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Em Frente (Contacto com os Pré-seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal - Ano IX - nº 196 - Fevereiro de 2010 Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001-905 - FUNCHAL Telf.: 291 22 10 23 | Website: emfrente.wordpress.com | Email: [email protected] Impresso nos Serviços Privativos do Colégio Missionário Sagrado Coração - FUNCHAL Depósito Legal nº 120 306 Este ano a Quaresma começa logo na semana a seguir ao nosso pró- ximo ‘encontro’. E o ‘encontro’ seguinte ser| j| no fim da Quaresma. Ora, como nós costumamos fazer o 2º retiro do ano durante esse tempo litúr- gico de preparação para a P|scoa, (o 1º foi no ‘encontro’ de Setembro, no início do ano lectivo), seria bom poder fazê-lo logo no princípio. Mas acontece que as datas que temos programadas para os nossos ‘encontros formativos’ não o permitem, de modo que, mesmo sem reti- ro, falaremos da Quaresma, como tempo muito importante do ano litúr- gico, para tentarmos todos vivê-la da melhor maneira. Depois, quando fizermos o retiro, será já de olhos postos na Semana Santa e na grande festa da Páscoa. Vai ser uma forma de nos preparar- mos para essas celebrações litúrgicas, mas também uma oportunidade para cada um rever a sua vida nos dois períodos do ano lectivo que, nes- sa altura, já terão terminado. Quem ainda não sabe o que é um “retiro”, porque nunca teve a oportunidade de o fazer, não se preocupe. Não é nada complicado. Na ocasião ficará a saber. O importante é que cada pré-seminarista não espere pelo retiro para melhorar a sua vida. Essa deve ser uma preocupação e um cuidado de toda a Quaresma, como havemos de explicar, mas não só da Quares- ma, porque uma pessoa que pretende agradar a Deus, preocupa-se sem- pre com a correcção dos seus defeitos e com o cumprimento exacto das suas obrigações. Para te ajudar a ter esse cuidado aqui tens o teu jornalzinho que deves ler com atenção e interesse, como sempre recomendamos. Tam- bém a pensar na Quaresma e no retiro que faremos no mês de Março, reflecte sobre o que te dizemos na primeira página, recordando aquele estribilho que todos sabem de cor: “O desânimo só afecta os espíritos fracos”. Lê bem essa página, sem esquecer as outras, onde encontras muitas coisas muito importantes para a tua especial situação de pré- -seminarista. DATA: 13-14 de Fevereiro. CHEGADA: sempre entre as 9.00 h. e as 10.30, sem falta. REGRESSO A CASA: também como sempre, depois das 13.30 h. e até às 14.00. TRAZER: as coisas do costume, evitando esquecimentos que são sempre aborrecidos. Quando se trata das 3 coisas que é preciso entregar à chegada (cartão de pré-seminarista, Folhinha da Fidelidade e RRR), esses esquecimentos acabam por ficar registados na ficha pessoal de cada um, como já tem sido dito. O RRR a apresentar é o de Janeiro, para o qual tens de reler o Em Frente de Dezembro. Caro PRÉ-SEMINARISTA! Com o passar dos dias, das semanas e dos meses, é natural que tu sintas a tentação de esquecer a tua “especial situa- ção” de pré-seminarista e de ser pouco rigoroso no cum- primento fiel dos teus compromissos. Pode até acontecer que te apeteça desistir e acabar de vez com tudo aquilo a que te comprometeste. É natural, disse eu, porque faz parte da condição huma- na experimentar a tentação, como já foi explicado num dos nossos “encontros formativos”. Até Jesus, que é Deus que Se fez homem em tudo igual a nós excepto no pecado, quis sujei- tar-se à tentação. Mas não caiu. Sim, porque ser tentado é uma coisa, cair na tentação é outra. Por isso, não te admires, se te sentes tentado seja do que for. Mas não te deixes nunca levar pela tentação, seja ela qual for. Porque cair na tentação é fraqueza. Só os fracos, os homens sem vontade é que se dei- xam vencer pelo mal. Os fortes, os homens de vontade, esses sabem resistir. Não se deixam levar, mas, ao contrário, mantêm-se firmes nos seus propósitos, nas suas decisões, custe o que custar. É o que deves fazer. Deves ser forte, para saíres sempre vencedor. E, quanto à tua especial situação de pré-seminarista, deves ser capaz de resistir a qualquer tentação de desleixo e de desânimo. Deves, isso sim, esforçar-te por ser muito cumpridor de todas as tuas obrigações e por continuar em frente com entusiasmo e generosidade cada vez maiores. Já pensaste na impressão desagradável que dá um rapaz que é capaz de se entusiasmar de repente e, depois, em pouco tempo desani- ma e desiste? Que triste figura que faz! E que forma desastrosa de proce- der, quando a vida ainda mal está a começar! Que virá a ser no futuro aquele que hoje com toda a facilidade desiste dos seus bons propósitos e dá dito por não dito? Quem é o jovem que constrói o seu futuro sobre bases sólidas e garante, desde novo, o sucesso da sua vida? Não é, porventura, aquele que, mesmo sentindo a tentação do desânimo, resiste e se mantém firme nas suas decisões e compromissos? Esse é o caminho que deves seguir no teu dia a dia. Pede a Jesus e à sua e nossa Mãe que amparem a tua fraqueza, te ajudem a ser generoso e te tornem capaz dos esforços necessários para não te deixares vencer pelas tentações. Pe. Fernando Ribeiro, SCJ fevereiro

