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Prefácio de Hernandes Dias Lopes

Defesa do Evangelho

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O Perfil do Verdadeiro Cristão: Um Estudo das Bem-AventurançasCopyright © 2017 Paulo Junior

1ª Edição - Maio de 2017 •••Todos os direitos desta edição no Brasil reservados para:Sociedade Missionária Defesa do EvangelhoRua Afonso Pena, 776 - CEP 14.401-141 - Franca/SP - Tel. (16) [email protected] / www.defesadoevangelho.com.br•••As citações bíblicas utilizaram como texto-padrão a tradução de João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atualizada, 2ª edição. Copyright © 1993 Sociedade Bíblica do Brasil, salvo menção em contrário. •••Imagem da capa: The First Thanksgiving at Plymouth, 1914por Jennie Augusta Brownscombe •••Proibida a reprodução total ou parcial deste livro por quaisquer meios, sem a pré-via permissão por escrito da Sociedade Missionária Defesa do Evangelho, salvo breves citações, com indicação da fonte. •••Editor: Danilo Santa TerraDiagramação: Jonatã VaniniCapa: Cícero Oliveira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Paulo Junior O perfil do verdadeiro cristão : um estudo dasbem-aventuranças / Paulo Junior ; prefácio deHernandes Dias Lopes. -- Franca, SP : Defesa doEvangelho, 2017.

ISBN: 978-85-69027-02-7

1. Bem-aventuranças 2. Bíblia. N.T. Mateus -Comentários 3. Sermão da Montanha 4. Vida cristã I. Lopes, Hernandes Dias. II. Título.

17-04999 CDD-226.93

Índices para catálogo sistemático:

1. Bem-aventuranças : Sermão da Montanha : Evangelhos 226.93

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Dedico esta obra à minha esposa Susana que, como ninguém, tem compreendido e carregado, juntamente comigo,

o fardo do ministério cristão

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Índice

Prefácio.....................................................................................11__________________________________________________

Introdução................................................................................15__________________________________________________

I. O Sermão do Monte..........................................................21__________________________________________________1. A mensagem do Sermão do Monte....................................23__________________________________________________2. A constituição de um povo distinto...................................24__________________________________________________3. O contexto teológico do Sermão do Monte........................26__________________________________________________4. O pano de fundo do Sermão do Monte...............................27__________________________________________________4.1 A expectativa do povo judeu naquele tempo...................28__________________________________________________4.2 A religião do povo judeu naquele tempo.........................30__________________________________________________4.2.1 Os fariseus....................................................................30__________________________________________________4.2.2 Os saduceus..................................................................32__________________________________________________4.2.3 Os essênios...................................................................33__________________________________________________4.2.4 Os zelotes......................................................................34

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5. O pregador do Sermão do Monte.......................................36__________________________________________________6. O local onde foi pregado o Sermão do Monte...................39__________________________________________________7. Os ouvintes do Sermão do Monte......................................40__________________________________________________8. Um teste da verdadeira salvação........................................43__________________________________________________ II. As Bem-Aventuranças....................................................49__________________________________________________1. O que são Bem-Aventuranças?..........................................52__________________________________________________2. O caminho para a verdadeira felicidade............................53__________________________________________________3. As marcas do verdadeiro cristão........................................59__________________________________________________4. Alerta contra o engano do mundo.....................................64__________________________________________________ III. Bem-aventurados os humildes de espírito.................69__________________________________________________

IV. Bem-aventurados os que choram.................................83__________________________________________________

V. Bem-aventurados os mansos........................................103__________________________________________________

VI. Bem-aventurados os que desejam a justiça.............121

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VII. Bem-aventurados os misericordiosos......................153__________________________________________________

VIII. Bem-aventurados os limpos de coração.................183__________________________________________________

IX. Bem-aventurados os pacificadores..........................215__________________________________________________

X. Bem-aventurados os perseguidos.............................235__________________________________________________

Conclusão..............................................................................261

__________________________________________________

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Tenho grande alegria e subido privilégio de prefaciar esta importante obra da lavra do pastor Paulo Júnior, eminente ministro do evangelho e fervoroso pregador.

Faço-o com entusiasmo e, isto, por alguns motivos: Em primeiro lugar, porque a vida do autor recomenda a sua obra. Paulo Júnior é um homem de Deus, comprometido com a pregação fiel das Escrituras. Sua mente está cativa da palavra de Deus. Sua vida de oração, seu zelo no ensino, seu testemunho familiar e sua consagração ao ministério sagrado referendam a sua obra. Sua vida serve de avalista de seu livro. Em segundo lugar, porque o autor alerta a igreja a uma volta para a palavra de Deus. Vivemos dias maus. A seculariza-ção aninha-se ardilosamente na igreja sob a conivência de uns e a omissão covarde de outros. Muitas pessoas aderem à igreja, mas não produzem frutos dignos de arrependimento. Entram para o evangelho, mas o evangelho não entra nelas. Temos uma igreja evangélica sem evangelho. Temos uma igreja com larga extensão, mas com uma fina camada de profundidade. Há na igreja brasileira uma perigosa infiltração

Prefácio

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do liberalismo teológico. Há muitos seminários, outrora com-prometidos com a teologia ortodoxa, que não ensinam mais a infalibilidade e a suficiência das Escrituras. Há muitos púlpitos que não proclamam mais o evange-lho da graça. Pregadores besuntados de uma falsa sapiência, arrancam da Bíblia o que nela está para sua própria ruína e perdição. Há outras igrejas que já se capitularam ao sincretis-mo religioso e acrescentam às Escrituras o que nelas não pode estar.

