prémio reserva naval

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m privilégiopara 3000 membros

U• Usufruir para ti e até quatro acompanhantes, em qualquer época

do ano de um desconto de 30% sobre os preços de balcão no alojamento dos Aldeamentos Turísticos de Pedras D'El Rei e Pedras da Rainha em Tavira - Algarve;

• Usufruir, para ti e até quatro acompanhantes, em qualquer época do ano, de um desconto de 25% sobre os preços de balcão no alojamento (dormida e pequeno almoço) nas seguintes unidades do Grupo Hoteleiro Fernando Barata:

Mónica Isabel Beach Club (Albufeira)

Forte de S. João (Albufeira)

Hotel Sol e Mar (Albufeira)

Hotel Suiço-Atlântico (Lisboa)

Aparthotel Auramar (Albufeira)

Hotel Sol e Serra (Castelo de Vide)

Hotel Mar à vista (Albufeira)

Hotel Dom Fernando (Évora)

Oleandro Country Club (Albufeira)

Hotel São João (Funchal)

Residencial Vila Recife (Albufeira)

• Utilizar a messe de Marinha em Cascais;

• Usufruir de condições especiais na Estalagem da Quinta de Santo António em Elvas.

• Acesso às consultas do Hospital de Marinha, a todos os asso-ciados da AORN, conjuges, ascendentes e descendentes que integrem o respectivo agregado familiar.

Em turismo de habitação, extensivo até cinco acompanhantes, na margem esquerda do rio Douro. Em qualquer época do ano, na Vila de Resende, com desconto de 30% no alojamento (dormida e pequeno almoço).

Publicação Periódica da Associaçãodos Oficiais da Reserva Naval

Nº 16 • Ano VIIISetembro de 2003

Administração e RedacçãoFábrica Nacional da Cordoaria

Rua da Junqueira1300-342 Lisboa

Telefs.: 21 362 68 40 / 21 362 68 39 (Fax)e-mail: [email protected]/baiagatas/2176

Design e paginação electrónicaM. LEMA SANTOS, LDA.

Fotolito e montagemGRAFILIS, SA.

Impressão e acabamentoGRÁFICAMONUMENTAL, LDA.

Tiragem3.000 exemplares

ÍndiceEncontro Nacional da Reserva Naval 4

Editorial 5

O 12º CFORN 6

Curiosidades... de 1960 9

Os 35 Anos do 11º CFORN na Escola Naval 10

Notícias 13

Creoula 16

Ciclo de Conferências Nacionais 18

ProtocoloUniversidade Lusíada / AORN 20

Conferência na Universidade LusíadaIntervenção do Secretário de Estado da Defesae Antigos Combatentes 21

Aliança Atlântica – Que Futuro? 25

Prémio Reserva Naval 26

8º Aniversário da AORN 28

Embarcações Tradicionais do Tejo e do Sado 33

AAssembleia Geral da AORN 34

Revivendo Metangula em Azeitão 37

Guiné / Bissau – Uma Longa Jornada de Saudade 38

A Biblioteca da AORN 42

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ENCONTRORESERVA NAVALNACIONAL19 a 21 de Setembro de 2003

19 DE SETEMBRO (Sexta-Feira – Tarde)

15:00 Apresentação e Cumprimentos• Presidente da Câmara Municipal daFigueira da Foz

• Capitão do Porto da Figueira da Foz• Comandante do NTM “Creoula”

Centro de Artes e Espectáculos16:00 Recepção dos Participantes16:30 Inauguração da Exposição sobre a Reserva

Naval

Hotel Mercure (antigo Grande Hotel)20:00 Porto de Boas-Vindas20:30 Jantar da Guarnição (buffet)

20 DE SETEMBRO (Sábado – Manhã)

Tema:Portugal e a Estratégia Atlântica

Apresentação do Tema a cargo do painel composto por:• Prof. Doutor Ernâni Rodrigues Lopes• Almirante Nuno Vieira Matias• Comandante Virgílio de Carvalho

Centro de Artes e Espectáculos09:00 Recepção dos Participantes10:00 Sessão Solene de Abertura do Encontro

Nacional10:15 1ª Sessão de Trabalhos

Apresentação do Tema11:45 Coffee Break12:15 2ª Sessão de Trabalhos

Debate13:45 Almoço

20 DE SETEMBRO (Sábado – Tarde)

Tema:O Espírito da Reserva Naval

Horizonte AORNCoordenação do Debate a cargo do painel composto por:

Alfredo Lemos DamiãoAntónio Castro MoreiraAntónio Rodrigues Maximiano

Centro de Artes e Espectáculos15:30 Cerimónia de assinatura do protocolo

celebrado entre o Hospital MilitarRegional Nº 1 – D. Pedro V e a AORN

15:45 3ª Sessão de TrabalhosDebate sobre o Tema

16:30 Coffe Break17:00 4ª Sessão de Trabalhos

Continuação do Debate18:00 Final dos Trabalhos do Dia

Salão Nobre do Casino da Figueira da Foz20:00 Boas-Vindas, Jantar e Baile

da Reserva Naval** Traje: Smoking ou Fato Escuro

Programa Turístico de Acompanhantes15:30 Passeio “Figueira da Foz/Serra da

Boa Viagem” com duração aproximadade duas horasLocal de Saída: Centro de Artes e Espectáculos

21 DE SETEMBRO (Domingo)

13:00 Almoço de EncerramentoLocal: Restaurante “Teimoso”(Estrada do Cabo Mondego)

15:30 Fim do Encontro Nacional

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1 – Em Setembro deste ano de 2003, realiza-se na Figueira da Fozo Encontro Nacional da Reserva Naval, pensado e executadonão só para festejar o reencontro dos Oficiais RN, marcando a ca-pacidade de realização da AORN, mas também e sobretudo paramotivar os actuais e futurosAssociados para «tarefas comuns, pro-gressivamente mais exigentes ou complexas, visando objectivosassociativos cada vez mais ambiciosos» (cfr. Editorial da Revistanº 14).É que se, por um lado, a vontade se tempera perante as dificul-dades dessas tarefas e se reforça na concretização bem sucedidadas mesmas, por outro lado, a motivação é tanto maior quanto oconvencimento da utilidade do empenho e da qualidade do re-sultado.Sempre inspirados no Espírito da Reserva Naval (cuja salva-guarda, conservação e desenvolvimento representam o primeiroobjectivo essencial dos nossos fins estatutários), procuramos in-cluir neste Encontro Nacional alguns dos vectores principais que,no meu entender, poderão vir a constituir, no futuro próximo, a es-sência do Congresso da Reserva Naval – que admito poder vir aser acolhido pela AORN, periodicamente, com benefícios associa-tivo e pessoal dos seus participantes.Decorre tal conjunto de vectores daquilo a que chamei – na últimasessão daAssembleia Geral, a propósito da criação das respectivasDivisões – os pilares fundamentais da Associação: os Associados,a Marinha e o Mar.Em primeiro lugar, um programa de reencontro, convívio, reforçoda amizade e camaradagem e também lúdico para os Associados.Em segundo lugar, a realização de um evento de reflexão e inter-venção cívica com grande qualidade e actualidade e para a qualprocuramos a cobertura mediática, que potencie a amplificação pa-ra o conjunto da Sociedade do que ali se passe, ajudando ao escla-recimento e formação da opinião pública.Em terceiro lugar, uma oportunidade daAssociação se reforçar, noque concerne a meios e conhecimentos e a um aspecto relevanteque tem vindo a ser sublinhado por vários Camaradas Associados:o da orientação ou rumo da acção da AORN a médio prazo.Estes dois últimos pontos merecem algum destaque.2 – Portugal e a Estratégia Atlântica é o tema a desenvolver pe-lo painel constituído pelo nosso Presidente da Assembleia Geral,Ernâni Rodrigues Lopes, peloAlmirante Nuno Vieira Matias e pe-lo Comandante Virgílio de Carvalho.Nele se apresentará e debaterá, designadamente, um conjunto deconceitos e realidades geográficas, estratégicas, económicas, cul-turais, científicas, assim como as respectivas consequências paraPortugal, que sublinham a enorme importância, actual e futura, du-ma Estratégia Nacional de Matriz Oceânica.Contribuimos, assim, também nós, para a discussão que hoje é fun-damental na vida do País, emmomento de tomada de decisões queinfluenciarão determinantemente o nosso Futuro.3 – O Espírito da Reserva Naval – Horizonte da AORN foi o

título dado ao período de reflexão e debate sobre a orientação ourumo da acção da AORN a médio prazo (3 anos).Coordenando este debate, estarão o Lemos Damião, o RodriguesMaximiano e o signatário.Será esta uma oportunidade para que todos os que o pretendam – epeço que sejam muitos a fazê-lo – intervenham, expondo as suasideias ou projectos, propondo linhas de acção para a AORN, paradesenvolver no período 2004/2006. Acredito que dessa oportuni-dade bem aproveitada saiam ideias e projectos que, devidamentemeditados, ajudem os órgãos sociais, especialmente a Direcção, adefinir o melhor programa de acção.Seria especialmente benéfico para a AORN que mais Associadosse disponibilizassem para desenvolver, sós ou em colaboração comoutros, projectos concretos de realização dos fins estatutários.Estou certo de que, quer esta quer a futura Direcção (mandato2004/2005), saberão aproveitar todas as competências e boas von-tades manifestadas.4 – Permitam-me, no entanto e sem que seja considerado abusadorda vossa paciência, contribuir desde já para aquele debate, deixan-do algumas pistas do que poderia ser a AORN no horizonte 2006.Vejo umaAssociação de base nuclear, de âmbito e acção nacionais,de preservação da sua Memória, de intervenção cívica na defesados seus valores, de presença marítima, sobretudo no treino deMare em actividades de lazer, com especial atenção à Juventude repre-sentada pelos descendentes e familiares dos Associados.Quando falo em base nuclear, refiro-me à importância do trabalhode Núcleos regionais, constituídos e activos em todo o territórionacional. A este propósito, é com satisfação que vemos o bom tra-balho que está a ser realizado peloAlmeida Santos, coadjuvado pe-lo Corte-Real e pelo Maia de Carvalho, na constituição do novelNúcleo do Mondego.Vejo tudo isto em ligação e coordenação, sempre que for o caso,com a Marinha. E, finalmente, vejo o quadro social fortementealargado porque alicerçado em motivação e apoio aos seusAssociados.A concretização desta visão, ou de outra melhor, só depende de nós.Nesta expectativa sou, com um forte abraço, até à Figueira da Foz.

AORN 2006 –Um Horizonte

Editorial

A. Castro Moreira(Vice-Presidente da Direcção)

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O 12º CFORN

1 – José Alcino de Carvalho2 – José Pereira Luis3 –4 – João Mª Lemos Mexia5 –6 –7 – Elísio Gonçalves da Rocha8 –

9 –10 – Rui Miravent Tavares11 –12 –13 –14 – António Feliciano de Oliveira15 – Eduardo Vilhena Geraldes16 – José Sousa Dourado

17 –18 – Rui Moura da Silva19 – José Luis Tocha dos Santos20 –21 – Joaquim Mª Sousa Cymbron22 – João Silva Felgueiras23 – Luis Caldeira Pinto24 – Luis Veiga de Macedo

25 –26 – Jorge Gomes de Miranda27 – Jorge Machado da Costa28 – Manuel Lopes Marques29 –30 – Luis Mendes Godinho31 – João Mª Marques Fernandes32 – Fernando Amaral Neto

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Com 35 cadetes, o 12º CFORN foialistado em 19 de Fevereiro de1968, constituindo o primeiro dos

dois cursos incorporados naArmada, nes-se ano.Foi também, depois do 1º CEORN em1958, com apenas 20 cadetes, aquele queteve menor frequência.Foi Patrono deste curso, o Rei D. Manuel I,por cognome o “Venturoso” (1469/1521).Subiu ao trono em 1495, sucedendo aD. João II. No seu reinado, em que Lis-boa atingiu o cume do desenvolvimentode entre as cidades europeias, foram lan-çadas as bases do Império Português doOriente, numa época em que os portu-gueses chegaram à Índia, ao Brasil, àIndonésia e à Terra Nova. Data deste rei-nado o início da construção do Mosteirodos Jerónimos e da Torre de Belém.Neste curso, apenas três Classes forampreenchidas – a classe de Marinha, com21 cadetes, a classe de Fuzileiros, com 14cadetes e a dos Técnicos Especialistas,apenas com um cadete.

Comandava a Escola Naval o ComodoroLino Paulino Pereira e o Director deInstrução foi o CFR Alfredo José Este-vam de Sousa e Costa.No final do período de instrução, oPrémio “Reserva Naval” foi entregue aocadete da classe de Marinha, Luís Ma-nuel Caldeira Pinto. Este prémio desti-nava-se a galardoar o aluno com classi-fi-cação mais elevada no conjunto da fre-quência escolar e da apreciação de carác-ter militar.

A viagem de instrução realizou-se naFragata “Diogo Cão”, sob o comando doCFR Eurico Serradas Duarte, tendo o na-vio tocado os portos de Ponta Delgada eHorta (Açores), Funchal (Madeira) e SãoVicente de Cabo Verde. Os cadetes efec-tuaram ainda um desembarque em PortoSanto, tendo o navio ficado ao largo.A partir desta data começaram os desta-camentos para as Unidades, sendo eleva-do o número dos que receberam Guias deMarcha para serviço no Ultramar.Referimos os seguintes destacamentos:Pereira Luís para o InstitutoHidrográfico, Gomes de Miranda (NRPD. Jere-mias), Castro Pacheco (NRP D.Aleixo), Antero dos Santos (DefesaMarítima do Lago Niassa), CaldeiraPinto (NRPAlvor),Moura da Silva (NRPPorto Santo), Mendes Godinho (NRP S.Jorge), Lopes Marques (NRP Bicuda),Amaral Neto (NRP Fogo), Rodrigues deCar-valho (NRP Azevia), Machado daCosta (NRP Santo Antão), MiraventTavares (NRP Corvina), Tocha dos

Santos (NRP Alvor), Lemos Mexia (NRPAlvor), Silva Filgueiras (NRP Corvo),Marques Fernandes (NRP Dourada),Sousa Dourado (NRP AlmiranteSchultz), Gonçalves da Rocha (NRPS. Gabriel), Vilhena Geraldes (NRP SãoRoque), Feliciano de Oliveira (NRPRibeira Grande)

Destaque também para os elementos des-te curso nomeados comandantes deLanchas: Luís Caldeira Pinto (NRPAlvor, na Guiné), Jorge Machado daCosta (NRP Júpiter, em Angola), JoséTocha dos Santos (NRP Régulus, emMoçambique), Castro Pacheco (NRPD. Aleixo, em Cabo Verde), João deLemos Mexia (NRP Altair, em Angola),Fernando Amaral Neto (NRP Albufeira,no Continente).

E para os destacados para navios onde as-sumiram os cargos de oficiais Imediatos:Manuel Lopes Marques (NRP Alfange,na Guiné), José de Sousa Dourado (NRPArgos), José Rodrigues de Carvalho(NRP Ariete, em Angola).

