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Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora: Profa. Dra. Norma Sandra de Almeida Ferreira Maio 2011

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Page 1: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move

essa escrita?

Mariana BortolazzoMestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE

Orientadora: Profa. Dra. Norma Sandra de Almeida Ferreira

Maio 2011

Page 2: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Interesse de pesquisa...

Levantar e trazer para a discussão questões referentes às

práticas de escrita de crianças que cursaram em 2008 o 2º ano do

ciclo II do ensino fundamental, da rede estadual da cidade de Campinas-

SP, quando em situação de avaliação em Língua Portuguesa (Prova

Campinas 2008).

O material produzido na Prova Campinas 2008 é farto e demanda

um olhar mais analítico, considerando que ele é produto de uma

avaliação institucional colocada pela equipe elaboradora como distinta

das que nesses últimos anos tem sido feita.

Page 3: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Para início do trabalho...

Será realizado um levantamento e análise do histórico de avaliações

institucionais em âmbito nacional e internacional, com ênfase no Estado de

São Paulo:

Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (SARESP)

Prova Brasil e Provinha Brasil / Sistema de Avaliação da Educação Básica

(SAEB)

Prova SP

Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA)

Prova ABC

Page 4: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Objetivos

Levantar as questões de Língua Portuguesa da Prova Campinas que

demandaram um esforço maior nas práticas de escrita, principalmente

aquelas questões consideradas “atípicas”. A partir deste levantamento,

buscar respostas a algumas questões, que tem como ponto de partida as

relações dos sujeitos/alunos com os textos que lhes foram dados a ler e

nas condições em que tal escrita foi gerada: sobre o que escrevem?

Que recursos de interlocução com o seu leitor, eles lançam mão?

De que modos eles acomodam sua escrita? Quais recursos

lingüísticos, textuais, discursivos utilizam para expressar suas

ideias e se fazer compreender em uma situação de avaliação? De

que modo, eles articulam partes daquilo que lhe é proposto

(leitura) com o projeto de escrita que buscam realizar?

Page 5: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Materiais de análise

Constituem material de análise, as avaliações aplicadas no ano de

2008; o Relatório Final da Avaliação de Desempenho em Língua

Portuguesa e Matemática – 2º ano do ciclo II da rede escolar

municipal de Campinas-SP - 2008. Material coletado e organizado da

Prova Campinas 2010.

Tantos os cadernos da prova 2008 como o Relatório Final estão

disponíveis no site do ALLE: www.fe.unicamp.br/alle

Page 6: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

A Prova Campinas

Todo o processo de elaboração, aplicação e correção da avaliação foi

realizado por meio de uma parceria entre a rede escolar e a

universidade, contemplando, em suas diferentes etapas, todos os

segmentos envolvidos; todo o trabalho, portanto, foi pensado, planejado,

produzido, realizado, debatido e textualizado conjuntamente (início da

elaboração = 2005).

A Prova Campinas difere-se dos demais processos avaliativos que vem

sendo realizados no país – que avaliam o desempenho individual de

competências, habilidades e conteúdos escolares pré-estabelecidos de

forma meritocrática, “ranqueando” estudantes e escolas.

Page 7: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

A Prova Campinas

É centrado na avaliação qualitativa de desempenho em Língua

Portuguesa e Matemática, envolvendo alunos do 2º ano do ciclo II desta

Rede. Em 2008, cerca de 3690 alunos, distribuídos em

aproximadamente 40 unidades escolares participaram da Prova

Campinas.

Para as provas de Matemática e Língua Portuguesa foi elaborado um

banco de questões típicas e atípicas relativas a focos temáticos

identificados no material fornecido pelos professores da rede e

considerados por eles como conteúdo e atividades didáticas presentes

em suas salas de aula.

Page 8: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

A Prova Campinas

No caso de Língua Portuguesa, as questões foram elaboradas

exclusivamente em função das práticas de leitura e de escrita

identificadas como recorrentes no material produzido pelos professores,

tais como: 1. práticas de escrita empregando: sinais de pontuação,

recursos próprios das histórias em quadrinhos, coesão e coerência

textual; 2. práticas de escrita recontando e criando histórias a partir de

textos vistos, lidos ou ouvidos; 3. práticas de escrita expressando

opiniões pessoais; 4. práticas de leitura interpretando imagens; 5.

práticas de leitura expressando experiências, idéias, sentimentos,

opiniões e argumentos, nas quais o leitor toma-se a si mesmo como

referência; 6. práticas de leitura inferindo o assunto do texto e

localizando informações explicitadas no corpo do texto.

