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M. Silveira, dezembro de 2007 Potencial madeireiro e não madeireiro do município de Rio Branco e entorno: uma primeira aproximação 1. INTRODUÇÃO O Estado do Acre está localizado em uma região bastante peculiar em termos ambientais, uma vez que ainda mantém cerca de 90% da sua cobertura florestal, representada por uma grande variedade de tipologias florestais que abriga uma diversidade alta plantas e de animais (BARBOSA et al. 2003). A região sudoeste do estado revela um padrão de ocupação territorial marcado pela presença de vários Projetos de Assentamento Dirigido do INCRA instalados ao longo da BR 364, pela substituição paulatina da cobertura florestal pelas fazendas e pastagens de grandes e pequenos pecuaristas e, também, pela presença tímida de Unidades de Conservação, e estas, de Uso Direto (ACRE 2000, 2006). Como resultado desse processo, impera no cenário regional, a expansão dos fragmentos florestais e com eles a perda da biodiversidade e dos serviços ambientais a ela associados (FEARNSIDE 1999, SWEENEY et al. 2004), tais como a manutenção do ciclo hídrico regional e a conservação dos solos. Em função desse quadro e da necessidade de conhecermos o potencial dos recursos madeireiros e não madeireiros de Rio Branco e arredores, este relatório apresenta uma primeira aproximação sobre as informações disponíveis, oriundas de fontes secundárias. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Compilação e sistematização de dados secundários Zoneamento Econômico Ambiental Social e Cultural do Município de Rio Branco 1

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M. Silveira, dezembro de 2007

Potencial madeireiro e não madeireiro do município de Rio Branco e

entorno: uma primeira aproximação

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Acre está localizado em uma região bastante peculiar em termos ambientais, uma

vez que ainda mantém cerca de 90% da sua cobertura florestal, representada por uma grande

variedade de tipologias florestais que abriga uma diversidade alta plantas e de animais (BARBOSA et

al. 2003).

A região sudoeste do estado revela um padrão de ocupação territorial marcado pela presença

de vários Projetos de Assentamento Dirigido do INCRA instalados ao longo da BR 364, pela

substituição paulatina da cobertura florestal pelas fazendas e pastagens de grandes e pequenos

pecuaristas e, também, pela presença tímida de Unidades de Conservação, e estas, de Uso Direto

(ACRE 2000, 2006).

Como resultado desse processo, impera no cenário regional, a expansão dos fragmentos

florestais e com eles a perda da biodiversidade e dos serviços ambientais a ela associados

(FEARNSIDE 1999, SWEENEY et al. 2004), tais como a manutenção do ciclo hídrico regional e a

conservação dos solos.

Em função desse quadro e da necessidade de conhecermos o potencial dos recursos

madeireiros e não madeireiros de Rio Branco e arredores, este relatório apresenta uma primeira

aproximação sobre as informações disponíveis, oriundas de fontes secundárias.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Compilação e sistematização de dados secundários

Zoneamento Econômico Ambiental Social e Cultural do Município de Rio Branco

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 A vegetação do município de Rio Branco: remanescentes florestais versus um grande

bloco de floresta contínua

Apesar das mudanças rápidas nos padrões de uso da terra e das pressões ambientais

delas decorrentes, Rio Branco ainda mantém florestada, aproximadamente 45% da sua superfície.

Enquanto no extremo leste do município a fragmentação florestal intensifica-se em decorrência da

pavimentação de rodovias e ramais, do avanço da pecuária e da exploração madeireira, a região

centro-oeste concentra um grande bloco de floresta contínua na bacia do Riozinho do Rola,

incluindo partes da Reserva Extrativista Chico Mendes.

Essa cobertura florestal protege mananciais de água importantes para o abastecimento da

capital, porém, em algumas regiões o desmatamento pode comprometer esse benefício. No

extremo norte do município, por exemplo, a estrada Transacrena, afetou o fluxo de água de

pequenos igarapés que são tributários importantes do Igarapé São Francisco e o desmatamento

vem promovendo gradativamente o assoreamento desses corpos d´água e a sua morte lenta.

Em contraste com a Amazônia Central e Oriental, onde predominam as Florestas

Ombrófilas Densas (FD), a paisagem no sudoeste da Amazônia é caracterizada

predominantemente por uma matriz de Florestas Abertas (FA), onde estão imersas manchas de

FD.

