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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 12029-13 Exercício Financeiro de 2012 Prefeitura Municipal de NOVA REDENÇÃO Gestor: Ivan Alves Soares Relator Cons. José Alfredo Rocha Dias RELATÓRIO / VOTO 1 – DA PRESTAÇÃO DE CONTAS As contas da Prefeitura Municipal de Nova Redenção , referentes ao exercício financeiro de 2012, somente foram protocoladas nesta Corte em 05/08/2013, absolutamente a destempo, posto que o termo final do prazo legalmente para tanto definido é o dia 15/06/2013. São da responsabilidade do Sr. Ivan Alves Soares e foram autuadas sob TCM nº 12029/13. Ainda que contenham registro de haver sido observado o instituto da disponibilidade pública, preceituada nos artigos 31, § 3º da Lei Maior, 63 da Constituição Estadual e 53 e 54 da Lei Complementar Estadual nº 06/91 , na forma disciplinada nos parágrafos 1º e 2º, artigo 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05 - Edital nº 001/2013, anexado à fl. 08 dos autos das contas do mesmo exercício do Legislativo, o fato é questionável, na medida em que inexistente neste processo comprovação do oportuno encaminhamento das contas pelo Executivo ao Legislativo. O Relatório Anual/Cientificação, de fls. 234 a 461, traduz a consolidação dos trabalhos de acompanhamento realizados em 2012 pela 12ª Inspetoria Regional de Controle Externo, sediada no município de Itaberaba. A análise técnica, efetivada após a formalização dos autos com anexação das peças anuais, é refletida no Pronunciamento Técnico - fls. 495A a 495BD. Foram rigorosamente respeitadas as garantias consagradas no inciso LV do art. 5º da Carta Federal, ao longo de 2012 e mediante publicação do Edital nº 262/13 no Diário Oficial do Estado, edição de 27/11/2013. À fl. 498 há declaração probatória de que ao Gestor, ou a preposto pelo mesmo indicado, foi possibilitado acesso a todas as peças processuais, em decorrência do que houve a apresentação dos esclarecimentos, documentação e justificativas que considerou pertinentes – processos TCM nºs 19456-13, 19537-13 e 05293-14 , anexados às fls.500/547 e em 03(três) pastas tipo “AZ”. 2 – DOS EXERCÍCIOS PRECEDENTES As contas do exercício anterior – 2011, da responsabilidade do mesmo Gestor das sub examen, contidas no processo TCM nº 08399-12, foram objeto de Parecer Prévio datado de 19/03/2013, pela rejeição. A Deliberação de Imputação de Débito decorrente aplicou-lhe multa no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), em face de irregularidades apontadas. Ademais disto, determinou que o mesmo efetivasse ressarcimento ao erário Municipal da importância de R$79.082,68 (setenta e nove mil e oitenta e dois reais e 1

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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 12029-13Exercício Financeiro de 2012Prefeitura Municipal de NOVA REDENÇÃO Gestor: Ivan Alves SoaresRelator Cons. José Alfredo Rocha Dias

RELATÓRIO / VOTO

1 – DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

As contas da Prefeitura Municipal de Nova Redenção, referentes ao exercício financeiro de 2012, somente foram protocoladas nesta Corte em 05/08/2013, absolutamente a destempo, posto que o termo final do prazo legalmente para tanto definido é o dia 15/06/2013.

São da responsabilidade do Sr. Ivan Alves Soares e foram autuadas sob TCM nº 12029/13. Ainda que contenham registro de haver sido observado o instituto da disponibilidade pública, preceituada nos artigos 31, § 3º da Lei Maior, 63 da Constituição Estadual e 53 e 54 da Lei Complementar Estadual nº 06/91 , na forma disciplinada nos parágrafos 1º e 2º, artigo 7º, da Resolução TCM nº 1.060/05 - Edital nº 001/2013, anexado à fl. 08 dos autos das contas do mesmo exercício do Legislativo, o fato é questionável, na medida em que inexistente neste processo comprovação do oportuno encaminhamento das contas pelo Executivo ao Legislativo.

O Relatório Anual/Cientificação, de fls. 234 a 461, traduz a consolidação dos trabalhos de acompanhamento realizados em 2012 pela 12ª Inspetoria Regional de Controle Externo, sediada no município de Itaberaba. A análise técnica, efetivada após a formalização dos autos com anexação das peças anuais, é refletida no Pronunciamento Técnico - fls. 495A a 495BD. Foram rigorosamente respeitadas as garantias consagradas no inciso LV do art. 5º da Carta Federal, ao longo de 2012 e mediante publicação do Edital nº 262/13 no Diário Oficial do Estado, edição de 27/11/2013. À fl. 498 há declaração probatória de que ao Gestor, ou a preposto pelo mesmo indicado, foi possibilitado acesso a todas as peças processuais, em decorrência do que houve a apresentação dos esclarecimentos, documentação e justificativas que considerou pertinentes – processos TCM nºs 19456-13, 19537-13 e 05293-14, anexados às fls.500/547 e em 03(três) pastas tipo “AZ”.

2 – DOS EXERCÍCIOS PRECEDENTES As contas do exercício anterior – 2011, da responsabilidade do mesmo Gestor das sub examen, contidas no processo TCM nº 08399-12, foram objeto de Parecer Prévio datado de 19/03/2013, pela rejeição. A Deliberação de Imputação de Débito decorrente aplicou-lhe multa no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), em face de irregularidades apontadas. Ademais disto, determinou que o mesmo efetivasse ressarcimento ao erário Municipal da importância de R$79.082,68 (setenta e nove mil e oitenta e dois reais e 1

Page 2: PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS 12029-13 2012 NOVA … · no Diário Oficial do Estado, edição de 27/11/2013. À fl. 498 há declaração probatória de que ao Gestor, ou a preposto

sessenta e oito centavos), devidamente atualizada, com fundamento na alínea “c”, inciso III do artigo 76, da Lei Complementar nº 06/91, em face das ilegalidades apontadas no item 3 do Parecer Prévio. Inexistindo registro do recolhimento dessas cominações, o fato, por si, repercute negativamente no mérito das presentes contas.

3 – DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

A elaboração e a execução dos orçamentos públicos envolvem, necessariamente, na forma do disposto nos artigos 165 a 169 da Constituição da República, três principais instrumentos de planejamento, quais sejam o Plano Plurianual de Aplicação – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e o Orçamento Anual – LOA, revigorados e aprimorados pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – a Complementar Federal nº 101/00.

O PPA, vigente para o quadriênio 2010/2013, foi instituído pela Lei Municipal nº 50/2009, de 11/12/2009, em cumprimento ao disposto no art. 165, parágrafo 1º da Constituição Federal e no art. 159, § 1º da Carta Estadual.

A LDO, por imposição dos §§ 1º e 3º do art. 4º da LRF, deve conter anexos relativos a Metas e Riscos Fiscais, guardando conformidade com o PPA. Norteia a elaboração do orçamento e regula o ritmo da realização das metas. Foi aprovada em 09 de agosto de 2011, sob o nº 074/2011, respeitadas as referidas normas e comprovada a sua publicação em 12/08/11.

A LOA traduz as expectativas técnicas de realização da receita fixada e da despesa autorizada, compreendendo os Orçamentos Fiscal e de Seguridade Social. Para o exercício financeiro de 2012 foi aprovada sob nº 082/2011 e apresenta o valor total de R$28.000.000,00 (vinte e oito milhões de reais), com os seguintes dados fundamentais:

Descrição Valor (R$)Orçamento Fiscal 21.240.500,00Orçamento da Seguridade Social 6.759.500,00Total 28.000.000,00

O diploma em apreço, publicado no dia 14/11/2011, contempla autorização para abertura de créditos adicionais suplementares, em conformidade com as prescrições constitucionais e regras da Lei Federal nº 4.320/64, com a utilização dos recursos de superávit financeiro, excesso de arrecadação e anulação parcial ou total de dotações, todos no limite percentual de 100% (cem por cento) do existente e comprovado ou dos fixados, respectivamente.

