previdência social do servidor público ao alcance de todos · 2016-04-11 · previdência social...

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Previdência Social do Servidor Público ao Alcance de Todos

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Previdência Social do Servidor Público ao Alcance de Todos

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MARCELO DA FONSECA GUERREIRO

Juiz Federal. Ex-procurador federal. Ex-advogado da Petrobras. Mestre em Direito. Pós-graduado em Direito Previdenciário (Especialização). Professor Universitário de Direito da Ucam.

Ganhador dos Prêmios Innovare e Ministro Djaci Falcão em 2006.

LARISSA MOREIRA ZOTTIS

Advogada. Especialista e Pós-graduada em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho pela Ucam.

Previdência Social do Servidor Público ao Alcance de Todos

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EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-003 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Abril, 2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para catálogo sistemático:

Todos os direitos reservados

Versão impressa — LTr 5432.6 — ISBN 978-85-361-8768-6 Versão digital — LTr 8896-8 — ISBN 978-85-361-8777-8

Guerreiro, Marcelo da Fonseca

Previdência social do servidor público ao alcance de todos / Marcelo da Fonseca Guerreiro, Larissa Moreira Zottis. — São Paulo : LTr, 2016.

Bibliografia.

1. Previdência social — Brasil 2. Previdência social — Leis e legislação — Brasil I. Zottis, Larissa Moreira. II. Título.

16-01266 CDU-34:368.4:35.08(81)

1. Brasil : Previdência social e servidores públicos : Direito 34:368.4:35.08(81)

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À amiga Zenaide Augusta Alves, exemplo de advogada combativa, com todo carinho e gratidão.

A Ana Maria Podlasinski Moreira, por todos os momentos de esforço, incentivo, dedicação e amor incondicional.

O nosso muito obrigado por tudo que tens feito por nós.

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— 7 —

Sumário

Apresentação ................................................................................................................................................. 13

Prefácio ........................................................................................................................................................... 15

Capítulo 1 — Dos Servidores Públicos ........................................................................................................... 17

1. Agentes públicos .......................................................................................................................................... 17

2. Classificação dos agentes públicos ................................................................................................................ 17

2.1. Agentes políticos .................................................................................................................................. 17

2.2. Servidores estatais ................................................................................................................................ 17

2.3. Particulares em colaboração com a Administração ................................................................................ 18

3. Os servidores estatais na constituição: titulares de cargos e ocupantes de empregos .................................... 20

3.1. Cargos públicos .................................................................................................................................... 20

3.2. Funções públicas ................................................................................................................................... 20

3.3. Empregos públicos ................................................................................................................................ 20

4. Natureza da relação jurídica entre titulares de cargos e o poder público ....................................................... 20

5. Natureza da relação jurídica entre os ocupantes de emprego e as entidades governamentais ...................... 20

6. Âmbito de aplicação do regime de emprego e do regime de cargo .............................................................. 20

7. Objeto das normas constitucionais sobre pessoal .......................................................................................... 21

8. Normas de contenção de despesas com os servidores estatais ...................................................................... 21

8.1. Limite global de despesas com pessoal ................................................................................................. 21

8.2. Previsão orçamentária e na lei de diretrizes para alterações .................................................................. 22

8.3. Proibição à União e Estados de aportarem recursos a outros níveis de governo para despesas de pessoal .................................................................................................................................................. 22

9. Normas relativas à remuneração de servidores e de agentes políticos ........................................................... 22

9.1. Criação de remuneração por subsídios .................................................................................................. 22

9.2. Limite de remuneração ........................................................................................................................ 22

9.3. Vencimentos do Executivo como paradigma para o Legislativo e o Judiciário ........................................ 25

9.4. Proibição de vinculação de vencimentos ................................................................................................ 25

9.5. Cálculo de acréscimos pecuniários ........................................................................................................ 25

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— 8 —

9.6. Uniformidade na data e nos índices para revisão geral da remuneração dos servidores públicos ........... 25

9.7. Exigência de lei para fixação ou alteração de remuneração ................................................................... 27

10. Normas constitucionais sobre o regime jurídico dos servidores estatais (titulares de cargos ou empregados) ... 28

10.1. Acessibilidade aos cargos e empregos: concurso público..................................................................... 28

10.2. Direito à nomeação ............................................................................................................................ 31

10.3. Exigência de exame psicotécnico ......................................................................................................... 32

10.4. Jurisprudência sobre concursos públicos ............................................................................................. 32

10.5. Contratação excepcional sem concurso ............................................................................................... 34

10.6. Direito de greve e de sindicalização .................................................................................................... 35

10.7. Proibição de acumulação remunerada ................................................................................................. 35

10.8. Sanção por improbidade administrativa .............................................................................................. 36

11. Regime constitucional dos servidores públicos titulares de cargos ............................................................... 36

11.1. Irredutibilidade de vencimentos .......................................................................................................... 36

11.2. Alguns direitos equivalentes aos dos empregados ............................................................................... 36

11.3. Estabilidade ........................................................................................................................................ 36

11.4. Disponibilidade ................................................................................................................................... 37

12. Os cargos públicos ...................................................................................................................................... 37

12.1. Criação e extinção. Declaração de desnecessidade .............................................................................. 37

12.2. Classificação dos cargos ...................................................................................................................... 38

12.3. Cargos em comissão ........................................................................................................................... 38

12.4. Cargos de provimento efetivo ............................................................................................................. 38

12.5. Cargos vitalícios .................................................................................................................................. 39

