potencial energético de resíduos florestais do manejo ... · ministÉrio de minas e energia...

64
Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira 1 NOTA TÉCNICA EPE 17/18 Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira Julho 2018

Upload: dangnhi

Post on 12-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

1

NOTA TÉCNICA EPE 17/18

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo

Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Julho 2018

GOVERNO FEDERAL MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA MME/SPE Ministério de Minas e Energia Ministro Wellington Moreira Franco Secretário Executivo Marcio Felix Carvalho Bezerra Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético Eduardo Azevedo Rodrigues Secretário de Energia Elétrica Ildo Wilson Grudtner Secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis João Vicente de Carvalho Vieira Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral Vicente Humberto Lôbo Cruz

Empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, instituída nos termos da Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, a EPE tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.

Presidente Reive Barros dos Santos

Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais Thiago Vasconcellos Barral Ferreira

Diretor de Estudos de Energia Elétrica Amilcar Gonçalves Guerreiro

Diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustível José Mauro Ferreira Coelho

Diretor de Gestão Corporativa Álvaro Henrique Matias Pereira

URL: http://www.epe.gov.br

Sede Esplanada dos Ministérios Bloco "U" - Ministério de Minas e Energia - Sala 744 - 7º andar – 70065-900 - Brasília – DF

Escritório Central Av. Rio Branco, 01 – 11º Andar 20090-003 - Rio de Janeiro – RJ

NOTA TÉCNICA EPE 17/18

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo

Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Coordenação Geral Thiago Vasconcellos Barral Ferreira

Coordenação Executiva Jeferson Borghetti Soares

Luciano Basto Oliveira Glauce Maria Lieggio Botelho

Equipe Técnica

DEA/Superintendência Estudos Econômicos Energéticos

Marcelo Costa Almeida

DEA/Superintendência de Meio Ambiente

Ana Dantas Mendez de Mattos Mariana Lucas Barroso

DEE/Superintendência de Projetos da Geração

Aline Couto de Amorim Gustavo Pires da Ponte

Michele Almeida de Souza

NNNNoooo EPEEPEEPEEPE----DEADEADEADEA----NTNTNTNT----17171717/2018/2018/2018/2018----r0r0r0r0

Data: 17 de julho de 2018

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

1

SUMÁRIO EXECUTIVO

A EPE tem buscado dar visibilidade ao potencial de aproveitamento energético de resíduos,

seus benefícios e as principais barreiras que restringem seu desenvolvimento no país. Nesse

sentido, e atendendo à solicitação da Casa Civil da Presidência da República, enviada pela

Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais (SAG) na forma do

Ofício 006 de 2018, a presente Nota Técnica, elaborada com apoio do Serviço Florestal

Brasileiro – SFB, dá mais um passo relevante ao quantificar o potencial de geração de energia

elétrica a partir de resíduos de madeira oriundos de manejo florestal e da industrialização da

madeira. Adicionalmente, pode fornecer subsídios para que o Governo se posicione em

relação ao Projeto de Lei nº 1.291/2015, que propõe estabelecer uma Política Nacional de

Biocombustíveis Florestais.

Cumpre ressaltar que a EPE tem a missão de elaborar estudos e pesquisas para subsidiar o

planejamento do setor energético brasileiro, contribuindo, assim, para a melhoria da

qualidade na formulação, implementação e avaliação de políticas públicas. Dentre o rol de

competências da EPE, previstas na Lei nº 10.847/2004, destaca-se a identificação e

quantificação dos potenciais de recursos energéticos, bem como o desenvolvimento de

estudos para avaliar e incrementar a utilização de energia proveniente de fontes renováveis.

Devido às particularidades regionais do setor elétrico, a avaliação foi desagregada em:

Sistemas Isolados (SI) e Sistema Interligado Nacional (SIN).

Sistemas Isolados

Contexto Atual

Atualmente, o Brasil possui mais de 250 sistemas isolados, sendo a maior parte localizada nos

estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. Os Sistemas Isolados

representam menos de 1% do consumo de energia elétrica no Brasil, todavia destacam-se pela

predominância da geração termelétrica a diesel, cerca de 96% do suprimento. O diesel é uma

fonte cara, poluente e com preços relativamente voláteis, o que representa uma excelente

oportunidade para fontes alternativas, entre elas a biomassa lenhosa residual, que podem se

beneficiar dos altos custos de oportunidade na região.

Como resultado, estima-se que em 2018 serão consumidos cerca de 800 mil m3 de óleo diesel

para suprimento dos Sistemas Isolados (Geração própria das distribuidoras e de Produtores

Independentes de Energia), resultando em emissões diretas da ordem de 2,1 MtCO2. Apesar

de pouco relevante no montante total de emissões do Brasil, algo da ordem de 0,1% do total, o

custo de abatimento dessas emissões é negativo, devido ao elevado custo do diesel.

Convém ainda mencionar que, entre 2014 e 2017, os leilões para contratação do suprimento

aos Sistemas Isolados resultaram em valores quase sempre superiores a R$ 1.000/MWh,

quando o custo médio do mercado regulado (ACRmed) do SIN em 2018 foi de R$ 213/MWh.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

2

Potencial de Biomassa Lenhosa Residual

Para estimar o potencial de biomassa lenhosa residual, foram consideradas as florestas

públicas federais passíveis de concessão (Floresta Nacional – Flonas, Área de Proteção

Ambiental - APA e florestas não destinadas) e as áreas de Reserva Legal de propriedades

particulares constantes no Cadastro Ambiental Rural (CAR), nos estados da região norte,

Maranhão e Mato Grosso. Considerando o contexto da Amazônia, foi adotado que seriam

descontados 20% do total das áreas passíveis que corresponderiam às Áreas de Preservação

Permanente (APP).

A biomassa lenhosa residual, neste escopo geográfico mais amplo, suportaria uma capacidade

instalada de 6,5 GW. Restringindo-se à área atendida pelos Sistemas Isolados, o potencial

identificado é de 2,5 GW, contra 996 GW de capacidade instalada existente a diesel. Enquanto

a geração prevista para os Sistemas Isolados, em 2018, é de 2,9 TWh, a biomassa lenhosa

residual poderia gerar 17,5 TWh/ano, ou seja, cerca de 6 vezes a geração elétrica a diesel. Não

obstante o elevado potencial, há que se observar que uma usina termelétrica a biomassa

opera normalmente em regime constante, permitindo pouca variação de carga ao longo do

dia, ao contrário da geração a diesel, que possui maior flexibilidade para acompanhar as

variações na demanda dos consumidores. Considerando um caso de referência em que a

“base” corresponde a 40% da capacidade instalada, isso corresponde atualmente a 398 MW

no total dos SI, o que tecnicamente poderia ser plenamente atendido com biomassa residual.

Os cerca de 2.100 MW restantes poderiam atender ao crescimento futuro da carga dos

Sistemas Isolados.

Cabe ressaltar que apenas a disponibilidade física da biomassa, nas tipologias florestais

apresentadas, foi considerada. Outras variáveis, específicas de cada área passível de manejo,

não foram consideradas e podem interferir na realização do potencial estimado.

Viabilidade Econômica

A análise da remuneração da biomassa para geração elétrica nos Sistemas Isolados adotou

como valores de referência os preços médio e máximo da lenha de extrativismo na região

(respectivamente, R$ 34/t e R$ 81/t), os preços médio e máximo da madeira em tora de

extrativismo na região (respectivamente, R$ 201/t e R$ 284/t), o custo de importação do óleo

diesel de R$ 1.350,25/m3 e o custo ao gerador de R$ 3.000/m3 (transformados para

equivalente em biomassa em, respectivamente, R$ 203/t e R$ 450/t.