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Em Frente (Contacto com os Pré-seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal - Ano IX - nº 196 - Fevereiro de 2010

Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001-905 - FUNCHAL

Telf.: 291 22 10 23 | Website: emfrente.wordpress.com | Email: [email protected] Impresso nos Serviços Privativos do Colégio Missionário Sagrado Coração - FUNCHAL

Depósito Legal nº 120 306

Este ano a Quaresma começa logo na semana a seguir ao nosso pró-ximo ‘encontro’. E o ‘encontro’ seguinte ser| j| no fim da Quaresma. Ora, como nós costumamos fazer o 2º retiro do ano durante esse tempo litúr-gico de preparação para a P|scoa, (o 1º foi no ‘encontro’ de Setembro, no início do ano lectivo), seria bom poder fazê-lo logo no princípio. Mas acontece que as datas que temos programadas para os nossos ‘encontros formativos’ não o permitem, de modo que, mesmo sem reti-ro, falaremos da Quaresma, como tempo muito importante do ano litúr-gico, para tentarmos todos vivê-la da melhor maneira.

Depois, quando fizermos o retiro, será já de olhos postos na Semana Santa e na grande festa da Páscoa. Vai ser uma forma de nos preparar-mos para essas celebrações litúrgicas, mas também uma oportunidade para cada um rever a sua vida nos dois períodos do ano lectivo que, nes-sa altura, já terão terminado.

Quem ainda não sabe o que é um “retiro”, porque nunca teve a oportunidade de o fazer, não se preocupe. Não é nada complicado. Na ocasião ficará a saber.

O importante é que cada pré-seminarista não espere pelo retiro para melhorar a sua vida. Essa deve ser uma preocupação e um cuidado de toda a Quaresma, como havemos de explicar, mas não só da Quares-ma, porque uma pessoa que pretende agradar a Deus, preocupa-se sem-pre com a correcção dos seus defeitos e com o cumprimento exacto das suas obrigações.

Para te ajudar a ter esse cuidado aqui tens o teu jornalzinho que deves ler com atenção e interesse, como sempre recomendamos. Tam-bém a pensar na Quaresma e no retiro que faremos no mês de Março, reflecte sobre o que te dizemos na primeira página, recordando aquele estribilho que todos sabem de cor: “O desânimo só afecta os espíritos fracos”. Lê bem essa página, sem esquecer as outras, onde encontras muitas coisas muito importantes para a tua especial situação de pré- -seminarista.

DATA: 13-14 de Fevereiro. CHEGADA: sempre entre as 9.00 h. e as 10.30, sem falta. REGRESSO A CASA: também como sempre, depois das 13.30 h. e até às

14.00. TRAZER: as coisas do costume, evitando esquecimentos que são sempre

aborrecidos. Quando se trata das 3 coisas que é preciso entregar à chegada (cartão de pré-seminarista, Folhinha da Fidelidade e RRR), esses esquecimentos acabam por ficar registados na ficha pessoal de cada um, como já tem sido dito. O RRR a apresentar é o de Janeiro, para o qual tens de reler o Em Frente de Dezembro.

Caro PRÉ-SEMINARISTA! Com o passar dos dias, das semanas e dos meses, é natural

que tu sintas a tentação de esquecer a tua “especial situa-ção” de pré-seminarista e de ser pouco rigoroso no cum-primento fiel dos teus compromissos. Pode até acontecer que te apeteça desistir e acabar de vez com tudo aquilo a que te comprometeste.

