primeiro levantamento de ictiofauna da bacia do rio doce...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Avenida Peter Henry Rolfs, s/n- Viçosa–MG, CEP 36570-000 Fone (31) 3899-2555 Primeiro levantamento de ictiofauna da bacia do rio Doce após o rompimento da barragem de rejeito da Samarco, em Mariana-MG. Autores: Prof. Dr. Jorge Abdala Dergam dos Santos Frederico Fernandes Ferreira Frederico Machado de Pinho Apoio: Viçosa, 15 de abril de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

Avenida Peter Henry Rolfs, s/n- Viçosa–MG, CEP 36570-000 Fone (31) 3899-2555

Primeiro levantamento de ictiofauna da bacia do rio Doce após o rompimento da barragem de rejeito da Samarco, em

Mariana-MG.

Autores: Prof. Dr. Jorge Abdala Dergam dos Santos Frederico Fernandes Ferreira Frederico Machado de Pinho

Apoio:

Viçosa, 15 de abril de 2017

Sumário INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3

METODOLOGIA DE COLETA ...................................................................................... 4

1. Locais de estudo ................................................................................................... 4

2. Desenho amostral ................................................................................................. 5

RESULTADOS ........................................................................................................... 23

DADOS SECUNDÁRIOS ........................................................................................ 23

DADOS PRIMÁRIOS .............................................................................................. 26

Espécies ameaçadas .............................................................................................. 34

Espécies endêmicas ............................................................................................... 34

Espécies reofílicas e migradoras ............................................................................. 34

Pesca ...................................................................................................................... 35

Espécies exóticas ................................................................................................... 35

Referências ................................................................................................................ 36

Tabela 1: Descrição e localização das estações amostrais para a ictiofauna ............... 6 Tabela 2: Relação das espécies de peixes observadas na bacia do rio Doce. ........... 24 Tabela 4: Lista das espécies de peixes registradas durante o levantamento da ictiofauna, no projeto GIAIA, bacia do rio Doce. .......................................................... 26 Tabela 5: Lista indicando o nome das espécies e o numero de indivíduos encontrados em cada ponto amostral (GI). ..................................................................................... 32 Gráfico 1: Proporção das ordens de peixes no levantamento do rio Doce, finalizado em janeiro de 2017. .......................................................................................................... 29 Gráfico 2: Número de espécies coletadas em cada ponto amostrado. ........................ 31

INTRODUÇÃO

O Rio Doce nasce no município de Ressaquinha (Minas Gerais), a 1220 m de altitude, e percorre 853 km da nascente até sua foz no Oceano Atlântico (Espírito Santo). Sua bacia de captação é de 83.431 km2 (71.852 km2 em Minas Gerais e 11.579 km2 no estado do Espírito Santo) (ANA, 2001). Seus rios formadores são o Piranga e o Carmo, cujas nascentes estão situadas nos municípios de Ressaquinha e Ouro Preto, respectivamente, nas serras do Espinhaço e da Mantiqueira, onde as altitudes chegam a 1.200 m. No estado de Minas Gerais, os principais afluentes do Rio Doce pela margem direita são os rios Xopotó, Casca, Matipó, Cuieté e Manhuaçu, enquanto pela margem esquerda são os rios Piracicaba, Santo Antônio, Corrente Grande e Suaçuí Grande (CETEC, 1983). Apesar de algumas diferenças nas delimitações, em diversos estudos, o rio Doce tem sido subdividido em três seções: alto, médio e baixo curso. O alto curso inclui a drenagem desde as cabeceiras até a foz do rio Matipó, o médio desde a confluência desse rio até a divisa de MG/ES e o baixo da divisa dos estados até a foz.

No dia cinco de novembro de 2015, houve um desastre considerado a maior catástrofe ambiental do Brasil envolvendo rios e a população em sua volta, devido à extração de minério de ferro na região do município de Mariana (MG). Durante o desastre, a barragem conhecida como barragem de Fundão rompeu-se danificando a barragem de Santarém, ambas ficavam no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município de Mariana, cidade histórica mineira a 124 km de distância de Belo Horizonte. Os rejeitos destas barragens atingiram os rios de bacias importantes desta região afluentes do Rio Doce.

Mais de um ano após o derramamento do rejeito da Samarco, este é o primeiro estudo relacionado com a resiliência das populações de peixes na calha do rio Doce. O primeiro impacto na fauna de peixes foi físico, determinando a morte de todos os peixes, pelo menos até a UHE Risoleta Neves (Candonga), nos municípios de Rio Doce e de Santa Cruz do Escalvado. O rejeito causou, numa primeira instância, a morte instantânea de peixes por obstrução do sistema respiratório. Posteriormente, o depósito de rejeito cobriu o substrato anterior, alterando o fluxo de energia ao longo do ecossistema, bloqueando o crescimento de algas e de plantas aquáticas, impedindo o desenvolvimento de macroinvertebrados aquáticos, os quais são a base trófica das espécies de peixes que se alimentam no fundo.

Os peixes que se alimentam dos bentos (incluindo macroinvertebrados) são de porte variado, mas, geralmente, de pequeno porte e são a base trófica de espécies de maior porte, tão procuradas pelos pescadores amadores e profissionais. Alguns peixes de maior porte, como as curimbas, são detritívoras e se alimentam de algas, insetos, sedimento e detrito. Duas espécies de curimba eram capturadas anteriormente: a nativa Prochilodus vimboides e a introduzida Prochilodus costatus. Embora esta espécie não seja nativa, ela representa um recurso importante para os pescadores ribeirinhos e para a pesca amadora.

O impacto aparente foi maior até a barragem da UHE Risoleta Neves; a jusante da barragem, a lama se manteve dentro dos limites da calha do rio. A jusante da UHE, ainda é desconhecido o efeito da alteração na comunidade de peixes. São muito

importantes estudos continuados que indiquem a taxa de colonização da calha do rio Doce, e qual foi a fração de peixes sobreviventes da avalanche de rejeito. Espera-se que as espécies nativas mais generalistas sejam as pioneiras no processo de recolonização, assim como as espécies exóticas. As espécies nativas não generalistas, como o surubim-do-rio-Doce ainda existem no rio Piranga, no rio Manhuaçu e no rio Santo Antônio, e devem ser objeto de cuidados ainda maiores de conservação.

Os biólogos da conservação há muito acreditam que pequenas populações enfrentam um maior risco de extinção através estocasticidade demográfica, ambiental e genética. A fragmentação de habitats tem uma influência nefasta sobre a persistência da população. Vários estudos têm demonstrado que alguns peixes de água doce (por exemplo, Winston et al 1991;. Reyes-Gavilán et al 1996;. Morita & Suzuki 1999), mariscos (Watters 1996; Kelner & Sietman 2000) e crustáceos (Miya & Hamano 1988; Holmquist et al., 1998) foram extirpados e que a riqueza de espécies diminuiu em habitats que foram fragmentados.

