premoniÇÃo nossa mente pode prever o futuro

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O PODER DA PREMONIÇÃO NOSSA MENTE PODE PREVER O FUTURO ODEIO O MEU EMPREGO Chegou a hora de mudar. Os sete sinais que o indicam TIRADENTES História viva do Ciclo do Ouro em Minas QUEM CONTROLA O MUNDO? Poucos concentram todo o poder. O resto fica vulnerável OÁSIS #183 EDIÇÃO

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O PODER DA PREMONIÇÃO Nossa meNte pode

prever o futuro

ODEIO O MEU EMPREGO Chegou a hora de mudar. os sete sinais que o indicam

TIRADENTESHistória viva do Ciclo do ouro em minas

QUEM cONTROlA O MUNDO?poucos concentram todo o poder. o resto fica vulnerável

Oásis#183

edição

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por

Editor

PEllEgriniLuis

N ossa mente pode prever o futuro? no mundo todo, e desde sempre, pessoas afirmam ter vivido experiências de premo-nição. os anais da parapsicologia abrigam milhares de relatos,

quase sempre de pessoas confiáveis, que narram as mais diversas manei-ras como acontecem os fenômenos de ver, sentir, ou de alguma forma perceber aquilo que só acontecerá no futuro. tais fatos mostram que as capacidades de nossa mente podem mesmo transcender os limites do espaço e do tempo como os conhecemos.

Essa opinião é compartilhada por muitos cientistas. Um deles, talvez o mais importante na atualidade, é o norte-americano larry dossey (www.dosseydossey.com/larry/book.html), Phd em medicina, mas que preferiu se dedicar ao estudo das capacidades ainda pouco conhecidas da mente humana. É ele o autor da nossa matéria de capa, “o poder da premoni-ção”.

dossey inicia seu artigo explicando que premonição é, literalmente, um

As premonições sugerem que estAmos ligAdos A cAdA umA dAs consciênciAs que existirAm,

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OáSIS . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

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aviso prévio, geralmente de algo desagradável, como um desastre natural prestes a acontecer ou uma ameaça iminente para a nossa saúde. as pre-monições, portanto, nos ajudam a sobreviver, e a sobrevivência é o gran-de tema que atravessa as premonições que as pessoas experimentam. Em seus livros sobre o assunto, larry dossey transcreve muitas descrições de cair o queixo de pessoas cujas vidas foram salvas pela sua capacidade de ver além do presente. Mas, segundo ele, além de nos ajudarem a so-breviver, as premonições entregam pistas de algo mais: um elemento no grande “padrão que conecta”, como o ecologista-filósofo gregory Bateson colocou. as premonições sugerem que estamos ligados a cada uma das consciências que existiram, existem ou existirão, que somos parte de algo maior do que o eu individual.

dossey está longe e ser o único a cogitar dessa maneira. Muitos cientistas proeminentes têm percebido isso. o renomado físico david Bohm, por exemplo, disse: “Cada indivíduo envolve algo do espírito do outro em sua consciência”. o físico e Prêmio nobel Erwin Schrödinger acreditava que as mentes não interagem umas com as outras como bolas de bilhar separadas, mas são, em certo sentido, unidas e uma só. “Para dividir ou multiplicar, a consciência é algo sem sentido”, disse ele. “Há, obviamente, apenas uma alternativa, ou seja, a unificação das mentes ou das consciên-cias... na verdade, existe apenas uma mente.”

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lO PODER DA PREMONIÇÃONossa mente pode prever o futuro

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manda, uma jovem mãe que morava no Estado de Washington (noro-este dos Estados Unidos), acordou às 2h30 de uma madrugada com um pesadelo. Ela sonhou que um grande lustre pendurado sobre a cama do bebê no quarto ao lado havia caído no berço e esmagado a

criança. No sonho, enquanto ela e o marido se viam entre os destroços, Amanda observou que um relógio na cômoda do bebê mostrava 4h35.

Aexperiências reais de premonição mostram que as capacidades de nossa mente podem transcender os limites do espaço e do tempo como os conhecemos. existirá uma supermente, eterna e onipresente, à qual damos o nome de deus?

Por Larry Dossey (*)

O tempo no sonho era tempestuoso. A chuva martelava a janela e o vento vinha em rajadas. O sonho era tão aterrorizante que ela acordou o marido e contou-lhe tudo. Ele riu, disse-lhe que o sonho era bobo e pediu a ela para vol-tar a dormir. Mas o sonho deixou Amanda tão assustada que ela foi ao quarto do bebê e levou a criança para dormir com o casal. Ela notou que o tempo estava calmo, e não tempestuoso como no sonho.

Amanda se sentiu tola – até que, cerca de duas horas mais tarde, ela e o marido foram acor-dados por um estrondo. Eles correram para o quarto do bebê e encontraram o berço demo-lido pelo lustre, que havia caído diretamente sobre ele. Amanda observou que o relógio na cômoda mostrava 4h35 e que o tempo havia mudado. Agora o vento uivava e a chuva era intensa. Dessa vez, o marido não estava rindo.1

O sonho de Amanda era um instantâneo do futuro – descendo até o evento em si, o tempo preciso em que isso iria acontecer e a mudança no tempo. Premonições assim não são inco-muns. Pesquisas mostram que cerca de três quartos dos americanos experimentam o que eles chamam de percepção extrassensorial, ou ESP, na sigla em inglês. As premonições, que muitas vezes ocorrem em sonhos, são comuns entre esses eventos. Elas também ocorrem nas horas de vigília como um palpite, uma intuição ou a sensação de que algo vai acontecer.

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O padrão que conecta

Por que existem premonições? Por que qualquer capacidade humana existe, como a nossa capacidade de ver, ouvir, cheirar, tocar, andar ereto, correr e pen-sar? Quando os biólogos querem enten-der por que uma característica surgiu, sempre perguntam: “Para que isso é bom? Para que serve?” Se um atributo nos ajuda a nos mantermos vivos e a nos reproduzirmos, é provável que ele seja incorporado aos nossos genes e transmitido através de sucessivas gera-ções.

Assim acontece com as premonições. “Premonição” vem do latim prae, “an-tes”, e monere, “avisar”. A premonição é, literalmente, um aviso prévio, geralmente de algo desagradável, como um de-sastre natural prestes a acontecer ou uma ameaça iminente para a nossa saúde. As premonições, portanto, nos ajudam a sobreviver, e a sobrevivência é o grande tema que atravessa as premonições que as pessoas experimentam. É verdade que há temas menores. Por exemplo, as pessoas podem ver os números vencedores da loteria em um sonho; podem “simplesmente saber” onde encontrar a última vaga restan-te para estacionar no centro de uma metrópole; ou podem intuir o momento exato em que um amigo há muito ausente vai lhe telefonar. Mas incidentes como esses são soterrados por descrições de cair o queixo de pessoas cujas vidas foram salvas pela sua capacidade de ver além do presente. A pre-

monição real pode não ser nada mais do que uma sensação sutil de que algo não está muito certo, levando as pessoas a cancelar uma viagem de avião no dia da sua queda, ou ante-cipar um perigo em uma curva na estrada a tempo de evitá--lo, agendar um exame médico que leva à descoberta de um problema que poderia ter sido fatal se não tivesse sido de-tectado, ou realizar inúmeras outras ações de intervenção.

Além de nos ajudarem a sobreviver, as premonições entre-gam pistas de algo mais: um elemento no grande “padrão que conecta”, como o ecologista-filósofo Gregory Bateson colocou. As premonições sugerem que estamos ligados a cada uma das consciências que existiram, existem ou existi-rão, que somos parte de algo maior do que o eu individual.

