1
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO CAMPONÊS EM CANDIBA/BA:
SUJEIÇÃO/NEGAÇÃO AO CAPITAL
Gislane Barbosa Fernandes1
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Thaís Chaves Freires2
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
GT4: CAMPESINATO E AGRONEGÓCIO
RESUMO
A reprodução do campesinato na atualidade dá-se mediante as contradições do modo de
produção capitalista. O processo de reprodução ampliada do capital precariza continuamente
toda a classe trabalhadora. Os camponeses são inseridos em tal processo de maneira
diferenciada, haja vista que a classe em questão detém parte do seu ciclo produtivo e preserva
relações do trabalho concreto. Mediante a tal realidade, o Estado age de forma a assegurar as
investidas do capital contra a classe a trabalhadora. No município de Candiba/BA, as
investidas do capital para precarizar as relações de trabalho do camponês acontecem,
sobretudo, via discurso de “conversão” do camponês em agricultor familiar, com o Estado
corroborando tal processo com as políticas públicas de financiamento para as lavouras,
objetivando condicionar o trabalho camponês à lógica da produtividade. Quando tal objetivo
não é alcançando, os camponeses são “abandonados” em meio às dificuldades. Outra face
desse processo é a mobilidade do trabalho, visto que o sustento apenas da produção no campo
tornou-se praticamente impossível. Assim sendo, o camponês é obrigado a sujeitar-se a outras
1 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de
Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq).
2 Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Mobilidade e Relação Campo Cidade (UESB/CNPq) e Grupo de
Pesquisa Estado, Capital, Trabalho e as Políticas de Reordenamentos Territoriais (UFS/CNPq). Bolsista CNPq/
iniciação Científica.
2
formas de trabalho para garantir a permanência na terra, contudo não perde sua condição de
camponês.
PALAVRAS-CHAVE: Campesinato; Capital, trabalho, Precarização, Políticas Públicas.
1. INTRODUÇÃO
A reprodução da classe camponesa tem sido alvo de constantes debates no meio
acadêmico, em decorrência de suas particularidades. Portanto, perante a constância dos
debates, surgem diversas discordâncias metodológicas quanto ao assunto, existindo grupos de
pesquisa que chegam aos extremos de negar a necessidade da reprodução do trabalho familiar
na agricultura e da luta pela terra.
A presente pesquisa pretende analisar a reprodução camponesa não de forma idílica ou
desassociada das relações capitalistas, mas sim, entender a recriação do trabalho camponês
em face da reprodução ampliada do capital e as repercussões de tal processo.
No caso específico do campesinato em Candiba, embora se considere que este não
estabeleça um enfrentamento direto com a política de avanço do agronegócio (que não se
evidencia, concretamente, na área em estudo), isso não significa a inexistência de investidas
do capital para precarizar as condições de trabalho dos mesmos; sobretudo via discurso do
desenvolvimento agrícola embutido na propagação da agricultura familiar. Este discurso é
legitimado pelo Estado, principalmente através de políticas públicas de financiamento das
lavouras, condicionando o trabalho camponês à lógica da produtividade e das dívidas com os
Bancos.
Outro aspecto da precarização do trabalho camponês no município é a mobilidade do
trabalho, pois tais sujeitos são forçados a deixar a terra com a qual mantêm uma relação de
vínculo, para buscarem o assalariamento temporário durante parte do ano – principalmente em
lavouras de cana de açúcar (São Paulo) e de café (Minas Gerais). Tal situação se mostra
inevitável, visto que a sobrevivência somente do trabalho na própria terra tem se tornado
praticamente impossível.
Diante dos fatores supracitados tem-se pretendido, com esta pesquisa, analisar as
contradições da reprodução camponesa em Candiba, bem como as condições de trabalho
desses sujeitos diante do avanço das relações capitalistas de produção.
3
2. METODOLOGIA
A presente pesquisa parte da essencialidade de compreensão do avanço do capital no
campo do município de Candiba e seus desdobramentos sobre a organização do trabalho
camponês. A visão idílica do campesinato deturpa as análises sobre a sua reprodução, posto
que o classe não está isolada das relações capitalistas. Muitas tentativas de negação ao
campesinato partem do principio de que a relação com o mercado tira o camponês de sua
condição, como se existisse um “manual” para caracterizá-lo, tendo na produção, apenas para
a sobrevivência, seu caráter primordial. Obviamente, tal discurso não acontece por acaso, o
termo “camponês” tornou-se “proibido”, haja vista que remete imediatamente à luta de
classes, pois os camponeses, no decorrer se sua história, têm ido de encontro aos interesses do
capital, resistindo e lutando para garantir seu modo de vida. Assim sendo, a existência
camponesa deve ser negada, associada ao passado e ao retrocesso, para não se tornar um
obstáculo a hegemonia burguesa.
