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Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 1 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO Unidade Auditada: DISTRITO SANIT.ESP.INDIGENA - CUIABA Município - UF: Cuiabá - MT Relatório nº: 201504871 UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO ESTADO DO MATO GROSSO RELATÓRIO DE AUDITORIA Senhor Chefe da CGU-Regional/MT, Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201504871, apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de gestão, ocorridos na supra-referida, no período de 01/01/2015 a 31/12/2015. I ESCOPO DO TRABALHO Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Controladoria Geral da União em Mato Grosso, no período de 02/11/2015 a 02/02/2016, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço público federal, objetivando o acompanhamento preventivo dos atos e fatos de gestão de licitações e contratos ocorridos no período de abrangência do trabalho, qual seja, 01/01/2015 a 31/12/2015. Nenhuma restrição foi imposta aos nossos exames, realizados por amostragem, sobre as áreas de Gestão de Licitações e Contratos. Mediante a Solicitação de Auditoria n° 201504871/003, de 02 de fevereiro de /2016, foi encaminhado o levantamento preliminar dos fatos para conhecimento e considerações do gestor, que se manteve silente quanto aos achados de auditoria. II RESULTADO DOS EXAMES 1 GESTÃO OPERACIONAL 1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

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Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 1

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

Unidade Auditada: DISTRITO SANIT.ESP.INDIGENA - CUIABA

Município - UF: Cuiabá - MT

Relatório nº: 201504871

UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO

ESTADO DO MATO GROSSO

RELATÓRIO DE AUDITORIA

Senhor Chefe da CGU-Regional/MT,

Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201504871,

apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de

gestão, ocorridos na supra-referida, no período de 01/01/2015 a 31/12/2015.

I – ESCOPO DO TRABALHO

Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Controladoria Geral da União em Mato

Grosso, no período de 02/11/2015 a 02/02/2016, em estrita observância às normas de

auditoria aplicáveis ao serviço público federal, objetivando o acompanhamento

preventivo dos atos e fatos de gestão de licitações e contratos ocorridos no período de

abrangência do trabalho, qual seja, 01/01/2015 a 31/12/2015. Nenhuma restrição foi

imposta aos nossos exames, realizados por amostragem, sobre as áreas de Gestão de

Licitações e Contratos.

Mediante a Solicitação de Auditoria n° 201504871/003, de 02 de fevereiro de /2016, foi

encaminhado o levantamento preliminar dos fatos para conhecimento e considerações do

gestor, que se manteve silente quanto aos achados de auditoria.

II – RESULTADO DOS EXAMES

1 GESTÃO OPERACIONAL

1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

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1.1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

1.1.1.1 INFORMAÇÃO

Licitação para contratação de apoio administrativo terceirizado de acordo com o

Decreto nº 2.271/1997.

Fato

O Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá – DSEI/Cuiabá realizou o Pregão

Eletrônico nº 10/2014 (processo nº 25049.000443/2013-06), tipo menor preço global,

para contratação de empresa especializada na prestação de serviços terceirizados para os

postos de Recepcionista, Técnico de Suporte II, Oficial de Serviços Gerais e Técnico de

Manutenção.

O objeto da licitação contemplou todos os setores do DSEI – Cuiabá (Sede administrativa,

CASAI de Cuiabá, Rondonópolis e Tangará da Serra e os Polos de Brasnorte, Tangará da

Serra, Chiquitano, Rio Verde, Bacaval e Três Lagoas), totalizando a contratação de 45

postos de trabalhos.

A abertura da sessão pública foi realizada no dia 29 de outubro de 2014, como a

consequente homologação do procedimento licitatório em 16 de janeiro de 2015. Sagrou-

se vencedora a empresa Luppa Administradora de Serviços e Representações Comerciais,

CNPJ 00.181.160/0001-02, com proposta no valor anual de R$ 2.275.795,92.

Uma das empresas licitantes - Limparhtec Serviços Ltda. – ME (CNPJ 06.273.710/0001-

71), questionando o resultado da licitação, impetrou Mandado de Segurança com Pedido

de Liminar, pleiteando a anulação dos atos da Comissão de Licitação que levaram a

desclassificação da sua proposta bem como a declaração de ser a vencedora do certame.

Em 19 de março de 2015, o Juiz Federal acolhendo as argumentações trazidas aos autos

pelos gestores do DSEI/Cuiabá sobre as razões que levaram a considerar como inviável

a proposta feita pela impetrante, indeferiu a Liminar pretendida.

Importante registrar que em 2013, a CGU/Regional – MT realizou auditoria de

acompanhamento junto ao DSEI/Cuiabá, notadamente em licitação para contratação de

apoio administrativo. Naquele momento, foram detectadas falhas de orçamentação,

presença de cláusulas restritivas em edital, falta de comprovação dos valores relativos aos

itens Uniformes e Equipamentos de Proteção Individual na planilha de formação de

custos da empresa contratada e ausência de elementos comprobatórios da relação entre a

demanda prevista e a quantidade de serviço a ser contratada. Na ocasião, os gestores se

comprometeram a não repetir as falhas apontadas pela CGU nas futuras licitações de

mesma natureza.

De fato, o resultado dos exames realizados no Processo nº 25049.000443/2013-06 (fls.

001 a 1979) demonstram que as desconformidades apontadas anteriormente pela CGU

não reincidiram no Pregão nº 10/2014.

Registre-se que:

a) O orçamento balizador dos valores a serem licitados foi baseado em planilhas de

custos e formação de preços de empresas do ramo;

b) Não foram detectadas no edital cláusulas restritivas;

c) O custo do homem-mês, inclusive encargos, insumos, benefícios e tributos, para cada

categoria profissional da empresa vencedora da licitação está de acordo com

Convenção Coletiva de Trabalho do Sindicato das Empresas de Asseio e

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Conservação do Estado de Mato Grosso e Sindicato dos Empregados de Empresas

Terceirizadas de Asseio, Conservação e Locação de Mão de Obra de Mato Grosso;

d) No tocante à demanda prevista e quantidade de postos a ser contratada, às folhas 02

a 09 do processo constam justificativas acerca da insuficiência do quadro funcional

do DSEI/Cuiabá, notadamente na área administrativa. Com a nova licitação foi

reduzido o número de 59 postos de serviços para 42. A unidade demonstra no Termo

de Referência (às folhas 676 e 677 do Processo nº 25049.000443/2013-06) um

mapeamento da lotação dos postos de serviços, por categoria funcional e por setor,

cujo quantitativo (em média de 01 posto por setor) considera-se razoável diante da

insuficiência de recursos humanos pela qual passa a UJ. Referido quantitativo e

contratação teve aprovação do Secretário Especial de Saúde Indígena em 09 de maio

de 2014, cujo ato foi juntado aos autos do Processo, fl. 594.

Por tudo exposto, conclui-se que os atos praticados pelos gestores do DSEI/Cuiabá estão

consonantes com o Decreto nº 2.271/1997, que trata da contratação de serviços pela

Administração Pública.