A operação da capacidade instalada a diesel na base do atendimento dos Sistemas Isolados

resulta numa geração elétrica anual de cerca de 2,8 TWh. O consumo anual de óleo diesel para

tal finalidade é estimado em 770 mil m3 de diesel. A importação deste volume de óleo diesel

gera uma despesa de cerca de R$ 1 bilhão de reais por ano ao país. Na composição dos custos

de geração nos Sistemas Isolados, o óleo diesel soma cerca de R$ 2,3 bilhões/ano,

parcialmente coberto pela Conta de Consumo de Combustível (CCC) e repassado para todos os

consumidores do Sistema Interligado Nacional. Tributos federais incidentes sobre o diesel

respondem por R$ 240 milhões/ano e estaduais por R$ 500 milhões/ano.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

3

Os custos de investimentos em geração elétrica à base de cavaco de madeira atingem

US$ 2.000/kW. Quanto ao custo de O&M, adotou-se o valor igual a 5% do custo de

investimento de cada projeto de geração. A conversão destes valores, em função da vida útil,

do fator de capacidade e dos custos financeiros, remete a uma parcela da ordem de

R$ 200/MWh no cálculo do custo da eletricidade. Este valor anualizado para a geração de base

dos sistemas isolados é de R$ 557.836.800,00.

A remuneração da biomassa pelo valor de referência mais alto, o de equivalência com o custo

do diesel para o gerador, resulta em um aumento de custos de geração. A diferença na parcela

de combustível é nula; entretanto, a parcela de investimento e O&M é acrescida aos custos.

No outro extremo, a remuneração da biomassa pelos valores médio e máximo da lenha,

resulta em potenciais de redução nos custos anuais de cerca de R$ 1,6 bilhão e R$ 1,3 bilhão,

respectivamente. Estes valores permitem a manutenção da arrecadação federal e estadual

com o diesel, que chega a R$ 750 milhões/ano, resultando em um potencial de redução (após

compensação) entre R$ 850 milhões e R$ 550 milhões/ano.

Caso a remuneração da biomassa tenha como referência o custo de importação do diesel ou o

preço médio da madeira em tora de extrativismo na região, em ambos os casos o potencial de

redução dos custos de geração é de cerca de R$ 700 milhões/ano. Entretanto, a compensação

da perda de receita federal e estadual com o diesel praticamente anula esta redução. No caso

de se adotar o preço máximo da madeira em tora de extrativismo, o potencial de redução

inicial de R$ 300 milhões/ano, é inferior à perda com a arrecadação com o diesel.

O tratamento dos tributos (federais e estaduais), a devida remuneração da biomassa e a

economia global do Sistema Isolados requerem um estudo mais aprofundado, com ampla

discussão com os atores envolvidos na atividade madeireira e de geração de energia e o

governo.

Sistema Interligado Nacional

O SIN tem seu parque gerador e cargas conectadas de Norte a Sul do país, através do sistema

de transmissão. A interconexão entre os sistemas permite a transferência de energia entre os

subsistemas, garantindo maior segurança e melhor aproveitamento dos recursos. Ao contrário

dos SI, onde o diesel predomina, o SIN tem elevada participação de fontes renováveis, com

destaque para as hidrelétricas com 64% da capacidade instalada, além das usinas termelétricas

a biomassa e eólicas, 9% e 8%, respectivamente.

Considerando uma termelétrica a biomassa de referência (ver Anexo ”Usina Termelétrica a

Biomassa Residual de Referência”), o potencial de aproveitamento energético da biomassa

residual da industrialização da madeira de florestas plantadas para outros fins identificado,

com os dados da atividade em 2016, permite uma capacidade instalada de 633 MW. Paraná,

São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais concentram 90%, e 10 municípios

concentram 43% desse valor. Em energia, o potencial total é de cerca de 4.438 GWh.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

4

As oportunidades para viabilização desses negócios podem passar por: (i) leilões regulados de

energia promovidos pelo MME; (ii) chamadas públicas de geração distribuída promovidas pelas

distribuidoras; (iii) micro e minigeração distribuída, por meio de Sistema de Compensação de

Energia (netmetering); (iv) venda no mercado livre ou autoprodução. Cada um desses

mecanismos tem vantagens e desvantagens para o gerador. A vocação da geração a biomassa

residual parece se concentrar na característica de geração distribuída, cuja comercialização

representa menores custos de transação e maior flexibilidade contratual, porém menor

estabilidade nas receitas da venda de energia. Por outro lado, os leilões de energia promovidos

pelo MME, apesar do custo de transação mais elevado e da maior competitividade das

disputas pelos contratos, podem garantir maior financiabilidade ao projeto.

Impactos

Socioambientais

Quanto aos impactos socioambientais, verifica-se que o aproveitamento dos resíduos pode ser

enquadrado como boa prática, melhor que o descarte sobre o solo. Não obstante, a

construção das plantas e as atividades desenvolvidas durante a operação da usina e o

transporte da biomassa devem ser cercadas de cuidados básicos para não comprometer a

qualidade ambiental e socioeconômica do entorno, abrangendo fatores como a

disponibilidade hídrica, a qualidade de vida das populações locais, a preservação da fauna,

entre outros. No que tange às emissões de carbono, a geração de energia a partir de resíduos

da madeira pode ser considerada atividade neutra, já que o CO2 emitido é o mesmo absorvido

anteriormente para composição da biomassa. No caso dos sistemas isolados, o impacto

positivo é ampliado, uma vez que essa fonte vem substituir a geração a diesel, altamente

poluente e emissora, além de cara, que ainda hoje representa mais de 90% do suprimento a

esses sistemas.

Em relação à geração de empregos, o potencial identificado para atuar na base dos Sistemas

Isolados e o potencial na área do SIN devem demandar cerca de 17.500 postos de trabalho

diretos apenas na operação e manutenção das usinas, respectivamente 6.800 e 10.700. As

atividades de campo e de processamento da madeira não foram consideradas.

Fiscais/Tributários

No que tange ao impacto tributário e/ou fiscal, a substituição da geração a diesel nos sistemas

isolados tem potencial de redução da arrecadação estadual, já que a alíquota do Imposto

sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel varia de 17% a 25% nos

estados da região Norte. Por outro lado, sendo mais competitiva que o diesel, a geração a

biomassa de resíduos florestais pode reduzir a Conta de Consumo de Combustíveis - CCC,

aliviando o peso dos encargos sobre a conta de energia elétrica no país.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

5

Barreiras

Foram identificadas algumas dificuldades para a geração de energia a partir de biomassa de

origem florestal relacionadas aos seguintes aspectos:

• CAPEX e Financiamento – maior custo de investimento em termos de R$/kW em

comparação com a geração convencional a diesel, com maior custo associado ao

financiamento, a geração à biomassa incorre em alto custo de operação, embora

menor que o da geração a diesel, e dificuldade de comprovar capacidade de

abastecimento do combustível.

• Inovação – risco associado não só ao pioneirismo da fonte, mas também ao aspecto

inovador em relação à região amazônica.

• Custo de oportunidade dos atuais geradores – os atuais agentes geradores podem

aproveitar as instalações existentes de geração à diesel, dificultando a substituição

dessa fonte pela geração à biomassa de origem florestal.

• Cronograma de implantação – maior facilidade e rapidez na implantação da geração à

diesel em relação à geração a partir de biomassa florestal. A importância de que sejam

considerados cronogramas factíveis nos leilões para criar condições de competição

para as fontes renováveis.

Atores Relevantes

Na definição das responsabilidades no âmbito de uma política pública, é fundamental o

mapeamento dos atores mais relevantes no contexto em questão. Nesse sentido, a EPE

buscou identificar quais instituições poderiam desempenhar papéis na viabilização de uma

política especificamente voltada para a ampliação da geração a biomassa residual de madeira.

Destacam-se entre as instituições públicas: o MME, o MMA, o SFB, a EPE, o IBAMA, a ANEEL e

o Conselho Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM); e entre as instituições de direito

privado em colaboração com o Estado: o ONS e a CCEE. Por outro lado, outros atores

relevantes podem estar representados pelo terceiro setor, a exemplo de ONGs como o IEMA,

o Greenpeace o Instituto Nacional de Eficiência Energética, e por associações como a Indústria

Brasileira de Árvores (Ibá) e o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

6

Conclusões

Sobre o Aproveitamento da Biomassa Lenhosa Residual na Região dos Sistemas Isolados

O potencial de biomassa lenhosa residual na região amazônica é enorme. Mas em grande

parte depende de atividade madeireira ainda a se desenvolver, tanto para o manejo florestal

sustentável, quanto para a industrialização das toras.