Primordialmente, a pesquisa se dedica a entender o desenrolar do tripé
estado/capital/trabalho na reprodução camponesa do município, em que o Estado age para
perpetuar os desígnios do capital, seja por meio do discurso de desenvolvimento – através da
agricultura familiar – ou via políticas públicas – a partir do qual o Estado busca viabilizar
essas práticas. Assim, a questão agrária do município de Candiba-BA será estudada no seu
aspecto totalizante, estrutural e conjuntural, tendo em vista que a realidade do município não
poderá ser aplicada a todos os locais, mas que apresenta aspectos que podem ser vistos em
todo o espaço agrário brasileiro.
Posteriormente, se faz uma análise da precarização do trabalho dos camponeses via
mobilidade do trabalho e como tais camponeses estabelecem uma relação de sujeição/negação
com o capital ao utilizarem a mobilidade como estratégia de resistência na terra.
A pesquisa de campo deu-se, em princípio, com basenas vivências nas comunidades
rurais do município, acompanhando a organização do trabalho e o modo de vida dos
camponeses residentes. Contatos preliminares também foram estabelecidos durante as
reuniões das associações dos trabalhadores do campo, em que cada comunidade possui a sua
respectiva associação. Durante as reuniões são discutidas todas as demandas do trabalho na
terra, expondo as dificuldades e as possíveis formas de luta.
4
Subsequentemente foram realizadas entrevistas com aproximadamente trinta famílias,
em sete comunidades, focando na organização do trabalho na terra, a vida em comunidade e
se acontecia entre os entrevistados o exercício de atividades não agrícolas. As famílias, em
sua grande maioria, detinham a posse da terra, nenhum dos entrevistados possui mais de cinco
hectares. Assim sendo, a pesquisa centrou-se em compreender ao máximo como acontece a
reprodução da vida destes sujeitos perante o avanço do capital.
3. O AVANÇO DO CAPITAL NO CAMPO
O avanço do capital se faz para muito além da questão industrial. Desde os primeiros
cercamentos de terra na Europa Feudal, o campo vem sentindo os desdobramentos de tal
processo. No Brasil atual, a organização da produção rural perpassa por uma série de
contradições que são inerentes ao modo de produção capitalista. Se por um lado o
agronegócio amplia-se no meio rural, por outro a luta pela terra amplia-se, também, de forma
significativa. Não há como o capital estender seus tentáculos no campo sem que gere uma
série de conflitos. A reprodução ampliada do capital nunca acontece de forma harmônica;este
processo é, sobretudo, desigual e contraditório.
Nas discussões pertinentes ao avanço do capital no campo brasileiro, encontram-se
várias vertentes teóricas. Em uma perspectiva teórica que se contrapõe a reprodução
camponesa, podem destacar-se as obras de Ricardo Abramovay e José Graziano da Silva, nas
quais os autores retratam o campesinato como extinto, divergindo, entretanto, quanto à
atualidade da questão agrícola.
Para Ricardo Abramovay (1992) o campesinato desapareceu, mas ainda existe a
pequena produção familiar, organizada, sobretudo, via part-time, ou seja, pequenos
agricultores que se dedicam a atividades não agrícolas como forma de complemento da renda.
As mudanças sofridas pela produção familiar na agricultura de hoje são tão profundas que se
não se encaminharam no sentido da diferenciação social, por outro lado não permitiram que as
características centrais da produção camponesa permanecessem (ABRAMOVAY, 1992).
Evidentemente, os camponeses não são e nunca foram entidades autárquicas
nem independentes, distinguindo-se assim de um sem-número de formas
diretamente comunitárias de vida. Entretanto, em que pesem não só sua
inserção, mas sua subordinação a universos mais amplos - traços que farão
do campesinato uma sociedade parcial (part-society) (ABRAMOVAY. 1992,
p 63)
5
Para José Graziano da Silva (2001) o campo brasileiro está marcado pela
pluriatividade, onde os camponeses se integram ao mercado completamente e exercem as
mais variadas funções no meio rural, diante disso, a produção agrícola familiar não seria mais
suficiente para atender às demandas da sociedade, a solução viável seria o agronegócio, desse
modo os trabalhadores do campo sobreviveriam vendendo sua força de trabalho,tanto em
atividades não agrícolas, quanto em atividades ligadas ao agronegócio.