É natural, disse eu, porque faz parte da condição huma-na experimentar a tentação, como já foi explicado num dos nossos “encontros formativos”. Até Jesus, que é Deus que Se fez homem em tudo igual a nós excepto no pecado, quis sujei-tar-se à tentação. Mas não caiu. Sim, porque ser tentado é uma coisa, cair na tentação é outra.

Por isso, não te admires, se te sentes tentado seja do que for. Mas não te deixes nunca levar pela tentação, seja ela qual for. Porque cair na tentação é fraqueza. Só os fracos, os homens sem vontade é que se dei-xam vencer pelo mal. Os fortes, os homens de vontade, esses sabem resistir. Não se deixam levar, mas, ao contrário, mantêm-se firmes nos seus propósitos, nas suas decisões, custe o que custar.

É o que deves fazer. Deves ser forte, para saíres sempre vencedor. E, quanto à tua especial situação de pré-seminarista, deves ser capaz de resistir a qualquer tentação de desleixo e de desânimo. Deves, isso sim, esforçar-te por ser muito cumpridor de todas as tuas obrigações e por continuar em frente com entusiasmo e generosidade cada vez maiores.

Já pensaste na impressão desagradável que dá um rapaz que é capaz de se entusiasmar de repente e, depois, em pouco tempo desani-ma e desiste? Que triste figura que faz! E que forma desastrosa de proce-der, quando a vida ainda mal está a começar! Que virá a ser no futuro aquele que hoje com toda a facilidade desiste dos seus bons propósitos e dá dito por não dito?

Quem é o jovem que constrói o seu futuro sobre bases sólidas e garante, desde novo, o sucesso da sua vida? Não é, porventura, aquele que, mesmo sentindo a tentação do desânimo, resiste e se mantém firme nas suas decisões e compromissos? Esse é o caminho que deves seguir no teu dia a dia.

Pede a Jesus e à sua e nossa Mãe que amparem a tua fraqueza, te ajudem a ser generoso e te tornem capaz dos esforços necessários para não te deixares vencer pelas tentações.

Pe. Fernando Ribeiro, SCJ fev

ere

iro

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Deus é o ser infinito. É poder, sabedoria, mas sobretudo AMOR. O amor tem a sua raiz e o seu fundamento objectivo na beleza e na bondade de

Deus. Existe, antes de mais, formalmente em Deus. Deus, conhecendo a sua amabi-lidade infinita, ama-Se infinitamente a Si mesmo. É um incêndio de amor.

Este amor divino comunica-se. Amando a sua beleza e a sua bondade, Deus dese-ja que se tornem conhecidas, amadas, louvadas. É por isso que cria os seres racio-nais.

A amabilidade de Deus reconduz a Deus as criaturas, os anjos e os homens: e, pelos homens, todas as criaturas que neles estão compreendidas e para eles foram feitas.

Deus mostrou-nos o seu amor especialmente através dos seus prodigiosos bene-fícios na Incarnação e na Redenção. É, portanto, amando a Deus por Si mesmo e por puro amor que seremos semelhantes a Ele. Será essa a nossa alegria eterna.

COMENTÁRIO:

Deus revelou-Se aos homens, ao longo dos tempos. A Bíblia é o conjunto livros que contém essa revelação. Pela Bíblia ficamos a saber quem é Deus, quais os seus atributos e características, assim como também o plano de amor e de salvação que Deus tem para os homens.

O Antigo Testamento dá-nos a conhecer sobretudo o poder de Deus criador e a sua sabedoria. No Novo Testamento, Deus revela-Se no seu Filho feito homem, Jesus. Com tudo aquilo que fez e com tudo aquilo que disse, Jesus deu-nos a conhecer, sobretudo o amor de Deus. O Apóstolo S. João que tão bem conheceu Jesus e aprendeu e fez a expe-riência da sua amizade, deixou escrito numa das suas cartas esta frase tão pequenina, mas, ao mesmo tempo, tão profunda e verdadeira: “Deus é amor”.

Esta maravilha impressionou fortemente os grandes amigos de Deus que foram os santos. E dela fala a Pe. Dehon neste breve texto.

Para ti, A PALAVRA DO PADRE DEHON

DEUS E AMOR -

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[eler] [eflectir] [esponder] 1.

2.

3.

4.

5.

6.