Não consta dos autos, como devido, o Quadro de Detalhamento de Despesas – QDD – para o exercício financeiro de 2012, ainda que a defesa final informe o oposto. Não consta dos autos, igualmente, o decreto que aprovou a Programação Financeira, em descumprimento ao art. 8º da LRF, apesar de haver sido informado o seu encaminhamento, na defesa final. Adverte-se que as contas devem conter todos os elementos necessários ao regular exame dos

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contribuintes, quando da disponibilização pública, de sorte que deve ser evitada a omissão de documentos, como ocorrido. A Programação Financeira, instrumento ratificado e aprimorado pela LRF, tem como objetivo assegurar às unidades orçamentárias a soma de recursos suficientes à execução dos respectivos programas anuais de trabalho, mantendo-se o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada e evitando insuficiência de Caixa. As ausências registradas no parágrafo antecedente repercutem nas conclusões deste pronunciamento.

4 – DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

A área técnica informa que as alterações procedidas no orçamento, mediante decretos de suplementação, apensados aos autos, importaram no total de R$2.674.097,00 (dois milhões, seiscentos e setenta e quatro mil e noventa e sete reais), com a utilização, como suporte, da anulação de dotações. O valor contabilizado, entretanto, no montante de R$4.598.114,00 (quatro milhões, quinhentos e noventa e oito mil cento e quatorze reais), revela divergência – diferença no valor de R$1.924.017,00 (um milhão, novecentos e vinte e quatro mil e dezessete reais). Na defesa final, não foram esclarecidas os questionamentos postos.

Em suma, constata-se que houve a abertura e utilização de créditos suplementares sem comprovação dos recursos de suporte correspondente. Resta configurada a inobservância ao artigo 167, inciso V da Constituição da República e artigo 43 da Lei Federal nº 4.320/64, a comprometer, por si, o mérito das presentes contas, independente das demais irregularidades adiante abordadas.

5 – DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA REALIZADO PELA 12ª INSPETORIA REGIONAL DE CONTROLE EXTERNO

Os trabalhos empreendidos pelo TCM objetivando orientar e alertar a Administração Municipal, ao longo dos meses do exercício cujas contas são apreciadas, não produziu os resultados almejados, na medida em que a Administração deixou de adotar oportunas providências objetivando o cumprimento da legislação. É o que reflete o largo elenco de faltas, irregularidades e senões resumidos na Cientificação/Relatório Anual, fls. 234 a 462, com os respectivos enquadramentos legais, mencionadas abaixo as de maior expressividade, que repercutem negativamente no mérito das presentes contas:

A) Ausência de manifestação do Gestor acerca das notificações relativas aos meses de janeiro a novembro, ao arrepio do disposto na Resolução TCM nº 1.060/05, pelo que restam incólumes os senões, irregularidades e ilegalidades nelas apontadas, frustrado o objetivo de sua expedição, qual seja conferir oportunidade ao Gestor para o esclarecimento de faltas e evitar a sua repetição;

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B) Inobservância às normas da Resolução TCM nº 1.282/09, que disciplina o sistema informatizado “SIGA”, dificultando e mesmo impedindo o exercício do controle externo, inclusive com a não inserção de elementos indispensáveis à apreciação das contas e divergências entre lançamentos efetivados e a documentação encaminhada à análise da Regional da Corte;

C) Não cumprimento das disposições referentes a execução da despesa, contidas na Lei Federal nº 4.320/64, Resoluções e Instruções editadas por este órgão;

D) Inobservados aos princípios constitucionais – inciso XXI do art. 37 da Lei Maior – e regras legais atinentes a licitação pública - Lei Federal nº 8.666/93 – além de procedimentos sonegados ao exame do controle externo, a configurar a hipótese da ilicitude prevista no inciso XI, do art. 1º do Decreto-Lei nº 201/67 e nos arts. 10, inciso VIII e 11, caput da Lei Federal nº 8.429/92, a impor a formulação de representação ao douto Ministério Público Estadual;

E) Imperfeições em contratos, instrumentos que devem observar a normatização legal, inclusive quanto a indicação das dotações respectivas. Disciplinando deveres e direitos das partes, a sua contabilização e remessa à IRCE devem observar as normas de regência;

F) No mês de março, contratação de servidores sem a realização de prévio concurso público, agredido o princípio constitucional que o estabelece como regra para a admissão de pessoal no serviço público. Exceções só podem ocorrer nos limites legais. Deve a Comuna implementar as providências que informa estar adotando para a concretização do certame seletivo;

G) Não apresentação de diversas Notas Fiscais emitidas por meio eletrônico, modalidade que traduz sensível evolução na sistemática da arrecadação tributária, da qual participam os municípios. A omissão revela inobservância a disposições da Resolução TCM nº 956/05;

H) Atraso no pagamento do pessoal do magistério em exercício no Ensino Fundamental, nos meses de janeiro, fevereiro, junho, julho e novembro. Não há justificativa para a ocorrência, considerada a regularidade da realização da receita e a destinação específica dos recursos;

I) Omissão, nos processos de pagamento nº 7107, 7112, 7115, 7190, 7222, 7232, 7234, 7255, 9631, 9666, 9723, 9725 e 9735, de descontos de ISS e IRRF de prestadores de serviços. Tal prática significa evasão de receita, agredido o disposto no inciso III do art. 156 e inciso I do art. 158 da Constituição Federal e do art. 11 da LRF. Repercute o fato nas conclusões deste pronunciamento;

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J) Ausência de folhas salariais de servidores, dos meses de março, agosto e dezembro, no montante de R$8.636,00 (oito mil seiscentos e trinta e seis reais) - processos nºs 336, 1544, 1563, 2410, 2416, 9384, 9685 e 9832;

L) Saída de numerário da conta bancária do FUNDEB, sem suporte em documento de despesa, no montante de R$114.794,01 (cento e quatorze mil setecentos e noventa e quatro reais e um centavo), nos meses de março e agosto;

M) Ausência de comprovação de despesa, nos meses de junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro, no valor total de R$288.892,36 (duzentos e oitenta e oito mil oitocentos e noventa e dois reais e trinta e seis centavos);

N) Não apresentação de Nota Fiscal ou recibo de suporte para saída de recursos do erário municipal, em flagrante descumprimento das normas atinentes a arrecadação de tributos e sua aplicação, no valor de R$801.757,04 (oitocentos e um mil setecentos e cinquenta e sete reais e quatro centavos);

O) Ausência de comprovação da efetiva ocorrência de pagamento de folhas de servidores, na medida em que desacompanhadas dos avisos de débitos bancários correspondentes, no montante de R$10.802,00 (dez mil oitocentos e dois reais) - processos nº 9605, 9912, 9634, 9636, 9637, 9641 e 9665;

P) Gastos com publicidade, no montante de R$12.020,00 (doze mil e vinte reais) - processos de pagamento nº 04, 915, 2698 e 5651 - desacompanhados da matéria veiculada, impedindo o exercício do controle externo na verificação do cumprimento das normas constitucionais de regência;

Q) Injustificável pagamento de tarifas bancárias, no montante de R$10.232,52 (dez mil duzentos e trinta e dois reais e cinquenta e dois centavos), relativas a multas e juros por atraso no cumprimento de obrigações e taxas e encargos por devolução de cheques por insuficiente provisão de fundos, fato que expõe e ridiculariza o ente público, comprometendo-lhe a credibilidade;

R) Não apresentação, nos meses de março, abril, maio, julho, setembro, e outubro, de diversos processos de pagamento, no expressivo montante de R$283.145,51 (duzentos e oitenta e três mil cento e quarenta e cinco reais e cinquenta e um centavos), apesar das insistentes cobranças da Inspetoria Regional;

S) Ausência de originais dos processos de pagamento, nos meses de agosto e dezembro no montante de R$103.457,02 (cento e três mil quatrocentos e cinquenta e sete reais e dois centavos);

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T) Ausência de comprovantes de pagamentos efetivados, nos meses de janeiro, março, julho, agosto e dezembro, no valor total de R$725.647,00 (setecentos e vinte e cinco mil seiscentos e quarenta e sete reais);

U) Reincidência no cometimento de irregularidades anteriormente apontadas pelo TCM.

