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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 07575e17 Exercício Financeiro de 2016 Prefeitura Municipal de ITANHÉM Gestor: Milton Ferreira Guimaraes Relator:Cons. Paolo Marconi Redator do Pleno:Cons. José Alfredo Rocha Dias RELATÓRIO / VOTO RELATÓRIO / VOTO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas da Prefeitura Municipal de Itanhém, exercício de 2016, de responsabilidade do Sr. Milton Ferreira Guimarães, foi enviada eletronicamente a este Tribunal, através do e-TCM, autuada sob o nº 07575e17, no prazo estipulado na Lei Complementar nº 06/19. Para garantir maior agilidade, segurança e transparência à sua ação institucional, este Tribunal estabeleceu através das Resoluções ns. 1338/2015 e 1337/2015 normas sobre o processo eletrônico no âmbito desta Corte, assim como a obrigatoriedade do encaminhamento via e- TCM da documentação mensal da receita e da despesa e da prestação de contas anual dos jurisdicionados, razão por que, em cumprimento a essas normas, todos os documentos, assinados digitalmente, que compõem estas contas anuais foram enviados, exclusivamente, por meio eletrônico. As contas foram colocadas em disponibilidade pública no sítio oficial do e-TCM, no endereço eletrônico “ http://e.tcm.ba.gov.br/epp/Co nsulta Publica /list View.seam .”, em obediência às Constituições Federal (art. 31, § 3º) e Estadual (art. 63, § 1º, e art. 95, §2º) e a Lei Complementar nº 06/91 (arts. 53 e 54), porém não foi comprovado o ato formal do Poder Legislativo neste particular. A Cientificação/Relatório Anual , expedida com base nos Relatórios Mensais Complementares elaborados pela 15ª Inspetoria Regional a que o Município está jurisdicionado e resultante do acompanhamento da execução orçamentária e patrimonial, bem como o Pronunciamento Técnico emitido após a análise técnica das Unidades da Diretoria de Controle Externo, encontram-se disponíveis no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria – SIGA. 1

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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTASProcesso TCM nº 07575e17Exercício Financeiro de 2016Prefeitura Municipal de ITANHÉM Gestor: Milton Ferreira GuimaraesRelator:Cons. Paolo Marconi Redator do Pleno:Cons. José Alfredo Rocha Dias

RELATÓRIO / VOTO

RELATÓRIO / VOTO

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas da Prefeitura Municipal de Itanhém, exercício de 2016, de responsabilidade do Sr. Milton Ferreira Guimarães, foi enviada eletronicamente a este Tribunal, através do e-TCM, autuada sob o nº 07575e17, no prazo estipulado na Lei Complementar nº 06/19.

Para garantir maior agilidade, segurança e transparência à sua ação institucional, este Tribunal estabeleceu através das Resoluções ns. 1338/2015 e 1337/2015 normas sobre o processo eletrônico no âmbito desta Corte, assim como a obrigatoriedade do encaminhamento via e-TCM da documentação mensal da receita e da despesa e da prestação de contas anual dos jurisdicionados, razão por que, em cumprimento a essas normas, todos os documentos, assinados digitalmente, que compõem estas contas anuais foram enviados, exclusivamente, por meio eletrônico.

As contas foram colocadas em disponibilidade pública no sítio oficial do e-TCM, no endereço eletrônico “http://e.tcm.ba.gov.br/epp/Co nsulta Publica /list View.seam .”, em obediência às Constituições Federal (art. 31, § 3º) e Estadual (art. 63, § 1º, e art. 95, §2º) e a Lei Complementar nº 06/91 (arts. 53 e 54), porém não foi comprovado o ato formal do Poder Legislativo neste particular.

A Cientificação/Relatório Anual, expedida com base nos Relatórios Mensais Complementares elaborados pela 15ª Inspetoria Regional a que o Município está jurisdicionado e resultante do acompanhamento da execução orçamentária e patrimonial, bem como o Pronunciamento Técnico emitido após a análise técnica das Unidades da Diretoria de Controle Externo, encontram-se disponíveis no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria – SIGA. 1

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Distribuído o processo por sorteio a esta Relatoria, o Gestor foi notificado (Edital nº 400/2017, publicado no DOETCM de 18/10/2017, e via eletrônica, através do e-TCM), mas não apresentou defesa no prazo regimental, incorrendo em revelia nos termos do art. 68, § 3º, da Lei Complementar n. 6/91 e deixando de se desincumbir de sua parcela na carga probatória, em virtude do que os apontamentos do Pronunciamento Técnico e do Relatório Anual foram apreciados à vista dos efeitos legais da contumácia, respeitadas as provas constantes dos autos.

DOS EXERCÍCIOS ANTERIORES

As contas de 2009, 2010, 2013 e 2014, de responsabilidade deste Gestor, foram aprovadas com ressalvas, com multas de R$ 1.500,00, R$ 3.000,00, R$ 5.000,00 e R$ 1.500,00 e ressarcimentos de R$ 3.440,00, R$ 39.720,16 e R$ 21.600,00. Já as de 2011, 2012 e 2015 foram rejeitadas, com multas de R$ 15.000,00, R$ 36.000,00, R$ 15.000,00 , R$ 36.000,00 e R$ 16.500,00 e ressarcimentos de R$ 68.441.76, R$ 56.278,33, e R$ 27.249,21.

DOS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO

O Plano Plurianual do quadriênio 2014/2017 foi instituído pela Lei nº 111/2013, e as Diretrizes Orçamentárias pela Lei nº 159/15.

A Lei Orçamentária Anual nº 163/15 aprovou o orçamento para o exercício de 2016, estimando a receita e fixando a despesa em R$ 39.798.542,00, sendo R$ 27.876.829,00 referentes ao Orçamento Fiscal e R$ 11.921.713,00 ao Orçamento da Seguridade Social. Nela, constam autorizações para a abertura de créditos suplementares nos limites de (i) 95% da anulação parcial ou total das dotações; (ii) 100% do superávit financeiro; e (iii) 100% do excesso de arrecadação.

Foi apresentada a comprovação da publicação da LDO e LOA.

Recomenda-se que as próximas leis orçamentárias fixem limites e parâmetros mais razoáveis de autorizações para abertura de créditos adicionais por anulação de dotação orçamentária, visto que o percentual de 95% distorce por completo o controle do legislativo

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sobre a execução orçamentária.

Registra o Pronunciamento Técnico o descumprimento do art. 48, Parágrafo Único, inciso I, da LRF, pela não comprovação de incentivo à participação popular e realização de audiências públicas durante a fase de elaboração dos instrumentos de planejamento, devendo a atual Administração adotar medidas efetivas à inclusão da população nesta fase de formulação das políticas públicas no âmbito municipal, em atendimento às normas desta Lei.

