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passo a passo Abril| Maio 2013 | Ano XIX | Nº 145 BOM SUCESSO E IBITURUNA: CHITÃO VIRA OBRA DE ARTE AGLOMERADO DA SERRA: EMPREENDEDORES FORMALIZAM SEU NEGÓCIO Cada vez mais, mulheres empreendedoras conquistam o mercado

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passoapassoAbril| Maio 2013||Ano XIX | Nº 145

BOM SUCESSO E IBITURUNA: CHITÃO VIRA OBRA DE ARTE

AGLOMERADO DA SERRA:EMPREENDEDORESFORMALIZAM SEUNEGÓCIO

Cada vez mais, mulheresempreendedorasconquistam o mercado

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CARTA AO LEITOR

Sebrae Minas reforça suas ações em favor dos peque-nos negócios no interior do Estado. Em 2013, inau-guramos quatro Centros de Serviços nas cidades deDivinópolis, Ubá, Santa Rita do Sapucaí e Nova Ser-rana, um novo modelo de atendimento capaz de

contribuir para o fortalecimento das micro e pequenas empresasnos arranjos produtivos locais.

Ao alavancar o desenvolvimento regional, considerando suascaracterísticas e potencialidades sociais, econômicas, políticas,culturais e ambientais, podemos contribuir para a melhoria dosindicadores econômicos e sociais de Minas Gerais.

Nesta edição da Passo a Passo, mostramos alguns exemplos deprodutores e empresários do interior que conseguiram ampliarsuas vendas por meio do associativismo. Em Alfredo de Vascon-celos, região Leste do Estado, a produção de morangos movimen-ta R$ 3,5 milhões por ano. O negócio é a principal fonte de rendados produtores da cooperativa.

Na Zona da Mata, no Campo das Vertentes e no Sul de Minas,empresários de lojas de construção também se organizaram parafazer compras em conjunto e enfrentar a competitividade acirra-da do setor. Hoje, unidos sob a mesma marca, comemoram resul-tados e planejam expansão.

Nesta edição, a matéria de capa é dedicada às empreendedoras.Cerca de 13 milhões de mulheres se destacam à frente das empre-sas no país. As brasileiras estão entre as que mais empreendem nomundo, de acordo com a última edição da pesquisa GEM (GlobalEntrepreneurship Monitor). Conheça algumas histórias de dedica-ção e sucesso dessas mulheres.

Boa leitura!

LÁZARO LUIZ GONZAGAPresidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG

ODesenvolvimento regional

“Ao alavancar odesenvolvimentoregional, considerandosuas características epotencialidades sociais,econômicas, políticas,culturais e ambientais,podemos contribuirpara a melhoria dosindicadores econômicos e sociais de MinasGerais”

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Pág. 38 CONSTRUÇÃO CIVILRede Construir consolidaparcerias e planeja expansão

Pág. 44 CAPAMulheres ganham destaque nocomando do próprio negócio

Pág. 51 EDUCAÇÃOCursos técnicos capacitam jovenspara os desafios do mercado

Pág. 57 NOTAS

PÁG. 61 EMPREENDEDORISMO Moradores do Aglomerado daSerra se formalizam comoEmpreendedores Individuais

Pág. 66 CRÉDITOOficina mostra aempreendedores melhoresformas de acesso a serviçosfinanceiros

Pág. 72 TURISMO DE NEGÓCIOSUberlândia e Juiz de Forafortalecem turismo denegócios com captação deeventos

Pág. 78 CONSULTORIAAprenda como escolher onome de sua empresa e adivulgar o seu negócio

4 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

PASSO A PASSO

Passo a Passo é uma publicação do Serviço de Apoioàs Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais(Sebrae-MG). Registro no Cartório Jero Oliva nº 931.

Conselho Deliberativo do Sebrae-MG:BB, BDMG, CDL-BH, CEF, Cetec Ciemg, Faemg,Fapemig, Fecomércio-MG, Federaminas, Fiemg,Indi, Ocemg, Sebrae e Sede.

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG:Lázaro Luiz GonzagaSuperintendente: Afonso Maria RochaDiretor Técnico: Luiz Márcio Haddad Pereira SantosDiretor de Operações: Fábio VerasConselho editorial: Albertino Corrêa, Aline de Freitas,Andrea Avelar, Luciana Patrícia Rezende, RodrigoPatrocínio Mazzei, Daniela Toccafondo, DanielleFantini, Edelweiss Petrucelli, Gustavo Moratori,Jefferson Ney Amaral, José Márcio Martins,Karinne Mendes, Carlos Vieira Pinto, Denise Sapper,Március Marques Mendes, Paulo César BarrosoVeríssimo, Regina Vieira, Alex Pena e Daniele Brito.Gerente de Comunicação: Teresa GoulartJornalista responsável: Andrea Avelar - MTb 06017/MGProdução editorial: Rede Comunicação de ResultadoEdição: Jeane Mesquita e Licia Linhares Reportagem: Bárbara Fonseca, Beatriz Debien, GlóriaPaiva, Hellem Malta, João Luís Chagas, Kátia Resende,Laura Conrado, Rita Cardoso, Roberto Ângelo e TarsisMuradRevisão: Liza AyubProjeto gráfico e diagramação: Brava Design | Janette Sá, Junius VilelaFotografia: Agência i7, Gláucia Rodrigues, MauroMarques, Ronaldo Guimarães e Ronaldo Lopes Foto capa: Pedro Vilela/Agência i7Ilustrações: Claúdio Duarte e QuinhoImpressão: Del ReyPeriodicidade: bimestralTiragem: 15 mil exemplares

Redaçã[email protected]. Barão Homem de Melo, 329Nova Granada – Belo HorizonteMinas Gerais – CEP 30.431-28508005700800

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Pág. 6 ARTESANATOMulheres de Bom Sucesso eIbituruna investem no artesanatotêxtil

Pág. 12 RODADA DE NEGÓCIOSEmpreendedores descobremnovas oportunidades de negóciose parcerias

Pág. 16 COOPERATIVISMOProdutores de morango investemem logística e vendas conjuntas

Pág. 22 GESTÃO DO CONHECIMENTOInformações estratégicascolaboraram para expansão dosnegócios

Pág. 26 AGRONEGÓCIOUniversitários participam dePrograma de Desenvolvimento daPecuária Leiteira

Pág. 31 MOBILIDADEProjeto fortalece potencial deUberlândia no cenáriotecnológico

Pág. 36 ARTIGONo mesmo barco, por PauloRochaPrêmio Aberje

Vencedor nacional Categoria mídia impressa

sumárioPág. 81 É BOM SABER

Quem são os clientes doSebrae Minas

Pág. 68 ENTREVISTA | GustavoCaetano, CEO da SambaTech, mostra como uma ideiainovadora pode revolucionaro mercado de startups

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Duas pequenas cidades do Sul de Minas guar-dam pequenos tesouros por trás de suas monta-nhas. Bom Sucesso e Ibituruna, essa última con-siderada o primeiro “aglomerado” populacionaldo Estado, são morada de gente de muito talentopara o artesanato. Utilizando o tecido chitão e atécnica de patchwork (arte de emendar retalhos),22 artesãs honram as tradições de suas terras econtam histórias em cada bordado, arremate,emenda e costura. A Associação de Artesãos deBom Sucesso, cujo expoente é o grupo ChitãoArte, e a Associação de Artesãos de Ibituruna,com destaque para a identidade Berço de Minas,compõem um arranjo regional organizado peloSebrae Minas, visando promover, conjuntamen-te, o artesanato têxtil dessas duas localidades.

Em termos estratégicos, o objetivo princi-pal do projeto Artesanato Têxtil, em Bom Su-cesso e Ibituruna, é aumentar o faturamentodas artesãs em 35% até dezembro de 2014,ampliando o mercado para diversos estados.Hoje, as peças são vendidas, sobretudo, para ascidades de Belo Horizonte (MG), São Paulo(SP), Brasília (DF) e Olinda (PE). Outro obje-tivo é crescer a produção, o que envolve a me-lhoria dos processos, design, gestão, associati-vismo, diminuição de custos, qualificação,adequação de infraestrutura e fortalecimentode imagem via ações de marketing. O público-alvo são as classes A e B, que têm poder deaquisição maior para itens que não são consi-derados de “primeira necessidade”.

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O chitão ficouchique Mulheres de Bom Sucesso e

Ibituruna resgatam a história e a cultura locais por meio do artesanato têxtil

Maria Francisca, conhecida como Chiquinha vê em pequenos objetos a inspiração para a arte do chitão

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6 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

O INÍCIO DE TUDO | Uma bonita casa localiza-da no centro de Bom Sucesso, perto da praçaprincipal, abriga a Associação de Artesãos. Den-tro, a beleza se amplia. Bolsas, almofadas, flores,jogos americanos e muitos outros produtos dãoideia da capacidade inventiva das 12 artesãs quefazem parte do grupo.

No início, em 2004, eram 63 integrantes, en-tre homens e mulheres. Nessa época, houve par-ticipação do Sebrae Minas com a aplicação doPrograma Sebrae de Artesanato (PSA), que visapromover o setor artesanal de forma integrada(veja mais na página 11). “Mas não tínhamosainda uma identidade específica: vendíamos di-ferentes mercadorias, uma verdadeira mistura”,conta a artesã e professora aposentada, MariaFrancisca Vieira de Almeida, a Chiquinha.

Ela se lembra das feiras na praça de Bom Su-cesso. “No início, conseguimos atrair atenção eacreditávamos num retorno financeiro rápido –produzir e ganhar dinheiro. Sofríamos de exces-so de otimismo”, brinca. Mas, com o passar do

tempo, virou rotina, e a população não davamais importância à feirinha. Visando reverteressa situação, o Sebrae Minas disponibilizou,entre 2005 e 2006, a consultoria de uma desig-ner, que estimulou o grupo a descobrir o que ti-nha de melhor. “Começamos a ver, com outrosolhos, coisas que, até então, passavam desperce-bidas, como costumes e, até mesmo, jardins econstruções. Sem saber, estávamos despertandonossa sensibilidade para a arte.” Nascia ali o Chi-tão Arte, que utilizaria o tecido, muito caracte-rístico da região, nas peças confeccionadas.

Em 2007, o grupo participou da Feira Nacio-nal de Artesanato, em Belo Horizonte. “Vende-mos tudo o que levamos e ainda trouxemosmuitas encomendas. Fomos muito bem-aceitase elogiadas, o que nos motivou a seguir em fren-te e crescer cada vez mais”, diz Chiquinha. Nosanos seguintes, a participação em eventos seampliou, e as artesãs marcaram presença nas fa-mosas Fiaflora e Paralela Gift, em São Paulo. Em2010, foi criada a identidade regional.

ARTESANATO

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QUEM FAZ HISTÓRIA | Na Associação de BomSucesso, 47 anos separam a integrante mais jovemda mais idosa do grupo. Conceição Almeida Silva,professora aposentada, tem 82 anos. Sua energia evitalidade contagiam a todos. Apaixonada pelo ar-tesanato, ela conta que sua mãe era costureira, oque a despertou cedo para a costura e o bordado.Mas, há alguns anos, parou o trabalho por um pro-blema oftalmológico, não podia mais forçar a vi-são. “Por isso, entrei na Associação e faço flores dechitão com a minha irmã.”

A irmã é Celeida Almeida Moraes, professoraaposentada e diretora da Associação de Pais e Ami-gos do Excepcional (Apae) de Bom Sucesso. Ela éa idealizadora da entidade e foi a articuladora dasreuniões iniciais. Junto com Conceição, é expertem flores e revela o segredo dessa arte complexa edelicada. “A flor de tecido é engomada com polvi-lho para ficar durinha. Riscamos e cortamos as pé-talas uma a uma. Depois, frisamos e montamos nahaste de bambu.” As próprias irmãs fazem o cortedo bambu, que, segundo ela, deve ser na “lua cer-ta”. O miolo do tecido é contornado com sisal. Parafazer uma única flor, é necessário mais de um dia.A artesã Edna de Lourdes Resende Monteiro com-pleta a linha de flores e utiliza os retalhos para fa-zer cravinhos e flores em botão. “Temos consciên-

cia de que os nossos produtos não são essenciais.O nosso artesanato é, acima de tudo, apreciação esentimento”, declara Celeida Moraes.

Outra artesã, Maria Léa Alves Lopes, é profes-sora aposentada, assim como suas colegas de tra-balho. Foi lecionando no antigo primário queaprendeu a fazer embalagens, cartazes e lem-brancinhas para utilização nas datas comemora-tivas. Para ela, a Associação se resume a amizade.“A nossa integração, a alegria e o carinho sãotransmitidos em cada peça, e quem compra sem-pre tem uma boa impressão da gente”, acredita.

A costureira Francisca Maria Oliveira tambémse encontrou no grupo. “Tinha loucura por tecido,linha e agulha. Aos poucos, isso se tornou meuofício.” De natureza mais retraída, a artesã enfati-za que, com as colegas, consegue se comunicarmelhor. “Trabalho por prazer e amor, que sãomuito mais importantes que qualquer dinheiro.”

BERÇO DE MINAS | Instalada numa escola de-sativada, a Associação de Artesãos de Ibiturunadá vida a um lugar aparentemente abandonado.Dez artesãs se encontram diariamente para darvazão a seus talentos. São colchas, centros de me-sa, pesos de porta e até itens mais modernos, co-mo capas para notebook, tablets e iphones. Tudo

muito primoroso e bem-feito, agradando aosmais exigentes consumidores.

A história do grupo começou em 2007, quandoa Prefeitura Municipal teve a iniciativa de estimu-lar o artesanato local e contratou uma professorapara ensinar os interessados. Ainda naquele ano,a Secretaria Municipal de Cultura viu a necessi-dade de contatar o Sebrae Minas, que aplicou oprograma Sebrae de Artesanato e permitiu quehouvesse uma ampliação de horizontes. “No co-meço, eram 40 pessoas, entre homens e mulhe-res. Essas ficariam a cargo do artesanato. Os ho-mens se dedicariam à confecção de móveis emmadeira de café. Mas o tempo passou, e somenteo trabalho das artesãs permaneceu”, relembra Isa-bel Cristina de Andrade Coelho, mais conhecidacomo Bebel, artesã e professora aposentada.

A consultoria do Sebrae Minas continuou e,entre 2008 e 2009, houve o apoio de uma desig-ner para a consolidação da identidade da Associa-ção. Foi detectado que a população de menorrenda fazia peças com restos de pano, remendan-do-os. O chitão era muito utilizado por ser maisbarato que os outros tecidos. “Pensamos: por quenão unir a técnica do patchwork com o chitão? Fi-cou decidido que esta seria a identidade, umacostura de retalhos que liga e dá sentido às nossasvidas”, explica Bebel. O nome Berço de Minas foiuma homenagem à cidade.

Em 2010, houve a junção das Associações deArtesãos de Bom Sucesso e Ibituruna. “Confessoque demoramos a entender o que significaria aunião dos grupos. Mas essa parceria trouxe o chi-tão, definitivamente, para a nossa realidade. Po-demos dizer que eles trabalham o chitão rebor-dado, e nós, o remendado”, esclarece a artesã.

Hoje, a entidade se dedica à produção e co-mercialização dos produtos em feiras. Das ven-das, 50% do valor arrecadado vão para as artesãse 50% para compra de material. Há a cultura deestocagem de produtos para não haver sobrecar-ga de trabalho em épocas de pico. A renda dasmulheres não é fixa, e o retorno financeiro apa-rece somente quando os eventos acontecem. Porisso, a atividade é, para muitas, complementar. Odesejo da maioria delas, no entanto, é que, emum futuro breve, possam viver somente do arte-sanato e ser autossustentáveis. “Sonhamos como fortalecimento e a consolidação do grupo, com

“Esta parceria (entre as Associaçõesde Artesãos de Bom Sucesso eIbituruna) trouxe o chitão,definitivamente, para a nossarealidade. Podemos dizer queeles trabalham o chitãorebordado, e nós, o remendado”Isabel Cristina de AndradeCoelho, artesã

As irmãs Conceição (a dir.) e Celeida levam a tradição da costura e do bordado há duas gerações

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um ponto fixo de venda, divulgação em catálogo,folders e até um site. Queremos essa profissiona-lização para ampliar o nosso mercado e atingirlocais nunca antes imaginados”, completa Bebel.

SENTIMENTO REVELADO | Maria Madalena daSilva Pereira é uma das artesãs de Ibituruna apai-xonada pelo artesanato. “Na Associação me sintobem. O trabalho é uma verdadeira terapia”, confes-sa. O mesmo vale para Maria da Conceição. “Aquisou feliz, me sinto útil.” A colega Josefa AdelaidePereira de Aguiar, aposentada em serviços gerais,revela: “Vim para o grupo pelo gosto da arte e paraquebrar a rotina com algo que me dá prazer. Cadavez que vejo uma peça acabada, olho pra ela e te-nho uma sensação indescritível de satisfação”.

A artesã Maria Perpétua Sutani Machado, de77 anos, é a mais idosa da entidade, mas sua dis-posição para o trabalho é exemplar. Desde crian-ça, gostava de bordado, ponto de cruz e crochê,até conhecer o patchwork. “Foi amor à primeiravista. Hoje, dou meu carinho pra cada peça, equem leva sente isso. A pessoa sempre acaba vol-tando e comprando mais”, declara. Para Bebel,não há nada mais gratificante do que “a arte deemendar paninho”. “Essa união faz muito sentidono nosso trabalho, porque o patchwork nada maisé que a união de retalhos. Quem adquire uma pe-ça nossa leva um pedaço da nossa história”

O projeto de artesanato surgiu em 2010, daproposta do Sebrae Minas de unir as cidades deBom Sucesso e Ibituruna por meio de uma tipolo-gia comum. “Os artesãos não tinham noção demercado de uma maneira abrangente, apesar deterem potencial de produto”, lembra a analista doSebrae da Regional Sul, Glaucya Jerusa Souto Vale.

Foi um tempo de negociações, com foco napriorização de uma identidade para trabalhar. De-cidiu-se pelo chitão, em Bom Sucesso, e pelo patch-work, com detalhes em chitão, em Ibituruna. Em2011, deu-se início à execução das ações propostas.Também houve, nesse ano, a criação do ProgramaDesign para o Artesanato (PDA), voltado à gestãomercadológica e de processos. O ano de 2012 foimarcado pela participação em feiras de porte na-cional, e o de 2013, pelo plano comercial, que prio-riza a identidade visual, peças gráficas e divulgaçãodas marcas Chitão Arte e Berço de Minas.

A principal contribuição do Sebrae Minas foiproporcionar às associações a abertura de merca-do. “Viabilizamos o espaço para expor, comercia-lizar e gerar renda. A partir disso, focamos no cres-cimento e na rentabilidade da atividade”, destacaGlaucya Vale. Sobre as peças produzidas, a analistase refere a elas como produtos primorosos e signi-ficativos. “Quem compra esse tipo de artesanatoresgata, de certa forma, tradições e histórias queremetem à infância, às avós, a um tempo que nãovolta mais. Esse é o grande diferencial.”

O Programa Sebrae de Artesanato tem uma sé-rie de atividades, como diagnósticos, capacitações,consultorias, ações de acesso ao mercado e à tecno-

logia e estímulo à cultura da cooperação, com a fi-nalidade de promover o setor artesanal de formaintegrada. Consequentemente, torna-se necessárioum maior conhecimento sobre gestão financeira.

Para isso, foi criado o módulo Educação Finan-ceira para o Artesanato, iniciado em 2013, com acapacitação de 16 horas, envolvendo organizaçãode finanças e conhecimento de produtos e servi-ços oferecidos pelas instituições financeiras. “Issopossibilitará ao artesão adquirir conhecimento so-bre controles financeiros e alternativas de crédito,a fim de que ele tome as decisões corretas para suaatividade“, explica a analista da área de Artesanatodo Sebrae Minas, Cyliane Oliveira.

Segundo ela, todos os grupos de projetos en-volvendo o artesanato passarão por essa capaci-tação. As Associações de Artesãos de Bom Suces-so e Ibituruna farão o módulo no segundo semes-tre deste ano. “A capacitação permitirá aos parti-cipantes identificar, no mercado, as oportunida-des de crédito que possibilitarão investimentosem seu negócio”, completa o analista de Créditodo Sebrae Minas, José Márcio Martins.

A artesã Maria da Conceição se diz satisfeita e útil em poder trabalhar na associação

Resgate da tradição

A GRANDEZA DO ARTESANATOMÉDIA DE IDADE

DAS ARTESÃS

MÉDIA DE RENDA PER CAPITA ANUAL

MÉDIA DE PEÇAS VENDIDAS POR

ARTESÃ/ANO

COMPOSIÇÃO EM GÊNERO

60anosR$1.871

165100%

“Vim para o grupo pelo gostoda arte e para quebrar arotina com algo que me dáprazer. Cada vez que vejo umapeça acabada, olho pra ela etenho uma sensaçãoindescritível de satisfação”Josefa Adelaide Pereira deAguiar, artesã

10 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

MULH

ERES

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A organização começa na identificação da ne-cessidade e do espaço para a realização da Rodadade Negócios. Em paralelo, os empreendedores lo-cais são convidados a apresentar seus produtos eserviços para uma seleção de possíveis interessa-dos. De outro lado, as empresas demandantes,também chamadas de âncoras, indicam o produtoou serviço em que têm interesse de compra.

Com o cruzamento destas informações, é criadaa agenda da Rodada de Negócio. Os participantesorganizam sua apresentação por horários, de modoque um mesmo ofertante possa ter a oportunidadede conversar e conhecer diferentes compradoresno mesmo dia, otimizando sua participação. Os en-contros duram de 20 a 30 minutos. “Cada empre-sário recebe sua agenda antecipadamente para quepossa se programar e, após a realização das reu-niões, ele ganha um catálogo com informações so-bre compradores e fornecedores, seus produtos eserviços”, comenta o analista do Sebrae Minas. De-vido à dinâmica do evento, o ofertante, caso iden-tifique alguma oportunidade além de sua agenda,pode encaixar outras reuniões no período. “Outravantagem é que, muitas vezes, uma negociaçãoacontece também entre ofertantes, e não apenascom empresas-âncoras”, observa Plácido Prates.

