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1 MIRIAN LOURDES DOMINGUES RODRIGUES PREVENÇÃO DA DOENÇA CARDIO VASCULAR: ESTRATÉGIAS DESENVOLVIDAS POR SUB- REGIÃO DE SAÚDE DO PORTO E UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE MATOSINHOS, EPE. Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Prevenção e Reabilitação Cardio Vascular, submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto. Orientador – Prof. Doutor António Rui Marcelino Leal

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    MIRIAN LOURDES DOMINGUES RODRIGUES

    PREVENÇÃO DA DOENÇA CARDIO VASCULAR:

    ESTRATÉGIAS DESENVOLVIDAS POR

    SUB- REGIÃO DE SAÚDE DO PORTO E

    UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DE MATOSINHOS, EPE.

    Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre

    em Prevenção e Reabilitação Cardio Vascular,

    submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas

    de Abel Salazar da Universidade do Porto.

    Orientador – Prof. Doutor António Rui Marcelino Leal

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 2

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 3

    DEDICATÓRIA

    Dedico este trabalho aos 3 homens da minha vida:

    Ao meu querido pai (in memorian),

    ao meu marido e ao meu filho!

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 4

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 5

    AGRADECIMENTOS

    Este espaço é dedicado àqueles que deram a sua contribuição para que esta

    dissertação fosse realizada. Talvez sejam mais do que aqueles que aqui refiro

    mas a todos eles deixo aqui o meu sincero agradecimento.

    Antes de mais ao Prof. Doutor António Rui M. Leal, por me ter introduzido a esta

    área e me impulsionado para este projecto, tendo sido o meu orientador, um

    amigo e um verdadeiro professor.

    Á Sra. Enfermeira Maria José Rigaud de Abreu por me ter orientado na filosofia

    dos Cuidados de Saúde Primários, principalmente da Gestão da Unidade Local de

    Saúde de Matosinhos.

    Ao Dr. José Carlos Leitão, da Sub-região de Saúde do Porto, pela disponibilidade,

    pelo apoio e pelos elementos fornecidos.

    Á Sra. Enfermeira Chefe Teresa Moreno, pela atenção, pelos esclarecimentos e

    pela simpatia.

    A todos os participantes deste estudo, que são profissionais de corpo e alma e

    que se mostraram sempre dispostos a colaborar.

    Os meus agradecimentos também abarcam pessoas a quem de alguma forma

    falhei para me dedicar a este sonho.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 6

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 7

    SUMÁRIO

    RESUMO 21

    1. INTRODUÇÃO 25

    1.1. ESTUDOS NACIONAIS NA PCV 34

    1.2. DETERMINANTES DE SAÚDE 36

    2. OBJECTIVOS 39

    3. MATERIAIS E MÉTODOS 43

    3.1. TIPO DE ESTUDO 45

    3.2. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA 45

    3.3. INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS 48

    3.4. COLHEITA DE DADOS 51

    3.5. TRATAMENTO ESTATÍSTICO 54

    4. RESULTADOS 55

    4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 57

    4.2. RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS

    4.2.1. Tabaco 59

    4.2.2. Alimentação 63

    4.2.3. Actividade Física 68

    4.2.4. Estudo analítico 73

    4.2.5. Gestão do stress 76

    4.2.6. Intervenções Preventivas 79

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 8

    4.3. ACTIVIDADES IMPLEMENTADAS

    4.3.1. Folhetos 89

    4.3.2. Sessões educativas 90

    4.3.3. Rastreios 91

    4.3.4. Determinação do RGCV 92

    4.4. ASPECTOS ORGANIZACIONAIS 94

    4.5. PROJECTOS DE INTERVENÇÃO NA PDCV 96

    4.6. INFORMAÇÃO DISPONÍVEL 98

    5. CONCLUSÕES 101

    6. DISCUSSÃO 109

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 117

    ANEXOS 131

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 9

    ANEXOS

    ANEXO 1 - PNPCDCV

    ANEXO 2 – INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS

    ANEXO 3 - CENTROS DE SAÚDE E AS EXTENSÕES

    ANEXO 4 - OFÍCIO DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO

    DIRECTIVO DA ARS NORTE, I. P.

    ANEXO 5 - DESPACHO DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO

    DE ADMINISTRAÇÃO DA ULSM

    ANEXO 6- PANFLETO PROPOSTO RELATIVO À PREVENÇÃO DA DISLIPIDÉMIA

    ANEXO 7 -CIRCULAR NORMATIVA DE 18 DE ABRIL DE 2007

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 10

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 11

    INDICE DE TABELAS

    Tabela 1 – Classificação de excesso de peso e obesidade por: IMC,

    perímetro abdominal e risco de doença Associado.

    Tabela 2 - Médicos e enfermeiros nos CS em serviço na SRS do Porto.

    Tabela 3 - Médicos e enfermeiros nos CS em serviço na ULSM, EPE.

    Tabela 4 -- Temas abordados no instrumento de recolha de dados.

    Tabela 5 - Distribuição do tipo de Inquérito relativamente à profissão

    específica do inquirido

    Tabela 6 - Distribuição das respostas dos participantes do estudo

    relativamente ao sexo

    Tabela 7 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas aos hábitos tabágicos subdividida pela profissão

    específica do inquirido

    Tabela 8 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas a utentes fumadores na US subdividida pela

    profissão específica do inquirido

    Tabela 9 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas ao Grupo de Desabituação Tabágica subdividida pela

    profissão específica do inquirido.

    Tabela 10 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas aos hábitos alimentares subdividida pela profissão

    específica do inquirido

    Tabela 11 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas à Constituição física dos utentes, subdividida pela

    profissão específica do inquirido

    38

    46

    47

    50

    52

    57

    59

    60

    61

    63

    66

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 12

    Tabela 12 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas à avaliação da prática de actividade física dos utentes

    subdividida pela profissão específica do inquirido

    Tabela 13 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas aos factores referenciados na avaliação da prática de

    actividade física dos utentes subdividida pela profissão

    específica do inquirido

    Tabela 14 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas à motivação da prática de actividade física dos

    utentes subdividida pela profissão específica do inquirido

    Tabela 15- Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa à existência de material informativo sobre valores

    desejáveis de alguns critérios analíticos subdividida pela

    profissão específica do inquirido.

    Tabela 16 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa aos valores desejáveis de alguns critérios analíticos

    subdividida pela profissão específica do inquirido

    Tabela 17 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa à avaliação do stress dos utentes na DCV,

    subdividida pela profissão específica do inquirido

    Tabela 18 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas pela US

    desde 2004, subdivididas pela profissão específica do

    inquirido, relativas à HTA

    Tabela 19 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas pela US

    desde 2004, subdivididas pela profissão específica do

    inquirido, relativas à obesidade

    68

    69

    71

    73

    74

    77

    80

    81

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 13

    Tabela 20 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por esta US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas à dislipidémia

    Tabela 21 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por essa US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas à actividade física

    Tabela 22 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por essa US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas a hábitos

    alimentares saudáveis

    Tabela 23 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por esta US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas ao tabaco

    Tabela 24 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por esta US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas a Gestão do stress

    Tabela 25 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por esta US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas aos factores

    psicológicos

    82

    83

    84

    85

    86

    87

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 14

     

    Tabela 26 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às Intervenções preventivas desenvolvidas na

    população por esta US desde 2004, subdivididas pela

    profissão específica do inquirido, relativas a Outros temas.

    Tabela 27 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa ao conhecimento da Circular Normativa de 18 de Abril

    de 2007 pelas US, subdivididas pela profissão específica do

    inquirido.

    Tabela 38 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa ao valor empregue/ano para Educação da População,

    subdivididas pela profissão específica do inquirido

    Tabela 29 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa a futuros Projectos de intervenção relacionados com

    a DCV, subdivididas pela profissão específica do inquirido.

    Tabela 30 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas à existência de informação relativa a PCV,

    subdivididas pela profissão específica do inquirido.

    88

    92

    95

    96

    98

     

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 15

    INDICE DE GRÁFICOS

    Gráfico 1 - Distribuição das características dos profissionais de saúde,

    por tempo de serviço (n=40)

    Gráfico 2 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas aos tratamentos para cessação tabágica subdividida

    pela profissão específica do inquirido (n=40)

    Gráfico 3 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativas aos hábitos alimentares subdividida pela

    profissão específica do inquirido

    Gráfico 4 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativas às medidas implementadas em relação aos

    hábitos alimentares subdividida pela profissão específica do

    inquirido

    Gráfico 5 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativas à avaliação da constituição física dos utentes,

    subdividida pela profissão específica do inquirido

    Gráfico 6 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativas aos clientes motivados para a importância

    da prática de actividade física, subdividida pela profissão

    específica do inquirido

    Gráfico 7 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativas às motivações referidas para a prática de

    actividade física subdividida pela profissão específica do

    inquirido

    58

    62

    64

    65

    67

    70

    72

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 16

    Gráfico 8 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa aos valores desejáveis de alguns critérios analíticos

    (intervenções), subdividida pela profissão específica do

    inquirido.

    Gráfico 9- Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa à percepção do stress na doença cardiovascular,

    subdividida pela profissão específica do inquirido

    Gráfico 10 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa às intervenções associadas ao stress, subdividida

    pela profissão específica do inquirido

    Gráfico 11- Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativa a Folhetos desenvolvidos na US de 2004 a

    2007.

