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INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA – IEP
Curso de Pós-graduação strictu sensu
Mestrado Profissional em Educação em Diabetes
Marcela Quaresma Soares
Diabetes tipo 2: avaliação da intervenção interdisciplinar no Centro Hiperdia
Minas da Região de Saúde de Viçosa
Belo Horizonte
2015
MARCELA QUARESMA SOARES
Diabetes tipo 2: avaliação da intervenção interdisciplinar no Centro Hiperdia
Minas da Região de Saúde de Viçosa
Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação em Diabetes.
Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Regina Calsolari Pereira de Souza
Coorientadora: Prof.ª Dra. Janice Sepúlveda Reis
Belo Horizonte
2015
“Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à
fonte.”
SOARES, Marcela Quaresma. S676d Diabetes tipo 2: avaliação da intervenção interdisciplinar no Centro
Hiperdia Minas da Região de Saúde de Viçosa./ Marcela Quaresma Soares. – Belo Horizonte, 2015.
80 f.: il. Orientadora: Dra. Maria Regina Calsolari Pereira de Souza. Co-orientadora: Dra. Janice Sepúlveda Reis. Dissertação (Programa de Pós-graduação Stricto Sensu. Mestrado Profissional em Educação em Diabetes).
1. Diabetes Mellitus Tipo 2. 2. Glicemia. 3. Centros de saúde. I. SOARES, Marcela Quaresma. II. Título. III. Grupo Santa Casa de Belo Horizonte. IV. IEP.
CDD: 616.462
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus tios Teresa e Marialdo e aos meus primos Paola e Filipe por me
acolherem em seu lar mais uma vez.
Ao meu esposo Rafael, pelo amor e apoio.
Aos meus pais Elizabeth e Paulo César, exemplos de superação.
Aos meus irmãos Paula, Nilsinho, Luana e Daniel, minhas grandes alegrias.
À Vanusa a minha gratidão pelo extremo cuidado com minha família e comigo.
Aos amigos e familiares por compreenderem minhas ausências.
À minha querida equipe da Secretaria Municipal de Saúde, em especial à Cláudia,
Ângela, Tânia, Ronilson e Clarice, a família que Deus me permitiu escolher.
À Cristiane, grande amiga e parceira em diversos projetos, que muito contribuiu para
essa dissertação.
Às doutoras Maria Regina e Janice, por toda paciência e aprendizado e à Aleida
pelo acolhimento.
Em especial, a todos os colegas do Centro Hiperdia Minas de Viçosa, por me
proporcionarem a compreensão da vivência dessa equipe.
LISTA DE QUADROS
1 Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 em adultos 16
2 Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico
do DM em seus estágios pré-clínicos
17
3 Metas lipídicas no DM2 18
4 Metas laboratoriais para o tratamento do DM2 20
5 Estratificação de Risco e prevalência para DM 22
6 As características diferenciais dos sistemas fragmentados e
das redes de atenção à saúde
24
7 Centro Hiperdia Minas - Carteira Básica de Serviços 31
8 Centro Hiperdia Minas - Carteira Ampliada de Serviços 31
9 Critérios de encaminhamento ao CHDM 32
10 Resumo da dinâmica de atendimento no CHDM 33
11 Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes
mellitus de alto e muito alto risco na Atenção Secundária à
Saúde da rede da SES/MG
35
12 Relação da periodicidade dos exames complementares
sugeridos para os usuários diabéticos com bom controle
glicêmico no CHDM ao longo de 12 meses
36
13 População da Região de Saúde de Viçosa e distância do município polo
38
LISTA DE FIGURAS
1 Modelo de Atenção as Condições Crônicas (MACC) 26
2 Rede assistencial de Hipertensão e Diabetes 28
3 Centros Hiperdia Minas implantados no Estado 30
4 Região de Saúde de Viçosa/MG 37
5 Fluxo de coleta e organização dos dados 41
LISTA DE ACRÔNIMOS E SIGLAS
ADA American Diabetes Association APS Atenção Primária à Saúde ASS Atenção Secundária à Saúde AVC Acidente vascular cerebral CA Circunferência abdominal CHDM Centros Hiperdia Minas DAC Doença arterial coronariana DAOP Doença arterial obstrutiva periférica DALY Disability adjusted life year DCV Doença cardiovascular DM Diabetes mellitus DM1 Diabetes mellitus tipo 1 DM2 Diabetes mellitus tipo 2 DRC Doença renal crônica DVP Doença vascular periférica GGT Gama glutamil transpeptidase GME Glicemia média estimada HAS Hipertensão arterial sistêmica HDL High density lipoprotein IAM Infarto agudo do miocárdio IBGE Instituto brasileiro de geografia e estatística IC Insuficiência cardíaca IMC Índice de massa corporal ITB Índice tornozelo braço LDL Low density lipoprotein MACC Modelo de atenção às condições crônicas MAPA Monitorização ambulatorial da pressão arterial NASF Núcleo de apoio ao Saúde da Família NGSP National Glycohemoglobin Standardization Program OMS Organização Mundial de Saúde PA Pressão arterial RAS Redes de Atenção à Saúde RCV Risco cardiovascular SBD Sociedade Brasileira de Diabetes SES/MG Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais SUS Sistema Único de Saúde TG Triglicérides TGO Transaminase glutâmico oxalacética TGP Transaminase glutâmico pirúvica TOTG Teste oral de tolerância à glicose TSH Hormônio tireoestimulante WHO World Health Organization
RESUMO
O diabetes mellitus configura-se como uma pandemia, impactando custos relativos à
saúde e à qualidade de vida da população. O MACC - Modelo de Atenção às
Condições Crônicas (MENDES, 2011) tem sido adotado com intuito de minimizar tais
impactos. Em Minas Gerais, dentre as ações desenvolvidas nesta perspectiva,
destaca-se a implantação dos Centros Hiperdia Minas (CHDM). Tal modelo
preconiza, entre outras ações, o enfoque interdisciplinar e a atenção centrada no
usuário. O presente estudo tem como objetivo analisar a eficácia da intervenção
interdisciplinar aos usuários com diabetes tipo 2 (DM2) assistidos pelo CHDM da
Região de Saúde de Viçosa. Foram utilizados dados registrados nos prontuários de
95 usuários DM2 atendidos no período de 2011 a 2015, sendo avaliados os dados
registrados nas primeiras e nas últimas consultas. Sobre o perfil da amostra,
observou-se alto percentual de pardos (40%), sem educação formal (41%) e com
renda inferior a um salário mínimo (14,7%). A avaliação da intervenção
interdisciplinar indicou melhora significativa na hemoglobina glicada e nos níveis de
colesterol, em relação aos dados obtidos na primeira consulta, além da adequada
prescrição medicamentosa. Por outro lado, não houve melhoras nos índices de IMC
e triglicérides, sendo importante ressaltar dificuldades do serviço na avaliação das
complicações. A iniciativa de criação dos CHDM representa um importante avanço
na atenção aos diabéticos. Na região de saúde de Viçosa o serviço, assim como a
equipe, apresentou desempenho satisfatório, embora sejam percebidas algumas
fragilidades. Melhoria dos registros dos atendimentos, referência e contrarreferência,
bem como adequações dos protocolos e na atenção interdisciplinar podem levar à
qualificação do cuidado.
Palavras-chave: Diabetes mellitus tipo 2, Glicemia, Centros de saúde
ABSTRACT
Diabetes mellitus is characterized as a pandemy, bringing about high costs to the
health and to the quality of life of people. In order to minimize such impacts Care
Model to Chronic Conditions (MENDES, 2011) has been adopted. In Minas Gerais,
among the actions taken in this perspective, there is the implementation of Centros
Hiperdia Minas (CHDM). This model calls for, among other things, the
interdisciplinary focus and attention focused on the user. This study aims to analyze
the effectiveness of interdisciplinary intervention users with type 2 diabetes (T2D)
assisted by CHDM of Viçosa Health Region. They used data recorded in the records
of 95 users DM2 treated at the period from 2011 to 2015 and evaluated the records
of both initial consultation, as subsequent. Profile of the sample, there was a high
percentage of mixed race (40%), with no formal education (41%) and 14.7 had
incomes below the minimum wage. The evaluation of interdisciplinary intervention
showed significant improvement in glycated hemoglobin and cholesterol levels, the
first query against the last service, as well as appropriate drug prescription. On the
other hand, there was no improvement in BMI and triglycerides levels and it is
important to note difficulties in assessing the service complications. The creating
initiative of CHDM is important advance. In Health Region of Viçosa the service, as
well as the team presented satisfactory performance, weaknesses are still perceived.
Improved records of attendance, reference and counter, as well as adaptations of
protocols and interdisciplinary care can lead to qualification of care.
Key words: Type 2 diabetes mellitus, Blood Glucose, Health Centers
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 15
3. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 16
3.1 Diabetes mellitus tipo 2 ...................................................................................... 16
3.1.1 Diagnóstico ..................................................................................................... 17
3.1.2 Tratamento ..................................................................................................... 17
3.1.3 Metas para o bom controle do DM2 ................................................................ 19
3.1.4 Complicações ................................................................................................. 20
3.1.5 Estratificação de risco de indivíduos com relação ao diabetes mellitus .......... 21
3.2 Modelos de Atenção à Saúde............................................................................. 23
3.2.1 Modelo de Atenção às Condições Crônicas ................................................... 25
3.3 A Rede Hiperdia Minas ....................................................................................... 27
3.3.1 Os Centros Hiperdia Minas ............................................................................. 29
3.3.2 Periodicidade das consultas, dinâmica e parâmetros de assistência no
CHDM ...................................................................................................................... 33
3.3.4 Critérios de alta do Centro Hiperdia Minas ..................................................... 36
3.3.5 Centro Hiperdia Minas da Região de Saúde de Viçosa .................................. 37
4. METODOLOGIA ........................................................................................................ 39
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 42
5.1 Características dos participantes à admissão no CHDM ................................ 42
5.2 Acompanhamento interdisciplinar no CHDM ................................................... 47
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 61
ANEXOS ........................................................................................................................ 66
APÊNDICES .................................................................................................................. 73
13
1. INTRODUÇÃO
O Estudo de Carga de Doenças de Minas Gerais evidenciou que as doenças
crônicas não transmissíveis foram responsáveis por cerca de 75% das doenças do
Estado (medidas em DALY – anos de vida perdidos por incapacidade) e 51,5% dos
óbitos, com o aumento da magnitude das doenças cerebrovasculares e da doença
isquêmica do coração, evidenciando a participação mais expressiva do Diabetes
Mellitus (DM) (FIOCRUZ, 2011).
Em razão de sua alta prevalência e pelo fato da maioria dos seus portadores não
estarem em tratamento adequado, e, portanto expostos ao risco de desenvolver
altas taxas de morbidade e mortalidade, o DM é considerado um problema de saúde
pública (WHO, 2011).
Atualmente, estima-se que há 381 milhões de pessoas com diabetes mellitus no
mundo e a perspectiva é que, em 2035, o número de diabéticos aumente para 591
milhões, configurando-se, dessa maneira, como uma pandemia, impactando os
custos relativos à saúde e à qualidade de vida da população (IDF, 2013).
O aumento da prevalência do diabetes, acrescido à complexidade de seu tratamento
e possíveis complicações crônicas, reforça a necessidade de programas viáveis e
eficazes ao serviço público de saúde (TORRES et al, 2009).
Medidas de prevenção, detecção e tratamento adequado nos vários níveis de
atenção à saúde são extremamente importantes, uma vez que podem contribuir para
a redução da mortalidade, das diversas complicações observadas no DM e das
morbidades associadas a essa condição (MONTENEGRO, 2003).
Atualmente, nos países em desenvolvimento, a preocupação em aumentar a
cobertura dos serviços tem predominado sobre a preocupação com o resultado. A
avaliação da situação atual do cuidado para com os usuários com DM, nos diversos
níveis de atenção à saúde, torna-se elemento essencial para o estabelecimento de
14
metas e condutas que atendam à população de forma efetiva (MONTENEGRO,
2004).
