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a Herdade da Algramassa os dias são de preparação intensa e de muito trabalho para os cavaleiros Joaquim Bastinhas e Marcos Tenório. Foi numa casa renovada que o cavaleiro e mulher. Helena Nabei- ro, nos receberam na propriedade de fa- mília em Eivas, onde partilharam momen- tos de cumplicidade familiar com a FLASH!. Pai e filho são dois dos protagonistas da Corrida FLASH!, no Campo Pequeno, no próximo dia 5 de Julho. As expectativas são grandes e os anseios são os de sem- pre: "Triunfar e levar o máximo de alegria possível para dentro da praça, para que os aficionados e os leitores da FLASH!, pre- sentes nas bancadas do Campo Pequeno, se divirtam tanto quanto nós. assim a festa faz sentido" augura Joaquim Basti- nhas, que se considera "um toureiro feito à medida e ao molde do público'.' "Foi o público que me fez assim e que sempre quis que eu fosse assim. Sempre lhe dei aquilo que me pediu. Considero-me um produto do público" assume o cavaleiro de Eivas sem qualquer tipo de preconcei- tos. Quem assistiu à actuação de Basti- nhas em praça reconhece essa alegria que transborda a arena. O brilho no olhar, o sorriso rasgado, os gestos largos e a impe- tuosidade são características que sempre estiveram presentes na arte do seu tou- reio, desde que se apresentou pela pri- meira vez ao público, em Fevereiro de 1969, no Campo Pequeno. Tinha 12 anos

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a Herdade da Algramassa os dias são de

preparação intensa e de muito trabalho

para os cavaleiros Joaquim Bastinhas e

Marcos Tenório. Foi numa casa renovada

que o cavaleiro e mulher. Helena Nabei-

ro, nos receberam na propriedade de fa-

mília em Eivas, onde partilharam momen-tos de cumplicidade familiar com a

FLASH!.Pai e filho são dois dos protagonistas da

Corrida FLASH!, no Campo Pequeno, no

próximo dia 5 de Julho. As expectativassão grandes e os anseios são os de sem-

pre: "Triunfar e levar o máximo de alegriapossível para dentro da praça, para que os

aficionados e os leitores da FLASH!, pre-sentes nas bancadas do Campo Pequeno,se divirtam tanto quanto nós. Só assim a

festa faz sentido" augura Joaquim Basti-

nhas, que se considera "um toureiro feitoà medida e ao molde do público'.' "Foi o

público que me fez assim e que sempre

quis que eu fosse assim. Sempre lhe dei

aquilo que me pediu. Considero-me um

produto do público" assume o cavaleiro

de Eivas sem qualquer tipo de preconcei-tos.

Quem já assistiu à actuação de Basti-nhas em praça reconhece essa alegria quetransborda a arena. O brilho no olhar, o

sorriso rasgado, os gestos largos e a impe-tuosidade são características que sempreestiveram presentes na arte do seu tou-

reio, desde que se apresentou pela pri-meira vez ao público, em Fevereiro de

1969, no Campo Pequeno. Tinha 12 anos

apenas. A alternativa tomou-a a 15 deMaio de 1983, em Évora. Mestre Baptistafoi o seu padrinho. São quase trinta anos

como cavaleiro profissional. Três décadas

de muitos triunfos, algumas tristezas, mas,acima de tudo, de imensas alegrias e rea-

lização pessoal. "A alegria que sempretive continua a estar presente, continuo a

ter a mesma entrega, continuo a sonhar.

Sinto-me realizado em ser toureiro, divir-to-me e tenho prazer em sê-lo',' descreve

Joaquim Bastinhas.

PAI E FILHO RIVAIS NA ARENA

Dia 5, no Campo Pequeno, a arena será

partilhada com o filho mais novo, Marcos

Tenório, com 26 anos de idade e quatrode alternativa. As suas actuações a duo

são já uma tradição na Festa Brava portu-guesa, seguida atentamente pelos aficio-nados. Há rivalidade, competição e mui-

tas emoções à solta. "O Marcos quer dis-

putar taco a taco comigo dentro da praça.Neste momento temos uma quadra de ca-

valos que nos permite desempenhar esse

papel de rivalidade e isso tem sido o gran-de êxito das nossas actuações. É uma riva-lidade que tem despertado o interesse do

público. Quando o Marcos está melhor do

que eu, posso não ficar satisfeito no mo-

mento, mas a alegria é igual. O que meconduz a esta intensidade diária é o Mar-cos" refere o cavaleiro. Para o filho, actuarao lado do pai tem o peso da responsabi-lidade, mas traz igualmente a segurançade estar ao lado do mestre. "Quando tou-

reio com o meu pai sinto menos ansieda-

de, porque, se alguma coisa correr menos

bem, sei que ele está ali com uma dica ou

uma palavra que me possa ajudar." A li-

gação entre os dois é trabalhada todos os

dias, em casa. "Estamos os dois muito in-

tegrados. Treinamos aqui em casa diaria-mente e já sabemos o que o outro vai fa-

zer',' descreve Marcos.