    Gráfico 12 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativa a Sessões educativas desenvolvidos na US de

    2004 a 2007.

    Gráfico 13 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativa a Rastreios desenvolvidos na US de 2004 a

    2007

    Gráfico 14 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa à opinião da determinação do RGCV nas US,

    subdivididas pela profissão específica do inquirido.

    Gráfico 15 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    (n=40) relativa aos aspectos organizacionais, os Indicadores

    de Saúde.

    75

    76

    78

    89

    90

    91

    93

    94

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 17

    Gráfico 16 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativa aos Projectos de intervenção previstos relacionados

    com a DCV, subdivididas pela profissão específica do

    inquirido.

    Gráfico 17- Distribuição das respostas dos participantes no estudo

    relativas às fontes de informação sobre a PCV, subdivididas

    pela profissão específica do inquirido.

    97

    99

     

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 18

     

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 19

     

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    A.R.S. Administração regional de Saúde

    AVC Acidente Vascular Cerebral

    C.S. Centro de Saúde

    CSP Cuidados de Saúde Primários

    DCV Doença Cardiovascular

    D.G.S. Direcção Geral de Saúde

    Dr. Doutor

    Enfª Enfermeira

    E.P.E. Entidade Pública empresarial

    FRCV Factores de Risco Cardiovasculares,

    HTA Hipertensão Arterial

    ICBAS Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

    IMS Intercontinental Marketing Services

    INE Instituto Nacional de Estatística

    I.P. Instituto Público

    Nº Número

    O.M.S. Organização Mundial de Saúde

    PCNA Preventive Cardiovascular Nurses Association

    PCV Prevenção Cardiovascular

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 20

    PDCV Prevenção da Doença Cardiovascular

    PNPCDCV Programa Nacional de Prevenção e Controlo das DCV

    PNS Plano Nacional de Saúde

    RGCV Risco Global Cardio Vascular

    S.A. Sociedade Anónima

    SAM Software de Apoio ao Médico

    SAPE Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem

    SRS Sub região de Saúde do Porto

    ULSM Unidade Local de Saúde de Matosinhos

    US Unidade de Saúde

     

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 21

    RESUMO

    A Prevenção da Doença Cardiovascular é premente nos Cuidados de Saúde

    Primários visto que esta é a principal causa de morte em Portugal, constatando

    esta realidade, o objectivo central deste estudo é verificar as intervenções

    levadas a cabo a nível da Administração Regional de Saúde do Norte na Sub-

    Região de Saúde do Porto e da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, visando a

    Prevenção das doença Cardiovasculares na população abrangida.

    Para esse propósito foi utilizada uma amostra de 32 Unidades de Saúde,

    representadas pelo Director Clínico ou Coordenador e a Enfermeira Chefe dos

    diversos Centros de Saúde enquadrados na Sub- Região de Saúde do Porto e

    Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Para a recolha de dados aplicou-se um

    inquérito, sob a forma de entrevista e questionário.

    Os principais resultados deste estudo foram: 87% das US não possuem dados

    estatísticos sobre os utentes fumadores; o erro alimentar mais relevado pelas

    Unidades de Saúde foi a ingestão excessiva de gorduras saturadas; a avaliação

    do nível de stress dos utentes é realizada de forma empírica; o tema mais

    divulgado em Educação para a Saúde associado à Doença Cardiovascular é a

    Hipertensão Arterial; os Indicadores de Saúde de base para as US são vagos; não

    existe a noção do valor empregue para a Educação para a Saúde; 75 % das

    Unidades de Saúde não propôe um plano de intervenção para a Prevenção da

    Doença Cardiovascular e 59% das Unidades de Saúde considera que não existe

    informação acessível para a Prevenção da doença Cardiovascular

    Tendo como essência a premissa de que a mudança no cidadão deve ser a meta

    de qualquer iniciativa constatou-se que nas Unidades de Saúde, referenciadas

    para este estudo, não existe um plano estratégico para a redução dos factores de

    risco para a Doença Cardiovascular.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 22

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 23

    ABSTRACT

    Cardiovascular Disease Prevention is a paramount issue to the Primary Health

    Care mainly due to the fact of being the main cause of death in Portugal. The

    primary objective of this study is to describe the interventions carried out by the

    the Regional Administration of Health of the North in the Sub - Region of Health

    of Porto and of the Local Unity of Health of Matosinhos, aiming at the

    Cardiovascular disease Prevention among the general population.

    With this purpose a sample search with data from 32 Health Units from Porto

    Health sub-Region and Matosinhos Health Local Unit as well (namely Medical and

    Nurse chiefs from several Health Centers ) was used . In order to gather reliable

    information an inquiry was carried out under the form of an interview and

    questionnaire.

    The main results of this study were: 87 % of the health Units has not statistical

    data on the smoking users, the food mistake most relieved by the Health services

    was excessive ingestion of full fats, the evaluation of the patient's stress level is

    carried out in the empirical form, the subject most spread in Health Education

    associated to the Cardiovascular Disease is the High Blood Pressure, the Health

    Indicators for the health services are vague, there is not the notion of the value

    employ for the Health Education, 75 % of the Health Unities does not propose an

    intervention plan for the Cardiovascular disease Prevention and finally, 59 % of

    the Health Unities considers that there is not accessible information for the

    Prevention of the Cardiovascular Disease.

    Taking as an essence the premise of which the change in the citizen must be the

    mark of any initiative it was noticed that in the referenced Health services there

    is no strategic plan for the reduction of the risk factors for the Cardiovascular

    Disease.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 24

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 25

    RÉSUMÉ

    Au Portugal, la Prévention de la Maladie Cardiovasculaire est três actuelle dans les

    Soins de Santé Primaires, étant donné que celle-ci est la principale cause de décès.

    Constatant cette réalité, l'objectif principal de cette étude est de vérifier des

    interventions de prevention, mises en oeuvre, au niveau de l'Administration

    Régionale de Santé du Nord, ainsi que le Sub -Région de Santé de Porto et de

    l'Unité Locale de Santé de Matosinhos.

    Avec cette fin un échantillon recherche avec des données de 32 unités de santé, à

    savoir médical et l'infirmière chefs de plusieurs centres Santé. Afin de recueillir

    des informations fiables une enquête a été menée sous la forme d'une entrevue et

    questionnaire.

    Les résultats principaux de cette étude étaient: 87 % des Unités de Santé n'a pas

    de données statistiques sur les utilisateurs fumants, la faute d'aliments la plus

    soulagée par les Services de la santé était l'ingestion excessive de gras complets,

    l'évaluation du niveau de tension du patient est réalisée dans la forme empirique,

    le sujet la plus propagation dans l'Hygiène publique associée à la Maladie

    Cardiovasculaire est l'Hypertension, les Indicateurs de Santé pour les services de

    la santé sont vagues, il n'y a pas la notion de la valeur emploient pour l'Hygiène

    publique, 75 % des Unités de Santé ne propose pas de plan d'intervention pour la

    Prévention de Maladie Cardiovasculaire et 59 % des Unités de Santé estime qu'il

    n'y a pas d'informations accessibles pour la Prévention de la Maladie

    Cardiovasculaire.

    L'intervention des Soins Fondamentaux de Santé pour la promotion de la Santé et la

    Prévention de la maladie cardio-vasculaire, sièges dans la prémisse que le

    changement dans le citoyen devrait être le but de toute initiative.

    Il a eu la preuve dans les unités de la Santé pour cette étude qu'il y a aucune

    stratégie visant la réduction des facteurs de risque de les maladies cardiovasculaires.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 26

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 27

    CAPÍTULO 1

    INTRODUÇÃO

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 28

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 29

    “Heart disease has been the leading cause of death in the United States for the past

    80 years and is a major cause of disability. Heart disease also results in substantial

    health-care expenditures; for example, coronary heart disease is projected to cost an

    estimated $151.6 billion in direct and indirect costs in 2007.” O impacto da doença

    cardio vascular num país com a magnitude dos Estados Unidos da América é

    relembrado quase diariamente pela Imprensa com as imagens de obesos, com os

    números alarmantes de indivíduos com patologia cardíaca e circulatória diversa e

    com os números de mortes causadas directa ou indirectamente pelos estilos de vida

    dos cidadãos. (1)

    Em Portugal, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística em 2005 verificou-se

    que a mortalidade por doenças do aparelho circulatório foi a que apresentou maior

    incidência, com taxa de mortalidade de 3,5 óbitos por mil habitantes. (2)

    Ao consultar as Estatísticas da Saúde de 2005, verifica-se que do Total de óbitos

    (n=107839), as doenças do aparelho circulatório neste ano foram apontadas como a

    principal causa de morte (n=36723), em Portugal, equivalendo a 34% do Total de

    óbitos para ambos os sexos. (3)

    Nas doenças do aparelho circulatório as principais causas de morte são: doenças

    cérebro vasculares e a cardiopatia isquémica. (4) Estas duas causas são as mais

    relevantes não só de mortalidade mas também de morbilidade.