Para modificar esse cenário alarmante, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais detectou a necessidade de adotar medidas inovadoras que mudem a lógica
atual, de uma rede de serviços voltada ao atendimento de eventos agudos para uma
rede de atenção às condições crônicas, com o enfoque na interdisciplinaridade e na
atenção centrada no usuário.
Dentre as ações desenvolvidas por essa estratégia, destaca-se a implantação dos
Centros Hiperdia Minas (CHDM), pontos de atenção secundária da Rede de Atenção
à Saúde, de abrangência Regional, diretamente interligados com os pontos de
atenção primária e terciária, em concordância com o Modelo de Atenção às
Condições de Crônicas (SES/MG, 2012; MENDES, 2011).
Mesmo com esses aspectos inovadores, observa-se que, até o momento, há uma
carência de estudos capazes de desdobrar as informações geradas pelo
monitoramento e de compreender como a assistência é prestada pelo CHDM, como
é o cotidiano do serviço e quais as necessidades de mudanças para melhoria da
proposta. Essa lacuna reforça a noção difundida na literatura que defende que,
apesar do consenso quanto à inquestionável necessidade de se avaliar políticas
públicas, essa prática ainda é muito incipiente no Brasil, sobretudo quando se trata
de políticas de saúde.
A partir destas informações espera-se verificar se a proposta do CHDM, tal como
planejada, pode ser verificada na prática e identificar suas fragilidades e
potencialidades, possibilitando o aprimoramento da iniciativa. Com isso, espera-se
não apenas contribuir para a melhoria do CHDM estudado, como para os demais
centros em implantação no Estado.
15
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar a assistência interdisciplinar aos usuários com DM2 assistidos pelo CHDM
da Região de Saúde de Viçosa.
2.2 Objetivos específicos
Determinar o perfil socioeconômico e as características clínicas destes usuários,
incluindo controle glicêmico, tratamento, presença de fatores de risco micro e
macrovasculares e frequência da triagem para complicações crônicas.
16
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Diabetes mellitus tipo 2
O diabetes mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, caracteriza-se por defeitos
na ação da insulina, em sua secreção, ou em ambos, sendo os tipos mais
prevalentes o tipo 1, tipo 2 e gestacional (IDF, 2013).
O tipo 2, objeto do presente estudo, apresenta defeitos na ação e secreção da
insulina e corresponde de 90 a 95% dos casos. Esse tipo de diabetes é
frequentemente diagnosticado após os 40 anos de idade e os fatores de risco abaixo
relacionados (Quadro 1) são, na maioria dos casos, determinantes.
Quadro 1 - Fatores de risco para diabetes mellitus tipo 2 em adultos
FATORES DE RISCO
Sedentarismo
Historia familiar de DM em parente de 1º grau
Antecedentes de macrossomia fetal
HAS (PA≥140/90 mmHg ou uso de antihipertensivo)
Níveis plasmáticos de colesterol HDL ≤ 35 mg/dL e/ou TG ≥ 250 mg/dl
Síndrome de ovários policísticos
Diagnóstico de pré-diabetes
Obesidade grave
Acantose nigricans*
História de doença cardiovascular
Etnias com alto risco para DM como japoneses e índios
*Acantose nigricans: escurecimento e espessamento da pele, de aspecto aveludado que ocorrem em dobras cutâneas, sobretudo pescoço, axilas e região inguinal. DM = diabetes mellitus; HAS =hipertensão arterial sistêmica; PA = pressão arterial; HDL = colesterol HDL; mmHg = milímetro de mercúrio. Fonte: American Diabetes Association, 2012 in SES/MG, 2013
Há ainda um grupo de indivíduos nos quais os níveis de glicemia não preenchem os
critérios para o diagnostico de DM2, porém são muito elevados para serem
considerados normais. Foram então consideradas as categorias de glicemia de
jejum alterada e tolerância à glicose diminuída (FRANCISCHI et al, 2002).
17
3.1.1 Diagnóstico
Para o diagnóstico de DM, conforme diretrizes da SBD, com utilização da glicemia
são recomendados três critérios (Quadro 2):
Quadro 2 - Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico do DM
em seus estágios pré-clínicos
CATEGORIA JEJUM* 2 h APÓS 75 g
DE GLICOSE CASUAL**
Glicemia normal < 100 < 140 -
Tolerância à glicose
diminuída > 100 a < 126 ≥ 140 a < 200 -
Diabetes mellitus ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas clássicos)***
*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; **Glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição; ***Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensarão metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM. Fonte: OLIVEIRA et al, 2015.
A ADA e a SBD adotam também, para fins de diagnóstico, a dosagem da
hemoglobina glicada (HbA1c). Indivíduos que apresentam valores de HbA1c entre
5,7 e 6,4% são considerados com alto risco para o desenvolvimento de diabetes,
enquanto que para o diagnóstico de DM são considerados valores acima de 6,5%.
Contudo, o método a ser utilizado deve ser certificado pelo NGSP - National
Glycohemoglobin Standardization Program (Diabetes Care, 2009).
3.1.2 Tratamento
Independente do tipo de diabetes, o tratamento deve se basear em mudanças no
estilo de vida, que compreendem planejamento alimentar, necessidade de atividade
física, perda de peso, cessamento do tabagismo além do uso adequado da
medicação prescrita (se houver).
18
3.1.2.1 Controle pressórico
Diabetes mellitus e hipertensão arterial são condições clínicas que comumente se
associam. Nestes casos espera-se que a meta a ser atingida para seu controle é de
pressão arterial (PA) de 130x80 mmHg. As medidas não farmacológicas devem ser
acrescidas ao tratamento medicamentoso caso a PA se mantenha ≥140x90 mmHg
(ACCORD, 2010; PLAVNIK et al, 2010).
3.1.2.2 Controle lipídico
Usuários com DM2 são frequentemente portadores de inúmeros fatores de risco
para doenças aterotrombóticas, entre os quais, a dislipidemia provavelmente
desempenha o papel mais importante. Para o bom controle, de acordo com a SBD, é
desejável que as seguintes metas sejam atingidas (Quadro 3).
Quadro 3 - Metas lipídicas no DM2
Metas lipídicas
Colesterol total < 200
Colesterol LDL < 100 mg/dL ou < 70 mg/dL (usuários com doença cardiovascular)
Colesterol HDL > 40 mg/dL em homens e > 50 mg/dL em mulheres
Triglicérides < 150 mg/dL
Fonte: OLIVEIRA et al, 2015; SES/MG, 2013 (NO PRELO).
A mesma sociedade afirma que, além das medidas não farmacológicas, as estatinas
constituem as drogas de escolha, em diabéticos que, mesmo sem fatores de risco,
não conseguem atingir níveis de LDL-colesterol <100mg/dL e especialmente
naqueles com DCV prévia e/ou sem DCV, com idade superior a 40 anos, na
presença de um ou mais fatores de risco para DCV (OLIVEIRA et al, 2015).
3.1.2.3 Tratamento medicamentoso no DM2
Os antidiabéticos orais são substâncias capazes de diminuir os níveis glicêmicos. De
acordo com o mecanismo de ação principal, estes podem ser divididos da seguinte
forma: aqueles que incrementam a secreção pancreática de insulina; os que
reduzem a velocidade de absorção de glicídios; os que diminuem a produção
19
hepática de glicose; e/ou os que aumentam a utilização periférica de glicose
(INZUCCHI et al, 2015).
Há ainda duas outras classes, uma cuja ação está baseada no efeito das incretinas
e uma segunda, lançada recentemente, que compreende os inibidores do
contratransporte sódio glicose 2 nos túbulos proximais dos rins (ABDUL-GHANI et al,
2008).
A escolha do medicamento deve levar em conta diversos fatores, porém diversas
diretrizes são coincidentes nas recomendações iniciais de modificações do estilo de
vida associadas ao uso de Metformina para os DM2 recentemente diagnosticados
(INZUCCHI et al, 2015).
Usuários DM2 apresentam, nas fases iniciais, hiperinsulinemia e resistência à ação
da insulina, apresentando, apenas posteriormente, falência pancreática com
deficiência de secreção deste hormônio. Por esse motivo a insulinização deve ser
iniciada quando o usuário mantiver níveis de HbA1c > 7%, ou > 8% em populações
específicas, apesar do uso de duas ou três drogas orais por alguns meses. A terapia
com insulina também deverá ser iniciada caso a glicemia esteja acima de 250 mg/dl
ou sejam observados um ou mais critérios como perda de peso significativa;
sintomas graves e significantes e cetonúria, tão logo o DM2 seja diagnosticado
(ADA, 2012).
As insulinas podem ser classificadas de acordo com a ação: longa duração, ação
intermediária, rápida e ultrarrápida, e sua escolha dependerá da situação do
tratamento. Caso o usuário apresente hiperglicemia pós-prandial é aconselhável o
uso do esquema basal+bolus, que consiste na aplicação de insulina de ação
intermediária ou prolongada (basal) associada a uma dose de insulina de ação
rápida ou ultrarrápida (bolus) (INZUCCHI et al, 2015; FARAH MEAH et al, 2015).
3.1.3 Metas para o bom controle do DM2
A avaliação do controle glicêmico é feita utilizando os testes de glicemia e a HbA1c,
cada um com seu significado clínico específico, ambos considerados recursos
20
complementares para a correta avaliação do estado de controle glicêmico em
usuários diabéticos (OLIVEIRA et al, 2015). As metas laboratoriais para o bom
controle glicêmico do usuário com DM2, segundo a SBD, encontram-se descritas no
Quadro 4.
Quadro 4 - Metas laboratoriais para o tratamento do DM2
Parâmetro Metas laboratoriais
Metas terapêuticas Níveis toleráveis
Hemoglobina glicada
(HbA1c)
Em torno de 7% em adultos.
Entre 7,5% e 8,5% em
idosos, dependendo do
estado de saúde
As metas devem ser
individualizadas de acordo com:
Duração do diabetes
Idade/expectativa de vida
Comorbidades
Doença cardiovascular
Complicações microvasculares
Hipoglicemia não percebida
Glicemia de jejum
Glicemia pré-prandial
Glicemia pós-prandial
< 110 mg/dL
< 110 mg/dL
< 160 mg/dL
Até 130 mg/dL
Até 130 mg/dL
Até 160 mg/dL
Fonte: OLIVEIRA et al, 2015.
3.1.4 Complicações
As complicações crônicas provocadas pelo DM estão relacionadas ao controle
metabólico e à duração da doença, além da existência de comorbidades como o
tabagismo, a HAS e a dislipidemia (QUEIROZ et al, 2011). Sua prevenção, ou pelo
menos o retardo na progressão, podem ser obtidos por meio do diagnóstico precoce
e do tratamento adequado, no contexto da assistência integral ao individuo diabético
(SES/MG, 2013).
As complicações crônicas podem ser classificadas como (DCCT,1993; UKPDS,
1998):
Macrovasculares ou macroangiopatias: incluem a doença arterial coronariana,
a doença cerebrovascular e a doença vascular periférica;
Microvasculares ou microangiopatias que compreendem a retinopatia, a
nefropatia, a neuropatia.
21
Enquanto no DM1 as microangiopatias são mais evidentes, responsáveis pela
maioria das complicações crônicas, no DM2 a presença da macroangiopatia muitas
vezes sobrepõe as microangiopatias (DCCT, 1993; UKPDS, 1998).