Os valores citados nos itens “J”, “L” , “M”, “N”, “O”, “P”, “Q”, “R”, “S” e “T” deverão ser ressarcidos ao erário, com recursos pessoais do Gestor das presentes contas, devidamente corrigidos e atualizados, no prazo de até 60 (sessenta) dias a contar do trânsito em julgado deste pronunciamento, comprovando-se o fato junto à Regional da Corte.

6 – DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

A análise empreendida neste item considera a execução orçamentário-financeira e a gestão patrimonial. O primeiro aspecto reflete a realização de receitas e despesas e a respectiva movimentação. A gestão patrimonial traduz a posição dos ativos e passivos, bem assim o comportamento da dívida pública municipal.

Foi apresentado na defesa final, o selo da Declaração de Habilitação Profissional – DHP do contador que firma as peças contábeis, cumprindo o disposto nas Resoluções nºs 1.363/11 e 1.402/12, do Conselho Regional de Contabilidade do Estado da Bahia.

6.1 - CONFRONTO COM AS CONTAS DA CÂMARA

Acusa o pronunciamento da área técnica a existência de divergências quando comparados os dados registrados no Balanço Financeiro e Demonstrativo da Receita e Despesa do mês de dezembro, do Legislativo, quanto a receitas e despesas extraorçamentárias, no valor de valor de R$29.108,02 (vinte e nove mil cento e oito reais e dois centavos) , Destaca a Relatoria que a Câmara Municipal integra o orçamento do município como uma de suas unidades orçamentárias. Dessa maneira, a independência e harmonia entre os Poderes não justifica a falta. Atuem os controles internos e os Gestores para que não mais ocorram.

6.2 – BALANÇO ORÇAMENTÁRIO - Anexo XII

A peça contábil em tela demonstra as Receitas e Despesas previstas em confronto com as realizadas, indicando o Resultado Orçamentário, nos termos do artigo 102 da Lei Federal nº 4.320/64. A comparação da Despesa Realizada com a Receita Arrecadada revela a ocorrência de DÉFICIT ou SUPERÁVIT ORÇAMENTÁRIO, enquanto o cotejo entre a despesa autorizada com a realizada indica a existência, ou não, de ECONOMIA ORÇAMENTÁRIA. Os resultados refletidos nas contas são: 6

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Descrição R$Receita Prevista 28.000.000,00(-) Receita Arrecadada (A) 13.345.164,97(=) Déficit de Arrecadação 14.654.835,03Despesa Inicial Fixada 28.000.000,00(+) Créditos Adicionais -Despesa Final Fixada 28.000.000,00Despesa Executada (B) 13.814.922,86(=) Economia Orçamentária 14.185.077,14Déficit Orçamentário (A-B) 469.757,89

A Receita Arrecadada em 2012 alcançou o valor total de R$13.345.164,97 (treze milhões, trezentos e quarenta e cinco mil cento e sessenta e quatro reais e noventa e sete centavos), situando-se abaixo da prevista no expressivo percentual de 52,34% (cinquenta e dois vírgula trinta e quatro por cento), com a seguinte composição: Descrição R$Receitas Correntes 14.835.262,28Receitas de Capital 0,00Dedução de Receita para formação do FUNDEB

1.490.097,31

Total 13.345.164,97

A despesa alcançou montante de R$13.814.922,86 (treze milhões, oitocentos e quatorze mil novecentos e vinte e dois reais e oitenta e seis centavos), superior a receita, conforme o Balanço Orçamentário, sintetizada no quadro abaixo:

Descrição R$Despesas Correntes 12.944.827,67Despesas de Capital 890.806,46Total 13.835.634,13

Verificou-se a remessa incompleta do Balanço Orçamentário – fl. 153, pois que não registrada, como devido, a segregação das despesa em corrente e de capital, a confirmar a falta de responsabilidade, zelo e competência para a elaboração e revisão das peças contábeis, que não devem nem podem ser alteradas ou substituídas após a disponibilização pública das contas e encaminhamento a esta Corte. Os dados acima foram extraídos do Demonstrativo de Despesa – balancete de dezembro/2012.

Aponta o pronunciamento técnico a existência de divergências no Demonstrativo da Receita e Despesa de dezembro e o Balanço Orçamentário, sem qualquer justificativa na defesa final, conforme demonstrado a seguir:

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Descrição Demonstrativo da Receita e Despesa dezembro 2012

Balanço Orçamentário

Diferença

Receita Orçamentária Arrecadada

R$13.345.592,73 R$13.345.164,97 R$427,76

Despesa Orçamentária Empenhada

R$13.835.634,13 R$13.814.922,86 R$20.711,27

Adverte-se a Administração que é imprescindível a existência de harmonia e uniformização dos registros nas peças contábeis. A falta revela absoluto descuido na elaboração e revisão das respectivas peças, a repercutir nas conclusões deste pronunciamento. De outra parte, os dados indicam superestimada previsão orçamentária, evidenciando a não utilização de critérios ou parâmetros técnicos adequados para a elaboração da LOA. Cumpre advertir a Administração Municipal, porque impositiva a observância das normas regedoras da matéria, contidas na Carta Federal, na LRF e na Lei Federal nº 4.320/64. Objeto de advertências anteriores, a falta repercute nas conclusões deste pronunciamento.

6.3 – BALANÇO FINANCEIRO - Anexo XIIIApresentando os valores das receitas e despesas orçamentárias, os recebimentos e pagamentos extra orçamentários, os saldos em espécie oriundos do exercício anterior e os a transferir para o seguinte, nos termos do artigo 103 da Lei Federal nº 4.320/64, o balanço em epígrafe traduz os dados financeiros refletidos nas contas, a seguir condensados:

Descrição R$Receita Orçamentária 13.345.592,73Receita Extra orçamentária 1.218.502,26Saldo do exercício anterior 619.062,29Total 15.183.157,28Despesa Orçamentária 13.835.634,13Despesa Extra orçamentária 883.313,81Saldo para exercício seguinte 464.209,34Total 15.183.157,28

Destaca o Pronunciamento Técnico divergência entre os valores constantes no Balanço Financeiro e o Demonstrativo das Receitas e Despesas Extraorçamentárias, como a seguir demonstrado:

Descrição Balanço Financeiro Demonstrativo da Receita e Despesa Extraorçamentária – dezembro 2012

Diferença

Receita extraorçamentária R$602.326,81 R$335.699,62 R$266.627,19

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Despesa extraorçamentária R$883.313,81 R$479.696,95 R$403.616,86

O fato, apesar de objeto de questionamento técnico, não mereceu do Gestor qualquer manifestação na defesa final.

6.4 – BALANÇO PATRIMONIAL - Anexo XIV Evidencia os componentes patrimoniais, classificados nos grupos Contas de Compensação, Ativos (Financeiro e Permanente), Passivos (Financeiro e Permanente) e Saldo Patrimonial, na forma estabelecida na Lei Federal nº 4.320/64. Seus principais dados são dispostos no quadro abaixo:

ATIVO PASSIVODescrição R$ Descrição R$Ativo Financeiro

Disponível 464.209,34 Passivo Financeiro 2.742.160,18Realizável 199.985,42

Ativo Permanente 9.434.243,33 Passivo Permanente 2.783.508,85Soma Ativo Real 10.098.438,09 Soma Passivo Real 5.525.669,03Ativo Compensado 0,00 Passivo Compensado 0,00Passivo Real Descoberto

0,00

Ativo Real Líquido 4.572.769,06

TOTAL 10.098.438,09 TOTAL 10.098,438,09

O Saldo Patrimonial - Ativo Real Líquido – correspondente a R$4.572.769,06 (quatro milhões, quinhentos e setenta e dois mil setecentos e sessenta e nove reais e seis centavos), decorre da diferença do superávit patrimonial ou resultado econômico positivo, do exercício em análise (R$5.037.013,46), com o valor de (R$464.244,40) da situação negativa – Passivo Real Descoberto, do exercício anterior.

