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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO
Unidade Auditada: DISTRITO SANIT.ESP.INDIGENA - CUIABA
Município - UF: Cuiabá - MT
Relatório nº: 201504871
UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO
ESTADO DO MATO GROSSO
RELATÓRIO DE AUDITORIA
Senhor Chefe da CGU-Regional/MT,
Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 201504871,
apresentamos os resultados dos exames realizados sob atos e consequentes fatos de
gestão, ocorridos na supra-referida, no período de 01/01/2015 a 31/12/2015.
I – ESCOPO DO TRABALHO
Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Controladoria Geral da União em Mato
Grosso, no período de 02/11/2015 a 02/02/2016, em estrita observância às normas de
auditoria aplicáveis ao serviço público federal, objetivando o acompanhamento
preventivo dos atos e fatos de gestão de licitações e contratos ocorridos no período de
abrangência do trabalho, qual seja, 01/01/2015 a 31/12/2015. Nenhuma restrição foi
imposta aos nossos exames, realizados por amostragem, sobre as áreas de Gestão de
Licitações e Contratos.
Mediante a Solicitação de Auditoria n° 201504871/003, de 02 de fevereiro de /2016, foi
encaminhado o levantamento preliminar dos fatos para conhecimento e considerações do
gestor, que se manteve silente quanto aos achados de auditoria.
II – RESULTADO DOS EXAMES
1 GESTÃO OPERACIONAL
1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão
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1.1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão
1.1.1.1 INFORMAÇÃO
Licitação para contratação de apoio administrativo terceirizado de acordo com o
Decreto nº 2.271/1997.
Fato
O Distrito Sanitário Especial Indígena Cuiabá – DSEI/Cuiabá realizou o Pregão
Eletrônico nº 10/2014 (processo nº 25049.000443/2013-06), tipo menor preço global,
para contratação de empresa especializada na prestação de serviços terceirizados para os
postos de Recepcionista, Técnico de Suporte II, Oficial de Serviços Gerais e Técnico de
Manutenção.
O objeto da licitação contemplou todos os setores do DSEI – Cuiabá (Sede administrativa,
CASAI de Cuiabá, Rondonópolis e Tangará da Serra e os Polos de Brasnorte, Tangará da
Serra, Chiquitano, Rio Verde, Bacaval e Três Lagoas), totalizando a contratação de 45
postos de trabalhos.
A abertura da sessão pública foi realizada no dia 29 de outubro de 2014, como a
consequente homologação do procedimento licitatório em 16 de janeiro de 2015. Sagrou-
se vencedora a empresa Luppa Administradora de Serviços e Representações Comerciais,
CNPJ 00.181.160/0001-02, com proposta no valor anual de R$ 2.275.795,92.
Uma das empresas licitantes - Limparhtec Serviços Ltda. – ME (CNPJ 06.273.710/0001-
71), questionando o resultado da licitação, impetrou Mandado de Segurança com Pedido
de Liminar, pleiteando a anulação dos atos da Comissão de Licitação que levaram a
desclassificação da sua proposta bem como a declaração de ser a vencedora do certame.
Em 19 de março de 2015, o Juiz Federal acolhendo as argumentações trazidas aos autos
pelos gestores do DSEI/Cuiabá sobre as razões que levaram a considerar como inviável
a proposta feita pela impetrante, indeferiu a Liminar pretendida.
Importante registrar que em 2013, a CGU/Regional – MT realizou auditoria de
acompanhamento junto ao DSEI/Cuiabá, notadamente em licitação para contratação de
apoio administrativo. Naquele momento, foram detectadas falhas de orçamentação,
presença de cláusulas restritivas em edital, falta de comprovação dos valores relativos aos
itens Uniformes e Equipamentos de Proteção Individual na planilha de formação de
custos da empresa contratada e ausência de elementos comprobatórios da relação entre a
demanda prevista e a quantidade de serviço a ser contratada. Na ocasião, os gestores se
comprometeram a não repetir as falhas apontadas pela CGU nas futuras licitações de
mesma natureza.
De fato, o resultado dos exames realizados no Processo nº 25049.000443/2013-06 (fls.
001 a 1979) demonstram que as desconformidades apontadas anteriormente pela CGU
não reincidiram no Pregão nº 10/2014.
Registre-se que:
a) O orçamento balizador dos valores a serem licitados foi baseado em planilhas de
custos e formação de preços de empresas do ramo;
b) Não foram detectadas no edital cláusulas restritivas;
c) O custo do homem-mês, inclusive encargos, insumos, benefícios e tributos, para cada
categoria profissional da empresa vencedora da licitação está de acordo com
Convenção Coletiva de Trabalho do Sindicato das Empresas de Asseio e
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Conservação do Estado de Mato Grosso e Sindicato dos Empregados de Empresas
Terceirizadas de Asseio, Conservação e Locação de Mão de Obra de Mato Grosso;
d) No tocante à demanda prevista e quantidade de postos a ser contratada, às folhas 02
a 09 do processo constam justificativas acerca da insuficiência do quadro funcional
do DSEI/Cuiabá, notadamente na área administrativa. Com a nova licitação foi
reduzido o número de 59 postos de serviços para 42. A unidade demonstra no Termo
de Referência (às folhas 676 e 677 do Processo nº 25049.000443/2013-06) um
mapeamento da lotação dos postos de serviços, por categoria funcional e por setor,
cujo quantitativo (em média de 01 posto por setor) considera-se razoável diante da
insuficiência de recursos humanos pela qual passa a UJ. Referido quantitativo e
contratação teve aprovação do Secretário Especial de Saúde Indígena em 09 de maio
de 2014, cujo ato foi juntado aos autos do Processo, fl. 594.
Por tudo exposto, conclui-se que os atos praticados pelos gestores do DSEI/Cuiabá estão
consonantes com o Decreto nº 2.271/1997, que trata da contratação de serviços pela
Administração Pública.
Porém, convém registrar que a carência na área de recursos humanos do DSEI/Cuiabá é
uma situação que vem se arrastando há anos sem que houvesse concurso público.
Portanto, não se trata de assunto novo e sim recorrente, de conhecimento geral e a
Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI, diante da falta de concurso, vem se
utilizando desse tipo de expediente, autorizando a contratação de terceirizados para suprir
parcialmente as necessidades de recursos humanos dos seus Distritos.
##/Fato##
1.1.1.2 INFORMAÇÃO
Licitações na modalidade de Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015 estão em
conformidade com a Lei 8666/93.
Fato
Trata-se das Tomadas de Preço nº 02/2015 e 09/2015 realizadas pelo DSEI Cuiabá no
segundo semestre de 2015 a fim de contratar empresa de engenharia para execução de
serviços de implantação, reforma/ampliação de sistema de abastecimento de água
(SSAA) nas aldeias “Kamae” e “Duas Cachoeiras”.
As licitações foram conduzidas por comissão de licitação presidida pela servidora titular
da matrícula SIAPE nº ******* e os processos foram completamente submetidos a
avaliação da SESAI e receberam pareceres jurídicos favoráveis a seus prosseguimentos e
consequentes pactuações contratuais.
