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Contratos Fiscais
Seminário Contratualização Administração PúblicaESA/OABGO, 07 de abril de 2011.
Lucas BevilacquaProcurador-chefe do Estado de Goiás nos Tribunais Superiores, Mestrando em Direito Econômico, Financeiro e Tributário pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP) e membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).
Contratos fiscais e isonomia
• Violação ao princípio da igualdade: “nem a atuação do Estado através de normas gerais e impessoais implica o respeito automático das liberdade do cidadão face aos poderes públicos” (NABAIS, p.44)
• Ausência de isonomia entre fisco e contribuinte: “igualdade não é das partes, mas sim da prestação”
Rompendo preconceitos: supostos empecilhos aos Contratos Fiscais
• Rigidez contratual e mutação interesse público: ius variandi da Administração- poder contratual implícito ou expresso conforme as específicas e sempre mutáveis exigências do interesse público (NABAIS, p.46)
Espécies de Contratos Fiscais
• Referentes à determinação do objeto tributável: transação tributária (PL5082/2009 e Lei goiana nº16.675/2009) e arbitragem.
• Referentes à atribuição de incentivos fiscais: Protocolo de intenções e Termos de Acordo de Regimes Especiais (TARE´s).
• Referentes à cobrança de impostos: terceirização da cobrança de impostos e cessão de créditos tributários e não-tributários
Cenário da Arrecadação Tributária
• Sonegação Fiscal- distorções concorrenciais• Passivo tributário federal: R$ 30 bilhões• Execuções Fiscais Federais em curso: 2,5milhões • Tempo médio estimado para satisfação do crédito
tributário pelo fisco: 16 anos • Alta Concentração de grandes valores em pequeno
número de devedores;• Grande número de devedores com baixos valores;• Grandes débitos não inscritos
Transação tributária
• Antecedentes históricos e experiência comparada;• art.156, III, CTN• art.171. “A Lei pode facultar, nas condições que
estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe determinação de litígio e conseqüente extinção do crédito tributário.”
• PL nº5082/2009 e Lei goiana nº16675/2009• II Pacto Republicano do Estado (EC nº45/2004 e Metas
do Judiciário)
CNJ/2010- “Execução fiscal é o principal gargalho Poder Judiciário”
• 17,1 milhões ações ajuizadas• 16 milhões julgadas• A Meta 3 determina a redução
em, pelo menos, 20% do acervo de execuções fiscais. A meta foi cumprida em 37,95%.
• Para cumprimento integral da meta, deveriam ser baixados 23,5 milhões de processos de execução. Na Justiça Federal, a meta foi cumprida em 37,70%.
• Em relação aos TJs a meta foi cumprida em 38%.
(Fonte: www.cnj.jus.br, notícia de 31/3/2011)
Princípios informadores:
• Praticidade tributária (art.37, caput, CF),• Legalidade tributária (art.150, I, CF, c/c art.96 CTN • Razoabilidade/proporcionalidade• Cooperação (preservação atividade econômica)• Moralidade/ ética fiscal (art.37, caput, CF)• Segurança jurídica (art.1º, CF)• Boa-fé • Transparência/publicidade (art.37, caput, CF)
Regime da Transação Tributária
• Pressupostos: lei e litígio (HBM vs. PBC);• Concessões mútuas vs. PL nº 5.082/2009;• Objetivos: terminação de litígio para extinção
do crédito tributário (art.156, III, CTN) vs. Composição de conflito (PL nº5082/2009);
• Resolução de mérito (art.269, III, CPC) com a homologação judicial;
• Força de coisa julgada (art.449 e 467, CPC)
Transação não é “negociação”
• A transação, em qualquer das modalidades, não se presta como meio para “negociar” o tributo devido.
• Trata-se de solução de “litígios”, mediante concessões recíprocas, com eficiência e agilidade.
• A transação tributária somente poderá dispor sobre créditos tributários a receber, não se aplicando a restituições de tributos.
