presença internacional do brasil (pib)

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7/23/2019 Presença Internacional Do Brasil (PIB) http://slidepdf.com/reader/full/presenca-internacional-do-brasil-pib 1/84 globais R$ 10,00     E    S     T     R    A     T     É    G     I    A      V     E     R      C   o    m   o    a    s    u   s    t   e    n    t   a     b     i     l     i   d   a   d     t    u    r     b     i    n   a    r   o   s    u   c   e   s   s   o     Ano II Número 3  Abr/Mai 2008 totum Internacionalização:  A oferta de compra da  Xstrata  pela  Vale  abre o debate sobre os benefícios e os riscos  trazidos pelos investimentos das empresas brasileiras no exterior MAURICIO DE SOUSA Ronaldinho Gaúcho  é o ponta-de-lança da Turma da Mônica no mercado global O SEGREDO DA SABÓ Comprar fábricas na Europa foi a saída para continuar crescendo  no Brasil IMÓVEIS Promessa de altos lucros atrai investidores europeus

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    globais

    R$ 10,00

    ESTRA

    TGI

    AVE

    RD

    Comoa

    sustentabil

    idade

    turbina

    rosu

    cessol

    Ano IINmero 3

    Abr/Mai2008

    totum

    Internacionalizao:

    A oferta de compra daXstratapelaValeabre odebate sobre os benefciose os riscostrazidos pelosinvestimentos das empresas brasileiras no exterior

    MAURICIO DE SOUSA

    Ronaldinho Gacho oponta-de-lana da

    Turma da Mnicanomercado global

    O SEGREDO DA SABComprar fbricasna Europa foi a sada

    para continuarcrescendono Brasil

    IMVEIS

    Promessa

    de altoslucros atraiinvestidores

    europeus

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    p o s s v e l q u e o t a l e n t o s e j a

    u m i n g r e d i e n t e e s s e n c i a l

    n o d i a - a - d i a d e u m a m i n e r a d o r a

    d e s u c e s s o ? S i m , p o s s v e l .

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    www.vale.com

    A Vale uma mineradora global

    apaixonada pelo que faz e que

    precisa de pessoas talentosas para

    continuar sua busca pela melhor

    forma de fazer as coisas.

    Por isso a Vale acredita e investe

    continuamente no desenvolvimento

    humano. Se voc tambm assim,

    apaixonado pelo que faz, acesse

    www.vale.com, conhea mais sobre

    nossas oportunidades de trabalho

    no Brasil e no mundo e cadastre

    o seu currculo.Talento, elemento

    essencial no dia-a-dia da Vale.

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    4 P I B

    24

    46

    38

    62

    Sumrio

    ANTENA

    10 Joalheria Vancox brilha no mundo rabeP NA ESTRADA

    16 Misso do novo chefo:globalizar a UsiminasENTREVISTA

    20 Silvio Crestana quer transformara Embrapa num celeiro cientficoPor Nely Caixeta

    DESIGN

    24 Brasileiros ganham prmios na AlemanhaREPORTAGEM

    38 Os planos de Mauricio de Sousa42 A Sab fez as malas e se deu bem52 Fornecedores surfam na onda dos clientesESPECIAL

    46 A fora que vem da sustentabilidadePor Lia Vasconcelos

    MARKETING

    56 A originalidade d poder marcaCARREIRA

    58 Talentos tipo exportaoIMVEIS

    62 Brasil cai nas graas dos investidores europeusPor Vicente Vilardaga

    PEQUENAS & MDIAS

    66 O planejamento certeiro da ArtecolaNOVOS MERCADOS

    68 A pujana recente do VietnOPINIO

    70 A crise americana to grave assim?Por Mrio Garnero

    IDIAS

    72 A importncia de se antenarnos organismos internacionaisPor Marcus Peanha e Jonathas Campos

    FINANAS74 O Banco do Brasil entrano varejo nos Estados UnidosPor Juliana Garon

    GLOBE-TROTTER

    76 O Bradesco investe napreservao da AmazniaEM TRNSITO

    82 A experincia de quem vive no avioPor Jos Carlos Pinheiro NetoDI

    VULGAO;RICARDOBENICHIO;DIVULGAO/AGNC

    IAPETROBRASECANINDSOARES/ABF

    ALAORFILHO/AE

    REPORTAGEM DE CAPA

    26D para ficarfora do jogo?O anncio de que a Valeestava fazendo uma ofertapelo controle da mineradoraanglo-sua Xstrata foirecebido pelo mercado comomais uma tacada arrojadada empresa brasileira. Noentanto, em alguns setores dogoverno, surgiram restries operao. No conjunto dareportagem so respondidasas mais relevantesquestes levantadas.Eliana Simonetti, comartigo de Ldia Goldenstein

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    O caminho para o sucesso pode ser longo.

    Ou pode estar s a 12 horas de distncia*.

    O Governo Britnico orienta e apia empresas brasileiras que queiramestabelecer ou expandir negcios no Reino Unido (UK).

    www.ukinvest.gov.uk

    * Londres: o maior centro

    financeiro da Europa.

    65% das 500 maiores empresas

    citadas pela revista Fortune

    possuem escritrio no

    Reino Unido.

    Mais de 300 idiomas falados por

    uma sociedade multicultural.

    Fuso horrio que coloca sua

    empresa em contato com o

    mundo a qualquer hora.

    Reino Unido, destinodas empresas quebuscam crescimentoglobal e presenainternacional.

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    Cartas

    Em dezembro passado,estive no Brasil numamisso comercial

    realizada pelaEmbaixada do Brasilem Londres e pelaCmara de ComrcioBrasilReino Unidoe tive a honra de serapresentada revistaPIB. Vi que muitointeressante e publicadaem dois idiomas. Esperoque, de alguma forma,chegue a Londres, onde

    a comunidade brasileira muito desenvolvida.VITORIA NABASNabas Legal Consultancy LtdLondres Reino Unido

    A Federao dasIndstrias do Estadode Gois (Fieg), pormeio do seu CentroInternacional deNegcios (CIN),

    gostaria de parabeniz-los pela revista PIB. Asmatrias so timas.

    JOHANNAGUEVARA MNDEZ

    Analista deComrcio ExteriorCentro Internacional deNegcios - CIN - FIEGGoinia- GO

    Excelente reportagem

    sobre o Caf do Cerradointitulada Com um pno Japo, da ltimaedio da PIB. Amarca Caf do Cerradovem se firmandocomo referncia emqualidade e tambm emorganizao. precisoressaltar a estruturaorganizacional

    de cooperativas eassociaes, resultadodo esforo de homens

    idealizadores ecompetentes que, commuita seriedade, lutampara dar cafeiculturaa sua verdadeira emerecida valorizao.Sem dvida, ainternacionalizaoda marca fatorprimordialnesse processo.JULIANO TARABAL

    GONALVESGepeccafe-UnicerpGesto e MarketingPatrocnio MG

    A matria na PIB sobreo grupo de cafeicultoresdo Cerrado quecomprou participaoem uma empresado Japo traz umaidia inovadora. Uma

    grande dificuldade vender alimentospara os japoneses. Oscafeicultores da regiodo Cerrado, por meiode uma estratgiadiferente, conseguiram.PAULO OKAMOTOPresidente do SebraeBraslia - DF

    Gostaria de parabeniz-

    los pela qualidade econtedo da revistaPIB, excelente,objetiva e diferente.Continuem assim.ABADIA CAMARGOSuperintendente Regionalda CPRM/Servio Geolgicodo Brasil - (Gois, MatoGrosso, Tocantins e DF).Goinia - GO

    Com relao revista PIB Presena Internacionaldo Brasil , felicito-os pelaqualidade da publicao.MAURCIO AZDOPresidente da AssociaoBrasileira de ImprensaRio de Janeiro RJ

    Muito agradeo o envioregular da excelentepublicao PIB, que leiocom grande interesse.EMBAIXADOR FLVIOMIRAGAIA PERRICnsul-geral do BrasilLondres Reino Unido

    globais

    R$10,00

    CARREIRAS

    Brasileirosaprendem

    naescolaa

    fazernegcios

    AnoI

    Nmero2

    Dez07/

    Jan08

    totum

    Olcoolabriucaminho

    eoBrasilemerge

    comopotnciana

    corridapelaenergia

    limpanomundo.

    Aoportunidadereal

    sfazeracoisacerta

    Oefeitoetanol

    A revista est clara, trazmatrias interessantese projeta uma imagemrealista do Brasil no exterior.

    uma publicao queestava faltando no mercado.PAULO POMPILIODiretor de Relaes Corporativas e de ResponsabilidadeSocioambiental do Grupo Po de Acar

    So Paulo - SP

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    9P I B

    Editorial

    Ao discutirmos os pontos que deveriam constar daplataforma editorial da PIB, a defesa poltica da inter-nacionalizao apareceu com destaque. Entendamosque, alm de mostrar ao mundo o estgio da presenainternacional do Brasil, de suas empresas, produtose servios, a revista deveria transformar-se em porta-voz e defensoradesse processo. J nessa poca, acreditvamos que, medida que a inter-nacionalizao se aprofundasse, inevitavelmente surgiriam questiona-mentos e crticas quanto sua procedncia e justeza.

    Foi o que ocorreu com a deciso da Vale de fazer uma oferta pela mi-neradora anglo-sua Xstrata. No faltaram reparos operao, entreos quais o receio de uma eventual desnacionalizao do capital da em-presa e possveis dificuldades para bancar osinvestimentos requeridos. Ao mesmo tempo,surgiram cobranas de ampliao e diversifi-cao de seus investimentos internos, com agerao de mais empregos no pas.

    No entanto, como mostra a reportagem decapa desta edio, essas preocupaes no sesustentam. A prpria Vale reservou mais deUS$ 7 bilhes para aplicar no Brasil em 2008.

    Na verdade, o que se conclui, ao final do texto, que as empresas que se submetem compe-tio l fora, longe de apenas exportar capi-tais e empregos, adquirem musculatura e ca-pacidade de gesto para sobreviver e prospe-rar aqui dentro.

    O paulistano Marcus Peanha, formado emRelaes Internacionais pela PUC de So Pau-lo, um dos mais entusiastas apoiadores daproposta da PIB. Scio da Interaction Times,empresa que promove intercmbio de empre-srios e estudantes brasileiros com uma srie

    de organismos internacionais, ele passou a levar exemplares da revistana bagagem em suas viagens para o exterior e distribu-los entre seus in-terlocutores. Peanha, que aparece na fotografia com Tom Clougherty,do Adam Smith Institute, entidade inglesa criada para defender os prin-cpios do livre-mercado, tambm assina o artigo publicado na pgina72, em parceria com Jonathas Campos, seu colega na Interaction Times.Ambos, alis, esto em boa companhia: assinam artigos tambm nestaedio o empresrio Mrio Garnero, presidente do grupo Brasilinvest, eLdia Goldenstein, uma das mais influentes economistas brasileiras. z

    A defesa da

    internacionalizao

    OS EDITORES

    TOTUMEXCELNCIA EDITORIAL

    Clayton NetzNely Caixeta

    Ricardo Galuppo

    PIBPRESENA INTERNACIONALDO BRASIL

    REVISTA BIMESTRAL DE ECONOMIAE NEGCIOS INTERNACIONAIS

    DA TOTUM EXCELNCIA EDITORIAL

    EditoresClayton Netz [email protected]

    Nely Caixeta [email protected] Galuppo [email protected]

    Colaboraram nesta edioAndressa Rovani, Armando Mendes, Arnaldo Comin,

    Bettina Riffel, Eliana Simonetti, Joo Paulo Nucci,Jonathas Campos, Jos Carlos Pinheiro Neto,

    Juliana Garon, Lia Vasconcelos, Ldia Goldenstein,Marcelo Cabral, Marcia Rocha, Marco Justo Losso,

    Maria Helena Tachinardi, Mario Garnero, MarioGranjeia, Marcus Peanha, Vicente Vilardaga

    Projeto Grfico e DesignMaurcio Fogaa / Karina Gentile

    Pgina MestraCapa e Ilustraes

    Marcelo Calendaedio de fotografia

    Mnica Maia / Carla RomeroRevelar Brasil

    preparao de texto e RevisoMrcia Melo e Mary Ferrarini

    Traduo e edio em inglsAndr Alonso, Brian Nicholson e John Fitzpatrick

    PUBLICIDADEArines Garbin

    Consultora

    SO PAULO E OUTRAS LOCALIDADES(55-11) 3097.0849

    [email protected]. Brigadeiro Faria Lima, 1903 cj. 33

    Jardim Amrica - 01452-911 - So Paulo - SP

    RIO DE JANEIROPaulo Avril [email protected](55-21) 2557.8580

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    BRASLIAIracema F erreira Tamanaha [email protected]

    (55-61) 3245-2391 cel. (55-61)9115-7196SQS 311, bl.K, apto. 608 - 70364-110 - Braslia - DF

    Impresso:PROL Editora Grfica

    Av. Papaiz, 581 - CEP 09931-610 - Diadema - SPOperao em bancas no Brasil

    Assessoria: Edicase - www.edicase.com.brDistribuio exclusiva: Fernando Chinaglia

    Distribuio Dirigida: Postal HouseRua Benta Pereira, 431 - So Paulo - SP02451-000 - www.postalhouse.com.br

    Apoio RedaoEtiene Colhado

    Cartas para a redaoAv. Brigadeiro Faria Lima, 1903, cj. 33 -

    CEP 05426-100 - So Paulo - [email protected]

    Artigos assinados no representam,necessariamente, a opinio dos editores.

