prática trabalhista - exame de ordem

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    Exame de Ordem

    Daniele Sehli

    7.a edio

    IESDE Brasil S.A.Curitiba

    2012

    Prtica em Direito do Trabalho

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    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    ___________________________________________________________________________________________ S459p7.ed. Sehli, Daniele Prtica em direito do trabalho / Daniele Sehli. - 7.ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.

    216p. : 21 cm (Exame de ordem)

    Inclui bibliografa ISBN 978-85-387-3238-9

    1. Direito do trabalho - Brasil. 2. Justia do trabalho - Brasil. 3. Processo trabalhista. I.Ttulo. II. Srie.

    12-7506.CDU: 349.2

    16.10.12 19.10.12 039736 ___________________________________________________________________________________________

    2005-2011 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorizao por escrito dos autores e dodetentor dos direitos autorais.

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    Atualizado at outubro de 2012.

    Capa: IESDE Brasil S.A.Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

    IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200Batel Curitiba PR0800 708 88 88 www.iesde.com.br

    Todos os direitos reservados.

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    SUMRIO

    Reclamao trabalhista I:petio inicial

    9 Denominao9 Requisitos fundamentais

    Reclamao trabalhista II26 Primeiro passo: relacionar os dados do

    contrato de trabalho

    27 Segundo passo: relacionar os fatos e osfundamentos jurdicos (causa de pedir)

    44 Terceiro passo: especificao dos pedidos46 Consideraes sobre a reclamao

    trabalhista do rito sumarssimo

    Defesa do reclamado: contestao51 Consideraes gerais51 Requisitos fundamentais52 Endereamento ao juzo competente52 Qualificao das partes54 Preliminares60 Defesa indireta de mrito: prejudicial de

    mrito

    62 Defesa direta de mrito

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    SUMRIO

    65 Requerimentos do reclamado66 Requerimentos finais66 Finalizao e local, data e assinatura66 Documentos e provas

    67 Resumo

    Defesa do reclamado: exceese reconveno

    71 Excees

    74 Exceo de incompetncia territorial78 Exceo de suspeio e impedimento82 Reconveno

    Recursos I89 Consideraes gerais90 Efeitos dos recursos90 Pressupostos dos recursos96 Recurso ordinrio

    Recursos II109 Recurso de Revista

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    SUMRIO

    Questes prticas II209 Questo 1 OAB/SP209 Questo 2 OAB/PR210 Questo 3 OAB/PR211 Questo 4 OAB/PR

    Referncias

    Anotaes

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    Reclamao trabalhista I:petio inicialDaniele Sehli*

    Denominao A petio inicial ordinria na Justia do Trabalho, consoante artigo 840 da Con

    solidao das Leis do Trabalho (CLT), recebe a denominao dereclamao trabalhista. Assim, para se evitar qualquer tipo de discusso com a banca examinadora, deve-sutilizar a nomenclatura sugerida pelo legislador.

    Requisitos fundamentais A princpio, os requisitos fundamentais para a elaborao da petio inicial tra

    balhista se encontravam apenas no artigo 840 da CLT. As exigncias desse dispositivlegal, contudo, mostram-se simplistas demais para a atuao de um profissional da redo Direito. No se pode perder de vista que o dispositivo celetrio tem o condo de posibilitar a apresentao de reclamao trabalhista pela prpria parte, vez que vigora n Justia do Trabalho oius postulandi(CLT, art. 791).

    Assim, para a apresentao da referida pea processual por intermdio de advogado (que a anlise que ser feita pela banca examinadora), deve-se atentar tambmpara os requisitos constantes do artigo 282 do Cdigo de Processo Civil (CPC), diplom

    jurdico esse que tem aplicao subsidiria no processo do trabalho (CLT, art. 769).Parte-se, desse modo, anlise de cada requisito processual de forma individual.

    Endereamento da petio inicialO endereamento da reclamao trabalhista enseja que se tenha conhecimento

    da competncia da Justia do Trabalho,1 a fim de identificar o rgo que deve receber apostulao.

    Mestre em Direito pela Pontifcia Universidade Catlica do Paran (PUCPR). Professora da Graduao da PUCPR. Advogtrabalhista.1 Convm salientar que a Emenda Constitucional 45/2004, alcunhada como Reforma do Judicirio, ampliou a competncia Justia do Trabalho, trazendo alteraes substanciais quanto ao tema.

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    Considerando que a pea processual em anlise a reclamao trabalhista, acompetncia funcional para dirimir a lide , via de regra, das Varas do Trabalho (CLT,arts. 650 a 653). Somente nas localidades no compreendidas na jurisdio das Varas do Trabalho que a petio inicial ser direcionada aos juzes de Direito (arts. 668 a 669;e CF, art. 112).

    Em relao linguagem a ser empregada, de grande valia a lio de Sergio PintoMartins (2004, p. 250):

    comum, naquelas localidades em que h Varas do Trabalho, o advogado dirigir a petioao Senhor Doutor Juiz de Direito, quando o correto ao Senhor Doutor Juiz do Trabalho daVara do Trabalho. A petio s ser dirigida ao juiz de Direito nas localidades em que noexista Vara do Trabalho e aquele magistrado tenha jurisdio trabalhista. No ser a petiodirigida ao Juiz Federal do Trabalho. O juiz do Trabalho um magistrado federal, no existea denominao Juiz Federal do Trabalho na Constituio, apenas juiz do Trabalho.

    Assim, temos:

    a competncia da Vara do Trabalho:

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da _____ Vara do Trabalhode (localidade)

    caso no haja Justia do Trabalho na localidade, a competncia ser do juiz deDireito, e vir da seguinte forma:

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____ Vara Cvel de (localidade)

    A competncia territorial das Varas do Trabalho, por sua vez, explicitada noartigo 651 da CLT, cuja regra geral encontra-se nocaput:

    Art. 651. A competncia das Juntas de Conciliao e Julgamento determinada pela loca-lidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar servios ao empregador, aindaque tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

    Assim, se o empregado foi contratado no Mato Grosso, mas sempre laborou noRio de Janeiro, nesta localidade que a petio inicial deve ser proposta: Vara do Tra-balho do Rio de Janeiro.

    Da mesma forma, se o empregado reside no Paran, mas sempre trabalhou emSo Paulo, nesta localidade que a pea de ingresso deve ser proposta: Vara do Trabalhode So Paulo.

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    Com isso, deve-se ter em mente que irrelevante o local da contratao do trabalhador ou a localidade em que o empregado reside. A pea vestibular dever ser dirigi Vara do Trabalho em que foram prestados os servios.

    As demais hipteses do artigo 651 da CLT apresentamexcees a essa regra geral,que podem ser assim resumidas:

    quando o trabalhador for agente ou viajante comercial (pressupe-se que o trabalhador preste servio em mais de uma localidade), a ao trabalhista deverser proposta na localidade onde a empresa tenha agncia ou filial qual o empregado esteja subordinado (ou seja, a localidade em que est instalado o esta-belecimento no qual o empregado presta contas) e, na falta deste, a localidadeem que o empregado tenha domiclio ou na localidade mais prxima (CLT, art651,1.);

    quando o trabalhador for brasileiro e prestar servios no estrangeiro, desdeque no exista conveno ou tratado internacional dispondo em sentido con-trrio, ser competente para receber a demanda trabalhista a Vara do Trabalhobrasileira (na localidade onde a empresa estiver sediada no Brasil ou onde oempregado foi contratado). Nesse caso, exclui-se a regra geral local da prestao de servios, que seria no estrangeiro para atrair a competncia da juris

    dio brasileira (CLT, art. 651,2.);quando o empregador promove suas atividades fora do lugar do contrato detrabalho, o trabalhador poder escolher propor a reclamao trabalhista nolocal da contratao ou no local da prestao dos servios (CLT, art. 651,3.).Exemplo comum na doutrina de trabalhadores em espetculos circenses eteatros.

    Destarte, o endereamento dever ser feito da seguinte forma:

    quando h Justia do Trabalho na localidade:

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da _____ Vara do Trabalho de(localidade)

    quando no h Justia do Trabalho no local:

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____ Vara Cvel de (localidade)

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    Qualificao das partesEnquanto a legislao trabalhista genrica (art. 840,1.), o CPC bastante

    especfico em relao qualificao das partes (art. 282, II). Assim, em atendimento regra processual mais completa, faz-se necessrio consignar o nome, prenome, estadocivil, profisso e domiclio, tanto do reclamante como do reclamado.

    A questo objeto do Exame de Ordem, via de regra, contm todos os dados ne-cessrios para a qualificao da parte. Se, eventualmente, a questo for omissa em rela-o a algum dado, ainda assim a qualificao das partes dever ser preenchida da formamais completa possvel na pea de ingresso.

    Importa observar queisso no autoriza o candidato a criar um dado fantasioso apenaspara o preenchimento correto e completo da qualificao da parte. Tal procedimentopoder ser entendido como um meio de identificao do candidato, acarretando, porconseguinte,a sua desclassificao. Dever o candidato, desse modo, apenas completar aquesto lembrando a necessidade do dado no mencionado.

    Exemplificando, se restar ausente o estado civil do empregado, poder-se-ia re-digir: Fulano de Tal, brasileiro, (estado civil), bancrio, ... Havendo ausncia do endereo,poder-se-ia consignar: Rua ..., n...., CEP...,ou seja, apenas registrar o espao com ponti-

    lhados. Desse modo, no se deixa de mencionar o dado constante da regra processual,bem como no se identifica a prova.

    Isso feito, teremos:

    Fulano de Tal, brasileiro, casado, pintor, residente e domiciliado em Cidade,na Rua _____, n. _____, CEP _____, doravante denominado reclamante, vem presenadesse Juzo, _____.

    Reclamante incapaz ou relativamente incapaz A legislao trabalhista permite a formao do contrato de trabalho de empre-

    gados maiores de 16 anos, sendo que os menores de 16 e maiores de 14 anos poderoapenas firmar contrato de aprendizagem (CF, art. 7., XXXIII).

    Ocorrendo tal situao em que o empregado ainda no seja totalmente capaz

    (menor de 18 anos) , tambm dever ser consignada na pea de ingresso a qualificaocompleta do assistente ou do representante do menor (CPC, art. 8.).

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    Portanto, nessas situaes, teremos que descrever duas qualificaes completasuma para o reclamante (no caso, o trabalhador incapaz, que a parte), e outra para oseu representante.

    ProcuradorConsiderando-se que, na questo objeto do exame da Ordem dos Advogados do

    Brasil (OAB), a pea processual confeccionada por advogado, devidamente constitdo, faz-se necessrio consignar a existncia do procurador legal da parte. Essa informo poder ser aduzida da seguinte forma:

    [...] vem presena desse Juzo, por seu advogado infra-assinado e devida-

    mente constitudo (procurao em anexo ou instrumento de mandato em anexo),inscrito na OAB - (estado) sob o n. _____ [...]