GANHANDO FORÇA | De acordo com a gerenteda Unidade de Mercado e Relações Institucionais,Mônica Segantinni, os benefícios gerados pela Ro-dada de Negócios são muitos - troca de conheci-mento, parceria com compradores de médio egrande porte, realização de acordos de cooperaçãoentre os participantes, expansão de mercados,acesso a novos fornecedores e ampliação do net-working empresarial.

Foi para abrir portas e conquistar o mercado daAmérica Latina que a Biquad, empresa de SantaRita do Sapucaí, no Sul de Minas, participou daRodada de Negócios do Sul de Minas, realizada nacidade de Varginha, em outubro de 2011. “Enxer-gamos nossa participação como uma excelenteoportunidade de colocar em prática o plano de ex-pansão de vendas para outros países. Dentre asempresas-âncoras, havia uma em especial que seencaixava dentro do nosso mercado de atuação, achilena Sercom Broadcast Intelligence”, contaDiego de Campos Tomaz, analista de Marketingda Biquad. De acordo com ele, o contato frente a

12 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

RODADA DE NEGÓCIOS

Conversando,empresas seentendem

Já pensou em micro e pequenas empresas dointerior de Minas Gerais exportando produtose vendendo serviços para grandes empresas deoutros estados e do exterior? Essa é uma dasoportunidades criadas por meio da Rodada deNegócios do Sebrae.

“Nossa intenção é promover uma dinâmica co-mercial mais objetiva e aproximar os compradoresdos fornecedores, com apresentações de negóciosdirecionadas aos interesses dos empresários”, ex-plica Plácido Otoni Prates, analista do Sebrae Mi-nas. Somente em 2012, foram realizados 16 en-contros no Estado, reunindo 1.831 empresas commais de R$ 915 milhões em perspectivas de tran-sações. “Nem sempre os negócios são fechados du-rante o evento, mesmo porque os encontros sãorápidos. A ideia é fazer o primeiro contato de aber-

tura de relacionamento comercial entre o em-preendedor e o futuro cliente”, completa.

A Rodada de Negócios, inserida pelo Sebraeem 1993, pode ser setorial ou multissetorial, comabrangência regional, nacional ou internacional,dependendo dos segmentos envolvidos. Desde asua criação, o evento passou a ser compartilhadoe realizado em várias regiões do Brasil. Em MinasGerais, apenas em 2011 e 2012, foram organiza-dos 25 encontros, dos quais se destacam: Rodadade Negócio Brasil Central, Rodada de Negóciosde Belo Horizonte e região e Rodada de Negóciosdo Sul de Minas. Juntos, os três eventos tiverama participação de 1.707 empresas - 29 estrangei-ras e consideradas entre as principais da AméricaLatina - e somaram R$ 1,340 bilhão em expecta-tivas de negócios.

Rodada de Negócios promoveoportunidades nos mercadosnacional e internacional

“Temos a consciência de que, semo encontro setorial,provavelmente não teríamosconhecido esses empresários(norte-americanos). É umainiciativa que abre possibilidadespara fora do nosso eixo”Fernando Romeiro de Cerqueira,diretor-presidente da Coocafé

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Empresários fortalecem o relacionamento com futuros fornecedores durante a Rodada de Negócios

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Ouro Preto, e, depois, estive presente em mais duasRodadas de Negócios. Com isso, consegui aumen-tar o meu faturamento em 30% e me tornar forne-cedor de universidades, do exército brasileiro e dehospitais, entre outras entidades públicas”, revela.

O empresário esclarece que já prestava algunsserviços para empresas públicas, mas de forma ter-ceirizada. “Nas Rodadas de Negócios, vi que o jogopodia virar a meu favor. Hoje, as licitações contamcom processos que envolvem tecnologia digital -várias delas são feitas por meio do uso de sites. Issopermite que qualquer empresa interessada possaparticipar. É preciso entender esse processo e bus-car as melhores formas de apresentar os produtos.”

ECONOMIA SETORIAL | O desenvolvimento es-pecífico dos setores da economia também é buscadopelos empreendedores e pelas empresas-âncoras. ARodada de Negócios do Café das Matas de Minas foirealizada nesses moldes em 20 de março, na cidadede Manhuaçu, na Zona da Mata, e contou com apresença de sete compradores e 37 estabelecimen-tos ofertantes. Os representantes da Associação deCafés Especiais de Minas Gerais (SCAMG), tam-bém de Manhuaçu, fizeram parte deste grupo.“Nosso trabalho envolve processos e tecnologias di-ferentes dos usados no plantio, na colheita, no be-neficiamento e no armazenamento do café comum.Tivemos a oportunidade de apresentar essas carac-terísticas para um público específico, que busca umproduto diferenciado e com qualidade garantida”,relata Sérgio D'Alessandro, diretor da SCAMG.

Com um total de 76 reuniões, o evento arreca-dou mais de R$ 315 mil em negociações efetivas eR$ 17,5 milhões em expectativas de venda e com-pra. Apenas a SCAMG garantiu três negócios efe-tivos que geraram R$ 500 mil.

Diretor-presidente da Cooperativa dos Cafei-cultores da Região de Lajinha (Coocafé), FernandoRomeiro de Cerqueira, também esteve presente naRodada de Negócios do Café das Matas de Minas.A sua participação resultou na visita de dois clien-tes norte-americanos interessados na compra dassementes. “Temos a consciência de que, sem o en-contro setorial, provavelmente não teríamos co-nhecido esses empresários. É uma iniciativa queabre possibilidades para fora do nosso eixo, e essaé uma das missões da cooperativa: buscar novosmercados”, explica.

Mas não são apenas os empreendedores quesaem ganhando. As empresas-âncoras também so-mam bons resultados. A Ale Combustíveis, queconta com mais de 1.750 postos de abastecimentoespalhados no Brasil, foi convidada a integrar ogrupo de compradores da Rodada de NegóciosMultissetorial de Belo Horizonte, ocorrida emagosto de 2012. “Estávamos organizando nosso se-tor de Compras com o cadastro de novos fornece-dores. O encontro foi uma boa oportunidade paraconhecer o mercado e estabelecer um relaciona-mento com as possíveis empresas prestadoras deserviços”, relata Ubirajara Teodoro da Silveira Jú-nior, analista de Compras.

Na ocasião, ele buscou conhecer empreendi-mentos de diferentes setores importantes para onegócio, como obras, manutenção predial e limpe-za. “A possibilidade de estar frente a frente com di-ferentes empresários, num único momento, foi degrande valia e facilitou muito a contratação de ser-viços. Hoje, contamos com algumas dessas empre-sas em nosso quadro de fornecedores”, enfatiza.

14 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

frente com o potencial cliente foi decisivo para ofechamento do contrato. “Depois do encontro, re-presentantes da Sercom quiseram conhecer as es-truturas e a tecnologia que disponibilizamos.”

Com o relacionamento mais próximo, a Biquad– que atua no mercado de radiodifusão há 13 anos,fornecendo equipamentos e acessórios para emis-soras e estúdios de gravação - identificou um novonicho de atuação. “Eles estavam interessados emuma adaptação do nosso produto carro-chefe, oDAP4 FM, equipamento processador de áudio-di-gital para emissoras de rádio e TV. A adequação se-ria para uma versão mais simples para emissoras edifusoras de pequeno porte”, lembra Diego Tomaz.Frente à demanda, a Biquad desenvolveu o DapUno e conquistou o cliente chileno, expandindosua presença no mercado latino-americano.

Outra grande oportunidade proporcionada pe-la Rodada de Negócios são as vendas diretas para ogoverno, como ocorre no evento Fomenta, em queos participantes são incentivados a se aproximarde grandes estatais e de empresas privadas forne-cedoras do poder público.

Assim que percebeu o mercado governamentalcomo um potencial cliente para otimizar o rendi-mento de seu negócio, Flávio da Rocha Miranda,proprietário da Gemapel Papéis, em Juiz de Fora,resolveu ingressar na Fomenta. “A primeira vez queparticipei do encontro foi em 2009, na cidade de

AGENDA DE NEGÓCIOS 2013

26 de junhoIII Rodada de Negócios Multissetorial doSudeste MineiroLocal: Juiz de Fora

8 de agostoRodada de negócios/Fomenta EstadualLocal: Varginha

25 de setembroIII Rodada de Negócios Multissetorial doCentro-Oeste MineiroLocal: Pará de Minas

26 de setembroII Rodada de Negócios de Uberaba e RegiãoLocal: Uberaba

21 de novembroRodada Internacional do Sul de MinasLocal: Pouso Alegre

“Nosso trabalho envolveprocessos e tecnologiasdiferentes dos usados no plantio,na colheita, no beneficiamento eno armazenamento do cafécomum. Tivemos aoportunidade de apresentaressas características para umpúblico específico, que busca umproduto diferenciado e comqualidade garantida” SérgioD'Alessandro, diretor da SCAMG

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COOPERATIVISMO

cor é de encher os olhos. O sabor,único. O negócio, promissor. Omorango traz benefícios que vãoalém da mesa do consumidor. Eleé rico em vitamina C e em antioxi-dantes e possui propriedades me-dicinais e nutricionais. Por esses e

outros motivos, o seu cultivo atrai cada vez mais o in-teresse dos agricultores. No Brasil, a produção demorango é direcionada ao mercado in natura e, se-gundo dados da Embrapa Informação Tecnológica, arentabilidade da cultura pode chegar a 224%. Mas,apesar de os números serem atrativos, o país aindacompra a fruta produzida em países vizinhos, comoArgentina, Chile e Uruguai – o que demonstra que omercado tem potencial para aumentar a produção.

Os produtores de Alfredo Vasconcelos, no inte-rior de Minas Gerais, estão aproveitando a oportu-nidade. A fruta se adaptou bem ao clima fresco daregião – tão bem que cerca de 80% da populaçãode sete mil habitantes sobrevive da atividade agrí-cola, o que torna a cidade referência na produçãode morangos. Com tanta expertise, a CooperativaAgropecuária de Alfredo Vasconcelos (Cooprav),que reúne agricultores locais, faturou, em 2012,cerca de R$ 207 mil por mês.

Antes de se integrarem à Cooperativa, os produ-tores criaram uma associação. Cerca de 80 deles le-vavam o morango à Ceasa, de forma independente.Porém, o processo nem sempre era vantajoso, poisos agricultores saíam da cidade às 5 horas e espera-vam até às 11 horas para a comercialização. Com is-so, eles deixavam de se dedicar à lavoura e não ti-nham como expandir ou melhorar a produção. Nes-te processo, o morango, uma fruta muito delicada,também sofria danos. “Era hora de deixarmos de sersimples agricultores para nos profissionalizarmos enos tornarmos empresários”, conta Leandro Rodri-gues, agricultor e presidente da Cooprav.

Para isso, buscaram auxílio do Sebrae Minas. Elesparticiparam de palestras motivacionais, capacita-ções gerenciais e fizeram uma visita técnica ao poloprodutor do Sul de Minas e Atibaia, no interior deSão Paulo, visando ao desenvolvimento tecnológico.

Para solucionar o problema da logística de co-mercialização, eles também criaram, em 2010, aCentral de Negócios, em parceria com o Sebrae Mi-nas. O objetivo foi organizar o processo de vendas

coletivas por meio da implantação da Central – que,mais tarde, se tornaria a cooperativa. Por meio des-sa iniciativa, os produtores receberam informaçõesacerca de finanças, marketing, formalização, asso-ciativismo e relações jurídicas. Atualmente, cercade 90% do que eles colhem é comercializado pelaCooprav. “Sem a preocupação de como vender aprodução, os agricultores se concentram no campoe na busca pela inovação”, ressalta Eduardo Dilly,analista do Sebrae Minas em Barbacena.

CONQUISTANDO O MERCADO | “Produzir mo-rango, muitos já o faziam. Tínhamos que ter nos-so diferencial”, recorda Leandro Rodrigues. Se-guindo esse caminho, o Sebrae Minas, em parce-ria com os agricultores, investiu em marketing doproduto. Assim, nasceu a Frutano Morango, quepassou a ser vendida a grandes distribuidores ecomercializada em supermercados de Minas Ge-rais e do Rio de Janeiro.

Para dar identidade à marca e difundir seu cres-cimento no mercado, o Sebrae Minas realizou es-tudos envolvendo desde o produtor até o consumi-dor final. “Descobrimos, por exemplo, que osclientes não gostavam da caixa em que a fruta eravendida, pois não conseguiam avaliar a qualidadede todas elas”, conta o presidente da Cooprav.

A partir daí, foram desenvolvidas novas emba-lagens, em parceria com os estudantes do curso dedesign da Universidade Estadual de Minas Gerais.Hoje, a Frutano vende morangos em cartelas deplástico transparente, com 12 unidades cada.Quantidades maiores são entregues em recipientesde papelão identificados com a marca. “Quemcompra o nosso produto tem a garantia da qualida-de”, ressalta Leandro Rodrigues.

Com o crescimento do negócio, estuda-se a pos-sibilidade de expansão e comercialização da marca– que deve se chamar Frutano Hotifruti. Outra me-ta dos cooperados é a compra do próprio terrenoem Alfredo Vasconcelos, em proporções condizen-tes com a Cooperativa.

O próprio presidente da Cooprav é um exemplode mudança. Antes da cooperativa, não plantavaem terras próprias e dividia todo o lucro com o do-no do terreno. Hoje, ele cuida da sua própria lavou-ra e ainda aluga parte dela para outros produtores.“Antes, plantava, no máximo, 10 mil pés de moran-

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Produção de morangos em Alfredo Vasconcelosmovimenta R$ 3,5 milhõespor ano e a principal fonte de renda de produtores

Produção de morangos em Alfredo Vasconcelosmovimenta R$ 3,5 milhõespor ano e a principal fonte de renda de produtores

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go. Agora, já estou com 27 mil e planejo chegar a 32mil mudas ainda este ano”, diz Leandro Rodrigues,que produz mil caixas de morango por semana. Acolheita soma R$ 24 mil brutos por mês.

CUSTOS | Nascido e criado no campo, o agricultorAntônio Carlos Violeti, conhecido como Tinena, sediz satisfeito com os resultados conquistados com aCooprav. Antes, ele vendia o morango por meio deatravessadores que não estabeleciam previamentea margem de lucro. A prática é comum nas ativida-des agrícolas, porém não favorece o produtor - co-mo não há contrato formal, os atravessadores pa-gam quanto querem. Hoje, porém, assim que a pro-dução é entregue na Cooperativa, há uma previsãodo que cada agricultor irá receber.

“Não tem nem como comparar o que ganho ago-ra com o pouco que recebia antes de me associar àCooperativa”, diz Tinena. No ano passado, o peque-no produtor contabilizou quatro mil caixas de mo-rango, totalizando cerca de R$ 20 mil. Apesar de onegócio estar indo bem, ele precisou ajustar as con-tas, visto que o custo desse tipo uma plantação aindaé alto. “O lucro vem do segundo ano em diante.”

Outro benefício gerado aos cooperados se refe-re à compra de insumos agrícolas. Como ela é rea-lizada em grande quantidade para atender a todos,é possível negociar prazo de pagamento e conse-guir um bom desconto. Fertilizantes, adubos e de-mais materiais utilizados na lavoura, como os plás-ticos de proteção dos morangos, são repassados aosagricultores com 20% de desconto.

Além disso, com o ingresso na Cooprav, os asso-ciados tiveram condições de planejar suas finanças:3% de tudo que recebem ficam na Cooperativa, co-mo taxa administrativa, e 2% do lucro correspon-dem à integralização de cota, uma reserva de capitalque o cooperado tem durante o período de um ano.“A fatia que era deixada para terceiros comerciali-zarem o produto agora é injetada na própria empre-sa e ainda gera um fundo pessoal”, explica o agricul-tor. Caso o produtor queira se aposentar ou se des-ligar da Cooperativa, ele recebe o valor da integra-lização corrigido. “É a valorização do nosso traba-lho. Conseguimos uma melhor qualidade de vidapara o produtor e sua família”, completa Tinena.

SUPORTE TÉCNICO | André Araújo é vice-presi-dente da Cooprav e agricultor conhecido da região.Atualmente, conta com o auxílio de oito pessoas queo ajudam no plantio e na colheita dos 80 mil pés demorangos e 400 de goiaba – número que espera au-mentar para três mil nos próximos meses. Nascidoem família de agricultores, o empresário afirma quequem investe no cultivo de fruta tem grande chancede obter lucro. “O mercado aceita bem qualquer tipode produção. Nenhum médico diz para o pacienteconsumir gordura; ele o orienta a comer fruta”, pon-tua. As terras de André Araújo, que trabalha em par-ceria com o cunhado Laessiter Cássio, produzemuma média de 700 caixas de morango por semana,possibilitando o faturamento bruto de, aproximada-mente, R$ 5 mil por mês. A expectativa é de que agoiaba comece a gerar receita ainda este ano.

“O mercado aceita bem qualquertipo de produção. Nenhummédico diz para o pacienteconsumir gordura; ele o orientaa comer fruta” André Araújo,vice-presidente da Cooprav

“Durante a entressafra, fazemostratamento para florear aprodução. Indicamos o plantiode mais de uma variedade demorango, o que permite acolheita o ano inteiro” LázaroElias das Chagas, técnicoagropecuário da Cooperativa

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André Araújo conta com o trabalho deoito produtores no plantio e nacolheita de 80 mil pés de morangos

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Ele e todos os cooperados recebem a orientaçãodo técnico agropecuário da Cooperativa, LázaroElias das Chagas, que visita, por dia, de quatro acinco plantações, escutando as dúvidas, identifi-cando dificuldades e orientando quanto ao uso dedefensores agrícolas e nutrientes para a plantação.“Sou o médico da lavoura”, costuma brincar. “Aorientação técnica que passo aos agricultores osajuda na padronização dos morangos da marcaFrutano. Assim, todos mantêm a qualidade final.”

O técnico conta que a fase mais complicadapara produzir morangos é durante o verão, umavez que o cultivo é favorecido com o tempo seco efrio. “Durante a entressafra, fazemos tratamentopara florear a produção. Indicamos o plantio demais de uma variedade de morango, o que permi-te a colheita o ano inteiro”, explica.

Todo o processo de cultivo das frutas, da plan-tação à colheita, passa pela sua orientação. Depoisque os morangos são selecionados e armazenados,as caixas seguem para a câmara fria. Os produtosque sofrem algum dano mecânico e não são sele-cionados para venda são armazenados em umcontêiner. “Eles são vendidos às indústrias de pol-pa para virar suco e outros alimentos. Aqui nada édesperdiçado”, pontua o profissional.

Segundo André Araújo, a contratação de umtécnico para atender à Cooprav é uma forma detornar o cultivo de morangos mais eficaz. “Há al-guns anos, plantávamos apenas uma variedadeda fruta, e a irrigação era feita por meio de umcanhão de água. Hoje, cultivadas mudas impor-tadas do Chile e da Patagônia, a irrigação ocorrepor gotejamento e são usados túneis e plásticosde proteção. A marca Frutano tem um padrão dequalidade que temos de seguir.”

Cooprav em númerosCOOPERADOS EM 2009 32COOPERADOS EM 2013 52

VALOR MÉDIO DA CAIXA DE MORANGO COMERCIALIZADA

COM ATRAVESSADOR R$ 4,50VALOR MÉDIO DA CAIXA DE

MORANGO COMERCIALIZADA PELA COOPERATIVA R$ 6

Faturamento em 2012Total:R$ 5 milhõessendo que R$ 3,5 se referem à venda de morangos, e R$ 1,5, às vendas de outros produtos e revenda de insumos.

A fim de aumentar o potencial competitivo,os produtores de Alfredo Vasconcelos traba-lham para a certificação da marca. A Produ-ção Integrada de Frutas (PIF) faz parte doprograma Profruta do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento, que conce-de o selo de qualidade aos agricultores.Para o presidente da Cooprav, Leandro Ro-drigues, a certificação PIF será um diferen-

cial. “Será possível ao consumidor o ras-treamento das informações da produçãodo morango, com garantia da procedênciada fruta, da data de validade e de quais de-fensivos agrícolas foram usados, o quetambém facilita a exportação e maior acei-tação dos frutos”, acredita.São pré-requisitos para a certificação ca-racterísticas como: qualidade, proteção ao

meio ambiente, condições de trabalho eviabilidade econômica. Assim, os coopera-dos terão de fazer registro das etapas dosprocessos de produção, desde o preparodo solo até o tipo de defensivo usado. Aadequação às normas de produção esta-belecidas pelo Ministério da Agricultura e,consequentemente, a certificação devemocorrer em 2015.

Certificação

A produtividade média por estado(em toneladas por hectare)

Rio Grande do Sul 32,7Espírito Santo 34São Paulo 34Minas Gerais 25,2Paraná 21,3

Fonte: Pesquisa do Embrapa Informação Tecnológica

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bora uma série de ações de acordo com suas ne-cessidades e objetivos comerciais, o que contri-bui para a fidelização.

A Gestão do Conhecimento se materializa pormeio de práticas, como aprendizagem organiza-cional, banco de ideias, benchmarking, fórum dediscussão, grupos de estudos, lições aprendidas,páginas amarelas, reuniões periódicas e melhorespráticas. O empresário Reinaldo Dallariva Lobatoestá atento a esses processos. À frente da Enge-car, prestadora de serviços de manutenção mecâ-nica em veículos leves, em Belo Horizonte, elepõe em exercício ações direcionadas à geração deconhecimento e busca otimizar a performancede sua empresa e equipe, que, atualmente, é for-mada por três mecânicos e uma secretária.

“Mantenho os processos internos da empresamapeados e registrados para facilitar a execução;além disso, possuo uma agenda com o registro dosproblemas mais complexos ocorridos na manu-tenção dos veículos e as soluções adotadas. A par-tir daí, sempre que necessário, consulto o bancode dados, que me permite verificar situações se-melhantes e buscar saídas que ofereçam a realiza-ção de um bom trabalho. Ganho tempo e maisagilidade”, declara o empresário. Essa prática éidentificada na Gestão do Conhecimento comomapeamento de processos e lições aprendidas.

Outra preocupação é o investimento na capa-citação técnica dos funcionários, a partir daidentificação dos conhecimentos críticos quesão imprescindíveis para o negócio, com foco namelhoria do atendimento aos clientes. Essa açãoé conhecida como mapeamento de conhecimentoscríticos e aprendizagem organizacional. “Após aadoção dessas práticas, a Engecar ganhou em efi-ciência, produtividade e agilidade, gerandomaior valor agregado ao serviço prestado e, con-sequentemente, mais satisfação da clientela”, re-lata Reinaldo Lobato.