    PIBreserva-se o direito de editar e resumiras cartas encaminhadas redao.

    Jornalista responsvel:Ricardo Galuppo (MTb 3528-MG)

    PIB - Presena Internacional do Brasil umapublicao da Totum Excelncia Editorial -

    Av. Brigadeiro Faria Lima, 1903, cj. 33 -CEP 05426-100 - So Paulo - SP

    (55-11) 3097.0849 - [email protected]

    Tiragem desta edioEm Portugus - 18.000 exemplares

    Em Ingls - 7.000 exemplaresTiragem auditada pela PricewaterhouseCoopers

    Peanha, comClougherty, do AdamSmith Institute: parceria

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    10 P I B

    Antena

    H SETE ANOS,a joalheria Van-cox comeou a descobrir o caminhodas pedras (preciosas) no Orien-te Mdio. Hoje, suas peas exu-

    berantes andam causando furorentre as rabes endinheiradas.Em novembro passado, na l-

    tima edio do Jewellery Arabia,em Bahrein, mulheres cobertas depreto da cabea aos ps disputa-vam espao no estande da Van-cox, joalheria fundada em Belo Ho-rizonte h 26 anos. Estavam ali,num dos eventos de maior pres-tgio da relojoaria e joalheria nomundo, para conferir as ltimas

    novidades da artista plstica W-nia Gontijo, designer mineira for-mada pela renomada Saint Mar-tin School of Arts, de Londres.

    A razo do sucesso dessa grifepraticamente desconhecida entreas brasileiras? Muito trabalho epersistncia, resume Ricardo Bron-fen, o fundador da empresa, que seaventurou no mercado externo ape-

    nas trs anos aps o incio de suasatividades. A empresa j vendepara Estados Unidos, Europa e Ja-po, alm do Oriente Mdio, que re-

    presenta metade das exportaes.Nas joalherias do mundo rabe, quemovimenta US$ 30 bilhes e con-siderado o principal mercado para osetor, peas com a assinatura Van-cox so hoje vendidas ao lado demarcas requintadas, como Tiffanys,Valentino, Chanel e Versace.

    Acredita-se que dois fatores fo-ram fundamentais para o estabele-cimento da marca nos pases ra-bes: a percepo correta da paixo

    local por jias exuberantes e a ca-pacidade de oferecer peas exclu-sivas, de design arrojado, em ouro,diamantes e pedras brasileiras. AVancox tornou-se uma das marcasde maior visibilidade e prestgio en-tre as mulheres da regio, diz DinaFahkro, editora da revista ArabianLady, publicada em Bahrein em in-gls e voltada para o pblico femini-

    no de alta renda. Desde que expssuas peas aqui pela primeira vez,h sete anos, ela conseguiu estabe-lecer um forte vnculo com as pes-

    soas da regio e criar uma relaode tamanha lealdade com o mer-cado que algumas de suas clientesso hoje quase colecionadoras.

    As mulheres brasileiras e as ra-bes, a seu ver, tm muito em co-mum, o que tambm ajudou. So-mos apaixonadas pelo que belo,gostamos de novidades e valori-zamos as formas mais arrojadas esensuais, afirma Dina. Curiosida-de: em Bahrein e em outros pases

    da regio, feiras como essa costu-mam reservar uma manh exclusi-vamente para receber compradoresdo sexo feminino. O propsito ale-gado da prtica do Ladies Only oferecer s visitantes uma atmos-fera mais tranqila para percorreros estandes, onde jamais podemfaltar caixas e mais caixas de cho-colate suo e belga. (Nely Caixeta)

    DIVULGAO/V

    ANCOX

    P I B

    Na cola da Tiffanys

    Clientela vida: a brasileira Vancoxfaz sucesso no mundo rabe

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    11P I B

    DANIELCASELLI/AFP

    SERGIOLIMA/FOLHAIMAGEM

    A expanso do

    investimentobrasileiro noexterior ter

    de ser feitapelas empresas

    nacionais.As mltis aqui

    instaladasseguem seusprprios

    interessesE M B A I X A D O R S A M U E L

    P I N H E I R O G U I M A R E S ,S E C R E T R I O - G E R A LD O M I N I S T R I O D A S

    R E L A E S E X T E R I O R E S

    DESDE QUE A GOLassumiu o con-trole da Varig, em abril do ano pas-

    sado, a empresa vem trabalhandono sentido de recuperar o brilho quetransformou a mais tradicional com-panhia de aviao do pas numa refe-rncia de qualidade nos aeroportosdo mundo inteiro. Paris, Madri, Ca-racas, Buenos Aires, Bogot, Cidadedo Mxico e Santiago esto nas ro-tas internacionais da empresa. At ofim de 2008, a empresa dever reto-mar os vos para os Estados Unidos

    e ampliar a rede de parcerias que,hoje, j permite a seus passageiros

    viajar para 47 cidades da Europa apartir de conexes em Paris e Ma-

    dri. Quando a Gol assumiu a admi-nistrao da empresa, a Varig opera-va uma frota de 18 avies. Hoje so35 aparelhos, nmero que dever

    chegar a 43 at o fim do ano.Os planos de expanso da Varig

    no comprometem a estratgia deexpanso da prpria Gol. A empre-sa passa a operar este ms um voentre o Rio de Janeiro e So Paulo

    com o balnerio uruguaio de Puntadel Este. Quer aproveitar a atraoque o Conrad Resort & Cassino, con-siderado um dos hotis mais luxuo-

    sos da Amrica do Sul, exercesobre os brasileiros. Na altatemporada, mais de 40%dos hspedes saem do Bra-sil. (Andressa Rovanni e AC)

    Na rota do velho brilho

    A QUEDA-DE-BRAOentre os pro-dutores de carne brasileiros e as auto-ridades sanitrias da Unio Europia(UE) no diminuiu o apetite dos gran-des frigorficos locais pelo mercado in-ternacional. Negcios vistosos foramfechados nos ltimos tempos e pro-vvel que outras compras venham pora. Recentemente, a JBS-Friboi desem-bolsou US$ 1,3 bilho na aquisio deduas empresas nos Estados Unidos e

    uma na Austrlia. Com isso, a JBS-Friboi passa a operarcom sete plantas de produo nos Estados Unidos e outras

    sete na Austrlia. A empresa passa a figurar, assim, entre astrs maiores processadoras da Amrica do Norte, ao ladoda Tyson Foods e da Cargill.

    As incurses da JBS-Friboi, da Mar-frig e de outras empresas brasileirasnos Estados Unidos, Austrlia, Reino

    Unido e Rssia compensam, em par-te, os estragos causados pelo embar-go decretado pela Unio Europia emjaneiro deste ano. A confuso em tornodo nmero de fazendas habilitadas avender carne para o mercado europeucaminha para o esclarecimento, e a de-ciso da Rssia de liberar as importa-es aliviou o clima. Na poca, o minis-tro Reinhold Stephanes comemorou aliberao com um churrasco oferecidoaos negociadores russos. Mesmo as-

    sim, o embargo ter um preo. A indstria previa para esteano um crescimento de 15% em suas vendas. Agora deve-r, na melhor das hipteses, repetir o nmero de 2007, deUS$ 4,4 bilhes, segundo a Confederao da Agriculturae Pecuria do Brasil. (Arnaldo Comin)

    O avanodos frigorficos

    Stephanes: ministro oferece carne aosrussos para festejar fim do embargo

    Punta del Este:glamour de voltas rotas da Varig

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    12 P I B

    Antena

    A teia brasileiraAlgumas das franquias nacionais presentes no exterior

    Carmen Steffens Portugal, Mxico, Estados Unidos, Arbia Saudita, Paraguai, Alemanha, Austrlia e Argentina

    Lilica Ripilica & Tigor Colmbia, Itlia, Portugal, Peru, Lbano e Guatemala

    Casa do Po de Queijo Estados Unidos e Portugal

    CCAA Argentina, Chile, Estados Unidos, Japo, Portugal, Guatemala e El Salvador

    China in Box Mxico

    Colcci Guatemala, Arbia Saudita e EuropaGolden Services Mxico e Angola

    Livraria Nobel Portugal, Espanha, Angola e Mxico

    Localiza Rent a Car Argentina, Chile, Equador, Paraguai, Bolvia, Peru e Uruguai

    Microsiga Argentina, Mxico, Chile, Paraguai, Porto Rico e Uruguai

    Rosa Ch Estados Unidos e Turquia

    Showcolate Estados Unidos, Portugal, Espanha, Honduras

    Via Unofrica do Sul, Alemanha, Guadalupe, Cuba, A rgentina, Filipinas, Chile,Emirados rabes, Espanha, Itlia, Mxico, Venezuela, Holanda, Peru e Jordnia

    Wizard Estados Unidos, Japo e Portugal

    A REDE BRASILEIRAde fast-food Spoleto, especializa-da em culinria italiana feita sob medida para os desejosdo cliente, completa um ano na Espanha e j celebradapelo pblico. Uma pesquisa sobre refeies fora de casafeita naquele pas pela Federao dos Usurios-Consu-midores Independentes (Fuci) com 2.800 pessoas cita arede como uma das favoritas do pblico espanhol. Das 198casas da rede Spoleto, 13 delas esto no exterior (Mxicoe Espanha). So 25 lojas prprias no pas e as demais ad-ministradas pelo sistema de franchising. A perspectiva,

    porm, abrir pelo menos 50 unidades em cinco anos naEspanha e chegar a Portugal e a outros pases europeus.

    A rede de culinria italiana rpida alcanou em 2007 fa-turamento de R$ 207,6 milhes, e a estimativa finalizar2008 com crescimento de 23%.