3.1.5 Estratificação de risco de indivíduos com relação ao diabetes mellitus
Observando um dos mais importantes princípios do SUS, a equidade, e baseada na
organização da assistência de uma rede de atenção à saúde de usuários com
condições crônicas, a SES/MG, para fins de organização da rede de assistência,
propõe a utilização das estratificações que se seguem no Quadro 5:
22
Quadro 5 - Estratificação de Risco e prevalência para DM
Risco Critérios (controle glicêmico – HbA1c –, complicações e capacidade
para o autocuidado*)
Baixo
(20% dos
diabéticos)
Glicemia de jejum alterada ou intolerância a sobrecarga de glicose (pré-
diabetes) ou
Diabético com HbA1c < 7%, capacidade de autocuidado suficiente e
Ausência de internações por complicações agudas nos últimos 12 meses e
Ausência de complicações crônicas**
Moderado
(50% dos
diabéticos)
Diabético com HbA1c < 7% e capacidade de autocuidado insuficiente ou
Diabético com HbA1c entre 7% e 9%
- Em qualquer uma das opções devem ser somadas a
Ausência de internações por complicações agudas nos últimos 12 meses e
Ausência de complicações crônicas**
Alto
(25% dos
diabéticos)
Diabético com HbA1c > 9% e capacidade de autocuidado suficiente e/ou
Presença de internações por complicações agudas nos últimos 12 meses,
com capacidade de autocuidado suficiente e/ou
Presença de complicações crônicas** com capacidade de autocuidado
suficiente
Muito Alto
(50% dos
diabéticos)
Diabético com HbA1c > 9% e capacidade de autocuidado apoiado
insuficiente e/ou
Presença de internações por complicações agudas nos últimos 12 meses,
com capacidade de autocuidado insuficiente e/ou
Presença de complicações crônicas** com capacidade de autocuidado
insuficiente
* Entende-se como capacidade de autocuidado insuficiente (conceito operacional) a limitação em níveis relevantes da capacidade de autocuidado dos indivíduos pelas seguintes situações: dificuldade de compreensão de sua condição crônica; desinteresse na mudança de comportamento necessária para melhoria da sua condição; baixo suporte familiar e social; não se ver como agente de mudança de sua saúde; recolher-se em sua condição crônica; estar sem ação para melhoria de sua condição; abandonar o acompanhamento porque não atingiu uma de suas metas e depressão grave com prejuízo nas atividades diárias. ** Entende-se por complicações crônicas micro ou macroangiopatias. Fonte: SES/MG, 2013.
23
3.2 Modelos de Atenção à Saúde
O modelo de atenção à saúde é um sistema lógico que estabelece o funcionamento
das Redes de Atenção à Saúde, organizado em função da visão prevalecente da
saúde, das situações demográficas e epidemiológicas, e dos determinantes sociais
da saúde vigentes em determinada sociedade e em certo tempo (WHO, 2000;
MENDES, 2002b).
A atual situação das condições de saúde, com a presença predominante de
condições crônicas, não poderá ser respondida adequadamente por um sistema de
atenção à saúde totalmente fragmentado, reativo, episódico e voltado
prioritariamente para o enfrentamento das condições agudas e das agudizações das
condições crônicas (WAGNER, 2008; MENDES, 2011).
Portanto, torna-se fundamental a coerência entre a situação de saúde e o SUS, que
envolverá a implantação das Redes de Atenção à Saúde (RAS) como uma nova
forma de organizar a atenção à saúde em sistemas integrados que permitam
responder com efetividade, eficiência, segurança, qualidade e equidade às
condições de saúde da população.
Os principais pontos que distinguem os sistemas de atenção à saúde estão
apresentados no Quadro 6.
24
Quadro 6 - As características diferenciais dos sistemas fragmentados e das
Redes de Atenção à Saúde
CARACTERÍSTICA SISTEMA FRAGMENTADO REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
Forma de
organização Hierarquia Poliarquia
Coordenação da
atenção Inexistente Feita pela APS
Comunicação entre
os componentes Inexistente
Feita por sistemas logísticos
eficazes
Foco
Nas condições agudas por meio
de unidades de pronto-
atendimento
Nas condições agudas e
crônicas por meio de uma RAS
Objetivos
Objetivos parciais de diferentes
serviços e resultados não
medidos
Objetivos de melhoria da saúde
de uma população com
resultados clínicos e
econômicos medidos
População Voltado para indivíduos isolados
Voltado para uma população
adscrita estratificada por
subpopulações de risco e sob
responsabilidade da RAS
Sujeito Paciente que recebe prescrição
dos profissionais de saúde
Agente corresponsável pela
própria saúde
A forma da ação do
sistema
Reativa e episódica, acionada
pela demanda das pessoas
usuárias
Proativa e contínua, baseada
em plano de cuidados de cada
pessoa usuária, realizado
conjuntamente pelos
profissionais e pela pessoa
usuária e com busca ativa
Ênfase das
intervenções
Curativas e reabilitadoras sobre
condições estabelecidas
Promocionais, preventivas,
curativas, cuidadoras,
reabilitadoras ou paliativas,
atuando sobre determinantes
sociais da saúde intermediários
e proximais e sobre as
condições de saúde
estabelecidas
Modelo de atenção
à saúde
Fragmentado por ponto de
atenção à saúde, sem
estratificação de riscos e voltado
para as condições de saúde
estabelecidas
Integrado, com estratificação
dos riscos, e voltado para os
determinantes sociais da saúde
intermediários e proximais e
sobre as condições de saúde
estabelecidas
25
Quadro 6 - As características diferenciais dos sistemas fragmentados e das
Redes de Atenção à Saúde (continuação)
CARACTERÍSTICA SISTEMA FRAGMENTADO REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
Modelo de gestão
Gestão por estruturas isoladas
(gerência hospitalar, gerência da
APS, gerência dos ambulatórios
especializados etc)
Governança sistêmica que
integre a APS, os pontos de
atenção à saúde, os sistemas
de apoio e os sistemas
logísticos da rede
Planejamento
Planejamento da oferta, e
baseado em séries históricas e
definido pelos interesses dos
prestadores
Planejamento das
necessidades, definido pela
situação das condições de
saúde da população adscrita e
de seus valores e preferências
Ênfase do cuidado
Cuidado profissional centrado nos
profissionais, especialmente os
médicos
Atenção colaborativa realizada
por equipes multiprofissionais e
pessoas usuárias e suas
famílias e com ênfase no
autocuidado apoiado
Conhecimento e
ação clínica
Concentradas nos profissionais,
especialmente médicos
Partilhadas por equipes
multiprofissionais e pessoas
usuárias
Tecnologia de
informação
Fragmentada, pouco acessível e
com baixa capilaridade nos
componentes das redes de
atenção à saúde
Integrada a partir de cartão de
identidade das pessoas
usuárias e de prontuários
eletrônicos e articulada em
todos os componentes da rede
de atenção à saúde
Organização
territorial
Territórios político-administrativos
definidos por uma lógica política
Territórios sanitários definidos
pelos fluxos sanitários da
população em busca de atenção
Sistema de
financiamento
Financiamento por procedimentos
em pontos de atenção à saúde
isolados
Financiamento por valor global
ou por capitação de toda a rede
Participação social
Participação social passiva e a
comunidade vista como
cuidadora
Participação social ativa por
meio de conselhos de saúde
com presença na governança
da rede
Fontes: Mendes (2001b); Fernandez (2004) in: Mendes (2011).
3.2.1 Modelo de Atenção às Condições Crônicas
O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC) foi desenvolvido por Mendes
(2007), com base nos elementos do Modelo da Pirâmide de Risco, (também
conhecido como Pirâmide da Kaiser Permanente), Modelo da Atenção Crônica
26
(WAGNER, 1996) e Modelo de Determinação Social da Saúde de Dahlgren e
Whitehead (1991), em função da singularidade do sistema de saúde brasileiro
(Figura 1).
Figura 1 – Modelo de Atenção as Condições Crônicas (MACC) Fonte: Mendes, 2011.
Este modelo propõe a organização do processo de trabalho nas equipes de saúde,
devendo comportar ações desde o nível de promoção da saúde até o nível de
gestão de casos, apresentando ações diferenciadas para cada nível da pirâmide
(MENDES, 2011):
As intervenções de nível 1 devem ser aplicadas na população total. Elas estão
relacionadas à macropolíticas, tais como educação, distribuição de renda, trabalho,
habitação, lazer e saneamento, necessitando de parcerias intersetoriais para a
obtenção de resultados satisfatórios.
No nível 2, é necessário o rastreamento pela APS das subpopulações com fatores
de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas (ex.: indivíduos tabagistas,
com sobrepeso ou obesidade, sedentárias, usuários excessivos de álcool, com
alimentação inadequada). Neste nível as principais ferramentas utilizadas devem ser
27
as ações que estimulam o comportamento e o estilo de vida saudáveis tanto no
âmbito individual quanto no coletivo.
Já no nível 3, a APS deverá focar nas ações de tratamento da condição crônica e de
rastreamento das complicações, uma vez que nesse nível encontram-se usuários
com fatores de risco biológicos e usuários com condições crônicas, de baixo e médio
risco.
Nos níveis 4 e 5, as intervenções devem ser direcionadas aos usuários com
condições crônicas complexas e muito complexas, frequentemente acometidos por
complicações dessas condições, fazendo-se necessário o manejo do caso de
maneira individualizada e em cogestão com profissionais especialistas.
O MACC pressupõe a prática de várias tecnologias leves, as quais têm se mostrado
eficazes, efetivas e eficientes para a abordagem dos usuários com essas condições
de saúde, além de contemplar o autocuidado do usuário, que atua como agente
ativo nesse processo, apoiado pela equipe de saúde. Quanto menor a complexidade
da condição crônica abordada, o autocuidado apoiado deverá ser mais eficaz,
efetivo e eficiente, e quanto maior a complexidade da condição crônica, mais
relevante será o cuidado profissional (MENDES, 2011).
3.3 A Rede Hiperdia Minas
No contexto do MACC, em resposta à atual magnitude dos problemas de saúde, o
Governo de Minas estabeleceu como principal estratégia a implantação de Redes de
Atenção à Saúde em cada uma das 75 Regiões de Saúde do Estado, para prestar
uma assistência contínua à população.
Em janeiro de 2009, a Rede Hiperdia Minas tornou-se uma rede de atenção à saúde
prioritária no Estado, tendo como missão de ampliar a longevidade e melhorar a
qualidade de vida da população por meio de intervenções capazes de diminuir a
morbimortalidade por hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças
cardiovasculares e doença renal crônica.
28
A Rede Hiperdia Minas tem como missão:
Coordenar a estruturação da rede de atenção à saúde com o objetivo de planejar e integrar ações no Estado, nos diferentes níveis de complexidade do sistema de saúde. Através dessa rede pretende-se uma reestruturação, ampliação e maior resolutividade dos serviços de saúde (ALVES JR et al, 2010).
Como podemos observar na Figura 2, os níveis de atenção à saúde (primário,
secundário e terciário) são constituídos por pontos de atenção integrados, que
constituem uma rede temática de atenção à saúde juntamente com os sistemas de
apoio e logísticos (SES/MG, 2013).
Figura 2: Rede assistencial de Hipertensão e Diabetes Fonte: Coordenação Estadual de Hipertensão e Diabetes - SES/MG, 2010.
A Rede Hiperdia tem como premissa implantação de novas diretrizes clínicas e
operacionais, fortemente determinadas pelas estratificações de risco da população
abordada. Para isso, houve a necessidade de estruturação de pontos de
atendimento secundário que garantissem aos usuários com condições crônicas
complexas o acesso oportuno e de qualidade ao serviço especializado (ALVES JR et
al, 2010).
29
Portanto, uma ação que se destaca como inovadora e de fundamental importância
para o sucesso da Rede é a implantação dos Centros Hiperdia Minas.
3.3.1 Os Centros Hiperdia Minas
De acordo com a Resolução SES Nº 2970 de outubro 2011, os Centros Hiperdia
Minas (CHDM) são pontos de atenção secundária de abrangência regional,
diretamente interligados com os pontos de atenção primária e terciária, que atuam
de forma articulada com o território de abrangência por meio do sistema de
referência e contrarreferência.
Os centros são prioritariamente implantados nos municípios polo de regiões de
saúde e tem como público alvo a população do município polo e dos respectivos
municípios que compõem a região (SES/MG, 2013).
Seus objetivos principais são:
Reduzir a mortalidade e as complicações preveníveis por hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, doença renal crônica e doença cardiovascular, melhorando a qualidade de vida desses usuários. Além de prestar assistência especializada ao seu público-alvo (usuários com as condições crônicas citadas e que tenham maior complexidade) (SES/MG, 2010).
Outros objetivos específicos são:
I – prestar assistência especializada aos usuários portadores de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doença renal crônica que se enquadram nos critérios de encaminhamento, conforme o at. 13 dessa resolução; II – colaborar para supervisionar a atenção prestada a esses usuários pelo nível primário de assistência à saúde aos usuários, ao que se refere o inciso I deste artigo; III - promover educação permanente aos profissionais de saúde envolvidos na atenção primária e secundária à saúde em sua área adscrita; IV - fomentar pesquisas científicas e operacionais em hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doença renal crônica (SES/MG, 2010).