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isso, podemos nos tornar “transparentes para o transcen-dente”, como disse o mitólogo Joseph Campbell. A profun-da contribuição espiritual das premonições muitas vezes passa despercebida por aqueles que as consideram apenas uma ferramenta legal para vislumbrar o futuro.

As pessoas concebem o transcendente em várias formas, é claro – Deus, Deusa, Alá, uma inteligência universal, o Absoluto, uma sensação onipresente de beleza e ordem, e assim por diante. Não importa a forma como nomeamos o transcendente. O que importa é que reconhecemos a nos-sa identidade com ele. O físico Freeman Dyson disse: “Há evidência... de que o universo como um todo é hospitaleiro para o crescimento da mente... Por isso, é razoável acredi

Muitos cientistas proeminentes têm percebido isso. O reno-mado físico David Bohm, por exemplo, disse: “Cada indiví-duo envolve algo do espírito do outro em sua consciência”. O físico e Prêmio Nobel Erwin Schrödinger acreditava que as mentes não interagem umas com as outras como bolas de bilhar separadas, mas são, em certo sentido, unidas e uma só. “Para dividir ou multiplicar, a consciência é algo sem sentido”, disse ele. “Há, obviamente, apenas uma al-ternativa, ou seja, a unificação das mentes ou das consciên-cias... na verdade, existe apenas uma mente.”Ao ligarem as mentes através do espaço e do tempo, as pre-monições revelam a unidade de que esses cientistas falam. Eles sugerem que, em certo sentido, somos infinitos ou não locais no espaço-tempo. Quando sentimos profundamente

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tar na existência de um componente mental do universo. Se acreditarmos nesse componente mental do universo, então poderemos dizer que somos pequenos pedaços do aparelho mental de Deus.” Gregory Bateson disse: “A mente indivi-dual é imanente, mas não só no corpo. É imanente também nas vias e mensagens do lado de fora do corpo, e existe uma Mente maior da qual a mente individual é apenas um sub-sistema. Essa Mente maior é comparável a Deus e é, talvez, o que algumas pessoas querem dizer com ‘Deus’, mas ainda é imanente no sistema social interconectado total e na eco-logia planetária”.

Hoje, a maioria dos cientistas afirma que o nosso cérebro produz de alguma forma a consciência (não importa como), a qual, eles dizem, está confinada ao nosso corpo físico e limitada ao momento presente. Já as premonições sugerem

que a nossa consciência pode funcionar através do nosso cérebro físico, mas que ela não é produzida pelo cérebro nem limitada a ele. Como um peixe que considera que seu ambiente aquoso é a extensão de seu mundo, viemos a acre-ditar que o aqui e agora define os limites da nossa existência. O passado, podemos dizer, já aconteceu e não existe mais; o futuro ainda está por se desenrolar. O presente é tudo que existe. Para isso, as premonições dizem: “Acorde. A evidên-cia para um mundo maior está olhando fixamente a sua cara”.

As premonições sugerem em geral uma dimensão eterna, atemporal, para a mente. As implicações dessa infinitude

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temporal para conceitos apreciados em biologia são pro-fundas. O biólogo George Wald, vencedor do Prêmio Nobel, diz: “A mente, em vez de emergir como um desdobramento tardio na evolução da vida, tem existido sempre... a fonte e a condição da realidade física”. Willis Harman, o finado pre-sidente do Instituto de Ciências Noéticas, dos Estados Uni-dos, concordou. “A consciência estava aqui primeiro”, ele disse certa vez.

As premonições também revelam um “lado de sentimento” para o mundo. Estudos revelam que elas frequentemente ligam as pessoas que se amam – pais e filhos, irmãos, gême-os, amantes e amigos muito próximos. Um exemplo clássico

é o citado caso de Amanda, a mãe cuja premo-nição em sonho levou-a a salvar a vida do seu bebê. Vemos esse padrão repetidamente: amor, empatia, compaixão e um senso de conexão são parte essencial do padrão das premonições.

Precisamos desesperadamente dar atenção às lições das premonições. Lester R. Brown, presi-dente do Earth Policy Institute em Washington, disse que a recente crise mundial de alimentos pode pressagiar “o fracasso da própria civiliza-ção”. Brown acredita que a crise alimentar não é temporária e que é composta por escassez da água de superfície, exaustão de aquíferos, seca, aquecimento global, perdas nas lavouras, explo-sões populacionais em países pobres, pobreza opressiva e falta de oportunidades educacionais.

A desordem social já estourou em alguns países em face do aumento dos preços dos alimentos e da disse-minação da fome. Em 2008, motins eclodiram no Egito, no Iêmen e em Camarões, e muitas pessoas foram mortas. Em vista desses problemas prementes em todo o mundo, a tendência de muitos dos nossos líderes é acocorar-se, fechar nossas fronteiras e proteger nossos próprios interesses. Não podemos resolver os problemas do mundo, dizem eles; todos esses estrangeiros devem afundar ou nadar por seus próprios esforços.

Mas separar-se do resto do mundo e dos seus problemas não é uma opção, porque viola “o padrão que conecta” reve-lado em premonições e outras ações não locais da consciên-cia. As premonições demonstram uma intimidade mun

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realizados por Dean Radin no Instituto de Ciências Noéti-cas, tem sido observado que o sistema autônomo do corpo responde de forma mais enérgica a uma imagem de violên-cia ou de sexo do que a uma imagem calma, serena, mesmo antes de a imagem ter sido selecionada aleatoriamente e mostrada por computador. Até 2009, vários investigadores fizeram cerca de 20 dessas experiências de pressentimento. Quase todas elas produziram evidências de conhecimento do futuro, e metade delas demonstraram resultados estatis-ticamente significativos.

Centenas de estudos sobre a “visão remota precognitiva”

dial de longo alcance baseado na consciência – que, em algum nível, existe de fato apenas uma mente, uma consciência, como Bohm, Schrödinger e outros têm percebido. Se ten-tarmos puxar a escada depois de salvarmos a nós mesmos, falharemos. Nem o olho, nem o coração, nem o estômago podem separar-se do resto do corpo, nem podemos nos retirar do resto do mundo, que é o nosso corpo coletivo. As premonições implicam que, a fim de salvar a nós mesmos, temos de ajudar os outros, por-que nós somos os outros. As premonições su-gerem uma revisão da regra de ouro, do “Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”, para “Seja gentil com os outros porque, em certo sentido, eles são você”.

Os desafios que nos confrontam – mudança climática, seca, queda no rendimento agrícola, escassez de água e explosões populacionais – vão além de descobrirmos maneiras inteligentes de os su-perarmos, tão importantes quanto as medidas técnicas para isso. Nossa sobrevivência é predominantemente uma ques-tão de aprender a se encaixar no padrão que conecta, para o qual as grandes lições das premonições são um guia.

A evidência

Muitos críticos desprezam as premonições como bobagem da Nova Era, mas estudos refinados assinados por res-peitados pesquisadores da consciência sugerem convin-centemente que podemos de fato perscrutar o futuro. Em estudos de “pressentimento”, por exemplo, tais como os

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realizados na Universidade Princeton (EUA) e em outros países indicam que os indivíduos podem pressagiar even-tos detalhados até uma semana antes de eles ocorrerem. Os pesquisadores Charles Honorton e Diane Ferrari, por exem-plo, examinaram 309 experimentos de precognição realiza-dos por 62 investigadores, envolvendo 50 mil participantes em mais de 2 milhões de testes. Trinta por cento desses es-tudos foram estatisticamente significativos em mostrar que as pessoas podem descrever eventos futuros. As chances de que esses resultados não foram devido ao acaso foram maio-res do que 1.020 para 1. Isso é como tirar cara ou coroa com 70 moedas e em todas elas conseguir coroas!

