precarizaÇÃo do trabalho camponÊs em … · campo do município de candiba e seus desdobramentos...

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1 PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO CAMPONÊS EM CANDIBA/BA: SUJEIÇÃO/NEGAÇÃO AO CAPITAL Gislane Barbosa Fernandes 1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] Thaís Chaves Freires 2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [email protected] GT4: CAMPESINATO E AGRONEGÓCIO RESUMO A reprodução do campesinato na atualidade dá-se mediante as contradições do modo de produção capitalista. O processo de reprodução ampliada do capital precariza continuamente toda a classe trabalhadora. Os camponeses são inseridos em tal processo de maneira diferenciada, haja vista que a classe em questão detém parte do seu ciclo produtivo e preserva relações do trabalho concreto. Mediante a tal realidade, o Estado age de forma a assegurar as investidas do capital contra a classe a trabalhadora. No município de Candiba/BA, as investidas do capital para precarizar as relações de trabalho do camponês acontecem, sobretudo, via discurso de “conversão” do camponês em agricultor familiar, com o Estado corroborando tal processo com as políticas públicas de financiamento para as lavouras, objetivando condicionar o trabalho camponês à lógica da produtividade. Quando tal objetivo não é alcançando, os camponeses são “abandonados” em meio às dificuldades. Outra face desse processo é a mobilidade do trabalho, visto que o sustento apenas da produção no campo tornou-se praticamente impossível. Assim sendo, o camponês é obrigado a sujeitar-se a outras 1 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq). 2 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq). Bolsista CNPq/ iniciação Científica.

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PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO CAMPONÊS EM CANDIBA/BA:

SUJEIÇÃO/NEGAÇÃO AO CAPITAL

Gislane Barbosa Fernandes1

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

[email protected]

Thaís Chaves Freires2

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

[email protected]

GT4: CAMPESINATO E AGRONEGÓCIO

RESUMO

A reprodução do campesinato na atualidade dá-se mediante as contradições do modo de

produção capitalista. O processo de reprodução ampliada do capital precariza continuamente

toda a classe trabalhadora. Os camponeses são inseridos em tal processo de maneira

diferenciada, haja vista que a classe em questão detém parte do seu ciclo produtivo e preserva

relações do trabalho concreto. Mediante a tal realidade, o Estado age de forma a assegurar as

investidas do capital contra a classe a trabalhadora. No município de Candiba/BA, as

investidas do capital para precarizar as relações de trabalho do camponês acontecem,

sobretudo, via discurso de “conversão” do camponês em agricultor familiar, com o Estado

corroborando tal processo com as políticas públicas de financiamento para as lavouras,

objetivando condicionar o trabalho camponês à lógica da produtividade. Quando tal objetivo

não é alcançando, os camponeses são “abandonados” em meio às dificuldades. Outra face

desse processo é a mobilidade do trabalho, visto que o sustento apenas da produção no campo

tornou-se praticamente impossível. Assim sendo, o camponês é obrigado a sujeitar-se a outras

1 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de

Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq).

2 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de

Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq). Bolsista CNPq/

iniciação Científica.

2

formas de trabalho para garantir a permanência na terra, contudo não perde sua condição de

camponês.

PALAVRAS-CHAVE: Campesinato; Capital, trabalho, Precarização, Políticas Públicas.

1. INTRODUÇÃO

A reprodução da classe camponesa tem sido alvo de constantes debates no meio

acadêmico, em decorrência de suas particularidades. Portanto, perante a constância dos

debates, surgem diversas discordâncias metodológicas quanto ao assunto, existindo grupos de

pesquisa que chegam aos extremos de negar a necessidade da reprodução do trabalho familiar

na agricultura e da luta pela terra.

A presente pesquisa pretende analisar a reprodução camponesa não de forma idílica ou

desassociada das relações capitalistas, mas sim, entender a recriação do trabalho camponês

em face da reprodução ampliada do capital e as repercussões de tal processo.

No caso específico do campesinato em Candiba, embora se considere que este não

estabeleça um enfrentamento direto com a política de avanço do agronegócio (que não se

evidencia, concretamente, na área em estudo), isso não significa a inexistência de investidas

do capital para precarizar as condições de trabalho dos mesmos; sobretudo via discurso do

desenvolvimento agrícola embutido na propagação da agricultura familiar. Este discurso é

legitimado pelo Estado, principalmente através de políticas públicas de financiamento das

lavouras, condicionando o trabalho camponês à lógica da produtividade e das dívidas com os

Bancos.