Page 9: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

A Prova Campinas Do banco de questões, foram selecionadas as 24 questões que, após

sucessivas re-elaborações, compuseram a versão definitiva das provas de

Língua Portuguesa e Matemática. Esse conjunto de questões foi distribuído

em dois cadernos, cada um contendo 12 , sendo 6 de Língua

Portuguesa e 6 de Matemática. A Prova foi aplicada, em dois dias,

simultaneamente, para 118 turmas (aproximadamente 3688 alunos) dos

quartos anos do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Campinas, por

professores e/ou equipes gestoras das próprias unidades.

Os gabaritos, também construídos conjuntamente (assessoria da Unicamp

e um grupo de professores da rede), previam um conjunto de

possibilidades entre os tradicionais ‘certo ou errado’, como: 'adequado',

‘parcialmente adequado’, ‘acima do esperado’, ‘ilegível’ e ‘em

branco’, o que exigia um esforço (maior) dos corretores no sentido de

interpretar as respostas oferecidas, em uma escrita manuscrita.

Page 10: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

A Prova Campinas

As questões apresentavam itens que se dividiam em ‘típicos’ e

‘atípicos’, isto é, ou traziam em seu enunciado ou proposta de trabalho

uma configuração muito freqüente, comum e valorizada no ambiente

escolar ou então articulavam elementos pouco freqüentes e pouco

valorizados nesse ambiente. Em alguns casos, eram questões híbridas.

A idéia de incluir questões atípicas na Prova Campinas foi a de gerar

possibilidades que pudessem demonstrar as formas pelas quais as

crianças estão se educando em outras esferas que não a escolar,

onde o ensino é intencional, planejado, prevendo e valorizando certos

caminhos, modos, conhecimentos e desconsiderando outros.

Page 11: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Levantamento Bibliográfico

** Teses, Dissertações e Artigos Científicos (últimos seis anos - 2004 a 2009).

Locais de Busca:Locais de Busca:

Banco de Teses e Dissertações da CAPES

Biblioteca Digital da UNICAMP

Scielo

Leitura: Teoria e Prática

Caderno CEDES

Site do ALLE

Page 12: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Palavras-chave:Palavras-chave:

Avaliação (descartada) .......................................................... 8978

Avaliação + Educação ........................................................... 4533

(fora os 5037 da UNICAMP)

Avaliação Institucional + Escrita ............................................ 10

Avaliação + Palavras Escritas ................................................ 148

Avaliação + Língua Portuguesa ............................................. 408

Page 13: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Palavra-chave Nível Total de Trabalhos SelecionadosAvaliação + Educação Mestrado 3379 14

Avaliação + Educação Doutorado 922 2

Avaliação Institucional +Escrita

Mestrado eDoutorado

10 -

Avaliação + PalavrasEscritas

Mestrado eDoutorado

148 1

Avaliação + LínguaPortuguesa

Mestrado eDoutorado

408 1

Banco de Teses e Dissertações da CAPES

Obs.: com estas palavras-chave, apareceram trabalhos que tratam da avaliação de diversas maneiras. Alguns assuntos: processo de participação docente na escola da família; sobre treinamentos físicos (na terceira idade, de pilates, etc); na área da odontologia; avaliação de disciplinas semi-presenciais e à distância de graduação; processo avaliativo no ensino de inglês; área médica; avaliação de professores/avaliação docente; etc.

Page 14: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Biblioteca Digital da UNICAMP

Palavra-chave Nível Total de Trabalhos Selecionados

Avaliação + EducaçãoMestrado eDoutorado

5883 -

Avaliação Institucional +Escrita

Mestrado eDoutorado

172 -

Avaliação + PalavrasEscritas

Mestrado eDoutorado

196 -

Avaliação + LínguaPortuguesa

Mestrado eDoutorado

42 1*

* Mesmo trabalho encontrado por meio da busca do Banco de Teses da CAPES

Obs.:Autor Título Instituição Data Nível

1 Ana CristinaRodrigues Serrano

O Estado do Conhecimento sobre aaquisição da escrita no Brasil

IEL/UNICAMP 2010 Mestrado

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Scielo

Palavra-chave Total de Trabalhos SelecionadosAvaliação + Educação 232 2

Avaliação Institucional + Escrita 0 -

Avaliação + Palavras Escritas 0 -

Avaliação + Língua Portuguesa 0 -

Obs.: principais temas encontrados: enfermagem, fonoaudiologia, avaliação do e no ensino superior, avaliação de desempenho profissional, área médica (vestibular de medicina, avaliação durante o curso e do curso, etc), avaliação em educação inclusiva, crítica/contexto histórico de avaliações (SAEB, SARESP, ENADE...).