    De acordo com um estudo apresentado no V Congresso Nacional de Epidemiologia

    de Novembro de 2007, as causas de morte para indivíduos do sexo masculino antes

    dos 70 anos são: a doença isquémica cardíaca e a doença cerebrovascular e para o

    sexo feminino as causas mais frequentes de óbito são: a doença cérebro vascular e o

    cancro da mama. (5)

    Este estudo incide nos Anos de Vida Potencialmente Perdidos e afirma que estes são

    evitáveis se houver “intervenção quanto a comportamentos de risco.” Os autores

    exemplificam esta afirmação com a morte prematura por diabetes e afirmam “que é

    exemplo de deficiente funcionamento dos serviços de saúde e exige, ainda mais,

    acções integradas nos vários níveis dos serviços.”

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 30

    A nível nacional surge o Plano Nacional de Saúde (PNS) que se trata de um

    instrumento fundamental de gestão e que define orientações estratégicas que

    facilitam e integram a coordenação e inter colaboração dos múltiplos sectores que

    contribuem para o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde.

    O PNS visa “Ganhos em saúde”, a implementar entre 2004 e 2010, visando a

    prevenção da doença e a promoção da saúde. (6)

    A importância da DCV no panorama nacional é descrita no PNS 2004 – 2010, volume

    I, da seguinte forma:

    “As doenças do aparelho circulatório, nomeadamente as doenças cerebrovasculares

    e a doença isquémica cardíaca, encontram-se entre as principais causas de

    morbilidade, invalidez e mortalidade em Portugal, sendo a terceira e a quarta causas

    de Anos de Vida Potencial Perdidos, respectivamente, uma das razões por que

    constituem um importante problema de saúde pública, que é prioritário resolver. A

    elevada prevalência dos factores de risco associados às doenças do aparelho

    circulatório, nomeadamente o tabagismo, a hipertensão arterial, a

    hipercolesterolémia e o sedentarismo, obriga a que seja dada uma especial atenção

    à sua prevenção, bem como à adopção de medidas integradas e complementares,

    que potenciem a redução do risco de contrair aquelas doenças e a concretização do

    seu rápido e adequado tratamento”. (7)

    Com este instrumento o SNS é impulsionado a nível financeiro, técnico e de filosofia

    de intervenção, através da definição de orientações estratégicas e na sua

    concretização pretende-se integrar e facilitar a coordenação e o trabalho conjunto de

    diversos sectores relacionados com a área da Saúde. (8)

    A concretização do PNS passa pela realização gradual de quarenta distintos

    Programas nacionais nos quais o mesmo se reflecte. (9)

    O Plano assenta em diversas estratégias orientadoras, que se enquadram em 4

    grupos: Estratégias Gerais, Estratégias para obter mais saúde para todos, Estratégias

    para a gestão da mudança e Estratégias para garantir a execução do Plano. (10)

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 31

    As Estratégias para a gestão da mudança no PNS contemplam e preconizam a

    mudança centrada no cidadão, com a aplicação de medidas diversas que também

    focam a educação para a saúde – mudanças comportamentais ou seja mudanças no

    estilo de vida. (11) A mudança no estilo de vida reporta-se à adopção de estilos de

    vida saudáveis e visa a promoção de saúde.

    Os estilos de vida saudáveis assentam em todas as capacidades e aptidões que

    proporcionam à Pessoa gerir de forma mais adequada as suas opções e que lhe irão

    proporcionar melhoria de vida, de forma Holística. (12)

    O conceito de Estratégia é considerado actualmente fundamental para qualquer

    organização. A Estratégia gere a relação entre a instituição e o meio que a rodeia.

    (13)

    Chandler (1962) refere Estratégia como a “determinação dos objectivos básicos de

    longo prazo de uma empresa e a adopção das acções adequadas e afectação dos

    recursos para atingir esses objectivos”. (14)

    Isabel Nicolau (2001) refere que as estratégias implementam-se na Organização ou

    ao nível mais preciso de uma actividade específica desenvolvida pela própria

    instituição.

    A mesma autora refere que qualquer estratégia depende de factores externos,

    basicamente do meio envolvente e de factores internos, tais como a dimensão da

    Organização, recursos humanos, materiais e organizacionais. (15)

    O Guia de Prevenção Primária da revisão de 2002 (primeiro documento remonta a

    1997) criado nos Estados Unidos da América, assenta em diversas linhas de

    orientação de Associações de Saúde e visa o desenvolvimento de estratégias para a

    adopção de hábitos de vida saudáveis.

    O Guia de Prevenção Primária foi criado com a intenção “to assist primary care

    providers in their assessment, management, and follow-up of patients who may be at

    risk for but who have not yet manifested cardiovascular disease. The continuing

    message is that adoption of healthy life habits remains the cornerstone of primary

    prevention, including the avoidance of tobacco (including secondhand smoke),

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 32

    healthy dietary patterns, weight control, and regular, appropriate exercise. An

    important role of healthcare providers is to support and reinforce these public health

    recommendations for all patients.” (16)

    A importância da adopção de um estilo de vida saudável é retratado em diversos

    estudos, nomeadamente num estudo da Nurses Health Study que sugere “women,

    maintaining a desirable body weight, eating a healthy diet, exercising regularly, not

    smoking, and consuming a moderate amount of alcohol could account for an 84%

    reduction in risk(…)”. (17)

    Num estudo implementado na Irlanda, entre 1985 e 2000, comprovou-se que 1715

    mortes foram evitadas ou retardadas devido à redução de 3 factores de risco major:

    tabaco, colesterol e tensão arterial em indivíduos aparentemente saudáveis. (18)

    Foram aplicadas intervenções precisas em Prevenção Primária direccionadas para 3

    pontos com resultados mensuráveis.

    As DCV no PNS enquadram-se nas Doenças Crónicas e trata-se de uma área

    específica de intervenção.

    O Programa Nacional de Prevenção e Controlo das Doenças Cardiovasculares

    (PNPCDCV) surge decorrente da constatação de que as DCV são a principal causa de

    morte em Portugal e causa major de morbilidade (19). Encontra-se disponível para

    consulta em Anexo 1.

    O Ministério da Saúde elaborou então o PNPCDCV, criado pelo Despacho nº

    16415/2003 de 22 de Agosto (II Série) visando o controlo das diversas DCV, com

    reforço de medidas preventivas nos 3 níveis de Prevenção (Primária, Secundária e de

    Reabilitação).

    O PNPCDCV propõe essencialmente a redução dos riscos cardiovasculares e visa

    cinco metas fundamentais, conforme descrito no mesmo: (20)

    “1. Melhorar a vigilância epidemiológica dos factores de risco e das patologias

    cardiovasculares;

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 33

    2. Promover a prevenção cardiovascular, actuando especificamente sobre cada um

    dos factores de risco;

    3. Encorajar o cidadão a ser responsável pela própria saúde;

    4. Melhorar a organização da prestação de cuidados, nomeadamente em relação ao

    exame periódico de saúde e à abordagem da dor pré-cordial e dos acidentes

    vasculares cerebrais;

    5. Promover o respeito por boas práticas clínicas e terapêuticas.”

    O PNPCDCV assenta na sensibilização da população para a redução dos factores de

    risco e para a adopção de factores de protecção. Esta estratégia depende, como no

    próprio Plano se refere “ (…) de mobilização geral da sociedade para a promoção e

    preservação da saúde, através da educação, informação e formação dirigida (…)”.

    (21)

    O PNPCDCV tem um horizonte temporal de 10 anos após aprovação e tem como

    objectivos finais: “ Reduzir a incidência de enfarte do miocárdio, particularmente

    abaixo dos 65 anos e reduzir a incidência de AVC, particularmente abaixo dos 65

    anos”. (22)

    Os objectivos intermédios, do PNPCDCV visam: o diagnóstico e controlo de

    hipertensos; diagnóstico e controlo de dislipidémicos; redução do número de

    fumadores; reduzir o número de obesos; aumentar o número de indivíduos que

    praticam exercício físico de forma regular e propiciar a melhoria das práticas

    profissionais face à área cardiovascular. (23)

    Os factores de risco individuais para a DCV realçados pelo PNPCDCV são: “tensão

    arterial elevada, dislipidémia, hábitos tabágicos, alimentação inadequada (…),

    excesso de peso/obesidade, sedentarismo, diabetes mellitus e stress excessivo.”

    (24)

    O PNPCDCV apresenta ainda medidas específicas para cada factor de risco

    referenciado.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 34

    O PNPCDCV visa atingir a população em geral e encontra-se em fase de

    implementação.

    A sua implementação passa também pela avaliação do RGCV, apresentada por

    Norma emitida pela DGS, em 2007.

    A avaliação do Risco Global Cardiovascular, vem descrita na Circular Normativa de

    18 de Abril e é relativa ao cálculo do RGCV de acordo com os FRCV, em todos os

    utentes em risco cardiovascular, sem antecedentes de doença clínica evidente. (25)

    Esta avaliação é caracterizada como prioritária na Norma e deve ser efectuada a

    “todos os indivíduos assintomáticos com um risco cardiovascular elevado, como

    resultado da presença de múltiplos factores de risco (…) ou de antecedentes

    familiares de 1º grau com história precoce de doença cardiovascular aterosclerótica

    (…)”.

    A determinação do RGCV deriva do projecto SCORE, Systematic Coronary Risk

    Evaluation e deve ser implementada pelos Serviços Prestadores de Cuidados de

    Saúde do SNS.

    Os Cuidados de Saúde Primários (CSP) reportam-se ao primeiro nível de prestação de

    cuidados de saúde, ou seja são o primeiro contacto com o SNS para qualquer

    cidadão.