Nova divergência é objeto de destaque pelos técnicos da Corte, agora entre o total do saldo anterior referente ao Ativo Financeiro registrado no Demonstrativo de Contas do Razão, referente a janeiro/2012, no montante de R$789.194,88 (setecentos e oitenta e nove mil cento e noventa e quatro reais e oitenta e oito centavos), e o constante no Balanço Patrimonial, no valor de R$619.062,29 (seiscentos e dezenove mil e sessenta e dois reais e vinte e nove centavos), com diferença de R$170.132,59 (cento e setenta mil cento e trinta e dois reais e cinquenta e nove centavos). Ademais disto, há divergência entre os saldos finais do Demonstrativo das Contas do Razão e do Balanço Patrimonial, conforme demonstrado a seguir:

GRUPO DCR DEZ/2012 BP 2012 DiferençaAtivo Financeiro 2.411.630,19 464.209,34 1.947.420,85Ativo Permanente 9.622.113,47 9.434.243,33 187.870,14Passivo Financeiro 2.243.620,49 2.742.160,18 (498.539,69)Ativo Real Líquido 4.748.878,98 4.572.769,06 176.109,92

Foram apresentadas justificativas na defesa final, em reconhecimento das faltas, sem que tenham sido sanadas as divergências.

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6.4.1. Ativo

Demonstra os bens e direitos da Comuna, a parte positiva do patrimônio, cabendo destacar:

6.4.1.1 – Dívida Ativa

As importâncias referentes a tributos, multas e créditos em favor do Município, lançados e não cobrados ou recolhidos no exercício de origem, constituem, ex vi do disposto no artigo 39 da Lei Federal nº 4.320/64, a partir da data da respectiva inscrição, a Dívida Ativa Municipal.

A Dívida Ativa Tributária tem saldo em 31/12/2012, surpreendentemente, igual ao mês de dezembro de 2011 - R$62.322,46 (sessenta e dois mil trezentos e vinte e dois reais e quarenta e seis centavos) – a revelar inexistência de qualquer inscrição, cobrança ou atualização, como devido.

O mesmo acontece quanto a Dívida Ativa Não Tributária, mantido o saldo do exercício antecedente, a cobrar, de R$64.770,92 (sessenta e quatro mil setecentos e setenta reais e noventa e dois centavos).

O fato inconteste é que permanece vigente a necessidade de implementação de medidas adequadas e eficazes à cobrança, aprimorando-se o gerenciamento da referida Dívida, em atendimento a dispositivo da LRF quanto a obrigatoriedade de instituição e efetiva cobrança de tributos municipais, como destacado em pronunciamentos anteriores desta Corte. A negligência, no particular, pode ser considerada ato de improbidade administrativa, com pena prevista no inciso II, do artigo 12 da Lei nº 8.429/92.

6.4.2 – Passivo

Conquanto pertencem ao município valores retidos em pagamentos que realiza a título de ISS e IRRF, à vista disposto nos artigos 156, inciso III (ISS) e 158, inciso I (IRRF), todos da Carta Federal, estão inscritos no Passivo Financeiro da Comuna como obrigações a cumprir, de forma irregular, os seguintes valores:

Conta Valor R$ISS Legislativo 24,00ISS Executivo Diversos 19.247,79IRRF Executivo Diversos 9.421,69ISS FMS 19.512,49Total 48.205,97

Ressalta-se que não foram apresentados os esclarecimentos para equacionar a matéria. Atente a Administração Municipal para a adoção de providências que evitem a reincidência, motivo de aplicação de penalidades. 10

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6.4.2.1 - Dívida Flutuante - Anexo XVII

A dívida em epígrafe é integrada pelos Restos e Serviços da Dívida a Pagar, Depósitos e Débitos de Tesouraria, incluídos os decorrentes de empréstimos por antecipação de receita orçamentária. Ao final de 2012 alcançou o montante de R$2.742.160,18 (dois milhões, setecentos e quarenta e dois mil cento e sessenta reais e dezoito centavos), correspondendo aos valores de (R$799.495,61) - “Restos a Pagar” e (R$1.942.664,57) - “Depósitos e Retenções”. Considerado o valor correspondente de 2011 – R$2.377.118,90 – constata-se a ocorrência de acréscimo percentual de 15,36% (quinze vírgula trinta e seis por cento), a exigir a atenção e atuação da Administração . O débito referente à Previdência Social, correspondente à quantia de R$1.839.989,28 (um milhão, oitocentos e trinta e nove mil novecentos e oitenta e nove reais e vinte e oito centavos), deve, necessariamente, ser equacionado pela Comuna. As contas subsequentes voltarão a examinar a matéria.

Atente o Gestor para as prescrições e penas introduzidas no Código Penal Brasileiro pela Lei Federal nº 9.983, de 14 de julho de 2000, a denominada Lei dos Crimes Contra a Previdência Social. Cópia do Parecer Prévio deve ser encaminhada ao Ministério da Previdência Social, com vistas ao Departamento de Acompanhamento respectivo.

6.4.2.2 – Dívida Fundada Interna – Anexo XVI

Composta dos compromissos de exigibilidade superior a doze meses, nos termos do art. 98 da Lei Federal nº 4.320/64, está representada pelas contas “INSS”, “EMBASA” e Precatórios, assumidas pelo Executivo, no montante de R$2.783.508,85 (dois milhões, setecentos e oitenta e três mil quinhentos e oito reais e oitenta e cinco centavos), repetindo, surpreendentemente, o valor apontado em 31/12/2011, a impor verificações por parte da nova Gestão e adoção de providências para preservação do seu equilíbrio financeiro da Comuna.

Não houve apresentação, como devido, de certidão probatória do débito relativo a EMBASA.

Saliente-se que o pronunciamento da área técnica informa que o Balanço Patrimonial/12 consigna dívida da Comuna com o INSS no valor de R$5.510.321,95 (cinco milhões, quinhentos e dez mil trezentos e vinte e um reais e noventa e cinco centavos). Entretanto, o Passivo Permanente registra valor diverso, qual seja R$2.704.084,68 (dois milhões, setecentos e quatro mil e oitenta e quatro reais e sessenta e oito centavos), originando diferença de R$2.806.237,27 (dois milhões, oitocentos e seis mil duzentos e trinta e sete reais e vinte e sete centavos). Silente a defesa final em relação ao questionamento da área técnica, cumpre à atual Administração efetivar

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verificações e adotar providências de regularização. A situação revelada repercute negativamente no mérito das presentes contas.

6.4.2.3 – Dívida Consolidada Líquida

Os limites de endividamento dos entes da Federação são fixados por Resoluções do Senado Federal, na forma do disposto na Constituição Federal e na LRF. Para o exercício em apreciação vigoram as de números 40/01, relativa ao montante da dívida pública consolidada e 43/01, concernente a operações de crédito e concessão de garantias.

Os valores demonstrados no Balanço Patrimonial do exercício revelam que a Dívida Consolidada Líquida respeita o limite correspondente, cumprido o art. 3º, inciso II da Resolução nº 40, de 20.12.2001, do Senado Federal.

6.4.2.4. - Restos a Pagar e Despesas contraídas nos dois últimos quadrimestres do exercício – Art. 42 da LRF

Tais débitos englobam despesas empenhadas e não pagas até o dia 31 de dezembro do exercício financeiro de origem, na forma do disposto no caput do artigo 36 da Lei Federal nº 4.320/64. Constituindo-se em dívidas de curto prazo, impõe a legislação a existência de disponibilidade financeira suficiente à cobertura, ao final do exercício. A verificação é efetivada nos registros das contas Caixa e Bancos – Ativo Financeiro Disponível.

Reportando-se as contas ao último exercício da gestão iniciada em 2009, cabe a apuração do cumprimento do disposto no art. 42 da LRF, que veda ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20 da mesma Lei , nos últimos dois quadrimestre do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte, sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. A ocorrência é enquadrada como crime fiscal, na forma da Lei nº 10.028/00, art. 359-C.