    Algumas subsees da OAB, por sua vez, exigem ainda que o candidato mencione o endereo do advogado, fazendo valer o disposto no artigo 39, I, do CPC. Patanto, constar na prova prtica o endereo do advogado, podendo-se consignar o dadda seguinte forma:

    [...] vem presena do Juzo, por seu advogado infra-assinado e devidamenteconstitudo (procurao em anexo ou instrumento de mandato em anexo), inscritona OAB - (estado), sob o n. _____ , com escritrio profissional na Rua _____________n. _____ , CEP _____ , cidade (estado).

    Reclamado Ambas as partes, reclamado e reclamante, devem ser apresentados com qualifi

    cao completa. Se o reclamado for pessoa fsica, deve-se levar em considerao as mmas observaes acima aduzidas em relao ao reclamante. Se o reclamado for pess jurdica, ser o endereamento feito a ela, pois a empresa que figura como empregdora e no os seus scios.

    Existem, tambm, situaes em que o reclamado deve ser representado em juzo A regra concernente representao processual encontra-se descrita no artigo 12 dCPC. Desse modo, nessas ocasies, tal qual se fez com o menor incapaz relacionandna pea de ingresso tambm a qualificao do seu representante legal , para determnados empregadores faz-se necessrio adotar o mesmo procedimento em relao ao serepresentante processual.

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    A exemplo, temos o sndico da massa falida e o inventariante do esplio. Nessassituaes, teremos:

    massa falida:

    [...] Massa Falida de Alimentos Alice Ltda., pessoa jurdica de direito privado,estabelecida em (cidade), na Rua _____ , n. _____ , CEP _____ , representada por seusndico, Fulano de Tal, brasileiro, solteiro, advogado, residente e domiciliado naRua _____ , n. _____ , CEP _____ , (cidade), (estado).

    esplio:

    [...] Esplio de _____, representado por seu inventariante, Sicrano de Tal, bra-sileiro, solteiro, advogado, residente e domiciliado na Rua _____, n. _____, CEP _____,(cidade), (estado).

    LitisconsrcioPodem ocorrer situaes de litisconsrcio ativo e passivo. A hiptese de litiscon-

    srcio ativo diz respeito a uma ao individual plrima (CLT, art. 842), na qual os vriosempregados que ingressam com a demanda trabalhista tm em comum a identidade dematria e pretendem a tutela jurisdicional em face de um mesmo empregador.

    Tambm poder ocorrer a hiptese de litisconsrcio passivo, em que existe oenvolvimento de mais de um sujeito relacionado ao pedido feito pelo reclamante. Taissituaes ocorrem normalmente em relao ao pedido de condenao subsidiria (porexemplo, no caso da Smula 331 do TST) ou de condenao solidria (por exemplo, nocaso do art. 2.,2., da CLT).

    Desse modo, havendo mais de um reclamante ou reclamado, necessrio fazer aqualificao para cada um dos integrantes da lide.

    Comisso de Conciliao PrviaSe houver Comisso de Conciliao Prvia que envolva a categoria do empregado

    em determinada localidade (pode ser uma comisso que envolva apenas os sindicatos

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    patronal e obreiro ou uma comisso que envolva apenas os trabalhadores de determinada empresa), facultado ao reclamante, antes de ingressar com a reclamatrabalhista perante a Justia do Trabalho, optar pela tentativa de conciliao junto Comisso.

    A inteno do legislador, com a Lei 9.958/2000, foi promover a autocomposientre as partes antes da tentativa de composio judicial, que se d com o ajuizamentda ao trabalhista perante a Justia do Trabalho.

    Fatos e fundamentos jurdicosPara a confeco da pea inicial, a CLT aponta como requisito necessrio apena

    uma breve exposio dos fatos, porm, tal disposio tem validade apenas quando strata doius postulandi, isto , quando o prprio empregado que vem a juzo pleitearseus direitos.

    Para fins de Exame de Ordem, alm da breve exposio dos fatos, devero tambm ser aduzidos os fundamentos jurdicos, como determina a Lei Processual Civil.

    A esse respeito, interessante citar a lio de Tostes Malta (2004, p. 248-249):

    O fato a que a lei se refere o constitutivo do pedido, aquele cuja ocorrncia gerou o direitoa que se reivindica. Fundamento jurdicono a norma jurdica em que o pedido se ampara, e sim a indicaoda natureza da relao de direito que decorre dos fatos expostos. Se o reclamante asseveraque, havendo sido dispensado sem justa causa, credor das parcelas tais, est indicando ofundamento jurdico da sua reivindicao.[...] A indicao do direito positivo aplicvel no se exige na reclamao trabalhista, isto , nprecisa o reclamante dizer em que texto da lei, Decreto-Lei etc., ampara sua pretenso.

    Desse modo, verifica-se que a ausncia de indicao de dispositivo legal n

    importa em descumprimento da norma processual, mormente para as situaes em quno h grande controvrsia acerca do direito positivo (como, por exemplo, o pedido dhoras extras, excedentes da oitava hora diria, ante a previso do texto constitucional).

    Todavia, sempre que possvel, deve ser indicado o dispositivo legal, ou entendmento doutrinrio e/ou jurisprudencial, ou os princpios que embasam o direito vindicado pelo reclamante. Esses fundamentos incrementam a pea processual e permitemao avaliador investigar o grau de conhecimento do candidato.

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    Forma de exposioConsiderando-se que a reclamao trabalhista, via de regra, relata vrios fa-

    tos, faz-se necessrio exp-los de forma que haja um encadeamento lgico entre eles.

    A respeito do requisito, so bem lembradas as palavras de Wagner Giglio (2007, p.177): Deve, por isso, ser cuidadosamente redigida, sopesando-se cada palavra, o enca-deamento lgico da exposio e a correta fundamentao do pedido, [...]. Sua redaodeve obedecer os requisitos do estilo: clareza, preciso e conciso.

    necessrio, desse modo, estabelecer uma ordem de exposio desses fatos (so-mente os essenciais). O mais conveniente que os fatos sejam narrados de forma crono-lgica e ordenada em relao aos pedidos principais e acessrios.

    Vale dizer que, primeiramente, se trata da contratao, depois das condiesde trabalho e, na sequncia, so tratados os fatos importantes na vigncia da relao deemprego, para terminar na dissoluo do pacto laboral e, por fim, nos pedidos de cunhoindenizatrio.

    PedidoEspecificao do pedido

    Aps a exposio dos fatos e fundamentos jurdicos, vem o pedido, que nadamais do que a pretenso do reclamante.

    No pode existir reclamao trabalhista com pedido sem a respectiva causa depedir (fatos + fundamentos jurdicos), como tambm no pode haver causa de pedirsem o correspondente pedido. Se tal evento ocorrer, a petio inicial ser inepta (CPC,art. 295, pargrafo nico, I).

    Da porque a inicial deve mencionar precisamente o que o autor pretende. Por

    exemplo, no pode alegar o reclamante ter sido dispensado sem justa causa e, em decor-rncia desse evento, simplesmente postular o pagamento dos direitos decorrentes dainjusta dispensa. A pretenso do reclamante, nesse caso, seria genrica, o que vedadopelo ordenamento jurdico (CPC, art. 286).

    Deveria o reclamante, nessa situao, noticiar que embora tenha sido dispensadosem justa causa, nada recebeu, razo pela qual postula o pagamento dos haveres resci-srios, a saber: saldo de salrio de (apontar a quantidade) dias, aviso prvio indenizadode (apontar a quantidade) dias, com integrao deste no tempo de servio; frias e grati-

    ficao de frias, proporcionais (apontar a quantidade) e vencidas (apontar a quantidade);dcimo terceiro salrio (apontar a quantidade); pagamento da multa de 40%.

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    Desse modo, dever sempre o pedido sercerto e determinado2 ou, ao menos,deter-minvel, no se podendo formular pedido genrico, a no ser nas hipteses previstas noartigo 286 do CPC.

    Pedidos alternativos e sucessivosOs pedidos podem ser alternativos (CPC, art. 288) ou sucessivos (art. 289),

    devendo-se entender que so uma espcie distinta em relao aos pedidos alternativolato sensu.

    Quando se faz um pedido alternativo, de acordo com a regra processual civio reclamado poder cumprir a obrigao de mais de um modo, sendo que o resultadprtico de tal escolha indiferente para o reclamante.

    Exemplificando, pode-se postular que o reclamado comprove o recolhimento dodepsitos do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) na conta vinculada dempregado num determinado perodo, sob pena de, no o fazendo, pagar uma indenzao correspondente. Nesse caso, temos duas alternativas para o empregador: ou elcomprova em juzo o correto recolhimento, a fim de no ser condenado ao pagamentdos depsitos do FGTS, ou ele assume uma posio omissa (no junta os documentose ser condenado ao pagamento dos referidos depsitos.

    Veja que, na hiptese apresentada nesse exemplo, a escolha compete ao empre-gador, sendo que para o empregado no h diferena no resultado prtico da escolhdo empregador. Isso porque, se o empregador comprovar que recolheu corretamentos depsitos fundirios, era porque no existia dbito pendente. Contudo, se o empregador no comprovar que recolheu corretamente o FGTS, ento ele ser condenado apagamento. Ao final, o empregado vai obter aquilo que pretende: os valores atinenteao correto recolhimento do FGTS.

    Na hiptese de pedidos sucessivos, existe uma gradao entre as pretenses formuladas pelo reclamante. O empregado quer o resultado prtico da primeira pretenso (pedidprincipal) e somente na hiptese de no ser possvel atender a pretenso principal que reclamante requer que o juzo investigue a possibilidade de deferir o pedido sucessivo.

    A ttulo de exemplo, podemos noticiar o caso de dispensa sem justa causa deemprego estvel. O empregado estvel tem direito a ser reintegrado no emprego, pois que o ordenamento jurdico garante a sua manuteno no trabalho. Assim, o pedidoprincipal seria de reintegrao do empregado no emprego. Contudo, poderia no sepossvel a reintegrao, e ento entra em cena o pedido de ordem sucessivaou subsidiria,que seria o pagamento de indenizao correspondente ao perodo de estabilidade.

    2 [...] aquele definido ou determinado em suas qualidades e quantidades (SANTOS, 1989, p. 152).

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    Observe-se que nesse caso, diferentemente do pedido alternativo que se en-contra num mesmo patamar , os pedidos sucessivos tm um grau de valorao. Isto, sempre buscar o reclamante que o pedido principal seja atendido e somente na

    hiptese deste no ser possvel ele se contentar com o pedido subsidirio. No caso dospedidos alternativos, indiferente a forma de cumprimento da obrigao. No casodos pedidos sucessivos, sempre ser mais valoroso o pedido principal.