    A empresa mais um exemplo vistoso na expansodas franquias brasileiras no exterior. Hoje, as marcas es-to presentes em diversos pases da Europa e das Am-ricas. Dados da Associao Brasileira de Franchising doconta de que o Brasil tem, atualmente, 52 redes em pro-cesso de internacionalizao. Para o consultor MarceloCherto, esse movimento deve continuar em 2008. Confi-

    ra, no quadro, as redes mais internacionalizadas e os pa-ses onde elas atuam.(Andressa Rovanni)

    Comida da Mama

    Spoleto na Espanha: rede de comida italiana exemplo da expanso das franquias brasileiras no exteriorDIVULGAO/SPOLETO

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    14 P I B

    Antena

    Com selo e pedigreeEM MATRIA DE CACHAA,a cidade de Paraty era, at o

    ano passado, apenas um entreos mais de 200 sinnimos queo nome da bebida tem nosdicionrios brasileiros. Agora, bem mais do que isso. A regiodo litoral fluminense, um dosprimeiros lugares onde se desti-lou a bebida tpica do Brasil,recebeu do Instituto Nacionalde Propriedade Industrial (Inpi)

    o Certificado de Indicao deProcedncia. At agora, apenas

    outros trs produtos de outrastrs regies do pas tinham omesmo reconhecimento: osvinhos do Vale dos Vinhedos,no Rio Grande do Sul, a carnebovina do Pampa Gacho e ocaf do Cerrado Mineiro. O selomais cobiado, porm, perma-nece intacto no Brasil. A deno-minao de origem, ou D.O.C.,

    POUCOS SETORESda economia brasileirasofreram tanto assdio do capitalestrangeiro na ltima dcada como apublicidade. Restam poucos grupos 100%nacionais entre as principais organizaesdo ramo. Agora, algumas agnciasbrasileiras ensaiam um movimento nadireo contrria: instalar-se no exterior.No incio de maro, o empresrio Nizan

    Guanaes, fundador da Africa e um doscontroladores da ABC, holding quecongrega cinco agncias, decidiu sero scio majoritrio da Pereira&ODell,que est abrindo as portas em SanFrancisco. No comando do negcio estPJ Pereira, fundador da AgnciaClick, amaior agncia digital brasileira. H trsanos na Califrnia, PJ abre o negcio comAndrew ODell, que presidia a AKQA,uma agncia local. Ser uma agnciade propaganda completa, mas muito

    influenciada pela cultura digital, diz PJ,que no tem planos para trazer a novamarca ao Brasil. Ao contrrio, a idia abrirescritrios em Nova York, nas principaiscidades da Europa e at na sia. (AC)

    Publicidade leva

    talento (e dinheiro)para o exterior

    Nizan: agnciainfluenciada pela

    cultura digitalPAULOGIANDALIA/AE

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    15P I B

    tambm faz parte do conceitode Indicao Geogrfica, mas,em vez de certificar uma regioespecializada em determinada

    produo, atribui a ela algu-mas caractersticas nicas. Ainterferncia do clima, do solo eoutras propriedades geogrficasnas caractersticas do produtodefinem se ele pode receber oselo ou no.

    Nessa competio, o arrozgacho corre na frente e devese tornar o primeiro produtobrasileiro com Denominao

    de Origem. Na fila para a ava-liao de Indicao Geogrfi-ca (Indicao de Procednciae Denominao de Origem)esto outros quatro produ-tos. Entre eles, podem figuraras ostras de Florianpolis, oalgodo colorido da Paraba,o queijo-de-minas e o aafrode Mara Rosa. (AR)

    AS SANDLIA SHavaianas tm sido umadas mais habilidosas em surfar nos atributosbrasileiros para se divulgar fora do Brasil.Daqui por diante, as campanhas da marca noexterior passaro a ser feitas pela AlmapBBDOde forma sistemtica. Antes, a agncia apenasprestava consultoria eventual e elaborava

    uma ou outra pea. Agora, a exemplo do que jacontece na Austrlia e na Nova Zelndia, osconsumidores da Europa e dos Estados Unidospassaro a contar com campanhas feitas sobmedida para cada pas. (AR)

    Anncios tipoexportao

    Sob medida: AlmapBBDO far anncios da sandlia no mundo todo

    Vinhos do Vale do Vinhedo:procedncia certificada

    DIVULGAO/HAVAIANAS

    DIVULG

    AO

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    P na Estrada Clayton Netz

    P I B

    Fascnio orientalnOs executivos da Santista Txtildevem ampliar em muito o saldo de

    seus programas de milhagem nosprximos anos. que a empresa,controlada pelo grupo CamargoCorra, admitiu recentementeestar estudando a implantaode uma fbrica de denim demaior valor agregado na sia. Hdois anos a Santista assumiu ocontrole da espanhola Tavex. Comfbricas no Brasil, Chile, Mxico,Espanha e Marrocos, tem entreseus clientes grifes como Zara,

    Diesel, Blue Cult e Miss Sixty.

    A misso deCastello BranconO mineiro Marco AntonioCastello Branco, 48 anos,engenheiro metalrgico comdoutorado na Alemanha, foi oescolhido pelos controladoresda Usiminas (leiam-seNippon Steel, Mitsubishi,Vale, Votorantim e Camargo

    Corra) para suceder otambm engenheiro Rinaldo

    Soares na presidncia da siderrgica.Recrutado no comit executivo dafrancesa Vallourec por sua experincia

    global, Castello Branco retorna parao Brasil com a misso de deslancharo processo de internacionalizaoda Usiminas. A sada para o exterior,a exemplo do que fizeram gruposcomo o Gerdau, consideradapelos analistas uma das principaisalternativas para sustentar um novociclo de crescimento da empresa.

    Agradando CristinanQuem j est bem na fita com a

    mandatria da Argentina o grupogacho Paquet. No final do ano

    passado, quase coincidindo coma posse da presidenta, o grupoinaugurou sua primeira fbrica

    de calados no pas, na cidade deChivilcoy, na provncia de BuenosAires. Ali, a Paquet produzir tnisdas marcas Diadora e Adidas. Foramcriados inicialmente 700 empregos,nmero que dever aumentar para2.000 quando a fbrica estiveroperando plena capacidade.

    IPO da CVCnA paulista CVC, maior operadorade turismo do Brasil, s est

    dando um tempinho, esperada turbulncia dos mercadosfinanceiros amainar, para abrir seucapital simultaneamente no Brasil,Estados Unidos e Europa. SegundoGuilherme Paulus, presidente doConselho de Administrao, desdeoutubro do ano passado consultoresda KPMG esto acampados naCVC, ajudando-a a se prepararpara atender s exigncias degovernana corporativa para as

    empresas de capital aberto.

    Mudana de planonA catarinense Tigre, lder domercado brasileiro de tubos econexes de PVC, j estava comtudo pronto para comear dozero a implantao de umafbrica no Peru. Havia adquiridoo maquinrio necessrio eprocurava um terreno para instalara nova planta. No final do ano

    passado, a empresa de Joinvillereviu seus planos e optou pelocaminho mais curto. Por um valorestimado entre US$ 30 milhese US$ 50 milhes, adquiriu aPlastica, um dos trs maioresfabricantes peruanos do setor.Atualmente, a Tigre mantmoperaes na Argentina, Uruguai,Paraguai, Chile, Bolvia, Colmbia,Equador e Estados Unidos.

    A presidentaKirchner:A Argentina boa paraos negcios

    BETOBARATA/AE

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    bb.com.br

    O Banco do Brasil manteve

    em 2007 a liderana na

    concesso de crdito para

    investimentos, contribuindopara o crescimento econmico e social do

    pas, com gerao de empregos e renda.

    Banco do Brasil.

    200 anos fazendo o futuro.

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    P na Estrada

    ContramonPouca gente em uso perfeitode suas faculdades cogitariaestabelecer uma fbrica para aproduo de bens de consumode massa nos Estados Unidos.Pois bem: na contramo do sensocomum, a gacha Tramontina, j

    com uma unidade que produz 50mil panelas de alumnio por dia noestado de Wisconsin, decidiu-sepela construo de uma segundafbrica, em Houston, no Texas, aolado de seu centro de distribuio.Desse CD, a empresa abasteceseus grandes clientes americanos,como o Wal-Mart, com o qualmantm h quase uma dcadauma relao muito especial. Aempresa de Carlos Barbosa, na

    Serra Gacha, no apenas vendesuas panelas para a rede fundadapor Sam Walton: na verdade, gerenciadora das prateleirasde alguns itens de utilidadesdomsticas nos supermercadosdo Wal-Mart. Seu compromisso garantir determinado faturamento erentabilidade por rea ocupada. Seisso for alcanado vendendo apenasos produtos de sua marca, tudo

    bem. Caso contrrio, a Tramontinarecorre aos produtos da concorrnciapara atingir suas metas.

    Juquinha na fricanA sexagenria Balas Juquinha,uma das mais antigas fabricantesnacionais de balas e pirulitos, quase

    desistiu de vez de exportar seusprodutos, por conta da defasagemcambial. No ano passado, noentanto, retomou as vendasexternas, que representam doisteros de seu faturamento deR$ 6 milhes, devido ao aumentodas encomendas do mercadoafricano. Com clientes de 50pases em carteira, a empresa deSanto Andr, no ABC paulista,se d bem mesmo em Angola,

    que suplantou os Estados Unidoscomo seu principal comprador.

    Troca de guardanO empresrio Giuliano Donini,33 anos, assumiu o comando daMarisol, a principal confeco deSanta Catarina, no final de maro.O controlador e at ento principalexecutivo da empresa de Jaragudo Sul, Vicente Donini, pai de

    Giuliano, passou para o Conselho deAdministrao. O novo presidente

    da empresa pega o basto comfoco na internacionalizao dosnegcios. Trs marcas controladaspela Marisol Rosa Ch, de biqunis,Lilica Ripilica, de moda infantil, eOne Store, de varejo j possuemlojas no exterior. O marco danova fase de investimentos ser aabertura de uma nova unidade daRosa Ch em Nova York. Em 2007 aempresa faturou R$ 420 milhes. z

    Donini: maislojas no exterior

    Loja da Artefacto naFlrida: setor exportou

    US$ 1 bilho em 2007DIVULGAO/ARTEFACTO

    DIVULGAO/MARISOL

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    Mervyn Lowe - P3D Softwares

    Projeto Exportador Apex-Brasil/SOFTEX

    A Apex-Brasil leva o meu

    produto para o mundo.

    No s o meu software que interativo. Minha parceria com a Apex-Brasil tambm. Ela

    ofereceu suporte comercial e tcnico para inserir as minhas solues no exigente mercado

    global. Por meio de um servio de inteligncia comercial, foram identificados novos nichos e

    consumidores em potencial na Espanha, Finlndia, EUA, Portugal e ndia. A Apex-Brasil ainda

    promove feiras, rodadas de negcios e misses comerciais que me colocam em contato direto

    com potenciais compradores. Com o suporte da Apex-Brasil, eu tenho tudo para conquistar o

    mundo dos negcios internacionais.Apex-Brasil. Parceira do exportador.

    www.apexbrasil.com.br

    Ministrio doDesenvolvimento, Indstria e

    Comrcio Exterior

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    Crestana: o Brasil quemdomina a tecnologiatropical no mundo

    EntrevistaSilvio Crestana

    DIVULGAO/EMBRAPA

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    C riada pelo regime militarem 1973, a Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agro-pecuria (Embrapa) umdos grandes orgulhos dacomunidade cientfica nacional. Deum rgo de carter eminentementecientfico para apoio aos produtoresrurais, a Embrapa comemora 35 anos,

    em abril, com ambio renovada:servir de ncora tecnolgica para fo-mentar o desenvolvimento de parce-rias estratgicas capazes de empurraro agronegcio brasileiro no exterior.O presente de aniversrio, prometidopelo presidente Luiz Incio Lula daSilva, um pacote de investimentosque ampliar o atual quadro de 2.300pesquisadores para mais de 3.000 nosprximos dois anos. Um dos objetivos reforar os tentculos da entidade

    no exterior. Na mira esto a China epases da frica, mercados que con-centram, segundo a empresa, o maiorpotencial de absoro de tecnologiaagrcola verde-amarela. Somos nsquem domina a tecnologia tropicalno mundo, afirma Silvio Crestana,presidente da Embrapa, fsico porformao, com mais de 150 trabalhoscientficos publicados, e pesquisadorda empresa desde 1984. O reconheci-

    mento internacional no suficien-te. No basta sermos lderes, diz.