Lilly, de 14 anos de idade, diz no filme A Vida Secreta das Abelhas: “O corpo sabe das coi-sas... antes que a mente as alcance”. A evidência cumulativa em apoio à presciência é irrefutável para a maioria das pessoas cuja opinião não foi coagulada pelo ceticismo endurecido. Radin su-gere que essas descobertas revelam que as men-tes individuais são “emaranhadas” com todas as outras.3 Isso leva à conclusão de que, na tradi-ção de Bohm, Schrödinger e outros, existe um sistema unificado de consciência global, ao qual todas as consciências individuais estão integra-das.

O risco de negar as premonições

Os resultados descritos acima, ao lado dos re-sultados de outras experiências de pressenti-mento realizadas em todo o mundo, sugerem

que as premonições operam em um nível inconsciente e podem estar presentes em algum grau em todas as pessoas. Como tal, elas não são opcionais, mas fazem parte dos nos-sos dons naturais, inatos, como o nosso batimento cardíaco. Essa situação me faz lembrar do adesivo de para-choques que diz: “A gravidade. Não é apenas uma boa ideia. É a lei”. Assim parece ocorrer com as premonições. Se elas são tão naturais e onipresentes como a gravidade, pode haver um preço a pagar por negá-las, tão certo como se ignorássemos a gravidade. Com o que esses riscos se pareceriam?

Tive uma experiência pessoal durante a turnê para o meu livro Reinventando a Medicina, de 1999 (lançado no Brasil pela Editora Cultrix em 2001), em que divulguei um sonho

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premonitório sobre um paciente que se mostrou estranha-mente exato. Em uma ocasião, fui convidado para um talk show de rádio ao vivo. Sem que eu soubesse, o anfitrião também havia convidado um cardiologista muito conheci-do, cujo papel era desmascarar o meu livro. Enquanto es-perávamos o show começar, o médico virou-se para mim e disse com frieza: “Devo dizer-lhe que não concordo com quase tudo o que você escreveu”. Respirei fundo e tentei me preparar mentalmente para o ataque.O anfitrião, querendo provocar discórdia o mais rapida-mente possível, imediatamente me pediu para relatar o meu sonho precognitivo. Depois que o concluí, ele se virou para o cardiologista e disse: “Agora, Doutor Fulano de Tal, o que você pensa sobre essa coisa de sonho?” Então, ele se afastou do microfone e esperou que os fogos de artifício começas-sem.

Em vez de atacar, no entanto, o cardiologista ficou em um estranho silêncio, o que não é uma coisa boa no rádio. Eu não tinha ideia do que ele estava pensando, nem o anfitrião, que parecia perto de um acesso de pânico. Finalmente, o médico disse, pensativo: “Acho que pode haver algo no so-nho do dr. Dossey”. O anfitrião quase desmaiou; isso não era o que ele tinha em mente. Depois de outra longa pausa, o cardiologista disse humildemente: “Gostaria de relatar um sonho meu”. Então ele disse, quase ternamente: “Eu nunca havia dito isso para ninguém antes”.

O cardiologista descreveu o caso de uma paciente idosa sua,

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que exigiu um cateterismo cardíaco. Na noite anterior ao procedimento, ele sonhou que, enquanto fazia o cateteris-mo, a paciente ficou emudecida, inconsciente e paralisada de um lado – um acidente vascular cerebral grave. Ao acor-dar, o cardiologista ficou abalado e se perguntou se deveria cancelar o procedimento. Assegurando-se de que os sonhos não significam nada, decidiu ir em frente. Mais tarde naque-le dia, durante o cateterismo real, a mulher sofreu um AVC precisamente no padrão que ele havia sonhado na noite an-terior. Embora a mulher tenha se recuperado por completo, a experiência abalou o médico profundamente. No resto do programa, o cardiologista e não encontramos nada sobre o qual discordássemos – para desgosto do nosso anfitrião.

Ouvir o corpo

As premonições, é claro, não estão confinadas aos sonhos. Às vezes, elas ocorrem em estado de consciência plena, e

ocasionalmente são acompanhadas por sinto-mas físicos. Larry Kincheloe, obstetra-gineco-logista em Oklahoma City (EUA), nos dá um exemplo notável. Recebi uma carta dele na qual ele descreveu como tanto as premonições como as sensações corporais podem influenciar a as-sistência ao paciente.

Depois de concluir a sua formação em obste-trícia e ginecologia, Kincheloe se juntou a um grupo médico tradicional e trabalhou por cerca de quatro anos sem qualquer evento incomum. Então, numa tarde de sábado, ele recebeu um telefonema do hospital que lhe informava que

uma paciente sua estava em trabalho de parto prematuro. Ele deu instruções de rotina, e uma vez que esse era o pri-meiro bebê da paciente, assumiu que o parto ocorreria ho-ras mais tarde.Enquanto varria folhas, ele experimentou uma impressio-nante sensação de que tinha de ir para o hospital. Telefonou imediatamente, mas foi informado pela enfermeira de que estava tudo indo muito bem: sua paciente tinha apenas cin-co centímetros de dilatação, e não se esperava o parto para tão cedo.

Mesmo com essa garantia, a sensação ficou mais forte e Kincheloe começou a sentir uma dor no centro do peito. Ele a descreveu como semelhante à sensação da perda do seu primeiro amor adolescente – uma sensação dolorosamente triste, melancólica. Quanto mais Kincheloe tentava ignorar a sensação, mais forte ela crescia, até que chegou a um pon-to em que ele sentia que estava se afogando. A essa altura, ele estava desesperado para chegar ao hospital. Entrou no

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comunicação pode ser uma razão pela qual as nossas cone-xões psíquicas secaram. Mas elas não estão totalmente atro-fiadas. Indivíduos como Kincheloe ainda funcionam como antenas humanas, capazes fisicamente de perceber quando alguém está em necessidade. Eles são a prova de que as ve-lhas habilidades ainda existem.

Imagino um dia em que as nossas escolas profissionais acei-tarão as nossas conexões distantes e ensinarão aos jovens médicos e enfermeiros como cultivá-las. Em seguida, as profissões de cura vão ser transformadas e humanizadas, pois será evidente que a cura não depende exclusivamente

carro e saiu em disparada. Enquanto se apro-ximava do hospital, ele começou a se sentir melhor, e ao caminhar para a unidade de parto teve uma impressionante sensação de alívio.

Quando Kincheloe chegou à área de trabalho de parto, a enfermeira estava saindo da sala da sua paciente. Ela perguntou por que ele estava lá, e Kincheloe admitiu que não sabia, só que sentira que era necessário e que o seu lugar era ao lado da sua paciente. A enfermeira olhou-o de forma estranha e lhe disse que havia aca-bado de verificar a mulher e que a dilatação era de apenas sete centímetros. Naquele mo-mento, um grito veio da sala de parto. Qual-quer um que já tenha atuado em trabalho de parto sabe que há um certo tom no grito de uma mulher quando a cabeça do bebê está em seu períneo e o bebê está se aproximando do parto. Kincheloe correu para a sala a tempo de realizar o parto de um bebê saudável. Depois, quando a enfermeira lhe perguntou como ele sabia que tinha de vir ao hospital após ser informado de que o parto estava a horas de ocorrer, Kincheloe não teve resposta.