A extinção ou grande declínio de duas espécies ainda pouco conhecidas taxonomicamente de Brycon, uma de porte médio e considerada até hoje como semelhante a Brycon devillei e conhecida na bacia do rio Doce como “piabanha” e outra de menor porte, a “pirapitinga”, Brycon opalinus. A presença da piabanha no trecho do rio Piranga é eventual, mas ainda existem populações da espécie em algumas lagoas do médio rio Doce e no rio Santo Antônio. Por sua vez, a pirapitinga é capturada ocasionalmente em afluentes do Doce como o rio Casca, o rio Piranga e o rio Santo Antônio. Moradores antigos da usina do Brito, no rio Piranga à jusante de Ponte Nova, relatam que antes da introdução do dourado, a época de piracema era marcada pela tradicional presença abundante de piabanhas.

A bacia do rio Doce é uma das drenagens mais comprometidas em termos de impactos antrópicos (incluindo assoreamento, poluição, regularização do fluxo da água por barragens e a introdução de espécies exóticas). A elaboração de planos de manejo ambiental requer o conhecimento dos padrões de distribuição das espécies, tanto em ambientes bem conservados quanto em ambientes alterados. Interessa particularmente, o grau de resiliência de cada espécie às alterações antrópicas e a determinação das espécies menos tolerantes a essas mudanças.

Este trabalho teve o objetivo de fazer um primeiro levantamento das espécies

remanescentes do rio Doce, após o rompimento da barragem de rejeito em Mariana, Minas Gerais.

METODOLOGIA DE COLETA

1. Locais de estudo

Até desaguar no Oceano Atlântico o rio Doce percorre uma distância de 853 km, drenando uma bacia hidrográfica de 83.431 km2 (71.852 km2 em Minas Gerais e 11.579 km2 no Espírito Santo) (ANA, 2001). Este levantamento foi realizado ao longo da bacia do rio Doce, tanto na calha principal do rio, como em alguns afluentes. As coletas se iniciaram no rio Gualaxo do Norte, município de Mariana, a montante do rompimento da

barragem de rejeito, seguindo ao longo da calha do rio Doce até a sua foz, no distrito de Povoação, em Linhares no Espírito Santo. Além da calha principal do rio, alguns de seus principais afluentes também foram incluídos nas coletas do presente estudo, como os rios Santo Antônio, Manhuaçu, Piracicaba, Baixo Guandu e ribeirão do Carmo, trechos afetados indiretamente pelo rompimento.

2. Desenho amostral

Para otimização da logística, considerando as distâncias e a extensão do projeto, os levantamentos em campo foram divididos em três trechos, sendo chamados de trecho 1, trecho 2 e trecho 3.

Ao longo da bacia do rio Doce, foram selecionadas 20 pontos amostrais, sendo, nove pontos no trecho 1, cinco pontos no trecho 2 e seis pontos no trecho 3. A localização de cada estação amostral foi georreferenciada (latitude, longitude) via satélite com um GPS (GPS Garmin ®) (Tabela 1).

Foram realizadas três excursões de coleta (uma em cada trecho), dentro da estação chuvosa. O trecho 1 foi amostrado entre os dias 03/10/16 e 10/10/16, o trecho 2 entre os dias 29/10/16 e 05/11/16 e o trecho 3 entre os dias 14/01/17 e 23/01/17.

Em cada local de coleta, foram observados a composição do substrato, caracterizada quanto à presença predominante de cascalho, areia, turfa, troncos e folhas, presença evidente de rejeito na margem e na água, largura média da drenagem, composição das margens e do entorno e presença e caracterização de matas ciliares (Tabela 1).

Tabela 1: Descrição e localização das estações amostrais para a ictiofauna

ESTAÇÃO AMOSTRAL NOME DA DRENAGEM ZONA UTM COORDENADAS DESCRIÇÃO TRECHO

GI 01 Rio Gualaxo do Norte 23 K 663784 7757136 Trecho lótico com largura aproximada de 4,0 m e menos de 1,00 m de profundidade. Substrato composto por cascalho e

areia. Mata ciliar preservada em ambas as margens. 1

GI 02 Ribeirão do Carmo 23 K 676223 7747325

Trecho lótico com largura aproximada de 6,0 m e aproximadamente 0,8 m de profundidade. Substrato composto por cascalho e areia. Mata ciliar bem preservada em uma das margens, a outra margem fica dentro de uma propriedade rural

1

GI 03 Rio do Peixe 23 K 680846 7750368 Trecho composto por remanso e áreas de corredeiras. Substrato composto por areaia e cascalho. As margens

possuem fragmentos de mata e propriedades rurais. 1

GI 04 Rio Gualaxo do Norte 23 K 686406 7754103

Área afetada diretamente pelo rejeito. Água com coloração de barro, assim como o substrato que é composto por rejeito.

Trecho formado pelo remanso de uma queda e trechos lóticos. Apresenta 6,0 m de largura e muitos trechos muito rados com 0,4 m de profundidade devido a acumulação de sedimentos.

Entorno com fragmentos de mata atingida pelo rejeito.

1

GI 05 Ribeirão do Carmo 23 K 705858 7756015

Trecho logo a jusante do encontro do Ribeirão do Carmo e rio Gualaxo do Norte. Água com coloração de rejeito. Trecho lótico

com 50,0 m de largura e substrato composto por rejeito. No trecho encontram-se vários bancos de areia no leito do

ribeirão. Entorno caracterizado por pilhas de rejeito.

1

GI 06 Rio Gualaxo do Sul 23 K 702738 7754309

Trecho a montante do encontro entre o ribeirão do Carmo e Gualaxo do Norte. Trecho com 10,0 m de largura,

profundidades variando de 0,6 m a mais de 1,0 m. Substrato composto por areia e entorno caracterizado por pilhas de

rejeito.

1

GI 07 Rio Doce 23 K 725081 7764335

Trecho a jusante do reservatório da UHE Risoleta Neves. Água com cor de rejeito. Trecho com mais de 30,0 m de largura e

profundidades variadas. Trecho muito assoreado com acúmulo de sedimentos. Entorno composto por áreas de pastagem.

1

GI 08 Rio Piranga 23 K 719217 7755237

Trecho a montante da área afetada. Trecho lótico com alguns remansos. Trecho com mais de 30,0 m de largura e substrato

composto por areia. Entorno com fragmentos de mata e propriedades rurais.