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Nas buscas realizadas nas revistas/periódicos Leitura: Teoria e Prática, Caderno Cedes e site do ALLE, poucos ou nenhum trabalho foi

encontrado a partir das palavras-chave selecionadas. Há poucos trabalhos sobre a escrita e quase nenhum sobre a linguagem escrita /

prática de escrita / escrita em avaliações.

Autor Título Local Número

1 Sonia KramerPráticas de leitura e escrita naescola: contribuições de RogerChartier

Leitura: Teoriae Prática

46 – pág. 39

Obs.:

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Autor Título Instituição Data Nível

1 ANA PAULA LEITE CASTILHO A COMPLEXIDADE DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOSTRABALHADORES UFMG 01/10/2004 Mestrado

2 CATARINA TERESA MEDURE IWAMOTO AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: IMPLICAÇÕES DAS CONCEPÇÕES QUE A ENVOLVEM NAFORMAÇÃO E PRÁTICA DOCENTE PUC-CAMP 01/06/2004 Mestrado

3 CLORIS VIOLETA ALVES LOPES ANÁLISE DAS MUDANÇAS AVALIATIVAS NO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DEFORTALEZA Univ. Federal do Ceará 01/09/2004 Mestrado

4 FRANCISCO DE ASSIS ALENCAR MOTA O QUE PENSAM OS QUE APRENDEM? APONTAMENTOS PARA UMA DISCUSSÃO, EM AVALIAÇÃO, APARTIR DE UM ESTUDO DE CASO

Univ. Federal do Ceará 01/06/2004 Mestrado

5 MARIA INÊS DE BRITO ATAÍDE Práticas avaliativas no ensino médio: estudo de caso de uma escola pública do Distrito Federal PUC Brasília 01/06/2004 Mestrado

6 Marlei Gomes da Silva Malinoski. Ler e Compreender, Prioridades Para o Ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica Uni. De Tuiuti do

Paraná 01/03/2004 Mestrado

7 Rozemeiry dos Santos Marques Moreira Avaliação externa como instrumento da gestão: a adesão e os impasses de sua realização UNICAMP 01/02/2004 Mestrado

8 SAIONARA LUCIA FONSECA MURTA A LEITURA NA ESCOLA: O AVESSO DA AVALIAÇÃO EXTERNA UFMG 01/12/2004 Mestrado

9 Cláudia Nazaré Gonçalves de Souza O ensino/aprendizagem do português e a avaliação emancipatória: repensando a experiência daEscola Cabana

Univ. Federal do Pará 01/05/2005 Mestrado

10 J oão de Andrade Filho Avaliação da aprendizagem: resgate histórico e mudanças Univ. Bráz Cubas 01/05/2005 Mestrado

11 J USSARA FRAGA PORTUGAL Práticas Avaliativas no Ensino Fundamental: entre o dizer e o fazer no cotidiano de sala de aula Univ. Do Estado da

Bahia 01/11/2005 Mestrado

12 Liliane J aqueline Guimarães Ribeiro O Discurso da avaliação formativa no ensino de português e as identidades discentes Univ. De Brasília 01/03/2005 Mestrado

13 Dulce Helena Moreira Teixeira A história da Avaliação no Estado de São Paulo sob a ótica da Legislação: da 1ª Lei de Diretrizes eBases (1961) à Progressão Continuada (1998).