Há muitas práticas estranhas ao evangelho sendo in-troduzidas nas igrejas evangélicas. Em muitos redutos, o prag-matismo é acolhido sem qualquer filtro. Há igrejas que buscam o que funciona e não o que é verdadeiro. Pregam o que dá certo e não o que é certo. Dão às pessoas o que elas querem e não o que precisam. Nesse cenário de muitas vozes dissonantes, Paulo Jú-nior, ergue sua voz para pregar a palavra de Deus e escrever sobre a verdade de Deus, sem rodeios e sem floreios. Sua men-sagem tanto no púlpito como na página é um brado de alerta à igreja brasileira a se voltar para Deus. Em terceiro lugar, porque o autor aborda um tema as-saz relevante. Paulo Júnior faz uma rica introdução sobre o Sermão do Monte e faz uma bela exposição das Bem-Aventu-ranças. Sua mensagem é clara, direta e eloquente. Sua inter-pretação do texto é fiel. Sua exposição é vívida. Sua aplicação traz um profundo senso de urgência. O autor explicou o texto e aplicou o texto com clareza diáfana. Traz à lume, firmado numa das passagens mais sole-

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Prefácio | 13

nes das Escrituras, o perfil do verdadeiro cristão. Com isso, o escritor é fiel e relevante. Fala à mente e ao coração. Ao mesmo tempo que lança luz na mente, atiça fogo no coração. Desafia a compreensão e desperta a ação. Minha ardente expectativa é que esta obra possa ser, nas mãos de Deus, um instrumento precioso para edificar mi-lhares de pessoas em toda a nação brasileira, e quiçá, além--fronteiras. Boa leitura!

Maio de 2017Rev. Hernandes Dias Lopes

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O desejo de escrever este livro surgiu de uma série de exposições das Bem-Aventuranças feitas em nossa igreja, a Aliança do Calvário. Durante um longo pe-

ríodo de estudo exaustivo e detalhado do capítulo 5 do Evan-gelho de Mateus e, mais precisamente dos seus 13 versículos iniciais, fui tomado de um sentimento de tristeza e perplexi-dade, por me dar conta de que os cristãos têm perdido a carac-terística bíblica e se distanciado muito daquilo que o Senhor Jesus pretendeu para eles.

Existe hoje uma enormidade de grupos e várias deno-minações que abrigam milhares de fiéis dizendo-se cristãos, mas que conduzem suas vidas de forma incompatível com a fé que afirmam professar. Isso ocorre porque não houve con-versão verdadeira ou por pura ignorância do elevado padrão que a Palavra de Deus comanda ao seu povo. Portanto, faz-se necessário o urgente resgate da identidade cristã.

O cristão deve ser puro, santo e distinto do mundo, pois um povo santo aponta para um Deus santo. É com essa característica, verdadeira e real, que testemunhamos ao mun-do a beleza e majestade de Deus. O contrário disto desonra-o,

Introdução

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ofende-o e diminui sua glória. Estamos vendo o cristão cami-nhar, a passos largos, para uma “secularização”, em que é difí-cil encontrar na vida particular de um fiel a distinção entre ele e o não-cristão.

Neste livro faço uma apurada análise do perfil do ver-dadeiro cristão: como ele deve ser, quais suas características fundamentais e como ele manifesta sua nova natureza na so-ciedade em que vive. É exatamente isso que as Bem-Aventu-ranças tratam.

As Bem-Aventuranças estão arroladas junto ao Sermão do Monte, proferido pelo senhor da glória, Jesus Cristo. Em uma determinada parte daquele sermão, Jesus ilustra seu en-sino com o sal: se ele for insípido, para nada presta (Mateus 5.13). O que Cristo estava a dizer foi que, o sal, para verdadei-ramente ser sal, deveria possuir todas as propriedades oriun-das do sal, para assim dar sabor e perseverar os alimentos da corrupção. Se ele não possuísse tais propriedades, poderia até ter aparência de sal, mas não seria o sal verdadeiro.