1

GI 09 Rio Doce 23 K 735954 7785306

Trecho lótico com alguns remansos. Águas com coloração de rejeito. Nesse trecho o rio apresenta 20,0 m de largura e

entorno composto por rejeito. No entorno algumas árvores isoladas e uma mineradora de areia.

1

GI 10 Rio Piracicaba 23 K 734797 7830533 Trecho lótico do rio. Possui 60,0 m de largura. Água clara, substrato de areia e rejeito, com alguns bancos de areia no leito. Entorno composto por áreas de capim Brachiaria spp.

2

GI 11 Rio Doce 23 K 782346 7868645

Trecho com aproximadamente 300,0 m de largura. A água apresenta coloração de rejeito, menos densa que em outas

estações amostrais. Densa camada de sedimento no substrato. Entorno composto por propriedades e fragmentos de

mata.

2

GI 12 Rio Santo Antônio 23 K 779131 7871179 Trecho com 60,0 m de largura e com substrato de areia.

Entorno composto por propriedades, áreas de pastagem e fragmentos de mata.

2

GI 13 Rio Doce 23 K 813772 7903426

Trecho do rio com aproximadamente 400,0 m de largura. Nesse trecho a água ainda está com a coloração cor de barro, porém menos densa do que outros trechos. Densa camada de

sedimentos no substrato. Entorno composto por trechos de mata e propriedades.

2

GI 14 Rio Doce 24 K 214130 7907326 Trecho do rio com aproximadamente 400,0 m de largura.

Nesse trecho a água está com a coloração sem cor de barro, porém no leito do rio existe uma densa camada de sedimentos.

2

GI 15 Rio Doce 24 K 282205 7844032 Trecho do rio sem resquícios do rejeito. Substrato composto por areia e pedras. Ambiente lótico e remansos. 3

GI 16 Rio Manhuaçu 24 K 261287 7843111 Trecho encachoeirado do rio. Aproximadamente 50,0 m de

largura. Trecho com mata ciliar preservada e poucas propriedades no entorno.

3

GI 17 Rio Baixo Guandu 24 K 287925 7828595 Trecho lótico com pedras no leito. Possui aproximadamente

30,0 m de largura. Entorno composto por propriedades rurais e estrada.

3

GI 18 Rio Doce 24 K 328236 7839297 Trecho localizado no meio da cidade de Colatina. Trecho com

mais de 300,0 m de largura. Muitos rejeitos domésticos na água.

3

GI 19 Rio Doce 24 K 386814 7853458 Trecho localizado a montante da cidade de Linhares. Nesse local o rio apresenta mais de 500,0 m de largura. Substrato

arenoso e matas ciliares preservadas no entorno. 3

GI 20 Rio Doce 24 K 416117 7835528 Trecho localizado próximo a foz do rio. Trecho com 1000,0 m de largura e profundidades de 1,5 m. Trecho com fragmentos

preservados de mata e pastagens. 3

Figura 1: Mapa de distribuição das estações amostrais

Trecho 1

O trecho 1, teve inicio no rio Gualaxo do Norte, no município de Mariana, a montante do acidente e termina na ponte da BR 262 sobre rio Doce, próximo ao município de São José do Goiabal. Nesse trecho foram selecionados nove pontos amostrais abrangendo tanto áreas diretamente quanto indiretamente afetadas.

O trecho 1 foi o mais afetado diretamente pelo rejeito de minério liberado, em virtude da proximidade com a área do acidente e da distribuição das cidades e municípios ao longo do leito do rio.

Os pontos amostrados, diretamente afetados pelo rejeito, são o rio Gualaxo do

Norte, no município de Paracatu, o ribeirão do Carmo, em Barra Longa e o rio Doce em dois pontos, à jusante da UHE Risoleta Neves e na BR 262 próximo ao município de São José do Goiabal. Além disso, foram amostrados outros dois pontos indiretamente afetados, ou não afetados, o rio Gualaxo do Sul, próximo a Barra Longa e o rio Piranga em Ponte Nova, MG.

O rio Piranga apresenta uma grande importância por ser o principal formador do rio Doce, e apresenta uma grande diversidade de peixes, além de algumas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção como o cascudo, Deuturus carinotus e Surubim-do-Doce, Stendachneridion doceanum.

As fotos e informações das estações amostrais do trecho 1 se encontram nas Figura 2 a Figura 14 e na Tabela 1.

Trecho 1, pontos amostrados afetados pelo rejeito.

Figura 2 - GI 04- Rio Gualaxo do Norte – Região nas proximidades do distrito de Paracatu de Baixo área bastante afetada, na foto da esquerda, uma área encachoeirada, com grande quantidade de resíduo de rejeito, aonde foram coletados espécimes de Lambaris ou Tambiús (Astyanax bimaculatus) sobrevivendo e repovoando a área. Na foto da esquerda, metodologia qualitativa, Redes de Espera; é possível observar a marca do rejeito ainda presente nos troncos das árvores.

Figura 3- Ponto GI 04- Rio Gualaxo do Norte – Ponto atingido pelo rejeito.

Figura 4 -Ponto GI 05 - Rio do Carmo, região do município de Barra Longa, MG – Ponto atingido pelo

rejeito. Na foto da esquerda uso de Redes de espera, na foto da direita uso de Tarrafa.

Figura 5 - Ponto de acesso ao distrito de Paracatu de Baixo, área bastante afetada e em estágio inicial de regeneração. A foto da esquerda indica o uso de manta e plantio de leguminosas e plantas rasteiras para segurar o rejeito, na foto da direita um curso d’água protegido o peito com pedras, provavelmente ações de minimização e recuperação realizadas pela SAMARCO.

Figura 6- Ponto GI 07 - Rio Doce UHE Risoleta Neves, próximo à cidade de Rio Doce, MG. Na foto da esquerda podemos observar ao fundo, a Barragem da UHE Risoleta Neves. Observa-se, na barragem, a marca do rejeito, na foto da direita o grande acúmulo de rejeito onde era o lago da usina.

Figura 7 -Ponto GI 07 - Rio Doce a montante da UHE Risoleta Neves. É possível identificar um segundo

barramento para o rejeito e um desvio da água.

Figura 8 - Ponto GI 07 – Na foto da esquerda, o Rio Doce a Jusante da UHE Risoleta Neves e a direita do

encontro do Rio do Peixe (água mais clara) com o Rio Doce (água mais turva).

Figura 9- Ponto GI 07 – Rio Doce a Jusante da UHE Risoleta Neves.