As diretrizes dos CHDM, idealizadas de acordo com o modelo de redes de atenção,
os diferenciam dos centros de especialidades. Ao atrelar o seu financiamento à
contratualização de serviços planejados, essa proposta também inova, rompendo
30
com a lógica de pagamento por procedimento vigente no SUS. Os centros contam
com recursos estaduais para sua construção, aquisição de equipamentos e custeio
mensal. Além disso, foram incorporadas novas ferramentas de gestão, permitindo
monitoramento contínuo das metas pactuadas da produção assistencial e do
desempenho contábil desses centros (ALVES JR et al, 2010).
O financiamento está vinculado ao modelo de atenção e ao desempenho de cada
centro, aferidos pelo processo padronizado de supervisão e avaliação de acordo
com a Resolução SES Nº 4187 de fevereiro de 2014 (SES/MG, 2014).
Atualmente em Minas Gerais estão implantados 15 CHDM (Figura 3), beneficiando
cerca de 4,5 milhões de pessoas (22,9% da população).
Figura 3: Centros Hiperdia Minas implantados no Estado Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes – SES/MG, 2015.
A carteira de serviços dos CHDM leva em consideração a rede de saúde existente, o
número de especialistas e os recursos disponíveis, podendo contar com a carteira
básica ou ampliada, conforme os Quadros 7 e 8 apresentados a seguir.
31
Quadro 7 - Centro Hiperdia Minas - Carteira Básica de Serviços
Atendimentos Exames
Endocrinologia Eletrocardiografia
Cardiologia Ecocardiografia
Nutrição Teste Ergométrico
Psicologia Holter 24 horas
Assistência Social MAPA
Enfermagem, incluindo pé diabético Doppler Vascular portátil
Fisioterapeuta* Retinografia sem contraste
Educador Físico*
Farmacêutico Clínico*
* Incluídos em 2014 Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da SES/MG, 2014.
Quadro 8 - Centro Hiperdia Minas - Carteira Ampliada de Serviços
Consultas médicas/Atendimentos Exames/Procedimentos
Carteira Básica e ao menos um dos seguintes:
Oftalmologia Retinografia com contraste*
Angiologia Fotocoagulação a laser*
Nefrologia
* Caso haja oftalmologista
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da SES/MG, 2014.
A partir da consolidação de evidências científicas, foram instituídos critérios de
encaminhamento pela APS aos CHDM, que são periodicamente revistos pela equipe
técnica da SES/MG (Quadro 9).
32
Quadro 9 - Critérios de encaminhamento ao CHDM
CRITÉRIOS DE ENCAMINHAMENTO
Diabetes mellitus
Usuário com DM1
Usuário com DM2, nos seguintes casos:
Alto e muito alto grau de risco (Quadro 5), especialmente se em uso de insulina ou
se
Em uso de antidiabético oral em dose plena e insulinização impossível de ser
realizada na APS
Usuário recém diagnosticado + indicação de insulinização (glicemia acima de
300mg/dl) + insulinização impossível de ser realizada na APS
Baixa de acuidade visual repentina
Usuário com DM tipo 1 ou tipo 2 com diagnóstico de perda de sensibilidade protetora
plantar confirmado e/ou alterações na avaliação vascular dos pés
Diabetes gestacional
Hipertensão arterial
Usuário hipertenso de alto ou muito alto grau de risco
Usuário com HAS Resistente
Usuário com suspeita de HAS Secundária
Doença hipertensiva especifica da gravidez
Doença renal crônica
Usuário com DRC, hipertenso e/ou diabético de alto ou muito alto grau de risco
Usuário hipertenso e/ou diabético com perda anual da filtração glomerular estimada ≥ 5
mL/min/ano
Usuário hipertenso e/ou diabético com proteinúria > 1,0 g/dia ou proteinúria < 1,0 g/dia +
hematúria
Usuário hipertenso e/ou diabético com aumento abrupto da creatinina sérica (≥30%)
Usuário hipertenso e/ou diabético com diminuição de 25% da filtração glomerular estimada
ao iniciar alguma medicação que bloqueie o eixo renina-angiotensina-aldosterona
Fonte: Coordenadoria da Rede de Hipertensão e Diabetes da SES/MG, 2014.
Recentemente, a SES/MG elaborou, a partir da observação da própria dinâmica dos
centros, o Protocolo Clínico dos Centros Hiperdia Minas, com objetivo de explicitar
ferramentas de gestão da clínica que contribuirão para organizar o padrão de
atendimento ao usuário com ações de prevenção, diagnóstico, cura/cuidado ou
reabilitação; além de fornecer conteúdo técnico para o desenvolvimento de ações
educativas com usuários, família e cuidadores. Apesar de o protocolo estar em
processo de impressão, o material já está sendo utilizado pelos CHDM (SES/MG,
2013, NO PRELO).
33
3.3.2 Periodicidade das consultas, dinâmica e parâmetros de assistência no CHDM
A periodicidade das consultas dependerá do controle clínico, das complicações
crônicas existentes, da gravidade do usuário e de suas necessidades em saúde. Por
exemplo, usuários bem controlados serão agendados para as consultas no CHDM a
cada 4 meses ou mais, sendo as mesmas intercaladas com o atendimento na APS.
Já os usuários que não atingirem as metas pressóricas, metabólicas ou nefrológicas
preconizadas, poderão retornar em intervalos mais frequentes, conforme critério
médico (SES/MG, 2013, NO PRELO).
De acordo com o modelo proposto, este protocolo contempla além da atenção
profissional, tecnologias leves que foram sistematizadas por meio de um grupo
consolidador interdisciplinar e interinstitucional para serem aplicadas nos CHDM em
sua dinâmica de atendimento, resumidas no Quadro 10.
Quadro 10 – Resumo da dinâmica de atendimento no CHDM
Dinâmica de Atendimento no Centro Hiperdia Minas
Sala de espera: tem como objetivo promover um cuidado humanizado, efetivando a
aproximação entre a comunidade e os serviços de saúde, por meio de atividades que
extrapolam o cuidado, tais quais educação em saúde, prevenção de doenças e promoção
da saúde. Nos CHDM, as atividades de sala de espera devem ser realizadas por todos os
profissionais da equipe, com duração sugerida de vinte minutos.
No desenvolvimento dessa atividade, podem ser utilizados recursos como: material
educativo (folders, cartazes, panfletos, cartilhas), vídeos, dinâmica de grupo e materiais
específicos ao tema abordado.
Acolhimento: refere-se à prática de atendimento aos usuários, por meio de
reconhecimento do indivíduo de forma empática, possibilitando esclarecimentos sobre o
acesso por meio da oferta de ações e serviços mais adequados, contribuindo para a
satisfação do usuário. O vínculo entre profissional/usuário estimula a autonomia e a
cidadania, promovendo sua participação durante a prestação de serviço.
Especialmente na primeira consulta, usuários do CHDM serão acolhidos por um
profissional da equipe, com a finalidade de abordar a dinâmica de funcionamento do CHDM
no que se refere ao atendimento interdisciplinar, importância da vinculação do usuário à
APS, direitos e deveres do usuário no tratamento.
Pode ser realizado por todos os profissionais, durante o período em que estes
permanecem no CHDM, tanto na primeira consulta quanto nas subsequentes e na
realização de exames.
Interconsulta: Uma das aplicações do conceito de interdisciplinaridade diz respeito à
interconsulta, que consiste no atendimento do usuário por dois ou mais profissionais
simultaneamente, segundo as necessidades de saúde identificadas no momento da
consulta, tendo como consequência uma abordagem biopsicossocial do usuário.
34
Quadro 10 – Resumo da dinâmica de atendimento no CHDM (continuação)
Dinâmica de Atendimento no Centro Hiperdia Minas
Abordagem de Enfermagem
Abordagem Psicológica
Abordagem Nutricional
Abordagem Social
Abordagem Médica
Abordagem de Farmácia Clínica
Abordagem de Educação Física
Abordagem Fisioterapêutica
Elaboração do plano de cuidados individualizado: é uma estratégia de organização
sistematizada do cuidado multiprofissional e interdisciplinar, elaborada e revisada pela
equipe durante o curso da assistência proposta, a partir das necessidades de saúde
individuais de cada usuário. Envolver o usuário, seu grupo familiar, sua rede de suporte
social e os membros da equipe de saúde em prol do cuidado proposto, participando todos
sobre as decisões e atividades relacionadas ao cuidado profissional e ao autocuidado
apoiado, visando a adesão do usuário às orientações da equipe interdisciplinar e o alcance
das metas estabelecidas. Deve promover e integrar as ações do usuário e dos demais
agentes terapêuticos envolvidos em direção à saúde do usuário, para alcançar o maior
grau de adesão, independência e eficiência possível. Em todas as consultas do usuário no
CHDM, os profissionais devem reavaliar o plano de cuidado e fazer os ajustes,
considerando as necessidades de saúde do momento (ANEXO A).
Gestão de casos: processo interdisciplinar cooperativo que se desenvolve entre o
profissional gestor do caso, a pessoa com condição de saúde muito complexa e sua rede
de suporte social, a fim de possibilitar o planejamento, a implementação, o monitoramento
e a avaliação do plano de cuidado do indivíduo. Deve seguir a periodicidade prevista na
atenção programada, baseada no risco clínico e social (ANEXO B).
Fonte: SES/MG, 2013 (NO PRELO).
O CHDM possui, ainda, parâmetros de assistência definidos por
procedimento/exame, preconizados no cuidado de usuários com diabetes mellitus de
alto e muito alto riscos na Atenção Secundária à Saúde (Quadro 11), assim como os
exames complementares preconizados nos atendimentos (Quadro 12) (SES/MG,
2013, NO PRELO).
35
Quadro 11: Parâmetros de assistência para os usuários com diabetes mellitus
de alto e muito alto riscos, na Atenção Secundária à Saúde da rede da SES/MG
Procedimento/ exame previsto
Estratificação de risco dos usuários
Diabéticos de alto risco Diabéticos de muito alto
risco
Consulta de cardiologia 1/ano 1/ano
Consulta de endocrinologia 3/ano 4/ano
Consulta de oftalmologia
(avaliação)
1/ano 1/ano
Consulta de nefrologia 3/ano, somente para os
diabéticos com DRC de alto
risco
4/ano, somente para os
diabéticos com DRC de
muito alto risco
Consulta de angiologia 1/ano 1/ano
Consulta de enfermagem 3/ano 4/ano
Avaliação do pé diabético
(conforme estadiamento)
1/ano 1/ano
Consulta de nutrição 3/ano 4/ano
Atendimento de psicologia 3/ano 4/ano
Assistência social 1/ano 2/ano
Atendimento de fisioterapia 1/ano 1/ano
Atendimento de Farmácia
Clinica
2/ano 4/ano
Atendimento por Educador
Físico
2/ano 4/ano
MAPA 1/4 anos 1/4 anos
HOLTER 1/5 anos 1/5 anos
Eletrocardiograma 1/ano 1/ano
Teste de esforço 1/ 4 anos para usuários sem
eventos agudos (75%), e 1/
2 anos, para usuários com
eventos agudos (25%)
1/ 4 anos para usuários
sem eventos agudos
(75%), e 1/ 2 anos, para
usuários com eventos
agudos (25%)
Ecocardiograma 1/ 5 anos para usuários sem
eventos agudos (75%), e 1/
2 anos, para usuários com
eventos agudos (25%)
1/ 5 anos para usuários
sem eventos agudos
(75%), e 1/ 2 anos, para
usuários com eventos
agudos (25%)
Fundoscopia* 1/ano 1/ano
Retinografia sem contraste 1/ano 1/ano
Retinografia com contraste De acordo com a avaliação
do oftalmologista
De acordo com a avaliação
do oftalmologista
Fotocoagulação a laser De acordo com a avaliação
do oftalmologista
De acordo com a avaliação
do oftalmologista
*Especialmente na ausência da retinografia sem contraste e com avaliação anterior sem achados significativos. Fonte: SES/MG, 2013.
