presidÊncia da repÚblica controladoria-geral da … · controladoria realizou trabalhos de...

24
565 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO TOMADA DE CONTAS ANUAL RELATÓRIO Nº : 175786 UCI 170981 : CG DE AUDITORIA DA ÁREA DO MEIO AMBIENTE EXERCÍCIO : 2005 PROCESSO Nº : 02000.000949/2006-39 UNIDADE AUDITADA : SEC.EXECUTIVA/MMA CÓDIGO : 440008 CIDADE : BRASILIA UF : DF RELATÓRIO DE AUDITORIA Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 175786, apresentamos os resultados dos exames realizados sobre os atos e conseqüentes fatos de gestão, ocorridos na Unidade supra-referida, no período de 01Jan2005 a 31Dez2005. Destaca-se que, no cumprimento da Decisão Normativa TCU nº71, de 7/12/2005, o presente processo agrega as contas da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração CGPO e CGF (SPOA/MMA) e da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), cujos atos e fatos de gestão foram objeto de análises específicas, estando os resultados consubstanciados nos Relatórios de Auditoria n.º 175785 e 175782, respectivamente. I - ESCOPO DO TRABALHO Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Jurisdicionada, no período de 11Mai2006 a 30Jun2006, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal. Nenhuma restrição foi imposta aos nossos exames, que contemplaram as seguintes áreas: - CONTROLES DA GESTÃO - GESTÃO OPERACIONAL - GESTÃO DO SUPRIMENTO DE BENS/SERVIÇOS Não foi utilizado método específico de amostragem nos trabalhos de auditoria, tendo o escopo das análises compreendido os seguintes aspectos: a) Controles da Gestão: verificação da implementação das

Upload: trinhmien

Post on 18-Jan-2019

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

565

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

TOMADA DE CONTAS ANUAL RELATÓRIO Nº : 175786 UCI 170981 : CG DE AUDITORIA DA ÁREA DO MEIO AMBIENTE EXERCÍCIO : 2005 PROCESSO Nº : 02000.000949/2006-39 UNIDADE AUDITADA : SEC.EXECUTIVA/MMA CÓDIGO : 440008 CIDADE : BRASILIA UF : DF RELATÓRIO DE AUDITORIA Em atendimento à determinação contida na Ordem de Serviço nº 175786, apresentamos os resultados dos exames realizados sobre os atos e conseqüentes fatos de gestão, ocorridos na Unidade supra-referida, no período de 01Jan2005 a 31Dez2005. Destaca-se que, no cumprimento da Decisão Normativa TCU nº71, de 7/12/2005, o presente processo agrega as contas da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração CGPO e CGF (SPOA/MMA) e da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), cujos atos e fatos de gestão foram objeto de análises específicas, estando os resultados consubstanciados nos Relatórios de Auditoria n.º 175785 e 175782, respectivamente. I - ESCOPO DO TRABALHO Os trabalhos foram realizados na Sede da Unidade Jurisdicionada, no período de 11Mai2006 a 30Jun2006, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal. Nenhuma restrição foi imposta aos nossos exames, que contemplaram as seguintes áreas: - CONTROLES DA GESTÃO - GESTÃO OPERACIONAL - GESTÃO DO SUPRIMENTO DE BENS/SERVIÇOS Não foi utilizado método específico de amostragem nos trabalhos de auditoria, tendo o escopo das análises compreendido os seguintes aspectos: a) Controles da Gestão: verificação da implementação das

566

recomendações do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União; análise do relatório de gestão; b) Gestão Operacional: verificação dos programas/ações de responsabilidade da SECEX financiados com recursos externos bem como dos projetos de cooperação técnica executados por aquela Secretaria; c) Gestão do Suprimento de Bens e Serviços: verificação da existência de convênios adimplentes em situações de "A comprovar" e "A aprovar" com vigência expirada até 31/12/2005.

A SECEX/MMA apresentou por meio do Ofício n.º 144/06/SECEX/MMA, de 31/8/2006, manifestações ao Relatório Preliminar. Todavia, tendo em vista o prazo para entrega do processo ao TCU, essas manifestações serão analisadas por esta CGU e posteriormente encaminhadas àquele Egrério Tribunal de Contas para juntada ao presente processo de Tomada de Contas Anual.

II - RESULTADO DOS EXAMES 3 RECURSOS EXTERNOS 3.1 SUBÁREA - BID 3.1.1 ASSUNTO - AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS 3.1.1.1 CONSTATAÇÃO: (027) PAGAMENTO DE ENCARGOS (JUROS E COMISSÕES) AO BID, NO MONTANTE DE EUR$ 1.453.860,56, EQUIVALENTE A 87,77% DO VALOR DO EMPRÉSTIMO EFETIVAMENTE UTILIZADO (EUR$ 1.653.566,46) NO PROJETO PANTANAL. O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal – Programa Pantanal , Fase 1, foi assinado em 5/6/2001, com valor, inicialmente, de US$ 165 milhões (parcela BID de US$ 82,5 milhões, e contrapartida de US$ 82,5 milhões). Em Euros, esse valor corresponde, inicialmente, a EUR$ 184.956.844,00 (parcela BID de EUR$ 92.478.422,00, e contrapartida nacional de EUR$ 92.478.422,00). Ao final do exercício de 2005, verificamos que foram executados apenas EUR$ 4.326.597,22 (parcela BID + contrapartida), que, comparados, ao valor total de EUR$ 184.956.844,00, previstos inicialmente, correspondem a uma execução financeira de 2,34 %. Se considerarmos a execução da parcela BID, ela alcançou o montante de EUR$ 1.653.566,46, que corresponde a 1,75 % do valor inicialmente previsto (EUR$ 92.478.422,00). Se considerarmos a contrapartida, ela atingiu o montante de EUR$ 2.673.028,76, que corresponde a 2,34 % do valor de EUR$ 92.478.422,00, inicialmente previsto. Vários fatores contribuíram com essa baixíssima implementação, entre eles: a) concepção inicial sem que fossem avaliadas as dimensões do Programa

e a origem dos recursos orçamentários; b) restrições orçamentárias ocorridas em todos os exercícios de

vigência do contrato; c) dificuldades iniciais na contratação da empresa de apoio às Unidades

de Coordenação Gerenciadora, que resultou em atraso na implementação do Programa.

567

Em face dessa baixa implementação, o Ministério do Meio Ambiente solicitou o cancelamento de EUR$ 64.686.422,00, cujo aceite pelo Banco se deu por intermédio da CBR 0242/2005, de 13/1/2005, e, então, o valor contratado passou a ser de EUR$ 27.000.000,00, a partir de 3/11/2004. Mesmo, tomando por base esse valor modificado, ao final do Programa, a Previsão X Execução pode ser considerada baixíssima. Ressalta-se, ainda, que o BID desembolsou EUR$ 1.653.568,46, e o Mutuário, em face desse desembolso, pagou EUR$ 1.453.860,56 de encargos (juros e comissões), equivalente a 87,77 % do valor investido. Não obstante esses fatos, destacamos que a República Federativa do Brasil e o Banco Interamericano de Desenvolvimento são parceiros, e com essa perspectiva, os responsáveis podem adotar providências que amenizem o alto custo do Programa.

. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Manutenção de contrato de empréstimo com o BID em montante bem superior ao valor executado. CAUSA: Não identificada. JUSTIFICATIVA: Embora tenha sido solicitada a manifestação da SECEX/MMA por meio da Solicitação de Auditoria n.º 175786/06, de 13/6/2006, até a data do fechamento deste relatório não houve resposta da Unidade. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: Prejudicada em função da SECEX não ter apresentado justificativa. RESPONSÁVEL(IS): CPF NOME CARGO NÃO IDENTIFICADO RECOMENDAÇÃO: Recomendamos à SECEX/MMA que: a) apresente justificativas para a manutenção do valor contratado com o BID bem superior ao efetivamente executado, o que resultou em encargos (juros e comissões) exorbitantes se comparados aos recursos do Acordo de Empréstimo utilizados na execução do PROPANTANAL; b) mantenha entendimentos com o BID a fim de obter dispensa ("waiver") da cobrança de encargos neste ou em outros Acordos firmados no âmbito do MMA que ainda estejam vigentes, como forma de compensar o valor pago pelos recursos não utilizados, uma vez que o Banco era parceiro do Brasil na implementação do projeto. 3.1.2 ASSUNTO - CONVÊNIOS DE OBRAS E SERVIÇOS 3.1.2.1 CONSTATAÇÃO: (028) FALHAS VERIFICADAS NA EXECUÇÃO DO CONVÊNIO 2001CV000008-SQA (SIAFI 419646). No exercício em exame, no período de 1/6/2005 a 24/6/2005, esta

568

Controladoria realizou trabalhos de fiscalização no Convênio 2001CV000008-SQA (Siafi n.º 419646), cujos recursos foram descentralizados ao Instituto do Meio Ambiente - Pantanal (Imap). De forma geral, a equipe fiscalizadora destacou a precariedade da execução do objeto do convênio, resultado das restrições orçamentárias que atingiram todo o Programa, e que, de fato, o que foi executado diz respeito a ações pontuais, consistentes em uma ou outra ação isolada. A equipe que elaborou o relatório de fiscalização comentou: "O Programa Pantanal, grandioso na sua concepção, acabou se resumindo a ações isoladas e emergenciais que muito pouco contribuíram para o desenvolvimento sustentável do Pantanal, objeto do convênio". Entre as constatações ressaltadas, destacamos as seguintes: a) inconsistências nas informações extraídas das prestações de contas: trata-se de informações referentes à execução física e financeira do convênio, tais como mais projetos executados do que elaborados ou de inconsistências na execução financeira na coluna "Executado até o Período". O executor informou que encaminhará nova documentação para corrigir aquelas que já foram enviadas para Brasília; b) Falta de identificação no veículo Ranger XL Plus, placa HQH 8988 (constante do inventário); c) utilização de mobiliário (cadeiras, poltronas, armários, mesa de reunião, entre outros) adquiridos com recursos do convênio na Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e na Secretaria de Estado Extraordinária de Representação e Articulação Institucional (Serain), ou seja, fora do âmbito do Programa Pantanal; d) Impropriedades em processos licitatórios: trata-se de impropriedades relacionadas ao número mínimo de licitantes, constatadas em cinco processos, ocorridas em face de desabilitação dos proponentes; inexigibilidade de licitação para aquisição de programas (software), ocorrida em um processo; e de despesas ocorridas antes da publicação do contrato no Diário Oficial, em três processos. A Coordenação do Programa solicitou esclarecimentos do convenente e o Diretor do IMAP, por meio do Ofício/GAB/DI-PRES/IMAP/MS/N.º 233/06, de 21/4/2006, informou o seguinte: - as plaquetas de identificação dos equipamentos e materiais permanentes adquiridos com recursos do Convênio 2001CV000008-SQA já estão sendo confeccionadas, bem como os adesivos de identificação das três camionetas existentes; - que, devido ao contingenciamento dos recursos que seriam repassados pelo MMA ao Programa Pantanal, a equipe de funcionários foi drasticamente reduzida, o que ocasionou ociosidade de móveis e equipamentos, que, a título de empréstimo, atenderam e continuam atendendo ao Programa, e que o estado de conservação dos bens é bom e encontram-se controlados pelo Imap. ANÁLISE: no que se refere aos procedimentos licitatórios, verifica-se que o concedente deveria ter acompanhado e orientado melhor o executor. No que se refere às demais questões, restringimo-nos ao fato de que o convenente informou que as providências foram adotadas. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Falta de acompanhamento e orientação adequados por parte do concedente dos recursos.

569

CAUSA: Não identificada. JUSTIFICATIVA: Embora tenha sido solicitada a manifestação da SECEX/MMA por meio da SA n.º 175786/06, de 13/6/2006, até o fechamento deste relatório não houve resposta da Unidade. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: Prejudicada em função da ausência de justificativa do gestor. RECOMENDAÇÃO: Considerando que o convênio tem a parcela de R$ 291.650,89 na situação "A Comprovar", cujo prazo de prestação encerrou em 29/6/2006, antes da aprovação final das contas do convênio, o gestor considere, também, as questões registradas no Relatório de Fiscalização CGU n.º 163904/2005- CGUMS. 3.2 SUBÁREA - PNUD 3.2.1 ASSUNTO - ANÁLISE DA EXECUÇÃO 3.2.1.1 CONSTATAÇÃO: (026) Execução, pelo projeto BRA 00/011, de despesas cuja receita advém de doação da Companhia Vale do Rio Doce sem a respectiva previsão orçamentária. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), empresa privada que atua no ramo da mineração, doou o montante de R$ 2,5 milhões ao Ministério do Meio Ambiente, que foram alocados no Pnud, para a II Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). Os recursos seriam destinados à compra de passagens aéreas e hospedagem de parte dos delegados. Para a contratação do hotel, o Pnud sugeriu alocar cerca de R$ 1,1 milhões no projeto BRA/00/011. Os gastos foram apropriados à sublinha orçamentária 21.81 do Combined Delivery Report, para o qual, até a Revisão Orçamentária Substantiva “S” do Projeto BRA/00/011, última do exercício, assinada em 17/6/2005, não havia previsão orçamentária. Destaque-se que a revisão substantiva se constitui no instrumento a ser utilizado para alterações orçamentárias que contemplem gastos ou ingressos de recursos não previstos anteriormente. O projeto BRA/00/011 é inteiramente custeado com recursos nacionais e recebeu, em 2005, recursos de duas unidades gestoras do Ministério do Meio Ambiente: da Subsecretaria de Orçamento, Planejamento e Administração (SPOA-UG 440001) e da Secretaria para o Desenvolvimento Sustentável (SDS-UG 440040). Os recursos doados pela Companhia Vale do Rio Doce não foram objeto de autorização legislativa para inclusão no Orçamento Geral da União de 2005. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Recebimento de doação sem inserção no orçamento.

570

CAUSA: Não identificada. JUSTIFICATIVA: Conforme Ofício nº 41/2006/GAP/SECEX/MMA, de 7/2/2006, o Grupo de Apoio à Execução de Projetos (GAP), justificou: A Comissão Organizadora da Conferência, indicada no Regulamento e instituída por Portaria da Ministra do Meio Ambiente, contou com várias entidades governamentais e não governamentais que se ocupou com a organização do evento, inclusive na busca de patrocínio. No processo, a Companhia Vale do Rio Doce doou a quantia de R$2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Os recursos foram doados ao Pnud para serem destinados à compra de todas as passagens aéreas e hospedagem de parte dos delegados. De acordo com a correspondência do Pnud, datada de 26 de outubro de 2005, aquele organismo atendeu a demanda de aquisição de passagens aéreas por meio de sua Agência de Viagens contratada, da equipe de Meio Ambiente e de seu suporte logístico. Para a contratação de hotel para hospedagem o Pnud sugeriu alocar recursos em Projeto. Foi estimado aproximadamente R$ 1.100.000,00 (um milhão e cem mil reais) para essas despesas e indicado o Projeto BRA 011 para alocar e processar esse montante. O valor restante foi utilizado para aquisição das passagens, sendo processado diretamente pelo próprio Pnud. O projeto, em atenção ao contido no Relatório Preliminar, informou ainda, por intermédio do Ofício nº447/06/SECEX/MMA, de 23/6/2006, o seguinte: O Projeto BRA 00/010 - Apoio a Políticas Públicas na Área Ambiental e seu Subprojetos BRA 00/011, cujos signatários são por um lado o PNUD e por outro o Governo Federal, representado pelo MMA e pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores - ABC/MRE, tem como uma das suas principais atividades o apoio às Conferências Nacionais e Internacionais para internalizar os princípios e estratégias da Agenda 21 (atividade 1.3.9). Para permitir a execução deste Subprojeto, em 2005, o MMA alocou recursos orçamentários através da UG 440001- SPOA e da UG 440040 - SDS, conforme consta do Relatório Preliminar de Auditoria. Foi, portanto, com vistas ao cumprimento desta atividade que o Projeto colaborou com a realização da II Conferência Nacional de Meio Ambiente- II CNMA. Portanto, para sua realização a Comissão Organizadora da Conferência Nacional contou com recursos orçamentários do MMA, alocados ao BRA 00/011, e com recursos advindos de doação da Companhia Vale do Rio Doce - CVRD. Por solicitação da referida Comissão, os recursos advindos da CVRD foram doados ao PNUD, uma vez que o mesmo se dispôs a participar como parceiro principal para a realização da II CNMA, responsabilizando-se pelas despesas relacionadas com passagens aéreas e hospedagem dos participantes, mormente dos delegados eleitos nas Conferências Estaduais e Municipais que precederam a realização da II CNMA. Há de ser ressaltado que na Cooperação Técnica Internacional é usual que os Projetos, além dos recursos nacionais de contrapartida, agregam também com recursos dos Organismos Internacionais parceiros, sejam eles recursos próprios ou