Figura 10- Ponto GI 11- Rio Doce a Jusante do Rompimento da barragem de rejeito, na ponte da BR 262

sobre rio Doce, próximo ao município de São José do Goiabal. Na foto da esquerda, o uso de rede de espera e na foto da direita, a presença de dragas pra retirada de areia no leito do rio.

Trecho1, pontos amostrados não afetados pelo rejeit o.

Figura 11 - Ponto GI 01 Rio Gualaxo do Norte, próximo à região de Mariana, região de Camargos, MG –

Ponto não afetado, - área controle. A foto da esquerda indica o uso da peneira de pesca, tipo de amostragem quantitativa, eficiente principalmente para peixes de pequeno porte.

Figura 12 - Ponto GI 02 - Rio do Carmo, próximo à região de Monsenhor Horta - Não afetado – Esta é

uma área controle. Na foto da direita foi registrado um barramento desativado; segundo moradores, este ponto ainda é usado por garimpeiros.

Figura 13 - Ponto GI 06 - Rio Gualaxo do Sul, também na região do município de Barra Longa, MG - Não

afetado - área controle.

Figura 14 - Ponto de união do Rio do Carmo, à esquerda, bastante afetado e com a forte coloração do rejeito encontrando com o Rio Gualaxo do Sul ( à direita). O Gualaxo do Sul não foi afetado e tem águas muito mais claras.

Trecho 2

O trecho 2, teve início no rio Piracicaba, no município de Marliéria - MG, e término no rio Doce próximo ao município de Tumiritinga - MG. Foram selecionados cinco pontos amostrais, três pontos na calha principal do rio Doce, abrangendo áreas diretamente afetadas e dois pontos em áreas afetadas indiretamente, o rio Piracicaba e o Santo Antônio.

A bacia do rio Santo Antônio, é o segundo maior afluente do rio Doce, e no que se refere a ictiofauna, abriga diversas espécies endêmicas, ameaçadas de extinção e apresenta elevada biodiversidade, atendendo a vários requisitos que justificam sua indicação como área prioritária para conservação (Vieira et al., 2000; Vieira et al., 2006; Castro et al., 2004, Rosa & Lima, 2008).

O rio Piracicaba nasce no município de Ouro Preto a 1680m de altitude, percorrendo até sua foz no rio Doce, 241 quilômetros. Drena áreas altamente populosas e industrializadas como Ipatinga e Timóteo. É um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Doce e drena uma área montanhosa, com grandes desníveis. Sua riqueza ictiofaunística é de aproximadamente 40 espécies (Vieira, 2011).

Na calha do rio Doce, a água apresentou uma coloração mais clara em relação ao trecho1, justificada pelo aumento do volume de água em função da descarga de importantes afluentes não atingidos. As fotos e informações das estações amostrais do trecho 2 se encontram nas Figura 15 a Figura 19 e na Tabela 1.

Trecho 2, pontos amostrados não afetados pelo rejei to.

Figura 15: Ponto GI 10 - rio Piracicaba, no município de Marliéria- MG, área não afetada pelo rejeito.

Figura 16: Ponto GI1 2 - Rio Santo Antônio, próximo ao município de Naque- MG, área não afetada pelo rejeito.

Trecho 2, pontos amostrados afetados pelo rejeito.

Figura 17: GI 11 - Rio Doce, após o encontro do Santo Antônio, município de Naque- MG, área afetada

pelo rejeito, na foto da esquerda é possível ver a marca do rejeito indicando a altura que o rio atingiu quando o rejeito passou.

Figura 18 Ponto GI 13 - Rio Doce, próximo ao município de Governador Valadares- MG, área afetada pelo rejeito.

Figura 19: Ponto GI 14 - Rio Doce, próximo ao município de Tumiritinga- MG, área afetada pelo rejeito.

Trecho 3

O trecho 3, teve início na calha do rio Doce, próximo ao município de Aimorés - MG, e final na foz do rio Doce, no distrito de Povoação, em Linhares - ES. Neste trecho o rio passa dentro de grandes centros urbanos como a cidade de Colatina e Linhares no Espírito Santo. Foram selecionados seis pontos amostrais, quatro pontos na calha principal do rio Doce que abrangem áreas diretamente afetadas e dois pontos em áreas afetadas indiretamente, o rio Baixo Guandu e o rio Manhuaçu.

A bacia rio Manhuaçu abrange menos de 11 % da drenagem do rio Doce e estudos ictiofaunísticos são escassos, porém registros anteriores demonstram que o rio Manhuaçu apresenta um número significativo das espécies descritas para o rio Doce (Veado, 2002; Marques et al., 2013). O rio Manhuaçu tem grande importância por ser refúgio para espécies de vida restrita, endêmicas e extremamente ameaçadas na bacia

do rio Doce como Steindachneridion doceanum (Surubim-do-rio-Doce) (Drummond et al., 2005; Rosa & Lima, 2008; Vieira, 2010). As fotos e informações das estações amostrais do trecho 2 se encontram nas Figura 20 a Figura 25 e na Tabela 1.

Figura 20: Ponto GI 15 - Rio Doce, ponto próximo a cidade de Aimorés, MG, ponto atingido pelo rejeito.

Figura 21: Ponto GI 16 - Rio Manhuaçu, afluente do rio Doce não atingido.

Figura 22: Ponto GI 17 - Rio Baixo Guandu, afluente do rio Doce não atingido.

Figura 23: Ponto GI 18 - Rio Doce, ponto na cidade de Colatina, ES, ponto atingido pelo rejeito.

Figura 24: Ponto GI 19 - Rio Doce, ponto na cidade de Linhares, ES, ponto atingido pelo rejeito.

Figura 25: Ponto GI 20 – Foz do rio Doce, no distrito de Povoação, ES, ponto atingido pelo rejeito.

As informações sobre a composição ictiofaunística da região em estudo foram obtidas por meio de observação direta no ambiente e principalmente coletas qualitativo-quantitativas.

Para a amostragem nas drenagens com maior volume de água, foram utilizadas redes de-emalhar de diferentes malhas (15, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60, 70 e 80 mm entre nós adjacentes), cada qual com 10 metros de comprimento. Em cada estação amostral, foram armados dois conjunto de redes, com redes de todas as malhas, no final da tarde e retirado na manhã do dia seguinte, ficando na coluna d’água por aproximadamente 12 horas de exposição (Figura 26).

Figura 26: A foto da indica o uso de redes de espera, tipo de amostragem qualitativa, eficiente

principalmente com peixes de médio e grande porte.

A partir das coletas do trecho 2, quase todas as coletas foram realizadas com o auxílio de pescadores profissionais locais, geralmente ligados a colônias e associação de pescadores, com o uso de barcos a remo e a motor (Figura 27).