As FD recebem essa denominação em função do dossel comportar muitas árvores

grandes, cujas copas freqüentemente se tocam, e um subosque com poucas árvores finas,

resultando em uma profundidade de visão. No Acre essa fisionomia florestal é denominada de

restinga. Ao contrário destas, as árvores grandes são escassas no dossel das FA e o seu

subosque é caracteristicamente ocupado por bambus, cipós, palmeiras ou sororocas pertencentes

às famílias Heliconiaceae, Strelitziaceae e Marantaceae, cujo adensamento restringe a

profundidade da visão.

A distinção entre as diversas fitosionomias nem sempre é uma tarefa fácil, porém, o

conhecimento básico sobre a dominância relativa das espécies pertencentes às formas de vida

predominantes, em especial nas FA, e o monitoramento da dinâmica dessas florestas

(crescimento, mortalidade e recrutamento), permitem classificar e mapear com melhor precisão, a

extensão das diferentes tipologias.

A imagem de satélite de Rio Branco revela dois grandes padrões de tonalidade, um verde

mais claro e outro mais escuro (Figura 1). A tonalidade verde clara denota a presença de bambu,

cuja densa folhagem reflete o infravermelho médio e próximo (bandas 4 e 5) mais que outras

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espécies existentes na floresta. Quanto maior a intensidade da tonalidade, maior a dominância do

bambu. As manchas de tonalidade verde escura consistem de florestas com palmeiras que

ocorrem predominantemente associadas com a FD e com a própria floresta aberta com bambu.

Figura 1 – Imagem Landsat do município de Rio Branco, com destaque para as duas tonalidades de

verde que se destacam na paisagem: a clara que representa as florestas abertas com bambu e escura

que denota a presença de floresta aberta com palmeiras e floresta densa.

Apesar da presença da floresta densa em alguns locais do município e, mais freqüentemente,

da FA com palmeiras, de uma forma geral pode-se dizer que a FA com bambu predomina na

cobertura florestal de Rio Branco. Essa dominância afeta a estrutura da comunidade florestal

reduzindo a densidade de árvores e a área basal da floresta, diminuindo 30-50% no potencial de

armazenamento de carbono (OLIVEIRA 2000), reduzindo a riqueza de árvores com diâmetro maior

que 10 cm em quase 40%, ou, em até 60% a riqueza de árvores com diâmetro superior a 5 cm,

resultando em um dos menores valores de diversidade alfa para árvores na Amazônia (SILVEIRA

2005, GRISCOM et al. 2007).

O crescimento prodigioso do bambu, mediado pelo hábito sarmento e ramos escandentes,

também danifica plântulas e limita a regeneração das árvores, influenciando a sucessão ecológica

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(GRISCOM 2003, GRISCOM & ASHTON 2003) e, conseqüentemente, a dinâmica florestal. Silveira

(2005) estimou em 3,4% a taxa de mortalidade arbórea anual em uma floresta com bambu em Xapuri

(SILVEIRA 2005), sugerindo que esta é uma das florestas mais dinâmicas da Amazônia.

Aparentemente a taboca favorece o crescimento de espécies características dos estágios iniciais da

sucessão ecológica, cujo ciclo de vida curto também tem implicações diretas sobre a dinâmica florestal

(SILVEIRA 2005).

A FA com palmeiras é caracterizada pela abundância de certas espécies desse grupo de

plantas. Algumas palmeiras ocorrem em terrenos mais elevados, como Attalea spp. (ouricuri, jaci e

cocão), Astrocaryum spp. (tucumã) e Geonoma spp. (ubim), enquanto outras preferem os fundos de

vale e os baixios, como Oenocarpus bataua (patauá), Socratea exorrhiza (paxiubinha), Iriartea

deltoidea (paxiubão), Euterpe precatoria (açaí), Mauritia flexuosa (buriti) e outras ainda, preferem as

vertentes, como Phytelephas macrocarpa (jarina).

