor Adjunto Dr. Virgínio Marques Carneiro Leão - Diretor Adjunto Rua Comendador Bento Aguiar, 250Madalena - RecifeCEP 50750-390Fone/Fax: 81 3227-7681

Expediente:

O s diretores da Campe, Eudes França e Fábio Eugênio, e o médico auditor Dr. Jozildo Barbosa, estão participando das reuniões do Gremes

(Grupo de Empresas do Auto-gestão em saúde) cuja sede fica na Boa Vista. Entres os assuntos em discussão nas

A Diretoria de Normas e Habili-tação das Operadoras da ANS veio ao Recife com o objetivo de promover uma maior aproxima-

ção e integração com as operadoras de planos privados de assistência à saúde.

Diretoria da Campe recebe visita da ANS

Diretoria da Campe participa de reunião do Gremes

O s associados da Campe esta-rão recebendo em casa du-rante o mês de Setembro as novas carteiras de identifica-ção do plano de saúde. A car-

teira vem com a cor diferente, passando a ser prata, e com nova numeração. O documento está sendo atualizado para se tornar compatível ao novo sistema de informática recentemente implanta-do na Campe. As novas carteiras foram confeccionadas pelo Banco do Brasil, sem ônus para o associado. Durante o período de transição, as carteiras anti-gas serão aceitas, mas a partir de Ou-tubro só a nova será válida. A diretoria lembra que as carteiras do convênio com a UNIMED Recife só deverão ser utilizadas, excepcionalmente em situa-ções de urgência e emergência fora do estado de Pernambuco.

Associados ganham carteiras novas

C om o novo sistema de infor-mática implantado na CAM-PE, que inclusive, gerencia os procedimentos médicos, a partir do dia 15 de setembro,

quando o associado for se submeter a procedimento cirúrgico eletivo deve-rá procurar a CAMPE, com a antece-dência mínima de 05 (cinco) dias para obter a autorização médica. Antes o associado passava na Campe horas an-tes da cirurgia para obter a autorização

Mudança na liberação e autorização de procedimentos

do procedimento, o que agora não será mais possível, com a implantação do novo sistema, esclarece a diretoria.

Na oportunidade lembra a diretoria que em caso de procedimentos médicos que não são cobertos pela CAMPE, o associado poderá, querendo, junto ao médico auditor buscar orientação no sentido de minimizar os custos do pro-cedimento e até mesmo sobre a esco-lha do local onde o tratamento poderá ser realizado.

Neste contexto, visitou a Campe no dia 15 de junho de 2005, onde foi recebida pela Diretoria na sede da entidade. Na ocasião, foram ana-lisadas as dificuldades e, até mesmo, a impos-sibilidade da CAMPE atender as normas que regulamentam o setor de saúde suplementar face a sua natureza de departamento – sem personalidade jurídica – da AMEPE e em ra-

zão da sua peculiar forma de prestação de serviço, caracterizada por ser um pla-no de autogestão de pequeno porte, es-pecificamente destinado a magistrados e seus dependentes.

Para operar no setor de saúde suple-

mentar, uma pessoa jurídica tem que, obrigatoriamente, obter uma autoriza-ção de funcionamento na Agência Na-cional de Saúde Suplementar - ANS. Hoje, a CAMPE funciona com registro provisório. Durante a visita da ANS à CAMPE dúvidas foram esclarecidas quanto ao nosso processo de obtenção da autorização de funcionamento, que já foi iniciado e está na fase de análise da documentação encaminhada.

Exposta a situação financeira da CAMPE ao gerente João Ricardo Lobo e ao analista Pedro Paulo Dias, representantes da ANS, eles não en-contraram qualquer inconsistência nas informações financeiras e em relação à solidez do plano. No entanto, foi nos alertado que o custo financeiro do se-tor tende a aumentar com a introdução de novas tecnologias e o envelheci-mento dos beneficiários.

últimas semanas, está o credenciamento do futuro Hospital Boa Viagem Medical Center, que funcionará na Av. Visconde de Jequitinhonha. A diretoria da Campe está analisando valor de tabela e serviços oferecidos pela nova unidade hospitalar para assinatura do convênio.

Eudes França e Fábio Eugênio recebem diretores da ANS