Comodoro Lino Paulino Pereira

Capitão de Fragata José Estevam de Sousa e Costa Luis Manuel Caldeira Pinto

Fernando de Magalhães do Amaral Neto João Maria Lacerda de Lemos Mexia José Luis Tocha Antunes dos Santos

Da classe de Fuzileiros, referência paraos seguintes movimentos:Antides Oliveira Santo e António LopesFernandes (DFE 5), Carlos AmaroRibeiro, Ulisses Jorge Paulos e JoaquimSousa Cymbron (Companhia nº 9 de FZ),José Carvalho de Araújo (DFE 7),Fernando Alves Pires (DFE 9), ArturCarvalho Gomes (Companhia nº 10 deFZ), José Lopes Fernandes (DFE 6),Luís Veiga de Macedo, Jerónimo Sá eCastro e Fausto Campos Ferreira(Companhia nº 8 de FZ).Recordámos, sinteticamente, a passagemdo 12º CFORN pela Marinha de GuerraPortuguesa.Tentámos fazê-lo de forma mais alargada,com elementos de interesse que reavi-vassem a memória dos seus protagonistas.Infelizmente, ao contrário do verificadoem anteriores situações, dos integrantes

deste curso não nos chegaram mais infor-mações que tornassem possível esse dese-jo. Aos que colaboraram, Luís CaldeiraPinto, José Alcino de Carvalho e Luís

Veiga de Macedo, os agradecimentos daRevista.

José Pires de Lima4º CEORN

LFG “Argos”

Grupo de cadetes na viagem de instrução na Fragata “Diogo Cão”

LFP “Alvor”

Três LFG’s em Bissau, navios onde elementos do 12º CFORN assumiram o cargo de Oficiais Imediatos

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OJornal DIÁRIO ILUSTRADOde 26 de Janeiro de 1960, já de-saparecido, publicava uma no-tí-

cia sobre desporto universitário que me-rece da Revista da AORN uma cha-madade atenção especial.É que nela se relatam três desafios namodalidade de andebol de sete em que,para além da formação da Escola Naval,quatro equipas representativas do Ins-ti-tuto Superior Técnico (2 equipas), doInstituto Superior de Ciências Económi-cas e Financeiras e da Faculdade deCiências apresentam diversos jogado-res que viriam a pertencer também à

CURIOSIDADES... DE 1960

que não tendo pertencido à Marinha a elaestá fortemente ligado por laços familia-res, sendo filho do VALM FranciscoFerrer Caeiro.

Referência também para o atleta Pretodo Técnico B, filho de outro oficial deMarinha, o Engº José Franco Preto.

Da equipa da Escola Naval recordam-sevários nomes, com referência para osatletas Marques (Carlos Alberto NunesMarques) e Nascimento (Luís Sebas-tião Delgado Rodrigues Nascimento)que atingiram o posto de contra-almi-rantes.

O ano de 1960 foi o da incorporação do3º CEORN de que viriam a sair os pri-meiros oficiais da Reserva Naval nomea-dos para o comando das lanchas de fisca-lização da classe Bellatrix.

Trata-se de um curso com fortes laços de

Marinha de Guerra, integran-do a Reserva Naval.São eles: TÉCNICO B: HeitorSousa Santos e Pedro PinaRibeiro, respectivamente do5º e do 3º CEORN; ECONÓ-MICAS: Alexandre VazPinto do 3º CEORN; CIÊN-CIAS: Manuel MorgadoSequeira do 3º CEORN;TÉCNICO A: Renato Olivei-ra e Silva do 4º CEORN.Destaque ainda, na equipa doTécnico A, para os 11 golosmarcados pelo atleta Caeiro,

camaradagem, mantida ao longo de maisde quarenta anos, com realce para os con-vívios que promovem, sem falhas, pelomenos uma vez por ano.

São da História deste 3º CEORN as foto-grafias juntas, uma de Manuel Mor-gadoSequeira, a quem se deve esta notí-cia, eoutra num jantar finalizado por lança-mento de pastéis de nata, na falta de ou-tros obuses mais adequados.

Reconhecem-se, entre outros: 1 - João Estarreja, 2 - Marques Antunes, 3 - Norton dos Reis,4 - Frederico Villas Boas, 5 - Pombo Rodrigues

Manuel Morgado Sequeira

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Coincidindo com a passagem do35º aniversário do destacamentopara as primeiras Unidades de

Marinha dos seus elementos, conformeODSP – 1ª Série - nº 75, de 15 deAbril de1968, o 11º CFORN, entrado na EscolaNaval a 2 de Setembro de 1967, reuniu-senum jantar em 8 de Abril passado.

Jornada de grande elevação, requintada-mente preparada por uma comissão orga-nizadora formada por Manuel PotesCordovil, Fernando Dias de Freitas,Ricardo Migães de Campos e AntónioCampos Teixeira, levou à Escola Naval38 componentes daquele Curso, muitosacompanhados de familiares, aos quais sejuntaram convidados, o Comando daEscola e representações de Professores ede Cadetes. Um total de 95 presençasnum dia memorável.

Recordamos que este curso foi frequen-tado por 75 cadetes.

A chegada foi o primeiro “choque” comas recordações, as caras mudadas pelotempo, muitas bem diferentes da épocados cabelos pretos e fartos, cinturas inca-pazes de se meterem de novo nas fardasde então, figuras ainda firmes algumas,outras bamboleando-se como no convésde um navio em dia de Sudoeste, sorrisosabertos, braços estendidos ao encontro deoutros sem notícias há mais de trintaanos, alguns fingindo lembrar-se daquelerosto diferente mas ainda com o mesmoolhar.

Trinta e cinco anos não são dois dias!Passam alegrias, mudam-se vidas, alte-ram-se destinos, criam-se famílias,aguentam-se tristezas e cimentam-se ami-zades. Estas que, nesta data e neste Cur-

so, nesta Escola onde em novo rumo devida entraram há mais de três décadas,marcados definitivamente por uma expe-riência única de serviço, em que tradi-ções, histórias, camaradagem, riscos co-muns e o mistério do Mar, confirmam oque na Marinha é conhecido – uma vezjuntos, é memória para sempre.

O Comandante da Escola Naval, Almi-rante Carlos Alberto Viegas Filipe, cade-te do 4º ano à data da incorporação do11º CFORN, foi o anfitrião deste encon-tro. Investido agora do Comando daUnidade, lembrou ao longo da jornada asua ligação ao curso como “filho da esco-la”, criando desde logo um ambiente deextrema simpatia, contagiando os restan-tes oficiais e cadetes presentes.

Em memória dos camaradas e familiarespara quem a estrada da vida foi mais curta,

OS 35 ANOS DO 11º CFORN NA ESCOLA NAVAL

Na entrada da Escola Naval, o registo fotográfico de todo o grupo Na celebração da Missa, reconhecem-se Freitas do Amaral, Pupo Correia, Miranda da Rocha,Mendes do Nascimento e Manuel Cordovil

No gabinete do Comandante da Escola, a saudação do Almirante Carlos Alberto Viegas Filipe Pose de grupo no átrio do pavilhão central

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foi celebrada uma Missa pelo Capelão daUnidade. Não um acto de rotina inócua,mas uma atitude de presença voluntárianuma cerimónia importante.

Dizia o Capelão aos presentes que “A fé éum risco! Não se trata de tocar e ver, masde acolher um anúncio que é proclama-do. Muitas vezes os nossos encontros pa-recem mais uma assembleia de pessoasconstrangidas que de voluntários reuni-dos por uma necessidade profunda de en-contro e acção de graças. Este momentonão é uma reunião obrigatória, nem umareunião de ensinamentos ou de doutrina.É, acima de tudo, o sinal visível de quesomos mais, muito mais, que meros seresvivos com a coragem de fazermos memó-ria de todas as dádivas da nossa históriacomunitária, escrita tantas vezes a letrasde sangue e com um sentido de ressurrei-ção: acreditar na pessoa que somos e quejamais morrerá nesta acção de graçaspermanente, por estarmos vi-vos e dispo-níveis para dar sentido, rigor e glória aoque construímos, e que é de todos e paratodos.”

Lembrados de forma particular os cama-radas AdelinoAmaro da Costa, LuísAl-berto Camacho Lobo, João EvaristoCarapinha e Daniel da Silva Ferraz,apenas fisicamente ausentes nesta data.Um visita às instalações actuais da Escolanão fez esquecer a memória das antigascamaratas, da parada, das salas de aula oudo ginásio.O mesmo “cheiro”, o mesmo “ar”, talvezmenos formalismo do que antigamente.Sinal dos tempos ou uma maior proximi-dade entre “comandantes e comanda-dos”. Melhor agora, ou naquele tempo?

Será uma questão de opinião, mas eu pre-feria a “moda antiga”. Talvez esteja enga-nado, mas percebia-se uma maior disci-plina e regras mais precisas. Nada, no en-tanto, que altere o respeito, que esse con-tinua a ser uma realidade.Momentos houve que referimos:– A sessão de boas vindas no gabinete

do Comandante da Escola, dirigindo--se aos presentes com um sincero vo-to de satisfação por os receber naque-le dia, esperando que ali se sentissemna sua própria casa.É o cumprimento de uma praxe que aMarinha tão bem sabe conservar,mantendo abertas as suas portas a to-dos quantos um dia entraram na famí-lia naval.

– O descerramento de uma Placa, noátrio do edifício das antigas cama-ra-tas, onde os nomes de todos os cade-tes deste curso ficaram inscritos, enci-mada pelo nome do Patrono, o nave-gador “Diogo Gomes”.

- A Conferência no Grande Auditório

pelo também cadete deste curso, oProfessor Diogo Freitas do Amaral,sobre “Direito Internacional e aConjuntura Mundial do Momento”,com a presença de convidados, corpodocente e cadetes da Escola, a que seseguiu um período de debate.

- E o jantar de encerramento do dia,mais uma prova do requinte da Mari-nha e do seu pessoal da Taifa. Sim-plesmente impecável, como diria o“Oficial de Dia” no seu escrito noDiário de Bordo – Bom, Abundante eBem Confeccionado.

Neste último acto, trocas de saudações eorações de sapiência não faltaram.Agradecimentos especialmente dirigidose muito justamente ao Comandante daEscola, Alm Viegas Filipe, pelo apoio to-tal ao encontro, ao 2º Comandante, CMGFernandes Rodrigues e ao secretariadoda AORN.Agradecimentos ainda pela presença domais antigo oficial da Reserva Naval,1º classificado do 1º CEORN, RogérioCanas de Sousa Ferreira e do Alm Joa-quim Espadinha Galo, sócio de Méritoda AORN e um profundo “devoto” darealidade que é a Reserva Naval.E recordações de nomes de oficiais daEscola, na época – Comodoro Lino Pau-lino Pereira, Comandantes Correia Je-suíno, Pessoa Lopes, Conceição e Silva,Gomes Teixeira, até ao despenseiroVaga Morta.Numa feliz iniciativa, a organização dei-xou assinalada esta data fazendo oferta deum relógio com inscrição, ao Coman-dante e oficiais da Escola e a convidados.

Uma nota de fino sabor, característico demuitos actos passados na Marinha, refe-re-se ao facto da data inscrita neste reló-gio assinalar o dia 8 de Setembro de 2003como sendo aquele que deveria ser o des-te encontro. Um pequeno lapso que levoua inscrever o mês de Setembro, em vez domês de Abril, como era desejo da organi-zação.

Mas também é certo que, sem granel, nãohá sal...

José Pires de Lima4º CEORN

O mais antigo oficial RN, Rogério Canas de Sousa Ferreira (1º CEORN), assinando o Livro de Honra Fernando Freitas, António Martins, Cunha Brazão, Roque Pinho e Senhoras

Como empresa nacional, numa áreaestratégica da nossa economia, aSolbi em muito contribui para o

desenvolvimento das Tecnologias deInformação em Portugal através dos equi-pamentos City Desk que ocupam, a nívelnacional, o primeiro lugar no ranking dedesktops de Consumo e o segundo lugarnos desktops profissionais, situação ver-dadeiramente excepcional, dada a fortepresença das marcas inter-nacionais nonosso mercado, e situação única naEuropa para uma empresa local.Os equipamentos City Desk são conce-bi-dos, desenvolvidos e fabricados pelaSolbi, sendo esta a única marca nacionalque é certificada pela Microsoft com o es-tatuto de “Designed for MS Windows”.A Solbi, como empresa certificada deacordo com a norma europeia de quali-dade NP EN ISO 9001:2000, desenvolve

assim e fabrica os seus computadoresCity Desk de acordo com os padrões dequalidade internacionais.A actividade industrial da Solbi, sediadaem Carnaxide e com mais de 20 anos dehistória, revela um elevado grau de flexi-bilidade possuindo assim uma capacida-de de produção para mais de 300 compu-tadores (Pc's e servidores) por dia. Em2002, a Solbi colocou nomercado nacional43.961 equipamentos, divididos entrecomputadores, desktop e servidores.

UMA VIDA LIGADA AO MECENATO

A Solbi, com um espírito patriótico quesempre foi seu apanágio, está desde hámuitos anos ligada a iniciativas de mece-nato no nosso país. Com efeito, pode di-zer-se que a Solbi é das poucas empresasnacionais a associar-se a iniciativas destegénero no nosso país, contribuindo fre-quentemente para o desenvolvimento daarte e da cultura nacionais, bem como rea-lizando doações a instituições de utilidadepública sem fins lucrativos.Um dos principais exemplos desta preo-cupação da Solbi é o Concurso deEscultura City Desk, o maior do país que,em colaboração com a Fundação D. Luís I,está a ser promovido pelo terceiro anoconsecutivo. Este Prémio de Escultura, cu-jo valor é o mais elevado atribuído por umaempresa privada, pretende distinguir a obrade um escultor português ou residente emPortugal, que contribua por forma reco-nhecida pelo Júri para uma expe-riência

mais intensa do objecto ar-tístico e para o questiona-mento da pró-pria noçãode escultura.Privilegiando artistas emfase emergente, através

do estabelecimento de um limite de ida-de, os promotores do referido prémio, cu-ja recepção de candidaturas já teve início,esperam contribuir para o desenvolvi-mento da prática da escultura bem comopara o conhecimento de obras e percursosde artistas que eventualmente ainda nãotenham atingido a visibilidade públicaque merecem.Outro exemplo foi a participação da Solbina Expo ‘98 como Mecenas e fornecedoroficial do equipamento informático doPavilhão de Portugal e, ainda, a presençana Expo 2000, em Hannover, onde oscomputadores City Desk voltaram a equi-par o Pavilhão de Portugal.A City Desk, o maior fabricante portu-guês de computadores pessoais perten-cente ao Grupo Solbi, vai apoiar aAORN, patrocinando quer a viagem do“Creoula” à Ilha da Madeira, quer o“Encontro Nacional da Reserva Naval”.«É com muito orgulho que nos asso-cia-mos a esta iniciativa, até porque a CityDesk tem uma relação histórica e cultu-ral com o Mar e também com osDescobrimentos portugueses, nomeada-mente nas referências que sempre fezatravés da denominação dos seus equipa-mentos. Os PC's Oceanus e Infan-te sãodisso exemplo», afirmou Carlos MaiaNogueira, Presidente da Solbi.

