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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA
PRECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM CÉLULAS
COOPERATIVAS: um movimento de educação para a autonomia.
Elton Luz Lopes
Fortaleza
2006
ELTON LUZ LOPES
DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO EM QUÍMICA
PROFESSORA: ELIANA MARIA ROMERO TEIXEIRA
EDUCAÇÃO EM CÉLULAS COOPERATIVAS: UMA ESTRATÉGIA DE
EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA
Trabalho monográfico de conclusão do curso
apresentado ao Departamento de Química Orgânica e
Inorgânica da Universidade Federal do Ceará como
requisito parcial para obtenção do título de Licenciado
em Química.
Prof. Orientador : Dr. Manoel Andrade Neto
Fortaleza
2006
Essa Monografia foi aprovada como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Licenciado em Química, outorgado pela Universidade Federal do Ceará.
______________________________________________
Elton Luz Lopes
Monografia aprovada em: 06 de Março de 2006
Examinadores:
______________________________________________
Prof.: Dr. Manoel Andrade Neto
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica - UFC
______________________________________________
Prof.: Dra. Sonia Pereira Barreto
Faculdade de Educação - UFC
______________________________________________
Prof.: Dra. Selma Elaine Mazzetto
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica - UFC
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela vida, e pela força para lutar.
A meu Pai, Elizeu e a minha Mãe, Ana Célia por todos os ensinamentos que eles
me deram para que eu me tornasse a pessoa que sou. E aos meus irmãos Helano, Alex,
Rennan e Ravena que me proporcionaram muitos momentos de alegria e descontração.
Aos meus tios Sergio e Antônio Célio que são como pais pra mim. E ao tio Paulo
que sempre esteve pronto para nos auxiliar na luta do dia-a-dia.
A tia Selma que me recebeu em sua casa para que eu continuasse os estudos.
A Marillia, minha namorada que tem me acompanhado e dado força desde 2002.
Ao professor Andrade pelo exemplo de ser humano que ele é, pela orientação
nesse trabalho e desde a preparação para o vestibular.
A professora Eliana Romero pela dedicação com que tratou a mim e todos da
turma, pelos seus conselhos e orientações que foram importantes para a conclusão do
trabalho.
A amiga Arneide Avendaño, pelas horas que dedicou a contribuir na elaboração
dessa monografia.
Aos colegas do laboratório, Glauber, Nirla, Noberto, Honório, Regivaldo e
Leôncio pela amizade.
Aos amigos do “Castelo” (Residência Universitária 2635), que são como mais
uma família para mim.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização dessa monografia e
que não tenham sido citados.
RESUMO
O presente trabalho demonstra a eficácia da metodologia do Programa de Educação em Células (PRECE) não somente quantitativa mas, também qualitativamente, no qual por dados estatísticos se verificou o número de estudantes do Município de Pentecoste que ingressaram no Ensino Superior, tendo ou não participado do Programa e em que tempo e espaço ocorreu esse fato. O PRECE é uma ação educativa em desenvolvimento no sertão do Ceará desde 1994, iniciado na comunidade rural de Cipó, município de Pentecoste, situada a aproximadamente 100km de Fortaleza. O Programa surgiu quando sete estudantes fora da idade escolar e alguns fora da escola, reuniram-se para estudar em grupo e pelos livros doados, concluíram o ensino básico através do sistema supletivo e, posteriormente, ingressaram na UFC, retornando aos finais de semana para dar continuidade ao Programa. Este estudo foi desenvolvido através de: questionários sócio-econômicos que visam demonstrar a condição socioeconômica e educacional desses estudantes que através do Programa ingressaram no Ensino Superior e o conceito que os universitários oriundos do Programa têm da Metodologia do Estudo em Células; coleta de dados no Núcleo de Processamento de Dados da Universidade Federal do Ceará (UFC), para obter informações referentes ao número de estudantes universitários oriundos do Município de Pentecoste que ingressaram na UFC, nos últimos anos; A pesquisa foi feita com 85 estudantes universitários e 7 graduados oriundos do Programa de Educação em Células, no período de 1994 a 2006. Concluiu-se que o PRECE tem contribuído muito para o desenvolvimento de sua região de atuação, visto que, em 11 anos de existência já possibilitou que mais de 90 estudantes de baixa renda, e muitos destes da zona rural, ingressassem no ensino superior. Constatou-se que 55 % dos estudantes de Pentecoste que foram aprovados no vestibular da UFC a partir de 1996, passaram pelo Programa. Palavras-chaves: mútua educação; autonomia intelectual, protagonismo estudantil, educação
em células;
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................8
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................13
2. HISTÓRICO DO PRECE...................................................................................................17
3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 3.1. O impacto do PRECE nos municípios Apuiarés e Pentecoste....................................21 3.2. Perfil dos estudantes do PRECE..................................................................................22 3.3. A importância do PRECE para estes estudantes..........................................................25 3.4. A eficácia da metodologia...........................................................................................27 3.5. O retorno às comunidades............................................................................................28
CONCLUSÕES........................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................31
ANEXOS I. Fotos............................................................................................................................33 II. Tabela com nome dos aprovados com ano e curso.....................................................34 III. Questionário utilizado na pesquisa.............................................................................35 IV. Memorial do Autor.....................................................................................................41
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Estudantes naturais de Pentecoste aprovados na UFC no período de 1996 a
2006.....................................................................................................................22
Gráfico 02 - Etnia dos estudantes do PRECE..........................................................................23
Gráfico 03 - Naturalidade dos universitários e graduados precistas........................................23
Gráfico 04 - Escolaridade dos pais ou responsáveis................................................................24
Gráfico 05 - Tipo de instituição onde concluíram o Ensino Médio.........................................25
Gráfico 06 - Ações que contribuíram para o ingresso no ensino superior...............................26
Gráfico 07 - Pessoas e instituições que ajudam os estudantes a permanecerem na
Universidade........................................................................................................27
Gráfico 08 - As vantagens da metodologia do estudo em células............................................28
INTRODUÇÃO
Um novo modelo político-econômico foi adotado por muitos países a partir da década
de 70, e um pouco mais tarde no Brasil, sendo chamado de neoliberal. Esse modelo utiliza
como estratégia governamental, a redução de gastos do Estado com as políticas sociais, o que
vem fazendo com que os Estados diminuam o nível de proteção social às suas populações.
Na educação, o modelo neoliberal tem atacado a escola pública a partir de estratégias
privatizantes, tratando a escola como uma empresa (NASCIMENTO, 1999).
Assim, a Escola deixa de ser o caminho para uma vida melhor e passa a ser um
mecanismo de exclusão, pois:
O objetivo do projeto neoliberal de educação é o de,
gradualmente, retirar a responsabilidade pela educação
institucionalizada da esfera pública do controle do estado
e atrelá-la ao controle e à gerência das empresas
privadas. Nessa operação, a educação não apenas
passaria ao controle total de empresas privadas, mas
estaria orientada diretamente pelas necessidades e
exigências de mão-de-obra das empresas
capitalistas.(SILVA, 1996)
Esse modelo de educação atinge apenas as crianças e jovens de classes populares,
quer dizer, as pessoas pertencentes às classes dominantes continuam a ter acesso aos
conhecimentos que lhes garantam desenvolvimento intelectual e suas posições econômica,
social e política.
Podemos ver, através de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), como a população brasileira tem sofrido com esse modelo econômico excludente,
como uma boa parte da população não chega a ter acesso à educação, e como muitos dos que
entram na escola não recebem amparo para que consigam concluir seus estudos e poder
sonhar com uma vida mais digna.