7. 8.

a) Refere algumas coisas importantes que o começo de um novo ano te oferece? b) Que oportunidade te oferece também o novo ano? c) Que precisas de perceber, que nem sempre é fácil de perceber? d) Quando é que a vida é útil? e) Que preocupação é um dos critérios para a descoberta da vocação? f) Qual é, afinal, o nosso maior inimigo?

a) Quais são os três presentes que Jesus espera de nós? b) Que deve acontecer { nossa ‘vontade’? c) Qual é o sacrifício agradável ao Sagrado Coração de Jesus?

a) Qual era o objectivo da longa viagem dos ‘Reis’ Magos? b) Foi fácil conseguir esse objectivo? c) Hoje não procuramos um Rei, mas procuramos o quê? d) E em quem achas que podemos confiar?

a) Que costumava dizer o ‘santo’ Padre Cruz, sempre que metia ao bolso alguma esmola?

b) Que atitude tinha sempre o Padre Cruz perante os pobres que encontrava?

a) Por que é que o autor do texto, que é sacerdote, diz que se considera uma ‘pessoa normal’?

b) Afinal, para que é preciso um pouco de loucura? c) O que é ‘crer’? d) Que pensavam também de Jesus os seus familiares? e) Por que motivo é difícil responder { pergunta. “por que és sacerdote?”

a) Que disse o pai do futuro Cardeal, quando este disse que ia para o Seminário? b) Que disse o pregador dos exercícios espirituais’ (retiro)? c) Que promessa tinha feito a mãe do futuro Cardeal?

a) Qual é o remédio mais eficaz para todos os defeitos, no dizer do Pe. Dehon? b) Quem é o verdadeiro homem no dizer do Cardeal Saraiva Martins?

Perguntas sobre o “Directório” (páginas 31-32) a) Quais são os compromissos fundamentais do pré-seminarista? b) Que espécies de compromissos derivam dos compromissos fundamentais? c) A que se destinam os compromissos de natureza espiritual? d) Que deve exigir ao pré-seminarista o cuidado de cultivar a semente da vocação? e) Que é que torna possível a disponibilidade?

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PARA LER E MEDITAR

Conta uma lenda que, no século III depois de Cristo, um pagão de estatura gigantesca chamado Cristóvão tomou a firme resolução de servir somente o senhor mais poderoso do mundo.

- Dizei-me qual é ele, - disse aos que o rodeavam, que eu irei imediatamente oferecer-lhe os meus serviços.

- O senhor mais poderoso do mundo é o rei - foi a resposta.

Cristóvão foi pôr-se ao serviço do rei. Certo dia, na corte, celebrava-se uma festa. Um dos tocadores de lira fingiu cantar o poder do demónio. Durante este canto, Cristóvão notou que o rei empali-deceu.

“Seria Satan|s mais poderoso que o rei?” - perguntou Cristóvão a si mesmo. E pôs-se logo ao serviço desse poder maior.

Pouco tempo depois, viajando um dia com Satanás, ao passar diante de um crucifixo que se encontrava à beira do caminho, viu que o seu senhor começou a tremer de medo e voltou atrás cobarde-mente.

“Este Crucificado é então mais pode-roso que o demónio!” - pensou Cristóvão. Mas quem era Ele? E, dirigindo-se ao monge que estava ajoelhado ao pé da Cruz, perguntou-lho. Ficou a saber que era Jesus.

- Como poderei eu servir ao Crucifica-do?

- Orando muito - respondeu o monge.

- Ma eu não sei o que é orar... - Então é preciso jejuares. - Como queres que eu jejue? Um corpo

como o meu precisa de comer muito. - Nesse caso, põe-te além, junto àque-

la torrente. Quando alguém quiser atra-vessar, leva-o às costas. Tens corpo e forças para isso, perece-me.

Durante longos anos, Cristóvão pas-sou às costas, de um lado para o outro, todas as pessoas que se apresentavam. Um dia viu na margem uma criança encantadora a pedir passagem. Cristóvão tomou-a com ternura, pô-la às costas, e avançou pela água fora. Em breve, porém, sentiu que nunca tinha carregado peso tão grande. Ao meio da torrente julgou que não ia ser capaz de chegar ao outro lado. Com enorme dificuldade, lá conseguiu colocar o menino na outra margem.

- Como és pesado, meu menino! - dis-se-lhe quase sem poder respirar. - Pare-ceu-me que trazia às costas o mundo inteiro.