    Pedidos relacionados a obrigaes de fazerHavendo algum pedido relacionado a obrigao de fazer ou no fazer, poder o

    reclamante inserir o pedido de uma pena pecuniria (astreintes) para o caso de descum-primento da obrigao. Nesse sentido, o artigo 287 do CPC.

    Pedidos relacionados antecipao da tutelaPrimeiramente, cumpre destacar que a tutela antecipada e especfica difere das

    medidas cautelares tratadas nos artigos 796 e seguintes do CPC.

    Nas palavras de Jorge Luiz Souto Maior (2000, p. 56)

    [...] a tutela antecipada trata-se de uma nova tcnica de provimento jurisdicional, proferida

    em cognio sumria, que se baseia, em parte, nos pressupostos da tutela cautelar (aindaque os termos do artigo 273 tragam nova roupagem ao periculum in mora, chamando-o dereceio de dano irreparvel ou de difcil reparao e que quanto ao fumus boni iuris diga tra-tar-se de verossimilhana da alegao), mas que tambm pode ser concedida por razesde ordem estrutural, para fins de penalizar atos que afrontem a dignidade da justia. Umadeciso que tem por objetivo antecipar, provisoriamente, no todo ou em parte, os efeitosprticos da pretenso deduzida em juzo, e no a pretenso em si, tendo por isso, uma fun-o executiva, mas que pode ser efetivada com fora mandamental e pode, eventualmente,no coincidir com o contedo da sentena final.Com o advento da Lei 10.444/2002, os provimentos antecipatrios ficaram assim

    distribudos:artigo 461 do CPC diz respeito s obrigaes de fazer ou no fazer;

    artigo 461-A do CPC diz respeito s obrigaes de entrega de coisa;

    artigo 273 do CPC diz respeito s obrigaes de pagar quantia em dinheiro e,de forma residual, s demais obrigaes que no se relacionem com os artigos461 e 461-A do CPC.

    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

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    Requerimentos Aps terem sido deduzidas as pretenses de direito material, deve a petio ini-

    cial apontar alguns requerimentos de ordem processual.

    A CLT no impe tais requisitos para a confeco da reclamao trabalhista. Cotudo, h a necessidade de adequao da formulao da pea inicial s regras do ProcesCivil.

    Desse modo, devero ser requeridas:a notificaodo reclamado (adotando-se a terminologia constante da CLT, art.841,caput e 1.) para, querendo, responder a reclamao trabalhista;a produo de todas as provas em direito admitidas, em especial o depoimento

    pessoal do reclamado, a oitiva de testemunha, a produo de prova pericial, juntada de documentos e outras provas que se fizerem necessrias;a procedncia da ao, condenando o reclamado ao cumprimento dos pedidoformulados, acrescidos de juros e correo monetria, bem como ao pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios.

    Valor da causaNo exige o artigo 840, pargrafo 1., da CLT que seja indicado o valor atribud

    causa. Contudo, mesmo sem expressa determinao na lei trabalhista necessrioindic-lo. Justificamos.

    O valor da causa, regra geral, deve corresponder ao valor que o reclamante pretende receber. Nesse sentido, so os artigos 258 e seguintes do CPC.

    Na Justia do Trabalho, se a petio inicial estiver desacompanhada do valoatribudo causa, este ser fixado pelo juiz, antes de passar instruo do feito. Essa a regra do artigo 2. da Lei 5.584/70:

    Art. 2. Nos dissdios individuais, proposta a conciliao, e no havendo acordo, o Presidente da Junta ou o Juiz, antes de passar instruo da causa, fixar-lhe- o valor para adeterminao da alada, se este for indeterminado no pedido.

    Para alguns, a referida legislao acabou por prescrever a necessidade de consigno valor da causa na pea de ingresso. Porm, essa necessidade no teria por fundamentoeventual reconhecimento de inpcia da petio inicial, se ausente o valor da causa, mas spara se saber quais os limites de tramitao processual, ou melhor, para fixao de alada

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    A data, via de regra, a data do exame, ou conforme indique a prova.

    A assinatura, para efeitos de no identificar a prova, no deve ser consignada.Pode o candidato, ento, deixar:

    Assinatura do Advogado

    Nome do Advogado

    ( pode ainda colocar o nome do advogado indicado na questo)

    OAB - ( subseo) n. ___________

    (deixar em branco ou colocar o nmero da OAB fornecido na questo)

    Documentos e provasDispe o artigo 787 da CLT, combinado com o artigo 283 do CPC, que a petio

    inicial dever vir acompanhada dos documentos necessrios propositura da ao.

    Tratando-se de exame para o ingresso na OAB, no sero fornecidos documentoscom a questo a ser desenvolvida para serem anexados. Tal situao, contudo, no impe-de o candidato de cumprir o disposto nos dispositivos legais acima transcritos, devendoao longo da pea fazer remisses pea da existncia dos documentos indispensveis.

    Desse modo, todos os documentos essenciais e que poderiam estar de posse doempregado, para a montagem da reclamatria trabalhista, devem ser mencionados napea de ingresso.

    Nesse sentido, podemos citar a procurao, a qual constitui o advogado, e os do-cumentos que habilitam a representao, como, por exemplo, a certido de nascimento,no caso de empregado incapaz representado pelo pai.

    Do mesmo modo, se h pedido de salrio-famlia, deve ser mencionada a juntadada certido de nascimento dos filhos para se ter direito ao benefcio.

    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

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    Estes seriam, em resumo, os requisitos essenciais para a elaborao da reclamao trabalhista:

    Reclamao trabalhista

    Endereamento ao juzo competente artigo 840,1., da CLT + artigo 282, I, do CPC

    Qualificao individualizada do reclamante e do reclamado + endereo doadvogado

    artigo 840,1., da CLT + artigo 282, II, do CPC + artigo 39, I, do CPC

    Exposio dos fatos e fundamentos jurdicos artigo 840,1., da CLT + artigo 282, III, do CPC

    Pedidos artigo 840,1., da CLT + artigo 282, IV, do CPC

    Requerimentos processuais artigo 282, VI e VII, do CPC

    Valor da causa artigo 282, V, do CPC + artigo 852-A da CLT + Lei 5.584/70, artigo 2.

    Pedido de deferimento

    Local, data e assinatura artigo 840,1., da CLT

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    Pode ser adotado como fundamento jurdico um determinado dispositivo legal, jurisprudncia, doutrina ou princpio do Direito. Os mais utilizados so a lei e a juris-prudncia, incluindo-se nesta as smulas e as orientaes jurisprudenciais do TribunalSuperior do Trabalho (TST). A que tem menor aplicabilidade na seara trabalhista adoutrina, sendo utilizada com maior frequncia nas questes em que h ainda acirradadiscusso sobre o direito vindicado.

    Os fatos devem ser encadeados de forma lgica, se possvel em ordem cronolgi-ca e ordenada em relao aos pedidos principais e acessrios. Assim, tomando por baseum reclamante empregado, poderia se tratar primeiramente da contratao, depois dascondies de trabalho estabelecidas e, na sequncia, dos fatos importantes na vignciada relao, para terminar na dissoluo do pacto laboral e, por fim, os pedidos de cunho

    indenizatrio.Por isso, no se pode esquecer que:H necessidade de clareza, preciso e conciso na pea vestibular. No importa que a pe-tio inicial seja de uma ou de duas folhas. O importante que a pea vestibular seja bemredigida, tendo causa de pedir e pedido, de modo que a parte contrria e, tambm, o juizpossam compreender o que est sendo postulado pelo autor. A petio tem um silogismo. A premissa menor representada pelos fatos. Os fundamen-tos de direito so a premissa maior. A concluso o pedido. (MARTINS, 2004, p. 251)

    Passemos a esquematizar esses dados.

    Primeiro passo:relacionar os dados do contrato de trabalho

    Relacione quatro dados essenciais:data de admisso deve-se considerar a real data de admisso, independente-mente de haver ou no anotao em Carteira de Trabalho e Previdncia Social CTPS, do tempo de servio (a eventual ausncia de registro dever ser debatidaem outra oportunidade);data da dispensa;

    a funo exercida deve-se considerar a real funo exercida, mesmo que oreclamante tenha sido registrado em outro cargo (eventual diferena quanto funo formal e a funo real ser objeto de anlise em item especfico da peade ingresso);

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    o salrio percebido o real salrio auferido pelo empregado, considerando-sem sua totalidade, mesmo que no conste em contracheque (eventual pedidode integrao de salrio pago por fora ser objeto de investigao especfica npea de ingresso).

    No podemos esquecer que o contrato de trabalho um contrato-realidade2. Assim, devem ser consignados, nesse primeiro momento, os reais dados de trabalho dreclamante.

    Podemos exemplificar da seguinte forma:

    O reclamante foi admitido em (dia) de (ms) de (ano). Exerceu as funes de(atividade).

    Foi imotivadamente dispensado em (dia) de (ms) de (ano).

    Sua ltima remunerao foi de R$ ...

    Segundo passo: relacionar os fatos e osfundamentos jurdicos (causa de pedir)

    Devem ser relacionados somente os fatos essenciais, de forma lgica. Para ummelhor estruturao da causa de pedir, dividimo-la em etapas, conforme quadro a seguir.

    Aduzir fatos a justificar a presena das partesLitisconsrcio ativo: explicar por qual motivo a reclamao est sendo mo-vida por vrios empregados de forma conjunta. O seu fundamento encontraamparo no artigo 842 da CLT.Litisconsrio passivo: explicar por qual motivo a reclamao est sendo mo-vida em face de vrios reclamados.3

    3 Podemos ter a hiptese de um litisconsrcio passivo cuja explicao a condenao solidria (por exemplo, no caso de grupeconmico art. 2., pargrafo 2., da CLT) ou de condenao subsidiria (por exemplo, no caso da Smula 331 do TST) oumesmo de reconhecimento de vnculo com outro empregador.

    2 Expresso adotada pelo jurista Mario de La Cueva.

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    Aduzir fatos relacionados natureza da relao jurdica havidaReconhecimento do vnculo de emprego (CLT, art. 3.).

    Nulidade da relao de trabalho na forma de contrato de prestao de servios, representante comercial, servio autnomo etc. (CLT, art.3. c/c art. 9.).

    Anotao do contrato de trabalho em CTPS (CLT, art. 39 e 49).

    Declarao de unicidade contratual.