O saldo financeiro da Municipalidade, no final do exercício de 2012, alcançou o montante de R$464.209,34 (quatrocentos e sessenta e quatro mil duzentos e nove reais e trinta e quatro centavos). Deduzindo-se as Consignações/Retenções (R$1.942.664,57), Restos a Pagar de exercícios anteriores (R$183.320,16), constata-se indisponibilidade de R$1.661.775,39 (um milhão, seiscentos e sessenta e um mil setecentos e setenta e cinco reais e trinta e nove centavos). Constatada, no Balanço Patrimonial, a inscrição de “Restos a Pagar” do exercício no montante de R$616.175,45 (seiscentos e dezesseis mil cento e setenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos), eleva-se a referida indisponibilidade para o montante de R$2.277.950,84 (dois milhões, duzentos e setenta e sete mil novecentos e cinquenta reais e oitenta e quatro centavos), descumprida a norma do artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme demonstrado no quadro seguinte:

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Discriminação

Valor (R$) Caixa e Bancos 464.209,34Haveres Financeiros 0,00= Disponibilidade Financeira 464.209,34(-) Consignações e Retenções 1.942.664,57(-) Restos a Pagar de Exercícios Anteriores

183.320,16

= Disponibilidade de Caixa (1.661.775,39)(-) Restos a Pagar do Exercício 616.175,45(-) Despesas de Exercícios Anteriores 0,00 = Saldo (2.277.950,84)

Descumprida a regra do art. 42 da LRF, o fato, de per si, compromete o mérito das presentes contas.

6.5 – DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS – Anexo XV

Nos termos do art. 104 da Lei Federal nº 4.320/64, o anexo citado reflete as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e registra o resultado patrimonial do exercício (Superávit / Déficit). A peça trazida apresenta os seguintes dados:

Variações Ativas Variações PassivasDescrição R$ Descrição R$Resultante da Execução Orçamentária 13.345.592,73

Resultante da Execução Orçamentária 13.835.634,13

Mutações Patrimoniais 25.797,00

Mutações Patrimoniais

0,00

Independente da Execução orçamentária 0,00

Independente da Execução Orçamentária

0,00Total das Variações Ativas 13.371.389,73

Total das Variações Passivas 13.835.634,13

Déficit Patrimonial do Exercício

464.244,40

Superávit Patrimonial do Exercício

0,00

13.835.634,13 13.835.634,13

As Variações Ativas somaram R$13.371.389,73 (treze milhões, trezentos e setenta e um mil trezentos e oitenta e nove reais e setenta e três centavos), enquanto as Passivas foram correspondentes a R$13.835.634,13 (treze milhões, oitocentos e trinta e cinco mil seiscentos e trinta e quatro reais e treze centavos), demonstrando resultado deficitário de R$464.244,40 (quatrocentos e sessenta e quatro mil duzentos e quarenta e quatro reais e quarenta centavos), a impor alerta à Administração na busca da geração de superávit.

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Não constando, como devido, na Demonstração das Variações Patrimoniais - Variação Ativa – Independente da Execução Orçamentária informação de ter sido efetivada a atualização monetária, no exercício, do saldo existente na Dívida Ativa, deve a Comuna adotar essa providência, a ser verificada nas contas do exercício subsequente, recomendando-se o cumprimento das disposições pertinentes da Portaria STN nº 564, de 27/10/04.

7 – DO INVENTÁRIO

Constituindo-se em levantamento ordenado do patrimônio municipal, deve respeitar as regras do Decreto nº 8.365, de 06/11/02. Objetiva o eficaz controle dos bens municipais, quantitativa e qualitativamente, inclusive os consignados sob responsabilidade de órgãos e entidades administrativas (Câmara de Vereadores, descentralizadas, etc.) confirmada a sua existência física, em confronto com a escrituração e respectivos valores.

Não consta nos autos, o Inventário dos Bens em desrespeito às disposições pertinentes e a disciplina da Resolução TCM nº 1.060/05 fato que, igualmente, repercute no mérito das presentes contas, negativamente.

Acusa o pronunciamento da área técnica a existência de divergência entre o valor apresentado na relação dos bens sob a guarda da Câmara e o constante no Balanço Patrimonial. Os dois valores são R$28.447,00 e R$156.446,50, respectivamente. Adverte-se que a independência e harmonia entre os Poderes não deve servir como suporte para a ocorrência, ao invés, exige que ambos atuem no sentido de evitá-las, cumprindo-se os preceitos e obrigações legalmente impostos.

8 – DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS

8.1 – EDUCAÇÃO

8.1.1 – Artigo 212 da Constituição Federal Foi descumprida a exigência do mandamento constitucional destacado, em 2012, uma vez aplicado na manutenção e desenvolvimento do ensino o montante de R$3.378.201,60 (três milhões, trezentos e setenta e oito mil duzentos e um reais e sessenta centavos), correspondente ao percentual de 17,16%(dezessete vírgula dezesseis por cento), inferior ao percentual mínimo de 25% (vinte e cinco por cento), incluídas as despesas pagas e as liquidadas até 31 de dezembro do exercício, inscritas em Restos a Pagar, com os correspondentes saldos financeiros.

8.1.2 – FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07

A Emenda Constitucional nº 53, de 19/12/06, instituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da

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Educação – FUNDEB, a ser aplicado na forma do disposto na Lei Federal nº 11.494/07.

Dos recursos totais, o percentual mínimo de 60% (sessenta por cento) é de aplicação obrigatória na remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício na área pública da educação básica – parágrafo único do artigo 22 da lei mencionada. A Prefeitura de Nova Redenção, havendo recebido recursos no montante de R$4.370.119,98 (quatro milhões, trezentos e setenta mil cento e dezenove reais e noventa e oito centavos), despendeu na remuneração mencionada o valor de R$2.068.618,63 (dois milhões, sessenta e oito mil seiscentos e dezoito reais e sessenta e três centavos), equivalente ao percentual de 47,31% (quarenta e sete vírgula trinta e um por cento), descumprida a exigência legal.

8.1.2.1 – Despesas do FUNDEB - §2º, do artigo 21 da Lei Federal nº 11.494/07

O art. 13, parágrafo único da Resolução TCM nº 1.276/08, emitido em consonância ao artigo 21, § 2º da Lei Federal nº 11.494/07, estabelece que até 5,00% (cinco por cento) dos recursos do FUNDEB poderão ser aplicados no primeiro trimestre do exercício subsequente ao recebimento dos valores, mediante abertura de crédito adicional. Verifica-se que na municipalidade de Nova Redenção houve aplicação do percentual correspondente a 66,88% (sessenta e seis vírgula oitenta e oito por cento), restando a ser aplicado 33,12% (trinta e três vírgula doze por cento), não obedecido o limite determinado no dispositivo legal. Silente a defesa, determina-se a adoção de providências com vistas ao cumprimento da legislação, repercutindo a falta nas conclusões deste pronunciamento.

8.1.2.2 – Despesas glosadas no exercício em face da aplicação de recursos do FUNDEB com desvio de finalidade

Investidos recursos do Fundo em epígrafe em ações não compatíveis com a legislação de regência, caracteriza-se desvio de finalidade. Em decorrência, são excluídas despesas no importe de R$222.784,52 (duzentos e vinte e dois mil setecentos e oitenta e quatro reais e cinquenta e dois centavos), que deve retornar à conta do FUNDEB, com recursos municipais, porque se trata de obrigação institucional, em até 10 (dez) parcelas iguais e mensais, considerado o fato de a obrigação vir a ser cumprida por nova gestão, a contar do trânsito em julgado do Parecer Prévio, comprovado o cumprimento da obrigação, à Regional do TCM. A omissão pode repercutir negativamente no mérito das contas do ano seguinte.

Ausente dos autos o Parecer do Conselho do FUNDEB em desatendimento ao disposto no artigo 31 da Resolução TCM nº 1.276/08. Evite-se a reincidência.