12.6. Lotação dos cargos e “redistribuição” ................................................................................................. 39

13. O provimento em cargo público: conceito e formas .................................................................................... 39

13.1. Provimento autônomo ou originário ................................................................................................... 39

13.2. Provimentos derivados ........................................................................................................................ 40

13.2.1. Provimento derivado vertical (promoção) ................................................................................ 40

13.2.2. Provimento derivado horizontal (readaptação) ........................................................................ 40

13.2.3. Provimento derivado por reingresso (reversão, aproveitamento, reintegração e recondução) .. 40

14. Direitos e vantagens dos servidores públicos estatutários ............................................................................ 41

14.1. Direitos e vantagens que beneficiam diretamente o servidor ............................................................... 41

15. Deveres e responsabilidades dos servidores públicos ................................................................................... 45

16. Sindicância e processo administrativo ......................................................................................................... 46

16.1. Jurisprudência do STF e do STJ sobre processo administrativo disciplinar ............................................ 46

Capítulo 2 — Seguridade Social e Noções sobre RPPS ................................................................................. 49

1. Seguridade social .......................................................................................................................................... 49

1.1. Noções ................................................................................................................................................. 49

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— 9 —

1.2. Saúde ................................................................................................................................................... 51

1.3. Assistência Social .................................................................................................................................. 51

1.4. Previdência Social .................................................................................................................................. 52

1.5. Os regimes de previdência social ........................................................................................................... 53

2. O Regime Geral de Previdência Social .......................................................................................................... 54

3. Regime Próprio: conceito e fundamento ....................................................................................................... 54

4. Regime Próprio e regime jurídico único ......................................................................................................... 56

5. Regime Próprio: regimes financeiros ............................................................................................................. 57

Capítulo 3 — Histórico da Previdência Social ............................................................................................... 59

1. Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil ......................................................................................... 59

1.1. Constituição de 1824 ............................................................................................................................ 59

1.2. Constituição de 1891 ............................................................................................................................ 59

1.3. Constituição de 1934 ............................................................................................................................ 60

1.4. Constituição de 1937 ............................................................................................................................ 60

1.5. Constituição de 1946 ............................................................................................................................ 61

1.6. Constituição de 1967 (Emenda n. 1, de 1969) ...................................................................................... 61

1.7. Constituição de 1988 ............................................................................................................................ 62

2. Evolução Histórica da Previdência Social no mundo ...................................................................................... 63

2.1. Inglaterra .............................................................................................................................................. 63

2.2. México .................................................................................................................................................. 63

2.3. Alemanha ............................................................................................................................................. 64

2.4. Estados Unidos ..................................................................................................................................... 64

Capítulo 4 — Histórico do Regime Próprio de Previdência Social ............................................................... 65

Capítulo 5 — Disciplina Constitucional do Regime Próprio ......................................................................... 87

1. Competência legislativa ................................................................................................................................ 87

2. Princípios do RPPS ......................................................................................................................................... 87

2.1. Solidariedade ........................................................................................................................................ 88

2.2. Equilíbrio financeiro e atuarial ............................................................................................................... 90

2.3. Princípio da unicidade de regime e gestão ............................................................................................ 90

3. Aplicação subsidiária da normas do RGPS ..................................................................................................... 91

4. Beneficiários do RPPS .................................................................................................................................... 92

4.1. Filiação previdenciária ........................................................................................................................... 95

5. Benefícios ..................................................................................................................................................... 95

6. Proibição de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria ....................................................... 96

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— 10 —

7. Proibição de proventos de aposentadorias e pensões superiores aos subsídios da atividade: extinção da integralidade ................................................................................................................................................ 97

8. Proibição de mais de uma aposentadoria dentro do RPPS ............................................................................. 98

9. Preservação do valor real dos benefícios: extinção da paridade ..................................................................... 99

10. Contagem recíproca de tempo de serviço/contribuição .............................................................................. 99

11. Aproveitamento das contribuições pagas ao RGPS ..................................................................................... 99

12. Limitação dos proventos da inatividade ...................................................................................................... 99

13. Proibição de contagem de tempo fictício .................................................................................................. 101

14. Possibilidade de fixação do valor máximo dos benefícios correspondentes ao dos benefícios do RGPS ...... 101

15. Instituição do abono de permanência ....................................................................................................... 101

16. Redutor da pensão por morte ................................................................................................................... 102

17. Constituição de fundo previdenciário ........................................................................................................ 102

18. Impossibilidade de servidor estatutário pleitear inscrição no RGPS na qualidade de segurado facultativo .. 103

Capítulo 6 — Normas Gerais sobre RPPS e Outros Tópicos Relevantes ................................................... 104

1. Normas gerais ............................................................................................................................................ 104

2. Equilíbrio financeiro e atuarial ..................................................................................................................... 105

2.1. Organização ....................................................................................................................................... 106

2.2. Número mínimo de segurados ............................................................................................................ 107

2.3. Exclusividade para servidores públicos titulares de cargos efetivos, militares e dependentes ................ 107

3. Vinculação do servidor cedido ao regime de origem ................................................................................... 107

4. O custeio dos regimes próprios dos servidores públicos .............................................................................. 107

5. Contribuição dos entes federativos ............................................................................................................. 108

6. Responsabilidade subsidiária dos entes federativos ..................................................................................... 109

7. Alíquotas de contribuição ........................................................................................................................... 109

8. Plano de benefícios ..................................................................................................................................... 109

9. Fundos previdenciários ............................................................................................................................... 110

