monografia serra do cipó

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GEOGRAFIA DISCIPLINA: PESQUISA EM GEOGRAFIA PROFESSOR: ALECIR ANTONIO MACIEL MOREIRA Estudos Dos Impactos Ambientais Em Uma Área Monitorada e Não Monitorada Da Serra Do Cipó Nomes: Sidnei Passeli Dias Carvalho Junior Carmo Braga Alberto Pelliccione Filho Gustavo Senra Coelho Silmara Lopes Cortezão Jeanne Cristina Silva Eliana Márcia Pedroso Belo Horizonte, 28 de junho de 2004

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Page 1: Monografia Serra do Cipó

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GEOGRAFIA

DISCIPLINA: PESQUISA EM GEOGRAFIA

PROFESSOR: ALECIR ANTONIO MACIEL MOREIRA

Estudos Dos Impactos Ambientais Em Uma Área Monitorada e

Não Monitorada Da Serra Do Cipó

Nomes: Sidnei Passeli Dias Carvalho

Junior Carmo Braga

Alberto Pelliccione Filho

Gustavo Senra Coelho

Silmara Lopes Cortezão

Jeanne Cristina Silva

Eliana Márcia Pedroso

Belo Horizonte, 28 de junho de 2004

Page 2: Monografia Serra do Cipó

1

DEDICATÓRIA

Nós dedicamos este trabalho a todas as pessoas que

nos incentivaram a cada dia buscar a excelência no estudo,

compreensão e análise da Geografia, com o objetivo de

formar cidadãos críticos que valorizassem a sociedade com

vistas ao desenvolvimento de nosso país. Aproveitamos a

oportunidade para dedicarmos também a nossa professora Jony

e ao nosso professor Alecir pelo tempo que permanecemos

juntos durante esta jornada de quatro anos e pela

paciência, compreensão e perseverança em nos formar

profissionais do ensino da Geografia.

Também dedicamos este trabalho aos nossos pais pelo

apoio e incentivo para que a cada dia pudessem olhar para o

futuro – referindo-se aos dias atuais – e enxergar que seus

filhos conquistaram um grande triunfo de vitória... A todos

obrigado!!!

Page 3: Monografia Serra do Cipó

2

AGRADECIMENTOS

À Professora Kátia Ribeiro do IBAMA pelas indicações,

À ACM (Associação Cristã de Moços) pela receptividade e

confiança, aos nossos pais pelo apoio e paciência durante

esses quatro anos de graduação, a nós mesmos pelo esforço e

força de vontade e ao nosso mestre orientador e norteador,

Alecir Antônio Maciel Moreira.

Page 4: Monografia Serra do Cipó

3

POEMA

O pensamento mais profundo e honesto nada

mais é senão o esforço da alma em manter a

franca independência de seu mar, enquanto os

impetuosos ventos do céu e da terra conspiram

para lança-la na traiçoeira e aprisionante costa.

Herman Melville, Moby Dick

Page 5: Monografia Serra do Cipó

4

Sumário

Dedicatória..............................................01

Agradecimentos...........................................02

Poema....................................................03

Sumário..................................................04

Índice de figuras........................................05

Índice de tabelas........................................07

Lista de Siglas..........................................08

Hipótese.................................................09

Objetivo geral...........................................10

Objetivos específicos....................................11

Metas....................................................12

Justificativa............................................13

Metodologia..............................................14

Resumo...................................................15

Introdução...............................................16

Referencial Teórico......................................20

Caracterização histórico-cultural da Serra do Cipó.......34

Descrição das áreas a serem trabalhadas..................38

Análise dos gráficos da área monitorada..................52

Análise dos gráficos da área não monitorada..............58

Análise geral............................................64

Conclusão................................................79

Referências bibliográficas...............................81

Page 6: Monografia Serra do Cipó

5

Figuras

(ACM)

1. Sexo...............................................52

2. Idade..............................................52

3. Escolaridade.......................................52

4. Nível de renda.....................................53

5. Ocupação Principal.................................53

6. Estado civil.......................................54

7. Cidades............................................54

8. Meio de Transporte.................................55

9. Meio de hospedagem.................................55

10. Motivo de visita à área............................55

11. Indução de viagem..................................56

12. Residência UF/Exterior.............................56

13. Como viaja.........................................57

(Ponte da Usina)

14. Sexo...............................................58

15. Idade..............................................58

16. Escolaridade.......................................58

17. Nível de Renda.....................................58

18. Ocupação principal.................................59

19. Cidades............................................59

20. Estado civil.......................................59

21. Meio de transporte.................................60

22. Meio de hospedagem.................................60

23. Motivo de visita à área............................61

24. Indução de viagem..................................62

25. Residência UF/Exterior.............................62

26. Como viaja.........................................63

Page 7: Monografia Serra do Cipó

6

(Análise comparativa)

27. Idade..............................................68

28. Ocupação principal.................................69

29. Sexo...............................................69

30. Nível de renda.....................................70

31. Estado civil.......................................70

32. Cidades............................................71

33. Meio de hospedagem.................................72

34. Meio de transporte.................................72

35. Como viaja.........................................73

36. Indução de viagem..................................73

37. Motivo de visita à área............................74

38. Total em R$ (reais)................................75

39. O que faz com o lixo produzido.....................76

Page 8: Monografia Serra do Cipó

7

Tabelas

(ACM)

1. Quanto costuma gastar durante a viagem.............57

2. Qual é o seu local preferido na Serra do Cipó......57

(Ponte da Usina)

3. Quanto costuma gastar durante a viagem............63

4. Qual é o seu local preferido na Serra do Cipó......63

(Análise comparativa)

5. Qual é o seu local preferido na Serra do Cipó......77

6. Qual é o seu local preferido na Serra do Cipó......77

Page 9: Monografia Serra do Cipó

8

Lista de Siglas

OMT – Organização Mundial do Turismo.

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação,

Ciência e Cultura.

EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo

SISTUR – Sistema de Turismo

ACM – Associação Cristã de Moços

Page 10: Monografia Serra do Cipó

9

HIPÓTESE

As atividades turísticas embora considerada como

alternativa econômica para lugares com atrativos

ecológicos-paisagísticos, não se sustenta completamente nos

âmbitos natural e sócio-econômico.

Page 11: Monografia Serra do Cipó

10

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Analisar o caráter das atividades turísticas na região

da Serra do Cipó com vista à verificação de sua

sustentabilidade.

Page 12: Monografia Serra do Cipó

11

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar as duas áreas de pesquisa do ponto de

vista de seus atrativos turísticos, populacional,

sócio-econômico e cultural;

Criar mapas temáticos das áreas pesquisadas;

Caracterizar o patrimônio paisagístico regional;

Quantificar o fluxo turístico e caracterizar quanto

a sua origem, nível sócio-econômico e cultural;

Identificar os pontos de deposição de lixo, sua

tipologia e destino final;

Caracterizar o processo de ocupação do espaço

regional;

“Selecionar” na região da Serra do Cipó duas áreas

e serem pesquisadas, sendo uma com o monitoramento

da atividade turística e outra sem o mesmo

monitoramento;

Elaborar o diagnóstico ambiental pontual das áreas

de pesquisa.

Page 13: Monografia Serra do Cipó

12

METAS

Verificar que embora a atividade turística será

considerada como alternativa para lugares com atrativos

ecológicos-paisagísticos não se sustenta completamente nos

âmbitos natural e sócio-econômico.

Page 14: Monografia Serra do Cipó

13

JUSTIFICATIVA

A importância de escolha do objeto de pesquisa dá-se

pela necessidade da conscientização do uso sustentável dos

recursos ecológicos-paisagísticos da região da Serra do

Cipó.

O interesse principal do trabalho visa alertar quanto

a um monitoramento mais adequado nas regiões pesquisadas.

Page 15: Monografia Serra do Cipó

14

METODOLOGIA

A metodologia aplicada consiste em um método bastante

simples, na aplicação de 50 questionários na área

monitorada e 50 na área não monitorada, onde traça o perfil

dos turistas que visitam essas áreas da serra do cipó. As

entrevistas obedeceram a horários rígidos para a coleta dos

dados sobre os turistas, e posteriormente relacionados

dentro das condições aplicadas na base de amostragem. Serão

realizadas entrevistas com moradores dessas áreas num total

de 5 entrevistas em cada área. Foi feito o levantamento

fotográfico e a obtenção de carta topográfica na escala das

duas áreas.

A entrevista compreendeu o período do mês de maio de

2004 em um determinado dia do final de semana (sábado), com

coletas realizadas no horário compreendido entre 10:00 e

15:00 (Horário de Greenwich).

Page 16: Monografia Serra do Cipó

15

RESUMO

O turismo se tornou no cenário atual uma importante

atividade econômica e vem se firmando como a pioneira no

século XXI, visto que, possui um potencial enorme a ser

explorado. Deste modo, o presente trabalho traz um estudo

dos impactos ambientais em uma área monitorada e não

monitorada da Serra do Cipó, ACM e Ponte da Usina

respectivamente, a fim de traçar o perfil dos turistas de

ambas as áreas e o resultado da atividade turística no que

tange os impactos ambientais.

ABSTRACT

The tourism became in the current scenery an

important economical activity and it comes if as the

pioneer in the century XXI, because, it possesses an

enormous potential to be explored. This way, the present

work brings a study of the environmental impacts in a

monitored area and no monitored of the Serra do Curral, ACM

and Ponte da Usina respectively, in order to draw the

tourists' of both areas profile and the result of the

tourist activity in what it concerns the environmental

impacts.

Page 17: Monografia Serra do Cipó

16

INTRUDUÇÃO

Além de ser um dos mais belos cenários de Minas

Gerais, a Serra do Cipó é considerada uma das maiores áreas

de biodiversidade do planeta. Entre seus vales, grutas,

rios e campos, a Serra do Cipó guarda um importante

patrimônio natural devido ao endemismo de sua flora e

fauna.