8.1.2.3 - Despesas glosadas em exercício anteriores, face da aplicação de recursos do FUNDEF – Lei Federal nº 9.424/95 e do FUNDEB – Lei Federal nº 11.494/07 – com desvio de finalidade

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Registra-se que a Lei Federal nº 11.494/07 determina que os saldos ou valores de restituições atinentes ao FUNDEF continuem a ser aplicados em conformidade com a respectiva legislação, ou seja, no ensino fundamental, não sendo computados para fins do art. 212 da Constituição Federal ou para o FUNDEB.

A análise técnica informa haver pendências de restituições relativas a exercícios anteriores em face de desvio de finalidade na aplicação de recursos do FUNDEF/ FUNDEB, conforme indicado:

Processo Responsável (eis) Natureza Valor R$ Observação

07228-08 IVAN ALVES SOARES FUNDEB 31.575,17

07772-02 LUCIANO CEZAR GOMES AZEVEDO

FUNDEF 7.176,03 tr p/ conta fundeb deve retornar p/ fundef P. Pre.733/07. doc. envia-do irce 02/12/08. proc.57619-0

08886-09 IVAN ALVES SOARES FUNDEB 185.977,74

08504-11 IVAN ALVES SOARES FUNDEB 321.250,71

Cabe à nova Administração efetivar as verificações devidas e, considerando tratar-se de obrigações de gestões anteriores, defere-se que o ressarcimento pendente seja efetivado em até 20 (vinte) parcelas iguais e mensais, comprovado o fato junto à Regional da Corte.

8.2 - APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE

A Lei Complementar nº 141, de 13/01/12, estatui em seu art. 7º a obrigatoriedade da aplicação, pelos municípios, do percentual mínimo de 15% (quinze por cento) dos recursos enumerados nos artigos 156, 158 e 159, I, “b” e § 3º da CRFB em ações e serviços públicos de saúde, com a exclusão do percentual de 1% (um por cento) do FPM, na forma da Emenda Constitucional nº 55/07.

A Prefeitura, considerados os elementos contidos nos autos e os produzidos pela defesa final, aplicou em 2012 o montante de apenas R$992.837,35 (novecentos e noventa e dois mil oitocentos e trinta e sete reais e trinta e cinco centavos), correspondente ao percentual de 12,61% (doze vírgula sessenta e um por cento) dos recursos previstos constitucionalmente em ações e serviços em referência. Restando caracterizada a não aplicação do percentual mínimo exigido, a falta que compromete o mérito das presentes contas.

Compõem os autos, Balancetes Mensais do período de janeiro a dezembro/2012 do Fundo Municipal de Saúde, porém não foi apresentado, como devido, o Parecer do Conselho Municipal de Saúde, em desobediência a norma regulamentar do art. 13 da Resolução TCM nº 1.277/08. Evite-se a reincidência.

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8.3 – TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PARA O PODER LEGISLATIVO

O artigo 29-A da Constituição da República estabelece limites e prazo para o repasse de recursos ao Poder Legislativo Municipal, observada a execução orçamentária, de sorte a manter a proporção originalmente fixada. A redução ou superação do montante caracteriza crime de responsabilidade.

A dotação orçamentária prevista de R$787.000,00 (setecentos e oitenta e sete mil reais) é superior ao referido limite máximo fixado – R$548.530,81 (quinhentos e quarenta e oito mil quinhentos e trinta reais e oitenta e um centavos). Verificada a ocorrência de repasses no montante legalmente estabelecido, considera-se cumprida a norma constitucional.

8.4 – REMUNERAÇÃO DOS AGENTES POLÍTICOS

A Lei nº 42, de 20 de outubro de 2008, fixou os subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais em R$7.000,00 (sete mil reais), R$4.000,00 (quatro mil reais) e R$1.400,00 (mil e quatrocentos reais), respectivamente.

Regulares foram os pagamentos efetivados ao Sr. Vice-Prefeito. Não foi possível comprovar a regularidade dos atinentes ao Prefeito em relação aos meses de junho e dezembro, em face da não apresentação dos comprovantes respectivos. Os demais observaram a Lei nº 042/2008.

Indica o pronunciamento da área técnica que os Secretários Municipais, Sr. Josemilton Almeida dos Santos e a Srª Edna Maria Souza de Carvalho, receberam o montante de R$18.200,00(dezoito mil e duzentos reais), cada um, ultrapassando em R$1.400,00(mil e quatrocentos reais), cada, o valor estabelecido pela Lei nº 042/2008, irregularidade não descaracterizada na defesa final. Deve, consequentemente, o Ordenador das despesas restituir o valor de R$2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) , ao erário municipal, no prazo de 30/60 (trinta/sessenta) dias a contar deste pronunciamento, devidamente atualizados, respeitado o direito de regresso.

Adverte-se a atual Administração que, na hipótese de não recolhimento, a omissão tem repercussão negativa no mérito de contas futuras, podendo ensejar a formulação de representação ao Ministério Público, com lastro na Lei nº 8.429/92, pela prática de ato de improbidade administrativa.

8.5 – DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

Ex vi do disposto no artigo 74 da Constituição da República, os Poderes municipais são obrigados a institucionalizar o sistema em epígrafe. A Lei de Responsabilidade Fiscal reforça a sua importância, quando lhe atribui competência para fiscalizar o cumprimento de suas regras. Possuindo o mesmo, ademais, cunho preventivo, constitui-se em instrumento de atualização técnica, capaz de evitar a prática de irregularidades e permitir a sua correção tempestiva, dando azo ao respeito, pelos atos administrativos, da 17

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legislação de regência. É, assim, valioso auxiliar do Gestor municipal, indispensável ao adequado funcionamento da máquina pública, em conformidade com o regramento legal vigente. Apesar de instituído no município de Nova Redenção e das advertências e orientações anteriormente expedidas pelo TCM, o largo quantitativo das ocorrências consignadas nos documentos elaborados por técnicos da Corte indicam o seu precário ou mesmo inexistente funcionamento. Consideradas as advertências anteriores deste TCM, a situação revelada influi nas conclusões deste pronunciamento.

9 – DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

9.1 – DESPESA TOTAL COM PESSOAL

A LRF, em seus artigos 18 a 20, 21 a 23 e 66, define e estabelece limites específicos para as despesas com pessoal e disciplina a forma de efetivação dos controles pertinentes. O § 1º do artigo 5º da Lei Federal nº 10.028/00, além de penalidades institucionais, prevê a aplicação de multa equivalente a 30% (trinta por cento) dos subsídios anuais do Gestor, na hipótese de omissão na execução de medidas para a redução de eventuais excessos. A reincidência omissiva repercute negativamente no mérito das contas.

A verificação da observância, ou não, do regramento citado impõe a análise dos gastos do exercício anterior – 2011 - além do atual, 2012.

9.1.1 – DESPESA TOTAL COM PESSOAL - PERCENTUAL EXCEDENTE (ART. 23 DA LRF) REFERENTE AO EXERCÍCIO DE 2011

A Prefeitura, no exercício de 2011, não ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea “b”, da LRF.

9.1.2 - EXERCÍCIO DE 2012 - Percentual Excedente (art. 23 e 66 da LRF)

Ressalte-se, inicialmente, que os dados divulgados pelo IBGE em março de 2013 acerca do PIB nacional revelam taxa de variação real acumulada dos últimos quatro trimestres, em relação aos imediatamente anteriores, no valor negativo de 1% (um por cento). Este fato tem repercussão sobre a matéria, porquanto na forma do disposto no artigo 66 da LRF, na hipótese de PIB negativo, há duplicação dos prazos de recondução de tais despesas aos limites legais.

9.1.2.1 - DESPESA COM PESSOAL - PERCENTUAL EXCEDENTE (ART. 23 DA LRF) REFERENTE AOS 1º E 2º QUADRIMESTRES DE 2012

A despesa efetivada no período em epígrafe não ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea “b”, da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, constatando-se, assim, o cumprimento da legislação supracitada.

