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Page 1: PREFÁCIO - PRIMEBOOKS€¦ · Que no desporto, em particular do futebol, ... listas e comentadores sempre que estiverem no papel de opinadores sociais. ... Por vezes vamos celebrar
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Título

Kick Off

Autor

Duarte Gomes

Design e paginação

Gonçalo Sousa

Fotografias

www.kickoff.pt

Impressão

Cafilesa

1ª edição

Agosto de 2017

ISBN

978 ‑989 ‑655 ‑327 ‑2

Depósito legal

Todos os direitos reservados

© 2017 Duarte Gomes e Prime Books

Prime Books ‑ Sociedade Editorial, Lda. [email protected] www.primebooks.pt seguro | rápido | económico

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As consequências da verdade

Dos nomes invulgarmente fortes da literatura portuguesa houve um que li mais que outros. Numa das suas obras dizia Vergílio Ferreira que “uma verdade só é verdade quando levada às últimas consequências. Até lá não é uma verdade, é uma opinião”.Este livro do Duarte Gomes nasce de uma nobre ideia de verdade. Que no desporto, em particular do futebol, tem inúmeras interpretações axiomáti‑cas. Dos mais diversos “especialistas”. Assim mesmo, entre aspas.Não importa o juízo de valor sobre o facto. Importa que seja qual seja a nossa profissão, toda a gente opina sobre arbitragem. Toda a gente.E, se pensarmos bem, arbitrar um jogo de futebol de alto nível não é difí‑cil. É dificílimo.Deste factual contrassenso nasce a ideia de uma obra simples, de consulta rá‑pida e que – assim de repente – me parece que deve estar na mesa de jorna‑listas e comentadores sempre que estiverem no papel de opinadores sociais.O futebol é de uma secular simplicidade. Endogenamente é isso que o tor‑na tão simples aos olhos dos adeptos e das miúdas e miúdos que jogam à bola.

PREFÁCIO

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A forma simples como as leis aqui nos são mostradas torna a leitura quase tão fácil como dar uns chutos na bola… ao alcance de todos.Mas não é menos verdade que o jogo muda. Os 25 atletas que estão em campo nos jogos de alto nível, preparam‑se física e tecnicamente como nunca.São, no entanto, 22 jogadores para 3 árbitros (às vezes 5). Há que respon‑der a esta realidade.Se o leitor considerar que era injusto determinar uma medalha de ouro nos 100 metros sem recorrer ao fotofinish, então vai aceitar sem reservas o Vídeoárbitro.Voltamos a falar de verdade.O futebol investe milhões na luta contra o doping. Investe milhões contra o flagelo do mercado ilegal de apostas e da viciação de resultados. Que ra‑zão ponderosa deve prevenir o futebol de investir milhares (não milhões) para dar ao árbitro a ajuda da verdade?Sim. Por vezes vamos celebrar golos que passados uns segundos afinal não foram golo. Vamos ficar zangados, vamos ouvir dizer que isto assim não é futebol.Outras vezes vamos castigar o árbitro por não ter marcado uma grande pe‑nalidade, mas segundos depois já o jogador da nossa equipa o está a cobrar porque a verdade venceu.Regresso ao Vergílio Ferreira.Se queremos que nos fundamentos do desporto esteja a verdade, temos de ter o livro que o Duarte virtuosamente nos entrega sempre à mão. Ter consciência de que a assistência de vídeo para os árbitros não é tão velha quanto o jogo e precisa de ser melhorada – o que desde logo garante que o autor do livro vai ter de rever a edição para o ano.Mas sobretudo ter consciência do momento histórico que vamos construir, como dizia Vergílio, até às últimas consequências.