A Serra do Cipó está localizada a 112 quilômetros da

capital mineira, logo depois da cidade de Lagoa Santa ao

sul da Cordilheira do Espinhaço. Na época dos bandeirantes,

a Serra do Cipó, que era conhecida como Serra da Vacaria,

foi um dos itinerários utilizados para a busca de riquezas

minerais. Era este percurso que levava os Bandeirantes até

a Vila do Serro Frio e Arraial do Tejuco, atuais cidades do

Serro e Diamantina respectivamente. Como marcos da época

colonial restam na região algumas edificações e um

interessante caminho de pedras construído pelos escravos. O

início deste caminho está localizado ao pé da Serra e segue

em direção às localidades acima mencionadas passando pelas

cabeceiras dos rios que formam a Cachoeira hoje denominada

Véu da Noiva.

A sua importância histórica é refletida na presença de

sítios arqueológicos com vestígios de comunidades

Page 18: Monografia Serra do Cipó

17

primitivas, comprovados em grutas e cavernas através de

desenhos e pinturas rupestres, com idade estimada entre 2

mil e 8 mil anos.

A Serra do Cipó é o divisor de águas para duas bacias

hidrográficas importantes: a do Rio São Francisco e a do

Rio Doce. O rio Cipó, que é o mais importante curso d’água

da região, nasce do encontro dos ribeirões Mascate e

Gavião, sendo que o ribeirão Mascate origina-se do Cânion

das Bandeirinhas enquanto o ribeirão Gavião nasce na serra

da Bocaina, ambos no interior do Parque Nacional.

O relevo acidentado favorece formação de cachoeiras,

corredeiras e piscinas naturais. Os cânions, formações

típicas da região, assim como as gargantas sinuosas e

profundas, abrigam cachoeiras em seu interior.

Para preservar este patrimônio natural, foi criado o

Parque Nacional da Serra do Cipó (PARNA Cipó) em 25 de

setembro de 1984. Após a sua criação e a pavimentação

asfáltica da Rodovia MG10, a transformação da Serra do Cipó

vem acontecendo de maneira rápida. Hoje a região conta com

uma gama de serviços como: estabelecimentos comerciais,

hotéis, pousadas, áreas de camping, sendo algumas

estruturadas, residências, propriedades rurais e sítios de

recreio. A população fixa é superior a 2.500 habitantes e

possui escola estadual, municipal, posto de saúde, serviço

de correio, cartório, associação comercial.

Devido ao fácil acesso, a Serra do Cipó, recebe um

fluxo turístico muito expressivo, o que por sua vez pode

acarretar grandes influências sobre o meio ambiente. O

Page 19: Monografia Serra do Cipó

18

apelo pelo ecologismo e pelo contato com a natureza faz com

que o turismo ecológico e o ecoturismo sejam atividades

marcantes na Serra do Cipó. Ultimamente, a sociedade no

geral vem buscando um contato maior com a natureza na

expectativa de encontrar uma qualidade de vida perdida com

o crescimento das cidades e a diminuição do contato com o

verde. Porém, esse seguimento do turismo não é somente

praticado pela admiração da natureza e lazer. O ecoturismo

e o turismo ecológico tem sido procurado para o

desenvolvimento de estudos específicos em determinadas

áreas do país.

Tendo em vista que tais aspectos como acessibilidade,

clima, fauna, flora dentre outros favorecem a visitação ao

local e que o desenvolvimento desordenado da recreação nas

áreas escolhidas (monitorada e não monitorada) podem

comprometer os objetivos para os quais elas foram

estabelecidas, o estudo sobre os impactos do uso recreativo

dessas áreas torna-se relevante pelo apelo de conservação

de áreas como as escolhidas e pela grande procura do

ecoturismo e turismo ecológico.

Tal trabalho visa contribuir para a ampliação da

discussão sobre a sustentabilidade e as formas de como se

desenvolvem as atividades turísticas.

Page 20: Monografia Serra do Cipó

19

Pensando na sustentabilidade das áreas, desenvolvemos a

hipótese de que as atividades turísticas embora

consideradas como alternativa econômica para lugares com

atrativos ecológicos-paisagísticos, não se sustenta

completamente nos âmbitos natural e sócio-econômico. A

importância de escolha do objeto de pesquisa dá-se pela

necessidade da conscientização do uso sustentável dos

recursos ecológicos-paisagísticos das regiões escolhidas.

Este trabalho tem por objetivo geral analisar o

caráter das atividades turísticas na região da Serra do

Cipó com vista à verificação de sua sustentabilidade.

Constituem objetivos específicos são: caracterizar duas

áreas de pesquisa do ponto de vista de seus atrativos

turísticos, populacional, sócio-econômico e cultural; criar

mapas temáticos das áreas pesquisadas; caracterizar o

patrimônio paisagístico regional; quantificar o fluxo

turístico e caracterizar quanto a sua origem, nível sócio-

econômico e cultural; identificar os pontos de deposição de

lixo, sua tipologia e destino final; identificar as

principais fontes de renda regional e a participação da

atividade turística; caracterizar o processo de ocupação do

espaço regional e elaborar o diagnóstico ambiental pontual

das áreas de pesquisa.

Page 21: Monografia Serra do Cipó

20

REFERENCIAL TEÓRICO

A atividade turística é antiga, mas é na atualidade

que vem se desenvolvendo com maior intensidade, haja vista

que se encontra, hoje, entre as três atividades econômicas

que mais geram riqueza no mundo (Rodrigues, 1997).

O turismo surgiu quando as pessoas começaram a viajar

de um local a outro, movidas por algum interesse ou

necessidade. Os primeiros registros, do turismo, como

atividade econômica data do século XIX:

“O turismo teve origem no século XIX, quando o inglês

Thomas Cook, em 1841, organizou uma viagem de um dia

partindo de Lancaster para Loughborug, reunindo 570 pessoas

que iam participar de um congresso antiálcool e cobrou

pelos seus serviços”.(BENI, 2000, : 16).

Este fato criou o turismo e o primeiro profissional de

serviços de viagem. Thomas Cook ficou tão entusiasmado que

se transformou em empresário, montando um tipo de empresa

para desenvolver um sistema de funções e serviços para

viajantes que existe até hoje – as agências de viagem. Logo

depois surgiu a figura do guia de turismo. Como

Page 22: Monografia Serra do Cipó

21

conseqüência desta iniciativa expandiram-se as atividades

turísticas relacionadas ao alojamento e alimentação.

Segundo Faria e Carneiro1 (2001:12) o Turismo pode ser

definido:

“Do ponto de vista do indivíduo envolvido (turista),

turismo é todo o processo compreendido no deslocamento

humano para algum local for a de sua residência ou

trabalho, desde sua locomoção, hospedagem, recreação,

trabalho ou evento, até sua partida e todo sentimento de

satisfação ou frustração. Portanto, consiste num processo

mais pontual, de atuação mais imediata, voltada

principalmente para os aspectos individuais e mais

específicos do lazer. Do ponto de vista do local turístico,

o turismo é o processo de recepção de indivíduos para a

realização de atividades definidas explicitamente, ou não,

por um contrato próprio. A estabilidade da oferta turística

passa a ser interesse prioritário da comunidade envolvida,

como modo de garantir permanência do aporte financeiro, o

que faz com que o processo adquira uma perspectiva em longo

prazo, envolvendo não só os aspectos socioeconômicos, mas

também ambientais, naturais ou manejados, urbanos ou não”.

Conforme se pode observar, o turismo não pode ser

analisado a partir de um ponto de vista unilateral. Ele

deve ser analisado do ponto de vista do turista, da

sociedade, inserida ou não no processo da área em questão,

dos aspectos ambientais, econômicos e culturais. Em outras

palavras avaliações sobre o Turismo demandam pontos de

vista multifocais.

1 FARIA, Doris Santos de; CARNEIRO, Kátia Saraiva. Sustentabilidade Ecológica no Turismo –

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001, p 12.

Page 23: Monografia Serra do Cipó

22

Ainda segundo Faria e Carneiro (2001:12) o turismo é:

“um processo completo que vai desde a divulgação

correta da imagem do local a ser alcançado (paisagem), por

meios diversos, pelo turista, sua permanência e satisfação,

até a volta ao local de origem, de modo que a localidade

turística permaneça conservada, no longo prazo, para a

continuidade do atendimento qualificado, a garantia das

boas condições de vida para a população local e a

preservação do meio ambiente envolvido”

O turismo situa-se na atualidade como uma importante

atividade econômica e para que tenha condições de se

desenvolver em um determinado espaço é necessário que haja:

atrativos turísticos, serviços de apoio, equipamentos e

facilidades turísticas (tais como transporte, meios de

hospedagem, serviços de alimentação, etc) e infra-

estrutura de apoio (tais como vias de acesso, saneamento

básico, redes elétricas e de comunicações, etc.)Os

atrativos turísticos constituem a variável básica de todo

desenvolvimento turístico e são compostos pelos patrimônio

cultural e/ ou natural. Segundo a União das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) patrimônio

cultural.

“são os monumentos, grupos de edifícios ou sítios que

tenham valor histórico,estético, arqueológico, científico,

etnológico ou antropológico” e patrimônio natural “ são

as formações físicas, biológicas e geológicas excepcionais,

habitats de espécies animais e vegetais ameaçadas e áreas

que tenham valor científico, de conservação e estético

(UNESCO, 1972)”.

Page 24: Monografia Serra do Cipó

23

Para a Organização Mundial do Turismo (OMT) patrimônio

pode ser entendido como o conjunto potencial conhecido ou

desconhecido dos bens materiais ou imateriais existentes em

um determinado espaço ou território, que estão á disposição

do homem (OMT, 1998)

O turismo, ao fazer uso dos patrimônios culturais e

naturais, pode contribuir para a preservação ou maior

degradação desses patrimônios. Quando bem conservados e

observadas as normas de uso adequado: quando respeitada a

capacidade de exploração de cada área, o resultado é a

conservação dos patrimônios. Quando existe somente a

exploração sem nenhum cuidado, visando somente o ganho

imediato, o que se percebe é uma maior degradação desses

patrimônios.