Devido às dificuldades tanto de acesso como de permanência na escola, as pessoas de
origem popular do nosso país não conseguem ascender na carreira acadêmica ou mesmo
concluir o ensino básico e entrar na universidade. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios 1998/2003 (IBGE, 2006), 11,6% da população brasileira, ou, seja mais de 21
milhões de pessoas, com idade acima de 15 anos é analfabeta ou estudou menos de 01 ano, e
60,1% dos homens e 56,5% das mulheres não completaram o ensino fundamental.
No município de Pentecoste, interior do Estado do Ceará que, ,situado na Região
Nordeste do Brasil, o quadro educacional é ainda mais preocupante: existem 53
estabelecimentos de ensino fundamental e 3 escolas de ensino médio. Com exceção de uma
que é da Campanha Nacional de Escolas da Comunidades (CNEC), todas as escolas do
município são públicas. Com relação ao Sistema de Educação de Jovens e Adultos, o
município tem uma escola que oferece apenas o ensino fundamental com estrutura precária.
Segundo o IBGE, dos 32600 habitantes do município, 5818 pessoas com 10 anos ou mais de
idade não têm nenhuma instrução ou estudaram menos de 1 ano. Isso significa dizer que 17,8
% da população local é analfabeta.
No que diz respeito ao ensino superior, a grande maioria dos que concluem o Ensino
Básico na rede pública, não conseguem ingressar em uma universidade pública; e boa parte
desses desiste antes mesmo de tentar o vestibular. Os dados mostram que, entre os estudantes
mais pobres com idade entre 18 e 24 anos, apenas 2,1 % estão matriculados no ensino
superior contra 60,9 % dos mais ricos na mesma faixa etária. Em relação ao Estado do Ceará,
por situar-se no Nordeste do Brasil, uma região declaradamente mais pobre, a situação
agrava-se ainda mais, principalmente, quando se trata da situação educacional no interior do
Estado.
A revista Universidade Pública (2005) mostrou que entre os estudantes aprovados no
vestibular, a grande maioria estudou a vida toda ou a maior parte dela em escolas particulares.
Segundo esses dados, no vestibular 2005, da Universidade Federal do Ceará (UFC), dos
estudantes oriundos da escola particular inscritos, 11,98 % foram aprovados, preenchendo um
total de 72,8 % das vagas disponíveis; enquanto que apenas 6,57 % dos estudantes oriundos
da escola pública inscritos obtiveram sucesso, ocupando 26,7 % das vagas.
Mesmo porcentagens tão baixas de estudantes oriundos das classes populares,
ingressando em uma instituição pública de ensino superior, já pode ser considerado como o
resultado da implantação de cursos pré-vestibulares populares, os quais buscam dar
oportunidade de acesso a um curso superior a estudantes de baixa renda.
Na UFC existem nove desses cursos registrados como projetos de extensão, funcionando nos
campi, em bairros da periferia de Fortaleza e interior do Estado. Esses cursos são de iniciativa
de departamentos, sindicatos, centros acadêmicos, professores ou de convênios institucionais.
O Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE) foi registrado na Pró-
Reitoria de Extensão a partir de 1998.
Esse Programa nasceu na comunidade de Cipó, zona rural do município de Pentecoste,
em 1994 e, ao longo de 11 anos de atuação, utilizando uma metodologia de ensino inovadora,
na qual os estudantes se ajudam mutuamente para construírem o conhecimento em comunhão,
conta com mais de 90 estudantes aprovados no vestibular da UFC. Hoje o Programa atua na
zona rural e na sede dos municípios de Apuiarés, Pentecoste e Paramoti, além da sua atuação,
desde 2003, no bairro do Pirambu, periferia de Fortaleza.
Essa monografia tem como objetivo geral, analisar a eficácia da metodologia do estudo
em células, desenvolvida pelo PRECE, na preparação para o vestibular e no desenvolvimento
da autonomia intelectual de estudantes de origem popular. Os objetivos específicos englobam:
• Fazer um relato histórico sobre o Programa de Educação em Células Educacionais
(PRECE);
• Verificar o número de estudantes dos municípios de Apuiarés e Pentecoste, que
ingressaram na Universidade Federal do Ceará nos últimos 11 anos;
• Avaliar a contribuição do Programa nos últimos 11 anos, no que se refere ao
desenvolvimento educacional dos municípios de Apuiarés e Pentecoste;
• Analisar que motivações os estudantes de origem popular envolvidos no PRECE,
tiveram para ingressarem na universidade;
• Identificar as políticas de apoio ao estudante empreendidas pelo PRECE, e como
elas têm contribuído para o ingresso e permanência dos estudantes na
Universidade.
Para atingir esses objetivos adotou-se a seguinte metodologia:
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de obter dados sobre educação, e a cerca
de ingresso no ensino superior. Também foram coletados dados junto ao Núcleo de
Processamento de Dados da Universidade Federal do Ceará para obter informações referentes
ao número de estudantes oriundos dos municípios de Pentecoste e Apuiarés que ingressaram
na UFC a partir de 1996.
Realizou-se também uma pesquisa exploratória e documental envolvendo 85 estudantes
universitários e 07 graduados: (1) em pedagogia, (2) em geografia, (1) em letras, (1) em
química e (2) em agronomia, da Universidade Federal do Ceará oriundos do PRECE.(ver
lista em anexos)
O levantamento dos dados junto aos estudantes foi realizado com a aplicação de
questionários, tendo sido assegurado o anonimato dos pesquisados. O tratamento dos dados
foi realizado utilizando o programa computacional Microsoft Excel.
No capítulo 1 é feita uma fundamentação teórica do trabalho, utilizando como
referência as obras e trabalhos de Joseph Lancaster, Antonio Gramsci e Paulo Freire,
estabelecendo uma relação entre estes autores e a metodologia do PRECE.
É feito um relato da história do Programa no segundo capítulo, contando como tudo
começou e porque, até chegar aos dias de hoje.
No capítulo 3 são apresentadas e analisadas as informações coletadas junto aos
estudantes, mediante a aplicação dos questionários, sobre o trabalho desenvolvido pelo
referido Programa e sobre os estudantes que o integram.
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Por que existem tantos analfabetos no Brasil? Por que existem os movimentos sociais
educacionais? Porque desde a época da nossa colonização existe uma lacuna na educação que,
através do tempo, vem aumentando e nem o poder público, nem a sociedade, conseguem
preencher.
Percebemos que a educação foi pensada para poucos; embora a Constituição Federal
de 1988 assegure que “todos têm direito a uma educação de qualidade” na realidade, direito
previsto em leis não é assegurado na prática. Segundo Ceccon(1990)
Durante muito tempo a escola esteve reservada a uma
pequena minoria, aos filhos do pessoal que tinha posses,
aos filhos dos doutores que estudavam para se tornar, eles
também doutores. A grande maioria dos filhos de
operários e agricultores não tinha praticamente qualquer
oportunidade de estudar e ficava condenada ao
analfabetismo.
E essa dinâmica excludente vem se repetindo até hoje.
Nos séculos XVII e XVIII, período inicial do capitalismo industrial, na Europa, as
dificuldades de acesso e qualidade da educação foram semelhantes às nossas no Brasil
Contemporâneo. Pessoas e movimentos, tanto aqui, quanto em outros países levantaram-se
contra, opondo-se ao que vinha se repetindo ao longo dos anos. Joseph Lancaster, Gramsci e
Paulo Freire são referências importantes dessas lutas.