571

oriundos de doação. Destaca-se, ainda, que a Lei Orçamentária Anual, relativamente a esta característica de Projetos, somente faz referência a contrapartida nacional. Assim, considerando que o apoio dado pelo MMA à realização da II CNMA se deu principalmente por meio do Subprojeto BRA 00/011, para o qual haviam recursos alocados no seu orçamento, e que neste projeto o MMA tem como parceiro internacional o PNUD, entendemos que os recursos recebidos em doação pelo PNUD deveriam ser tratados como recursos daquele Organismo internacional e, portanto, não poderiam ser previstos no orçamento do MMA. Por outro lado, neste tipo de Projeto é necessário que conste do orçamento do Documento de Projeto - PRODOC, todas as fontes financiadoras do mesmo. No caso em questão, se reconhece que tanto o MMA como o PNUD, não tomaram as providências necessárias no sentido de incluir esta doação no PRODOC. Para sanar esta incongruência o MMA, de comum acordo com o PNUD, enviou expediente à ABC/MRE - cuja cópia apensamos a estas razões de justificativas - comunicando que encontra-se em curso o processo de revisão substantiva "V", com vistas a inclusão no Projeto dos recursos de doação oriundos do PNUD. Quanto à observação da equipe de auditores de que poderá haver constrangimentos na relação MMA com a Cia Vale do Rio Doce, devido ao apoio financeiro daquele ente privado ao PNUD, queremos assegurar que o Ministério do Meio Ambiente e suas unidades vinculadas continuarão a cumprir, com rigor, os marcos legais definidos para o setor ambiental.

. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: ANÁLISE DAS JUSTIFICATIVAS CONTIDAS NO OFÍCIO N.º 41/2006/GAP/SECEX/MMA, de 7/2/2006: De acordo com o artigo 167 da Constituição Federal:

Art. 167. São vedados: I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;

Da mesma forma, o Decreto nº 93.872/86 assim dispôs:

Art. 2º. A arrecadação de todas as receitas da União far-se-á na forma disciplinada pelo Ministério da Fazenda, devendo o seu produto ser obrigatoriamente recolhido à conta do Tesouro Nacional no Banco do Brasil S.A." Art. 23. Nenhuma despesa poderá ser realizada sem a existência de crédito que a comporte ou quando imputada a dotação imprópria, vedada expressamente qualquer atribuição de fornecimento ou prestação de serviços, cujo custo excede aos limites previamente fixados em lei.

572

Portanto, deveria ter havido previsão no Orçamento Geral da União para que a doação pudesse ser feita pela Empresa Vale do Rio Doce ao Pnud, e repassada ao projeto visando o pagamento de hospedagem dos delegados. Acrescente-se, ainda, que o entendimento desta Secretaria Federal de Controle Interno é de que a parte da doação feita ao Pnud destinada à aquisição de passagens aéreas para a conferência, cerca de R$ 1,4 milhão, também deveria ter sido prevista no orçamento, uma vez que a responsabilidade pela realização do evento era do MMA. Cabe mencionar que a Companhia Vale do Rio Doce é uma empresa mineradora cujas atividades podem causar danos ao meio ambiente. Não seria oportuno, portanto, receber recursos de entidades que são alvo de fiscalização do respectivo órgão ou entidade, bem como de permitir o recebimento de quaisquer benefícios oferecidos em tais condições. Entendemos que, nessas circunstâncias, o recebimento de doações pela administração pública pode resultar em constrangimentos para a atuação de autoridades e servidores públicos incumbidos do exercício do poder de polícia em nome do Estado. Fundamentado, portanto, a presente proposição nos princípios da moralidade e da impessoalidade, previstos no caput do art. 37 da Constituição Federal. ANÁLISE DAS JUSTIFICATIVAS PRESTADAS, CONFORME O OFÍCIO Nº 447/06/SECEX/MMA, de 23/6/2006, EM RAZÃO DO CONTIDO NO RELATÓRIO PRELIMINAR. Por sua vez, da análise das informações prestadas em face do contido no Relatório Preliminar, observamos que, em linhas gerais, a Unidade destaca a importância da participação do Pnud na organização da II conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), e que, por solicitação da Comissão organizadora do evento, a doação da Cia do Vale do Rio Doce, de R$ 2,5 milhões, foi alocada no Pnud. Assim, segundo os responsáveis, os recursos recebidos em doação deveriam ser tratados como recursos desse Organismo Internacional e, portanto, não previstos no orçamento do MMA. No procedimento, levado a efeito por solicitação da Assessoria Especial do Ministério, da forma como foi realizado, várias considerações podem ser levantadas, entre elas:

a) não houve a abertura de um processo para o recebimento da doação, no âmbito do MMA, de forma que ficassem evidenciados os motivos que levaram à alocação dos recursos no Pnud;

b) na prática, houve uma renúncia expressa ao recebimento direto da doação, por parte do Ministério (Ref.: Ofício n.º 1.107-A/GM/MMA), sem que houvesse manifestação das áreas orçamentária, financeira e jurídica, de forma que a tomada de decisão em referência tivesse amparo técnico e jurídico;

c) o Pnud, ao aceitar a condição de “administrador” dos recursos, informou a cobrança da taxa de 5 % do valor executado, a título de recuperação de custos dos serviços prestados. Essa taxa, segundo consta, não foi objeto de negociação e questionamento

573

por parte do MMA, para que se identificasse quais os custos dos serviços prestados;

d) tendo em vista que a doação da Cia do Vale do Rio Doce, em princípio seria feita em favor do MMA, para o apoio à realização do II CNMA, e, no entanto, tais recursos foram alocados no Pnud, no âmbito do Projeto BRA/00/011, cumpre ao Ministério incluir, na prestação de contas do evento, os recursos despendidos do orçamento da União, da doação e de qualquer outra fonte;

e) o Projeto BRA/00/011 é totalmente custeado com recursos nacionais e, portanto, a doação, ainda que alocada no Subprojeto, implica sua inclusão no orçamento da União. Da mesma forma, deverá ocorrer uma revisão orçamentária do Prodoc.

RESPONSÁVEL(IS): CPF NOME CARGO 266.324.461-91 JOSE CARLOS MOREIRA PEREIRA DIRETOR DO GAP 435.237.490-34 SILVIO RICARDO DA CAMARA CANTO DIRETOR DE PROGRAMA RECOMENDAÇÃO: Diante do exposto, recomendamos à Coordenação do Subprojeto BRA/00/011 a abertura de um processo específico com toda a documentação referente à doação e ao evento, no que couber, em especial, a documentação relativa à prestação de contas dos recursos doados pela Cia Vale do Rio Doce, sem prejuízo da revisão orçamentária do Prodoc, e que essa documentação seja disponibilizada ao Ministério do Meio Ambiente para conhecimento e adoção das medidas cabíveis. A prestação de contas deverá ser complementada pelo MMA no que se refere à doação e ao evento, a fim de contemplar os recursos despendidos do orçamento da União, da doação e de qualquer outra fonte aplicados ou não na II CNMA. Por fim, recomendamos à SECEX/MMA que proceda à análise da prestação de contas apresentada pelo BRA/00/011, com especial atenção para o custo dos bens e serviços adquiridos, bem como aos motivos determinantes que levaram o Ministério a abdicar da execução direta dos recursos da doação, transferidos ao PNUD.