A atividade turística está em franco desenvolvimento,

mas requer um planejamento adequado. Para planeja-lo

requer-se conhecimento do ambiente alvo, o levantamento e

análise do conjunto de recursos, e dos fatores de

atratividade, da oferta, das tendências da demanda,

objetivando a identificação das limitações e

potencialidades para um desenvolvimento sustentado dessa

atividade e proposição de alternativas concretas para esse

fim.

A região explorada pelo turismo deve ser analisada,

também sob os aspectos geográficos e histórico-culturais,

pois o a economia do turismo não pode substituir

atividades como a agricultura, a pesca, o artesanato, pelo

contrário, deve assegurar a sustentação da economia local

de modo eficaz e equilibrada.

Page 25: Monografia Serra do Cipó

24

“O turismo situa-se na atualidade, entre os três

maiores produtos geradores globais de riqueza” (Rodrigues,

1997) “.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o

faturamento mundial do turismo em 1999 foi da ordem de

U$3,4 trilhões, o que gerou de U$655 bilhões em impostos no

mundo todo e empregou 204 milhões de trabalhadores. O

Brasil, ainda segundo a Organização Mundial do Turismo,

ocupa a 29o posição entre os países receptivos de turistas

no ranking da mesma organização, o que corresponde á

aproximadamente, cinco milhões de turistas estrangeiros no

país, sendo que as duas cidades brasileiras mais procuradas

pelos turistas estrangeiros são Rio de Janeiro e Salvador.

Em um cenário econômico global, de enfraquecimento do

poder econômico do Estado, crescimento de redes de

transnacionalização, unificação de mercados,

instabilidades, aumento dos níveis de poluição, de stress e

outros problemas sócio-ambientais, que tendem a incidir na

modernidade e na vida do homem contemporâneo, assiste-se a

uma crescente demanda por um contato maior com a natureza,

atividades que proporcionem descanso, lazer, integração,

etc. Tudo isso têm promovido uma reestruturação da

atividade turística, criando clientelas específicas em

torno de produtos segmentados. As alternativas são bastante

diversificadas: turismo de aventura, ecológico, eco-

turismo, cívico, cultural, esotérico, de negócios, da

melhor idade etc.

Os países centrais ainda são os roteiros mais

procurados pelos turistas, devido ao charme e requinte das

grandes cidades, mas os países periféricos levam vantagem

Page 26: Monografia Serra do Cipó

25

quando as opções do turista são os roteiros alternativos

que exploram a exuberância da natureza.

Visto que o homem moderno está em busca de maior

contato com a natureza em tese “pura”, cresce cada vez mais

a procura pelo chamados Turismo Ecológico que é definido

como “ o segmento no qual turistas e promotores de viagens

procuram o contato direto com os mais diferentes ambientes

naturais, entretanto, sem a preocupação com o equilíbrio

ecológico, ou mesmo com a compreensão dos fluxos e dinâmica

que são estabelecidos no ambiente”. (SELVA,V.S.F., e

COUTINHO,S.F.S. “Ecotourism X Ecological Tourism in

Brazil”, pp.26-28) e pelo Ecoturismo que é definido como “a

modalidade de turismo cujas bases estão fincadas nas

propostas do desenvolvimento sustentável: comprometimento

com as gerações futuras, justiça social e eficiência

econômica; considerando o ambiente nas suas múltiplas

conexões – natural, econômicas, sociais e culturais”.

(SELVA,V.S.F., e COUTINHO,S.F.S. “Ecotourism X Ecological

Tourism in Brazil”, pp.26-28)

Selva e Coutinho (2000) referindo-se ao impasse sobre

a utilização dos termos observam que a incompatibilidade

entre ecoturismo e turismo ecológico é a mesma entre teoria

e prática; ou ainda, esta incompatibilidade deve-se à

diferença entre o que é proposto pelo departamento

responsável pelo turismo (no Brasil, Embratur) e o que é

realizado na prática. A diferença residiria, então, nas

propostas, “especialmente no que concerne a questões

relacionadas com a comunidade local e aos requerimentos

básicos para efetivação da atividade: planejamento,

capacidade de carga, guias especializados, infra-estrutura

Page 27: Monografia Serra do Cipó

26

adequada, regulamentação, segurança, interação com a

comunidade, etc.” (p. 26).

O Ecoturismo é apontado como a modalidade de turismo

de crescimento mais acentuado dos últimos anos (SEBRAE,

1995). Face à tendência atual de combinar interesses por

questões ambientais, sociais e culturais ao prazer de

viajar, o Ecoturismo pode situar-se como força propulsora

de mudanças sociais, propugnando um novo tipo se consumo do

espaço e uma nova postura frente ao ambiente.

Dos benefícios originados pelo ecoturismo, emprego e

renda para as populações autóctones estão entre os mais

apregoados e por vezes alçados como bandeira da promoção do

crescimento socioeconômico, quando se sabe que,

freqüentemente, apenas uma pequena parcela do dinheiro

gasto pelos turistas permanece no próprio local ou próximo

a ele (Lindberg, 1991; Boo, 1990 cf. cit. Lindberg e Huber

Jr, 1995, p. 179). Vale salientar, ainda, que muito da

renda gerada pelo turismo para a população local advém de

empregos informais.

No Brasil, as modalidades turísticas mais praticadas

são o turismo de negócio, lazer, ecoturismo, ecológico,

científico e outros.

Por sua extensão territorial, e pela extrema

diversidade cultural, pode-se afirmar que o Brasil possui

um enorme potencial turístico. Em sua porção oriental, o

país dispõe de um litoral de aproximados 9000 km de

extensão com belas praias, um outback diversificado e

peculiaridades climáticas que potencializaram a existência

de uma grande diversidade biológica.

Page 28: Monografia Serra do Cipó

27

Entende-se por diversidade biológica:

(...) a variedade de vida no planeta Terra, incluindo

a variedade genética dentro das populações e espécies, a

variedade de espécies da flora, da fauna e de

microrganismos, a variedade de funções ecológicas

desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a

variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados

pelos organismos

(http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/biodiv/biodiv.html –

22/02/04)

Com uma vasta diversidade biológica, fauna exuberante

com grande número de espécies, riqueza cultural e uma

gastronomia bem variada, o Brasil tem atraído turistas do

mundo inteiro, muito embora ocupe um modesto lugar na

preferência dos viajantes mundiais nas várias modalidades

turísticas.

Estima-se que a exploração do potencial proporcionado

pela diversidade biológica brasileira esteja muito aquém de

suas reais possibilidades. O país poderá inserir-se de

maneira mais profunda nos mercados emissores internacionais

e procurar captar e redirecionar os investimentos que se

façam necessários para o fomento da atividade. Neste caso,

a própria forma de como o país se apropria e se relaciona

com seus recursos naturais deve ser questionada posto que,

historicamente o povo brasileiro acostumou-se a usá-los de

forma de indiscriminada e predatória. Trata-se, portanto,

de uma revisão de posturas, atitudes e políticas que

permitam que, de fato, a tão alardeada fartura de recursos

possa ser efetivamente utilizada em prol do povo

Page 29: Monografia Serra do Cipó

28

brasileiro. Somente o uso adequado, inteligente dos

recursos poderá assegurar que eles constituam fonte de

sustento, sobrevivência e bem estar para este povo.

Observa-se, também, a tendência das empresas incluírem, em

sua agenda de relações públicas e em seus novos mercados, a

questão do ambientalismo e seu conjugado – a

sustentabilidade – dado o crescente interesse que o tema

vem despertando nos mais diversificados segmentos da

sociedade.

O conceito de sustentabilidade, cuja origem remete às

relações entre os seres humanos e o meio ambiente (recursos

naturais), baseado em Mangel et.al.(1993) pode ser enfocado

sob três aspectos: a) uso sustentável, que ocorre quando os

seres humanos utilizam os recursos renováveis, permitindo

que os processos naturais de reposição ocorram e assim o

sistema poderá renovar-se indefinidamente; b) crescimento

sustentável, onde a questão básica que se impõe é se o

crescimento econômico leva ou não em consideração a

limitação de recursos, sem o que ocorrerá degradação do

ambiente pois não pode haver crescimento que seja

sustentável sem o controle do crescimento populacional e do

consumo per capta de recursos; e, por fim, c)

desenvolvimento sustentável, o termo mais usado e o de mais

difícil definição. De acordo com Mangel et. al.(1993) o

desenvolvimento sustentável tornar-se uma tarefa impossível

quando sinônimo de crescimento sustentável que envolva

crescimento da população e do consumo de recursos, mas não

quando tenha o significado de uso sustentável, tornando-se

então um imperativo. Ou seja, em se tratando de

desenvolvimento sustentável, o crescimento descontrolado

mina as possibilidades de promoção da melhoria social e

Page 30: Monografia Serra do Cipó

29

econômica da população do planeta, que poderia ser

promovida pelo uso sustentável de recursos renováveis.

Para que o turismo cresça com sustentabilidade é

necessário que haja um desenvolvimento de forma

equilibrada, respeitando os recursos físicos, bióticos,

abióticos, sócio-culturais e ambientais, das regiões

receptoras, ou seja, o turismo não pode ser estimulado

cegamente apenas com a finalidade de atender a busca dos

lucros imediatos dos investidores. A sustentabilidade do

turismo é uma questão mais política do que ambiental, ou

seja, é o reflexo dos conflitos, interesses e da

pluralidade dos atores envolvidos.

Para que haja a sustentabilidade da atividade

turística em um determinado espaço torna-se necessário a

atuação do Estado para fiscalizar, implementar políticas

públicas que viabilizem o uso adequado dos recursos

naturais e intermediar conflitos entre os atores sociais

que fazem uso desses recursos, seja para sua sobrevivência

seja para sua promoção econômica

A relação do turismo com o meio ambiente dá-se

principalmente por meio da paisagem, transformada em

produto a ser consumido, ou seja, é natureza “pura”

transformada em mercadoria pelos que exploram a atividade

turística.