Na opinião dele, a parceria mantida com em-presas especializadas em disseminação de infor-mações técnicas e a formação de grupos de estu-dos com os funcionários são atividades que con-solidam a Gestão do Conhecimento em seu ne-gócio. “Ao ter acesso a esses dados, consigo pro-mover o aprendizado e a atualização do conhe-cimento da equipe de forma contínua”, enfatiza.

MAPA DO CONHECIMENTO | Para compreen-der o que é Gestão do Conhecimento, é precisoentender os conceitos sobre dado, informação econhecimento. O primeiro se refere ao registroestruturado de transações, uma descrição exatade algo ou de algum evento. Os dados sozinhosnão têm relevância, porém são a matéria-primapara a criação da informação. Essa, por sua vez,é uma mensagem que envolve dados, significadoe propósito. Já o conhecimento deriva da infor-mação e pode ser considerado uma mistura deelementos estruturados e intuitivos.

“A partir disso, há várias definições do que éGestão do Conhecimento. Particularmente, vejocomo um processo que visa tratar do conheci-mento no ambiente organizacional em geral,lembrando que uma empresa é um tipo de orga-nização, não a única. É constituído de subpro-cessos de geração e obtenção, registro, dissemi-nação, valorização, monitoramento estratégicoe alguns fatores ambientais, como os ligados àcultura do setor e ao ambiente de trabalho ouprodução”, explica George Jamil.

Para ele, a metodologia é uma das formas de vero processo, e não um método a ser imposto com afinalidade de controlar a informação em todos osseus aspectos. “Aprimorar o momento de lança-mento de produtos, implementar rotinas de gestão,não depender de improvisos ou de arremedos e sa-ber identificar os pontos fortes são resultados deuma Gestão de Conhecimento bem-estruturada.”

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GESTÃO DO CONHECIMENTO

Para uma empresa se manter competitiva nomercado, é preciso aliar organização, planeja-mento, investimento e, por que não, Gestão doConhecimento. Esse processo, difundido na dé-cada de 1990, tem como foco o desenvolvimentodas competências essenciais para o fortaleci-mento do negócio, tais como capital intelectual,aprendizagem organizacional, inteligência em-presarial e educação corporativa.

Na visão de George Leal Jamil, pós-doutoran-do em Inteligência de Mercado e Gestão do Co-nhecimento pela Universidade do Porto, em Por-tugal, a implantação da Gestão do Conhecimen-to nas empresas auxilia na concepção de produ-tos e serviços que atendam, ao máximo, às ex-pectativas dos clientes. “O empresário passa a

compreender os hábitos, o comportamento e asnecessidades do consumidor”, afirma. “Outravantagem é colaborar com a estruturação da ges-tão financeira por meio do conhecimento explí-cito do processo de administração de recursos fi-nanceiros empresariais, transformando-o emum valioso recurso estratégico.”

Segundo o especialista, por meio da adoçãode práticas que visam à criação, à captura, ao ar-mazenamento, à disseminação, ao uso e à prote-ção do conhecimento, as informações estratégi-cas são organizadas e passam a colaborar para aexpansão e consolidação da empresa. Um exem-plo é a criação de um banco de dados que ofere-ça as características e o perfil de cada cliente. Apartir dessas informações, o empreendedor ela-

InteligênciaempresarialGestão do Conhecimento ajuda a melhorar a performance do negócio

“Aprimorar o momento delançamento de produtos,implementar rotinas de gestão,não depender de improvisos ou de arremedos e saber identificar os pontos fortes são resultados deuma Gestão de Conhecimentobem-estruturada” George Jamill,doutorando em Inteligência deMercado e Gestão doConhecimento pela Universidadedo Porto

Reinaldo Lobato registra osproblemas e as soluções adotadasna manutenção dos veículos

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DISSEMINANDO A INFORMAÇÃO

O Sebrae Minas promoveu, no dia4 de abril, em Belo Horizonte, o even-to Gestão de Conhecimento na Prática.O objetivo foi sensibilizar os empresá-rios e demais participantes para a im-portância da Gestão do Conhecimen-to nas empresas.

Na programação, George Jamil mi-nistrou a palestra “Gestão do conheci-mento aplicada - aprimorando o em-preendedorismo”, e Sandra Prenstteterapresentou o case da Brasil Kirin. Osparticipantes tiveram a oportunidadede trocar experiências e tirar suas dú-vidas com os especialistas. “A partir dadesmitificação deste termo, mostra-mos que conhecimento é um recurso-chave para a competitividade de qual-quer negócio”, relata Sílvia Lobato,analista do Sebrae Minas.

24 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

É em busca destes benefícios que Sandra Va-léria Gilberti Prenstteter atua, há 10 anos, na Bra-sil Kirin, rede de bebidas pertencente à KirinHoldings Company. Até o final de 2012, a empre-sa pertencia ao Grupo Schincariol, uma organi-zação nacionalmente conhecida. Apesar de en-volver um grande negócio, o processo de transi-ção foi bem-sucedido. “Tudo aconteceu de formatranquila e alinhada. Trabalhamos a informaçãonas equipes, e elas entenderam o cenário e os be-nefícios da mudança. A Gestão do Conhecimen-to foi um dos aspectos que certamente contribuí-ram para isso”, enfatiza Sandra Prenstteter.

Responsável pelas áreas de cultura, clima or-ganizacional, educação corporativa e liderançada empresa, ela acredita que a valorização do ca-pital humano é a vertente responsável pelos pro-cessos de criar, recolher, organizar, difundir, usare explorar o conhecimento dos funcionários. “Aoinvestirmos no desenvolvimento de pessoas e nocompartilhamento da comunicação, criamos aconexão entre a empresa e seus públicos e, assim,alcançamos os resultados esperados.”

Prova deste investimento foi a criação, em2002, da Academia Brasil Kirin, localizada na ci-dade de Itu, em São Paulo. “Nesse espaço, promo-

vemos a capacitação das equipes e construímos oconhecimento necessário para atender o negócio.Os próprios profissionais da empresa ou especia-listas de organizações parceiras ministram treina-mentos com temas voltados para o desenvolvi-mento de competências técnicas e de gestão”, con-ta a executiva. Apenas em 2012, foram abordados280 temas em 500 mil horas de treinamento.

DO OUTRO LADO | Mas o que fazer com o co-nhecimento gerado? George Jamil responde.“Essa é uma questão comum nas empresas. Oprimeiro passo é proteger o conhecimento ad-quirido e, possivelmente, fazer futuros negócioscom os dados e as informações acumuladas.”

É aí que entram os serviços e produtos ofere-cidos por empreendedores como Leonardo Dic-ker. Proprietário da EAC Software, empresa mi-neira especializada no desenvolvimento de siste-mas automatizados de gestão para empreendi-mentos de varejo no país, ele está, há 20 anos, nomercado. Hoje, conta com 60 funcionários euma carteira de clientes de renome.

“Sabemos que as empresas precisam organi-zar sua base de dados para, consequentemente,gerir as informações e absorver o conhecimento

produzido em suas atividades”, pontua. “Por isso,tivemos a ideia de organizar o conhecimento deforma estratégica. Facilitamos a coleta e a com-preensão das informações levantadas pelo clien-te, e ele, por sua vez, enobrece suas relações comos seus funcionários e o mercado de atuação.”No modelo de Gestão de Conhecimento, essaprática é chamada de repositório de informação.

Para que os conceitos da metodologia sejamabsorvidos pela equipe da EAC Software, ela temacesso às plataformas wiki que permitem a inte-ratividade com os clientes, que podem, eles mes-mos, alterar ou completar os números na base dedados do sistema, a fim de deixá-la o mais corre-ta possível, o que gera mais agilidade e clarezados processos. Em outras palavras, os profissio-nais executam o compartilhamento dentro daGestão do Conhecimento.

Porém, antes de chegar ao consumidor, é preci-so fazer o dever de casa. “Meus colaboradores tam-bém precisam compreender os objetivos do clientee o conteúdo com o qual trabalham”, observa Leo-nardo Dicker. Para isso, ele realiza uma série de ini-ciativas - campanhas internas, treinamentos e pro-cessos de imersão - a fim de firmar o conhecimentocomo valor estratégico em seu próprio negócio.

“ Ao investirmos no desenvolvimentode pessoas e no compartilhamentoda comunicação, criamos aconexão entre a empresa e seuspúblicos e, assim, alcançamos osresultados esperados” SandraValéria Gilberti Prenstteter,executiva da Brasil Kirin

Leonardo Dicker investe na formação de seus 60 funcionários, tornando o conhecimento como estratégia do negócio

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á 25 anos, nascia uma iniciativa que re-volucionaria a pecuária de leite na re-gião de Viçosa e seria reconhecida esta-dual e nacionalmente como uma das

mais bem-sucedidas ações do agronegócio leitei-ro. O Programa de Desenvolvimento da PecuáriaLeiteira da Região de Viçosa (PDPL-RV) nasceupor meio de um convênio celebrado entre Uni-versidade Federal de Viçosa (UFV), Nestlé/DPAe Fundação Arthur Bernardes (Funarbe) e avan-çou ainda mais com a entrada do Sebrae Minas eda Itambé, formando uma parceria público-pri-vada de muito sucesso.

O PDPL-RV busca alcançar dois principais ob-jetivos: oferecer estágios para estudantes da UFVdos cursos de Agronomia, Medicina Veterináriae Zootecnia, a partir do 5º período, e prestar as-sistência técnica e econômica a produtores quetenham suas fazendas a um raio de 60 Km de Vi-çosa. O estágio oferecido acontece em três fases,sendo as duas primeiras realizadas na Unidade dePesquisa Ensino e Extensão em Gado de Leite(UEPEGL/UFV), e a terceira, nas próprias fazen-das dos produtores assistidos.

Durante a primeira etapa, o estagiário desen-volve atividades práticas sobre a produção de lei-te, como contenção de animais, vacinação, ensi-lagem, limpeza das instalações e dos utensílios,

26 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

AGRONEGÓCIO

Aula na fazendaUniversitários de Viçosa, dos cursosde Agronomia, Veterinária eZootecnia, são profissionaisdisputados pelo mercado

“Nem sempre o máximoprodutivo equivale ao máximoeconômico. Esse equilíbrio queincutimos na formação denossos estagiários é que vai fazera diferença entre os que são doramo. Entregamos umprofissional com uma visão maisholística e menos cartesiana”Christiano Nascif, coordenadortécnico do PDPL e consultor doSebrae

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Para Antônio Maria, o PDPLé uma troca de experiênciae conhecimento entreprodutores e universitários

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RESULTADOS EM NÚMEROS | Em 1988, iní-cio da atuação do Programa, a produção de leitedos participantes correspondia a 3% da produ-ção regional. Só para se ter uma ideia do cresci-mento, em 2012, o percentual subiu para 20%.Em outras palavras, a produção do PDPL-RV au-mentou sete vezes mais que a regional no perío-do. Em relação ao número de estagiários, essessomavam mais de 1500, de 1988 a 2012, sendoresponsáveis, nesse período, pelo atendimento a141 produtores.

Em 2012, 134 estagiários participaram doPDPL-RV, sendo 24 na primeira fase, 45 na se-gunda e 65 na terceira. Os resultados alcança-dos confirmam a excelência das atividades rea-lizadas: as 46 propriedades assistidas apresenta-ram dados expressivos na atividade leiteira, co-mo a produção média de leite de 838,25 L pordia e a produção por vaca em lactação de 17,91litros por dia. Os indicadores financeiros tam-bém foram animadores: o preço médio do leitefoi de R$ 0,9296 por litro, sendo o custo opera-cional efetivo de R$ 0,7145 por litro.

Em relação ao mercado de trabalho, o coorde-nador do PDPL afirma que a empregabilidadedos egressos também é crescente. “É um termô-metro que nos indica que a atividade está dandocerto. No máximo seis meses após a formatura,cerca de 80% dos egressos estavam empregados.No último ano, o nível subiu para 90%”, informaChristiano Nascif.

Mateus Lobato de Castro, responsável peloSetor de Fomento da Embaré, laticínio sediadoem Lagoa da Prata, justifica o sucesso dos ex-alunos do Programa. “Os profissionais do PDPLjá chegam com embasamento e preparo para aexecução do trabalho e a tomada de decisões.Eles entram com maturidade, conhecimento edomínio de tecnologia, proporcionando à em-presa resultados imediatos.” Dos seis técnicoscontratados pela Embaré, quatro são egressosdo PDPL-RV.

EGRESSOS NO MERCADO | Muitos dos ex-es-tagiários participantes conquistaram cargos dedestaque em grandes empresas. Um exemplo éArmindo José Soares Neto, hoje gerente-geral deSuprimento de Leite da Itambé. Aluno de Agro-nomia na UFV, concluiu um estágio de dois anos

no PDPL e logo foi absorvido pelo mercado.“Considero o PDPL a única iniciativa do país quese propõe a formar especialistas em pecuária lei-teira e obtém êxito com ela. É motivo de orgulhofazer parte do grupo de profissionais que passa-ram pelo Programa e manter, mesmo após 16anos de formado, contato com seus técnicos ecoordenadores”, ressalta.

Mesmo sendo egresso, Armindo Neto vê ainiciativa com objetividade. “A diferença entreo perfil profissional de um ex-estagiário doPDPL-RV em relação aos que não tiveram aoportunidade de estagiar é grande. Isso ocorreporque os alunos são expostos a um ambientemuito próximo do que vão encontrar no merca-do de trabalho em relação às responsabilidadesassumidas, à competição e ao cumprimento deprazos.” Segundo o gerente, quem se destacachega ao mercado de trabalho em condição van-tajosa em relação aos demais.

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entre outras. Na segunda fase, é preciso lidarcom planejamento da atividade leiteira, balan-ceamento de dietas, registros técnicos, econômi-cos e indicadores de eficiência. Já na terceira e úl-tima etapa, o aluno trabalha como um profissio-nal, orientando sobre o modo correto de condu-zir a produção leiteira, incluindo os aspectos téc-nicos, de administração, financeiros e ambien-tais, num intercâmbio de experiências entre oprodutor e o estagiário. O primeiro contribuicom a experiência e, o segundo, com os conheci-mentos adquiridos em sala de aula e por meiodos coordenadores do programa.

Antônio Maria Silva Araújo, da Fazenda Nô daSilva, no município de Cajuri, é parceiro doPDPL-RV desde o início. Para ele, a iniciativa é,sobretudo, uma troca. “Ofereço a fazenda paraque os estudantes possam aprender com a reali-dade. Em contrapartida, eles me atualizam comdados econômicos e dão suporte técnico e execu-tivo”, observa. O resultado é notório: “Saímos deuma produção diária de 100 L em 1988 para 4000L atualmente. O mérito é da nossa parceria”.

O coordenador técnico do PDPL e consultordo Sebrae, Christiano Nascif, explica que as fa-zendas participantes têm que, necessariamente,comercializar leite para algum laticínio sob ins-peção, seja municipal estadual ou federal. E res-salta: “Não importa o tamanho da fazenda. Bastaque os produtores tenham vontade de mudar eespírito para sempre buscar melhores resulta-dos”. Quanto aos alunos, ele reserva um preciosoensinamento. “Nem sempre o máximo produtivoequivale ao máximo econômico. Esse equilíbrioque incutimos na formação de nossos estagiáriosé que vai fazer a diferença entre os que são do ra-mo. Entregamos um profissional com uma visãomais holística e menos cartesiana”.

O pró-reitor de Extensão e Cultura da UFV,Gumercindo Souza Lima, é um entusiasta doprograma, considerando-o de importância extre-ma. “Por meio dele, conseguimos cumprir a ver-dadeira prática da extensão, estimulando o de-senvolvimento de tecnologias e levando-as à so-ciedade.” Para ele, a oportunidade de capacitaçãoe formação de milhares de alunos, via PDPL, ofe-rece estímulo e visibilidade à instituição de ensi-no, assim como à bem-sucedida parceria do setorpúblico com o privado.

" Por meio do PDPL, conseguimoscumprir a verdadeira prática daextensão, estimulando odesenvolvimento de tecnologiase levando-as à sociedade”Gumercindo Souza Lima, pró-reitor de Extensão e Culturada UFV

“Além de complementar aaprendizagem técnica egerencial, a iniciativa mepermitiu vivenciar um ambienteprofissional com cobranças,responsabilidades e respeito aosprodutores” Bruno Lucchi,assessor técnico da ComissãoNacional de Pecuária de Leite da CNA

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MOBILIDADE

Inovação emmobilidadeEmpresas especializadas são responsáveis pela criação de soluções em Tecnologia da Informação,atendendo diferentes setores da economia

SEBRAE APOIA O PDPLO Sebrae Minas é um dos apoiadores do

PDPL-RV. Mas os benefícios de tal parceriatêm via de mão dupla. “Ao mesmo tempoque contribuímos para uma formação dequalidade dos estudantes, com a certeza deque eles estão sendo preparados para se-rem profissionais de destaque, temos aoportunidade de indicá-los para atuaremcomo consultores no Educampo”, declara agerente de agronegócios do Sebrae Minas,Priscilla Lins. Além disso, para melhorar agestão econômico-financeira, a metodolo-gia do Educampo é utilizada, com muitosucesso, pelo PDPL-RV há mais de 15 anos.

Outro ex-participante que prosperou no mer-cado é Bruno Lucchi, assessor técnico da Confe-deração da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA) na Comissão Nacional de Pecuária de Lei-te. Para ele, o PDPL teve um peso muito grandeem sua formação profissional. “Além de comple-mentar a aprendizagem técnica e gerencial, a ini-ciativa me permitiu vivenciar um ambiente pro-fissional com cobranças, responsabilidades e res-peito aos produtores”, conta. Assim que se for-mou, ele foi trabalhar na Central de Processa-mentos de Dados do Educampo, projeto do Se-brae Minas de Consultoria Gerencial, inspiradona assistência técnica do PDPL. Em 2009, assu-miu seu atual cargo na CNA, onde ainda mantémcontato com os profissionais do PDPL e tambémdo Educampo – iniciativa que visa à capacitaçãogerencial de produtores rurais vinculados às ati-vidades de leite, café e fruta.

EVOLUÇÃO NA PRODUÇÃO DE LEITE

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À frente do site ViaPrincipal, Marcos Valim(a dir.) e Dervanil Júnioroferecem informaçõesestratégicas sobreimóveis

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FAZENDAS ATENDIDAS PELO PDPL

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cidade de Uberlândia, no Triângulo Mi-neiro, abriga centenas de empresas naárea de Tecnologia da Informação (TI).Para fomentar o negócio, só em 2012, o

Sebrae Minas investiu, por meio do projeto De-senvolvimento do Negócio de Mobilidade Empresa-rial, R$ 1,3 milhão em 70 empreendimentos quedesenvolveram e aperfeiçoaram softwares e apli-cativos em diferentes ramos, como segurança,gestão, agronegócio, educação, trânsito e saúde.Juntos, eles movimentaram R$ 300 milhões noano e empregaram quase três mil funcionários.

De acordo com Fabiano Alves, analista do Se-brae Minas em Uberlândia, esta iniciativa surgiuapós a aplicação da metodologia Foco Competiti-vo - que identifica tendências de negócios susten-táveis para uma determinada região produtiva -no segmento de TI da cidade, há três anos. “Já tra-balhávamos com cerca de 30 empresas especiali-zadas no desenvolvimento de softwares. Mas, comessa ferramenta, conseguimos envolver um nú-mero maior de estabelecimentos no projeto, quevem crescendo ano a ano”, afirma.

Com a participação mais assídua do setor, foifeito um estudo que apontou a mobilidade em-presarial como tendência futura do ramo de tec-nologia. Esse cenário estimulou a criação do Polode Mobilidade (www.polomobilidade.com.br) ea formação de redes entre micro e pequenas em-

presas, universidades, governo e demais institui-ções locais. A integração, fomentada pelo SebraeMinas, já gerou resultados significativos. “Fize-mos uma Rodada de Negócios interna, na qual osparticipantes do grupo puderam se apresentar,dividir expectativas e buscar a criação comparti-lhada de novas soluções”, conta Fabiano Alves.“As empresas pararam de se ver como adversáriase perceberam que podem ser parceiras em váriosprodutos, o que já tem acontecido.”

Marcos Caixeta Valim encontrou, nas reuniõesdo Polo de Mobilidade, a oportunidade de que pre-cisava para colocar o seu projeto em prática. De-pois de gastar tempo e dinheiro em busca de umapartamento que o atendesse, ele teve a ideia decriar um site com foco em inteligência imobiliária.O Via Principal entrou no ar há cerca de dois me-ses e tem a finalidade de ser um espaço que, alémde reunir ofertas de imóveis para compra e loca-ção, oferece informações estratégicas para o mer-cado imobiliário. “Geralmente, as pessoas interes-sadas contratam uma empresa de marketing parafazer essa pesquisa. Com nossa base de dados, po-deremos oferecer informações com precisão e umcusto mais baixo”, explica o empresário.

Ao fim do primeiro mês de veiculação, o ViaPrincipal oferecia 50 imóveis cadastrados, mas ameta é fechar 2013 com mil ofertas. Para isso, es-tão sendo estabelecidas parcerias com imobiliá-

rias e corretores independentes de Uberlândia.“Eles irão usar o site como uma vitrine para assuas vendas”, acredita Marcos Valim.

O plano de crescimento, porém, não se res-tringe ao número de imóveis cadastrados. Segun-do Dervanil Júnior, responsável pela parte técni-ca do Via Principal, a infraestrutura do site já foicriada para suportar uma expansão maior. “O ViaPrincipal também é o primeiro site de inteligên-cia imobiliária que interage com as mídias so-ciais. O usuário escolhe o apartamento e o com-partilha em suas mídias pessoais. Apresenta umaúnica versão disponíveltanto para o computadorquanto para dispositivos móveis.”

A ideia inovadora encontrou,no próprio Polode Mobilidade,o investimento de um empresárioexperiente. Robson Xavier, diretor executivo daZillion, é administrador e trabalha, há 30 anos,no ramo de tecnologia. Por meio de sua empresa,especializada em serviços em nuvem, é possívelter acesso a dados empresariais, como e-mails, ar-quivos e calendários compartilhados em bases degrandes provedores, de qualquer computador oudispositivo móvel habilitado. Atualmente, a Zil-lion conta com mil clientes ativos em todo Brasile cresce cerca de 20% ao ano, comfaturamento-de R$ 3 milhões anuais.