A agricultura não é mais a melhor forma de reinserção produtiva das
famílias rurais sem terra, especialmente em função do baixo nível de renda
gerado pelas as atividades tradicionais do setor. Pequenas áreas destinadas a
produzir apenas arroz-feijão, assim como outros produtos agrícolas
tradicionais, especialmente grãos, realmente não são mais viáveis. Mas,
felizmente, as atividades agrícolas tradicionais também não são mais as
únicas alternativas hoje disponíveis para a geração de ocupação e renda para
as famílias rurais. Assim é possível e é cada vez mais necessária uma
reforma agrária que crie novas formas de inserção produtiva para as famílias
rurais, seja nas “novas atividades agrícolas, seja nas ORNA. Por exemplo, na
agroindústria doméstica, que lhes permita agregar valor à sua produção
agropecuária, como também nos nichos de mercado propiciados pelas novas
atividades agrícolas a que nos referimos anteriormente; ou na construção
civil, ainda que seja de sua própria moradia; ou até mesmo na prestação de
serviços pessoais ou auxiliares de produção (SILVA, p. 12, 13. 2001)
Nas leituras de Ariovaldo Umbelino de Oliveira (2007); Marta Inez Marques (2008);
Suzane Tosta Souza (2008), entre outros, é percebido que o avanço do capital no campo se dá
mediante as contradições, com o campesinato se recriando em meio a tal avanço.
Se pensarmos no campesinato hoje, especificamente o campesinato
brasileiro, é preciso que se considere que este, ainda que por meio de sua
produção consiga suprir as necessidades da família, é notável a relação que
estabelecem com o mercado, a fim de adquirir os produtos que não produz.
Estas investidas do mercado frente à produção camponesa adquirem novos
significados e as estratégias atuais buscam promover às condições concretas
de sujeição do camponês as demandas do avanço do capital no campo
(SOUZA, p. 117, 2008)
Marques (2008) destaca que, o destino desta classe social se define ao longo de sua
própria história, a partir das posições que ela ocupa no campo de lutas que se forma em torno
da questão agrária e das escolhas e estratégias que adota em face dos possíveis historicamente
determinados. O capital não expande de forma absoluta o trabalho assalariado, por todo canto
e lugar, destruindo de forma total e absoluta o trabalho familiar camponês. Ao contrário, ele o
cria e recria para que sua produção seja possível, e com ela possa haver também a criação, de
novos capitalistas (OLIVEIRA, 1991).
6
Assim sendo, a compreensão do campesinato deve perpassar pela análise do avanço
das relações capitalistas de produção. A classe camponesa se recria dentro das contradições
capitalistas, principalmente via luta e resistência pela/na terra. De fato, o capital investe
pesado e promove um processo de mudança substancial na vida das pessoas, e do campesinato
mais especificamente, transformando-o em massa consumidora e, muitas vezes, em força de
trabalho para o capital, o que não significa que os destrói completamente (SOUZA, 2008).
As investidas do capital no modo de vida camponês se fazem mediante a constante
precarização do trabalho e apropriação da renda da terra, mas, obviamente, algumas relações
não capitalistas são mantidas, visto que o capital não precisa investir diretamente no
camponês para capitalizar a renda da terra. Assim sendo, a manutenção de relações
camponesas, contraditoriamente, poupa gastos ao capital .
No campo do Município de Candiba as ações do capital para cooptação da classe
camponesa acontecem, sobretudo via discurso ideológico da agricultura familiar, que tende a
precarizar as condições de trabalhos com metas de produção e dívidas com os bancos. A outra
face de tais ações do capital é a insuficiência do trabalho na terra para garantir a
sobrevivência. Desse modo, os camponeses vendem parcialmente sua força de trabalho para
que possam permanecer na terra. Todo esse processo é corroborado pelo Estado, que age,
sobretudo, para viabilizar os interesses da classe burguesa.
3.1 Camponeses de Candiba no tripé Estado/capital/trabalho
O município de Candiba está localizado no Parque Estadual da Serra de Montes
Altos, a sudoeste de Salvador. Segundo O IBGE (2014) o PIB do município é de quase 83
milhões de reais, onde a agropecuária é responsável por cerca de 11 milhões deste total. O
município produz principalmente (anual), segundo o IBGE (2006), feijão fradinho (1298 t),
mandioca (1232 t) e milho (1378 t) e de leite (4225 L). Possui cerca de 35 mil ha de terras
produtivas, segundo o IBGE (2006), das quais, nas observações e contatos com os
agricultores constata-se que a maior parte é formada por pequenas propriedades, não havendo
produção em larga escala.
No entendimento teórico do processo de reprodução da classe camponesa em Candiba
é plausível destacar que os camponeses não existem em um sentido único – aquele sujeito
isolado de toda a amplitude do capitalismo – eles são parte da reprodução ampliada do capital.
7
Mas os desdobramentos de tal processo na classe camponesa são diferenciados, haja vista que
o modo de vida do campesinato não se adéqua integralmente aos moldes capitalistas.
Não se pretende aqui “romantizar” o campesinato, mas, sim, analisar suas
especificidades frente ao modo de produção capitalista, entendê-lo como classe social que é, e
como sua reprodução acontece no bojo do movimento desigual e combinado do capital. A
produção do capital não pode ser entendida nos limites das relações especificamente
capitalistas, pois estas são, na essência, o processo de reprodução do capital. É uma espécie de
acumulação primitiva permanente do capital, necessária ao seu desenvolvimento (OLIVEIRA,
2007).