Sagrou-se vencedora de ambas licitações a empresa Sondágua - Sondagens e Perfurações
de Poços Artesianos Ltda. – EPP, CNPJ 26.770.255-27, pelos valores de R$ 223.920,15
(TP nº 02/2015) e R$ 219.385,80 (TP nº 09/2015).
Todas as peças do processo foram analisadas e as falhas identificadas se encontram
abordadas em pontos específicos deste relatório.
##/Fato##
1.1.1.3 CONSTATAÇÃO
Exigência de quadro permanente sem permitir a comprovação por meio de
contrato de prestação de serviços.
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Fato
Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015, constatou-se exigência
indevida como requisito de qualificação técnica a comprovação de a empresa possuir em
seu quadro permanente profissional capacitado, sem permitir, para esses fins, que tal
profissional seja vinculado à licitante por meio de contrato de prestação de serviço.
A cláusula restritiva se encontra no Item 11, alínea “c” do Termo de Referência, Anexo
I de ambos editais de licitação, conforme segue:
“c) Comprovação de possuir em seu quadro permanente, na data da licitação,
profissional de nível superior detentor de atestado de responsabilidade;”.
O § 1º, do art. 3º, da Lei nº 8.666/93 veda aos agentes públicos “admitir, prever, incluir
ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam
ou frustrem o seu caráter competitivo”.
Com efeito, a jurisprudência do TCU tem considerado irregular exigência editalícia de
que os profissionais constantes dos atestados apresentados para habilitação técnico-
profissional da licitante possuam vínculo permanente com ela na data da licitação, como
sócio ou empregado registrado. O quadro permanente a que se refere a Lei 8.666/1993,
em seu art. 30, § 1º, I, importa certa extensão do seu alcance no caso de obras de
engenharia, para abranger, além do pessoal com vínculo trabalhista ou societário, aqueles
profissionais, sobretudo os mais qualificados, que preferem atuar no meio técnico das
obras na condição de autônomos, mantendo, em certos casos, relação estável o suficiente
para caracterizar a permanência do liame. Assim, é possível permitir a comprovação do
vínculo com a empresa também com a cópia do contrato de prestação de serviço ou outro
documento com o mesmo valor probatório (Acórdãos 2.656/2007, 800/2008, 2.882/2008,
103/2009, 1.710/2009, 1.557/2009, todos do Plenário).
Em consequência, tal exigência impõe um ônus desnecessário às empresas, à medida que
as obriga a manter em seus quadros empregados ociosos e altamente qualificados somente
para participarem de licitações. Além disso, para o TCU, o fundamental para a
Administração-Contratante é que o profissional esteja em condições de efetivamente
desempenhar seu mister quando da execução do futuro contrato, razão por que se mostra
suficiente a existência de contrato de prestação de serviços, sem vínculo trabalhista e
regido pela legislação comum, interpretação essa que vai ao encontro do disposto no § 6º
do art. 30, da Lei nº 8.666/93, quando estabelece que as exigências acerca de pessoal
qualificado devam reputar-se atendidas mediante mera declaração de disponibilidade
apresentada pela licitante.
Dessa forma, a exigência apresentada no edital de licitação é indevida, contrariando a Lei
nº 8.666/93 e jurisprudência do Tribunal de Contas da União.
##/Fato##
Causa
Ausência de Manual de Normas e Procedimentos formalizados com fim de verificar e
acompanhar a efetiva observância à legislação que rege a matéria, assim como evitar a
ocorrência de cláusulas restritivas ou indevidas nos editais de licitação.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
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“Quanto à constatação acima o DSEI Cuiabá atendendo o parecer e buscando ampliar
o número de participação das empresas no processo licitatório, irá retirar tal
exigência, já que a mesma não influirá diretamente na prestação dos serviços a serem
prestados pela empresa que porventura venha a sagrar vencedora do certame.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva
dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência, admitindo a possibilidade de comprovação do
vínculo do responsável técnico também por meio de contrato de prestação de serviços,
sem vínculo trabalhista e regido pela legislação civil comum.
1.1.1.4 CONSTATAÇÃO
Previsão de retenção de pagamento em função da regularidade fiscal da empresa.
Fato
Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015 constatou-se previsão de
que não será efetuado nenhum pagamento se a empresa contratada se encontrar em
situação irregular perante o SICAF, conforme itens 5.9 e 5.10 dos editais de licitação, na
forma que segue:
"5.9.1. Do pagamento das contribuições sociais (Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Previdência Social) e da regularidade trabalhista, correspondentes ao mês da
última nota fiscal ou fatura vencida, quanto aos empregados diretamente vinculados à
execução contratual, quando não for possível a verificação da regularidade dos
mesmos no Sistema de Cadastro de Fornecedores - SICAF;
5.9.2. Da regularidade fiscal, constatada através de consulta "on-line" ao SICAF, ou na
impossibilidade de acesso ao referido Sistema, mediante consulta aos sítios
eletrônicos oficiais ou à documentação mencionada no artigo 29 da Lei n° 8.666, de
1993;
5.10. O pagamento somente será autorizado depois de efetuado o "atesto" pelo servidor
competente, condicionado este ato à verificação da conformidade da Nota Fiscal/Fatura
apresentada em relação às atividades efetivamente prestadas e aos materiais
empregados."
Entretanto, a Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 03/2009 alterou a Instrução Normativa
SLTI/MPOG nº 02/2008, acrescentando o § 6º ao art. 36, o qual dispõe que a retenção ou
glosa no pagamento, sem prejuízo das sanções cabíveis, só deverá ocorrer quando o
contratado:
I – não produzir os resultados, deixar de executar, ou não executar com a qualidade
mínima exigida as atividades contratadas; ou
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II – deixar de utilizar materiais e recursos humanos exigidos para a execução do serviço,
ou utilizá-los com qualidade ou quantidade inferior à demandada.
Ademais, conforme disposto no Parecer nº 2016/2009 da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, “constatada a situação de irregularidade da contratada junto ao SICAF, deve-
se providenciar sua advertência, por escrito, no sentido de que, em prazo exequível (desde
logo determinado), a contratada regularize sua situação junto ao SICAF ou, no mesmo
prazo, apresente sua defesa, sob pena de rescisão do contrato”. Destaca-se, ainda, que o
referido parecer complementa a citada orientação dispondo que "constatada a situação de
irregularidade da contratada junto ao SICAF, deverá o pagamento ser realizado em juízo,
sem prejuízo das sanções cabíveis (§2 do art. 36 da Instrução Normativa nº 02/2008, do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)".
No processo RMS nº 24953/CE, o Superior Tribunal de Justiça – STJ também teve o
mesmo entendimento, decidindo que “pode a Administração rescindir o contrato em razão
de descumprimento de uma de suas cláusulas e ainda imputar penalidade ao contratado
descumpridor. Todavia a retenção de pagamento devido, por não constar do rol do art. 87
da Lei nº 8.666/93, ofende o princípio da legalidade, insculpido na Carta Magna”.