10. Servidor público sujeito ao RGPS e ao RPPS .............................................................................................. 111

11. A previdência municipal pode emprestar dinheiro ao Município? .............................................................. 111

12. Os servidores municipais aposentados antes da criação do regime próprio previdenciário recebem por este regime ou diretamente do Município? ........................................................................................ 112

13. A situação dos titulares de serventias extrajudiciais: os notários e registradores ........................................ 112

14. O patrimônio dos RPPSs, enquanto pressuposto básico para a sustentabilidade ....................................... 114

15. Os investimentos das disponibilidades financeiras dos RPPSs .................................................................... 114

16. Cálculo atuarial ......................................................................................................................................... 114

17. Segregação da massa ............................................................................................................................... 115

18. Base cadastral ........................................................................................................................................... 116

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— 11 —

19. Aplicação de recursos pelos RPPSs ............................................................................................................ 116

20. RPPS e alocação de recursos ..................................................................................................................... 117

21. RPPS e despesas administrativas ............................................................................................................... 119

22. RPPS, consórcios e convênios .................................................................................................................... 120

23. Registro individualizado dos segurados ..................................................................................................... 120

24. Acesso às informações e fiscalização dos RPPSs ........................................................................................ 121

25. Empréstimos ............................................................................................................................................. 121

26. RPPS e Assistência Médica ........................................................................................................................ 121

27. Dação em pagamento .............................................................................................................................. 121

28. Implicações pela não adequação à lei de regência, a Lei n. 9.717/1998 ................................................... 122

29. Responsabilidade dos dirigentes dos RPPSs ............................................................................................... 122

30. A Súmula Vinculante n. 3 do STF .............................................................................................................. 122

31. Parcelamento de Débitos de Contribuições ............................................................................................... 122

Capítulo 7 — É Obrigatória a Criação de RPPS? ......................................................................................... 124

Capítulo 8 — Da Instituição e Extinção de Regime Próprio ....................................................................... 126

Capítulo 9 — Benefícios Devidos aos Segurados do Regime Próprio ....................................................... 129

1. Aposentadoria especial ............................................................................................................................... 129

1.1. O servidor público e o direito à aposentadoria especial ....................................................................... 130

1.2. Da norma aplicável para a concessão da aposentadoria especial do servidor público .......................... 131

2. Aposentadoria por invalidez ....................................................................................................................... 133

2.1. Aposentadoria por invalidez e Emenda Constitucional n. 70/2012 ...................................................... 135

2.2. Situações e doenças graves que podem gerar a concessão de aposentadoria por invalidez permanente amparada pela EC n. 70/2012 — legislação federal, do Estado do RJ e do Município do Rio de Janeiro ..... 136

3. Aposentadoria compulsória ........................................................................................................................ 138

3.1. Emenda Constitucional n. 88/2015 (PEC da Bengala) e aposentadoria compulsória ............................ 141

3.2. O Projeto de Lei Complementar n. 274/2015 ..................................................................................... 142

4. Aposentadoria por idade, com proventos proporcionais ............................................................................. 143

5. Aposentadoria por idade e tempo de contribuição, com proventos integrais .............................................. 143

6. Auxílio-doença e licença para tratamento de saúde .................................................................................... 144

6.1. Auxílio-doença no RPPS ....................................................................................................................... 144

6.2. Licença para tratamento de saúde ...................................................................................................... 144

7. Salário-família ............................................................................................................................................. 145

8. Salário-maternidade .................................................................................................................................... 146

9. Abono de permanência .............................................................................................................................. 146

10. A MP n. 689/2015 ................................................................................................................................... 147

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Capítulo 10 — Benefícios Devidos aos Dependentes dos Segurados do Regime Próprio ....................... 148

1. Pensão por morte ....................................................................................................................................... 148

2. Auxílio-reclusão .......................................................................................................................................... 158

2.1. Jurisprudência sobre auxílio-reclusão ................................................................................................... 160

Capítulo 11 — Contribuições Previdenciárias ............................................................................................. 163

Capítulo 12 — Cálculo dos Benefícios do RPPS ........................................................................................... 167

Capitulo 13 — Regras de Transição e Regras de Direito Adquirido .......................................................... 170

1. Direito adquirido ......................................................................................................................................... 170

2. Normas de transição ................................................................................................................................... 170

3. Aplicação do art. 3º da EC n. 41/2003 ....................................................................................................... 171

4. Aposentadoria e art. 2º da Emenda n. 41/2003 ......................................................................................... 172

5. Aposentadoria e art. 3º da Emenda Constitucional n. 47/2005 .................................................................. 173

6. Paridade remuneratória entre ativos e inativos e art. 6º da Emenda n. 41/2003 ......................................... 174

Capítulo 14 — Certificado de Regularidade Previdenciária — CRP ............................................................ 181

Capítulo 15 — Contagem Recíproca de Tempo de Contribuição ............................................................... 183

Capítulo 16 — Compensação Previdenciária............................................................................................... 188

Capítulo 17 — Previdência Complementar dos Servidores Públicos ......................................................... 189

1. Noções de previdência complementar ........................................................................................................189

2. Previdência complementar dos servidores públicos .....................................................................................191

Referências Bibliográficas ............................................................................................................................201

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ApreSentAção

O estudo do Direito Previdenciário tem despertado cada vez mais o interesse dos operadores do Direito e da sociedade de um modo geral. Por um lado, o aumento da expectativa de vida, aliado aos avanços da medi-cina, contribui para o envelhecimento da nossa população, o que ressalta a importância da Previdência Social no cotidiano das pessoas. De outro lado, segurados e órgãos de Previdência Social não se entendem quanto à interpretação de muitos dos dispositivos da legislação, razão pela qual são inúmeras as contendas judiciais rela-cionadas ao tema.