Porém, convém registrar que a carência na área de recursos humanos do DSEI/Cuiabá é

uma situação que vem se arrastando há anos sem que houvesse concurso público.

Portanto, não se trata de assunto novo e sim recorrente, de conhecimento geral e a

Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI, diante da falta de concurso, vem se

utilizando desse tipo de expediente, autorizando a contratação de terceirizados para suprir

parcialmente as necessidades de recursos humanos dos seus Distritos.

##/Fato##

1.1.1.2 INFORMAÇÃO

Licitações na modalidade de Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015 estão em

conformidade com a Lei 8666/93.

Fato

Trata-se das Tomadas de Preço nº 02/2015 e 09/2015 realizadas pelo DSEI Cuiabá no

segundo semestre de 2015 a fim de contratar empresa de engenharia para execução de

serviços de implantação, reforma/ampliação de sistema de abastecimento de água

(SSAA) nas aldeias “Kamae” e “Duas Cachoeiras”.

As licitações foram conduzidas por comissão de licitação presidida pela servidora titular

da matrícula SIAPE nº ******* e os processos foram completamente submetidos a

avaliação da SESAI e receberam pareceres jurídicos favoráveis a seus prosseguimentos e

consequentes pactuações contratuais.

Sagrou-se vencedora de ambas licitações a empresa Sondágua - Sondagens e Perfurações

de Poços Artesianos Ltda. – EPP, CNPJ 26.770.255-27, pelos valores de R$ 223.920,15

(TP nº 02/2015) e R$ 219.385,80 (TP nº 09/2015).

Todas as peças do processo foram analisadas e as falhas identificadas se encontram

abordadas em pontos específicos deste relatório.

##/Fato##

1.1.1.3 CONSTATAÇÃO

Exigência de quadro permanente sem permitir a comprovação por meio de

contrato de prestação de serviços.

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Fato

Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015, constatou-se exigência

indevida como requisito de qualificação técnica a comprovação de a empresa possuir em

seu quadro permanente profissional capacitado, sem permitir, para esses fins, que tal

profissional seja vinculado à licitante por meio de contrato de prestação de serviço.

A cláusula restritiva se encontra no Item 11, alínea “c” do Termo de Referência, Anexo

I de ambos editais de licitação, conforme segue:

“c) Comprovação de possuir em seu quadro permanente, na data da licitação,

profissional de nível superior detentor de atestado de responsabilidade;”.

O § 1º, do art. 3º, da Lei nº 8.666/93 veda aos agentes públicos “admitir, prever, incluir

ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam

ou frustrem o seu caráter competitivo”.

Com efeito, a jurisprudência do TCU tem considerado irregular exigência editalícia de

que os profissionais constantes dos atestados apresentados para habilitação técnico-

profissional da licitante possuam vínculo permanente com ela na data da licitação, como

sócio ou empregado registrado. O quadro permanente a que se refere a Lei 8.666/1993,

em seu art. 30, § 1º, I, importa certa extensão do seu alcance no caso de obras de

engenharia, para abranger, além do pessoal com vínculo trabalhista ou societário, aqueles

profissionais, sobretudo os mais qualificados, que preferem atuar no meio técnico das

obras na condição de autônomos, mantendo, em certos casos, relação estável o suficiente

para caracterizar a permanência do liame. Assim, é possível permitir a comprovação do

vínculo com a empresa também com a cópia do contrato de prestação de serviço ou outro

documento com o mesmo valor probatório (Acórdãos 2.656/2007, 800/2008, 2.882/2008,

103/2009, 1.710/2009, 1.557/2009, todos do Plenário).

Em consequência, tal exigência impõe um ônus desnecessário às empresas, à medida que

as obriga a manter em seus quadros empregados ociosos e altamente qualificados somente

para participarem de licitações. Além disso, para o TCU, o fundamental para a

Administração-Contratante é que o profissional esteja em condições de efetivamente

desempenhar seu mister quando da execução do futuro contrato, razão por que se mostra

suficiente a existência de contrato de prestação de serviços, sem vínculo trabalhista e

regido pela legislação comum, interpretação essa que vai ao encontro do disposto no § 6º

do art. 30, da Lei nº 8.666/93, quando estabelece que as exigências acerca de pessoal

qualificado devam reputar-se atendidas mediante mera declaração de disponibilidade

apresentada pela licitante.

Dessa forma, a exigência apresentada no edital de licitação é indevida, contrariando a Lei

nº 8.666/93 e jurisprudência do Tribunal de Contas da União.

##/Fato##

Causa

Ausência de Manual de Normas e Procedimentos formalizados com fim de verificar e

acompanhar a efetiva observância à legislação que rege a matéria, assim como evitar a

ocorrência de cláusulas restritivas ou indevidas nos editais de licitação.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

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“Quanto à constatação acima o DSEI Cuiabá atendendo o parecer e buscando ampliar

o número de participação das empresas no processo licitatório, irá retirar tal

exigência, já que a mesma não influirá diretamente na prestação dos serviços a serem

prestados pela empresa que porventura venha a sagrar vencedora do certame.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva

dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência, admitindo a possibilidade de comprovação do

vínculo do responsável técnico também por meio de contrato de prestação de serviços,

sem vínculo trabalhista e regido pela legislação civil comum.

1.1.1.4 CONSTATAÇÃO

Previsão de retenção de pagamento em função da regularidade fiscal da empresa.

Fato

Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015 constatou-se previsão de

que não será efetuado nenhum pagamento se a empresa contratada se encontrar em

situação irregular perante o SICAF, conforme itens 5.9 e 5.10 dos editais de licitação, na

forma que segue:

"5.9.1. Do pagamento das contribuições sociais (Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço e Previdência Social) e da regularidade trabalhista, correspondentes ao mês da

última nota fiscal ou fatura vencida, quanto aos empregados diretamente vinculados à

execução contratual, quando não for possível a verificação da regularidade dos

mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores - SICAF;

5.9.2. Da regularidade fiscal, constatada através de consulta "on-line" ao SICAF, ou na

impossibilidade de acesso ao referido Sistema, mediante consulta aos sítios

eletrônicos oficiais ou à documentação mencionada no artigo 29 da Lei n° 8.666, de

1993;

5.10. O pagamento somente será autorizado depois de efetuado o "atesto" pelo servidor

competente, condicionado este ato à verificação da conformidade da Nota Fiscal/Fatura

apresentada em relação às atividades efetivamente prestadas e aos materiais

empregados."

Entretanto, a Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 03/2009 alterou a Instrução Normativa

SLTI/MPOG nº 02/2008, acrescentando o § 6º ao art. 36, o qual dispõe que a retenção ou

glosa no pagamento, sem prejuízo das sanções cabíveis, só deverá ocorrer quando o

contratado:

I – não produzir os resultados, deixar de executar, ou não executar com a qualidade

mínima exigida as atividades contratadas; ou

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II – deixar de utilizar materiais e recursos humanos exigidos para a execução do serviço,

ou utilizá-los com qualidade ou quantidade inferior à demandada.