OS COMPUTADORES CITY DESK

Engº Carlos Maia Nogueira, Presidente da Solbi

PC CITY DESK OCEANUS, eleito “Melhor Computador Pessoal” (INFORPOR 2002)

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No passado domingo dia 27 de Julho, a convite doCFR Ferreira Marques, comandante da corveta “Co-mandante Baptista de Andrade”, o Núcleo dos Açores

da AORN, através dos seus elementos e respectivas senhoras,efectuou uma visita a bordo daquele navio.Presente também o Comandante da Zona Marítima dos Açores,CALM Rodrigues Gaspar. A bordo, houve a oportunidade de vi-sitar uma exposição relacionada com a actividade daquela uni-dade naval.Tempo também para animada conversa sobre a actual panorâ-mica da Marinha de Guerra e o papel a desempenhar pelaAORN na sociedade civil. Um simpático almoço encerrou umconvívio de fino e hospitaleiro trato.

NOTÍCIAS

Breves notícias das presenças da AORN:

18-02-2003 Na Escola Naval num almoço oferecido pelo seu Comandante, o CALM Carlos Viegas Filipe.

25-03-2003 No Instituto Superior Naval de Guerra num painel subordinado ao tema “Portugal e a Sua Circunstância” modera-do pelo Professor Doutor Adriano Moreira, sendo intervenientes a Profª Drª Maria do Céu Pilar, da Universidade doMinho, a Profª Drª Maria Regina Marchueta, da Universidade Lusíada, o VALM Ferraz Sacchetti, do InstitutoSuperior de Ciências Sociais e Políticas e o Dr. João Salgueiro, da Universidade Nova.

27-04-2003 No Clube de Praças da Armada, no almoço comemorativo do 25 de Abril.

05-05-2003 No Clube de Sargentos da Armada (delegação do Feijó), na comemoração do aniversário desta delegação com a ac-tuação do Coro Polifónico do CSA (constituído pos sócios e familiares), sob a orientação do Maestro Euclides Pintoe com a presença do Maestro Edgar Saramago na qualidade de padrinho do coro.

06-05-2003 Na Academia de Marinha, na conferência “O Mar no Futuro de Portugal” moderada pelo ALM Nuno Vieira Matias,sendo oradores o Comandante Virgílio de Carvalho, o Prof. Doutor Adriano Moreira e o CALM Lima Bacelar

09-05-2003 Na Escola Naval, na cerimónia de entrega do Prémio Reserva Naval e juramento de Bandeira dos cadetes do cursoMartin Afonso de Sousa.

15-05-2003 No Museu de Marinha, na exposição de aguarelas do livro de Baldaque da Silva.

17-05-2003 Na inauguração da Exposição de Pintura e Artes Plásticas do Clube de Sargentos da Armada – delegação do Feijó,em que os artistas são, na sua grande maioria, sócios e familiares.

20-05-2003 Nas comemorações do Dia da Marinha, em Ílhavo e nas cerimónia que tiveram lugar na ilha de S. Miguel, nosAçores.

29-05-2003 No Instituto Superior Naval de Guerra, no seminário de encerramento do Curso Superior Naval.

03-06-2003 Na Academia de Marinha, na exposição de pintura computorizada do Dr. Rui Ortigão Neves.

11-06-2003 No Teatro S. Luís de Lisboa, a convite do Chefe do Estado-Maior da Armada, no concerto da Banda da Armada co-memorativo do centenário da gravação do 1º disco em Portugal pela Banda dos Marinheiros.

07-07-2003 Num jantar no Forte da Giribita, em Caxias, a convite do Almirante Francisco António Torres Vidal Abreu, Chefe doEstado-Maior da Armada., onde também estiveram presentes diversos Oficiais Generais da Marinha de Guerra.

12-07-2003 Na Doca de Marinha, em Lisboa, a convite do GAMMA, na exposição de embarcações tradicionais do Tejo e do Sado.

22-07-2003 No Museu de Marinha, na cerimónia oficial comemorativa dos 140 anos do Museu.

24-07-2003 Na Biblioteca Central de Marinha, na apresentação do volume XIII da obra “75 anos no Mar”, uma publicação daComissão Cultural de Marinha.

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Os oficiais RN do 18º CFORN, incorporado na Armadaem 18 de Fevereiro de 1971, reuniram-se em 24 de Maiopassado, num almoço na Messe de Cascais.

Compareceram 28 integrantes deste curso, de um total de 57que, naquela data, vestiram pela primeira vez a farda do botãode âncora.

Deste curso fez parte António Bernardino Apolónio Piteira, oúnico oficial da Reserva Naval morto em combate no Ultramarem 1973, e cuja memória a AORN perpetua, dando o seu nomea um Prémio com o seu nome, atribuído anualmente ao cadetedo 4º ano da Escola Naval que revele, ao longo do curso, as qua-lidades de camaradagem, altruísmo, solidariedade e generosida-de que se reconheciam em António Piteira.

NOTÍCIAS

Nopassado 31 de Maio, decorreu em Leiria o ENCONTRÃOGUINÉ 70's, visando o reencontro daqueles que presta-ram serviço na Guiné nos primórdios dos anos 70.

A operação foi superiormente planeada pelo Firmino Coutinhodo 17º CFORN, com o objectivo de Fomentar a Amizade entreaqueles “guinéus” e foi executada com abnegado espírito demissão por meia centena de Oficiais da Reserva Naval, oriundosdos 15º ao 22º CFORN's, vários acompanhados por familiares.Foi assinalável o êxito obtido e que prolongou o almoço por toda a

AAORN (em conjunto com o COMM – Clube dos Oficiaisda Marinha Mercante) deslocou-se ao Alqueva, no tran-sacto dia 7 de Junho, para uma visita de estudo, em res-

posta a amável convite da EDIA – Empresa de Desenvolvi-mento e Infraestruturas do Alqueva.Fomos recebidos em nome da EDIA pelo Sr. Prof. DoutorAugusto Felício, Administrador, e pelo Sr. Carlos Silva, dasRelações Públicas. Quer na apresentação, de muito elevado ní-vel, do Projecto e das consequências da sua implantação, querno acompanhamento da visita à barragem e à recuperada Aldeiada Luz, pudemos ficar com uma noção do importante papel queo Projecto do Alqueva está a desempenhar e poderá desempe-nhar, directa e indirectamente, na melhoria das condições de vi-da do Alentejo e no desenvolvimento do País.Cerca de meia centena de associados daAORN e do COMM pu-deram, assim, recolher ou completar informação ampla e fide-digna sobre o Projecto do Alqueva – actualmente o investimen-to de mais elevada expressão económica em Portugal.

tarde... Estórias da Guiné – umas mais guerrreiras, outras nem tan-to, mas todas contribuindo para o reforço da camaradagem e para aboa disposição geral foram narradas por outros tantos estoriadorescomoMelo e Sousa (o “Bellini”), José Braga, Pires Carmona, Maiade Carvalho, Corte Real e Fernando Santos.

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Nopresente ano, oDia daMarinha – comemorado a 20 deMaio por esta ser a data em que se completou com êxitoa viagem de Vasco da Gama que concretizou o objectivo

nacional de chegar à Índia por via marítima – teve lugar em Ílha-vo, concelho dinâmico ribeirinho da Ria de Aveiro.A AORN esteve presente, sentiu-se em família e gostou espe-cialmente de ver reafirmada pelo Almiramte CEMA a importân-cia da valorização e qualificação profissional ao mais alto níveldos quadros da Marinha. Igualmente apreciada a numerosa e vi-brante participação popular nas cerimónias, quer nas militares e

instititucionais da parte da manhã, junto à Câmara Municipal,quer nos exercícios de demonstração de operacionalidade e des-file de navios, durante a tarde, junto ao farol da barra.

Os 22 oficiais do 22º CFORN classe FZ – de um cursoincial de 25, comemoraram o 30º aniversário da sua in-corporação no transacto dia 22 de Fevereiro, na Escola

de Fuzileiros.

Foi prestada uma homenagem aos Camaradas mortos em Serviço,com deposição de coroas de flores no respectivo monumento.

Uma visita ao museu da Escola e um almoço de convívio, sem-pre com a presença do CFR Sousa Dias a representar a Escolaanfitriã e com intervenção do CMG Mendes Fernandes –Comandante da Companhia de Instrução, à época, completarammais esta jornada de camaradagem.

AAORN propiciou a um conjunto de algumas dezenas dejovens estudantes do 8º e 9º ano doColégio Europeu doPorto, uma visita de estudo à Escola Naval, ao Museu

de Marinha e ao NRP Vasco da Gama, nos transactos dias 21 e22 de Fevereiro, com pernoita na primeira.Naquele Colégio, o tema principal do ano lectivo 2002/03 foi ode Ciência e Tecnologia (Área-Projecto) e as visitas de estudoem causa inspiraram-se em tal tema, visando responder à neces-sidade de conhecimento da Realidade Nacional e de definiçãodas primeiras Opções Vocacionais.A ideia teve imediato acolhimento nos Comandos das Unidadesem causa e na Direcção do Museu, vindo o respectivo programaa revelar-se intenso, atraente e coroado de êxito na participaçãodos jovens que, vários meses após, ainda falavam com saudadedo “fim de semana da Marinha”.Ao CALM Viegas Filipe, Comandante da Escola Naval e aosComandantes Beça Gil e Pereira Coutinho o nosso agradeci-mento pelo apoio dado e pela superior qualidade do programaproporcionado.

NOTÍCIAS

Todas as segundas 5ªs feiras de cada mês se realiza um en-contro do Polo Norte, com ou sem jantar, na sede daAEP(Ex-AIPortuense) na Av. da Boavista, nº 2671 (próximo

do cruzamento com a Av. Marechal Gomes da Costa).Os camaradas interessados em jantar deverão contactar directa-mente com o Sr. António Costa (Restaurante da AEP) pelos te-lefones 226 158 504 ou 917 513 649, ou através do JoaquimMoreira pelos telefones 213 815 450, 229 416 114 ou 917 814402.

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Cerca de 60 antigos oficiais daReserva Naval, sócios daAORN econvidados, realizaram no passo

dia 29 de Junho uma “campanha” quasemeio dia a bordo do renovado veleiroCreoula, que levou aqueles “intrépidos”antigos marujos a sofrerem (e recorda-rem) os efeitos do “malagueiro” à saídada barra de Lisboa.

Os sócios e convidados responderam,com prontidão, à chamada tendo a fainacomeçado cerca das 10:00 TMG, com onavio a sair em temperança da Base Na-val de Lisboa, no Alfeite, embora comnuvens negras ao longe, e zarpado até àembocadura do Rio Tejo.

Os “valerosos” e “valerosas” acompa-

nhantes portaram-se dignamente e, noDiário de Bordo, ficaram registadas “asmemórias gloriosas” da sua passagem abordo, incluindo algumas idas forçadas àamurada para lançarem o "”gregório”.

Quais verdadeiros seguidores dos antigosbarões assinalados que da ocidentalpraia lusitana se aventuraram a perigos e

CREOULA

Um treino de mar para 60 sócios da AORN e convidados

Painel de corajosos concorrentes a tripulantes

Vista do Creoula a navegar frente à Estação Fluvial de Belém no dia do “treino de mar” dos sócios da AORN

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guerras esforçados, os sócios daAORN eos seus acompanhantes assistiram àsorientações detalhadas dadas pelo Co-mando e oficiais do navio e, de peito fei-to, resistiram à chuva que entretanto osapanhou já à vista do farol do Bugio.Esperava-os um almoço de heróis emfrente a Cascais mas, depois de navega-ção larga na zona da Barra, meteram ru-mo em direccção a águas mais calmas emfrente ao Aquário Vasco da Gama, ondeconfraternizaram e foi servido o repastocom todo o esmero de bordo, apesar dachuva que continuamente caiu por essaaltura.Foi um verdadeiro “treino de mar”, dadocom aprumo pela guarnição do Creoula,do comando do CTEN Martins da Cruz.A direcção daAORN e o Comando do na-vio reuniram-se entretanto, tendo sido al-vitrada a hipótese de utilizações futurasdo veleiro em actividades da Associação.O navio Creoula saiu recentemente de fa-bricos, onde sofreu apurado serviço de

manutenção, nomeadamente a nível demastros.O Creoula é um lugre de quatro mastros,construído, em 1937, para fazer a cam-panha do bacalhau, missão que cumpriulogo no ano da sua construção. Fez 37campanhas, a última das quais em 1973.Chegou a pescar 600 quintais de bacalhaunum só dia, o que corresponde a cerca de36 toneladas e dá uma média de 660 qui-logramas por cada pescador.O navio largava de Lisboa em Abril e se-guia para os bancos da Terra Nova, NovaEscócia e Saint Pierre, onde pescava emcondições duras, até aos finais de Maio.Dirigia-se depois à Nova Escócia ou àTerra Nova onde reabastecia de isco fres-co, mantimentos, combustível e aguada,seguindo para a Gronelândia, onde che-gava em meados de Junho.Recomeçava a pesca no estreito de Davis.Se não terminasse o carregamento atéprincípios de Setembro, regressava àTerra Nova, onde pescaria até meados de

Outubro, voltando então a Portugal.Em 1979, o Creoula foi adquirido à Par-ceria Geral das Pescarias pela Secretariade Estado das Pescas, com o apoio daSecretaria de Estado da Cultura, para vira ser um museu de pesca.Depois de ser verificar que o casco aindaestava em boas condições, foi decididoque o navio se manteria a navegar e queseria transformado em Navio de Treino deMar (NTM), em especial ligando a juven-tude à vivência marítima.Por essa razão foi necessário transformaro porão de peixe em coberta para 60 ins-truendos, ampliar a enfermaria e a capa-cidade de aguada, instalar um refeitório,aumentar as instalações sanitárias, alteraro lastro e substituir a madeira por aço nosmastros.

Serafim Lobato14º CFORN

O Comandante Martins da Cruz e Oficiais do “Creoula”

Detalhe nas explicações e sorrisos, mais tarde postos à prova....

Em plena faina de treino de mar

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AAORN, a Universidade Lusíada eo seu Núcleo deAlunos Finalistasdo Curso de Relações Internacio-

nais, levaram a efeito nos dias 19 e 20 deMarço pp, no Auditório daquela Univer-sidade, na Rua da Junqueira, em Lisboa,uma conferência subordinada ao tema“As Forças Armadas na Actual Con-juntura Internacional”.Pretendeu-se, com esta conferência, levar

até à Universidade a mensagem dos trêsramos das Forças Armadas como partesfundamentais da Defesa do TerritórioNacional, e igualmente como componen-tes de um todo europeu, obrigado ao res-peito por acordos e tratados de coo-pera-ção.Não se limitando a Defesa Nacional à te-mática das forças militares, foram igual-mente tratados os aspectos de DefesaCivil, particularmente os resultantes davasta área económica exclusiva que com-pete a Portugal fiscalizar e preservar.