Implicações para a saúde

A experiência de Kincheloe mostra como as sensações físi-cas podem nos alertar de que algo importante está prestes a acontecer – um sistema de premonição de alerta precoce. Os sintomas físicos são como celulares psíquicos unindo indivíduos distantes. A metáfora do celular é apropriada porque a nossa dependência de aparelhos eletrônicos para a

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de remédios, bisturis e aparelhos de última tecnologia, mas também da consciência humana. O pesquisador psicosso-cial David Spiegel, da Escola de Medicina da Universidade Stanford, diz sobre o papel da consciência na saúde: “A boa ciência responde a perguntas e questiona as respostas. Mas não declara que certas questões estão fora dos limites. Fazer isso não é científico... este não é o tempo para fechar a porta a uma área da investigação científica importante e em de-senvolvimento”. E o que é mais importante do que a consciência?

Este ensaio é baseado no livro O Poder das Pre-monições – Como o Conhecimento do Futuro Pode Influenciar a Nossa Vida, do médico Lar-ry Dossey, lançado pela Dutton/Penguin em 2009 e publicado em português pela Editorial Planeta de Portugal.

NOTAS

1. Sally R. Feather e Michael Schmickler, The Gift: ESP, the Extraordinary Experiences of Ordinary People (St. Martin’s Press, Nova York 2006).2. Charles Honorton e Diane Ferrari, “Future--Telling: A Meta-Analysis of Forced-Choice Pre-cognition Experiments”, em Journal of Parap-sychology 53 (1989), pp. 281–289.3. Dean Radin, Entangled Minds (New York: Paraview/Simon & Schuster, 2006; publicado no Brasil pela Editora Aleph).

(*) O médico Larry Dossey é editor executivo de Ex-plore: The Journal of Science and Healing. Ele é o autor de 11 livros sobre o papel da consciência e da espiritualidade na cura.

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cIAODEIO O MEU EMPREGO

Chegou a hora de mudar. Os sete sinais que o indicam

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o fundo, todos nós sabemos que a verdadeira realização pesso-al só se torna possível quando a função que desempenhamos no mundo está de acordo com a nos-sa essência. Em outras palavras, não se pode conquistar a paz e

a felicidade se aquilo que fazemos para so-breviver não tiver nada a ver com nossa real vocação. Mas, apesar de sabermos disso, continuamos a manter e a desenvolver todo

Nsair do trabalho atual sem algo novo arranjado ou em vista não é uma boa ideia. mas às vezes permanecer num trabalho que se detesta representa risco de desenvolver doenças no corpo, na alma e na mente

Por: equiPe oásis

um sistema de profissões e atividades es-colhidas muito mais ao acaso, ou por inte-resses tais como a remuneração, o status social, a influência da família ou do grupo social a que pertencemos. Grandes tragé-dias existenciais derivam dessa visão equi-vocada das coisas. Nosso principal dever é sermos fieis à verdade da nossa natureza interior. E é justamente no trabalho – ati-vidade à qual dedicamos a maior parte do nosso tempo e energias – que as maiores contradições se verificam.

Felizmente, na atualidade, verifica-se um necessário e urgente movimento de cor-reção de rota. Atualmente, cada vez mais pessoas estão deixando seus postos de tra-balho por vontade própria. Segundo in-formações da revista Time, 2,4 milhões de americanos deixaram seus empregos para buscar outras oportunidades em novembro passado. No entanto, sair do trabalho atual sem algo novo arranjado ou em vista não é uma boa ideia, de acordo com a publica-ção. Confira abaixo sete sinais básicos que indi-cam que a hora de procurar outro empre-go chegou, segundo a revista. Se você tem certeza de que pelo menos um deles está se verificando em sua vida pessoal e profis-sional, está na hora de criar coragem e de começar a planejar uma mudança radical. Uma guinada no sentido de encontrar

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assumir o seu verdadeiro caminho profissional. Um número enorme de moléstias tanto físicas quanto psíquicas deriva de uma vida profissional demasiado desvinculada dos seus reais desejos e necessidades existenciais. Você odeia o seu trabalho atual

Alguns trabalhos, especialmente quando você é mais jovem, são como trampolins para o seu emprego dos sonhos. Por isso, pensar no longo prazo é um bom termômetro para ver se você está no caminho certo. O profissional deve analisar o emprego de seu chefe ou superior, se a ativi-dade for atraente ele estará no cami-nho correto.

É estressante o suficiente para deixá-lo doente

Se o trabalho afeta sua saúde física ou mental, seu rela-cionamento com o seu cônjuge ou membros da família, ele não vale a pena. Se a situação é essa, é hora de mu-dar.

Seu perfil x perfil da companhia

Você pode ter o melhor conjunto de habilidades no mundo, mas se você não combina com a organização, você não será bem sucedido. Assimilar uma cultura

corporativa geralmente acontece nos primeiros meses no cargo. Se você está lá por seis meses ou um ano e ainda se sente como um estranho, as probabilidades são de que você sempre será.

Você tem um chefe infernal

A maioria das pessoas deixam seus trabalhos por conta de seus chefes. Se você já passou por crises envolvendo chefes ou pessoas da área de recursos humanos, o jeito é mudar de barco.

OáSIS . tEndênCia

‘só temos dez regrinhas neste escritório. Mas fazemos absoluta questão que elas

sejam todas respeitadas’

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do tempo é comum que funcionários adotem a ética das empresas ou a falta dela.

Situação financeira instável

Se você está preocupado como a companhia é dirigida e sua posição não parece mais segura, é hora de bus-car outro emprego. Fusões e aquisições são momentos importantes para avaliar se a empresa ainda precisa de você.

OáSIS . tEndênCia

Você é extremamente qualificado

Quando o trabalho é tão rotineiro que poderia ser feito durante o seu sono é hora de procurar outras oportu-nidades. Primeiro, veja se há chances de crescer den-tro da empresa, caso não haja, é hora de seguir em frente.

Você é convidado para fazer algo antiético ou ilegal

Mesmo que você não seja pego fazendo nada de errado ainda pode haver repercussões psicológicas: ao longo

Minha função não tem nada a ver com minha essência’

‘ainda vou acabar com você, pilantra’

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‘Meu corpo está aqui. Mas minha cabeça está tão longe...’

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Velha locomotiva, em Tiradentes

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TIRADENTESHistória viva do

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iradentes tem muita história a contar. E elas são narradas num idioma típico das Gerais: o “mi-neirês”, o “jeitim” econômico de o mineiro se expressar falando sempre as palavras pela metade. É nesse gostoso linguajar que o tu-rista é informado que foi em uma

fazenda nas cercanias do então povoado fun-dado em 1702 que nasceu o líder da Inconfi-dência Mineira Joaquim José da Silva Xavier,

T

Aninhada na serra de são José, tiradentes é palco de cenários arrebatadores, cultura, gastronomia e infraestrutura hoteleira de primeira. pisar sob esse solo significa também viajar em um túnel do tempo e reviver fatos que desenharam importante parte da história brasileira

Por FabíoLa Musarra (*)

mais conhecido pelo nome de Tiradentes.

Em 1718, o arraial, uma terra rica em ouro e pedras preciosas, foi elevado à condição de vila, passando a se chamar São José em ho-menagem ao príncipe português. Anos mais tarde, rebatizada, chamou-se São João Del Rei. O atual nome surgiu somente depois da Proclamação da República, numa referência ao mais importante inconfidente do país.

Militar com a patente herdada do pai, o al-feres Tiradentes foi preso em 15 de outubro de 1791. Levado ao Rio, na época a capital do Brasil, foi enforcado em 21 de abril de 1792. Seu corpo foi esquartejado e suas partes fo-ram expostas em pontos estratégicos como uma advertência aos inconfidentes e a todos aqueles que ousassem se rebelar contra a Co-roa Portuguesa.