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9.1.2.3 DESPESA TOTAL COM PESSOAL - 3º QUADRIMESTRE DE 2012

Os autos registram os valores abaixo, para o final do exercício de 2012, considerando-se a Receita Corrente Líquida de R$13.345.592,73 (treze milhões, trezentos e quarenta e cinco mil quinhentos e noventa e dois reais e setenta e três centavos):

DESPESA COM PESSOAL R$

Limite legal – 54% (art. 20 LRF) 7.206.620,07 Limite Prudencial – (art. 22) 6.846.289,07 Limite para alerta – 90% do limite máximo (art. 59) 6.485.958,06 Participação em 2012 6.248.843,89 Percentual da despesa na Receita Corrente Líquida 46,82%

A despesa em tela, no 3º quadrimestre de 2012, não ultrapassou o limite definido no art. 20, inciso III, alínea 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF, constatando-se, assim, o cumprimento da legislação supracitada.

O parágrafo único do artº 21, da Lei Complementar nº 101/00 da Lei de Responsabilidade reza “in verbis”:

“Parágrafo único – também é nulo de pleno direito o ato que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular de respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.” (grifamos)

As informações da Inspetoria Regional e os registros contidos no Pronunciamento Técnico indicam que não houve aumento de Despesa com Pessoal e contratação de Mão de Obra Terceirizada nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores no último ano do mandato. É regular a matéria.

9.3 – RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E DE GESTÃO FISCAL

9.3.1 – Publicidade – Resolução TCM nº 1.065 e art. 55 da LRF

Não houve oportuno encaminhamento da comprovação da tempestiva divulgação dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária, correspondentes aos 1º, 2º 3º, 4º e 6º bimestres, a repercutir de forma negativa nas conclusões deste pronunciamento.

Ausentes dos autos, os Relatórios de Gestão Fiscal referentes aos 1º, 2º e 3º quadrimestres, fato que também incide negativamente nas conclusões deste pronunciamento.

9.4 – AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

A LRF impõe ao Poder Executivo demonstrar e avaliar o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em reuniões realizadas na sede do 19

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Legislativo local, até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro. Registra o Pronunciamento Técnico a não remessa das comprovações devidas, irregularidade não descaracterizada na defesa final, o que repercute nas conclusões deste pronunciamento.

10 – DAS RESOLUÇÕES DO TRIBUNAL

10.1 – ROYALTIES / FUNDO ESPECIAL / COMPENSAÇÕES FINANCEIRAS DE RECURSOS MINERAIS E HÍDRICOS – Resolução TCM nº 931/04

A Prefeitura de Nova Redenção, no exercício de 2012, recebeu e contabilizou recursos provenientes dessa origem no montante de R$92.753,44 (noventa e dois mil setecentos e cinquenta e três reais e quarenta e quatro centavos). Segundo a Inspetoria Regional as despesas foram efetivadas em consonância com a legislação de regência. É regular a matéria.

Não havendo comprovação nos autos de que a Comuna restituiu à conta Royalties/FEP, com recursos municipais, a importância de R$2.075,00 (dois mil e setenta e cinco reais), referente a determinação constante do Processo nº 08886-09 e silente a defesa, o descumprimento da determinação influencia nas conclusões deste pronunciamento. Deve a atual Administração efetivar o recolhimento do valor total no prazo de até 120 (cento e vinte reais) dias, a contar do trânsito em julgado deste pronunciamento, comprovando o fato à inspetoria Regional. A omissão repercutirá negativamente no mérito de contas futuras, além da aplicação de penalidades outras.

10.2 – CIDE – Resolução TCM nº 1.122/05

Revelam os autos que o município recebeu a importância de R$14.180,50 (quatorze mil cento e oitenta reais e cinquenta centavos) relativa a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, observada a legislação de regência. É regular a matéria.

10.3 – DO REPASSE DE RECURSOS PARA ENTIDADES CIVIS – Resolução TCM nº 1.121/05

Não houve repasse de recursos públicos municipais pela administração direta ou indireta, mediante convênio, a entidades civis sem fins lucrativos, reconhecidas por lei municipal como de utilidade pública, a título de subvenção ou auxílio.

10.4 – DEMONSTRATIVO DOS RESULTADOS ALCANÇADOS – item 30, artigo 9º da Resolução TCM nº 1.060/05

Após análise desta relatoria, não foi encontrado nos autos, como devido, o documento em apreço. A omissão enseja a aposição de ressalva específica, devendo evitar-se reincidências. Atue com eficácia o sistema de controle interno, também no particular.

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10.5 – RELATÓRIO DE PROJETOS E ATIVIDADES – item 32, art.º 9º da Resolução TCM nº 1.060/05

Ausente dos autos o documento em referência, resta desatendido o disposto artigo 45, da LRF, na forma disciplinada no item 32 do art. 9º da Resolução TCM nº 1.060/05. A omissão repercute nas conclusões deste pronunciamento.

10.6 – DECLARAÇÃO DE BENS DO GESTOR

Foi apresentada a Declaração de Bens do Gestor, cumprido o artigo 11 da Resolução TCM nº 1.060/05.

10.7. – TRANSMISSÃO DE GOVERNO – Resolução TCM nº 1.311/12

Não houve cumprimento da Resolução em destaque. Frustrado o objetivo primordial do ato desta corte, qual seja proporcionar transição regular do Poder, mais uma vez é de se destacar que o interesse público deve, necessariamente, estar acima de eventuais disputas partidárias.

10.8 – DOCUMENTOS AUSENTES – Resolução nº 1.060/05

Ausentes dos autos os seguintes documentos, exigidos pela Resolução em epígrafe:

− Relatório de Atividades do Executivo encaminhado à Câmara;− Relação Analítica do Ativo Realizável;− Relação de Valores e Títulos da Dívida Ativa;− Relação analítica dos elementos que compõem os passivos financeiro e permanente;− Relação analítica dos Restos a Pagar;

− Relatório de Projetos e Atividades.

11 - DAS MULTAS E RESSARCIMENTOS PENDENTES

Os autos registram pendências concernentes ao não recolhimento de cominações impostas a Agentes Políticas do município em decisões transitadas em julgado nesta Corte – multas ou ressarcimentos.Silente a defesa final, permanecem pendentes de recolhimento, em prejuízo ao erário municipal, as cominações a seguir listadas:

MULTAS

Processo Multado Cargo Venc. Valor R$ Div. At. Exec.

Fisc.

07228-08 IVAN ALVES SOARES Prefeito N N

08725-09 CLEDIVALDO SOUZA BRAGA

Presidente da Camara

15/11/2010 2.000,00 N N

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09566-10 IVAN ALVES SOARES Prefeito 19/12/2010 800,00 N N

08477-11 IVAN ALVES SOARES Prefeito 03/02/2012 2.000,00 N N

08504-11 IVAN ALVES SOARES Prefeito 30/01/2012 2.000,00 N N

08381-12 Arnold Pires dos Santos Presidente da Camara

18/11/2012 500,00 N N

08399-12 IVAN ALVES SOARES Prefeito 05/05/2013 20.000,00 N N

08886-09 IVAN ALVES SOARES Prefeito N N

09566-10 IVAN ALVES SOARES Prefeito 19/10/2010 800,00 N N

RESSARCIMENTOSProcesso Responsável(eis) Cargo Public Venc Valor R$ Divi

da Ativ

a

Execucao

Fiscal

07249-99 LUIZ ANTONIO DA SILVA PRESIDENTE DA C.M

03/12/1999 5.804,93 N N

07249-99 ANTONIO COSTA PINHEIRO VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 JAILTON SUFIA PENA VEERADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 EDVALDO SILVA ALMEIDA VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 HENRIQUE FRANCISCO SOUZA NETO

VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 ROGERIO SENA ROCHA VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 SILVIO JOSE RIBEIRO FILHO VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

07249-99 CLEDIVALDO SOUZA BRAGA VEREADOR 03/12/1999 3.842,26 N N

09938-01 ROGÉRIO SENA ROCHA PRESIDENTE 30/12/2001 5.538,87 N N

09938-01 HENRIQUE FRANCISCO SOUZA NETO

VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 EDIVALDO SILVA ALMEIDA VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 SILVIO JOSÉ RIBEIRO FILHO VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 CLEDIVALDO SOUZA BRAGA VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 ANTÔNIO COSTA PINHEIRO VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 JAILTON SUFIA PENA VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