Constam nos autos o Quadro de Detalhamento de Despesa e a Programação Financeira e o Cronograma de Execução Mensal de Desembolso para o exercício de 2016, aprovados através do Decretos nº 84/16 e 80/16.

DAS ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS

Com relação aos créditos adicionais suplementares, indicou-se a abertura e contabilização de R$ 19.147.832,02, todos por anulação de dotações.

O Pronunciamento Técnico identificou que não houve publicação dos Decretos de abertura de créditos adicionais ns. 06 e 19. Assim, considera-se sem eficácia tais atos do Poder Executivo, o que, a rigor, configura o descumprimento do art. 42 da Lei Federal nº 4.320/64, visto a exigência de que os créditos adicionais e especiais sejam abertos por decreto executivo válido. Considerando que o total das alterações orçamentárias promovidas em 2015 se encontram dentro do limite autorizado na LOA (o que afasta o descumprimento do art. 167, V, da Constituição Federal), entende-se que esta falha per si não é de porte a comprometer o mérito das presentes Contas, mas deve integrar o rol de ressalvas.

DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Os Demonstrativos Contábeis foram assinados pelo Contabilista Sr. Paulo Rogério de Almeida, CRC BA n. 018136/O, tendo sido apresentada a Certidão de Regularidade Profissional, em atendimento à Resolução 1402/12, do Conselho Federal de Contabilidade.

Consolidação das Contas e contabilização dos dados no Sistema SIGA

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Impropriedades foram anotadas entre o saldo contabilizado naspeças contábeis e os lançados no Sistema SIGA (itens 4.2, e 4.6), bem como frente aos Relatórios analíticos de contas encaminhados juntos com a prestação de contas anual (itens 4.7.2.1 e 4.7.2.3). Essas falhas são graves, pois distorcem por completo a análise realizada pela Unidade Técnica, prejudicando o controle sobre a real situação patrimonial da entidade. Na prática, isso faz com que o Pronunciamento Técnico aponte uma série de divergências contábeis, as quais poderiam ser facilmente evitadas pela gestão se houvesse maior atenção na elaboração dos documentos que subsidiam os exames das peças contábeis.

Balanço Orçamentário

A receita arrecadada, de acordo com o Balanço Orçamentário, foi de R$ 39.785.497,47, correspondendo a 99,97% do valor previsto no Orçamento (R$ 39.798.542,00).

A despesa realizada foi de R$ 36.949.214,76, ante uma fixação de R$ 39.798.542,00, equivalente a 92,84% do valor autorizado, evidenciando uma economia orçamentária de R$ 2.849.327,24.

O resultado da execução orçamentária foi superávit de R$ 2.836.282,71.

A Associação Brasileira de Orçamento Público (ABOP) desenvolveu índices de acompanhamento da realização orçamentária, com base na comparação entre as receitas e despesas orçadas e as efetivamente realizadas. Nesse sentido, a execução orçamentária do exercício de 2016 pode ser conceituada como “ótimo”, para as receitas, e “bom”, para as despesas, que tiveram desvios negativos de “0,03%” e “7,16%”, respectivamente.

ÍNDICES DA ABOPCONCEITO CRITÉRIOS

ÓTIMO Diferença < 2,5%BOM Diferença entre 2,5% e 5%

REGULAR Diferença entre 5% e 10%DEFICIENTE Diferença entre 10% e 15%

ALTAMENTE DEFICIENTE Diferença > 15%

Em relação ao exercício de 2015, as receitas e as despesas cresceram 9,42% e 1,59%, respectivamente. Como as receitas 4

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realizadas foram superiores às despesas empenhadas, o Município apresentou superavit de R$ 2.836.282,71. Essa situação evidencia uma considerável melhora do ente sob a ótica orçamentária, saindo de um panorama deficitário de R$ 11.126,31 em 2015.

DESCRIÇÃO 2015 (R$) 2016 (R$) %RECEITA ORÇAMENTÁRIA 36.358.521,17 39.785.497,47 9,42DESPESA ORÇAMENTÁRIA 36.369.647,48 36.949.214,76 1,59

RESULTADO -11.126,31 2.836.282,71 -

Foram apresentados os quadros demonstrativos dos Restos a Pagar processados e não processados, porém com divergência, conforme item 4.5.1 do Pronunciamento Técnico.

Balanço Financeiro, Patrimonial e Demonstração das Variações Patrimoniais

Com relação à dívida ativa, verifica-se uma baixa arrecadação de R$ 153.708,23, que representa apenas 5,82% do estoque escriturado em 2015 (R$ 2.641.552,48).

No cotejo dos valores cobrados da dívida ativa nos últimos anos, constata-se que, na prática, a pequena elevação percentual obtida pela Administração em comparação ao exercício anterior, passando de 1,94% para 5,82% do estoque da dívida, representa pouco incremento, porquanto não se distancia do desempenho dos outros exercícios, aliás com o mesmo patamar do primeiro ano da gestão (5,91%) e que já tinha sido considerado insatisfatório, razão por que será majorada a multa ao Gestor ao final do decisório. A rigor, houve clara omissão do Prefeito, Sr. Milton Ferreira Guimarães, neste particular, visto o substancial aumento de mais de 323,74% do estoque de dívida ativa durante a sua gestão, saindo de R$ 658.999,96 em 2009, para R$ 2.792.503,75 em 2016.

Ano Saldo (R$) Valor cobrado (R$)

% sobre o saldo anterior (R$)

2009 658.999,96 33.987,28 5,91

2010 778.766,39 15.851,02 2,40

2011 930.018,00 24.870,00 3,19

2012 1.122.503,32 9.900,95 1,06

2013 1.543.711,28 32.066,16 2,86

2014 1.479.632,30 141.903,91 9,20

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2015 2.641.552,48 28.701,39 1,94

2016 2.792.503,75 153.708,23 5,82

Determina-se à atual Administração que promova ações para o ingresso dessa receita à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, sob pena de responsabilidade.

A Dívida Fundada Interna apresentou saldo de R$ 13.490.755,41, que foram ratificados por meio de certidões, conforme determina o item 39, do art. 9º, da Resolução TCM nº 1060/05 (e suas alterações).

Quanto ao grau de endividamento do Município numa perspectiva de longo prazo, o Pronunciamento indicou que foi observado o limite de 1,2 da Receita Corrente Líquida, alcançando em 2016 um percentual de 29,03% (item 4.7.6 do Pronunciamento Técnico).

O Demonstrativo das Variações Patrimoniais registrou superávit de R$ 1.977.293,02, e o Balanço Patrimonial um Patrimônio Líquido de R$ 3.999.017,84.