A remuneração desta biomassa pode ser mais atraente, em alguns casos, que o próprio

mercado madeireiro, conforme se verifica pelo preço médio pago pela madeira de

extrativismo. Entretanto, a necessidade de remunerar o investimento e operação da usina a

biomassa, e a carga de impostos e tributos pode reduzir significativamente a margem da

atividade. A arrecadação estadual de ICMS sobre o diesel constitui uma receita importante,

que possivelmente os estados desejem manter.

A remuneração da biomassa lenhosa residual pelos preços da lenha, mesmo no caso de se

considerar o valor mais alto, permite manter a arrecadação de tributos e uma redução de

custos de geração de no mínimo R$ 550 milhões.

Tomando o custo de importação do diesel ou o preço médio da madeira em tora de

extrativismo na região, mantendo a arrecadação de tributos, o benefício de redução dos

custos de geração fica comprometido. Uma análise mais refinada, considerando a arrecadação

dos produtos madeireiros, e benefícios da não importação de diesel, além da emissão evitada

de gases de efeito estufa, pode indicar uma condição favorável.

Remuneração da biomassa lenhosa residual ao preço máximo da madeira em tora requer,

necessariamente, alguma renúncia fiscal para se tornar minimamente viável do ponto de vista

econômico.

Sobre o Aproveitamento da Biomassa Residual de Serrarias na Área do SIN

Foi estimado um potencial de cerca de 633 MW de capacidade instalada de biomassa residual

do processamento de madeira em tora, concentrada nos estados da região sul, São Paulo e

Minas Gerais. Ressalta-se que, diferente da estimativa de potencial nos Sistemas Isolados,

onde a biomassa lenhosa residual depende ainda da implantação do manejo florestal, o

potencial energético na região do SIN considera biomassa lenhosa residual do processamento

realizado de madeira em toras. Esta energia pode ser gerada de forma distribuída, resultando

em benefícios para o Sistema Elétrico.

As oportunidades de comercialização desta energia incluem os leilões no ambiente regulado,

as chamadas públicas de geração distribuída e a compensação via geração compartilhada. Os

preços pagos pela energia nos leilões do ambiente regulado tendem a ser inferiores aos das

chamadas públicas de geração distribuída específicos para a fonte biomassa residual, que

atualmente é de R$ 349/MWh. Na geração compartilhada, a referência para remuneração é o

preço pago pelos consumidores, da ordem de R$ 800/MWh.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

7

SUMÁRIO

SUMÁRIO EXECUTIVO ..................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 11

3. POTENCIAL DA BIOMASSA LENHOSA RESIDUAL NOS SISTEMAS ISOLADOS DA REGIÃO NORTE .................................................................................. 12

3.1. Os Sistemas Isolados .............................................................................................. 12

3.1.1. Mercado de Energia dos Sistemas Isolados ............................................................. 14

3.1.2. Estimativa da Capacidade de Base nos Sistemas Isolados ....................................... 15

3.1.3. Operação dos Sistemas Isolados ............................................................................. 16

3.1.4. Custo da Geração a Diesel nos Sistemas Isolados ................................................. 17

3.2. Biomassa Lenhosa Residual na Região dos Sistemas Isolados ..................... 19

3.2.1. Florestas em Propriedades Particulares .................................................................. 20

3.2.2. Florestas Públicas Federais ...................................................................................... 22

3.2.3. Potencial Energético da Biomassa Lenhosa Residual nos Sistemas Isolados .......... 24

3.2.4. Remuneração da Biomassa nos Sistemas Isolados .................................................. 27

3.2.5. Viabilidade Econômica ............................................................................................. 30

4. POTENCIAL DA BIOMASSA RESIDUAL DA INDÚSTRIA MADEIREIRA BASEADA EM PLANTIOS FLORESTAIS .................................................................... 32

4.1. Resíduos da Indústria Madeireira e Potencial Energético ............................. 32

4.2. Mercados para a Energia Elétrica de Biomassa Residual .............................. 34

4.2.1. Leilões de Energia .................................................................................................... 34

4.2.2. Chamadas Públicas de Geração Distribuída ............................................................ 35

4.2.3. Compensação via Geração Compartilhada ............................................................. 35

5. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ................................................................................. 37

5.1. Impactos Ambientais ............................................................................................. 37

5.1.1. Aspectos quanto ao aproveitamento de resíduos gerados nas atividades de MFS e

de processamento de madeira ................................................................................................ 37

5.1.2. Aspectos quanto à geração elétrica a partir de resíduos florestais ........................ 38

5.2. Impactos Tributários ............................................................................................. 40

6. BARREIRAS ................................................................................................................. 41

7. ATORES RELEVANTES NA QUESTÃO FLORESTAL E ENERGÉTICA .... 42

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

8

7.1. Atores Governamentais ........................................................................................ 42

7.1.1. Ministério de Minas e Energia ................................................................................. 42

7.1.2. Ministério do Meio Ambiente ................................................................................. 43

7.1.3. Empresa de Pesquisa Energética ............................................................................. 43

7.1.4. IBAMA ..................................................................................................................... 44

7.1.5. Serviço Florestal Brasileiro (SFB) ............................................................................ 45

7.1.6. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) ...................................................... 46

7.1.7. Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) ....................................... 47

7.2. Atores de Direito Privado em colaboração com o Estado ........................... 47

7.2.1. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ..................................................... 47

7.2.2. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ....................................... 48

7.3. Atores Não Governamentais ............................................................................... 49

7.3.1. Instituto de Energia e Meio Ambiente .................................................................... 49

7.3.2. Indústria Brasileira de Árvores ............................................................................... 49

7.3.3. Instituto Nacional de Eficiência Energética ............................................................. 50

7.3.4. Greenpeace ............................................................................................................. 50

7.3.5. Fórum Brasileiro de Mudança do Clima ................................................................. 51

8. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 52

8.1. Sobre o Aproveitamento da Biomassa Residual de Manejo Sustentável na Região dos Sistemas Isolados ........................................................................................... 52

8.2. Sobre o Aproveitamento da Biomassa Residual de Serrarias na Área do SIN 53

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 54

ANEXOS ............................................................................................................................... 56

Usina Termelétrica a Biomassa Residual de Referência ......................................................... 56

Balanço Nacional da Oferta de Óleo Diesel ........................................................................... 60

Municípios com os 10 maiores potenciais de geração elétrica a biomassa de resíduos de serraria nos estados de RS, SC, PR, SP e MG ......................................................................... 61

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

9

1. INTRODUÇÃO

A EPE tem buscado dar visibilidade ao potencial de aproveitamento energético de resíduos,

seus benefícios e as principais barreiras que restringem seu desenvolvimento no país. Nesse

sentido, e atendendo à solicitação da Casa Civil da Presidência da República, enviada pela

Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais (SAG) na forma do

Ofício 006 de 2018, a presente Nota Técnica, elaborada com apoio do Serviço Florestal

Brasileiro – SFB1, dá mais um passo relevante ao quantificar o potencial de geração de energia

elétrica a partir de resíduos de madeira oriundos de manejo florestal e da industrialização da

madeira. Adicionalmente, pode fornecer subsídios para que o Governo se posicione em

relação ao Projeto de Lei nº 1.291/2015, que propõe estabelecer uma Política Nacional de

Biocombustíveis Florestais.

A cadeia da indústria madeireira compreende a produção de madeira em toras (etapa

florestal), seu beneficiamento e fabricação de produtos diversos (etapa industrial). A etapa

florestal pode ser baseada em florestas plantadas ou em florestas nativas passíveis de

exploração. A exploração de florestas nativas pode ocorrer por Manejo Florestal Sustentável

(MFS) ou via extrativismo predatório frequentemente realizado de forma ilegal.

Especialmente no manejo de florestas nativas, quantidade significativa de material lenhoso em

relação à produção madeireira realizada, sem a qualidade requerida pela etapa industrial, é

deixada na floresta. No manejo de florestas plantadas, assume-se que este resíduo já é

aproveitado como combustível e/ou é deixado sobre o solo para reincorporação de

nutrientes2. No processamento das toras em pranchas e outros produtos, também é gerada

quantidade significativa de resíduos na forma de serragem e aparas, que tem sido

subaproveitada ou disposta de forma inadequada, ocasionando impactos socioambientais.