    Temos de repassar nossa tecnolo-gia, ganhar e fazer o pas lucrar coma disseminao do conhecimento.Em entrevista PIB, Crestana, umespecialista em estudos do solo quecomanda a Embrapa desde 2005,conta como a instituio pretende

    consolidar-se entre os lderes mun-diais do conhecimento em seguranaalimentar e bioenergia.

    Por que a Embrapa decidiu se interna-cionalizar com mais vigor agora?Nosso objetivo estar em todos os con-tinentes que tm cincia agrcola devanguarda. Temos um corpo peque-no, mas permanente de pesquisadoresde altssimo nvel em Washington, emMontpellier, na Frana, e na Holanda.

    um modelo que chamamos de Labex(Laboratrio Virtual da Embrapa no

    Exterior). Estamos negociando, nestemomento, com a Inglaterra e com aAlemanha, para colocar um cientistanosso em reas estratgicas. No anopassado, abrimos um escritrio emGana. H ainda uma negociao emcurso para termos o Labex na sia. NaChina as conversas esto mais intensas,mas estamos conversando tambm

    com ndia, Coria do Sul e Japo.

    O que faz o Labex exatamente?Ele atua numa via de mo dupla. Nose trata de um modelo de consulto-ria ou de treinamento convencional,em que um dos lados repassa o seuconhecimento e o outro s absorve.H uma troca intensa de informa-es. A ferrugem da soja, por exem-plo, no um problema s do Brasil.Os Estados Unidos, a China e a ndia

    tm interesse em encontrar uma so-luo para isso. Uma parte do tempono Labex dedicada expanso dasfronteiras do conhecimento cientfi-co. Os funcionrios fazem pesquisaem conjunto e organizam a rede decooperao bilateral. Outra parte dedicada ao que chamamos de pros-peco tecnolgica. O que quere-mos nesses pases que muitas vezescompetem conosco acompanhar o

    O celeiro cientficodo mundoCom laboratrios ou pequenos escritrios nos Estados Unidos, Europa, Gana

    e Venezuela e planos de se instalar na sia ainda este ano, a Embrapa quer sera ponta-de-lana tecnolgica para a expanso do agronegcio brasileiro no exterior

    N E L Y C A I X E T A

    Temos de repassarnossa tecnologia,ganhar e fazer opas lucrar com adisseminao doconhecimento

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    avano do conhecimento e os cen-rios que vislumbram l na frente.

    Como assim?A pesquisa vem antes do mercado.Temos de programar de sete a dezanos uma ao de pesquisa para quepossa gerar uma nova tecnologia aser empregada no mercado. Quere-mos conhecer melhor os consumi-dores da China, da ndia, dos pasesemergentes e dos pases j desenvol-vidos. Que tipos de alimento devemser introduzidos nesses mercados?Vo exigir rastreabilidade? Certifica-

    o? Vo ser orgnicos? E a questodos transgnicos?

    Num mundo em que a inovao re-presenta uma vantagem importanteno jogo da competio,a Embrapa costumacompartilhar suas des-cobertas?Trabalhamos com oprincpio do ganha-ga-nha e no do ganha-

    perde. preciso ha-ver interesse mtuo ebenefcio comum. Vejao que acontece comnossa relao com osEstados Unidos e paseseuropeus: possumos amaior biodiversidadedo mundo tropical eeles tm o melhor ma-nejo de ecossistema declima temperado. Nesse

    caso, h grande interes-se de troca, que vai des-de o banco de germo-plasma material gen-tico (vegetal e animal) emicroorganismos atnovas reas de frontei-ra como, por exemplo, abiotecnologia. A biolo-gia avanada interessaaos dois mundos, o tro-

    pical e o temperado, assim como asmudanas climticas. A mesma coisaacontece com a agricultura de preci-so. Em ambas as regies no Norte eno Sul , as agriculturas so carentes

    de informao, de conhecimento, detecnologia, de equipamentos, de ins-trumentos e de tudo o mais. As poss-veis trocas so negociadas senta-se mesa e abre-se o jogo.

    At que ponto o clima de cooperao genuno?A agricultura no funciona como a

    indstria, que cria um produto e ocoloca venda no mundo inteiro. muito diferente da fbrica que de-senvolve uma tela plana de compu-tador na Coria e a vende nos Esta-dos Unidos. A agricultura dependede ecossistemas. A soja plantada nosEstados Unidos de uma variedadediferente da nossa. Por isso, h gran-de espao para cooperao, como nocaso da agricultura de preciso. Faz-se um experimento em Nebraska na

    poca em que h plantio l e no haqui. Quando poca de plantio noBrasil, eles vm aqui e repetem a ex-perincia. Assim, corta-se pela me-tade um experimento que demoraria

    um ano, dois anos.

    Que tipo de pesquisaest na agenda de co-operao com os Esta-dos Unidos?Temos muitos proble-

    mas comuns, como ogreening, doena queatinge as plantaesde laranja aqui e l. Jse fala que, se em dezanos no encontrarmosuma sada, estar invia-

    bilizada a citriculturano Estado de So Pau-lo. Convivemos aindacom questes globais,como a gripe aviria, a

    epidemia da vaca loucae o aquecimento global.Na rea de mudanasclimticas o que acon-tece? Nunca consegui-remos dar uma respos-ta confivel opiniopblica, em relao amudanas climticasou em relao ao efeitoestufa, se no tivermos

    A agricultura nofunciona como a

    indstria, dependede ecossistemas.Por isso, h espaopara cooperao

    Laboratrio Virtual nos EUA: prximo destino da Embrapa a sia

    EntrevistaSilvio Crestana

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    uma maneira de calcular quanto seest emitindo e quanto se est aque-

    cendo. E isso no uma conta queeu fao em um nico pas precisofaz-la no mundo inteiro. neces-srio haver um modelo global, mascalibrado regionalmente. Da a im-portncia de ter dados tropicais, for-necidos pelas instituies de cincialocalizadas no Hemisfrio Sul.

    O que a Embrapa tem a ganhar ao seaproximar da frica e da sia?Uma parte da nossa agenda hu-

    manitria. Ajudamos os pases que,reconhecidamente, esto numasituao inferior do Brasil, emtermos de desenvolvimento e denutrio. So essencialmente ospases da frica, de boa parte daAmrica Latina e alguns da sia. Amandioca, por exemplo, no umacommodity, mas sim uma planta desubsistncia. Embora ela seja bra-sileira, no estamos muito preo-cupados com o fato de que tenha

    se disseminado por outros pases.Planta-se e consome-se hoje maismandioca na Nigria do que noBrasil. Ns detemos todo o conhe-cimento de manejo dessa cultura.Quando para fim industrial, noentanto, temos uma mandioca quepossui alta produtividade. Pode serque valha a pena proteger nossodomnio tecnolgico. A entramosna nossa agenda de negcios.

    Como isso funciona?Temos de gerar renda, dividendos

    financeiros e econmicos. Angolaquer usar tecnologia da Embrapapara produzir milho e soja. Teminteresse tambm em produzir bio-diesel para exportar para a Europa.Nesse sentido, temos recebido mui-tas demandas. A Odebrecht e gruposportugueses esto investindo emfazendas em Angola. J Alemanha,Japo e Coria esto interessados nonosso etanol, mas no querem ficardependentes desse tipo de combus-

    tvel, pois hoje Brasil e Estados Uni-dos dominam 80% da produo.

    Como a Embrapa encara a demandapor alimentos de um pas, como aChina, cuja economia cresce acelera-damente h dcadas?Os chineses tm limitaes em ter-mos de terras agricultveis e de dis-ponibilidade de gua e de energiapara o seu desenvolvimento. Com umcrescimento anual por volta dos 10%,

    no conseguem ser auto-suficientesem alimentos. O segundo problema

    srio que enfrentam a poluio.A matriz energtica na China tem

    por base o carvo, mas a demandapor outras fontes de combustvel crescente. Uma parte disso serimportada, mas a outra eles queremproduzir na frica. Com isso, resol-vem dois problemas no continente: anecessidade industrial 30% do pe-trleo importado pela China j vemda frica e alimentar. A China vaiinvestir US$ 25 bilhes, nos prxi-mos cinco anos, na frica.

    Mas o que a Embrapa pode ganharcom isso?A partir de agora, para plantar soja,milho ou arroz, os chineses tero deaprender a lidar com os ecossistemasdas regies tropicais. E quem temessa tecnologia? Ns temos, eles no.Por isso, precisamos ocupar esse es-pao. A ns, no basta somente serlderes, ter a tecnologia e no fazernada com ela. Temos de transformarisso em produo, ensinar esses pa-

    ses a produzir e ganhar com o nossoconhecimento. Estamos vendo, porexemplo, grandes oportunidades denegcios tecnolgicos com a Vene-zuela, onde acabamos de montar umescritrio. A mdio e a longo prazo,esperamos que esse relacionamentogere recursos de volta para a Em-brapa e para as empresas brasileirasque investirem no agronegcio nopas vizinho. z

    Plantao de milho e arroz da Odebrecht em Angola: a Embrapa apia grupos interessados em plantar gros na frica

    Angola quer usartecnologia daEmbrapa de produode milho, soja ebiodiesel com foco nomercado europeu

    FOTOS:DIVULGAO/EMBRAPA

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    Design

    Um selo vermelho e bran-

    co com as letras iF atestado internacionalda qualidade do dese-nho de um produto. De-

    zoito empresas brasileiras ganharameste ano o direito de us-lo: forampremiadas no International ForumDesign 2008, um dos mais importan-tes encontros europeus de desenhoindustrial, realizado desde 1953 emHannover, na Alemanha.

    A estudante Daniele Adamo An-

    dreo, de 21 anos, ainda no terminouo curso da PUC do Paran, mas tevepremiado seu primeiro projeto pro-fissional, uma plataforma de acessoaos nibus para passageiros em ca-deiras de rodas criada para a empresaparanaense Daiken. Na outra pontada experincia profissional, o escrit-rio de arquitetura Indio da Costa De-sign, do Rio de Janeiro, um dos maisconhecidos do pas, tambmficou entre os escolhi-

    dos, com um sistemamodular de mobilirioproduzido pela em-presa 3X (o sistema, apropsito, foi batizadode Carrapixxxo, com trsletras xis).

    Ao todo, 18 produtos brasi-leiros ganharam o selo verme-lho e branco na edio 2008 doiF Product Design Award, dentre

    98 projetos nacionais aceitos na com-

    petio (a Light Design, de Recife, le-vou trs prmios para suas lumin-rias). A amostra variada: alm dosprodutos j citados, vai de uma mesacirrgica e uma lavadora de roupas aluminrias e um anel de ouro, passan-do por mveis, pisos cermicos, louasanitria e embalagens.

    O resultado confirma a boa figu-ra do Brasil no concurso alemo: emcinco anos de participao brasileira,99 projetos tiveram sua qualidade

    reconhecida, desempenho que peo Brasil entre os dez pases maisbem colocados no ranking global doiF Design. Na edio 2008, 35 pasesinscreveram 2.771 projetos, dos quais821 foram premiadosem diversas categoriase ganharam lugar numaexposio montada emHannover.

    Para as empresas brasileiras, aconfirmao de uma mudana im-portante: antes copiadoras ou adap-

    tadoras de projetos estrangeiros, elascomeam a se firmar como criadorasde produtos originais. Dois fatoresimpulsionaram a passagem: a glo-balizao e o amadurecimentode empresrios e designers quesentiram a necessidade de criaruma linguagem prpria paraos produtos made in Brazil.