    A realidade dos CSP assenta no Espírito de Alma-Ata, que foi implementado em 1977

    e constitui o primeiro marco para equidade e a justiça social na Saúde. (26) A

    Declaração visa orientar a política da saúde, e estimular o envolvimento das pessoas,

    a cooperação entre diferentes sectores da sociedade e levou à criação dos CSP.

    As iniciativas na área da Saúde que visam a Prevenção Primária, nomeadamente a

    componente das sessões educativas são um dos pilares dos CSP e impõem-se cada

    vez mais.

    Chantal Couvreur (1999) defende que a Humanidade encontra-se na Terceira Vaga, a

    da telemática, na qual se “desmassifica”, e repõe-se o lugar de destaque do Indivíduo

    e da Família. O conceito base desta nova Fase é a qualidade de vida. (27)

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 35

    O profissional de Saúde é portanto, por excelência, um educador de saúde, com

    responsabilidade individual e colectiva, que carece de uma pedagogia activa, em que

    o educador é um guia respeitador da personalidade e cultura do educado.

    O enfermeiro é um dos muitos elementos que constituem a Equipa de Saúde e a sua

    acção depende intrinsecamente do espírito interdisciplinar. A autora sendo

    enfermeira sentiu-se incitada a desenvolver este trabalho de Investigação orientada

    por um médico.

    O estágio na Unidade de Prevenção e Reabilitação Cardio Vascular do Hospital Geral

    de Santo António, S.A. reforçou o interesse pela Prevenção Primária e levou a equipa

    a questionar quais as intervenções ou medidas que as equipas de Saúde em CSP

    implementavam de forma a reduzir o Risco Cardiovascular da população e de que

    forma, dando origem a este trabalho de investigação.

    Neste trabalho de investigação pretende-se retratar o estado actual das intervenções

    das equipas de saúde, dos CSP, através da perspectiva dos representantes máximos

    das mesmas: O Director Clínico e a Enfermeira Chefe.

    As intervenções levadas a cabo pelas US, que serão retratadas neste estudo são as

    que se direccionam para as estratégias para a PCV, que possam levar o cidadão a

    mudar a sua conduta face à sua saúde e à sua qualidade de vida.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 36

    1.1 ESTUDOS NACIONAIS NA PCV

    A constatação da urgência em estudos na área da PCV motivou o Ministério da Saúde

    e diversas Associações Científicas como a Sociedade Portuguesa de Cardiologia a

    implementarem estudos epidemiológicos junto da população para determinar

    prevalências de patologias, factores de risco, práticas preventivas e outros

    elementos que permitissem implementar medidas eficazes nos 3 níveis de

    Prevenção.

    Um dos estudos desenvolvidos foi o "Estudo da Prevalência, Tratamento e Controlo

    da Hipertensão Arterial", o primeiro rastreio nacional de HTA coordenado pelo Prof.

    Mário Espiga de Macedo. (28)

    Foi elaborado um relatório deste estudo, tendo sido feita uma tiragem de 10.000

    exemplares do mesmo para médicos da Medicina Familiar e aos Internistas e

    Cardiologistas, com os dados mais relevantes deste estudo, facilitando desta forma

    a leitura do mesmo. Foi apresentado em Fevereiro de 2005.

    As conclusões principais foram que das 5023 pessoas que se submeteram ao

    estudo, 64% não sabe que é hipertensa. A hipertensão é mais comum nos homens

    que nas mulheres. Há uma maior prevalência da doença no Alentejo do que no Norte

    do país. A taxa de controlo de hipertensão na população é de 11,1%, superior à

    registada em muitos países da União Europeia, como por exemplo Suécia, Itália ou

    Espanha.

    O Observatório Nacional de Saúde realizou um estudo com o objectivo de estimar a

    percentagem de homens da população de Portugal Continental com "práticas"

    visando a medicina preventiva, nomeadamente: ter médico; exame periódico de

    saúde há um ano ou menos; reforço da vacina antitetânica há 10 anos ou menos;

    teste para o HIV; medir a tensão arterial há dois ou menos anos; doseamento da

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 37

    glicémia há três ou menos anos; doseamento da colesterolémia há cinco ou menos

    anos; toque rectal há um ano ou menos; teste PSA há um ano ou menos e pesquisa

    de sangue oculto nas fezes há dois anos ou menos. (29)

    O estudo, descritivo transversal, constou de um inquérito realizado por entrevista

    telefónica, nos últimos 3 meses de 2006. Foi utilizada uma amostra aleatória

    constituída por 1061 indivíduos do sexo masculino com idade superior a 25 anos.

    Os valores mais relevantes para este estudo em particular são:

    • 93% dos indivíduos de idade superior a 25 anos referem ter médico

    assistente;

    • 54% dos indivíduos com mais de 50 anos de idade referem realizar o exame

    periódico de saúde há um ano ou mais;

    • Medir a tensão arterial há dois ou menos anos: 96%, dos indivíduos com mais

    de 25 anos declararam não ter TA elevada;

    • Doseamento da glicemia há três ou menos anos: 83% dos indivíduos com

    mais de 45 anos declararam não ter diabetes;

    • Doseamento da colesterolémia há cinco ou menos anos: 81% dos indivíduos

    com mais de 30 anos declararam não ter colesterol elevado.

    Os resultados deste estudo poderão constituir indicadores de referência para

    estudos posteriores, úteis na fundamentação de programas de prevenção diversos.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 38

    1.2 DETERMINANTES DE SAÚDE

    De acordo com o estudo “Cuidados de Saúde Primários em Portugal, reformar para

    novos sucessos”, de André Rosa Biscaia et al, os determinantes de saúde mais

    relevantes são: (…) o consumo do tabaco e do álcool, os hábitos alimentares, o

    sedentarismo e a obesidade”. (30)

    Para este estudo considerou-se relevante abordar os determinantes de saúde mais

    marcantes para a doença cardiovascular, nomeadamente o consumo de tabaco,

    hábitos alimentares/Obesidade e o sedentarismo.

    O consumo de tabaco é uma causa de morbilidade e de mortalidade evitável.

    O seu consumo está directamente relacionado com diversas patologias

    nomeadamente: neoplasias, doenças cardiovasculares, patologias do aparelho

    respiratório e problemas perinatais. (31)

    De acordo com Manuel Villaverde Cabral em “Saúde e Doença em Portugal”, em

    2002, os fumadores em Portugal são em maior percentagem do sexo masculino,

    com idades compreendidas entre os 30 e os 49 anos, residentes em áreas urbanas.

    (32)

    A cessação do consumo de tabaco além dos benefícios económicos e estéticos, traz

    consigo a redução do risco de doença associado ao consumo, como atesta “The

    Health Benefits of SMOKING CESSATION, a Report of the Surgeon General”, de 1990,

    que ao fim de 15 anos o risco para determinadas doenças é igual ao de alguém que

    nunca fumou. (33)

    A desabituação tabágica surge então em grande destaque como promotora de uma

    maior qualidade de vida.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 39

    Os efeitos nefastos do tabaco foram assumidos recentemente na sociedade

    Portuguesa com a entrada em vigor no dia 1 de Janeiro de 2008, da Lei nº 37/2007,

    de 14 de Agosto. Esta Lei dita: as Limitações ao consumo de tabaco, a composição e

    medição das substâncias contidas nos cigarros comercializados, a rotulagem e

    embalagem dos maços de cigarros, a venda de produtos de tabaco, a publicidade, a

    promoção e patrocínio de tabaco e produtos de tabaco, medidas de prevenção e

    controlo do tabagismo e por fim o regime sancionatório. (34)

    Os hábitos alimentares constituem outro determinante major de morbilidade e

    mortalidade no panorama nacional.

    Num estudo apresentado pela OMS na Europa, em The Second WHO European Action

    Plan for Food and Nutrition Policy, 2007-2012, Portugal apresentava 11% de ingestão

    de gorduras saturadas, sendo que o recomendado é de 10%. Nesse mesmo estudo

    constata-se que Portugal face à Europa cumpre a recomendação de ingestão de

    frutas e vegetais por dia superior a 600 gramas. (35)

    Mediante este estudo, no plano europeu, Portugal é um dos países que apresenta

    hábitos alimentares alterados mas que não ultrapassam as recomendações

    europeias, facto associado à nossa gastronomia variada, à ingestão de peixe e de

    outros factores nutricionais e culturais.

    No entanto, de acordo com as Estatísticas Nacionais, no estudo de 2005/2006,

    18,6% da população residente com 18 ou mais anos de idade em Portugal

    Continental tem excesso de peso, ou seja Índice de Massa Corporal (IMC) superior a

    27 kg/m2 e inferior a 30 kg/m2. Nesse mesmo estudo constata-se que 16,5 % da

    população residente com 18 ou mais anos de idade em Portugal Continental tem

    Obesidade, de acordo com o estudo apresenta o IMC superior a 30 kg/m2. Ou seja

    em 100 residentes em Portugal Continental, com idade superior a 18 anos, cerca de

    18 indivíduos apresentam excesso de peso e cerca de 16 indivíduos por cada 100

    habitantes já é obeso. (36)

    Concluindo, em 100 residentes em Portugal Continental 34 já apresentam o IMC

    Superior a 27, necessitando de aconselhamento nutricional e provavelmente de

    tratamento médico.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 40

    Esta tabela é um exemplo de cruzamento de dados: IMC e perímetro abdominal de

    forma a determinar o risco de doença Associado para determinado utente. (37) O

    risco de doença está associado a Diabetes Mellitus tipo 2, HTA e DCV.