Outro aspecto da precarização do trabalho camponês no município é a mobilidade do

trabalho, pois tais sujeitos são forçados a deixar a terra com a qual mantêm uma relação de

vínculo, para buscarem o assalariamento temporário durante parte do ano – principalmente em

lavouras de cana de açúcar (São Paulo) e de café (Minas Gerais). Tal situação se mostra

inevitável, visto que a sobrevivência somente do trabalho na própria terra tem se tornado

praticamente impossível.

Diante dos fatores supracitados tem-se pretendido, com esta pesquisa, analisar as

contradições da reprodução camponesa em Candiba, bem como as condições de trabalho

desses sujeitos diante do avanço das relações capitalistas de produção.

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2. METODOLOGIA

A presente pesquisa parte da essencialidade de compreensão do avanço do capital no

campo do município de Candiba e seus desdobramentos sobre a organização do trabalho

camponês. A visão idílica do campesinato deturpa as análises sobre a sua reprodução, posto

que o classe não está isolada das relações capitalistas. Muitas tentativas de negação ao

campesinato partem do principio de que a relação com o mercado tira o camponês de sua

condição, como se existisse um “manual” para caracterizá-lo, tendo na produção, apenas para

a sobrevivência, seu caráter primordial. Obviamente, tal discurso não acontece por acaso, o

termo “camponês” tornou-se “proibido”, haja vista que remete imediatamente à luta de

classes, pois os camponeses, no decorrer se sua história, têm ido de encontro aos interesses do

capital, resistindo e lutando para garantir seu modo de vida. Assim sendo, a existência

camponesa deve ser negada, associada ao passado e ao retrocesso, para não se tornar um

obstáculo a hegemonia burguesa.

Primordialmente, a pesquisa se dedica a entender o desenrolar do tripé

estado/capital/trabalho na reprodução camponesa do município, em que o Estado age para

perpetuar os desígnios do capital, seja por meio do discurso de desenvolvimento – através da

agricultura familiar – ou via políticas públicas – a partir do qual o Estado busca viabilizar

essas práticas. Assim, a questão agrária do município de Candiba-BA será estudada no seu

aspecto totalizante, estrutural e conjuntural, tendo em vista que a realidade do município não

poderá ser aplicada a todos os locais, mas que apresenta aspectos que podem ser vistos em

todo o espaço agrário brasileiro.

Posteriormente, se faz uma análise da precarização do trabalho dos camponeses via

mobilidade do trabalho e como tais camponeses estabelecem uma relação de sujeição/negação

com o capital ao utilizarem a mobilidade como estratégia de resistência na terra.

A pesquisa de campo deu-se, em princípio, com basenas vivências nas comunidades

rurais do município, acompanhando a organização do trabalho e o modo de vida dos

camponeses residentes. Contatos preliminares também foram estabelecidos durante as

reuniões das associações dos trabalhadores do campo, em que cada comunidade possui a sua

respectiva associação. Durante as reuniões são discutidas todas as demandas do trabalho na

terra, expondo as dificuldades e as possíveis formas de luta.

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Subsequentemente foram realizadas entrevistas com aproximadamente trinta famílias,

em sete comunidades, focando na organização do trabalho na terra, a vida em comunidade e

se acontecia entre os entrevistados o exercício de atividades não agrícolas. As famílias, em

sua grande maioria, detinham a posse da terra, nenhum dos entrevistados possui mais de cinco

hectares. Assim sendo, a pesquisa centrou-se em compreender ao máximo como acontece a

reprodução da vida destes sujeitos perante o avanço do capital.

3. O AVANÇO DO CAPITAL NO CAMPO

O avanço do capital se faz para muito além da questão industrial. Desde os primeiros

cercamentos de terra na Europa Feudal, o campo vem sentindo os desdobramentos de tal

processo. No Brasil atual, a organização da produção rural perpassa por uma série de

contradições que são inerentes ao modo de produção capitalista. Se por um lado o

agronegócio amplia-se no meio rural, por outro a luta pela terra amplia-se, também, de forma

significativa. Não há como o capital estender seus tentáculos no campo sem que gere uma

série de conflitos. A reprodução ampliada do capital nunca acontece de forma harmônica;este

processo é, sobretudo, desigual e contraditório.

Nas discussões pertinentes ao avanço do capital no campo brasileiro, encontram-se

várias vertentes teóricas. Em uma perspectiva teórica que se contrapõe a reprodução

camponesa, podem destacar-se as obras de Ricardo Abramovay e José Graziano da Silva, nas

quais os autores retratam o campesinato como extinto, divergindo, entretanto, quanto à

atualidade da questão agrícola.