36
Quadro 12: Relação da periodicidade dos exames complementares sugeridos
para os usuários diabéticos com bom controle glicêmico no CHDM ao longo de
12 meses
Exames complementares 1º quadr. 2º quadr. 3º quadr.
Glicose de jejum X X X
Avaliação da glicemia capilar (automonitorização) X X X
Glicose pós-prandial (2 h pós-almoço) X X X
HbA1c (semestralmente) X S/N X
Colesterol total (anualmente) X S/N X
Colesterol HDL (anualmente) X S/N S/N
Triglicérides (anualmente) X S/N S/N
CPK, TGO, TGP (semestralmente nos usuários em
uso de estatinas) X S/N X
Ácido Úrico (anualmente se o usuário não apresentar
hiperuricemia) X S/N S/N
Vitamina B12 (anualmente nos usuários de
Metformina) X S/N S/N
Creatinina para o cálculo da taxa de filtração
glomerular (anualmente nos usuários sem nefropatia) X S/N S/N
K (semestralmente, nos hipertensos, em uso de
inibidores de enzima de conversão (IECA) e
bloqueadores do receptor da angiotensina II (BRA)
X S/N X
EAS+ PHQ (anualmente, nos usuários sem
nefropatia) X S/N S/N
Relação albumina/creatinina (anualmente, nos
usuários sem nefropatia) X S/N S/N
TSH (anualmente, nos usuários com DM1 e mulheres
acima de 50 anos) X S/N S/N
ITB (anualmente) X S/N S/N
Quadr. = Quadrimestre. S/N = Se necessário. HbA1c = Hemoglobina glicada. CPK = Creatinofosfoquinase. TGO = Transglutaminase oxalacetica pirúvica. TGP = Transaminase glutâmico pirúvica. K =potássio. EAS = elementos anormais e sedimentos. PHQ = Piúria e hematúria quantitativa. TSH = Hormônio tireoestimulante. ITB = Índice tornozelo braço. ECG = Eletrocardiograma. Fonte: SES/MG, 2013 (NO PRELO).
3.3.4 Critérios de alta do Centro Hiperdia Minas
Terão alta do CHDM os usuários DM2 com bom controle glicêmico, que possibilitem
acompanhamento integral na APS (SES/MG, 2013, NO PRELO).
37
3.3.5 Centro Hiperdia Minas da Região de Saúde de Viçosa
No município de Viçosa, o Centro Hiperdia Minas iniciou suas atividades em
dezembro de 2010, oferecendo atenção especializada à saúde dos usuários com
HAS, DM, e DRC que se enquadram nos critérios de encaminhamento, e residentes
dos nove municípios que compõem a Região de Saúde.
A Região de Viçosa, no segmento da saúde, está inserida na Macrorregião Leste do
Sul, pertence à Superintendência Regional de Saúde de Ponte Nova e é composta
pelos seguintes municípios: Araponga, Cajuri, Canaã, Paula Cândido, Pedra do
Anta, Porto Firme, São Miguel do Anta, Teixeiras e Viçosa, abrangendo em sua
totalidade cerca de 130 mil habitantes. A distribuição geográfica dos municípios
pode ser visualizada na Figura 4. No Quadro 13 podemos observar o número de
habitantes por município e sua distância em relação ao município polo.
Quadro 13 - População da Região de Saúde de Viçosa e distância do município
polo
Município População (habitantes) Distância do município
polo (Km)
Araponga 8.152 51
Cajuri 4.047 18
Canaã 4.628 44
Paula Cândido 9.271 25
Pedra do Anta 3.365 35
Porto Firme 10.410 35
São Miguel do Anta 6.750 23
Teixeiras 11.346 13
Viçosa 72.220 -
Fonte: IBGE, 2010
38
Figura 4: Região de Saúde de Viçosa/MG Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Viçosa, 2015.
O CHDM Região de Viçosa conta com uma área de 604 metros2, divididos em 3
consultórios médicos, 1 consultório de enfermagem, 1 consultório de nutrição, 1 sala
de espera, 1 sala do pé diabético, 1 sala de observação, 1 sala de lanche para os
usuários, 1 sala de reunião, 1 sala de teste ergométrico, 1 sala de eletrocardiografia
e retinografia, 1 grande salão que conta com vestiários, onde funciona os serviços
de fisioterapia e atividade física, 9 banheiros, 1 expurgo, 1 sala de esterilização, 1
almoxarifado e 1 copa.
Em relação à carteira de serviços, o centro conta com 1 assistente social, 2
enfermeiras, 2 técnicas de enfermagem, 2 endocrinologistas, 2 cardiologistas, 1
nutricionista e 1 psicóloga (carteira básica), além de 1 nefrologista (carteira
ampliada). O farmacêutico clínico e o fisioterapeuta iniciaram suas atividades no
segundo semestre de 2014. Há ainda no Centro um projeto em parceria com o
Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, que
proporciona atividade física assistida a usuários selecionados.
Quanto aos exames, atualmente são realizados: Eletrocardiografia, Teste
Ergométrico, Doppler Vascular portátil. A Retinografia sem contraste foi iniciada no
centro em março de 2015.
39
4. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, seccional e tranversal, baseado em
dados registrados nos prontuários de usuários diabéticos tipo 2 na primeira consulta
no CHDM e nos atendimentos subsequentes da equipe interdisciplinar.
A pesquisa foi desenvolvida no CHDM da Região de Saúde de Viçosa, no período
de junho de 2014 a janeiro de 2015. A coleta de dados ocorreu após as consultas
dos usuários no centro. Os critérios de inclusão adotados foram: ter diagnóstico de
DM2, ser assistido pela equipe do CHDM e residir na Região de Saúde de Viçosa.
Os critérios de exclusão foram: recusa em participar do estudo, estar grávida no
período da pesquisa e ter idade inferior a dezoito anos.
A partir de um estudo piloto com 10 usuários foi possível obter estimativas para o
cálculo do tamanho da amostra a ser considerada para a pesquisa. Sendo a
hemoglobina glicada uma das variáveis mais importantes do estudo, o cálculo
amostral foi baseado nela.
A fórmula para o cálculo amostral neste caso é md
mzzn
))1(1()(2 22
2/
Notação Representa n Tamanho da amostra
Probabilidade de erro tipo I
Probabilidade de erro tipo II
z/2 Percentil de ordem (1-) da distribuição gaussiana padrão
Desvio-padrão da diferença antes x depois da intervenção
d Média das diferenças entre medidas antes x depois da intervenção
m
Correlação entre as medidas repetidas no mesmo indivíduo Número de repetições por indivíduo
Pelo estudo piloto, estimamos = 3,01 e d = 2,16 e sendo =0,80 (correlação padrão
para estudos longitudinais), seria necessário recrutar no mínimo cerca de 60
indivíduos no pré-teste e os mesmos 60 no pós-teste para obter um poder de 80% (
= 0,2), considerando um nível de significância = 0,05, como mostrado no cálculo a
seguir:
40
md
mzzn
))1(1()(2 22
2/ 60
)16,2(2
)80,0)12(1(01,3)84,096,1(2 22
n
Entre os usuários que compareceram à consulta com endocrinologistas do CHDM,
foram selecionados aqueles que atendiam os critérios de inclusão do estudo,
totalizando 117 usuários.
No período do estudo ocorreram 17 perdas (16 usuários não retornaram em tempo
hábil para reavaliação após a primeira consulta e 1 veio a óbito) e 5 usuários não se
encaixaram nos critérios, totalizando 22 exclusões. Assim sendo, foram analisados
95 usuários. A fim de organizar a análise, as informações foram agrupadas em
dados iniciais e finais, uma vez que o número de consultas não era homogêneo no
grupo (Figura 5).
Figura 5 – Fluxo de coleta e organização dos dados Fonte: Elaborado pela autora
Foram coletados dados retrospectivos, desde a primeira consulta do usuário no
centro, até o último atendimento deste mesmo usuário dentro do período do estudo,
sendo registrados, então, dados no período de 2011 a 2015. Foi utilizado
instrumento de coleta contendo dados socioeconômicos, clínicos e bioquímicos dos
usuários, além dos atendimentos realizados pela equipe e dos registros de
avaliações de complicações (Apêndice A).
EXCLUÍDOS
22
CONSULTAS
334
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
95
USUÁRIOS ESCOLHIDOS
ALEATORIAMENTE 117
DADOS
FINAIS
DADOS
INICIAIS
PERDAS
17
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
5
41
Para análise dos dados foram construídas tabelas utilizando o Excel software
Microsoft Office 2010, enquanto as frequências foram realizadas no programa Epi
Info 7. Os dados foram testados quanto a Normalidade pelo Teste de Kolmogorov-
Srmirnov. Todas as variáveis apresentaram distribuição Normal, portanto foi utilizada
a classe dos testes paramétricos.
Para as comparações inicial e final das variáveis colesterol total, HDL, LDL,
triglicérides, IMC e HbA1c, foi utilizado o teste T Pareado. E, ao comparar os
momentos inicial e final em relação ao uso de estatinas e insulinoterapia, foi utilizado
o teste de Mc Nemar. O teste T de Student foi utilizado para comparar a redução da
HbA1c quanto ao uso de estatinas e insulinoterapia.
Para realização da pesquisa foi solicitada autorização do Secretário Municipal de
Saúde de Viçosa e da Gerente do CHDM (Anexo C). Os usuários foram convidados
a participar do estudo mediante esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa,
voluntariedade da sua participação, garantia da privacidade e integridade física e
moral. Foram coletados dados apenas dos usuários que concordaram em participar
da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B).
A pesquisa seguiu os preceitos éticos, conforme Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres
humanos do Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa (Anexo D).
42
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Características dos participantes à admissão no CHDM da Região de Saúde
de Viçosa
Durante a avaliação das consultas a partir dos prontuários, foi observado o
preenchimento adequado dos dados socioeconômicos, clínicos e bioquímicos, além
de cópias dos planos de cuidados individualizados, realizados pela equipe
interdisciplinar e enviados à APS.
A amostra foi composta por usuários com idade média de 60,5 anos. Em relação ao
tempo de diagnóstico do diabetes, a média foi de 12 anos. Houve predomínio do
gênero feminino (70,5%), de pardos (40%) e de casados (60%). No que se refere às
condições socioeconômicas, 51% eram aposentados ou pensionistas, 14,7% tinham
renda inferior a um salário mínimo e 41% não possuíam educação formal (Tabela 1).
A baixa condição socioeconômica certamente limita o acesso às informações,
podendo reduzir oportunidades de aprendizagem relacionadas ao cuidado à saúde.
Além disso, pode haver uma menor valorização das ações preventivas e busca por
serviços de saúde tardiamente, repercutindo no agravo da doença (VIANA et al,
2015; GOMES-VILLAS BOAS et al, 2011; PACE et al, 2006; WAUGH, 2007;
SALLES et al, 2004).
Estes resultados chamam atenção, ainda, para a relevância do atendimento do
serviço social, com anamnese social detalhada, a fim de intervir, garantindo
benefícios no campo da saúde (assistência farmacêutica, tratamento fora do
domicílio etc), da assistência social (bolsa família, passe livre para idosos,
cadastramento habitacional popular e programas afins) e no campo da previdência
social (formas de contribuição e aquisição dos benefícios, agências de referência,
diferentes tipos de aposentadoria, dentre outras) (SES/MG, 2013 NO PRELO).
Sobre o uso do serviço pelos municípios que compõem a Região de Saúde,
observamos que o município de Viçosa demandou 51,6% dos atendimentos,
43
seguido por Porto Firme (13,7%) e Canaã (11,6%). É valido ressaltar a baixa
utilização pelos municípios de Araponga e Cajuri, ambos contribuindo com
percentual de 1% (Tabela 1).
A subutilização do serviço pode demonstrar a fragilidade da APS local, além do
possível desconhecimento das Redes de Atenção em Saúde, uma vez que é papel
da APS estratificar o risco destes usuários e garantir que os mesmos sejam
assistidos pela rede conforme sua necessidade de saúde (MENDES, 2012).