Da análise dessas peças contábeis constatou-se ainda que:

• diversos extratos bancários foram encaminhados desacompanhados das respectivas conciliações, conforme item 4.7.1.1 do Pronunciamento Técnico;

• descumprimento ao item 37, do art. 9º da Resolução TCM nº 1060/05 (e suas alterações), uma vez que foram cancelados R$ 50.823,38 da dívida ativa, não tendo o Gestor apresentado o respectivo processo administrativo que lhe tenha dado suporte. Assim, deve o débito ser reinscrito na Dívida Ativa, sob pena de responsabilidade. O mesmo se aplica quanto às baixas de R$ 601.071,02 e R$ 1.651.337,80 da dívida fundada e restos a pagar, apontadas nos itens 4.5.1 e 4.7.4 do Pronunciamento Técnico;

• créditos correspondentes a tributos, de responsabilidade de recolhimento de outros entes estatais, ainda pendentes de repasses ao Tesouro Municipal. Conforme Pronunciamento Técnico (item 4.7.1.2), devem ser corretamente evidenciadas no ativo circulante os créditos a que tem direito o Município, relativos ao ISS (R$ 23.960,69) e IRRF (R$ 2.448,90), que devem ser ajustados no exercício subsequente;

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• ausência de notas explicativas para o lançamento de “ajustes de exercícios anteriores”, no valor de R$ 14.311,83 (item 4.7.5 do Pronunciamento Técnico);

• divergência na escrituração dos repasses de duodécimos à Câmara Municipal constante no SIGA frente ao demonstrativo contábil (item 5.3 do Pronunciamento Técnico);

• com relação aos lançamentos em contas genéricas nas variações patrimoniais (Div. Var. Pat. Aument. e Diminutivas de R$ 69.170,58 e R$ 1.516.481,49), desacompanhados de notas explicativas, como a defesa não acostou documentação probatória, permanece a matéria sem esclarecimento. Ante a imprecisão dos lançamentos e ausência de notas explicativas a respeito, deve o Gestor prestar esclarecimentos à DCE em até 60 dias após o trânsito em julgado, já que o exame técnico trouxe indícios de valores baixados e/ou cancelados de dívidas ativas e/ou passivas, sem que fossem apresentados os devidos processos administrativos, descumprindo o quanto determina o item 37, do art. 9°, da Resolução TCM n° 1060/05.

Cabe registrar que as falhas apontadas nos demonstrativos contábeis repercutirão na sanção pecuniária ao final deste pronunciamento.

Restos a pagar x Disponibilidade Financeira

Conforme Pronunciamento Técnico, ficou evidenciado que as disponibilidades financeiras de R$ 2.221.599,90, não são suficientes para cobrir os Restos a Pagar e consignações de R$ 2.491.278,55, em descumprimento do artigo 42 da LRF, resultando num saldo negativo de R$ 269.678,65, conforme tabela que segue:

DISCRIMINAÇÃO VALORCaixa e Bancos 2.194.723,61

(+) Haveres Financeiros 26.876,29(=) Disponibilidade Financeira 2.221.599,90(-) Consignações e Retenções 182.958,94(-) Restos a Pagar de exercícios anteriores 0,00(=) Insuficiência de Caixa 2.038.640,96(-) Restos a Pagar do Exercício 43.405,84(-) Restos a Pagar Cancelados 1.651.337,80(-) Despesas de Exercícios Anteriores 613.575,97(=) Total -269.678,65

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A tabela demonstra o descumprimento do art. do artigo 42 da LRF, pois não há saldo suficiente para cobrir os Restos a Pagar inscritos em 2016. A irregularidade é grave, pois o Gestor, ao assumir obrigações de despesas sem a correspondente disponibilidade financeira, comprometeu o equilíbrio das contas públicas, fato que repercute no mérito, com fundamento no art. 1º inciso XX, da Resolução TCM nº 222/92 e alterações (Res. 224/93; 225/93; 272/95; 396/99; 471/00; e 648/02), que enumera como causa de rejeição “ordenar ou autorizar a assunção de obrigação nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício financeiro subsequente sem suficiente disponibilidade de caixa”.

DOS REGISTROS DA CIENTIFICAÇÃO/RELATÓRIO ANUAL

No exercício da fiscalização prevista no art. 70 da Constituição Federal, a Inspetoria Regional de Controle Externo notificou mensalmente o Gestor sobre as falhas e irregularidades detectadas no exame da documentação mensal. As ocorrências não sanadas ou não satisfatoriamente esclarecidas estão consolidadas na Cientificação/Relatório Anual, dentre as quais se destacam:

• gasto de R$ 4.781.555,90 com pessoal admitido sem concur - so público, em violação ao art. 37, II, da Constituição da Re-pública. Como o Prefeito não apresentou defesa nestes au-tos, a irregularidade permanece. A Constituição até admite ex-ceções à regra do concurso público, como no caso de contra-tação por prazo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, desde que, nes-sa hipótese, (1) haja autorização em lei do ente federado que pretende contratar de forma provisória, (2) enquadre-se a contratação em alguma das hipóteses nela previstas e (3) se-jam respeitados os princípios da impessoalidade e moralidade com a seleção dos contratados por meio de processo simplifi-cado que garanta o mínimo de objetividade na escolha dos profissionais. No presente caso, com o silêncio do Prefeito de Itanhém, ficou sem comprovação o atendimento de tais requi-sitos e, portanto, a própria regularidade do gasto realizado, a configurar, nesse contexto, burla à regra do concurso público

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(CRFB, art. 37, II). A irregularidade é, pois, gravíssima, tanto pela afronta à Constituição – nos exercícios de 2012, 2013, 2014 e 2015, todos de responsabilidade do Prefeito responsá-vel pelas contas de 2016, esse mesmo tipo de infração foi acusado por esta Corte – e pelo montante milionário de recur-sos públicos envolvidos. Inevitavelmente, isso influencia deci-sivamente na dosimetria da penalidade ao final aplicada nos termos do art. 71, II, da Lei Complementar n. 6/91.