    Aduzir fatos atinentes a parcelas de natureza salarial

    Ligadas diretamente ao salrio do reclamante:

    diferenas salariais oriundas de equiparao salarial (CLT, art. 461);

    diferenas salariais oriundas de substituio (TST, Smula 159);

    diferenas salariais oriundas de desvio de funo (TST, SDI-1, OJ 125);

    diferenas salariais oriundas de alterao do contrato de trabalho(CLT, art. 468; e TST, Smula 51).

    Ligadas aos artigos 457 e 458 da CLT:

    diferenas de comisses, gratificaes, prmios (parcelas que visam au-mentar o conjunto remuneratrio do reclamante);reconhecimento da natureza salarial de dirias de viagem e ajudas decusto (CLT, art. 457 c/c art. 9.);reconhecimento de natureza salarial de parcela fornecida in natura (CLT,art. 458).

    Integrao de salrio pago por fora.

    Parcelas salariais ligadas a outros dispositivos legais ou convencionais:

    adicional de insalubridade (CLT, art. 192);

    adicional de periculosidade (CLT, art. 193);

    adicional de transferncia (CLT, art. 469).

    Aduzir fatos relacionados jornada de trabalho do reclamante

    Horas extras:

    considerar o limite estipulado na lei (em regra, art. 7., XIII, da CF; e art. 58da CLT), mas observar se no h um limite mais benfico para a categoria

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    profissional do reclamante (por exemplo, para os bancrios, a hiptesedo art. 224 da CLT e para o professor a hiptese do art. 318 da CLT);considerar se o limite contratual no mais benfico que aquele descri-to na legislao (aplicao do princpio da condio mais favorvel e dainalterabilidade);considerar se o trabalho realizado em turnos ininterruptos de reveza-mento (CF, art. 7., XIV);considerar se h tempo disposio do empregador (CLT, art. 4.);

    horas in itinere (CLT, art. 58,2.; e TST, Smula 90).Intervalos legais:

    intervalo intrajornada (por exemplo, art. 71 da CLT; e OJ 307 da SDI-1do TST);intervalo intrajornada especial (por exemplo, art. 72 da CLT; e art. 253da CLT);intervalo interjornada (CLT, art. 66; e TST, Smula 110).

    Horas de sobreaviso e prontido:

    horas de sobreaviso (CLT, art. 244, 2.);horas de prontido (CLT, art. 244, 3.);

    Jornada noturna (CLT, art. 73).

    Repouso semanal remunerado (Lei 605/49; e TST, Smula 172).

    Do mingos e feriados laborados (CLT, art. 67; e TST, Smula 146).

    Frias e dcimo terceiro salrioDcimo(s) terceiro(s) salrio(s) no pagos (Lei 4.090/62).

    Frias e gratificao de frias no paga(s) ou no concedida(s) (CLT, art. 13 7).

    Ruptura do contrato de trabalho

    Nulid ade da ruptura contratual em razo de alguma estabilidade provisriano emprego (empregada gestante, empregado acidentado, dirigente sindicalou da CIPA etc.), reintegrao no emprego e, sucessivamente, o pagamentode indenizao equivalente.Reverso de justa causa aplicada ao empregado.

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    Como o reclamante poder deduzir pretenses em face das duas reclamadasdever precisar os limites da pretenso em relao a cada uma delas, sob pena de seconsiderada inepta a pea de ingresso.

    Nesse caso, o reclamante poderia postular a condenao subsidiria da segundareclamada (tomadora de servio). A pretenso seria de condenao subsidiria porquetomador de servios somente ser responsabilizado se o empregador que o devedoprincipal eventualmente no cumprir as determinaes constantes da sentena (TSTSmula 331).

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    No obstante o reclamante ter sido contratado pelo primeiro reclamado (realempregador), prestou servios para o segundo reclamado (tomador de servios)durante todo o pacto laboral.

    Fundamento jurdico

    Assim, deve o segundo reclamado ser condenado subsidiariamente aos pedi-

    dos formulados na presente reclamao trabalhista, considerando-se o disposto noitem IV da Smula 331 do Tribunal Superior do Trabalho,in verbis:

    O inadimplemento das obrigaes trabalhistas, por parte do empregador, implica a res-ponsabilidade subsidiria do tomador de servios quanto quelas obrigaes, desde quehaja participado da relao processual e conste tambm do ttulo executivo judicial.

    Relacionar fatos atinentes natureza da relao jurdica:reconhecimento do vnculo de empregoDe incio, buscamos os fatos que podem albergar a pretenso do reclamante

    Para que seja declarado o vnculo, o empregado deve ter trabalhado na forma descrino artigo 3. da CLT, ou seja: subordinado, no eventual, com recebimento de salri(oneroso) e pessoalmente (pessoalidade e pessoa fsica).

    Por isso, no contedo ftico deve ser alegado que otrabalho foi executado de forma

    subordinada, com habitualidade e pessoalidade e mediante o pagamento de salrios. Isto , lem-brando todos os elementos essenciais para a caracterizao da relao de emprego.

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    Se a questo trouxer mais dados que possibilitem a identificao dos elementosessenciais para a configurao do vnculo de emprego por exemplo, de que o recla-mante obedecia ordens do seu superior hierrquico, que o reclamante tinha metas acumprir, que os salrios do reclamante eram pagos independentemente dos resultadosdo seu trabalho , esses dados tambm devem ser apontados na pea de ingresso.

    Feita a narrativa ftica, deve-se encontrar um fundamento jurdico. Nesse caso,o fundamento jurdico o artigo 3. da CLT.

    Contudo, no basta que o reclamante postule o reconhecimento do vnculo deemprego (pedido de natureza declaratria). Deve tambm postular a anotao deste naCarteira de Trabalho (pedido de natureza condenatria obrigao de fazer). O funda-

    mento para a anotao na CTPS est no artigo 39 da CLT. Assim, exemplificamos:

    A questo indica que o reclamante foi contratado pela reclamada (empresado ramo da construo civil) para prestar servios de pedreiro. Indica que eletrabalhou por um longo perodo (por exemplo, de 1./03/2004 a 18/02/2005),de forma pessoal e subordinada, sem que lhe fosse anotada a CTPS.

    Essas informaes possibilitam que o candidato pretenda ver declarado o vnculode emprego com a reclamada, pois encontram-se presentes os elementos configuradoresdo vnculo de emprego.

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    Em que pese o reclamante ter laborado para a reclamada no perodo de 1. de

    maro de 2004 a 18 de fevereiro de 2005, de forma pessoal e habitual, sob a subor-dinao desta e mediante pagamento pecunirio (salrio), no teve o seu contratode trabalho anotado em Carteira de Trabalho.

    Fundamento jurdico

    Em face do exposto e com fundamento nos artigos 3. e 39 da CLT, deve serreconhecido o vnculo de emprego entre as partes, no perodo de (data de admisso)a (data da dispensa), com a respectiva anotao da CTPS, na funo de (funo doreclamante).

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    Relacionar fatos ligados ao salrio do reclamantePara que sejam devidas diferenas de parcelas salariais, faz-se necessrio que

    reclamante esteja recebendo menos do que lhe devido. Isto , ele pode trabalhar emidentidade de funo com outro empregado e ganhar menos do que este (equiparasalarial), pode estar substituindo determinado empregado por motivo de frias ou licena e no receber o salrio da funo do substitudo (salrio-substituio) e pode estatrabalhando em funo mais complexa e diversa daquela para a qual foi contratad(desvio de funo). Existe grande nmero de possibilidades, mas cada uma tem o sefundamento jurdico.

    De acordo com o contedo ftico delineado na petio inicial, pode-se investigaqual fundamento jurdico ser adotado, lembrando que este o raciocnio esperadpelos examinadores.

    Assim, exemplificamos com o instituto da equiparao salarial: A questo indica que o reclamante trabalha na mesma funo que outro empregado da reclamada, mas que este empregado recebe salrio maior do que o reclamante, e que a diferena existente de 30% a mais que o salrio do reclamante

    Referidas informaes possibilitam que o candidato confeccione a pretenso ddiferenas salariais oriundas de equiparao salarial, pois o reclamante trabalha paramesmo empregador, na mesma localidade, na mesma funo (identidade de funo) recebe salrio menor (diferena de 30%). Esse seria o conjunto de fatos que embasa pretenso obreira.

    No caso em questo, o fundamento jurdico do direito do reclamante seria aequiparao salarial, cujo instituto est delineado no artigo 461 da CLT.

    A pretenso do reclamante ainda deve ser certa e determinada, a fim de possibilitar o direito de ampla defesa e contraditrio da parte contrria. Assim, o reclamantdever precisar os limites da sua pretenso: indicar o nome do empregado paradigmaestabelecer um parmetro de diferena entre o seu salrio e o do paradigma (essa diferena pode ser apontada em valores ou em percentuais).

    Todo e qualquer pedido que envolva parcelas de natureza salarial (como no exemplo, diferenas por equiparao salarial) vai resultar num acrscimo remunerao doreclamante, que dever refletir em outras verbas (como por exemplo, dcimo terceirsalrio, horas extras, FGTS etc.). Por isso, deve-se pretender no somente o pagamento das diferenas salariais, mas tambm a suaincorporao remunerao do trabalhador,gerando reflexos em frias e gratificao constitucional, dcimo terceiro salrio, aviprvio e Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS) acrescido da multa de 40%

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    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

    Exemplificamos:

    Fato

    O reclamante, desde ( precisar uma determinada data), passou a exercer as mes-mas funes ( precisar a funo) que a empregada Fulana de Tal (indicar o nome da paradigma).

    No obstante a igualdade de funes entre reclamante e paradigma, esta rece-bia salrio 30% (trinta por cento) superior ao do reclamante.

    Fundamento jurdico

    Assim, com base no artigo 461 da Consolidao das Leis do Trabalho, devidoao reclamante o pagamento de diferenas salariais decorrentes da equiparao sala-rial, a partir de (data acima mencionada), no importe de 30% do salrio do reclamante,bem como a integrao dessas diferenas remunerao do obreiro at o final docontrato de trabalho, gerando reflexos em frias, gratificao de frias, 13. salrio,aviso prvio, FGTS acrescido de multa de 40%.

    Relacionar fatos ligadosaos artigos 457 e 458 da CLTPara que sejam devidas diferenas salariais das parcelas noticiadas nos artigos

    457 e 458 da CLT, deve haver supresso de determinada verba (o que ensejaria a violaoao artigo 468 da CLT e o pedido de pagamento da verba suprimida) ou o pagamento daverba sob outra natureza jurdica (como, por exemplo, realizar o pagamento de diriasde viagem na forma de verba indenizatria, sem existir qualquer relao da destinaodo valor com gastos de viagem, sendo o verdadeiro fundamento do pagamento das di-rias uma forma de mascarar o verdadeiro complemento salarial).

    De acordo com a narrativa ftica da questo que se poder investigar qual fun-damento jurdico dever ser adotado.