Por outro lado, são evidentes os impactos positivos do aproveitamento energético desta

biomassa lenhosa residual (florestal e industrial). Além da independência de combustível para

geração de energia em uma região onde se concentram os sistemas isolados, se destaca a

agregação de valor ao produto florestal, aumentando a eficiência sistêmica e tornando o MFS

mais rentável e atrativo. A promoção do MFS pode ser uma medida efetiva de redução do

desmatamento ilegal no país.

Os benefícios para o sistema elétrico são diferentes de acordo com a região onde o

aproveitamento energético é realizado. Na região do Sistema Interligado Nacional (SIN), o

1 Órgão instituído pela Lei nº 11.284/2006 e vinculado ao Ministério do Meio Ambiente responsável pela

gestão das florestas do país.

2 A reincorporação de nutrientes também ocorre no manejo de florestas nativas. Entretanto, como esta

atividade não extrai grandes volumes de madeira por área, a retirada dos resíduos não impacta a

fertilidade do solo. Adicionalmente, como não utiliza fertilizantes, a reincorporação não representa

benefício econômico.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

10

principal benefício é o da geração distribuída próxima aos centros de carga. Na região dos

Sistemas Isolados (SI), o principal benefício é o potencial de redução dos custos de

atendimento à demanda de energia e, consequentemente, no valor da tarifa e no repasse da

CCC aos consumidores do SIN. Adicionalmente, a substituição da geração a diesel pela geração

a biomassa contribui para a redução das importações de óleo Diesel, redução das emissões de

gases de efeito estufa e dinamização da economia regional.

Neste contexto, propõem-se analisar duas situações distintas: 1) o potencial de substituição da

geração a diesel pela geração a biomassa lenhosa residual proveniente do MFS e da

industrialização da madeira, na região dos SIs; e 2) o potencial de geração a biomassa lenhosa

residual do processamento de madeira em tora, oriunda de florestas plantadas, na área do

SIN. Ressalta-se que, o potencial discutido na primeira situação depende ainda, em grande

parte, da implantação de áreas de manejo florestal. Por outro lado, o potencial discutido na

segunda situação foi estimado considerando dados da atividade de produção de madeira em

toras de florestas plantadas, em 2016, registrados pelo IBGE.

Ainda que o aproveitamento energético dos resíduos seja vantajoso sob vários aspectos, são

observadas diversas barreiras para a atividade. Nesse sentido, é interessante identificar estas

barreiras e os atores relevantes para o tema a fim de encontrar soluções para contornar as

questões e potencializar os benefícios associados.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

11

2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste estudo é fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas

pelo governo federal para a promoção do aproveitamento energético de biomassa lenhosa,

especialmente de natureza residual, para geração elétrica.

Constituem objetivos específicos:

Nos Sistemas Isolados

• Estimar o potencial total de geração elétrica com biomassa lenhosa residual.

• Estimar o potencial de geração elétrica com biomassa lenhosa residual, que poderia

substituir a geração a diesel de base nos SI.

• Estimar valores para a remuneração da biomassa lenhosa residual e,

concomitantemente, reduzir os custos de atendimento da demanda nos SIs.

• Estimar a emissão evitada de gases de efeito estufa pela substituição do consumo de

diesel pela biomassa lenhosa residual.

• Identificar barreiras e propor soluções para um maior aproveitamento energético de

biomassa lenhosa residual nos SI.

No SIN

• Estimar o potencial de geração elétrica com biomassa lenhosa residual da

industrialização de madeira em tora proveniente de florestas plantadas.

• Identificar oportunidades para comercialização da energia elétrica gerada a partir de

biomassa lenhosa residual.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

12

3. POTENCIAL DA BIOMASSA LENHOSA RESIDUAL NOS SISTEMAS ISOLADOS DA REGIÃO NORTE

3.1. Os Sistemas Isolados

O setor elétrico brasileiro pode ser dividido em duas regiões, uma atendida pelo Sistema

Interligado Nacional (SIN) e outra pelos Sistemas Isolados (SI). O SIN tem seu parque gerador e

cargas conectadas de Norte a Sul do país, através do sistema de transmissão, como mostrado

na Figura 1, onde cada cor representa um nível de tensão das linhas de transmissão. A

interconexão entre os sistemas permite a transferência de energia entre os subsistemas,

garantindo maior segurança e melhor aproveitamento dos recursos.

Figura 1 - Mapa do Sistema Interligado Nacional - Fonte Webmap EPE.

Os Sistemas Isolados (SI) são os sistemas elétricos de serviço público de distribuição de energia

elétrica que, em sua configuração normal, não estejam eletricamente conectados ao SIN, por

razões técnicas ou econômicas, como definido pelo Decreto 7.246/2010. Com isso, cada SI

deve dispor de geração local para atender suas cargas.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

13

Ao final de 20183, serão 252 Sistemas Isolados. A maior parte localizada na região Norte, nos

estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. Também há Sistemas Isolados

no estado do Mato Grosso. A ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, é atendida por

um Sistema Isolado próprio. Entre as capitais, Boa Vista, em Roraima, é a única atendida por

um Sistema Isolado. A Figura 2 apresenta um mapa com a localização dos SIs da região norte e

Mato Grosso.

Figura 2 - Sistemas Isolados da região Norte e Mato Grosso. Fonte: Eletrobras.

A demanda por energia nos Sistemas Isolados é suprida, principalmente, por usinas

termelétricas a óleo diesel. Outras fontes de energia utilizadas, em menor escala, são o gás

natural (4 empreendimentos), a biomassa (1 empreendimento) e a hidráulica (1

empreendimento). A Figura 3 mostra a composição da matriz elétrica dos Sistemas Isolados.

3 Para agosto de 2018 há previsão de integração de um Sistema Isolado ao SIN, o sistema de Monte

Dourado, na área de concessão da CELPA. Destaca-se que, no ano de 2017, as localidades de Cachoeira

do Arari, Salvaterra e Soure, localizadas no Pará e Paranorte, localizada no Mato Grosso, foram

integradas ao SIN, e as localidades de Comunidade Marupá e Comunidade Lago Grande, localizadas em

Roraima, foram integradas a outros Sistemas Isolados já existentes. (Texto extraído de ONS, 2017)

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

14

Figura 3 - Composição da matriz elétrica dos Sistemas Isolados. (ONS, 2017)

A BK Energia é única UTE a biomassa dos SIs. Localizada em Itacoatiara, Amazonas, ela

consome biomassa lenhosa residual produzida na industrialização de madeira. A previsão para

2018 é de geração de 43.200 MWh (2,49% da geração total na área da Eletrobras Distribuição

Amazonas, e 2,24% da geração total nos SIs) (ONS, 2017). A capacidade instalada do

empreendimento é de 9 MW.

3.1.1. Mercado de Energia dos Sistemas Isolados

De acordo com o Decreto nº 7.246/2010, os agentes de distribuição de energia elétrica dos

Sistemas Isolados devem, anualmente, submeter à aprovação do Ministério de Minas e

Energia, o planejamento dos seus mercados, em horizonte mínimo de cinco anos. A fim de

garantir que o atendimento aos mercados seja bem-sucedido, cabe à Empresa de Pesquisa

Energética (EPE) consolidar e avaliar esse planejamento e, quando o balanço de energia indicar

déficit no suprimento de energia elétrica no horizonte de planejamento, indicar formas para

expansão do parque gerador. A Tabela 1 apresenta a demanda máxima dos Sistemas Isolados,

prevista para 2018, consolidada por agente de distribuição.

Tabela 1 - Demanda máxima prevista para os Sistema Isolados em 2018 – Fonte ONS.

Distribuidora Demanda Máxima

(MWh/h) Energia

(MWmed)

Eletrobras Dist. Acre 46,6 26,21

Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) 7,85 5,29

Eletrobras Distribuição Amazonas 329 199,59

Energisa - MT 1,04 0,56

Centrais Elétricas do Pará (CELPA) 69,2 44,58

Petrobrás – ALCOA (Pará) 8,6 5,62

CELPE (Fernando de Noronha) 3,21 2,16

Eletrobras Distribuição Rondônia 73,7 42,33

Eletrobras Distribuição Roraima - Capital 232,97 15,59

Eletrobras Distribuição Roraima - Interior 53,1 37,95

TOTAL 825,27 379,88

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

15

Algumas usinas dos Sistemas Isolados pertencem e são operadas pelas próprias distribuidoras.