Para Ricardo Abramovay (1992) o campesinato desapareceu, mas ainda existe a

pequena produção familiar, organizada, sobretudo, via part-time, ou seja, pequenos

agricultores que se dedicam a atividades não agrícolas como forma de complemento da renda.

As mudanças sofridas pela produção familiar na agricultura de hoje são tão profundas que se

não se encaminharam no sentido da diferenciação social, por outro lado não permitiram que as

características centrais da produção camponesa permanecessem (ABRAMOVAY, 1992).

Evidentemente, os camponeses não são e nunca foram entidades autárquicas

nem independentes, distinguindo-se assim de um sem-número de formas

diretamente comunitárias de vida. Entretanto, em que pesem não só sua

inserção, mas sua subordinação a universos mais amplos - traços que farão

do campesinato uma sociedade parcial (part-society) (ABRAMOVAY. 1992,

p 63)

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Para José Graziano da Silva (2001) o campo brasileiro está marcado pela

pluriatividade, onde os camponeses se integram ao mercado completamente e exercem as

mais variadas funções no meio rural, diante disso, a produção agrícola familiar não seria mais

suficiente para atender às demandas da sociedade, a solução viável seria o agronegócio, desse

modo os trabalhadores do campo sobreviveriam vendendo sua força de trabalho,tanto em

atividades não agrícolas, quanto em atividades ligadas ao agronegócio.

A agricultura não é mais a melhor forma de reinserção produtiva das

famílias rurais sem terra, especialmente em função do baixo nível de renda

gerado pelas as atividades tradicionais do setor. Pequenas áreas destinadas a

produzir apenas arroz-feijão, assim como outros produtos agrícolas

tradicionais, especialmente grãos, realmente não são mais viáveis. Mas,

felizmente, as atividades agrícolas tradicionais também não são mais as

únicas alternativas hoje disponíveis para a geração de ocupação e renda para

as famílias rurais. Assim é possível e é cada vez mais necessária uma

reforma agrária que crie novas formas de inserção produtiva para as famílias

rurais, seja nas “novas atividades agrícolas, seja nas ORNA. Por exemplo, na

agroindústria doméstica, que lhes permita agregar valor à sua produção

agropecuária, como também nos nichos de mercado propiciados pelas novas

atividades agrícolas a que nos referimos anteriormente; ou na construção

civil, ainda que seja de sua própria moradia; ou até mesmo na prestação de

serviços pessoais ou auxiliares de produção (SILVA, p. 12, 13. 2001)

Nas leituras de Ariovaldo Umbelino de Oliveira (2007); Marta Inez Marques (2008);

Suzane Tosta Souza (2008), entre outros, é percebido que o avanço do capital no campo se dá

mediante as contradições, com o campesinato se recriando em meio a tal avanço.

Se pensarmos no campesinato hoje, especificamente o campesinato

brasileiro, é preciso que se considere que este, ainda que por meio de sua

produção consiga suprir as necessidades da família, é notável a relação que

estabelecem com o mercado, a fim de adquirir os produtos que não produz.

Estas investidas do mercado frente à produção camponesa adquirem novos

significados e as estratégias atuais buscam promover às condições concretas

de sujeição do camponês as demandas do avanço do capital no campo

(SOUZA, p. 117, 2008)

Marques (2008) destaca que, o destino desta classe social se define ao longo de sua

própria história, a partir das posições que ela ocupa no campo de lutas que se forma em torno

da questão agrária e das escolhas e estratégias que adota em face dos possíveis historicamente

determinados. O capital não expande de forma absoluta o trabalho assalariado, por todo canto

e lugar, destruindo de forma total e absoluta o trabalho familiar camponês. Ao contrário, ele o

cria e recria para que sua produção seja possível, e com ela possa haver também a criação, de

novos capitalistas (OLIVEIRA, 1991).

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Assim sendo, a compreensão do campesinato deve perpassar pela análise do avanço

das relações capitalistas de produção. A classe camponesa se recria dentro das contradições

capitalistas, principalmente via luta e resistência pela/na terra. De fato, o capital investe

pesado e promove um processo de mudança substancial na vida das pessoas, e do campesinato

mais especificamente, transformando-o em massa consumidora e, muitas vezes, em força de

trabalho para o capital, o que não significa que os destrói completamente (SOUZA, 2008).