Diante do exposto, tem-se que as condições exigidas na habilitação devem ser mantidas
pela contratada durante a execução do contrato, conforme disposto no inciso XIII do art.
55 da Lei nº 8.666/93. Contudo, segundo o Parecer PGFN nº 2016/2009 e o entendimento
do STJ, não se pode fazer a retenção ou suspensão de pagamento em decorrência da falta
de regularidade da empresa.
Cabe ressaltar que o Tribunal de Contas da União tem recomendado que "verificada a
irregular situação fiscal da contratada, incluindo a seguridade social, é vedada a retenção
de pagamento por serviço já executado, ou fornecimento já entregue, sob pena de
enriquecimento sem causa da Administração" (Acórdão nº 964/2012-Plenário).
##/Fato##
Causa
Ausência de Manual de Normas e Procedimentos formalizados com fim de verificar e
acompanhar a efetiva observância à legislação e jurisprudência do Tribunal de Contas da
União.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“Tal exigência ainda constou nos presentes editais por se tratar de processos iniciados
no ano de 2013, sendo que os procedimentos já praticados quando alguma Empresa
encontra com o SICAF desatualizado e de notificá-la para que regularize a sua
situação e que nos próximos editais e TR serão excluídas tais exigências”.
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva
dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
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Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência, sem incluir nos editais de licitação cláusula
prevendo a retenção de pagamentos em razão da falta de regularidade da contratada, por
falta de amparo legal.
1.1.1.5 CONSTATAÇÃO
Vedação de apresentação de impugnações e recursos por meio de e-mail, via postal
ou fax.
Fato
Mediante análise das Tomadas de Preços nº 02/2015 e 09/2015, constatou-se vedação
indevida de apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal,
fac-símile (fax), e-mail ou qualquer outro meio eletrônico. Tal vedação, além de
prejudicar a celeridade do processo, cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido
no art. 5º, inciso XXXIV, alínea a, da Constituição Federal.
A cláusula restritiva se encontra no Item 20 de ambos editais de licitação, conforme segue:
“20. DA IMPUGNAÇÃO
20.1. Decairá do direito de impugnar os termos deste Edital perante esta Administração,
o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes
com as propostas, pelas falhas ou irregularidades que viciariam este Edital, hipótese em
que tal comunicação não terá efeito de recurso.
20.2. A impugnação feita tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar
do processo licitatório até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
20.3. Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar este Edital por irregularidade
na
aplicação da Lei nº 8.666, de 1993, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis
antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a
Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo
da faculdade prevista no § 1o do art. 113 da referida Lei.
20.4. A impugnação poderá ser realizada por petição protocolada no endereço Rua Rui
Barbosa, 282 - Bairro: Goiabeiras - CEP 78.032-040 - Cuiabá/MT, no setor da CPL.”
A restrição à apresentação de recursos ou contrarrazões por meio de e-mail, fac-símile ou
qualquer outro meio eletrônico, sendo aceito apenas os realizados por meio físico,
beneficia empresas estabelecidas na mesma localidade ou municípios limítrofes por
possuírem melhores condições de fazer uso do direito de petição (art. 5º, inciso XXXIV,
'a', da Constituição da República) do que aquelas estabelecidas em localidades mais
distantes ou em outros municípios.
Entretanto, no caso concreto, não haveria prejuízo para a Administração aceitar essas
contestações por meio de e-mail, via postal ou fax. Pelo contrário, a utilização dos
referidos meios de comunicação tornaria o processo mais célere. O legislador, atento a
isso, já positivou no art. 5º, inciso LXXVII, da Constituição Federal, o respeito ao
princípio da celeridade processual no âmbito dos processos judicial e administrativo.
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Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União tem considerado que a vedação à
apresentação de impugnações e recursos por meio de telegrama, via postal ou fac-símile
(fax), cerceia o pleno gozo do direito de petição garantido no art. 5º, inciso XXXIV, alínea
a, da Constituição Federal (Acórdão nº 2266/2011 – TCU Plenário). ##/Fato##
Causa
Ausência de rotinas pré-estabelecidas com fins de verificar e acompanhar a conformidade
dos editais com a lei nº 8.666/93 e jurisprudência do TCU, resultando em instrumento
convocatório com cláusulas com potencial de restringir o caráter competitivo do certame.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“Conforme já salientado anteriormente trata de processos iniciados no ano de 2013,
onde constaram algumas falhas, sendo que nos atuais já consta o e-mail eletrônico da
CPL para os devidos questionamentos, como também irá constar o peticionamento via
postal, sendo que hoje são disponibilizados o endereço físico e o eletrônico, podendo
perfeitamente ser incluído o via postal, desde que feito no prazo legal e com a
comunicação via fax símile para o DSEI Cuiabá, para que o processo não continue e
posteriormente chegue o questionamento, evitando assim prejuízos de ter que
suspender ou até mesmo cancelar um pregão, ou outro ato.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva
dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência, sem citação de cláusulas que impeçam a
apresentação de documentos via postal.
1.1.1.6 INFORMAÇÃO
Contratação de serviços de vigilância, por dispensa de licitação, em conformidade
com a legislação vigente.
Fato
Trata-se de processo de contratação de empresa de vigilância armada mediante dispensa
de licitação em caráter emergencial realizada pelo DSEI Cuiabá sob o NUP
25049.000243/2015-15, em virtude de rescisão por descumprimento contratual da
empresa prestadora dos serviços na unidade.
A contratação foi conduzida por comissão de licitação presidida pela servidora titular da
matrícula SIAPE nº *******. O processo foi completamente submetido à avaliação da
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SESAI e recebeu parecer jurídico favorável a seu prosseguimento e consequente
pactuação.
Sagrou-se vencedora do processo MJB Vigilância e Segurança Ltda, CNPJ 06.236.934 /
0001-03, contratada pelo valor de R$ 773.790,00.
Todas as peças do processo foram analisadas e registramos que não foram identificadas
falhas relevantes, em face do que julgamos o processo como regular.
##/Fato##
1.1.1.7 CONSTATAÇÃO
Exigências indevida de apresentação de credenciamento junto ao fabricante de
medicamentos.
Fato
Em análise do edital do Pregão Eletrônico nº 03/2015, constatou-se, no item 8.9, que trata
da habilitação técnica, exigência de que caso o fornecedor contratado não seja o fabricante
do produto fornecido, mas apenas distribuidor, fornecedor ou representando do mesmo,
este deve apresentar cópia do Credenciamento junto ao Fabricante, assegurando o
fornecimento e a garantia em questão.
O § 1 do art. 3 da Lei nº 8.666/93 veda aos agentes públicos “admitir, prever, incluir ou
tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou
frustrem o seu caráter competitivo”.
Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União-TCU tem manifestado no sentido de que
não é lícita, em processo de licitação, a exigência do referido documento, por restringir o
caráter competitivo do certame, conforme orienta no Acórdão 2.294/2007 – Primeira
Câmara apresentado a seguir: “Abstenha-se de incluir cláusulas estranhas a esse
normativo, como a apresentação de carta de solidariedade do fabricante dos equipamentos
licitados, por não ser condição indispensável à garantia do cumprimento das obrigações
provenientes dos contratos a serem celebrados (cf. art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.666/93,
e art. 37, inciso XXI, parte final, da Constituição Federal)”.
Conforme a jurisprudência do Tribunal “a exigência de declaração do fabricante, carta de
solidariedade, ou credenciamento, como condição para habilitação de licitante, carece de
amparo legal, por extrapolar o que determinam os arts. 27 a 31, da Lei no 8.666/93, e 14
do Decreto no 5.450/2005”. Essa exigência pode ter caráter restritivo e ferir o princípio
da isonomia entre os licitantes, por deixar ao arbítrio do fabricante a indicação de quais
representantes poderão participar do certame. Existem outros meios para assegurar o
cumprimento das obrigações pactuadas, tais como pontuação diferenciada em licitaçoes
do tipo técnica e preço, exigência de garantia para execução contratual, ou ainda multa
contratual (Acórdão n. 1.805/2015 – Plenário e 1.350/2015 - Plenário).
Destaque-se que a parte final do inciso XXI do art. 37 da Constituição da República
dispõe que no processo de licitação pública "somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações".
Em decorrência, o art. 27 da Lei nº 8.666/93 preceitua que para fins de habilitação exigir-
se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a habilitação jurídica, a
qualificação técnica, a qualificação econômico-financeira, a regularidade fiscal e a prova
de cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.
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Desse modo, ainda que a administração tenha por objetivo impedir a contratação de bens
não garantidos pelo fabricante, não seria admitido a exigência de tal requisito, visto que
o Código de Defesa do Consumidor (CDC), especificamente em seu art. 18, é claro ao
estabelecer responsabilidade solidária do fabricante e do fornecedor de produtos, o que
torna desnecessário o pedido, por parte da Administração, de declaração de solidariedade,
pois a Lei já determina que existe essa solidariedade.
##/Fato##
Causa
Ausência de rotinas pré-estabelecidas com fins de verificar e acompanhar a conformidade
dos editais com a lei nº 8.666/93 e jurisprudência do TCU, resultando em instrumento
convocatório com cláusulas com potencial de restringir o caráter competitivo do certame.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“Na verdade, essa exigência vinha acompanhando todos os editais e todos os Termos de
Referencia relacionados à aquisição de medicamentos e que tal procedimento era para
garantir que quem fosse vender o produto tivesse procedência de onde viria o produto a
ser entregue, porém, de acordo com o parecer o DSEI Cuiabá irá excluir dos próximos
editais tal exigência”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva
dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação. ##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência, sem exigência de apresentação de carta de
credenciamento junto ao fabricante e/ou distribuidor para efetuar comercialização de
medicamentos.
1.1.1.8 CONSTATAÇÃO
Exigência indevida de apresentação de Certificado de Boas Práticas de Fabricação
e Controle.
Fato
Em análise do edital do Pregão Eletrônico nº 03/2015, constatou-se que foi exigido no
item 8.9, que trata da habilitação técnica, que as empresas licitantes apresentassem Cópia
do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle por linha de produção, emitido
pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, conforme estabelece a
Portaria nº 2.814, de 29 de maio de 1998.
Nesse sentido, para que se compreenda a impossibilidade de se adotar o referido
certificado como requisito de habilitação técnica nos certames licitatórios, cumpre
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esclarecer o que é requisito de habilitação técnica e quando uma determinada exigência
normativa nele se converte.
Os requisitos de habilitação técnica são aqueles necessários para aferir a habilidade ou
aptidão para execução da pretensão contratual, eis que visam “assegurar que o licitante
estará apto a dar cumprimento às obrigações assumidas no contrato com a
Administração”.
Com base nessa concepção, a Lei nº 8.666/93, em seu artigo 30, apontou os requisitos de
qualificação técnica, deixando espaço, ainda, para a estipulação, por lei especialmente
criada para esse fim, de outros que se façam necessários.
No caso do CBPF, além de não se configurar em documento essencial para atestar a
capacidade da licitante de cumprir fielmente as obrigações contratadas, ainda não foi
eleito por lei (menos ainda especial) como requisito de habilitação técnica.
Sobre o assunto, relevante transcrever acórdão do Tribunal de Contas da União, o qual
concluiu ser excessiva a exigência de Certificado de Boas Práticas de Fabricação e
Controle na fase de habilitação, sustentando que a apresentação do registro válido do
medicamento/insumo/correlato a ser ofertado pela empresa licitante pressupõe o
atendimento das normas regulamentadoras e fiscalizatórias relativas à fabricação do
medicamento/insumo/correlato, conforme apresentado a seguir: “De igual sorte,
concordo com a unidade instrutiva quanto a desnecessidade de se exigir CBPF. Tal
exigência é demasiada, já que o efetivo registro do produto no Ministério da Saúde
pressupõe a adoção, pelo fabricante, das práticas de fabricação previstas nos normativos
específicos”(Acórdão 128/2010 – Plenário) e Por fim, no que tange ao entendimento da
embargante de que os editais públicos deveriam exigir CBPF, expedida pela Vigilância
Sanitária, a instrução expos claramente os motivos pelos quais a Unidade não estaria
obrigada a incluir tal exigência no edital: a falta de previsão legal e expressa e a
necessidade de se interpretar estritamente a lei nº 8.666/93 no que se refere a exigências
de habilitação a serem impostas aos potenciais interessados. Recomenda-se também a
leitura dos acórdãos 126/2010, 127/2010, 128/2010 e 129/2010, todos do Plenário
(Acórdão 2940/2010 – 1ª Câmara).
Note-se que o TCU é claro quanto à inexistência de previsão legal da exigência do CBPF
como requisito de habilitação e, ainda, quanto a necessidade de se interpretar
restritivamente a lei nº 8.666/93.
Em recente representação, o TCU, versando sobre o assunto (Acórdão nº 392/2011 –
Plenário), mais uma vez foi taxativo: “o art. 30 da Lei nº 8.666/93 enumera os documentos
que poderão ser exigidos para fim de comprovação da qualificação técnica, entre os quais
não se incluem certificados de qualidade”.
Assim, não haveria sido observado o princípio da legalidade. Além disso, ainda para o
TCU, “ainda que se considerasse legal a exigência supra, ela não atenderia, no caso
concreto, ao princípio da proporcionalidade, não se revelando, na espécie, indispensável
à garantia do cumprimento das obrigações a serem assumidas perante o Ministério da
Saúde”.
O Tribunal de Contas da União-TCU tem manifestado pela ilegalidade, em processo de
licitação, da exigência de apresentação de certificado de boas práticas de fabricação,
como requisito de habilitação técnica, por restringir o caráter competitivo do certame e
não ter previsão legal, conforme orienta o Acórdão 392/2011-Plenário, ao dispor que “o
art. 30 da Lei nº 8.666/93 enumera os documentos que poderão ser exigidos para fim de
comprovação da qualificação técnica, entre os quais não se incluem certificados de
qualidade”.