44
Tabela 1 – Características socioeconômicas dos usuários assistidos no CHDM na primeira consulta
VARIÁVEIS N(%) n=95
MÉDIA ± DP
IDADE (anos)
TEMPO DE DIABETES (anos)
60,5 ± 11,6
11,9 ± 6,6
GÊNERO
Feminino 67(70,5)
Masculino 28(29,5)
RAÇA
Branca 34 (35,8)
Negra 23(24,2)
Parda 38(40)
ESCOLARIDADE
Sem escolaridade 39(41)
Ensino Fundamental I incompleto 38(40)
Ensino Fundamental I completo 6(6,3)
Ensino Fundamental II incompleto 5(5,3)
Ensino Fundamental II completo 1(1)
Ensino médio 6(6,3)
ESTADO CIVIL
Solteiro 13(13,7)
Casado/união estável 60(63,2)
Divorciado 5(5,3)
Viúvo 17(17,9)
OCUPAÇÃO
Aposentado/ pensionista 49(51,6)
Dona da casa 22(23,2)
Doméstica 7(7,4)
Trabalhador na construção civil 4(4,2)
Desempregado 3(3,2)
Outras 10(10,5)
RENDA FAMILIAR
Sem renda 1(1)
<1 salário 14(14,7)
1 salário 47(49,5)
1,5 a 3 salários 33(34,8)
USUÁRIOS DE ACORDO COM MUNICÍPIO
Araponga 1(1)
Cajuri 1(1)
Canaã 11(11,6)
Paula Candido 7(7,4)
Pedra do Anta 4(4,2)
Porto Firme 13(13,7)
São Miguel do Anta 4(4,2)
Teixeiras 5(5,2)
Viçosa 49(51,6)
Fonte: Elaborado pela autora
45
Na consulta inicial no CHDM, 15% dos usuários eram tabagistas, 2,1% etilistas e
69,5 sedentários. Ao final deste estudo não ficou claro nos prontuários o número de
indivíduos que mantiveram esses hábitos. Em relação ao sedentarismo, as principais
causas apontadas nos prontuários foram contra indicações cardiológicas para a
realização de atividades físicas e/ou dificuldades físicas (Tabela 2). Os resultados
apontam para a necessidade da padronização no preenchimento das informações
sobre o estilo de vida nos prontuários.
Em relação ao IMC, 51,6% dos indivíduos foram classificados como obesos. O IMC
acima de 35 aumenta o risco do desenvolvimento do DM2 em 93 vezes em mulheres
e 42 vezes em homens, tornando o risco de morte por diabetes quatro vezes maior
do que entre pessoas de peso adequado (FRANCISCHI et al, 2000; GOMES et al,
2006). O protocolo do CHDM indica para casos de obesidade em diabéticos a
abordagem nutricional através da reeducação e plano alimentar hipocalórico, além
de recomendação de acesso adicional aos serviços de nutrição em nível municipal,
como o NASF (SES/MG, 2013 NO PRELO).
Entretanto, são consideradas opções terapêuticas para a obesidade, além do
tratamento nutricional, o farmacológico (com limitações), a realização de atividade
física direcionada para o agravo e a avaliação de cirurgia bariátrica, não
contemplados no protocolo do CHDM (MINGRONE et al, 2012; SCHAUER et al,
2012). Assim sendo, é importante a revisão do protocolo em relação à obesidade no
DM2, visto sua alta prevalência.
Quanto ao lipidograma, todos os resultados apresentavam-se alterados no primeiro
atendimento (Tabela 2), porém, somente 50% dos usuários iniciaram o
acompanhamento no CHDM fazendo uso de estatinas. A Linha Guia (SES/MG,
2013) preconiza que as estatinas devem ser utilizadas, acrescidas às medidas não
farmacológicas, em diabéticos com idade superior a 40 anos na presença de um ou
mais fatores de risco para DCV. Portanto, este resultado aponta para possível falha
da APS no que se refere à indicação deste fármaco.
Em relação à hemoglobina glicada (HbA1c), observou-se na admissão valor médio
de 10,9% (Tabela 2), média considerada elevada se comparada à estudo realizado
46
em cinco diferentes regiões do Brasil com usuários DM2 do sistema público de
saúde, que apontou 8,6% (VIANA et al, 2015). Porém, vale ressaltar que
diferentemente deste estudo, os indivíduos referenciados ao centro são
estratificados com DM de alto e muito alto risco, ou seja, conforme os parâmetros os
de estratificação estabelecidos pelo CHDM, são encaminhados com a HbA1c
superior a 9% (SES/MG, 2013).
Quanto aos fármacos utilizados, 86,3% dos usuários faziam uso de medicações
orais e 55,7% eram tratados com insulinas (Tabela 2).
47
Tabela 2 – Características dos usuários do CHDM da Região de Saúde de
Viçosa na primeira consulta em relação às variáveis: idade, tempo de diabetes,
características bioquímicas e tratamento
Fonte: Elaborado pela autora
5.2 Acompanhamento interdisciplinar no CHDM da Região de Saúde de Viçosa
Em relação ao tempo de acompanhamento interdisciplinar (Tabela 3), considerando
o número preconizado de consultas, os atendimentos nutricionais e principalmente
os psicológicos, ficaram aquém do esperado (3 a 4 consultas/ano). O número de
atendimentos do serviço social obteve uma média aceitável, já que o esperado é de
VARIÁVEIS N(%) n=95
MÉDIA ± DP
TABAGISMO
ETILISMO
16(15)
2(2,1)
SEDENTARISMO 66(69,5) 30,6 ± 5,7
IMC
Baixo peso (<18,5) 1(0,9)
Peso adequado (18,5 – 24,9) 8(8,4)
Sobrepeso (25 – 29,9) 37(39)
Obesidade (>30) 49(51,6)
COLESTEROL TOTAL 201,2 ± 59,8
HDL
LDL
45,8 ± 9,3
118 ± 41,3
TRIGLICÉRIDES
HbA1c
190,6 ± 181,5
10,9 ± 1,5
MEDICAÇÃO ORAL
Sulfoniluréias 2(2,1)
Metformina 37(38,9)
Ambas
Não uso
43(45,3)
13(13,7)
INSULINOTERAPIA
Insulinot. Basal 48(50,5)
Insulinot. basal+bolus 5(5,3)
Não uso 42(44,2)
48
1 a 2 consultas por ano, assim como os atendimentos da endocrinologia e
enfermagem que devem ocorrer de 3 a 4 vezes por ano, de acordo com protocolo
(SES/MG, 2013 NO PRELO).
Em relação aos atendimentos dos cardiologistas e nefrologista, o protocolo de
encaminhamento interno para as especialidades no CHDM estabelece a
estratificação do risco cardiovascular e renal, portanto são assistidos por esses
profissionais somente indivíduos que apresentem complicações ou fatores de riscos,
podendo explicar o menor número de consultas com essas especialidades
(SES/MG, 2013 NO PRELO).
Tabela 3 – Características do atendimento no CHDM da Região de Saúde de Viçosa em relação ao tempo de acompanhamento - em meses, e consultas -
por ano, de acordo com categoria profissional
VARIÁVEIS MÉDIA± DP MIN-MAX
TEMPO DE ACOMPANHAMENTO (meses)
Nº DE CONSULTAS (ano)
15,6 ± 9,8 4 - 43
Cardiologia 1,5 ± 1,5 0 - 7
Endocrinologia 3,3 ± 1,4 2 - 8
Enfermagem 3,2 ± 1,3 1 - 8
Nutrição 2,1 ± 1,1 1 - 6
Nefrologia 0,7 ± 1,2 0 - 6
Psicologia 1,8 ± 1,1 0 - 7
Serviço Social 1,6 ± 1,2 0 - 7
Fonte: Dados da pesquisa
Quando consideramos a avaliação de complicações de acordo com o recomendado
pelo protocolo do CHDM, no âmbito das complicações cardiológicas, 64,2% dos
usuários foram triados de acordo com a recomendação anual, embora um número
expressivo (31,6%) não tivesse registro de avaliação. As complicações renais foram
triadas anualmente em 74,7% dos usuários (Tabela 4).
49
Em relação à complicação oftalmológica, 43,2% dos usuários foram avaliados
anualmente, 36,8% realizaram avaliações com frequência inferior ao recomendado e
20% dos usuários nunca tiveram acesso à avaliação oftalmológica (Tabela 4).
Os resultados evidenciam lacunas no sistema de saúde como um todo, uma vez que
a realização dos exames laboratoriais e o agendamento de especialistas não
oferecidos pelo CHDM é uma atribuição do município de residência do usuário.
Sobre a avaliação dos pés, houve registro de pelo menos uma avaliação em 85,3%
dos usuários da amostra (Tabela 4). É importante informar que a avaliação dessa
variável foi comprometida devido às diferenças de informações nos Protocolos
Estaduais, que definem a abordagem do pé diabético conforme estratificação,
descritas abaixo:
A Linha Guia (SES/MG, 2013), assim como Pedrosa (2014), definem que os
indivíduos avaliados que não apresentem manifestações clínicas (Risco 0) deverão
ser avaliados anualmente pela APS. Já o Protocolo dos CHDM define que esses
mesmos indivíduos deverão ser avaliados anualmente pela Atenção Secundária à
Saúde (ASS) (SES/MG, 2013 NO PRELO). Ambas as literaturas determinam que
quanto maior o risco, mais frequentes se tornam os acompanhamentos, tanto na
APS quanto na ASS, podendo chegar a acompanhamentos quadrimestrais em
casos de úlceras e/ou amputações prévias (Risco 3).
A normatização dos protocolos é de extrema importância para garantia do sistema
de referência e contrarreferência. Porém, mesmo que as avaliações forem realizadas
em outro ponto de atenção, seria importante que essas estivessem também
registradas no prontuário do CHDM da Região de Saúde de Viçosa. A comunicação
seria facilitada com a inserção do prontuário eletrônico em rede.
Ainda no que diz respeito à avaliação das complicações pela equipe interdisciplinar,
os resultados apontam deficiências, uma vez que é uma atribuição dos profissionais
do CHDM manter contato constante com toda rede de atenção no intuito de garantir
a integralidade do cuidado.
50
Há registros de absenteísmo de usuários nas consultas, principalmente das
especialidades não médicas. Uma hipótese para isso seria o agendamento com
retorno em dias diferentes, a distância de alguns municípios e a desvalorização das
demais classes profissionais pelos usuários, evidenciando que estes ainda têm uma
visão médico centrada, herança do modelo biomédico.
Entretanto, é imprescindível que a equipe sensibilize esses indivíduos sobre a
importância do acompanhamento interdisciplinar e seus consequentes benefícios,
além de buscar organizar a agenda a fim de ajustar os atendimentos às
necessidades dos usuários. A busca ativa e reagendamento dos usuários faltosos
são procedimentos que podem qualificar o cuidado.
Tabela 4 – Características do atendimento no CHDM da Região de Saúde de
Viçosa, em relação à avaliação de complicações no período de 2011 a 2015
VARIÁVEIS N (%) n=95
AVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES CARDIOLÓGICAS
Conforme recomendado
Abaixo do recomendado
Sem avaliação
61(64,2)
4(4,2)
30(31,6)
AVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES DOS PÉS
Avaliado*
Sem avaliação
81(85,3)
14(14,7)
AVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES OFTALMOLÓGICAS
Conforme recomendado
Abaixo do recomendado
Sem avaliação
41(43,2)
35(36,8)
19 (20)
AVALIAÇÃO DE COMPLICAÇÕES RENAIS
Conforme recomendado
Abaixo do recomendado
Sem avaliação
71(74,7)
3(3,2)
21(22,1)
*Consideramos pés avaliados aqueles com pelo menos um registro de avaliação no CHDM da Região de Saúde de Viçosa. Fonte: Elaborado pela autora
51
A hipertensão arterial sistêmica foi confirmada em 81% dos usuários e 92% dos
indivíduos avaliados apresentaram complicações cardíacas durante o
acompanhamento no CHDM. As complicações mais comumente encontradas nos
pés avaliados foram o pé neuropático e o pé neuroisquêmico (Tabela 5).