O Método Lancasteriano, de Joseph Lancaster (NARODOWSKI,1999), por exemplo,
surgiu na Inglaterra no final do século XVIII, e consistia na preparação de alunos mais
avançados em algumas disciplinas para atuarem como monitores e, assim, ensinarem e
coordenarem a aprendizagem de seus companheiros. Somente os monitores se comunicavam
com os professores que lhes transmitiam os conhecimentos e as normas para a atividade
escolar.
Deste modo, cada monitor tinha seus discípulos, que variavam entre dez a vinte. As
aulas eram ministradas em espaços bastante grandes, em salas espaçosas, com os alunos
distribuídos de acordo com o aproveitamento e o mestre a encontrar-se na extremidade,
sentado em uma cadeira alta, a supervisionar as atividades.
Uma das vantagens atribuídas ao método de ensino mútuo está no fato de possibilitar a
instrução a um número maior de pessoas. Assim, estende-se o acesso à educação às classes
populares, pois um só professor poderia instruir um grande número de alunos. Um número
superior comparado com a metodologia de ensino tradicional.
O método de ensino mútuo expandiu-se muito por obra de Lancaster, ultrapassou as
fronteiras da Inglaterra e espalhou-se por toda a Europa e em outras partes do mundo.
Em 1806 já existiam centros de ensino mútuo em Nova Iorque, na Filadélfia, em
Boston e, em seguida, em Serra Leoa, na África do Sul, na Índia e na Austrália. França
(1814), Suécia (1817) e Rússia (1824) também adotaram o ensino mútuo, além de muitos
países da América do Sul, chegando ao Brasil no início do século XIX, através de um Decreto
Lei de Dom Pedro I, criando a Escola do Ensino Mútuo. Em 1811, na Inglaterra, existiam
quinze escolas com 30 mil alunos.
Outro trabalho a destacar é o do pensador italiano Antonio Gramsci, que lutou pela
igualdade de classes, estando sua teoria voltada para a transformação da sociedade. Gramsci
defendia uma escola que tivesse como objetivo a elevação da consciência das massas
subalternas e, acreditava que isso só seria possível através de uma elevação cultural aliada a
um processo de reforma cultural e moral dessas classes. Esta elevação seria organizada pelo
que ele chamou de “intelectuais orgânicos”, os representantes das classes populares a
trabalhar para a elevação de suas comunidades, as quais pertencem e se ligam organicamente.
Para Gramsci “a escola deveria ser comum e única”; o que ele chamou de escola
unitária. Defendia uma escola inicial, de cultura geral, humanista e formativa, não
profissionalizante, mas que formasse jovens capazes de pensar, de estudar e dirigir ou
controlar quem dirige (MOCHCOVITCH,1988) .
Para Paulo Freire (1978), o objetivo maior da educação é a conscientização do aluno,
levando-o a entender a sua situação de oprimido e agir em favor da própria libertação. Freire
condenava o ensino oferecido pela maioria das escolas que ele chamava de “burguesas” e
qualificou esse tipo de educação como educação bancária, onde o saber é visto como uma
doação dos que se julgam seus detentores. Ele também acreditava que numa sala de aula não
somente os alunos aprendiam, mas que os professores também tinham algo a aprender com os
alunos.
O método de alfabetização de adultos desenvolvido pelo educador Paulo Freire parte
de uma pesquisa realizada na comunidade das pessoas a serem alfabetizadas, da qual se
seleciona as palavras mais recorrentes nas falas das pessoas, são as chamadas palavras
geradoras. Então, a partir do diálogo, utilizando as palavras geradoras, essas pessoas têm a
oportunidade de tomar consciência e discutir reflexivamente sobre sua situação no mundo e
na sociedade ao mesmo tempo em que estão sendo alfabetizados.
A metodologia de ensino do PRECE é semelhante ao Método Lancasteriano e tem por
princípio norteador o pensamento da Pedagogia Libertadora de Paulo Freire, assumindo a
proposta de promover uma educação reflexiva e questionadora, onde todos os envolvidos no
processo educativo assumam a condição de sujeitos históricos, vivenciando a condição de
protagonistas e construtores da própria realidade, na condição de atores sociais que recebem e
ao mesmo tempo influenciam o meio em que vivem. O estudo e o agir em células privilegiam
a construção do saber de modo interativo, coletivo e cooperativo, por intermédio do
compartilhamento de conhecimentos entre estudantes, proporcionando ao grupo a aquisição
da autonomia intelectual, através de uma formação reflexiva e questionadora, produzindo,
deste modo, uma consciência político-social indispensável na construção de homens e
mulheres capazes de tomar decisões baseadas em suas próprias conclusões.
Ao chegar no PRECE os estudantes fazem uma avaliação diagnóstica para identificar
o nível de seus conhecimentos. A seguir, são organizados em grupos de no mínimo cinco, e
no máximo, dez pessoas, de acordo com esse nível e, com a ajuda de um monitor, passam a
estudar, inicialmente, as cinco disciplinas básicas (português, matemática, biologia, história e
geografia). Após esse período, chamado de revisão, os educandos passam a estudar conteúdos
direcionados para o ingresso no ensino superior.
Os professores, que são ex-estudantes do PRECE, ao mesmo tempo que compartilham
conhecimentos específicios sobre as disciplinas curriculares, também preparam os estudantes
para agirem como multiplicadores e monitores dessa estratégia de educação.
Faz parte do currículo, um Curso de Formação Política, onde os estudantes, através de
textos e debates discutem a sua realidade e o que fazer para transformá-la. Cada estudante,
após o ingresso no Ensino Superior, retorna à sua comunidade de origem para ajudar os que
ainda não conseguiram ser aprovados no vestibular, e, após a sua graduação, são estimulados
a desenvolver projetos que favoreçam o desenvolvimento sustentável da sua região.
2. HISTÓRICO DO PRECE
Tudo começou no ano de 1994, em Cipó, uma comunidade rural do município de
Pentecoste-Ceará situado a 90 Km de Fortaleza, capital do Estado. Por iniciativa do Professor
Manoel Andrade Neto, que desde criança deixara sua família para estudar em Fortaleza e
agora era professor de Química da Universidade Federal do Ceará. A princípio, sete jovens
aceitaram o desafio de morar numa casa de fazer farinha abandonada (anexo I), para
estudarem juntos, com o objetivo de concluir o ensino básico e entrar na Universidade. Destes
sete, apenas um havia concluído o ensino básico através de sistema supletivo. Como não
havia escola de ensino médio na comunidade e alguns estavam fora da faixa etária escolar,
foram instruídos pelo professor a se matricularem no supletivo.
Eles se reuniam em grupos para estudar durante a semana e, os que detinham maior
conhecimento em determinadas disciplinas passavam a coordenar os respectivos grupos de
estudo. Nos finais de semana, tiravam suas dúvidas com o professor Manoel Andrade e por
ele eram estimulados a continuar.
Além de dar esperança aos estudantes e oportunizar-lhes uma nova visão sobre a
importância da educação, o projeto ajudou-os a vencer muitas dificuldades como,
alimentação, transporte para a realização das provas do supletivo em Fortaleza, além de livros
recebidos de doações. Para superar as dificuldades relacionadas com a aprendizagem, esses
jovens foram instruídos a se ajudarem mutuamente.