    Assim, exemplificamos com o reconhecimento da natureza jurdica de ajuda decusto:

    A questo indica que o reclamante recebe, mensalmente, um determinado va-lor, por exemplo R$200,00 (duzentos reais), a ttulo de ajuda de custo. Con-

    tudo, a reclamada nunca solicitou ao empregado qualquer prestao de contasdo valor gasto, nem o reclamante tinha qualquer despesa para a realizao dosseus servios.

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    Essas informaes possibilitam que o candidato identifique que o pagamentoda denominada ajuda de custo nada mais era do que o pagamento de salrio propriamente dito, pois a parcela era paga sem qualquer relao com alguma despesa para realizao do trabalho do empregado.

    Assim, no presente exemplo, o reclamante pode postular o reconhecimento danatureza salarial da parcela (pretenso de cunho declaratrio) e a integrao desse valoao seu conjunto remuneratrio, gerando diferenas nas demais verbas (frias e gratifcao constitucional, dcimo terceiro salrio, aviso prvio e FGTS acrescidos de mude 40%). Os fundamentos jurdicos para a pretenso do reclamante seriam o artigo 9. 457 da CLT. Aquele para justificar que a atitude do empregador era mascarar a verdadra natureza salarial da parcela de ajuda de custo, e este para identificar que o pagamentem conotao contraprestativa (ou seja, dado em troca da prestao de servios e dforma habitual).

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    O reclamante recebia mensalmente, de forma habitual, o valor de R$200,00

    (duzentos reais) sob o rtulo de ajuda de custo.Contudo, diferentemente do que dispe o artigo 457, pargrafo 2., da CLT,

    a parcela denominada ajuda de custo tinha carter salarial. Seu pagamento foirealizado com habitualidade em funo do servio prestado, sendo que o reclamantenunca teve que desembolsar qualquer valor para a realizao do seu trabalho.

    Desse modo, tem-se que o pagamento sob a denominao de ajuda de custoapenas tinha o condo de mascarar a real natureza salarial da verba, servindo paraa reclamada de meio para burlar o pagamento de encargos sociais e direitos do tra-balhador.

    Fundamento jurdico

    Diante do exposto, deve ser reconhecida a natureza salarial da ajuda de custo(CLT, arts. 9. e 457) e, por conseguinte, ser determinada a sua integrao ao con- junto remuneratrio do reclamante, no valor de R$200,00 (duzentos reais) por ms,

    para todos os efeitos legais, notadamente gerando reflexos em frias, gratificao defrias, dcimo terceiro salrio, aviso prvio e FGTS + multa de 40%.

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    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

    Parcelas relacionadas a outros dispositivos legais A questo dever apontar os elementos essenciais para o pagamento de outras

    parcelas salariais, como trabalho em condies insalubres (por exemplo, contato com

    agentes biolgicos), trabalho em condies perigosas (por exemplo, contato permanentecom inflamveis em risco acentuado) e transferncia do empregado (por exemplo, tra-balho em local diverso daquele contratado, em carter temporrio e com mudana dodomiclio do empregado).

    De acordo com a narrativa ftica que se poder investigar qual fundamento jurdico dever ser adotado.

    Assim, exemplificamos com o adicional de periculosidade:

    A questo indica que o reclamante trabalhava como frentista em posto de ga-

    solina e no recebia o pagamento de qualquer plussalarial pelo trabalho emcondies mais gravosas.

    Essas informaes possibilitam que o candidato identifique que o reclamantetrabalhava com um elemento perigoso inflamvel , em contato permanente pois tra-balhava no abastecimento dos veculos e com risco acentuado em razo da grande quanti-dade de inflamveis que existe armazenada em um posto de gasolina (ambiente de trab necessrio, portanto, descrever quais as condies de trabalho e, principalmente, noesquecer de indicar qual o elemento perigoso.

    Assim, no presente caso, o reclamante pode postular o pagamento do adicionalde periculosidade, que tem somente um percentual (30%), diferentemente do adicionalde insalubridade (40%, 20% e 10%) e base de clculo definida por lei.

    Como se trata de parcela salarial, que ir aumentar os ganhos mensais do re-clamante, no se deve apenas pretender o seu pagamento, mas tambm aintegrao doadicional ao conjunto remuneratrio do reclamante, gerandoreflexosnas demais ver-bas (frias e gratificao constitucional, dcimo terceiro salrio, aviso prvio e FGTS

    acrescidos de multa de 40%).Os fundamentos jurdicos para a pretenso do reclamante seriam o artigo 193 da

    CLT e a Smula 39 do TST.

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    O reclamante, em razo do exerccio da funo de frentista, esteve durante

    todo o pacto laboral submetido permanentemente a agente perigoso (inflamvel).

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    Contudo, mesmo laborando em risco acentuado, nunca recebeu qualquer pa-gamento a ttulo de adicional de periculosidade.

    Fundamento jurdico

    Desse modo, com fulcro no artigo 193 da CLT e na Smula 39 do TST, devido ao reclamante o pagamento do adicional de periculosidade, no importe de30% sobre o seu salrio, at o final do contrato de trabalho, bem como a integraodeste ao seu conjunto remuneratrio, para todos os efeitos legais, notadamente ge-rando reflexos em frias, gratificao de frias, dcimo terceiro salrio, aviso prvioe FGTS acrescidos de multa de 40%.

    Relacionados jornada de trabalhoDa jornada de trabalho do reclamante podem nascer vrias pretenses.

    Em face da caracterstica especial da jornada de trabalho e levando-se em considerao o tempo que o candidato tem para confeccionar a pea processual, reputa-sno ser necessrio repetir o horrio de trabalho do emprego em cada um dos itens relativos jornada. Pode-se, desse modo, noticiar em uma nica oportunidade o horrio dtrabalho do reclamante e abrir subitens para tratar especificadamente de cada preten

    so, com seu respectivo fundamento jurdico. Assim, exemplificamos:

    A questo indica a jornada de trabalho do reclamante, aduzindo os dias dasemana e os horrios de entrada, sada e intervalos e que a reclamada norealizou o pagamento das horas extras devidas. Por exemplo, aduz que o empregado trabalhava de segunda a sexta-feira, das 8 s 12h e das 12h30 s 18hmais dois sbados por ms, das 8 s 13h.

    Referidas informaes possibilitam que o candidato identifique que o reclamante trabalhava com excesso de jornada, o que configura o direito ao pagamento de horaextras assim consideradas aquelas alm da oitava hora diria (de segunda a sexta) e d44. hora semanal (considerando-se a jornada do sbado).

    Tambm possvel identificar que o reclamante no usufruia integralmente ointervalo mnimo intrajornada, seja nos dias de semana (quando a jornada era superioa seis horas, devendo descansar uma hora), seja nos sbados (quando a jornada era superior a quatro horas, devendo descansar 15 minutos).

    No h no problema qualquer dado que indique violao ao intervalo interjornada (11 horas), a trabalho em turnos de revezamento (CF, art. 7., XIV), a labor em

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    horrio noturno (CLT, art. 73) ou a violao dos dias destinados a repouso (TST, S-mula 146).

    Assim, no caso em questo, o reclamante pode postular o pagamento de horas

    extras, assim consideradas as excedentes da oitava diria e da 44. semanal, com adicio-nal de 50%, com fundamento no artigo 58 da CLT e artigo 7., XIII e XVI, da CF.

    Tambm poder postular o pagamento do tempo suprimido do intervalo mni-mo intrajornada pelo empregador, acrescido do adicional de 50%, com fundamento noartigo 71,capute pargrafos 1. e 4., da CLT e Orientao Jurisprudencial (OJ) 307 daSDI-1 do TST. Observe-se que so duas pretenses distintas: horas extras e intervalointrajornada.

    Havendo condenao do reclamado ao pagamento de parcelas decorrentes da jornada de trabalho, outras pretenses acessrias surgiro. Isso porque se o reclaman-te ter direito a aumentar a sua remunerao, tambm devero ser majoradas outrasparcelas que tenham por base a remunerao do trabalhador.

    Desse modo, toda vez que houver pedido de pagamento de parcelas salariais emque o fato gerador a jornada de trabalho do reclamante, tambm dever ser postuladoo pagamento do reflexo desses valores (horas extras, intervalos, adicional noturno etc.)em repouso semanal remunerado (TST, Smula 172 e Lei 605/49), excetuando-se apenasos domingos e feriados, pois eles tm a mesma natureza dos dias de repouso.

    Esses valores (horas extras + intervalo intrajornada + repouso semanal remu-nerado) tambm iro refletir nas demais parcelas do contrato de trabalho. Por isso,no basta apenas postular o pagamento das horas extras, do intervalo intrajornada e dorespectivo repouso semanal remunerado: deve-se tambm postular a integrao dessesvalores ao conjunto remuneratrio do reclamante, gerandoreflexos nas demais verbas(frias e gratificao constitucional, dcimo terceiro salrio, aviso prvio e FGTS acres

    cidos de multa de 40%). Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    A jornada de trabalho do reclamante foi a seguinte:de segunda a sexta-feira, das 8 s 18 horas, com 30 minutos de intervalointrajornada;aos sbados, em mdia dois ao ms, das 8 s 13 horas.

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    Horas extras

    Fato

    Considerando-se o horrio acima declinado, infere-se que o reclamante la-borava alm da oitava hora diria, bem com extrapolava o limite da 44. semanal,sem que o reclamado efetuasse o pagamento do labor extraordinrio.

    Fundamento jurdicoEm face do exposto, com fulcro no artigo 58 da Consolidao das Leis do

    Trabalho, e artigo 7., XIII e XVI, da Constituio Federal, deve o reclamado sercondenado ao pagamento das horas extras, assim consideradas as excedentes daoitava diria e da 44. semanal (de forma no cumulativa), acrescidas do adicional

    de 50%.Intervalo intrajornada

    FatoDe acordo com o horrio acima descrito, o reclamante no usufrua integral-

    mente os intervalos intrajornada mnimos previstos no artigo 71,caput(uma hora)e pargrafo primeiro (15 minutos).

    Fundamento jurdicoCom lastro no pargrafo 4. do supracitado artigo, bem como na Orientao Jurisprudencial 307 da Sesso de Dissdios Individuais 1 do Tribunal Superior do Trabalho, deve o reclamado ser condenado ao pagamento do perodo dos intervalosintrajornada mnimos suprimidos, acrescidos com o adicional de 50%.

    Repouso semanal remunerado As horas extras e os intervalos legais pleiteados devero gerar reflexos no

    clculo do repouso semanal remunerado (domingos e feriados), conforme dispostona Lei 605/49 e Smula 172 do Tribunal Superior do Trabalho.