Tiago Craveiro, CEO da Federação Portuguesa de Futebol

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Há muito que queria escrever um livro. Era, confesso, um desejo antigo, bem antigo. Não avancei antes por razões que sempre me pareceram lógi‑cas: por não me sentir qualificado para uma tarefa tão nobre e onde nas‑cem, com frequência, inimitáveis exemplos de excelência; por entender que não era sensato fazê ‑lo enquanto estivesse no ativo; e, reconheço, por nunca saber bem sobre o que escrever. Por não conseguir escolher um assunto que me agarrasse a sério e sobre o qual me sentisse confortável. Sobre o qual sentisse, sobretudo, que poderia acrescentar valor. Penso, por isso, que este é o momento certo. O timing perfeito para concretizar esse sonho de menino. O que irão descobrir nas próximas páginas não é apenas mais uma com‑pilação de leis de jogo. Não é apenas mais um livro técnico com regras do futebol. É uma viagem. Uma viagem às bases do jogo mais apaixonante do planeta, contada com palavras genuínas, imagens claras e exemplos práti‑cos. Contada com a maior leveza, transparência e simplicidade possíveis. Uma viagem que não é apenas minha. É da arbitragem. Do futebol. E, por isso, é de todos e para todos. Não há limite mínimo para embarcar. Nela cabe o menino traquinas que salta o muro da vizinha para jogar futebol de rua com baliza improvisada ou o velhinho bem velhinho, que tem maturi‑dade suficiente para saber que… o saber não ocupa espaço.

INTRODUÇÃO

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Esta é uma odisseia ao mundo onde assenta a razão de quem está empare‑dado num universo de emoção. Onde nascem as escolhas que levam às de‑cisões fáceis e difíceis. Onde começa a legitimidade e nasce a dúvida.Deixo ‑vos então com um pedacinho de escrita bem ‑intencionada, feita com muito entusiamo, dedicação e carinho. Feita a pensar em todos os que – como eu – amam o futebol e respeitam os seus principais atores. No fim… digam ‑se se valeu a pena ou não. Estou curioso...

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Antes de mais, caros leitores, façam ‑me um favor: leiam as dicas que se se‑guem. Leiam atentamente. Elas descodificam alguns aspetos cruciais e se‑rão importantes na leitura deste livro.

• Irão encontrar algumas frases e/ou palavras sombreadas com cor amarela (sim, exatamente iguais a esta). Muito impor‑tante: isso significa que estamos a falar de alterações ou me‑lhorias implementadas na lei para a época desportiva de 2017/18. Não existiam antes. Prometem que não se esque‑cem desta?

• E por falar em alterações às leis de jogo, o original (inglês) das regras do futebol previa uma mudança gramatical: as pa‑lavras “falta” e “infração” passaram, as duas, a designarem ‑se por “ofensa”. A ideia era simplificar, reduzindo a uma só ex‑pressão o seu sentido. Em português, as coisas não muda‑rão: continuarão a existir infrações e faltas.

• Desde 2016/17 que não se diz “grande penalidade”. A ideia foi facilitar a expressão para a que se aproximasse da original: penalty. Por isso, passou a chamar ‑se de “pontapé de penálti”. Entendido?

GUIA DE VIAGEM

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• “Advertência” não é a mera “admoestação verbal” que tan‑to se ouve dizer por aí. Erradamente. Advertência é sempre, sempre sinónimo de… cartão amarelo. “Um jogador foi ad-vertido? Então é porque lhe foi exibido o cartão amarelo.”

• Linha de fundo ou linha de golo são expressões populares. O nome que a lei lhe dá é “linha de baliza” (porque é sobre ela que se encontram os postes das balizas). De acordo?

• Uma entrada grosseira/violenta é sempre (sempre!) passível de expulsão com cartão vermelho. Portanto nunca se pode dizer o seguinte: “Um jogador fez falta grosseira e devia ter vis-to amarelo.”

• Da mesma forma, uma falta imprudente é só punida tec‑nicamente (sem cartão) e uma negligente é punida tecnica‑mente e com cartão amarelo. Sempre.

• “Pequena área/grande área”? Não. Diz ‑se “área de baliza” e “área de penálti”. Combinado?

• “Bola ao ar”? Sim. Claro. No basquetebol. No futebol, há apenas “bola ao solo”.

Aplicar a lei nem sempre significa concordar com ela. Os árbitros também percebem de futebol e gostam do jogo, mas o seu papel em campo é cum‑prir com as regras, não as deixando de aplicar por as acharem inapropria‑das. Tenham isso em mente, agora que vão iniciar esta viagem.