Praticamente tudo em Tiradentes remete a esse período histórico: a arquitetura barro-ca preservada de suas casas, solares, igrejas e outras edificações erguidas pelos escravos nos séculos 18 e 19. Os becos e ruelas por onde os negros eram obrigados a passar, pois não podiam circular pelos caminhos dos brancos. O Chafariz de São José das Botas construído em 1749 que abastecia a popula-ção com água e que também foi um dos prin-cipais pontos de comercialização de escravos do país.

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As ruas feitas de solteironas, pedras assim chamadas pelo fato de não se interligarem umas às outras. Os telhados dos casarões coloniais adornados por eiras, beiras e tri-gueiras, costume da época para demonstrar as posses financeiras de seus moradores. Na casa decorada com eira vivia uma família de bens. Já a com eira e beira era habitada por ricos, enquanto a com eira, beira e triguei-ra pertencia aos milionários. As demais não ostentavam nenhum desses elementos. Nelas moravam os pobres.

Caminhar pelas ruas de Tiradentes significa desvendar

esses e muitos outros tesouros, como a Matriz de Santo Antônio, uma das mais intactas e significativas expressões do barroco brasileiro. Construída a partir de 1710 e com fachada projetada por Aleijadinho, é a segunda igreja barroca mais rica em ouro do Brasil – só perde para a de São Francisco, em Salvador (BA).

É ainda testemunhar o cotidiano de alguns dos inconfidentes que se rebela-ram contra os altos impostos cobrados por Portugal. Dos 17 principais inconfi-dentes, 11 nasceram ou moraram na ci-dade. Foi no solar de um deles, o padre Carlos Toledo, que em 1788 aconteceu a primeira reunião da Inconfidência.

Deste encontro brotaram os ideais de libertar o Brasil do domínio português.

Após restauração, o casarão do padre inconfidente, agora Museu Toledo, foi aberto à visitação pública. Seu acervo é integrado por objetos, mobiliário e pinturas da época. Destaque para os tetos dos cômodos, retratados com mo-tivos clássicos.

O padre Toledo tinha dois escravos, a quem tratava com respeito, segundo contam durante a visita guiada ao mu-seu. Mas um olhar mais atento ao quintal da casa revela que a mesma sorte não foi compartilhada pelos negros que ali moraram após o exílio do inconfidente para a África.

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Tiradentes, casario colonial

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Ali ficam antigas senzalas. Escuras, com pouca ventila-ção e com ainda menos espaço, denunciam as precárias e insalubres condições que os escravos e as suas famílias viveram nos tempos que o solar foi habitado por outros proprietários.

História viva do Ciclo do Ouro

Tiradentes faz parte do circuito das cidades históricas mineiras, ao lado da vizinha São João Del Rei e de Ouro Preto, Mariana, Sabará e Congonhas, só para citar algu-mas. Mas, ao contrário de algumas delas, hoje descarac-terizadas em função do crescimento urbano, Tiradentes preserva todo o esplendor de um município que fez parte do Ciclo do Ouro.

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O motivo? A cidade é tombada pelo Iphan desde 1938. Por ser um patrimônio histórico nacional, nenhuma de suas construções coloniais nem mesmo o calçamento das ruas podem ser modificados. Novas propriedades podem ser erguidas, mas sem nunca ultrapassar a altura de dois an-dares.

E é exatamente em função da altura limitada de suas edifi-cações que é possível andar pelas ruas de Tiradentes e se-guir a trilha da história desfrutando dos bucólicos cenários

igreja barroca em Tiradentes

Jardins do arraial Velha Pousada, em Tiradentes

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naturais que desfilam diante do olhar e do ar puro exala-do pelas charmosas montanhas da serra.

Na trajetória há muito a se vislumbrar: a cadeia pública feminina erguida em 1730 e reconstruída em 1835, e as igrejas de São Francisco de Paula, de Nossa Senhora das Mercês e de São João Evangelista. Todas erguidas nos séculos 18 e 19.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Ca-pela da Santíssima Trindade também integram esse ro-teiro de volta ao passado. A primeira data de 1708. Era frequentada pelos escravos, também tendo sido cons-truída por eles. Os negros trabalhavam na obra durante a madrugada e conseguiram decorar o interior da igreja com o ouro roubado de seus senhores que traziam escon-

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dido nas unhas e cabelos.

Já a segunda é de 1810 e foi o palco onde o alferes Tira-dentes, devoto da Santíssima Trindade, exigiu que a ban-deira da Nova República tivesse o triângulo da Trindade. A Inconfidência fracassou, mas o símbolo foi incorpora-do posteriormente à bandeira do Estado de Minas.

Nem tudo é passado em Tiradentes

Tiradentes respira e transpira história. Mas esta cidade de aproximadamente sete mil habitantes não vive só do passado. Glamourosa, oferece uma diversificada progra

entardecer em Tiradentes

Na janela, a namoradeira espera alguém. Tiradentes

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Doceria Flor de Lotus, em Tiradentes

Repaginada em 1989 pelo paisagista Roberto Burle Marx, a praça abriga ainda a Igreja do Senhor Bom Jesus da Pobreza, de 1771. Também é nela que está uma das sete passagens do calvário percorrido por Jesus antes de sua crucificação – as demais estão no entorno do centro his-tórico.

Em uma das laterais do Largo das Forjas, charretes fa-zem a alegria da garotada com passeios pela cidade. La-zer é o que não falta em Tiradentes, desde caminhar por suas ruas e curtir música ao vivo em um de seus sofisti-cados bares até fazer tours aos seus cartões-postais e aos municípios vizinhos.

A Estrada Real é uma das agências de viagem locais que disponibiliza diversos roteiros, incluindo os que condu-zem às históricas Lavras e São João Del Rei, os de ecotu-rismo pela Serra de São José e o passeio de Maria Fuma-ça.

Aliás, essa é outra atração bem legal de Tiradentes. Inau-gurada por Dom Pedro 2º, a locomotiva de 1881 tem saí-das regulares nos fins de semana. Seu destino é São João Del Rei, a 12 km de distância. No trajeto de 35 minutos, o antigo trem passa pelo Rio das Mortes e por fazendas da região.

Tiradentes, como dizem nas Gerais, é um “trem danado de bão”. Concilia tudo de melhor: a maravilhosa comida mineira, história, cultura, vida noturna animada, um mo-vimentado calendário de eventos e cenários belíssimos. Enfim, ali o presente e o passado se mesclam, num mix de absoluta emoção e magia. É preciso falar mais, uai!

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mação de eventos, desde os culturais, gastronômicos e esportivos até os religiosos. Eles acontecem o ano todo, movimentando o turismo local.

Com mais de 200 pousadas e hotéis, Tiradentes abriga ainda diversas lojas de artesanato; casas que comerciali-zam doces, queijos e outras guloseimas típicas da região; cervejaria onde se pode degustar um geladíssimo chope artesanal e muitos restaurantes e bares.

Vários desses estabelecimentos ficam ou se espalham ao redor do Largo das Forjas, no centro. Foi nesta praça que os negros festejaram o fim da escravidão em 1888. Tam-bém é nele que funciona a prefeitura local. Erguido em 1720, o “prédio” é outra das preservadas construções co-loniais da cidade.

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Hospedagem econômica em Belo Horizonte

Está indo para a capital mineira a negócios e não pretende gastar muito com estadia? O Soft Inn Belo Hori-zonte é uma alternativa. Bem locali-zado – fica a aproximadamente 1 km do centro e a 6 km do Aeroporto da Pampulha, o hotel de duas estrelas oferece acomodações de padrão stan-dard e superior, ideais para o turismo de negócios ou para quem procura uma hospedagem mais econômica, sem perder a comodidade.