• não apresentação, para análise da 15ª IRCE, do Processo de Pagamento n. 2546 ( R$ 120.000,00 ) , impedindo esta Corte de fiscalizar a aplicação dos respectivos recursos públicos, vale dizer, o itinerário do dinheiro público desde o empenho até a saída do numerário, passando pela importante fase de liquidação, em que se apura se houve a prestação efetiva dos serviços em razão do qual foi feito o pagamento. Sem o pro-cesso, essa apuração fica prejudicada, o que, no presente caso, enseja a imputação de ressarcimento , com recursos pessoais, dos R$ 120.000,00 em desfavor do Prefeito;

• ausência de comprovantes da entrega de material ou presta - ção efetiva de serviço em 27 processos de pagamento (ns. 1080, 1214, 1218, 1226, 1227, 2163, 2733, 3040, 3067, 3078, 3282, 3253, 3320, 3364, 3386, 3423, 3495, 3536, 3701, 3709, 3831, 3926, 4007, 4008, 4091,4092 e 4433 ), que, de acordo com o SIGA, somaram R$ 384.485,22 , em violação ao art. 63, § 2º, III, da Lei n. 4.320/64, os quais, pelo prejuízo que a não apresentação dos processos de pagamento cau-sou à fiscalização desta Corte e pela presunção de irregulari-dade que incide em casos tais, deverão ser objeto de ressar - cimento com recursos pessoais pelo Prefeito;

• pagamento de multa de R$ 3.498,00 aplicada pela AGERBA em razão da ausência de autorização a veículo locado para a condução intermunicipal de funcionários da Prefeitura (Pro-cesso de Pagamento n. 3384/16), o que, no apontamento da Inspetoria, representou um "dispêndio desnecessário para o Poder Público". Como ele não apresentou defesa nos presen-tes autos, a irregularidade persiste, ensejando, em desfavor do Prefeito, a imputação de ressarcimento dos R$ 3.498,00, com recursos pessoais, além de multa nos termos do art. 71, III, da Lei Complementar n. 6/91;

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• pagamentos de R$ 8.400,00 sem os comprovantes das con - traprestações respectivas exigidos no art. 63, § § 2º, II, da Lei n. 4.320/64 (Processos de Pagamento ns. 917/2016, 1189/2016, 1517/2016 e 1814/2016). Como ele não apresen-tou defesa nos presentes autos, a irregularidade também per-siste, ensejando em desfavor do Prefeito, a imputação de res - sarcimento dos R$ 8.400,00 , com recursos pessoais, além de multa nos termos do art. 71, III, da Lei Complementar n. 6/91;

• despesas consideradas irrazoáveis pela Inspetoria com diári-as (R$ 216.418,00), combustíveis (R$ 1.460.201,40), gêneros alimentícios (R$ 1.352.663,80), eventos festivos (R$ 375.630,24), passagens (R$ 218.435,25) e material de consu-mo (R$ 590.660,15) e outras despesas com refeições, lan-ches e hospedagem para servidores e prestadores de servi-ços (R$ 183.870,89) reputadas irregulares pela Inspetoria por ausência de respaldo legal. Como o Prefeito não apresentou defesa nos presentes autos, a irregularidade não foi desca-racterizada, de modo a ensejar sua apenação na forma do art. 71, II, da Lei Complementar n. 6/91;

• reincidência em falhas na inserção de dados no SIGA, em desatendimento à Resolução TCM n. 1.282/091 (valor pago maior do que o valor liquidado ou empenhado, fonte de recurso utilizada no pagamento da despesa informada no SIGA diverge da fonte constante na dotação orçamentária, divergência entre o valor informado no SIGA e o apresentado em documento encaminhado pela entidade, dentre outras), a ensejar sanção de multa, nos moldes do art. 10 da Resolução TCM nº 1282/092.

DAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS E LEGAIS

• Manutenção e desenvolvimento do ensino: foram aplicados 25,91% (R$ 13.903.293,05) da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, em

1 Achados 0738, 1055, 1066, 1062, 1092, 053, 1054, 1186, 1067, 1063, 1064, 1285, 1052, 1065, 1068, 1318.

2Art. 10. A remessa de dados fora do prazo por dois meses consecutivos ou por três intercalados durante o exercício, ainda que autorizadas na forma prescrita no artigo anterior, resultarão em cominação de multa ao gestor responsável, com fundamento no art. 71, VIII, da Lei Complementar nº 6, de 06.12.91, a Lei Orgânica da Corte. 10

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cumprimento ao art. 212 da Constituição Federal, que exige o mínimo de 25%.

• FUNDEB: o índice aplicado foi de 69,43% (R$ 8.101.966,46) dos recursos originários do Fundo, em cumprimento ao art. 22 da Lei Federal nº 11.494/07, que exige o mínimo de 60%.

Registre-se, ainda, que, consoante o Pronunciamento Técnico, as despesas do FUNDEB corresponderam a mais de 95% de suas receitas, no exercício em exame, em atendimento ao art. 21, § 2º da Lei Federal nº 11.494/07.

• Ações e serviços públicos de saúde: foram aplicados 12,70% (R$ 2.920.449,59) do produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, I, alínea b e § 3º da Constituição Federal, com a devida exclusão de 1% do FPM, de que trata a Emenda Constitucional nº 55, em descumprimento ao disposto no art. 77, III, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que exige o mínimo de 15%.

A irregularidade é gravíssima, porquanto configura descumprimento de preceito Constitucional, que também compromete o mérito das Contas.

Pelo descumprimento do índice da saúde, deve a atual Administração estar alerta que a diferença de 2,30% que implicou no não atendimento neste exercício dos recursos mínimos previstos na Lei Complementar n. 141/12 (15%), deve ser acrescida ao montante mínimo do exercício subsequente, sem prejuízo do montante mínimo do exercício de referência e das sanções cabíveis.

• Transferência de recursos para o Legislativo: Embora o valor fixado no Orçamento para a Câmara Municipal tenha sido de R$ 1.522.332,00, o valor efetivamente repassado foi de R$ 1.513.394,50, em conformidade com os parâmetros fixados no art. 29-A da Constituição Federal.

Das glosas do FUNDEB e pendências de ressarcimento fruto de determinações do TCM de exercícios pretéritos

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No exercício foram identificadas despesas glosadas de R$ 10.937,50, por não serem compatíveis com a finalidade do Fundo, e permanece sem restituição o total de R$ 11.551,00, oriundo da determinação contida no processo n. 02379e16.

Trancorrido o prazo de diligência sem justificativa do gestor, acolhe-se na íntegra o Pronunciamento Técnico.

Tal conduta é uma falha grave, porquanto caracteriza-se reincidência no descumprimento de determinação desta Corte de Contas, a ensejar multa ao final do decisório. Deve a atual Administração promover a reposição ao Fundo, com recursos municipais.

SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS

Conforme documentos originalmente constantes dos autos, verifica-se que os subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais obedeceram aos parâmetros legais estabelecidos na Lei Municipal nº 07/12, fixados em R$ 15.000,00, R$ 7.500,00 e R$ 5.000,00, respectivamente.