Na análise do processo de precarização do trabalho camponês em Candiba, pode-se
elencar a “conversão” em agricultor familiar como um dos principais fatores, tendo em vista
que o campesinato é costumeiramente “metralhado” pelo discurso dos bancos e do próprio
Estado cujo objetivo é fazer com que o camponês negue seu modo de vida. O Estado age de
modo a viabilizar tal discurso para garantir a reprodução do capital.
Como o Estado nasceu da necessidade de conter o antagonismo das classes,
e como, ao mesmo tempo, nasceu em meio ao conflito delas, é, por regra
geral, o Estado da classe mais poderosa, da classe economicamente
dominante, classe que, por intermédio dele, se converte também em classe
politicamente dominante e adquire novos meios para a repressão e
exploração da classe oprimida (ENGELS, 2006, p. 135)
Para Marx (1984) a burguesia utiliza a força do Estado para regular as condições de
trabalho para assegurar a geração de mais-valor e assim manter o trabalhador em um grau de
dependência. Assim sendo, a categoria trabalho é o cerne da dinâmica capitalista, pois só o
trabalho é capaz de gerar valor. Por isso, o capitalismo (corroborado pelo poder do Estado)
precariza e fragiliza a classe trabalhadora de todas as maneiras possíveis para extrair mais
valor. “O trabalho é um processo em que homem, com sua ação impulsiona e controla sua
interação com a natureza” (MARX, 2004).
Diante de sua reprodução ampliada, o capital engloba todos os setores da produção –
incluindo a agricultura – assim, o trabalho é transformado em mercadoria, se tornando cada
vez mais trabalho abstrato, mas o capital se assegura de que algumas relações concretas sejam
mantidas. “Existe um favorecimento do trabalho abstrato e uma precarização cada vez maior
das formas mais tradicionais de trabalho” (ANTUNES, 2008). Porém as formas tradicionais
8
não deixam de existir. A reprodução ampliada do capitalismo é essencialmente contraditória,
ao mesmo tempo em que transforma a maior parte do trabalho em mercadoria, conserva
algumas relações não capitalistas que são necessárias a essa reprodução.
No Brasil, a Revolução Verde, a partir da década de 1970, é um dos principais
momentos para se compreender a reprodução camponesa da atualidade. Nesse período, o
discurso da agricultura familiar ganhou força considerável. Todos os pequenos proprietários
de terra, que produziam em pequena escala, foram vistos como potenciais agricultores
familiares, que produziriam exclusivamente para o mercado. Nesse propósito, como o termo
camponês traz uma enorme alusão à luta de classes, logicamente, políticas estatais e
multinacionais ligadas ao agronegócio não iriam utilizar tal conceituação.
No entendimento do campesinato e da agricultura familiar em Candiba, é
imprescindível salientar que, os camponeses entrevistados, em sua grande maioria, eram
donos das terras em que produziam, portanto, é necessária a reafirmação de que a condição da
posse da terra no campesinato se dá de forma diferente dos moldes capitalistas, tendo em vista
que, a produção tem com base o valor de uso e não a obtenção de lucro. A posse da terra é
uma condição necessária e fundamental a reprodução da família camponesa. “Tal posse é
definida, no geral, a partir dos costumes camponeses, com base na reprodução social da
família, não tendo o caráter que adquire numa agricultura capitalista, em que a propriedade da
terra tem por objetivo principal a extração da renda” (SOUZA, 2008).
Herdei a terra do meu pai, ele herdou do meu avô. A família sempre viveu
aqui e mesmo com todas as dificuldades não queremos sair. Com o meu
pedaço de terra sou livre pra plantar o que eu quero, não preciso pagar pra
plantar na terra de outra pessoa (Camponês entrevistado na comunidade
açude - Candiba, 2017)
Os camponeses entrevistados não mantêm uma produção unicamente de subsistência,
o que não os tira da sua condição, a subsunção ao mercado não se dá de forma integral, ainda
são donos de parte do seu tempo de trabalho. O vínculo e a sobrevivência são conceitos-chave
para a compreensão do campesinato no capitalismo, é dada à terra do camponês (ou a terra
onde trabalha, quando ele não é proprietário) a dimensão do valor de uso, mesmo quando se
vende o excedente, pois a renda não é o único e principal foco.
Trabalho na terra junto com meus filhos. Sempre vivi aqui e não pretendo
sair. Eu planto, aro a terra e colho, nos últimos anos nem estou vendendo
9
nada, porque a produção só dá para o sustento mesmo, a chuva está pouca
(V. V. L. Camponês entrevistado na comunidade Aroeira - Candiba. 2017)
Sabe-se que a sobrevivência é o limite para a produção camponesa no campo, e não o
lucro médio. No trabalho camponês, uma parte da produção agrícola entra no consumo direto
do produtor, do camponês, como meio de subsistência imediata, e a outra parte, o excedente,
sob a forma de mercadoria, é comercializada. (OLIVEIRA, 2007, p.40).