Ademais, conforme disposto no Parecer nº 2016/2009 da Procuradoria-Geral da Fazenda

Nacional, “constatada a situação de irregularidade da contratada junto ao SICAF, deve-

se providenciar sua advertência, por escrito, no sentido de que, em prazo exequível (desde

logo determinado), a contratada regularize sua situação junto ao SICAF ou, no mesmo

prazo, apresente sua defesa, sob pena de rescisão do contrato”. Destaca-se, ainda, que o

referido parecer complementa a citada orientação dispondo que "constatada a situação de

irregularidade da contratada junto ao SICAF, deverá o pagamento ser realizado em juízo,

sem prejuízo das sanções cabíveis (§2 do art. 36 da Instrução Normativa nº 02/2008, do

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)".

No processo RMS nº 24953/CE, o Superior Tribunal de Justiça – STJ também teve o

mesmo entendimento, decidindo que “pode a Administração rescindir o contrato em razão

de descumprimento de uma de suas cláusulas e ainda imputar penalidade ao contratado

descumpridor. Todavia a retenção de pagamento devido, por não constar do rol do art. 87

da Lei nº 8.666/93, ofende o princípio da legalidade, insculpido na Carta Magna”.

Diante do exposto, tem-se que as condições exigidas na habilitação devem ser mantidas

pela contratada durante a execução do contrato, conforme disposto no inciso XIII do art.

55 da Lei nº 8.666/93. Contudo, segundo o Parecer PGFN nº 2016/2009 e o entendimento

do STJ, não se pode fazer a retenção ou suspensão de pagamento em decorrência da falta

de regularidade da empresa.

Cabe ressaltar que o Tribunal de Contas da União tem recomendado que "verificada a

irregular situação fiscal da contratada, incluindo a seguridade social, é vedada a retenção

de pagamento por serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob pena de

enriquecimento sem causa da Administração" (Acórdão nº 964/2012-Plenário).

##/Fato##

Causa

Ausência de Manual de Normas e Procedimentos formalizados com fim de verificar e

acompanhar a efetiva observância à legislação e jurisprudência do Tribunal de Contas da

União.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“Tal exigência ainda constou nos presentes editais por se tratar de processos iniciados

no ano de 2013, sendo que os procedimentos já praticados quando alguma Empresa

encontra com o SICAF desatualizado e de notificá-la para que regularize a sua

situação e que nos próximos editais e TR serão excluídas tais exigências”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva

dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

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Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência, sem incluir nos editais de licitação cláusula

prevendo a retenção de pagamentos em razão da falta de regularidade da contratada, por

falta de amparo legal.

1.1.1.5 CONSTATAÇÃO

Vedação de apresentação de impugnações e recursos por meio de e-mail, via postal

ou fax.

Fato

Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015, constatou-se vedação

indevida de apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal,

fac-símile (fax), e-mail ou qualquer outro meio eletrônico. Tal vedação, além de

prejudicar a celeridade do processo, cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido

no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal.

A cláusula restritiva se encontra no Item 20 de ambos editais de licitação, conforme segue:

“20. DA IMPUGNAÇÃO

20.1. Decairá do direito de impugnar os termos deste Edital perante esta Administração,

o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes

com as propostas, pelas falhas ou irregularidades que viciariam este Edital, hipótese em

que tal comunicação não terá efeito de recurso.

20.2. A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar

do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.

20.3. Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar este Edital por irregularidade

na

aplicação da Lei nº 8.666, de 1993, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis

antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a

Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo

da faculdade prevista no § 1o do art. 113 da referida Lei.

20.4. A impugnação poderá ser realizada por petição protocolada no endereço Rua Rui

Barbosa, 282 - Bairro: Goiabeiras - CEP 78.032-040 - Cuiabá/MT, no setor da CPL.”

A restrição à apresentação de recursos ou contrarrazões por meio de e-mail, fac-símile ou

qualquer outro meio eletrônico, sendo aceito apenas os realizados por meio físico,

beneficia empresas estabelecidas na mesma localidade ou municípios limítrofes por

possuírem melhores condições de fazer uso do direito de petição (art. 5º, inciso XXXIV,

'a', da Constituição da República) do que aquelas estabelecidas em localidades mais

distantes ou em outros municípios.

Entretanto, no caso concreto, não haveria prejuízo para a Administração aceitar essas

contestações por meio de e-mail, via postal ou fax. Pelo contrário, a utilização dos

referidos meios de comunicação tornaria o processo mais célere. O legislador, atento a

isso, já positivou no art. 5º, inciso LXXVII, da Constituição Federal, o respeito ao

princípio da celeridade processual no âmbito dos processos judicial e administrativo.

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Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à

apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile

(fax), cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea

a, da Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário). ##/Fato##

Causa

Ausência de rotinas pré-estabelecidas com fins de verificar e acompanhar a conformidade

dos editais com a lei nº 8.666/93 e jurisprudência do TCU, resultando em instrumento

convocatório com cláusulas com potencial de restringir o caráter competitivo do certame.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“Conforme já salientado anteriormente trata de processos iniciados no ano de 2013,

onde constaram algumas falhas, sendo que nos atuais já consta o e-mail eletrônico da

CPL para os devidos questionamentos, como também irá constar o peticionamento via

postal, sendo que hoje são disponibilizados o endereço físico e o eletrônico, podendo

perfeitamente ser incluído o via postal, desde que feito no prazo legal e com a

comunicação via fax símile para o DSEI Cuiabá, para que o processo não continue e

posteriormente chegue o questionamento, evitando assim prejuízos de ter que

suspender ou até mesmo cancelar um pregão, ou outro ato.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva

dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência, sem citação de cláusulas que impeçam a

apresentação de documentos via postal.

1.1.1.6 INFORMAÇÃO

Contratação de serviços de vigilância, por dispensa de licitação, em conformidade

com a legislação vigente.

Fato

Trata-se de processo de contratação de empresa de vigilância armada mediante dispensa

de licitação em caráter emergencial realizada pelo DSEI Cuiabá sob o NUP

25049.000243/2015-15, em virtude de rescisão por descumprimento contratual da

empresa prestadora dos serviços na unidade.

A contratação foi conduzida por comissão de licitação presidida pela servidora titular da

matrícula SIAPE nº *******. O processo foi completamente submetido à avaliação da

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SESAI e recebeu parecer jurídico favorável a seu prosseguimento e consequente

pactuação.

Sagrou-se vencedora do processo MJB Vigilância e Segurança Ltda, CNPJ 06.236.934 /

0001-03, contratada pelo valor de R$ 773.790,00.

Todas as peças do processo foram analisadas e registramos que não foram identificadas

falhas relevantes, em face do que julgamos o processo como regular.

##/Fato##

1.1.1.7 CONSTATAÇÃO

Exigências indevida de apresentação de credenciamento junto ao fabricante de

medicamentos.

Fato

Em análise do edital do Pregão Eletrônico nº 03/2015, constatou-se, no item 8.9, que trata

da habilitação técnica, exigência de que caso o fornecedor contratado não seja o fabricante

do produto fornecido, mas apenas distribuidor, fornecedor ou representando do mesmo,

este deve apresentar cópia do Credenciamento junto ao Fabricante, assegurando o

fornecimento e a garantia em questão.