3.2.2 ASSUNTO - PROCESSOS LICITATÓRIOS 3.2.2.1 CONSTATAÇÃO: (022) Inobservância de dispositivos relativos a processos licitatórios, em infringência à lei 8.666/93 e ao Manual de Convergência das Normas Licitatórias, no Projeto PNUD BRA 00/011. Foi identificado o descumprimento de dispositivos relativos a processos licitatórios no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011, sendo que tais ocorrências também foram verificadas no relatório de auditoria do exercício anterior nº 165709: a) Descumprimento da antecedência mínima de 5 dias úteis entre o envio da solicitação de cotação e a data determinada para a entrega das

574

propostas, conforme prevê o Manual de Convergência, item 8.2.1, letra "a" e o artigo 21, parágrafo segundo, inciso IV, da lei 8666/93; b) Recepção de cotações por meio de fax, contrariando o item 11.1, letra "a" do Manual de Convergências e o artigo 38, inciso IV, da lei 8666/93. Inclusive as solicitações de proposta informam que as propostas poderiam ser enviadas por fax ou em mãos. c) Não comprovação de publicação das Solicitações de Cotação no site do PNUD. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Validação do Manual de Procedimentos Administrativos para Execução dos Projetos de Cooperação Técnica Internacional no âmbito do MMA elaborado pelo GAP. CAUSA: Elaboração pela Gerência de Apoio a Execução de Projetos - GAP, do Manual de Procedimentos Administrativos para Execução dos Projetos de Cooperação Técnica Internacional no âmbito do MMA, em desacordo com a lei 8.666/93 e o Manual de Convergência das Normas Licitatórias. JUSTIFICATIVA: Por intermédio do Ofício nº 41, de 07/02/2006, o projeto apresentou as seguintes justificativas: a) Primeiramente cabe mencionar os objetivos assumidos pelo projeto nesses processos licitatórios quais sejam: i) II Encontro Nacional de Agendas 21 Locais e I Seminário Internacional de Agenda 21 - Construindo a Democracia Participativa para o Desenvolvimento Sustentável do Forum Social Mundial - FSM, realizado no Estado do Rio Grande do Sul; ii) 43ª Reunião Extraordinária do CONAMA, realizada no Distrito Federal; iii) Seminário Juventude e Meio Ambiente, realizado no Estado de Goiás; iv) Conferências Estaduais de Meio Ambiente realizadas nos Estados de Alagoas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul; e v) Cobertura Jornalística da II Conferência Nacional de Meio Ambiente, realizada no Distrito Federal. Em vista das demandas emergenciais (que ensejavam curto prazo para execução) solicitadas por parte das áreas finalísticas do Projeto, e com o propósito de não prejudicar aos objetivos acima descritos, foram efetuados processos licitatórios que não cumpriram as normas no quesito "prazos necessários para recebimento de propostas". Cabe mencionar entretanto que a maioria dessas solicitações foram solicitadas com apenas um ou três dias de antecedência, porém todos os demais requisitos foram observados como a realização do certame, recebimento de no mínimo três propostas válidas, formalização do processo, demonstrando concorrência e prestação de serviços com a qualidade que projeto exige. Por outro lado, a área finalística do projeto vem gradativamente buscando planejar adequadamente as ações, procurando evitar solicitações como prazos inferiores ao estipulado. b) Em relação a recepção de cotações por meio de fax, que a forma de envio por fax é mais ágil, segura, econômica e atende às exigências do projeto que possui características peculiares por ser de execução

575

nacional. O GAP informou, também, que em seu manual foi adotado o envio de propostas via fax como uma das modalidades de resposta à solicitação de cotação e, ainda, pelo fato de organismos co- financiadores de projetos do MMA como o Banco Mundial exigirem e adotarem tal prática. c) O projeto vem estabelecendo contato com o PNUD, por meio da SECEX e com o administrador do Sistema de Gerenciamento de Projetos - SGP para fins de migração automática de tais informações, de forma que não haja ônus e retrabalho na aplicação de tal recomendação, uma vez que registramos cerca de 1500 solicitações de cotação por no âmbito dos projetos de cooperação do MMA. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: Na justificativa apresentada foi feito referência exclusivamente aos contratos de aquisição de passagens aéreas sendo que os contratos analisados pela equipe de auditores, onde foram identificadas as irregularidades apontadas, referem-se a diversos tipos de aquisição e não apenas de passagens aéreas. Cabe destacar ainda, que em Projetos de Cooperação Técnica custeados unicamente com recursos nacionais, como no caso do BRA/00/011, ou naqueles em que o organismo internacional financiador admita a utilização das regras nacionais para aquisições de bens e serviços, aplica-se a lei 8666/93 ou o Manual de Convergência, conforme - Decisões TCU n.º 178/2001 e n.º 1008/2001, assim como Acórdãos TCU n.º 547/2003 e n.º 946/2004. Não cabe, portanto, que unilateralmente a Direção do Projeto proceda a flexibilizações nos procedimentos estatuídos, uma vez que as particularidades alegadas não podem se sobrepor aos textos legais que subordinam a matéria, no âmbito dos Projetos de Cooperação Técnica. Ressalto que em resposta ao Relatório Preliminar de Auditoria do Projeto PNUD BRA 00/011, o gestor, por intermédio do Ofício nº 447/06/SECEX/MMA, de 23/06/2006, apresentou novas justificativas que estão sendo analisadas por esta equipe de auditoria. RESPONSÁVEL(IS): CPF NOME CARGO 266.324.461-91 JOSE CARLOS MOREIRA PEREIRA DIRETOR DO GAP 435.237.490-34 SILVIO RICARDO DA CAMARA CANTO DIRETOR DE PROGRAMA RECOMENDAÇÃO: Devem ser observados com rigor os dispositivos previstos na Lei 8.666/93, principalmente: Art. 21, §2º, Inciso IV; Art. 22, §7º; Art. 38, Inciso IV; e, Art. 40, ou no Manual de Convergências, principalmente: Item 8.2.1, letras "a" e "d"; Item 10.2, letra "f"; e, Item 11.1, letra "a", quando da realização de procedimentos de aquisição de bens e serviços em favor do Projeto. Tendo em vista que o fato já foi objeto de ressalva no Relatório de Auditoria n.º 165709, relativo ao exercício de 2004, recomendamos, ainda, que seja apurada responsabilidade pelo descumprimento dos normativos acima, em especial quanto à não observância da antecedência mínima de 5 dias úteis e à aceitação de propostas mediante fax para licitações de valor superior a US$ 2.500,00, cerca de R$ 5.500,00.

576

3.2.2.2 CONSTATAÇÃO: (023) Realização de vários processos licitatórios na modalidade solicitação de cotação para aquisição de passagem aérea, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011. Constatamos que, no exercício de 2005, foram gastos, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011 mais de US$ 200.000,00 com aquisição de passagens aéreas, representando grande parte do total de gastos do projeto. Observe-se que, devido a deficiências nas informações disponibilizadas na extranet PNUD, não foi possível identificar o valor exato gasto na aquisição das passagens aéreas. Para estas aquisições a Unidade executou vários processos de licitação na modalidade solicitação de cotação, quando deveria ter realizado concorrência, conforme determina o item 8.3.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias, já que foi ultrapassado o limite de US$ 200.000,00. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Falta de planejamento adequado para que fosse realizado um único processo licitatório para todas as aquisições de passagens aéreas no exercício. CAUSA: Descumprimento do item 8.3.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD. JUSTIFICATIVA: O foco da constatação são as aquisições de passagens aéreas para o projeto, demandas essas imprescindíveis às atividades finalísticas de meio ambiente, previstas no PRODOC. A SECEX/MMA conhecedora dessas necessidades e também dos riscos inerentes do descumprimento das normas vigentes, vem envidando esforços desde dezembro de 2003 e mantendo contatos contínuos com o PNUD conforme pode-se observar pelo Ofício n.º 034/2004/GAP/SECEX de 16 de março de 2004, já apresentado a equipes anteriores de auditoria) no sentido da realização de licitação para contratação de agência de viagens que atenda a todos os projetos deste MMA. Cabe mencionar que até a presente data não nos foi apresentada nenhuma proposta de solução para o problema. Sem essa solução, uma alternativa encontrada e que vem atendendo paliativamente às demandas dos projetos, é a de se efetuar processos licitatórios no valor total equivalente a até US$ 30 mil para que os projetos possam por um pequeno espaço de tempo não mais solicitar desmembradamente suas passagens. Conforme já respondido na SA n.º 01, o MMA mais uma vez irá solicitar ao PNUD a realização de certame licitatório com vistas a resolver esse problema. O projeto informou ainda, mediante Ofício nº 447/06/SECEX/MMA, de 23/06/06, em resposta ao relatório preliminar de auditoria: "Conforme explicitado anteriormente o MMA, por diversas vezes, solicitou ao PNUD a realização de processo licitatório para contratação de agência de viagens que atenda ao conjunto dos projetos de cooperação técnica, no intuito de que fosse evitada a ocorrência dos fatos detectados pelos auditores. Neste sentido, e em atendimento