As investidas do capital no modo de vida camponês se fazem mediante a constante

precarização do trabalho e apropriação da renda da terra, mas, obviamente, algumas relações

não capitalistas são mantidas, visto que o capital não precisa investir diretamente no

camponês para capitalizar a renda da terra. Assim sendo, a manutenção de relações

camponesas, contraditoriamente, poupa gastos ao capital .

No campo do Município de Candiba as ações do capital para cooptação da classe

camponesa acontecem, sobretudo via discurso ideológico da agricultura familiar, que tende a

precarizar as condições de trabalhos com metas de produção e dívidas com os bancos. A outra

face de tais ações do capital é a insuficiência do trabalho na terra para garantir a

sobrevivência. Desse modo, os camponeses vendem parcialmente sua força de trabalho para

que possam permanecer na terra. Todo esse processo é corroborado pelo Estado, que age,

sobretudo, para viabilizar os interesses da classe burguesa.

3.1 Camponeses de Candiba no tripé Estado/capital/trabalho

O município de Candiba está localizado no Parque Estadual da Serra de Montes

Altos, a sudoeste de Salvador. Segundo O IBGE (2014) o PIB do município é de quase 83

milhões de reais, onde a agropecuária é responsável por cerca de 11 milhões deste total. O

município produz principalmente (anual), segundo o IBGE (2006), feijão fradinho (1298 t),

mandioca (1232 t) e milho (1378 t) e de leite (4225 L). Possui cerca de 35 mil ha de terras

produtivas, segundo o IBGE (2006), das quais, nas observações e contatos com os

agricultores constata-se que a maior parte é formada por pequenas propriedades, não havendo

produção em larga escala.

No entendimento teórico do processo de reprodução da classe camponesa em Candiba

é plausível destacar que os camponeses não existem em um sentido único – aquele sujeito

isolado de toda a amplitude do capitalismo – eles são parte da reprodução ampliada do capital.

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Mas os desdobramentos de tal processo na classe camponesa são diferenciados, haja vista que

o modo de vida do campesinato não se adéqua integralmente aos moldes capitalistas.

Não se pretende aqui “romantizar” o campesinato, mas, sim, analisar suas

especificidades frente ao modo de produção capitalista, entendê-lo como classe social que é, e

como sua reprodução acontece no bojo do movimento desigual e combinado do capital. A

produção do capital não pode ser entendida nos limites das relações especificamente

capitalistas, pois estas são, na essência, o processo de reprodução do capital. É uma espécie de

acumulação primitiva permanente do capital, necessária ao seu desenvolvimento (OLIVEIRA,

2007).

Na análise do processo de precarização do trabalho camponês em Candiba, pode-se

elencar a “conversão” em agricultor familiar como um dos principais fatores, tendo em vista

que o campesinato é costumeiramente “metralhado” pelo discurso dos bancos e do próprio

Estado cujo objetivo é fazer com que o camponês negue seu modo de vida. O Estado age de

modo a viabilizar tal discurso para garantir a reprodução do capital.

Como o Estado nasceu da necessidade de conter o antagonismo das classes,

e como, ao mesmo tempo, nasceu em meio ao conflito delas, é, por regra

geral, o Estado da classe mais poderosa, da classe economicamente

dominante, classe que, por intermédio dele, se converte também em classe

politicamente dominante e adquire novos meios para a repressão e

exploração da classe oprimida (ENGELS, 2006, p. 135)

Para Marx (1984) a burguesia utiliza a força do Estado para regular as condições de

trabalho para assegurar a geração de mais-valor e assim manter o trabalhador em um grau de

dependência. Assim sendo, a categoria trabalho é o cerne da dinâmica capitalista, pois só o

trabalho é capaz de gerar valor. Por isso, o capitalismo (corroborado pelo poder do Estado)

precariza e fragiliza a classe trabalhadora de todas as maneiras possíveis para extrair mais

valor. “O trabalho é um processo em que homem, com sua ação impulsiona e controla sua

interação com a natureza” (MARX, 2004).

Diante de sua reprodução ampliada, o capital engloba todos os setores da produção –

incluindo a agricultura – assim, o trabalho é transformado em mercadoria, se tornando cada

vez mais trabalho abstrato, mas o capital se assegura de que algumas relações concretas sejam

mantidas. “Existe um favorecimento do trabalho abstrato e uma precarização cada vez maior

das formas mais tradicionais de trabalho” (ANTUNES, 2008). Porém as formas tradicionais

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não deixam de existir. A reprodução ampliada do capitalismo é essencialmente contraditória,

ao mesmo tempo em que transforma a maior parte do trabalho em mercadoria, conserva

algumas relações não capitalistas que são necessárias a essa reprodução.