Palmeiras como, espécies do gênero Attalea e Astrocaryum que, mesmo na fase juvenil,

possuem folhas muito grandes, com até cinco metros de comprimento, e promovem o sombreamento

do solo e a diminuição na densidade da regeneração do componente arbóreo, realmente determinam

o caráter “aberto” do dossel dessas florestas. Em outros casos a densidade alta de espécies como

Iriartea deltoidea não imprime o mesmo efeito sobre a vegetação como um todo, em função da sua

ocorrência preferencial no fundo dos vales. Da mesma forma, mesmo sendo abundante em alguns

tipos de vegetação, Euterpe precatoria, ocupa o sub-bosque.

Em áreas de solo mal drenado, especialmente nos terraços baixos, essa tipologia é marcada

pela presença do “brocotozal”, “babocal” ou “pula-pula”, que se constitui em um ambiente bastante

comum, caracterizado pela presença de muitas linhas de drenagem que permanecem encharcadas,

mesmo durante o período mais seco do ano. Essas áreas são dominadas por plantas adaptadas a

solos mal drenados, como os marajás, palmeiras pequenas do gênero Attalea, que também ocorre nas

várzeas.

3.2 Universo amostral: os dados secundários e suas limitações

3.2.1 Fidelidade na identificação da identidade das árvores

Uma das limitações graves do manejo florestal é a falta de padronização da determinação

botânica das espécies exploradas. As instituições que aprovam os planos de manejo e o

licenciamento acabam por concedê-los com base em uma lista de nomes populares associados

aos nomes científicos sem que as espécies tenham sido identificadas por especialistas, ou pelo

menos confrontadas com as amostras botânicas existentes em uma coleção científica.

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A identificação das espécies deve ser realizada com o máximo rigor e exatidão possível,

pois a sua negligência pode comprometer a integridade das populações. Espécies raras, de baixa

densidade, ou com distribuição geográfica restrita, por serem próximas filogeneticamente, podem

estar sendo identificadas erroneamente através no nome popular, como uma espécie comum, e

então, sendo exploradas com a mesma intensidade que as espécies comuns. Quando efetuada

por especialistas taxonômicos, a identificação das espécies é rigorosa e confiável.

Entre as espécies levantadas nos 25 inventários realizados em Rio Branco com vista ao

levantamento do potencial madeireiro, quatro espécies identificadas até o nível específico no

inventário da Fazenda Seara II (Eschweilera odorata, Manilkara huberi, Brosimum uleanum e

Vatairea sericea), por exemplo, não constam no banco de dados da flora do Acre com 26 mil

registros. Essas espécies podem ser novos registros para a flora regional ou representar uma

típica associação de nome popular com nomes científicos, sem o envolvimento da coleta botânica.

Além disso, espécies identificadas na lista apenas pelo gênero também são um problema

para a determinação da identidade das espécies. Dentre as espécies comerciais selecionadas

para o manejo, Aspidosperma, Hymenolobium e Tabebuia, são gêneros que podem incluir mais de

uma espécie, respectivamente, de amarelão, angelim e ipê. Para o ipê há pelo menos cinco nomes

específicos associados, para o amarelão, quatro espécies e, no caso do angelim, podem estar

envolvidas, não apenas mais de uma espécie, mas também mais de um gênero.

3.2.2 O potencial madeireiro do município de Rio Branco e entorno

Os dados dos 25 inventários disponibilizados para esta avaliação originam de oito áreas,

três delas localizadas na sua totalidade no município de Rio Branco e quatro delas na sua parte

localizadas no município de Bujari (Figura 1).

A área das UPAs varia entre as propriedades, sendo que, na Fazenda Providência o

tamanho da UPA é duas vezes maior que a da Fazenda Acre Brasil, a segunda maior área (Tabela

1). A proporção da área amostrada em relação a área total das UPAs das propriedades varia de 8-

17%. As UPAs da Fazenda Acre Brasil e da Fazenda Providência representam 50% da área total

das UPAs inventariadas e 50% da área total amostrada.

A área total das UPAs das oito localidades é de 11.262 ha, sendo as das Fazendas

Providência e Acre Brasil, as maiores, representando 40% da área total. Todas as UPAS, exceto

as das Fazendas Seara e Santa Bruna, possuem uma área superior a 1.000 ha.