O discurso da agricultura familiar trata o camponês como algo ultrapassado que
remete ao atraso e a pobreza, corroborando com a ideia de que deve ser superado por aqueles
que almejam o crescimento no campo. A luta pela terra, a reforma agrária e a concorrência
com o agronegócio não são mencionados. Como se o processo de “conversão” em agricultor
familiar acontecesse sem conflitualidades, não envolvendo linhas de crédito, dívidas com
Bancos e metas de produção a serem cumpridas.
As políticas públicas objetivam consolidar esse processo de “conversão em agricultor
familiar”, prometem o moderno, o rompimento com o passado, onde se produzia pouco e
apenas para consumo próprio. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (PRONAF) traz como proposta base, a discussão da família sobre a necessidade do
crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento
em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não
agropecuários. “A ideia do desenvolvimento rural (local) seguido dos adjetivos humano,
solidário, sustentável etc., forja os elementos que vão soldar os interesses centrais da
sociedade produtora de mercadorias, na qual subjaz a lógica da rentabilidade, da concorrência
e do controle social pelo capital” (MENDONÇA; THOMAZ JUNIOR, 2005).
Anunciando a inclusão da unidade familiar, via adoção de políticas de
reordenamentos territoriais em sintonia com o modelo de financeirização, a
linha de crédito do PRONAF tem mantido os mais pobres, os desprovidos da
terra, excluídosda possibilidade de permanência nela, já que as exigências
bancárias só têm permitido acesso aos recursos do programa de crédito, para
quem detém a propriedade ou que pode penhorar bens. (CONCEIÇÃO,
2007, p. 83)
No caso específico da zona rural de Candiba, os camponeses não se adéquam às
exigências de produtividade do PRONAF. O município enfrenta uma estiagem de mais de
cinco anos, a produção agrícola vem sofrendo em consequência disso, haja vista que, os
camponeses entrevistados, em sua grande maioria, não têm condições financeiras de arcar
com outros meios de irrigação, como poços artesianos, por exemplo. Assim sendo, a produção
10
familiar fica completamente dependente do regime de chuvas. Diante da pouca produção dos
últimos anos, o PRONAF que tem como o discurso, justamente, aumentar a renda da família
agrícola, passou a negar a concessão de crédito.
Já tem muito tempo que não conseguimos financiamento do PRONAF, você
pode perguntar para todos os agricultores das comunidades aqui perto,
ninguém consegue mais. Como nos últimos anos tem chovido pouco, todo
mundo daqui conseguia um abatimento da dívida, de pelo menos 50%. Todo
mês de abril, quando o pessoal do Banco vinha olhar as lavouras percebiam
que a produção era pouca, aí pararam de financiar. Nem a bolsa estiagem
estamos conseguindo mais, no ano passado (2016) mandamos 700 pedidos
ao programa, só 150 foram atendidos (Representante dos moradores da
comunidade de Lagoa da Pedra - Candiba, 2017).
As Políticas Públicas se inserem no campo mascarando os reordenamentos das
configurações da divisão social e territorial do trabalho sob o discurso dos novos paradigmas
da modernização tecnológica como reguladores do espaço através das relações de trabalho,
tendo como propósito uma nova reestruturação produtiva (CONCEIÇÃO, 2007). As políticas
públicas de financiamento para o campo trazem novas formas de organização que pouco ou
nada contribuem para a permanência camponesa, elas engessam a produção e só servem aos
interesses dos Bancos.
3.2 Camponeses de Candiba no processo de negação/subsunção ao capital via
mobilidade do trabalho.
O avanço do capital no campo de Candiba não se dá diretamente via expansão do
agronegócio, pois não se evidencia no município grandes propriedades de terras, ou produção
em larga escala, IBGE (2006). Alem da conversão em agricultor familiar, outro aspecto do
avanço do capital e consequentemente da precarização das relações de trabalho no campo de
Candiba, é a mobilidade do trabalho. Os desdobramentos de tal avanço tornam a
sobrevivência apenas da produção familiar praticamente impossível, assim sendo, o camponês
é obrigado a vender sua força de trabalho, exercendo, por vezes, atividades não agrícolas,
garantindo assim, a permanência na terra.
O desemprego estrutural faz com que a classe trabalhadora assalariada se mova para
diferentes lugares a procura de emprego. Para Gaudemar (1977) na mobilidade do trabalho
assalariado, o trabalhador fica a serviço do capital e de suas crises periódicas, se deslocando
de uma esfera produtiva para outra; na mobilidade camponesa, o camponês não está
completamente a serviço do capital, pois ainda controla parte seu ciclo produtivo. Quando a
11
utilidade dos produtos do trabalho é perdida, o caráter útil dos trabalhadores inseridos nesse
processo também é perdido, assim as diferentes formas de trabalho concreto vão se
desvanecendo dando lugar ao trabalho abstrato (MARX, 1984).