Centro UniversitárioMoura Lacerda 01/08/2007 Mestrado

14 Denise da Silva Ribeiro Avaliação do rendimento escolar do estado de São Paulo (SARESP): A educação a serviço docapitalismo

UNICAMP 01/02/2008 Mestrado

15 Kelly Cristina Marigliani Melo Modalidades de avaliação da aprendizagem e suas relações com o ensino/aprendizagem deportuguês língua materna

Univ. Federal do Pará 01/08/2009 Mestrado

16 Livia Suassuna Linguagem Como Discurso: Implicações para as Práticas de Avaliação UNICAMP 01/02/2004 Doutorado

17 Geraldo Antonio Betini Avaliação institucional em escolas públicas de ensino fundamental de Campinas UNICAMP 01/02/2009 Doutorado

18 Fabiana de Fátima Augusto A produção e a compreensão de um texto dissertativo-argumentativo: A estrutura Problema-Soluçãonas redações do SARESP PUC-SP 01/10/2006 Doutorado

19 Regiane Vieira dos Santos Impasses na relação do aluno com a escrita no ensino fundamental PUC-SP 01/12/2008 Doutorado

20 Roseli Helena Ferreira O Sistema de Avaliação do rendimento escolar do Estado de São Paulo (SRESP): uma análise dasprovas de leitura e escrita da quarta série do ensino fundamental

UNESP – Pres.Pudente

01/12/2007 Mestrado

Trabalhos selecionadosBanco de Teses da CAPES

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Destaque:

Linguagem Como Discurso: Implicações para as Práticas de Avaliação (Livia Suassuna) – IEL/UNICAMP – 2004 – Doutorado

ORIGEM E OBJETIVO: Esta pesquisa partiu de dados gerados pelo Núcleo de Avaliação e Pesquisa Educacional da Universidade Federal de Pernambuco (NAPE-UFPE), onde se desenvolve um projeto interinstitucional de avaliação de redes e sistemas escolares, no contexto geral do debate contemporâneo sobre a melhoria da qualidade do ensino. O objetivo geral do estudo é discutir fundamentos e práticas de avaliação, a partir da concepção de linguagem enquanto discurso, apontando possíveis indicações e desdobramentos para a didática da língua portuguesa, o currículo e a formação de professores. REFERENCIAL TEÓRICO: A investigação, de cunho eminentemente qualitativo, está ancorada numa síntese das teorias enunciativa, discursiva, sociointeracionista e pragmática da linguagem. Assim sendo, na apreciação dos dados, valemo-nos de categorias analíticas como enunciador e co-enunciador, atos de linguagem, cenografia discursiva, lugares sociais, interdiscurso, dialogismo, interação, condições de produção do discurso, entre outras. No campo da avaliação, adotamos a perspectiva segundo a qual avaliar significa não classificar, medir, gerar escalas, e sim interpretar dados, construir significados, produzir e fazer circular discursos. METODOLOGIA: Analisamos os resultados do teste aplicado em 1997, quando se avaliou a 5a série do ensino fundamental. Foi utilizado o paradigma indiciário, pondo-se em relevo dados singulares e episódicos, tomados como indícios da relação que os alunos estabelecem, no interior da escola, com a linguagem enquanto objeto de conhecimento. Como nesse ano foram aplicados três cadernos de testes, adotamos três perspectivas distintas de análise: no primeiro caderno, atentamos para os dados quantitativos, fazendo deles uma leitura qualitativa e indicando diferentes possibilidades de interpretação daquilo que mostram os números, os índices e as estatísticas; no segundo caderno, buscamos identificar algumas formas de representação/constituição do sujeitos-alunos em suas respostas à questão aberta de produção de texto; no terceiro, optamos por sugerir seqüências didáticas a partir das escritas dos alunos, considerando que a avaliação permite identificar necessidades e possibilidades de aprendizagem, como também reorientar o trabalho do professor. RESULTADOS/CONCLUSÕES: Os resultados indicaram que textos e formulações que, em princípio, poderiam parecer uma resposta descabida ao que fora solicitado nos enunciados das questões se explicam pelo modo de inserção do sujeito-

aluno na dinâmica do discurso escolar. Isso sugere que o processo de avaliação da aprendizagem, muito mais do que simples verificação quantitativa de rendimento, configura-se como um processo discursivo de alta complexidade, a exigir dos educadores a mobilização de novos mecanismos de escuta/interpretação e de mediação pedagógica.