    O reclamado deve, portanto, ser condenado ao pagamento do repouso sema-nal remunerado sobre as horas extras e intervalos legais postulados.

    Integrao e reflexos As horas extras, intervalos legais e repouso semanal remunerado devem inte-

    grar a remunerao do reclamante para todos os efeitos legais, gerando reflexos nasfrias, gratificao de frias, dcimo terceiro salrio, aviso prvio e FGTS acrescidode multa de 40%.

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    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

    Frias e dcimo terceiro salrioPodem existir parcelas a este ttulo no pagas na questo, ou mesmo frias no

    usufrudas.

    Assim, exemplificamos com a questo de frias no usufrudas: A questo indica que o reclamante, embora tenha recebido o valor atinente sfrias e gratificao de frias, no as usufruiu no perodo concessivo, conside-rando, por exemplo, que o reclamante no gozou as frias dos perodos aquisi-tivos de 2001/2002 e 2002/2003. Nesse ponto, importante precisar bem osperodos que correspondem s parcelas vindicadas.

    Referidas informaes possibilitam que o candidato identifique que o reclaman-te tem frias vencidas no gozadas, o que configura o direito ao pagamento em dobro,conforme determina o artigo 137 da CLT (fundamento jurdico).

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    O reclamante no usufruiu as frias atinentes aos perodos aquisitivos de2001/2002 e 2002/2003, muito embora as tenha recebido, acrescidas da gratifica-o constitucional.

    Fundamento jurdicoDesse modo, com fundamento no artigo 137 da Consolidao das Leis do Tra-

    balho, o reclamante tem direito ao pagamento das frias no gozadas, acrescidas dotero constitucional, de forma dobrada.

    Ruptura contratualNesse estgio, investigam-se as circunstncias que deram fim ao contrato de tra-

    balho, como questes atinentes modalidade de ruptura contratual (dispensa por justacausa, demisso, resciso antecipada do contrato a termo etc.) e as parcelas devidas emrelao a cada forma de terminao do contrato de trabalho.4

    Assim, exemplificamos com a dispensa de um empregado estvel. A questo indica que o reclamante foi dispensado no curso da sua garantiade emprego, adquirida em razo de um acidente de trabalho. A dispensa, porexemplo, teria ocorrido no quinto ms a contar do retorno do empregado aotrabalho.

    4 Sugere-se quanto ao tema a leitura de DALLEGRAVE NETO, Jos Affonso; VIANA, Cludia Salles Vilela. Resciso do Con-trato de Trabalho: doutrina e prtica. So Paulo: LTr, 2001.

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    Esses dados permitem que o candidato identifique que o reclamante, em razodo acidente de trabalho, detm estabilidade provisria no emprego, no perodo de 1meses aps a alta mdica, conforme dispe o artigo 118 da Lei 8.213/91. Assim, a dipensa antes desse prazo seria nula (conforme art. 9. da CLT), pois estaria frustrandoum direito do trabalhador (estabilidade provisria no emprego).

    Assim, no caso em questo, o reclamante deve primeiramente postular a nulidade da dispensa imotivada, visto que esta no poderia ter ocorrido em razo da estabildade provisria do reclamante.

    Aps ter atacado o ato demissional, o reclamante deve pretender o seu retorno aotrabalho, pois esse o bem jurdico tutelado pelo ordenamento jurdico. Assim, deve reclamante postular a sua reintegrao no emprego, com o consequente pagamento do

    salrios, frias e gratificao de frias, dcimo terceiro salrio e FGTS correspondenao perodo de afastamento.Existe a possibilidade, contudo, de no ser vivel a reintegrao do reclamant

    no emprego. Desse modo, deve o reclamante aduzir uma pretenso subsidiria, qunada mais do que um pedido de ordem sucessiva (CPC, art. 289). Desse modo, nsendo possvel a reintegrao do trabalhador no emprego, a pretenso do reclamantdeve ser de uma indenizao substitutiva (CLT, art. 496; e CC, art. 186), correspondenaos salrios, frias e gratificao de frias, dcimo terceiro salrio e FGTS do pero

    de estabilidade. Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    FatoO reclamante, em 1. de julho de 2004, sofreu uma queda no depsito da

    reclamada, fraturando algumas costelas e a perna direita. Em decorrncia desseevento, o reclamado emitiu o comunicado de acidente de trabalho (CAT) e afastouo reclamante dos servios.

    Somente em 5 de setembro de 2004, o reclamante recebeu alta mdica doINSS, ocasio em que retornou s suas atividades laborativas.

    Transcorridos cinco meses da volta do reclamante ao trabalho, o reclamadoresolveu romper o pacto laboral e dispensou o empregado, sem justa causa, no dia10 de fevereiro de 2005.

    Fundamento jurdicoNos termos do artigo 118 da Lei 8.213/91, em face do acidente de trabalho

    havido, tinha o reclamante garantia de emprego de 12 meses a partir da sua altamdica, direito que no foi observado pela reclamada.

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    Portanto, a despedida imotivada do reclamante nula, uma vez que realiza-da com intuito de frustar direitos ao obreiro (CLT, art. 9.).

    Em face da nulidade da dispensa, deve o reclamante ser reintegrado ao tra-balho (aplicao analgica da CLT, art. 496), com o pagamento dos salrios, dcimoterceiro salrio, frias com tero constitucional e FGTS desde a data do seu afasta-mento at a data da sua efetiva reintegrao.

    Sucessivamente pretenso de reintegrao, na eventualidade do juzo enten-der no ser esta aconselhvel e/ou possvel, deve ento o reclamado ser condena-do ao pagamento de uma indenizao equivalente ao perodo da estabilidade (12meses a partir da alta mdica), considerando-se os salrios devidos, os dcimos

    terceiros salrios, frias acrescidas do tero constitucional, bem como o FGTS desseperodo.

    FGTSNormalmente, os pedidos relacionados ao FGTS so acessrios em relao aos

    demais pedidos, como por exemplo, a incidncia do FGTS e da multa de 40% sobre asparcelas salariais postuladas.

    Contudo, tambm poder haver pretenso de pagamento de depsitos fundi-rios, acrescidos da multa fundiria, que no foram recolhidos corretamente pelo em-pregador.

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    No perodo de (datas) o reclamado no procedeu o recolhimento dos depsi-tos fundirios, conforme fazem prova os extratos da Caixa Econmica Federal emanexo.

    Fundamento jurdico

    Com base no artigo 15 e 18, pargrafo 1., da Lei 8.036/90, deve o reclamadoser condenado ao pagamento dos depsitos fundirios no perodo de (indicar o pe-rodo), no importe de 8%, acrescido da multa legal de 40%,5 sobre todas as verbasauferidas durante a perodo acima mencionado.

    5 Muito embora seja comum a adoo do percentual de 11,2% (que nada mais do que a incidncia da multa de 40% sobre os dep-sitos fundirios de 8%), para fins de Exame de Ordem necessrio destacar os percentuais individualmente. Inclusive, deve-seobservar que a multa de 40% nem sempre ser devida, devendo ser paga apenas nas hipteses do artigo 18 da Lei 8.036/90.

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    Pedidos de natureza indenizatriaPara se pretender um pedido de ordem indenizatria, deve-se, primeiramente,

    verificar a existncia de um prejuzo ao reclamante. Existindo esse prejuzo e havend

    nexo de causalidade entre este prejuzo e algum ato patronal, pode-se postular o pagamento de indenizao.

    Os pedidos de natureza indenizatria, na seara trabalhista, normalmente tmfundamento na existncia de um abalo moral, de assdio sexual e/ou assdio moral Tambm as parcelas noticiadas no pargrafo 9. do artigo 28 da Lei 8.212/91 tm natureza indenizatria.

    Assim, exemplificamos com umdano moral.

    A questo indica que o reclamante sofreu humilhaes e foi tratado com rigo

    excessivo pelos seus superiores hierrquicos, motivo pelo qual, no havendomais condies de continuar o pacto laboral, pleiteou a resciso indireta docontrato de trabalho.

    Esses dados permitem que o candidato identifique que o reclamante sofreu abalomoral.

    Assim, no caso em questo, o reclamante deve primeiramente delimitar os eventos danosos que justificam a alegao de dano moral para, depois, apresentar o fundamento jurdico.

    Tambm dever o reclamante quantificar o valor da verba indenizatria pretendida, a fim de possibilitar o direito de ampla defesa e contraditrio ao reclamado, no esquecendo que a pretenso sempre deve ser certa e determinada.

    Assim, podemos consignar o fato e o fundamento jurdico da seguinte forma:

    Fato

    Durante todo o contrato de trabalho o reclamante foi insultado e maltratadopelos seus superiores hierrquicos, sendo que essas humilhaes e ridicularizaeseram feitas na frente de outros empregados e, inclusive, de terceiros.

    Os superiores hierrquicos falavam com o reclamante aos berros, agregandoofensas e xingamentos, como, por exemplo, Voc burro! Vou ter que falar nova-mente ou voc j entendeu o que estou dizendo?

    Os fatos acima narrados demonstram o prejuzo moral sofrido pelo recla-mante. No se deve negar o abalo sua autoestima, causado pelos desnecessrios eimoderados constrangimentos provocados pelos seus superiores hierrquicos.

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    Fundamento jurdico Assim, com fulcro no artigo 5., X, da Constituio Federal de 1988 e artigos

    187 e 953 do Cdigo Civil, deve ser a reclamada condenada ao pagamento de umaindenizao pelo dano moral impingido ao reclamante.

    Entende o reclamante que um valor justo para a compensao de sua dormoral o equivalente a um salrio por ano, considerando-se todo o vnculo empre-gatcio, acrescida de juros e correo monetria.

    Sucessivamente, no entendendo o juzo pela possibilidade de deferimento dovalor acima almejado, requer ento o pagamento de indenizao em outro valor aser arbitrado pelo juzo.

    Honorrios advocatciosOs honorrios advocatcios na Justia do Trabalho, consoante entendimento ju-

    risprudencial (TST, Smulas 219 e 329), somente so devidos quando o empregadoestiver assistido pelo sindicado ou alegar estado de miserabilidade jurdica.

    Desse modo, se no houver qualquer indicao na questo de que o empregadoest sendo assistido pelo sindicato, a fundamentao jurdica no poder ser com base

    nas smulas acima noticiadas, mas na processual comum (CPC, art. 20).Essas seriam, portanto, apenas algumas formas de delinear a causa de pedir.

    Terceiro passo: especificao dos pedidosComo se observou dos requisitos da petio inicial, no poder haver reclamao

    trabalhista sem pedido. Portanto, para todos os fatos e fundamentos jurdicos aduzidosna pea de ingresso deve haver o correspondente pedido.