A mobilidade do trabalhador camponês revela em si uma unidade
contraditória, é ao mesmo tempo condição de reprodução social, inclusive
para a permanência na terra e a sua reprodução enquanto camponês, como
também, por outro lado, deixa os trabalhadores a mercê da lógica
mercadológica, que os tornam produtores do trabalho excedente, ou seja, o
camponês realiza sua condição de resistência em permanecer no campo e
também realiza a produção da mais-valia. (MEIRA; SOUZA, 2013, p.1)
O trabalhador precisa estar subjugado ao capital, estar desprovido de qualquer
possibilidade de realizar no/e pelo trabalho, isto é, a força de trabalho precisa ser móvel para
manter os locais preparados para o capital (SOUZA, 2011). Nesse sentido, o trabalho móvel é
uma das condições para a reprodução do capital, ele molda os espaços de trabalho de acordo
com os seus interesses, domina o trabalhador de todas as formas para assim extrair mais valor.
Entretanto, a mobilidade do trabalho camponês dá-se de maneira diferenciada do trabalho
assalariado, pois o camponês ainda mantém elementos do trabalho concreto e controla parte
do seu ciclo produtivo, não estando assim, completamente “livre” para vender sua força de
trabalho.
A mobilidade do trabalho nos camponeses pesquisados se faz mediante a necessidade
de permanecer na terra, onde existe uma relação dialética de sujeição e negação com o capital,
partindo do pressuposto que os camponeses se assalariam durante parte do ano para assegurar
a resistência na terra. Gaudemar (1977) considera que a mobilidade do trabalho é uma das
principais características do trabalho transformado em mercadoria. Nesse sentido Gomes
(2009) ressalta que a classe trabalhadora e suas ações não podem ser compreendidas nos
marcos de um movimento apenas passivo no capitalismo. Muito pelo contrário, as lutas de
classes envolvendo os trabalhadores marcaram fortemente a história do modo de produção.
Harvey (2011) mostra que uma vez que a escassez de trabalho é sempre localizada, a
mobilidade geográfica do capital ou do trabalho (ou ambos) se torna fundamental na
regulação da dinâmica dos mercados de trabalho locais. Portanto, tanto o trabalhador
assalariado como o camponês se encontram em uma situação de imensa fragilidade perante o
capital, mas de formas diferenciadas, pois o camponês não está completamente subjugado, ele
é recriado dentro das contradições do modo de produção capitalista.
12
Assim, o desenvolvimento contraditório do modo capitalista de produção,
particularmente em sua etapa monopolista, cria, recria, domina relações não-
capitalistas de produção como, por exemplo, o campesinato e a propriedade
capitalista da terra. A terra sob o capitalismo tem que ser entendida como
renda capitalizada [...] É o processo de sujeição do campesinato ao capital
quer está em marcha, uma sujeição que se dá sem que o trabalhador seja
expulso da terra, sem que se dê a expropriação de seus instrumentos de
produção. Assim, não há uma sujeição formal do trabalho ao capital, pois a
situação da agricultura não tem o mesmo conjunto de atributos e
especificidades com que se marcou a indústria, em função da qual esse
conceito foi formulado (OLIVEIRA, 2007. p 12,13).
No debate da Mobilidade do trabalho do camponês a lógica da pluriatividade surge
como „solução‟ para os problemas do campo, desconsiderando a exploração e precarização do
trabalho perante o assalariamento ao agronegócio e reduzindo a questão da luta pela terra a
algo defasado que não faz mais sentido na atualidade. O debate da pluriatividade nega as
conflitualidades existentes no campo, objetivando negar a condição de vida do camponês. As
rendas das atividades agropecuárias estão entre as menores remunerações que se pagavam no
país em 1990, tanto no meio urbano, como no meio rural. E que, portanto, a possibilidade da
pluriatividade com ocupações não-agrícolas era fundamental para elevar – e porque não dizer
também estabilizar – as rendas das pessoas residentes no meio rural em todo o país
(GRAZIANO DA SILVA, 1997).