    Quem exportava se de-parou, no exterior, com osprodutos que eram copiados;

    quem copiava para o merca-do interno comeou a sofrera competio dos originais,que passaram a ser importa-dos; assim pode ser resumidoo impacto da globalizao sobre asempresas brasileiras que produ-ziam bens de consumo, de acordocom Fbio Righetto, professor docurso de design da Fundao Ar-mando lvares Penteado (Faap), deSo Paulo (outra escola precursora e

    conceituada a Escola Superior deDesenho Industrial do Rio de Janei-ro, que tambm ganhou um prmioiF Design em 2005). A sada, para asempresas mais geis, foi partir para

    a criao prpria, umaforma de sair da mesmi-ce num mercado satu-rado de produtos muitosemelhantes.

    Produtos nacionais so premiados em umdos mais importantes sales de desenhoindustrial do mundo A R M A N D O M E N D E S

    Brasileirosbons de desenho

    Ursa Maior: sofprojetado por

    Maria BernardeteGalvo, de Curitiba

    FOTOS:DIVULGAO

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    um espao que vem sendoaberto aos poucos, observa DanStrougo, do escritrio Indio da Cos-ta, um ateli que se estabeleceu nofim dos anos 1990 ao desenhar mo-bilirio urbano para o bairro do Le-blon, no projeto Rio Cidade. De 94

    ou 95 para c, as coisas comearam amudar, entre elas a demanda do mer-cado, emenda Shelda Mrcia Daluz,uma das scias da Facilities do Brasil,empresa que viveu a transio: faziamveis em estilo tradicional inglssob encomenda e comeou a criarutenslios de desenho prprio. Ainformao comeou a chegar, atpela internet, e ao mesmo tempo as

    pessoas passaram a pedircoisas mais leves, diz

    ela. Um mvel dese-nhado por Shelda epelo scio ArmandoSanchez, a mesa Neo,

    foi premiado no iF De-sign 2008. Em edies

    anteriores, ganharam oprmio com projetos de

    utenslios domsticos.A paranaense Daiken

    criava salas de auto-atendi-

    mento para bancos antes de envere-dar pelo desenho de equipamentospara facilitar a vida de deficientesfsicos, um nicho de mercado que co-mea a se desenvolver. A sociedadese mobiliza para promover a inclusodas pessoas, e preciso vencer as bar-

    reiras arquitetnicas e do transporte,observa Osmar Yama-waki, diretor comercialda empresa. Estar emCuritiba ajudou: cercade 65% dos nibus dacidade j cumprem alei que exige a insta-lao de plataformasde acesso para passa-geiros em cadeiras derodas em toda a frota at 2014. Ou-

    tras cidades ainda esto atrs, mas ademanda vai crescer, diz Yamawaki.Ele planeja fabricar neste ano 300plataformas iguais premiada, masavalia que pode chegar a 2 mil, em ummercado de 10 a 15 mil equipamentosanuais no pas.

    Daniele Adamo, a jovem desig-ner da empresa, eliminou os cantosvivos e usou plstico ABS reciclvel,em vez de revestimento metlico, nas

    colunas verticais que se enquadramna porta do nibus e sustentam aplataforma mvel (uma espcie de

    pequeno elevador para a cadeirade rodas que, em repouso, toma aforma dos degraus de entrada nonibus). O desenho ficou mais er-gonmico e sustentvel, diz ela.

    O escritrio Indio da Costa j ga-nhou seis selos iF Design desde o pio-neiro projeto do mobilirio urbanopara o Leblon. Trs deles foram paraverses do ventilador de teto Spirit.O de 2008 premiou o Carrapixxxo,que pretende ser to mutvel quanto

    a vida das pessoas, diz Dan Strougo.E explica: o design, bem entendido,deve partir da prpria concepo doproduto. No mais pontual, nemtem apenas uma inteno esttica,mas desempenha papel estratgiconas empresas; a principal forma di-ferenciao da marca, diz, citandocomo exemplo a Apple.

    Para participar do concurso deHannover, pequenas e mdias em-presas que no conseguiriam chegar

    l por conta prpria recorrem aoprograma Design Ex-cellence Brazil, man-tido pelo ProgramaBrasileiro de Design,do governo federal,e pela Apex-Brasil.O Centro de DesignParan, organizaosem fins lucrativos deCuritiba, toca a opera-

    o do programa. Aqui, fazemos a

    triagem dos concorrentes brasilei-ros por meio de um comit seleti-vo, diz Letcia Gaziri, coordenado-ra de projetos do CDP. Cinco anosde participao no muito, mas odesenho industrial brasileiro j temuma posio a defender no iF DesignAwards de 2009. z

    www.ifdesign.de/awards_product_allgemein_e

    Estudantecuritibana

    reconhecida emseu primeiro

    projeto

    Bossinha:luminria da

    Lumini foiuma das 18brasileiraspremiadas

    S A I B A M A I S

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    Capa

    Quem tem

    medointernacionalizao?

    da

    A oferta de compra da anglo-suaXstrata pela Vale fez ressurgir algunsantigos preconceitos em relaoaos investimentos das empresasbrasileiras no exterior. A questo :numa economia global, d paraficar fora do jogo?P O R E L I A N A S I M O N E T T I ,

    C O M C O L A B O R A D O R E S

    26 P I B

    Vale em Carajs: expansopara fora a principalvlvula de crescimento dagigante da minerao

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    27P I B 27P I B

    A

    s empresas brasileiras sobretudoas maiores acordaram nos ltimosanos para uma necessidade que nosentiram durante a maior parte desua existncia. Para muitas delas, aexpanso rumo ao mercado inter-nacional passou a ser a nica chan-

    ce de ampliar as vendas, diluir os riscos da operao e,mais do que isso, no ser abalroadas dentro de casa porconcorrentes parrudos vindos de exterior. Para compa-nhias como Vale, Gerdau, Embraer, Odebrecht e deze-nas de outras, a expanso em direo a novos mercadostornou-se no apenas uma opo, mas a principal sadapara o crescimento.

    Existe um sentimento de urgncia porque, emboratardiamente, est cada vez mais claro que quem no semexe, quem no se internacionaliza atropelado, dizLus Afonso Fernandes de Lima, presidente da Socieda-de Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da

    Globalizao Econmica (Sobeet). Estamos apenas enga-tinhando e precisamos correr, pois esse um movimentoque no est restrito ao Brasil e foge ao nosso controle. Em2006, de acordo com Lima, havia 78 mil empresas multina-cionais no mundo, com investimentos equivalentes a quaseum quarto do PIB global. Esse nmero era cinco vezessuperior ao de 1980. Pelo que se v entre as empresas brasi-leiras, o nmero das que operam no exterior tem crescido etende a aumentar ainda mais nos prximos anos. Segundoum estudo recente da firma de consultoria Accenture, 10%das 500 maiores companhias brasileiras pretendem ir scompras e fazer aquisies de empresas em outros pases.

    Por que isso est acontecendo?Do ponto de vista das necessidades das empresas, omovimento pela internacionalizao extremamentepositivo. Num regime de mercado aberto e com empre-sas controladas pelo capital privado, no h o que fazerpara impedir que um volume cada vez maior de capitalbrasileiro seja utilizado para adquirir empresas, erguerfbricas e gerar empregos em outros pases. O problemaest justamente nesse ponto. No incio do ano, o presi-dente Luiz Incio Lula da Silva disse publicamente quea Vale, que recm-anunciara sua inteno de adquirir ocontrole da mineradora anglo-sua Xstrata, deveria in-

    vestir mais no Brasil, em vez de voltar os olhos para o ex-terior. A respeito das crticas, duas observaes: 1) Lulase referia especificamente Vale mas o que ele dissepode ser muito bem aplicado a um nmero considervelde organizaes. 2) Ele no foi o primeiro nem o nico

    brasileiro que ainda v com certa reserva o movimentode expanso internacional das companhias.

    Um dos economistas mais respeitados do pas, o ex-ministro da Fazenda Antnio Delfim Netto, por exemplo,volta e meia manifesta uma opinio semelhante. Outrosvo at mais longe: A Vale uma grande empresa, temPAU

    LOAMORIM/AE

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    um grande faturamento, mas est tirando o minrio denosso subsolo, estragando o pas e levando nossas rique-zas embora, disse PIB um dos interlocutores mais

    prximos do presidente da Repblica. Ela gera poucoemprego e no paga muito imposto. Ento a pergunta :esse tipo de empresa deve receber incentivo? Deve tertratamento diferenciado?

    A pergunta : a expanso internacional das empre-sas apresenta algum risco de prejudicar o conjunto dopas? Os empregos que as companhias nacionais geramno exterior poderiam ser criados em territrio brasileirose os recursos que financiam suaexpanso internacional fossemaplicados no Brasil? Essa , talvez,uma das principais questes a se-

    rem debatidas no momento emque um nmero cada vez maiorde empresas est com as velasenfunadas em busca de novosterritrios onde se instalar.

    Para o governo brasileiro, a in-ternacionalizao de uma empre-sa como a Vale traz dois tipos depreocupao. O primeiro diz res-peito s condies de pagamentoe s eventuais mudanas na com-posio acionria da empresa. O

    segundo a necessidade de a em-presa aumentar sua presena noBrasil, ampliando e diversificandosuas atividades. Tem de agregarvalor, gerar renda, gerar empre-gos, disse PIB um influenteministro do presidente Lula (vejaquadro na pgina 31).

    No captulo especfico daVale, que comunicou na ltimasemana de maro a desistnciatemporria das negociaes

    pela Xstrata (que podero serretomadas nos prximos seismeses, segundo a empresa), preciso analisar o cenrio commuito cuidado. Muito j se falousobre o papel que a compra damineradora canadense Inco pelaVale, por US$ 17 bilhes, desem-penhou para fazer de 2006 o pri-meiro ano da histria em que osinvestimentos diretos feitos pelo

    Brasil no exterior foram maiores que o valor investidopelas empresas estrangeiras no pas. No captulo dasaquisies, a Vale foi especialmente voraz. Entre 2001

    e 2007, a mineradora incorporou nada menos que 18empresas no exterior. Mas isso no fez com que negli-genciasse sua posio no Brasil. Em outubro de 2007 acompanhia anunciou seu plano de investimento para2008. O valor previsto de US$ 11 bilhes, o maior dahistria da empresa. Os recursos sero direcionados amais de 30 projetos no Brasil (65% do valor total) e emoutros oito pases (35%).

    Dois desses projetos no Bra-sil so tpicos de diversificaode atividades e soam como umasatisfao s preocupaes do

    presidente Lula. O primeiro, janunciado, a construo de umasiderrgica em Marab, no sudes-te do Par, no valor de US$ 3 bi-lhes. O segundo, tambm de umasiderrgica, no Maranho, estsendo discutido com o grupo Tata,da ndia. Com investimentos deUS$ 3,9 bilhes, envolveria aindao BNDES e o grupo Gerdau.

    Essa montanha de dinheiroresultar em empregos, muitos

    empregos. No final de maro, aVale anunciou que vai recrutar nosprximos cinco anos 62 mil fun-cionrios para atuar nas unidadesque possui pelo mundo. Dos novoscontratados, quase 80% refora-ro seus quadros no Brasil. Almde contratar, investimos pesadona formao de mo-de-obra,diz Maria Gurgel, diretora de pla-nejamento de RH da Vale. Nesteano, cerca de 3.500 pessoas vo

    completar um curso interno detreinamento intensivo.