Paisagens segundo Pierre George “é o sistema

geográfico formado pela influência dos processos naturais e

das atividades antrópicas e configurado na escala da

percepção humana”. (Pierre George, 1975: dictionnaire de la

géographie;).

Page 31: Monografia Serra do Cipó

30

Segundo a EMBRATUR “paisagem” é a porção de espaço da

superfície terrestre apreendida visualmente. Parte da

superfície terrestre que em sua imagem externa e na ação

conjunta dos fenômenos que a constituem, apresenta

características homogêneas de uma certa unidade espacial

básica (Embratur), ou seja, paisagem é a porção do espaço

analisada visualmente pelo homem.

A atividade turística transforma espaços e valoriza

determinadas paisagens. Tudo isso gera, á princípio,

benefícios para a população local que, passa a ter

oportunidades de vender seus serviços para a indústria do

turismo, mas também pode ocorrer uma super valorização

daquele espaço, o que irá dificultar ainda mais as

condições de sobrevivência da populações de baixa renda

daquele espaço, que não é compensada pela geração de renda

do turismo.

Ao produzir um espaço a indústria do turismo promove

não só mudanças econômicas, mas também mudanças culturais.

Quando há uma grande procura de determinados locais pelos

turistas, estes locais transformam-se em verdadeiras

mercadorias e para atender as exigências dos turistas,

pequenas cidades que antes tinham um pequeno comércio para

atender a população local vêem seus pequenos

estabelecimentos engolidos pelos grandes empreendimentos de

infra-estrutura turística como, por exemplo, grandes redes

hoteleiras, redes de fast food, agências especializadas em

explorar os recursos naturais, etc. Ou seja, a produção

desse espaço pode produzir muito mais impactos sócio -

culturais, econômicos e ambientais, do que benefícios para

Page 32: Monografia Serra do Cipó

31

a população local, que acaba muitas vezes excluídas desse

processo.

Com a transformação dos espaços em mercadorias e as

ações intensas de divulgação desses espaços pelo marketing

turístico, as paisagens naturais e habitas até então

preservados, passam e ser alvo de “desbravamentos

turísticos”.

Invariavelmente são observadas modificações onde

ocorre o turismo; e não somente no meio ambiente natural ou

nas paisagens, mas também na comunidade local. O impacto do

turismo pode ser identificado a partir dos custos

potenciais – degradação do meio ambiente, injustiças e

instabilidade econômicas, mudanças sócio - culturais

negativas – e dos benefícios potenciais – geração de

receita para as áreas protegidas, criação de empregos para

as pessoas que vivem próximas a essas áreas e promoção de

educação ambiental e de conscientização sobre conservação

(Boo, Elizabeth, 1995 p. 34).

É necessária uma análise dos impactos causados pelo

turismo, não só pelas perdas ambientais, mas também pelos

impactos causados a sociedade local. Para tanto as

abordagens sob a perspectiva sistêmica desempenham um papel

fundamental.

O autor Mario Carlos Beni em seu livro “Análise

Estrutural do Turismo” define bem a Teoria Geral de

Sistemas “Ludwig von Bertalanffy observou que a Teoria

Geral de Sistemas visa compreender os princípios da

integralidade e da auto-organização em todos os níveis. Ela

é sintomática de uma mudança em nossa visão geral. Suas

aplicações variam da biofísica dos processos celulares á

Page 33: Monografia Serra do Cipó

32

dinâmica das populações, dos problemas da física aos da

psiquiatria, da política, das unidades culturais, do

fenômeno do turismo e outros”. (BENI, Mário Carlos, 1998, p

19,20).

A Teoria Geral de Sistemas constituiu um enorme ganho

para a abordagem das questões ambientais, uma vez que

permitiu a compreensão dos processos de troca de energia e

matéria entre os vários elementos constituintes de um

sistema. A expressão ecossistema constitui um exemplo

prolixo da idéia de sistemas e expressa bem a forma de como

esta se encontra incorporada ao uso cotidiano do homem

comum.

O equilíbrio nos sistemas é vital para o funcionamento

e manutenção dos ambientes naturais. O turismo procura

utilizar-se da Teoria Geral de Sistemas na sua própria

versão, segundo Beni (1998).

A capacidade de suporte dos ecossistemas naturais deve

ser respeitada e também é fator determinante para a

expansão do turismo, segundo o SISTUR. SISTUR - Sistema de

Turismo –é definido pelo autor Mário Carlos Beni em seu

livro Análise Estrutural do Turismo como: “o SISTUR é

sistema aberto. Realiza trocas com o meio que o circunda e

por extensão, é interdependente, nunca auto-suficiente”

(BENI, Mário Carlo, 1998, pg 51.). Ou seja, o SISTUR é um

sistema capaz de analisar todos os conjuntos de atividades

e relações naturais ou antrópicas, nos espaços e nos meios

circundantes, onde ocorre a atividade turística.

Page 34: Monografia Serra do Cipó

33

O SISTUR é formado por três grandes conjuntos: o

conjunto das relações ambientais, o da organização

estrutural e das ações operacionais.

A interação desses três conjuntos é a base para a

formação do espaço á ser explorado pelo turismo. Para um

estudo sobre a atividade turística torna-se necessário uma

análise dos componentes dos três conjuntos, pois cada um

tem sua importância dentro do espaço estudado. Segundo o

autor Mário Carlos Beni “Cada componente desses três

conjuntos pode ser considerado um subsistema em si, já que

apresenta funções própias e específicas, assumindo

características individualizadas”. “(BENI, Mário Carlo,

1998, pg 44)”.

O turismo quando tem a finalidade de explorar de forma

adequada respeitando a capacidade de cada espaço, com

práticas conservacionistas, contribui para que os três

grandes conjuntos formadores do SISTUR funcionem de forma

que possibilite a exploração daquele espaço a médio e longo

prazo, o que poderá contribui para o desenvolvimento

econômico e social das regiões exploradas.

Para verificar se as atividades turísticas, embora

consideradas como alternativas econômicas para lugares com

atrativos ecológicos-paisagísticos, se sustentam

completamente nos âmbitos natural e sócio-econômico, são

necessários estudos bem detalhados. Este estudo tem como

objetivo analisar o caráter das atividades turísticas na

região da Serra do Cipó com vista à verificação de sua

sustentabilidade.

Page 35: Monografia Serra do Cipó

34

CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL DA SERRA DO CIPÓ

A área de pesquisa, já apresentada, abrange uma área

pertencente ao município de Santana do Riacho,

especificamente o distrito de Cardeal Mota, centro de

atração, de apoio e dispersão dos visitantes da Serra do

Cipó e, principalmente, o centro econômico e social da

região. Os habitantes da região próximas às margens do rio

Cipó, em específico do Rio Paraúna, afluente do rio Cipó,

os funcionários do IBAMA e de todos os habitantes do

Município de Jaboticatubas, estão econômica e socialmente

ligados à Cardeal Mota.

Anteriormente conhecida como Serra da Vacaria, a

região, segundo informações de pessoas residentes na região

há mais de 60 anos, era um centro criador de gado bovino e

muar que servia não só as populações vizinhas como

contribuía para o abastecimento do até então Curral Del

Rey, futura Belo Horizonte, além dos municípios de Nova

Lima com carne, leite e mulas para transporte.

A região foi inicialmente a primeira via natural

utilizada pelos bandeirantes com destino ao distrito

diamantino do Tijuco, atual Diamantina, e da Vila do Serro

Frio do Príncipe, atual Serro.

Page 36: Monografia Serra do Cipó

35

Resquícios dessa época podem ser observados no Cipó

Velho, com casarões coloniais e capela com oratório e

imagens de santos antigas e no caminho dos escravos, que

sobe a serra a partir do km 100 da rodovia MG-10, ao lado

do camping da Associação Cristã de Moços, todo calçado por

grandes blocos de quartzito. Ele tem cerca de 400m de

extensão e desaparece gradativamente nas proximidades da

pousada Chapéu de Sol. Este caminho por sinal é bastante

utilizado pelos turistas para poderem atingir as cachoeiras

do córrego Vacaria, a montante da cachoeira Véu da Noiva.

A marca da escravidão ainda pode ser observada na

região, porém de forma muito sutil. Em antigas senzalas

transformadas em pousadas simples, no candomblé, dança

ancestral, e nos batuques e o boi da manta, que ainda

animam alguns encontros e festas populares, mas é na

condição sócio-econômica da maioria de seus descendentes

que a percebemos com mais clareza. Muitos vivem em

precárias condições como agregados em fazendas, sem posse

definida de propriedade e com elevado índice de

analfabetismo.

Com uma população de aproximadamente 1.500 pessoas

Cardeal Mota depende praticamente de atividade turística.

Possui 24 pousadas e cerca de 16 estabelecimentos

comerciais, que associam restaurante e bar, e 5 mercearias.

Estima-se que o número de leitos tem capacidade para 600

pessoas. Esse número é bastante instável, pois alguns

desses estabelecimentos mudam de dono ou fecham e abrem

suas portas com certa freqüência. Além destas existem cerca

de cinco áreas de camping nas imediações de Cardeal Mota

com infra-estrutura variável.

Page 37: Monografia Serra do Cipó

36

Os outros serviços existentes são bastante precários.

Existe uma borracharia, uma oficina mecânica, uma oficina

exclusiva para bicicletas, um telefone público e um posto

telefônico. Recentemente foi instalada uma torre para

telefonia celular. O posto de gasolina existente foi

desativado e especula-se a instalação de um novo. A

exploração de mármore existiu até cerca de oito anos atrás

e encontra-se atualmente desativada. Não existe posto de

saúde e apenas recentemente foi aberta uma pequena

farmácia. Antes alguns poucos remédios podiam ser

encontrados nos armazéns locais. Possui também um depósito

de material de construção, três igrejas e uma escola

estadual, a E. E. Dona Francisca Josina, que atende 250

alunos do ensino fundamental de uma ampla região. Além das

disciplinas básicas existe a disciplina Educação Ambiental

e Turismo, resultado de um trabalho sócio-cultural e

ecológico denominado Projeto Bandeirinhas, desenvolvido sob

a coordenação do geógrafo Márcio Spyer e por pesquisadores

de diversas áreas do conhecimento, visando a capacitação e

a participação de professores locais e comunidade na

preservação da terra.