09938-01 LUIZ ANTÔNIO DA SILVA VEREADOR 30/12/2001 3.652,37 N N

06856-05 HENRIQUE FRANCISCO SOUZA NETO

PRESIDENTE 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 ADÉSIO SÁ TELES RIBEIRO VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 AMARILDO BATISTA DE JESUS VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 CLEDIVALDO SOUZA BRAGA VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 GILDASIO ALVES DE OLIVEIRA VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 JAILTON SUFIA PINA VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 LUIZ ANTÔNIO DA SILVA VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 VALDEMAR PEREIRA DE ALMEIDA FILHO

VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06856-05 VALDIONOR NOVAIS NUNES VEREADOR 17/01/2006 2.000,00 N N

06295-04 HENRIQUE FRANCISCO SOUZA NETO

PRESIDENTE CÂMARA

08/04/2005 08/05/2005 5.582,27 N N

06295-04 AMARILDO B. DE JESUS VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 CLEDEVALDO SOUZA BRAGA VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

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06295-04 GILDÁSIO ALVES DE OLIVEIRA VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 JAILTON SUFIA PINA VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 LUIS ANTONIO DA SILVA VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 VALDEMAR P. FILHO VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 VALDIONOR NOVAIS NUNES VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

06295-04 ADÉSIO SÁ TELES RIBEIRO VEREADOR 08/04/2005 08/05/2005 2.481,00 N N

07228-08 IVAN ALVES SOARES PREFEITO 13/04/2009 5.510,44 N N

08399-12 IVAN ALVES SOARES PREFEITO 05/05/2013 79.082,68 N N

05517-13 IVAN ALVES SOARES PREFEITO MUNICIPAL

28/07/2013 35.401,00 N N

Tomando em consideração que:

a) tem o município obrigação de promover a cobrança, inclusive judicial, dos débitos impostos pelo TCM aos Agentes Políticos, caso não recolhidos voluntariamente, circunstância em que geram créditos públicos executáveis judicialmente, denominados Dívida Ativa Não Tributária;

b) as decisões das Cortes de Contas impositivas de apenação de multas, ou de ressarcimentos, a agentes públicos, têm eficácia de título executivo extrajudicial, na forma do disposto nos artigos 71, § 3º e 91, § 1º das Cartas Federal e Estadual, respectivamente;

c) é dever do Prefeito a cobrança dos débitos, sob pena de responsabilidade;

d) não incide a prescrição na pena correspondente a imputação de débito com determinação de ressarcimento ao erário;

e) há várias cominações aplicadas ao Gestor destas contas.

A omissão aqui constatada, caracteriza o cometimento de ato de improbidade administrativa, impondo a formulação de representação junto à Procuradoria Geral da Justiça, com vistas à aplicação da Lei nº 8.429/1992, com o objetivo, também, de recuperar os recursos do erário, devidamente corrigidos.

É deferido prazo de até 06 (seis) meses para que a atual Administração efetive a inscrição de todos os débitos na Dívida Ativa Municipal e ingresse com as competentes ações judiciais de cobrança, advertida que a omissão poderá comprometer o mérito de suas contas anuais e ensejar, igualmente, a formulação de representação ao douto Ministério Público Estadual.

12 – CONCLUSÃO

Vistos, detidamente analisados e relatados, respeitados que foram os direitos consagrados no inciso LV do artigo 5º da Constituição da República em todas as fases processuais, consideradas as irregularidades e ilegalidades aqui apontadas e detalhadas nos pronunciamentos técnicos, reveladoras de 23

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agressão a normas constitucionais e contidas nas Leis de Responsabilidade Fiscal, Federais nºs 8.666/93 e 4.320/64, Resoluções e Instruções desta Corte, com fulcro no art. 40, inciso III, alíneas “a” e “b”, e respectivo parágrafo único, todos da Lei Complementar Estadual nº 06/91, combinados com as disposições da Resolução TCM nº 222/92*, votamos pela rejeição, porque irregulares, das contas do exercício financeiro de 2012 da Prefeitura de Nova Redenção, constantes do processo TCM nº 12029/13, da responsabilidade do Sr. Ivan Alves Soares, a quem é aplicada multa no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), com respaldo nos incisos I, II, IV, VI, VII e VIII do artigo 71 da mesma Lei Complementar citada, a ser recolhida ao erário municipal com recursos pessoais do Gestor, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da edição do trânsito em julgado do Parecer Prévio, na forma da Resolução TCM nº 1.124/05, devendo ser emitida a competente Deliberação de Imputação de Débito, da qual deverão constar os ressarcimentos determinados no item 5 deste pronunciamento no montante de R$2.362.183,46(dois milhões, trezentos e sessenta e dois mil cento e oitenta e três reais e quarenta e seis centavos), a seguir discriminados:

• R$8.636,00(oito mil seiscentos e trinta e seis reais) - ausência das folhas salariais de servidores;

• R$114.794,01 (cento e quatorze mil setecentos e noventa e quatro reais e um centavo) - saída de numerário da conta bancária do FUNDEB, sem suporte em documento de despesa;

• R$288.892,36 (duzentos e oitenta e oito mil oitocentos e noventa e dois reais e trinta e seis centavos) - ausência de comprovação de despesa;

• R$801.757,04 (oitocentos e um mil setecentos e cinquenta e sete reais e quatro centavos) - não apresentação de Nota Fiscal ou recibo de suporte para saída de recursos do erário municipal;

• R$10.802,00(dez mil oitocentos e dois reais) - ausência de comprovação da efetiva ocorrência de pagamento das folhas de servidores;

• R$12.020,00(doze mil e vinte reais) - gastos com publicidade desacompanhados da matéria veiculada;

• R$10.232,52(dez mil duzentos e trinta e dois reais e cinquenta e dois centavos) - multas e juros indevidamente suportados pela Comuna em face de atraso no cumprimento de obrigações e taxas e encargos por devolução de cheques por insuficiente provisão de fundos;

• R$283.145,51(duzentos e oitenta e três mil cento e quarenta e cinco reais e cinquenta e um centavos) - não apresentação de diversos processos de pagamento;

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• R$103.457,02(cento e três mil quatrocentos e cinquenta e sete reais e dois centavos) - ausência dos originais dos processos de pagamento;

• R$725.647,00(setecentos e vinte e cinco mil seiscentos e quarenta e sete reais) - ausência de comprovação de pagamento;

• R$2.800,00(dois mil e oitocentos reais), concernente a subsídios percebidos a maior pelos Secretários Municipais, Sr. Josemilton Almeida dos Santos e a Srª Edna Maria Souza de Carvalho, no valor de R$1.400,00 (mil e quatrocentos reais), cada um.

A liberação da responsabilidade do Gestor fica condicionada ao cumprimento do quanto aqui determinado.

Determina-se a lavratura de Termos de Ocorrência, respeitados os prazos e condições estabelecidos para o saneamento das questões, em relação a:

− Não apresentação de folhas de pagamento dos meses de junho e dezembro do Sr. Prefeito, Gestor destas contas.

Ciência aos interessados e à CCE.

Cópia a atual Prefeita Municipal, Sra. Anna Guadalupe Pinheiro Luquini Azevedo, para adoção das providências aqui determinadas, com destaque para a cobrança dos débitos atinentes a cominações impostas pelo TCM e as que evitem a repetição das faltas, senões e irregularidades aqui apontadas.

Cópia, igualmente, ao Ministério da Previdência Social, com vistas ao Departamento de Acompanhamento respectivo.

À vista do disposto no artigo 76, inciso I , alínea “d” da Lei Complementar Estadual nº 005/91, formule-se representação ao douto Ministério Público Estadual, através da competente Assessoria Jurídica deste Tribunal.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de agosto de 2014.

Cons. José Alfredo Rocha Dias Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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