577

a recomendação da equipe de auditores, este MMA solicitou ao PNUD, mais uma vez, a contratação de uma agência de viagem para fornecimento de passagens por um período de 24 meses. Além de reiterar esta solicitação, a Direção do projeto já efetuou reuniões com a área competente do PNUD, com vistas ao atendimento tempestivo deste pleito. Ressalte-se, ainda, que até que esta contratação seja efetivada, o Projeto, conforme já mencionado, adotou os seguintes procedimentos: fixou diretrizes e prazos para o cumprimento das regras estabelecidas pelo Manual de Convergência; estabeleceu que todas as passagens demandadas pelos projetos terão de ser atendidas mediante a contratação de uma agência de viagem, através de certame licitatório, a ser realizado pelo Projeto, no limite dos U$ 30 mil estipulado pelo PNUD. Adicionalmente, em caso de eventos a serem apoiados que extrapolem o limite deste tipo de contrato os mesmos serão encaminhados ao PNUD para os procedimentos licitatórios. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: Apesar da justificativa que vem sendo apresentada sistematicamente sem a realização de processo licitatório de aquisição das passagens aéreas, urge que o Gestor adote medidas efetivas para a resolução desse impasse. RESPONSÁVEL(IS): CPF NOME CARGO 266.324.461-91 JOSE CARLOS MOREIRA PEREIRA DIRETOR DO GAP 435.237.490-34 SILVIO RICARDO DA CAMARA CANTO DIRETOR DE PROGRAMA RECOMENDAÇÃO: Recomendamos que, devido ao grande volume de recursos aplicados para essas aquisições, a Unidade adote medidas efetivas a fim de compatibilizar a modalidade de procedimento licitatório ao planejamento anual de aquisições de passagens aéreas, visando cumprir o Manual de Convergência e ao mesmo tempo obtendo condições mais favoráveis à Administração Pública em termos de economicidade sem prejuízo ao atendimento das demandas do Projeto. 3.2.2.3 CONSTATAÇÃO: (024) Irregularidades em processo de aquisição de passagens aéreas para participação de músicos na 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011. Aquisição de passagens aéreas para músicos (contrato USUP 1102/2005), no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011, mediante solicitação de cotação quando deveria ter sido realizada solicitação de proposta, haja vista o valor da operação de US$ 56.180,00 ser superior ao limite de US$ 30.000,00, conforme determina o item 8.2.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD. Agregue-se a esse fato o alto custo das passagens fornecidas, conforme exemplos abaixo: - 13 passagens para o trecho POA/BSB/POA (Porto Alegre/Brasília/ Porto Alegre) ao preço unitário de R$ 2.750,00; - 8 passagens para o trecho CGH/BSB/CGH (Congonhas/Brasília/ Congonhas) ao preço unitário de R$ 1.750,00; e - 3 passagens para o trecho GIG/BSB/GIG (Galeão/Brasília/ Galeão)

578

ao preço unitário de R$ 1.800,00. O valor relativo ao fornecimento de passagens aéreas (R$ 107.505,00) representou 85% do valor pago nesta aquisição. No entanto, a empresa New Vision Comércio e Representações Ltda., responsável pelo fornecimento dos serviços, está cadastrada no sistema CNPJ da Receita Federal sob o código CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) "7499-3-05 Serviços administrativos para terceiros", ou seja, não está enquadrada como "Agência de Turismo". Dessa forma essa empresa não tem por objeto principal o fornecimento de passagens aéreas, mas sim a realização de eventos. Não constam do processo de aquisição cópias dos bilhetes emitidos, caracterizando falta de prestação de contas por parte dos beneficiários, contrariando o previsto no parágrafo 14 do item "IV DA AQUISIÇÃO DE PASSAGENS" do título "DAS VIAGENS OFICIAIS E MISSÕES" do Manual de Execução Nacional do PNUD. Dessa forma, não se pode assegurar se os bilhetes foram efetivamente fornecidos ou utilizados. Por fim,verifica-se que a pessoa que atestou a prestação dos serviços foi a mesma que autorizou seu pagamento, ou seja, o Coordenador Sérgio Bueno da Fonseca, caracterizando falha na segregação de funções. ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Aquisição de passagens junto à agência de eventos e falta de planejamento adequado para que fosse realizado processo licitatório para as aquisições de passagens dos músicos. CAUSA: Não observância do item 8.2.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD. JUSTIFICATIVA: "O Projeto, ao efetuar a solicitação das passagens aéreas, previu que os serviços não ultrapassariam o limite dos U$$30 mil, mesmo assim apresentamos ao PNUD para autorização. As tratativas de conciliação de agendas para o fechamento da programação artística não foram concluídas em tempo hábil para realização da modalidade de solicitação de proposta que, de acordo com o Manual de Convergência de Normas Licitatórias do Pnud, prevê antecedência mínima de 30 (trinta) dias da abertura das propostas, prazo este inviável a aplicação desta modalidade. A II Conferência Nacional do Meio Ambiente se consolidou como importante espaço de participação social na definição dos rumos da política ambiental brasileira. Processo que confirma o compromisso do Governo Federal com a qualidade de vida e a sustentabilidade socioambiental como pressupostos para um novo ciclo do desenvolvimento nacional. Torna-se fundamental salientar que este vasto universo que é a cultura brasileira ocupa um papel central na vida social do país e constitui, ao lado de nossa biodiversidade - uma das maiores do planeta,o grande patrimônio brasileiro, a nossa principal riqueza que tem inestimável valor econômico e social. Daí a importância desta agenda comum entre o meio ambiente e a cultura, uma vez que todas as relações humanas vivem relações socioambientais concretas e que é impossível sustentar a vida sem proteger o meio ambiente, assim como a

579

cultura. Portanto, a participação da cultura brasileira na II Conferência Nacional de Meio Ambiente representa um importante passo para fortalecer ainda mais o caminho que une a classe artística e marca ainda, a transversalidade que busca o governo federal. As passagens foram solicitadas com apenas um dia de antecedência do referido embarque. Devido à relevância e importância do evento, conforme também mencionado acima, foi efetuado processo licitatório em caráter de urgência, assim, segundo a empresa vencedora do certame os valores oferecidos foram cotados naquelas tarifas devido aos vôos estarem lotados, e que somente conseguiria à época preços promocionais com antecedência mínima de 15 dias, devido à grande demanda de eventos realizados simultaneamente no mês de dezembro em Brasília." O projeto informou ainda, por intermédio do Ofício nº 447/06/SECEX/MMA, de 23/06/06, em resposta ao relatório preliminar de auditoria: O planejamento das atividades da II CNMA previu, com a antecedência requerida para eventos desta natureza, a realização de uma Agenda Cultural, na qual estava prevista a participação de grupos musicais, com as suas despesas de deslocamento a Brasília, hospedagem e transporte ao local do evento, a serem custeadas pela Organização do evento. Entretanto, somente às vésperas das suas apresentações, os 7 grupos musicais convidados - oriundos de Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas e Salvador - confirmaram suas presenças, não permitindo, portanto, que o Projeto pudesse efetivamente elaborar um orçamento para estas despesas. Não obstante estas confirmações intempestivas por parte dos grupos musicais, a Comissão Organizadora solicitou à agência de viagens Carlson Wagonlit Travel, contratada pelo PNUD, no dia 7 de dezembro, uma estimativa de custos, visando subsidiar uma tomada de decisão pelo projeto e para orientar a condução do processo licitatório. Em mensagem dirigida ao MMA, cuja cópia anexamos a estas justificativas, a referida empresa informa que não poderá atender o Ministério no prazo estabelecido, o que impossibilitou que o Projeto tivesse informações acerca do custo envolvido com o transporte dos 7 grupos musicais. Assim, somente após a conclusão do processo licitatório, iniciado no dia 8/12/2005, verificou-se que valor total das despesas ultrapassava o limite de 30 mil dólares e, conseqüentemente, não havia mais tempo hábil para solicitar ao PNUD a realização de novo certame licitatório, haja vista que o primeiro grupo musical já se apresentaria no dia 10/12/2005. ANALISE DA JUSTIFICATIVA: Não acatamos a alegação do Projeto de que não havia sido previsto que a aquisição ultrapassaria os US$30.000,00, já que o valor pago (US$56.180,00) superou esse limite em 87%. Registramos também, quanto à informação de que o processo foi submetido ao PNUD para autorização, que consta correspondência do PNUD encaminhada ao Diretor do GAP/SECEX em 14/12/2005 (data posterior à da emissão da nota fiscal - 12/12/2005) nos seguintes termos: "informamos que nada temos a dizer, uma vez que os serviços licitados já foram prestados pela empresa