O abastecimento local de gêneros de primeira

necessidade, como hortifrutigranjeiros tem a maior parte de

sua origem em Belo Horizonte e Lagoa Santa, pois nem o

distrito nem o município possuem produção que extrapole a

de mera subsistência.

A estrutura fundiária, não só do município como de uma

maneira geral de toda a região da Serra do Cipó é

constituída principalmente por pequenas e médias

propriedades, com atividades econômicas geralmente

inexpressivas de subsistência, de pecuária extensiva e

Page 38: Monografia Serra do Cipó

37

originária de partilhas de herança familiares, a partir de

inventários mal-resolvidos juridicamente. Este fato gera

uma contradição local, pois se de um lado, aliada a má

vontade governamental em resolver as questões fundiárias da

Serra do Cipó, sempre dificultou a plena e justa

desapropriação de suas terras, por outro facilitou a venda

de importantes áreas circunscritas a APA e que foram

negociadas com pessoas e grupos econômicos de Belo

Horizonte e até do Exterior por quantias irrisórias,

expulsando ainda mais a população nativa para as periferias

da capital.

A procura por terrenos para a construção da chamada

segunda moradia, por parte da população que descobre e se

apaixona pela serra do Cipó, além de inflacionar o preço da

terra fez surgir um verdadeiro “boom” imobiliário, com

abertura de loteamentos e áreas de chacramentos sem

planejamento técnico adequado.

Mais recentemente a Serra do Cipó tem atraído grupos

de pessoas que se reúnem para o desenvolvimento de cursos,

workshops, rallys, cavalgadas, passeios de bicicleta e

encontros diversos.

Page 39: Monografia Serra do Cipó

38

DESCRIÇÃO DAS ÁREAS A SEREM TRABALHADAS

Na Serra do Cipó existe uma intensa atividade

turística e tem crescido muito nos últimos anos devido o

local apresentar uma rica e diversificada paisagem natural

como suas belas montanhas, cachoeiras, rios e também a

própria fauna e flora. Devido a este fator, a procura por

estas atrações como mencionado é grande, principalmente nos

finais de semana e em feriados, tanto nacionais, como

estaduais. Esta procura pelo lazer e descanso na região da

Serra do Cipó provocou nos últimos anos várias

transformações no panorama paisagístico e estrutural da

região como a implementações de clubes, pousadas, hotéis,

chalés e também o crescimento populacional. Fatores como

estes provocam ao mesmo tempo o crescimento da região pela

atividade turística, mas também, impactos consideráveis

referentes ao equilíbrio ambiental. Para compreender melhor

estas transformações da atividade turística e em especial

na Serra do Cipó foram escolhidas duas áreas para a

pesquisa e compreensão com vistas a traçar não somente o

perfil dos visitantes, mas também o resultado de suas

presenças no que tangem as conseqüências ambientais. As

duas áreas especificamente são a ACM – Associação Cristã de

Moços – que se localiza no município de Cardeal Mota nas

coordenadas UTM 646416.1357 (longitude) e 7863714.1834

(latitude) e a outra se localiza no município de Santana do

Page 40: Monografia Serra do Cipó

39

Riacho nas coordenadas 643831.1907 (longitude) e

7867348.0128 (latitude). As duas áreas possuem

características distintas uma da outra devido ao modo como

são usadas na prática do turismo.

Page 41: Monografia Serra do Cipó

40

Page 42: Monografia Serra do Cipó

41

A ACM é uma área monitorada que se encontra no Parque

Nacional da Serra do Cipó, ou seja, um local delimitado e

controlado seja por órgãos públicos e privados com o

objetivo de manter a conservação do meio ambiente e ao

mesmo tempo, a integração do homem.

Na ACM existe a atuação da própria entidade e também

do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) no

controle da área a fim de mantê-la dentro das leis

existentes para a conservação do local evitando assim a sua

destruição através da atividade turística descontrolada,

das queimadas descontroladas nas matas, do lixo deixado no

local após as visitas e outras situações que possam de

maneira direta e indireta afetar o equilíbrio ambiental da

região. No município de Cardeal Mota os moradores vivem em

função do comércio e da atividade turística onde se

encontram vários estabelecimentos, como pousadas, bares,

restaurantes e supermercados, o que contribui de forma

significativa para a arrecadação de impostos para o

município e também para o aumento do nível de renda da

população que é aproveitada por esses estabelecimentos como

mão-de-obra. Em contrapartida ocorre um aumento acelerado

do crescimento numérico das pousadas, restaurantes, casas

de campo, etc. e isso está afetando a preservação do meio

ambiente local, já que as áreas que abrange este município

pertencem a APA (Área de preservação ambiental) e outra

parte ao Parque Nacional da Serra do Cipó.

Por outro lado, na área da Ponte da Usina que se

localiza no município de Santana do Riacho que por sua vez

pertence a APA (Área de Preservação Ambiental), não existe

monitoramento efetivo e eficaz no combate a degradação do

meio ambiente local.

Page 43: Monografia Serra do Cipó

42

Para compreender o processo da atividade turística em

ambas as áreas na Serra do Cipó foram coletados dados

referentes ao perfil dos turistas assim como registros em

fotografia das áreas freqüentadas e também a descrição

física das mesmas.

A partir de visitas às áreas pesquisadas foram

elaborados croquis e registros fotográficos dos principais

pontos, os quais facilitaram a visualização dos aspectos

identificados e interpretados pelas análises e gráficos já

relacionados.

O primeiro croqui representa a organização espacial da

área monitorada (ACM), a partir de seis pontos escolhidos

de acordo com as necessidades da pesquisa.

Page 44: Monografia Serra do Cipó

43

RODOVIA MG-10

BELO HORIZONTE

PO

RT

AR

IA

ÁR

EA

DE

TR

AY

LE

RS

VE

ST

IÁR

IOS

ÁREA D

E C

AM

PIN

G

REPRESAMENTO DO

ÁREA DE CAMPING

ÁR

EA

DE

CH

ALÉ

S

RESTAURANTE

RIBEIRÃO SOBERBO

BAR/QUISQUE

ESTACIONAMENTO

RIB

EIR

ÃO

SO

BE

RB

O

CACHOEIRA

VÉU DA NOIVA

SE

NT

IDO

DO

RIO

CROQUI

ÁREA MONITORADA

A.C.M.

A

B

E

D

C

F

Page 45: Monografia Serra do Cipó

44

Ponto A: Consiste na entrada da ACM onde se observa ação

antrópica como forma de controle do acesso à

área.

Ponto B: Este ponto é caracterizado pela estrutura criada

para a adequação de trailers.

Ponto C: Área reservada ao camping.

Page 46: Monografia Serra do Cipó

45

Ponto D: Estrutura de cantina e vestiário criada para

atender a área de camping.

Ponto E: Represamento do curso d’água do Ribeirão Soberbo

formando uma piscina artificial.

Page 47: Monografia Serra do Cipó

46

Ponto F: Área ocupada por chalés. Hospedagens de 1, 2 ou 3

quartos.

Através destes registros fotográficos da organização

espacial da área monitorada (ACM) é possível perceber o

alto grau de intervenção antrópica que, apesar de estar em

uma área monitorada, as estruturas em concreto, vestiários

e áreas de lazer promovem uma profunda alteração do espaço

natural, o que também caracteriza a possibilidade de

consideráveis impactos ambientais.

O segundo croqui representa a organização espacial da

área não monitorada (Ponte da Usina) também a partir de

seis pontos escolhidos de acordo com as necessidades da

pesquisa.

Page 48: Monografia Serra do Cipó

47

PONTE DA USINAÁREA NÃO MONITORADA

CROQUI

ZX

H

T

R

ANASTAMOSSADO

RIO PARAÚNASENTIDO DO CURSO

PO

NT

E S

OB

RE

O R

IO P

AR

NA

DEC

Ponto Z: Entrada da área não monitorada sem qualquer

controle do fluxo de turistas.

Page 49: Monografia Serra do Cipó

48

Ponto X: Estacas que caracterizam um antigo cercamento da

área.

Ponto H: Área de ocupação de turistas sem preocupação com

preservação com o ambiente.

Page 50: Monografia Serra do Cipó

49

Ponto T: Vestígios da antiga ponte que ligava uma margem a

outra do Rio Paraúna.

Ponto R: Margem do Rio Paraúna.

Page 51: Monografia Serra do Cipó

50

Ponto S: Ocupação da margem direita do Rio Paraúna

caracterizada por erosões de áreas mais frágeis

provavelmente intensificadas por trilhas.

Page 52: Monografia Serra do Cipó

51

Pode-se verificar que na ponte da usina, não há uma

fiscalização efetiva no que tange a conservação do local e

diante disso, percebe-se muito lixo jogado pelo chão (ver

fotos ponte da usina), em certas partes do rio nesta área

já ocorre o assoreamento, muitos galhos de árvores foram

arrancados e também as próprias árvores. Também foi

verificado que neste local existe uma gruta com pinturas

rupestres e que a mesma se encontra completamente pichada

por vândalos, outro fator que contribui na interferência do

equilíbrio ambiental é a própria poluição sonora. Portanto

percebe-se que nesta área, conhecida como ponte da usina,

caracteriza a possibilidade de profundos impactos

ambientais.

Pode–se verificar a seguir através dos gráficos o

perfil dos turistas que freqüentam a ACM e a ponte da

usina.