    IMC RISCO DE DOENÇA ASSOCIADO AO

    PERÍMETRO ABDOMINAL

    HOMEM ( 88 cm)NORMAL > 18 < 25 Kg/m2 - - EXCESSO DE PESO > 25 < 30 kg/m2 AUMENTADO ELEVADO

    OBESIDADE MODERADA

    (GRAU I) IMC > 30 < 35 kg/m2 ELEVADO MUITO ELEVADO

    OBESIDADE GRAVE

    (GRAU II) > 35 < 40 Kg/m2 MUITO ELEVADO MUITO ELEVADO

    OBESIDADE MÓRBIDA (GRAU III)

    > 40 kg/m2

    EXTREMAMENTE ELEVADO

    EXTREMAMENTE ELEVADO

    Tabela 1 – Classificação de excesso de peso e obesidade por: IMC, perímetro abdominal e

    risco de doença Associado.

     

    A actividade física regular é um relevante elemento de protecção para a saúde,

    contribuindo para a redução da obesidade, para doenças endócrinas,

    osteoarticulares, cardiovasculares e psicológicas.

    De acordo com a O.M.S. na Europa, o sedentarismo é o segundo factor de risco mais

    importante para a doença após o tabaco nos países desenvolvidos. Na Europa, ainda

    segundo a O.M.S mais de 30% dos adultos estão inactivos durante a semana. (38)

    O stress também será abordado neste estudo como determinante de Saúde.

    O efeito do stress de forma crónica pode contribuir como um factor de exacerbação

    de patologia cardiovascular assim como causar alterações fisiopatológicas como

    enfarte agudo do miocárdio ou isquemia cardíaca entre outras. (39). A relação entre

    o stress e a DCV é o desafio para a Medicina actual e novas estratégias terapêuticas

    para debelar este problema são urgentes. (40)

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 41

    CAPÍTULO 2

    OBJECTIVOS

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 42

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 43

    Este trabalho de investigação tem como objectivo central descrever as medidas

    concretizadas pela Equipa de saúde a nível da ARS do Norte, SRS do Porto e da ULSM

    com vista a reduzir FRCV presentes na população em causa.

    Os objectivos específicos para este estudo são:

    • Descrever as intervenções levadas a cabo pelos profissionais das US da SRS do

    Porto e da ULSM, que de alguma forma possam contribuir para a redução dos

    FRCV na população, desde 2004.

    • Averiguar a existência de projectos desenvolvidos pelos profissionais das US

    da SRS do Porto e da ULSM com vista a reduzir FRCV presentes na população,

    durante 2007 e 2008.

    • Expôr resultados de eventuais estudos em PDCV que exponham as

    intervenções levadas a cabo por Profissionais de Saúde.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 44

     

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 45

    CAPÍTULO 3

    MATERIAIS E MÉTODOS

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 46

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 47

    3.1. TIPO DE ESTUDO

    De acordo com o tema da tese foi seleccionado o método qualitativo, pois com esta

    abordagem é possível compreender um fenómeno num determinado momento,

    obtendo a sua essência por parte de quem vivencia esta experiência e esta

    investigação é descritiva.

    Este trabalho de investigação baseia-se na observação e é um estudo do tipo

    transversal, com o qual se pretende verificar o estado de um certo fenómeno na

    Saúde num período de tempo definido. As intervenções implementadas foram

    analisadas num prazo de tempo de 4 anos, de 2004 a 2008.

    3.2. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO E AMOSTRA

    A população em causa para este estudo é constituída pelas US da ARS do Norte, a

    nível da SRS do Porto e da ULSM, representadas pelos diversos profissionais das

    equipas de Saúde. No Anexo 2 descrevem-se os Centros de Saúde e as extensões

    dos mesmos.

    O estudo limita-se a esta população, por se tratar da área profissional da autora e

    por ser inviável alargar o domínio do espaço de Investigação em função do tempo

    para apresentação da Tese de Mestrado.

    A ARS do Norte, I. P., é constituída pelas seguintes regiões:

    • Viana do Castelo;

    • Braga;

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 48

    • Porto;

    • Vila Real;

    • Bragança.

    A SRS do Porto abrange a população no total de 1817986 habitantes residentes, de

    acordo com as Estatísticas da DGS de 2006. (41) Tem 18 camas atribuídas a um CS

    com Unidade de Internamento. Possui 15 Hospitais com o número total de 4284

    camas.

    O pessoal em serviço (4165 profissionais) nos CS da SRS está contemplado na

    literatura, para este estudo incide-se nos grupos profissionais de médicos e

    enfermeiros, cujos números estão descritos na seguinte tabela assim como as

    percentagens.

    PROFISSIONAIS n %

    MÉDICOS 1248 29,9

    ENFERMEIROS 1176 28,2

    TOTAL

    n=4165

    2424 58,2

    Tabela 2 - Médicos e enfermeiros nos CS em serviço na SRS do Porto

    A ULSM está integrada no SNS, foi criada em 9 de Junho de 1999, trata-se de uma

    entidade pública empresarial, estabelecida pelo Decreto-Lei 233/2005 de 29 de

    Dezembro, sendo dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 49

    A ULSM, EPE abrangia a população no total de 225252 habitantes residentes, em

    2005, de acordo com o Relatório e Contas da Instituição (42) e tem 441 camas de

    internamento.

    O pessoal em serviço na ULSM, EPE (2094 profissionais) está contemplado na

    literatura, para este estudo incide-se nos grupos profissionais de médicos e

    enfermeiros, cujos números estão descritos na seguinte tabela assim como as

    percentagens.

    PROFISSIONAIS n %

    MÉDICOS 511 24,4

    ENFERMEIROS 738 35,2

    TOTAL

    N=2094

    1249 59,6

    Tabela 3 - Médicos e enfermeiros nos CS em serviço na ULSM, EPE

    A ULSM integra:

    o Hospital Pedro Hispano;

    o Centro de Diagnóstico Pneumológico;

    o Unidade de Saúde Pública;

    o CS de Matosinhos, Senhora da Hora, São Mamede de Infesta e Leça da

    Palmeira, bem como as três extensões deste último: Perafita, Santa Cruz

    do Bispo e Lavra.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 50

    Os elementos para este estudo foram seleccionados de forma não aleatória, e a

    amostra deste estudo é de conveniência.

    A amostra é constituída pelas 32 US e representada por 2 elementos: Director

    Clínico ou Coordenador e Enfermeiro Chefe.

    A recolha de dados foi realizada através de:

    1. Implementação de um questionário dirigido ao Director Clínico ou

    Coordenador e Enfermeira Chefe de 24 US, no total de 48 questionários.

    2. Realização de entrevistas estruturadas em 8 US, dirigidas ao Director Clínico

    ou Coordenador e Enfermeira Chefe, num total de 16 entrevistas.

    3. Observação directa por parte da investigadora das US visitadas e consulta de

    documentação, sempre que possível.

    3.3. INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS

    De forma a descrever as estratégias desenvolvidas pela SRS do Porto e ULSM visando

    a PDCV a autora enveredou pelo inquérito por entrevista directa com perguntas

    fechadas e abertas e inquérito por questionário de auto- preenchimento, que incluiu

    este: perguntas de identificação, de informação e de controlo. Os Instrumentos de

    colheita de dados estão disponíveis para consulta em Anexo 3.

    Os dois tipos de inquérito foram seleccionados atendendo ao grau de directividade

    das perguntas e o facto da investigadora não poder estar directamente presente na

    recolha de dados.

    A estrutura do questionário e a da entrevista são iguais de forma a existir validade

    nos elementos recolhidos.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 51

    O questionário inicia-se com Identificação da US e Identificação do profissional de

    saúde, caracterizando o sexo e tempo de serviço, estes dois elementos foram

    considerados de forma a possuir uma noção do enquadramento profissional dos

    inquiridos.

    O questionário foi dividido por diversos temas, que foram seleccionados atendendo

    aos Factores de Risco mais relevantes para a DCV.

    Na Tabela 4 são descritos os temas abordados na recolha de dados, questões

    associadas aos mesmos e algumas anotações de esclarecimento.

    NOTA: A tensão arterial elevada não foi referenciada propositadamente no inquérito.

    Trata-se de um factor de risco com protocolo implementado pela DGS (43), com

    literatura nacional extensa sobre o tema e com relação directa à DCV. Foi intenção

    inicial verificar que este factor de risco seria referenciado pelos inquiridos na

    colheita de dados nos espaços das Outras Respostas.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 52

    TEMA QUESTÕES OBSERVAÇÕES

    1. TABACO

    Dados estatísticos, sexo predominante, faixa etária dos utentes fumadores, grupo para

    Desabituação Tabágica, constituição do grupo para Desabituação Tabágica, o tratamento

    mais frequente para cessação tabágica.

    2. ALIMENTAÇÃO

    Alimentação: importância dos hábitos alimentares, erro de alimentação da população

    abrangida mais comum, medidas para alteração dos hábitos alimentares.