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##/Fato##
Causa
Falha nas rotinas e nos procedimentos adotados pelo DSEI/Cuiabá para a realização de
processos licitatórios, ao exigir documento contrário a jurisprudência do TCU.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“Outro item que era exigido nos Editais e Termos de Referência quando da aquisição
de medicamentos, visando uma melhor transparência por parte dos vendedores e para
uma maior tranquilidade do comprador de que a empresa estava dentro dos padrões
exigidos do Certificado de Boas Práticas de Fabricação, nunca pensando que poderia
excluir algum concorrente, pois pensava-se que todas as empresas aptas a vender para
o Governo deveria estar com o seu Certificado em dias, não sendo nenhuma exigência
fora do razoável.
Porém conforme bem salientando pelo Auditor, nos próximos iremos excluir tal
exigência, na busca de melhorar cada vez mais o acesso das empresas e aumentar a
competividade e consequentemente obtermos melhores produtos com preços
acessíveis.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
O gestor reconhece a falha apontada, comprometendo-se a excluir essa cláusula restritiva
dos próximos editais. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação. ##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência, sem exigência do certificado de boas práticas de
fabricação.
1.1.1.9 CONSTATAÇÃO
Sobrepreço no orçamento estimativo do Pregão Presencial nº 03/2015.
Fato
Trata-se de Pregão Presencial nº 03/2015, tipo menor preço, realizado no dia 24/03/2015
em sistema de registro de preços, com objetivo de adquirir medicamentos e materiais
hospitalares para atender ao Distrito de Saúde Indígena - Cuiabá.
O objeto da licitação foi divido em 104 itens vencidos por 12 (doze) diferentes empresas,
que seguem elencadas:
ATA EMPRESA CNPJ VALOR TOTAL
ADJUDICADO
01/2015 Oftalmopharma Indúst. e Com. de Prod.
Farmacêuticos Ltda. 00.192.190/0001-96 R$ 13.659,84
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02/2015 Centermedi – Comércio de Produtos Hospitalares
Ltda. 03.652.030/0001-70 R$ 630,00
03/2015 Formulas Magistrais Manipulações Especiais Ltda. 07.316.691/0001-86 R$ 4.040,00
04/2015 TC Atual Comércio de Medicamentos Ltda. 10.493.969/0001-03 R$ 35.155,50
05/2015 Klima Comercio de Medicamentos Ltda. 11.011.226/0001-04 R$ 45.018,19
06/2015 L. A. Dalla Porta Junior 11.145.401/0001-56 R$ 65.225,13
07/2015 Inovamed Comercio de Medicamentos Ltda. 12.889.035/0001-02 R$ 39.239,00
08/2015 Capromed Farmaceutica Ltda. 13.085.369/0001-96 R$ 3.488,00
09/2015 Exclusiva Distribuidora de Medicamentos 14.905.502/0001-76 R$ 16.087,61
10/2015 DMC Distribuidora de Medicamentos e Correlatos
Ltda. 16.970.999/0001-31 R$ 17.389,74
11/2015 Vitoplastt Comercio de Produtos Descartáveis EIRELI 19.204.505/0001-04 R$ 3.460,00
12/2015 Hopsfar Industria e Com. de Produtos Hospitalares
Ltda. 36.921.908/0001-21 R$ 13.704,42
Total ARP R$ 257.097,43
O processo licitatório foi conduzido pela Pregoeira Z. A. G., matrícula SIAPE *******,
nomeada na Portaria nº 28, de 16/09/2004. A pesquisa de preços que subsidiou a licitação
foi realizada pelo servidor D. de O. S., com ciência da Chefe de Divisão de Atenção à
Saúde Indígena, M. G. O. S.
Para avaliação do preço registrado, comparou-se o preço de cada item com o respectivo
preço aceitável. Como preço aceitável, foi considerado pela equipe de auditoria o limite
superior dos preços registrados em atas vigentes do Comprasnet. O cálculo do limite
superior considera o universo de preços registrados para cada item, descartados os preços
inexequíveis ou os excessivamente elevados.
A fim de contribuir e disciplinar a formação de preços para licitações, o TCU, no Acórdão
n.º 3068/2010-Plenário, afirmou que “o preço de mercado é mais bem representado pela
média ou mediana uma vez que constituem medidas de tendência central e, dessa forma,
representam de uma forma mais robusta os preços praticados no mercado”. Entretanto,
esses dois métodos falham ao não tratar adequadamente as distorções da amostra. Por
isso, a técnica mais indicada, quando se deseja um tratamento robusto é a Média Saneada.
A “média saneada” consiste em realizar uma avaliação crítica dos preços obtidos na
pesquisa, a fim de descartar valores que apresentem grandes variações em relação aos
demais. O TCU exige esse tratamento nos Acórdãos 2.943/2013-P, 2.637/2015-P. Para o
Tribunal de Contas da União, a pesquisa de preços deve desconsiderar as informações
cujos preços revelem-se evidentemente fora da média de mercado, de modo a evitar
distorções no custo médio apurado e, consequentemente, no valor máximo a ser aceito
para cada item licitado.
Nesse sentido, cabe destacar a iniciativa da DATAPREV, Empresa pública de Tecnologia
de Informação do Ministério da Previdência Social, que elaborou norma interna de
procedimentos para estimativa de preços em seus processos de compras. A metodologia
empregada é similar à “média saneada”. A DATAPREV adota o Coeficiente de Variação
(CV) como elemento homogeneizador de amostras. O CV é calculado pela divisão do
Desvio Padrão (DP) pela Média (M): CV = (DP/M) x 100. Quanto menor o CV, mais
homogêneo o conjunto de dados. Para a DATAPREV, um CV menor ou igual a 25%
indica uma amostra aceitável e a média, nesse caso, passa a valer como valor estimado
para a contratação, sempre levando em conta conjunto de três ou mais elementos. Além
desta, o Tribunal Regional Federal da 4º Região, por meio da Norma de Serviço nº 01, de
28/06/2013, passou a adotar a sistemática da média saneada por meio do Coeficiente de
Variação.
Usando o CV como parâmetro de homogeneidade do conjunto de dados, pode-se
expurgar os extremos inferiores e superiores, de tal forma a obter CV menor que 25%.
Para delimitar esses extremos, calcula-se a média mais (+) o desvio padrão (limite
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superior) e a média menos (-) o desvio padrão (limite inferior). O que estiver fora dessa
faixa é eliminado.