“O mercado imobiliário envolve sonhos e mo-vimenta muito dinheiro, mas as ferramentas queapoiam o setor são incipientes. Por isso, a coletade dados do site se faz importante neste momen-to”, acredita Robson Xavier. “O uso da inteligên-

cia imobiliária com uma base de informações va-lerá muito mais do que os imóveis anunciados.”

APOIO À INOVAÇÃO | Para fortalecer o poten-cial de Uberlândia no cenário tecnológico e ge-rar novos negócios para as micro e pequenas em-presas, o Sebrae Minas de Uberlândia criou oEdital Sebraetec, que prevê investimentos emnovas tecnologias. A periodicidade do Edital va-ria conforme o planejamento do Polo de Mobili-dade e atende somente as empresas que partici-pam da iniciativa. De 2012 para cá, já foramatendidos 46 estabelecimentos, com investi-mentos na ordem de R$ 2 milhões.

No primeiro trimestre deste ano, o resultadonão foi diferente. “Soltamos um novo edital emfevereiro. As 50 empresas inscritas tiveram osprojetos aprovados”, conta Fabiano Alves. Segun-do ele, até março, 20 delas já haviam sido con-templadas no projeto. O ideal é que, nos próxi-mos meses, as demais organizações sejam bene-ficiadas. “Isso mostra a alta capacidade de inova-ção do Polo de Mobilidade”, observa.

Uma das soluções beneficiadas pelo Sebraetecfoi o Agroeyes, desenvolvido pela Kyros, empresade tecnologia que presta serviço de desenvolvi-mento de software. O empreendimento integra oPolo de Mobilidade e, atualmente, mantém umcrescimento médio de 8% ao ano e atende, apro-ximadamente, 120 clientes nos estados de MinasGerais, Paraná, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro.Segundo César Borges Amorim, diretor comer-

“O mercado imobiliário envolvesonhos e movimenta muitodinheiro, mas as ferramentasque apoiam o setor sãoincipientes. Por isso, a coleta dedados do site se faz importanteneste momento” Robson Xavier,diretor executivo da Zillion

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César Amorim (a dir.) investiu na criação de um software que classifica e padroniza o volume de grãos, gerando maisassertividade e rapidez

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cial da Kyros, o projeto foi elaborado a partir dauma demanda da área agrícola, que necessitavade um sistema para classificar volume de grãos.Ao perceber que muitas sementes eram selecio-nadas de forma manual, o empresário investiu nacriação de um software que permitisse padronizaressecritério e aperfeiçoar o trabalho.

“Com a nova ferramenta, é possível ter um pa-drão de seleção com mais assertividade e rapidez.O Agroeyes também permite a documentação eo registro do histórico das informações”, diz Cé-sar Amorim. O software é direcionado aos agri-cultores e às empresas que desenvolvem e produ-zem sementes, bem como àquelas que compramgrãos para monitoramento da qualidade. A ex-pectativa é que o produto possa ser comercializa-do até o primeiro semestre de 2014.

CAPACITAÇÃO | Para aumentar a competitivida-de das empresas que compõem o Polo de Mobili-dade, foram realizadas diversas atividades juntoaos empreendedores, como Agendas de Relacio-namento com Compradores Avançados, Rodadasde Negócios,Missões, Capacitações e Fóruns Na-cionais eInternacionais, além de ações institucio-nais como a estruturação da Governança regio-

nal e o lançamento de um parque tecnológico.Segundo Miguel Correia Lima, presidente daLandix, o crescimento organizado de sua empre-sa se deu, principalmente, em função deste auxí-lio prestado pelo Sebrae Minas.

“Chegamos ao ponto que tínhamos medo decrescer, pois os gastos também aumentariam enão conseguiríamos ir adiante,” conta. Devido aogrande fluxo do trabalho, as atividades da empre-sa não conseguiam ser planejadas no tempo ade-quado. Com a orientação dos consultores, os pro-cessos foram organizados, melhorando a produ-tividade – que pode crescer em 30%, caso hajademanda, sem riscos à administração - e garan-tindo um crescimento linear.

Fundada em 2000, a Landix nasceu com focono desenvolvimento de um softwate de mobilida-de, somente nos três últimos anos, cresceu, emmédia, 23%, com o faturamento de R$ 2,2 mi-lhões anuais. Parte desse resultado se deve ao de-senvolvimento do software Landix Flex, que per-mite que empresas tenham mais agilidade empedidos realizados fora da loja física. Através de-le, vendedores externos efetuam os pedidos pormeio de um aparelho. De imediato, a solicitaçãochega à área de faturamento, dinamizando asvendas. “Antes, o vendedor tinha que voltar à em-presa, faturar o pedido e enviá-lo novamente.Agora, há uma comunicação eficaz entre o siste-ma da loja e o do aparelho usado pelo vendedor”,argumenta Miguel Lima.

A prestação do serviço também melhorou. Foidesenvolvido um sistema em que o cliente, dequalquer parte do mundo, pode abrir uma ocor-rência sobre suas dúvidas, críticas ou sugestões eenviá-la diretamente aos técnicos. “Mesmo a dis-tância, o colaborador da empresa resolve um pro-blema sem burocracia e com rápida reparação deerro”, observa o empresário.

Outra grande vantagem do investimento é adiminuição de erros e o uso inteligente da frotado cliente, uma vez que a logística de vendas estácompletamente informatizada e o pedido é fatu-rado no ato da venda, sendo possível planejar aentrega de acordo com outras solicitações. OLandix Flex é utilizado por grandes empresas detodo país, como Coca-Cola, Grupo Super Mix,Loja Elétrica e Real Moto Peças. Algumas delas jáestão na quinta versão da tecnologia.

A INDÚSTRIA DE TI NO MUNDO

Miguel Lima efetua os pedidos do cliente por meio doLandix Flex. Agora, os processos de venda e compra sãomais dinâmicos e eficientes

A INDÚSTRIA DE TI NO BRASIL

PARTICIPAÇÃO NO MERCADO DE SOFTWARE E SERVIÇOS: Fonte: IDC, 2007

PAÍSMovimentação Participação

(em bilhões de dólares) (em %)

1 EUA 339,6 38,9

2 Japão 71,7 8,21

3 Reino Unido 67,1 7,69

4 Alemanha 62,6 7,17

5 França 49,8 5,71

6 Espanha 19,8 2,27

7 China 15,2 1,74

8 Brasil 14,67 1,68

Fonte: Série de Estudos de Mercado Sebrae/ESPM 2008

MAIORES COMPRADORES DE SOFTWARE E SERVIÇOS NOBRASILIndústria 25,4%

Finanças 21,3%

Serviços 15,7%

Outros 12,1%

Comércio 10,3%

Governo 7,9%

Óleo e gás 5,6%

Agroindústria 1,7%

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das empresas estão na região Sudeste67%são empresas de pequeno porte84%

das empresas de TI do país possuem menos de 10 anos de mercado

83,9%Fonte: Observatório Softex, 2008

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Indo para uma feira de negócios, dois empre-sários, um industrial e outro de serviços, senta-ram lado a lado no avião. Conversa vai, conversavem, um deles disse: “Ah, se eu soubesse que teruma indústria grande era tão complicado, eucriaria uma empresa de serviços”.

O colega de serviços estranhou: “Se eu soubes-se que lidar com gente era tão difícil, eu montariauma indústria”. Os dois começaram a rir e conta-ram suas histórias. “O começo“ – disse o indus-trial – “foi muito difícil, o dinheiro era curto. Pe-guei a minha indenização de 10 anos de casa, ven-di o carro e consegui comprar a primeira máqui-na, usada, mas em bom estado. Minha mulhercuidava da produção, e eu, das compras da maté-ria-prima e das vendas. A gente trabalhava dia enoite, sete dias por semana, mas valia a pena.

Depois que pagamos a máquina, compramosoutra, depois outra, e a minha esposa contratoumais seis pessoas para trabalhar. Como os preçosda matéria-prima oscilavam muito, resolvi criarum local para estocagem. Precisei contratar al-guém para tomar conta e fazer as compras. Passeia me dedicar quase que exclusivamente às vendas.

Com muito trabalho e dedicação, a empresa foicrescendo. Rapidamente, atingimos 100 funcioná-rios. Aí começaram os meus problemas, que, mui-tas vezes, me fazem sentir saudades do tempo emque só eu e minha mulher tocávamos o negócio.”

Após o jantar, o empresário do ramo de servi-ços fez algumas considerações, e a história do in-dustrial continuou. “Alguns da velha guarda nãoconseguiram acompanhar o crescimento da em-presa, e eu tive que ajeitar um lugar para eles tra-balharem; em outros, a promoção subiu à cabeça,e as brigas começaram.

O que era resolvido diretamente agora era fei-to por meio de intermináveis reuniões, nas quaisas pessoas mais se defendiam e atacavam os co-legas do que resolviam problemas ou, o que eramais importante, planejavam. Numa ocasião, eu

me aborreci e chamei todos de médicos legistas,pois só estavam ali para fazer autópsias e procu-rar os motivos da morte do faturamento, da mar-gem e dos clientes.

Aqueles que outrora eram amigos e ajudavamuns aos outros tornaram-se inimigos mortais: oresponsável por vendas culpava a produção pelademora na entrega dos pedidos; esta, por suavez, se defendia, atacando o setor de vendas porcomercializar o que não tinha no estoque e dei-xar de vender o que estava mofando na expedi-ção. O estoque agora compromete a saúde finan-ceira da empresa, que precisa recorrer a bancospara pagar as contas.

Por fim, eu, que estava querendo delegar po-der, tive que assumir tudo novamente. Na reali-dade, estou indo para esta feira mais para espai-recer do que por necessidade propriamente dita.”

Sincronismo organizacional pode ser a saída

O outro empresário, que atuava há mais de 20anos no ramo de serviços, escutou atentamenteo desabafo do colega e, ao final, soltou uma belagargalhada. Em seguida, explicou: “Meu caroamigo, os problemas são comuns a todos nós,empresários, independentemente do tipo de pro-duto, serviço ou ramo de atividade.

O meu caso é pior. Eu não tenho máquinas, sógente, e trabalhar com gente é complicado. Vocêtem que aprender a lidar com vaidades, egos, nãoé fácil. Eu continuei um negócio que foi do meupai e do meu tio. A grande dificuldade foi convi-ver com os meus primos, que não tinham nenhu-ma vontade de trabalhar, só queriam usufruir daempresa. O problema só foi resolvido quando elafoi dividida e cada um foi para o seu lado. Torna-mo-nos, assim, concorrentes. Não demorou mui-to e comprei a parte deles – mais por insistênciado meu avô do que por necessidade.

Passada a transição, contratamos um diretorcomercial e um de marketing, e eu fiquei mais fo-cado na operação. Por um tempo, as coisas fica-ram sob controle, mas, com a crise do setor pri-vado, resolvemos entrar no setor público. Ganha-

mos nossa primeira concorrência e, junto comela, um tsunami de problemas.

O faturamento aumentou, mas, com a dificul-dade de receber as faturas e de seguir rigorosa-mente o orçamento, precisamos recorrer aos ban-cos para saldar as contas. Por esse e outros moti-vos, a margem despencou. Nunca soube se o errofoi da área de orçamentos ou da operação, elas seacusavam mutuamente. Dei um basta quandoconcluí que estávamos pagando para trabalhar.

Como você percebeu, estamos no mesmo bar-co. Entretanto, meu caro colega, alguns amigosme disseram que resolveram essas questões in-corporando nas suas empresas um conceito cha-mado Sincronismo Organizacional, que, se euentendi bem, é o alinhamento da estratégia querepresenta a vontade do dono com os processosorganizacionais e, principalmente, tudo isso comas pessoas. Acho que, assim que voltar desta via-gem, vou cuidar deste assunto.”

Se você se enxerga neste episódio, vale a penaesperar o próximo capítulo.*Professor da Fundação Dom Cabral e do Instituto Mauá de Tecnologia

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Rede denegóciosEmpresários da Zona da Mata,Campo das Vertentes e Sul de Minasunem esforços para fortalecer lojasde materiais de construção

CONSTRUÇÃO CIVIL

Após aderir à Rede Construir,a loja de Evaldo Saudatiganhou novo layout, comprateleiras e gôndolas paraorganizar os produtos

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A competitividade no mercado varejista dematerial de construção, cada vez mais acirrada,exige dos empresários soluções para enfrentar osdesafios no dia a dia dos negócios. O segredo paraconquistar o mercado e superar a concorrência éenxergar oportunidades de melhoria e cresci-mento nesses desafios. Foi com esse pensamentoque donos de lojas de materiais de construçãonas regiões da Zona da Mata, Campo das Verten-tes e Sul de Minas procuraram o Sebrae Minas,em 2011, com o intuito de organizar um grupopara participar do programa Central de Negócios– uma consultoria baseada em modelo associati-vo que permite compras, vendas e ações de mar-keting em conjunto.

A partir da Central de Negócios, o grupo –hoje formado por 14 empresários e 16 estabele-cimentos – fundou a Associação das Lojas deMateriais de Construção da Zona da Mata, Sul eVertentes de Minas Gerais (Alomata), em no-vembro de 2011. Localizadas nas cidades deArantina, Barroso, Bom Jardim de Minas, Carva-lhos, Juiz de Fora, Leopoldina, Lima Duarte, Ma-tias Barbosa, Rio Pomba, São João Nepomuceno,

"Fazer parte da Rede Construir traz inúmeras vantagens para osassociados da Alomata. Temosassessoria em marketing, maiorpoder de negociação junto aosfornecedores, mais rentabilidade e visibilidade no mercado eformação de pessoal” PauloCésar Pains, gestor regional deNegócios da Alomata/RedeConstruir

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São Vicente de Minas e Ubá, as empresas têm,em média, 20 anos de mercado e empregam 300funcionários. “Quando um grupo de empreendi-mentos do mesmo setor se une, ele consegue ex-plorar os benefícios das negociações em escala etem maior poder de barganha junto ao fornece-dor”, diz Marcelo Rother, analista do Sebrae Mi-nas em Juiz de Fora.

Visando ao crescimento das lojas e a viabiliza-ção de recursos, os empresários decidiram se as-sociar, em fevereiro de 2012, à Rede Construir –a maior no ramo de material de construção daAmérica Latina, presente em oito estados brasi-leiros (SP, RJ, MG, ES, RS, PR, CE e PE), commais de 250 estabelecimentos. “Fazer parte daRede Construir traz inúmeras vantagens para osassociados da Alomata. Temos assessoria emmarketing, maior poder de negociação junto aosfornecedores - que são de marcas conceituadas -,mais rentabilidade e visibilidade no mercado eformação de pessoal, cujo treinamento é ofereci-do pelos próprios fornecedores”, enumera PauloCésar Pains, gestor regional de Negócios da Alo-mata/Rede Construir.

O espírito associativo, segundo ele, é o requi-sito mais importante para se integrar à RedeConstruir, que também exige que a empresa te-nha, pelo menos, dois anos de atuação no merca-do, área de 100 a 150 m² para exposição de pro-

"O cliente tem confiança ao comprar em uma loja da Rede Construir. Além disso, temosvantagens como bons descontosjunto aos fornecedores e entregamais rápida da mercadoria" Emanuel Piazzi, dono da Conquista Materiais deConstrução

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dutos e faturamento mínimo entre R$ 100 mil eR$ 150 mil por mês. Além disso, é feita uma ava-liação da saúde financeira do estabelecimentopara verificar se não há endividamentos que oimpeçam de se desenvolver. Em seguida, o nomedo novo lojista precisa ser aprovado em assem-bleia da Alomata.

Os aprovados pagam uma taxa de admissão, novalor de R$ 2.400, uma mensalidade de R$ 300 eprecisam fazer a adequação visual do empreendi-mento em até 180 dias. A frota de veículos, o uni-forme dos funcionários e o layout da loja, incluin-do a sinalização e exposição dos produtos, rece-bem identidade visual padronizada. “Periodica-mente, fazemos um levantamento para saber se osassociados estão em dia com as obrigações fiscaise comerciais. A Rede Construir trabalha em par-ceria com os fornecedores de produtos, que visi-tam os lojistas e vendem de acordo com a quanti-dade que cada um precisa”, explica Paulo Pains.

Os empresários Edson Luiz dos Santos e Eval-do Bonato Saudati, proprietários da FerragensCrisol, em Juiz de Fora, foram os fundadores daAlomata. Após formar o grupo – que começoucom 22 empresas – e aderir à marca Rede Cons-truir, sua loja ampliou o espaço físico de 40 m²para 360 m². “O layout mudou completamente.Comprei uma nova estrutura metálica de pratelei-ras e gôndolas para colocar os produtos de formamais organizada, em um espaço menor, e melhorexpostos para os clientes”, conta Evaldo Saudati.

Os 14 funcionários receberam qualificação parapersonalizar o atendimento e conhecer os produ-tos dos novos fornecedores. O acesso do empresá-rio às ações de marketing ficou mais fácil, além deele ter melhorado seus conhecimentos comerciaise em recursos humanos. “A troca de experiênciasentre os lojistas da Rede Construir é o principal ga-nho desse projeto. É como se você tivesse acesso àcaixa-preta de todas as lojas, pois, a todo momento,recebemos informações reais sobre tudo que estáacontecendo. Isso nos permite tomar decisões co-mo aumentar o preço com base em dados verda-deiros”, destaca Edson dos Santos.

O diversificado mix de produtos da Ferragens Cri-sol, que conta com oito mil itens, tem contribuídopara o faturamento mensal de R$ 200 mil. Antes, es-se valor era de R$ 64 mil por mês. “Eu já tinha umameta de crescimento, mas, para atingir o atual fatu-

ramento, a Alomata contribuiu com 35%”, observa oempresário. O carro-chefe de vendas são os mate-riais elétrico e hidráulico, ferramentas e tintas, sendoque a média diária de atendimento é de 240 clientes.

MARCA CONSOLIDADA | A marca Rede Cons-truir já está consolidada no mercado há mais de 15anos, o que proporciona mais visibilidade para oslojistas mineiros. Os clientes atendidos pelo grupoAlomata são das classes A, B e C e vão desde o con-sumidor que está reformando a casa até as grandesconstrutoras. Os principais produtos vendidos pe-los lojistas são cimento, areia, ferragens (materialbruto), cerâmicas, azulejos e revestimento (mate-rial de acabamento), ferramentas, tubos, cone-xões, esquadrias metálicas, fechaduras, materialelétrico, hidráulico, metais, sanitários, pias de inoxe granito, tintas, pincéis, entre outros.

“A união dos empresários faz com que sejamosvistos como uma grande empresa. Isso tem umsimbolismo muito forte para todos os efeitos ad-ministrativos e comerciais, pois o respeito das in-dústrias parceiras, dos clientes e colaboradores fi-ca mais acentuado. Acreditamos que o sucesso daAlomata é responsabilidade do Sebrae Minas,pois, sem a participação da instituição, não tería-mos criado a associação e nem entrado na RedeConstruir”, ressalta Edson dos Santos.

Entretanto, a resistência de alguns empresáriosem abrir mão da própria marca para usar o nome

“A cultura do associativismo éimportante para o empresárioentender e confiar no modelode atuação coletiva com foco nageração de negócios. Isso trazganhos em competitividade.”Marcelo Rother, analista doSebrae Minas em Juiz de Fora

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Entre os ganhos proporcionados pela união doslojistas, Emanuel Francisco destaca a melhor padro-nização dos produtos no estoque, o novo layout e aimagem repassada para o consumidor final. “Ocliente tem confiança ao comprar em uma loja daRede Construir. Além disso, temos vantagens comobons descontos junto aos fornecedores e entregamais rápida da mercadoria adquirida”, ressalta.

Com duas lojas e 22 funcionários, sendo 18 namatriz de Matias Barbosa e quatro na filial em Juizde Fora, o empresário tem um faturamento anual

em torno de R$ 2,5 milhões (média de R$ 210 milpor mês). Antes de entrar para a Alomata, esse va-lor era de R$ 1,7 milhão por ano. Ele conta comseis mil itens na cartela de produtos, que vão des-de areia, brita, cimento e material de acabamentoaté utilidades para casa, como lustres e fechadu-ras. “Além das cidades onde possuo lojas, vendopara clientes de Santos Dumont e Simão Pereira,municípios da região. Tenho cinco caminhões, umpara buscar a mercadoria no fornecedor e os ou-tros quatro para fazer entregas.”

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Rede Construir foi a principal dificuldade encon-trada pela Alomata. “O processo de transição parauma rede tem que ser feito com cuidado, principal-mente nos ativos da marca. Não é interessanteabandonar um nome já consolidado e trocar poroutro sem planejamento“, pontua Marcelo Rother.

De acordo com ele, os lojistas que participa-ram da Central de Negócios e permaneceram naassociação desenvolveram a visão coletiva. “Acultura do associativismo é importante para oempresário entender e confiar no modelo deatuação coletiva com foco na geração de negó-cios. Isso traz ganhos em competitividade.”

EXPANSÃO | Entre os principais resultados al-cançados pela Alomata estão a formalização deparcerias com mais de 20 fornecedores de mate-riais de construção que trabalham com produtosde maior rentabilidade e giro no mercado e a rea-

lização de campanhas de marketing em jornais deofertas e no rádio. “A ferramenta de marketingcom grande retorno é o jornal de ofertas. Por mês,cada loja distribui, no mínimo, três mil publica-ções para os clientes e a população local. Este ano,também pretendemos veicular propagandas naTV”, diz Paulo Pains.

O faturamento dos lojistas em 2012 foi de R$ 31milhões, 40,9% maior em relação aos R$ 22 mi-lhões somados em 2009, ano em que a associa-ção ainda não existia. Em 2013, uma das metasdo plano de expansão da Alomata é ter 30 lojasassociadas na região da Zona da Mata. Para isso,a Comissão de Expansão do grupo tem realizadovisitas a outros estabelecimentos do ramo paraconvidar novos empresários a participar da ini-ciativa. “Em março, a Rede Construir Nacionalesteve presente na Feira Internacional da Cons-trução, em São Paulo, onde o foco foi o cresci-mento do negócio. As regionais trabalharam noestande da feira para atrair novos associados”,pontua o gestor regional.