No interior do hotel funcionam um restaurante especializado em cozinha internacional e uma loja de conve-niência que fica aberta 24 horas por dia, oferecendo salgadinhos, doces, sanduíches, pratos congelados e bebidas. Informações: www.softinn.com.br.

Praça Liberdade, em belo Horizonte

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Festa literária em Lençóis

De 3 a 9 de setembro, Lençóis, cidade baiana que abriga a des-lumbrante Chapada Diamanti-na, vai sediar a Festa Literária Internacional da Chapada Dia-mantina (Flich). Realizada pela primeira vez na cidade, a inicia-tiva tem como objetivo incenti-var o hábito de leitura nos mo-radores da região, promovendo ações nas áreas da educação e cultura.

Mesas-redondas, palestras, ba-te-papos com escritores, saraus, cafés literários, cinedebates, shows artísticos e manifestações culturais integram a grade de

programação do Flich. Mais detalhes: www.flich.uneb.br/programacao/flichprogramacaocorrigidanova.pdf.

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Lençois, cachoeira na Chapada Diamantina

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Para quem gosta de viajar na baixa temporada

Muita gente evita viajar nas férias escolares, quando as praias, cidades, aeroportos, hotéis ficam lotados e tudo é muito mais caro. Se você é uma das pessoas que prefere viajar nos meses de menor movimento turístico, aqui vão duas sugestões:

Maior planície de inundação contínua do planeta, o Pan-tanal do Mato Grosso é um zoológico a céu aberto, exi-bindo uma enorme diversidade de fauna e flora. Esse me-morável tesouro natural brasileiro pode ser visitado em qualquer época do ano, mas na baixa temporada a viagem para lá custa bem menos. Com trilhas ecológicas, a Pou-sada Piuval (www.pousadapiuval.com.br) é uma opção de hospedagem. Como charme a mais, oferece passeio de charrete e de barco a motor.

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No Rio de Janeiro, Paraty é um destino perfeito para ser conhecido na baixa temporada. Seu centro históri-co abriga casarões e igrejas dos séculos 18 e 19. Além do belo conjunto arquitetônico colonial, a cidade oferece variadas atividades de lazer aos turistas, desde passeios de escuna e mergulho até banhos em suas piscinas natu-rais. A Pousada Bromélias (www.pousadabromelias.com.br) auxilia na orientação e no agendamento de qualquer passeio pela região. Tem dez bangalôs, restaurante, bar, piscinas, fitness, quadras esportivas, sauna à beira de ca-choeira, acesso à internet wi-fi e estacionamento.

Pantanal do Mato Grosso, Vitórias régias

Paraty, cidade histórica

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Luau das cataratas, em iguaçú

Cataratas sob a luz do luar

Você tem uns dias de fol-ga e gostaria de fazer algo diferente? O que acha de participar do Luau das Cataratas, um passeio que é feito só uma vez por mês, nas noites de Lua Cheia, no Parque Nacional do Iguaçu (PR). O tour no-turno começa no Espaço Naipi, com a subida dos turistas em elevadores pa-norâmicos até as passare-las das cataratas, de onde é possível presenciar cená-rios únicos, como o arco--íris prateado, um fantás-tico espetáculo oferecido pela natureza em noites de Lua Cheia.

Faz parte do passeio um jantar no restaurante Porto Ca-noas. As atividades começam às 20h. As bilheterias da unidade fecham a partir das 21h40. O próximo Luau das Cataratas acontece no dia 6 de setembro. Informações: www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/314-luau.aspx.

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Pacotes promocionais para o Natal e Réveillon

Maresias é uma das praias mais badaladas do Litoral Norte de São Paulo. Cercada pela vegetação preservada da Mata Atlântica, possui um deslumbrante mar verde--esmeralda, areia branquinha e é ponto de encontro de gente bonita e descolada. Se você pretende passar o Natal e Réveillon lá, aqui vai uma dica: o Amora Boutique Hotel está oferecendo descontos de até 20% para reservas feitas até 31 de agosto, 15% para as reservas efetuadas de 1° de setembro a 31 de outubro, e 10% para as reservas a partir de 1° de novembro.

Sem os descontos, os pacotes de quatro a sete noites para o Natal custam a partir de R$ 2.560 o casal, com café da manhã, ceia natalina e uma garrafa de espumante. Já os pacotes de cinco a sete noites do Réveillon têm preços a partir de R$ 7.100 o casal, com café da manhã, jantar no dia 31 e uma garrafa de espumante.

O hotel tem 22 suítes com varandas, equipadas com TV LED, blue-ray, ar-condicionado, cofre eletrônico, fri-gobar, telefone e internet wi-fi grátis. Na área de lazer oferece piscina, deck com vista para o mar, academia de ginástica, restaurante, estacionamento e serviço de praia com guarda-sol, cadeiras, toalhas e garçom. Informações: www.amorahotel.com.br.

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Praia de Maresias, no Litoral Norte de são Paulo

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Festival apresenta a cultura coreana em São Paulo

Durante os dias 13 e 14 de setembro, o bairro paulistano do Bom Retiro recebe a oitava edição do Festival de Cul-tura Coreana. Nessas datas, das 11h às 18h, quem for à Rua Lubavitch (entre as ruas da Graça e Três Rios), vai conhecer um pouco da gastronomia, do artesanato, do vestuário, das danças típicas e dos costumes desse país da Ásia Oriental.

A programação do evento inclui exposições fotográficas

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de cerâmica e pintura, oficina de do-bradura para as crianças, workshops de caligrafia coreana, brincadeiras típicas e outras atividades que retratam a cul-tura da Coreia, além de apresentações musicais, culturais e de taekwondo.

Entre as atrações culinárias, pratos como o kimchi, preparado com vegetais e pimenta fermentados, e o bulgogui, que leva carne bovina marinada no mo-lho de soja, temperada com açúcar e pi-menta-do-reino e servida com legumes. Também está prevista uma degustação de chás coreanos – eles podem conter vários tipos de ingredientes, como fru-tas, folhas, raízes e especiarias usadas na medicina tradicional do país.

O Festival tem entrada fraca. Haverá transporte gratuito da Estação Tiradentes do Metrô para o local do evento a cada 15 minutos.

Dançarina no Festival de Cultura Coreana

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Catedral de Siena expõe seu belíssimo piso

Se você estiver na Tosca-na (Itália), essa é uma rara chance para conferir os pai-néis centenários da Catedral de Siena e, sobretudo, o seu lindo piso de mármore com desenhos feitos em mosaico. O pavimento e os 56 painéis com cenas bíblicas e mito-lógicas só ficam expostos durante algumas semanas do ano. Em 2014, eles po-dem ser vistos até o dia 27 de outubro, período em que a igreja retira a proteção e exibe o piso.

A Catedral de Siena co-meçou a ser construída na Idade Média e seu chão em estilo gótico-romanesco apenas foi finalizado por volta de 1800, tendo sido criado com base em desenhos de ex-pressivos artistas italianos, como Sassetta, Domenico di Bartolo, Matteo di Giovanni, Domenico Beccafumi e Pin-turicchio.

As fascinantes obras de arte da igreja podem ser admira-das de segunda-feira a sábado, das 10h30 às 19h30, e, aos

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domingos, das 9h30 às 18h. O valor de 7 euros inclui visi-ta ao piso, à catedral e à biblioteca.

a Catedral de siena, na itália

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Em Miami, a pé e de bike

Está com malas prontas para Miami? Saiba que o túnel do porto da cidade norte-americana acaba de ser aberto ao público. Re-sultado de um acordo de concessão de 35 anos en-tre a Secretaria de Trans-portes da Flórida e a MAT Concessionaire LLC, a obra conecta a SR A1A/MacAr-thur Causeway com a Dog-de Island, possibilitando o acesso direto entre o porto e as rodovias I-395 e I-95.