Em 1996 o primeiro estudante do PRECE foi aprovado no vestibular para o curso de
Pedagogia na Universidade federal do Ceará. Em 1997, mais uma aprovação, para o curso de
Engenharia de Pesca. A partir daí, até o ano de 2001, 8 estudantes ingressaram na UFC. Nesse
período, o PRECE já havia crescido e os universitários voltavam à comunidade de Cipó todos
os finais de semana para dar continuidade ao projeto. Esse fato era um indício de que a
metodologia da mútua cooperação entre os estudantes estava dando certo. No vestibular para
o ano de 2002, 7 estudantes foram aprovados pela UFC, confirmando mais uma vez o êxito
do trabalho educativo do PRECE.
Nesse ano, aos finais de semana, 40 estudantes deslocavam-se da sede do município
de Pentecoste à comunidade de Cipó para estudarem no PRECE. Como não havia espaço
suficiente na casa de farinha, os estudantes formavam grupos de estudo, ao redor da casa,
embaixo das sombras de árvores; principalmente dos juazeiros, que têm folhas e fazem
sombras até durante o período de estiagem.(ver fotos em anexos)
Todos os estudantes aprovados no vestibular foram morar nas residências
universitárias da UFC, em Fortaleza, e retornavam todos os finais de semana para dar
continuidade ao projeto.
Esse ciclo fez com que um simples projeto se transformasse em um grande programa;
e, ainda que um grupo de estudantes fundasse uma instituição denominada Projeto
Educacional Coração de Estudante, que hoje se denomina Instituto Coração de Estudante.
Essa instituição foi organizada em 1998, pelos próprios estudantes e ela abriga atualmente o
Programa de Educação em Células Cooperativas (PRECE).
A partir do ano 2000, os precistas que estudavam através do sistema supletivo já não
precisavam mais ir a Fortaleza para realizar as provas, haja visto que o Instituto Coração de
Estudante já havia realizado uma parceria com uma escola governamental, o Centro de
Educação de Jovens e Adultos (CEJA), situado na cidade de Itapipoca-CE, que enviava os
professores para aplicar as provas na própria comunidade.
Posteriormente, a parceria foi ampliada e os próprios estudantes universitários do
Programa se encarregaram de dar a orientação e aplicar as provas para os estudantes do
supletivo, cabendo à escola do governo apenas dar a certificação.
No ano 2003 aconteceu a primeira multiplicação do PRECE. Devido ao grande
número de estudantes interessados e com a certeza de que não seria possível atender a um
grande número de pessoas na comunidade de Cipó, a liderança do PRECE, junto com os
estudantes de Pentecoste que haviam estudado no Cipó, em 2002, decidiram implantar um
núcleo na sede do município.
Devido ao grande número de estudantes a serem atendidos no novo núcleo do PRECE,
surgiu a idéia de selecionar estudantes novatos, além dos que já tinham experiência com a
metodologia, para atuarem como monitores. cem estudantes foram selecionados para
participarem de um curso de preparação de monitores, o qual incluiu os conteúdos específicos
de cada matéria e conhecimentos pedagógicos sobre a estratégia a ser utilizada. Apenas 80
estudantes aceitaram participar do curso e, ao final, 60 destes concluíram essa etapa
preparatória. Após a preparação dos monitores, os demais estudantes foram chamados para o
inicio das atividades que aconteceram no prédio de uma escola da CNEC (Campanha
Nacional de Escolas da Comunidade), que foi alugada pelo PRECE.
As atividades funcionaram em duas etapas: em um primeiro momento, os
universitários, que tinham sido estudantes do Programa, e agiam como professores, se
deslocavam de Fortaleza para, durante o dia, se encontrarem com os monitores e orientá-los; e
durante a noite, juntamente com esses monitores, atendiam aos demais estudantes. Cada
monitor orientava um grupo de estudos que variava de 5 a 10 participantes, os quais eram
reunidos de acordo com o nível de compreensão de cada um, sempre evitando expô-los a
conteúdos acima da compreensão destes. A idéia era fazer com que o estudante caminhasse
no seu próprio ritmo de estudo, já que pela avaliação diagnóstica, muitos ainda apresentavam
o nível de 5ª série, apesar de terem concluído o ensino básico. Havia estudante que era
monitor de apenas uma disciplina; outros, porém, chegaram a sê-lo de até cinco disciplinas.
Assim, dizia-se que os estudantes que mais sabiam, em vez de privilégios, tinham
responsabilidades. Ao final de cada encontro das células de estudo, os monitores se reuniam
para compartilhar as experiências e esse era um momento de grande emoção. Percebia-se não
somente ansiedade, mas uma grande euforia, que se expressava em suas palavras. Eles se
sentiam orgulhosos e emocionados por receberem um papel de protagonista do processo, ao
invés de serem meros expectadores.
Paralelamente, ao trabalho nos dois núcleos (Pentecoste e Cipó), foi iniciada uma
pequena experiência em uma comunidade de baixa renda em Fortaleza. Apesar das
insuficientes condições físicas do ambiente e da falta dos mínimos recursos necessários, esse
núcleo, com apenas um ano de funcionamento, conseguiu formar uma pequena liderança e
aprovar uma estudante no vestibular. E para não fugir à regra de sucesso do Programa, após a
aprovação, essa estudante ainda continua envolvida no projeto, inclusive, como coordenadora
engajada e comprometida.
Em 11 anos de existência, o Programa já possibilitou o ingresso de 91 estudantes na
Universidade Federal do Ceará (UFC) e três na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), (anexo
II) e, dentre estes, 9 já estão graduados, incluindo 2 que estão cursando mestrado e 1 que foi
aprovado para o curso de Doutorado em química orgânica, todos na UFC.
Estes resultados são bastante significativos, principalmente, quando se considera que
eles são oriundos de comunidades de baixa renda do interior do estado, inclusive da zona
rural. No entanto, o mais importante é que a maioria aprendeu a lição de cooperação e
solidariedade e continua engajada voluntariamente, no programa, dando-lhe sustentabilidade.
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
3.1 Impacto do PRECE nos municípios Apuiarés e Pentecoste
O PRECE atua hoje nas sedes dos municípios de Apuiarés, Paramoti, Pentecoste e no
bairro do Pirambu, em Fortaleza, e nas comunidades rurais de Cipó, Boa Vista, Providência e
Assentamento Estrela D’alva em Pentecoste além de Canafístula, localizada no município de
Apuiarés.
Durante os 11 anos de atuação, já foram aprovados 91 estudantes do PRECE no
vestibular da UFC em mais de 20 cursos. A maioria destes é natural do município de
Pentecoste, pois como é sabido, o Programa nasceu neste município, mas, há também
estudantes que são naturais de Apuiarés e de outros municípios.
Estudantes Naturais de Pentecoste aprovados na UFC
Foram coleados dados junto ao Núcleo de Processamento de Dados (NPD) da
Universidade Federal do Ceará acerca de estudantes que foram aprovados no vestibular da
UFC nos últimos 11 anos e que se declararam naturais de Pentecoste.
De acordo com as informações do NPD, 102 estudantes naturais de Pentecoste foram
aprovados pela UFC no período de 1996 até o vestibular de 2006 (gráfico 01), e ainda, dentre
estes, 56 se prepararam para o vestibular estudando nas Escolas Populares Cooperativas do
PRECE, ou seja, 55 % dos estudantes que ingressaram na UFC de 1996 a 2006, e que se
declararam naturais de Pentecoste, receberam ajuda do PRECE para isso.
55%
45%
PRECE DEMAIS
Gráfico 01: Estudantes naturais de Pentecoste aprovados na UFC no período de 1996 a
2006.
3.2 Perfil dos Estudantes do PRECE
Foi aplicado um questionário (anexo III) com todos os estudantes universitários e
graduados oriundos do PRECE, para obter informações tanto do perfil desses estudantes,
como para fazer uma avaliação do PRECE de acordo com a opinião dos mesmos. Foram
recebidos 89 dos 92 questionários aplicados.