Outras são de Produtores Independentes de Energia Elétrica (PIE). Esta modalidade de

contratação do atendimento tem sido a mais adotada nos leilões recentes.

A Lei n° 12.111/2009 indica ser de responsabilidade dos agentes de distribuição o atendimento

à totalidade dos seus mercados nos Sistemas Isolados por meio de licitação, na modalidade de

concorrência ou leilão. A complexa logística de fornecimento de combustível nos Sistemas

Isolados, aliada ao elevado custo do fornecimento do diesel nesses sistemas, fazem com que o

custo da geração de energia elétrica seja superior ao do SIN.

Destaca-se, nesse contexto, o Art. 11 do Decreto 7.246/2010, que prevê reembolso pela Conta

de Consumo de Combustíveis (CCC) da diferença entre o custo total de geração de energia

elétrica nos Sistemas Isolados e a valoração da quantidade correspondente de energia elétrica

pelo custo médio no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) do SIN. Com isso, o custo de

atendimento aos Sistemas Isolados é compartilhado entre os diversos consumidores de

energia elétrica do país.

Adicionalmente, a legislação prevê a possibilidade de uso dos recursos da CCC, pelo

mecanismo de sub-rogação, para investimento em projetos que promovam a redução de

dispêndios dessa conta.

3.1.2. Estimativa da Capacidade de Base nos Sistemas Isolados

A curva de permanência utilizada neste estudo mostra a potência ativa em função do

percentual do tempo de operação. Desta forma, ela permite identificar a parcela da potência

instalada que opera na base para atendimento da demanda de energia. Neste estudo, foram

consideradas as curvas de 3 sistemas isolados, Novo Aripuanã, Vila Amazônia e Matupi,

localizados no estado do Amazonas. A Tabela 2 apresenta os períodos avaliados e a potência

ativa máxima destes sistemas.

Tabela 2 – Período avaliado e máxima potêcia ativa de 3 sistemas isolados.

Sistema Isolado Período avaliado Máxima Potência Ativa (kW)

Vila Amazônia 12/06/2016 a 31/12/2016 1.341

Matupí 01/01/2016 a 31/12/2016 2.836

Novo Aripuanã 01/01/2016 a 31/12/2016 3.265

Para o sistema isolado de Vila Amazônia, o período avaliado é menor que um ano. Para os

sistemas isolados sw Matupí e Novo Aripuanã, o período coberto compreende todo o ano de

2016. A Figura 4 apresenta as curvas de permanência destes 3 sistemas isolados. Os valores de

potência com permanência de 60% e 80% são destacadas.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

16

Figura 4 – Curvas de carga de 3 sistemas isolados

Considerando as potências ativas máximas e a 80% de permanência para cada sistema isolado,

foram encontrados fatores de carga de 57%, 47% e 40% para Novo Aripuanã, Vila Amazônia e

Matupí, respectivamente.

Neste estudo, para efeito de identificação da carga de base, será considerado o fator de 40%

da capacidade instalada total de cada sistema isolado. Importante ressaltar que uma amostra

de 3 Sistemas isolados é muito pequena para um universo de cerca de 250 localidades. Em

estudos futuros será importante individualizar ou identificar grupos homogêneos no perfil de

carga para reduzir as imprecisões dos resultados.

3.1.3. Operação dos Sistemas Isolados

O Planejamento da operação dos Sistemas Isolados, para 2018, prevê uma geração total de

2.896.598 MWh. O fornecimento deverá ser durante as 24 horas do dia, com exceção de

algumas localidades no estado de Roraima. A geração térmica das distribuidoras responderá

por 64% desta energia, dos quais 1.871.970 MWh serão gerados a diesel, com um consumo de

518.119 m3, um crescimento de 2,1% em relação à 2017. O restante deverá ser gerado por

Produtores Independentes de Energia (PIE), dos quais 1.024.628 MWh serão gerados a diesel.

O documento da ONS não informa o volume de diesel consumido na geração PIE, mas

adotando o mesmo consumo específico da geração das distribuidoras, de 0,277 m3/MWh,

obtém-se 283.594 m3. Portanto, o consumo total de diesel nos Sistemas Isolados, para 2018,

deverá ser de 801.713 m3. A Tabela 3 apresenta a geração total (Própria + PIE) na área das

distribuidoras e a estimativa de consumo de óleo diesel.

3.265

1.341

2.837

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Po

tên

cia

ativ

a, k

W

Frequência

Novo Aripuanã Vila Amazônia Matupí

1.265

746

2.0581.860

1.130

635

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

17

Tabela 3 – Geração térmica e consumo estimado de óleo diesel para geração elétrica nos

Sistemas Isolados para 2018.

Empresa Geração Térmica

(MWh) Consumo de diesel

(m3)

CEA 46.304 12.859

CELPA 390.554 108.153

EDRR Capital 136.529 38.638

EDRR Interior 14.640 4.609

Eletrobras Distribuição Acre 229.597 63.547

Eletrobras Distribuição Amazonas 1.634.984 453.128

Eletrobras Distribuição Rondônia 370.847 102.642

ENERGISA 4.938 1.427

CELPE 18.960 5.366

Petrobras/Alcoa Beneficiamento 40.438 11.444

Petrobras/Alcoa Porto 8.806 2.492

TOTAL 2.896.597 801.713

Para a estimativa das emissões de dióxido de carbono do consumo do diesel na geração

elétrica, foi considerado o fator de emissão de 74.1004 kgCO2/TJ de diesel, juntamente com um

poder calorífico inferior de 35,55 GJ/m3. O óleo diesel usado é do tipo S-500, sem adição de

biodiesel. Assim, o fator de emissão do combustível é de 2,631 tCO2/m3. Considerando o

consumo específico na geração, de 0,277 m3/MWh, resulta em 0,729 t CO2/MWh.

Com um consumo estimado em 801.713 m3 de óleo diesel são esperadas emissões diretas de

CO2 da ordem de 2,1 MtCO2.

Estima-se que em 2016, a queima de combustíveis, contemplando os diversos setores,

inclusive geração de energia elétrica, emitiu quase 400 MtCO2, o que representou 18% das

emissões totais do Brasil (2.278 MtCO2) (SEEG, 2018). As emissões de CO2 estimadas para os

Sistemas Isolados, em0 2018, representam, 0,1% das emissões totais de CO2 de 2016. Embora

pequeno, o custo de abatimento é negativo, devido ao elevado custo do diesel.

3.1.4. Custo da Geração a Diesel nos Sistemas Isolados

A complexa logística de abastecimento de óleo diesel dos Sistemas Isolados, que faz uso de

diferentes modais, e tem cronograma que depende das condições climáticas e de

navegabilidade, aumenta o custo do combustível nas localidades isoladas. Adicionalmente,

incidem, sobre o óleo diesel, tributos federais (Cide e PIS/Confins) e estaduais (ICMS).

Desde 2014, ocorreram um total de sete leilões nos Sistemas Isolados, envolvendo cinco

agentes de distribuição, tendo sido contemplados projetos termelétricos a diesel e

contratações pontuais de geração hidrelétrica e a gás natural. A Tabela 4 apresenta um

4 Valor padrão do IPCC, 2006. 5 Coeficientes de equivalência médios para combustíveis líquidos (EPE, 2017).

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

18

resumo dos leilões que tiveram como objeto a aquisição de energia e potência elétrica de

agente vendedor, com geração térmica por meio de diesel ou biodiesel.

Tabela 4 – Resultados dos Leilões do Sistema Isolado (SI) (2014 a 2017).

Distribuidora Quant. de SI

Potência Instalada

(MW)

Preço médio lance

(R$/MWh)

Preço médio combustível1

ANP(R$/l)

im2 (L/MWh) Data leilão

CERON 16 84,7 938,94 2,2980 307,8068 14/05/2014

ED-Acre 9 58,2 1.424,97 3,1290 273,8582 15/05/2015

CERON 10 4,8 1.452,92 3,3352 281,8822 23/06/2015

Celpa 23 131,7 1.228,00 3,3469 279,0000 04/04/2016

ED-Amazonas 32 148,0 1.160,57 3,0094 281,4579 03/06/2016

ED-Amazonas 54 260,2 1.066,71 3,1133 264,6840 19/05/2017

Total 144 687,6

Média 1.212,02 3,0390 281,4482

Notas: 1- No preço do combustível estão incluídas as parcelas referentes à logística de suprimento (Plog) e aos tributos incidentes (Ptrib). 2- Fator de conversão médio do LOTE, resultado do fator de conversão de cada central geradora ponderado pela sua Energia Anual (E), destinado a apropriar todos os demais custos incorridos na aquisição e uso dos combustíveis e o consumo específico dos equipamentos de geração, com quatro casas decimais, em L/MWh.