    Uma eventual compra nosprximos meses da Xstrata po-deria fazer o ponteiro da balanapender para o outro lado de umahora para outra. A Xstrata exploracobre, carvo, nquel e zinco empases como Argentina, Canad,Chile, Colmbia, Filipinas, fri-ca do Sul e Estados Unidos. Mas,

    Capa

    FONTE:THEBOSTONCONSULTINGGROUP

    Indicadores daVale em perspectiva

    A empresa brasileira tem o maior plano deinvestimentos para 2008 entre todas ascompanhias de minerao e metalurgia do mundo(investimentos em bilhes de US$, no incluem aquisies)

    ...e a campe em remunerao de acordo com oRanking de Retorno Total ao Acionista (TSR)(TSR ao ano entre 2002 e 2006)

    Vale 11,0

    BHP Billiton 5,7

    ArcelorMittal 5,2

    Votorantim 4,8

    Rio Tinto 4,5

    Anglo American 4,3

    Xstrata 3,7Alcoa 1,9

    Freeport-McRan Copper & Gold 1,5

    Gerdau 1,1

    Norilsk Nickel 1,0

    1. Vale 54,6%

    2. Amrica Mvil 53,3%

    3. Apple 50,6%

    4. British American Tobacco 25,8%

    5. Genentech 24,5%

    6. Anglo American 23,2%

    7. BHP Billiton 3,2%

    8. Endesa 20,8%

    9. Toyota 20,7%

    10. Boeing 20,1%

    FONTE:COMUNICADOSPUBLIC

    ADOSNOSSITESDASCOMPANHIAS

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    mesmo assim, US$ 7,1 bilhes da Vale esto

    garantidos para novos projetos no Brasil.Fora da China, que tem mercado in-terno portentoso, companhias nacionaisfocadas no mercado domstico tendema desaparecer, diz Stephen Cooney,especialista em indstria do Servio dePesquisa do Congresso dos Estados Uni-dos. Para competir na arena global emprocesso de consolidao, as empresasbrasileiras de ferro e ao precisam diversificar seusplos de atuao e ganhar porte.

    H um ltimo aspecto a ser analisado.

    Hoje a Vale a segunda maior mineradora do plane-ta e, em todo o mundo, a empresa que d mais retornoaos acionistas, entre companhias com valor de mercadosuperior a US$ 50 bilhes. Conquistou o primeiro lu-gar no ranking global da rea The 2007 Value Creators

    Report _, organizado pelo Boston Consulting Group. Oestudo analisou o desempenho de 610 companhias de44 pases de 2002 a 2006. Foi tambm (e fcil compre-ender o porqu) a empresa estrangeira preferida pelosinvestidores de Wall Street em 2007, segundo o rankingde negociao mdia diria de ADRs. A BHP Billiton,

    que a nmero um entre as mineradoras,

    ocupou a stima posio.A julgar pelo movimento de uma sriede empresas brasileiras, os investimen-tos verde-amarelos devem continuar seexpandindo rumo a outros pases. Umestudo feito pela Universidade Federal doRio de Janeiro constatou que, ao longo dadcada de 1990, os investimentos diretosde companhias nacionais no exterior no

    ultrapassavam os US$ 2,5 bilhes e praticamente todoesse dinheiro era de responsabilidade da Petrobras. Hojeo pas tem pelo menos duas dezenas de empresas de des-

    taque, com mais de 50 fbricas em operao no exterior.A tendncia de aprofundamento da internacionalizaoda economia brasileira tem sido verificada, tambm, pelaConferncia das Naes Unidas para Comrcio e Desen-volvimento (Unctad), que acompanha as rotas do inves-timento internacional em estudos anuais. O fenmeno bastante acentuado nos setores mais intensivos em re-cursos naturais, mas tambm tem alcanado empresasindustriais. No ranking das 25 maiores companhias trans-nacionais no financeiras de pases em desenvolvimento,classificadas por ativos no exterior, publicado no World

    10% das grandescompanhiasbrasileiras

    planejam fazeraquisies fora

    Votorantim Celulose: o grupo vai dobrar o faturamento no exterior em 2008, aps srie de aquisies de cimenteiras

    FERNANDOMORAES/FOLHAIMAGEM

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    Investment Report 2007,da Unctad, esto duas brasileiras:Petrobras (13 lugar) e Vale (18 lugar).

    O movimento das empresas brasileiras tem sido esti-

    mulado pela necessidade de melhorar a posio competi-tiva, claro, mas tambm pelas condies favorveis que omercado vem oferecendo. O forte investimento em infra-estrutura na China e a escalada da produo mundial deao tm estimulado a formao de grandes grupos tantona minerao como na siderurgia. Outrossetores tambm se beneficiam do avanochins. Observe, por exemplo, o caso dafabricante de avies Embraer. A empresapassou, a partir de 2002, a montar aviesna China. A joint venture com o governodo pas comunista resultou na criao da

    Harbin Embraer Aircraft Industry Com-pany, com planta na cidade de Harbin, 150quilmetros a nordeste de Pequim, paraproduo de jatos ERJ 145. A fbrica tem encomenda paraentrega de 50 dos jatos feitos na China. E os chineses jcompraram outros 50 Embraer 190, produzidos no Brasil.

    Acredito que no teramos vendido os avies de fabricaonacional se no estivssemos presentes na China, diz oengenheiro Horcio Forjaz Aragons, vice-presidente deadministrao e comunicao. Os resultados obtidos coma internacionalizao compensam largamente a energia ea dedicao para a superao de dificuldades.

    Os empreendedores mais atilados j se deram contadisso. Eles se conscientizaram de que as exportaes apartir do Brasil no garantem presena global

    muito mais facilitada quando se tm finca-das bases de produo em outros pases. Taisbases permitem o melhor conhecimento das

    necessidades locais e contribuem para a reduo do custodo acesso aos clientes. uma tendncia absolutamentenatural que empresas lderes de mercados emergentes

    se internacionalizem, diz Wieland Gurlit, consultor daMcKinsey especializado em minerao e siderurgia.Essa tendncia pega empresas privadas, como a Vale,

    e tambm a gigante Petrobras. Os investimentos interna-cionais da estatal, ajustados pelo dlar de 2004, saltaram

    de modestos US$ 139,3 milhes em 1990para US$ 3,3 bilhes em 2006. A alta dopetrleo, que permitiu empresa ter maisdinheiro em caixa, s explica em parte suadeterminao de se tornar uma petrolferacom atuao global. Seremos uma das cin-co maiores empresas integradas de energia

    do mundo, diz Jos Srgio Gabrielli, pre-sidente da Petrobras. Para isso, a empresaaprovou um plano de investimento de US$

    112,4 bilhes entre 2008 e 2012, dos quais 13% no exteriore 87% no Brasil. Estados Unidos, Nigria, Argentina, An-gola, Venezuela, Colmbia e Turquia so alguns dos locaisque recebero recursos da companhia.

    Movimentos como esse tm tudo para ser vistos comodecises empresariais cada vez mais naturais daqui pordiante. Um dos pioneiros nessa rota, o grupo siderrgi-co Gerdau, figura pelo segundo ano consecutivo comocampeo entre as empresas mais internacionalizadas do

    Ranking das Transnacionais Brasileiras, um trabalho feitopela Fundao Dom Cabral em parceria com a Universida-de Columbia, dos Estados Unidos. Em 2007 aGerdau contabilizou 12 aquisies internacio-nais. As unidades no Brasil responderam por47% do faturamento bruto de R$ 34,2 bilhes

    Capa

    Expanso paraoutros pasestem tudo para

    ser vista comonatural em breve

    Embraer: fbrica na Chinagarantiu encomendas de

    aeronaves feitas no Brasil

    (ESQ.)

    DIVULGAO/EMBRAER(DIR.)

    LALODEALMEID

    A/FOLHAIMAGEM

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    registrado pela empresa no ano. As plantas industriais nosEstados Unidos e no Canad contriburam com 33,3%, asunidades da Amrica Latina (exceto Brasil) somaram

    10,6% e as da Espanha representaram 9,1%. A plataformade crescimento do grupo Gerdau no cenrio siderrgicointernacional foi ampliada. Seguiremos com a estratgia decrescer com rentabilidade e manter elevados padres decompetitividade, afirmou o presidente do grupo, AndrGerdau Johannpeter, ao divulgar os resultados.

    O estudo da Dom Cabral oportuno. Avaliamos oquanto representam, na empresa, ativos, vendas e em-pregos que ela tem no exterior, explica o coordenadorde negcios internacionais da Fundao Dom Cabral,Luiz Carlos de Carvalho. O estudo detectou que as 20empresas brasileiras com mais ativos fora do pas pos-

    suem mais de US$ 56 bilhes alocados no exterior. Mos-trou, tambm, que o Brasil o maior exportador de in-vestimento na Amrica Latina e o segundo maior entreos pases em desenvolvimento.

    Seja como for, o certo que, a despeito das discussesapaixonadas que o tema da internacionalizao despertae ainda despertar nos prximos anos, o processo dasempresas brasileiras vai prosseguir. A fabricante de au-topeas Sab j tem unidades na Alemanha, na ustria,na Hungria e nos Estados Unidos, est construindo umana China e busca negcios para fechar na ndia (vejareportagem na pg. 42).A JBS-Friboi no pra de com-

    prar frigorficos mundo afora (veja nota na seo Antena).Como a Friboi, outros empreendimentos de setores compouca tradio em investidas alm-fronteiras andam embusca de novos espaos. E o momento excepcional poruma srie de razes.

    Em primeiro lugar, porque existem muitos negcios venda, no s em pases em desenvolvimento, mas tam-bm nos desenvolvidos e industrializados. Depois, por-que h bastante oferta de crdito e o Brasil j no vistocomo pas de alto risco. Alm disso, porque com o realvalorizado o investimento externo ficou relativamentebarato. Assim, a empresa gacha de mveis planejados

    nica, que controla a marca Dell Anno, vem multipli-cando suas lojas na Amrica Latina e agora est presentetambm na Europa, com resultados bastante positivos:ampliao do quadro de funcionrios, das instalaese do faturamento no Brasil Temos um plano ousadode crescimento e internacionalizao, diz o gerente deexportao da empresa, Juliano Barretti.

    Para onde quer que se olhe, existe um exemplo de queo processo irreversvel. O incio de 2008 tambm foifervilhante de eventos na Votorantim. O grupo assumiu ocontrole da siderrgica colombiana Aceras Paz del Ro, na

    A POSIO DO GOVERNOPIB OUVIU UM DOS MINISTROSmais prximosdo presidente Lula sobre a tentativa temporaria-mente frustrada da compra da Xstrata pela Vale.Abaixo, em linhas gerais, a posio do governo sobrea operao.

    O governo no tem uma posio de ser contraou a favor da internacionalizao. Esse um proces-so inevitvel. um fato da vida. A consolidao daeconomia brasileira, com uma presena do pas cadavez maior no cenrio internacional, caractersticasprogressivamente marcantes nos ltimos dez anos,resultou tambm na maior atuao de empresasbrasileiras no exterior. O governo brasileiro tem todoo interesse em que a Vale tenha presena mais amplano mundo. Se vier a comprar a Xstrata, passar a termaior peso na Amrica do Sul, o que muito positivo.

    O problema o seguinte: o que bom para a

    empresa nem sempre necessariamente o melhorpara o pas. A Vale tem de dizer como vai pagar pelaXstrata. Se o pagamento for feito em ao que ddireito a voto (ordinria), pode ser um problema,porque teoricamente voc pode no estar interna-cionalizando, mas sim desnacionalizando. Pode-seargumentar que a participao dada em pagamentoser menor do que a parte de todos scios brasileirosjuntos. Sim, mas isso no impede que seja criada umasituao de fragilidade, que torne a Vale suscetvelao jogo de composio acionria e a conseqentesofertas indesejadas. No podemos ter outra Ambev.

    muito bonito, muito bonito, mas desnacionalizou.Ao mesmo tempo, a Vale, ao se tornar cadavez mais uma grande multinacional, tem de tomarcuidado para no deixar de ser uma empresafundamentalmente brasileira. Ela precisa ter umapresena mais forte no Brasil, no apenas no ramoda extrao de minrio, mas tambm gerar ativi-dades que agreguem valor. Por que no tem umasiderrgica no Par? Ou no Maranho? Eles alegamque no podem competir com seus clientes. Ora,podem se associar a seus clientes e jogar um papelde estabilidade dentro disso. Tem de agregar valor,

    gerar renda, gerar empregos.O BNDES e os fundos tm uma participao

    enorme na Vale. O negcio com a Xstrata s sai seo governo quiser. Mas a posio no de atrapa-lhar. O presidente no tem nenhum deslumbra-mento nem preconceito com relao aos empres-rios, com quem negociou a vida inteira. Sabe que gente de carne e osso, querendo levar vantagens, oque do jogo, mas nem sempre o que eles falam ouo que eles vendem a verdade. (Nely Caixeta)

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    qual j detinha participao. A Votorantim Cimentos com-prou a americana Prairie, uma das maiores companhias deconcreto e agregados do meio-oeste dos Estados Unidos. Anova aquisio vem sendo integrada aos ativos da subsidi-ria da empresa na Amrica do Norte, a Votorantim CementNorth America, cuja operao se faz em conjunto com a

    canadense St Marys Cement, adquirida pela Votorantimem 2001. At 2008, a Votorantim Cimentos projeta dobrarseu faturamento no exterior para US$ 1,5 bilho.