    Exemplificamos:

    Isto posto, postula-se:

    a) pagamento das horas extras excedentes da oitava diria e da 44. semanal,no cumulveis, com adicional de 50%, conforme exposto no item fazerreferncia ao item da causa de pedir;

    b) pagamento das horas suprimidas do intervalo mnimo intrajornada, acres-

    cido do adicional de 50%, conforme exposto no item fazer referncia aoitem da causa de pedir;

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    c) pagamento do repouso semanal remunerado sobre as horas extras e inter-valo intrajornada, conforme exposto no item fazer referncia ao item dacausa de pedir;

    d) diferena de frias, gratificao de frias, dcimo terceiro salrio e avisoprvio em face dos reflexos e incorporaes dos itens a a c.

    Observaes finaisConsiderando que o presente mdulo apresentou modelos de parte da petio

    inicial, apontamos a seguir os itens que ainda no foram objeto de exemplificao.

    Endereamento e qualificao das partes

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHDE (cidade)

    NOME DO RECLAMANTE (nacionalidade), (estado civil), (profisso), porta-dor da cdula de identidade [...], CPF [...] ou CTPS [...],6residente e domiciliado em(Cidade e Estado), rua (nome, nmero), (CEP), por seu advogado adiante assinado(instrumento de mandato ou procurao em anexo), estabelecidos profissio-nalmente no endereo (nome da rua, nmero, bairro e CEP), vem presena desse Juzo, ajuizar a presente

    RECLAMAO TRABALHISTA

    em face de

    NOME DO EMPREGADOR (pessoa jurdica de direito privado/pessoa fsica/

    fundao pblica ou privada), inscrita no CNPJ [...], com endereo em (cidade, es-tado), (nome da rua, nmero, bairro, CEP), pelas razes que se seguem:

    6 Havendo na questo algum nmero de documento relativo ao reclamante, este dever ser colocado na pea de ingresso. Nohavendo nenhuma indicao a documentos na questo, no necessrio inventar o nmero de documento, por no ser uma exi-gncia legal e para no recair na identificao da prova. Saliente-se, outrossim, que na prtica existe determinao do TST paraque a parte autora indique o nmero do RG, CPF, CTPS e PIS na pea inicial.

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    Requerimento

    REQUERIMENTO FINAL

    Notificao da reclamada para, querendo, responder a presente reclamatriatrabalhista.

    Produo de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o de-poimento pessoal do representante legal da reclamada, oitiva de testemunhas, provapericial e juntada de novos documentos.

    Condenao da reclamada em todos os pedidos supra, acrescidos de juros ecorreo monetria.

    Liquidao da sentena mediante simples clculo.

    Atribui-se causa, para fins de alada e fixao do rito ordinrio, o valor deR$21.000,00 (vinte e um mil reais).7

    Termos em que, pede deferimento.

    (local), (data dia, ms e ano)

    Assinatura do Advogado.

    Nome do Advogado

    OAB - (subseo) n.______________

    Consideraes sobre a reclamaotrabalhista do rito sumarssimo

    Com a Lei 9.957/2000, que deu redao aos artigos 852-A a 852-I da CLT, deu-seo surgimento do procedimento sumarssimo,8 o qual apresenta algumas peculiaridadesem relao ao procedimento ordinrio.

    8 Para as demais caracterstica do rito sumarssimo audincia, nmero de testemunhas, recurso ordinrio e de revista, audi-ncia e sentena foram objeto de estudo na primeira fase do curso. Se houver interesse em aprofundar-se ainda mais sobre otema, sugere-se a leitura de TEIXEIRA FILHO, Manoel Antnio. OProcedimento Sumarssimo no Processo do Trabalho.So Paulo: LTr, 2000.

    7 O valor dado causa, para fins de fixao do rito ordinrio, leva em considerao que o atual salrio mnimo de R$510,00, eque o valor atribudo causa deve ser superior a 40 vezes o valor do salrio mnimo.

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    O interesse primordial, neste momento, no uma investigao exaustiva acercado procedimento sumarssimo, mas sim compreender quais as modificaes necessriapara a confeco de uma reclamao trabalhista na forma do rito sumarssimo.

    Nesta anlise, deve-se, primeiramente, verificar se a questo no apresenta ne-nhuma das restries adoo do procedimento sumarssimo, conforme abaixo.

    Aplicao apenas aos dissdios individuais considerando que a reclamatrabalhista um dissdio individual, no h bice adoo do rito sumarssi-mo. Tambm poder ser objeto de rito sumarssimo o inqurito para apuraoda falta grave, respeitado o disposto nos artigos 821 e 853 da CLT.

    No tem cabimento quando uma das partes Administrao Pblica direta, autrquica ou fundacional assim, se houver envolvimento de qualquer rgoda Administrao Pblica num dos polos da demanda, a reclamao trabalhista dever ser confeccionada sob a regulamentao do rito ordinrio. No secompreendem nesta excluso, contudo, as empresas pblicas que exploramatividade econmica e as sociedades de economia mista.

    O valor da causa, na data do ajuizamento, no pode ser superior a 40 salrios

    mnimos desse modo, irrelevante a natureza dos pedidos formulados natureza condenatria, constitutiva, declaratria etc. , sendo importante somen-te que estes, somados, no ultrapassem o limite de 40 salrios mnimos.

    Os pedidos devem ser certos e determinados e indicar o correspondente va-lor no procedimento ordinrio, apenas em casos excepcionais, admitido opedido de forma genrica (CPC, art. 286). Contudo, para a tramitao pelo ritosumarssimo, de forma alguma o pedido poder ser genrico, devendo semprser certo e determinado. Alm disso, todo pedido formulado na petio iniciado rito sumarssimo deve ter um valor correspondente, ou seja, deve vir acompanhado de uma expresso monetria.

    Por exemplo, postula-se o pagamento de horas extras, assim consideradas asexcedentes da oitava diria e 44. semanal, de forma no cumulativa, com adicional de 50% , no importe total de R$2.000,00 (dois mil reais).

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    O no cumprimento deste requisito enseja o arquivamento da reclamaotrabalhista (por inpcia) e a condenao do reclamante ao pagamento de cus-tas processuais.

    No poder ser feita a citao por edital, devendo o reclamante indicar corre-

    tamente o endereo do reclamado desse modo, se o reclamado se encontraem local ignorado ou incerto, a reclamao trabalhista no estar sujeita aoprocedimento sumarssimo, por expressa vedao legal de se utilizar a citaopor edital.

    Ainda cumpre registrar que a adoo do procedimento sumarssimo obrigat-ria. Assim, se as caractersticas da questo demonstram ser cabvel a tramitao pelorito sumarssimo, sua utilizao no ficar disposio das partes, mas dever ser ado-

    tada pelo candidato.

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    Endereamento ao juzo competentePara o endereamento da petio inicial era necessrio saber para qual Vara do

    Trabalho a pea deveria ser encaminhada, de acordo com a competncia territorial.

    Sendo eleita a contestao como pea a confeccionar, a questo ir apresentar emseu bojo nmero da Vara do Trabalho (somente naquelas localidades onde exista maisde uma Vara do Trabalho) e o local do ajuizamento da reclamao trabalhista.

    Desse modo, ao contrrio da reclamao trabalhista, o endereamento ao Juzocompetente no dever conter qualquer espao em branco ou preenchido com pontilha-dos. Todas as informaes que no existiam quando do ajuizamento da demanda agorase fazem presentes.

    Assim, tomamos como exemplo uma reclamao trabalhista ajuizada na Vara do Trabalho de Campinas, So Paulo, e distribuda1 5. Vara do Trabalho, temos:

    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da 5. Vara do Trabalho deCampinas.

    Qualificao das partes

    Reclamado A primeira pessoa a ser qualificada o reclamado, considerando-se que ele o

    peticionrio da contestao.

    A qualificao do reclamado dever observar os mesmos requisitos da petioinicial, descritos no artigo 282, II, do CPC. Vale dizer, sendo pessoa natural, consignaro nome, prenome, estado civil, profisso e domiclio. Sendo reclamada uma pessoa jur-dica, esta dever encabear a qualificao.

    Se o reclamado for algum ente despersonalizado a exemplo da massa falida edo esplio ou que deve ser representado em juzo a exemplo de algumas situaes doartigo 12 do CPC o representante processual tambm dever ser qualificado.

    Na eventualidade da questo objeto do Exame de Ordem no fornecer todos osdados para a completa qualificao da parte, ainda assim esta dever ser preenchida daforma mais completa possvel na pea de defesa, utilizando-se, como se fez com a peti-o inicial, espaos preenchidos com pontilhados.

    1 De acordo com os artigos 783 e 838 da CLT, nas localidades onde haja mais de uma Vara do Trabalho ou mais de um Juiz deDireito, ser feita a distribuio das aes ajuizadas.

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    Isso feito, podemos ter:

    FZKK, pessoa jurdica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n. ( _____ ),estabelecida na Rua ( _____ ) , n. ( _____ ), CEP ( _____ ), (cidade), (estado), doravan-te denominada reclamada, vem presena desse Juzo, _____

    Massa Falida de Alimentos Alice Ltda., pessoa jurdica de direito privado, esta-belecida em (cidade), (estado), na Rua ( _____ ) , n. ( _____ ) , CEP ( _____ ) , repre-sentada por seu sndico, Fulano de Tal, brasileiro, solteiro, advogadoinscrito na OAB- (subseo) n. ( ____ ), residente e domiciliado na Rua ( _____ ) , n. ( _____ ) , CEP( _____ ), (cidade), (estado), vem presena desse Juzo [ ... ]

    ProcuradorConsiderando-se que a pea processual confeccionada por advogado, devid

    mente constitudo, faz-se necessrio consignar a existncia do procurador legal da partmedida que tambm se adotou em relao ao reclamante.

    Essa informao poder ser aduzida da seguinte forma:

    [...] vem presena desse Juzo, por seu advogado infra-assinado e devida-mente constitudo (procurao em anexo ou instrumento de mandato em anexo),inscrito na OAB - (subseo) sob o n. ( _____ ), com endereo profissional Rua( _____ ), n. ( _____ ) ,(cidade/UF).

    Lembramos que algumas subsees da Ordem dos Advogados do Brasil (OABexigem ainda que o candidato mencione o endereo do advogado, fazendo valer o dposto no artigo 39 do CPC. Para tanto, constar na prova prtica o endereo do advogado, devendo-se, desse modo, consign-lo ao citar o procurador da parte.

    ReclamantePara a contestao, diversamente da petio inicial, no necessrio apontar

    a qualificao completa do reclamante. A necessidade, na reclamao trabalhista, dconsignar o maior nmero de informaes possveis em relao parte adversa, tinhacondo de possibilitar a correta individualizao da parte e a sua notificao.

    Em face disso, basta que seja mencionado o nome do reclamante, sem o acrscimo de qualquer outro dado.