A temporada do jovem cavaleiro temsido feita de muitas corridas, de norte a sul

do País, e de muitos triunfos somados.

Marcos chega motivado ao Campo Peque-

no, mais ainda porque tourear na catedraldo toureio é igualmente uma emoçãomaior. "Ir ao Campo Pequeno é um dos

pontos altos da temporada. Para chegar a

Lisboa bem e moralizado temos que ter

um bom início de temporada e, felizmen-

te, este ano, tem corrido bem, com muitascorridas agendadas e sucessos arrecada-

dos, sem qualquer preconceito para com

as praças mais pequenas. "Tanto o meuavô [nr.: Sebastião Tenório. já falecido]como meu pai sempre me incutiram que é

o público quem paga o espectáculo e, seja

numa praça de primeira ou numa de ter-

ceira, o espírito com que lidamos o toiro e

actuamos tem que ser igual."Marcos Tenório tinha 11 anos quando

colocou o primeiro ferro. "Aconteceu du-

rante umas festas que o meu avô [nr.: Rui

Nabeiro, avô materno] fazia em CampoMaior, onde o meu pai costumava treinar.Correu bem e as coisas foram acontecen-do. A minha estreia pública foi na Temi-

gem [Eivas], aos 14 anos. Aí, percebi quetinha jeito para o toureio e isto íoi fican-do cada vez mais sério. O toureio surgiumuito cedo na minha vida, nunca imagi-nei nenhuma outra profissão',' descreve

Marcos Tenório.

Para alguma tranquilidade da mãe. He-lena Nabeiro, o filho mais velho, Ivan Na-

beiro, passou o testemunho enquantocabo do Grupo de Forcados Amadores de

Eivas, do qual foi fundador, e abandonou

as lides de forcado para se dedicar à car-reira profissional na empresa Delta, pro-priedade do avô, o comendador Rui Na-beiro. Ainda assim, Ivan mantém-sc pró-ximo da actividade taurina da família, não

só pela paixão ao toiro e ao cavalo, trans-

versal a toda a família, mas também por-

que nunca se deixa de ser toureiro. "Para

a minha mãe é muito difícil quando esta-

mos em praça. Vai às corridas sempre que

pode e sente-se feliz quando vê o marido

e os filhos felizes e nós somos felizes des-

ta maneira. Porém, acredito que se sente

um pouco mais tranquila agora, que eu jánão sou forcado',' revê Ia Ivan Nabeiro.

COUDELARIA NO FEMININO

Também Helena Nabeiro, com um cargoexecutivo na empresa Nova Delta, é uma

apaixonada por cavalos e é ela a respon-sável pela coudelaria de família, de ferro

Sebastião Tenório, numa homenagem ao

sogro, também ele um aficionado de pai-xão e cavaleiro tauromáquico.

Helena fez questão de que visitássemos

a eguada, livre nos campos pintados de

oiro, pelo pasto acabado de ceifar. São

seis éguas de ventre e cerca de trinta pol-dros. Este ano nasceram apenas fêmeas.

"As éguas são muito meigas, estão muito

habituadas à nossa presença. Assim queentramos no campo, vêm a correr ter con-

nosco',' descreve Helena Nabeiro.

Iniciada há seis anos, a coudelaria come-

ça a dar os primeiros resultados. Esta tem-

porada, Marcos Tenório tem na sua qua-dra de cavalos para as corridas um belo

exemplar com ferro Sebastião Tenório, de

cor castanho e porte atlético. "Ainda é umcavalo novo, mas tem uma personalidademuito boa para vir a ser um excelente ca-valo de toureio',' elogia o jovem cavaleiro.

Esta ligação entre cavaleiro e montada é

algo que se trabalha diariamente para que

a comunicação seja perfeita. "Quantosmais toiros lidar, quanto mais treinar em

casa, mais fácil será essa comunicação.Acontece tudo muito rápido, temos de

pensar no momento, desde que o toiro sai

à praça, temos que perceber do que preci-sa e qual a melhor forma de ser lidado.

Também estou a aprender. Todos os dias

aprendo mais um bocadinho e quantomais tourear melhor" refere Marcos.

As principais preocupações de JoaquimBastinhas em relação aos filhos são co-

muns à maioria dos pais: "A primeira é

que não haja nenhum acidente. Depoisque haja respeito pelo público e que se

sintam realizados e felizes com aquilo quefazem." Q