Em sua avaliação, a boa gestão do negócio éo segredo para conquistar espaço no mercado.“A Central de Negócios ajudou os empresários atrabalhar em grupo e a ver o outro lojista comoparceiro, ao invés de um concorrente. Hoje, aslojas da Alomata são mais reconhecidas pelosclientes. E, para aperfeiçoar a gestão, os associa-dos vão participar, a partir de abril, do SebraeIntegra, que prevê consultorias, diagnósticos eplano de melhorias para a gestão financeira, depessoas e indicadores de desempenho.”

IMAGEM FORTALECIDA | Para fortalecer no mer-cado a imagem da Conquista Materiais de Cons-trução, o empresário Emanuel Piazzi Francisco, deMatias Barbosa, decidiu se associar à Alomata em2011. “Unidos somos mais fortes do que sozinhos”,acredita. Há seis anos no mercado de materiais deconstrução, ele conta que, após participar do pro-grama Central de Negócios, aperfeiçoou os conhe-cimentos na área de compras, e seu negócio ficoumais lucrativo. “Tenho maior poder de compra e con-sigo vender os produtos dentro do valor de mercado,com uma margem de lucro mais satisfatória. Diantedesse fortalecimento, os fornecedores veem a nossaloja com outros olhos e têm mais confiança na hora denegociar o prazo de pagamento.”

O CENÁRIO DO SETOR DECONSTRUÇÃO CIVIL

138MILLOJAS DEMATERIAL DECONSTRUÇÃO NO BRASIL

8% do PIB do setor é representado pelo comérciode materiais de construção, o que equivale a 0,5% do PIB do país

77% do PIB pertencente ao comércio de materiais de construção (8%) se deve às lojas de pequeno e médio porte

Fonte: Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Instituto Data Popular

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ALOMATAEM NÚMEROS❚ 14 empresários com 16 lojas;

❚ média de 20 anos de atuação das empresas no mercado;

❚ 300 colaboradores empregados pelo grupo;

❚ faturamento anual de R$ 31 milhões em 2012;

❚ média de vendas mensais de cada lojista no valor de R$ 161 mil;

❚ 2.100 clientes atendidos por mês pelo grupo;

❚ 280 m² é a média da área de exposição de produtos nas lojas.

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uando se entra em uma oficina me-cânica, o que se espera encontrar sãocarros, peças automotivas, graxa,mecânicos, entre outros itens bemmasculinos. A presença do dono,também no masculino, é fundamen-

tal. Mas, e se, ao invés de um dono, você deparacom a dona da oficina, no feminino mesmo? Pois,em Belo Horizonte, esse cenário é real.

Trata-se da Segmento Mecânica, a famosa“Oficina das Meninas”. No comando, as três ir-mãs: Laura Furtado dos Reis, proprietária e res-ponsável pelo atendimento ao cliente e pela admi-nistração financeira; Lilian Garcia dos Reis Silva,gerente e consultora técnica; e Adriane GarciaMacedo, que trabalha com orçamentos e cotaçãode peças. Desde 2008, esse trio mostra o que mui-tas pesquisas e empreendedoras brasileiras vêmconfirmando: lugar de mulher é na liderança.

No Brasil, a força feminina no negócio é umdos destaques da Global Entrepreneurship Monitor(GEM 2012) – Empreendedorismo no Brasil / Re-latório Executivo, pesquisa conduzida pelo Insti-tuto Brasileiro da Qualidade e Produtividade(IBPQ), com a parceria técnica e financeira do Se-brae e o apoio do Centro de Empreendedorismo eNovos Negócios da Fundação Getúlio Vargas(FGV). O estudo, que entrevistou 10 mil pessoas,nas cinco regiões brasileiras, mostrou que o em-preendedorismo feminino vem aumentando a ca-da ano no país. A última edição identificou que49,6% dos que iniciam carreira empresarial sãomulheres. Em 2002, esse percentual era de 42%.“As brasileiras estão entre as que mais empreen-dem no mundo. Cerca de 13 milhões estão à frentedas empresas no país”, enfatiza a analista do SebraeMinas, Michelle Chalub Cossenzo. De acordo comela, do total de pessoas atendidas pelo Sebrae Mi-nas em 2012, 43% eram do sexo feminino.

Em Minas Gerais, não é diferente. Os resultadosda pesquisa Empreendedorismo Feminino, divulgadapelo Sebrae Minas em março deste ano, mostramque dos 1.228 entrevistados, em oito regiões do Es-tado, 33% são mulheres que comandam Micro ePequenas Empresas (MPE). O estudo também des-taca que 44% dos estabelecimentos administradospelas mineiras faturam entre R$ 60 mil e R$ 180mil por ano e têm, em média, cinco funcionários,enquanto, nos dos homens, a média é de 7.

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ELASNA LIDERANÇA

COM TALENTO, PERSISTÊNCIAE UMA BOA DOSE DECORAGEM, AS MULHERESFAZEM A DIFERENÇA NOCOMANDO DOS PRÓPRIOSNEGÓCIOS

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CONHECER PARA CRESCER | De acordo com oconsultor financeiro Erasmo Vieira, um dos pon-tos que contribuem para o crescimento das mu-lheres no negócio é a busca constante pelo conhe-cimento. “Elas estão abertas para a orientação es-pecializada e valorizam a formação acadêmica e acapacitação empresarial. Essa atitude gera amadu-recimento na performance empresarial, contri-buindo para que obtenham sucesso nos negóciose conquistem seu espaço no mercado”, acredita.

A pesquisa conduzida pelo Instituto Brasileiroda Qualidade e Produtividade, em 2012, mostraque 36% das mulheres empreendedoras pos-suem curso superior ou pós-graduação, percen-tual que supera o dos homens, de 31%. CarinaVieira de Martins, proprietária da SelecionataAlimentos – Soluções em Lanches para Coletivi-dades –, em Conselheiro Lafaiete, vem somar aeste grupo. Além de nutricionista, ela se capaci-tou em gestão pelo Instituto de DesenvolvimentoEmpresarial do Brasil (IDE Brasil), em Auditoriade Alimentação e Nutrição pelo Instituto Racine(São Paulo), fez o Empretec, entre outros cursosconcluídos na área de gestão de negócios e ali-mentação. Em suas palavras, “conhecimento époder, e poder é capacidade de agir”.

Com tantas informações e conhecimentos nabagagem, hoje, a empreendedora lidera uma dasprincipais empresas especializadas no forneci-mento de kits de lanches e sanduíches de ATM (at-mosfera modificada que aumenta a validade do ali-mento), em serviços de gestão de contratos, audi-torias em alimentação e nutrição e no desenvolvi-mento de soluções para lanches coletivos em orga-nizações da região. Os 14 funcionários produzem,por ano, 336 mil kits de lanches para 18 cidades deMinas Gerais e do Espírito Santo, o que possibilitaum faturamento de R$ 3,5 milhões. No primeiroano de operação, em 2010, a produção diária cres-ceu 580%, passando de 85 para 500 kits. Entre2011 e 2012, esse volume aumentou 186% – de500 para 930 unidades.

O empreendedorismo de Carina Martins estáno sangue. Aos 10 anos, junto com as irmãs, já da-va duro no restaurante da família, o Panela de Pe-dra. “Comecei descascando batatas. Minha princi-pal escola foi trabalhar com minha mãe, Maria deLourdes. Com ela, incorporei valores básicos parao sucesso, como determinação, persistência e

“O mercado mudou, as oportunidades são mui-tas e a mulher empreendedora possui diferenciais,como jogo de cintura, sensibilidade aguçada, capa-cidade de equilibrar firmeza e um tratamento maishumanizado na liderança, o que fortalece o compro-metimento dos funcionários com os resultados daempresa”, avalia Michelle Chalub. Laura Reis e sua“Oficina das Meninas” mostram que isso é verdade.

A Segmento Mecânica foi fundada pelo seumarido, Lúcio, junto com um sócio, em 1987. Al-guns anos mais tarde, ele resolveu vendê-la, paracomprá-la de volta em 1995. “A minha irmã Li-lian, mesmo ainda jovem e sem entender de car-ros, assumiu a gerência na época. Paralelamente,eu e Lúcio continuamos com nossos empregos”,lembra a empreendedora.

A atuação dela no setor automobilístico é an-tiga – trabalhou 18 anos em concessionárias e seconsagrou mestre de vendas de uma importantemarca global do setor. Após ser desligada da em-presa, passou a atuar na oficina do casal e, para-lelamente, comprava e vendia carros. “Era um so-

nho antigo do Lúcio que comandássemos juntosa empresa, que vinha crescendo a cada dia.” Noentanto, em 1998, o marido foi assassinado naporta da garagem de casa. “Não tive tempo depensar. Ele era o coração e a alma do nosso negó-cio. Dois dias depois, tínhamos 19 carros para en-tregar, sem saber se tocaríamos o empreendi-mento sem o Lúcio”, recorda. As irmãs reunirama equipe no pátio da oficina e, todos, incluindo osquatro mecânicos que as acompanham até hoje,decidiram juntos dar continuidade ao trabalho.“Concluímos que tudo dependeria do nosso em-penho. Cada um foi para sua posição como se fos-se o dono da empresa. Esse apoio foi e continuasendo muito importante.”

Hoje, o negócio possui mais de 3.500 clientes– são mais de 80 novas pessoas atendidas a cadatrês meses –, nove funcionários e um faturamen-to médio de R$ 60 mil por mês. “Temos o respei-to da equipe, a confiança dos clientes, e a credi-bilidade da oficina é cada dia mais forte no mer-cado”, orgulha-se a empresária.

“Crescemos dez vezes em doisanos. Defendo a ideia de que,primeiro, a gente tem que serpara fazer e, depois, ter.Acredito que já somos. Agora,vamos fazer o mercado, parater no futuro”

riado em 2004, o Prêmio Sebrae Mulher deNegócios visa destacar histórias de superaçãoe sucesso de empreendedoras que fazem a

diferença no comando das MPE do país. Podemparticipar mulheres com mais de 18 anos, donas deempresas que faturam até R$ 3,6 milhões ao ano. OPrêmio é dividido em duas etapas: estadual e nacio-nal. As candidatas podem concorrer nas categoriasPequenos Negócios, Produtora Rural e Microempreen-dedora Individual. Em 2012, foram 5,4 mil inscri-ções em todo o Brasil e 195 em Minas Gerais.

O Prêmio Sebrae Mulher de Negócios é uma ini-ciativa do Sebrae, em parceria com a SecretariaEspecial de Políticas para as Mulheres, a Federa-ção das Associações de Mulheres de NegóciosProfissionais do Brasil (BPW) e a Fundação Na-cional da Qualidade (FNQ).

DATA DE INSCRIÇÃO: ATÉ 31 DE JULHO

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: WWW.MULHERDENEGOCIOS.SEBRAE.COM.BR

PRÊMIO SEBRAEMULHER DENEGÓCIOS

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DE MULHERESABRIRAM NEGÓCIOSEM 2012.

64,5% dos que empreendem por oportunidade são mulheres, e 73,9%, homens.

ELAS EM MINAS Fonte: Pesquisa Empreendedorismo Feminino / Sebrae Minas 2013

51,8% doempreendedorismofemininoconcentram-se noSul e Nordeste.

49,6% dosempreendedoresiniciais (TEA) são mulheres, e 50,4%, homens.

44% dosempreendedoresestabelecidos (TEE) são mulheres, e 56%, homens.

ELAS NO BRASILFonte: GEM 2012

milhões

33%das MPE são comandadas por mulheres.

36%dos empreendedores com graduação ou pós-graduação são mulheres, e 31%, homens.

52% dos empreendedores com idade entre 31 e 50 anos são mulheres, e 54%, homens.

52% dos empreendedores que adotam ações de controle administrativo são mulheres, e 50%, homens.

44%dos empreendedores que faturam entre R$ 80 mil e R$ 180 mil por ano são mulheres, e 43%, homens.

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sanduíche de ATM, e na patente de uma máquinapara distribuição e medição automática dos lanchesem organizações. A empresária espera aumentarsua produção em 752% – sete mil kits de lanche pordia – até o final de 2013. “Que Zeca Pagodinho medesculpe, mas não deixo a vida me levar, sou euquem a levo. Sei onde, como, quando e por que que-ro chegar lá. Com minhas habilidades, talento e per-sistência, escolho a estrada que vou seguir.”

DIFERENTES PAPÉIS | Mesmo conquistando ca-da vez mais espaço na economia, o grande desafiodas mulheres ainda é conciliar o seu lado empresa-rial com as suas diferentes atuações na sociedade.Alessandra Ferreira da Silva vive esse dilema. Mãede quatro filhas e proprietária de duas lojas de bi-jouteria – uma na Savassi e outra no Barro Preto -,ela precisou abdicar de alguns momentos com asmeninas para investir no crescimento do negócio.“A ausência é inevitável, não tenho como estar100% em casa. Mas procuro dedicar todas as horaslivres a elas. O domingo é sempre um momentonosso e, quando acordo inspirada, encaro até o al-moço ou as levo para um passeio diferente”, conta.

Na visão de Erasmo Vieira, a capacidade da na-

tureza feminina em saber administrar os vários pa-péis de mulher, mãe, esposa, dona de casa, e aindamanter o bom desempenho empresarial, é uma dasprincipais características que contribuem para ofortalecimento do sexo feminino no mercado. “Essaé uma vantagem competitiva para as mulheres, poisconseguem lidar com um grande volume de ativi-dades e possuem sensibilidade na gestão de confli-tos e de pessoas”, avalia.

Quando tinha 17 anos, Alessandra da Silva acre-ditava já ter traçado seu futuro profissional. Estu-dante de um curso técnico de contabilidade e esta-giária em uma empresa de sapato, ela se preparavapara ser a contadora do negócio de curtume do pai.Mas engravidou de gêmeas e precisou aprender aconciliar a vida profissional com a familiar.

A atual empresária passou a fazer presilhas decabelo com restos de couro e camurça que sobra-vam da produção de jaquetas da mãe. “As pessoasficavam encantadas com as peças. Comecei a ven-der aos poucos. Uma vizinha, que tinha uma bar-raca na Feira Hippie de Belo Horizonte, me pediupara fazer algumas dúzias para vender. Em meiahora, as peças acabaram”, recorda a empresária.

A matéria-prima vinha do descarte de grifes fa-

transparência”, diz, ao resgatar a história da ma-triarca que, sozinha, criou os quatro filhos e admi-nistrou o negócio que foi o embrião do grupo com-posto pelas duas empresas da família.

A Selecionata Alimentos surgiu por uma neces-sidade. Para não perder um contrato, o Panela dePedra precisou aceitar uma demanda de preparo dekits de lanche. “Eu não queria, era muito diferentedo nosso negócio, mas precisávamos manter ocliente. Minha mãe pediu para eu assumir e me aju-dou a abrir a empresa”, recorda. A empreendedoramontou, em sua casa, uma pequena cozinha de 30m². “Fiz tudo com muito capricho e zelo, customi-zando os produtos e serviços conforme o foco docliente. Tomei gosto pelo negócio.”

Após um ano, este comprador propôs à empre-sária padronizar o fornecimento dos kits e ampliá-lo para atender outras localidades de atuação, emum raio de 900 km. “Assumi o projeto, cujo focoera garantir os produtos para todas as unidades, nomesmo horário e com a mesma gramatura, marcae qualidade”, observa Carina Martins. A expansãodo negócio fez com que a empreendedora se trans-ferisse para um galpão de 700 m², em outubro de2012. Assim, a produção da Selecionata Alimentos

foi multiplicada por dez, passando de cem paramil lanches por dia. Os resultados e a performanceempresarial foram reconhecidos como faixa bron-ze na etapa estadual no Prêmio Sebrae Mulher deNegócios 2012 (veja mais informações na pág. 46).“Crescemos dez vezes em dois anos. Defendo aideia de que, primeiro, a gente tem que ser para fa-zer e, depois, ter. Acredito que já somos. Agora, va-mos fazer o mercado, para ter no futuro”, ensina.

Erasmo Vieira concorda com a visão de cresci-mento da empresária. Segundo ele, o mercado es-tá aberto para todos, mas não admite amadores eerros, pois uma nova empresa já precisa nascercompetitiva. “O crescimento econômico e o au-mento das oportunidades obrigam o empreende-dor a se preparar para uma gestão focada na con-solidação e no desenvolvimento do negócio. É pre-ciso boa administração, custo baixo e competitivi-dade para uma empresa se manter. Daí a impor-tância do conhecimento, do planejamento e dadisciplina na gestão”, enfatiza o consultor.

Carina Martins sabe como é importante gerarmelhorias constantes na prestação de serviços aocliente, bem como na criação de novos produtos.Por isso, ela está investindo em inovações, como o

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EDUCAÇÃO

O dia de Frederico Amorim começa cedo. Aos22 anos, ele acorda às 6 horas para preparar oslanches e doces que serão vendidos. Desde no-vembro, o jovem é proprietário da Mix Lanche,empresa de tele-entrega de sanduíches idealiza-da e fundada por ele. Segundo conta, a realizaçãodo sonho de ser dono do próprio negócio come-çou a se tornar realidade graças a sua passagempelo Núcleo de Empreendedorismo Juvenil(NEJ) do Sebrae Minas, que funciona dentro doPlug Minas - Centro de Formação e Experimen-tação Digital do Governo de Minas Gerais.

O desejo de se tornar um empresário já acom-panhava Frederico Amorim há alguns anos. “Mi-nha primeira ideia era criar uma pequena empre-sa especializada em doces para casamentos”, re-vela. Porém, o custo da iniciativa era alto - apro-ximadamente R$ 30 mil de investimento inicial.“Ao ingressar no NEJ, comecei a perceber as mo-vimentações do mercado e, assim, o que era docevirou salgado”, brinca. A partir daí, o empreende-dor começou a desenhar a sua empresa de lan-ches naturais. “O investimento no ramo de san-

Empreendedorismopara a vida Curso técnico estimula a

formação de jovens capazes de conduzir os rumos de sua história

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Frederico Amorim viu no NEJ a oportunidade parainvestir, ao mesmo tempo, na criação de seupróprio negócio e na realização de um sonho

mosas, clientes do pai. “Comprava a um valor irrisó-rio. Conseguia uma infinidade de cores e texturasinimagináveis, ninguém conseguia me copiar.Transformei muito lixo de grife em acessórios de lu-xo”, diverte-se. A mesma vizinha percebeu o poten-cial da jovem e a apresentou a outro comerciante daFeira Hippie, que tinha espaço para dividir na barra-ca. A empresária passou a vender suas peças.

As vendas não paravam de crescer, e ela ficouconhecida por comerciantes de outras cidades mi-neiras e estados brasileiros, que compravam os pro-dutos no atacado. Uma exportadora a descobriu, eas presilhas foram parar na Itália. Por 15 anos, a jo-vem empreendedora mostrou seu talento na famo-sa feira mineira de rua, como artesã e empreende-dora. Porém, o destino deu-lhe uma rasteira, e de-núncias provocaram sua retirada da feira por fis-cais, por ela não ser proprietária da barraca.

Alessandra da Silva não desanimou e investiuem um ponto no Barro Preto, polo de atacado damoda na capital mineira. Soube da construção deuma Feira Shop na região e alugou dois boxes. Nes-sa época, amadureceu a ideia de montar uma lojade rua e criar uma marca própria. “Descobri umaloja em construção, mas o dono não botava fé emmim. Ele resistiu e fechou o aluguel com outra mu-lher. Meu santo é tão forte que ela desistiu na últi-ma hora, e a loja veio para mim”, comemora. As-sim, nasceu a Monopólio, em 2006, com cara deloja de shopping. “O que investi retornou no pri-meiro mês. Um sucesso!”, conta, faceira.

Uma das filhas mais velhas, Bruna, que está seformando em Administração, entrou no negócio.Ela a convenceu a investir em uma loja na Savassi,inaugurada há três anos, e mudou os produtos paraatender um novo público, assumindo a produçãoe a administração do estabelecimento. “A Bruna serevelou na criação das peças, fez a última coleçãode inverno sozinha e já planeja nossa loja virtual”,orgulha-se a mãe.

Hoje, a Monopólio conta, além das duas lojas,com uma fábrica e 16 funcionários, responsáveispela criação para o atacado e varejo. Os númerosde faturamento, Alessandra da Silva não revela.Afirma apenas que as vendas dobraram entre 2011e 2012 e que o volume de peças comercializadaschega a sete mil por mês. Este ano, a marca parti-cipou, pela primeira vez, do Minas Trend, famosoevento de moda da capital mineira.

“Transformei muito lixo degrife em acessórios deluxo”

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duíches se revelou mais em conta, algo em tornode R$ 3 mil. Hoje, sou o primeiro delivery de san-duíches naturais do Brasil”, orgulha-se.

Criado em 2010, o NEJ oferece curso técnicoem Administração, com ênfase em Gestão de Ne-gócios e Empreendedorismo, para alunos matricu-lados ou formados em escolas da rede pública deensino do Estado. Além de ter entre 14 e 24 anos,os candidatos precisam estar cursando ou ter con-cluído o 3º ano do Ensino Médio. No último pro-cesso seletivo, realizado nos meses de novembro edezembro de 2012, foram ofertadas 210 vagas. Nototal, o curso possui 800 horas/aula, divididas emtrês módulos, e tem duração de um ano.

Além do conteúdo teórico próprio da gestãode negócios, a formação do NEJ dá atenção espe-cial ao comportamento de seus estudantes. “Ocurso me surpreendeu ao incentivar o aprimora-mento pessoal. Antes eu não sabia nem comoconversar de forma adequada e só falava gírias”,revela o agora empresário Frederico Amorim. Se-gundo Fátima dos Santos Pinto, coordenadora doNEJ, “a formação técnica é amparada por disci-plinas que exploram a formação intelectual e acomunicação empresarial”. Dessa forma, os jo-vens têm aulas de desenvolvimento humano, ges-tão de pessoas e português instrumental. As dis-

ciplinas de matemática financeira, logística, con-tabilidade gerencial e noções de direito comple-tam o perfil técnico do plano curricular.

A empresa de Frederico Amorim funciona nacasa onde mora com a mãe, no Aglomerado Morrodas Pedras, região Oeste de Belo Horizonte. A co-zinha foi adaptada para seguir à risca os padrões dequalidade e higiene. Ao fixar o seu empreendimen-to na região onde nasceu e cresceu, o rapaz acreditaestar contribuindo para a melhoria da comunidade.“Não vou negar que, em muitos momentos, eupensei que a vida de crimes seria o meu destino. Fo-ram muitos os amigos que seguiram esse caminhoe se perderam. Mas, ainda bem, uma possibilidadenova se abriu para mim”, comemora.