DAS EXIGÊNCIAS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

A Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu como limite para o total das despesas com pessoal o percentual de 54% da Receita Corrente Líquida (art. 19, inciso II c/c o art. 20, inciso III, alínea “b”). Tal análise, por sua vez, é realizada a cada quadrimestre, período de apuração estabelecido no artigo 22 da Lei Complementar 101/00. Descumprida esta exigência, o art. 23 determina que o percentual excedente seja eliminado nos dois quadrimestres seguintes, com pelo menos 1/3 no primeiro quadrimestre.

Quando não há recondução das despesas com pessoal nos prazos fixados na LRF, permanece a violação ao normativo de gestão fiscal até que o município reduza os gastos ao limite previsto. Ou seja, não há aplicação de novo marco temporal enquanto o Município não restabelecer o limite de 54%.

Em Sessão Plenária de 22/09/2015, a Relatoria explicitou aos Conselheiros e Ministério Público de Contas os parâmetros que adotaria na análise e julgamento de prestações de contas/exercício 2014 quanto à apuração do limite da despesa com pessoal, os 12

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quais serão empregados também em 2016.

Estão consignados em Ata nos seguintes termos:

“A Lei Complementar 101, de 2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), teve e tem objetivos bem concretos, como o controle das despesas para reduzir o déficit público, a contenção e delimitação da dívida pública, a prudência na gestão financeira e patrimonial, além da transparência de todos os gastos públicos.Estas ações são cobradas aos gestores para evitar desvios na política de equilíbrio das contas públicas e restringir o endividamento público.Tecnicamente, o assunto “apuração do limite da despesa com pessoal” foi este ano analisado à saciedade a partir de consulta feita à Assessoria Jurídica pela Superintendência de Controle Externo quanto a prazos de recondução e interpretação da norma jurídica, em especial a extrapolação do limite de despesa total com pessoal, a obrigação de eliminação do percentual excedente e descumprimento dos arts. 21, 22, 23 e 66 da Lei de Responsabilidade Fiscal, levando em conta a ocorrência de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto.O alentado Parecer da Assessoria Jurídica, de nº 01461-15 (AP nº053/15), no Processo 08711-15, na minha opinião, praticamente esgotou o assunto e foi referendado não só pela área técnica deste TCM como também pelos Auditores/Conselheiros Substitutos instados a se posicionar sobre o Parecer.Como cabe ao TCM a responsabilidade de guardião da aplicação dos recursos públicos, deve ele impor um julgamento gerador de responsabilidades ao gestor, reprimindo toda tentativa – a qualquer título - de afrouxamento das regras estabelecidas na Lei de Responsabilidade Fiscal.Feitas estas curtas considerações, comunico que, na análise dos gastos com pessoal nos processos de prestações de contas a cargo desta Relatoria, seguirei o entendimento exposto no já citado Parecer Jurídico, por considerá-lo o mais consentâneo com os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, inclusive com a aplicação da penalidade, quando for o caso, prevista na Resolução TCM 222/92, alterada pela Resoluções 224/93 e posteriores”.

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A DCE, em sua análise, registrou os seguintes percentuais para as despesas com pessoal do Município:

EXERCICIO 1º QUADRIMESTRE 2º QUADRIMESTRE 3º QUADRIMESTRE

2012 ------ ------ 57,54

2013 56,36 59,89 62,21

2014 62,29 60,03 60,40

2015 60,73 64,18 60,24

2016 62,59 60,82 58,96

Consoante dados do Pronunciamento Técnico, a despesa com pessoal em 2016 não obedeceu ao limite de 54% definido no art. 20, III, “b”, da LRF, na medida em que foram aplicados R$ 22.966.721,04, correspondentes a 58,96% da Receita Corrente Líquida de R$ 38.954.489,93.

No 3º quadrimestre de 2012, a Prefeitura ultrapassou o limite definido no art. 20, III, 'b', da Lei Complementar nº 101/00 – LRF aplicando 57,54% da Receita Corrente Líquida em despesa com pessoal. Consoante o que estabelecem os art. 23 e 66 da LRF, o município deveria eliminar pelo menos 1/3 (um terço) do percentual excedente no 2º quadrimestre de 2013 e o restante (2/3) no 1º quadrimestre de 2014, o que não aconteceu, uma vez que ela correspondeu a 60,40% da Receita Corrente Líquida, perdurando acima do limite legal até o 3º quadrimestre de 2016.

O descumprimento à norma de gestão fiscal também constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas, nos termos do art. 5º, inciso IV, da Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, punível com a sanção pecuniária prevista no § 1º do mesmo artigo.

Em sessão Plenária de de 21/11/2017, o subscritor deste divergiu, em parte, do pronunciamento original, em relação a “Despesa com Pessoal” - percentual da multa pela não recondução aos limites legais, no que foi acompanhado pelos ilustres Conselheiros Mário Negromonte e Plínio Carneiro, compondo a maioria dos membros do Pleno então presentes.A aplicação de multa no patamar fixo de 30%, sem qualquer dosimetria, caracterizaria, smj, no entendimento do Relator do voto vencedor, flagrante desrespeito à recomendação dos princípios constitucionais da individualização e da proporcionalidade da 14

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pena, com o que não pode concordar. Assim, entende ser a interpretação mais consentânea com os princípios constitucionais da isonomia, da proporcionalidade e da individualização da pena, se faça a gradação da sanção de acordo com o juízo de reprovabilidade e gravidade da conduta do agente público, com o que se aplica a melhor justiça.

Desta forma, decidiu-se por aplicar pena pecuniária no percentual de 12% (doze por cento) dos subsídios anuais, e não no de 30% (trinta por cento), a ser recolhida ao erário nos prazos estabelecidos na Resolução pertinente ou parceladamente, também consoante disciplina desta Corte. Tal entendimento, a significar evolução jurisprudencial neste TCM, refletiu, como dito, o entendimento da maioria plenária, mais equânime interpretação conferida ao artigo 5º da Lei Federal nº 10.028/2000, na medida em que atingido apenas um dos seus itens.

Deverá o Poder Executivo eliminar o percentual excedente, sem prejuízo da adoção das medidas previstas no art. 22, na forma em que dispõe o art. 23, ambos da mencionada Lei Complementar nº 101/00 – LRF.

Outros aspectos da Lei de Responsabilidade Fiscal

De acordo com item 6.1.5 do Pronunciamento Técnico, não foram identificados atos que tenham resultado aumento de despesa de pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato, tendo sido observado o art. 21 da LRF.

Não foi cumprido o art. 9º, § 4º, porquanto não se tem notícias da realização de todas as audiências públicas para avaliação dos resultados e das metas fiscais.