    Esses so apenas alguns exemplos de um fenmenoque pode ser observado em vrios setores da economiabrasileira, em todas as regies do pas. As vantagens des-se movimento so muitas, como constata Welber Bar-ral, secretrio de Comrcio Exterior do Ministrio doDesenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior. Hbenefcios para as empresas e para o pas. As empresascontornam barreiras comerciais, ganham maior estabi-lidade, acesso a matria-prima, escala e produtividade.

    Alm disso, tm ganhos intangveis no que diz respeito divulgao da marca e reputao no mercado inter-nacional. Para o pas, a extenso dos in-vestimentos gera novas oportunidades deexportao e divulga a marca Brasil o quetem efeito multiplicador nos negcios.

    Neste ponto cabe bem um exemplo deempresa que atua no setor de servios. AConstrutora Norberto Odebrecht (CNO)apresenta elevado grau de internacionali-zao em termos de disperso geogrfica,

    atividades exercidas no exterior e tempo de experinciainternacional. Iniciou suas operaes fora do Brasil em1979. Uma caracterstica notvel de sua atuao o efeitocascata que provoca no pas (veja quadro na pgina 54).Outra a extrema capacidade que teve de se ajustar aosmercados onde fincou sua bandeira. Nossa experincia

    exitosa, diz Roberto Dias, diretor de relaes insti-tucionais das atividades de engenharia e construo daOdebrecht. Sabemos que cada pas tem realidades, cos-tumes, leis, tudo muito especfico, e preparamos pessoaspara compreender e se integrar plenamente aos ambientesnos quais atuamos.

    Um padro mais ou menos generalizado entre as em-presas que investem em operaes no exterior iniciar acarreira internacional pelo caminho da exportao o quelhes permite a receptividade dos mercados aos seus pro-dutos, a competitividade do que tm a oferecer e os pontosdo planeta onde seria mais vantajoso deitar razes. Foi o

    que aconteceu com a Sadia, que acaba de construir seuprimeiro frigorfico fora do Brasil, em Kaliningrado, na

    Rssia. Experincia semelhante, pormmais antiga, a da catarinense Weg, umadas trs maiores fabricantes mundiais demotores eltricos. A empresa de Jaragudo Sul aplica, desde 1996, a estratgia deadquirir fbricas de pequeno porte e de-pois consolidar as operaes. Tem subsi-dirias em 20 pases e fbricas na Argen-tina, no Mxico, em Portugal e na China.

    Capa

    Inco: aquisio da mineradora pela Vale, em 2006, um marco da histria dos investimentos brasileiros no exterior

    Sobramexemplos de que

    a globalizao um processo

    irreversvel

    DIVULGAO/VALE

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    Capa

    Desde o incio das operaes da companhia fora do Brasilas exportaes diretas tambm cresceram aceleradamen-te. Hoje, cerca de 70% das vendas externas da Weg so

    destinadas a unidades da empresa no exterior.O processo de internacionalizao apresenta aindauma srie de efeitos colaterais positivos. Um deles: desdea dcada de 1990 a produtividade mdia da indstrianacional vem crescendo taxa mdia de 8% ao ano, pro-vavelmente em decorrncia da maior competitividadeque as empresas foram obrigadas a perseguir com a aber-tura da economia brasileira. Outro exemplo: em 2006, aevoluo das vendas das 500 maiores empresas do passuperou o crescimento do PIB no ano 5,8%, ante 3,7%,de acordo com dados do anurioMelhores e Maiores, pu-blicado pela revistaExame, da Editora Abril. O investi-

    mento externo direto acusado de trazer prejuzo aosinteresses dos trabalhadores e ao pas, mas o fato que,se uma empresa cresce no exterior, ganha estabilidade ese fortalece para enfrentar perodos de crise, diz DanteMendes Aldrighi, professor da Faculdade de Economiae Administrao da Universidade de So Paulo. Os in-vestimentos externos e domsticos no so excludentes:podem e devem ser complementares.

    Para Henri Kistler, secretrio de Aes Internacio-nais do Ministrio da Fazenda, o processo de internacio-nalizao recente mostra a inverso nos fundamentos daeconomia brasileira ocorrida nas duas ltimas dcadas.

    Nos anos 1990, o Brasil precisava de dinheiro externo parafechar as contas do balano de pagamentos. No haviacondies objetivas para cuidar de internacionalizao,explica. Com o acmulo consecutivo de grandes saldoscomerciais, a situao mudou. O crescimento de reser-vas incentiva o investimento direto no exterior. E assimpodemos chegar a uma situao ideal, em que as contasexternas sejam fechadas com royalties e remessas de lu-cros gerados por investimentos de empresas brasileiras noexterior. Segundo ele, os recursos repatriados represen-tam, em mdia, 10% do capital investido fora do pas.

    OS LONGOS ANOS de economia fe-chada trouxeram inmeras conse-qncias negativas para o setor pro-

    dutivo brasileiro, as quais, aos pou-cos, vm sendo superadas. As taxasde investimento crescem ano a ano,vrios setores, aps profunda rees-truturao, vm adquirindo capaci-dade competitiva internacional, e ainflao encontra-se controlada.

    As transformaes pelas quais aeconomia j passou, e ainda vem pas-sando, no so desprezveis. Ao con-

    ARTIGO

    RESISTNCIAS FORA DO LUGARO preconceito contra a internacionalizao das empresas brasileirasainda permeia o debate econmico atual L D I A G O L D E N S T E I N

    trrio, pelo menos em alguns setorestm sido profundas.

    Mais ainda, certos assuntos

    que eram verdadeiros tabus, comoa privatizao, foram enfrentados,e hoje poucos so os que ainda seagarram velha ortodoxia estati-zante. Mesmo estes, em algumamedida, j aceitam que em certossetores, sob algumas condies,desde que realizadas de certa for-ma, a privatizao pode ser ummal necessrio.

    Paulatinamente, a duras penas, odebate econmico vem se livrando dasamarras ideolgicas que o empobre-ciam e se enriquecendo com a miradede oportunidades que se abrem.

    Surpreende, portanto, como, ape-sar desses inequvocos avanos, o pre-conceito contra a internacionalizaodas empresas brasileiras ainda per-

    meia o debate econmico atual.Ainda h quem acredite que inter-

    nacionalizar empresas exportar em-pregos. Que as vantagens auferidaspela internacionalizao so restritass prprias empresas e a seus acionis-tas e, portanto, um absurdo o gover-no financiar esse processo.

    Inequivocamente, esse tipo de re-sistncia uma das heranas que so-

    TIAGOQUEIROZ/AE

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    35P I B

    A experincia internacionalmostra que atuar no cenrio maisamplo da economia global umdesafio, mas traz dividendos paraos negcios, os acionistas, os tra-balhadores e o pas de origem daempresa. Foi o que se verificouem pases como a Coria do Sule a Itlia. As empresas italianasde mdio porte se internacionali-zaram, ganharam produtividade e

    novos mercados, e no reduziramsuas operaes nem o nmero de empregados locais, dizVictor Sonzogno, gerente da filial paulistana da empresaitaliana de consultoria Ambrosetti. Umexemplo coreano a Samsung, uma dasmais bem-sucedidas empresas emergen-tes. Inicialmente, a companhia acumulouexperincia no desenvolvimento de pro-dutos e operaes. Ento, fez uso de suaexpertise em inovao para se lanar nosEstados Unidos e na Europa. Em seguida,investiu pesadamente em pesquisa e de-

    senvolvimento e na marca global, aumentando ainda maissua participao no mercado mundial. Mais que isso, comoa operao global requer executivos que saibam atuar em

    pases, culturas e contextos diversos, a Samsung no ape-nas passou a recrutar pessoas de diferentes nacionalidadesnas principais universidades do mundo: criou um centrointerno de treinamento para a gesto de desempenho.

    Ainda este ano a Sobeet dever desenvolver um estudopara verificar o efeito da exposio a experincias e cul-turas diversas no grau de inovao tecnolgica e no valoradicionado dos produtos das empresas brasileiras. Umtrabalho do Iedi que investigou empresas exportadoras jconstatou que exportar faz bem no apenas ao balano dascompanhias, mas tambm qualidade gerencial de suasoperaes e a seus produtos. A aposta dos estudiosos que

    quanto maior e mais diversificada a atividade, inclusivecom operaes em diferentes pontos do planeta, melhoresos resultados obtidos. E que nada se faz sem que haja um

    transbordamento de modernizao geren-cial e produtiva e de ganhos de produtivida-de para cadeias e mercados domsticos, re-sultando em preos mais em conta e maiorqualidade para o consumidor interno.

    O BNDES tem promovido encontrosde empresrios, inclusive no exterior,para estimul-los a pensar e agir de formaglobalizada. Outras organizaes esto

    breviveram da poca em que o Brasilera uma economia fechada, do pontode vista econmico e aos grandes de-bates e movimentos de transforma-o internacional.

    S a ignorncia em relao aopapel que as empresas internacio-nalizadas podem cumprir em termosde dinamizao da economia de seu

    pas-sede explica a viso negativaque muitos ainda guardam.

    Do ponto de vista das empresas,muitos so os atrativos para sua in-ternacionalizao. Alm de superarbarreiras tarifrias e no tarifrias,a possibilidade de gerar receitas emdlares ou euros, obter proteo con-tra oscilaes ou esgotamento domercado interno, criar canais de dis-

    tribuio mais geis e obter acesso amercados financeiros mais sofistica-dos so algumas das vantagens.

    Mas, alm de propiciar o fortaleci-mento e crescimento das empresas, ainternacionalizao um importanteinstrumento de elevao da competi-tividade do pas.

    A experincia mundial mostra que

    os pases-sede de empresas interna-cionalizadas usufruem de importan-tes e diversificados ganhos que no serestringem aos possveis repatriamen-tos de lucros e dividendos, que por sis j justificariam o apoio internacio-nalizao das empresas.

    As companhias que mais se inter-nacionalizaram so, tambm, as lde-res no comrcio global e na gerao de

    inovaes. E no poderia ser dife-rente, pois o sucesso da internacio-nalizao depende da capacidadecomercial da empresa, a qual, porsua vez, depende de sua capaci-dade de inovao. Mais ainda, de-pende da capacidade de inovaode seus fornecedores, que muitasvezes as acompanham no proces-

    so de internacionalizao. Ou seja,so empresas que passam a teruma influncia positiva em toda asua cadeia, impondo padres e mo-dernizao a seus parceiros.

    Companhias internacionaliza-das e/ou com marcas globais abremcaminhos e oportunidades paraoutras empresas e produtos deseu pas. medida que enfrentam

    Gerdau: em 2007 o grupofez 12 aquisies noexterior, onde obtm 47%de suas receitas totais

    Acmulo dereservas permite

    incentivo aoinvestimento

    no exterior

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    mercados maiores e mais exigentes,levam consigo um importante valorintangvel, que a valorizao de umpas enquanto produtor de mercado-rias diferenciadas.