Page 53: Monografia Serra do Cipó

52

ANÁLISE DOS GRÁFICOS DA ÁREA MONITORADA

IDADE

15%

61%

15%

7% 2%

Até 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 Acima de 50

ESCOLARIDADE

4%

42%

30%

20%

4%

1º Grau 2º Grau 3º Grau 3º Grau Incomp. Outros

SEXO

52%

48%

Maculino Feminino

Na figura 2, da área pesquisada (ACM) o

maior número de turistas são do sexo masculino

correspondendo a 52% contra 48% das mulheres. Na figura 1, 61% dos turistas estão na faixa

etária de 21 a 30 anos, seguidos de 15% com

idade até 20 anos e de 31 a 40. As pessoas com

idade entre 41 e 50 anos correspondem a 7% e

acima de cinquenta, 2%.

Na figura 3 referente a escolaridade, observa-se um maior nível de

escolaridade em relação aos turistas da área não monitorada. 30% das

pessoas possuem o terceiro grau completo, e 20% incompleto. As

pessoas que tem apenas o segundo grau a porcentagem é de 42%; o

grupo do primeiro grau com 4% e outros também 4%.

Page 54: Monografia Serra do Cipó

53

NÍVEL DE RENDA

26%

15%

7%17%

28%

7%

Até 500 De 501 a 1000 De 1001 a 1500

De 1501 a 2000 Acima de 2000 Sem Renda

Na figura 4, referente ao nível de renda, os turistas da

ACM (área monitorada) possuem um maior poder aquisitivo

o que pode ser justificado pelo próprio acesso a educação. De

acordo com os dados, 28% possuem renda acima de R$

2000,00 reais, com renda entre R$1501,00 até 2000,00 são

17%. Rendimentos entre R$ 1001 a 1500,00 têm-se 7% dos

turistas.

Também com 7% existe o grupo de turistas que não

possuem renda e com rendimentos de até R$500, 00, 26%

dos entrevistados.

Ocupação Principal

0% 22%

4%

4%

0%

15%

20%

7%

28%

Ocupação Principal Estudante Professor

Bancário Militar Comerciante

Profissional Liberal Funcinário Público Outros

Na tabela 5, vinte turistas responderam que

preferem visitar a própria ACM devida às suas

riquezas locais e outras dez disseram que não

tem um local preferido. Os demais,

responderam como se pode observar acima.

Page 55: Monografia Serra do Cipó

54

ESTADO CIVIL

67%

33%

0%

Solteiro Casado Outros

Cidades

7%2%2% 2% 2% 2%2%2%2%

77%

B. Horizonte Contagem Lagoa Santa Ribeirão das Neves

Londres Rio de Janeiro Nazaré Paulista Betim

Sta. Luzia Vespasiano

De acordo com a figura 6, 77% são de Belo Horizonte,

7% de Contagem e demais cidade mineiras 17%.

Referente ao turista estrangeiro (2%), o mesmo é da

cidade de Londres, capital inglesa. Da cidade do Rio de

Janeiro, também tem 2% assim como de Nazaré Paulista

(Estado de S. Paulo).

Na figura 7, pode-se observar que a maior

parte dos turistas são solteiros

correspondendo a 67%. No que tange os

casados, apenas 33%.

Page 56: Monografia Serra do Cipó

55

MEIO DE TRANSPORTE

91%

9% 0%

Carro Ônibus Outros

c

Na figura 8, o meio de transporte pode

ser justificado também pelo nível de

renda onde a grande maioria, ou seja,

91% se deslocaram para o local através

de veículos próprios e por meio de

ônibus apenas 9%.

Meio de Hospedagem

4%

26%

48%

0%

0% 22%

Hotel Pousada

Camping Monitorado Camping não Monitorado

Albergue Outros

Referentea figura 9, meio de hospedagem, 48% é

através de camping monitorado, 26% em

pousadas, 22% foram apenas para passar o dia e

4% ficaram em hotel.

MOTIVO DE VISITA À ÁREA

7

12 1210

12

3

11

7

1

17

28

11

0

5

10

15

20

25

30

Acessib

ilid

ade

Aventu

ra

Cam

inhada

Cultura

Local

Fauna

Féri

as

Flo

ra

Foto

gra

fia

His

tóri

a

Qualidade d

e

Vid

a

Recre

ação

Rele

vância

Ecoló

gic

a

Acessibilidade Aventura Caminhada Cultura Local

Fauna Férias Flora Fotografia

História Qualidade de Vida Recreação Relevância Ecológica

Na figura 10, o motivo que em que os turistas vieram a visitar a área, nota-se que 28

pessoas foram pela procura da recreação, 17 pela qualidade de vida. Pelos motivos da

fauna 12 pessoas, caminhada e aventura ambos também com 12. Relevância ecológica

foram 11, Pela flora 12 e cultura local, somam-se 10.

Page 57: Monografia Serra do Cipó

56

INDUÇÃO DE VIAGEM

4%

0%

53%

2%

11%

30%

Propaganda AgênciaAmigos Artigos de Jornais e RevistasInternet Outros

Na figura 11, a indução de viagem, observa-se que

53% foi através de amigos, 11% vieram através de

informações obtidas pela internet, 4% por propagandas

diversas e 2% através de artigos e jornais e revistas.

Através de outros motivos correspondem 30%.

Residência UF/Exterior

94%

4% 2%

Minas Gerais Outros Estados Exterior

Na figura 12, referente a origem dos turistas é

interessante observar que houve a ocorrência

estrangeiros, 2%, e de outros estados brasileiros, como

o Rio de Janeiro e São Paulo, 4%. Turistas de Minas

Gerais correspondem a 94%.

Page 58: Monografia Serra do Cipó

57

COMO VIAJA

17

0

20

2

13

0

5

10

15

20

25

Amigos Excursão Família Sozinho Outros

Amigos Excursão Família Sozinho Outros

Qual o seu local preferido na Serra do Cipó

Local ACM

Serra Morena 3

ACM 20

Cachoeira Grande 3

Cachoeiras 2

IBAMA 1

Capivara 1

Bar do Nando 2

Não tem 10

Não sabe 3

Tudo 1

Quanto costuma gastar durante sua viagem

ACM

Total em R$ 3470

Média 88,97

Na figura 13, o modo como viajaram, 38% foi em família,

seguido de 33% com amigos e 25% por outros motivos. Com 4%

está o grupo de pessoas que viajaram sozinhas e em excursão não

houve nenhuma ocorrência.

Na tabela 1 os turistas

da ACM gastaram

R$3470,00 reais

Na tabela 2 vinte turistas responderam que

preferem visitar a própria ACM devida às suas

riquezas locais e outras dez disseram que não

tem um local preferido. Os demais,

responderam como se pode observar acima.

Page 59: Monografia Serra do Cipó

58

Sexo

41%59%

Maculino Feminino

ANÁLISE DOS GRÁFICOS DA ÁREA NÃO MONITORADA

Idade

15%

58%

12%

9% 6%

Até 20 De 21 a 30 De 31 a 40

De 41 a 50 Acima de 50

Nível de Renda

32%

35%

24%

0%6%

3%

Até 500 De 501 a 1000 De 1001 a 1500

De 1501 a 2000 Acima de 2000 Sem Renda

A figura 14, na área não monitorada a

maioria das pessoas são do sexo masculino,

com 59% e as mulheres correspondem a

41%. Na figura 15, a faixa etária é

bastante variada embora 58% estão com

idades entre 21 e 30 anos. Com 15%

estão as pessoas com até 20 anos, 12%

de 31 a 40 anos, 9% de 41 a 50 anos e

acima dos cinqüenta apenas 6%.

Na figura 16, pode-se verificar que na área não

Na área não monitorada a maior parte dos

turistas, 50%, possui apenas o segundo grau, logo

em seguida, 38% correspondem às pessoas com

apenas o primeiro grau. Referente ao nível

superior, tem-se 9% com o curso incompleto e os

3% restantes concluíram o curso.

Escolaridade

38%

50%

3% 9% 0%

1º Grau 2º Grau 3º Grau 3º Grau Incomp. Outros

Na figura 17, a distribuição de renda são 32% dos

turistas possuem uma renda de até R$500,00 reais, 35%

ganham de R$501,00 a 1000,00 reais. Os turistas com renda

superior a R$1000,00 até R$1501,00 são de 6% e acima

deste valor, 3%.

É interessante observar que o índice de turistas sem

renda é considerável, correspondendo a 24% do total de

entrevistados.

Page 60: Monografia Serra do Cipó

59

Ocupaçao Principal

61%

15%

6%3%12%0%

3%

0%

Estudante Professor BancárioMilitar Comerciante Profissional LiberalFuncinário Público Outros

Na figura 18, é importante observar que referente à

profissão, 15% são apenas estudantes não

proporcionando renda. Tem-se também que 12% são

pessoas que trabalham no comércio, no funcionalismo

público o número é menor, 6%, como professores o

valor é ainda menor com apenas 3% dos entrevistados.

O interessante é observar não houve a presença de

bancários e militares, mas a grande maioria, 61%

possuem ocupações diversificadas no mercado de

trabalho.

Na figura 20, os turistas solteiros

correspondem a 53% e os casados são

47%.

Estado Civil

53%

47%

Solteiro Casado

Na figura 19, a maioria dos turistas

entrevistados na área não monitorada são

provenientes de Belo Horizonte principalmente da

região de Venda Nova, zona norte, totalizando

46%. 21% são de Ribeirão das Neves, que por sua

vez, é a cidade mais pobre da região metropolitana

em condições sócio-econômicas, com 18% está a

cidade de Vespasiano logo em seguida tem-se

Contagem e Lagoa Santa e o menor valor

respectivamente, Santa Luzia.

Page 61: Monografia Serra do Cipó

60

Meio de Transporte

12%

88%

0%

Carro Ônibus Outros

Na figura 21, referente ao meio de transporte, a

grande maioria veio através de ônibus, o que

caracteriza realmente o perfil do turista da área não

monitorada. As pessoas devido a um menor poder

aquisitivo possuem menores chances de se deslocarem

através de carros. Por sua vez, o acesso ao local através

de carros próprios foi de apenas 12%.

Meio de Hospedagem

0%

0%

56%

0%

44%

0%

Hotel PousadaCamping Monitorado Camping não MonitoradoAlbergue Outros

Na figura 22, os turistas se estabeleceram em

camping não monitorado correspondendo a 56%.