Um dos objectivos pretendidos, foi o delevar à sociedade civil e particularmenteaos alunos das Universidades, o conheci-mento sobre o papel e funções que com-petem às Forças Armadas Portuguesas,face à nova ordem internacional.

A estruturação dos três ramos das ForçasArmadas – Marinha, Exército e ForçaAérea – as suas funções estritamente nocampo militar como componentes de umsistema de Defesa Nacional, as suas ne-cessidades em meios materiais e huma-nos e o seu enquadramento nas estruturasinternacionais, foram temas abordadossuperiormente por oficiais destes três ra-mos.Marinha, Exército e Força Aérea estive-ram representados através dos seusInstitutos de Altos Estudos Superiores,respectivamente o Instituto Superior Na-val de Guerra (tema apresentado pelo seuDirector, Vice Almirante António Carlos

Rebelo Duarte), o Instituto de AltosEstudos Militares (com uma conferênciado Major Rui Manuel da SilvaFerreira) e o Instituto de Altos Estudosda Força Aérea (com uma intervenção doTenente Coronel PilAv David JoséMeneses Teixeira).Aproximar a Universidade às ForçasArmadas, através dos seus InstitutosSuperiores Militares, proporcionando umdiscurso de índole académico e retirando--lhe os aspectos puramente bélicos quepoderiam advir se as comunicações vies-sem através de representantes de outrasUnidades militares, foi uma das preocu-pações deste encontro.Três brilhantes exposições em que cadaum dos intervenientes justificou a impor-tância do ramo das ForçasArmadas de quefaz parte, na política de Defesa Nacional.Esta iniciativa despertou um grande in-te-resse das populações estudantis uni-

CICLO DE CONFERÊNCIAS NACIONAIS

Na sessão de encerramento: Prof. Matos Correia, Prof. Ernâni Lopes, Dr. Henrique de Freitas,Prof. Martins da Cruz, Prof. Carlos Motta e Ricardo Sabrosa

Aspecto da assistência, com o Prof. Martins da Cruz ladeado pelo Almirante Vidal Abreu e peloTenente General Fernandes Nico

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versitárias e mereceu das esferas milita-res um apoio incondicional, de que éprova o facto Ministro da DefesaNacional, Dr. Paulo Portas a ter patro-cinado, de ter havido uma intervençãodo Chefe do Estado Maior General dasForças Armadas, Al-mirante JoséManuel Garcia Mendes Cabeçadas(com o tema “As Forças Ar-madas e aDefesa Nacional”), do Director doInstituto de Defesa Nacional, TenenteGeneral Garcia Leandro ter sido tam-bém um dos oradores (tratando do Con-ceito Estratégico de Defesa Nacional).A sessão de encerramento foi presididapelo Secretário de Estado da Defesa edos Antigos Combatentes, Dr. Henriquede Freitas, com uma intervenção de fun-do que se transcreve em algumas das pá-ginas desta revista.Foi Moderador o Professor Doutor ErnâniRodrigues Lopes, Presidente da As-sembleia Geral da AORN e também ora-

dor com o Major General Raul FrançoisMartins, professor da UniversidadeLusíada, abordando o tema do “Relacio-namento da Sociedade Civil com asForças Armadas”.O Prof. Doutor António Martins daCruz, Presidente do Conselho Directivoda UL, o Prof. Doutor Carlos Motta,Director da Faculdade de CiênciasSociais e Humanas, os Prof. DoutoresJoaquim de Carvalho, nosso associadoe José de Matos Correia, Professores noDepartamento de Relações Internacionaise Ciência Política, fizeram parte das me-sas de abertura e fecho deste encontro.Ao longo de dois dias, várias centenas deassistentes puderam ouvir e discutir asopiniões de especialistas de um tema quese pode considerar vital para a integraçãode Portugal na comunidade internacional,numa fase da História em que a cons-ciência nacional é frequentemente abala-da por acontecimentos e atitudes contra-

ditórias, em nada contribuindo para acoesão moral e cívica de um povo commais de oitocentos anos de História.

A Revista da AORN deixa, neste artigo,um voto de agradecimento e de elogio aogrupo de alunos finalistas do curso deRelações Internacionais da UniversidadeLusíada que teve uma acção fundamentalna organização desta Conferência, na es-colha dos temas e no contacto com todosos oradores, contribuindo de forma bri-lhante para o êxito da iniciativa.

Estão de parabéns os alunos RicardoBruno Caldeira Nunes Sabrosa, Dinade Jesus Calado, Ana Sofia LopesAtalaia e Patrícia Alexandra MarquesPereira.

José Pires de Lima4º CEORN

Almirante Mendes Cabeçadas Tenente General Garcia Leandro Tenente Coronel Piloto Aviador Meneses Teixeira Major Silva Ferreira

Na assinatura do Protocolo com a AORN, o Prof. Martins da Cruz entre Paulo Marques eCarlos Marques Pinto Pereira

Oferta do Brazão da AORN à UL, na presença do Director do Instituto dos Altos Estudos Militares,Tenente General Vizela Cardoso

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No passado dia 20 de Março, por ocasião da Conferência promovida na Universidade Lusíada em que a AORN esteve empenhada, conjuntamente como Núcleo de Alunos finalistas do curso de Relações Internacionais daquela Universidade, foi assinado entre a nossa Associação e a UL um Protocolode colaboração.

Visando o estreitamento de relações, pretendem as duas instituições, com este acordo, abrir novas possibilidades de colaboração no campo cultural ecientífico, beneficiando particularmente os jovens que constituem o vasto universo discente daquela Universidade e também os cerca de 8000 descen-dentes dos oficiais da Reserva Naval.

Perfeitamente concordante com os objectivos estatutários da AORN, este protocolo agora assinado, abre novos horizontes à nossa actividade e aumentaos motivos de interesse da nossa juventude numa adesão mais firme às suas realizações.

Dos termos do Protocolo destacamos os seguintes pontos:

1ºAmbas as partes reconhecem as vantagens da colaboração mútua para poder aprofundar a investigação, discussão e debate em matériasde interesse comum, designadamente em assuntos de Segurança e Defesa e de História, em muitos dos temas estudados no seu âmbito.

2ºAmbas as partes envidarão esforços no sentido de promoverem periodicamente actos ou realizações de organização conjunta ou de umadas partes com o apoio da outra, visando alargar caminhos para um significativo aumento da discussão e debate no meio Universitáriodestes temas.

3ºNo âmbito das acções referidas na cláusula anterior, comprometem-se as duas Instituições a:

a) Estabelecer um programa anual, ajustado na medida em que as circunstâncias o forem exigindo, incluindo nele, nomeadamente:– Debates a nível regional e nacional;– Acções de divulgação e de formação sobre temas referidos em 1º;– Trabalhos de investigação de interesse comum;– Cursos livres.

b) Nomear elementos de ligação para prepararem e acompanharem a concretização das acções que forem acordadas.c) Realizar, no mínimo, um seminário anual conjunto sobre um tema de reconhecida importância.d) Considerar o alargamento da discussão e debate a outras áreas do Saber, para as quais exista conveniência de ambas as partes.e) Prever e diligenciar obter meios de apoio para acções a levar a efeito.

4ºAmbas as partes dispõem de biblioteca ou outro espólio de Memória, com interesse para consulta ou trabalhos de investigação. Ambasdiligenciarão no sentido de concretizar as facilidades de acesso mútuo aos Associados da AORN e aos Corpo Docente e Discente daUniversidade Lusíada, a tais meios.

5ºComprometem-se as duas Instituições a criar procedimentos de privilégio para a outra parte, no que respeita em geral a acesso aos ser-viços, realizações ou actividades de cada uma.

6ºEste protocolo pode ser revisto, a todo o tempo, com o acordo das duas Instituições.

7ºO presente protocolo tem a validade de três anos, renovável por iguais períodos, podendo ser denunciado por qualquer das partes com aantecedência mínima de 90 dias sem prejuízo das acções que entretanto se encontrem a decorrer.

Motivo de orgulho para a AORN, a formalização, em documento escrito, de relações com a Universidade Lusíada, após várias realizações conjuntas,constitui um desafio para os nossos associados estimulados agora por um novo incentivo à colaboração.

PROTOCOLO

PROTOCOLO DE COLABORAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE LUSÍADAE A ASSOCIAÇÃO DE OFICIIAIS DA RESERVA NAVAL

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Lisboa, 20 de Março de 2003Exmo. Senhor Prof. Doutor Martins da CruzExmo. Senhor Prof. Doutor Carlos MottaExmo. Senhor Prof. Dr. José Matos CorreiaCaro Representante dos AlunosSenhores ConvidadosMinhas Senhoras e Meus SenhoresCaros AlunosQuero, naturalmente, começar por agradecer o convi-te que me foi dirigido pela Associação dos Oficiais daReserva Naval (AORN) e pelos Finalistas de RelaçõesInternacionais da Universidade Lusíada, para encerraraqui, nesta casa que sinto como minha, este ciclo deconferências nacionais subordinado ao tema “As For-ças Armadas na Actual Conjuntura Internacional”.Um tema que me obriga a um segundo agradecimen-to. Ao Secretário de Estado da Defesa e ao professorde Relações Internacionais, cargos que acumulo emprejuízo da segunda qualidade, não lhe ocorreria suge-rir melhor tema para debate e reflexão.Um terceiro agradecimento. Nesta primeira opor-tuni-dade em que visito a Lusíada enquanto SEDAC, que-ro manifestar ao Professor Martins da Cruz a alegriaque sinto ao voltar à minha alma mater, local da minhaformação académica, sede da minha actividade acadé-mica enquanto docente e, também, espaço de memó-rias que guardo e que partilho com muito orgulho com

os Professores Carlos Mota e Matos Correia, meusparticulares amigos.Saúdo esta iniciativa, e todos os que nela colaboraram,pela oportunidade e importância que tem a reflexãosobre a Defesa e as Forças Armadas, num período emque Portugal lança as bases de importantes reformasnesta área e onde é crucial, que a sociedade civil com-preenda o seu alcance e participe na sua implementa-ção.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresVivemos tempos conturbados, vivemos tempos difí-ceis. O ordenamento internacional desde o 11 deSetembro, viu emergir um novo período que, sem mo-dificar a estrutura de distribuição do poder internacio-nal, trouxe um aumento indiscutível de imponderabili-dade nos factores de decisão política, e nos alinha-mentos tradicionais.Com os atentados contra o “World Trade Center” e oPentágono chegou o tempo do terror e do horror.Inocentes sepultados sobre aço e cimento. Uma cidadeenvolta em pó e cinzas pintada a preto e branco. Umcenário de medo e de morte foi, no fundo, o único si-nal identificável de um inimigo, ao tempo invisível.A cidade, sede das Nações Unidas, a cidade do museuGugenheim, do Centro Rockfeller, de WallStreet, daestátua da Liberdade, do Central Park é, hoje, vista daoutra margem do rio Hudson, e sem as Twin Towers,uma cidade com o perfil amputado. Como amputadaestava a ideia – ou a fé – do progresso linear das de-mocracias.Havíamos saído de um século que Nietsche anunciaracomo sendo o século das guerras pela dominação doMundo, em nome de princípios filosóficos, marcadopor duas guerras mundiais e dois regimes totalitários ejulgávamos ter alcançado o fim da História e a pazperpétua.Embalados pela simplificação do combate ideológi-co, numa luta linear entre o Bem e o império do Mal,não nos tínhamos apercebido que, apesar de estar-mos num mundo onde tudo é interdependente, está-vamos num mundo onde se entrecruzam lógicasmuito diferenciadas, para as quais não tinhamos uma

CONFERÊNCIA NA UNIVERSIDADE LUSÍADA

INTERVENÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O SECRETÁRIO DE ESTADO DA DEFESA E ANTIGOS COMBATENTES

Dr. Henrique de Freitas

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chave universal de interpretação. Tudo parece ser“uma adivinha, envolta num mistério dentro de umenigma”.E, num momento de procura identitária, de referên-cias, de valores, é bom lembrarmos que todos nós te-mos solidariedades selectivas. E, como lembra PierreHassner, a ideia do “nós” e do “outro” é constitutivada experiência humana.Em Nova York assistimos a um “outro” que cobarde-mente utilizou o terrorismo como meio de expressãopolítica. O choque e o despertar para o terror deixaramtransparecer a impreparação momentânea da Comu-ni-dade Internacional em reagir contra um inimigo que,não sendo um Estado, se encontrava dotado de capaci-dades, normalmente inerentes aos Estados. Foi tambémvisível como os conceitos de Defesa e de Segurançados organismos internacionais e das unidades políticasque configuram o sistema internacional se encontra-vam ultrapassados. Basta referir, como exemplo, o con-ceito de dissuasão, baseado na capacidade de infligirdanos inaceitáveis ao agressor, que aqui deixa de fazersentido porque estamos na presença de um inimigo cu-ja filosofia assenta na própria auto-destruição.A Guerra que hoje se iniciou, foi uma guerra que nãoquisémos, foi uma guerra que se impôs perante o fa-lhanço desta mesma dissuasão e dos mecanismos di-plomáticos. Países como o Iraque não reconhecemnem praticam as bases fundamentais da DiplomaciaInternacional. Porém, Portugal sabe que é nas horasmais difíceis que os aliados devem expressar a sua so-lidariedade. Desta forma, a posição do GovernoPortuguês neste conflito só poderia ser uma, ao ladodos seus principais aliados.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresHoje, ao assistirmos à fragilização dos mecanismos desolidariedade atlântica e a um alinhamento, tambémele inovador, de um eixo França/Alemanha/Rús-sia/China, que coloca, desde já, dificuldades ao desen-volvimento futuro da Política Externa e de DefesaComum que se quer forte e coesa, parece não restaremdúvidas que o actual sistema internacional, terminadoo período de transição do pós-Guerra Fria, vive o iní-cio de um novo período de transição.Como disse Pierre Hassner: “todos os períodos são,por definição, um tempo de transição. Porém certosperíodos tendem a dar uma ilusão de permanência, ou-tros uma expectativa utópica ou catastrófica.”Certo é que este desalinhamento constrangedor não sematerializa numa época em que se possa equacionar,numa versão do século XXI, a teoria da retirada das

superpotências e da auto-afirmação europeia como de-fenderam, no seu tempo, Walter Lippman, GeorgeKenan, De Gaulle e outros, mas concretiza-se numtempo em que face às ameaças que pairam sobre o sis-tema internacional, o vínculo euro-atlântico deve serpreservado, deve ser reforçado.Ao mesmo tempo, perante a evidência de tão profun-das fragilidades nas organizações internacionais, nas-cidas no imediato pós II Guerra Mundial, sobretudo naONU e na NATO, com consequências na própriaUnião Europeia creio ser urgente repensar e reformartais organizações, para que cada uma, nas suas especi-ficidades e na sua representatividade próprias, possammanter-se como instrumentos válidos e indispensáveisna garantia da paz e da segurança da ComunidadeInternacional.Como sublinhou Henry Kissinger: “É mais fácil dese-jar a paz (ou manifestar-se pela paz) do que construiros seus alicerces”.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresO sistema de segurança do Estado Nação que éPortugal, tem como eixo estruturante a AliançaAtlântica e vector relevante a Política Europeia deSegurança e Defesa (PESC).O facto de o eixo estruturante no nosso sistema de se-gurança ser a Aliança Atlântica tem décadas. Nós so-mos País fundador da NATO, orgulhamo-nos de serPaís fundador da NATO e consideramos que a Europae em geral o Mundo Livre, são devedores de um sis-tema de paz que em grande medida, assenta a sua es-tabilidade à existência da Aliança Atlântica.Porém, o facto de termos como eixo estruturante donosso sistema de segurança a NATO, não nos deve fa-zer esquecer as responsabilidades assumidas no planoEuropeu, em particular na Política Europeia deSegurança e Defesa. Helsínquia é neste sentido ummarco fundamental que devemos defender já que ocumprimento das conclusões de Helsínquia, é rele-vante para a credibilidade da Europa junto dosEuropeus, junto dos Americanos e em qualquer lugardo Mundo. Cumprir este objectivo de Helsínquia é donosso ponto de vista essencial por três razões:– A primeira, é a credibilidade da Europa junto dos

Europeus;– A segunda, é a credibilidade da Europa face ao

Aliado Americano;– A terceira, é a credibilidade da Europa face a ter-

ceiros, independentemente de serem aliados ounão.