No Brasil, a Revolução Verde, a partir da década de 1970, é um dos principais

momentos para se compreender a reprodução camponesa da atualidade. Nesse período, o

discurso da agricultura familiar ganhou força considerável. Todos os pequenos proprietários

de terra, que produziam em pequena escala, foram vistos como potenciais agricultores

familiares, que produziriam exclusivamente para o mercado. Nesse propósito, como o termo

camponês traz uma enorme alusão à luta de classes, logicamente, políticas estatais e

multinacionais ligadas ao agronegócio não iriam utilizar tal conceituação.

No entendimento do campesinato e da agricultura familiar em Candiba, é

imprescindível salientar que, os camponeses entrevistados, em sua grande maioria, eram

donos das terras em que produziam, portanto, é necessária a reafirmação de que a condição da

posse da terra no campesinato se dá de forma diferente dos moldes capitalistas, tendo em vista

que, a produção tem com base o valor de uso e não a obtenção de lucro. A posse da terra é

uma condição necessária e fundamental a reprodução da família camponesa. “Tal posse é

definida, no geral, a partir dos costumes camponeses, com base na reprodução social da

família, não tendo o caráter que adquire numa agricultura capitalista, em que a propriedade da

terra tem por objetivo principal a extração da renda” (SOUZA, 2008).

Herdei a terra do meu pai, ele herdou do meu avô. A família sempre viveu

aqui e mesmo com todas as dificuldades não queremos sair. Com o meu

pedaço de terra sou livre pra plantar o que eu quero, não preciso pagar pra

plantar na terra de outra pessoa (Camponês entrevistado na comunidade

açude - Candiba, 2017)

Os camponeses entrevistados não mantêm uma produção unicamente de subsistência,

o que não os tira da sua condição, a subsunção ao mercado não se dá de forma integral, ainda

são donos de parte do seu tempo de trabalho. O vínculo e a sobrevivência são conceitos-chave

para a compreensão do campesinato no capitalismo, é dada à terra do camponês (ou a terra

onde trabalha, quando ele não é proprietário) a dimensão do valor de uso, mesmo quando se

vende o excedente, pois a renda não é o único e principal foco.

Trabalho na terra junto com meus filhos. Sempre vivi aqui e não pretendo

sair. Eu planto, aro a terra e colho, nos últimos anos nem estou vendendo

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nada, porque a produção só dá para o sustento mesmo, a chuva está pouca

(V. V. L. Camponês entrevistado na comunidade Aroeira - Candiba. 2017)

Sabe-se que a sobrevivência é o limite para a produção camponesa no campo, e não o

lucro médio. No trabalho camponês, uma parte da produção agrícola entra no consumo direto

do produtor, do camponês, como meio de subsistência imediata, e a outra parte, o excedente,

sob a forma de mercadoria, é comercializada. (OLIVEIRA, 2007, p.40).

O discurso da agricultura familiar trata o camponês como algo ultrapassado que

remete ao atraso e a pobreza, corroborando com a ideia de que deve ser superado por aqueles

que almejam o crescimento no campo. A luta pela terra, a reforma agrária e a concorrência

com o agronegócio não são mencionados. Como se o processo de “conversão” em agricultor

familiar acontecesse sem conflitualidades, não envolvendo linhas de crédito, dívidas com

Bancos e metas de produção a serem cumpridas.

As políticas públicas objetivam consolidar esse processo de “conversão em agricultor

familiar”, prometem o moderno, o rompimento com o passado, onde se produzia pouco e

apenas para consumo próprio. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (PRONAF) traz como proposta base, a discussão da família sobre a necessidade do

crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento

em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não

agropecuários. “A ideia do desenvolvimento rural (local) seguido dos adjetivos humano,

solidário, sustentável etc., forja os elementos que vão soldar os interesses centrais da

sociedade produtora de mercadorias, na qual subjaz a lógica da rentabilidade, da concorrência

e do controle social pelo capital” (MENDONÇA; THOMAZ JUNIOR, 2005).