Verificamos, através dos dados obtidos com os questionários, que 56 % dos estudantes
são do sexo masculino. No que se refere a etnia, 57 % se consideram pardos, ao passo que 31
% se consideram brancos, 9 % negros e 3 % amarelos (gráfico 02). Esses dados mostram que
há uma distribuição étnica semelhante à mostrada pelo Censo realizado pelo IBGE, em 2000.
De acordo com as informações coletadas durante o recenseamento, 57,51 % dos cearenses se
consideram pardos, enquanto 4,1 % se declararam negros.
31%
9%57%
0%
3%
BRANCO NEGRO PARDO INDÍGENA OUTROS
Gráfico 02: Etnia dos estudantes do PRECE.
A análise dos dados mostra que a maioria dos pesquisados (89,9 %) tem de 18 a 30
anos de idade. Observou-se que 60 % são naturais de Pentecoste, 17 % de Apuiarés e 23 % de
outros municípios (gráfico 03). E também que 43,8 % dos estudantes são oriundos da zona
rural destes municípios.
17%
60%
23%
APUIARÉS PENTECOSTE OUTROS
Gráfico 03: Naturalidade dos universitários e graduados precistas.
Ao analisarmos as condições sócio-educacionais dos universitários e graduados do
PRECE verificamos o quanto esses estudantes lutaram, quantas barreiras tiveram que quebrar
e quanto são vitoriosos por terem conseguido ingressar na Universidade, pois muitos eram os
fatores que contribuíam para que eles não atingissem esse objetivo. Verificou-se que 73 % dos
pais e 49,4 % das mães desses estudantes não chegaram a concluir o ensino fundamental.
Observamos também, que 14,6 % das mães são graduadas. Esse percentual é alto e podemos
atribuí-lo ao fato de que há alguns anos vem surgindo em muitos municípios, cursos de
Pedagogia em regime especial, que em Pentecoste e Apuiarés são oferecidos pela
Universidade do Vale do Acaraú (UVA). (gráfico 04).
Gráfico 04: Escolaridade dos pais ou responsáveis.
O baixo nível de escolaridade é um fato comum na família da maioria desses
estudantes, que, morando no interior do estado e freqüentando as escolas públicas, teriam
poucas chances educacionais de conseguir uma vaga numa Instituição Pública de Ensino
Superior, pois concorreriam com estudantes que sempre estudaram em escolas particulares.
Estas afirmações se confirmam ao observarmos que 74 % concluíram o ensino Médio em
instituições públicas de ensino (gráfico 05), e também que mais de 70 % dos pesquisados não
tinham conhecimento de ninguém da família que tivesse sido aprovado para um curso
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5
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25
30
35
ANALFABETO
ALFABETIZ
ADO
FUNDAMENTAL
INCOM
PLEO
FUNDAMENTAL
COMPLE
O
MÉDIO
INCOM
PLETO
MÉDIO
COM
PLETO
SUPERIOR IN
COMPLE
TO
GRADUADO
PÓS-GRADUADO
%
(%) PAI (%) MÃE
superior na UFC; e que apenas 46 % deles tinham, antes de ingressarem no PRECE, a
perspectiva de fazer um curso superior.
Gráfico 05: Tipo de instituição onde concluíram o Ensino Médio.
Porém, esses jovens entraram no PRECE e aceitaram o desafio de lutar para mudar o
próprio destino, vencer todas as condições que concorriam para que eles não atingissem seus
objetivos. E tiveram muitas motivações para isso: 51 % dos pesquisados responderam que o
motivo que os levara a lutar pelo ingresso na universidade foi por não querer trabalhar
ganhando pouco e acreditar que quem é formado consegue melhores empregos.
3.3 A importância do PRECE para esses estudantes
O PRECE teve um papel importante para esses estudantes, na luta pela aprovação no
vestibular: 93 % responderam que o PRECE foi uma das instituições que mais contribuíram
para essa aprovação. E todos eles receberam algum tipo de ajuda do PRECE para ingressar na
Universidade (gráfico 06).
74%
3%
9%
2% 12%
ESCOLA PÚBLICA
MAIOR PARTE NA ESCOLA PÚBLICA
ESCOLA PARTICULAR
MAIOR PARTE NA ESCOLA PARTICULAR
CNEC
Gráfico 06: Ações que contribuíram para o ingresso mp ensino superior
I-Empréstimo de livros; II-Transporte escolar; III-Alimetação; IV-Hospedagem; V-Ambiente para estudar; VI-
Ajuda de custo; VII-Orientação sobre o vestibular; VIII-apoio para fazer a inscrição no vestibular; IX-Estímulo
para estudar; X-apoio para fazer as provas do vestibular; XI-Outros; XII-Não recebi nenhum apoio
Para permanecerem na Universidade eles receberam ou recebem ajuda de pessoas ou
instituições (gráfico 07). O PRECE aqui também foi citado como uma instituição que muito
tem contribuído para permanência desses estudantes na universidade. Um total de 67,4 %
responderam que recebem ajuda do PRECE para retornar às suas comunidades, e que isso é
muito importante para a sua permanência na Universidade porque lhes permite manter os
vínculos com suas comunidades, ver os pais , amigos e parentes dando-lhes apoio emocional,
além de lhes dar a oportunidade de colaborar com o desenvolvimento da sua região, dando
mais significado aos estudos na faculdade. Muitos estudantes recebem também ajuda
financeira do Programa, para que possam se manter e pagar passagens para se deslocar até a
faculdade. De todos os estudantes que ingressaram na universidade através do PRECE, apenas
uma trancou o curso, por conta de problemas pessoais. Posteriormente essa estudante fez um
curso superior em outra universidade.
0
20
40
60
80
100
I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII
% d
e re
spos
tas
Gráfico 07: Pessoas e instituições que ajudam os estudantes a permanecerem na Universidade.
3.3 A eficácia da metodologia do PRECE
Quando perguntados sobre a eficácia da metodologia empregada nas Escolas
Populares Cooperativas, 88,8 % a consideram mais eficaz do que o método tradicional de
aulas expositivas.
A estratégia de estudo em células educacionais é eficiente no desenvolvimento da
autonomia intelectual dos estudantes, tornando-os protagonistas do seu processo de
aprendizagem e contribuindo para a construção de uma consciência solidária e crítica nos que
participam desse empreendimento social. Algumas das habilidades e aptidões desenvolvidas
pelos estudantes que passaram pelo processo são mostradas no gráfico 08:
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10
20
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1
% d
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spos
tas
PAI
MÃE
IRMÃOS
OUTROS PARENTES
AMIGOS
PRECE
UNIVERSIDADE
IGREJA
RECURSOS PRÓPRIOS
OUTROS
NINGUÉM
Gráfico 08: As vantagens da metodologia do estudo em células.
I – estimula a estudar mais para poder compartilhar o que aprendeu com os colegas; II - melhora a capacidade
de compreensão dos conteúdos estudados; III – ajuda a sedimentar os conhecimentos; IV – contribui para a
desinibição; V – desenvolve a expressão verbal dos estudantes; VI – melhora a capacidade de leitura; VII –
estimula a produzir textos; VIII – dá oportunidade de compartilhar os medos e ansiedades; IX – oportunidade de
falar sobre planos e sonhos; X – faz se sentir responsável pelo aprendizado dos colegas; XI – ensina a ter mais
responsabilidade e compromisso com o próprio aprendizado; XII – ensina a ter mais compromisso com as
necessidades dos colegas; XIII – dá força para não desistir diante das dificuldades; XIV – nenhuma das
anteriores.