Bom dizer que, como legislação mutante, as normas de direito previdenciário, sobretudo as dos servidores públicos, exigem dos seus operadores atenta e constante reciclagem de conhecimentos. Antigos conceitos adqui-rem, rapidamente, total obsolescência.

Esta obra acerca do Regime Próprio de Previdência Social, escrita de forma didática, constitui um verdadeiro guia prático ao esclarecimento de dúvidas tanto para os profissionais que atuam no Direito Previdenciário como também para os demais operadores do direito.

Anote-se que a Previdência do Servidor Público sofreu inúmeras alterações nos últimos anos, sendo tais mo-dificações desconhecidas por inúmeros profissionais do Direito.

Neste trabalho, os autores, com larga experiência e bagagem em Regime Próprio de Previdência Social, pro-curam expor, em linguagem clara, objetiva e concisa, as principais noções e temas acerca da Previdência Social dos Servidores Públicos.

A obra produzida é um instrumento poderoso e fonte importante de consulta para todos os profissionais do Direito que labutam com Direito Previdenciário, tendo em vista a aplicação prática de cada uma das questões suscitadas.

Procura-se, neste livro, traduzir, em linguagem simples e acessível, os meandros do complexo estudo do Regime Próprio de Previdência Social, campo com ainda poucas obras jurídicas.

Bom alinhavar, o conteúdo prático do livro em questão, o qual traz jurisprudência moderna dos tribunais superiores e sentenças proferidas por um dos autores no exercício da magistratura.

Chama-se atenção para o fato de que o Direito Previdenciário, onde se insere o RPPS, é ainda pouco explo-rado nas universidades, sendo ainda raros os cursos que oferecem tal disciplina. Referida constatação contrasta com a necessidade cada vez maior em se conhecer esta ainda recente seara do Direito.

É fato inegável que o Direito Previdenciário vem se tornando uma das principais áreas de atuação dos ad-vogados (mormente após a expansão da Justiça Federal pelo interior do Brasil e a criação dos Juizados Especiais Federais). Por outro lado, o cotidiano forense e os principais concursos públicos vem cobrando cada mais domínio neste importante segmento jurídico.

Bom frisar que o livro produzido abarca praticamente todos os pontos atuais e polêmicos dentro do universo do RPPS.

Dessarte, finalizando, esperamos que este livro seja um ferramenta útil para todos aqueles que lidam com Previdência do Servidor Público ou queiram conhecê-la um pouco mais.

Os autores

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prefácio

O título desta obra não poderia ser mais claro e direto no que tange ao seu escopo e conteúdo. Logo nos primeiros capítulos percebe-se claramente que alcançam os autores com primor o título e o objetivo nele propos-to, verificando a intenção de que o conteúdo seja e esteja ao alcance de todos.

Além disso, é de fácil entendimento as dicas e meandros tratados de forma técnica, direta e objetiva, de uma área que a cada dia que passa vem crescendo no país, a dos servidores públicos municipais, estaduais e federais.

Devidamente cumprido o prometido, o conteúdo da obra serve não só para a advocacia previdenciária voltada a seara dos servidores públicos, mas para todo e qualquer operador de direito, servindo, inclusive, para servidores públicos que desejem saber um pouco mais sobre seu regime jurídico e as inúmeras mudanças sofridas recentemente.

Outro ponto que impressiona e torna ainda mais agradável e fácil à intelecção desta obra, adveio da mis-cigenação proporcionada pelas experiências profissionais e de vida dos autores, Marcelo Guerreiro, renomado juiz federal, professor com profunda experiência jurisdicional e teórica, e do outro lado, Larissa Zottis, advogada militante com vasta experiência em advocacia dos regimes próprios de previdência.

De suma importância sublinhar o conteúdo trazido neste livro, e daí a assertiva da importância de sua atua-lização, pois a Lei n. 8.112/90 sofreu inúmeras e substanciais alterações, dentre elas, a EC n. 41/2003, passando EC n. 47/2005, n. 88/2015 (PEC da bengala), MP n. 664 e n. 689/2015.

O operador de direito, seja ele qual for, tem muito a se atualizar, em especial, a advocacia previdenciária, que ganhou um nicho de atuação extraordinário após o advento da Súmula Vinculante n. 33 do Supremo Tribunal Federal, que estendeu aos servidores públicos, as regras do regime geral da previdência social (Lei n. 8.213/91) sobre aposentadoria especial de que trata o art. 40, § 4º, inciso III, da Constituição Federal, que absurdamente aguardava de 1988 a edição de lei complementar específica.

Em que pese o legislador constituinte ter garantido a possibilidade da aposentadoria especial ou diferenciada para os servidores públicos, incluídos os servidores das autarquias e fundações desses entes federados, o mesmo era impossível de se perfectibilizar ante a inércia do executivo e legislativo no que tange a edição da pré-falada Lei Complementar, o que tem levado os servidores públicos que desenvolvem atividade de risco ou sob condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou a sua integridade física (condições insalubres) postularem seus direitos perante o Poder Judiciário.