580

adjudicada e que, portanto, o Ministério do Meio Ambiente assumiu total responsabilidade pelos mesmos". Em relação às alegações de efetivação do processo licitatório em caráter de urgência, entendemos que as dimensões da 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente pressupõem um planejamento prévio, no mínimo, de médio prazo. Dessa forma, tomando por base entendimento do Tribunal de Contas da União - TCU contido na Decisão nº 0347/1994 - Plenário, não se admite que a falta de planejamento seja utilizada como justificativa para utilização de procedimentos licitatórios não compatíveis com a aquisição pretendida. Ressalte-se que a questão do planejamento para aquisição de passagens aéreas já foi objeto de recomendação desta CGU, conforme item 10.1.1.2 do Relatório de Auditoria n.º 165709, relativo ao exercício de 2004, reiterado no item 3.1.16.3 deste Relatório. Analisando, ainda, os itens dessa aquisição, verificamos que o valor de R$ 126.405,00 foi composto dos seguintes serviços: - passagens aéreas - R$ 107.505,00; - serviço de traslado (aeroporto/hotel/aeroporto) - R$10.900,00; e - excesso de bagagem (aproximadamente 400 quilos) - R$ 8.000,00. Conforme exposto, o valor relativo ao fornecimento de passagens aéreas (R$ 107.505,00) representou 85% do valor pago. No entanto, a empresa New Vision Comércio e Representações Ltda., responsável pelo fornecimento dos serviços, está cadastrada no sistema CNPJ da Receita Federal sob o código CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) "7499-3-05 Serviços Administrativos para terceiros", ou seja, não está enquadrada como "Agência de Turismo". Dessa forma essa empresa não tem por objeto principal o fornecimento de passagens aéreas, mas sim a realização de eventos. Não constam do processo de aquisição cópias dos bilhetes emitidos, caracterizando falta de prestação de contas por parte dos beneficiários, contrariando o previsto no parágrafo 14 do item "IV DA AQUISIÇÃO DE PASSAGENS" do título "DAS VIAGENS OFICIAIS E MISSÕES" do Manual de Execução Nacional do PNUD. Dessa forma, não se pode assegurar se os bilhetes foram efetivamente fornecidos ou utilizados. Por fim, verifica-se que a pessoa que atestou a prestação dos serviços foi a mesma que autorizou seu pagamento, ou seja, o Coordenador Sérgio Bueno da Fonseca, caracterizando falha na segregação de funções. RESPONSÁVEL(IS): CPF NOME CARGO 369.878.246-49 SERGIO BUENO DA FONSECA DIRETOR GAP 266.324.461-91 JOSE CARLOS MOREIRA PEREIRA COORDENADOR DA AGENDA 21 RECOMENDAÇÃO: Tendo em vista que a fuga ao devido processo licitatório trouxe prejuízos não quantificados ao erário, bem como diante da ausência de elementos no processo que comprovem o fornecimento dos bilhetes de passagens adquiridos, recomendamos ao Diretor Nacional do BRA/00/011 que: a) encaminhe a esta Controladoria Geral da União cópia autenticada

581

de todos os bilhetes adquiridos por meio do processo licitatório USUP - 1102/2005, ou que recolha à conta do Projeto a importância de R$ 126.405,00, devidamente corrigida; b) apure responsabilidade pelo descumprimento dos itens 8.2.2 e 8.3.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD, que estabelecem a "Solicitação de Propostas" como modalidade adequada à aquisição realizada. 3.2.2.4 CONSTATAÇÃO: (025) Contratação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos - CDDH, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011, mediante dispensa de licitação, quando deveria ser por inexigibilidade, sem as devidas justificativas e sem a definição de quantitativo e preço por item adquirido. O Centro de Defesa dos Direitos Humanos - CDDH foi contratado pelo projeto em 19/09/2005, mediante dispensa de licitação (Waiver n.º 05/4060001145) para produção de vídeos, DVD, pôster formato A3, e edição do conteúdo escrito da Carta da Terra. Por esses serviços, o CDDH recebeu em 21/10/2005 o valor de R$ 72.260,00. O Manual de Convergência de Normas Licitatórias dispõe no Capítulo 5 sobre as exceções ao processo licitatório: "(...) Toda solicitação de contratação direta deve ser precedida de exposição de motivos, fazendo-se constar do correspondente processo de formalização as devidas justificativas para a não realização de licitação" Devem-se priorizar os motivos que justifiquem a impraticabilidade de obtenção de outras propostas e não se deter em questões secundárias, tais como a reputação ou experiência do possível fornecedor. Além disso, é preciso fornecer elementos que demonstrem que o preço é justo, razoável e compatível com o mercado. (...)"Contudo, conforme se observou no processo em questão, não consta a exposição de motivos para a dispensa de licitação,a finalidade e a destinação do material adquirido. Além disso,o contrato não contém elementos que demonstrem que o preço é justo, bem como não fornece informação fundamental para estabelecimento de preço do material adquirido,qual seja, a quantidade adquirida de cada item. Segundo previsão orçamentária realizada pelo projeto, o custo estimado para confecção de 2.000 cartas da terra, 1.500 DVD e 500 vídeos, era de R$ 10.000,00, apesar disso o projeto pagou ao CCDH o montante de R$ 72.260,00. Conforme pode ser verificado no material disponibilizado pelo Projeto, a data de edição constante do livro e do vídeo "A Carta da Terra" é, respectivamente, outubro e dezembro de 2004, ou seja, cerca de um ano antes da celebração do contrato. Observe-se que, segundo informações prestadas pelo Projeto, o objeto do contrato foi, de fato, a aquisição de cópias do material confeccionado anteriormente e não a produção de vídeos, DVD e edição do conteúdo escrito da Carta da Terra, conforme consta no contrato. Verificou-se, ainda, que o recibo fornecido pelo CDDH faz referência a "repasse financeiro estipulado no Contrato nº 4700002076 - Processo 40600001145", não está datado, não contém atesto de recebimento e tampouco informa a quantidade de material fornecido por item.