Anunciando a inclusão da unidade familiar, via adoção de políticas de

reordenamentos territoriais em sintonia com o modelo de financeirização, a

linha de crédito do PRONAF tem mantido os mais pobres, os desprovidos da

terra, excluídosda possibilidade de permanência nela, já que as exigências

bancárias só têm permitido acesso aos recursos do programa de crédito, para

quem detém a propriedade ou que pode penhorar bens. (CONCEIÇÃO,

2007, p. 83)

No caso específico da zona rural de Candiba, os camponeses não se adéquam às

exigências de produtividade do PRONAF. O município enfrenta uma estiagem de mais de

cinco anos, a produção agrícola vem sofrendo em consequência disso, haja vista que, os

camponeses entrevistados, em sua grande maioria, não têm condições financeiras de arcar

com outros meios de irrigação, como poços artesianos, por exemplo. Assim sendo, a produção

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familiar fica completamente dependente do regime de chuvas. Diante da pouca produção dos

últimos anos, o PRONAF que tem como o discurso, justamente, aumentar a renda da família

agrícola, passou a negar a concessão de crédito.

Já tem muito tempo que não conseguimos financiamento do PRONAF, você

pode perguntar para todos os agricultores das comunidades aqui perto,

ninguém consegue mais. Como nos últimos anos tem chovido pouco, todo

mundo daqui conseguia um abatimento da dívida, de pelo menos 50%. Todo

mês de abril, quando o pessoal do Banco vinha olhar as lavouras percebiam

que a produção era pouca, aí pararam de financiar. Nem a bolsa estiagem

estamos conseguindo mais, no ano passado (2016) mandamos 700 pedidos

ao programa, só 150 foram atendidos (Representante dos moradores da

comunidade de Lagoa da Pedra - Candiba, 2017).

As Políticas Públicas se inserem no campo mascarando os reordenamentos das

configurações da divisão social e territorial do trabalho sob o discurso dos novos paradigmas

da modernização tecnológica como reguladores do espaço através das relações de trabalho,

tendo como propósito uma nova reestruturação produtiva (CONCEIÇÃO, 2007). As políticas

públicas de financiamento para o campo trazem novas formas de organização que pouco ou

nada contribuem para a permanência camponesa, elas engessam a produção e só servem aos

interesses dos Bancos.

3.2 Camponeses de Candiba no processo de negação/subsunção ao capital via

mobilidade do trabalho.

O avanço do capital no campo de Candiba não se dá diretamente via expansão do

agronegócio, pois não se evidencia no município grandes propriedades de terras, ou produção

em larga escala, IBGE (2006). Alem da conversão em agricultor familiar, outro aspecto do

avanço do capital e consequentemente da precarização das relações de trabalho no campo de

Candiba, é a mobilidade do trabalho. Os desdobramentos de tal avanço tornam a

sobrevivência apenas da produção familiar praticamente impossível, assim sendo, o camponês

é obrigado a vender sua força de trabalho, exercendo, por vezes, atividades não agrícolas,

garantindo assim, a permanência na terra.

O desemprego estrutural faz com que a classe trabalhadora assalariada se mova para

diferentes lugares a procura de emprego. Para Gaudemar (1977) na mobilidade do trabalho

assalariado, o trabalhador fica a serviço do capital e de suas crises periódicas, se deslocando

de uma esfera produtiva para outra; na mobilidade camponesa, o camponês não está

completamente a serviço do capital, pois ainda controla parte seu ciclo produtivo. Quando a

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utilidade dos produtos do trabalho é perdida, o caráter útil dos trabalhadores inseridos nesse

processo também é perdido, assim as diferentes formas de trabalho concreto vão se

desvanecendo dando lugar ao trabalho abstrato (MARX, 1984).

A mobilidade do trabalhador camponês revela em si uma unidade

contraditória, é ao mesmo tempo condição de reprodução social, inclusive

para a permanência na terra e a sua reprodução enquanto camponês, como

também, por outro lado, deixa os trabalhadores a mercê da lógica

mercadológica, que os tornam produtores do trabalho excedente, ou seja, o

camponês realiza sua condição de resistência em permanecer no campo e

também realiza a produção da mais-valia. (MEIRA; SOUZA, 2013, p.1)

O trabalhador precisa estar subjugado ao capital, estar desprovido de qualquer

possibilidade de realizar no/e pelo trabalho, isto é, a força de trabalho precisa ser móvel para

manter os locais preparados para o capital (SOUZA, 2011). Nesse sentido, o trabalho móvel é

uma das condições para a reprodução do capital, ele molda os espaços de trabalho de acordo

com os seus interesses, domina o trabalhador de todas as formas para assim extrair mais valor.

Entretanto, a mobilidade do trabalho camponês dá-se de maneira diferenciada do trabalho

assalariado, pois o camponês ainda mantém elementos do trabalho concreto e controla parte

do seu ciclo produtivo, não estando assim, completamente “livre” para vender sua força de

trabalho.