Já os 44% são pertencentes outros modos de

hospedagem. Referente a hotel, pousada, camping

monitorado e albergue não houve nenhum registro

porque foram apenas para passar o dia.

Page 62: Monografia Serra do Cipó

61

Motivo de visita à área

4

11

9

7

4 4

9 9

3

17

14

8

1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Ac

es

sib

ilid

ad

e

Av

en

tura

Ca

min

ha

da

Cu

ltu

ra L

oc

al

Fa

un

a

ria

s

Flo

ra

Fo

tog

rafi

a

His

tóri

a

Qu

ali

da

de

de

Vid

a

Re

cre

ão

Re

lev

ân

cia

Ec

oló

gic

a

Ou

tro

s

Acessibilidade Aventura Caminhada Cultura Local Fauna

Férias Flora Fotografia História Qualidade de Vida

Recreação Relevância Ecológica Outros

Na figura 23, os dados no gráfico a respeito dos motivos que levaram a viagem na Serra do Cipó,

especificamente na área não monitorada mostram que, 17 pessoas foi devido à procura da qualidade

de vida, 14 pela recreação, 11 pelo motivo da aventura, logo em seguida pela opção da caminhada,

fotografia e flora local. Um outro fator de destaque no gráfico e a relevância ecológica que tem 8 dos

motivos a visitarem a área. Mesmo que a relevância ecológica esteja com este valor, pode-se

perceber que as pessoas entrevistadas não entenderam o que significava na sua essência este termo.

Page 63: Monografia Serra do Cipó

62

Indução de Viagem

3%

0%

0%9%

0%

88%

Propaganda Agência

Amigos Artigos de Jornais e Revistas

Internet Outros

Residência UF/Exterior

0%

100%

0%

0%

UF/Exterior M inas Gerais Outros Estados Exterior

Na figura 24, a grande maioria dos turistas, cerca de 88% vieram através

de amigos, devido à própria característica sócio-econômica das pessoas. As

pessoas que vieram através de artigos de jornais e revistas correspondem a

apenas 9% e 3% através de agência. As outras variáveis analisadas como a

propaganda, internet e outras fontes não foram verificadas nas entrevistas.

Na figura 25, observa-se que todos os

turistas da Ponte da Usina são provenientes

de Minas Gerais.

Page 64: Monografia Serra do Cipó

63

Como Viaja

1114

9

00

-1

2

5

8

11

1417

20

Amigos Excursão Família Sozinho Outros

Amigos Excursão Família Sozinho Outros

Quanto costuma gastar duarante sua viagem

Ponte da Usina

Total em R$ 869

Média 34,76

Qual o seu local preferido na Serra do Cipó

Local Ponte da Usina

Bar 1

Véu da noiva 7

1 vez 9

Rio Paraúna 5

Serra Morena 2

Juquinha 2

Cachoeira 1

Usina 7

Na figura 26, o modo como viajaram também foi uma variável

importante dentro da análise. Como se pode observar 14 pessoas

disseram que vieram em excursão, uma característica importante no

perfil dos turistas, 11 vieram com amigos e 9 estavam acompanhados

da família. Viajam sozinhos ou outros não foram identificados nas

entrevistas.

Na tabela 3 pode-se verificar que

o valor total gasto pelos turistas

na Ponte da Usina não

ultrapassam os R$ 1000,00 reais,

e a média fica em R$ 34,76.

Na tabela 4 referente aos locais preferidos pelos turistas, observa-se que um

considerável número de turistas foi pela primeira vez, enquanto que, sete

disseram que preferem ir ao Véu da Noive e outros sete especificamente na área

da Usina.

Page 65: Monografia Serra do Cipó

64

Análise Geral

O processo de degradação ambiental, na Serra do Cipó,

não ocorreu por acaso, sendo a que a atividade turística

tem contribuído muito para o aumento destes impactos, que

possuem níveis diferenciados de degradação em diferentes

áreas.

Atraídos pela exuberância natural da Serra do Cipó,

grande parte dos turistas que ali freqüentam, não possuem

uma consciência de uso adequado dos recursos naturais.

O conjunto destes fatores foram e são condicionantes,

no que tange a conscientização dos turistas que freqüentam

locais onde os recursos naturais são os grandes atrativos

turísticos.

Com o objetivo de traçar o perfil dos turistas que

freqüentam as áreas, objeto deste estudo: ACM e Ponte da

Usina foi realizada no dia 01/05/2004 uma pesquisa de

campo, na qual foram aplicados questionários nas duas

áreas, no intervalo de tempo entre 10:30 e 15:00 horas.

Page 66: Monografia Serra do Cipó

65

Mediante análise dos dados coletados, observamos

vários fatores que favorecem o aumento dos impactos

ambientais, nas áreas pesquisadas, na Serra do Cipó.

O nível de escolaridade é um dos fatores que nos

permitem diferenciar os aspectos observados nas duas áreas,

uma vez que quanto maior o grau de instrução, maior é o

nível de conhecimento, o que favorece a formação de uma

conscientização ambiental, mas que muitas vezes não é

aplicada corretamente.

Observando o gráfico de escolaridade que compara

ambas as áreas (figura 28) verificamos que na área da Ponte

da Usina, o grau de instrução da maioria dos turistas varia

entre 1º e 2º grau. Nesta área verificamos que os turistas

deixam grande quantidade de lixo (papel, vidro, garrafas

pet, comida, etc.), como também destruição de fauna e

flora, principalmente as margens do rio Paraúna, causando

erosão e conseqüentemente assoreamento do rio, principal

local de concentração da população turística. A gruta com

suas pinturas rupestres totalmente pichadas e o alto índice

de poluição sonora também contribuem para o desequilíbrio

do meio ambiente desta área.

Apesar de não ser uma área destinada a receber fluxo

turístico, os órgãos responsáveis poderiam trabalhar de

forma mais consciente através de medidas simples como a

implantação de lixeira e recolhimento do lixo.

Page 67: Monografia Serra do Cipó

66

Em contrapartida, na ACM, o grau de escolaridade

varia entre 2º e 3º grau completo (fig 28), e neste caso

não podemos avaliar se o nível de escolaridade pode

interferir ou não no comportamento dos turistas, pois nesta

área existem regras e fiscalização por parte dos

organizadores. Existem muitas lixeiras espalhadas por toda

a área, sacolas são distribuídas na entrada para o

recolhimento do lixo juntamente com o regulamento do uso do

local.

Em contrapartida, verificamos outros tipos de

impactos ambientais, que não estão apenas relacionados com

a má utilização do local pelos turistas, mas também, com a

intervenção antrópica através da criação de estruturas

físicas, das quais podemos citar: contenção de água do

Ribeirão Soberbo, piscinas artificiais, estruturas em

concretos para áreas de trailers e chalés, vestiários,

quadras, parques infantis, áreas de lazer, estacionamentos

e trilhas, o que contribui para adensamento e a compactação

do solo comprometendo o abastecimento hídrico local.

Observamos também que os chalés foram construídos bem

próximos das margens do Ribeirão Soberbo, desrespeitando o

espaço mínimo destinado à mata ciliar.

Page 68: Monografia Serra do Cipó

67

Mata ciliar ao fundo

Referente a idade, (figura 27) é importante

ressaltar que a maioria dos turistas nas duas áreas estão

na faixa etária entre 21 e 30 anos, ou seja, de acordo com

os relatos dos entrevistados, são turistas que procuram

Page 69: Monografia Serra do Cipó

68

qualidade de vida, recreação, diversão e ao mesmo tempo

descanso.

Idade

5,88%

11,77%

58,82%

8,82%14,71%

2,17%

60,87%

6,52%15,22%

15,22%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Até 20 De 21 a 30 De 31 a 40 De 1 a 50 Acima de 50

Ponte da Usina ACM

Os turistas de ambas as áreas possuem ocupação

profissional diversificadas como professores, comerciantes,

funcionários públicos, estudantes, bancários, profissionais

liberais e dentre outros.

Em relação às outras ocupações acima citadas há uma

considerável diferença entre as duas áreas. Na ACM, as

ocupações principais dos turistas foram: estudantes

(21,74%), profissionais liberais (19,57%), comerciantes

(15,22%) e outros (28,25%)- não citados. Na Ponte da Usina

as principais ocupações foram: estudantes (14,71%),

comerciantes (11,77%) e outros (61,76%)- não citados.

Page 70: Monografia Serra do Cipó

69

Ocupação Principal

4,35%

19,57%

2,94%0,00%

11,77%

0,00%2,94%

14,71%

5,88%

61,76%

0,00%4,35%

21,74%

15,22%

6,51%

28,26%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Estudante Professor Bancário Militar Comerciante Profissional

Liberal

Funcinário

Público

Outros

Ponte da Usina ACM

Nas duas áreas pesquisadas, a incidência do sexo

masculino foi maior; ACM são 58,82% contra 41,18% do sexo

feminino; na Ponte da Usina são 52,17% contra 47,83% do

sexo feminino.

Sexo

58,82%52,17%

47,83%41,18%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Ponte da Usina ACM

Maculino Feminino

Com relação ao estado civil, o maior número de

turistas solteiros encontravam-se na ACM (67,39%) contra

(52,94%) na Ponte da Usina.

Page 71: Monografia Serra do Cipó

70

Estado Civil

67,39%

52,94%

32,61%

47,06%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Ponte da Usina ACM

Solteiro Casado

O nível de renda, explica-se de acordo com as

profissões. Rendas acima de R$ 2000,00 reais foram

encontradas apenas na ACM, e renda entre R$ 1001,00 a

2000,00 reais e maior incidência também nesta área.

Turistas sem renda, com rendas até R$ 500,00 e entre

R$ 501 e 1000,00 foram maiores na Ponte da Usina.