CONSTRUINDO UM NOVO CAMINHO | O ob-jetivo principal da formação oferecida pelo NEJé que o aluno consiga se tornar protagonista desua própria história. “Trabalhamos com o concei-to de ‘empreendedorismo para a vida’, ou seja,mesmo que depois o participante opte por nãoinvestir na carreira empresarial, ele estará apto atomar decisões de forma mais consciente e ma-dura, seja na escolha de uma carreira, seja naconvivência social”, argumenta a coordenadora.

A metodologia de ensino do NEJ e boa partedos seus educadores são oriundos da Escola Técni-ca de Formação Gerencial (ETFG), que funcionana sede do Sebrae Minas, na capital mineira. As di-ferenças são as cargas horárias - no NEJ, a forma-ção técnica não é concomitante com o Ensino Mé-dio - e, o mais importante, o custo. No Núcleo, ocurso é completamente gratuito. “Como nas ou-tras áreas de atuação do Plug Minas, os gastos comtransporte e alimentação dos estudantes são cus-teados pelo projeto”, conta Fátima dos Santos.Atualmente, o NEJ está formando a sua quarta tur-ma, sendo que o número de alunos formados estásubindo a cada ano (confira no quadro ao lado).

CONHECIMENTO NA PRÁTICA | Além do pla-no curricular robusto, o curso técnico em Admi-nistração oferece uma variedade de atividadespráticas. Dentre elas, destaca-se o projeto Tutoria,em que os jovens têm a oportunidade de vivenciaro dia a dia das empresas. “Graças à iniciativa, eupude conhecer o cotidiano de uma agência queoferece atividades de mergulho. Aprendi as estra-

tégias utilizadas pelo empresário para vender umproduto que, aparentemente, é complicado de sercomercializado em uma cidade sem mar. Muitodo que vi eu apliquei no meu próprio empreendi-mento”, recorda Frederico Amorim, cuja empresaapresenta um aumento de faturamento de 58%ao mês desde a sua criação.

Fátima dos Santos explica que a iniciativa é de-senvolvida logo no primeiro módulo da formação,para permitir que os alunos já se familiarizemcom o mercado de trabalho e o ambiente profis-sional. “Durante um trimestre, eles frequentamuma empresa e conhecem todos os seus proces-sos. Um aspecto importante é que a responsabili-dade de encontrar os tutores é deles”, conta.

Apesar de não ter como objetivo o encami-nhamento ao mercado de trabalho, a coordena-dora revela que não é raro receber notícias de ex-estudantes que conseguiram boas colocações emempresas. “Temos certeza de que, ao sair daquicom o certificado, que é reconhecido pelo Mi-nistério da Educação, eles se tornam aptos a plei-tear qualquer vaga que peça por um técnico emAdministração. Recentemente, tive a notícia deum aluno que foi contratado pelo empresárioque foi o seu tutor.”

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“Temos certeza de que, ao sairdaqui com o certificado, que éreconhecido pelo Ministério daEducação, os alunos se tornamaptos a pleitear qualquer vagade técnico em Administração”Fátima dos Santos, coordenadorado NEJ

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Atuação do NEJ

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Ao final da capacitação, os jovens devem en-tregar um Plano de Negócios, que é consideradoo trabalho de conclusão da formação. “Eles escre-vem um projeto completo de criação e implanta-ção de uma empresa. Todas as informações pre-cisam estar amparadas em dados reais. Logo de-pois, são avaliados por uma banca”, detalha Fáti-ma dos Santos. Foi baseado no Plano de Negóciosescrito no NEJ que Frederico Amorim deu parti-da para a criação de sua empresa de lanches. “Euapenas fiz uma adaptação no tipo de produto quequeria vender.”

EMPREENDEDORISMO É ARTE | Envolvido naatividade artística desde a adolescência, o músicoe poeta Carlos Eduardo Costa dos Anjos, mais co-nhecido como Kdu dos Anjos, se interessou peloempreendedorismo em 2009, durante uma con-versa com amigos artistas. “O estalo veio quandoeles se definiram como empreendedores. Um de-les me deu a dica sobre o curso oferecido peloNEJ, e eu corri atrás”, conta o músico, que ingres-sou no Núcleo em 2011.

Mesmo não sendo uma iniciativa específicade empreendedorismo musical, o jovem desen-volveu um método pessoal interessante para ab-sorver, ao máximo, as lições oferecidas nas aulas.“Sempre que falavam em produto, eu imaginavacomo sendo a minha música. Quando o tema eramercado de trabalho, para mim, era cenário cul-tural. Descobri que a adaptação foi perfeita.”

Ao ingressar no NEJ, o artista já tinha um CDgravado com composições próprias. Ele afirmaque as aulas de logística o ensinaram a fazer adistribuição do trabalho e a criar algumas técni-cas. “Aprendi a apresentar o CD para possíveispatrocinadores como um cartão de visitas. De-senvolvi também maneiras de fazer vendas empacotes. Eu organizava um show, e o ingressoera a compra do CD, por exemplo”, lembra.

Hoje, com apenas 22 anos, Kdu dos Anjos con-solida o seu nome como uma das mais proeminen-tes forças do cenário cultural de Belo Horizonte.Na área musical, ele já tem três trabalhos lançadosque somam, ao todo, 12 mil cópias vendidas, umfeito notável para um artista independente.

Sua veia literária se manifesta por meio doSarau Vira-Lata, um movimento itinerante deleitura de poesias, que acontece em espaços pú-blicos da cidade, criado por ele e mais algunsamigos em 2011. Até hoje, já foram realizadosmais de 30 saraus, que reuniram, em média,400 pessoas.

O jovem ainda encontra tempo para traba-lhar como educador no projeto Fica Vivo, ondedá aulas de literatura marginal e de cordel paraadolescentes de comunidades carentes. Recen-temente, ele ingressou no grupo de teatro debonecos Giramundo, onde atua como manipu-lador. “Motivado pela formação no NEJ, contra-tei uma pessoa para atuar como meu produtor eajudar na condução da minha carreira”, explica.Em maio, o jovem empresário lança mais umCD e, no segundo semestre, publica seu primei-ro livro de poesias. “O empreendedorismo éuma arte incrível. É preciso ter criatividade, ou-sadia e saber correr riscos”, acredita.

BAZAR DAS PLUGAS | Uma atividade que mo-vimenta todos os alunos e que acontece nos me-ses finais do curso, no NEJ, é o Bazar das Plugas.Nas semanas que antecedem o evento, os jovensse dividem em setores, como em uma empresa.Mobilizam-se para receber doações de produtosusados. Roupas, eletrodomésticos, livros e discossão bem-vindos, desde que estejam em bom es-tado. Depois, o gerente, juntamente com os se-tores de logística, RH e marketing, mobiliza osdemais para separar os itens em categorias, co-locar preços, fazer a divulgação, treinar vende-dores e caixas e, por fim, trabalhar nas vendas.

“O Bazar foi um grande projeto. É nesse mo-mento que temos que aplicar todos os conceitosque vimos ao longo do ano e, sobretudo, provarque somos capazes de desenvolver um bom tra-balho em equipe”, explica Sarah Luiza Valgas,ex-aluna do NEJ. As barraquinhas de venda sãomontadas na portaria principal do Plug Minas,e toda a comunidade é convidada. Uma parte darenda obtida serve para custear a cerimônia deformatura dos jovens. “O restante é doado parauma creche municipal que fica nas imediaçõesdo Plug Minas”, conta a ex-aluna.

Antes de ingressar no NEJ, Sarah Valgas ti-nha dúvidas sobre qual caminho profissional de-

“O empreendedorismo é umaarte incrível. É preciso tercriatividade, ousadia e sabercorrer riscos” Kdu dos Anjos,artista e participante do NEJ

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O PLUG MINASInaugurado em 2009, o Plug Minas –

Centro de Formação e Experimentação Di-gital do Governo de Minas Gerais – funcio-na no espaço que abrigava a antiga Funda-ção Estadual para o Bem-Estar do Menor(Febem) do bairro Horto, em Belo Horizon-te. A área foi totalmente recuperada, e os di-versos blocos, transformados em núcleos deensino, em diferentes áreas, como música,teatro, fotografia, inglês, espanhol e técnicoem Administração.

Todos os cursos são gratuitos, e as refei-ções são oferecidas em um grande refeitório,que foi batizado pelos jovens de Plug Rango.Assim como o Sebrae Minas é o mantenedordo NEJ, os demais núcleos contam com par-ceiros e mantenedores privados. O processoseletivo acontece duas vezes ao ano, e as ins-crições são feitas pelo site do projeto no ende-reço www.plugminas.mg.gov.br.

veria seguir, uma indecisão natural para uma jo-vem de 18 anos. “Meu pai tinha planos de co-meçar um negócio próprio, creio que, por isso,ele me aconselhou a cursar uma graduação emAdministração”, explica. A possibilidade de fa-zer um curso técnico antes da faculdade foi, se-gundo ela, a oportunidade ideal para aprenderum pouco mais sobre a área. “Foi a confirmaçãoque eu precisava para investir na minha carrei-ra. Hoje, já estou me preparando em um cursopré-vestibular e planejo entrar na faculdade ain-da este ano”, revela.

Paralelo ao curso preparatório, Sarah Valgastem a oportunidade de aplicar os conhecimen-tos adquiridos no NEJ na empresa criada peloseu pai, dedicada à fabricação de bolsas e outrosassessórios em couro. Ela conta que o ajudou naformalização do negócio por meio do registrode microempreendedor individual junto ao Go-verno Federal. “Eu o auxilio na parte adminis-trativa, enquanto ele cuida da produção. Esta-mos começando, mas parece bastante promis-sor. Fechamos algumas vendas consignadas parasacoleiras e estamos buscando parcerias com lo-jas especializadas”, finaliza, orgulhosa.

Sarah Valgas trabalha com o pai na confecção de bolsas. Com sua formação, ela pretende investir no crescimento do negócio

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JORNALISMO IMPRESSO Sertão GrandeEstado de MinasAutores: Paulo Henrique Lobato e Luiz Ribeiro Fotógrafo: Alexandre Guzanshe

RADIOJORNALISMOEmpreender Brasil - O sonho começa aquiRádio UFMG EducativaAutores: Paula Alkmim e Vanessa Bugre

TELEJORNALISMOSobrevivência das empresasRede Minas/PlanetaAutores: Simone Pio Viana e Marina Cunha MendesCinegrafistas: Wagner Marzagão, Daniel Diniz e Dirceu Alves

WEBJORNALISMOInternet: trampolim para boas ideiasO Tempo Online Autores: Letícia Silva e Anderson Rocha

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NOTAS

No dia 23 de abril, aconteceu, em Belo Horizon-te, a cerimônia de entrega do Prêmio Sebrae de Jor-nalismo – etapa estadual, que homenageia os me-lhores trabalhos jornalísticos referentes às micro epequenas empresas. O Sebrae Minas recebeu 84matérias inscritas - número superior a 2012, quan-

do foram selecionadas 56 reportagens – nas catego-rias Mídia Impressa, Rádio, TV e Webjornalismo.

Os ganhadores estaduais seguem agora para afase regional do concurso, que ocorre no dia 6 dejunho, em Brasília (DF), onde os finalistas nacio-nais serão selecionados.

Sebrae premia jornalistas

VENCEDORES ETAPA ESTADUAL / 2012/2013 Ro

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Portal do retornoA decisão de retornar ao Brasil, após anos mo-

rando no exterior como imigrante, não é simples.Muitos fatores devem ser levados em considera-ção – trabalho, família, finanças, entre outros.Para ajudar as pessoas que estão nessa situação, oMinistério das Relações Exteriores criou o Portaldo Retorno (retorno.itamaraty.gov.br). O site trazinformações sobre documentação, mercado detrabalho, previdência social, empreendedorismo,programas e serviços de apoio ao retornado. Oconteúdo foi elaborado com a contribuição doSebrae, do Ministério do Trabalho e Emprego, doMinistério da Previdência Social, da Secretariade Políticas para as Mulheres, da Secretaria daReceita Federal e da Caixa Econômica Federal.

Foco na inovação Os gestores do Sebrae Minas, Paraná, Rio de

Janeiro, Rio Grande do Sul e do Sebrae Nacionalparticiparam, em março, de um encontro como núcleo do Sebraetec – programa que facilita oacesso das Micro e Pequenas Empresas (MPEs)a conhecimentos tecnológicos – na capital mi-neira. Os participantes tiveram a oportunidadede conhecer a iniciativa do Sebrae Minas quedeverá ser a base para a construção de uma es-tratégia nacional de estímulo para o uso da Li-nha Inovação do Sebraetec pelos MPEs, direcio-nada ao desenvolvimento de produtos inovado-

res subsidiados pelo Sebrae Minas. Em 2012,dos 90 projetos executados na Linha Inovação,70 pertenciam ao estado mineiro. “O sucesso doprograma do Sebrae Minas despertou a atençãode outras localidades. Nós mostramos que, comum investimento R$ 90 mil, é possível que osmicro e pequenos empreendedores desenvol-vam produtos inovadores. Por isso, executamostantos projetos”, ressalta a gestora do Sebraetecdo Sebrae Minas, Andréa Almeida. “Nos outrosestados, a crença comum era a de que o valorera insuficiente. Mudamos essa visão.”

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Equipes lideradas por alunos da Escola Técnicade Formação Gerencial do Sebrae (ETFG), em BeloHorizonte, conquistaram o 2º e o 3º lugares dodesafio internacional de empreendedorismo, oGlobal Business Challenge. Thiago Pimenta Mein-berg fez parte da equipe que levou o segundo lugarno desafio, e Marina Vaz de Melo Gomes integrouo grupo que ganhou o terceiro lugar na competi-ção. Outros cinco alunos da ETFG-BH participa-ram do evento. São eles: Bruna Froes Moreira,Hugo Procópio Calazans, Luisa Maia Coppe, Ma-riana Gonzaga Prado e Marina Lisboa Bacha.

A Fazenda dos Patos, na Serra do Salitre,Triângulo Mineiro, é a vencedora nacional, nacategoria Agronegócios, do Prêmio MPE Brasil.O anúncio foi feito no início de abril, em Brasí-lia (DF). Outras nove empresas foram premia-das nas categorias Indústria, Comércio, Servi-ços, Turismo, Tecnologia da Informação, Saúdee Educação, além de dois destaques: BoasPráticas de Responsabilidade Social e Inovação.

Selecionadas entre 127 finalistas queconquistaram as etapas estaduais do Prêmio,as empresas vencedoras foram avaliadas emum universo total de 83 mil inscritas. O Prê-mio de Competitividade para Micro e Pe-quenas Empresas - MPE Brasil é promovidopelo Sebrae, Movimento Brasil Competitivo(MBC), Gerdau e Fundação Nacional daQualidade (FNQ).

Desafio de empreendedorismoGLOBAL BUSINESS CHALLENGEPRÊMIOS CONQUISTADOS PELOS MINEIROS

QUATRO PRIMEIROS LUGARES (2008 / 2009 / 2010 / 2012)

DOIS SEGUNDOS LUGARES (2010/2013)

TRÊS TERCEIROS LUGARES(2009/2010/2013)

UM QUARTO LUGAR (2011)

UM QUINTO LUGAR (2011)

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EMPREENDEDORISMO

Paracomeçarbem Empreendedores do

Aglomerado da Serra, nacapital mineira, sãoorientados a formalizar oseu negócio, contribuindopara o fomento daeconomia local

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O Sebrae Minas e a Secretaria de Estado deCiência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes-MG) lançaram a 14ª edição do Programa de In-centivo à Inovação (PII). Vinte estudos inovado-res que possuam apelo mercadológico serão sele-cionados e receberão consultoria técnica do Se-brae Minas para a elaboração de estudos de via-bilidade técnica, econômica, comercial, social eambiental. Dos 20 projetos, nove passarão paraas próximas etapas, que incluem a criação doprotótipo e o desenvolvimento de um plano denegócios. O PII foi criado pelo Sebrae Minas jun-tamente com a Sectes-MG, universidades e ins-titutos científicos de Minas Gerais, com o propó-sito de que pesquisas não ficassem restritas aoambiente acadêmico.

PII Funed

Durante 11 dias, o empreendedor e proprietá-rio da Chinelos Puff, em Muriaé, Adão Rúbio, co-nheceu a capital mundial da moda – Paris, naFrança. A viagem fez parte da missão organizadapelo Sebrae Minas para promover a troca de ex-periências entre os empresários mineiros e a in-dústria francesa da moda.

“Visitei centros comerciais, pontas de esto-que, lojas, escolas de moda e a feira têxtil Premiè-re Vision, uma das principais do setor no mundo,além de aprender processos importantes, como amontagem de vitrines. Foi uma grande experiên-cia de imersão”, conta o empresário. Na mala,Adão Rúbio trouxe da Europa inspiração e novas

ideias para o seu negócio. Uma delas é a pantufathermo-relaxante. “Ela pode ser aquecida no for-no micro-ondas e retém o calor por um períodode duas horas”, explica o empreendedor. O segre-do está no seu interior: o calçado é preenchidopor sementes de trigo, que permitem a manuten-ção do calor por um período maior.

O volume de vendas do produto ainda não éexpressivo, mas o empreendedor ressalta queele ajuda a reforçar a imagem inovadora da Chi-nelos Puff. “As pantufas contribuíram positiva-mente para a imagem da empresa, tornando-seum atrativo de vendas. Conquistei clientes pelacuriosidade.”

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Marina Coelho, dona deuma loja de acessórios, éuma das 1.200 pessoascadastradas no programaBH Negócios

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er um CNPJ e poder emitir a própria notafiscal eram possibilidades que não passa-vam pela cabeça de Marina Cândida Coe-lho. “Para mim, isso era um ‘bicho de sete

cabeças’ e estava muito longe da minha realidade”,conta. Dona de uma loja de acessórios, ela é umadas 1.200 pessoas cadastradas no programa BHNegócios, iniciativa da Federação das Associaçõesde Microempresas e Empresas de Pequeno Portede Minas Gerais (Femicro-MG) em parceria como Sebrae Minas, a Prefeitura Municipal de BeloHorizonte e o Instituto Centro Cape. Lançada em2011, a ação está promovendo o desenvolvimentoda economia do Aglomerado da Serra, RegiãoCentro-Sul da capital, por meio da formalização edo apoio aos empreendedores locais.

A aptidão para o comércio acompanha Mari-na Coelho desde a sua adolescência. Aos 13 anos,ela já prestava serviços para um escritório, e bas-tou um curto período para saber que essa não erasua vocação. “Fiz um curso técnico em Contabi-lidade e passei a atuar na área. Mas logo percebique não gostava do trabalho, já que preferia ven-der e conversar com as pessoas”, recorda.

A ideia de montar o próprio negócio surgiuquando a empreendedora constatou uma carên-

cia presente na região. “Próximo ao Aglomeradoda Serra tem muitas lojas de roupas que vendemum ou outro acessório, mas ainda não havia umaque focasse isso”, diz. Logo que soube do BH Ne-gócios, não hesitou em buscar orientação parapôr o plano em prática. “Quando eu falava comas pessoas que queria ter uma empresa e me for-malizar, era desencorajada. Todos diziam que oprocesso era complicado e que iria me trazer pro-blemas. Mas, quando conheci o programa, vi queter um CNPJ é muito simples e vantajoso.”

Entre os benefícios da formalização, MarinaCoelho cita a possibilidade de comprar mercadoriascom preços mais atrativos e conseguir empréstimosem bancos para poder investir no negócio. “Outroponto que destaco é o acesso à máquina de cartão decrédito. Hoje em, dia todo mundo paga com cartão,e isso não deixa de ser um diferencial da minha loja.”

Acessórios como cintos, relógios, adornos pa-ra os cabelos, colares, dentre outros, são compra-dos duas vezes ao mês em um grande centro co-mercial de São Paulo (SP). A variedade de pro-dutos também contribui para o aumento da po-pularidade da loja entre os moradores do Aglo-merado da Serra, com um faturamento mensalem torno de R$ 6 mil. “Esse resultado mostraque estamos no caminho certo. O BH Negócios éuma iniciativa-piloto para fomentar a economialocal a partir da qualificação do empreendedor ede seu negócio”, ressalta o presidente da Femi-cro-MG, Márcio Kilson.

VISÃO | Para orientar os empresários locais, o BHNegócios concentra suas atividades no Centro deReferência de Assistência Social (Cras) do Aglome-rado da Serra, localizado na Vila Marçola, uma dasoito que compõem a comunidade. O trabalho é fei-to pelos agentes de desenvolvimento econômico,que atuam não só na orientação, mas também nacondução dos processos relacionados à formaliza-ção. “A princípio, nós vamos até os empreendedo-res para conhecer a sua situação. Apresentamos asvantagens de se formalizarem e explicamos comoo procedimento é feito. A partir daí, passamos aacompanhá-los durante o processo de inscrição noCNPJ”, explica o agente Angelino Petinelli Moura.

Assim que se cadastram no programa, os em-preendedores recebem o DVD Aprendendo a Em-preender, elaborado pelo Sebrae. Com 40 horas deduração, os vídeos oferecem informações nas áreasde comércio, serviços, indústria e empreendedo-rismo. “São apresentadas situações reais relaciona-das a esses setores. Depois, o empreendedorpreenche um formulário com suas consideraçõese dúvidas e nos envia. Damos o feedback e encami-nhamos-lhe o certificado”, explica a analista do Se-brae Minas, Márcia Valéria Cota Machado. “Te-mos o cuidado de oferecer aos participantes nãoapenas a formalização, mas as bases para que elesentendam e deem continuidade ao negócio de for-ma economicamente rentável e viável.”