O atendimento da demanda nacional de óleo diesel exige a importação de volumes

significativos (Anexo “Balanço Nacional da Oferta de Óleo Diesel”). Dados do Sistema AliceWeb

do MDIC (2018) mostram que, no período de 2010 a 2018, o custo unitário de importação do

diesel chegou a US$ FOB 811,31/m3, em 2012, e um mínimo de US$ FOB 356,32/m3, em 2016.

Em 2017, este valor foi de US$ FOB 423,02/m3, que, aplicando a taxa de câmbio média do ano

de R$ 3,1919/US$ (BCB-DSTAT), obtém-se R$ 1.350,25/m3 de óleo diesel. Portanto, a operação

dos SIs, em 2018, poderá resultar em dispêndio com importação da ordem de R$ 1 bilhão.

Considerando o consumo específico, apenas a parcela relativa à importação do diesel no custo

de geração elétrica seria de R$ 374/MWh.

A título de comparação, enquanto o custo médio do mercado regulado (ACRmed) do SIN em

2018 foi de R$ 213/MWh, os leilões para contratação do suprimento aos Sistemas Isolados

resultaram em valores superiores a R$ 1.000/MWh, como mostrado na Tabela 4, que

apresenta os custos de energia contratada nos Leilões dos Sistemas Isolados, de 2014 a 2017, a

partir de geração térmica a diesel. Além destes, houve também leilões para as localidades

Coari (Leilão n° 02/2016 – Segunda Etapa) e Oiapoque (Leilão n°01/2014 – realizado pela CEA),

com atendimento a gás natural e PCH, respectivamente.

O custo com óleo diesel, componente do custo de geração elétrica total, é de cerca de

R$ 3.000/m3, ao longo do período de 2014 a 2017. Em relação ao custo médio do óleo diesel

importado, este valor é 122% maior, representando o custo de internalização deste

combustível. Considerando o consumo específico médio na geração, o custo com óleo diesel é

de R$ 831/MWh, representando, portanto, cerca de 80% do custo total de geração.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

19

3.2. Biomassa Lenhosa Residual na Região dos Sistemas Isolados

O Manejo Florestal Sustentável (MFS) está regulamentado como regime para extração

sustentável de madeira na Amazônia6. A Resolução CONAMA nº 406/2009, define MFS como

“a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais,

respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e

considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies”.

Para o levantamento das áreas de efetivo manejo e do potencial de biomassa lenhosa residual,

foram considerados os dados e as premissas sugeridas pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB),

órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente responsável pela gestão das florestas do

país.

Quanto às áreas passíveis de manejo florestal da Amazônia, foram consideradas as florestas

públicas passíveis de concessão (Floresta Nacional – Flonas, Área de Proteção Ambiental - APA

e florestas federais não-destinadas) e as áreas de Reserva Legal de propriedades particulares

cadastradas no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR)7. Considerando o

contexto da Amazônia, foi adotado que seriam descontados 20% do total das áreas passíveis,

que corresponderiam às Áreas de Preservação Permanente (APP).

Para o cálculo das estimativas de produção madeireira e de resíduo florestal lenhoso, adotou-

se a produtividade média de 18 metros cúbicos de tora industrializável por hectare8, com um

ciclo de 25 anos. De acordo com o SFB, o valor reflete a produtividade média verificada nas

áreas de concessão ou de florestas privadas.

Para se obter o potencial de resíduos, foi considerado que a extração de 1 metro cúbico de

madeira em tora no manejo florestal resulta em 1 metro cúbico de resíduo lenhoso. Na

industrialização, adotou-se um fator de geração de resíduos (serragem, aparas etc.) de 65%.

Deste modo, o fator de produção total de resíduos chega a 1,65 m3/m3 de madeira em tora

processada. Foi adotada uma densidade básica da madeira em tora de 0,8 t/m3 como típica

das espécies amazônicas9. Deste modo, em termos mássicos, os fatores de produção de

resíduo lenhoso por tonelada de madeira em tora extraída são de 0,8 e 0,52, respectivamente

no manejo e na industrialização.

Considerando que as operações variam muito em função do plano de negócio da atividade,

foram adotados valores mais conservadores.

6 Decreto 5.975/2006, Instruções Normativas MMA 04 e 05/2006 e Resolução CONAMA 406/2009. 7 Instrumento de apoio à regularização ambiental criado pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 e

regulamentado pelo Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012. 8 Para toda a Amazônia Legal, foi adotado o percentual de reserva legal para área de florestas que

corresponde a 80%, conforme Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. 9 Este valor foi escolhido com base nos valores de densidade de espécies nativas dados em IPT (2013).

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

20

3.2.1. Florestas em Propriedades Particulares

As atividades agrícola, pecuária e florestal têm grande importância na economia brasileira e

ocupam área de extensão significativa do território nacional. A preservação ou recuperação da

cobertura vegetal, em parte da área das propriedades que exercem estas atividades, é

obrigatória por lei e garante serviços ambientais para a atividade fim da propriedade e para a

Sociedade de modo geral. A Figura 5 apresenta as áreas registradas no Sistema Nacional de

Cadastro Ambiental Rural (SICAR) para preservação da vegetação nativa em imóveis rurais em

todo o Brasil.

Figura 5 - Áreas dedicadas a preservação de vegetação nativa em propriedades rurais

particulares. Fonte: EMBRAPA TERRITORIAL (2018).

As áreas declaradas no SICAR representam as declarações de proprietários/posseiros de

imóveis rurais, assentamentos declarados pelo Incra e alguns órgão estaduais e áreas de

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

21

Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU) declaradas por algumas Unidades de

Conservação (UC) tipo Reservas Extrativistas (RESEX) e Reservas de Desenvolvimento

Sustentável (RDS). Por esta razão, embora de natureza distintas, o mapa do SICAR resulta em

alguma superposição com o mapa das Florestas Públicas apresentado na seção 3.2.2.

O levantamento para esta nota técnica se restringe aos estados da região norte, mais o Mato

Grosso. Os dados, por município, de área florestal em propriedades particulares

potencialmente exploráveis via MFS, foram levantados a partir do CAR e do SFB. Como mostra

a Tabela 5, estes dados estão agrupados em: 1) reserva legal averbada; 2) reserva legal

aprovada e não averbada; e 3) reserva legal proposta.

Tabela 5 – Áreas em florestas particulares passíveis de exploração via manejo sustentável.

Florestas Particulares (FPar)

UF Reserva legal

averbada (ha)

Reserva legal aprovada e não averbada (ha)

Reserva legal proposta

(ha)

Total (ha)

AC 428.669 22.174 4.896.570 5.347.413

AM 375.409 24.353 12.085.203 12.484.965

AP 2.209 9.392 1.989.819 2.001.420

MT 2.891.461 100.422 24.441.712 27.433.595

PA 276.158 32.724 20.735.443 21.044.325

RO 638.335 54.518 3.699.591 4.392.444

RR 49.226 11.816 2.296.374 2.357.416

Total 4.661.467 255.399 70.144.712 75.061.578

Fonte: Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

Para estimar a área de efetivo manejo, foram descontados 20% de APPs. As áreas de efetivo

manejo e a produção potencial de madeira em tora, em terras particulares, são apresentadas

na Tabela 6. Os potenciais madeireiro e de geração de resíduos estão na Tabela 7.

Tabela 6 – Área de efetivo manejo, descontadas as áreas de preservação permanente, em

Florestas Particulares.

Florestas Particulares (FPar)

UF Reserva legal

averbada (ha)

Reserva legal aprovada e não averbada (ha)

Reserva legal proposta

(ha)

Total (ha)

AC 342.935 17.739 3.917.256 4.277.930

AM 300.327 19.482 9.668.162 9.987.972

AP 1.767 7.514 1.591.855 1.601.136

MT 2.313.169 80.338 19.553.370 21.946.876

PA 220.926 26.179 16.588.354 16.835.460

RO 510.668 43.614 2.959.673 3.513.955

RR 39.381 9.453 1.837.099 1.885.933

Total 3.729.174 204.319 56.115.770 60.049.262

Fonte: EPE com base em SFB.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

22

Tabela 7 – Potencial de produção madeireira, m3, e geração de resíduos de biomassa, t, em

Florestas Particulares manejadas.