Os inventários abrangeram uma área total de 1.271 ha o que representa pouco mais de

10% da área total das UPAs. O volume de madeira amostrado nessas oito áreas alcança o

patamar de 17.353 m3, sendo a estimativa de produção média dessas áreas de 9,4 m3/ha, e a essa

taxa, manejo de baixo impacto.

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Figura 1 – Localização das áreas em cujas UPAS foram efetuados os inventários florestais.

Tabela 1 – Propriedades localizadas no município de Rio Branco e arredores, área das UPAs, área

amostrada nos inventários florestais, entre parênteses, o quanto a amostragem representa da área

da UPA, volume total e volume por hectare.

Área SiglaÁrea das UPAs (ha)

Área amostrada (ha)

Volume total (m3)

Volume/ha (m3)

1. Fazenda Seara SEA 552 48 (8,7) 5.305 9,62. Fazenda Acre Brasil ACR 1.800 305 (16,9) 2.222 6,43. Fazenda Santa Bruna SBA 600 71 (11,8) 4.177 12,04. Fazenda Lua Nova LUA 1.572 128 (8,1) 1.187 9,35. Fazenda Nova Guaxupé GUA 1.440 169 (11,7) 1.833 10,86. Fazenda Santo Antônio SAN 1.573 222 (14,1) 149 0,67. Fazenda Providência PRO 3.724 326 (8,8) 2.225 6,98. Seringal São Francisco do Espalha* ESP -- 2 225 19,5

TOTAL 11.261 1.271 (11,3) 17.353* Critério mínimo de inclusão: DAP ≥ 5 cm

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O volume total de madeira nas Fazendas Seara e Santa Bruna representa quase 50% do

volume total estimado para as oito áreas. Apenas a Fazenda Santo Antonio e o Seringal São

Francisco do Espalha apresentam volume inferior a 500 m3.

A variação 0,6-19,5 m3/ha no volume de madeira em Rio Branco e arredores, indica que

nessa região é praticado o manejo de baixíssimo impacto e o manejo de impacto mediano. No

Seringal São Francisco do Espalha o volume por hectare é maior que nas demais áreas pelo fato

do critério mínimo de inclusão utilizado ser inferior 5 cm e não 40 cm como nos demais inventários.

3.2.3 Espécies madeireiras potenciais ou espécies ameaçadas localmente?

A riqueza de espécies arbóreas documentadas nos inventários florestais com base no

conceito do nome popular resultou em 95 espécies (Tabela 2). Do número total de 95 espécies

listadas nos planos de manejo das 17 áreas, 44 ocorrem apenas em uma área, representam

apenas uma pequena proporção do volume total estimado para as áreas e, portanto, foram

desconsideradas nas análises subseqüentes.

Tabela 2 – Espécies arbóreas amostradas em oito propriedades no município de Rio Branco e

respectivas ocorrências nos inventários.

Nome popular Nome científico

Samaúma17 Ceiba pentandra

Mulateiro17 Calicophylum sp.

Maçaranduba17 Manilkara

Jatobá17 Hymenaea

Cumaru-ferro17 Dypterix odorata

Cumaru cetim17 Apuleia molaris

Cerejeira17 Torresea acreana

Catuaba17 Qualea

Bálsamo17 Myroxilon

Aroeira17 Astronium

Angico17

Amarelão17 Aspidosperma sp.

Violeta16

Mogno16 Swietenia macrophylla

Ipê16 Tabebuia sp.