O § 1 do art. 3 da Lei nº 8.666/93 veda aos agentes públicos “admitir, prever, incluir ou

tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou

frustrem o seu caráter competitivo”.

Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União-TCU tem manifestado no sentido de que

não é lícita, em processo de licitação, a exigência do referido documento, por restringir o

caráter competitivo do certame, conforme orienta no Acórdão 2.294/2007 – Primeira

Câmara apresentado a seguir: “Abstenha-se de incluir cláusulas estranhas a esse

normativo, como a apresentação de carta de solidariedade do fabricante dos equipamentos

licitados, por não ser condição indispensável à garantia do cumprimento das obrigações

provenientes dos contratos a serem celebrados (cf. art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/93,

e art. 37, inciso XXI, parte final, da Constituição Federal)”.

Conforme a jurisprudência do Tribunal “a exigência de declaração do fabricante, carta de

solidariedade, ou credenciamento, como condição para habilitação de licitante, carece de

amparo legal, por extrapolar o que determinam os arts. 27 a 31, da Lei no 8.666/93, e 14

do Decreto no 5.450/2005”. Essa exigência pode ter caráter restritivo e ferir o princípio

da isonomia entre os licitantes, por deixar ao arbítrio do fabricante a indicação de quais

representantes poderão participar do certame. Existem outros meios para assegurar o

cumprimento das obrigações pactuadas, tais como pontuação diferenciada em licitaçoes

do tipo técnica e preço, exigência de garantia para execução contratual, ou ainda multa

contratual (Acórdão n. 1.805/2015 – Plenário e 1.350/2015 - Plenário).

Destaque-se que a parte final do inciso XXI do art. 37 da Constituição da República

dispõe que no processo de licitação pública "somente permitirá as exigências de

qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das

obrigações".

Em decorrência, o art. 27 da Lei nº 8.666/93 preceitua que para fins de habilitação exigir-

se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a habilitação jurídica, a

qualificação técnica, a qualificação econômico-financeira, a regularidade fiscal e a prova

de cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

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Desse modo, ainda que a administração tenha por objetivo impedir a contratação de bens

não garantidos pelo fabricante, não seria admitido a exigência de tal requisito, visto que

o Código de Defesa do Consumidor (CDC), especificamente em seu art. 18, é claro ao

estabelecer responsabilidade solidária do fabricante e do fornecedor de produtos, o que

torna desnecessário o pedido, por parte da Administração, de declaração de solidariedade,

pois a Lei já determina que existe essa solidariedade.

##/Fato##

Causa

Ausência de rotinas pré-estabelecidas com fins de verificar e acompanhar a conformidade

dos editais com a lei nº 8.666/93 e jurisprudência do TCU, resultando em instrumento

convocatório com cláusulas com potencial de restringir o caráter competitivo do certame.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“Na verdade, essa exigência vinha acompanhando todos os editais e todos os Termos de

Referencia relacionados à aquisição de medicamentos e que tal procedimento era para

garantir que quem fosse vender o produto tivesse procedência de onde viria o produto a

ser entregue, porém, de acordo com o parecer o DSEI Cuiabá irá excluir dos próximos

editais tal exigência”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva

dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência, sem exigência de apresentação de carta de

credenciamento junto ao fabricante e/ou distribuidor para efetuar comercialização de

medicamentos.

1.1.1.8 CONSTATAÇÃO

Exigência indevida de apresentação de Certificado de Boas Práticas de Fabricação

e Controle.

Fato

Em análise do edital do Pregão Eletrônico nº 03/2015, constatou-se que foi exigido no

item 8.9, que trata da habilitação técnica, que as empresas licitantes apresentassem Cópia

do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle por linha de produção, emitido

pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, conforme estabelece a

Portaria nº 2.814, de 29 de maio de 1998.

Nesse sentido, para que se compreenda a impossibilidade de se adotar o referido

certificado como requisito de habilitação técnica nos certames licitatórios, cumpre

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esclarecer o que é requisito de habilitação técnica e quando uma determinada exigência

normativa nele se converte.

Os requisitos de habilitação técnica são aqueles necessários para aferir a habilidade ou

aptidão para execução da pretensão contratual, eis que visam “assegurar que o licitante

estará apto a dar cumprimento às obrigações assumidas no contrato com a

Administração”.

Com base nessa concepção, a Lei nº 8.666/93, em seu artigo 30, apontou os requisitos de

qualificação técnica, deixando espaço, ainda, para a estipulação, por lei especialmente

criada para esse fim, de outros que se façam necessários.

No caso do CBPF, além de não se configurar em documento essencial para atestar a

capacidade da licitante de cumprir fielmente as obrigações contratadas, ainda não foi

eleito por lei (menos ainda especial) como requisito de habilitação técnica.

Sobre o assunto, relevante transcrever acórdão do Tribunal de Contas da União, o qual

concluiu ser excessiva a exigência de Certificado de Boas Práticas de Fabricação e

Controle na fase de habilitação, sustentando que a apresentação do registro válido do

medicamento/insumo/correlato a ser ofertado pela empresa licitante pressupõe o

atendimento das normas regulamentadoras e fiscalizatórias relativas à fabricação do

medicamento/insumo/correlato, conforme apresentado a seguir: “De igual sorte,

concordo com a unidade instrutiva quanto a desnecessidade de se exigir CBPF. Tal

exigência é demasiada, já que o efetivo registro do produto no Ministério da Saúde

pressupõe a adoção, pelo fabricante, das práticas de fabricação previstas nos normativos

específicos”(Acórdão 128/2010 – Plenário) e Por fim, no que tange ao entendimento da

embargante de que os editais públicos deveriam exigir CBPF, expedida pela Vigilância

Sanitária, a instrução expos claramente os motivos pelos quais a Unidade não estaria

obrigada a incluir tal exigência no edital: a falta de previsão legal e expressa e a

necessidade de se interpretar estritamente a lei nº 8.666/93 no que se refere a exigências

de habilitação a serem impostas aos potenciais interessados. Recomenda-se também a

leitura dos acórdãos 126/2010, 127/2010, 128/2010 e 129/2010, todos do Plenário

(Acórdão 2940/2010 – 1ª Câmara).

Note-se que o TCU é claro quanto à inexistência de previsão legal da exigência do CBPF

como requisito de habilitação e, ainda, quanto a necessidade de se interpretar

restritivamente a lei nº 8.666/93.

Em recente representação, o TCU, versando sobre o assunto (Acórdão nº 392/2011 –

Plenário), mais uma vez foi taxativo: “o art. 30 da Lei nº 8.666/93 enumera os documentos

que poderão ser exigidos para fim de comprovação da qualificação técnica, entre os quais

não se incluem certificados de qualidade”.