Jesus disse, em suma, que nós – os cristãos – somos “o sal da terra” e, como sal, é nosso dever influenciar o mundo (dar sabor), formar opiniões, traçar tendências e um estilo de vida a ser copiado. No entanto, como isso será feito? Do mes-mo modo que o sal para ser verdadeiro sal deve ter as proprie-dades do sal, assim os cristãos, para serem cristãos, devem ter as características do cristão. Que marcas distintivas são essas? Qual é o perfil do verdadeiro cristão? As Bem-Aventuranças que, se manifestadas em nosso viver diário, nos torna capazes de mudar a sociedade ao nosso redor.

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INTRODUÇÃO| 17

O cristão em sua essência tem o poder de exercer pode-rosa influência sobre a humanidade caída, bem como refrear a corrupção através do seu testemunho de vida. Pense por um instante nos puritanos do século XVII. Observe como cultua-vam, como viviam, como eram autênticos! Estude-os e perceba como expressavam cada uma das Bem-Aventuranças em sua vida.

E mais: notem o quanto os puritanos influenciaram a sociedade que os cercava. Caro leitor, é exatamente isso que o salvador, Jesus Cristo, espera de você. Minha oração é que este livro contribua para a edifica-ção da igreja de Cristo e de cada cristão sincero, resgatando seu perfil singular e sua verdadeira identidade bíblica, louvan-do a Deus e exaltando sua glória.

Soli Deo Gloria!Paulo C.S. Junior

Maio de 2017

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Capítulo II

As Bem-Aventuranças

No capítulo anterior analisamos um pouco sobre o contexto geral do Sermão do Monte. Neste capítulo serão vistos alguns tópicos importantes das Bem-

-Aventuranças antes que entremos em cada uma delas indivi-dualmente. As Bem-Aventuranças estão localizadas no evangelho de Mateus, dentro do Sermão do Monte (Mateus 5, 6 e 7). Elas são a primeira parte do sermão de Jesus, indo de Mateus 5.3-12:

3. Bem-aventurados os humildes [pobres] de espíri-to, porque deles é o reino dos céus. 4. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.5. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de jus-tiça, porque serão fartos.7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque al-cançarão misericórdia.8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.

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9. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.10. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.11. Bem-aventurados sois quando, por minha cau-sa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos pro-fetas que viveram antes de vós.

O objetivo, ao estudar cada uma das Bem-Aventuran-ças, é nos aproximarmos o máximo que pudermos do perfil do verdadeiro cristão, que nada mais é que a conduta esperada do povo de Deus, seus valores internos e o padrão que ele deve ter. Na sequência, veremos o que são as Bem-Aventuranças.

1. O que são Bem-Aventuranças?

Quando Jesus iniciou a pregação do Sermão do Mon-te, ele usou a expressão “bem-aventurados”. O que significa “bem-aventurado”? O que são as “Bem-Aventuranças”? Bem--aventurado pode ser explicado como “feliz”, “ditoso”, “pleno”, “completo”, “satisfeito” e, até mesmo, “mais do que feliz”. Jesus estava, nesta passagem, demonstrando que exis-te uma verdadeira felicidade, que é possível de ser conhecida e desfrutada, mesmo enquanto neste mundo caído. Como, então, a felicidade pode ser encontrada? Somente através do evangelho, de estar em Cristo, ela pode ser gozada. Jesus ensi-nou que todo aquele que vive as qualidades de “bem-aventura-do” – o pobre, o que chora, o que tem fome e sede de justiça, o misericordioso, o limpo de coração, o pacificador, o perseguido por causa da justiça – é de fato feliz, afortunado e completo.

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2. O caminho para a verdadeira felicidade

Muitos se perguntam, desde tempos antigos, qual o segredo para a satisfação, completude e felicidade na vida. Quantos não desejam andar por um caminho cheio de felici-dade? Quantos não estão ávidos, procurando paz interior? Os seres humanos querem ser plenos, satisfeitos, felizes. Todos querem enxugar suas lágrimas e serem realizados. Talvez não seja possível encontrar uma pessoa sequer – em todos os ní-veis sociais – que não queira, de alguma forma, encontrar feli-cidade. Por que há tanta infelicidade no mundo? Qual a razão do ser humano não conseguir ser completo, realizado e con-tente? Compreender um pouco da doutrina bíblica da criação humana nos auxilia neste ponto. Deus fez o universo com exímia perfeição, sem nenhum defeito ou falha. Como relatado em Gênesis 1 e 2, a última obra da Criação foi o ser humano, criado à imagem e seme-lhança de Deus (Gênesis 1.26). Deus ter criado o ser humano, macho e fêmea, à sua imagem e semelhança significa que ele foi dotado de qualidades parecidas com as de Deus. As qualidades que Deus possui são seus atributos, ou seja, características que permitem saber quem Deus é e o que ele faz. Deus é dotado de atributos incomunicáveis, que são aqueles somente possuídos por ele, que não podem ser trans-mitidos, compartilhados por suas criaturas. Por exemplo, a Onipotência (qualidade de ter todo o poder), a Onisciência (qualidade de ter toda sabedoria) e Onipresença (qualidade estar em todos os lugares, em todo tempo). Além dos atributos que apenas Deus possui (incomu-nicáveis), existem os atributos comunicáveis, que ele compar-tilhou em certa medida com os seres humanos, fazendo com que eles sejam semelhantes a ele nestes aspectos. Exemplos de