Por sua vez, tem-se comprovado nos autos a publicação dos Relatórios de Gestão Fiscal (RGF) e dos Resumidos de Execução Orçamentária (RREO), exigidos nos arts. 52 e 54 da LRF (item 6.2.1 do Pronunciamento Técnico).

Quanto à transparência pública, a área técnica deste Tribunal desenvolveu um procedimento para acompanhamento do cumprimento da Lei Complementar n. 131/2009, atinente à publicação da informações relativas à execução orçamentária e financeira do Município. Nesse sentido, após análise dos dados 15

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divulgados no Portal de Transparência da Prefeitura, foi atribuído índice de transparência de 7,85, de uma escala de 0 a 10, sendo classificado como “suficiente”.

ENQUADRAMENTO DO ÍNDICECONCEITO ESCALA

INEXISTENTE 0CRÍTICA 0,1 a 1,99

PRECÁRIA 2 a 2,99INSUFICIENTE 3 a 4,99

MODERADA 5 a 6,99SUFICIENTE 7 a 8,99DESEJADA 9 a 10

RESOLUÇÕES TCM

Foram apresentados o Relatório Anual de Controle Interno de 2016 e a Declaração de bens do Gestor, em cumprimento ao art. 9º, item 33, e art. 11 da Resolução TCM n.º 1060/05.

O Gestor não cumpriu ao disposto na Resolução TCM nº 1344/2016, visto a ausência o questionário relativo ao Índice de Efetividade da Gestão Municipal – IEGM.

No exercício, foram recebidos R$ 176.385,48 e R$ 12.890,59 a título de Royalties/Fundo Especial e de CIDE, sem registros de despesas glosadas.

O Pronunciamento Técnico não registra pendência de prestação de contas de repasse a título de subvenção.

Deixa esta Relatoria de se manifestar sobre os gastos com obras e serviços de engenharia e noticiário, propaganda ou promoção, assim como sobre sua conformidade com a Resolução TCM nº 1.282/09, visto que o Pronunciamento Técnico não faz qualquer registro dos dados informados pelo Município no Sistema Integrado de Gestão e Auditoria (SIGA), o que não prejudica futuras apurações.

Consta nos autos a manifestação consultiva do Conselho Municipal de Educação, porém não foi apresentada a da Saúde, em 16

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inobservância ao art. 13, da Resolução TCM nº 1277/08.

Constam nos autos o Relatório da Comissão de Transmissão de Governo, bem como o Relatório Conclusivo da Comissão de Análise Técnica, nomeada pelo Gestor eleito em 2016, em atendimento ao disposto na Resolução TCM nº 1311/12 (itens 12.1 e 12.2 do Pronunciamento Técnico).

MULTAS E RESSARCIMENTOS

O Sistema de Informações sobre Multas e Ressarcimentos deste Tribunal registra as seguintes pendências, das quais 21 multas (R$ 181.600,00) e sete ressarcimentos (R$ 232.690,46) são de responsabilidade do Gestor destas contas, ressalvando-se que cinco multas e dois ressarcimentos venceram em 2017 (processos n. 72004-17, 72345-16, 72786-14, 72347-16 e 72346-16 – multas e 02379e16 e 72347-16 - ressarcimentos).

MultasProcesso Multado Cargo Vencimento Valor R$ Observação

07515-12 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 04/06/2013 R$ 15.000,00 PARCELADO EM 27XR$859,04, PROC. 04009-15 ENCAM. DAM DA PARC.01/27 SEM A QUITAÇÃO.

07515-12 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 04/06/2013 R$ 36.000,00 PARCELADO EM 27XR$2.061,71, PROC. 04009-15 ECAM A IRCE PARAPAG/CONTAB. DA PARCELA1/27

69886-12 ŸMILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 12/10/2013 R$ 5.000,00 PARCELADO EM 15XR$501,30. PROC. 04009-15 ENCAM A IRCE PARAATESTAR PAG/CONTAB. PARC. 1/15 R$501,41

11575-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 20/12/2013 R$ 15.000,00 PARCELADO EM 27XR$823,74. PROC. 04009-15 ENCAM A IRCE PARAPARA ATESTAR PAG/CONTAB. PARC. 1/27R$823,86

11575-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 20/12/2013 R$ 36.000,00 PARCELADO EM 27XR$1976,98. PROC. 04009-15 ENCAM. A IRCE PARAATESTAR PAG/CONTAB. PRAC 1/27 R$1.977,16

73105-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 31/08/2014 R$ 2.000,00

73106-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 14/07/2014 R$ 1.000,00 PROC. 04009-15 ENCAM A IRCE PARA ATESTAR PAG/CONTAB.

09090-14 MILTON FERREIRA GUIMARAES Prefeito 29/11/2014 R$ 5.000,00

72523-13 MILTON FERREIRA GUIMARES PREFEITO 31/05/2015 R$ 10.000,00

73170-14 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 05/12/2015 R$ 4.000,00

72785-14 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO 28/12/2015 R$ 1.500,00

09269-15 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 24/01/2016 R$ 1.500,00

09269-15 MILTON FERREIRA GUIMARÃES Prefeito 24/01/2016 R$ 21.600,00

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72857-15 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO 04/07/2016 R$ 3.000,00

72856-15 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 18/07/2016 R$ 3.000,00

72858-15 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO 07/11/2016 R$ 7.000,00

72345-16 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO 10/06/2017 R$ 5.000,00

72786-14 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO 26/06/2017 R$ 3.000,00

72347-16 MILTON FERREIRA GUIMARÃES EX-PREFEITO 18/09/2017 R$ 500,00

72346-16 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 04/09/2017 R$ 5.000,00

72004-17 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 11/09/2017 R$ 1.500,00

02761e16 LUIZ MARCOS VILLAS BOAS Presidente da Camara 21/11/2016 R$ 700,00

69885-12 ROBERTH CAÍRES RIBEIRO ex-Presidente da Câmara 14/10/2013 R$ 2.000,00

11532-13 VALDEBECK GONÇALVES DA CRUZ Presidente da Camara 20/12/2013 R$ 1.000,00

65673-09 GEDEON BOTELHO FERREIRA EX-PREFEITO 27/05/2013 R$ 5.000,00

65880-11 VALDEMAR OLIVEIRA DOS SANTOS PRESIDENTE 04/08/2013 R$ 500,00

65544-09 GEDEON BOTELHO FERREIRA ex-Prefeito Municipal 20/09/2013 R$ 11.000,00

09249-15 WHINDSON MOREIRA MENDES Presidente da Camara 10/01/2016 R$ 800,00

Total R$ 202.600,00

RessarcimentosProcesso Responsável Cargo Vencimento Valor R$ Observação

07269-11 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 29/01/2012 R$ 39.720,16 Proc. nº02600-16, valor R$39.720,16, DAM nº002.008.461-2, para verificação do pagamento e contabilização a IRCE em 18/10/16