O material didático foi um incentivo para El-zeni Alves Pereira Reis, moradora da Vila Santa-

“A princípio, nós vamos até osempreendedores para conhecera sua situação. Apresentamos asvantagens de se formalizarem eexplicamos como oprocedimento é feito. A partirdaí, passamos a acompanhá-losdurante o processo de inscriçãono CNPJ” Angelino PetinelliMoura, agente dedesenvolvimento econômico

T “Não achava que tinha perfil deempresária, mas, depois queassisti ao vídeo do Sebrae, mudeiminha visão e fiquei animadanovamente” Elzeni Alves PereiraReis, proprietária de uma loja delingerie

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INCENTIVO | O programa BH Negócios, além deincentivar o empreendedor a buscar a formalida-de do negócio, se tornou um ponto de referênciapara os empresários que querem aperfeiçoar e ex-pandir o empreendimento, como é o caso de Ká-tia Barros Moreira. Depois de ser funcionária emdiversas lojas, ela percebeu que tinha potencialpara assumir o papel de proprietária. “No meu úl-timo trabalho, os patrões tinham muita confiançaem mim, e eu acabei desempenhando funções dadona do estabelecimento. Foi nessa época quepensei: se tenho condições de fazer isso e ganharcomo funcionária, é melhor ter o meu negócio.”

Em abril de 2012, Kátia Moreira abriu a loja depresentes Habytós, na Vila Nossa Senhora de Fáti-ma. “Foquei esse ramo por ser algo que a regiãoainda não oferecia.” Por conta própria, ela pesqui-sou quais os requisitos necessários para se formali-zar, se registrou e se capacitou em cursos com focono empreendedorismo. “Só pelo Sebrae Minas fo-ram 15 cursos online”, recorda. Ela também se ma-triculou em um de coaching para começar a prestarconsultoria a outras pessoas do Aglomerado da Ser-ra. No futuro, pretende contratar um funcionário.

Para atrair a clientela, a empresária prioriza a di-

versificação de seus produtos. O objetivo é expan-dir o negócio, que, atualmente, tem faturamentode R$ 1.500, em média, com a venda de brinque-dos, porta-retratos, acessórios, roupas, adornos paraa casa, dentre outras peças úteis para dar de presen-te. Contudo, mesmo estando preparada, sempresurgem algumas dúvidas, que Kátia Moreira escla-rece com a equipe do BH Negócios. “É muito bomcontar com essa orientação, porque não me sintosozinha e permaneço motivada, mesmo nos mesesem que o movimento é mais fraco.”

na do Cafezal. Com 20 anos dedicados à confec-ção de lingerie, a costureira andou desanimadacom o negócio, que, até então, caminhava na in-formalidade. “Depois de ficar cinco anos ociosa,a equipe do BH Negócios me procurou e me in-centivou a formalizar o meu empreendimento.Não achava que tinha perfil de empresária, mas,depois que assisti ao vídeo do Sebrae, mudei mi-nha visão e fiquei animada novamente.”

A loja, ainda sem nome, foi montada em suacasa e ganhou cara nova após a formalização. Asararas receberam produtos diferenciados, a má-quina de cartão substituiu o caderno de anota-ções com “as vendas fiadas” e o CNPJ lhe possibi-litou comprar tecidos de qualidade superior ecom preços mais baixos. Dado o pontapé inicial,Elzenir Reis, que trabalha sozinha, agora já pensaem ampliar o negócio e contratar um funcioná-rio. Outra meta é fazer um curso voltado para ocontrole financeiro e a organização das contas.

Esta demanda, de acordo com o agente Ange-lino, é comum à grande parte dos empreendedo-

res do Aglomerado da Serra. “Eles não têm muitocontrole do que entra e do que sai e acabam nãosabendo a dimensão certa dos lucros. Por isso,mais que formalizar, buscamos consultorias e in-dicamos capacitações para suprir essas carências.”

RESULTADOS | A formalização do negócio tam-bém ampliou os horizontes de Josiane Alves Pe-reira e Maurício Souza Silva. Há três anos, o casaldecidiu se dedicar a um estabelecimento próprio.Mesmo sem experiência no ramo, eles apostaramna produção e venda de espetinhos e se tornaramuma referência na comunidade do Cafezal, noAglomerado da Serra.

No começo, os churrasquinhos do MaurícioEspetinhos eram vendidos na porta de casa. Hoje,o casal os comercializa em um dos pontos maismovimentados da vila e ainda trabalha com tele-entrega e venda do espetinho pré-pronto para res-taurantes e eventos particulares. “Depois que for-malizamos o nosso CNPJ, pudemos partir para ou-tras áreas e comprar carne de melhor qualidade,com preços menores. Também construímos nossarede de fornecedores fixos, o que torna o negóciomais fácil e ágil”, comenta Josiane Pereira.

Por dia, o Espetinho do Maurício vende cercade 100 churrasquinhos, a R$ 2,50 cada, mas o nú-mero chega a 250 dependendo do período do ano.Para atender aos pedidos feitos pelo telefone, o ca-sal acaba de adquirir uma moto, financiada comempréstimo do Programa Nacional do Microcré-dito (Crescer), apresentado pelos agentes do BHNegócios. Com o CNPJ em mãos, o casal tambémtratou de comprar uma máquina para vendas comcartão, o que impulsionou o comércio de espetospré-prontos para outros estabelecimentos.

Em 2012, Josiane e Maurício romperam os li-mites do Aglomerado da Serra. Por meio de umconvite, eles conseguiram espaço para montaruma barraca durante o Savassi Festival, tradicionalevento de jazz realizado no bairro nobre da capitalmineira. Para Josiane Pereira, poder atender outrotipo de público, além de ser uma forma de divul-gação, é um estímulo ao aperfeiçoamento contí-nuo. “Depois que participamos deste evento, fo-mos contratados para festas particulares e come-çamos a pesquisar novos produtos e cardápios. Is-so está me motivando a buscar um curso de gas-tronomia e a querer crescer cada vez mais.”

MOBILIZAÇÃO MOVIMENTACOMUNIDADEComo parte das atividades do BH Negócios, o Sebrae Mi-nas vai promover, nos dias 24 e 25 de julho, em Belo Ho-rizonte, uma série de palestras, oficinas e consultoriasgratuitas aos empreendedores e interessados em abriro próprio negócio. O Sebrae em Ação será realizado naPraça do Cardoso, onde haverá um espaço com cinco sa-las e um auditório. Serão abordados desde temas gerais,como formalização e atendimento ao cliente, até tópicosespecíficos para os segmentos mais expressivos na re-gião do Aglomerado da Serra, como beleza e alimentos.

BH NEGÓCIOS EM NÚMEROS*

1.136EMPREENDEDORES

VISITADOS

958EMPREENDEDORES

CADASTRADOS

904VISITAS

DEVOLUTIVAS

783VISITAS-RETORNO

406EMPREENDEDORES

FORMALIZADOS

647EMPREENDEDORES

CAPACITADOS

423ATENDIMENTOS

INDIVIDUAIS

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Para abrir sua loja, Kátia Moreira se capacitou em cursos com foco no empreendedorismo

Maurício vende 100 espetinhos de churrasco em um dospontos mais movimentados da comunidade do Cafezal

*Referentes a 2012

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CRÉDITO

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receitas e despesas. Com ele, é possível ver os nú-meros do negócio durante um período determi-nado. Há, ainda, na cartilha, uma lista com umasérie de problemas gerenciais e possíveis soluções.

O empreendedor Airton Lima só conseguiuidentificar os erros cometidos em dois negócios –que não deram certo – depois de participar da ofi-cina. “Hoje, eu faço contas para ver o que é maisvantajoso. Antes me preocupava apenas com o va-lor da prestação. Não havia nenhum planejamen-to, trabalhava pensando no próximo mês”, lembra.Airton cometeu o erro mais comum entre os em-preendedores iniciantes: a falta de planejamento.

Por isto, antes de avançar em busca do crédito,para financiar uma expansão ou um investimen-to, é preciso se planejar. O empreendedor precisater clareza e conhecer profundamente os núme-ros atuais de seu negócio para traçar os objetivosdo plano de investimentos.

Airton Lina aprendeu que o planejamento é achave para o sucesso. Hoje ele é um dos proprie-tários da AS Tecnologia, que comercializa com-putadores e softwares no Norte de Minas Gerais.Atualmente, a empresa tem 180 clientes em cin-co munícipios, mas o empreendedor já planejaexpandir o negócio. “Terei que recorrer ao crédi-to para poder crescer. Nesse ponto, vou começara construir o meu plano de investimentos.”

E ele não é pequeno. Airton Lima pretende fe-char o ano de 2014 atendendo 300 clientes de

nove cidades, número quase 70% maior que oatual. Para isso, está presente, em seu planeja-mento, a aquisição de mais um veículo comer-cial, treinamento dos funcionários e a contrata-ção de, pelo menos, mais quatro.

Depois de reorganizar as finanças e elaborarum plano de investimento, é chegada a hora debuscar o crédito. Para conseguir taxas de jurosmais atraentes e prazos condizentes com o negó-cio, é preciso desenvolver um bom relaciona-mento com as instituições financeiras. A movi-mentação de uma conta corrente empresarial, apontualidade com os compromissos e a utiliza-ção de produtos financeiros ajudam na constru-ção do bom relacionamento.

Para conseguir taxas mais baixas, os empreen-dedores também devem dedicar um tempo à pes-quisa. “Geralmente, eles não pesquisam quais aslinhas de crédito disponíveis no mercado”, contaLeonardo Oliveira, analista do Sebrae Minas. Eleexplica também que é possível encontrar váriaslinhas voltadas para investimentos específicos.“Algumas têm condições bem atrativas, e muitosempreendedores desconhecem.”

Não há como um negócio prosperar e expan-dir sem investimento. No entanto, as micro e pe-quenas empresas ainda têm dificuldade paraacessar o crédito, em razão da burocracia e da fal-ta de informação.

Para mudar esse cenário, o Sebrae Minas ela-borou a oficina Plano de Acesso a Crédito para suaEmpresa com o objetivo de ensinar os empreen-dedores a identificar como, onde e quando po-dem ter acesso aos recursos. “A iniciativa educafinanceiramente o empresário para ele saberquanto, quando e o que precisa para investir emseu negócio”, explica o analista do Sebrae Minas,José Márcio Martins.

A primeira etapa da oficina – a mais importan-te – trata de gestão. Nessa fase, o empreendedor éincentivado a questionar as práticas adotadas nodia a dia da empresa. “Antes de ir atrás das institui-ções financeiras, o empresário precisa entender se

é realmente necessário recorrer ao crédito”, alertao analista do Sebrae Minas, Clayton Albuquerque.“É muito comum que ele contraia dívidas para sa-nar problemas relacionados à gestão do seu negó-cio. Corrigir os erros pode salvar a empresa ou eli-minar a necessidade de crédito”, completa.

Em seguida, o empreendedor é apresentado aalgumas práticas e ferramentas fundamentais quevão auxiliá-lo na rotina administrativa, como ofluxo de caixa. A finalidade principal é controlara entrada e a saída de dinheiro da empresa, masuma análise um pouco mais aprofundada permiteverificar se os recursos financeiros são suficientespara a manutenção do negócio, se o recebimentodas vendas cobre os gastos e se a empresa trabalhacom folga ou aperto financeiro.

Outro instrumento de gestão abordado no cur-so, e também na cartilha, é o Demonstrativo deResultado Gerencial – um resumo ordenado das

Crédito paracrescer Oficina prepara empreendedores

a identificar como, onde e quandopodem buscar recurso financeiro

Use o diagnóstico para corrigir os erros.

SIGA OS PASSOS

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INFORME-SEAcesse o site do Sebrae Minas (www.sebraemg.com.br) esaiba onde e quando vão ocorrer as próximas oficinasPlano de Acesso a Crédito para sua Empresa.

Reflita sobre as práticasgerenciais da empresa.Quando usado para cobrirgastos decorrentes de umaadministração inadequada, ocrédito tende a piorar asituação.

Faça o diagnóstico das contasda empresa. Use ferramentasde controle gerencial, como ofluxo de caixa, para sabercomo anda a saúde financeirade seu negócio. A bibliotecado site do Sebrae Minaspossui várias cartilhas sobrecomo usar e implantar essasferramentas.

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3 Planeje. Elabore um plano deinvestimentos que indique onde,como e quando a empresa vaiatingir as metas propostas.

Procure as instituições financeiras.Faça pesquisas em diferentesbancos, compare as taxas e saibaquanto, realmente, vai pagar dejuros. O bom relacionamento como banco e a reputação da empresano mercado contribuem para ocrescimento dos negócios.Cl

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ENTREVISTA

A inovação decada diaMesmo sem formação em tecnologia,

Gustavo Caetano fundou a maiordistribuidora de vídeos online do país. O segredo: enxergar as oportunidades

om apenas 30 anos, Gustavo Caetano,mineiro da cidade de Araguari, acu-mula a função de CEO da SambaTech, uma das mais bem-sucedidasstartups digitais do país, e de presiden-

te da Associação Brasileira de Startups. Formadoem Marketing pela ESPM, Gustavo Caetano ain-da era estudante quando decidiu abrir a SambaMobile em 2004, uma revendedora de jogos paracelular, em parceria com a Brainstorm, na Ingla-terra. Em 2008, resolveu mudar o rumo dos ne-gócios e investir em uma tecnologia de distribui-ção de vídeos online, que hoje é a Samba Tech.

Esta capacidade de enxergar uma oportunida-de e criar uma solução para atender a uma de-manda bem antes dos outros ajudou o jovem em-presário a se tornar uma referência nacional emempreendedorismo e inovação. Com vários prê-mios na prateleira, Gustavo Caetano também es-tudou inovação no Instituto de Tecnologia deMassachusetts (MIT) e na Gerência de Produtosno Vale do Silício, com o fundador do Netscape.

Disseminador de estratégias para startups, oempreendedor ministra palestras sobre o assun-to em diversas cidades do país e apoia projetosque nascem dentro de sua própria empresa. Nes-ta entrevista para a revista Passo a Passo, Gusta-vo Caetano fala sobre a sua trajetória, o segredopara se criar e manter uma startup de sucesso eo mercado brasileiro em empreendimentos deeconomia criativa.

O que levou você a ser um empreendedor?Eu ainda estava na faculdade quando surgiu a

oportunidade. Trabalhava em uma empresa quevendia seguros de saúde e comprei um celularcolorido. Na época, quando quis adquirir jogosonline para colocar no aparelho, percebi a faltade oferta deste tipo de recurso. Foi esta demandapor jogos de celular que me fez criar a SambaMobile em 2004. Eu decidi montar a empresa,consegui um investidor-anjo, fiz parcerias inter-nacionais, e as coisas foram acontecendo.

Você não tem formação em Tecnologia. Issofoi um empecilho para montar a empresa?

Não. De forma alguma. O que eu achei inte-ressante neste caso foi que a minha formação em

Negócios é que me fez enxergar melhor os pro-blemas que a tecnologia poderia solucionar. Mui-ta gente acha que é necessário ter o conhecimen-to técnico, mas a verdade é que enxergar o pro-blema e, a partir dele, encontrar a solução é omais importante. Graças a minha formação emNegócios, eu tenho esta capacidade de perceberas oportunidades.

Em que momento você percebeu que o negó-cio da Samba Tech iria dar certo?

Foi ainda na Samba Mobile, com os jogos paracelular. A Samba era apenas revendedora de umaempresa inglesa, e a tendência era que as pessoascomprassem os jogos diretamente nas operadoras.O cenário estava transformando. Então, em 2008,mudamos o rumo. Decidimos oferecer ao merca-do todo o processo de transmissão e armazena-mento de vídeos pela internet. Hoje, conquista-mos grandes empresas, como TV Globo, SBT, Gru-po Abril, O Boticário, Samsung, TIM Brasil eAnhanguera. Elas perceberam como o vídeo é im-portante na comunicação. Ficou bem mais fácilproduzi-los, e a Samba Tech ajuda a distribuí-los.

Apesar de ter grandes clientes, a Samba Techmantém uma estrutura bem enxuta, com 80profissionais ao todo. A intenção é continuarassim ou crescer?

Queremos crescer ainda mais. No final desteano, nossa expectativa é de termos uma equipede 100 profissionais. Além disso, a Samba Tech

C “É necessário apresentar umprojeto, um plano de negóciosbem construído ou mesmo umprotótipo, pois o investidor-anjonão tem condições de bancar asua ideia sem garantias”

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não é apenas uma, mas três empresas. As ideiasempreendedores que nascem dentro da nossaequipe têm espaço para se tornarem negóciospróprios, como foi o caso da Samba Ads. Hoje,ela é uma empresa independente, que vende pu-blicidade online nos vídeos transmitidos. Esse éum exemplo de como investimos nas ideias quenascem dentro do nosso grupo.

Hoje, você trabalha como um investidor-anjoou ainda pretende atuar? Como vê esse perso-nagem dentro de um empreendimento?

Não atuo como investidor-anjo para projetosde fora da Samba Tech. Nós investimos nas ideiasque vêm de dentro da empresa. Mas o papel doinvestidor-anjo é crucial para uma startup hoje noBrasil e no mundo. Não adianta um empreende-dor ter uma ideia se não tem capital para come-çar o seu negócio. Veja o meu exemplo. Eu estavana faculdade e fazia estágio. Neste cenário, semum investidor-anjo, nunca teria chance. Meu paime apresentou a um amigo, empresário de Flo-rianópolis (SC), que me deu o primeiro aporte deR$ 100 mil para começar a Samba Tech. Mas éimportante lembrar que não adianta nada teruma boa ideia, sem preparação. É necessário

apresentar um projeto, um plano de negóciosbem construído ou mesmo um protótipo, pois oinvestidor-anjo não tem condições de bancar asua ideia sem garantias.

Por que você escolheu Belo Horizonte paramontar o seu negócio?

Sou de Araguari, no interior de Minas Gerais, eestudei no Rio de Janeiro. Eu escolhi Belo Hori-zonte porque precisava fazer o capital inicial ren-der. Queria montar a empresa em uma cidade commão de obra qualificada e custo de vida razoável.

A cidade tem condições de se tornar um polode tecnologia?

Belo Horizonte tem, sim, grandes chances. Acidade possui um ecossistema muito bom paraempresas digitais e conta com várias outras star-tups que deram certo, como o Buscapé, que já in-vestiu em uma empresa por aqui. Além disso,conta com muitos profissionais qualificados que-rendo trabalhar no município, dotados de muitaforça de vontade. Coisa que não é muito fácil, ad-mito. Imagina sair de uma grande empresa parair trabalhar em uma com apenas três funcioná-rios. Tem que ter força de vontade. E isso, BHtem de sobra.

Em sua área, especialmente, é preciso saberinovar. Como a Samba Tech faz para estimulara criatividade em sua equipe?

A Samba Tech já ganhou vários prêmios deinovação no Brasil, na China e nos Estados Uni-dos. O que fazemos para estimular a inovação?Acreditamos em nossos profissionais e em suashabilidades. Temos um programa interno que sechama Hack Week, em que uma equipe multidis-ciplinar pode desenvolver um projeto. Vale tudo:um produto, um sistema ou um serviço. Os pro-fissionais têm uma semana para criar e desenvol-ver a ideia e, depois, apresentar para uma bancade avaliadores formada por representantes de ou-tras empresas, do Google e de parceiros. O baca-na é que a criação não precisa estar necessaria-mente ligada a um negócio. O Samba Ads nasceude um Hack Week, mas temos exemplos de proje-tos que apenas melhoraram o dia a dia do escri-tório. Por exemplo, a sede da Samba Tech fica naregião da Pampulha, e temos poucas opções de

restaurante para almoçar. Uma equipe criou umrobô que faz os pedidos de almoço para toda aempresa. Funciona assim: o usuário escolhe oque quer, marca no robô, e ele faz a solicitaçãoautomaticamente. Este é um exemplo de inova-ção que não se tornou um produto, mas sim umamelhoria em nosso dia a dia.

Como avalia o mercado brasileiro dentro daperspectiva de economia criativa?

O que tenho visto é que o Brasil está crescen-do muito neste setor, principalmente, na descen-tralização geográfica dos projetos. Vejo muitasstartups nascendo fora do eixo Rio-São Paulo, co-mo em Recife e Porto Alegre. O governo federalestá se movimentando neste sentido. Recente-mente, a presidenta Dilma Rousseff criou umprograma de incentivo a startups, chamado Start-Up Brasil, em que a principal discussão é o papeldas aceleradoras no amadurecimento das empre-sas. Como é o caso do Sebrae, que dá o suportenecessário ao empreendedor brasileiro. As acele-radoras dão a base necessária para o sucesso deum negócio, pois apenas tecnologia ou talento ouuma boa ideia não são o suficiente. O Brasil vemevoluindo bem neste cenário.

Quais são as vantagens que a Samba Tech temem relação a outras startups no Brasil e nomundo?

A Samba Tech atraiu profissionais bem quali-ficados e conta com tecnologia de ponta. Isso faztoda a diferença. Acho que o nosso maior dife-rencial é que pensamos globalmente. Pensamospara fora, ampliamos nosso pensamento. Temosmuitas parcerias internacionais estratégicas, co-mo, por exemplo, com o MIT, uma das mais im-portantes instituições do mundo, que escolheu aSamba Tech para participar de um programa queleva estudantes de MBA da instituição para den-tro da empresa uma vez ao ano.

Você já se sente realizado? Ou ainda quer con-quistar mais?

De forma alguma. Tenho apenas 30 anos equero conquistar muito mais. Meu plano é mudara cabeça de uma geração inteira. Faço muitas pa-lestras por todo o mundo e sempre falo da neces-sidade de pensar grande, ir além e querer mais.

“A Samba Tech atraiu profissionaisbem qualificados e conta comtecnologia de ponta. Isso faztoda a diferença. Acho que onosso maior diferencial é quepensamos globalmente.Pensamos para fora, ampliamosnosso pensamento”

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TURISMO DE NEGÓCIOS

ospitalidade, boa infraestrutura, loca-lização privilegiada e oportunidadesde negócios são características de cida-des com vocação para o turismo de ne-

gócios e eventos, um dos segmentos mais recen-tes e lucrativos da atividade turística. Mas essascaracterísticas são suficientes para atrair pessoase atender às expectativas de um público tão dife-renciado e criterioso?

A experiência vivida por empresários de Uber-lândia, no Triângulo Mineiro, mostra que tambémé importante pensar no perfil do turista e na orga-nização do destino. Isso para transformar a voca-ção da cidade em uma atividade estruturada, capazde beneficiar a economia da região. Com moder-nos centros de convenções, o segundo maior par-que hoteleiro de Minas Gerais – com aproximada-mente cinco mil leitos em todas as categorias – edois grandes complexos esportivos, Uberlândiapossui uma estrutura capaz de receber eventos depequeno, médio e grande porte. A avenida RondonPacheco, um corredor gastronômico com diversostipos de restaurantes, oferece opções de alimenta-ção para todos os gostos e exigências.