Desta forma, todas essas alterações são passadas com primazia e extrema boa técnica, recheadas de concei-tos jurídicos da melhor doutrina, não podendo nos olvidar de outro diferencial que, para este prefaciador, é tão ou mais importante que os demais, eis que, a presente obra vem acompanhada de vasta e hodierna jurisprudência das Cortes Superiores, o que passa extrema segurança ao leitor, visto ser de conhecimento de todos que o direito é dinâmico, e está em constante evolução, seja no campo das leis, jurisprudencialmente ou doutrinariamente, o que nos faz assegurar, com clareza solar, que a presente obra atingirá plenamente seu objetivo e suas pretensões, fazendo com que, a até então pouco explorada Previdência Social dos servidores públicos, realmente esteja ao alcance de todos.

Guilherme Portanova Advogado Especialista em Direito Previdenciário

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cApítulo 1

DoS ServiDoreS públicoS

1. Agentes públicos

Primeiramente, cumpre dizer que agente público é todo aquele que desempenha funções estatais, enquanto as exercita.

Os requisitos para a caracterização do agente público são: a) objetivo, que é a natureza estatal da atividade desempenhada; e b) subjetivo, a investidura.

Destaque-se que consoante a teoria do “funcionário de fato”, em nome dos princípios da aparência e da boa-fé, entre outros, o defeito invalidante da investidura de um agente não acarreta, por si só, a invalidade dos atos que este praticou.

Desse modo, uma vez invalidada a investidura do funcionário de fato, este não ficará obrigado a repor aos cofres públicos aquilo que percebeu até então, sob pena de enriquecimento sem causa do Poder Público.

Demais disso, o conceito de agente público deve ser tomado como ponto de partida para o reconhecimento de quem pode ser sujeito passivo de mandado de segurança. Por isso, cabe mandado de segurança contra ato de diretor de Faculdade particular, de titulares de serviços notariais e de registro, bem como de dirigente de empresa pública ou sociedade de economia mista, sempre no que concerne a atos expedidos para cumprimento de normas de Direito Público.

2. Classificação dos agentes públicos

2.1. Agentes políticos

Agentes políticos são os titulares dos cargos estruturais à organização política do País, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado.

Com efeito, são agentes políticos apenas o Presidente da República, os Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos Chefes de Executivo, bem como os Senadores, Deputados federais e estaduais e os Vereadores. O vínculo com o Estado é de natureza política.

2.2. Servidores estatais

Servidores estatais são aqueles que têm com o Estado e suas entidades da Administração indireta, independentemente de sua natureza pública ou privada, relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual, sob vínculo de dependência.

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Importa dizer que são servidores estatais: a) servidores públicos; e b) servidores das pessoas governamentais de Direito Privado.

Frise-se que o servidor público é aquele que mantém vínculo de trabalho profissional e caráter não eventual com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, DF, Municípios e respectivas autarquias e fundações de Direito Público.

Dessarte, impõe afirmar que os servidores públicos podem ser: a) servidores titulares de cargos públicos na Administração Direta, nas autarquias e fundações de Direito Público, assim como no Judiciário e no Legislativo; e b) servidores empregados das pessoas suprarreferidas, que exercem funções materiais subalternas e são remanescentes do anterior regime que admitia amplamente o regime de emprego ou contratados nos termos do art. 37, IX, da Constituição de 1988.

De outro turno, os servidores das pessoas governamentais de Direito Privado são os empregados de empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações de Direito Privado instituídas pelo Poder Público, os quais estarão todos obrigatoriamente sob regime trabalhista (CLT).

2.3. Particulares em colaboração com a Administração

Particulares em colaboração com a Administração são os sujeitos que, sem perderem a sua qualidade de particulares, exercem função pública, ainda que às vezes apenas em caráter episódico.

São eles: requisitados (jurados, membros de Mesa receptora e apuradora etc.), os que sponte propria assumem a gestão da coisa pública, contratados por locação civil de serviços (advogado contratado para sustentação oral), concessionários e permissionários de serviços públicos, e delegados de função ou ofício público (notários e registradores).

Impõe dizer que na hipótese de serviço notarial ou registral, trata-se de atividade pública que, por decisão constitucional, é exercido em caráter privado por quem o titulariza.

Nesse sentido, os dizeres da Lex Mater:

“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.”

Importa alinhavar que os serviços notariais e de registro só se criam por lei e, correlatamente, por lei é que se extinguem.

Outrossim, vejamos jurisprudência do STF e do STJ acerca da atividade notarial:

“O STF iniciou julgamento de mandado de segurança em que se pleiteia a declaração de insubsistência de resolução do Conselho Nacional de Justiça — CNJ por meio da qual determinara a imediata desconstituição da outorga de titularidade de serventia extrajudicial aos impetrantes. Para o relator, o art. 236, § 3º, da CF não pode ser categorizada como norma constitucional de eficácia contida. Além disso, reafirmou posicionamento do STF segundo o qual inexistiria direito adquirido à efetivação na

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titularidade de cartório se a vacância do cargo ocorresse na vigência da CF/1988. Ademais, consignou que o citado preceito condicionaria o ingresso na atividade notarial e de registro à aprovação em concurso de provas e títulos. Alertou que os titulares dessas serventias não seriam alcançados por aposentadoria compulsória. A Min. Rosa Weber acompanhou o relator quanto às preliminares, porém divergiu, no mérito, e concedeu o writ. Após, pediu vista o Min. Dias Toffoli. MS 26.860/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.3.2012.”

“A atividade de notário é inacumulável com qualquer cargo, emprego ou função pública, ainda que em comissão, mesmo que o servidor esteja no gozo de férias ou licença remunerada.” RMS 38.867-AC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18.10.2012.