Assim, foram selecionados os itens mais relevantes do orçamento estimativo da Unidade,
por meio da metodologia conhecida como Curva ABC. Para dar representatividade à
amostra, a análise comparativa foi realizada num montante equivalente a 64,00% do valor
total estimado. Mediante aplicação da metodologia detalhada acima, constatou-se neste
montante sobrepreço de 52%, conforme segue detalhado:
Tabela – Identificação de sobrepreço
Item
Denominação
genérica
Valor
unitário
orçado (R$)
Quanti-
dade
Valor total
orçado (R$)
Valor Unitário:
Limite Superior ao
preço de mercado
(R$)
Valor Total:
Limite Superior ao
preço de mercado
(R$)
60 Guaco (Mikania
glomerata) 120 ml 7,79 8.000 62.320,00 2,0170 16.136,00
74 Medroxiprogesteron
a, Acetato 23,81 2.000 47.628,00 14,4600 28.920,00
29 Cianocobalamina 4,34 5.000 21.700,00 5,1000 25.500,00
87 Paracetamol 1,09 15.000 16.350,00 1,3400 20.100,00
102 Sulfato ferroso 7,20 2.226 16.027,20 1,5000 3.339,00
66 Hipromelose 28,52 496 14.145,92 28,9400 14.354,24
56 Glicerol 15,60 850 13.260,00 7,3100 6.213,50
97 Salbutamol, Sulfato 14,40 750 10.800,00 11,1800 8.385,00
16 Azitromicina 1,87 5.517 10.316,79 0,6500 3.586,05
52
Fosfato de cálcio
tribásico +
colecalciferol
0,98 10.000 9.800,00 0,9800 9.800,00
38 Dexametasona 12,74 750 9.555,00 5,9100 4.432,50
96 Sais para reidratação
oral 0,60 15.000 8.998,50 0,6700 10.050,00
9 Álcool etílico 8,05 1.000 8.050,00 5,3600 5.360,00
90 Permetrina 2,68 3.000 8.039,70 4,2500 12.750,00
85
Óleo mineral
(vaselina
líquida/petrolato)
5,90 1.333 7.864,70 2,3400 3.119,22
55 Gentamicina,
Sulfato 8,15 939 7.652,85 7,9300 7.446,27
65 Hipoclorito de sódio
diluído 9,20 800 7.360,00 5,5300 4.424,00
4 Ácido valpróico
(Valproato de sódio) 0,96 7.000 6.720,00 0,7000 4.900,00
75 Medroxiprogesteron
a, Acetato 11,96 500 5.980,00 7,5600 3.780,00
Valor
Total
Estimado
292.568,66 Valor Total
Comprasnet 192.595,78
SOBREPREÇO 52%
Destacamos que o sobrepreço identificado na estimativa da Unidade não prejudicou a
assinatura das Atas, cujos valores permaneceram dentro da faixa de preços de mercado,
sem prejuízo à Administração.
Entretanto, é importante frisar que o orçamento estimativo com sobrepreço poderia
resultar em contratações desvantajosas para a Administração, na medida que possibilita a
aceitação de preços acima da faixa praticada no mercado.
##/Fato##
Causa
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Falta de normativo específico para pesquisa de preço e metodologia inadequada para
estabelecer preço de referência.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“Que a estimativa dos preços foram feitos de acordo com a média de no mínimo três
orçamentos sendo certo que não foram utilizados a metodologia conhecida como Curva
ABC, mesmo porque não temos condições de aplicar tal método, pois existe uma
dificuldade enorme para conseguir orçamentos e essa metodologia exige um grande
número de preços.
Para discorrer mais acerca do apontado nesta constatação, segue a explanação da
Responsável Técnica da área:
Em relação a constatação 1.1.1.9 - A técnica realizada para a pesquisa de mercado foi
a extração de valores do sitio www.comprasgovernamentais.gov.br, no período de
02/2014 a 02/2015, considerando os preços praticados pelo mercado em licitações
anteriores, sendo os seguintes critérios adotados na construção da Intenção de Registro
de Preços: (a) menor preço, (b) registro de compra mais recente, (c) modalidade Registro
de Preços ou Pregão (e) quantitativo mais próximo ao que se pretende adquirir.
Os valores extraídos dessa pesquisa foram usados para balizar a aceitação das propostas
ofertadas durante o processo, não sendo viável a aceitação de valores que ficassem
acima dos mencionados na pesquisa de preços.
No entanto, não foi levada em consideração a técnica da “média saneada” citada por
essa Controladoria. A avaliação dos preços obtidos na pesquisa foi apenas realizada de
acordo com o mencionado acima, não sendo observado no momento da pesquisa valores
que apresentassem grandes variações em relação aos demais.
Ficou claro que os valores extraídos da pesquisa de mercado devem ser avaliados, a fim
de descartar valores que apresentem grandes variações em relação aos demais
encontrados para aquele mesmo período, no entanto, entendeu-se no momento da
pesquisa que os valores publicados no sitio governamental comprasnet se referia a
valores aceitos e validados em compras públicas já efetuadas e vigentes para aquele
período pesquisado, não sendo necessário o seu descarte.
Para que não sejam mais cometidos desvios nesse sentido, estaremos buscando um
melhor preparo dos técnicos envolvidos, para que possamos de fato assumir as
responsabilidades inerentes a um processo que exige profundo conhecimento”. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Trata-se de tema relevante, que exige cuidado e atenção no momento de realizar a
estimativa de preços, sob pena de desvirtuar todo a orçamentação de um certame. O gestor
reconhece a falha e se compromete a treinar os técnicos responsáveis para melhor
instrução dos seus processos. Diante da necessidade de acompanhar essa implementação,
mantém-se a constatação.
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Editar normativo estabelecendo procedimento consistente para
elaboração de estimativas de preço (Curava ABC, fontes de referências, mediana, média
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saneada, etc) a fim de orientar às equipes de planejamento das contratações da Entidade,
inclusive nos casos de contratações diretas e adesões às atas de registro de preço.
1.1.1.10 CONSTATAÇÃO
Controles internos na área de licitações parcialmente válidos, porém aprimoráveis.
Fato
Os trabalhos realizados na Unidade tiveram por objetivo avaliar se os procedimentos de
controle nas atividades de licitação estão efetivamente instituídos e se tem contribuído
para o alcance dos objetivos estratégicos fixados pelo DSEI/Cuiabá.
Foi utilizado o Questionário de Avaliação de Controles Internos (QACI), utilizado para
coleta de dados junto aos gestores do DSEI/Cuiabá no que se refere aos controles internos
existentes na atividade de licitação. Estes foram confeccionados com base nos conceitos
e terminologias constantes nas Normas de Controle Interno do Escritório Geral de
Contabilidade dos Estados Unidos (GAO – Ferramenta de Gestão e Avaliação de
Controle Interno), que foi construído com fundamento na metodologia delineada no
modelo de referência do Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway
Commission (Coso I – Estrutura integrada de controles internos).
O QACI foi estruturado com perguntas fechadas. O gestor deveria obrigatoriamente
escolher apenas uma das quatro respostas possíveis e, caso desejasse, acrescer as
observações que julgasse oportunas no campo previamente reservado para colher tais
comentários. As quatro possíveis respostas variavam do “Não Absoluto” – passando pelo
não que apresentava aspectos positivos e pelo sim que apresentava aspectos restritivos –
até o “Sim Absoluto” e, nesse sentido, foram mensuradas de zero a três pontos. Buscou-
se, por meio dessa técnica, expor respostas, de forma clara e direta, que induzissem, desde
já, um comportamento proativo no gestor, expondo-lhe o dever-ser para cada questão
apresentada.