- Não admira - respondeu o menino com um encanto enternecedor. - Aquele que acabas de trazer às costas é o Cria-dor de todo o mundo!

Não és um gigante, mas és um rapaz cheio de energia e dotado de muitas qua-lidades. Por alguém te foram dadas. E para alguma coisa também. Certamente para servir. A quem quererás tu servir?

Tihamer Toth

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Este amoroso enlace entre a iniciativa divina e a resposta

humana está presente também, de forma admirável, na vocação à vida consagrada. Recorda o Concílio Vaticano II: «Os conselhos evangélicos de castidade consagrada a Deus, de pobreza e de obediência, visto que fundados sobre a palavra e o exemplo de Cristo e recomendados pelos Apóstolos, pelos Padres, Doutores e Pastores da Igreja, são um dom divino, que a mesma Igreja recebeu do seu Senhor e com a sua graça sempre conser-va» (Lumen gentium, 43). Temos de novo aqui Jesus como o modelo exemplar de total e confiante adesão à vontade do Pai para onde deve olhar a pessoa consagrada. Atraídos por Ele mui-tos homens e mulheres, desde os primeiros séculos do cristianis-mo, abandonaram a família, os haveres, as riquezas materiais e tudo aquilo que humanamente é desejável, para seguir genero-samente a Cristo e viver sem reservas o seu Evangelho, que se tornou para eles escola de radical santidade. Ainda hoje são mui-tos os que percorrem este itinerário exigente de perfeição evan-gélica, e realizam a sua vocação na profissão dos conselhos evangélicos. O testemunho destes nossos irmãos e irmãs, tanto nos mosteiros de vida contemplativa como nos institutos e nas congregações de vida apostólica, recorda ao povo de Deus «aquele mistério do Reino de Deus que já actua na história, mas aguarda a sua plena realização nos céus» (Exort. ap. pós-sinodal Vita consecrata, 1). (Da Mensagem de 2009)

A PALAVRA DO PAPA, para ti

JESUS, modelo exemplar

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COMENTÁRIO: Estas palavras do Santo Padre Bento XVI vêm na continuação das que foram transcri-

tas e comentadas no Em Frente do mês passado e fazem parte da Mensagem para o Dia de Oração pelas Vocações que teve lugar em Abril passado.

O Papa fala de um ‘enlace’, que é que como se fosse um casamento (uma união) entre a vontade de Deus e a resposta da pessoa humana, que acontece tanto na vocação ao sacerdócio, como na vocação consagrada.

De facto, tanto na vocação sacerdotal como na vocação consagrada (ou vocação à vida religiosa), a iniciativa é de Deus que chama. Mas essa iniciativa ficaria sem efeito, se faltasse a resposta daquele que é chamado. Tem de haver esse encontro (ou casamento) entre as duas vontades – a de Deus e a do homem.

A respeito da vida religiosa (ou consagrada), o Papa fala dos três votos que os consa-grados fazem (castidade, pobreza e obediência), dizendo que eles têm o seu fundamen-to nas palavras e no exemplo de Jesus e que eles são um dom de Deus à Igreja.

O que Bento XVI diz a seguir significa que o grande modelo da vida consagrada é Jesus que aderiu com toda a confiança à vontade do seu Pai, para quem todo o consagrado deve olhar.

E, de facto, foi isso mesmo que fizeram tantos homens e mulheres ao longo da história, “muitos homens e mulheres, desde os primeiros séculos do cristianismo”. Olharam para Jesus e ficaram fascina-dos por Ele. Tão fascinados, que foram capazes de dei-xar tudo para O seguirem. Deixaram “a família, os haveres, as riquezas materiais e tudo aquilo que humanamente é desejável”. E tudo isso para “viver sem reservas o seu Evangelho”.

Mas o Papa não deixa de chamar a atenção para o facto de não só no passado mas também no presente serem muitos aqueles e aquelas que seguem o mesmo caminho (itinerário) e “realizam a sua vocação na profissão dos conselhos evangélicos”. Isso quer dizer que são cristãos totalmente consagrados ao Senhor, vivendo à maneira de Jesus, segundo os “conselhos evangélicos”.

Estas pessoas – diz ainda o Papa – recordam ao povo de Deus (que são todos os cris-tãos) o “mistério do Reino de Deus” que já se encontra presente no mundo, mas que se realizará de forma completa e total no céu.