“Não é devida a restituição, em favor do Estado, dos valores recebidos a título de emolumentos e custas por notários durante o exercício de suas funções em cartórios extrajudiciais, em face da anulação dos respectivos atos administrativos de nomeação. Os atos e serviços cartorários foram devidamente praticados e os serviços regularmente prestados. As remunerações dos notários não são pagas pelos cofres públicos, mas sim pelos particulares usuários do serviço, por meio do pagamento de emolumentos e custas, portanto, não houve prejuízo para a Administração Pública. As custas e os emolumentos constituem espécie tributária, não podendo o MP cobrar a sua restituição por intermédio de ACP, em face da regra do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 7.347/1985.” REsp 1.228.967-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 7.8.2012.

“Após a negativa da Administração, o recorrente impetrou mandado de segurança cujo recurso determinou que ele respondesse como substituto pro tempore do cartório até o preenchimento dessa vaga por certame público. Conforme ressaltou o Min. Relator, consoante entendimento pacífico neste Superior Tribunal, no que tange à indenização por danos materiais equivalente aos emolumentos que deixou de receber por não ter ocupado, temporariamente, a função de oficial de registro, a parte não tem direito à remuneração não percebida, porquanto não realizada a respectiva prestação de serviço. Porém, faz jus à fixação de um valor que reflita o dano material alegado, desde a data em que deveria ter iniciado o exercício da função que fora obstado, de forma ilegal, pela Administração. Assim, na hipótese, o recorrente não faz jus aos danos materiais vinculados aos emolumentos que deixou de perceber, mas sim a uma indenização em decorrência do ato ilícito estatal.” REsp 1.188.261-RO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22.3.2011.

“O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade contra os Provimentos ns. 747/2000 e 750/2001, ambos do Conselho Superior da Magistratura do Estado de São Paulo. Os referidos atos reorganizaram as serventias notariais e de registros no interior daquele ente federativo ‘mediante a acumulação e desacumulação de serviços, extinção e criação de unidades’. Prevaleceu o voto do Min. Ayres Britto, que, embora estivesse inclinado a exigir o princípio da reserva de lei para a ampla estruturação processada nas unidades aludidas, o que levaria a concluir pela inconstitucionalidade dos provimentos — o contexto seria singularíssimo e, assim também, a decisão liminar proferida. Acrescentou que, desde a propositura da ação, muitos concursos foram realizados com várias delegações outorgadas naquela localidade. Na sequência, sublinhou notar, nos diplomas atacados, além da eficiência, o respeito ao princípio da moralidade administrativa pela rigorosa observância da regra do concurso público. Desse modo, por coerência e tendo em conta a necessidade de se buscar conceitos operacionais, entendeu que esse caso seria de reconhecimento de constitucionalidade incompleta ou imperfeita.” ADI n. 2.415/SP, rel. Min. Ayres Britto, 22.9.2011. (ADI n. 2.415)

“A remoção de titular de serventia extrajudicial, por ser hipótese de provimento derivado, deve ser precedida de concurso de remoção.” ADI n. 3.248/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 23.2.2011. (ADI n. 3.248) ADI n. 3.253/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 23.2.2011. (ADI n. 3.253)

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3. Os servidores estatais na constituição: titulares de cargos e ocupantes de empregos

3.1. Cargos públicos

Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do Legislativo, caso em que se criam por resolução de cada Casa. Os servidores titulares de cargos públicos submetem-se ao regime estatutário ou institucional.

3.2. Funções públicas

Funções são plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a encargos de direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo efetivo, da confiança da autoridade que as preenche (art. 37, V, da CR). Assemelham-se aos cargos em comissão.

3.3. Empregos públicos

Empregos públicos são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista, como, aliás, prevê a Lei n. 9.962/2000. Além das influências advindas na natureza governamental da contratante, submetem-se ao regime da CLT.

4. Natureza da relação jurídica entre titulares de cargos e o poder público

A relação jurídica entre titulares de cargos e o Poder Público é de índole estatutária. De um lado, inexiste garantia para esses servidores de que continuarão sempre disciplinados pelas disposições vigentes quando de seu ingresso. De outro, o ordenamento jurídico outorga a esses servidores públicos um conjunto de proteções e garantias tendo em vista assegurar-lhes condições propícias a uma atuação imparcial, técnica e liberta de ingerências.

5. Natureza da relação jurídica entre os ocupantes de emprego e as entidades governamentais

A relação jurídica entre titulares de emprego e as entidades governamentais é de índole contratual, que sofre influxos das disposições constitucionais.

6. Âmbito de aplicação do regime de emprego e do regime de cargo

Com a redação originária do caput do art. 39 da CR, prevaleceu o entendimento de que as pessoas jurídicas de direito público só poderiam adotar um regime, que veio a ser o de cargo público. A partir da EC n. 19/1998, passou-se a entender que a lei poderia adotar o regime que lhe parecesse melhor. O STF suspendeu a nova redação do caput do art. 39 (ADI n. 2.135-4).

Bom apontar que o pretendido pelo art. 39 original é impor que as pessoas políticas tenham nas suas esferas uma uniformidade de regime para seus servidores.

Com efeito, o regime de trabalho normal na Administração direta e suas pessoas de direito público é o de cargo público, admitindo o regime de emprego para certas atividades subalternas. Fundamentos: a) a quantidade

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de dispositivos dedicados pela Constituição de 1988 aos ocupantes de cargo público; b) o regime de cargo público atende a interesses de natureza pública.