A mobilidade do trabalho nos camponeses pesquisados se faz mediante a necessidade

de permanecer na terra, onde existe uma relação dialética de sujeição e negação com o capital,

partindo do pressuposto que os camponeses se assalariam durante parte do ano para assegurar

a resistência na terra. Gaudemar (1977) considera que a mobilidade do trabalho é uma das

principais características do trabalho transformado em mercadoria. Nesse sentido Gomes

(2009) ressalta que a classe trabalhadora e suas ações não podem ser compreendidas nos

marcos de um movimento apenas passivo no capitalismo. Muito pelo contrário, as lutas de

classes envolvendo os trabalhadores marcaram fortemente a história do modo de produção.

Harvey (2011) mostra que uma vez que a escassez de trabalho é sempre localizada, a

mobilidade geográfica do capital ou do trabalho (ou ambos) se torna fundamental na

regulação da dinâmica dos mercados de trabalho locais. Portanto, tanto o trabalhador

assalariado como o camponês se encontram em uma situação de imensa fragilidade perante o

capital, mas de formas diferenciadas, pois o camponês não está completamente subjugado, ele

é recriado dentro das contradições do modo de produção capitalista.

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Assim, o desenvolvimento contraditório do modo capitalista de produção,

particularmente em sua etapa monopolista, cria, recria, domina relações não-

capitalistas de produção como, por exemplo, o campesinato e a propriedade

capitalista da terra. A terra sob o capitalismo tem que ser entendida como

renda capitalizada [...] É o processo de sujeição do campesinato ao capital

quer está em marcha, uma sujeição que se dá sem que o trabalhador seja

expulso da terra, sem que se dê a expropriação de seus instrumentos de

produção. Assim, não há uma sujeição formal do trabalho ao capital, pois a

situação da agricultura não tem o mesmo conjunto de atributos e

especificidades com que se marcou a indústria, em função da qual esse

conceito foi formulado (OLIVEIRA, 2007. p 12,13).

No debate da Mobilidade do trabalho do camponês a lógica da pluriatividade surge

como „solução‟ para os problemas do campo, desconsiderando a exploração e precarização do

trabalho perante o assalariamento ao agronegócio e reduzindo a questão da luta pela terra a

algo defasado que não faz mais sentido na atualidade. O debate da pluriatividade nega as

conflitualidades existentes no campo, objetivando negar a condição de vida do camponês. As

rendas das atividades agropecuárias estão entre as menores remunerações que se pagavam no

país em 1990, tanto no meio urbano, como no meio rural. E que, portanto, a possibilidade da

pluriatividade com ocupações não-agrícolas era fundamental para elevar – e porque não dizer

também estabilizar – as rendas das pessoas residentes no meio rural em todo o país

(GRAZIANO DA SILVA, 1997).

O fato é que tais discursos acabam pondo em cheque a permanência histórica

dos camponeses e sua vinculação a terra e a atividade agrícola; mas, o mais

perigoso disso é a constatação de determinados intelectuais orgânicos da

bancada ruralista que, vinculados aos interesses do capital, passam a

divulgar a não necessidade da reforma agrária, já que a população do campo

não sobreviveria mais, eminentemente, das atividades agrícolas, negando

toda luta histórica dos trabalhadores assalariados e camponeses sem-terra,

para obter um pedaço de terra, numa estrutura agrária extremamente

perversa, como é o caso brasileiro, cujo acesso a esta só pode se dá mediante

o acirramento da luta de classes no campo. Aceitar a veracidade do discurso

da pluriatividade, defendido no Brasil pela vertente grazianista, seria negar e

existência de milhares de trabalhadores assalariados (rurais e urbanos) e

camponeses sem-terra que se organizam na luta pela terra, via movimentos

sociais, por meio de ocupações de terra, para fins de garantir, a partir da

produção agrícola a sua reprodução social. (SOUZA, 2008, p.130).

No grupo de camponeses pesquisados em Candiba, foi constatado que todos que

movem sua força de trabalho durante parte do ano realizam atividades não agrícolas para que

a permanência na terra não seja ameaçada. A mobilidade do trabalho não parte da vontade do

trabalhador, mas sim das condições de precarização que são impostas pelo capital. Os

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entrevistados que se assalariam durante parte do ano (principalmente para a colheita do café

em minas e da cana em São Paulo) alegam que o trabalho fora da terra é penoso e não é sob

nenhuma forma uma escolha, mas sim uma necessidade.