Copaiba16 Copaifera

Angelim16

Manitê15

Guaribeiro15

Cedro15 Cedrela odorata

Caucho15 Castila

Imbirindiba14 Terminalia

Pinho13 Schizolobium

Figueira13 Fícus

Tauari12 Eschweilera

Pereiro11 Aspidosperma

Açacu11 Hura crepitans

Abiu11

Itaúba10

Sucupira9

Guariúba7

Apuí7 Fícus

Louro6

Maparajuba5

Cinzeiro5

Gameleira4 Fícus

Castanharana4

Orelhinha3 Enterolobium

Marupá3 Jacaranda copaia

Corrimboque3

Caxeta3

Azeitona3

Abiurana3 Pouteria

Tauari-vermelho2 Eschweilera

Tamarina2 Dialium guianensis

Seringueira2 Hevea

Sapota2

Jutaí2 Hymenaea

Ingá2 Ingá

Cedro-rosa2 Cedrela odorata

Castanheira2 Bertolhetia excelsa

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Xixuá1 Sterculia

Ucuúba-mirim1 Virola

Torém1 Pourouma

Taxi-de-igapó1 Triplaris

Tatajuba1 Maclura tinctoria

Piranheira1

Pau-alho1 Galesia

Pama1

Mururé1

Muricí1 Byrsonima

Maúba1

Marfim-de-veado1 Agonandra

Marfim1 Rauvolfia

Mamalu Capirona

Louro-rosa1

Limãozinho1 Zantoxillum

Laranjinha1 Casearia

João mole1 Neea

Jitó1 Guarea

Jequitibá1

Jacareúba1

Itaubarana1 Heisteria

Inharé1

Imbirindiba-amarela1 Terminalia

Imbaúba1 Cecropia

Grão de galo1 Tabernaemontana

Gamelinha1

Fava-amarela1

Farinha seca1 Celtis

Espinheiro1 Acácia

Envireira1

Envira-fofa1

Copinho1 Lafoensia

Coaçu1 Cocoloba

Sernambi-de-índio1

Castanhola1

Caripé1

Carapanaúba1 Aspidosperma

Cajá1 Spondias

Burra-leiteira1 Himathanthus

Breu-branco1

Biribá1 Rollinia

Bafo-de-boi1

Bacuri1 Garcinia

As 29 espécies que ocorrem em mais de 10 áreas representam 98% do volume total de

madeira estimada para as 17 áreas, enquanto as 12 espécies que ocorrem nas 17 áreas

(Samaúma, Mulateiro, Maçaranduba, Jatobá, Cumaru-ferro, Cumaru-cetim, Cerejeira, Catuaba,

Bálsamo, Aroeira, Angico e Amarelão) e as cinco que ocorrem em 16 áreas (Violeta, Mogno, Ipê,

Copaíba e Angelim) representam 71% do volume de madeira levantado nos inventários. Dentre

elas, Angico, Cedro, Cumaru-cetim, Cumaru-ferro e Samaúma são espécies que acumulam 46,4%

do volume total, revelando o forte potencial madeireiro dessas essências.

3.2.4 O potencial não madeireiro do município de Rio Branco e entorno

Da lista de trabalhos não publicados e relatórios envolvendo espécies arbóreas não

madeireiras resgatados pelo ZEAS, tem-se um total de sete espécies com potencial de uso

registrado para o município de Rio Branco e entorno (Tabela 3), sendo estes os únicos dados que

apresentam a densidade dessas espécies. A Castanheira apresenta 0,1-3,0 indivíduos/ha, o Açaí

2,0-54 indivíduos/ha, a Copaíba 0,03-2,0 indivíduos/ha, a Jarina 2,0 indivíduos/ha e o Murmurú 1-

23 indivíduos/ha.

O banco de dados da flora do Acre também registra para o município de Rio Branco, 36

espécies que se destacam pelo potencial de uso na alimentação, como árvore espera, como

medicamento e, também, pelo uso na ornamentação (Tabela 4).

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Tabela 3 – Espécies com potencial não-madeireiro, registradas para o município de Rio Branco, a

partir de dados de trabalhos não publicados e relatórios resgatados pelo ZEAS.

Nome popular Espécie/nome Categoria de usoCastanheira Bertollethia excelsa AlimentaçãoAçaí Euterpe precatoria AlimentaçãoAndiroba Carapa guianensis MedicinalCopaíba Copaífera MedicinalJarina Phytelephas macrocarpa ArtesanatoJatobá Hymenaeae courbaril Medicinal/AlimentaçãoMurmuru Astrocaryum murumuru Alimentação

Tabela 4 - Lista de espécies úteis da flora de Rio Branco, conforme os registros do banco de

dados da flora do Acre.