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Esta dupla realidade, a nossa fronteira Atlântica e anossa fronteira Europeia, sem esquecer a nossa voca-ção universal, coloca Portugal entre os Países quemais têm a ganhar com a complementaridade entre aNATO e a União Europeia, e mais tem a perder comuma visão concorrencial, para não dizer mesmo rival,entre um lado e outro do Atlântico.Se Portugal fosse um País estritamente continental,talvez pudesse pensar de outra forma. Diz-se dema-siadas vezes que o Mundo mudou e diz-se poucas ve-zes que tendo o Mundo mudado, a geografia dos paí-ses não mudou.Portugal é porta de entrada na União Europeia, temuma fronteira Atlântica considerável e é um País devocação marítima, deve incentivar a sua capacidade departicipar no diálogo com o Mediterrâneo e deve teruma política própria relativamente ao Magreb. Temexperiência, conhecimento e sabedoria em África, ca-pacidade de relação transatlântica e deixou um rastonoutras paragens do Mundo de que nos pudemos or-gulhar. Este é o nosso acervo histórico e estratégico deque não nos devemos esquecer.Portugal tem, portanto, tudo a ganhar na preservaçãodo vínculo transatlântico.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresEste é o desígnio estratégico de Portugal, porque so-mos um país com identidade e características próprias.Em Camões, Eça de Queiroz ou João de Barros o hu-manismo universalista do homem português é ousadiae capacidade de irradiação.E quem somos nós, os portugueses?Para uns o português é: “...um misto de sonhador e ho-mem de acção, ou, melhor, é um sonhador activo a quenão falta um certo fundo prático e realista....” “o por-tuguês tem no coração a medida de todas as coisas”.Para Natália Correia: “a plasticidade do homem por-tuguês decorre de nele confluírem três grandes in-fluências contraditórias, a mediterrânica, a atlântica ea continental...” que se exprime segundo AntónioQuadros: “... numa tentativa interior de conciliação decontrários, evitando os radicalismos, conciliação deopostos como terra e mar, cálculo e aventura, paciên-cia e temeridade, sonho e matemática".É este país e este português que o governo tem de hon-rar em nome da nossa História. Com a colaboração daInstituição Militar e com a memória de que a Históriade Portugal é a História dos nossos soldados. Desde otempo da lança, do arco, da seta, da espada e do caste-lo, passando pelo arcabuz, mosquete, espingarda e ca-

nhão, ao tempo da metralhadora, carro de combateavião ou submarino. Da batalha de S. Mamede à con-quista de Lisboa, de Aljubarrota a Ceuta, do Buçaco aVimeiro e no século XX a Batalha de La Lys.Uma história que a nossa literatura evidencia ao con-tar histórias das gentes de Portugal e dos seus soldadosexprimindo as suas contingências, os seus riscos, assua proezas e a força da sua ousadia. Disso são teste-munho o Romance popular Nau-Catrineta, a narrativade Álvaro Velho na sua viagem à Índia, a Carta dePero Vaz de Caminha sobre o achamento do Brasil e ocontacto de Fernão Mendes Pinto com o Japão e doJesuíta António Andrade com o Tibete.Na aproximação com outros povos os portugueses de-sempenharam papel fundamental na história da civili-zação. Um destino configurado no olhar para longe.Num olhar para o mar e que marca a nossa identidade.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresAs ForçasArmadas são pois, um elemento estrutu-ran-te da identidade nacional e a sua valorização nas dife-rentes vertentes surge aos olhos deste Governo comocondição indispensável para que Portugal possa asse-gurar, com credibilidade, uma política de Defesa ade-quada e moderna.Sinal inequívoco desta premissa é o programa doGoverno em matéria de Defesa Nacional que temosvindo a implementar no pressuposto que o patriotismodos portugueses não dispensa as Forças Armadas eacredita nos factores da sua dignidade.Aprovámos um novo Conceito Estratégico de DefesaNacional onde se definiram os aspectos fundamentaisda estratégia global do Estado para atingir os objecti-vos da Defesa Nacional, identificando os nossos valo-res permanentes, as ameaças relevantes, o nosso siste-ma de alianças, as nossas áreas de interesse estratégi-co, as missões principais das forças Armadas, bem co-mo os meios necessários.Apresentámos no Parlamento uma Lei de Progra-mação Militar que concretiza o anterior quadro con-ceptual. E assim, sabemos os valores que o equipa-mento deve proteger; os interesses que o equipamentodeve servir; as ameaças que o equipamento deve pre-venir e as capacidades que o equipamento deve preen-cher. Demos lógica, coerência e continuidade à políti-ca de Defesa. O Conceito definiu o que Portugal querser, a LPM concretizou os meios para Portugal poderser o que quer.O Conceito Estratégico da Defesa Nacional definiu oterrorismo e as armas de destruição maciça, como

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novas ameaças para as quais as nossas ForçasArmadas deviam preparar-se. A LPM multiplicou portrês a capacidade de protecção individual dos soldadosportugueses contra as ameaças NBQ.O Conceito Estratégico da Defesa Nacional definiucomo prioritária a nossa capacidade de projecção deforças. A LPM confirmou a construção do NavioPolivalente Logístico, prevendo, ainda, dar um enor-me passo em frente no equipamento dos fuzileiros.O Conceito Estratégico da Defesa Nacional deu ênfa-se à visão estratégica e à riqueza potencial que consti-tui, para Portugal, o mar. A LPM encarou o Mar, maisuma vez, como factor de projecção de Portugal no fu-turo. Resolvemos a questão dos submarinos; evitámosa ruptura do sistema de forças das fragatas; lançámosos navios de fiscalização; pusémos em marcha os na-vios de combate à poluição, multiplicámos por muitoas verbas para segurança marítima e protecção da cos-ta.O Conceito Estratégico da Defesa Nacional tambémorienta o país para o cumprimento das missões huma-nitárias, com a bandeira das Nações Unidas, daAliança Atlântica ou da União Europeia. Na Bósnia,em Timor, no Afeganistão, noutros lugares onde a co-munidade internacional é precisa para impor a lei, ga-rantir a paz e reconstruir o Estado, Portugal lá está –com aprumo e brilho elogiados por todos. A LPM pen-sou na arma que usa o Exército, na viatura que o des-loca, no rádio com que comunica.O Conceito Estratégico da Defesa Nacional tambémoptava, decididamente, pela visibilidade, utilidade eeficiência das Forças Armadas em tempo de paz. Aaposta nas missões de interesse público está feita. ALPM previu meios de fiscalização do espaço marítimoe aéreo; meios de busca, salvamento; meios de eva-cuação; meios de prevenção e combate à poluição, emterra e no mar; meios para ajudar no combate ao tráfi-co de droga; meios de auxílio no combate ao flagelodos fogos florestais.O mundo em que vivemos é demasiado perigoso e in-certo para autorizarmos, por acção ou omissão, esseverdadeiro erro nacional que seria ver as ameaçascrescer e deixar decrescer a segurança de Portugal.A aprovação de um novo Conceito Estratégico deDefesa Nacional, permitiu definir novas ameaças, as-sumir compromissos quanto às capacidades e aosmeios e reforçar os mecanismos de articulação entre aspolíticas externa e de segurança interna. O início da re-visão do Conceito Estratégico Militar dá continuidadeao processo de revisão conceptual indispensável à res-truturação do sistema de forças e do dispositivo de for-ças. Em paralelo levaremos a cabo reformas estrutu-

rais ao nível do Ministério da Defesa Nacional, doEstado Maior General e dos Ramos.As alterações da conjuntura político-estratégica inter-nacional, ocorridas nos últimos anos obrigam a umarestruturação das Forças Armadas e colocam-nas pe-rante o desafio da profissionalização. Este objectivoimplica uma profunda modernização da instituição mi-litar ao nível da sua organização, da gestão dos seusefectivos, da formação dos recursos humanos e da ac-tivação de um sistema de mobilização para a satisfa-ção das necessidades que se venham a verificar.Do fim do sistema de conscrição ou de serviço efecti-vo normal, e a sua substituição, em tempo de paz, pe-lo novo regime de prestação do serviço militar basea-do no voluntariado, decorre um relevante desafio aopoder político e às Forças Armadas.Em Novembro de 2004 termina o período de transi-ção, nesta data teremos de garantir uma política de re-crutamento que satisfaça a alimentação dos regimes decontrato ou de voluntariado, com quantitativos de pes-soal que assegurem a satisfação das necessidades decada ramo.O Governo não falhará.

Minhas Senhoras e Meus SenhoresEstamos convictos que a execução de uma política deDefesa Nacional não se faz para as Forças Armadas,mas faz-se para o País com as Forças Armadas.É assim hoje, e já foi assim no passado remoto.Portugal é um Estado Nação perfeito com mais de oi-to séculos de História. Intimamente associados a essaHistória estão os soldados portugueses que permitiramconquistar, consolidar e defender a nossa independên-cia nacional. Soldados que foram e são orgulho nacio-nal.O Governo comprometeu-se na sua linha de acção go-vernativa, a dignificar a condição militar. Não pode-mos deixar de considerar que a Instituição Militar es-tá no coração das transformações do sentimento colec-tivo e aí ocupa posição singular, já que ela própria en-cerra uma dimensão de cidadania.Honra, lealdade, sacrifício e sentimento do dever sãovalores referenciais da Instituição Militar que quere-mos ver preservados, que queremos ver dignificados,que queremos ver cumpridos. Para que seja possívelatingir este triplo desígnio todos somos chamados acontribuir através de uma efectiva coesão nacional.Todos somos chamados a cumprir este desígnio. Que éum desígnio de Portugal.

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No cumprimento do Protocolo assinado ente a AORN e a Universidade Lusíada, a Revista abre as suaspáginas à colaboração de alunos e Professores daquela universidade, iniciando hoje este intercâmbio comum texto do recém-licenciado em Relações Internacionais Ricardo Bruno Caldeira Nunes Sabrosa.

Ricardo Sabrosa foi um dos membros do grupo de alunos finalistas do curso de Relações Internacionaisda UL que promoveu, no passado mês de Março e conjuntamente com a AORN, a conferência subordina-da ao tema “As Forças Armadas na Actual Conjuntura Internacional”.

ALIANÇA ATLÂNTICA – QUE FUTURO?

Desde a celebração do Tratado doAtlântico Norte até hoje têm sidolevantadas inúmeras questões so-

bre o papel e a importância da AliançaAtlântica.

De facto, esta situação reflecte as tensõescada vez mais acentuadas entre os mem-bros sobre as novas estratégias para en-frentar as ameaças.

As certezas da Guerra Fria desaparece-ram e a Aliança tem estado a ser posta emcausa como uma verdadeira organizaçãomilitar, situação que produz profundasimplicações para o futuro da segurançaeuropeia e dos Estados Unidos.

Na Cimeira de Praga de 2002, as diferen-ças transatlânticas em relação ao pensa-mento estratégico tornaram-se ainda maismarcantes. Foi acordado o futuro alarga-mento, foram debatidas as capacidades dedefesa europeia; no entanto, houve pou-cas expectativas em relação a uma rápidatransformação.

Estes problemas estão directamente rela-cionados com a necessidade de uma revi-são da estratégia de defesa numa base eu-

ropeia, situação que levantou dificulda-des políticas em termos de soberania na-cional.Como consequência, a fraqueza militardos Estados da União Europeia manter--se-á e a influência da Europa na políticaexterna norte-americana será cada vezmais reduzida. Todavia, se for conseguidauma consertação em termos de segurançaeuropeia, isso fará com que a Europa sejamais capaz, podendo conter a hipotéticadispensabilidade da Nato.Enquanto que para alguns europeus aNato continua a ser o mecanismo essen-cial para a cooperação transatlântica, emtermos de segurança, para outros o únicofórum em que esse desafio pode ser pros-seguido é a União Europeia, sendo esta aforma de assegurar que o Ocidente não setorne num bloco monolítico ao nível polí-tico, económico e militar.Esta será talvez uma das razões mais im-portantes porque a relação transatlânticaestá a atravessar esta crise, ou seja, é o di-lema de manter uma aliança entre os doislados do Atlântico através da Nato ou deuma União Europeia mais reforçada e in-dependente do seu aliado norte-america-no.Existe ainda um elemento importante quepenso que deve ser referido, que é o fac-to de, com o alargamento da Aliança aospaíses de centro e leste da Europa, estafará com que provavelmente haja uma eu-

ropeização da própria Nato, o que trarábenefícios para a própria organização,mas sobretudo para a União Europeia, emparticular para a Política Externa e Segu-rança Comum (PESC), reforçando assimo pilar europeu da Nato.

De facto, “... uma união mais alargada ecoesa mudará o equilíbrio político daAliança em favor dos europeus ... apesarda aliança com os Estados Unidos conti-nuar a ser primordial para o sucesso e ofuturo da Aliança Atlântica...” .

Apesar de tudo, as relações transatlânti-cas sobreviverão, e a situação ainda nãochegou ao ponto em que as partes pre-tendem acabar com elas. No entanto, umnovo princípio de organização é necessá-rio e, por conseguinte, as relações de se-gurança transatlânticas necessitam de serrepensadas.

No domínio militar, só uma Nato reno-vada pode efectivamente estabelecer estaligação, porque os mecanismos para a in-ter-operacionalidade já existem dentro daAliança.