0
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40
60
80
100
I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV
% d
e r
es
po
sta
s
3.5 O retorno às comunidades
O espírito de cooperação e solidariedade adquirido por esses estudantes no PRECE vai
além da preocupação com a aquisição de conhecimentos. É possível identificar um sentimento
de responsabilidade pelo desenvolvimento da sua região: hoje 87,6 % dos estudantes que
passaram no vestibular através do PRECE continuam envolvidos no Programa atuando como
facilitadores educacionais e/ou como coordenadores das Escolas Populares Cooperativas e de
outros programas, além da Equipe de Apoio ao Estudante e do Núcleo de Apoio ao Produtor
Rural (NAPR) e o Grupo de Desenvolvimento Político e Ação comunitária(GDPAC); e 5,6 %
declararam que não estão envolvidos atualmente mas, pretendem voltar a participar.
Pretendem, com isso, contribuir para que, assim como eles, os outros tenham uma
perspectiva de vida digna; e não precisem mendigar um subemprego que só lhes dará
condições de subsistir, para que continuem sendo explorados pelos donos do capital; que
também possam lutar por um mundo mais justo onde todas as pessoas tenham uma vida
digna, onde não haja miseráveis e nem pessoas morrendo de fome.
CONCLUSÕES
Concluímos que o PRECE, através da metodologia de estudo em células cooperativas
e das ações de apoio aos estudantes, tem contribuído muito para o desenvolvimento do
município de Pentecoste, visto que dos estudantes que foram aprovados na UFC, de 1996 a
2006, e que se declararam naturais de Pentecoste, 55 % são frutos do PRECE. Além disso,
também através do PRECE já ingressaram na UFC mais 36 estudantes naturais de Apuiarés e
de outros municípios.
Portanto, a metodologia do estudo em células é um empreendimento social de
sucesso, pois, ao longo de 11 anos de existência, tem contribuído para que estudantes de baixa
renda e muitos ainda da zona rural, que vivem num ambiente de profunda desvalorização da
educação pelos gestores públicos e até pela comunidade, possam aprender e vencer uma
injusta competição com estudantes da escola privada para o ingresso no ensino superior
público.
Esses estudantes vitoriosos aprenderam a cooperar e, solidariamente estão dando
continuidade e multiplicando a iniciativa, envolvendo-se voluntariamente, no programa.
Simples alunos estão sendo transformados em atores sociais de nível superior, profundamente
comprometidos com a transformação da realidade de suas comunidades.
Atualmente, além das Escolas Populares Cooperativas, existe no PRECE: O Núcleo de
Apoio ao Produtor Rural (NAPR), um grupo formado por dois agrônomos e alguns estudantes
de agronomia, todos oriundos do Programa, que prestam assistência técnica aos produtores
rurais de Pentecoste e Apuiarés; o Grupo de Desenvolvimento Político e Ação Comunitária
(GDPAC), formado por estudantes do Programa e o Núcleo de Psicologia Comunitária da
UFC (NUCOM), que está promovendo fóruns de discussão englobando os estudantes e a
população, além das autoridades municipais, para tratar da segurança em Pentecoste.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Editora Vozes, 1990.
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Alegre: EDIPUCRS, 2004.
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CIENTÍFICA. 6ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005.
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Estudo sobre os Cursos Pré-Vestibulares Populares: Dissertação de Mestrado. Orientadora:
Profª. Drª Maria Julieta Costa Calazans. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio
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NARODOWSKI, Mariano "El sistema lancasteriano en Iberoamérica. Primer intento de
modernización de la educación escolar" en Alternativas, Publicación internacional del LAE,
Universidad Nacional de San Luis. 1999
SCALETSKY, Eduardo C., OLIVEIRA, Ana Lúcia V. de S. INICIANDO NA PESQUISA:
Manual para elaboração das monografia e projetos de iniciação científica. Rio de Janeiro:
Âmbito Cultural Edições LTDA, 2002.
SILVA, T.T. da & P. GENTILI (Orgs.). Neoliberalismo, Qualidade Total e Educação: Visões
Críticas. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1996.
STEIN, Susana A. POR UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA. Petrópolis: Editora Vozes,
1982.
ANEXOS
I. Fotos do PRECE.
Figura 01: Células de Estudo
Figura 02: antiga Casa de farinha Figura 03: Escola Popular
Cooperativa de Cipó,
II. Estudantes do PRECE aprovados no vestibular
Tabela 01: Número de estudantes aprovados por curso e universidade
CURSO UNIVERSIDADE Nº DE ESTUDANTES ADMINISTRAÇÃO UNIFOR 1 AGRONOMIA UFC 12 BIBLIOTECONOMIA UFC 1 BIOLOGIA UFC 1 C. CONTÁBEIS UFC 1 CIÊNCIAS SOCIAIS UFC 3 DIREITO UNIFOR 1 ECON. DOMÉSTICA UFC 4 ECONOMIA UFC 4 EDUCAÇÃO FÍSICA UFC 2 ENFERMAGEM UFC 1 ENG. DE PESCA UFC 4 ENG. QUÍMICA UFC 1 FARMÁCIA UFC 1 FISIOTERAPIA UNIFOR 1 GEOGRAFIA UFC 6 HISTÓRIA UFC 2 JORNALISMO UFC 1 LETRAS UFC 11 MATEMÁTICA UFC 1 PEDAGOGIA UFC 7 PEDAGOGIA DA TERRA UFC 12 QUÍM. INDUSTRIAL UFC 2 QUÍMICA UFC 9 SECRETARIADO UFC 2 ZOOTECNIA UFC 2
III. Questionário
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS SOCIO-EDUCACIONAIS OBTIDOS ATRAVÉS
DA AÇÃO DO PRECE
1. Qual o seu sexo?
( ) Masculino ( ) Feminino
2. Com relação a etnia, como você se considera?
( ) Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Indígena ( ) Outras. Qual? ____________
3. Em qual das faixas de idade abaixo você se enquadra?
( ) menor que 18 anos ( ) 18 a 24 anos ( ) 25 a 30 anos ( ) 31 a 35 anos
( ) 36 a 40 anos ( ) 41 a 45 anos ( ) Mais de 45 anos
4. Você é natural de onde?
( ) Apuiarés ( ) Pentecoste ( ) Outro município. Qual? _____________
5. Como você classifica o local de moradia da sua família?
( ) Comunidade rural ( ) Zona urbana
6. Na casa de seus pais havia um espaço específico para você estudar com tranqüilidade?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos
7. Grau de escolaridade do pai ou responsável
( ) Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) Ensino Fundamental incompleto
( ) Ensino Fundamental completo ( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior incompleto
( ) Graduado ( ) Pós-graduado
8. Grau de escolaridade da mãe ou responsável
( ) Analfabeto ( ) Alfabetizado ( ) Ensino Fundamental incompleto
( ) Ensino Fundamental completo ( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior incompleto
( ) Graduado ( ) Pós-graduado
9. Que tipo de Ensino Médio você concluiu?
( ) Normal ( ) Educação de Jovens e Adultos (Supletivo)
( ) Técnico (Ensino profissionalizante)
10. Onde você cursou o Ensino Médio?
( ) Escola pública ( ) Escola particular ( ) Escola comunitária (CNEC)
( ) maior parte na escola pública ( ) Maior parte na escola particular
11. Antes de você ingressar no PRECE, quais eram as suas perspectivas de futuro:
( ) Entrar na universidade
( ) Conseguir um emprego em sua cidade
( ) Conseguir um emprego em Fortaleza
( ) Trabalhar em outro estado
( ) Trabalhar com os pais
( ) Fazer um concurso para obter um emprego público
( ) Trabalhar em sua comunidade em negócio próprio
( ) Outra. Qual __________________________
( ) Nenhuma perspectiva
12. Antes de ingressar no PRECE, você já tinha alguém da família que fosse universitário ou graduado pela
UFC, SEM A AJUDA DO PRECE.