PL nº5082/2009- prós & cons
• Incremento arrecadação;• Justiça fiscal consensual;• Economicidade: eficiência, eficácia e
efetividade na solução de conflitos;• Reforço da segurança jurídica do
ordenamento• Estímulo à atração de investimentos
PL nº5082/2009- prós & cons
• Modalidade de transação administrativa: prévia ao litígio;
• Reduções pecuniárias (multas, juros de mora, etc) em intervalos % - juízos subjetivos;
• Violação à igualdade (art.150, II, CF)• Aspecto de Responsabilidade fiscal (art.11, LRF);• Suspensão pretensão e extinção punibilidade;• “Prêmio ao mau-pagador” via anistias e remissões
discricionárias
Lei goiana nº16.675/2009
• Concessões mútuas amparadas por cláusulas exorbitantes com fim de resolução do litígio judicial;
• Vedação de adesão quando da suficiência da penhora em 75% do crédito tributário (art.9º);
• Vedação de adesão quando o pagamento resultar extinção punibilidade ou suspensão pretensão punitiva;
• Não resultará em negociação do montante de tributos
Constitucionalidade Lei nº16.675/09
MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO TRIBUTÁRIO. TRANSAÇÃO JUDICIAL. INTERESSE PÚBLICO. LEI Nº 16.675/09. CONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 9º, DA REFERIDA LEI. I- O Direito Tributário tem função de regular a atividade financeira do Estado, disciplinando as receitas e as despesas públicas, o crédito tributário e o orçamento público. A atividade financeira do Estado tem por finalidade a busca de meios para satisfazer necessidades públicas. II- A transação tributária é cerceada pelos preceitos constitucionais atinentes à supremacia do interesse público sobre o particular. III- É constitucional o artigo 9º da Lei nº 16.675/09, ante seu caráter de excepcionalidade, congruente com os princípios da isonomia, moralidade e capacidade contributiva. ORDEM DENEGADA. (TJGO, MS nº200994949278, Rel.Desor.Fausto Moreira Diniz, julgado em 22/05/2010, DJ 22/07/2010).
Intervenção econômica do Estado
• Direta: por absorção ou por participação• Indireta: por direção ou por indução; “quando
o agente econômico recebe estímulos e desestímulos que atuam no campo de formação de vontade conduzindo-o a se decidir pelo caminho proposto pelo legislador.” (SCHOUERI, Luís Eduardo. Normas tributárias indutoras e intervenção econômica. RJ: Forense, 2005, p.44)
Isenções condicionadas
• art.176, CTN “ainda quando prevista em contrato”
(SCHOUERI, L.E. Direito Tributário. SP: Saraiva, 2011, 591
• 1ª Fase (formação/pontuação): Protocolo de intenções
• Boa-fé objetiva no Direito Tributário (RUBINSTEIN)
• Termos de Acordo de Regime Especial- TARE´s
• 2ª Fase (Execução): Interpretação cláusulas contratuais
• Controle- legitimidade Ministério Público (RE nº576155)
• 3ª Fase (Extinção): revogação, distrato e resolução.
Princípios informadores
• Legalidade específica• Boa-fé objetiva (dever de colaboração)• Interpretação com toda força de compreensão• Transparência• Igualdade • Economicidade • Estabilidade relações jurídicas• Responsabilidade por intervenção econômica
Isenções condicionadas nos Tribunais Superiores (STF, RE nº 403205)
O Poder Público detém a faculdade de instituir benefícios fiscais, desde que observados determinados requisitos ou condições já definidos no texto constitucional e em legislação complementar. Precedentes do STF. É dever da administração pública perseguir a satisfação da finalidade legal. O pleno cumprimento da norma jurídica constitui o núcleo do ato administrativo. Concessão de benefício fiscal mediante ajuste entre administração pública e administrado. ‘Protocolo individual’. Instrumento de intervenção econômica que impõe direitos e obrigações recíprocas. Dever jurídico da administração pública de atingir, da maneira mais eficaz possível, o interesse público identificado na norma. Princípio da razoabilidade. Hipótese que carece de congruência lógica exigir-se o comprometimento da administração estadual em conceder benefício fiscal presumido, quando a requerente encontra-se inadimplente com suas obrigações tributárias. Violação ao princípio da publicidade não configurada. Negativa de celebração de ‘protocolo individual’. Incontroversa existência de autuações fiscais por prática de infrações à legislação tributária estadual. Interesse preponderante da administração pública."
Terceirização dívida ativa e Cessão de créditos tributários
• Resolução SF nº57/2003 vs. art.37, XXII, EC42/03• Lei BH nº 7.132/1999 (IN nº356/2001, CVM)• Lei Paulista nº13.723/2009 autorizou cessão de
créditos tributários (ICMS, etc.) objeto de parcelamento à SPE, CPP ou FIDC
• Convênio nº104/2002 “verniz de legalidade”• Operação de crédito equiparada (art.37, II, LRF);
vedação art.36, LRF• Impenhorabilidade implica na inalienabilidade.
Considerações finais
• Cultura de Justiça fiscal e segurança jurídica na tributação;
• Desconstrução do dogma da indisponibilidade absoluta do crédito tributário;
• Justiça fiscal consensual;• Normas tributárias indutoras (SCHOUERI);• Incipiência mecanismos de controle;• Tributo como instrumento eficaz de
desenvolvimento.