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Levantem ‑se as cortinas. Desvende ‑se o mistério. É aqui que tudo começa. O palco onde a magia acontece. O mundo onde desfilam os verdadeiros artistas e protagonistas do jogo.Noventa (ou mais) minutos de futebol vibrante são disputados… no ter‑reno de jogo. Prometo poupar ‑vos à descrição de alguns pormenores mais técnicos (nomeadamente a um sem fim de medidas e distâncias que todos deveriam conhecer).Mas para que não pensem que não vos tenho em boa conta, deixo ‑vos uma ideia clara do que se poderia esmiuçar…

É de enaltecer esta iniciativa do Duarte Gomes, que visa analisar as leis do jogo e a inovação do Vídeoárbitro. Destaco sobretudo a capacidade que esta obra tem de valorizar os aspetos positivos da arbitragem e o lado hu‑mano do árbitro. Obrigado por este precioso e oportuno contributo para o desporto nacional. João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto

O TERRENO DE JOGO

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Vamos ao resto?

1. O terreno de jogo deve ser retangular e marcado com linhas contínuas. (Esta novidade foi chocante, não foi?) Deve também ser de relva natural ou então artificial, mas apenas quando o regulamento da competição o permitir. Nestes casos, terá que ser verde. Pode também haver autorização regulamentar para que seja usado uma espécie de “sistema híbrido”: parte de relva artifi‑cial, parte natural. E acreditem: isso acontece em vários está‑dios espalhados pelo mundo! Mas isso já sabiam... O que seguramente não sabiam é que, a partir de 2017/18, relva ou material sintético poderão ser utilizados na marca‑ção das linhas de relvados naturais, desde que não consti‑tuam perigo para ninguém.

2. Continuando. Aquilo que habitualmente dizem ser a “linha de fundo” chama ‑se, na verdade, linha de baliza. A outra, mais comprida, é a linha lateral.

3. O terreno de jogo é dividido em duas partes iguais, através da linha de meio campo. E é precisamente aí que é traçada uma linha que vai de uma lateral à outra. Sim. Eu sei. Esta também era fácil.

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Quanto à linha de meio campo, também não está lá por mero capricho. Ela faz sentido por várias razões. Deixo aqui apenas duas das mais importantes:

3.1. Para colocar cada equipa no lado a que pertencem no início e reinício de cada partida (quando começa o jogo, na segunda parte ou após golos, por exemplo);

3.2. Para aferir o local a partir do qual se inicia a análise do fora de jogo. Já reparam que cada Árbitro Assistente se movimenta apenas entre a linha de meio campo e a de baliza, certo? Não percorre toda a lateral…

4. Já o círculo central serve para que os adversários de quem executa os pontapés de saída estejam todos à distância certa: a pelo menos 9.15m da bola. Sim, é exatamente a mesma distância a que devem estar co‑locadas as barreiras defensivas nos pontapés livres. Como vão perceber ao longo desta viagem, no futebol nada aconte‑ce por acaso… Ah! E aquele pontinho marcado lá no meio, estão a ver? É para se colocar a bola para cada um dos mo‑mentos que referimos anteriormente (espreitem de novo o ponto 3.1).

Então deixem ‑me pensar… mais coisas que possa ter interesse parti‑lhar convosco sobre a Lei 1?Ora bem. Todas as linhas do campo devem ter a mesma espessura, sendo que, no máximo, não podem ultrapassar os 12cm. E as linhas de baliza devem ser da mesma espessura dos postes e da barra.

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Outro pormenor interessante.A Lei 1 fixa também medidas máximas e mínimas para o tamanho total do terreno de jogo: – Máximas de 120m (comprimento) por 90m (largura)– Mínimas de 90m (comprimento) por 45m (largura)Mas existem outras medidas aprovadas (diferem entre federações nacio‑nais, ligas profissionais e competições internacionais), no entanto nunca podem ultrapassar os limites aqui definidos. De entre muitas e muitas dimensões e medidas que podíamos aqui escal‑pelizar (mas não vamos, já tinha prometido), deixo aqui algumas das mais interessantes:– A marca de penálti tem que estar a 11m da baliza;– As bandeiras de canto devem ter no mínimo 1,5m e a sua haste não pode ser pontiaguda (não é suposto magoar alguém).

Outra nota curiosa.As balizas têm 7.32m de cumprimento e 2.44m de altura. São duas! Não se esqueçam! Uma de cada lado do campo. Para facilitar, imaginem ‑nas como irmãs gémeas: o que uma tem, a outra copia. São brancas. As duas brancas. Se o poste ou a barra transversal de alguma delas se partir, pára tudo. Ou se arranja como deve ser ou fim de jogo. Sozinha, a outra não alinha.