Empresas especializadas na prestação de ser-viços e produtos também não faltam no municí-pio, e sua localização estratégica é outro ponto afavor – em um raio de 600 quilômetros, estão asprincipais capitais do Brasil. “Com sua grande di-versidade econômica e característica empreen-dedora, Uberlândia atrai grandes oportunidades,o que contribui para o fomento do turismo de ne-gócios e eventos”, explica Luísa Vidigal, analistado Sebrae Minas em Uberlândia.

Para ela, no entanto, faltava organizar e capacitara cadeia produtiva ligada ao segmento com uma es-tratégia sólida, capaz de sustentar um fluxo perma-nente de novos empreendimentos. O Projeto Turis-mo de Negócios e Eventos do Sebrae Minas, realizado,desde 2009, em parceria com o Uberlândia Conven-tion & Visitors Bureau e a Secretaria Municipal deDesenvolvimento Econômico e Turismo de Uber-lândia, tem contribuído para a definição das estra-tégias de qualificação do empresariado local.

De acordo com Nayara Bernardes, analista doSebrae Minas, Uberlândia e Juiz de Fora foramdefinidos como dois dos destinos prioritários paraa implantação da iniciativa justamente por possuí-rem um histórico de realização de grandes acon-

Com a profissionalização dosetor de turismo de negócios,Uberlândia e Juiz de Foracontam com eventos depequeno e grande porte para os próximos anos

“Já estou aplicando algunsconhecimentos com a equipe,ensinando às atendentes osfundamentos da atuação nosetor de captação e realização deeventos” Lilian Curcino,empresária e membro daComissão de Captação deEventos

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A meta para 2013,segundo Luiz GustavoFernandes, é captar20 eventos emUberlândia

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tecimentos direcionados ao fomento de novos ne-gócios. “Tentamos organizar uma governança queinclui iniciativa privada, poder público e as enti-dades empresariais, para que eles possam se arti-cular e conseguir captar mais eventos”, explica.

O projeto começa com uma análise de merca-do para identificar as prioridades e característicasprincipais das atividades adequadas para o perfilda cidade. Depois são formados grupos locais detrabalho, que passam por uma capacitação sobreo segmento. Essa rede é composta por empresá-rios das áreas de alimentação, hotelaria, organi-zação e espaço para eventos e prestação de servi-ços. São identificados, então, os chamados “em-baixadores” – profissionais, empresários ou líde-res reconhecidos em suas respectivas áreas deatuação. São porta-vozes capazes de influenciarseus colegas de associações, setores econômicosou meios universitários, na promoção de uma ci-dade como sede de conferências, congressos,convenções, exposições, assembleias gerais, reu-niões e outros grandes acontecimentos.

“O objetivo é elevar o número de eventos capta-dos nos destinos, a fim de ampliar os negócios, dis-tribuindo as oportunidades entre as empresas da ci-dade e consolidando a imagem do local como desti-no turístico de negócios e eventos. O ideal é que osespaços sejam utilizados 100% do tempo, com cadavez menos períodos de ociosidade, como já aconte-ce em cidades como São Paulo”, pontua Nayara Ber-nardes. Os benefícios para a região são expressivos- toda a cadeia produtiva cresce e se desenvolve.

CAPTAÇÕES DÃO RESULTADO | Desde 2012, afase de captação tem sido o foco principal do pro-jeto Turismo de Negócios e Eventos em Uberlândia,e os resultados já começaram a aparecer. O pro-cesso de captação de um evento até a sua realiza-ção pode ultrapassar dois anos. Por isso, a agendana cidade, até 2015, já começou a ser preenchida.

A Comissão de Captação de Eventos, formadapor 15 empresários uberlandenses e coordenada pe-lo Uberlândia Convention & Visitors Bureau, possuiuma lista de 70 eventos potenciais para o municípioe conseguiu captar, efetivamente, seis eventos nosúltimos quatro meses. Congressos e seminários, quevão da área de saúde até o ramo de ensino, de pe-queno (até 500 pessoas) e grande porte (mais de milconvidados), serão realizados entre 2013 e 2015.

O maior desses encontros previstos será oCongresso Brasileiro de Informática na Educação,daqui a dois anos, com previsão de público de 1,5mil pessoas. A iniciativa busca promover e incen-tivar as trocas de experiências entre as comunida-des científica, acadêmica, profissional, governa-mental e empresarial na área de Informática naEducação, em nível nacional e internacional.

Presidente do Uberlândia Convention & VisitorsBureau e um dos empresários participantes do pro-jeto, Luiz Gustavo Fernandes explica que a metapara 2013 é que sejam captados 20 eventos. Segun-do ele, em 2009, a cidade sediou 12 congressos e se-minários. “Nos anos anteriores, as captações eramtrabalhadas apenas pelo bureau e o Center Conven-tion, maior espaço de eventos do município. Com acriação da comissão, essa realidade mudou, por issotemos uma expectativa maior”, destaca.

E muito se deve à implantação do projeto doSebrae Minas, responsável por munir o empresa-riado local de um know-how que está se revelan-do essencial na sustentabilidade do segmento.“Anteriormente, a captação era feita com base nofeeling, na experiência do executivo. Agora, esta-mos treinando equipes, profissionalizando o em-presariado e difundindo o conhecimento das téc-nicas de captação para, verdadeiramente, darcontinuidade à atividade”, observa Luiz Gustavo.

O compartilhamento do aprendizado, aliás, éuma das tendências deste processo. Segundo aempresária Lilian Curcino, que também faz parteda Comissão de Captação de Eventos, as técnicasaprendidas estão sendo usadas também em suaempresa, que tem atuação no ramo de aluguel deequipamentos tecnológicos. “Já estou aplicando

alguns conhecimentos com a equipe, ensinandoàs atendentes os fundamentos da atuação no se-tor de captação e realização de eventos”, relata.

Outro benefício do engajamento dos empre-sários é o próprio contato com o cliente organi-zador do evento, informa Lilian Curcino. “Quan-do visitamos os organizadores desde o início, elesjá nos conhecem e acabam nos procurando comoprestadores de serviços.”

IMPACTO ALÉM DO SEGMENTO | A qualifica-ção do empresariado ligado ao turismo de negóciose a conscientização sobre a vocação da cidade parao setor começaram a despertar o interesse de diver-sas entidades e segmentos. É o caso das escolas deinglês e de outros centros de capacitação em Uber-lândia, conforme cita a empresária e diretora da Co-missão de Captação de Eventos, Mara Rúbia Gama.

“A iniciativa estimulou outras ações. Na área deserviços, os profissionais que lidam com atendimen-to ao público estão buscando se qualificar. Existeuma mobilização perceptível nesse sentido. A cida-de sente que precisa se preparar. Estrutura nós já te-mos, agora precisamos capacitar as pessoas para re-ceber os grandes eventos”, observa Mara Gama, queatua, há 12 anos, no setor.

Para a diretora de Desenvolvimento de Turismoda Secretaria de Desenvolvimento e Turismo deUberlândia, Marise Carrijo, as perspectivas da par-ceria com o Sebrae Minas e o Uberlândia Conven-tion & Visitors Bureau são animadoras para o muni-cípio, que, segundo ela, já concorre com localidadescomo Brasília e Belo Horizonte na atração de feiras,congressos e exposições. “Temos mão de obra capa-citada, equipamentos de qualidade e grandes espa-ços, com boa estrutura. Essa união fortalece a eco-nomia local e regional, pois, além de estimular osnegócios envolvidos diretamente, a atividade per-mite criar roteiros turísticos no entorno, fomentan-do também o turismo de lazer”, avalia.

De acordo com Luísa Vidigal, a continuidade notrabalho será essencial para sustentar o incrementona qualificação do empresariado e a atração de ne-gócios e eventos. “Este ano, iremos priorizar ativi-dades que contemplem organização de eventos téc-nicos – científicos, capacitação gerencial, semináriocom foco nos grandes eventos esportivos esperados,como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de2016, e consultoria tecnológica”, finaliza.

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“Existe uma mobilização perceptívelnesse sentido. A cidade sente queprecisa se preparar. Estrutura nósjá temos, agora precisamoscapacitar as pessoas para receberos grandes eventos” Mara Gama,empresária e diretora da Comissãode Captação de Eventos

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Uberlândia Convention & Visitors Bureau tem estrutura etecnologia para receber os maiores eventos da cidade

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Além da posição privilegiada da cidade, próxi-ma ao Rio de Janeiro e São Paulo, o Expominas deJuiz de Fora – com capacidade para 13 mil pes-soas, 1.100 veículos e a opção de realizar até seiseventos distintos – foi um dos aspectos que leva-ram o Sebrae Minas a escolher a cidade como umdos destinos prioritários para a implantação doprojeto Turismo de Negócios e Eventos. “O ponto departida foi uma iniciativa estruturadora do Gover-no do Estado que envolve cidades onde já existiaum fluxo natural de eventos e negócios”, explicaNayara Bernardes, analista do Sebrae Minas.

Uma profusão de outros espaços com capaci-dades que variam de 200 a 5 mil convidados, eperfil adaptável a feiras, congressos, semináriose exposições, apenas reforça o potencial de Juizde Fora para atividades ligadas ao segmento.

Por isso, o processo de diagnóstico deste ce-nário, treinamento e capacitação, formação deuma rede de empresários e captação de eventosseguiu, na cidade, o mesmo roteiro vivenciadoem Uberlândia.

Segundo o analista do Sebrae Minas, GustavoMagalhães, os esforços já resultaram em um en-contro estratégico para 60 “embaixadores” – pes-

soas ligadas à organização dos eventos, identifi-cadas como sendo influenciadoras no processode escolha dos destinos. Em junho, um novo en-contro semelhante será realizado em São Paulo.“Após capacitar e estruturar a rede de empresá-rios ligados ao turismo de negócios na cidade, es-tamos articulando outras visitas a professores,empresários e organizadores de eventos, dandoinício ao processo de captação. Estamos prontos”,destaca Gustavo Magalhães.

Segundo ele, a rede de empresários é hetero-gênea, sendo composta por representantes de to-do o trade da cadeia turística, e se beneficia datroca de experiências e de aprendizados cruciaispara a gestão de seu próprio negócio. “Para cap-tar um evento nacional, internacional ou regio-nal, além da boa apresentação da capacidade domunicípio, é preciso que as empresas demons-trem a solidez necessária para recepcionar esteturista”, detalha.

Em Juiz de Fora, o processo de capacitaçãotranscorreu até o final de 2012, e a própria orga-nização do encontro com os “embaixadores”, pa-ra apresentar os atrativos da cidade, revelou-seum teste para os empresários envolvidos. Foram

COMISSÃO DE CAPTAÇÃO DE EVENTOSJuiz de Fora: 10 membrosUberlândia: 15 membros

EVENTOS JÁ CAPTADOS EM UBERLÂNDIASimpósio Hemominas de Transfusão Sanguínea 2013Local: Center ConventionExpectativa de público: 400 pessoas

Congresso Brasileiro de Custos 2013Local: Universidade Federal de Uberlândia - Campus Santa MônicaExpectativa de público: 400 pessoas

Congresso Nacional de Engenharia Mecânica 2013Local: a definirExpectativa de público: 1.000 pessoas

Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica 2014Local: Center ConventionExpectativa de público: 1.000 pessoas

Simpósio Brasileiro de Ensino de Física 2015Local: a definirExpectativa de público: 500 pessoas

Congresso Brasileiro de Informática na Educação 2015Local: a definirExpectativa de público: 1.500 pessoas

EVENTOS JÁ CAPTADOS EM JUIZ DE FORA■ Salão do Imóvel de JF e Feirão Caixa da

Casa Própria: 18 e 19 de maioLocal: La RoccaExpectativa de público: 20.000 pessoas

■ Liquida Moda Inverno: 04 a 07 de julhoLocal: La RoccaExpectativa de público: 5.000 pessoas

■ É Festa: 30 e 31 de agosto e 1º de setembroLocal: La RoccaExpectativa de público: 6.000 pessoas

■ Fashion Days Kids: 05 e 06 de outubroLocal: La RoccaExpectativa de público: 10.000 pessoas

■ Feira do Estudante: 24, 25 e 26 de outubroLocal: La RoccaExpectativa de público: 5.000 pessoas

■ Liquida Moda Natal: 28, 29, 30 de novembro e 1º de dezembroLocal: La RoccaExpectativa de público: 35.000 pessoas

Destino diferenciadoconvidados membros da comunidade técnico-científica, sociedades médicas e entidades declasse de diversos segmentos considerados refe-rências em seus setores.

Este ano, o grupo composto por 10 empresá-rios prevê, ainda, a participação em feiras de tu-rismo de negócios em outras cidades brasileiras.Segundo o analista, Juiz de Fora, por todas assuas características, tem boas perspectivas nestesetor. “Eventos de pequeno e médio porte estãose deslocando para centros menores, em funçãode uma disputa de espaço com os grandes even-tos nas capitais. Os congressos técnico-científi-cos, por exemplo, começam a migrar para o inte-rior”, explica.

Este movimento se traduz em mais benefíciostanto para cidades como Juiz de Fora quanto paraos organizadores e participantes deste negócio.“Os prestadores de serviços têm custos maisacessíveis, e o público ganha um atendimento di-ferenciado à medida que o evento gera um inte-resse maior da comunidade em geral”, observaGustavo Magalhães. Juiz de Fora já é destino per-manente de encontros de saúde, agropecuária,moda, gastronomia e de estudantes.

O Expominas de Juiz de Fora tem capacidade para receber 13 mil pessoas, 1.100 veículos e até seis eventos distintos

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primeiro passo para a escolha do nomede uma empresa, assim como para a con-cepção do negócio, é ter uma definição

clara de qual é o segmento de atuação, nicho demercado, valores, diferenciais e público-alvo. Es-sas questões precisam constar na elaboração doplano de negócios do novo empreendimento,pois trazem direcionamentos importantes para adefinição do nome – o qual deve transmitir os va-lores e diferenciais da empresa e dialogar de for-ma clara com o público-alvo.

Empreendimentos com foco em segmentospopulares, com nomes na língua nativa e que tra-zem clara referência ao segmento de atuação ten-dem a apresentar a empresa e seu negócio de for-ma simples e direta, facilitando a compreensãodo público sobre a atividade, produtos e serviços.Essa estratégia também se mostra válida paraquem atua no varejo, como drogarias e empresasdo ramo de eletros, nos quais a comunicação de-ve gerar estímulos de compra imediata. Para esseperfil de negócio, é importante escolher um no-me que seja capaz de transmitir e reforçar umamensagem mais direta e objetiva possível.

No caso de empresas que atuam junto a públi-cos mais elitizados ou têm produtos e serviçoscom ritos de consumo estimulados por status eestilo de vida (alimentação saudável, fitness, esté-tica, sustentabilidade), nomes lúdicos e que ex-ploram os conceitos e diferenciais são bem-acei-tos. Para esses negócios, expressões e palavras emoutros idiomas também corroboram para a dife-renciação da marca, como as expressões “gour-

met” e “fit”, muito exploradas em nomes de em-presas ligadas à área de alimentação e saúde.

Os novos empreendedores também devem fi-car atentos a questões legais. É importante pes-quisar a disponibilidade do nome escolhido juntoao Instituto Nacional de Propriedade Industrial(INPI), nas juntas comerciais em todos os esta-dos e no Registro.br (vinculado ao Comitê Gestorda Internet no Brasil – CGI.br). Após essa checa-gem, basta providenciar o registro do nome e damarca no INPI. Há empresas especializadas quepodem ajudar nessa empreitada.

Por fim, a marca precisa se tornar conhecidae, a partir daí, cuidar bem de sua imagem. Paraisso, o nome e a marca do empreendimento de-vem estar sempre acompanhados de boas estra-tégias de marketing, divulgação e de uma reputa-ção baseada no bom atendimento e no respeitoaos consumidores e aos valores da empresa.

Fonte: Bruno Gressi Campos –

diretor de Atendimento da Inovate

Inteligência em Comunicação

ão muitas as opções para dar visibilidade auma empresa no mercado. O segredo é nãoerrar no momento da divulgação, seja no

formato da mensagem, seja na escolha do veículode comunicação. A definição exata do públicoque se pretende atingir, aliada a um objetivo cla-ro a ser alcançado, também é fundamental parao sucesso de qualquer ação de divulgação.

É necessário planejar todas as etapas do pro-cesso de propaganda. Inicialmente, por exemplo,é importante definir a verba disponível e decidirqual o momento exato para dar início ao processo.

Muitas empresas gastam recursos preciososcom ações malsucedidas, podendo até mesmocausar um impacto negativo na imagem institu-cional. Quando algo dessa natureza acontece, épossível concluir que não houve um planejamen-to criterioso ou que ocorreram falhas na imple-mentação das ações. Atitudes pontuais, comodistribuição de panfletos e carros de som, reali-zadas de forma isolada, demonstram resultadosrestritos, com retorno próximo a 1% em incre-mento de vendas.

Os meios de divulgação vão desde o panfleto,o flyer, o backbus – conhecido como traseira deônibus –, o outdoor e a mídia indoor até TVs, jor-nais, sites, blogs e mídias sociais. Todos podemgerar bons resultados em visibilidade institucio-nal ou alavancagem de vendas. No entanto, é pre-ciso avaliar qual o veículo mais adequado paraatingir o objetivo que se pretende.

O ideal é trabalhar com um planejamento se-mestral ou anual, evitando ações de última horaque não ganham expressão no mercado, não geram

positivação de receita de vendas ou não consolidama marca da empresa do ponto de vista institucional.

Hoje, os meios digitais, como a internet, sãobastante relevantes. Um site de fácil navegação,contendo, por exemplo, testemunhos autorizadosde clientes satisfeitos, vídeos informativos de curtaduração e uma boa dose de criatividade costumacausar bastante impacto e chamar a atenção docliente ávido por novidades e experiências de com-pras. Existem, ainda, ferramentas de otimizaçãode busca, como o Google Adwords e outros, que fa-cilitam o acesso ao seu site no mundo virtual.

Mídias sociais, desde que bem-administradas,podem gerar grande volume de acessos e negócioslucrativos e com grande credibilidade. Lojas emredes sociais já não são novidades. Ainda assim,muitos lojistas desconhecem que podem contarcom esse recurso para ampliação dos canais devendas, a um custo-benefício bastante atrativo.

Fonte: Antônio Augusto Gonçalves de Abreu -

analista do Sebrae Minas

CONSULTORIA

Como escolher o nomeda sua empresa? Como divulgar seu negócio?

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É BOM SABER

Quem são eles?m 2012, o Sebrae atendeu 1,6 milhão deempresas em todo o Brasil. Desse total, 172mil foram recebidas pelo Sebrae Minas, quetambém marcou o ano com 5409 palestras,

oficinas e seminários para micro e pequenos em-

presários mineiros, 1098 cursos e 1,38 milhão deacessos ao portal da entidade. Os empreendedoresprocuram o Sebrae Minas não apenas para abrir seunegócio, mas também para aprimorar ou expandir.Veja o perfil de alguns deles.

EConheça os clientesdo Sebrae Minas

SAIBA MAIS | RESULTADOS SEBRAE MINAS 2012

5.409PALESTRAS, OFICINAS E SEMINÁRIOS

1.098 CURSOS

47.059PARTICIPANTES EMCURSOS, OFICINASE PALESTRAS

16RODADAS DENEGÓCIOS

480 MISSÕES ECARAVANASEMPRESARIAIS

61.997CONSULTORIAS 13 FEIRASPROMOVIDASE OUTRAS

28 VISITADAS

211FEIRASPROMOVIDASE OUTRAS

Page 42: PRATICAS SUSTENTAVEIS- 17.5x25.5 Alta - Sebrae MINAS ... · ou procure o Ponto de Atendimento do Sebrae Minas mais próximo. ... um novo modelo de ... das artesãs em 35% até dezembro

82 PASSO A PASSO ABRIL / MAIO 2013

NÚMERO DE EMPRESASATENDIDAS

2011........132.8972012 ........172.916NÚMERO DE PEQUENAS EMPRESAS ATENDIDAS

2011 ..........11.2762012..........13.882EMPREENDEDORES INDIVIDUAISFORMALIZADOS

2011 ........109.8012012 ........111.253

POTENCIAL EMPRESÁRIO É o cliente que ainda não tem um negóciopróprio ou que já o tem, mas ainda não estáregistrado no Cadastro Nacional de PessoaJurídica (CNPJ) ou inscrição estadual. É o fo-co principal dos produtos PRÓPRIO, IPGN(Iniciando um Pequeno e Grande Negócio)e IDEIAS DE NEGÓCIO.

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)Com faturamento máximo anual de R$ 60mil, geralmente faz a opção pelo Simples Na-cional e não tem participação em outras em-presas, nem como sócio. Seu negócio empre-ga apenas um profissional, que recebe umsalário mínimo ou o piso salarial da catego-ria. Para esses clientes, é desenvolvido umproduto específico: SEBRAE PARA EMPREEN-DEDOR INDIVIDUAL (SEI).

MICROEMPRESAEstão nessa categoria empresas brasileirascom faturamento anual de até R$ 360 mil –valor referente ao máximo permitido paraadesão ao Simples Nacional. Um dos produ-tos mais indicados para as microempresas éo NA MEDIDA.

EMPRESAS DE PEQUENO PORTENesse grupo, estão presentes as que faturam,anualmente, mais de R$ 360 mil e menos deR$ 3,6 milhões. As empresas exportadoras queoptam pelo Simples Nacional e faturam até R$3,6 milhões no exterior também integram ogrupo. Os principais produtos disponibilizadossão: SEBRAE MAIS e SEBRAETEC.

PRODUTOR RURALAgricultores, pecuaristas ou piscicultores quenão alteram as características naturais dosseus produtos e têm inscrição estadual, de-claração de aptidão no Programa Nacionalde Fortalecimento da Agricultura (Pronaf),CNPJ ou registro no Ministério da Pesca e fa-turamento anual menor que R$ 3,6 milhões.Esses empreendedores poderão, em breve,ter acesso ao NO CAMPO - novo produto doSebrae em fase final de desenvolvimento.

SAIBA MAIS EM: WWW.SEBRAEMG.COM.BR

419.222277

PROJETOS DE ATENDIMENTO (INDIVIDUAL E COLETIVO)

CLIENTESATENDIDOS