Figura 27: A foto da indica o uso de redes de espera com o auxilio de embarcação e pescador

profissional.

Para as coletas qualitativas foram utilizados rede de arrasto, peneiras e tarrafa (malha 20 mm). As coletas foram realizadas sem esforço padronizado, possibilitando explorar todos os tipos de ambientes disponíveis (corredeiras, poços, locas etc.) na área estudada. As peneiras foram posicionadas perpendicularmente ao substrato com a boca voltada para montante, sendo o substrato à sua frente revolvido com os pés e mãos, com o objetivo de desalojar os peixes, os quais foram carregados pela corrente para dentro da peneira (Figura 28).

Figura 28: A foto da indica o uso de tarrafa com o auxilio de embarcação e pescador profissional.

Já a rede de arrasto foi utilizada por duas pessoas, cada qual em uma

extremidade, posicionando-a paralelamente à margem e percorrendo-se todo o espaço a sua frente de tal forma que todos os peixes que se abrigavam na vegetação marginal ao alcance da rede eram capturados. Os trechos foram percorridos de jusante a

montante (contra o fluxo da água) para evitar o levantamento de suspensão que poderia afugentar os peixes.

Após a captura, os animais foram identificados, pesados (g), mensurados (mm), fotografados e soltos, os exemplares coletados foram acondicionados em sacos plásticos contendo etiqueta com indicações de sua procedência, malha, data e identificação do coletor. Os peixes coletados foram anestesiados em Eugenol ® diluído na água e depois, fixados em solução de formaldeído a 10%, permanecendo nesta solução por um período de 48 horas e depois transferidos para solução de etanol a 70% (Figura 29).

Figura 29: A foto indica diferentes etapas metodológicas efetuadas em campo, (A) identificação e pesagem (g), (B) mensuração (mm), (C) anestesia e (D) coleta de DNA.

Alguns espécimes por sua importância ecológica também tiveram amostras de tecidos coletadas para estudos de biologia molecular. Esses tecidos foram coletados em peixes eutanasiados e conservados em tubos Eppendorf contendo álcool absoluto.

A coleta ictiológica foi permitida pela autorização para captura, coleta e transporte de material biológico número n.º 55430-1, expedida pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Ministério do Meio Ambiente – MMA. O material testemunho foi depositado na Coleção Ictiológica do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

RESULTADOS

DADOS SECUNDÁRIOS

A seguir será apresentada a lista das prováveis espécies de peixes existentes na bacia hidrográfica do Doce, baseada no trabalho de VIEIRA, (2010) e Barros et al., (2012) (Tabela 2).

Tabela 2: Relação das espécies de peixes observadas na bacia do rio Doce.

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE

Characiformes

Anostomidae

Leporinus conirostris Leporinus copelandii Leporinus macrocephalus Leporinus mormyrops Leporinus thayeri

Characidae

Astyanax bimaculatus Astyanax fasciatus Astyanax scabripinnis Astyanax spp. Astyanax taeniatus Brycon devillei Brycon opalinus Characidae gen e sp. nova Colossoma macropomum Deuterodon pedri Hasemania sp. Henochilus wheatlandii Hyphessobrycon eques Knodus sp. Metynnis maculatus Moenkhausia doceanus Oligosarcus acutirostris Oligosarcus argenteus Oligosarcus solitarius Piaractus mesopotamicus Pygocentrus nattereri Salminus brasiliensis Serrapinnus cf. heterodon

Crenuchidae Characidium cf. timbuiense Curimatidae Cyphocharax gilbert

Erythrinidae Hoplias intermedius Hoplias malabaricus

Prochilodontidae Prochilodus costatus Prochilodus vimboides

Cypriniformes Cyprinidae

Aristichthys nobilis Ctenopharyngodon idella Cyprinus carpio Hypophthalmichthys molitrix

Cyprinodontiformes Poeciliidae Phalloceros elachistos Poecilia reticulata Poecilia vivípara

Xiphophorus hellerii Rivulidae Simpsonichthys izecksohni

Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus carapo Sternopygidae Sternopygus cf. macrurus

Mugiliformes Mugilidae Mugil spp.

Perciformes

Carangidae Caranx sp.

Centrarchidae Lepomis gibbosus Micropterus salmoides

Centropomidae Centropomus spp.

Cichlidae

Astraloheros aff. facetus Astronotus ocellatus Australoheros ipatinguensis Cichla cf. kelberi Crenicichla lacustris Geophagus brasiliensis Oreochromis niloticus Tilapia rendalli Parachromis managuensis

Gerreidae Eugerres sp. Gobiidae Awaous tajacica Sciaenidae Pachyurus adspersus

Siluriformes

Ariidae Genidens genidens Potamarius grandoculis

Auchenipteridae Glanidium melanopterum Pseudauchenipterus affinis Trachelyopterus striatulus

Callichthyidae

Callichthys callichthys Corydoras aeneus Corydoras nattereri Hoplosternum littoralle Scleromystax prionotos

Clariidae Clarias gariepinnus

Heptapteridae Imparfinis sp. Pimelodella sp. Rhamdia quelen

Ictaluridae Ictalurus punctatus

Loricariidae

Delturus carinotus Harttia spp. Hypostominae gen. e sp. nova Hypostomus affinis Hypostomus luetkeni Loricariichthys castaneus Neoplecostomus spp. Pareiorhaphis nasuta Pareiorhaphis spp.

Parotocinclus doceanus Parotocinclus planicauda Pogonopoma wertheimeri Rineloricaria sp.

Pimelodidae

Lophiosilurus alexandri Pimelodus maculatus Pseudoplatystoma sp. (híbrido) Steindachneridion doceanum Microglanis sp.

Trichomycteridae

Trichomycterus cf. alternatus Trichomycterus cf. brasiliensis Trichomycterus cf. immaculatus Trichomycterus spp.

Symbranchiformes Symbranchidae Symbranchus marmoratus

Nos levantamentos de dados secundários, foram observadas 100 espécies de peixes na bacia do rio Doce, entre nativas e exóticas (Tabela 2).

DADOS PRIMÁRIOS

Ao final do levantamento da ictiofauna, alvo do presente estudo, foi coletado um total de 557 indivíduos, pertencentes a 39 espécies, distribuídas em 32 gêneros, 23 famílias e sete ordens. A ictiocenose amostrada corresponde a 39,0 % das espécies em relação às 100 espécies de peixes catalogadas para toda a bacia do rio Doce VIEIRA, (2010) e Barros et al., (2012). Na Tabela 3 é apresentada a classificação sistemática das espécies coletadas no presente levantamento. Tabela 3: Lista das espécies de peixes registradas durante o levantamento da ictiofauna, no projeto GIAIA, bacia do rio Doce.