Nível de Renda

3 2 ,3 5 %3 5 ,3 0 %

2 ,9 4 %

2 3 ,5 3 %

1 7 ,3 9 %

2 8 ,2 6 %

0 ,0 0 %

5 ,8 8 %6 ,5 2 %

1 5 ,2 2 %

2 6 ,0 9 %

6 ,5 2 %

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

Até 500 De 501 a 1000 De 1001 a

1500

De 1501 a

2000

Acima de 2000 Sem Renda

Ponte da Usina ACM

Partindo para a análise da origem dos turistas,

observamos que a maioria é de Minas Gerais, um pequeno

Page 72: Monografia Serra do Cipó

71

número de outros estados e também provenientes de outros

países. Dentro de Minas Gerais o destaque fica para a

cidade de Belo Horizonte, onde na ACM são 76,09% e Ponte da

Usina 47,06%.

O maior número de turistas que visitaram a Ponte da

Usina são da região metropolitana de Belo Horizonte,

destacando-se principalmente Ribeirão das Neves e

Vespasiano, de onde são a maioria.

Turistas de outras cidades fora do estado e de

outros países são respectivamente, do Rio de Janeiro

(capital), Nazaré Paulista (São Paulo) e Londres

(Inglaterra).

Cidades

20,59% 17,95%

76,09%

2,20% 2,17% 2,17%5,88%5,88% 2,64%

47,06%

6,52%

2,17%2,17%

2,17%2,17% 2,17%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Be

lo

Ho

rizo

nte

Be

tim

Co

nta

ge

m

La

go

a S

an

ta

Lo

nd

res

Na

zaré

Pa

ulis

ta

Rib

eirã

o d

as

Ne

ves

Rio

de

Jan

eiro

Sta

. L

uzi

a

Ve

spa

sia

no

Ponte da Usina ACM

Por ser a Ponte da Usina uma área não monitorada

possuindo um de perfil de turistas com menor grau de

escolaridade e baixo poder aquisitivo, o meio de hospedagem

verificado foi o camping na mesma área, uma vez que não há

cobrança de tarifas. Observamos também que muitos dos

Page 73: Monografia Serra do Cipó

72

turistas que ali se encontravam, foram com o intuito de

passar apenas o dia, retornando para suas residências no

final da tarde.

Ao contrário da ACM, a maioria hospedou-se em

locais pagos como pousadas, camping monitorado e hotéis.

Os turistas que se encontravam na ACM viajaram, em

sua maioria, de carro próprio. Ao contrário da Ponte da

Usina onde a sua maioria viajaram de ônibus.

Meio de Transporte

0,00%0,00%11,76%

88,24%

8,70%

91,30%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Carro Ônibus Outros

Ponte da Usina ACM

Page 74: Monografia Serra do Cipó

73

O modo como viajaram também foi uma variável

analisada. Verifica-se que a maioria dos turistas da ACM

viajam com seus familiares e com amigos. Na Ponte da Usina,

a maioria viajou através de excursão (como pode ser

verificado pelos meios de transporte – fretam um ônibus),

outros em menor número foram com amigos e por ultimo com

familiares.

Como Viaja

11

14

9

0 0

17

0

20

2

13

0

5

10

15

20

25

Amigos Excursão Família Sozinho Outros

mer

o d

e p

esso

as

Ponte da Usina ACM

No que se refere a indução da viagem, nas duas

áreas, a maioria respondeu que foram através da indicação

de amigos.

Indução da Viagem

0 1

31

30 0

20

25

15

14

0

10

20

30

40

50

Propaganda Agência Amigos Art igos de

Jornais e

Revistas

Internet Outros

Ponte da Usina ACM

Page 75: Monografia Serra do Cipó

74

Na questão sobre os motivos que levaram a visitar

as duas áreas, observamos vários aspectos com destaque para

a recreação e qualidade de vida.

Motivo de visita à área

4

7

11 12

9

12

7

10

4

12

4 3

911

97

31

17 17

14

8

11

1

28

0

5

10

15

20

25

30

Ponte da Usina ACM

A cessibilidade A ventura C aminhada

C ultura Lo cal F auna F érias

F lo ra F o to graf ia H istória

Qualidade de Vida R ecreação R elevância Eco lógica

Outro s

Referente a questão de quanto gastaram indo às duas

áreas, verifica-se na figura 40 que na ACM o valor total em

reais ultrapassou R$3.000,00 reais enquanto que na Ponte da

Usina não chegou a R$1.000,00 reais. Esta grande diferença

é explicada pelo nível de renda entre os turistas, pois na

ACM um número significativo possui rendas superiores a

R$1.000,00 reais e em contrapartida na ponte da usina as

renda não superam R$500,00 e R$1.000,00 reais.

Page 76: Monografia Serra do Cipó

75

Total em R$ (reais)

869

3470

0

1000

2000

3000

4000

Ponte da Usina ACM

Ponte da Usina ACM

O lixo produzido possui vários destinos, a lixeira,

o chão, os rios e muito outros, e analisando

especificamente as duas áreas e de acordo com a figura 42

pode-se perceber que a maioria respondeu que recolhe e

deposita em locais apropriados. No caso da ACM existem

várias lixeiras espalhadas pelo local, o que facilita o

recolhimento e deposição em locais apropriados. Na ponte da

usina, vários turistas levaram sacos plásticos para o

recolhimento dos dejetos porque devido o local não ser

monitorado não existe a fixação de lixeiras para melhor

organização do recolhimento do lixo. O interessante é

observar que uma parcela dos turistas da ponte da usina

disse que joga o lixo pelo próprio local, ou seja, no chão

e/ou leito do rio Paraúna o que compromete de certa forma o

ecossistema local.

Page 77: Monografia Serra do Cipó

76

O que faz com o lixo produzido

5,88%11,76%

0,00%

82,35%

0,00% 0,00% 4,00%

91,30%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Joga no chão Joga no curso d'água Recolhe e deposita

em locais adequados

Outros

Ponte da Usina ACM

Pode-se perceber nas duas tabelas que são vários os

lugares procurados pelos turistas, ou seja, as belezas

naturais como as próprias cachoeiras da região. O

interessante de observar, é que sete dos trinta e quatro

turistas que foram para a ponte da usina disseram que o

local preferido é o Véu da Noiva, uma grande queda d’água

que se localiza na ACM, local que cobra uma taxa para

entrar, onde através das taxas tem o objetivo de preservar

e fazer as devidas manutenções da área.

Page 78: Monografia Serra do Cipó

77

De acordo com a entrevista feita com os turistas nas

duas áreas, referente à contribuição para a conservação da

área, a maioria na ponte da usina disse que entendem que a

conservação da área depende da limpeza do local, e que os

visitantes não joguem lixo em locais indevidos preservando

assim a flora local. De acordo com os turistas da ACM, eles

disseram que acreditam que a conservação da área passa pelo

recolhimento adequado do lixo produzido e pela preservação

da natureza local.

A consciência ambiental também foi perguntada aos

turistas e os que estavam na ponte da usina disseram em sua

maioria que entendem como a preservação do local para uso

fruto futuro, e os que estavam na ACM disseram que é a não

degradação do meio ambiente, a preservação da fauna e da

flora com a finalidade de deixar o local do mesmo modo que

foi encontrado. Os entrevistados da ponte da usina dentro

dos problemas encontrados na área disseram que existem

lixos em locais inadequados, erosão as margens do rio,

“pedras” no rio, infra-estrutura precária (ponte antiga,

falta de lixeiras, áreas para refeições, etc) e falta de

fiscalização para uma melhor controle da área. Já na ACM a

maioria disse que os problemas encontrados foram o

Qual o seu local preferido na Serra do Cipó

Local Ponte da Usina

Bar 1

Véu da noiva 7

1ª vez 9

Rio Paraúna 5

Serra Morena 2

Juquinha 2

Cachoeira 1

Usina 7

Qual o seu local preferido na Serra do Cipó

Local ACM

Serra Morena 3

ACM 20

Cachoeira Grande 3

Cachoeiras 2

IBAMA 1

Capivara 1

Bar do Nando 2

Não tem 10

Não sabe 3

Tudo 1

Page 79: Monografia Serra do Cipó

78

desrespeito às normas do local (poluição sonora), excesso

de visitantes e a cobrança de taxas para a entrada e

permanência na área.

O modo como se diverte na Serra do Cipó também

foi perguntado e os turistas da ponte da usina disseram que

se divertem nadando no rio Paraúna, descansando, fazendo

caminhada e curtindo a natureza e na ACM, são as

caminhadas, fotografias, descanso e a apreciação da

natureza como meio de relaxamento.

Page 80: Monografia Serra do Cipó

79

Conclusão

Como se pode perceber é grande a diversidade dos

turistas que visitam a região em busca do lazer e do

descanso. Dentro deste panorama também a forma de ver,

compreender e atuar na Serra do Cipó se dá de maneira

diferenciada.

A Serra do Cipó dentro da sua área possui um

complexo paisagístico ambiental rico, o que torna a região

um centro atrativo que envolve a atividade turística e está

em amplo crescimento.

É importante ressaltar que todo esse crescimento

depende de um planejamento integrado que viabilize a

visitação dos turistas de maneira controlada e racional,

para que o desenvolvimento da região possa ocorrer não

apenas nos âmbitos natural e sócio-econômico, mas também no

que diz respeito a uma conscientização mútua do verdadeiro

valor que a Serra do Cipó possui. Agindo com racionalidade

através de órgãos governamentais e não-governametais e

também juntamente com toda a sociedade, os valores

ambientais, culturais e socioeconômicos poderão promover o

desenvolvimento sustentável de todas as áreas que compõem a

Serra do Cipó.

As variáveis pesquisadas contribuem para uma melhor

compreensão e análise da atividade turística na Serra do

Page 81: Monografia Serra do Cipó

80

Cipó, sendo que um estudo mais profundo e uma maior

conscientização por parte dos turistas, com melhores

práticas e um controle eficaz por parte dos órgãos

responsáveis, podem contribuir e ao mesmo tempo garantir

medidas que venham beneficiar os moradores locais e os

turistas que visitam ambas as áreas.

Page 82: Monografia Serra do Cipó

81

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