UF Madeira em tora (m3) Res. Florestal Lenhoso (t) Res. Processamento (t)

AC 3.080.110 2.464.088 1.601.657

AM 7.191.340 5.753.072 3.739.497

AP 1.152.818 922.254 599.465

MT 15.801.751 12.641.401 8.216.910

PA 12.121.531 9.697.225 6.303.196

RO 2.530.048 2.024.038 1.315.625

RR 1.357.872 1.086.297 706.093

Total 43.235.469 34.588.375 22.482.444

Fonte: EPE com base em SFB.

3.2.2. Florestas Públicas Federais

A região norte concentra quase toda a área de Florestas Públicas no Brasil, conforme mostra a

Figura 6. Neste mapa estão identificadas as Florestas Públicas Federais, Estaduais, Municipais,

Florestas Públicas (Federais e Estaduais) não-destinadas e áreas não incluídas no Plano Anual

de Outorga Florestal10 (PAOF) para o ano de 2018 (SFB, 2017).

Esta nota técnica considerou as áreas de florestas públicas federais passíveis de concessão nos

estados da região norte, mais Maranhão e Mato Grosso. Estes dados estão agrupados em: 1)

Área de Proteção Ambiental; 2) Floresta Nacional; e 3) Não-destinada. A Tabela 8 apresenta as

áreas, de acordo com a situação atual.

Tabela 8 – Áreas em florestas públicas passíveis de exploração via manejo sustentável.

Florestas Públicas (FPub)

UF APA (ha) Flona (ha) Floresta não destinada (ha)

Total (ha)

AC 348.618 187.338 535.956

AM 149.722 7.588.785 7.623.581 15.362.089

AP 460.368 1.293.755 1.754.122

MA 189.526 189.526

MT 1.352.722 1.352.722

PA 1.701.761 6.089.261 9.315.204 17.106.227

RO 539.996 3.288.464 3.828.460

RR 428.718 2.981.979 3.410.697

TO 18.987 18.987

Total

FPub 1.851.484 15.455.745 26.251.556 43.558.785

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

10 Publicação anual do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) que tem como objetivo selecionar e descrever as

Florestas Públicas Federais (FPF) habilitadas para concessão, considerando a convergência e o

alinhamento com outras políticas públicas da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

23

No caso das Unidades de Conservação (APAs e Flonas), para estimar a área passível de manejo

florestal, partiu-se do observado nos zoneamentos de unidades de conservação (UC) de tais

categorias e optou-se por considerar que 60% da UC seriam passíveis de manejo florestal e o

restante da área seria destinado a outros usos. Como já mencionado, aos 60% ainda foram

descontados mais 20% de APP.

Figura 6 – Áreas de Florestas Públicas Total do Brasil. Fonte SFB (2017).

A Área de efetivo manejo e a produção potencial de madeira em tora, em terras públicas, são

apresentadas na Tabela 9. Os potenciais madeireiro e de geração de resíduos são

apresentados na Tabela 10.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

24

Tabela 9 – Área de efetivo manejo em Florestas Públicas Federais.

UF APA (ha) Flona (ha) Floresta não destinada (ha)11

Total (ha)

AC 0 167.336 149.871 317.207

AM 71.867 3.642.617 6.098.865 9.813.348

AP 0 220.976 1.035.004 1.255.980

MA 0 0 151.621 151.621

MT 0 0 1.082.178 1.082.178

PA 816.845 2.922.845 7.452.163 11.191.854

RO 0 259.198 2.630.772 2.889.969

RR 0 205.785 2.385.583 2.591.368

TO 0 0 15.189 15.189

Total 888.712 7.418.758 21.001.245 29.308.715

Fonte: EPE com base em SFB.

Tabela 10 – Potenciais madeireiro e de geração de resíduos de biomassa em florestas públicas

federais manejadas.

UF Madeira em tora (m3) Res. Florestal Lenhoso (t) Res. Processamento (t)

AC 228.389 182.711 118.762

AM 7.065.611 5.652.489 3.674.118

AP 904.306 723.445 470.239

MA 109.167 87.334 56.767

MT 779.168 623.334 405.167

PA 8.058.135 6.446.508 4.190.230

RO 2.080.778 1.664.622 1.082.005

RR 1.865.785 1.492.628 970.208

TO 10.936 8.749 5.687

Total 21.102.275 16.881.820 10.973.183

Fonte: EPE com base em SFB.

3.2.3. Potencial Energético da Biomassa Lenhosa Residual nos Sistemas Isolados

Potencial Total

Se toda a área de efetivo manejo fosse explorada e todo o resíduo lenhoso (florestal e

industrial) fosse convertido12 em energia elétrica, quase 46 TWh de energia elétrica poderiam

ser gerados. A capacidade instalada necessária seria de 6,5 GW. O estado do Pará apresenta o

11 Nas áreas de florestas não destinadas, foram descontados apenas os 20% de APP.

12 Considerando os parâmetros dados no Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa Residual de

Referência”.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

25

maior potencial com 2 GW de capacidade instalada. A Tabela 11 apresenta os resultados para

as unidades da federação consideradas neste estudo.

Tabela 11 – Potencial de geração elétrica e de capacidade instalada a biomassa lenhosa

residual de manejo florestal e do processamento da madeira.

UF Geração Elétrica (MWh) Capacidade Instalada (MW)

FPF* FPart** FPF FPart Total

AC 163.248 2.201.601 23 314 337

AM 5.050.357 5.140.226 721 733 1.454

AP 646.380 824.011 92 118 210

MA 78.030 N.D. 11 N.D. 11

MT 556.934 11.294.775 79 1.612 1.691

PA 5.759.794 8.664.228 822 1.236 2.058

RO 1.487.298 1.808.428 212 258 470

RR 1.333.626 970.579 190 138 329

TO 7.817 N.D. 1 N.D. 1

Total 15.083.484 30.903.848 2.152 4.410 6.562

*FPF – Floresta Pública Federal. **FPart – Floresta Particular.

Parte deste potencial se encontra em áreas atualmente atendidas pelo SIN, e a remuneração

pela energia comercializada neste caso segue as regras dos mercados descritos na seção 4.2

desta nota técnica.

Outra parte se encontra na região dos Sistemas Isolados, e apresenta oportunidades distintas.

A seguir, é apresentado o recorte do potencial de biomassa lenhosa residual nesta região.

O mercado de energia dos Sistemas Isolados, considerando a remuneração do combustível

pela substituição do diesel (como será apresentado na Seção 3.2.4), é mais atrativo do que na

região do SIN onde o custo da geração é menor. A subseção seguinte apresenta a estimativa

do potencial energético da biomassa residual nos municípios atendidos pelos Sistemas

Isolados.

Potencial nos Sistemas Isolados

Conforme apresentado na seção 3.1.3, em 2018, a geração a diesel nos Sistemas Isolados será

de quase 2,9 TWh com 996 MW de capacidade instalada, sendo que quase todo o

fornecimento é realizado durante as 24 horas do dia. O potencial de geração de energia a

partir de biomassa lenhosa residual nesta região é seis vezes maior que a geração a diesel

planejada, e comporta uma capacidade instalada de 2,5 GW, conforme mostra a Tabela 12.

Entretanto, uma usina termelétrica a biomassa opera normalmente em regime constante, com

pouca variação de carga ao longo do dia, ao contrário da geração a diesel, que possui maior

flexibilidade. Portanto, a geração a biomassa se apresenta como candidata a geração de base

nos SI.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

26

Tabela 12 – Geração elétrica a diesel planejada para 2018 e potencial oriundo da biomassa

florestal residual, na região dos Sistemas Isolados.