Todos estes desenvolvimentos reflectirãouma Nato adaptada às mudanças signifi-cativas na estrutura e na balança da rela-ção de segurança transatlântica.

Ricardo SabrosaAgosto de 2003

Ricardo Bruno Caldeira Nunes Sabrosa

Na pesquisa histórica uma presença permanenteFundação

Luso-Americanapara o Desenvolvimento

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Aentrega do Prémio Reserva Naval, correspondente ao ano 2002/2003, teve lu-gar em cerimónia realizada a 9 de Maio, na Escola Naval, e revestiu-se de gran-de simbolismo.

Presidiu à cerimónia o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante FranciscoAntónio Torres Vidal Abreu e foi entregue ao cadete premiado, pelo Presidente daDirecção da AORN, Carlos Alberto Marques Pinto Pereira.Com a instituição do Prémio Reserva Naval SUB TEN FZ RN António Piteira, aAORN perpetua e honra a memória de um dos seus maiores, um jovem oficial RN,morto em combate em Angola, no ano de1973, apontando-o como exemplo e referên-

cia aos senhores cadetes da Escola Naval, futu-ros oficiais da Marinha de Guerra Portuguesa.

Este prémio visa incentivar o desenvolvimento dasqualidades que o SUB TEN FZ RNAntónio Piteira reunia –

a generosidade, o altruísmo e a solidariedade – predisposto para dar sem cuidar de compen-sação ou retribuição.O premiado deste ano é o cadete do 4.º ano da classe de Administração Naval, do Curso ALMSarmento Rodrigues, Rui Alexandre Baptista Raposo.Nascido em 5 de Junho de 1979, na cidade de Coimbra, Rui Raposo é filho de Jorge Manuelde Almeida Raposo e de Hilda Maria de Magalhães Antunes Baptista. Realizou os seus estu-dos, em Coimbra, na Escola Primária das Anexas, na Escola EB 2-3 Martin de Freitas e naEscola Secundária José Falcão.Entre 1990 e 1993 praticou hóquei em patins na Académica deCoimbra. Desde Outubro de 1992, é Escuteiro no Agrupa-mento 109 de Santo António dos Olivais – Coimbra.A 24 de Abril de 1997, visita a Escola Naval, como aluno doensino secundário sentindo, desde então, vontade de nela in-gressar.Em Julho de 1999, numa viagem organizada pelo Movimento deJovensAbraveses – Viseu, embarcou noNTM “CREOULA”, co-mo instruendo.A 13 de Outubro de 1999, ingressou na Escola Naval, sendoagora premiado com o Prémio Reserva Naval que lhe é atri-buído após votação secreta e universal de todos os alunos daEscola Naval.

PRÉMIO RESERVA NAVAL

António Teixeira, Ricardo Campos, Honorato Ferreira, Marques Pinto Pereira e Fernando Freitasda Reserva Naval com o cadete Rui Raposo

Na sala da Reserva Naval, a presença do CEMA, Almirante Vidal Abreu e do Comandante da EscolaNaval CALM Carlos Viegas Filipe

O Presidente da Direcção da AORN, Carlos Alberto Marques Pinto Pereira, na entrega do PrémioReserva Naval ao Cadete Rui Alexandre Baptista Raposo

Rui Alexandre Baptista Raposo

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8º ANIVERSÁRIO DA AORN

Em1985, após longos e exausti-vos estudos, o Governo dá luzverde para a construção de três

fragatas tipo “Meko 200” (classe“Vasco da Gama”), cabendo àMarinha Portuguesa a responsabili-dade da gestão técnica do contrato erespectivas contrapartidas.

Estas fragatas são navios modernos,dotados de armamentos e sensores al-tamente sofisticados utilizando tec-nologia militar de ponta, sendo ver-dade que, pela primeira vez na suahistória, a Marinha de Guerra Portu-guesa possui unidades navais total-mente vocacionadas para enfrentarqualquer cenário de multiameaça nomar.Também se torna digno de realce ofacto de, pela primeira vez, uma uni-dade naval portuguesa estar equipadacom sistemas de lançamento de mís-seis superfície-superfície e superfí-cie-ar.Finalmente, entre várias inovações li-gadas ao sistema de comando e ar-mas e sensores, comunicações, siste-ma propulsor, etc., cada navio tematribuído dois helicópteros para aguerra A/S, os quais fazendo parteintegrante do navio a que pertencem,

N.R.P. CORTE REAL

permitem a rentabilização máxima dassuas capacidades de luta anti-subma-rina.

A realização deste projecto vai permitirque Portugal possa consolidar a projec-ção naval da sua capacidade políticaatravés de uma resposta operacionalainda mais adequada, integrando estasmodernas fragatas no dispositivo navalnacional ou atribuindo-as, quando con-veniente, em forças navais no âmbitoda NATO ou de outras organizações jáexistentes ou a criar no futuro.

O navio tem um comprimento de 115,9m,um calado de 6,0 m e desloca 3200 to-neladas. Utilizando 2 motores Diesel,cada um com 3600 Kw, atinge a veloci-dade de 20 Nós ou, fazendo uso de 2turbinas de gás, cada uma com 19700Kw, ultrapassa os 32 Nós.

Tem uma guarnição de 23 oficiais, 44sargentos e 115 praças, pertencendo aodestacamento dos helicópteros, 4 ofi-ciais, 5 sargentos e 9 praças.

O8º aniversário da AORN – Asso-ciação de Oficiais da ReservaNaval, correspondeu este ano ao

anseio de muitos sócios e convidados de-sejosos de reviver de novo ou de se asso-ciarem ao ambiente festivo já o ano pas-sado vivido, numa fragata tipo Mekko200.

Desta vez no N.R.P. Corte Real.Em reunião preparatória prévia, havida abordo dias antes com o Comandante e oOficial Imediato daquela fragata, respec-ti-vamente os CFR António Maria Mendes

Calado e JorgeManuel daCosta e Sousa,todos os pormenores do aniversário foramcriteriosa e minuciosamente ultimados.

De lado ficou qualquer dúvida quanto àcapacidade efectiva de ser mesmo a CorteReal a receber a Reserva Naval e os seusConvidados com tão requintada simpatiae qualificado serviço. Foi dada, a cadaconvidado, a possibilidade de aquilatardo facto dias depois...

Na oportunidade, em ambiente de sãoconvívio e camaradagem, houve aindapretexto para, em visita guiada pelo

Comando, tomar conhecimento e aferirdetalhadamente da capacidade e opera-cionalidade daquela unidade naval.

No dia aprazado para a cerimónia, a 12 deJulho, muitos “antigos cadetes”, agoravelhos “lobos de mar”, acompanhados dejovens, familiares e convidados, rumaramao Alfeite a partir da Doca de Marinha,numa vedeta disponibilizada para o efeitopela Marinha, desta vez sem cuidar dosextante, da giro ou do leme.

Cuidar descontraidamente de recordaçõese convívio já era mar suficiente!

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Fizeram-se ao rio sem qualquer relutân-cia, não sem considerarem a possibilida-de de defrontarem algumas “tormentas”mesmo sem “dobragem de cabo”, deixan-do-se arrastar pelas vagas alterosas doreencontro.Outros, com idêntico rumo, optaram pela

utilização de transporte próprio, nave-gando ou não pela “ponte”, talvez numavisão do passado...Na Base Naval de Lisboa a AORN foi re-cebida pelo Comandante, CMG Her-lander Valente Zambujo que, na sessãode boas vindas, se congratulou por rece-

ber a Reserva Naval, acompanhando deseguida a comitiva, numa visita guiada àsInstalações e Serviços, em autocarros daBase.

Foi possível constatar o esforço de mo-dernização efectuado, em múltiplos do-mínios, consertada com uma apertadagestão financeira e envolvendo toda aguarnição. Tudo em explicações clarasfornecidas pelo próprio Comandante.

A assinalar paragens com visitas naMesse Residencial e no Edifício do Co-mando, tendo sido possível observar, nes-te último, o magnífico e valioso patrimó-nio arquitectónico, artístico e cultural apreservar.

Uma nota, sempre especial, para a obri-gatória paragem na “Velha Escola” onde,na escadaria e “comprimidos o possível”,foram disparadas fotos em sucessão, nãofosse alguém esquecer-se de posar.

Depois, pelas 17:30, com condições úni-cas para recrear um ambiente naval simi-lar ao que, noutra época, muitos sentiramO regresso às origens numa foto sempre renovada

Aspectos da concentração inicial, quer na Doca da Marinha em Lisboa quer na Base Naval do Alfeite

No interior de um dos autocarros da Base na visita a Instalações e Serviços Registo de grupo após uma visita guiada à Messe Residencial

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ou em que pontualmente participaram,a fragata Corte Real, uma das três unida-des navais do tipo Mekko 200 ao serviçoMarinha de Guerra Portuguesa, atracadana Base do Alfeite, desempenhou de for-ma ímpar a condição de unidade anfitriãda Armada recebendo, a preceito e aomais alto nível, os cerca de 150 convida-dos que, neste dia, participaram nesta efe-méride da Reserva Naval.

Presentes ainda o VALM António CarlosRebelo Duarte, Director do Instituto Su-perior Naval de Guerra, o CALM Fer-nando de Melo Gomes, 2º ComandanteNaval, o CALM Fernando Vargas deMatos, Comandante do Corpo de Fuzi-leiros, o CALM Carlos Alberto ViegasFilipe, Comandante da Escola Naval e oCALM António Manuel Abrantes Lo-pes, Chefe de Gabinete do CEMA.

Pelas 18:30 chegaram à Base Naval deLisboa o Almirante Francisco AntónioTorres Vidal Abreu, Chefe do Estado--Maior daArmada, e o VALMAntónio Ne-ves Bettencourt, Vice-Chefe do Estado-

-Maior da Armada acompanhados das res-pectivas Senhoras tendo sido recebidos aoportaló pelo CALM Fernando MeloGomes, 2º Comandante Naval, pelo Co-mando do navio e, em seguida, cumpri-mentados pela Direcção da AORN.

A presença do Almirante CEMA conferiuao 8º aniversário inquestionável prestí-gio, confirmando de forma clara e inequí-voca que a Marinha de Guerra está deter-minada em apoiar e conviver com a suaReserva Naval.

Com sua presença, Almirante e Senhoraimprimiram ao evento uma imagem demarcada simplicidade e familiaridade,considerando-se entre um grupo de ami-gos, irradiando amizade e simpatia.

Seguiu-se um jantar volante, singular-mente requintado na artística apresenta-ção e com fino serviço, onde a cultura tra-dicional de bem servir da Marinha estevesempre presente com a mais elevada no-ta.

Muito convívio, recordações e possíveis

projectos com uma pausa obrigatória pa-ra, no horário previsto, ter lugar a ceri-mónia do arriar da bandeira, ao toque doHino Nacional. O silêncio e mais recor-dações, com alguma contida emoção.

Na sua alocução de boas vindas oComandante Mendes Calado comunicouser uma honra receber a bordo tão ilustrecomitiva, tendo toda guarnição manifes-tado total empenho em receber de formaímpar a Reserva Naval.

Carlos Alberto Marques Pinto Pereira,Presidente da Direcção da AORN, no usoda palavra, manifestou ao Chefe doEstado-Maior da Armada profunda grati-dão pela permanente disponibilidade daMarinha no apoio à Associação, num re-lacionamento com raízes históricas nobotão de âncora da Escola Naval, agoraconvertido no “pin” orgulhosamente exi-bido na lapela, símbolo de valores conso-lidados no tempo.

Agradecimento igualmente extensivo aoComando do navio, Comando Naval, Co-mando da Flotilha e da Base Naval que,

A saudação à chegada de Marques Pinto Pereira, Presidente da Direcção da AORN Chegada a bordo do Almirante Vidal Abreu, Chefe do Estado-Maior da Armada e Senhora

O profissionalismo da arte de bem receber das Escolas de Marinha bem visível em todos os pormenores

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conjuntamente com todos os presentes,viabilizaram com excepcional brilho umarealização sempre renovada.

Ainda um momento recolhido para lem-brar todos os que, tragados pelo mar davida, nos acompanham permanentementeem pensamento.

Alfredo Lemos Damião enalteceu o tem-po de permanência de cada um ao serviçoda Marinha de Guerra, na Reserva Naval,pela formação complementar a todostransmitida com inegável expressão nosvalores adquiridos.

Em todas as situações e em diferentes ra-mos de formação académica... bem servi-ram sem cuidar recompensa.

O Almirante CEMA agradeceu, subli-nhando a já existente relação pessoal deamizade e sã camaradagem, alicerçada noreconhecimento profundo pelos serviçosprestados à Marinha de Guerra pela suaReserva Naval.

Acrescentou que, ainda que herdando dos

seus antecessores este legado, consideraindispensável o fortalecimento mútuo eprofícuo desses laços de amizade, nu-ma cultura de continuidade e evoluçãopermanentes, podendo a Reserva Navalcontar com a passagem desse testemunhoa toda a hierarquia do Ramo.

O aniversário terminou da melhor formacom um brinde ao homenageado, aAORN, e o corte do bolo de aniversáriocom a tradicional espada de oficial.

Num golpe inicial, desferido a dois.

As peças de bombordo e de estibordo pe-lo som da “boca” do corpo de oficiais,elementos da guarnição e de todos os pre-sentes efectuaram as salvas.

Ao Almirante CEMA foi oferecida umaserigrafia comemorativa da fundação daAssociação tendo igualmente sido ofer-tado à Senhora um simbólico ramo de flo-res.

O Comandante Mendes Calado entregouà AORN a cresta do N.R.P. Corte Real:

Escudo de vermelho, com 6 costas deprata, postas 2, 2 e 2 e firmadas nos flan-cos; Chefe de prata, carregado de umacruz do primeiro esmalte (vermelho) sol-ta nos flancos; Coronel naval de oiro, for-rado de vermelho; Sotoposto de listel deprata ondulado com a legenda de letrasmaiúsculas, tipo elzevir N.R.P. “CorteReal”.Ao navio, foi oferecida o brasão de armasda AORN.

A cada um dos oficiais da guarnição foioferecida a medalha comemorativa dafundação da AORN.

Depois, o regresso na Vedeta até à Docade Marinha, cerca das 22:30.