    Obesidade: importância da avaliação física, critérios antropométricos referenciados na

    avaliação física.

    3. ACTIVIDADE FÍSICA

    Importância da avaliação da actividade física, factores relevados na avaliação da actividade

    física, utentes para educação para a actividade física, motivação para a prática de exercício

    físico de forma regular.

    4. VALORES ANALÍTICOS Material informativo existente, intervenções

    face a utentes com dislipidémia.

    Os folhetos ou brochuras de informação reforçam a informação

    fornecida pela Equipa de Saúde junto do cliente.

    5. FACTORES PSICOLÓGICOS

    Importância do stress para a DCV, avaliação do nível de stress dos utentes, medidas

    implementadas face ao utente com stress. Aplicação de uma Escala de Likert.

    6. INTERVENÇÕES PREVENTIVAS

    Descrição das medidas implementadas para: a HTA, a obesidade, a dislipidémia, a actividade

    física, os hábitos alimentares saudáveis, o tabaco, a gestão do stress, os factores

    psicológicos e Outros.

    Conhecimento da Circular Normativa de 18 de Abril de 2007, relativa ao RGCV, a sua aplicação na US e a sua importância.

    Questão de controlo.

    Aplicação de uma tabela para preenchimento: Número de folhetos desenvolvidos, sessões educativas,

    rastreios e outras actividades;

    7. ASPECTOS ORGANIZACIONAIS

    Os indicadores de Saúde que direccionam a actuação e o Orçamento Global.

    Pedida a enumeração de 3 projectos de Intervenção relacionada com a DCV

    Verificar se do Orçamento Anual existia uma percentagem ou valor

    previsto anualmente para despesas na Educação para a Saúde,

    nomeadamente com aquisição de materiais tais como slides, brochuras

    e outros.

    8. INFORMAÇÃO SOBRE A PCV

    Opinião dos profissionais de saúde relativamente à existência de informação para a equipa de Saúde relacionada com a DCV e quais as fontes de informação disponíveis

    actualmente.

    Tabela 4 -- Temas abordados no instrumento de recolha de dados

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 53

     

    3.4. COLHEITA DE DADOS

    A recolha de dados procedeu-se entre Setembro de 2007 e as últimas entrevistas em

    Janeiro de 2008. De realçar que os pedidos de recolha de dados às Instituições

    foram realizados a partir de Março de 2007 e as autorizações só foram emitidas em

    Julho pelo Conselho de Administração do Hospital Pedro Hispâno e em Setembro

    pela ARS do Norte.

    Os visados foram contactados por carta, requisitando a marcação das entrevistas ou

    enviando os dois formulários dos questionários, com envio do envelope para retorno

    dos questionários preenchidos.

    Foi enviado, como anexo aos questionários o ofício de autorização do Conselho

    Directivo da Administração Regional de Saúde do Norte, I. P. e despacho de

    autorização do Conselho de Administração da ULSM, EPE, que se encontram

    disponíveis para consulta em Anexos 4 e 5.

    Antes de se iniciar a recolha de dados, quer para entrevista quer em questionário os

    visados foram esclarecidos sobre os objectivos do estudo, e pedido o seu

    consentimento livre e informado.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 54

    Foram preparados 64 instrumentos de recolha de dados. Dos questionados

    convocados, no total, responderam 40 (62,5%).

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Médico

    (n=40)

    Enfermeiro

    (n=40)

    N (%) N (%)

    TIPO DE QUESTIONÁRIO

    1-ENTREVISTA

    DIRECTA 5 (12,5) 6 (15)

    2-QUESTIONÁRIO 13 (32,5) 16 (40)

    TOTAL 18 (45) 22 (55)

    Tabela 5 - Distribuição do tipo de Inquérito relativamente à profissão específica do inquirido

    Para este estudo 11 profissionais de saúde (68,7% do pretendido) participaram pela

    entrevista.

    O questionário de auto preenchimento foi preenchido por 29 profissionais de saúde

    (60,4% do pretendido.

    Para obter resposta dos restantes foram feitas solicitações, por correio electrónico,

    telefone e por escrito, sem resultado.

    Face à pouca adesão na primeira convocatória dos questionários e entrevistas,

    considerou-se necessário proceder ao acompanhamento das respostas, tendo-se

    insistido telefonicamente com os não aderentes (n=12), de modo a obter-se a

    amostra pretendida.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 55

    Foi questionado o motivo da não adesão, os motivos apresentados foram diversos:

    • 7 US referiram não ter recepcionado os pedidos para preenchimento, os

    formulários dos questionários ou a marcação para entrevista, por possível

    extravio no correio ou internamente, entre a Secretaria e o gabinete;

    • Representantes de 3 U.S. referiram falta de tempo para preencher o

    formulário ou responder ao pedido de entrevista;

    • Por fim representantes de 2 U.S referiram ter preenchido os formulários,

    reencaminharam mas por motivo desconhecido nunca foram recepcionados

    pela investigadora.

    As U.S. que participaram neste estudo estão descritas em Anexo 3 mas é de referir

    que o número de participantes por U.S. variou entre 0 e 2, neste último caso quando

    quer o enfermeiro, quer o médico participaram no estudo. Por exemplo

    responderam ambos os profissionais de saúde em U. S. como Aldoar, Baião, Barão

    do Corvo, Campanhã, Carvalhos, Castelo Maia e outros. Só se obteve uma resposta

    em U. S. como Amarante (o médico), Batalha (o enfermeiro), Rebordosa (o

    enfermeiro) entre outras.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 56

    3.5 . TRATAMENTO ESTATÍSTICO

    Para descrever os participantes do estudo foram utilizadas estatísticas descritivas

    apropriadas. As variáveis categóricas foram descritas através de frequências

    absolutas (n) e relativas (%).

    Foi usado o teste de independência do Qui-Quadrado para analisar a associação

    entre variáveis categóricas e a actividade do profissional de saúde.

    Quando mais de 20% das células de cada tabela apresentou frequência esperada

    relativa à análise de associação de duas categóricas inferior a 5, se a tabela for de

    dupla entrada apresenta-se em alternativa o Teste Exacto de Fisher, caso contrário

    não se apresentam os resultados do teste.

    Foi considerado um nível de significância de 0,05 (α=5%).

    Todos os dados foram inseridos no Excel e a análise foi efectuada utilizando o

    programa de análise estatística SPSS® versão 15.0.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 57

    CAPÍTULO 4

    RESULTADOS

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 58

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 59

    4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

    n (%)

    SEXO (n=40)

    MASCULINO 11 (30)

    FEMININO 26 (70)

    Tabela 6 - Distribuição das respostas dos participantes do estudo relativamente ao sexo

    Do total, 30% dos elementos são do sexo masculino e 70% do sexo feminino.

    Existiram 3 não respostas.

    A proporção das respostas nas diversas questões, dos médicos (n = 18) e dos

    enfermeiros (n = 22), no decorrer do estudo apresenta-se muito equivalente e não

    foi notada discrepância marcada entre as opiniões dos dois grupos profissionais.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 60

    Gráfico 18 - Distribuição das características dos profissionais de saúde, por tempo de serviço (n=40)

    De acordo com o Gráfico cerca de 70% dos profissionais encontram-se na US há mais

    de 5 anos.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 61

    4.2. RESPOSTAS DOS INQUIRIDOS

    O instrumento de colheita de dados está dividido por áreas temáticas em PCV, sendo

    a primeira o tabaco.

    4.2.1. Tabaco

    **Teste Exacto de Fisher

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) N (%) p

    RECOLHA DE DADOS ESTATÍSTICOS DE CLIENTES COM HÁBITOS TABÁGICOS NA US

    1,000**

    NÃO 34 (87) 16 (89) 18 (86)

    SIM 5 (13) 2 (11) 3 (14)

    Tabela 7 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas aos hábitos

    tabágicos subdividida pela profissão específica do inquirido .

    Como se observa, 87% dos inquiridos referiram não existir dados estatísticos que

    retratem as percentagens de clientes da U.S. com hábitos tabágicos. As respostas

    dos 2 grupos profissionais foram similares.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 62

    ** Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    A % DE CLIENTES FUMADORES NA US 1,000**

    75% 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SEXO COM MAIOR % DE CONSUMO DE TABACO 1,000**

    HOMENS 3 (75) 2 (100) 1 (50)

    MULHERES 1 (25) 0 (0) 1 (50)

    IDADE DE UTENTES COM MAIOR PERCENTAGEM HÁBITOS TABÁGICOS

    31 a 40 3 (75) 1 (50) 2 (100)

    Tabela 8 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas a utentes

    fumadores na US subdividida pela profissão específica do inquirido

    Dos inquiridos que confirmaram a existência de dados estatísticos que retratem as

    percentagens de clientes da U.S. com hábitos tabágicos, 2 profissionais de saúde

    assinalaram que eram cerca de 50 a 75% dos utentes.

    Na opinião de 3 profissionais de Saúde existem mais homens do que mulheres

    naquela U.S. com hábitos tabágicos (p= 1,000) e segundo os mesmos a faixa etária

    de utentes da U.S. com maior incidência neste tema enquadra-se entre os 31 e os 40

    anos de idade (57%).