Page 19: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Destaque:

Avaliação institucional em escolas públicas de ensino fundamental de Campinas (Geraldo Antonio Betini ) - UNICAMP – 2009 – Doutorado

Essa pesquisa tem como objetivo analisar como a avaliação institucional participativa pode contribuir para a qualidade social das escolas públicas de ensino fundamental de Campinas, partindo da hipótese de que: é possível a escola pública de ensino fundamental desenvolver e implementar processos próprios de avaliação institucional participativa que levem à reflexão e ação sobre a educação oferecida à população que a freqüenta e melhorar a qualidade social da educação escolar? A pesquisa teve a sua origem no Projeto Geres – Geração escolar 2005 – porém como iniciativa do Pólo Campinas, coordenada pelo Laboratório de Observação e Estudos Descritivos (LOED) da Faculdade de Educação da UNICAMP. O LOED se propôs oferecer às escolas que aderissem ao Projeto AIP suporte técnico e metodológico por meio da figura do apoiador e/ou pesquisador em ação direta junto às escolas, porém não conduzindo os trabalhos, mas oferecendo orientação para que as escolas por intermédio da Comissão Própria de Avaliação implementassem processos próprios de avaliação e de auto-avaliação. A pesquisa, a princípio, foi conduzida em três escolas municipais de ensino fundamental de Campinas. Porém, com a desistência de uma delas, o trabalho foi desenvolvido em todas as etapas do processo apenas com duas. Outras fontes de dados foram pesquisadas, envolvendo, principalmente, uma escola privada e outra estadual, cujo objetivo foi entender porque desistiram de participar do projeto, pois esse levantamento de dados pode ajudar na compreensão do fenômeno estudado.

Page 20: Práticas de escrita de crianças em situação de avaliação: o que move essa escrita? Mariana Bortolazzo Mestrado em Educação – FE/UNICAMP – Grupo ALLE Orientadora:

Destaque:

O Sistema de Avaliação do rendimento escolar do Estado de São Paulo (SRESP): uma análise das provas de leitura e escrita da quarta série do ensino fundamental (Roseli Helena Ferreira ) - UNESP Pres. Prudente – 2007 - Mestrado

Este estudo se insere na linha de pesquisa “Práticas Educativas e Formação de Professores” e teve como objetivo analisar as provas de leitura e escrita do SARESP da 4a. série do Ensino Fundamental. Buscou-se a partir dos dados obtidos certificar-se dos limites e possibilidades das referidas provas em relação ao objetivo que se propõem: avaliar a habilidade leitora e a qualidade do ensino. A metodologia adota foi de caráter qualitativo. A coleta de dados foi realizada por meio da técnica de análise documental, sendo os documentos de fonte primária e secundária. A pesquisa foi organizada em duas etapas: a primeira de pesquisa bibliográfica sobre os temas avaliação e leitura, bem como sobre documentos relativos ao SARESP, como referências curriculares (Proposta Curricular do Estado de São Paulo e Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN de Língua Portuguesa) e materiais que tratam do histórico, objetivos e fundamentos desse sistema de avaliação. Na segunda fase da pesquisa foram analisadas as provas selecionadas (1997, 2002 e 2005), a partir das categorias definidas: clareza dos enunciados; nível de complexidade das habilidades e coerência entre o especificado na matriz de habilidades e o exigido na questão. A análise revela a existência de problemas relativos à ambigüidade dos enunciados e incoerência das questões com as matrizes de especificação de habilidades e a prevalência de habilidades que envolvem operações mentais de pouca complexidade, como o identificar, reconhecer e localizar. Esta investigação poderá contribuir com a rediscussão do sistema de avaliação vigente no Estado de São Paulo e com a produção no campo das pesquisas sobre avaliação educacional e leitura.

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Artigos selecionados - Scielo

Autor Título Periódico Data

1 CABRITO, Belmiro Gil. Avaliar a qualidade em educação: avaliar oquê? Avaliar como? Avaliar para quê?

Caderno CEDES 2009

2

CIANFLONE, AnaRaquel Lucato eANDRADE, Érika

Natacha Fernandes de

Práticas avaliativas no ensino fundamentale cultura escolar

Paidéia (RibeirãoPreto)

2007

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Resumindo...

Nos trabalhos encontrados por meio das buscas com as palavras-chave citadas,

pude perceber que a temática da avaliação contempla problemáticas diversas, não

somente na área da educação; há um grande número de trabalhos encontrados que

referem-se à avaliação na área da saúde.

Os trabalhos encontrados na área da educação dizem respeito principalmente a

uma análise do contexto histórico das avaliações institucionais, práticas avaliativas

escolares (aquelas aplicadas na sala de aula), avaliações docentes, estudos de caso

sobre avaliações específicas (SARESP é a mais recorrente), etc.

Não encontrei estudos que falam especificamente da prática de escrita em

avaliações. Artigos científicos com a mesma temática são ainda menos recorrentes.