Manuel Lema Santos8º CEORN

O Almirante CEMA e o Presidente da Direcção da AORN cortam o bolo de aniversário

A cerimónia do arriar da Bandeira

Um grupo de oficias da guarniçaõ do N.R.P. Corte Real

Carlos Alberto Marques Pinto Pereira no uso da palavra

PRODUTOS E SERVIÇOS

Crédito Habitação Atlântico

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Na Doca de Marinha em Lisboa, te-ve lugar, no passado dia 12 deJulho, uma mostra de embarca-

ções tradicionais dos rios Tejo e Sado, nu-ma iniciativa do GAMMA-Grupo deAmigos do Museu de Marinha.O certame, que contou com o apoio dasCâmaras Municipais de Setúbal e deLisboa e do Museu de Marinha, revelouum riquíssimo património cultural ligadoàs actividades profissionais nestes doisrios, ao longo de várias dezenas de anos.Destinam-se ao transporte de mercado-rias e de pessoas, às actividades piscató-rias ou ao recreio. Algumas, como o Botede Fragata estão ao serviço da promoçãoturística. Impecavelmente preservadas ecuidadas, tanto na sua estrutura como naspinturas, faceta de grande realce artístico,ali apreciámos o Bote de Catraiar, oVarino, a Canoa do Seixal, a Fragata, aFalua, o Galeão, a Muleta, a Enviada, oBote de Tartarenha e muitos outros exem-plares autênticos, alguns já únicos, mastodos ainda em perfeitas condições de na-vegabilidade.

Paralelamente e numa das salas do edi-fí-cio da Doca de Marinha, foram expos-tosdiversos modelos destas embarcações,num conjunto de trabalhos de grande ní-vel artístico do Mestre Modelista SilvérioCastanheira.

A Revista da AORN esteve presente e re-gistou, para a sua memória, aspectos des-te evento, merecedor de uma reflexão ur-gente quanto ao futuro destas relíquias,cuja variedade e História exigem um lo-cal garantido para a sua guarda.

EMBARCAÇÕES TRADICIONAIS DO TEJO E DO SADO

VALM António Carlos Rebelo Duarte, Director do Instituto Superior Naval de Guerra

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Alípio Dias (9º CFORN)

No Auditório do Instituto SuperiorNaval de Guerra teve lugar, em 29de Março passado pelas 10:00, a

Assembleia Geral Ordinária da AORN –Associação dos Oficiais da ReservaNaval com a ordem de trabalhos previstana respectiva convocatória:1º Apreciar e votar o Relatório de Acti-

vidades do ano de 2002;2º Apreciar e votar o Balanço e as Con-

tas do exercício de 2002;3º Apreciar e votar o Regulamento In-

terno da AORN;4º Apreciar e votar o Regulamento Elei-

toral da AORN;5º Apreciar e votar ratificação de delibe-

ração da Direcção de 2002.10.18 sobre

redução de jóia durante a campanha deangariação de novos associados;

6º Apreciar e votar ratificação de delibe-ração da Direcção de 2002.10.18 sobreregime especial de confirmação deassociados com dívidas anteriores a2002.

A Assembleia Geral, presidida pelo seupresidente, Ernâni Rodrigues Lopes,proporcionou salutar e profícuo debateentre os sócios presentes, culminandocom a aprovação do Relatório de Acti-vidades e o respectivo Balanço e Contas doano de 2002.

Por deliberação da assembleia, os pontos5º e 6º foram antecipados para 3º e 4º res-

pectivamente, tendo sido apreciados, vo-tados e aprovados.

Os pontos 3º e 4º foram, por consequên-cia, renumerados para 5º e 6º respectiva-mente.

Dado o adiantado da hora e por a assem-bleia entender que estes últimos pontosjustificavam um debate alargado, foi de-cidido que a Assembleia Geral continuas-se em 21 de Junho seguinte, pelas 10:00,no mesmo local – Instituto Superior Na-val de Guerra; não seria efectuada novaconvocatória uma vez que se tratava decontinuar a Assembleia Geral já iniciada.

Findos os trabalhos seguiu-se o habitualalmoço convívio.

A ASSEMBLEIA GERAL DA AORN

Mesa da Assembleia Geral, da esq. para a dir.: Alfredo Lemos Damião, Alípio Dias (Presidente do Conselho Fiscal), Carlos AlbertoMarques Pinto Pereira (Presidente da Direcção), Ernâni Rodrigues Lopes (Presidente da Assembleia Geral) e Casimiro Barreto

António Castro Moreira, Vice-Presidente da AORN (22º CFORN)

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CONTINUAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERALNo mesmo auditório do Instituto SuperiorNaval de Guerra teve lugar, conformeagendado e em 21 de Junho passado, pe-las 11:00, a continuação dos trabalhos daAssembleia Geral Ordinária da AORN –Associação dos Oficiais da ReservaNaval iniciada em 29 de Março, com aordem de trabalhos prevista na respectivaconvocatória:5º Apreciar e votar o Regulamento In-

terno da AORN (o anterior ponto 3º);6º Apreciar e votar o Regulamento Elei-

toral da AORN (o anterior ponto 4º).

Ambos os pontos foram apreciados e vo-tados, tendo sido aprovados por unani-midade.Aprovado ainda, por proposta do Presi-dente do Conselho Fiscal, Dr. AlípioDias, um voto de louvor à Direcção pelaqualidade dos Regulamentos apresenta-dos e aprovados.Destes Regulamentos, destacamos a cria-ção do Conselho de Fundadores – órgãoconsultivo composto pelos antigos presi-dentes da Assembleia Geral, Direcção eConselho Fiscal, pelos 10 associadosmais antigos e por um número variável demembros eleitos pela Assembleia Geral –

e a nova Organização da AORN.Esta, centralmente, compõe-se de 5 Divi-sões – Associados, Marinha e Protocolo,Mar, Imagem e Comunicação, Memória,de 2 Serviços – Secretariado Nacional,Finanças e Contabilidade, e de númeronaturalmente variável de Grupos de Ac-ção (as Task Forces). Descentralizada-mente, compõe-se de Núcleos (associa-dos congregados por interesses de conví-vio e regionais ou temáticos) e Delega-ções (formas maleáveis de representaçãoda Direcção). Foram reconhecidos desdejá os Núcleos dos Açores e do Norte – oPolo Norte.

José Pires de Lima (4º CEORN) Manuel Potes Cordovil (11º CFORN)

Dois aspectos da assistência no Auditório do Instituto Superior Naval de Guerra

CALM Lima Bacelar, Subdirector do ISNG, na alocução de boas-vindas e Alfredo Lemos Damião (15º CFORN), António Campos Teixeira (11º CFORN) e José Alcino Carvalho (12º CFORN) nas suas intervenções

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Desde há cerca de 12 anos que se vêm realizando, de umaforma irregular, jantares de confraternização de oficiais efamiliares que prestaram serviço na Base Naval de Me-

tangula, em Moçambique, aproximadamente, entre 1967 e 1971.

No jantar do ano de 2000 esteve, entre outros convidados, oAlmirante Tierno Bagulho, Comandante Naval de Moçambique,no período de 1968/1970. Nesse jantar, o Prof. Ricardo Campossugeriu que o próximo encontro se realizasse em sua casa, emAzeitão. Passados três anos, o desejo cumpriu-se.

Curiosamente, o interesse neste convívio foi tãomarcante que foi ne-cessário desdobrá-lo em duas partes: a primeira teve lugar a 24 deMaio passado e, a segundo, uma semana após, a 31 do mesmo mês.

Na organização, o Almirante Espadinha Galo, ocupou-se dos con-tactos com os oficiais do Quadro Permanente, enquanto RicardoCampos assumia o comando da “mobilização” dos oficiais da RN.O resultado foi um sucesso: 25 presenças no primeiro dia e 75 nosegundo.

Todos se manifestaram satisfeitíssimos com o reencontro, lastiman-do embora a impossibilidade de realização de um único convíviocom a totalidade das adesões. Lamenta-se, especialmente, a ausên-cia do Almirante Tierno Bagulho por motivos de força maior.Nos dois encontros foram oferecidas fotografias do “tempo” doNiassa, com destaque para a vista aérea de Metangula, para umPôr-de-Sol e para um cartaz alusivo àquela “estância de férias”,aliás bastante forçadas.O cartaz original da Base de Metangula, da autoria da SenhoraDª Rosita Chuquere, esposa do saudoso Comandante AdrianoChuquere, foi muito apreciado. Também de referir o grato pra-zer de assistirmos à passagem de um filme, da autoria do Co-mandante Silva Carvalho, obtido naquela época, na região doCobué. A todos foi oferecido um CD com gravações do

Cancioneiro do Niassa, fados impecavelmente cantados pelo nos-so camarada João Peneque.Numa das faixas deste CD foi gravado, de um documento que sejulga único exemplar existente, a voz do Comandante AdrianoChuquere na primeira emissão da Rádio Metangula, referindo osnomes dos seus proponentes, dos primeiros colaboradores e dosobjectivos da sua criação.É nossa convicção, dado o sucesso destas reuniões, que as mesmasirão ser reeditadas em futuro próximo.

REVIVENDO METANGULA EM AZEITÃO

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Os cadetes fuzileiros do 14º cursode Oficiais da Reserva Navalsempre foram “um grupo excep-

cional” no conjunto de cadetes “milicia-nos” que passaram pela Marinha deGuerra até ao 25 de Abril no que diz res-peito ao relacionamento: finda a comis-são, mantiveram os contactos e reuniram-se (e reunem-se) regularmente ao longodos mais de 30 anos que já passaram des-de que foram mobilizados.

Ficou uma grande amizade, que começou,em 1969, na Escola Naval e se cimentouna Escola de Fuzileiros. E engrossou, aolongo de uma vida de “convocatória” regu-lar para os “retiros anuais dos bravos”, queduram dois a três dias.

Eram 20, conseguiram juntar, num dessesencontros, um total de 19, pois nestesanos perderam de vista um (esfumou-seaté agora pelos matos do Brasil) e, infe-lizmente, para sempre, o ano passado, umoutro perdeu o “contacto com a coluna”:Alberto Neves Silveira. Foi o primeiro“desaparecido” definitivo deste curso deFuzileiros, não em combate, mas pelapassagem da vida.

Deste conjunto de “jovens, belos e intré-pidos” do primeiro curso de cadetes fuzi-leiros de 1969, 12 foram parar à Guiné-Bissau, (alguns sairam de Lisboa aindacadetes!!!) uns com Guia de Marcha parao Norte, outros para o Centro-Oeste ouCentro-Leste, outros ficaram em Bissau

mas, nas andanças de um lado para ooutro, encontravam-se sempre algures, ea confraternização também aí funciona-va.

(Não levaram uma vida fácil, porque al-guns deles, aos 21 anos, tiveram de arcarcom cargos inesperados de imediatos deunidades e, mesmo em ocasiões excep-cionais, ficaram por períodos como co-mandantes das suas unidades. Sempre emoperações, combates e resoluções de todoo tipo de problemas, desde logísticos adisciplinares e inclusive incompreensõesda hierarquia superior e dos outros ra-mos… Mas eram jovens, belos e intrépi-dos!).

Isto tudo vem a propósito de quê?:O “bicho” do retorno a África, em parti-cular à Guiné, ficou sempre referenciadonos “encontros de saudade”: «Temos de irlá», convenciam-se, entre dois dedos deconversa e uns copos, com nostalgia. Umou outro cumpriu essa promessa nestesanos, mas fê-lo individualmente.Demorou 30 anos o cumprimento da an-siedade colectiva: Seis destes jovens, be-los e intrépidos guerreiros, agora já ma-duros e ligeiramente mais pesados, lan-çaram-se à aventura de voltar a percorreras picadas e as bolanhas da “Guiné pró-pria”. Meteram-se na “picada" no passa-do Janeiro. Um deles levou a sua mulher.Foi elevada ao honroso posto de “como-dora”.(Um aparte, neste caso – só para os en-tendidos – esta não era a “Burra”, a talque era a cara-metade do “Burro”).Andaram mais de 2.000 quilómetros pe-las poucas estradas, esburacadas, (o ter-mo é suave), pelas picadas, pelas bola-nhas, pelas ruas ainda simétricas das anti-gas vilas coloniais (algumas com novosnomes) da Guiné-Bissau, hoje indepen-dente.Uma canseira esta viagem, ao fim de setedias – para os “fifty” é verdade –, masacima de tudo um encanto. Uma beleza,uma camadaragem e, sejamos justos, umarecepção calorosa das populações e dos

GUINÉ/BISSAU – UMA LONGA JORNADA DE SAUDADE

A LFG “Orion”, um dos navios de suporte a múltiplas operações com FZ’s no Cacheu

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comandos militares guineenses que visi-taram, que lhes franquearam as portas dosantigos quartéis, onde cumpriram o ser-viço militar, sem qualquer azedume ourancor. Como camaradas de armas queestiveram do outro lado.

Andaram pela Guiné, sem qualquer pro-blema de segurança, mesmo à noite.

Claro que o quartel-general desta “uni-dade de veteranos” não se centrou emBissau.

(É uma cidade de afluxo de gentes por ra-zões diversas desde o tempo colonial, de-masiada cheia de populações deslocadas,sem emprego)

Estrategicamente, foi escolhido Bafatá.Mais precisamente o Clube de Caça de Ca-pé, como “unidade recuada de comando”e, a partir daí, lançar as operações “maissecretas e profundas” em todo o Territó-rio Operacional (TO).

Depois dos reconhecimentos iniciais nodia seguinte à chegada a Bissau, e depoisde formada uma “longa coluna” paraBafatá, com um grupo de “pica-minas”na estrada e longos solavancos em pica-das que obrigavam a umas inesperadassaídas do jeep para “se esconder” juntodos “baga-bagas” para retemperar forçascom uma apetecível “bazuca” pequena –fresquinha – e um “cantil escocês” opor-tuno que o Manel “Flash” detectou num“acampamento IN” lá para os lados doPorto (antes de embarcar, claro!), foi lan-çada a primeira grande operação, que te-ve o nome de código “Ganturé”.Antes de “sair para a operação”, teve dese fazer a formatura e proceder à revista,para ver se estavam todos em prontidão –eis os nomes dos “rapazes”: Mesquita e

Carmo e Miguel Carmo Soares, do3º DFZE (comandante José Silva Dias),Ricardo Graça Matias, do 4º DFZE (co-mandante Ferreira Júnior), SerafimLobato, 12º DFZE (comandante MendesFernandes), Manuel Cardoso Ferreira,pelotão independente adstrito à CF1 (co-mandante Seixas Serra) e Gaspar dosSantos, pelotão independente adstritoigualmente à CF1. Como comandante--chefe honorário, a Joana, mulher doSerafim Lobato, que recebeu os “galões”de comodora.Começou com um largo “envolvimento”em jeeps, cujo ponto de partida foiBafatá, onde recebeu um “reforço” de pe-so, na pessoa do actual adido de Defesada embaixada portuguesa, comandanteLopes Fernandes, ele também um antigo“veterano” fuzileiro da Guiné.

Jabincunda, Ponte Geba, Contubel,Madina, Canhamina, Canjabari, Jum-bembem e Farim.

Foi um “envolvimento largo, em meialua”, ate´ chegar ao término mais a nortedos comboios de embarcações do RioCacheu. Curiosamente, trinta anos de-pois, os únicos monumentos construi-dos, dignos de realce, eram as lápides dascomemorações henriquinas dos anos 60.

Aqui, junto ao cais, cujos ferry-boats detransbordo não funcionam há muitos me-ses, foi feito um “ponto da situação” e es-tudado cuidadosamente o plano de “de-sembarque” para atingir Ganturé, comuma aturada “operação de limpeza” paraacabar com a “resistência do caviloso IN”na base intermédia de Sambuiá.