( ) Sim (pais e / ou irmãos)
( ) Sim (Tios e /ou primos)
( ) Sim (parentes distante)
( ) Não tenho conhecimento de ninguém.
13. Antes de ingressar no PRECE, você já tinha alguém da família que fosse universitário ou graduado pela
UFC, COM A AJUDA DO PRECE.
( ) Sim (pais e / ou irmãos)
( ) Sim (Tios e /ou primos)
( ) Sim (parentes distante)
( ) Não tenho conhecimento de ninguém.
14. Antes de ingressar no PRECE, você já tinha alguém da família universitário ou graduado em universidade
que NÃO SEJA A UFC.
( ) Sim (pais e / ou irmãos)
( ) Sim (Tios e /ou primos)
( ) Sim (parentes distante)
( ) Não tenho conhecimento de ninguém.
15. Que motivos lhe levaram a querer ingressar na universidade.
( ) Por não querer trabalhar ganhando pouco e acreditar que quem é formado ganha mais e consegue
melhores empregos
( ) Pelas simples vontade de aprender mais para ter mais conhecimentos
( ) Por necessidade de ser reconhecido na sociedade como alguém que tem muito conhecimento
( ) Por incentivo da família e de amigos
( ) Outras ________________________
16. Você considera que a estratégia do PRECE (sistema monitorial) é mais eficaz do que o método tradicional
de aulas expositivas utilizado nos cursinhos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
17. Antes de ingressar na Universidade, no período em que participou do Pré-Vestibular Cooperativo do
PRECE, você atuou como monitor ou era responsável por alguma das disciplinas enumeradas abaixo?
Sim ( ) Não ( ) Quais?
( ) Português ( ) Matemática ( ) Geografia ( ) História ( ) Química
( ) Física ( ) Biologia ( ) Redação
18. Marque abaixo, as afirmações que você considera verdadeiras em relação a sua experiência de ter agido
como MONITOR EDUCACIONAL no Pré-Vestibular Cooperativo do PRECE.
(Só responda se tiver agido como monitor ou que tenha sido responsável por alguma disciplina)
1. ( ) Me estimulou a estudar mais para poder compartilhar com os meus colegas
2. ( ) Melhorou a minha capacidade de compreensão dos conteúdos estudados
3. ( ) Me ajudou a sedimentar os meus conhecimentos
4. ( ) Contribuiu para a minha desinibição
5. ( ) Contribuiu para desenvolver a minha expressão verbal
6. ( ) Melhorou a minha capacidade de leitura
7. ( ) Me estimulou a produzir textos
8. ( ) Tive oportunidade para falar sobre os meus medos e ansiedades com os meus colegas
9. ( ) Tive oportunidade para falar sobre os meus sonhos e planos com os colegas
10. ( ) Me senti responsável pelo aprendizado dos meus colegas
11. ( ) Aprendi a ter mais responsabilidade e compromisso com o meu aprendizado
12. ( ) Aprendi a ter mais compromisso com as necessidades de meus colegas
13. ( ) Me ajudou a não desistir dos estudos na hora das dificuldades
14. ( ) Nenhuma das opções acima
19. Marque abaixo, as afirmações que você considera verdadeiras em relação a sua experiência de TER
ESTUDADO EM GRUPO, no PRECE. (não precisa ter agido como monitor)
1. ( ) Me estimulou a estudar mais para poder compartilhar com os meus colegas
2. ( ) Melhorou a minha capacidade de compreensão dos conteúdos estudados
3. ( ) Me ajudou a sedimentar os meus conhecimentos
4. ( ) Contribuiu para a minha desinibição
5. ( ) Contribuiu para desenvolver a minha expressão verbal
6. ( ) Melhorou a minha capacidade de leitura
7. ( ) Me estimulou a produzir textos
8. ( ) Tive oportunidade para falar sobre os meus medos e ansiedades com os meus colegas
9. ( ) Tive oportunidade para falar sobre os meus sonhos e planos com os colegas
10. ( ) Me senti responsável pelo aprendizado dos meus colegas
11. ( ) Aprendi a ter mais responsabilidade e compromisso com o meu aprendizado
12. ( ) Aprendi a ter mais compromisso com as necessidades de meus colegas
13. ( ) Me ajudou a não desistir dos estudos na hora das dificuldades
14. ( ) Nenhuma das opções acima
20. Em relação ao tempo que você está na universidade, qual o seu status?
( ) Universitário Iniciante ( ) Universitário Veterano ( ) Graduado
* Universitário iniciante - que ingressa em 2006.1
21. seu ingresso na universidade deve ter exigido muito esforço de sua parte, mas você também deve ter
recebido apoio de pessoas e instituições para isso. Assinale abaixo as pessoas e instituições que mais lhe
apoiaram na caminhada.
( ) Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Outros parentes ( ) Amigos ( ) PRECE ( ) Escola Pública (
) Professores do Ensino Básico ( ) Igreja ( ) Outros. Quem? _____________ ( )
Ninguém
22. Marque dentre os itens abaixo aquele (s) que você considera ajuda do PRECE para VOCÊ INGRESSAR
NA UNIVERSIDADE.
( ) Empréstimo de livro ( ) Orientação sobre o vestibular
( ) Transporte escolar ( ) Apoio para fazer a inscrição no Vestibular
( ) Alimentação ( ) Estímulo para estudar
( ) Hospedagem durante os finais de semana
( ) Ambiente para estudar
( ) Apoio para fazer as provas do vestibular
( ) Outros_______________________
( ) Ajuda de custo ( ) Não recebi nenhum apoio
23. Fazer um curso universitário implica em muitos custos e para permanecer na faculdade você precisa de
recursos. Assinale abaixo as pessoas e/ou instituições que mais lhe apoiaram ou apóiam nesse sentido.
( ) Pai ( ) Mãe ( ) Irmãos ( ) Outros parentes ( ) Amigos ( ) PRECE ( )
Universidade ( ) Igreja ( ) recursos próprios ( ) Outros. Quem? ____________ ( ) Ninguém
24. Marque dentre os itens abaixo aquele (s) que você considera como ajuda do PRECE para você SE
MANTER na universidade.
01. ( ) Empréstimo de livros; 05. ( ) Orientação sobre o seu curso;
02. ( ) Transporte; 06. ( ) Acesso a computador;
03. ( ) Alimentação; 07.( ) Acesso a Internet;
04. ( ) Ajuda de custo (bolsa) 08.( ) Fazer parte de um grupo;
09. ( ) Perspectiva de futuro, visão de sustentabilidade;
10. ( ) Oportunidade de retornar a comunidade;
11. ( ) Oportunidade de ajudar a sua comunidade
12. ( ) Não recebi nenhum apoio
13. ( ) Outra. Quais ____________________
25. Marque dentre os itens abaixo aquele(s) que você considera que mudou em você, após sua participação no
PRECE.
( ) Aumentou o espírito de solidariedade
( ) Aumentou a motivação para cooperar
( ) Ampliou a visão de mundo e me ajudou a compreender a minha realidade social
( ) Aumentou o compromisso com a minha comunidade
( ) Não influenciou em qualquer mudança na minha vida
26. PRECE oferece oportunidade para que todos os estudantes retornem semanalmente, as suas comunidades
sem pagar passagem. Você usa esse benefício?