A alta prevalência de complicações crônicas no DM2, além dos fatores de risco
apresentados por estes usuários (demonstrada neste e em outros estudos), justifica
a importância do rastreamento destas doenças, assim como do seu controle
(SCHEFFEL et al, 2004; GOMES et al, 2006).
52
Tabela 5 – Características dos usuários assistidos no CHDM da Região de
Saúde de Viçosa, em relação às variáveis HAS e complicações no período de
2011 a 2015
Fonte: Elaborado pela autora
Houve diferença estatisticamente significativa nas comparações (inicial e final) para
as variáveis colesterol, HDL, LDL e HbA1c. O colesterol médio final (178,3) é inferior
ao inicial (201,2). O LDL final (96,5) e HbA1c final (8,7) também apresentaram média
inferior quando comparados ao inicial (118 e 10,9, respectivamente). Já o HDL final
(49,5) apresentou média maior comparado ao inicial (45,8). Triglicérides e IMC não
VARIÁVEIS N(%)
n=95
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
Sim
Não
77(81)
18(19)
COMPLICAÇÕES CARDÍACAS
Sim
Não
Sem avaliação
60(63,2)
5(5,2)
30(31,5)
COMPLICAÇÕES OFTALMOLOGICAS
Sim
Não
Sem avaliação
16(16,8)
44(46,3)
36(31,5)
COMPLICAÇÕES RENAIS
Sim
Não
Sem avaliação
33(34,7)
46(48,4)
16(16,8)
COMPLICAÇÕES PÉ
Sim
Não
Sem avaliação
38(40)
43(45,2)
31(32,6)
TIPOS DE COMPLICAÇÕES PÉ
Pé neuropático
Pé neuroisquêmico
Pé diabético
Amputação
22
22
12
3
53
apresentaram diferença estatisticamente significativa quando comparados em
relação ao momento inicial e final. Também não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas em relação à insulinoterapia (Tabela 6, Gráfico 1).
O valor final da HbA1c (8,7%), apesar de se ainda manter acima da meta glicêmica
proposta, apresenta-se de 2 pontos abaixo do valor inicial (10,9%). Vale ressaltar
que esse resultado ocorreu em um período médio de 15,6 meses.
Estes resultados evidenciam os dados clínicos e bioquímicos relacionados com a
prescrição medicamentosa apresentaram um melhor resultado do que aqueles
relacionados à mudança de estilo de vida. Sugerindo que é necessária uma maior
atenção da equipe interdisciplinar, sobretudo dos profissionais não médicos,
adequações no protocolo para maior adesão dos usuários, com consequente
melhora desses parâmetros.
54
Tabela 6: Comparações inicial e final em relação às variáveis: colesterol total,
HDL, LDL e triglicérides no CHDM da Região de Saúde de Viçosa, no período
de 2011 a 2015
VARIÁVEIS N MÉDIA DP P
COLESTEROL TOTAL
Valor inicial 74 201,2 59,8 <0,001
Valor final 74 178,3 38,9
HDL
Valor inicial 67 45,8 9,3 0,003
Valor final 67 49,5 11,7
LDL
Valor inicial 62 118,0 41,3 <0,001
Valor final 62 96,5 37,5
TRIGLICÉRIDES
Valor inicial 65 190,6 181,5 0,335
Valor final 65 172,6 95,7
IMC
Valor inicial 94 30,6 5,7 0,272
Valor final 94 30,8 5,8
HbA1c
Valor inicial 95 10,9 1,5 <0,000
Valor final 95 8,7 2,1
Teste T pareado
Fonte: Elaborado pela autora
55
Gráfico 1: Comparações inicial e final em relação às variáveis: colesterol total,
HDL, LDL, triglicérides, IMC e Hemoglobina glicada no CHDM da Região de
Saúde de Viçosa, no período de 2011 a 2015 Fonte: Elaborado pela autora
Não encontramos diferença estatisticamente significativa em relação à
insulinoterapia. Por outro lado, encontramos diferença significativa para o uso de
estatinas. Todos os usuários que usaram estatina no momento inicial também
estavam usando no momento final. Dos 47 usuários que não estavam usando
estatina no momento inicial, 46,8% estavam usando no momento final (Tabela 7).
Diferença significativa também foi observada para o uso de antidiabéticos orais. Dos
27 usuários que não estavam usando Metformina no momento inicial, 81,5%
estavam usando no momento final. Dos 34 usuários que estavam usando ambos os
medicamentos no momento inicial, 50% estavam usando Metformina no momento
final (Tabela 7).
Esses resultados evidenciam um bom manejo da terapia farmacológica no CHDM.
As diretrizes apontam as estatinas como apropriadas para indivíduos diabéticos,
com melhora significativa dos eventos cardiovasculares (HPS et al, 2013;
COLHOUN et al, 2004). A Metformina é a droga de primeira escolha para o
56
tratamento do DM2 no diagnóstico por ser uma droga segura (estando no mercado
há mais de 50 anos), de baixo custo e disponível na rede pública. Dados recentes
evidenciam que, além de não aumentar o peso dos indivíduos, ela pode trazer
benefícios cardiovasculares (INZUCCHI et al, 2015).
Tabela 7: Comparação inicial e final do tratamento com insulinoterapia, uso de
medicação oral e estatinas no CHDM da Região de Saúde de Viçosa, no
período de 2011 a 2015
VARIÁVEIS N(%) TOTAL P
INSULINOT. INICIAL
Basal
Basal+ Bolus
INSULINOT. FINAL
Basal
38(84,4)
2(50)
Basal + Bolus
7(15,6)
2(50)
45
4
0,180
TOTAL 40 9 49
MEDICAÇÃO ORAL INICIAL
Sulfoniluréias
MEDICAÇÃO ORAL FINAL
Metformina
1(50)
Ambos
1(50)
2
0,037
Metformina 22(81,5) 5(18,5) 27
Ambos 17(50) 17(50) 34
TOTAL 40 23 63
USO DE ESTATINAS INICIAL
Sim
USO DE ESTATINAS FINAL
Sim Não <0,001
48(100) 0(0,0) 48
Não 22 (46,8) 25(53,2) 47
TOTAL 70 25 95
Fonte: Elaborado pela autora
A redução da HbA1c no tipo de insulinoterapia foi a mesma no grupo basal e
basal+bolus, p=0,755. Aqueles usuários que usaram Metformina apresentaram uma
redução média da HbA1c menor que aqueles que usaram Metformina e
Sulfoniluréias. Esta diferença foi estatisticamente significativa, p=0,028, conforme
Tabela 8.
57
Esse resultado sugere que a indicação do bolus foi adequada às necessidades dos
usuários, assim como a apropriada indicação da Sulfoniluréia, pois os usuários ainda
apresentavam reserva pancreática.
Tanto a Metformina quanto as Sulfoniluréias estão disponíveis na rede básica dos
municípios de Minas Gerais (SES/MG, 2013), portanto, poderiam ter sido indicadas
pelo médico generalista da APS, evitando assim o agravamento da patologia e a
necessidade de encaminhamento à ASS.
Estudos indicam que usuários com baixa escolaridade e autocuidado deficitário,
muitas vezes têm dificuldades em aderir à insulinoterapia, especialmente
basal+bolus. Além disso, há também dificuldade de prescrição desse fármaco,
sobretudo na APS. Por outro lado, alguns autores têm afirmado que a introdução de
novos medicamentos orais para o tratamento do DM2 na última década conduziram
o melhor controle glicêmico e, muitas vezes, a necessidade de reduzir a terapia com
insulina (FARAH MEAH et al, 2015).
Tabela 8: Comparação da redução da HbA1c em relação ao tratamento com
insulinoterapia e medicação oral no momento final do estudo no CHDM da
Região de Saúde de Viçosa, no período de 2011 a 2015
VARIÁVEIS N MÉDIA DP P
INSULINOT. FINAL
Redução HbA1c
n=30
Basal
Basal+bolus
27
3
4,1
3,7
2,1
1,8
0,755
MEDIC.ORAL FINAL
Redução HbA1c
n=38
Metformina
Ambos
17
21
3,5
4,8
1,7
1,7 0,028
Fonte: Elaborado pela autora
Em relação às metas laboratoriais para o bom controle glicêmico, observamos que
44,2% dos usuários atingiram a meta glicêmica, ou seja, alcançaram um valor de
HbA1c menor ou igual ao proposto pela SBD, conforme o ciclo de vida.
58
Quando analisamos estes mesmos usuários em relação às demais metas
laboratoriais, observamos melhores resultados no lipidograma dos usuários que
atingiram a meta glicêmica, com exceção do triglicérides e IMC, que se mantiveram
elevados (Tabela 9).
Quanto à alta do CHDM, observamos que após atingir a meta, 42,9% dos pacientes
tiveram alta da especialidade endocrinologia, porém mantiveram o acompanhamento
interdisciplinar e com outros especialistas, principalmente com o cardiologista. Mais
de um terço (38,1%) mantiveram o acompanhamento endocrinológico e com os
demais membros da equipe e 19% tiveram alta do acompanhamento no CHDM
(Tabela 9).
Anteriormente quando alcançavam a meta glicêmica, os usuários DM2 recebiam alta
do serviço, sendo acompanhados somente pela APS. Recentemente, a
Coordenadoria de Hipertensão e Diabetes da SES/MG normatizou orientações em
relação à alta dos diabéticos tipo 2 nos CHDM. Assim, uma vez que os usuários são
classificados como de risco, eles deverão manter o acompanhamento nos centros,
recebendo alta somente se for possível o acompanhamento integral na APS.
Esta decisão é importante no sentido de, apesar de atingirem o controle glicêmico,
muitas vezes os usuários não atingem concomitantemente outras metas
relacionadas ao DM2 (ex: triglicérides e IMC), importantes para manutenção da
saúde. Além disso, indivíduos que apresentam autocuidado insuficiente, muitas
vezes necessitam de maior apoio de profissionais especializados para sustentação
dos níveis alcançados.
59
Tabela 9: Usuários que alcançaram meta glicêmica e demais metas
laboratoriais e usuários que receberam alta do CHDM da Região de Saúde de
Viçosa
VARIÁVEL N(%) n=95
MÉDIA ±DP
USUÁRIOS QUE ALCANÇARAM META
HbA1c
Colesterol total
HDL
LDL
Triglicérides
IMC
42(44,2)
7,1 ± 0,7
176 ± 41,8
46,5 ± 10,2
94,8 ± 45,2
168,1 ± 100,5
29,8 ± 4,8
ALTA
Alta da endocrinologia
Alta do CHDM
Mantiveram acompanham. endocrinologia
n=42
18(42,9)
8(19)
16(38,1)
Fonte: Elaborado pela autora
60
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A equipe interdisciplinar do CHDM da Região de Saúde de Viçosa apresentou um
desempenho satisfatório na assistência dos diabéticos tipo 2, contudo, percebemos
a necessidade de intensificar ações relativas à mudança de estilo de vida ainda. São
percebidas, ainda, fragilidades no modelo de atenção à saúde, que dificultam a
verificação da proposta na prática. Melhoria dos registros dos atendimentos, de
referência e contrarreferência, bem como adequações dos protocolos e na atenção
interdisciplinar podem levar a uma qualificação do cuidado nos CHDM.
A iniciativa de criação dos CHDM representa importante avanço, não apenas por
reduzir vazios assistenciais e contribuir para organização da Rede de Atenção à
Saúde às doenças crônicas de maior prevalência no Estado, mas por ser resultado
de um trabalho técnico, fundamentado em consistente aparato teórico, incorporando
novas ferramentas de planejamento, financiamento, contratualização e gestão.
Como limitação da pesquisa apontamos a impossibilidade de comparação com um
grupo controle, no qual os usuários tivessem somente assistência médica, por
exemplo. Uma vez que a contratação de uma equipe interdisciplinar impacta em alto
custo, e os resultados do estudo evidenciaram uma melhora nos dados relacionados
à assistência médica.