582

ATITUDE DO(S) GESTOR(ES): Aquisição de passagens junto à agência de eventos e falta de planejamento adequado para que fosse realizado processo licitatório para as aquisições de passagens dos músicos. CAUSA: Não observância do item 8.2.2 do Manual de Convergência de Normas Licitatórias do PNUD. JUSTIFICATIVA: "O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis/CDDH solicitou apoio ao Programa Agenda 21 para divulgação da Carta de Terra, documento concluído em 2000 e elaborado por uma recomendação da ONU. A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. Ela nos desafia a examinar os nossos valores e a escolher um caminho melhor. Propõe uma referência comum dentro de nossa diversidade e o acolhimento de uma nova visão ética compartilhada por um número crescente de pessoas em muitas nações e culturas ao redor do mundo. O processo, aberto e participativo, foi conduzido pela Comissão Carta da Terra e seus princípios, a saber: sociedade sustentável, justiça ambiental, democracia participativa e cidadania ativa, foram prontamente adotados pela Agenda 21 Brasileira. O CCDH, organização não-governamental, sem fins lucrativos, filantrópica e de utilidade pública, fundada em 1979, tem como finalidade realizar, apoiar, assessorar e orientar iniciativas que contribuam para a concretização dos direitos humanos em todas as sociedades do planeta. Desenvolve seus programas a partir dos dois eixos-paradigmas: a ecologia e a cultura da paz. O objetivo geral da solicitação foi incentivar a reflexão e o desenvolvimento de hábitos e práticas que possibilitem a construção de uma consciência planetária a partir do processo pedagógico. A proposta de divulgar a Carta da Terra, que tem como objeto a produção de material pedagógico para incentivar a utilização da Carta da Terra no desenvolvimento de hábitos e práticas para aumentar a consciência planetária, inclusive na formulação e execução das políticas públicas, é totalmente compatível com os objetivos do Programa Agenda 21. Os objetivos de curto, médio e longo prazos foram: produzir material, divulgar e utilizar material e mudar a cultura para a consciência planetária. Os produtos esperados foram VHS, DVD, publicações e pôster. Com a divulgação, espera-se fortalecer a internalização dos princípios da Carta da Terra dentro dos órgãos do governo, incentivar seu uso como instrumento de sensibilização nos cursos de formação e distribuir o material pedagógico em eventos e atividades do Programa Agenda 21. A referida ONG tem sido parceira voluntária nas atividades que contribuem para a implementação dos objetivos da Agenda 21 Brasileira, demonstrando total capacidade para realizar a parceria. Nesse sentido, considerando que o CDDH detém exclusividade nas publicações da Carta da Terra e, considerando ainda que as

583

referências apresentadas no histórico da instituição foram comprovadas com a participação ativa de seus associados, o que permite reconhecer a idoneidade da renomada instituição, que, através da atuação em eventos, já vem oportunizando o contato da sociedade brasileira e internacional com os valores imateriais, portanto, não mensuráveis, transmitidos em palestras realizadas pelo Presidente do CDDH, representante brasileiro da Secretaria Internacional da Carta da Terra e portador do Prêmio Nobel da Paz Alternativo 2001, o escritor e teólogo Leonardo Boff - envolvido com todo o processo de construção da Carta da Terra, desde seu nascedouro, na Rio 92, a modalidade de dispensa de licitação - tipo waiver - foi utilizada mediante as informações acima citadas e de acordo com as normas constantes no Manual de Execução Nacional." O projeto informou ainda, por intermédio do Ofício nº 447/06/SECEX/MMA, de 23/06/06: "A equipe de auditoria está correta quando afirma que o ato que precedeu a contratação deveria ter sido tipificado como inexigibilidade e não dispensa de licitação, considerando-se a inviabilidade de competição para prestação dos serviços em questão. Entretanto, deve-se considerar que os trâmites utilizados pelo Projeto foram os de inexigibilidade e, assim, mesmo que o Projeto e a CDDH venham a proceder a uma retificação a posteriori, por orientação da equipe de auditores, este ato parece ser de pouca eficácia, considerando que o instrumento contratual já se encerrou. Quanto à observação de que "não consta a exposição de motivos para a dispensa de licitação, a finalidade e a destinação do material adquirido", deve-se ressaltar que a mesma parece decorrer, em parte, pela utilização na documentação constante do Projeto de uma terminologia não totalmente conforme àquela geralmente utilizada, uma vez que sob título de Nota Informativa no 01/AG21/SDS, pode-se ler: "A Agenda reforça a necessidade de divulgação dos princípios da Carta da Terra enquanto guia para os governos, sociedade civil e empresários. A Carta da Terra é um instrumento educacional de promoção do desenvolvimento sustentável e seu objetivo é inspirar a humanidade em seus códigos de conduta." Conclui mais adiante, afirmando: "Nesse sentido, o Programa Agenda 21 propõe a divulgação, discussão e reflexão, com vistas à internalização dos princípios e estratégias da Carta da Terra e Agenda 21 Brasileira,... Assim, considerando-se os termos do objeto contratual, o projeto entendeu ali estarem de forma explícita as justificativas e a motivação para a contratação dos serviços e aquisição do material, assim como a que objetivo visava atender o produto a ser adquirido. Saliente-se, ainda, que também no Projeto Básico "Carta da Terra" esses mesmos objetivos e justificativas aparecem de forma explícita, indicando ainda alguns dos meios pelos quais se pretendia fazer a distribuição do material.

584

Em relação à constatação de que "o contrato não contém elementos que demonstrem que o preço é justo", ressalte-se que o MMA solicitou a proposta de cotação dos custos a uma empresa especializada em serviços desta natureza, cuja cópia anexamos a este documento. O orçamento apresentado comprova que o preço cobrado pela CDDH estava em absoluta conformidade com os preços praticados no mercado, mesmo quando deduzidos os efeitos inflacionários do período. Portanto, embora seja inegável que cometemos um erro ao não solicitarmos estimativa prévia de custos, não é menos verdade a comprovação de que o preço parece justo e de acordo com o mercado. Trata-se, assim, de erro material sem qualquer conotação ou tentativa de burlar a norma legal disciplinadora da matéria. Não se pode negar, da mesma forma, que houve falha na definição do objeto,porém esta foi causada por ter se seguido a Descrição do Material constante do Projeto Básico da Carta da Terra,o qual deu origem ao contrato PNUD n.º 05/4700002076. Em relação aos quantitativos de materiais objeto do contrato em questão, informa-se que, muito embora não conste da documentação analisada, principalmente do Recibo, foram efetivamente recebidos e distribuídos parcialmente: 20.000.exemplares da Carta da Terra, 450 exemplares do DVD, 450 vídeos e 1000 cartazes. Para consubstanciar esta informação, solicitou-se ao CDDH comprovações dessas entregas,assim como esclarecimentos quanto ao termo "repasse financeiro", tendo em vista que este não consta no contrato e sim foi adotado pelo próprio CDDH, aleatoriamente no recibo, conforme cópia de declaração anexa. A Carta de Terra é um instrumento de publicização das premissas éticas para o desenvolvimento sustentável, que por sua vez é diretriz do governo federal. Sua distribuição é dirigida: i)cursos, oficinas e seminários ambientais; ii) conferências de meio ambiente municipais, estaduais e nacional; iii) Expo 2005 e solicitações de prefeituras, escolas e instituições da sociedade civil." ANALISE DA JUSTIFICATIVA: A justificativa apresentada pelo Projeto reforça a constatação de que houve falha na definição do objeto, uma vez que o material já estava pronto quando da assinatura do contrato em 19/9/2005. Dessa forma, não se poderia tratar da produção e edição do material, conforme especificado no Contrato de Prestação de Serviços n.º 05/4700002076. Reforça esse entendimento o fato de que, caso o Projeto tenha realmente contratado o CDDH para prestação de serviços de produção e edição, o produto final, por consequência, deve ser de propriedade do PNUD BRA/00/011. No entanto, em pesquisa à página do CDDH na internet, esta equipe de auditoria verificou que aquele Centro vende exemplares de "A Carta da Terra" (versão impressa e em vídeo) para "angariar fundos para a reprodução efetiva do material". Consta, ainda, das justificativas apresentadas pelo Projeto que o CDDH "solicitou apoio ao Programa Agenda 21 para divulgação da Carta de Terra". Nessa situação, um contrato de prestação de