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atributos comunicáveis são: bondade, justiça, amor, sabedoria e santidade. No momento da criação do homem Deus conce-deu esses atributos morais a ele. Por que saber disso é importante? Porque Deus é o Ser pleno, realizado, perfeito, completamente feliz. Não há qual-quer tristeza ou qualquer vazio em Deus. Logo, quando Deus criou o homem, ele o fez feliz. O ser humano, antes da Queda, não possuía necessidade de coisa alguma, não faltava em nada, mas era perfeitamente realizado em Deus. Gênesis 2.8 fala que o homem habitava um lugar cha-mado jardim do Éden. A palavra “Éden” no hebraico quer dizer lugar de prazer, lugar de satisfação. O homem, portanto, era um ser completo, que habitava em um lugar repleto de prazer e satisfação. Porém, enquanto Adão e Eva habitavam o jardim do Éden, Satanás tentou Eva, seduzindo-a para comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 3). O argumento de Satanás foi, basicamente, que se a mu-lher comesse do fruto proibido por Deus, ela e seu esposo se-riam mais felizes, mais completos do que já eram na obediên-cia a ele! A isca do diabo na tentação foi que o homem deveria desobedecer a ordem de Deus para obter um nível maior de satisfação e felicidade. A grande oferta de Satanás foi para que o homem fosse feliz sozinho, na liberdade da desobediência ao Senhor. Infelizmente, Adão e Eva acataram a sugestão de Sata-nás, caindo em pecado, se apartando da obediência ao Senhor, recebendo como uma das consequências o vazio, a culpa, a tristeza e a infelicidade. Seu pecado fez com que o mundo fos-se regado por dor, ódio, violência, morte, suicídio, assassinato, depressão e ansiedade. A queda do homem em pecado nos ensina uma terrí-vel lição: se deixarmos de obedecer a Palavra de Deus, se nos desviarmos de seus caminhos, se tentarmos outra forma de

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felicidade à parte do ensinado na Bíblia, seremos os mais mi-seráveis de todos os homens. Apesar das seduções de Satanás serem reais e parecerem vantajosas, quando ele insinua: “To-que naquela mulher”, “saia com aquele rapaz”, “beba aquela bebida”, “vá naquele local”, o final desses atos nos fará pessoas culpadas, tristes e frustradas. Fora da obediência a Cristo, tudo que o homem pode ser é um monstro, um animal descontrolado lutando para sa-tisfazer seus desejos, desagradando a Deus, se ferindo e fe-rindo os demais ao seu redor. O pecado rouba a felicidade do homem. Infelizmente, após o pecado original, o modo como as pessoas continuam buscando a felicidade é na satisfação pes-soal, apartadas de Deus: algumas tentam no álcool, outras nas drogas, outras no sucesso, outras na fama, outras na estética e beleza, outras nos prazeres sexuais de todas as formas. Alguns buscam prazer nas compras, nos lucros, na ganância, nas con-quistas. Outros vivem a vida toda planejando viagens e várias formas de entretenimento. Com as Bem-Aventuranças, o que Jesus estava ensi-nando? Ele ensinou que mesmo em um mundo caído, há pos-sibilidade de real felicidade. Há possiblidade de ser completo e alegre em meio à escuridão do mundo, quando alguém ingres-sa, pelo arrependimento e fé, no reino de Deus. Quando o Senhor Jesus subiu naquele monte e pregou o sermão, ele estava (e está!) apresentando o reino de Deus a milhares de pessoas vazias, infelizes, depressivas, suicidas, adúlteras, bêbadas, drogadas e dizendo: “Vocês podem ser completos, vocês podem se satisfazer plenamente, crendo no evangelho e entrando em meu reino. Vocês podem ser trans-formados em bem-aventurados, felizes, recebendo a graça de Deus”. O Salmo 16.11 diz: “Na tua presença há plenitude de