Espécie Categoria de usoAllophylus pilosus MedicinalAttalea phalerata AlimentaçãoBactris major AlimentaçãoBactris maraja AlimentaçãoBauhinia MedicinalBauhinia glabra MedicinalBrosimum lactescens Árvore esperaCasimirella MedicinalChamaesyce capitellata MedicinalGarcinia AlimentaçãoGeonoma juruana AlimentaçãoGuettarda aff. acreana MedicinalHasseltia floribunda MedicinalHura crepitans MedicinalLeonotis nepetifolia MedicinalMascagnia macrodisca MedicinalMomordica charantia MedicinalMoutabea MedicinalOenocarpus mapora AlimentaçãoOrmosia grandiflora MedicinalPouteria AlimentaçãoPsidium guajava MedicinalPsychotria viridis MedicinalRollinia mucosa AlimentaçãoSenna reticulate OrnamentalSpondias mombin var. globosa AlimentaçãoSpondias testudinis AlimentaçãoUrera laciniata MedicinalWulffia baccata Medicinal

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Além desses registros, trabalhos realizados na região de Xapuri (KAINER & DUREYA

1992, MING et al. 1997) documentaram o potencial de uso das plantas exóticas e nativas que

também ocorrem na capital do Acre são comumente utilizadas pela população (Tabela 5).

Tabela 5 – Espécies vegetais com potencial de uso não madeireiro, documentado na região de

Xapuri e observadas no município de Rio Branco e arredores.

Categoria de uso EspécieBebidaArecaceae Oenocarpus bataua.Anacardiaceae Spondias testudinis Arecaceae Mauritia flexuosa Caesalpiniaceae Senna occidentalis AlimentoAnacardiaceae Spondias globosa Anacardiaceae Spondias mombin Arecaceae Astrocaryum aculeatum Arecaceae Attalea butyracea Mimosaceae Inga cf. calantha Moraceae Pseudolmedia macrophylla Pedaliaceae Sesamum indicum Quiinaceae Quiina CondimentoAsteraceae Spilanthes acmella Apiaceae Foeniculum vulgare Mill.CombustívelFlacourtiaceae Banara nitida FibrasCyclanthaceae Evodianthus funifer SabãoCucurbitaceae Fevillea pedatifolia CoberturaArecaceae Attalea butyracea Arecaceae Attalea phalerata Arecaceae Geonoma deversa MedicinalPteridófita Adiantum obliquum Willd.Lamiaceae Leonotis nepetifolia (L.) AitonScrophulariaceae Scoparia dulcis L.Pedaliaceae Sesamum indicum L.Solanaceae Brunfelsia grandiflora D. DonAsteraceae Pseudelephantopus spiralis (Less.) Cronq.Apocynaceae Himatanthus sucuuba (Spruce) WoodsonAsteraceae Tagetes patula L.Caesalpiniaceae Cassia occidentalis L.Chenopodiaceae Chenopodium ambrodioides L.Phytolaccaceae Petiveria alliacea L.Euphorbiaceae Phyllanthus cf. nirari L.Piperaceae Pothomorphe peltata (L.) Miq.Verbenaceae Lippia alba (Mill.) N. E. Br.Scrophulariaceae Capraria biflora

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Scrophulariaceae Scoparia dulcis L.OrnamentalNyctaginaceae Mirabilis jalapa L.Caesalpiniaceae Senna reticulata (Willd.) H. S. Irwin & BarnebyHeliconiaceae Heliconia spp.Costaceae Costus spp.Zingiberaceae Renealmia spp.HalucinógenoMalpighiaceae Mascagnia macrodisca (Triana & Planch.) Nied.Rubiaceae Psychotria viridis Ruiz & Pav.PoçãoSolanaceae Brunfelsia grandiflora D. DonSimpatiasEuphorbiaceae Jatropha curcas L.Euphorbiaceae Jatropha gossypifolia L.

A soma desses registros resulta em um total de 70 espécies com uso potencial

documentado para Rio Branco, porém, é importante salientar, que os esforços sistemáticos

voltados à catalogação e avaliação de aspectos básicos da ecologia populacional dessas espécies

ainda é insipiente diante da riqueza de espécies úteis existentes na região.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Kainer, K. A. and M. L. Duryea. 1992. Tapping women's knowledge: Plant resource use in extractive reserves, Acre, Brazil. Econ. Bot. 46: 408-425.

Ming, L. C., P. Gaudêncio, and V. P. Santos 1997. Plantas medicinais: Uso popular na Reserva Extrativista "Chico Mendes", Acre. CEPLAM; UNESP, Botucatu.

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