585

serviços não se constitui no instrumento legal adequado. Quanto à informação de que, de fato, se trata de reimpressão do material, em momento algum no processo foram indicadas quantidades dos itens envolvidos (vídeo, DVD, conteúdo escrito e pôster). RECOMENDAÇÃO: Recomendamos para que, doravante, defina com clareza o objeto das contratações e se utilize de instrumentos legais adequados aos fins pretendidos. 4 CONTROLES DA GESTÃO 4.1 SUBÁREA - SUPERVISÃO MINISTERIAL 4.1.1 ASSUNTO - ATUAÇÃO DAS UNIDADES CENTRAIS/OPERACIONAIS 4.1.1.1 INFORMAÇÃO: (029) O Ministério do Meio Ambiente tem a seguinte estrutura organizacional, de acordo com o art. 2º, do anexo I do Decreto nº 5.766, de 12 de maio de 2006: I - órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado: a) Gabinete; b) Secretaria-Executiva: 1. Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração; e 2. Departamento de Articulação Institucional; c) Consultoria Jurídica; II - órgãos específicos singulares: a) Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos; b) Secretaria de Biodiversidade e Florestas: Departamento do Patrimônio Genético; c) Secretaria de Recursos Hídricos; d) Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável; e) Secretaria de Coordenação da Amazônia; e f) Serviço Florestal Brasileiro; III - órgãos colegiados: a) Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA; b) Conselho Nacional da Amazônia Legal - CONAMAZ; c) Conselho Nacional de Recursos Hídricos; d) Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente; e e) Conselho de Gestão do Patrimônio Genético; f) Comissão de Gestão de Florestas Públicas; e IV - entidades vinculadas: a) autarquias: 1. Agência Nacional de Águas - ANA; 2. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; 3. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ; e b) empresa pública: Companhia de Desenvolvimento de Barcarena - CODEBAR. De acordo com o Decreto nº 5.766/2006, compete à Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente - Secex, órgão de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado:

586

"Art. 4º À Secretaria-Executiva compete: I - assistir ao Ministro de Estado na definição das diretrizes e na implementação das ações da área de competência do Ministério; II - assistir ao Ministro de Estado na coordenação das atividades das Secretarias integrantes da estrutura do Ministério e na supervisão das entidades a ele vinculadas; III - promover a articulação intra e intergovernamental, visando à implementação da agenda ambiental e à identificação de mecanismos de articulação específicos das políticas públicas de meio ambiente; IV - supervisionar, coordenar e consolidar a elaboração das diretrizes, normas, planos e orçamementos relativos a planos anuais e plurianuais do Ministério; V - supervisionar, acompanhar e avaliar os planos, programas e ações do Ministério; VI - coordenar o processo de captação dos recursos de fontes internacionais e estrangeiras; VII - supervisionar e coordenar os programas com financiamentos de organismos internacionais e estrangeiros, a implementação dos acordos internacionais e a execução dos convênios e os projetos de cooperação técnica nacional e internacional; VIII - supervisionar a elaboração e acompanhar o cumprimento das metas previstas nos contratos de gestão firmados com o Ministério; IX - supervisionar e coordenar as atividades do Fundo Nacional do Meio Ambiente; X - elaborar, coordenar e acompanhar a implementação da Política Nacional de Educação Ambiental; XI - exercer as atividades de secretaria-executiva do CONAMA, prestando-lhe apoio técnico-operacional. XII - exercer outras competências que lhe forem cometidas pelo Ministro de Estado. Parágrafo único. A Secretaria-Executiva exerce, ainda, o papel de órgão setorial dos Sistemas de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, de Administração dos Recursos de Informação e Informática - SISP, de Administração dos Recursos de Informação e Informática - SISP, de Serviços Gerais - SISG, de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal e de Contabilidade Federal, por intermédio da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração e do Departamento de Gestão Estratégica, unidades a ela subordinada." O artigo 12 da Portaria GM nº 284, de 08 de novembro de 2000, o qual estabeleceu normas para gestão do Plano Plurianual 2004/2007, definiu ainda novas competências para a SECEX, quais sejam: "Art.12 A Secretaria-Executiva do Ministério do Meio Ambiente exercerá as funções de Unidade de Monitoramento e Avaliação, com a finalidade de: I - apoiar a elaboração dos planos gerenciais dos programas; II - o monitoramento e a avaliação dos programas, e III - oferecer subsídios técnicos que auxiliem na definição de conceitos e procedimento específicos aos programas sob responsabilidade deste Ministério." Conforme Decreto nº 4.755, de 20/06/2003, e organograma fornecido pelo gestor, estão subordinados à Secex as unidades organizacionais Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e

587

Administração - SPOA e o Departamento de Articulação Institucional - DAI, e as unidades funcionais Programa de Apoio ao Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA e Programa de Apoio ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. A Secretaria-Executiva agrega também programas e projetos de governo que são pertinentes a sua atuação exclusiva nos termos das competências que lhe são próprias: - Projeto de Conservação e Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco; - Programa de Desenvolvimento Sustentável do Pantanal; e - Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA II. A Diretoria de Educação Ambiental - DEA foi instituída no Ministério do Meio Ambiente - MMA em 1999 para desenvolver ações a partir das diretrizes definidas pela lei n° 9.795/99, que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental. A regulamentação dessa lei define que a coordenação da Política Nacional de Educação - PNEA ficará a cargo de um Órgão Gestor dirigido pelos Ministros de Estado do Meio Ambiente e da Educação. De acordo com a Portaria nº 268 de 26/06/2003, a Diretoria de Educação Ambiental - DEA representa o MMA junto ao Órgão Gestor. 4.2 SUBÁREA - CONTROLES INTERNOS 4.2.1 ASSUNTO - AUDITORIA DE PROCESSOS DE CONTAS 4.2.1.1 INFORMAÇÃO: (006) A Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente (SECEX/MMA) apresentou como execução de despesas orçamentárias (correntes e de capital) no exercício auditado o montante de R$ 160.516.860,55 (cento e sessenta milhões, quinhentos e dezesseis mil, oitocentos e sessenta reais e cinqüenta e cinco centavos). Dessa forma, em cumprimento ao previsto na Instrução Normativa do TCU n.º 47, de 27/10/2004, artigo 7º, inciso V c/c o artigo 16 da mencionada Instrução, apresentou o presente processo de Tomada de Contas Anual de forma completa, autuado sob o n.º 02000.000949/2006-39, agregando as contas da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração SPOA/MMA) e da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF). Verificamos que o referido processo encontra-se composto das peças consignadas no artigo 14, I a IV, da Instrução Normativa TCU n.º 47, de 27/10/2004, com as seguintes observações: I - Rol de Responsáveis - o rol constante das folhas 03 a 032, após diligências da equipe de auditoria, foi complementado e encontra-se apensado ao processo às folhas 554 e 560. II - Cartão de Crédito - às folhas 551 consta o demonstrativo sintético, referente aos gastos efetuados em 2005, faltando a série histórica dos dois anos anteriores, conforme determinado no item 11 do anexo II da Decisão Normativa TCU n.º 71, de 07/12/2005. Falha esta que, após a diligência da equipe de auditoria, foi sanada e novo documento encontra-se devidamente apensado às folhas 561.

588

III - CONCLUSÃO Em face dos exames realizados, bem como da avaliação da gestão efetuada, no período a que se refere o presente processo, constatamos o seguinte: 3.1.1.1 CONSTATAÇÃO: (027) PAGAMENTO DE ENCARGOS (JUROS E COMISSÕES) AO BID, NO MONTANTE DE EUR$ 1.453.860,56, EQUIVALENTE A 87,77% DO VALOR DO EMPRÉSTIMO EFETIVAMENTE UTILIZADO (EUR$ 1.653.566,46) NO PROJETO PANTANAL. 3.2.2.1 CONSTATAÇÃO: (022) Inobservância de dispositivos relativos a processos licitatórios, em infringência à lei 8.666/93 e ao Manual de Convergência das Normas Licitatórias, no Projeto PNUD BRA 00/011. 3.2.2.2 CONSTATAÇÃO: (023) Realização de vários processos licitatórios na modalidade solicitação de cotação para aquisição de passagem aérea, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011. 3.2.2.3 CONSTATAÇÃO: (024) Irregularidades em processo de aquisição de passagens aéreas para participação de músicos na 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, no âmbito do Projeto PNUD BRA 00/011. Brasília, 31 de agosto de 2006. NOME CARGO ASSINATURA JOSE ROBERTO DA SILVA AFC ________________________ ROGERIO KLEIN SALLES AFC ________________________ ROQUE LIMA DOS SANTOS AFC ________________________