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alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”. O que são “ale-grias” e “delícias”? Significam felicidade, completude, satisfa-ção; esses termos falam de gozo, de regozijo, de júbilo. O sal-mista disse onde encontrava todo seu prazer: “Na tua presença há plenitude de alegria, delícias perpetuamente”. Apenas na presença de Deus, em comunhão com Cristo, há felicidade. O salmista continua com a mesma afirmação no Salmo 84.10: “Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”. Ele preferiria apenas um dia, cheio de ale-gria, felicidade e graça na presença de Deus, do que muitos outros dias nos deleites do pecado. Mais uma vez a verdade de que a felicidade só se encontra em Deus foi confirmada. Me lembro de um testemunho contado pelo Pr. David Wilkerson (1931-2011), quando ele esteve em um programa de rádio em Nova Iorque, juntamente com um astro da TV. Após aquele homem falar muito sobre os prazeres que já havia desfrutado e de como estava em seu nono casamento, David Wilkerson comentou calmamente que estava diante do ho-mem mais infeliz e vazio da América. Essa declaração fez o ho-mem ficar chocado, fazendo-o se dar conta – após conversar com o pastor – que toda sua vida de prazeres nunca o comple-taria, pois ignorava a Cristo e o evangelho. Qual o padrão de felicidade ensinado pelo mundo? O da felicidade baseada na posse de bens, objetos, prazeres e sensa-ções. Trata-se de falsa felicidade, falsa completude. O ensino do mundo caído é que um homem pobre, para ser feliz, tem que ser rico. Alguém que anda a pé, para ser feliz, tem que ter um carro. Alguém doente, para ser feliz, tem que ter saúde. Al-guém solteiro, para ser feliz, tem que ter uma esposa. Alguém já casado, para ser feliz, precisa ter um relacionamento extra-conjugal. Se essa argumentação e lógica estivesse correta, todos

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que fossem ricos, que tivessem carros, saúde e relacionamen-tos seriam felizes, contudo eles não são! Eles podem até pa-recer felizes por um tempo, mas sua felicidade não durará até a próxima cobiça aparecer e eles se sentirem frustrados no-vamente! Lucas 12.15 ensina claramente: “(...) a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”. Mesmo no estado pecaminoso que a vida humana se encontra, é possível encontrar a verdadeira felicidade, inde-pendentemente do quanto se possa sofrer física ou emocional-mente neste mundo. Há alguns anos atrás visitei uma mulher que se encon-trava em avançada idade (mais de oitenta anos). Ela não anda-va, era pobre, sobrevivendo apenas de uma pequena aposenta-doria e, ainda, estava restrita à cadeira de rodas que utilizava diariamente. A filha daquela senhora me disse: “Faça amizade com ela, pois durante a madrugada ela não dorme. Ela passa a noite intercedendo. Ela poderá orar todas as noites por você!”. Que senhora feliz, ditosa, alegre e cheia de vida, apesar do es-tado físico em que se encontrava. Qual a razão disso? Ela foi salva pelo evangelho, possuía a verdade, era cheia da graça de Deus! O que dizer de Mary Jane Taylor (1837-1870), esposa do missionário inglês Hudson Taylor (1832-1905), que viveu na China? Quando estava morrendo, em sua pobre casa, dei-tada em uma cama precária ela disse: “Querido Hudson, nun-ca houve, durante toda minha vida, uma nuvem sequer entre mim e meu Salvador”. Morreu feliz, realizada e completa no seu Senhor. Em 2010 circulou uma notícia impressionante no Bra-sil. Dois pastores do estado do Espírito Santo, que estavam a caminho de uma reunião ministerial em sua igreja, se envol-veram em um trágico acidente, com sete veículos. O carro em que estavam foi prensado entre dois caminhões, prendendo os

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pastores nas ferragens. Quando o resgate do Corpo de Bom-beiros chegou, eles se empenharam para retirar os homens que estavam perdendo sangue rapidamente. Enquanto os socorristas tentavam alcançá-los em meio aos ferros retorcidos, os pastores começaram a cantar em voz alta: “Mais perto quero estar, meu Deus de ti. Inda que seja a dor, que me una a ti (...)”. Pouco a pouco as vozes foram sumin-do, silenciando-se completamente com sua morte. As pessoas que acompanhavam o resgate ficaram tão impactadas com a calma, doçura e confiança que os dois homens demonstraram na morte que ficaram imobilizadas, parando seus trabalhos por um tempo. Por que aqueles homens morreram em paz e cantan-do? Pois confiavam plenamente no Senhor; tinham suas vidas guardadas no precioso Salvador, eram felizes, ditosos, bem-a-venturados. Por mais doloroso que o caminho das Bem-Aventuran-ças possa paracer ao mundo, para aquele que é salvo, que tem a Deus como maior tesouro e cuja expectativa está no mundo porvir, as Bem-Aventuranças são o caminho da benção e da realização. Elas concedem, em vida, os galardões celestiais ao povo de Deus na terra. Comunicam aos santos as alegrias an-tecipadas da eternidade! Assim, com as Bem-Aventuranças Jesus estava apon-tado que o caminho para a vida de satisfação plena não pode ser conhecido no deleite do pecado, se enchendo deste mundo. Ser bem-aventurado é conhecer e ser transformado pelo evan-gelho. Somente a Palavra de Deus, que revela o evangelho da graça e glória de Deus, pode conceder a verdadeira liberdade e felicidade a alguém. A felicidade, portanto, só possui aquele que creu no evangelho e tem, em sua vida, as qualidades enu-meradas por Jesus nas “Bem-Aventuranças”.