Ser cristão de forma radical, seguindo a Jesus mais de perto em castidade, pobreza e obediência (que á a vida consagrada) é a vocação de muitos e pode ser também a tua, o que seria – podes crer – a maravilha das maravilhas. Foi a grande aspiração do Padre Dehon, mesmo depois de já ser sacerdote.

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sabedoria

10 grãos de

1. Vós sois a luz do mundo! Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte. (Jesus)

2. Verdadeiramente sábios são os que Vos seguem, Senhor, no desprezo do mundo e na mortificação da carne. (Imitação de Cristo)

3. A união com Nosso Senhor é o remédio mais eficaz para todos os defeitos. (Pe. Dehon)

4. A maior felicidade da alma neste mundo é encontrar uma vez na vida um verdadeiro homem de Deus. (Joubert)

5. Dizeis: “Os tempos são maus”. - Vivei bem e mudareis os tempos, vivendo bem. (S. Agostinho)

6. Vós perguntais-me um meio para chegar à perfeição; só conheço um: o amor. (S. Teresa do Menino Jesus)

7. É importante escolher as promessas verdadeiras, que abrem ao futuro, também com renúncias. Quem escolheu Deus, também na velhice tem um futuro sem fim e sem ameaças diante de si. (Bento XVI)

8. Quando olhamos para Jesus no Pão da Vida, compreendemos que continua a amar-nos hoje. Por isso devemos fazer que a nossa vida permaneça dis-ponível para acolher a Boa Nova que Jesus nos veio trazer. (Madre Teresa de Calcutá)

9. Só o santo é verdadeiramente homem. (Card. Saraiva Martins)

10. Se não temos uma alma missionária, não continuemos a rezar o Pai-Nosso: mentindo a Deus, traímos a causa de Cristo. (Padre Charles)

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Também recorda a contribuição de uma Irmã religiosa que lhe deu um exemplar da “Imitação de Cristo”, quando ainda estuda-va na escola.

O cardeal sublinha que leu durante toda a etapa do ensino médio e ainda conserva esse livro, que continua a ler e a meditar. Após 47 anos de sacerdócio, afirma que as principais dificuldades contra as quais luta pertencem { cultura, que “parece ser cada vez mais secularizada”.

Nascido nos arredores de Filadélfia em 1935, completou 74 anos em Novembro.

- A idade deixa-te mais lento e não podes fazer todas as coisas que gostarias” – reco-nhece. Mas acrescenta:

- Santo Inácio ensina-nos nos seus ‘Exercícios Espirituais’ que devemos entre-gar-nos a Deus na saúde e na enfermidade, na pobreza e na prosperidade. Portanto, devemos ser indiferentes neste sentido e limitar-nos a usar tudo para maior glória de Deus.

E explica que este é o seu lema episcopal: “ad maiorem Dei gloriam: para maior glória de Deus”.

Momentos memoráveis Apesar das dificuldades naturais que sur-

gem, o cardeal reconhece que houve alguns grandes momentos no seu sacerdó-cio. Recorda que os seus melhores momen-tos estão associados aos dois pontificados sob os quais pôde servir em Roma.

O cardeal realça especialmente as via-gens com o Papa João Paulo II em 1979 à Polónia e aos Estados Unidos, assim como as visitas com Bento XVI à Terra Santa e aos Estados Unidos, o ano passado. Acrescenta que outro ponto culminante do seu minis-tério sacerdotal é o trabalho que realizou durante 25 anos como comentarista para uma rede de televisão norte-americana nas cerimónias papais no Natal, Semana Santa e Sexta-Feira Santa.

- É um caminho de evangelização – expli-ca – explicar às pessoas o que está a acon-tecer na liturgia, para que possam apreciar o culto católico e outros possam introduzir--se no que cremos e em como trabalhamos como católicos.

- Tive momentos especiais de consolação, ajudando as pessoas a viverem o seu matri-mónio ou recebendo pessoas na Igreja.

Em concreto emociona-o o caso de “um companheiro de classe na universidade de Columbia que pediu para converter-se ao catolicismo; era judeu, um judeu não prati-cante”.

- Também muitas pessoas com as quais eu tinha tido debates quando estava na universidade, e com as quais havia discuti-do sobre teologia, decidiram finalmente converter-se ao catolicismo – acrescenta.