( ) Sim, retorno todos os finais de semana
( ) Sim, retorno quase sempre
( ) Sim, as vezes
( ) Sim, mas muito raramente
( ) Não retorno.
27. Qual a importância da oportunidade que o PRECE oferece para você retornar a sua comunidade aos finais
de semana? (só responda se você retorna)
( ) Me permite continuar pertencendo à minha comunidade
( ) Me permite ver os meus pais, regularmente, o que me dá apoio emocional
( ) Me permite ver os meus amigos, regularmente, o que me dá apoio emocional.
( ) Me permite colaborar com o desenvolvimento da minha comunidade dando mais significado aos meus
estudos.
( ) Não tem muita importância para mim
28. Você continua participando do PRECE após ter passado no vestibular?
( ) sim ( ) não ( ) não, mas pretendo participar
29. Se você respondeu sim, quantas horas semanais você dedica às suas atividades no PRECE?
( ) < 5 hs ( ) 5 a 10 hs ( ) 11 a 16 hs ( ) 17 a 22 hs ( ) > 23 de 23 hs.
30. Qual o seu envolvimento com o PRECE hoje?
( ) Participa da COORDENAÇÃO de uma das Escolas Populares Cooperativas do PRECE.
( ) Participa da COORDENAÇÃO de algum outro projeto ou programa do PRECE (EJA,
Desenvolvimento Político, Desenvolvimento Econômico, Apoio ao Estudante, Incubadora de
Células Educacionais, Formação de Estudante Ativo)
( ) Atua como facilitador nas Escolas Populares Cooperativas do PRECE
( ) Atua na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
( ) Colabora na Equipe de Apoio ao Estudante
( ) Atua como facilitador na Incubadora de Células Educacionais do PRECE
( ) Atua como facilitador na Formação de Estudante Ativo
( ) Atua no Programa de Desenvolvimento Político,
( ) Atua no Programa de Desenvolvimento Econômico.
( ) É sócio do Instituto Coração de Estudante
( ) Participa Programa Conexões de Saberes
31. Caso você esteja envolvido com algum dos projetos e programas acima apresentados? Marque os motivos
pelos quais você está envolvido com esses projetos.
( ) Eu quero ajudar a desenvolver minha comunidade
( ) Preciso ser útil para garantir uma ajuda de custo do Instituto
( ) Ter oportunidade de utilizar os conhecimentos adquiridos na Universidade na sua comunidade de
origem
( ) Não quero ser ingrato com o PRECE e preciso ajudá-lo a dar continuidade aos projetos
( ) Porque tenho oportunidade de aprender sobre liderança
( ) Porque não quero ficar sozinho aos finais de semana em Fortaleza.
( ) Outros. Quais?______________________________________________
32. Acerca das perspectivas de mudança da realidade da escola pública de sua comunidade:
( ) O PRECE está contribuindo e já é possível perceber essas mudanças
( ) Poderá contribuir muito mas as mudanças só serão perceptíveis depois de muitos anos
( ) Contribuirá muito pouco
( ) Não possibilitará qualquer mudança
33. Acerca das perspectivas de mudança da realidade política (organização comunitária) de sua comunidade:
( ) O PRECE está contribuindo e já é possível perceber essas mudanças
( ) Poderá contribuir muito mas as mudanças só serão perceptíveis depois de muitos anos
( ) Contribuirá muito pouco
( ) Não possibilitará qualquer mudança
34. Acerca das perspectivas de mudança nas questões de saúde de sua comunidade:
( ) O PRECE está contribuindo e já é possível perceber essas mudanças
( ) Poderá contribuir muito mas as mudanças só serão perceptíveis depois de muitos anos
( ) Contribuirá muito pouco
( ) Não possibilitará qualquer mudança
35. Acerca suas perspectivas de mudança nas questões de segurança de sua comunidade:
( ) O PRECE está contribuindo e já é possível perceber essas mudanças
( ) Poderá contribuir muito mas as mudanças só serão perceptíveis depois de muitos anos
( ) Contribuirá muito pouco
( ) Não possibilitará qualquer mudança
IV. Memorial do autor
Elton Luz Lopes nasceu em Pentecoste-Ceará em 08 de janeiro de 1984, filho do
agricultor Elizeu Luz Lopes e da professora Ana Célia, foi criado na comunidade de
Canafistula, zona rural do município de Apuiarés com seu irmão mais velho, Helano e os mais
novos, Alex, Rennan e Ravena.
Concluindo o ensino fundamental na sua comunidade, em 1997, foi quando teve que
se mudar, aos 14 anos de idade, para a casa de sua tia na cidade de Pentecoste, para cursar o
ensino médio, pois este não funcionava em sua comunidade.
Após concluir o 2º ano do ensino médio, voltou a morar na casa dos pais e no ano
seguinte, 2000, se matriculou no colégio São Sebastião na sede do município de Apuiarés a
fim de terminar o ensino básico. Enfrentava todos os dias a dura viagem em um ônibus velho,
numa estrada esburacada, pelos 30 Km que separavam sua casa em Canafistula da Escola em
que se matriculara.
No final do ano havia concluído o ensino básico, era o fim da sua carreira estudantil,
pois seus pais não tinham condições financeiras de custear seus estudos em fortaleza. Mas
também não havia oportunidades de emprego na sua comunidade, e mesmo na sede dos
municípios próximos seria muito difícil, e ainda que conseguisse seria com salário muito
baixo e não valeria a pena.
Foi então que seus pais e familiares lhe incentivaram a estudar no PRECE, um projeto
na comunidade de Cipó, a 8 Km de Canafistula, que estava fazendo com que estudantes
pobres e da zona rural entrassem na universidade.
Sem saber direito o que era Universidade foi estudar no Cipó no ano 2001, estimulado
também porque da sua comunidade tinham dois jovens, inclusive um deles era seu primo, que
estavam fazendo curso superior na UFC com ajuda do PRECE.
Esse ano estudando no PRECE foi marcante, tanto pelo contato com a metodologia do
estudo em células, que era diferente de todas as aulas que tinha tido durante a vida escolar,
quanto pelo espírito de família que se formou com os outros integrantes desse projeto. No
final do ano se submeteu aos exames vestibulares para o curso de Licenciatura em Química
com outros 17 estudantes do PRECE, entre eles o seu irmão Helano, com quem estudou junto
desde a alfabetização, passando pelo período em Pentecoste e o último ano do ensino médio
em Apuiarés.
Foi aprovado no vestibular, junto com seu irmão, que se inscreveu para o curso de
agronomia, e mais 5 estudantes do PRECE.
Desde a aprovação retorna todos os finais de semana à sua comunidade com os outros
universitários do PRECE, para dar continuidade ao trabalho do Programa e contribuir para
que outras pessoas também tenham a oportunidade de ter uma perspectiva de vida melhor
através da educação, assim como promover o desenvolvimento da sua região, elevando o
nível de cultura da população.
Atualmente está concluindo o curso de Licenciatura em Química pela Universidade
Federal do Ceará, durante o qual foi bolsista de iniciação à pesquisa no Laboratório de
Química Orgânica, sob orientação do Professor Manuel Andrade Neto, desenvolvendo estudo
químico de plantas do Nordeste. Recentemente foi aprovado na seleção para o Mestrado da
Pós-Graduação em química Orgânica da UFC, onde dará continuidade as atividades de
pesquisa sob a orientação do mesmo professor.