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 63

    *Teste de Independência do Qui-quadrado; **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    EXISTE 1 GRUPO DE PROFISSIONAIS NA US DE DESABITUAÇÃO TABÁGICA 0,919**

    NÃO 1 (2) 0 (0) 1 (5)

    SIM 39 (98) 18 (100) 21 (95)

    SE SIM, QUE PROFISSIONAIS O CONSTITUI

    MÉDICO 0,586**

    NÃO 1 (3) 0 (0) 1 (5)

    SIM 38 (97) 18 (100) 20 (95)

    ENFERMEIRO 0,586**

    NÃO 3 (8) 2 (11) 1 (5)

    SIM 36 (92) 16 (89) 20 (95)

    PSICÓLOGO 0,328*

    NÃO 25 (64) 13 (72) 12 (57)

    SIM 14 (36) 5 (28) 9 (43)

    OUTROS 1,000**

    NÃO 34 (89) 15 (88) 19 (90)

    SIM 4 (11) 2 (12) 2 (10)

    QUE OUTROS? -

    Administrativo 2 (5) 1 (6) 1 (5)

    Nutricionista 2 (5) 1 (6) 1 (5)

    Tabela 9 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas ao Grupo de

    Desabituação Tabágica subdividida pela profissão específica do inquirido.

    Do grupo de inquiridos, 98% referiram que na sua U.S. existe um grupo de

    profissionais vocacionado para a desabituação Tabágica (p= 0,492). Dos 39

    inquiridos 36% referiu que a equipa para a desabituação Tabágica possui psicólogo.

    Por fim 4 inquiridos referiram outros profissionais constituintes do grupo da

    desabituação Tabágica, nomeadamente administrativo e nutricionista.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 64

    Gráfico 19 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas aos

    tratamentos para cessação tabágica subdividida pela profissão específica do inquirido (n=40)

    De acordo com o gráfico, os tratamentos mais frequentes para a desabituação

    tabágica nas U.S. inquiridas são: as pastilhas de nicotina e o sistema transdérmico.

    Na ULSM, EPE existe o grupo pluridisciplinar de Prevenção de Tabagismo. A equipa é

    constituída por: Médico (Director Clínico dos CSP), Enfermeira, Médico da Unidade de

    HTA, Técnica de Saúde Ambiental, Técnica Superior de Biblioteca e Documentação e

    Médica do Serviço de Pneumologia. (20)

    Este grupo apoia todas as unidades abrangidas pela ULSM e tem folhetos

    informativos próprios e manuais.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 65

    4.2.2. Alimentação

    A segunda área temática escolhida foi a Alimentação.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%)

    CONSIDERA OS HÁBITOS ALIMENTARES COMO UM ASPECTO RELEVANTE NA

    AVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SIM 40 (100) 18 (100) 22 (100)

    Tabela 10 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas aos hábitos alimentares subdividida pela profissão específica do inquirido

    Os inquiridos foram questionados se consideravam os hábitos alimentares como um

    aspecto relevante na avaliação do estado de saúde dos utentes, e os 40 profissionais

    de saúde responderam que sim (100%).

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 66

    Gráfico 20 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo (n=40) relativas aos hábitos alimentares subdividida pela profissão específica do inquirido

    No Gráfico são apresentados os erros alimentares mais comuns e de acordo com os

    profissionais de saúde foram: a Ingestão excessiva de gorduras saturadas (80%) e a

    Ingestão excessiva de sal (70%). Cerca de 18% dos profissionais afirmaram não

    existir dados relativamente a esta questão.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 67

    Gráfico 21 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo (n=40) relativas às medidas implementadas em relação aos hábitos alimentares subdividida pela profissão específica do inquirido

    Quando questionados sobre quais as medidas implementadas, visando a alteração

    de hábitos alimentares nos utentes naquela U.S. os profissionais realçaram: as

    Sessões educativas pela equipa de saúde (73%) e a Consulta de Nutrição na Unidade

    (65%).

    Os profissionais de saúde referiram Outras medidas desenvolvidas pela U.S. tais

    como: intervenção nas escolas, Centros de dia e Lares, Consulta de HTA e Diabetes

    Mellitus.

    Nas entrevistas 4 profissionais de saúde referiram não ter um nutricionista a tempo

    inteiro na U.S e o que referiu ter um a tempo inteiro, salientou que a profissional só

    exercia cargo de Gestão.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 68

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    CONSIDERA A AVALIAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FÍSICA DO UTENTE RELEVANTE

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0) -

    SIM 40 (100) 18 (100) 22 (100)

    Tabela 11 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas à Constituição

    física dos utentes, subdividida pela profissão específica do inquirido

    Ainda associado á Alimentação foi referida a Obesidade no instrumento de colheita

    de dados. Relativamente à avaliação da constituição física dos utentes das US 40

    profissionais de saúde (100%) consideram este item relevante para o decorrer do

    acompanhamento do estado de saúde dos mesmos.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 69

    Gráfico 22 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo (n=40) relativas à avaliação da constituição física dos utentes, subdividida pela profissão específica do inquirido

    A avaliação da constituição física dos utentes, segundo os inquiridos é efectuada

    através de: o Índice de Massa Corporal (100%), o peso (77%) e a altura (77%). Dos

    inquiridos 68 % referiram avaliar ainda o Perímetro Abdominal. Nenhum profissional

    referiu realizar a avaliação de Prega cutânea tricipital ou da Circunferência braquial.

    A ULSM tem desenvolvido o Manual de Educação Alimentar para consulta

    direccionado para a população.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 70

    4.2.3. Actividade Física

    O terceiro elemento revisto na colheita de dados foi a Actividade Física.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%)

    CONSIDERA A AVALIAÇÃO DA PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA

    UM ASPECTO RELEVANTE

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SIM 40 (100) 18 (100) 22 (100)

    Tabela 12 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas à avaliação da

    prática de actividade física dos utentes subdividida pela profissão específica do inquirido

    Foi questionada a importância da avaliação da prática de actividade física como um

    aspecto relevante no acompanhamento do estado de saúde dos utentes, à qual

    todos os questionados (100%) referiram ser relevante.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 71

    **Teste Exacto de Fisher

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA

    DURAÇÃO DO EXERCÍCIO 1,000**

    NÃO 7 (19) 3 (17) 4 (21)

    SIM 30 (81) 15 (83) 15 (79)

    FREQUÊNCIA DO EXERCÍCIO SEMANA -

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SIM 39 (100) 18 (100) 21 (100)

    TIPO DE EXERCÍCIO 1,000**

    NÃO 3 (8) 1 (6) 2 (10)

    SIM 36 (92) 17 (94) 19 (90)

    Tabela 13 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas aos factores

    referenciados na avaliação da prática de actividade física dos utentes subdividida pela profissão específica do inquirido

    Ao avaliar a prática do exercício físico dos clientes em diversos aspectos, 39 dos

    inquiridos referiram a frequência do exercício por semana (100%), 36 dos inquiridos

    referiram o tipo de exercício (92%) e 30 profissionais de saúde (81%), referiram a

    duração do exercício.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 72

     

    Gráfico 23 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo (n=40) relativas aos clientes motivados para a importância da prática de actividade física, subdividida pela profissão específica do inquirido

    Quando questionados quais os clientes a que usualmente motivavam a prática de

    exercício físico 90% do total dos inquiridos, referiram a Todos, de acordo com o

    PNPCDCV. (44)

    Do número total 18% dos profissionais de saúde referiram ainda motivar em especial

    os clientes com excesso de peso e 15% dos profissionais referiram os clientes com

    DCV.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 73

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%)

    DESENVOLVE A MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE

    EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR JUNTO DOS UETENTES

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SIM 40 (100) 18 (100) 22 (100)

    Tabela 14 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativas à motivação da

    prática de actividade física dos utentes subdividida pela profissão específica do inquirido

    Os 40 profissionais de Saúde referiram motivar os clientes à prática de exercício

    físico de forma regular.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 74

     

    Gráfico 24 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo (n=40) relativas às

    motivações referidas para a prática de actividade física subdividida pela profissão específica do inquirido

    Do total de inquiridos 98% referiram a importância do adequar o exercício físico às

    limitações inerentes ao estado de saúde do utente.

    A importância da prática do exercício físico 30 minutos por dia foi realçada por 70%

    dos inquiridos, por fim 49% dos inquiridos referiu a prática de exercício físico pelo

    menos 5 dias por semana.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 75

    4.2.4. Estudo analítico

    O quarto elemento incluído neste estudo foi estudo analítico, ou seja valores

    analíticos relativos ao perfil lipídico e glicose em jejum.

    *Teste de Independência do Qui-quadrado

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) P

    NESTA US EXISTE MATERIAL INFORMATIVO RELATIVO

    A VALORES ANALÍTICOS 0,822*

    NÃO 17 (43) 8 (44) 9 (41)

    SIM 23 (58) 10 (56) 13 (59)

    Tabela 15- Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa à existência de

    material informativo sobre valores desejáveis de alguns critérios analíticos subdividida pela profissão específica do inquirido.