“Senhor, Tu me deste tudo o que tenho – a

minha vida, a minha famí-lia, a minha fé, uma edu-cação muito boa – e eu

quero devolver-Te tudo”

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UMA HISTÓRIA DE CADA VEZ

Como as demais pessoas de Campo Maior, aprendeu desde sempre a amar os espaços compridos, a vastidão dos campos, o sabor do sol forte do Alentejo. Joana Pratas Tanganho é uma mulher simples, de gostos seguros, capaz de se emocionar com o sorriso de uma criança, com o olhar triste de um pobre.

Não sabia, mas já andava perseguida pela necessidade de servir Deus, oferecendo toda a sua vida em missão, era ainda uma simples telefonista numa fábrica. Os seus dias tinham a simplicidade de uma rotina. A única coisa que quebrava essa monoto-nia era a leitura que ela fazia de algumas revistas que lhe mostravam que o mundo era bem mais comprido do que a estrada principal que atravessava Campo Maior.

E, nessas páginas coloridas, antevia um mundo de contradições. Havia gente pobre e pessoas muito ricas. Havia gente que sofria sem quase nada, num total abandono e havia tanto para fazer. E era com essa ideia de que era preciso fazer alguma coisa que arrumava as revistas e voltava à rotina da sua vida.

Os dias corriam assim, aparentemente felizes, até que houve o sobressalto da novidade. Numa das famílias mais chegadas à sua havia um missionário comboniano que tinha oferecido a sua vida aos mais pobres do mundo. Aquilo foi tão extraordiná-rio na sua simplicidade, que Joana e uma sua amiga passaram a ter ali, naquele exemplo, tema de conversa.

Joana não sabia, mas já estava a ser perseguida pela necessidade de servir Deus. Hoje, quando recorda esses tempos, diz que começou a sentir uma certa inquieta-ção. Havia ali o rumor de uma voz misteriosa a sussurrar-lhe que o ordenado de tele-fonista não era a riqueza, que o namoro que mantinha não era o Amor e que havia uma família imensa à sua espera lá longe. Esse sussurro dizia-lhe que estava a ser egoísta e ela contava isso, em voz alta, à sua amiga.

De conversa em conversa chegaram as duas a participar numa semana vocacio-nal. Aí Joana descobriu que, além dela e da sua amiga, havia outros rapazes e rapari-gas, também descontentes com os empregos, insatisfeitos com o amor que não podiam dar, sequiosos de fazer qualquer coisa mais. Mas o quê? Joana nunca mais esquece aquele dia 22 de Agosto em que se decidiu pela vida consagrada.

De telefonista a missionária

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PEDI AO SENHOR

DA SEARA “Pedi ao Senhor da seara que mande mais

trabalhadores para a sua seara” A exortação é de Jesus. Mantém sempre a sua actualidade. E põe em realce o lugar da oração - a oração de súplica: “Pedi”.

A exortação de Jesus não tem destinatários determinados. É para mim, é para ti, é para todos.

Quem reza reconhece, adora, louva, agra-dece, dialoga, pede luz, boa vontade, perseve-rança, discernimento. Quem reza declara-se disponível para a vontade de Deus (“seja feita a vossa vontade”) e torna-se colaborador do projecto de salvação (“Venha a nós o vosso Reino”).

A oração é comunhão: partilha dos anseios, tomada de responsabilidades, atitude de com-promisso. Exactamente aqui se coloca a necessidade ou dever de rezar “para que o Senhor mande mais operários para a sua sea-ra”.

Aquele que reza é, por vocação, um ‘discípulo’ de Jesus, intimamente associado { missão de salvação de Cristo redentor. ‘Associado’ significa pessoalmente envolvido a todos os níveis.

Mas que faz a oração nesse sentido? Resol-ve o problema da falta de trabalhadores? Se a tarefa é de Deus - trata-se do seu Reino - por que devo eu rezar? O Senhor vê os problemas, conhece as necessidades, ouve o clamor dos pobres, sabe que há falta de trabalhadores.

A resposta a esta objecção nunca pode ser completa. Esbarra com o mistério em que se cruzam o poder de Deus e a liberdade huma-na. Deus precisa dos homens, os homens pre-cisam de Deus. O plano de Deus é confiado ao coração e às mãos do homem. E o homem é livre. Pode dizer ‘sim’ e pode dizer ‘não’. Aqui reside a sua grandeza. E a sua responsabilida-de!

O campo da ‘seara’ pertence ao Senhor: é

d’Ele, mas também é teu. É de todos os cren-tes (‘discípulos’). Mais: tu próprio és ‘seara’. Eu que escrevo sou seara. Então: Eu ‘seara’ peço-Te, Senhor, que mandes trabalhadores.