Assim, não haveria sido observado o princípio da legalidade. Além disso, ainda para o

TCU, “ainda que se considerasse legal a exigência supra, ela não atenderia, no caso

concreto, ao princípio da proporcionalidade, não se revelando, na espécie, indispensável

à garantia do cumprimento das obrigações a serem assumidas perante o Ministério da

Saúde”.

O Tribunal de Contas da União-TCU tem manifestado pela ilegalidade, em processo de

licitação, da exigência de apresentação de certificado de boas práticas de fabricação,

como requisito de habilitação técnica, por restringir o caráter competitivo do certame e

não ter previsão legal, conforme orienta o Acórdão 392/2011-Plenário, ao dispor que “o

art. 30 da Lei nº 8.666/93 enumera os documentos que poderão ser exigidos para fim de

comprovação da qualificação técnica, entre os quais não se incluem certificados de

qualidade”.

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##/Fato##

Causa

Falha nas rotinas e nos procedimentos adotados pelo DSEI/Cuiabá para a realização de

processos licitatórios, ao exigir documento contrário a jurisprudência do TCU.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“Outro item que era exigido nos Editais e Termos de Referência quando da aquisição

de medicamentos, visando uma melhor transparência por parte dos vendedores e para

uma maior tranquilidade do comprador de que a empresa estava dentro dos padrões

exigidos do Certificado de Boas Práticas de Fabricação, nunca pensando que poderia

excluir algum concorrente, pois pensava-se que todas as empresas aptas a vender para

o Governo deveria estar com o seu Certificado em dias, não sendo nenhuma exigência

fora do razoável.

Porém conforme bem salientando pelo Auditor, nos próximos iremos excluir tal

exigência, na busca de melhorar cada vez mais o acesso das empresas e aumentar a

competividade e consequentemente obtermos melhores produtos com preços

acessíveis.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva

dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência, sem exigência do certificado de boas práticas de

fabricação.

1.1.1.9 CONSTATAÇÃO

Sobrepreço no orçamento estimativo do Pregão Presencial nº 03/2015.

Fato

Trata-se de Pregão Presencial nº 03/2015, tipo menor preço, realizado no dia 24/03/2015

em sistema de registro de preços, com objetivo de adquirir medicamentos e materiais

hospitalares para atender ao Distrito de Saúde Indígena - Cuiabá.

O objeto da licitação foi divido em 104 itens vencidos por 12 (doze) diferentes empresas,

que seguem elencadas:

ATA EMPRESA CNPJ VALOR TOTAL

ADJUDICADO

01/2015 Oftalmopharma Indúst. e Com. de Prod.

Farmacêuticos Ltda. 00.192.190/0001-96 R$ 13.659,84

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02/2015 Centermedi – Comércio de Produtos Hospitalares

Ltda. 03.652.030/0001-70 R$ 630,00

03/2015 Formulas Magistrais Manipulações Especiais Ltda. 07.316.691/0001-86 R$ 4.040,00

04/2015 TC Atual Comércio de Medicamentos Ltda. 10.493.969/0001-03 R$ 35.155,50

05/2015 Klima Comercio de Medicamentos Ltda. 11.011.226/0001-04 R$ 45.018,19

06/2015 L. A. Dalla Porta Junior 11.145.401/0001-56 R$ 65.225,13

07/2015 Inovamed Comercio de Medicamentos Ltda. 12.889.035/0001-02 R$ 39.239,00

08/2015 Capromed Farmaceutica Ltda. 13.085.369/0001-96 R$ 3.488,00

09/2015 Exclusiva Distribuidora de Medicamentos 14.905.502/0001-76 R$ 16.087,61

10/2015 DMC Distribuidora de Medicamentos e Correlatos

Ltda. 16.970.999/0001-31 R$ 17.389,74

11/2015 Vitoplastt Comercio de Produtos Descartáveis EIRELI 19.204.505/0001-04 R$ 3.460,00

12/2015 Hopsfar Industria e Com. de Produtos Hospitalares

Ltda. 36.921.908/0001-21 R$ 13.704,42

Total ARP R$ 257.097,43

O processo licitatório foi conduzido pela Pregoeira Z. A. G., matrícula SIAPE *******,

nomeada na Portaria nº 28, de 16/09/2004. A pesquisa de preços que subsidiou a licitação

foi realizada pelo servidor D. de O. S., com ciência da Chefe de Divisão de Atenção à

Saúde Indígena, M. G. O. S.

Para avaliação do preço registrado, comparou-se o preço de cada item com o respectivo

preço aceitável. Como preço aceitável, foi considerado pela equipe de auditoria o limite

superior dos preços registrados em atas vigentes do Comprasnet. O cálculo do limite

superior considera o universo de preços registrados para cada item, descartados os preços

inexequíveis ou os excessivamente elevados.

A fim de contribuir e disciplinar a formação de preços para licitações, o TCU, no Acórdão

n.º 3068/2010-Plenário, afirmou que “o preço de mercado é mais bem representado pela

média ou mediana uma vez que constituem medidas de tendência central e, dessa forma,

representam de uma forma mais robusta os preços praticados no mercado”. Entretanto,

esses dois métodos falham ao não tratar adequadamente as distorções da amostra. Por

isso, a técnica mais indicada, quando se deseja um tratamento robusto é a Média Saneada.

A “média saneada” consiste em realizar uma avaliação crítica dos preços obtidos na

pesquisa, a fim de descartar valores que apresentem grandes variações em relação aos

demais. O TCU exige esse tratamento nos Acórdãos 2.943/2013-P, 2.637/2015-P. Para o

Tribunal de Contas da União, a pesquisa de preços deve desconsiderar as informações

cujos preços revelem-se evidentemente fora da média de mercado, de modo a evitar

distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito

para cada item licitado.

Nesse sentido, cabe destacar a iniciativa da DATAPREV, Empresa pública de Tecnologia

de Informação do Ministério da Previdência Social, que elaborou norma interna de

procedimentos para estimativa de preços em seus processos de compras. A metodologia

empregada é similar à “média saneada”. A DATAPREV adota o Coeficiente de Variação

(CV) como elemento homogeneizador de amostras. O CV é calculado pela divisão do

Desvio Padrão (DP) pela Média (M): CV = (DP/M) x 100. Quanto menor o CV, mais

homogêneo o conjunto de dados. Para a DATAPREV, um CV menor ou igual a 25%

indica uma amostra aceitável e a média, nesse caso, passa a valer como valor estimado

para a contratação, sempre levando em conta conjunto de três ou mais elementos. Além

desta, o Tribunal Regional Federal da 4º Região, por meio da Norma de Serviço nº 01, de

28/06/2013, passou a adotar a sistemática da média saneada por meio do Coeficiente de

Variação.

Usando o CV como parâmetro de homogeneidade do conjunto de dados, pode-se

expurgar os extremos inferiores e superiores, de tal forma a obter CV menor que 25%.

Para delimitar esses extremos, calcula-se a média mais (+) o desvio padrão (limite

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superior) e a média menos (-) o desvio padrão (limite inferior). O que estiver fora dessa

faixa é eliminado.