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Exigem estar bem fixas ao solo, mesmo que sejam amovíveis. Já imagina‑ram se elas se pudessem mexer? Alguém entenderia um golo marcado com a baliza colada à bandeirola de canto?

“Enorme para quem defende um penálti, pequena para quem o executa”, dizem.

Mas calma! Ainda não acabou…Os suplentes e elementos técnicos devem estar sentados e apenas uma pes‑soa – uma só, seja ela quem for – pode dar instruções de pé, à equipa. Pode ser o treinador principal, o massagista, um suplente… mas só um de cada vez!Os restantes elementos dispõem de um espaço simpático, chamado “Área Técnica”. É lá que se devem sentar e apreciar o jogo, de forma tranquila. Sim! Tranquila! Bem, alegadamente…

Mais a sério. Pede ‑se bom senso a quem ocupa esse espaço e à equipa de arbitragem. É importante que todos – árbitros e elementos do banco – percebam onde termina o limite máximo da frustração e onde começa o limite mínimo da ofensa e da má educação. Essa é a linha onde acaba a tolerância da arbitra‑gem e começa a imposição da disciplina. Passá ‑la é mau para todos: equi‑pas, árbitros e adeptos. Certo?

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Quase a terminar! Mais dois pormenores.– A Lei 1 prevê a utilização do sistema da Tecnologia de Linha de Bali‑za (TLB) para determinar quando é ou não marcado um golo (situações de dúvida). – Também refere que a publicidade no terreno e em seu redor (seja real ou apenas virtual) tem regras exigentes. Há momentos e locais em que são autorizadas, outros em que não são. E até há situações em que nunca são permitidas. A promoção/industrialização do jogo é fundamental, mas tem limites claros. Pronto. Tudo dito. Faltam mais dezasseis…

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A MINHA AVENTURA…

Tenho várias histórias acumuladas ao longo da minha carreira na arbitragem. Quase todas fe‑

lizes, inesperadas, humoradas. Algumas algo acidentadas. Poucas difíceis, menos felizes.A esta distância, todas somadas, as memórias são muito boas. São memórias bonitas de uma carreira vivida intensamente, com alma e dedicação. Com entrega desmedida e, em muitos momentos, com tre‑mendo jogo de cintura.O balanço de todos estes anos? Positivo. Francamente positivo. Repetia cada época, cada jogo, cada segundo. Uma, duas, cem vezes!É um pedacinho disso que irei partilharei convosco, neste espaço que medeia o fim de um capítulo e o início de outro. Experiências reais, testemunhadas e sentidas na primeira pessoa.Vamos a isso, então…Aqui, na lei 1, cabiam várias histórias. Podia falar ‑vos das ve‑zes que cheguei ao terreno de jogo e percebi que tinha meias de cores diferentes, botas de marcas distintas (mas calçadas no pé certo, juro) ou quase meio metro de neve à minha/nossa espera.Escolho uma que me vivi há três ou quatro anos, em Penafiel.Assim que apitei para o início de 2ª parte, surgiu um lance pas‑sível de cartão amarelo.Aqui o vosso amigo apitou seguro, sem pestanejar e foi de ime‑diato ao bolso direito da camisola para a respetiva advertência ao infrator... quando percebeu que não havia cartão. Nem amarelo nem vermelho. Nada.Ao intervalo, tinha ‑os tirado do bolso para anotar o registo dis‑ciplinar da 1ª Parte.Fiquei azul, verde e vermelho (registem o cuidado que tive ao fa‑lar das cores). E passei logo ao Plano – B. Disse ao André Campos, um dos meus assistentes que estava ali perto, para se aproximar e discretamente passar ‑me os cartões (a equipa leva tudo lá para dentro, precisamente para resolver embrulhos como estes).E assim foi. Enquanto procurava isolar o jogador que ia ser ad‑vertido, caminha de costas em direção ao André. Ele fazia exa‑tamente o inverso: aproximava ‑se de mim, devagar, devagarinho. Passou ‑me os cartões discretamente e pronto. Assunto resolvido. Embaraço ultrapassado. E mais uma para contar aos netinhos quando for velhinho…