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3. As marcas do verdadeiro cristão

As Bem-Aventuranças, além de serem o caminho para a verdadeira felicidade, apontam para as características espe-radas por Deus em cada cristão verdadeiro. Não há como fazer parte do povo peculiar de Deus se alguém não possui e desen-volve cada vez mais cada uma das Bem-Aventuranças. Mateus 5.13 ensina: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens”. Esse texto, que vem logo após as Bem-Aventuranças, é a conclusão de Jesus, dizendo que as características do verdadeiro cristão são como o sal: dá sabor aos alimentos, não sofre corrupção e, além disso, impede a degradação dos alimentos em que é colo-cado. Da mesma forma que o sal possui qualidades distintas, o verdadeiro cristão tem propriedades bem definidas. Você é cristão de verdade? Você é convertido genuina-mente? É salvo e não tem mais a condenação do pecado pesan-do sobre você? Se a salvação de Deus é realidade em sua vida, então você é humilde de espírito, chora, é manso, tem fome e sede de justiça, é misericordioso, é limpo de coração, é pacifi-cador, é perseguido e sofre por causa da justiça. Essas são as marcas do verdadeiro cristão, o verdadeiro sal de Deus, como Jesus afirmou na passagem acima. Elas não são características apenas dos patriarcas e pro-fetas do Antigo Testamento, dos apóstolos ou dos homens e mulheres de Deus do passado. Elas não são esperadas apenas de pastores, diáconos ou missionários. O Sermão do Monte afirma que elas são marcas de todo cristão verdadeiro. Cada jo-vem, homem, mulher e idoso do povo de Deus precisa possuir e crescer nessas qualidades diariamente. As Bem-Aventuranças, além de serem marcas de todos os cristãos genuínos, devem estar todas presentes em cada

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cristão. Não se pode ser apenas misericordioso, sem que se te-nha uma porção de pobreza de espírito ou ser limpo de cora-ção. Sempre haverá, em cada cristão, cada uma das Bem-Aven-turanças, ainda que a intensidade delas possa ser vista mais em um período do que em outro. Entretanto, caso não haja essas marcas em alguém que se diz cristão, Jesus fez a severa advertência: “Para nada mais presta, senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens” (Mateus 5.13). Alguém sem as propriedades do salvo – as Bem-Aventuranças – não tem a vida eterna permanecendo em si, mas tem a expectativa do juízo vindouro e da condenação eterna. Jesus foi categórico ao concluir as Bem-Aventuranças, mostrando que apenas aqueles que as possuem são, de fato, o povo justificado e puro de Deus. Mateus 5.20 diz: “Porque vos digo que, se a vossa justi-ça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais en-trareis no reino dos céus”. Esse versículo pode ser lido assim: “Se a justiça, a conduta e o padrão de vocês não for acima do praticado pelos fariseus e escribas, vocês não podem ser sal-vos”. Os escribas e fariseus não entraram no reino de Deus, pois não eram sal. Seu legalismo, hipocrisia, carnalidade e so-berba estava apenas revestido de uma “capa religiosa”, porém o interior dessas pessoas era corrupto e mal, de maneira que Jesus os chamou de sepulcros caiados (Mateus 23.27) Jesus afirmou que os escribas e fariseus não foram transformados, não receberam um novo coração, não passa-ram pelo novo nascimento e conversão. Tudo que eles pos-suíam era justiça externa, hábito religioso, porém não era a religião que transformava o caráter e os fazia novas criaturas, com as evidências do cristão verdadeiro. Como a “justiça dos escribas e fariseus” pode ser excedi-da? Você foi feito manso? Seu coração é limpo, puro? Você

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foi tornado misericordioso por Deus? Você ouve a Palavra de Deus e a pratica, semelhantemente ao homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha (Mateus 7.24-25)? Se isso é verdade a seu respeito, então sua justiça está excedendo a dos escribas e fariseus! Você recebeu fome e sede de Deus? Você mortifica o pe-cado, combatendo ativamente para não cobiçar um homem ou mulher em seu coração (Mateus 5. 27-30)? Veja, sua justiça está excedendo a dos escribas e fariseus! Mateus 6.33 é a grande marca do verdadeiro cristão: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e to-das estas coisas vos serão acrescentadas” (ACF). Você é salvo? Então a vontade de Deus ocupa o primeiro lugar em sua vida. Todo verdadeiro cristão trabalha, estuda, compra e vende, via-ja, enfim, vive como um cidadão normal neste mundo, con-tudo, em todas as coisas que ele faz sua prioridade é fazer a vontade de Deus. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus não significa buscar “apenas” a ele, mas significa fazer todas as coisas da vida colocando a vontade de Deus em primeiro lugar. Deus, sua Palavra e seus princípios têm a preeminência em tudo que um salvo de verdade faz, seja em pensamentos, vontades ou obras! Colocando em termos práticos, o verdadeiro cristão não dá ao Senhor, como tributo diário, uma oração superfi-cial, fria e desinteressada; ele não lê as Escrituras irreverente e apressadamente; ele não vive o dia todo em pecado aberto contra Deus e o próximo, cobiçando, se orgulhando, sendo mesquinho, falando palavras incovenientes, para no final do dia comparecer em um culto público e oferecer louvores a Deus da boca para fora. O cristão bem-aventurado vive todo e cada momento de seu dia dando honra e glória a Deus. Ele vive em espírito de