Assim, entrou-se em Salicanhé, ultra-pas-sou-se Sambuiá, numa “marcha lenta” desaudade e recordação – ali morreram

muitos fuzileiros em combate, entre eleso saudoso Max Mine (Ulisses PereiraCorreia, marinheiro fuzileiro telegrafista,do D12, que fez a especialização com ocurso dos cadetes fuzos do 14º),seguiu-se para Talicó, avistou-se Sindimae entrou-se “de repente, na mais comple-ta surpresa, em Bigene”, onde depois de“emboscar”, junto do Comando doComité de Estado, o edifício do antigocomando do COP 3, se lançaram em gri-tos de «vamos a eles» (é verdade algunsdos jovens intrépidos foram a pé !) atéGanturé.

Foi difícil encontrar a base de Ganturé,pois estava “cuidadosamente” disfarçadapelo capim. (Nem arame farpado, nem oposto de sentinela, se referenciava, paraquem vinha de Norte!) Dos abrigos resta-vam ténues vestígios. De significativo,com visibilidade, as ruínas da enfermaria.O velho barracão da Casa Gouveia desa-pareceu. O campo de futebol “volatili-zou-se” entre a frondosa vegetação afri-cana. Da messe apenas só meias- paredes,esventradas e carcomidas. Nada foi des-truido, apenas caiu de velho, segundo dis-seram os actuais residentes.

A ponte-cais apenas era reconhecida por-que se viam uns pontos negros que eramos antigos barrotes que suportavam o ma-deiramento e que “pintalgavam” as águasda margem. De antanho humano conheci-do, apenas o antigo capataz do “pessoalmenor”, Mamadu Sissé, que se recordouainda de alguns nomes de oficiais. Os ou-tros e outras, incluindo os guias da sua“criação”, todos tinham morrido, incluin-do as lavadeiras.

Depois de “vistoriado o acampamento”e feito o “cuidadoso reconhecimento”

O grupo dos “bravos” no Ganturé, com o autor destas linhas (o 1º da direita) Imagem ao tempo do forte do Cacheu (1969)

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visual e fotográfico, continuou-se a pro-gressão até Barro, sempre numa “lentamarcha” de picada, no sobe e desce dosburacos tendo, de repente, de ter de “pas-sar à linha” e “emboscar” para retemperarcom um “copioso” lanche, que o coman-dante Lopes Fernandes brindou o grupode assalto.Precisamente – mais centena de metros,menos centena de metros – do local onde,no nosso tempo, uma coluna do Exércitode Barro foi emboscada e quase apanha-da à mão.A “coluna” seguiu rumo a Ingoré, e de-pois, a bússola foi apontada para sul,S.Vicente, onde atravessou o Cacheu pa-ra regressar ao “quartel-general” emCapé. Com passagem por Bissorá eBissum, entre outros.O relatório do comandante-chefe ficourecheado de “louvores” aos jovens e in-trépidos que resistiram ao “intenso fogo”dos buracos e dos solavancos;, inclusive,tiveram de ultrapassar avarias mecânicasno meio do mato, em plena noite. Com apopulação local a dar ajuda.

Nem uma “baixa” neste primeiro dia en-tre os “bravos da coluna”.O segundo dia ficou marcado por um “de-sembarque” em regra em Bula; claro queo caminho foi percorrido em jeep. Nãofoi necessário usar “picas”, estava tudodesminado. Com uma passagem porMansoa.

A primeira surpresa desta viagem. O gru-po foi recebido de braços abertos peloscomandos superiores da Zona Militar deBula. Os visitantes coloniais foram rece-bidos com o estatuto de Chefe de Estado--Maior, com direito a petições. (Sim,

porque o comandante de Bula fez questãode fazer uma carta escrita dirigida aos“camaradas” portugueses para lhe envia-rem material de escritório, com direito achancela e assinatura e uma recomenda-ção, esta verbal, «mandem directamentepara aqui, pois senão os “de Bissau” fi-cam com tudo»).

Ficou a saber-se que alguns desses ofi-ciais, como guerrilheiros, estiveram emacções contra o quartel onde se encontra-vam os militares portugueses – flagela-ções – e só não actuaram com mais “fero-cidade”, porque tinham muito “respeito”pelo fuzileiros.

Também explicaram, porque não des-truiram pontes, como a de Saltinho, ape-sar de estarem já nos planeamentos dosmilitares do PAIGC: Amilcar Cabralaconselhou-os a ponderar, seria um erroenorme destruir uma coisa que viria a serdeles. Cabral está sempre presente nosvelhos guerrilheiros, que estão fora deBissau e das “manobras” da grande cida-de.

Saltinho foi precisamente um dos pontosde paragem e visita, não só pela belezadas cachoeiras do rio Corubal, mas tam-bém pela existência de um outro Clube deCaça, gerido por um português, nas anti-gas instalações do quartel da tropa. Soubemuito bem comer umas ostras em plenomato.

O terceiro dia exigiu uma preparaçãomuito cuidada, e uma “mentalização” demuitas horas de sono, para uma “penetra-ção profunda” em terrenos da FrenteOeste, não só pelo terrenos onde se iriaactuar, mas também pela “longa nomadi-zação” que se iria efectuar.

Claro que era preciso contar com a emo-ção de atravessar a estrada que ia deTeixeira Pinto (hoje Canchungo) atéCacheu, hoje já toda em ela alcatroada…mas sem qualquer reparação nestes trintaanos (os buracos parecem ter sido obra dedetonações de minas!!!).

Esperavam-se, portanto, muitas “embos-cadas”, “golpes de mão”, “morteiradas”,“bazucadas”, “marchas forçadas” em cor-ta-mato, sem se poder avançar à vontadepor “trilhos”.

A primeira “surpresa” aconteceu emCanchungo (Teixeira Pinto). O “IN” fran-queou-nos as portas da base sem qualquer“resistência”. Recebeu os “guerreiros vi-sitantes” de braços abertos, tirou fotogra-fias ao seu lado, mostrou-lhes as paradas.Agora éramos camaradas de armas. Oque lá vai, lá vai.

E… surpresa das surpresas: As paradasainda tinham os nomes dos majores doEstado-Maior do CAOP (Comando deAgrupamento Operacional), Pereira daSilva, Passos Ramos e Osório, que forammortos no Pelundo em 1970, quando es-tavam em negociações com o PAIGC. E opau da bandeira do centro da grande pa-rada era o mesmo do tempo colonial. Talcomo em Buba, os edifícios das casernase outros estavam agora ocupados pelosmilitares guineenses. Mas em grande es-tado de degradação.

O Cacheu recebeu o grupo em pleno meiodia da Guiné. Uma torreira.

A vila (agora cidade) cresceu, com maismoranças no sentido sul da estrada prin-cipal, mas a parte colonial degradou-se. Aúnica casa completamente restaurada eraa antiga messe dos oficiais fuzileiros,

À esquerda, a antiga Messe dos Oficiais Fuzileiros do Cacheu (1969) e, à direita, o mesmo edifício, actualmente Casa do Governador da Região do Cacheu

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agora transformada em residência do go-vernador da região.

O almoço decorreu em plena estradaCacheu-Canchungo, junto à bolanha doCapó, um dos lugares de nomadização naproteccção à estrada em 1971/72.

A antiga ponte-cais do Cacheu foi moder-nizada, mas de movimento de embarca-ções nem uma “vivalma”. O forte colo-nial português continua em pé e minima-mente cuidado; foi restaurado em 1989,antes de uma viagem do então primeiro--ministro Cavaco Silva.

Na ida e no regresso passaram-se por, en-tre outras regiões e antigos quartéis, Bulae Bachile e Binar. Todos os quartéis inter-médios estão em estado de ruínas e aban-dono. Ali, como em outras regiões.

O dia seguinte foi de grande ansiedade, ia“assaltar-se” o quartel-general do IN, epor isso era preciso estudar com todo opormenor a ORDOP do Comchef para seentrar em Bissau. Foi preciso organizaruma unidade de apoio logístico paratransportar os foguetões de longo alcan-ce. Assim pela calada da manhã, perfei-tamente equipado e municiado, o grupode assalto rumou para a ilha de Bissau,fez uma breve paragem em Safim, ultra-passou o aeroporto e entrou, por entreuma multidão de taxistas, de uma confu-são indiscritível de barracas e vendedoresde todo o tipo ao longo da estrada e res-tos de tanques da guerra civil de1999/2000, na capital.

Não houve qualquer sinal do IN, nemqualquer “bolsa de resistência”.

Com amizade e camaradagem, o grupopode entrar nas antigas InstalaçõesNavais da Guiné (INAB), hoje o Estado-

-Maior da Armada guineense (o restau-rante Solar dos Dez já não mora ali, ao la-do).

Acompanhado pelo comandante LopesFernandes, o grupo foi recebido peloVice-CEMA e pelo comandante doBatalhão de Fuzileiros, que fez questãode acompanhar os antigos oficiais pelasdiferentes dependências.

A antiga Messe de Oficiais não funcionacomo tal, nem luz havia na altura (vimo--la) às escuras. No seu interior foi cons-truído um palco e serve de Escola deTeatro.

O edifício do Comandante da DefesaMarítima da Guine está agora ocupadopelo Ministério dos Transportes.

O cais do Pidijguiti é um cemitério de ruí-nas de embarcações, mercantes e de guer-ra (a Guiné-Bissau, neste momento, nãotem qualquer navio de guerra em activi-dade).

Visitou-se o cemitério de Bissau, cujo ta-lhão português está cuidado.

Depois de uma passagem pela cidade(o Palácio Presidencial, antigo Paláciodo Governo, fortemente danificado pelaúltima guerra civil, continua sem ser re-parado) foi dada ordem de “reembar-que” com destino ao quartel-general deCapé.Era preciso retemperar forças. Para oefeito, foi planeado “um esquema leve”(a ORDOP estava assinada pelo RicardoMatias) para o dia seguinte. Assim, deci-diu-se que o “quartel-mestre” ManuelFlash se equipasse a rigor e se lançassenuma “feroz” campanha para angariaçãode comida. Qual verdadeiro Robin dosBosques, o ilustre fotógrafo e arqueiro

penetrou profundamente na mata, e arma-do em caçador de caça grossa conseguiuassustar umas rolas e umas abetardas, quelhe cairam aos pés, quando descobriramquem as perseguia. E, claro, entregou-asem repasto aos “pobres” e derreados jo-vens, belos e intrépidos.

Entretanto, o grosso da coluna fez umapequena caminhada de reconhecimento eprogressão silenciosa até ao Gabu (antigaNova Lamego), um entreposto “IN”, on-de tudo se vendia desde panos da Indo-nésia até lápis da China.

À noite, depois de um dia sem qualquervestígio de presença do caviloso, foi ser-vido um lauto jantar com as peças arrepa-nhadas, sem parcimónia, pelo corajosoquartel-mestre que conseguiu, com osolhos fechados, trazer todas as peças decaça.

Antes de regressar a Bissau, houve umaúltima saída à zona de Bafatá e à noite,em alegre convívio com a população dazona, em especial a feminina, houve umafesta à borda da piscina de Capé, que per-mitiu aos jovens guerreiros mostrar osseus dotes de bailarinos.

Deu-se então o reembarque com destino aBissau, e o regresso à Metrópole.

O curso vai reunir-se no briefing anualem Maio próximo para preparar os próxi-mos embates.

Serafim Lobato

14º CFORN

Em confraternização com o “Inimigo” na ponte-cais de Buba Cerimónia religiosa muçulmana

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Com insistência em anteriores nú-meros da Revista, temos apeladoaos leitores, sócios e não sócios

desta Associação, no sentido de os sensi-bilizar para o apoio à nossa Biblioteca,sector importante do Museu que desde háalguns anos temos vindo a desenvolver.Um espólio bibliográfico que estaAssociação pretende reunir, colocando àdisposição dos estudiosos muitas maté-rias de inegável interesse, tendo em contaa situação privilegiada dos seus associa-dos, num patamar cultural onde o contac-to com os livros é permanente.A geração que nos segue, estimada emcerca de 8.000 jovens, poderá encontrarna Biblioteca da AORN elementos de es-tudo e pesquisa, alguns certamente úni-cos, que poderão vir a ser um contributofundamental para a sua formação.Recente Protocolo assinado com a Uni-versidade Lusíada reforça a razão desteobjectivo, abrindo a possibilidade deapoio aos alunos desta Escola, interessa-dos no estudo da História da Marinha deGuerra Portuguesa através de documen-tos fornecidos pela sua Reserva Naval.Embora abrangendo áreas de relação di-recta com o Mar, como logicamente secompreende, muitos dos títulos já em ar-quivo versam temas distintos e, neste nú-mero, divulgamos a oferta de 310 novoslivros por iniciativa do Vice AlmiranteLuís Manuel Lucas Mota e Silva,Presidente do Conselho Directivo doCentro Científico e Cultural de Macau, aquem endereçamos o profundo agradeci-mento pela forma como correspondeu aonosso apelo.Tratam-se de documentos oriundos dotempo da administração portuguesa emMacau, editados por instituições do entãoGoverno deste território ou, em alguns

casos, em colaboração com instituiçõessediadas em Portugal.Muitas destas publicações são edições bi-lingue, em língua portuguesa e chinesa,algumas apenas em chinês, abordando te-mas de História, Fotografia, Medicina,Etnografia e Folclore, Viagens, Diploma-cia, Arquitectura, Política ou Poesia.A página da AORN na Internet já apresen-ta os títulos destas e de outras obras daBiblioteca, com actualização periódica,permitindo a sua divulgação e rápido co-nhecimento de todos os interessados.Também se anuncia a oferta de várias edi-ções recentes da Comissão Cultural deMarinha, num total de 12 publicações, aten-ção e carinho que desde sempre o seuDirector, Contra Almirante José Luís Fer-reira Leiria Pinto tem dispensado àAORN; aqui se regista a manifestação donosso agradecimento pelo apoio que tem da-do a este projecto.De um associado anónimo foram recebi-das 84 publicações, saídas entre 1894 e1897, sob o título “LEITURAS”, um Ma-gazine Literário com temas de Romance,História e Viagens, da Antiga CasaBertrand, José Bastos, Ltd.. Destacamosnestas “Leituras” textos de Leon Tolstoi,Bret Harte, Guy de Maupassant, Gengd' Esparbés, Jayme de Séguier, HenrikIbsen, Mark Twain, Jules Noriac, EdgarPoe, Celestino Soares, Olavo Bilac, PaulBourget, Trindade Coelho, Pierre Loti,George Courteline, Jehan Soudan, Al-phonse Daudet, Fernandes Costa, Olivei-ra Martins, Emil Zola, Marcel Prévost emuitos outros.Nesta data, a Biblioteca daAORN atingiuo total de 2.103 volumes, mais 406 doque os registados em 31 de Dezembro de2002.

A BIBLIOTECA DA AORN