Assim, foram selecionados os itens mais relevantes do orçamento estimativo da Unidade,

por meio da metodologia conhecida como Curva ABC. Para dar representatividade à

amostra, a análise comparativa foi realizada num montante equivalente a 64,00% do valor

total estimado. Mediante aplicação da metodologia detalhada acima, constatou-se neste

montante sobrepreço de 52%, conforme segue detalhado:

Tabela – Identificação de sobrepreço

Item

Denominação

genérica

Valor

unitário

orçado (R$)

Quanti-

dade

Valor total

orçado (R$)

Valor Unitário:

Limite Superior ao

preço de mercado

(R$)

Valor Total:

Limite Superior ao

preço de mercado

(R$)

60 Guaco (Mikania

glomerata) 120 ml 7,79 8.000 62.320,00 2,0170 16.136,00

74 Medroxiprogesteron

a, Acetato 23,81 2.000 47.628,00 14,4600 28.920,00

29 Cianocobalamina 4,34 5.000 21.700,00 5,1000 25.500,00

87 Paracetamol 1,09 15.000 16.350,00 1,3400 20.100,00

102 Sulfato ferroso 7,20 2.226 16.027,20 1,5000 3.339,00

66 Hipromelose 28,52 496 14.145,92 28,9400 14.354,24

56 Glicerol 15,60 850 13.260,00 7,3100 6.213,50

97 Salbutamol, Sulfato 14,40 750 10.800,00 11,1800 8.385,00

16 Azitromicina 1,87 5.517 10.316,79 0,6500 3.586,05

52

Fosfato de cálcio

tribásico +

colecalciferol

0,98 10.000 9.800,00 0,9800 9.800,00

38 Dexametasona 12,74 750 9.555,00 5,9100 4.432,50

96 Sais para reidratação

oral 0,60 15.000 8.998,50 0,6700 10.050,00

9 Álcool etílico 8,05 1.000 8.050,00 5,3600 5.360,00

90 Permetrina 2,68 3.000 8.039,70 4,2500 12.750,00

85

Óleo mineral

(vaselina

líquida/petrolato)

5,90 1.333 7.864,70 2,3400 3.119,22

55 Gentamicina,

Sulfato 8,15 939 7.652,85 7,9300 7.446,27

65 Hipoclorito de sódio

diluído 9,20 800 7.360,00 5,5300 4.424,00

4 Ácido valpróico

(Valproato de sódio) 0,96 7.000 6.720,00 0,7000 4.900,00

75 Medroxiprogesteron

a, Acetato 11,96 500 5.980,00 7,5600 3.780,00

Valor

Total

Estimado

292.568,66 Valor Total

Comprasnet 192.595,78

SOBREPREÇO 52%

Destacamos que o sobrepreço identificado na estimativa da Unidade não prejudicou a

assinatura das Atas, cujos valores permaneceram dentro da faixa de preços de mercado,

sem prejuízo à Administração.

Entretanto, é importante frisar que o orçamento estimativo com sobrepreço poderia

resultar em contratações desvantajosas para a Administração, na medida que possibilita a

aceitação de preços acima da faixa praticada no mercado.

##/Fato##

Causa

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Falta de normativo específico para pesquisa de preço e metodologia inadequada para

estabelecer preço de referência.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“Que a estimativa dos preços foram feitos de acordo com a média de no mínimo três

orçamentos sendo certo que não foram utilizados a metodologia conhecida como Curva

ABC, mesmo porque não temos condições de aplicar tal método, pois existe uma

dificuldade enorme para conseguir orçamentos e essa metodologia exige um grande

número de preços.

Para discorrer mais acerca do apontado nesta constatação, segue a explanação da

Responsável Técnica da área:

Em relação a constatação 1.1.1.9 - A técnica realizada para a pesquisa de mercado foi

a extração de valores do sitio www.comprasgovernamentais.gov.br, no período de

02/2014 a 02/2015, considerando os preços praticados pelo mercado em licitações

anteriores, sendo os seguintes critérios adotados na construção da Intenção de Registro

de Preços: (a) menor preço, (b) registro de compra mais recente, (c) modalidade Registro

de Preços ou Pregão (e) quantitativo mais próximo ao que se pretende adquirir.

Os valores extraídos dessa pesquisa foram usados para balizar a aceitação das propostas

ofertadas durante o processo, não sendo viável a aceitação de valores que ficassem

acima dos mencionados na pesquisa de preços.

No entanto, não foi levada em consideração a técnica da “média saneada” citada por

essa Controladoria. A avaliação dos preços obtidos na pesquisa foi apenas realizada de

acordo com o mencionado acima, não sendo observado no momento da pesquisa valores

que apresentassem grandes variações em relação aos demais.

Ficou claro que os valores extraídos da pesquisa de mercado devem ser avaliados, a fim

de descartar valores que apresentem grandes variações em relação aos demais

encontrados para aquele mesmo período, no entanto, entendeu-se no momento da

pesquisa que os valores publicados no sitio governamental comprasnet se referia a

valores aceitos e validados em compras públicas já efetuadas e vigentes para aquele

período pesquisado, não sendo necessário o seu descarte.

Para que não sejam mais cometidos desvios nesse sentido, estaremos buscando um

melhor preparo dos técnicos envolvidos, para que possamos de fato assumir as

responsabilidades inerentes a um processo que exige profundo conhecimento”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Trata-se de tema relevante, que exige cuidado e atenção no momento de realizar a

estimativa de preços, sob pena de desvirtuar todo a orçamentação de um certame. O gestor

reconhece a falha e se compromete a treinar os técnicos responsáveis para melhor

instrução dos seus processos. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,

mantém-se a constatação.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Editar normativo estabelecendo procedimento consistente para

elaboração de estimativas de preço (Curava ABC, fontes de referências, mediana, média

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saneada, etc) a fim de orientar às equipes de planejamento das contratações da Entidade,

inclusive nos casos de contratações diretas e adesões às atas de registro de preço.

1.1.1.10 CONSTATAÇÃO

Controles internos na área de licitações parcialmente válidos, porém aprimoráveis.

Fato

Os trabalhos realizados na Unidade tiveram por objetivo avaliar se os procedimentos de

controle nas atividades de licitação estão efetivamente instituídos e se tem contribuído

para o alcance dos objetivos estratégicos fixados pelo DSEI/Cuiabá.

Foi utilizado o Questionário de Avaliação de Controles Internos (QACI), utilizado para

coleta de dados junto aos gestores do DSEI/Cuiabá no que se refere aos controles internos

existentes na atividade de licitação. Estes foram confeccionados com base nos conceitos

e terminologias constantes nas Normas de Controle Interno do Escritório Geral de

Contabilidade dos Estados Unidos (GAO – Ferramenta de Gestão e Avaliação de

Controle Interno), que foi construído com fundamento na metodologia delineada no

modelo de referência do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway

Commission (Coso I – Estrutura integrada de controles internos).