    Internacionalizar uma empresano sinnimo de deixar de inves-tir no pas-sede. Ao contrrio, emmuitos casos significa elevar as re-

    laes comerciais entre filiais espa-lhadas pelo mundo, exigindo inves-timentos complementares na ma-triz. Do ponto de vista dos pases,portanto, faz todo o sentido apoiaro processo de internacionalizaode suas empresas.

    Apesar de ainda atrasado noprocesso se comparado com o depases em estgios semelhantes de

    Quer por motivos saudveis,quer por estratgias defensivas, ainternacionalizao das empresas um ganho tanto para elas mes-mas e suas cadeias de fornecedo-res quanto para o pas.

    O Brasil comeou tarde esseprocesso. Muitos paises tm estra-tgias e polticas ativas de inter-

    nacionalizao de suas empresash dcadas. Outros, como a China,apesar de terem comeado a inter-nacionalizar suas empresas maisrecentemente, esto muito agres-sivos em suas estratgias.

    Em resumo: no existe justi-ficativa para o Brasil no fortale-cer sua participao internacionalatravs de suas empresas. z

    trabalhando para que aeconomia brasileira possase beneficiar da interna-

    cionalizao das empresas.Este ano a Fundao DomCabral promover um se-minrio que vem sendochamado informalmentede Top Stars. Seu objeti-vo ser estudar o processode internacionalizao deempresas a partir de economias emergentes. A atenopara o tema foi despertada por uma pesquisa do The Bos-ton Consulting Group que listou 100 desafiantes globaisdas economias em rpido desenvolvimento. Delas, 70

    tm sede na sia, 18 da Amrica Latina e as demais empases como Rssia e Turquia. Entre as brasileiras estoBraskem, Vale, Embraer, Gerdau, Petrobras e Sadia.

    Mais? Bem, sempre h o que fazer para aprimorar ascondies em que as empresas operam. Atualmente, se-gundo o embaixador Samuel Pinheiro Guimares Neto,secretrio-geral do Ministrio das Relaes Exteriores, oprocesso de investimento direto de empresas brasileirasno exterior tem total apoio do governo. Esse apoio se d,por exemplo, pela celebrao de acordos de livre comr-cio para que tenhamos os mesmo direitos usufrudos poroutros pases, como a Colmbia e o Chile, nas relaes

    comerciais com os EstadosUnidos, diz ele.

    O consultor de empresas

    especializado em mercadointernacional Michel Alaby,presidente da Associao deEmpresas Brasileiras paraa Integrao de Mercados,sugere que sejam firmadosmais e mais acordos paraevitar bitributao sobre os

    lucros remetidos ao Brasil. Grande parte dos investimen-tos brasileiros no exterior passam por parasos fiscais paraevitar que se recolha imposto sobre o lucro no exterior esobre os dividendos no Brasil, diz Alaby. O consultor su-

    gere, ainda, que o Brasil se espelhe na China. Em 2000 oschineses lanaram a estratgia Go Global, com a meta deter entre 30 e 50 empresas internacionalmente competiti-vas em 2010. O governo oferece incentivos fiscais, financei-ros e trabalhistas aos investidores e promove a assinaturade acordos comerciais, de promoo e proteo recprocade investimentos. Resultados que j puderam ser percebi-dos em 2007: o nmero de multinacionais chinesas saltoude 48 para 8.500, com presena em 167 pases, e a Chinapassou a ser o quinto maior investidor mundial. O Brasilpoder melhorar seu desempenho se as aes forem maisbem planejadas, diz Alaby. z

    desenvolvimento, o processo de inter-nacionalizao das empresas brasilei-ras tem avanado nos ltimos anos.Em 2007, mais de 25 empresas fize-ram investimentos no exterior, comUS$ 12,135 bilhes aplicados l fora.Algumas, entre as quais se destacamVale, Embraer, Petrobras, Votorantime Gerdau, com estratgias agressivas

    e vitoriosas. Outras, nem sempre pe-los motivos mais saudveis, mas porestratgias defensivas, pois, pressio-nadas pela valorizao do cambio,pela precariedade da infra-estrutura epela falta de acordos comerciais bila-terais do Brasil, percebem a interna-cionalizao como um bom caminhopara ultrapassar esses obstculos aseu crescimento.

    Petrobras na Colmbia: 13% do investimento feito fora

    DIVULGAO/PETROBRAS

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    Reportagem

    Ouem chega sede daMauricio de Sousa Pro-dues, no bairro daLapa, em So Paulo,precisa transpor um

    portal no estilo japons para chegaraos elevadores. Estamos respirandoares orientais por aqui, diz o donodo pedao, o desenhista e empres-

    rio Mauricio de Sousa. Convidado emcima da hora para criar as mascotesdas comemoraes dos 100 anos daimigrao japonesa no Brasil, Mauri-cio teve apenas dois dias para traaras personagens Keika e Tikara. Comofaz h 30 anos, contou com o auxlioda mulher e diretora de arte, AliceTakeda. O Tikara uma mescla dos

    Impulsionado pelopersonagem RonaldinhoGacho, Mauricio deSousa quer fazer daTurma da Mnica umsucesso internacional

    J O O PA U LO N U CC I

    Tabelinha espelta

    FOTOS:RICARDOBENICHIO

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    meus filhos mais novos. J a Keikaficou parecida com a Alice quandocriana, afirma, confessando o hbi-

    to de se inspirar na prpria famlia nahora de criar. Todas as personagensda Turma da Mnica, que desde 1970estrela o gibi mais vendido no pas,foram baseadas nas personalidadesde seus dez filhos ou em amiguinhosdeles a extensa prole comea comMaringela, de 49 anos, e terminacom Marcelo, de 10.

    Aos 72 anos de idade e prestes acompletar cinco dcadas de carreira

    (a primeira tira do Bidu, cachorrinhodecalcado do animal de estimaoda famlia, foi publicada em 1959 no

    jornalFolha da Manh, hoje Folhade S.Paulo, no qual comeou comoreprter policial) , Mauricio prepa-ra a expanso internacional de suaempresa. Trabalho o que no falta:alm da viagem marcada ao Japopara lanar suas novas crias, Mauri-cio est cuidando da abertura de umParque da Mnica em Luanda, capitalde Angola, finaliza um material edu-cacional que vai ajudar a alfabetizar

    180 milhes de chineses, acerta osltimos detalhes para o lanamentoda revistinha do Ronaldinho Gacho

    nos pases escandinavos e negocia aproduo de um jogo para videoga-me com uma das gigantes globais dosetor, cujo nome mantm sob sigilopor enquanto.

    Atuar em outros pases no no-vidade para Mauricio. Nos anos 1970,o Pelezinho, personagem inspiradoem Pel, fez sucesso no mundo todo.Alm disso, um contrato com uma dis-tribuidora norte-americana garantia

    A TURMA DA MNICA NO MUNDOSO MAIS DE 30 pases que recebem produtoseditoriais ou de consumo, via licenciamento

    Regio Produtos

    frica Alimentos, fraldas, bolsas,artigos escolares e parafestas e Parque da Mnica

    Amrica do Norte Alimentos, roupas,relgios, tirinhas

    Amrica do Sul Roupas, calados, bolsas,mveis, brinquedos, fraldas,

    artigos escolares e de festas,tapetes, lenos, malas, lbunsfotogrficos, alimentos, artigosde higiene, jogos e desenhosanimados no canal Cartoon

    sia Revistinhas, tirinhas, brinquedos,livros, alimentos, refrigerantes,artigos para festas e materialeducativo

    Caribe Desenhos animados,lancheira, salsichas e roupas

    Europa Revistinhas e produtos doRonaldinho Gacho, revistinhase livros da Turma da Mnica,alimentos, brinquedos, desenhosanimados, artigos de higiene,material escolar e lancheiras

    Oriente Mdio Frangos Perdigo, roupasTip Top e escovas Fidalga

    OS CRAQUES:Ronaldinho Gacho

    hoje o principal negciointernacional de

    Mauricio de Sousa

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    a publicao de tirinhas em jornaisde diversos pases. No incio dosanos 1980, graas interveno dofundador da Editora Abril, o falecidoVictor Civita, as revistinhas da Turmada Mnica chegaram a ser publicadasem 14 pases. A experincia acabou,

    segundo Mauricio, por presso de umgrande concorrente mundial do qualprefere no revelar o nome.

    Dentuo da bolaAs dificuldades impostas pela eco-nomia brasileira entre os anos 1980 e1990 levaram o empresrio a dar umameia-trava na experincia no exteriore centrar fogo no mercado local. Pa-ramos com tudo o que fazamos forapara esperar a hora certa de voltar.

    Finalmente, acredita Maurcio, a horachegou. O novo ciclo de internaciona-lizao da empresa promete ser bemmais consistente. Desde o incio da d-cada, a irm de Mauricio, Yara Maura,mantm um escritrio em Nova York.Graas s portas abertas por Maura,a revistinha da Turma da Mnica publicada h oito anos na Indonsia,o principal jornal da Coria do Sultraz tirinhas de Mauricio e uma srie

    de desenhos animados faz sucessona Itlia. O carro-chefe desse movi-mento, porm, to dentuo quantoa Mnica, mas carrega uma bola defutebol no lugar do coelhinho.

    Ronaldinho Gacho, que viroupersonagem em 2005, um sucesso

    de vendas de produtos licenciadosna Espanha e em Portugal. Ronal-dinho abre caminho para ns, dizMauricio. Ele nos permite oferecera Turma da Mnica. Apesar do su-cesso dessas iniciativas e de as tiri-nhas da Turma da Mnica estaremsendo novamente distribudas para omundo todo por uma empresa norte-americana, o ataque final ao mercadoglobal ainda est sendo preparado.

    Mauricio acredita que o negcio s

    vai ganhar escala emoutros pases quandoseus personagens es-tiverem na televisoe no cinema, almde nos gibis e jornais.Com isso, possvel,segundo ele, explorara verdadeira mina deouro do mercado: o li-cenciamento. No Bra-

    sil, cerca de 70% do faturamento daMauricio de Sousa Produes queno revelado surge dos mais de2.000 produtos licenciados por cercade 70 empresas. Os demais 30% vmdas revistas, das tirinhas, dos livros,do Parque da Mnica, em So Paulo,

    e dos desenhos animados.No momento, a empresa finali-za uma srie de 13 desenhos para aTV da Turma da Mnica. Um novolonga-metragem tambm est a ca-minho. Tudo embalado para encararo mundo. Alm de se reforar com no-vos produtos audiovisuais, Mauricioest avanando na profissionalizaode seu negcio para buscar parceirosde porte internacional. Com alianasestratgicas, acredita, conseguir

    acesso a novos mer-cados e ganhar flegofinanceiro. Venha denovo daqui a trs anose voc ver uma em-presa bem diferente,voltada para fora, dizele, que mantm umarotina de trabalho depelo menos 12 horaspor dia, faz sugestes

    Reportagem

    As Mnicas: filha de Mauricio inspirou a personagem e hoje cuida dos licenciamentos Destino traado: Turma da Mnica tem apelo

    Cerca de 70%do faturamentoda empresa vem

    dos mais de2.000 produtos

    licenciados

    VALRIAGONALVEZ/AE

    RICARDOBENICHIO

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    e retoques em toda a produo e ain-da negocia diretamente os principaiscontratos da empresa, controlada in-tegralmente por ele e por sua famlia.

    SucessoAlm da mulher, Alice, vrios filhos

    e parentes trabalham na Mauricio deSousa Produes. Mas eles s ocu-pam os cargos porque so muito bonsno que fazem, diz o patriarca. A filhaMnica, de 48 anos, alm de ter ser-vido de inspirao para a criao dapersonagem homnima, a respon-svel pelo departamento comerciale pela rea de l