61
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APÊNDICES
Apêndice A
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DADOS SÓCIOECONÔMICOS
Nome: ____________________________________________________________________ Prontuário:___________ Gênero: ( )F ( )M Município: ___________________________ Idade:______ Tempo de DM2:___________ Ocupação: ( )aposentado ( )pensionista ( ) outra:________________ Raça: ( ) branca ( )negra ( )parda Estado civil: ( ) casado/união estável ( )solteiro ( )divorciado ( )viúvo Renda: ( )sem renda ( ) <1 salário ( ) 1 salário ( ) 1/2 a 3 salários ( ) > 4 salários Escolaridade: ( )analfabeto ( )1ª a 4ª série ( )5ª a 8ª série ( )ensino médio ( )superior
DADOS CLÍNICOS
1ª consulta ____/_____/_____ Atividade física: ( )não ( )sim: ( )caminhada: _____ x/sem ( )aeróbico: _____ x/sem ( )musculação:_____ x/sem Tabagista: ( )não ( )sim: _____ cigarros/dia Etilista: ( )não ( )sim: ______ x/semana Peso:_______ g Altura:_______ cm I MC:______ Circunf. abdominal: _______ cm Glicemia capilar:________ Pressão Arterial:_____x______ Glicemia em jejum:______ HbA1c: _______ Colesterol Total: ______ HDL:________ LDL:_______ Trigl.:________ Tratamento Medicamentoso: Sulfaniluréias: ( ) Glibenclamida ( )Gliclazida ( )Glimepirida ( )Glipizida ( ) Clorpropamida. Nº comp.:__________ Biguanidas: ( ) Metformina Nº comp.:________ Tiazolenedionas: ( )Rosiglitazona ( )Pioglitazona Nº comp.:______ Inibid. alfa-glicosidase : ( )Acarbose Nº comp.:______ Glitinidas: ( )Repaglinida ( )Nateglinida Nº comp.:________ Uso de Estatinas: ( )Sinvastatina ( )Atorvastatina ( )Lovastatina ( )Pravastatina ( )Rosuvastatina Nº comp.:_____ Insulinoterapia: Aplicação: ( )póprio paciente ( )familiar ( )outro: _______________________ ( ) Esquema Basal: ( )NPH:_____UI _____ x dia ( )Glargina_____UI ( )Detemir_____UI ( )Esquema intensivo: ( )Regular: _____UI _____ x dia ( )Ultra rápida: ( )NPH:_____UI _____ x dia Atendimentos: ( ) endócrino ( ) enfermagem ( )s.social ( ) psicologia ( )nefro ( ) cardio ( ) nutri ( )fisio ( )farm Complicações ( ) oftalmológica:__________________ ( ) renal: ___________________( )cardiovasculares:___________________ ( ) pé diabético: __________________________________________________________________________________ Plano de cuidados ( )sim ( )não
2ª consulta ____/_____/_____ Atividade física: ( )não ( )sim: ( )caminhada: _____ x/sem ( )aeróbico: _____ x/sem ( )musculação:_____ x/sem Tabagista: ( )não ( )sim: _____ cigarros/dia Etilista: ( )não ( )sim: ______ x/semana Peso:_______ g Altura:_______ cm I MC:______ Circunf. abdominal: _______ cm Glicemia capilar:________ Pressão Arterial:_____x______ Glicemia em jejum:______ HbA1c: _______ Colesterol Total: _______ HDL:________ LDL:_______ Trigl.:________ Tratamento Medicamentoso: Sulfaniluréias: ( ) Glibenclamida ( )Gliclazida ( )Glimepirida ( )Glipizida ( ) Clorpropamida. Nº comp.:__________ Biguanidas: ( ) Metformina Nº comp.:________ Tiazolenedionas: ( )Rosiglitazona ( )Pioglitazona Nº comp.:______ Inibid. alfa-glicosidase : ( )Acarbose Nº comp.:______ Glitinidas: ( )Repaglinida ( )Nateglinida Nº comp.:________ Uso de Estatinas: ( )Sinvastatina ( )Atorvastatina ( )Lovastatina ( )Pravastatina ( )Rosuvastatina Nº comp.:_____ Insulinoterapia: Aplicação: ( )póprio paciente ( )familiar ( )outro: _______________________ ( ) Esquema Basal: ( )NPH:_____UI _____ x dia ( )Glargina_____UI ( )Detemir_____UI ( )Esquema intensivo: ( )Regular: _____UI _____ x dia ( )Ultra rápida: ( )NPH:_____UI _____ x dia Atendimentos: ( ) endócrino ( ) enfermagem ( )s.social ( ) psicologia ( )nefro ( ) cardio ( ) nutri ( )fisio ( )farm Complicações ( ) oftalmológica:__________________ ( ) renal: ___________________( )cardiovasculares:___________________ ( ) pé diabético: __________________________________________________________________________________ Plano de cuidados ( )sim ( )não
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3ª consulta ____/_____/_____ Atividade física: ( )não ( )sim: ( )caminhada: _____ x/sem ( )aeróbico: _____ x/sem ( )musculação:_____ x/sem Tabagista: ( )não ( )sim: _____ cigarros/dia Etilista: ( )não ( )sim: ______ x/semana Peso:_______ g Altura:_______ cm I MC:______ Circunf. abdominal: _______ cm Glicemia capilar:________ Pressão Arterial:_____x______ Glicemia em jejum:______ HbA1c: _______ Colesterol Total: _______ HDL:________ LDL:_______ Trigl.:_______ Tratamento Medicamentoso: Sulfaniluréias: ( ) Glibenclamida ( )Gliclazida ( )Glimepirida ( )Glipizida ( ) Clorpropamida. Nº comp.:__________ Biguanidas: ( ) Metformina Nº comp.:________ Tiazolenedionas: ( )Rosiglitazona ( )Pioglitazona Nº comp.:______ Inibid. alfa-glicosidase : ( )Acarbose Nº comp.:______ Glitinidas: ( )Repaglinida ( )Nateglinida Nº comp.:________ Uso de Estatinas: ( )Sinvastatina ( )Atorvastatina ( )Lovastatina ( )Pravastatina ( )Rosuvastatina Nº comp.:_____ Insulinoterapia: Aplicação: ( )póprio paciente ( )familiar ( )outro: _______________________ ( ) Esquema Basal: ( )NPH:_____UI _____ x dia ( )Glargina_____UI ( ) Detemir_____UI ( )Esquema intensivo: ( )Regular: _____UI _____ x dia ( )Ultra rápida: ( )NPH:_____UI _____ x dia Atendimentos: ( ) endócrino ( ) enfermagem ( )s.social ( ) psicologia ( )nefro ( ) cardio ( ) nutri ( )fisio ( )farm Complicações ( ) oftalmológica:__________________ ( ) renal: ___________________( )cardiovasculares:___________________ ( ) pé diabético: __________________________________________________________________________________ Plano de cuidados ( )sim ( )não
4ª consulta ____/_____/_____ Atividade física: ( )não ( )sim: ( )caminhada: _____ x/sem ( )aeróbico: _____ x/sem ( )musculação:_____ x/sem Tabagista: ( )não ( )sim: _____ cigarros/dia Etilista: ( )não ( )sim: ______ x/semana Peso:_______ g Altura:_______ cm I MC:______ Circunf. abdominal: _______ cm Glicemia capilar:________ Pressão Arterial:_____x______ Glicemia em jejum:______ HbA1c: _______ Colesterol Total: ______ HDL:________ LDL:_______ Trigl.:________ Tratamento Medicamentoso: Sulfaniluréias: ( ) Glibenclamida ( )Gliclazida ( )Glimepirida ( )Glipizida ( )Clorpropamida. Nº comp.:__________ Biguanidas: ( ) Metformina Nº comp.:________ Tiazolenedionas: ( )Rosiglitazona ( )Pioglitazona Nº comp.:______ Inibid. alfa-glicosidase : ( )Acarbose Nº comp.:______ Glitinidas: ( )Repaglinida ( )Nateglinida Nº comp.:________ Uso de Estatinas: ( )Sinvastatina ( )Atorvastatina ( )Lovastatina ( )Pravastatina ( )Rosuvastatina Nº comp.:_____ Insulinoterapia: Aplicação: ( )póprio paciente ( )familiar ( )outro: _______________________ ( ) Esquema Basal: ( )NPH:_____UI _____ x dia ( )Glargina_____UI ( ) Detemir_____UI ( )Esquema intensivo: ( )Regular_____UI _____ x dia ( )Ultra rápida: ( )NPH:_____UI _____ x dia Atendimentos: ( ) endócrino ( ) enfermagem ( )s.social ( ) psicologia ( )nefro ( ) cardio ( ) nutri ( )fisio ( )farm Complicações ( ) oftalmológica:__________________ ( ) renal: ___________________( )cardiovasculares:___________________ ( ) pé diabético: __________________________________________________________________________________ Plano de cuidados ( )sim ( )não
Observações:
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Apêndice B
Autorização:
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Eu Marcela Quaresma Soares, responsável pela pesquisa Diabetes tipo 2: Avaliação da
intervenção interdisciplinar no Centro Hiperdia Minas da Região de Saúde de Viçosa,
estou fazendo um convite para você participar como voluntário deste estudo.
Esta pesquisa pretende determinar as características de atendimento clínico oferecido aos
pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) assistidos pelo Centro Hiperdia Minas da Região
de Saúde de Viçosa (CHDM), compreendendo o controle glicêmico, a presença de fatores de
risco cardiovascular e frequência de complicações crônicas relacionadas ao DM2 utilizando as
diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes do (SBD), e a frequência com que os objetivos
do tratamento recomendado foram atendidos, a fim de avaliar a qualidade da assistência
prestada a estes usuários.
Acredito que ela seja importante porque a partir dessas informações será possível verificar se
a proposta do CHDM, tal como planejada se verifica na prática e identificar suas fragilidades e
potencialidades, possibilitando o aprimoramento dessa iniciativa. Com isso, espera-se não
apenas contribuir para a melhoria do CHDM estudado, como para os demais Centros em
implantação no Estado.
Para sua realização será feito o seguinte: Serão coletados os dados clínicos (idade, peso,
altura, escolaridade, tempo de diagnóstico de DM2, hábito de fumar e presença de outras
doenças) e exames laboratoriais (hemoglobina glicada, glicemia em jejum, colesterol)
registrados em prontuário no momento em que você foi admitido no CHDM. Após o primeiro
atendimento da equipe de profissionais e participação em grupos educativos, os mesmos
dados serão comparados no primeiro retorno e após mais retornos na unidade.
Sua participação constará de voluntário. A pesquisa não oferecerá risco, uma vez que a
privacidade dos participantes será preservada.
Os benefícios que esperamos como estudo são contribuir para a melhoria do CHDM estudado,
como para os demais Centros em implantação no Estado.
Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de tirar qualquer dúvida ou pedir
qualquer outro esclarecimento, bastando para isso entrar em contato, a pesquisadora ou com o
Conselho de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa.
80
Eu,_________________________________________________________________________________,
após a leitura (ou a escuta da leitura) deste documento e ter tido a oportunidade de conversar com o
pesquisador responsável, para esclarecer todas as minhas dúvidas, acredito estar suficientemente
informado, ficando claro para mim que minha participação é voluntária e que posso retirar este
consentimento a qualquer momento sem penalidades ou perda de qualquer benefício. Estou ciente
também dos objetivos da pesquisa, dos procedimentos aos quais serei submetido, dos possíveis danos ou
riscos deles provenientes e da garantia de confidencialidade e esclarecimentos sempre que desejar.
Diante do exposto expresso minha concordância de espontânea vontade em participar deste estudo.
Assinatura do voluntário ou de seu representante legal
Assinatura de uma testemunha
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste voluntário
(ou de seu representante legal) para a participação neste estudo.
Assinatura do responsável pela obtenção do TCLE
Dados da pesquisadora:
Nome: Marcela Quaresma Soares
Endereço: Rua da Mantiqueira, 85/201 – João Brás – Viçosa/MG
Telefone: (31) 9147 8797 Endereço eletrônico: [email protected]
Dados do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa Santa Casa:
Localização: Rua Domingos Vieira, 590 – Santa Efigênia. CEP 30.150-240 - Belo Horizonte/MG
Telefone: (31) 3238-8933
E-mail: [email protected]
Coordenador: Dr. Francisco das Chagas Lima e Silva