Se dependesse só de mim eu não sairia nunca para trabalhar fora. Lá a gente

sofre demais, longe da família da nossa terra e o trabalho é muito pesado.

Todo mundo que já cortou cana sabe como é, a gente não come e não dorme

direito, e recebe pela quantidade que corta ai, no fim dia você está morto não

aguenta mais nada (V. P. D. Camponês entrevistado na comunidade

Limoeiro – Candiba, 2017).

Nota-se que ao contrário das afirmações de Graziano da Silva (2001), o fim da

produção camponesa e o exercício de atividades assalariadas não é solução viável para os

problemas do campo. É puro reducionismo tratar o paradigma da questão agrária brasileira

por essa ótica, além da serventia aos interesses do agronegócio. Tal discurso tende a embasar

as estratégias de grilagem e expropriação no meio rural. Visto que a mobilidade do trabalho

não acontece de forma a ajudar o trabalhador, o único beneficiado é o capital, que move a

força de trabalho para assegurar a geração de mais-valor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A resistência na terra é um conceito chave para a compreensão da reprodução

camponesa em Candiba - BA, tal reprodução realiza-se em face às singularidades da dinâmica

capitalista, uma vez que os camponeses estabelecem uma relação dialética de

sujeição/resistência com o capital.

Nessa relação contraditória entre camponeses e capital, o Estado atua para assegurar os

interesses burgueses, criando as condições necessárias de precarização do trabalho, garantindo

a geração de mais valor. Desse modo, o Estado, não é entendido aqui como um agente neutro,

age no intuito de amenizar os antagonismos entre as classes, serve aos interesses burgueses e,

por conseguinte, aumenta a exploração da classe trabalhadora para garantir a produção de

mais-valor.

Especificando a relação Estado/capital/trabalho no município de Candiba - BA vê-se

que o Estado garante a legitimação do discurso do desenvolvimento via agricultura familiar

através das políticas públicas que subordinam a produção camponesa à lógica da

produtividade, capitalizando assim, a renda da terra. Como foi corroborado pelas entrevistas

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com os camponeses do local, durante o período de estiagem e consequentemente de redução

da produção, o PRONAF cortou imediatamente a concessão de crédito, com a justificativa de

que não era lucrativo manter o financiamento de pequenas lavouras que perderam a produção,

contudo o financiamento ao agronegócio é sempre mantido, independente das perdas, ou seja,

o corte na concessão de crédito, parte da estratégia de tornar a sobrevivência apenas do

trabalho familiar no campo ainda mais difícil, para condicionar a produção camponesa à aos

desígnios do capital, confirmando assim, a atuação do Estado como meio de garantir a

acumulação de capital e, portanto, a exploração da classe trabalhadora.

Para os camponeses, O PRONAF em nada tem ajudado para a permanência na terra, o

programa é apontado como um dos principais mecanismos para garantir a aposentadoria, pois,

segundo eles, as exigências para a concessão do benefício a trabalhadores do campo são

inúmeras, e aqueles que não detêm a posse legal da terra, precisam buscar outras formas para

provarem que de fato exercem tal trabalho. Assim sendo, a Declaração de Aptidão ao

PRONAF (DAP) acaba se tornando o principal meio para a aposentadoria, pois o documento

é uma espécie de “atestado” de que, determinado sujeito é de fato um “agricultor familiar”.

Segundo o próprio site da Secretaria Especial de Agricultura e Desenvolvimento Agrário

(2016), a declaração “é o passaporte para que agricultores e agricultoras familiares tenham

acesso às políticas públicas do Governo Federal”. Portanto, mais uma vez, percebe-se que o

discurso das políticas públicas de financiamento agrícola ocultam o objetivo do Estado de

sujeitar todo o campo ao capital.

Em meio a essas especificidades, a mobilidade surge como forma de assegurar a

permanência na terra dado que, de acordo com as entrevistas, a produção tem sido insuficiente

para o sustento, mesmo entre aqueles que aderiram a algum tipo de financiamento. Desse

modo, os camponeses são obrigados a vender sua força de trabalho em outros locais para

resistir na terra. A questão da mobilidade do trabalho não deve ser entendida como um mero

exercício de pluriatividades, pois tal leitura exclui as desigualdades e a exploração do trabalho

que são inerentes a tal processo. Assim sendo, a mobilidade do trabalho camponês não é um

meio de melhoria de vida, mas sim, um mecanismo utilizado pelo capital para precarizar as de

trabalho no campo e capitalizar a renda da terra.

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