    Com este estudo pretende-se averiguar o material informativo desenvolvido pelas

    U.S. relativo aos valores desejáveis de alguns critérios analíticos. Dos 40

    profissionais de saúde questionados 23 responderam possuir material informativo,

    ou seja 58% da amostra.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 76

    *Teste de Independência do Qui-quadrado; **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    QUAL O MATERIAL INFORMATIVO RELATIVO A VALORES ANALÍTICOS 0,822*

    COLESTEROL TOTAL 0,649**

    NÃO 6 (25) 2 (18) 4 (31)

    SIM 18 (75) 9 (82) 9 (69)

    COLESTEROL HDL 0,675**

    NÃO 15 (63) 6 (55) 9 (69)

    SIM 9 (38) 5 (45) 4 (31)

    COLESTEROL LDL 1,000**

    NÃO 16 (67) 7 (64) 9 (69)

    SIM 8 (33) 4 (36) 4 (31)

    TRIGLICERÍDEOS 0,444*

    NÃO 11 (46) 4 (36) 7 (54)

    SIM 13 (54) 7 (64) 6 (46)

    GLICOSE EM JEJUM 1,000**

    NÃO 4 (17) 2 (18) 2 (15)

    SIM 20 (83) 9 (82) 11 (85)

    OUTROS 0,630**

    NÃO 19 (79) 8 (73) 11 (85)

    SIM 5 (21) 3 (27) 2 (15) Tabela 16 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa aos valores

    desejáveis de alguns critérios analíticos subdividida pela profissão específica do inquirido

    Segundo 83% dos profissionais de saúde o material desenvolvido relativo a valores

    analíticos incide sobre a glicose em jejum (83%), seguido pelo Colesterol Total (75%)

    e por fim os triglicerídeos (54%). De realçar que 2 profissionais de saúde referiram

    ainda a glicose ocasional, 1 referiu a função hepática e outro referiu as tensões

    arteriais.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 77

     

    Gráfico 25 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa aos valores desejáveis de alguns critérios analíticos (intervenções), subdividida pela profissão específica do inquirido.

    Quando questionados face a doentes com dislipidémia quais as intervenções

    habituais na US, 85% dos inquiridos responderam a alteração dos hábitos

    alimentares, 72% referiu a farmacoterapia, 60% referiu sessões educativas e 50%

    referiu o encaminhamento para Nutrição.

    As respostas entre os 2 grupos profissionais foram similares mas é de realçar a

    Farmacoterapia. 83% dos médicos referiram a utilização de medicação

    antidislipidémica face a 62% dos enfermeiros.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 78

    4.2.5. Gestão do stress

    Para este estudo foi incluído como quinto elemento de apreciação o factor

    psicológico e incide sobre o Stress dos utentes.

     

    Gráfico 26- Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa à percepção do stress na doença cardiovascular, subdividida pela profissão específica do inquirido

    Dos 40 profissionais de saúde inquiridos 58% consideram o stress um aspecto

    Extremamente Importante para a DCV, 25% consideram o stress como factor de risco

    para a DCV Muito importante e por fim, 18% consideram o stress Bastante

    Importante.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 79

    **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    NESTA US É AVALIADO O NÍVEL DE STRESS DOS UTENTES 1,000**

    NÃO 30 (77) 14 (78) 16 (76)

    SIM 9 (23) 4 (22) 5 (24)

    SE SIM, DE QUE FORMA

    EMPÍRICA -

    NÃO 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    SIM 9 (100) 4 (100) 5 (100)

    VARIADAS TABELAS OU ESCALAS

    -

    NÃO 9 (100) 4 (100) 5 (100)

    SIM 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    Tabela 47 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa à avaliação do

    stress dos utentes na DCV, subdividida pela profissão específica do inquirido

    Dos inquiridos 77% refere não avaliar o nível de stress dos utentes da US, os

    restantes 23% referem avaliar de forma empírica (pela observação do

    comportamento do utente), não existindo aplicação de nenhum questionário para a

    percepção do stress dos utentes em qualquer U.S. referenciada.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 80

     

    Gráfico 27 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa às intervenções associadas ao stress, subdividida pela profissão específica do inquirido

    Face a um utente com distúrbio psicológico associado ao Stress foram questionadas

    as medidas habitualmente adoptadas pelos profissionais nas US, ao que 73% dos

    inquiridos respondeu que no decorrer das consultas a equipa tenta colaborar com o

    utente na implementação de medidas apropriadas para o estilo de vida do utente de

    forma a debelar o grau de stress e 40% dos inquiridos refere encaminhar o utente

    para o psicólogo da US, quando este se encontra na mesma.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 81

    4.2.6. Intervenções Preventivas

    Enquadrado na PCV foi intenção da autora averiguar as intervenções das equipas das

    U.S relativamente aos factores de risco e reportá-los desde 2004 com a intenção de

    verificar a continuidade de projectos e verificar se o impacto de algum deles foi

    avaliado.

    As intervenções referidas no Instrumento de colheita de dados foram: material

    educativo sob a forma de folhetos, sessões educativas, rastreios e outros. Os temas

    referidos ou seja os FRCV foram: HTA, obesidade, dislipidémia, actividade física,

    hábitos alimentares saudáveis, tabaco, gestão do stress, factores psicológicos e

    outros.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 82

    **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    INTERVENÇÕES PREVENTIVAS NA US DESDE 2004 PARA A HTA

    MATERIAL EDUCATIVO 1,000**

    NÃO 5 (14) 2 (13) 3 (14)

    SIM 32 (86) 14 (88) 18 (86)

    SESSÕES EDUCATIVAS 0,491**

    NÃO 11 (29) 6 (35) 5 (24)

    SIM 27 (71) 11 (65) 16 (76)

    RASTREIOS 0,197**

    NÃO 6 (16) 1 (6) 5 (24)

    SIM 32 (84) 16 (94) 16 (76)

    OUTROS 1,000**

    NÃO 34 (89) 15 (88) 19 (90)

    SIM 4 (11) 2 (12) 2 (10)

    QUE OUTROS -

    CONSULTAS DE EQUIPA 2 (5) 1 (6) 1 (5)

    MARCHA DO CORAÇÃO 2 (5) 1 (6) 1 (5)

    Tabela 18 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa às Intervenções

    preventivas desenvolvidas pela US desde 2004, subdivididas pela profissão específica do inquirido, relativas à HTA

     

     

    O primeiro tema referenciado como FRCV a prevenir foi a HTA. De acordo com 32

    profissionais de saúde as intervenções enquadradas neste tema mais realizadas são:

    folhetos educativos (86%), rastreios (84%) e sessões educativas (71%). Referiram

    também as consultas de equipa e a Marcha do coração. 

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 83

    *Teste de Independência do Qui-quadrado; **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    TOTAL

    (N=40)

    MÉDICO

    (N=18)

    ENFERMEIRO

    (N=22)

    N (%) N (%) N (%) P

    INTERVENÇÕES PREVENTIVAS NA US DESDE 2004 PARA A OBESIDADE

    MATERIAL EDUCATIVO 1,000**

    NÃO 10 (26) 4 (24) 6 (29)

    SIM 28 (74) 13 (76) 15 (71)

    SESSÕES EDUCATIVAS 0,899*

    NÃO 13 (34) 6 (35) 7 (33)

    SIM 25 (66) 11 (65) 14 (67)

    RASTREIOS 1,000**

    NÃO 10 (27) 5 (29) 5 (25)

    SIM 27 (73) 12 (71) 15 (75)

    OUTROS 1,000**

    NÃO 37 (97) 17 (100) 20 (95)

    SIM 1 (3) 0 (0) 1 (5)

    QUE OUTROS -

    SAÚDE ESCOLAR 1 (3) 0 (0) 1 (5)

    Tabela 19 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa às Intervenções

    preventivas desenvolvidas pela US desde 2004, subdivididas pela profissão específica do inquirido, relativas à obesidade

    O tema da obesidade também foi referenciado e de acordo com 28 inquiridos é

    abordado nas U.S. onde se encontram sob a forma de material educativo (74%),

    rastreios (73%) e por fim sessões educativas (66%). Um inquirido referiu também

    Saúde Escolar.

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 84

    *Teste de Independência do Qui-quadrado

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    INTERVENÇÕES PREVENTIVAS NA US DESDE 2004 PARA A DISLIPIDÉMIA

    MATERIAL EDUCATIVO 0,393*

    NÃO 14 (37) 5 (29) 9 (43)

    SIM 24 (63) 12 (71) 12 (57)

    SESSÕES EDUCATIVAS 0,796*

    NÃO 21 (55) 9 (53) 12 (57)

    SIM 17 (45) 8 (47) 9 (43)

    RASTREIOS 0,037*

    NÃO 16 (42) 4 (24) 12 (57)

    SIM 22 (58) 13 (76) 9 (43)

    OUTROS -

    NÃO 38 (100) 17 (100) 21 (100)

    SIM 0 (0) 0 (0) 0 (0)

    Tabela 20 - Distribuição das respostas dos participantes no estudo relativa às Intervenções

    preventivas desenvolvidas na população por esta US desde 2004, subdivididas pela profissão específica do inquirido, relativas à dislipidémia

    A dislipidémia também é um tema que preocupa os profissionais de saúde e de

    acordo com 24 inquiridos este tema é abordado sob a forma de materiais

    educativos, rastreios (58%) e por fim sessões educativas (45%).

  • Prevenção da Doença Cardio Vascular

    Mirian Rodrigues 85

    *Teste de Independência do Qui-quadrado; **Teste Exacto de Fisher.

    PROFISSIONAL DE SAÚDE

    Total

    (n=40)

    Médico

    (n=18)

    Enfermeiro

    (n=22)

    n (%) n (%) n (%) p

    ACTIVIDADE