Eu, homem chamado por Deus, sou ‘seara’ e sou ‘trabalhador’ que cultiva a seara. Como ‘espiga’, no imenso campo da redenção, necessito de ser cultivado; como ‘enviado’ para a ‘seara’ tenho obrigação de me empe-nhar no crescimento dos meus irmãos. Por isso necessito de ajuda. As forças são insufi-cientes: o campo é muito grande; a tarefa supera o número dos trabalhadores.

Assim, cada espiga da seara faz-se oração. A oração penetra em duas direcções: atinge o Coração de Deus e conquista a liberdade do homem. Solicita a Caridade divina e move a vontade humana. Actua silenciosa mas eficaz-mente: para o alto e para baixo.

“Rezai” para que a inspiração encontre caminho livre, encontre o consentimento da vontade, a disponibilidade do amor, a cora-gem dos heróis, a dedicação dos mártires, a perseverança dos humildes, a resistência dos fortes.

Muitas vezes a pessoa humana, com imper-doável ingenuidade, julga-se capaz de resol-ver todos os problemas. Para ela, querer é poder. Mas a que nível? Ao nível das coisas materiais, dos projectos humanos naturais. Mas, quando os seus generosos esforços penetram na esfera moral e espiritual, é dife-rente. A sua presumível força falha. Os obstá-culos ultrapassam-na e os recursos humanos não chegam.

Ainda mais exigente é a ordem sobrenatu-ral ou a ordem da graça, para a qual a única solução é pôr-se de joelhos e rezar. É o caso da vocação que é um dom da graça. Fazer de alguém um ‘trabalhador da seara’ não est| nas mãos do homem. Mas depende da oração assídua. Por isso, “pedi ao Senhor da seara...”.

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Para o cardeal norte-americano John P. Foley, não há nada mais importante na vida que ensinar às pessoas quem é Jesus e aju-dá-las a crescer na sua proximidade.

Nesta entrevista, o Cardeal reconhece o exemplo dos seus pais e de sacerdotes que conheceu, como instrumentos fundamen-tais para descobrir a sua vocação, mas tam-bém destaca dois acontecimentos marcan-tes da sua vida.

- Eu entrei duas vezes no seminário: uma depois do ensino médio e outra, depois da universidade”, explica. E continua:

- No meu último ano do ensino médio, durante o Natal, fui para a nossa igreja paroquial e ajoelhei-me em frente da man-jedoura e disse: “Senhor, Tu me deste tudo o que tenho – a minha vida, a minha família, a minha fé, uma educação muito boa – e eu quero devolver-Te tudo”.

Desta maneira, no fim desse ano, o jovem entrou no noviciado dos jesuítas. Mas depois de alguns meses, disse a si mesmo: “Creio que seria mais feliz como sacerdote diocesano”.

John Foley deixou então os jesuítas e terminou o seu curso de História na Univer-sidade de São José, em Filadélfia, Pennsyl-vania. Nesta altura – explica ele – aconte-ceu algo “crucial”: fazer voluntariado e dar catequese a crianças com deficiência men-tal.

- Havia seis crianças nessa escola – recor-da – a quem eu ensinava o catecismo; a Irmã superiora viu e disse: “Muito bem, meus meninos, gostam do senhor Foley?”. Um menino respondeu: ‘Não! Não! Adora-mos o senhor Foley!’”. Pensei que era uma maravilhosa distinção realizada por um menino com deficiência mental”.

- A Irmã perguntou: “Por que gostam do senhor Foley?”. Ele respondeu: “Gostamos do senhor Foley, porque ele nos ensina sobre Jesus. E eu pensei: “Não h| nada mais importante na vida que ensinar as pessoas sobre Jesus e levá-las a Jesus”.

“Isto consolidou a minha vocação ao sacerdócio” – reconhece. Entrou no semi-nário diocesano no fim do seu último ano de universidade e foi ordenado sacerdote cinco anos depois.

Apoio familiar O cardeal confessa: “Nunca tive um dia

infeliz sendo sacerdote, amei o sacerdó-cio”. Também realça o papel da sua família como apoio à sua vocação sacerdotal e afirma que os pais “nunca lhe disseram que devia ser sacerdote”.

- Nem tão pouco puseram alguma objec-ção, quando deixei o seminário ou voltei a entrar. Eles sempre apoiavam o que eu decidia fazer. Eram maravilhosos.

O testemunho do Cardeal John Foley

TESTEMUNHO