O QACI foi estruturado com perguntas fechadas. O gestor deveria obrigatoriamente

escolher apenas uma das quatro respostas possíveis e, caso desejasse, acrescer as

observações que julgasse oportunas no campo previamente reservado para colher tais

comentários. As quatro possíveis respostas variavam do “Não Absoluto” – passando pelo

não que apresentava aspectos positivos e pelo sim que apresentava aspectos restritivos –

até o “Sim Absoluto” e, nesse sentido, foram mensuradas de zero a três pontos. Buscou-

se, por meio dessa técnica, expor respostas, de forma clara e direta, que induzissem, desde

já, um comportamento proativo no gestor, expondo-lhe o dever-ser para cada questão

apresentada.

Nesse sentido, destaca-se a seguir os pontos passíveis de melhorias na área supracitada:

A - Deficiências quanto à formalização de procedimentos.

Dentre os controles preventivos inerentes as atividades de controle, destaca-se a

formalização de procedimentos, uma vez que todas as atividades importantes devem ser

documentadas de forma completa e precisa, a fim de que seja fácil rastrear as informações

desde o momento de autorização até a conclusão.

Os órgãos e entidades federais devem, assim, elaborar normas e manuais com a descrição

detalhada dos procedimentos, de forma a orientar seus servidores e empregados e

uniformizar os procedimentos adotados, evitando falhas na execução e prejuízos com

retrabalho.

Embora o gestor tenha afirmado, por meio de resposta à Questão nº 06 do QACI que a

execução das principais atividades envolvidas na licitação está apoiada por políticas e

procedimentos (manuais e check-list), observou-se que foi apresentada como evidência

apenas um Termo de Acordo de Cooperação nº 02/2013 realizado com a Consultoria

Jurídica da União no Estado de Mato Grosso, que apesar de constituir um avanço para a

segurança do processo, não significa a implementação de manuais e rotinas internas,

devidamente formalizadas e detalhadas para a gestão das licitações. Somente esse acordo

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não garante o aprimoramento dos processos de compras da Unidade, sendo necessário

para tanto a execução plena do Acordo na forma das incumbências previstas no inciso II

da Cláusula Segunda – Dos Compromissos dos Partícipes, que aborda as providências a

serem adotadas pelo DSEI Cuiabá no esforço de aperfeiçoamento de seus processos.

Além de utilizar os modelos de documentos padronizados e disponibilizados pela AGU,

a Unidade deve atentar-se para não alterá-los em detrimento à competitividade dos

certames e aos princípios sob os quais devem transcorrer os processos de compras e

contratações. Neste sentido, destacamos as falhas apontadas em itens específicos deste

relatório, referentes a inclusão de cláusulas indevidas, consideradas restritivas em várias

decisões proferidas pelo Tribunal de Contas da União.

Além disso, o gestor admitiu que o DSEI/Cuiabá não utiliza de padronização das

especificações que são mais comuns, para aquisição por meio de processos licitatórios.

Conforme apontado em item próprio deste relatório, há necessidade de implantação de

uma de rotina definida para realização de pesquisa de preços prévia a realização das

licitações de medicamentos.

A inexistência de normas ou manuais detalhando os procedimentos a serem observados

nas atividades de licitação, incluindo realização de pesquisas de preços e padronização de

especificações mais comuns, pode levar à execução errônea das atividades e retrabalhos

e resultar em danos financeiros ou prática de atos ilegais advindos de aquisições mediante

dispensas ou inexigibilidades indevidas, compras subestimadas ou superestimadas, falhas

nos procedimentos licitatórios, e assinatura de contratos irregulares, falhas no

acompanhamento e fiscalização dos contratos.

O gestor afirmou que embora observe os limites legais para a composição das comissões

entre servidores efetivos e comissionados, os servidores designados não são

adequadamente treinados para o exercício de suas atribuições. Isso pode ser observado

nas intervenções realizadas tanto pela SESAI quanto pela AGU, que questionaram alguns

procedimentos, resultando em retrabalho e necessidade de melhoria na instrução dos

processos.

B - Deficiências nos controles gerenciais/acompanhamento das atividades.

O controle gerencial é uma importante ferramenta que visa levar a organização a atingir

seus objetivos institucionais. Um controle gerencial eficaz tem por objetivos:

a) produzir informações que possibilitem aos gestores a tomada de decisões, para que a

organização atinja os seus objetivos;

b) avaliar o desempenho da organização na execução das suas atividades meio e fim,

tomando como parâmetros os conceitos de economicidade, eficiência, eficácia e

efetividade, tendo em vista os seus objetivos;

c) avaliar o desempenho dos setores administrativos tendo em vista as suas finalidades

organizacionais; e

d) avaliar a execução das ações planejadas e programadas para o período.

Dentre as avaliações de um sistema de controle gerencial, pode-se destacar aquela

relacionada ao acompanhamento processual por meio de sistema das fases da licitação,

de modo a identificar o tempo médio gasto em cada etapa do processo, assim como os

obstáculos que possam impactar seu andamento regular.

Em análise dos controles internos do DSEI/Cuiabá foi verificado que não existe um

acompanhamento processual que permita conhecer o tempo médio gasto em cada etapa

do processo licitatório, o percentual de licitações paralisadas por impugnações

administrativas e judiciais, número médio de licitações realizadas por responsável

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(pregoeiro ou comissão de licitação), percentual de licitações realizadas por modalidade,

entre outros. Assim, as principais fragilidades quanto aos controles gerenciais das

atividades são:

- Inexistência de controles acerca das fases do processo licitatório, de modo a identificar

o tempo médio gasto em cada etapa do processo;

- existência parcial de controle manual ou eletrônico das informações sobre a

disponibilidade orçamentária e financeira, incluindo informações atualizadas sobre a

situação de cada contratação da organização (planejada, licitada, contratada), sobre os

valores empenhados, liquidados e pagos, e sobre a dotação disponível;

- Inexistência de controle manual ou eletrônico das empresas penalizadas com declaração

de suspensão, inidoneidade ou impedimento.

Vale lembrar que processos licitatórios são complexos e demandam um prazo

relativamente longo para se completarem. Se não há um sistema de planejamento

gerencial, nos vários níveis da entidade, é quase certo que haverá problemas e aquisições

feitas sem seguir os procedimentos adequados. Somente com um controle gerencial eficaz

poderão os órgãos e entidades federais se organizar de forma a estabelecer um

cronograma de compras, completando os processos licitatórios tempestivamente, sem

interrupções no fornecimento e nem atropelos de última hora.

C - Deficiências/ausência de controles preventivos de fraudes e conluios.

Diversas atividades específicas do controle podem ser eficazes na prevenção de fraudes

e abusos, tais como a análise circunstanciada dos licitantes, das propostas e das alterações

contratuais e a verificação das cláusulas contidas nos editais, a fim de evitar

direcionamento, fracionamento do objeto ou jogo de planilha, assim como consulta para

verificar a ocorrência de penalidades que impedem as empresas de licitar e contratar,

especialmente o Cadastro Específico de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS,

Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa do

CNJ e Cadastro de Inidôneos do TCU.