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oração, medita na santa Escritura de Deus, se desvia do mal e, quando peca, se entristece e confessa espontaneamente o pecado ao Deus que ele tanto ama e não quer ofender! O único modo de vida que agrada a Deus, que ele apro-va e se compraz é o expressado por aquele que vive as Bem-A-venturanças. A posse e prática dessas características agrada o Senhor dos céus e da Terra, pois é a imitação da vida que seu Filho Jesus viveu enquanto esteve neste mundo. Há no seu coração sincero desejo de agradar e dar ale-gria a Deus? Então você deve ser transformado pelo evangelho da graça de Deus e continuar percorrendo o caminho da santi-ficação, para se tornar cada vez mais manso, humilde, pacifica-dor, misericordioso... Quanto mais parecida com Jesus Cristo for sua vida, mais o Pai terá prazer em você. Isso não significa que sua acei-tação dependerá, jamais, de seus méritos, mas significa que, por amor, você fará cada vez mais firme sua salvação diante do bendito Senhor (2Pedro 1.10, 1Coríntios 9.24-27). Talvez alguém diga que tem afinidade com o Cristianis-mo bíblico, porém se os frutos produzidos por essa pessoa não forem condizentes com as Bem-Aventuranças, não há nela fé salvífica. Mateus 7.20 deixou bem claro que a evidência da sal-vação são os frutos que a acompanham: “(...) pelos seus frutos os conhecereis”. Tiago 2.26 complementa: “(...) a fé sem obras é morta”. Portanto, através dos frutos, da prática da fé, podemos saber se alguém é convertido. Sem que haja a vontade e a prá-tica das Bem-Aventuranças na vida de uma pessoa, não há sal-vação verdadeira. Outro aspecto fundamental na vida do verdadeiro cris-tão é seu amor e zelo obediente pela Palavra de Deus. Veja o Antigo Testamento ensinando sobre este tema, no Salmo 1.1-3:

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1. Bem-aventurado o homem que não anda no con-selho dos ímpios, não se detém no caminho dos pe-cadores, nem se assenta na roda dos escarnecedo-res. 2. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido.

Agora, veja o que diz o Novo Testamento, em Tiago 1.25: “Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligen-te, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar”. Quem é o bem-aventurado? Aquele que foi regenerado por Deus, que tem prazer na Lei do Senhor, que a conhece pro-fundamente, que anda com o Deus da Bíblia, que possui vida de oração, que jejua ao Senhor em secreto, que se santifica dia-riamente, que é frequente na Casa de Deus. O feliz, completo, a quem nada falta é o fiel e justo! Não seria este o tempo de comermos e bebermos até nos fartarmos do puro alimento celestial? Não seria essa a ge-ração de cristãos que mais precisa ser santificada e feita seme-lhante a Cristo? Não somos nós, a igreja de Cristo na Terra, que precisa urgentemente de um testemunho poderoso e efi-caz, para combater as densas trevas que nos cercam? É tempo de amarmos e andarmos em estreita comu-nhão com o Deus das Escrituras! Veja o convite de Jesus, para que nos alimentemos dele, em João 6.35: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. Estamos inchados do “pão da terra”. Estamos intoxica-dos com este mundo e seu sistema. Temos tanta sofisticação,

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tanta tecnologia e eletrônicos, tantas redes sociais e envolvi-mentos virtuais... Tudo isso está causando exatamente o que Jesus disse em João 6.49: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram”. Quantos não estão mortos-vivos, sem um Cristianismo de expressão, vivo e robusto, justamente por comerem apenas o “pão da terra” ao invés do pão do céu? Querido leitor, as Bem-Aventuranças nos mostram que o perfil do verdadeiro cristão aparece quanto mais ele caminha com seu Deus, quanto mais ele se enche da sua Palavra, quanto mais o desfruta em oração e meditação regular, enfim, quanto mais tem comunhão com o Senhor e o obedece.

4. Alerta contra o engano do mundo

Há um último aspecto a ser analisado, antes de deixar-mos esta introdução às Bem-Aventuranças e ingressarmos no estudo individualizado de cada uma delas. Vivemos em tempos de grandes mudanças de valores, nos quais a verdade se tornou líquida e completamente re-lativizada. Nenhum limite tem sido aceito pela mentalidade pós-moderna. Nossa sociedade ocidental já é considerada uma sociedade pós-verdade, para a qual o absoluto da verdade não é mais importante. Vale absolutamente tudo em troca de sa-tisfação e prazer pessoal. Mesmo assim, com toda essa pretensa liberdade, nunca se viu sociedade com maior vazio existencial. São multidões de crianças descuidadas por seus progenitores, jovens sem pers-pectiva, casais arruinados e velhos empurrados para o esque-cimento. Creio que este último aspecto das Bem-Aventuranças oferece resposta ao sistema mundano que rege nosso tempo. As Bem-Aventuranças ensinam o quão enganosa é a aparência deste mundo. O que Satanás sempre fez, desde a Queda de nossos primeiros pais no Éden, foi prometer às suas