    Exemplificando:

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    Excelentssimo Senhor Doutor Juiz da 5. Vara do Trabalho de Campinas.

    Autos n. 1.234/2005

    FZKK, pessoa jurdica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n. ( _____ ),estabelecida na Rua dos Anzis, n. 44, Centro, CEP 13.000-000, Campinas, So Paulo,doravante denominado reclamada, vem presena desse Juzo, por seu advogadoinfra-assinado e devidamente constitudo (procurao em anexo), inscrito na OAB--SP sob o n.100.000, com endereo profissional Rua _________ , n. _____ ,Campinas-SP, apresentar CONTESTAO s alegaes formuladas por Fulano de Tal na reclamao trabalhista em epgrafe, o que faz pelos seguintes fundamentosde fato e de direito que a seguir expe: [...]

    Preliminares Antes de investigar o mrito da reclamao trabalhista, algumas questes de

    ordem processual devem ser analisadas, sobretudo porque podem prejudicar o conhe-cimento do mrito da causa. Essas defesas prejudiciais so denominadas preliminaresou objees.

    O CPC as descreve no seu artigo 301,in verbis: Art. 301. Compete-lhe, porm, antes de discutir o mrito, alegar:I - inexistncia ou nulidade da citao;II - incompetncia absoluta;III - inpcia da petio inicial;IV - perempo;V - litispendncia;VI - coisa julgada;VII - conexo;

    VIII - incapacidade da parte, defeito de representao ou falta de autorizao;IX - conveno de arbitragem;X - carncia de ao;XI - falta de cauo ou de outra prestao, que a lei exige como preliminar.

    Todas as ocorrncias noticiadas no artigo 301 do CPC devem ser objeto de an-lise quando do Exame de Ordem. Isto , antes de iniciar a refutao ao mrito daspretenses do reclamante, devero ser arguidos os vcios processuais que impedem oregular andamento do processo.

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    Incompetncia absoluta A incompetncia poder ser absoluta (quando no pode ser modificada) ou rela-

    tiva (quando pode ser, dentro de certos limites, modificada). Aquela deve ser aduzida na

    prpria contestao, enquanto esta deve ser feita em apartado (exceo instrumental).So alegveis como incompetncia absoluta: incompetncia material, funcional e

    com relao pessoa. A incompetncia relativa abrange: incompetncia de foro e aqueldeterminada pelo critrio do valor.

    Desse modo, sendo postulada na seara trabalhista matria que no diz respeito,por exemplo, a relao de trabalho (CF, art. 114), dever o reclamado alegar, em preli-minar, a incompetncia material e requerer a extino do processo, sem resoluo demrito, com fulcro no artigo 267, IV, do CPC, vez que a competncia um dos pressu-postos de constituio e desenvolvimento vlido e regular do processo.

    Inpcia da petio inicialConforme o pargrafo nico do artigo 295 do CPC, considera-se inepta a petio

    inicial quando: Art. 295. [...]I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;II - da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso;III - o pedido for juridicamente impossvel;IV - contiver pedidos incompatveis entre si.

    Verificam-se importantes, ainda, a clareza, a preciso e a conciso da petioinicial, pois se mal redigida, poder conduzir a vcios.

    E, havendo vcios, como a falta de pedido ou de causa de pedir (por exemplo,faz o pedido de pagamento de horas extras e no indica o horrio em que o reclamantetrabalhou) ou da narrao dos fatos no se compreender a pretenso, deve o reclamado

    arguir a inpcia da reclamao trabalhista e requerer a extino do processo, sem reso-luo de mrito, com base no artigo 295, I e seu pargrafo nico, c/c artigo 267, I,ambos do CPC.

    Perempo A perempo , segundo Oliveira Dias (1997, p. 105), a perda do direito de ao

    por ter o autor deixado extinguir-se por trs vezes processos com os mesmos fundamen-tos, por abandono da causa, deixado de praticar os atos que tinha de faz-lo por mais detrinta dias (CPC, art. 267 [

    sic], pargrafo nico)2.

    2 Ao invs do artigo 267, o autor deveria fazer referncia ao artigo 268 do CPC.

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    A ocorrncia da perempo na Justia do Trabalho se d na forma dos artigos 73e 732 da CLT, que assim dispem:

    Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamao verbal, no se apre-

    sentar, no prazo estabelecido no pargrafo nico do art. 786, Vara do Trabalho ou Juzopara faz-la tomar por termo, incorrer na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, dodireito de reclamar perante a Justia do Trabalho. Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrer o reclamante que, por duas vezesseguidas, der causa ao arquivamento de que trata o art. 844.

    Assim, restando configurada tal situao no Exame de Ordem, dever serarguida a preliminar de perempo, requerendo ainda seja extinto o processo sem resoluo de mrito, com fulcro nos artigos 267, V, e 268, pargrafo nico, do CPC.

    Litispendncia e coisa julgada A definio legal de litispendncia e de coisa julgada encontra-se no artigo 30

    pargrafos 1., 2. e 3., do CPC.

    Ocorrendo litispendncia ou coisa julgada, ter o reclamado recebido ao idntica outra anteriormente proposta. No caso de litispendncia, a ao anteriormenteproposta ainda estar em andamento e, no caso de coisa julgada, a ao anteriormentproposta j ter transitado em julgado.

    Observe-se que no necessrio que a reclamao trabalhista seja integralmentidntica. Basta que hajam pedidos idnticos, podendo ser arguida a litispendncia ou coisa julgada em relao a cada um dos pedidos do reclamante.

    De qualquer sorte, ocorrendo uma dessas hipteses na questo objeto do Examede Ordem, dever o candidato levantar a preliminar de litispendncia ou coisa julgadem relao s pretenses idnticas e requerer a extino do feito, sem resoluo dmrito, com base no artigo 267, V, do CPC.

    Conexo e continnciaHaver conexo (CPC, art. 103) quando a reclamao trabalhista tem o mesmo

    objeto (pedido) ou a mesma causa de pedir de outra ao. Haver continncia (CPC, ar104) na apresentao de reclamao trabalhista com as mesmas partes e a mesma causde pedir, mas quando o objeto de uma mais abrangente que o da outra.

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    Nessas situaes, a lei autoriza a prorrogao de competncia, a fim de se evitarprolao de decises diferentes em processos semelhantes. Homenageia-se, nesse caso,o princpio de economia processual.

    Afirma Sergio Pinto Martins (2004, p. 300):Na conexo, existe uma situao alternativa da existncia da mesma causa de pedir ou domesmo pedido, como, por exemplo, da causa de pedir do trabalho em horas extras, pos-tulando-se os reflexos. A continncia quando em uma ao o autor pretende os reflexosda equiparao salarial e na outra a prpria equiparao salarial, pois as partes sero asmesmas, a causa de pedir ser a mesma (decorrente da equiparao salarial) e o segundopedido da segunda ao abrange o da primeira ou o principal em relao quela.

    Contudo, havendo conexo ou continncia, no dever ser requerida a extino

    do processo sem julgamento do mrito. O artigo 105 do CPC enseja outra concluso.Verificando-se a existncia de conexo ou continncia, deve o candidato requerer areunio das reclamaes trabalhistas propostas, para que sejam decididas simultane-amente.

    Incapacidade da parte, defeitode representao ou falta de autorizao

    Como bem assevera Carlos Eduardo Oliveira Dias (1997, p. 107):[...] trata-se de vcio processual relacionado com os pressupostos subjetivos do autor, sig-nificando que algum aspecto da sua capacidade de ser parte, de estar em Juzo ou postu-latria est defeituoso. Nesse caso, o artigo 13 do CPC determina que o juiz, verificandoa pertinncia dessa ocorrncia narrada pelo ru, conceda ao autor um prazo razovel parasan-la, e somente aps isso, no caso de no cumprimento, que pode extinguir o feito(CPC, art. 13, I, e art. 267, IV).

    A capacidade de ser parte na Justia do Trabalho se d aos 18 anos, conforme

    prescreve o artigo 792 da CLT. Os reclamantes menores de 18 anos, por sua vez, devemser representados. O no cumprimento desse requisito enseja o reconhecimento daincapacidade da parte.

    O defeito de representao ocorre quando o reclamante, estando representadoem juzo por advogado, deixa de juntar a procurao. O mesmo poder ocorrer com oreclamado, se no for juntado, por exemplo, o contrato social da pessoa jurdica.

    A falta de autorizao, por exemplo, pode ocorrer quando o preposto no temautorizao para representar o empregador em juzo.

    PRTICA EM DIREITO DO TRABALHO

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    Expostas as situaes de possvel ocorrncia da preliminar em questo, devero candidato analisar se a questo objeto do Exame de Ordem informa algum desseacontecimentos. Caso positivo, dever o candidato requerer a extino do processo, seresoluo de mrito, com base no artigo 267, IV, do CPC.

    Conveno de arbitragem A conveno de arbitragem representa o compromisso firmado pelas partes

    envolvidas no litgio de, antes de ajuizar a ao trabalhista, recorrer a um rbitro.

    A previso arbitragem est disposta apenas no artigo 114, pargrafos 1. e 2.da Constituio Federal (CF), para os dissdios coletivos de natureza econmica, razpela qual no muito utilizada para os dissdios individuais.

    Contudo, mencionando a questo objeto do Exame de Ordem existncia dessecompromisso arbitral e o seu no cumprimento pelo reclamante, dever o reclamadaleg-lo em preliminar, requerendo a extino do feito, sem resoluo de mrito, comfundamento no artigo 267, VII, do CPC.

    Carncia de aoOcorre carncia da ao quando faltar uma das condies da ao: legitimidad

    das partes, interesse de agir e possibilidade jurdica do pedido.

    Normalmente, a alegao de ilegitimidade passiva ocorre quando se discute oreconhecimento do vnculo empregatcio. O reclamado alega no ser empregador dreclamante e aponta outra natureza jurdica para a relao existente, por exemplo, qua prestao de servios se deu em carter de trabalho autnomo ou por meio de representao comercial.

    O interesse de agir pode ser identificado quando a parte no necessita do provi-mento jurisdicional para satisfazer a sua pretenso. Vale dizer, quando inexiste efetivamente litgio.

    A impossibilidade jurdica do pedido, por sua vez, pode ocorrer quando o reclamante deduz pretenso sem qualquer fundamentao jurdica, como, por exemplopedir o pagamento dos feriados laborados de forma triplicada ou pedir o pagamento dfrias em dobro, mesmo que elas no estejam vencidas.

    Existindo qualquer uma dessas situaes na questo, dever o candidato apontar

    especificadamente a preliminar e requerer a extino do feito, sem resoluo de mritcom fulcro no artigo 267, VI, do CPC.

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