O fato é que tais discursos acabam pondo em cheque a permanência histórica
dos camponeses e sua vinculação a terra e a atividade agrícola; mas, o mais
perigoso disso é a constatação de determinados intelectuais orgânicos da
bancada ruralista que, vinculados aos interesses do capital, passam a
divulgar a não necessidade da reforma agrária, já que a população do campo
não sobreviveria mais, eminentemente, das atividades agrícolas, negando
toda luta histórica dos trabalhadores assalariados e camponeses sem-terra,
para obter um pedaço de terra, numa estrutura agrária extremamente
perversa, como é o caso brasileiro, cujo acesso a esta só pode se dá mediante
o acirramento da luta de classes no campo. Aceitar a veracidade do discurso
da pluriatividade, defendido no Brasil pela vertente grazianista, seria negar e
existência de milhares de trabalhadores assalariados (rurais e urbanos) e
camponeses sem-terra que se organizam na luta pela terra, via movimentos
sociais, por meio de ocupações de terra, para fins de garantir, a partir da
produção agrícola a sua reprodução social. (SOUZA, 2008, p.130).
No grupo de camponeses pesquisados em Candiba, foi constatado que todos que
movem sua força de trabalho durante parte do ano realizam atividades não agrícolas para que
a permanência na terra não seja ameaçada. A mobilidade do trabalho não parte da vontade do
trabalhador, mas sim das condições de precarização que são impostas pelo capital. Os
13
entrevistados que se assalariam durante parte do ano (principalmente para a colheita do café
em minas e da cana em São Paulo) alegam que o trabalho fora da terra é penoso e não é sob
nenhuma forma uma escolha, mas sim uma necessidade.
Se dependesse só de mim eu não sairia nunca para trabalhar fora. Lá a gente
sofre demais, longe da família da nossa terra e o trabalho é muito pesado.
Todo mundo que já cortou cana sabe como é, a gente não come e não dorme
direito, e recebe pela quantidade que corta ai, no fim dia você está morto não
aguenta mais nada (V. P. D. Camponês entrevistado na comunidade
Limoeiro – Candiba, 2017).
Nota-se que ao contrário das afirmações de Graziano da Silva (2001), o fim da
produção camponesa e o exercício de atividades assalariadas não é solução viável para os
problemas do campo. É puro reducionismo tratar o paradigma da questão agrária brasileira
por essa ótica, além da serventia aos interesses do agronegócio. Tal discurso tende a embasar
as estratégias de grilagem e expropriação no meio rural. Visto que a mobilidade do trabalho
não acontece de forma a ajudar o trabalhador, o único beneficiado é o capital, que move a
força de trabalho para assegurar a geração de mais-valor.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A resistência na terra é um conceito chave para a compreensão da reprodução
camponesa em Candiba - BA, tal reprodução realiza-se em face às singularidades da dinâmica
capitalista, uma vez que os camponeses estabelecem uma relação dialética de
sujeição/resistência com o capital.
Nessa relação contraditória entre camponeses e capital, o Estado atua para assegurar os
interesses burgueses, criando as condições necessárias de precarização do trabalho, garantindo
a geração de mais valor. Desse modo, o Estado, não é entendido aqui como um agente neutro,
age no intuito de amenizar os antagonismos entre as classes, serve aos interesses burgueses e,
por conseguinte, aumenta a exploração da classe trabalhadora para garantir a produção de
mais-valor.
Especificando a relação Estado/capital/trabalho no município de Candiba - BA vê-se
que o Estado garante a legitimação do discurso do desenvolvimento via agricultura familiar
através das políticas públicas que subordinam a produção camponesa à lógica da
produtividade, capitalizando assim, a renda da terra. Como foi corroborado pelas entrevistas
14
com os camponeses do local, durante o período de estiagem e consequentemente de redução
da produção, o PRONAF cortou imediatamente a concessão de crédito, com a justificativa de
que não era lucrativo manter o financiamento de pequenas lavouras que perderam a produção,
contudo o financiamento ao agronegócio é sempre mantido, independente das perdas, ou seja,
o corte na concessão de crédito, parte da estratégia de tornar a sobrevivência apenas do
trabalho familiar no campo ainda mais difícil, para condicionar a produção camponesa à aos
desígnios do capital, confirmando assim, a atuação do Estado como meio de garantir a
acumulação de capital e, portanto, a exploração da classe trabalhadora.
Para os camponeses, O PRONAF em nada tem ajudado para a permanência na terra, o
programa é apontado como um dos principais mecanismos para garantir a aposentadoria, pois,
segundo eles, as exigências para a concessão do benefício a trabalhadores do campo são
inúmeras, e aqueles que não detêm a posse legal da terra, precisam buscar outras formas para
provarem que de fato exercem tal trabalho. Assim sendo, a Declaração de Aptidão ao
PRONAF (DAP) acaba se tornando o principal meio para a aposentadoria, pois o documento
é uma espécie de “atestado” de que, determinado sujeito é de fato um “agricultor familiar”.
Segundo o próprio site da Secretaria Especial de Agricultura e Desenvolvimento Agrário
(2016), a declaração “é o passaporte para que agricultores e agricultoras familiares tenham
acesso às políticas públicas do Governo Federal”. Portanto, mais uma vez, percebe-se que o
discurso das políticas públicas de financiamento agrícola ocultam o objetivo do Estado de
sujeitar todo o campo ao capital.