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vítimas felicidade e completude na rebelião e desobediência a Deus (como vimos acima). As Bem-Aventuranças mostram que essa tática é completamente mentirosa e não pode garan-tir satisfação verdadeira a ninguém. As Bem-Aventuranças destroem a ilusão dos prazeres deste mundo, elas acabam com a intoxicação que o mundo traz, derrubando a popularidade dos meios carnais para obtenção de prazer e paz. Quando Jesus pregou as Bem-Aventuranças, o único meio que ele afirmou ser apto para satisfazer plenamente o ser humano foi diametralmente oposto ao meio propagande-ado pelo sistema mundano corrompido. Enquanto o sistema mundano oferece realização para os ricos, jovens, bonitos, que bebem o pecado em longos “goles”, que alcançam fama e gal-gam os mais altos lugares da sociedade, que vivem em festas e celebrações, que sempre levam vantagem em tudo e sobre todos, que exigem seus direitos, que possuem propriedades e mais propriedades, bens e mais bens, Jesus afirmou que feli-zes são os que choram, felizes são os pobres, felizes são os que têm fome e sede de justiça, felizes são os limpos de coração, felizes são os pacificadores! Houve um rei, chamado Salomão, que possuiu em abundância extraordinária tudo que o mundo acredita trazer felicidade. A Bíblia mostra que sua riqueza foi incomparável, mesmo para os maiores padrões atuais (1Reis 10, 11.1-3).Salomão foi o homem mais rico da Terra. Em seu tempo, havia tanto ouro em Israel que a prata era considerada como sem valor. Imagine, tanto ouro que a prata se tornou algo insigni-ficante, desprezível! Como rei, ele governou o império de Israel em seu tempo dourado, quando ele contava com sua maior extensão geográfica. Nenhum outro rei de Israel alcançou tanto poder quanto ele. Ele era filho de Davi, pertencia à linhagem messiâ-nica e era descendente dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.

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Salomão foi casado com setecentas mulheres, que es-tavam entre as mais lindas do mundo da época, sendo todas elas princesas. Além disso, possuía um harém privativo com trezentas concubinas, que estavam prontas a atendê-lo sem-pre que chamadas. Se Salomão se deitasse com uma mulher diferente por noite, ele levaria mais de dois anos e meio para vê-la novamente! Em propriedades e construções, seu reinado foi inigua-lável. Suas técnicas agrícolas possuíam a melhor tecnologia daquele período, suas vinhas e plantações de trigo cresciam a cada ano. Seu palácio e mansões reais deixavam os visitantes de outras nações estupefatos. Ele possuía uma frota de navios e alianças internacionais que lhe garantiam suprimento anual das coisas mais preciosas, exóticas e refinadas do mundo co-nhecido de então! No campo do saber, não havia ninguém que o sobrepu-java em sabedoria e habilidade. Salomão era dotado de mente rica, vasta, profunda, detalhista, poética, milimetricamente construída para garantir um raciocínio que fazia os grandes sábios do oriente parecerem meninos em alfabetização perto dele. Qual foi a conclusão de Salomão sobre a felicidade que o mundo lhe ofereceu, quando ele compôs seu último livro? Leia Eclesiastes 1.2: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade” (ACF). Era como se ele tivesse dito: “Foi tudo em vão. Corri atrás do vento. O que pensei que me traria alegria foi na verdade a maior ilusão de minha vida”. Ele terminou sua carreira neste mundo triste e oprimido, pe-los muitos pecados que cometeu! Querido leitor, ainda há tempo para você! Ainda há es-perança para uma mudança real em sua vida, que lhe conduzi-rá à verdadeira, perene e imortal felicidade! Ouça o convite de Jesus a você e a todo mundo: “Vin-

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de a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Jesus está dizendo: “Venham até mim e, finalmente, vocês acharão descanso, paz, plenitude e completa felicidade!”. Não importa o que você andou fazendo, não importa quem você foi ou é. Não importa se você é um crápula, um ti-rano, que viveu as mais sórdidas experiências nos calabouços negros do pecado. Não importa se você está incrédulo, confu-so, pensando em abandonar tudo; talvez você perdeu a noção do dia e da noite, do frio e do calor, do certo e do errado; não importa se você está desnorteado, depressivo e triste... O chamado de Jesus é para você, exatamente como se encontra hoje. Venha a ele, se lance sobre seu amor e perdão, para que Cristo lhe dê nova vida, nova esperança e crave em você suas Bem-Aventuranças. Se você realmente deseja verda-deira alegria, satisfação e felicidade, não despreze a bondade e misericórdia de Deus. Ele prometeu que o receberia e não o lançaria fora (João 6.37).