07515-12 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 04/06/2013 R$ 68.441,76

69886-12 MILTON FERREIRA GUIMARAES PREFEITO MUNICIPAL 12/10/2013 R$ 8.755,00

11575-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 20/12/2013 R$ 83.338,33

72523-13 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO MUNICIPAL 31/05/2015 R$ 4.901,00

02379e16 MILTON FERREIRA GUIMARÃES PREFEITO 10/03/2017 R$ 27.249,21

72347-16 MILTON FERREIRA GUIMARÃES EX-PREFEITO 19/09/2017 R$ 285,00

65480-10 VALDEMAR OLIVEIRA DOS SANTOS PRESIDENTE 06/12/2010 R$ 5.000,00 RECOLHIOMENTO EFETUADO CONFORME PROC.Nº.02176-11. ENCAMINHADO À 15ª IRCE PARA INFORMAR ACERCA DA CONTABILIZAÇÃO.PROC 10018-13 ENV A IRCE P/ATESTAR PG E CONT

65880-11 VALDEMAR OLIVEIRA DOS SANTOS EX-PRESIDENTE DA CAMARA

04/08/2013 R$ 3.500,00 O VALOR A SER CORRIGIDO MONETARIAMENTE E ACRESCIDA DOS JUROS DE LEI A PARTIR DA SAÍDA DOS NUMERÁRIOS DOS COFERES PÚBLICOS

14590-06 MANOEL BATISTA DOS SANTOS PREFEITO R$ 4.454,87

02761e16 MANOEL GOMES MEIRA PRESIDENTE DA CÂMARA 03/12/2016 R$ 27.550,00

Total R$ 273.195,33

Sobre as multas de titularidade do Prefeito, conforme decisório de 2015, o Gestor comprovou o pagamento de oito multas no total de R$ 124.000,00 (R$ 15.000,00 e R$ 36.000,00 do Processo n. 7515-12; R$ 5.000,00 do Processo n. 69886-12; R$ 15.000,00 e R$ 36.000,00 do Processo n. 11575-13; R$ 2.000,00 do Processo n. 18

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73105-13; R$ 5.000,00 do Processo n. 9090-14 e R$ 10.000,00 do Processo n. 72523-13), e que permanecem sem processamento por parte da DCE para a devida atualização do Sistema. O mesmo se diz quanto à multa n. 73106-13, no valor de R$ 1.000,00, em que a própria tabela da DCE consignou o pagamento, restando apenas o atesto da IRCE.

Ainda de acordo com o decisório de 2015 é possível inferir que, com relação as multas de R$ 4.000,00 e R$ 1.500,00 (Processos ns. 73170-14 e 72785-14), vencidas em dezembro de 2015, foram parceladas, porém somente comprovado o pagamento da 1ª parcela de cada uma delas, ocorrido em 30/09/2016, restando pendentes R$ 3.666,67 e R$ 1.375,00. Além destas, permanecem sem quitação as multas nos valores de R$ 1.500,00, R$ 21.600,00, R$ 3.000,00 (duas), e R$ 7.000,00 (Processos ns. 9269-15, 72857-15, 72856-15 e 72858-15). Sobre as outras cinco cominações de multa, também de responsabilidade do Gestor, como todas têm vencimento no exercício de 2017 (Processos n. 72345-16, 72786-14, 72347-16, 72346-16 e 72004-17), esta Relatoria deixa de se manifestar na presente Prestação de Contas.

Quanto aos ressarcimentos, sobretudo, os imputados ao Gestor, no total de R$ 205.156,25 (vencidos até 2016, referentes aos Processos ns. 07269-11, 7515-12, 69886-12, 11575-16 e 72523-13), como não se tem notícias de sua arrecadação, a conclusão que se chega é que houve uma completa omissão da Administração neste particular.

O não pagamento de multas de responsabilidade do Prefeito constitui-se em uma falha grave, visto que se configura descumprimento de sanção imputada por esta Corte de Contas, de porte a também comprometer o mérito das presentes Contas.

Ressalte-se que, em relação às multas, a cobrança tem de ser efetuada antes de vencido o prazo prescricional, “sob pena de violação do dever de eficiência e demais normas que disciplinam a responsabilidade fiscal”.

A omissão do Gestor que der causa à sua prescrição resultará em lavratura de Termo de Ocorrência para ressarcimento do dano causado ao Município. Caso não concretizado, importará em ato de improbidade administrativa, pelo que este Tribunal formulará

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Representação à Procuradoria Geral da Justiça.

DAS DENÚNCIAS/TERMOS DE OCORRÊNCIA/PROCESSOS

Tramita nesta Corte de Contas o Termo de Ocorrência n. 72522-13 contra o Sr. Milton Ferreira Guimarães, Gestor destas contas, ressalvando-se que o presente pronunciamento é emitido sem prejuízo das decisões que posteriormente vierem a ser emitidas por este Tribunal.

Como não poderia deixar de ser, a análise desta prestação de contas em relação às irregularidades acima apontadas, levou em consideração os achados da Inspetoria Regional de Controle Externo constantes do Relatório Anual, além dos pontos do exame contábil constantes no Pronunciamento Técnico.

O alcance deste exame está restrito aos Relatório Anual e Pronunciamento Técnico, sobre os quais o Gestor foi notificado para apresentar defesa, o que, por outro lado, não lhe assegura quitação plena de outras irregularidades que, no exercício contínuo da fiscalização a cargo deste Tribunal, venham a ser detectadas.

VOTO

Em face do exposto, com base no art. 40, inciso III, c/c o art. 43, da Lei Complementar nº 06/91, vota-se pela rejeição das contas da Prefeitura Municipal de Itanhém, exercício financeiro de 2016, constantes do presente processo, de responsabilidade do Sr. Milton Ferreira Guimarães, pelos seguintes motivos:

• descumprimento do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal (inscrição de Restos a Pagar sem disponibilidade financeira ao final do exercício);

• descumprimento do art. 7º da Lei Complementar nº 141/12, em face da aplicação de R$ 2.920.449,59, em ações e serviços públicos de saúde, correspondentes a 12,70%, quando o mínimo exigido é de 15%;

• descumprimento de determinação deste Tribunal pelo não pa-gamento de sete multas com valor residual de R$ 41.141,67

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(Processos ns. 73170-14, 72785-14, 9269-15, 72857-15, 72856-15 e 72858-15), de responsabilidade deste Gestor.