Nesse sentido, destaca-se a seguir os pontos passíveis de melhorias na área supracitada:
A - Deficiências quanto à formalização de procedimentos.
Dentre os controles preventivos inerentes as atividades de controle, destaca-se a
formalização de procedimentos, uma vez que todas as atividades importantes devem ser
documentadas de forma completa e precisa, a fim de que seja fácil rastrear as informações
desde o momento de autorização até a conclusão.
Os órgãos e entidades federais devem, assim, elaborar normas e manuais com a descrição
detalhada dos procedimentos, de forma a orientar seus servidores e empregados e
uniformizar os procedimentos adotados, evitando falhas na execução e prejuízos com
retrabalho.
Embora o gestor tenha afirmado, por meio de resposta à Questão nº 06 do QACI que a
execução das principais atividades envolvidas na licitação está apoiada por políticas e
procedimentos (manuais e check-list), observou-se que foi apresentada como evidência
apenas um Termo de Acordo de Cooperação nº 02/2013 realizado com a Consultoria
Jurídica da União no Estado de Mato Grosso, que apesar de constituir um avanço para a
segurança do processo, não significa a implementação de manuais e rotinas internas,
devidamente formalizadas e detalhadas para a gestão das licitações. Somente esse acordo
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não garante o aprimoramento dos processos de compras da Unidade, sendo necessário
para tanto a execução plena do Acordo na forma das incumbências previstas no inciso II
da Cláusula Segunda – Dos Compromissos dos Partícipes, que aborda as providências a
serem adotadas pelo DSEI Cuiabá no esforço de aperfeiçoamento de seus processos.
Além de utilizar os modelos de documentos padronizados e disponibilizados pela AGU,
a Unidade deve atentar-se para não alterá-los em detrimento à competitividade dos
certames e aos princípios sob os quais devem transcorrer os processos de compras e
contratações. Neste sentido, destacamos as falhas apontadas em itens específicos deste
relatório, referentes a inclusão de cláusulas indevidas, consideradas restritivas em várias
decisões proferidas pelo Tribunal de Contas da União.
Além disso, o gestor admitiu que o DSEI/Cuiabá não utiliza de padronização das
especificações que são mais comuns, para aquisição por meio de processos licitatórios.
Conforme apontado em item próprio deste relatório, há necessidade de implantação de
uma de rotina definida para realização de pesquisa de preços prévia a realização das
licitações de medicamentos.
A inexistência de normas ou manuais detalhando os procedimentos a serem observados
nas atividades de licitação, incluindo realização de pesquisas de preços e padronização de
especificações mais comuns, pode levar à execução errônea das atividades e retrabalhos
e resultar em danos financeiros ou prática de atos ilegais advindos de aquisições mediante
dispensas ou inexigibilidades indevidas, compras subestimadas ou superestimadas, falhas
nos procedimentos licitatórios, e assinatura de contratos irregulares, falhas no
acompanhamento e fiscalização dos contratos.
O gestor afirmou que embora observe os limites legais para a composição das comissões
entre servidores efetivos e comissionados, os servidores designados não são
adequadamente treinados para o exercício de suas atribuições. Isso pode ser observado
nas intervenções realizadas tanto pela SESAI quanto pela AGU, que questionaram alguns
procedimentos, resultando em retrabalho e necessidade de melhoria na instrução dos
processos.
B - Deficiências nos controles gerenciais/acompanhamento das atividades.
O controle gerencial é uma importante ferramenta que visa levar a organização a atingir
seus objetivos institucionais. Um controle gerencial eficaz tem por objetivos:
a) produzir informações que possibilitem aos gestores a tomada de decisões, para que a
organização atinja os seus objetivos;
b) avaliar o desempenho da organização na execução das suas atividades meio e fim,
tomando como parâmetros os conceitos de economicidade, eficiência, eficácia e
efetividade, tendo em vista os seus objetivos;
c) avaliar o desempenho dos setores administrativos tendo em vista as suas finalidades
organizacionais; e
d) avaliar a execução das ações planejadas e programadas para o período.
Dentre as avaliações de um sistema de controle gerencial, pode-se destacar aquela
relacionada ao acompanhamento processual por meio de sistema das fases da licitação,
de modo a identificar o tempo médio gasto em cada etapa do processo, assim como os
obstáculos que possam impactar seu andamento regular.
Em análise dos controles internos do DSEI/Cuiabá foi verificado que não existe um
acompanhamento processual que permita conhecer o tempo médio gasto em cada etapa
do processo licitatório, o percentual de licitações paralisadas por impugnações
administrativas e judiciais, número médio de licitações realizadas por responsável
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(pregoeiro ou comissão de licitação), percentual de licitações realizadas por modalidade,
entre outros. Assim, as principais fragilidades quanto aos controles gerenciais das
atividades são:
- Inexistência de controles acerca das fases do processo licitatório, de modo a identificar
o tempo médio gasto em cada etapa do processo;
- existência parcial de controle manual ou eletrônico das informações sobre a
disponibilidade orçamentária e financeira, incluindo informações atualizadas sobre a
situação de cada contratação da organização (planejada, licitada, contratada), sobre os
valores empenhados, liquidados e pagos, e sobre a dotação disponível;
- Inexistência de controle manual ou eletrônico das empresas penalizadas com declaração
de suspensão, inidoneidade ou impedimento.
Vale lembrar que processos licitatórios são complexos e demandam um prazo
relativamente longo para se completarem. Se não há um sistema de planejamento
gerencial, nos vários níveis da entidade, é quase certo que haverá problemas e aquisições
feitas sem seguir os procedimentos adequados. Somente com um controle gerencial eficaz
poderão os órgãos e entidades federais se organizar de forma a estabelecer um
cronograma de compras, completando os processos licitatórios tempestivamente, sem
interrupções no fornecimento e nem atropelos de última hora.
C - Deficiências/ausência de controles preventivos de fraudes e conluios.
Diversas atividades específicas do controle podem ser eficazes na prevenção de fraudes
e abusos, tais como a análise circunstanciada dos licitantes, das propostas e das alterações
contratuais e a verificação das cláusulas contidas nos editais, a fim de evitar
direcionamento, fracionamento do objeto ou jogo de planilha, assim como consulta para
verificar a ocorrência de penalidades que impedem as empresas de licitar e contratar,
especialmente o Cadastro Específico de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS,
Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa do
CNJ e Cadastro de Inidôneos do TCU.
Verificou-se que a unidade realiza consulta no CEIS durante o certame. Contudo, em
resposta à aplicação do QACI – questão 15, o gestor afirmou que não possui rotinas para
prevenção de fraudes e conluios, a exemplo de análise dos endereços das empresas,
quadro societário, data de constituição da empresa, análise das propostas em relação ao
formato, empresas de servidores do Órgão ou Entidade Pública.