Além de ser mais uma en-trada para o porto e de estimular o desenvolvimento da região central de Miami, o túnel também deve melhorar o fluxo de veículos local – a previsão é que 16 mil veículos trafeguem nele diariamente, reduzindo o número de ca-minhões de carga.Por falar em Miami, não é preciso usar um carro para visitar os seus principais pontos turísticos. A cidade de clima quente também pode ser conhecida com uma bike, patins e até mesmo em caminhadas.

Se optar pela bicicleta, algumas dicas. O “Taste of Lit-tle Havana Tour”, por exemplo, é um dos passeios mais concorridos de Miami. Tem como proposta percorrer de

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bairro Little Havana, em Miami

bike o coração de Little Havana, bairro de forte influên-cia cubana. Outra opção é pedalar por Key Biscayne, uma ilha que é conectada a Miami por uma ponte de 6 km sus-pensa no mar e que possui ciclovias novas.

Para quem não é adepto de fazer esforço ou não está em boa forma física, a Parques e Ingressos oferece tours com Segways, um diciclo elétrico de baixa velocidade. São vários os roteiros. Entre eles, o passeio pelo Distrito Art Déco, em South Miami Beach; e o tour Segway Miami Ri-ver, que oferece a possibilidade de se testemunhar o en-contro do Rio Miami com o mar. Detalhes: www.parques--e-ingressos.com.br.

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Mais brasileiros visitam a Nova Zelândia

O número de visitantes brasileiros na Nova Zelândia au-mentou 54% no mês de julho de 2014 em comparação com julho de 2013, segundo a Tourism New Zealand, agência de promoção do turismo do país. No ano passado a Nova Zelândia recebeu 12 mil turistas brasileiros e, com as ações e campanhas desenvolvidas pelo governo neoze-landês no Brasil, a expectativa é que esse número aumen-te significativamente. “O Brasil é um mercado potencial para a Nova Zelândia, um país tem um perfil de receptivi-

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o Lago Matheson, na Nova Zelândia

dade, atividades diversificadas e a qualidade nos serviços que os bra-sileiros buscam”, diz Karem Basul-to, gerente-geral do Tourism New Zealand na América Latina.

(*) Correspondência para a seção “Viagem Oásis” deverá ser enviada a Fabíola Musar-ra: [email protected]

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QUEM CONTROLA O MUNDO?Poucos concentram todo o poder. O resto fica vulnerável

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eórico da complexidade de siste-mas, James B. Glattfelder procura fornecer uma compreensão muita rica e baseada em dados concretos a respeito das interações das forças que controlam a economia global. Ele não segue nenhuma ideologia, mas diz que sua maior preocupação é colaborar para que o mundo se

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James glattfelder estuda complexidade: como um sistema interconectado — digamos, um bando de pássaros — é mais do que a soma de suas partes. e a teoria da complexidade, pelo visto, pode revelar muito sobre a forma como a economia funciona. glattfelder compartilha um estudo inovador de como o controle flui através da economia global, e como a concentração de poder nas mãos de um grupo surpreendentemente pequeno nos deixa todos muito vulneráveis

VíDeo: TeD – iDeas WorTH sPreaDiNGTraDução: KariNa GuZZireVisão: isabeL ViLLaN

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transforme num lugar melhor para vivermos. Formado em física, ele ficou surpreso com a enorme quantidade de conhecimento que acumulamos a respeito do mundo e do uni-verso físicos. E perguntou: poderíamos alcan-çar um nível similar de conhecimento a res-peito da sociedade humana?

A pergunta o levou ao estudo dos sistemas complexos, área na qual obteve um doutorado pelo Instituto Federal Suíço de Tecnologia. Em 2011 publicou, como coautor, o best-seller “The Network of Global Corporate Control” (A rede do controle corporativo global), livro que desencadeou uma série de controvérsias e discussões. O estudo examina a arquitetura das organizações e poderes que controlam o mundo.

JaMes GLaTTFeLDer

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Vídeo da palestra “Quem controla o mundo?”

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Tradução integral da palestra “Quem controla o mundo?”

“Quando a crise veio, as sérias limitações nos modelos econômicos e financeiros existentes vieram à tona imediatamente.” Há também uma forte crença, na qual também acredito, de que uma economia ruim ou excessivamente simples e confiante ajudou a criar a crise.”

Agora, vocês todos provavelmente ouviram uma crítica parecida, vinda de pessoas que não acreditam no capitalismo. Mas isto é diferente. Isto está vindo do centro das finanças. A primeira frase é de Jean-Claude Trichet quando ele foi o governante do Banco Central Europeu. A se-gunda é do chefe do Financial Services Authority do Reino Unido. Será que essas pessoas estão querendo dizer que nós não entendemos os sistemas econômicos que dirigem nossas sociedades modernas? Ainda pior. “Nós gastamos bilhões de dólares tentando entender as origens do universo, mas ainda não entendemos as condições para uma socie-dade estável, uma economia que funciona, ou paz.”

O que está acontecendo aqui? Como isso é possível? Nós entendemos mesmo mais sobre o que forma a realidade do que entendemos sobre o que se forma e emerge de nossas interações humanas? Infelizmen-te, a resposta é sim. Mas existe uma solução intrigante vinda do que é conhecido como a ciência da complexidade.

Para explicar o que isso significa, por favor, deixem-me rapidamente recuar alguns passos. Eu acabei estudando física por acaso. Foi um encontro fortuito quando eu era jovem, e, desde então, sempre me perguntei sobre o sucesso incrível da física em descrever a realidade em que acordamos todos os dias. Em poucas palavras, você pode pen-sar em física da seguinte maneira: você pega o pedaço de realidade que você quer entender e traduz para a matemática. Você o codifica em equações. Daí, previsões podem ser feitas e testadas. Nós temos muita sorte que isso funcione, porque ninguém sabe mesmo por que os pen-samentos em nossas cabeças deveriam realmente estar relacionados com o funcionamento essencial do universo. Apesar do sucesso, a física

tem seus limites. Como disse Dirk Helbing na última frase, nós não entendemos realmente a complexidade que se relaciona conosco, que nos cerca. Este paradoxo é o que me deixou inte-ressado em sistemas complexos. Então, estes sistemas são com-postos de muitas partes interligadas ou que interagem: bandos de pássaros ou peixes, colônias de formigas, ecossistemas, cére-bros, mercados financeiros. Estes são apenas alguns exemplos. Curiosamente, sistemas complexos são muito difíceis de ser transformados em equações matemáticas, logo, a abordagem usual da física não funciona aqui.

Então, o que sabemos sobre sistemas complexos? Bem, acon-tece que o que parece comportamento complexo, observado de fora, é realmente o resultado de algumas regras simples de inte-ração. Isso significa que você pode esquecer as equações e co-meçar a entender o sistema observando as interações. Portanto, você pode mesmo esquecer as equações e começar a observar só

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Tradução integral da palestra “Quem controla o mundo?”

as interações. E ainda melhora, porque a maioria dos sistemas comple-xos tem uma característica incrível chamada emersão. E isso significa que o sistema como um todo de repente começa a mostrar um compor-tamento que não pode ser entendido ou previsto só pela observação dos elementos do sistema. Então o todo é literalmente mais do que soma de suas partes. E tudo isso também significa que você pode esquecer as partes individuais do sistema, o quanto são complexas. Então, se é uma célula, ou um cupim ou um pássaro, você só focaliza as regras de intera-ção.