As atividades subalternas podem ser exercidas por empregados públicos porque o seu modesto âmbito de atuação não introduz risco à impessoalidade da atuação estatal.

7. Objeto das normas constitucionais sobre pessoal

A Constituição de 1988 impôs normas visando: a) à contenção ou ao controle das despesas com servidores e até mesmo com agentes políticos; e b) disciplinou inúmeros tópicos concernentes a outros aspectos do próprio regime jurídico que se lhes teria de aplicar.

8. Normas de contenção de despesas com os servidores estatais

8.1. Limite global de despesas com pessoal

O art. 169 da Super lei estabelece que:

“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

I — redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

II — exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998).”

Importante dizer que a exoneração de servidores estáveis está regulada na Lei n. 9.801/1999.

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8.2. Previsão orçamentária e na lei de diretrizes para alterações

A Constituição de 1988, em seu art. 169, § 1º, estipula que a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes e, ainda, se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

8.3. Proibição à União e Estados de aportarem recursos a outros níveis de governo para despesas de pessoal

Segundo a Constituição de 1988, em seu art. 167, X, é vedada a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estadual e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

9. Normas relativas à remuneração de servidores e de agentes políticos

9.1. Criação de remuneração por subsídios

Saliente-se que subsídio é a denominação atribuída à forma remuneratória de certos cargos, por força da qual a retribuição que lhes concerne se efetua por meio dos pagamentos mensais de parcelas únicas, ou seja, indivisas e insuscetíveis de aditamentos ou acréscimos de qualquer espécie (art. 39, § 4º).

São remunerados com subsídios: o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, § 4º); os advogados públicos e os defensores públicos (art. 135) e os servidores policiais (art. 144, § 9º).

A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser por subsídios (art. 39, § 8º).

9.2. Limite de remuneração

A Constituição de 1998 fixa limite de remuneração para o servidor:

“Art. 37. [...]

XI — a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 41, 19.12.2003)”

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A norma do art. 37, XI, deve ser flexibilizada diante da garantia do art. 37, § 3º, que remete a vários incisos do art. 7º, mesmo em se tratando de servidor retribuído por meio de subsídio.

O teto para a remuneração bruta, a qualquer título, dos servidores públicos, inclui os valores percebidos sob a rubrica de honorários advocatícios, por procurador, na incidência de teto remuneratório, por não se enquadra-rem como vantagens de natureza pessoal. RE n. 380.538 ED/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 26.6.2012 (RE n. 380.538).

Segundo a Constituição, o limite de remuneração aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º).

As parcelas de caráter indenizatório previstas em lei não são computadas no teto (art. 37, § 11).

Os Estados e o Distrito Federal podem fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o limite aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (art. 37, § 12).

Importante destacar que o STF dando interpretação conforme à Constituição, excluiu os magistrados es-taduais do art. 37, XI e § 12 da CRFB, entendendo não lhes ser aplicável o teto remuneratório de 90,25% do subsídio dos Ministros do STF (ADI n. 3.854 MC/DF).

As vantagens pessoais percebidas antes da entrada em vigor da EC n. 41/2003 não se computam para fins de cálculo do teto constitucional. MS n. 27.565/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.10.2011 (MS n. 27.565).

Destaque-se que a partir da entrada em vigor da EC n. 41/2003 (que deu nova redação ao art. 37, XI, da CF), não há falar em direito adquirido ao recebimento de remuneração, proventos ou pensão acima do teto remune-ratório estabelecido pela aludida emenda, nem em ato jurídico perfeito que se sobreponha ao teto constitucional, não preponderando a garantia da irredutibilidade de vencimentos diante da nova ordem constitucional. RMS n. 32.796-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26.6.2012.

Frise-se que o teto para a remuneração bruta, a qualquer título, dos servidores públicos, inclui os valores percebidos sob a rubrica de honorários advocatícios, por procurador, na incidência de teto remuneratório, por não se enquadrarem como vantagens de natureza pessoal. RE n. 380.538 ED/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 26.6.2012.

Importante destacar a existência do art. 9º da EC n. 41/2003.

De apontar que o Projeto de Lei n. 3.123/2015, de autoria do Poder Executivo, disciplina, em âmbito nacio-nal, a aplicação do limite máximo remuneratório mensal de agentes políticos e públicos de que tratam o inciso XI do caput e os § 9º e § 11 do art. 37 da Constituição.

Em relação ao Poder Judiciário, o art. 2º deste PL dispõe que a remuneração mensal e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos, pensões ou outras espécies remuneratórias percebidas, cumu-lativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, independentemente da denominação adotada no pagamento, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, na esfera federal, dos ministros do STF, e na esfera estadual e distrital, ao subsídio dos desembargadores do Tribunal de Justiça, limita-do, em qualquer caso, a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos ministros do STF.

E por força do art. 3º, estão sujeitos a este limite, além dos vencimentos ou subsídios, as verbas de repre-sentação; parcelas de equivalência ou isonomia; abonos; prêmios; adicionais por tempo de serviço; gratificações de qualquer natureza; diferenças individuais; vantagens pessoais, ajuda de custo para capacitação profissional; retribuição pelo exercício em local de difícil provimento; gratificação ou adicional de localidade especial; proventos

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e pensões estatutárias ou militares; aposentadorias e pensões; valores pelo exercício de função de confiança; valo-res decorrentes do exercício cumulativo de atribuições; substituições; diferenças de desvio de função; gratificação por assim ir outros encargos; adicional de plantão; valores decorrentes de complementação de aposentadoria ou de pensão; auxílio moradia concedido sem necessidade de comprovação de despesas; gratificação de magistrado pelo exercício da função eleitoral; abono de permanência, entre outras verbas descritas no referido artigo.