Verificou-se que a unidade realiza consulta no CEIS durante o certame. Contudo, em

resposta à aplicação do QACI – questão 15, o gestor afirmou que não possui rotinas para

prevenção de fraudes e conluios, a exemplo de análise dos endereços das empresas,

quadro societário, data de constituição da empresa, análise das propostas em relação ao

formato, empresas de servidores do Órgão ou Entidade Pública.

Por consequência, a falta de uma análise dos documentos de habilitação e proposta de

preços das licitantes, das alterações contratuais pode levar à ocorrência de contratação de

empresas inidôneas ou impedidas; obtenção de objeto que não atende plenamente às

características desejadas; não obtenção da proposta mais vantajosa; sobrepreço/

superfaturamento; conluio de licitantes; fraude à licitação ou outras atividades ilícitas

com prejuízo ao erário.

Convém lembrar que a Administração Pública no desempenho de suas funções deve

submeter-se a controles diversos, incluindo os controles que deve exercer sobre seus

próprios atos, denominados controles internos. A existência e efetivo funcionamento de

sistemas de controles internos na União é uma obrigação estatuída pela Constituição

Federal de 1988 (art. 70). A finalidade desses controles é garantir que a administração

atue em consonância com princípios constitucionais, como da legalidade e da eficiência,

almejando com isso assegurar o melhor aproveitamento dos recursos públicos e a boa

qualidade dos serviços prestados à população.

A responsabilidade por conceber, implantar, manter e monitorar controles internos para

assegurar os objetivos acima mencionados é da administração do órgão ou entidade

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pública, cabendo à auditoria interna ou ao órgão de controle interno da entidade avaliar a

qualidade desses controles.

##/Fato##

Causa

Fragilidades nos controles internos da UJ.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro

de 2016, o gestou assim se manifestou:

“O DSEI Cuiabá não dispõe de quadro suficiente de servidores que possa exercer com

maior eficiência esses controles, sendo que em muitas situações uma só pessoa acumula

duas ou até mais funções, o que acarreta num acumulo de atribuições ficando em muitas

situações deficiente algumas ações, o que até o presente momento não tem impactado na

atividade maior que é assistência básica aos indígenas e claro que se há possibilidade

de melhorar temos sempre que buscar qualidade melhor, mas para isso seria necessária

a abertura de concurso público para contratação de mais pessoas para integrar o quadro

de servidores do DSEI Cuiabá, o que infelizmente foge a alçada deste Órgão.

Na medida do possível o DSEI vem procurando melhorar a sua atuação. Inclusive, nos

próximos 2 (dois) meses este Distrito estará elaborando normas internas que permitam

o alcance de eficácia nos controles internos e, consequentemente, eficiência nos

processos de trabalho na área em questão, com benefício resultante para as áreas

demandantes.

De modo que, quanto aos subitens elencados no relatório, mencionamos:

- Quanto ao item “a” procurará documentar com maior eficácia as providências a serem

tomadas e implantar normas de rotinas internas.

- Quanto ao item “b” – certamente, com o estabelecimento de normas internas, será

possível a melhora nos controles gerenciais.

- Quanto ao item “c” o DSEI Cuiabá juntamente com os órgãos de controle buscará

meios para evitar as fraudes e os conluios, apesar de conhecedor que essas práticas em

determinadas situações são difíceis de detectar, pois parte em muitas situações de

pessoas “estranhas” ao quadro da Instituição, ou seja, parte das próprias empresas que

podem combinar preços e assim prejudicar a Instituição, porém na medida do possível

iremos intensificar o controle visando a não ocorrência dessas práticas em nossa

Instituição.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Por ocasião da prolação do Acórdão 636/2012 – Plenário, o Tribunal de Contas da União

elencou, como uma das causas significativas para os problemas identificados na área de

licitação, a precariedade ou mesmo ausência de medidas tendentes a robustecer os

controles administrativos internos nos órgãos públicos, que terminam por propiciar um

ambiente organizacional que oportuniza a ocorrência de práticas inadequadas e que

resulta em prejuízos financeiros, orientando às Unidades Jurisdicionadas que fortaleçam

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seus controles internos, haja vista a relação inversamente proporcional entre estes e a

ocorrência das mais diversas irregularidades.

Não obstante as dificuldades apresentadas pelo gestor, o assunto é essencial para a

melhoria da gestão na área de licitações, razão porque mantém-se o apontamento inicial,

com vistas a fazer com que os gestores do DSEI-Cuiabá implantem rotinas que

estabeleçam o fluxo a ser seguido no setor, dentro da consciência de controle da Unidade

Jurisdicionada (UJ).

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

Recomendação 1: Elaborar um manual de normas definindo os procedimentos a serem

adotados na execução das principais atividades relacionadas à licitação na Unidade, com

especial destaque para: (a) os procedimentos que devem ser executados;(b) os itens que

devem ser verificados; (c) a indicação dos dispositivos legais que tratam especificamente

sobre a atividade; (d) a previsão de identificação dos responsáveis pela execução, revisão

e supervisão dos procedimentos.

Recomendação 2: Elaborar normativo interno estabelecendo procedimento consistente

para elaboração de estimativas de preço, a fim de orientar as equipes de planejamento das

contratações do DSEI/Cuiabá, inclusive nos casos de contratações diretas e adesões a atas

de registro de preço, compatível com a IN 05/2014 do MPOG;

Recomendação 3: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de

preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das

normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os

editais-padrão da AGU como referência

Recomendação 4: Elaborar normativo estabelecendo a obrigação da equipe de

planejamento da contratação de elaborar os mesmos artefatos necessários para as

contratações via licitação (estudos técnicos preliminares, plano de trabalho e termo de

referência ou projeto básico) nas contratações diretas (Dispensa e Inexigibilidade de

Licitação);

Recomendação 5: Realizar acompanhamento das etapas e prazos de duração da realização

da licitação, de modo a identificar o tempo médio gasto em cada e etapa e avaliar os

obstáculos que possam impactar o andamento regular do processo licitatório,

estabelecendo indicadores de gestão na atividade de licitação.

Recomendação 6: Estabelecer rotinas para verificação de possíveis relacionamentos que

comprometem o caráter competitivo (endereço, sócios, telefone e/ou e-mail comuns;

sobrenomes comuns de sócios/administradores; área de atuação incompatível; data de

constituição ou de registro na Junta Comercial próxima da data do certame; sócios com

parentesco com servidores da unidade), anexando os procedimentos aplicados no

processo licitatório.

Recomendação 7: Padronizar as especificações para aquisições que são comuns (limpeza,

vigilância, telefonia, microcomputadores etc.) com apoio das diversas Unidades sob

nossa jurisdição, para uso da equipe de planejamento da contratação nas licitações do

DSEI/Cuiabá.

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III – CONCLUSÃO

Em face dos exames realizados, somos de opinião que a Unidade Gestora deve adotar

medidas corretivas com vistas a elidirem os pontos ressalvados nos itens de 1.1.1.3 a

1.1.1.5 como também nos itens de 1.1.1.7 a 1.1.1.10.

Cuiabá/MT, 07 de março de 2016.