Em meio a essas especificidades, a mobilidade surge como forma de assegurar a
permanência na terra dado que, de acordo com as entrevistas, a produção tem sido insuficiente
para o sustento, mesmo entre aqueles que aderiram a algum tipo de financiamento. Desse
modo, os camponeses são obrigados a vender sua força de trabalho em outros locais para
resistir na terra. A questão da mobilidade do trabalho não deve ser entendida como um mero
exercício de pluriatividades, pois tal leitura exclui as desigualdades e a exploração do trabalho
que são inerentes a tal processo. Assim sendo, a mobilidade do trabalho camponês não é um
meio de melhoria de vida, mas sim, um mecanismo utilizado pelo capital para precarizar as de
trabalho no campo e capitalizar a renda da terra.
REFERÊNCIAS
15
ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. São Paulo:
HUCITEC/ANPOCS/UNICAMP, 1991.
ANTUNES, Ricardo Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do
mundo do trabalho. 13ª ed. – São Paulo: Cortez, 2008.
CONCEIÇÃO, Alexandrina Luz. Jovens Adarilhos do Curto Ciclo do Capital. In: Revista
Okara: Geografia em Debate. Vol. 1. N. p. 152. 2007. João Pessoa.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Tradução
de Ruth M. Klaus: 3ª. Centauro Editora, São Paulo, 2006.
GAUDEMAR, Jean-Paul de. Mobilidade do trabalho e acumulação do capital. Lisboa:
Editorial Estampa, 1977.
GOMES, Fábio Guedes. Mobilidade do Trabalho e Controle social: Trabalho e
Organizações na era Neoliberal. In: Rev. Sociologia Política, Curitiba, v. 17, n. 32, p. 33-
49, fev. 2009.
HARVEY, David. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. Tradução de João
Alexandre Peschanski. São Paulo: Boitempo, 2011. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário de 2006.
Disponível em
<www.cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/ba/candiba/pesquisa/24/27873?detalhes=true>
Consultado em 28 de maio de 2017.
MARQUES, Marta Inez Medeiros. Atualidade no Conceito de Camponês. In: Revista Nera,
Presidente Prudente, nº. 12, pp. 57-67, 2008.
MARX, Karl. O Capital. Critica da Economia Política. Editado por Friedrich Engels, 1894.
Apresentação de Jacob Gorender; Coordenação e revisão de Paul Singer; tradução de Regis
Barbosa e Flavio R. Kothe. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
_________. Manuscritos Econômico‐Filosóficos. São Paulo. Ed. Boitempo, 2004.
MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. THOMAZ JUNIOR, Antônio. Modernização
tecnológica e ocupação destrutiva do cerrado em Goiás: Os povos cerradeiros por um
território livre. In: Anais do III Simpósio Nacional de Geografia Agrária – II Simpósio
Internacional de Geografia Agrária Jornada Ariovaldo Umbelino de Oliveira – Presidente
Prudente, 2005.
MEIRA, Vandique Martiniano Santos. SOUSA, Suzane Tosta. Mobilidade do trabalho
camponês em Barra Nova/BA: subsunção e resistência ao capital. . In: Anais do Simpósio
Baiano de Geografia Agrária. Vitória da Conquista, 2013.
16
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Agricultura Camponesa no Brasil. Editora Contexto.
São Paulo, 1991.
________.Modo de Produção Capitalista, Agricultura e Reforma Agrária. 1º Ed. São
Paulo, 2007.
SECRETARIA ESPECIAL DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E FAMILIAR. Como
obter a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), 2016. Disponível em :
< www.mda.gov.br/sitemda/noticias/saiba-como-obter-declara%C3%A7%C3%A3o-de-
aptid%C3%A3o-ao-pronaf-dap> Consultado em 14 de julho de 2017.
SILVA, José Graziano da, O Novo Rural Brasileiro. In: Revista Nova Economia, v. 7, p. 43-
81. Belo Horizonte, 1997.
_________________. Velhos e novos mitos do rural brasileiro. Campinas, SP: Unicamp –
Instituto de Economia, 2001. 20p. Disponível em: http://www.rlc.fao.org/. Consultado em 15
de março de 2017.
SOUZA, Suzane Tosta. Da negação ao discurso “hegemônico” do capital à atualidade da
luta de classes no campo brasileiro. Camponeses em luta pelo/no território no Sudoeste
da Bahia. (Tese de Doutorado). NPGEO/UFS. Departamento de Geografia, São Cristóvão,
2008.
SOUZA, Dayse Maria. Do Chão da Terra ao Chão da Fábrica: As formas contraditórias
da Reprodução do Capitalismo no Espaço Agrário. (dissertação de mestrado) NPGE/UFS,
São Cristovão, 2011.