Anote-se, por fim, recente decisão do STF proferida em final de 2015:

Quarta-feira, 18 de novembro de 2015.

Vantagens pessoais recebidas antes da EC n. 41 submetem-se ao teto constitucional.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) firmou, nesta quarta-feira (18), o entendimento de que, para efeito de observância do teto constitucional previsto no art. 37, inciso XI, da Constituição Federal, computam-se também valores percebidos antes da vigência da Emenda Constitucional n. 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor público. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 606.358, com repercussão geral reconhecida, o que leva a aplicação da decisão a todos os processos judiciais que discutem a mesma questão e que estavam suspensos (ou sobrestados). São pelo menos 2.262. Na decisão, os ministros dispensaram os servidores de restituírem os valores eventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até a data de hoje (18.11.2015).

No recurso jugado, de relatoria da ministra Rosa Weber, o Estado de São Paulo questionou acórdão da 9ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que, apreciando apelação de um agente fiscal de rendas aposentado, afastou a incidência do teto remuneratório constitucional (correspondente aos proventos do governador do estado), para assegurar-lhe o pagamento de vantagens pessoais como adicional por tempo de serviço (quinquênios), prêmio de produtividade e gratificação de 30%. Para o TJ-SP, a suspensão do pagamento das vantagens, mesmo após o advento da EC n. 41/2003, ofenderia os princípios do direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a garantia da irredutibilidade de vencimentos.

O advogado do servidor afirmou que as vantagens já tinham sido incorporadas aos seus proventos de aposentadoria quando sobreveio a emenda constitucional, portanto seu direito não poderia ser prejudicado. O advogado invocou a inconstitucionalidade do art. 9º da EC n. 41/2003 pelo fato de ter reconstituído o teor do art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Segundo este dispositivo, “os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição, serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título”.

Em seu voto, seguido pela maioria dos ministros da Corte, a ministra Rosa Weber fez um histórico da matéria e mostrou a evolução ocorrida na jurisprudência do STF quanto ao tema, que culminou no julgamento do RE 609381, em outubro do ano passado, quando a Corte afirmou que a regra do teto remuneratório dos servidores públicos tem eficácia imediata, admitindo a redução de vencimentos daqueles que recebem acima do limite constitucional. Segundo a relatora, a Constituição Federal assegura a irredutibilidade dos subsídios e dos vencimentos dos exercentes de cargos e empregos públicos que se inserem nos limites impostos pelo art. 37, XI, da Lei Fundamental. “Mas, ultrapassado o teto, cessa a garantia oferecida pelo art. 37, XV, que textualmente tem sua aplicabilidade vinculada aos montantes correspondentes”, salientou. A ministra disse ainda que a adoção do teto remuneratório foi um “mecanismo moralizador da folha de pagamentos na Administração Pública”.

Divergência

O único voto divergente foi proferido pelo ministro Marco Aurélio, que se manifestou pelo desprovimento do recurso, sustentando a necessidade de preservar a segurança jurídica, com base

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na jurisprudência anterior do STF. “São centenas de milhares de pronunciamentos do STF no sentido de que, até a EC n. 41/2003, as vantagens pessoais não podiam ser computadas para efeito do teto constitucional”, afirmou.

9.3. Vencimentos do Executivo como paradigma para o Legislativo e o Judiciário

Consoante o art. 37, XII, da Constituição de 1988, os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.

9.4. Proibição de vinculação de vencimentos

Impende anotar que a Constituição de 1988, em seu art. 37, XIII, apregoa que fica vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público.

9.5. Cálculo de acréscimos pecuniários

Bom registrar que, consoante o art. 37, XIV, da CRFB, os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.

9.6. Uniformidade na data e nos índices para revisão geral da remuneração dos servidores públicos

De acordo com o art. 37, X, da Constituição, a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices.

A matéria se encontra em julgamento no STF (RE n. 565.089). O Min. Marco Aurélio reconheceu o direito de os autores serem indenizados por não terem recebido revisão geral anual em seus vencimentos. Em seguida, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha pediu vista dos autos.

Bom transcrever, neste momento, oportuna sentença do Dr. Marcelo Guerreiro sobre a temática:

XXXXX, qualificado na Inicial, propõe a presente Ação pelo Rito Comum Ordinário em face da UNIÃO FEDERAL porque objetiva a condenação da Ré a compensar os danos morais no valor de R$ 31.110,00, referente ao período de 1999/2001 e 2004/2005, em razão do descumprimento do inciso X do art. 37 da Lei Maior.

Alega, em síntese, que na condição de servidor público, não recebe qualquer revisão em seus vencimentos no período de junho de 1999 a dezembro de 2001 e 2004/2005, razão pela qual faz jus à indenização em face da mora legislativa.

Inicial acompanha-se dos documentos.

Decisão de fl. 31 defere o benefício da gratuidade de justiça e a prioridade na tramitação do feito.

Citada, a União Federal apresenta sua peça de defesa, às fls. 34/47, para aduzir a prescrição. No mérito, pugna pela improcedência do pedido.

Réplica às fls. 51/63.

Sem outras provas.

É o relatório. DECIDO.

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