Como resultado, redes são representações ideais de sistemas comple-xos. Os nódulos na rede são as partes do sistema e as ligações são dadas pelas interações. Então o que as equações são para física, as redes com-plexas são para o estudo de sistemas complexos.

Esta abordagem tem sido aplicada com muito sucesso a muitos siste-

mas complexos em física, biologia, ciência de computadores, ci-ências sociais, mas, e a economia? Onde estão as redes econômi-cas? Esta é uma lacuna que surpreende e sobressai na literatura. O estudo que publicamos no ano passado, chamado “A Rede do Controle Corporativo Global”, foi a primeira análise extensa de redes econômicas. O estudo se espalhou na Internet e atraiu muita atenção da mídia internacional. Isto é notável porque, novamente, por que ninguém observou isto antes? Dados pare-cidos já existem há um bom tempo.

O que vimos em detalhe foram as redes de posse. Então aqui os nódulos são companhias, pessoas, governos, fundações, etc. E as ligações representam as relações acionárias, então o acionis-ta A tem x por cento de ações na Companhia B. E nós também damos um valor para a companhia, determinado pela receita operacional. Então redes acionárias mostram os padrões de relações acionárias. Neste pequeno exemplo, vocês podem ver algumas instituições financeiras com algumas das muitas rela-ções marcadas.

Agora, vocês podem pensar que ninguém observou isto antes porque redes acionárias são muito, muito chatas de se estudar. Bem, já que a posse é relacionada ao controle, como vou explicar mais tarde, observar as redes acionárias pode mesmo trazer res-postas para perguntas como: quem são os principais jogadores? Como eles estão organizados? Eles estão isolados? Eles estão interconectados? E qual é a distribuição geral do controle? Em outras palavras, quem controla o mundo? Eu acho que esta é uma pergunta interessante, e que tem implicações no risco sistê-mico. Essa é uma medida do quão vulnerável é um sistema em geral. Um nível alto de interconectividade pode ser ruim para a estabilidade, porque daí o estresse pode se espalhar pelo sistema como uma epidemia.

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Tradução integral da palestra “Quem controla o mundo?”

Cientistas, às vezes, criticaram economistas que acreditam que ideias e conceitos são mais importantes do que dados empíricos, porque a diretriz fundamental da ciência é: Deixe a informação falar. Ok. Vamos fazer isso.

Então nós começamos com um banco de dados que contém 13 mi-lhões de relações acionárias de 2007. Isto é muita informação, e por-que nós queríamos descobrir quem rege o mundo, nós decidimos nos concentrar em corporações transnacionais, ou CTNs, quando abre-viado. Estas são companhias que operam em mais de um país, e nós encontramos 43.000. No próximo passo, construímos a rede em volta dessas companhias, então pegamos todos os acionistas das CTNs e os acionistas dos acionistas, etc., subindo até o topo, e também fizemos o mesmo descendo, e o resultado foi uma rede com 600.000 nódulos e um milhão de conexões. Esta é a rede de CTN que analisamos.

E acabou sendo estruturada da seguinte forma: você tem uma periferia e um centro que contém por volta de 75 por cento de todos os partici-pantes, e no centro há este núcleo minúsculo mas dominante, que é formado por companhias altamente interconectadas. Para lhe dar uma ideia melhor, pense em uma área metropolitana. Você temos os subúr-bios e as periferias, você tem um centro, como o distrito financeiro, e o núcleo vai ser algo como o prédio mais alto no centro. E nós já vemos os sinais de organização acontecendo aqui. Trinta e seis por cento das CTNs estão só no núcleo, mas elas formam 95 por cento da receita operacional total de todas as CTNs.

OK, então agora que analisamos a estrutura, como isso está relaciona-do ao controle? Bem, posse dá direito de voto aos acionistas. Esta é a noção comum de controle. E existem modelos diferentes que lhe per-mitem calcular o controle que você tem como acionista. Se você tem mais de 50 por cento das ações em uma companhia, você tem controle,

mas, normalmente depende da distribuição relativa das ações. E a rede faz muita diferença. Por volta de 10 anos atrás, o senhor Tronchetty Provera era acionista e tinha controle de uma peque-na empresa, que era acionista e tinha controle de uma empresa maior. Você entendeu a ideia. Isto acabou lhe dando controle na Telecom Itália com poder de influência de 26. Então isto quer dizer que, com cada euro que ele investiu, ele conseguiu mover 26 euros de valor de mercado, através da cadeia de relações de posse.

Agora o que realmente calculamos no nosso estudo foi o con-trole sobre o valor das TNCs. Isso nos permitiu atribuir um grau de influência a cada acionista. Isso é bem no sentido da ideia de poder potencial, de Max Weber, que é a probabilidade de impor sua vontade própria apesar da oposição dos outros.

Se você quer calcular o fluxo em uma rede de posse, aqui está

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Tradução integral da palestra “Quem controla o mundo?”

o que você tem que fazer. Na verdade não é muito difícil de entender. Deixem-me explicar com esta analogia. Pensem em água fluindo em canos e os canos têm espessuras diferentes. Da mesma forma, o con-trole está fluindo na rede de posses e está se acumulando nos nódulos. Então o que encontramos depois de calcular toda esta rede de controle? Bem, acontece que os 737 principais acionistas têm o potencial de cole-tivamente controlar 80 por cento do valor das CNTs. Agora, lembre-se, nós começamos com 600.000 nódulos, então estes 737 principais acio-nistas formam um pouco mais que 0.1 por cento. Eles são, na maioria, instituições financeiras nos E.U.A. e Reino Unido. E ainda fica mais radical. Existem 146 acionistas no núcleo, e eles têm coletivamente o potencial de controlar 40 por cento do valor das CTNs.

O que você deve entender com isso? Bem, o alto grau de controle que você viu é muito extremo em qualquer padrão. O alto grau de interco-nexão dos acionistas principais no núcleo poderia representar um risco

sistêmico significativo na economia global e nós poderíamos reproduzir facilmente a rede CTN com algumas regras simples. Isto significa que sua estrutura é provavelmente o resultado de organização própria. É uma propriedade emergente que de-pende das regras de interação do sistema, então provavelmente não é o resultado de uma abordagem do topo à base como uma conspiração global.

Nosso estudo “é uma impressão da superfície da lua. Não é um mapa de ruas.” Então você teria que pegar os números exatos do nosso estudo, com ressalvas, mas ainda assim ele “nos deu uma pequena amostra de um admirável mundo novo das finanças.” Nós esperamos ter aberto as portas para mais estudos nessa di-reção, para que o restante do terreno desconhecido seja traçado no futuro. E devagar isto está começando. Nós estamos vendo o aparecimento de programas a longo prazo e altamente financia-dos que buscam entender nosso mundo de redes de um ponto de vista complexo. Mas esta viagem está apenas começando, então nós teremos que esperar antes de ver os primeiros resulta-dos.

Agora, na minha opinião, ainda há um grande problema. Ideias relacionadas com finanças, economia, política, sociedade são muitas vezes contaminadas pelas ideologias pessoais das pes-soas. Eu espero muito que esta perspectiva de complexidade permita que se encontre um ponto em comum. Seria fantástico se tivesse o poder de ajudar a acabar com o impasse criado por ideias conflitantes que parecem estar paralisando o nosso mun-do globalizado. A realidade é tão complexa, nós temos que nos afastar do dogma. Mas isto é só a minha ideologia pessoal.Obrigado.

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