ORDEM CHARACIFORMES

Família Anostomidae

Gênero Leporinus Agassiz, in Spix & Agassiz, 1829

Leporinus conirostris Steindachner, 1875 - "piau branco"---------- FIGURA 30-A

Leporinus sp. - "piau"---------- FIGURA 30-B

Família Bryconidae

Gênero Salminus Agassiz, in Spix & Agassiz, 1829

Salminus brasiliensis (Cuvier, 1816) - "dourado"---------- FIGURA 30-C

Família Characidae

Gênero Astyanax Baird & Girard, 1854

Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) - "lambari do rabo amarelo"---------- FIGURA 30-D

Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819), 1908 - "lambari do rabo vermelho"---------- FIGURA 30-E

Astyanax sp. - "lambari"---------- FIGURA 30-F

Gênero Knodus Eigenmann, 1911

Knodus sp.- "piaba"---------- FIGURA 30-G

Gênero Oligosarcus Günther, 1864

Oligosarcus argenteus Günther, 1864 - "lambari bocarra"---------- FIGURA 30-H

Família Erythrinidae

Gênero Hoplias Gill, 1903

Hoplias intermedius (Günther, 1864)- "trairão"---------- FIGURA 30-I

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) - "traíra"---------- FIGURA 30-J

Família Prochilodontidae

Gênero Prochilodus Spix & Agassiz, 1829

Prochilodus vimboides Kner, 1859 - "curimba"---------- FIGURA 30-K

Família Serrasalmidae

Gênero Pygocentrus Müller & Troschel, 1844

Pygocentrus nattereri Kner, 1858 - "piranha vermelha"---------- FIGURA 30-L

Pygocentrus piraya (Cuvier, 1819) - "piranha preta"---------- FIGURA 30-M

ORDEM CYPRINODONTIFORMES

Família Poeciliidae

Gênero Poecilia Bloch & Schneider, 1801

Poecilia reticulata Peters, 1859 - "barrigudinho"---------- FIGURA 30-N

ORDEM GYMNOTIFORMES

Família Gymnotidae

Gênero Gymnotus Linnaeus, 1758

Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 – “sarapó” ---------- FIGURA 30-O

ORDEM MUGILIFORMES

Família Mugilidae

Gênero Mugil Linnaeus, 1758

Mugil sp. – “tainha” ---------- FIGURA 30-P

ORDEM PERCIFORMES

Família Centropomidae

Gênero Centropomus

Centropomus cf. undecimalis (Bloch, 1792) – “robalo” ---------- FIGURA 30-Q

Família Cichlidae

Gênero Crenicichla Heckel, 1840

Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855) - "jacundá"---------- FIGURA 30-R

Gênero Geophagus Heckel, 1840

Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) - "cará” ---------- FIGURA 30-S

Gênero Oreochromis

Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) - "tilápia"---------- FIGURA 30-T

Família Gobiidae

Gênero Awaous Valenciennes in Cuvier & Valenciennes, 1837

Awaous tajacica (Lichtenstein, 1822) – “peixe flor” ---------- FIGURA 30-U

Família Sciaenidae

Gênero Pachyurus Agassiz, in Spix & Agassiz, 1831

Pachyurus adspersus Steindachner, 1879 – “corvina” ---------- FIGURA 30-V

ORDEM PLEURONECTIFORMES

Família Achiridae

Gênero Achirus Lacépède, 1802

Achirus declivis Chabanaud, 1940 – “linguado”

ORDEM SILURIFORMES

Família Ariidae

Gênero Genidens Castelnau, 1855

Genidens genidens (Cuvier, 1829) – “caçari” ---------- FIGURA 30-W

Família Auchenipteridae

Gênero Pseudauchenipterus Bleeker, 1862

Pseudauchenipterus affinis (Steindachner, 1877) – “bagrinho” ---------- FIGURA 30-X

Gênero Trachelyopterus Valenciennes in Cuvier and Valenciennes, 1840

Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) – “cumbaca” ---------- FIGURA 30-Y

Família Callichthyidae

Gênero Hoplosternum Gill, 1858

Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)- "tamboatá"---------- FIGURA 30-Z

Família Clariidae

Gênero Clarias

Clarias gariepinnus (Burchell, 1822)- "bagre africano"---------- FIGURA 30-AA

Família Heptapteridae

Gênero Pimelodella Eigenmann & Eigenmann, 1888

Pimelodella sp.- "bagrinho"---------- FIGURA 30-AB

Gênero Rhamdia Swainson, 1839

Rhamdia quelen (Quoy & Gaimard, 1824) - "bagre"---------- FIGURA 30-AC

Família Loricariidae

Gênero Delturus Eigenmann & Eigenmann, 1889

Delturus carinotus (La Monte, 1933) - "cascudo"---------- FIGURA 30-AD

Gênero Hypostomus La Cepède, 1803

Hypostomus affinis (Steindachner, 1877) - "cascudo"---------- FIGURA 30-AE

Hypostomus sp. A - "cascudo"---------- FIGURA 30-AF

Hypostomus sp. B - "cascudo"---------- FIGURA 30-AG

Gênero Loricariichthys Swainson, 1839

Loricariichthys castaneus (Castelnau, 1855)- "cascudo viola” ---------- FIGURA 30-AH

Família Pimelodidae

Gênero Pimelodus La Cepède, 1803

Pimelodus maculatus Lacepède, 1803- "mandi” ---------- FIGURA 30-AI

Gênero Steindachneridion Eigenmann & Eigenmann, 1888

Steindachneridion doceanum (Eigenmann & Eigenmann, 1889) - "surubim do rio Doce” ---------- FIGURA 30-AJ

Família Pseudopimelodidae

Gênero Lophiosilurus Steindachner, 1877

Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876 - "pacamã” ---------- FIGURA 30-AK

Família Trichomycteridae

Gênero Trichomycterus Steindachner, 1877

Trichomycterus sp. - "cambeva” ---------- FIGURA 30-AL

Muitas das espécies listadas na tabela acima (por ex: Astyanax bimaculatus, Oligosarcus argenteus, Hoplias malabaricus, Hoplias intermedius, Hypostomus affinis, Rhamdia quelen, Gymnotus carapo e Geophagus brasiliensis), possuem ampla

distribuição geográfica, ocorrendo em várias bacias e/ou podem sobreviver em uma grande variedade de ambientes. Estas características os transformam em modelos biológicos que podem ser utilizados para fins comparativos entre as áreas afetadas e as não afetadas. Em pontos altamente impactados, ocorreram apenas o lambari A. bimaculatus e o bagre Rhamdia quelen, como no ponto GI 04.