As conclusões consignadas nos Relatórios e Pronunciamentos Técnicos submetidos à análise desta Relatoria levam a registrar as seguintes ressalvas:

• despesas realizadas indevidamente com recursos do FUNDEB, em desvio de finalidade, no total de R$ 10.937,50;

• ausência de comprovação de publicidade dos Decretos n. 06 e 19, relativos à abertura de créditos adicionais suplementares;

• reincidência no descumprimento de determinação deste Tribunal quanto à não restituição de R$ 11.551,00 à conta do FUNDEB, relativos a glosas de despesas ocorridas em exercícios anteriores;

• reincidência na omissão na cobrança de multas e ressarcimentos imputados a agentes políticos do Município;

• reincidência na omissão na cobrança da dívida ativa;• impropriedades na escrituração das peças contábeis, tais

como divergência frente aos dados do Sistema SIGA, injustificadas baixas de contas do ativo e passivo, ausência de notas explicativas, e dos lançamentos genéricos nas variações patrimoniais, dentre outras;

• não comprovação do cumprimento do § 4º, do art. 9º, da LRF, pela não apresentação da ata de audiência pública de avaliação das metas fiscais referentes dos 1º, 2º e 3º quadrimestres de 2016;

• descumprimento da Resolução TCM nº 1344/16, visto ausência do questionário relativo ao Índice de Efetividade da Gestão Municipal – IEGM;

• descumprimento da Resolução TCM nº 1277/08 (não apresentação do Parecer do Conselho Municipal de Saúde assinados por seus membros);

• outras ocorrências consignadas no Relatório Anual expedido pela DCE, notadamente ausência de comprovantes da entrega de material ou prestação efetiva de serviço em 27 processos de pagamento; despesas consideradas irrazoáveis, reincidação nas falhas de inserção de dados no Sistema SIGA, dentre outras.

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Por essas irregularidades e ressalvas, aplica-se ao Gestor, com arrimo no art. 71, incisos I e IV, e 76, da mesma Lei Complementar, multa de R$ 22.000,00 (vinte e dois mil reais), além do ressarcimento de R$ 516.383,22 (quinhentos e dezesseis mil, trezentos e oitenta e três reais, e vinte e dois centavos), com recursos próprios, referentes a não apresentação do Processo de Pagamento n. 2546 (R$ 120.000,00), ausência de comprovação da entrega de material ou prestação efetiva de serviço em 27 processos de pagamento (R$ 384.485,22), injustificado pagamento de multa aplicada pela AGERBA (R$ 3.498,00), e pagamentos de R$ 8.400,00 sem os comprovantes das contraprestações respectivas. Subsidiariamente, em razão do descumprimento do art. 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, aplica-se ao Gestor multa no importe de R$ 21.600,00 (vinte e um mil e seiscentos reais), correspondente ao percentual de 12% (doze por cento) dos seus vencimentos anuais, com fulcro no art. 5º, inciso IV, §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.028, de 19/10/2000, em decorrência da não execução de medidas para a redução do montante da despesa total com pessoal que excedeu ao limite máximo estabelecido no art. 20 da LRF, lavrando-se para tanto a competente Deliberação de Imputação de Débito, nos termos regimentais, quantias estas que deverão ser quitadas no prazo e condições estipulados nos seus arts. 72, 74 e 75.

Diante do descumprimento do art. 42 da LRF, determina-se à AJU a formulação de representação do Ministério Público do Estado da Bahia para, se assim entender, proceder à persecução de possível crime tipificado no art. 359-C do Código Penal e atos de improbidade administrativa previstos nos arts. 10 e 11 da Lei n. 8.429/92.

Determinações ao Gestor destas Contas:

• Prestar à DCE em até 60 dias após o trânsito em julgado, os devidos esclarecimentos acerca dos lançamentos genéricos e desprovidos de notas explicativas nas variações patrimoniais de R$ 69.170,58 e R$ 1.516.481,49, já que o exame técnico trouxe indícios de que valores baixados e/ou cancelados de dívidas ativas e/ou passivas, sem que fossem apresentados os devidos processos administrativos, descumprindo o quanto determina o item 37, do art. 9°, da Resolução TCM n° 1060/05.

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Determinações à atual Administração:

• Pelo descumprimento do índice da saúde, a diferença de 2,30% que implicou no não atendimento neste exercício dos recursos mínimos previstos na Lei Complementar n. 141/12 (15%), deve ser acrescida ao montante mínimo do exercício subsequente, sem prejuízo do montante mínimo do exercício de referência e das sanções cabíveis;

• Adotar medidas efetivas de cobrança das multas e ressarcimentos relacionados acima, aplicadas a agentes políticos do Município, sob pena de responsabilidade, promovendo a sua inscrição, na dívida ativa, daqueles que ainda não o foram, inclusive com promoção de ação executiva judicial, já que as decisões dos Tribunais de Contas, por força do estatuído no artigo 71, § 3º da Constituição da República, das quais resulte imputação de débito ou multa, têm eficácia de título executivo;

• Promover medidas para o ingresso da receita da Dívida Ativa à conta da Prefeitura Municipal, como forma de elevar a arrecadação direta, bem como instaurar competente processo administrativo para as respectivas baixas dos valores cuja cobrança se demonstrem inexequíveis, sob pena de responsabilidade.

• Devem ser reinscritos nas peças contábeis os indevidos cancelamentos da dívida ativa, dívida fundada, e de restos a pagar, nos valores de R$ 50.823,38, R$ 601.071,02 e R$ 1.651.337,80, conforme determinado no bojo deste decisório;

• Adotar as medidas previstas nos incisos I a V, do art. 22, da Lei Complementar nº 101/00, entre outras, as providências contidas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição Federal, para que as despesas com pessoal não ultrapassem o limite de 54% da Receita Corrente Líquida imposto pelo art. 20 da mesma Lei Complementar. Em seguida, realizar concurso público, para atendimento das demandas do Município, em substituição aos contratos de caráter excepcional e temporário, sob pena de responsabilidade e comprometimento de contas futuras;

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• Restituir R$ 22.488,50 à conta do FUNDEB, relativo ao exercício de 2016 e determinações não cumpridas de exercícios anteriores, com recursos municipais.

Determinações à Diretoria de Controle Externo – DCE:

• Atualizar as multas já pagas pelo Gestor, conforme registrado no decisório das Contas de 2015;

• Acompanhar o prazo de esclarecimentos do Gestor acerca dos lançamentos genéricos e desprovidos de notas explicativas no Demonstrativo das Variações Patrimoniais (item 4.7.7), e em seguida, proceder a análise da regularidade.

Ciência aos interessados.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 21 de novembro de 2017.

Cons. José Alfredo Rocha Dias Redator do Pleno

Foi presente o Ministério Público de ContasProcurador Geral do MPEC

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

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