Por consequência, a falta de uma análise dos documentos de habilitação e proposta de
preços das licitantes, das alterações contratuais pode levar à ocorrência de contratação de
empresas inidôneas ou impedidas; obtenção de objeto que não atende plenamente às
características desejadas; não obtenção da proposta mais vantajosa; sobrepreço/
superfaturamento; conluio de licitantes; fraude à licitação ou outras atividades ilícitas
com prejuízo ao erário.
Convém lembrar que a Administração Pública no desempenho de suas funções deve
submeter-se a controles diversos, incluindo os controles que deve exercer sobre seus
próprios atos, denominados controles internos. A existência e efetivo funcionamento de
sistemas de controles internos na União é uma obrigação estatuída pela Constituição
Federal de 1988 (art. 70). A finalidade desses controles é garantir que a administração
atue em consonância com princípios constitucionais, como da legalidade e da eficiência,
almejando com isso assegurar o melhor aproveitamento dos recursos públicos e a boa
qualidade dos serviços prestados à população.
A responsabilidade por conceber, implantar, manter e monitorar controles internos para
assegurar os objetivos acima mencionados é da administração do órgão ou entidade
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pública, cabendo à auditoria interna ou ao órgão de controle interno da entidade avaliar a
qualidade desses controles.
##/Fato##
Causa
Fragilidades nos controles internos da UJ.
##/Causa##
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 127/2016/SELOG/DSEI-CUIABÁ/SESAI/MS, de 25 de fevereiro
de 2016, o gestou assim se manifestou:
“O DSEI Cuiabá não dispõe de quadro suficiente de servidores que possa exercer com
maior eficiência esses controles, sendo que em muitas situações uma só pessoa acumula
duas ou até mais funções, o que acarreta num acumulo de atribuições ficando em muitas
situações deficiente algumas ações, o que até o presente momento não tem impactado na
atividade maior que é assistência básica aos indígenas e claro que se há possibilidade
de melhorar temos sempre que buscar qualidade melhor, mas para isso seria necessária
a abertura de concurso público para contratação de mais pessoas para integrar o quadro
de servidores do DSEI Cuiabá, o que infelizmente foge a alçada deste Órgão.
Na medida do possível o DSEI vem procurando melhorar a sua atuação. Inclusive, nos
próximos 2 (dois) meses este Distrito estará elaborando normas internas que permitam
o alcance de eficácia nos controles internos e, consequentemente, eficiência nos
processos de trabalho na área em questão, com benefício resultante para as áreas
demandantes.
De modo que, quanto aos subitens elencados no relatório, mencionamos:
- Quanto ao item “a” procurará documentar com maior eficácia as providências a serem
tomadas e implantar normas de rotinas internas.
- Quanto ao item “b” – certamente, com o estabelecimento de normas internas, será
possível a melhora nos controles gerenciais.
- Quanto ao item “c” o DSEI Cuiabá juntamente com os órgãos de controle buscará
meios para evitar as fraudes e os conluios, apesar de conhecedor que essas práticas em
determinadas situações são difíceis de detectar, pois parte em muitas situações de
pessoas “estranhas” ao quadro da Instituição, ou seja, parte das próprias empresas que
podem combinar preços e assim prejudicar a Instituição, porém na medida do possível
iremos intensificar o controle visando a não ocorrência dessas práticas em nossa
Instituição.”
##/ManifestacaoUnidadeExaminada##
Análise do Controle Interno
Por ocasião da prolação do Acórdão 636/2012 – Plenário, o Tribunal de Contas da União
elencou, como uma das causas significativas para os problemas identificados na área de
licitação, a precariedade ou mesmo ausência de medidas tendentes a robustecer os
controles administrativos internos nos órgãos públicos, que terminam por propiciar um
ambiente organizacional que oportuniza a ocorrência de práticas inadequadas e que
resulta em prejuízos financeiros, orientando às Unidades Jurisdicionadas que fortaleçam
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seus controles internos, haja vista a relação inversamente proporcional entre estes e a
ocorrência das mais diversas irregularidades.
Não obstante as dificuldades apresentadas pelo gestor, o assunto é essencial para a
melhoria da gestão na área de licitações, razão porque mantém-se o apontamento inicial,
com vistas a fazer com que os gestores do DSEI-Cuiabá implantem rotinas que
estabeleçam o fluxo a ser seguido no setor, dentro da consciência de controle da Unidade
Jurisdicionada (UJ).
##/AnaliseControleInterno##
Recomendações:
Recomendação 1: Elaborar um manual de normas definindo os procedimentos a serem
adotados na execução das principais atividades relacionadas à licitação na Unidade, com
especial destaque para: (a) os procedimentos que devem ser executados;(b) os itens que
devem ser verificados; (c) a indicação dos dispositivos legais que tratam especificamente
sobre a atividade; (d) a previsão de identificação dos responsáveis pela execução, revisão
e supervisão dos procedimentos.
Recomendação 2: Elaborar normativo interno estabelecendo procedimento consistente
para elaboração de estimativas de preço, a fim de orientar as equipes de planejamento das
contratações do DSEI/Cuiabá, inclusive nos casos de contratações diretas e adesões a atas
de registro de preço, compatível com a IN 05/2014 do MPOG;
Recomendação 3: Formular modelos de editais de licitação, check-list, atas de registro de
preços e contratos de aquisição com elementos mínimos necessários ao cumprimento das
normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das empresas, podendo utilizar os
editais-padrão da AGU como referência
Recomendação 4: Elaborar normativo estabelecendo a obrigação da equipe de
planejamento da contratação de elaborar os mesmos artefatos necessários para as
contratações via licitação (estudos técnicos preliminares, plano de trabalho e termo de
referência ou projeto básico) nas contratações diretas (Dispensa e Inexigibilidade de
Licitação);
Recomendação 5: Realizar acompanhamento das etapas e prazos de duração da realização
da licitação, de modo a identificar o tempo médio gasto em cada e etapa e avaliar os
obstáculos que possam impactar o andamento regular do processo licitatório,
estabelecendo indicadores de gestão na atividade de licitação.
Recomendação 6: Estabelecer rotinas para verificação de possíveis relacionamentos que
comprometem o caráter competitivo (endereço, sócios, telefone e/ou e-mail comuns;
sobrenomes comuns de sócios/administradores; área de atuação incompatível; data de
constituição ou de registro na Junta Comercial próxima da data do certame; sócios com
parentesco com servidores da unidade), anexando os procedimentos aplicados no
processo licitatório.
Recomendação 7: Padronizar as especificações para aquisições que são comuns (limpeza,
vigilância, telefonia, microcomputadores etc.) com apoio das diversas Unidades sob
nossa jurisdição, para uso da equipe de planejamento da contratação nas licitações do
DSEI/Cuiabá.
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III – CONCLUSÃO
Em face dos exames realizados, somos de opinião que a Unidade Gestora deve adotar
medidas corretivas com vistas a elidirem os pontos ressalvados nos itens de 1.1.1.3 a
1.1.1.5 como também nos itens de 1.1.1.7 a 1.1.1.10.
Cuiabá/MT, 07 de março de 2016.