Outras espécies como o surubim do rio Doce, Steindachneridion doceanum, o bagrinho Pseudauchenipterus affinis, os piaus, Leporinus spp e a cambeva, Trichomycterus sp., por exemplo, são mais sensíveis às alterações ambientais e dependem muito da manutenção das matas ciliares, da qualidade da água, da velocidade das águas e da distribuição de diferentes microambientes para se recrutarem com sucesso.

Do total de espécies da ictiofauna coletadas, 33 % são da ordem Characiformes (13 espécies), 41 % da ordem Siluriformes (16 espécies), 15 % da ordem Perciformes (6 espécies). Já as demais ordens, Gymnotiformes, Mugiliformes, Pleuronectiformes e Cyprinodontiformes, apresentaram 2,75 % das espécies coletadas cada (1 espécie) (Gráfico 1).

Gráfico 1: Proporção das ordens de peixes no levantamento do rio Doce, finalizado em janeiro de 2017.

O predomínio de Siluriformes e Characiformes na ictiofauna do presente estudo corroboram com os resultados encontrados por outros autores como Lowe-Mcconnell (1999); Castro (1999); Albert e Reis, (2011) que indicam que Siluriformes e Characiformes são as ordens com maior representatividade na ictiofauna de sistemas fluviais sul-americanos.

Dentre os Characiformes, a família Characidae, apresentou o maior número de espécies, já entre os Siluriformes, a família Loricariidae apresentou o maior número de representantes, ambas com cinco espécies.

Nas figuras abaixo são apresentadas as espécies de peixes coletadas nas estações amostrais, durante os levantamentos em campo.

33%

2,75%

2,75%

2,75

15%

2,75%

41%

Characiformes Cyprinodontiformes Gymnotiformes

Mugiliformes Perciformes Pleuronectiformes

Siluriformes

Figura 30: Imagens de espécies coletados durante a campanha de levantamento da ictiofauna na bacia do rio Doce, de setembro de 2016 a janeiro de 2017. Os códigos de identificação são apresentados na Tabela 3 e seus locais de coleta estão indicados na Tabela 4.

Distribuição das espécies

Os pontos de coleta com maior número de espécies neste levantamento foram: GI16 com 17 espécies, GI15 com 14 espécies e GI 14 e GI 18, com 13 espécies. Ressalta-se que os locais com maior riqueza são próximos a foz do rio, no Trecho 3. Este trecho, aparentemente, sofreu menos com o impactado da liberação de rejeito. Os pontos com os menores números de espécies foram: GI 04 com apenas 2 espécies, e os pontos GI 02, GI 06, GI 12 e GI 17 todos com 3 espécies. As menores riquezas em relação ao número de espécies, foram coincidentes com os pontos do trecho 1, justamente o trecho da bacia do rio Doce mais impactado pelo rejeito. Porém, Lowe-McConnell (1999) afirma que a diversidade de espécies de peixes diminui em direção às nascentes dos córregos, onde os fatores físico-químicos, elevadas velocidades do

fluxo e o tamanho e características dos abrigos podem ser muito limitantes. Estas características também podem justificar o menor numero de espécies coletadas no trecho 1. O número de espécies nas demais estações variou entre quatro e 11 espécies (Gráfico 2 e Tabela 4).

Gráfico 2: Número de espécies coletadas em cada pon to amostrado.

GI01

GI02

GI03

GI04

GI05

GI06

GI07

GI08

GI09

GI10

GI11

GI12

GI13

GI14

GI15

GI16

GI17

GI18

GI19

GI20

Núm

ero

de e

spéc

ies

Pontos amostrais

Riqueza de Peixes

Tabela 4: Lista indicando o nome das espécies e o numero de indivíduos encontrados em cada ponto amostral (GI).

Espécies

ESTAÇÕES AMOSTRAIS TOTA

L Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3

GI 01

GI 02

GI 03

GI 04

GI 05

GI 06

GI 07

GI 08

GI 09

GI 10

GI 11

GI 12

GI 13

GI 14

GI 15

GI 16

GI 17

GI 18

GI 19

GI 20

Achirus declivis 1 1 Astyanax bimaculatus 1 7 3 2 2 2 1 10 5 6 3 42 Astyanax fasciatus 2 12 14 Astyanax sp. 4 2 2 1 9 Awaous tajasica 1 1 Crenicichla lacustris 1 1 Delturus carinotus 16 16 Geophagus brasiliensis 9 5 6 9 1 30 Gymnotus carapo 1 1 2 1 1 2 1 9 Hoplias malabaricus 1 4 1 2 3 3 14 Hypostomus affinis 4 3 1 1 1 2 3 15 Hypostomus sp. A 5 2 7 Hypostomus sp. B 9 9 Knodus sp. 20 1 21 Leporinus conirostris 1 5 17 4 1 28 Leporinus sp. 1 1 Loricariichthys castaneus 2 2 5 9 Mugil sp. 1 1 Oligosarcus argenteus 1 2 2 4 7 2 18 Pachyurus adspersus 1 4 5 Pimelodella sp. 1 1 Pseudauchenipterus affinis 2 1 1 4

Rhamdia quelen 1 2 1 1 1 6 Trachelyopterus striatulus 2 3 3 5 5 8 1 1 28 Trichomycterus sp. 1 1 Centropomus cf. undecimalis 2 2 1 5 Genidens genidens 1 1 Prochilodus vimboides 1 3 1 1 1 7 Steindachneridion doceanum 2 2 Clarias gariepinnus 1 1 2 4 Hoplias intermedius 1 1 9 5 1 17 Hoplosternum littorale 2 1 1 4 Lophiosilurus alexandri 1 1 2 Oreochromis niloticus 1 20 1 1 4 3 1 31 Pimelodus maculatus 4 8 7 5 2 36 1 63 Poecilia reticulata 4 7 51 62 Pygocentrus nattereri 2 18 2 2 1 25 Pygocentrus piraya 1 29 2 1 1 34 Salminus brasiliensis 1 4 2 1 1 9 TOTAL 9 12 25 8 8 8 26 15 15 84 8 10 39 75 58 57 12 63 18 7 557

Legenda: Em vermelho as espécies ameaçadas de extinção encontradas e em amarelo as espécies exóticas.

Espécies ameaçadas

No presente levantamento da ictiofauna do rio Doce, foram coletadas quatro espécies que figuram nas listas de espécies ameaçadas de extinção, a estadual de Minas Gerais, Instrução Normativa nº 147/2010 – COPAM, a lista estadual do Espírito Santo, IPEMA 2007 e Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014), portaria 445 de 17 de dezembro de 2014.

As espécie encontradas foram:

• Curimba, Prochilodus vimboides, classificada como vulnerável (VU) tanto na lista de espécies do Espírito Santo, IPEMA 2007, quanto na lista nacional, MMA, 2014;

• Robalo, Centropomus cf. undecimalis, classificado como criticamente em perigo (CR) na lista estadual de Minas Gerais;

• Caçari, Genidens genidens, classificado como como criticamente em perigo (CR) na lista estadual de Minas Gerais;

• Surubim do rio Doce, Steindachneridion doceanum, classificado como localmente extinto (RE) na lista de espécies do Espírito Santo, IPEMA 2007 e também classificada criticamente em perigo (CR) tanto na lista estadual de Minas Gerais, quanto na lista nacional, MMA, 2014.

Espécies endêmicas

No presente levantamento foram coletadas duas espécies endêmicas da bacia do rio Doce, o surubim do rio Doce, Steindachneridion doceanum e o cascudo, Delturus carinotus.

Figura 31: Foto do surubim do rio Doce, Steindachneridion doceanum, espécime capturada no rio

Manhuaçu, próximo a Aimorés, MG.

Espécies reofílicas e migradoras

No levantamento realizado, foram registradas seis espécies que apresentam comportamento migratório e reofílico, a corvina, Pachyurus adspersus e a curimba, Prochilodus vimboides, os piaus, Leporinus spp., o dourado, Salminus brasiliensis e o surubim do rio Doce, Steindachneridion doceanum (Figura 32).

Figura 32: Curimba, Prochilodus vimboides, coletado no município de Colatina, ES.

Pesca

Grande parte das espécies capturadas tem importância na pesca. Dentre as espécies coletadas, as traíras, Hoplias spp., os lambaris, Astyanax spp., o bagre, Rhamdia quelen, a corvina P. adspersus, o dourado, Salminus brasiliensis, a curimba, Prochilodus vimboides, o cascudo, Hypostomus affinis e a tilápia, Oreochromis niloticus, são as mais procuradas e por pescadores locais. Além dessas espécies, o sarapó, Gymnotus carapo, é muito procurado como isca viva para peixes de portes maiores como, por exemplo, o dourado.

Moradores das cidades próximas as estações amostrais visitadas, dizem temer o consumo de peixes oriundos ou não do rio Doce, após o desastre.

Espécies exóticas

No presente levantamento, foram registradas nove espécies de peixes exóticas a

bacia do rio Doce. Foram encontrados o bagre africano, Clarias gariepinnus,

barrigudinho, Poecilia reticulata, a piranha vermelha, Pygocentrus nattereri, a piranha

preta, P. piraya, a tilápia, O. niloticus, o tamboatá, Hoplosternum littorale, o dourado,

Salminus brasiliensis, o mandi, Pimelodus maculatus e o pacamã, Lophiosilurus

alexandri. Na atualidade essas espécies são amplamente exploradas na pesca, em

detrimento das nativas que compunham o elenco original (Alves et al. 2007). Nos

mercados de Linhares e Colatina é comum o pacumã (Lophiosilurus alexandrii),

tucunarés (Cichla spp.), piranha (Pygocentrus nattereri), apaiari (Astronotus ocellatus),

tilápias (Oreochromis niloticus e Coptodon rendalli), entre outros (Vieira, 2010) (Figura

33). Foi observada uma grande biomassa de espécies exóticas no trecho 2 do rio Doce,

justificado pela maior concentração de pesca artesanal na região. Este trecho pode

também apresentar uma taxa de “recuperação de biomassa” mais rápida que os outros

trechos, porque as espécies exóticas apresentam maior tolerância às mudanças

ambientais. Resta saber se este trecho vai se manter “subsidiado” pelos trechos menos

impactados, com maior número de espécies nativas.

Figura 33: Na foto da esquerda, peixes coletados na estação amostral GI 14, grande biomassa de espécies exóticas. Na imagem da direita, foto tirada nas proximidades da cidade de Tumiritinga, MG, região do Rio Doce diretamente afetada pelo rejeito. A foto mostra duas espécies de peixes exóticos na bacia do rio Doce, a espécie mais a cima na foto, conhecida popularmente como Piranha-vermelha (Pygocentrus nattereri), têm hábitos alimentares carnívoros e foi capturada se alimentado da espécie mais abaixo, a Tilápia (Oreochromis niloticus), espécie também exótica, originária da África.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente levantamento da ictiocenose da bacia do rio Doce após o desastre em Mariana, foram coletadas 39 espécies, distribuídas em 32 gêneros, 23 famílias e sete ordens. A ictiocenose amostrada corresponde a 39,0 % das espécies em relação às 100 espécies de peixes catalogadas para toda a bacia do rio Doce (Vieira, 2010 e Barros et al., 2012).

Aparentemente, a ictiofauna mais próxima às cabeceiras que foram afetadas sofreu e continua a sofrer, um maior efeito do derrame do rejeito de minério, merecendo atenção especial. Isto foi observado tanto pelo grande volume de rejeito ainda acumulado no leito do rio quanto pelo fato dos menores volumes de água nas drenagens de cabeceiras dificultarem a lixiviação do rejeito depositado no rio. Nos trechos mais a jusante do desastre, devido à contribuição de afluentes não afetados, os efeitos do desastre podem ter sido menores pela diluição do rejeito na água captada pelos afluentes. Monitoramentos continuados da ictiofauna tem papel importante no entendimento do real impacto nas comunidades de peixes em cada trecho e no acompanhamento da recolonização das áreas afetadas.

Não podemos tirar nenhuma conclusão sobre a diversidade amostrada, pois foi realizada apenas uma campanha amostral. Para um parecer mais conclusivo a respeito da diversidade da bacia, seria necessário um esforço amostral mais robusto, talvez um monitoramento com campanhas trimestrais ou semestrais por um período de tempo maior. O mesmo pode ser dito a extinção ou desaparecimento de espécies. Porém, foi observado que em alguns pontos, principalmente no trecho 2 do levantamento, foi bastante incomum a grande quantidade de espécies exóticas.

Após essa campanha amostral, devido ao grande número de coletas de espécies nativas e pelo fato de terem sido coletadas espécies de importância biológica como endêmicas (Delturus carinotus e Steindachneridion doceanum) e ameaçadas de extinção (S. doceanum) em afluentes do rio Doce, demostrou-se a importância desses tributários para o repovoamento e manutenção da ictiocenose na calha principal do rio Doce e de tributários afetados.

REFERÊNCIAS

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