UF

Geração a Diesel Potencial de Biomassa Lenhosa Residual

Cap. Instal. Energia Cap. Instal. Energia - FPF Energia - FPar

(MW) (MWh) (MW) (MWh) (MWh)

AC 64 229.598 143 94.190 909.091

AM 422 1.626.503 1.383 4.762.894 4.927.083

AP 14 46.304 13 32.958 59.262

MT 1 4.938 77 52.997 485.965

PA 151 439.798 332 697.785 1.629.059

RO 120 370.848 282 909.208 1.067.873

RR 224 151.173 278 1.125.766 820.933

Total 996 2.869.162 2.508 7.675.798 9.899.267

Na Seção 3.1.2, verificou-se que a carga de base (com 80% de permanência) para

determinados SI corresponde a cerca de 40% da capacidade instalada a diesel. A Tabela 13

apresenta a capacidade instalada a diesel demandada para geração na base dos SI e a

capacidade instalada a biomassa excedente.

Tabela 13 – Capacidade instalada total a diesel, parcela a diesel na base, capacidade potencial

a biomassa total e na base, nos Sistemas Isolados.

UF Base Diesel dos Sistemas

Isolados (MW) Capacidade Instalada a Biomassa Excedente

(MW)

AC 26 117

AM 169 1.214

AP 5 8

MT 1 76

PA 60 272

RO 48 234

RR 90 188

Total 398 2.109

Desta forma, a partir das premissas adotadas, 398 MW de geração a biomassa lenhosa residual

poderiam ser instalados para operar na base dos sistemas isolados. A demanda por postos de

trabalho para operação e manutenção destas usinas seria de cerca de 6.800 empregos diretos,

conforme usina de referência (Ver Anexo).

O restante do potencial, 2.109 MW, pode atender futuros aumentos de carga nos Sistemas

Isolados. Em caso de interligação destes sistemas ao SIN, esta fonte poderá concorrer nos

leilões do ambiente regulado, ou vender energia no mercado livre.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

27

3.2.4. Remuneração da Biomassa nos Sistemas Isolados

O aproveitamento energético da biomassa lenhosa residual pode ser realizado integrado a

uma indústria madeireira, como modelado no Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa Residual

de Referência”, ou em termelétricas autônomas. No primeiro caso, deve-se observar a devida

alocação do custo da biomassa. Em um empreendimento integrado, considera-se que 71% da

biomassa usada como combustível deve ser alocada à energia excedente que é comercializada

para a distribuidora; o restante deve ser alocado ao uso térmico e ao autoconsumo elétrico.

No caso de uma termelétrica autônoma, todo o custo da biomassa, levantado nas subseções

seguintes deve ser alocado à energia comercializada.

Remuneração Baseada no Valor da Lenha e da Madeira em Tora

Na região dos Sistemas Isolados, observa-se que há intensa atividade madeireira extrativista,

frequentemente não enquadrada em manejo sustentável. Porém, conforme indica a Figura 7,

a produção de lenha e de madeira em tora vem apresentando declínio nos últimos anos (2010

a 2016). A figura apresenta também o preço médio pago ao produtor para estes produtos. A

Figura 8 apresenta os valores máximos observados. Importante ressaltar que no preço pago ao

produtor do IBGE-PEVS não está incluído o custo logístico de transporte do produto até a

unidade de processamento, nem taxas e impostos.

Em 2016, no caso da lenha, que é um produto de utilização energética, o preço médio foi de

R$ 34/t e o máximo de R$ 81/t. Para a madeira em tora, destinada à indústria, o preço médio

foi de R$ 201/t e o máximo de R$ 284/t.

Estes produtos podem ser adotados como referência para a remuneração da biomassa

florestal de manejo utilizada na geração de energia, acrescidos de um custo logístico, taxas e

impostos, para equiparar ao custo combustível da termelétrica.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

28

Figura 7 - Quantidade produzida e preço médio de lenha e madeira em tora nos estados da

região norte (AC, AM, AP, PA, RO, RR e TO), mais Maranhão e Mato Grosso, de 2010 a 2016.

Fonte: IBGE, 2017.

Figura 8 – Preço máximo pago ao produtor de madeira em tora e de lenha nos estados da

região norte (AC, AM, AP, PA, RO, RR e TO), mais Maranhão e Mato Grosso, de 2010 a 2016.

Fonte: IBGE, 2017.

212 252

168 177 190 212 201

0

100

200

300

-

5

10

15

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Pre

ço p

ago

ao

pro

du

tor,

R

$/t

Qu

anti

dad

e P

rod

uzi

da,

m

ilhõ

es

m3

Madeira em Tora

22 25 25 28 28 31 34

0

10

20

30

40

-

5

10

15

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Pre

ço p

ago

ao

pro

du

tor,

R

$/t

Qu

anti

dad

e P

rod

uzi

da,

m

ilhõ

es

m3

Lenha

Quantidade produzida (1.000 m3) Preço pago ao Produtor (R$/t)

285

362

250 261 288 299

284

37 40 40 52 45 45

81

-

50

100

150

200

250

300

350

400

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Pre

ço m

áxim

o p

ago

ao

pro

du

tor,

R$

/t

Madeira em tora Lenha

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

29

Remuneração Baseada no Custo do Óleo Diesel

Como visto na Seção 3.1.4, o custo de importação do óleo diesel, ao preço FOB 2017, resulta

em uma parcela, na energia gerada, de R$ 374/MWh, e o custo final do diesel para os

geradores do Sistema Isolado resulta em R$ 831/MWh.

Considerando um Poder Calorífico Inferior de 3.100 kcal/kg e um rendimento termelétrico de

15%13, foram obtidos os valores de R$ 203/t e R$ 450/t de biomassa, respectivamente, em

relação ao custo de importação e ao custo final ao consumidor do óleo diesel nos Sistemas

Isolados.

A Figura 9 resume os valores que podem servir de referência para a biomassa lenhosa residual

na região dos Sistemas Isolados.

Figura 9 – Valores de referência para remuneração da biomassa lenhosa residual na região dos

Sistemas Isolados.

13 Considerando cogeração de pequeno porte, com caldeiras de baixa pressão.

34

81

201

284

203

450

-

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Possibilidades de remuneração da biomassa

R$

/t b

iom

assa

Preço médio da lenha

Preço máximo da lenha

Preço médio da madeira em tora

Preço máximo da madeira em tora

Custo de importação do diesel

Custo do gerador com diesel

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

30

3.2.5. Viabilidade Econômica

A expansão14 da biomassa nos Sistemas Isolados, substituindo a geração a diesel à medida que

a vida útil deste parque se expira, pode contribuir para a redução do custo de geração e da

importação deste combustível. A operação da capacidade instalada a diesel funcionando na

base do atendimento dos Sistemas Isolados, identificada na Seção 3.1.2, de 398 MW (40% do

total), com fator de capacidade de 80%, resulta numa geração elétrica de cerca de 2,8 TWh.

Dado o consumo específico de diesel (Ver seção 3.1.4), de 0,277 m3/MWh, cerca de 770 mil m3

deste combustível são necessários anualmente. Este consumo de diesel representa um custo

de importação de cerca de R$ 1 bilhão/ano, e um custo para a geração nos Sistemas Isolados

de R$ 2,3 bilhões/ano, parcialmente coberto pela Conta de Consumo de Combustível (CCC) e

repassado para todos os consumidores do SIN. Tributos federais incidentes sobre o diesel

respondem por R$ 240 milhões/ano e estaduais por R$ 500 milhões/ano.

Considerando a termelétrica de referência desta nota técnica, cerca de 5,2 milhões de

toneladas de biomassa por ano são necessárias para substituir o diesel na geração da base. A

remuneração bruta desta biomassa, estimada em relação aos valores de referência apontados

na Seção 3.2.4, varia desde R$ 180 milhões/ano, tendo o preço médio da lenha de extrativismo

na região como referência (o custo de investimento e operação da usina – apresentado a

seguir – é deduzido do potencial de redução dos custos de geração) até R$ 1,8 bilhão/ano, no

caso de se adotar o custo com diesel do gerador (neste caso, descontando o investimento e

operação da usina da remuneração da biomassa).

Com base nos dados das usinas cadastradas nos leilões de energia, o investimento em usinas

térmicas a cavaco de madeira é de cerca de US$ 2.000/kW. Em comparação com usinas

térmicas a bagaço, cujo investimento é de US$ 1200/kW, o maior valor observado se deve à

menor escala do projeto considerado como referência nesta nota técnica. O custo anual de

operação e manutenção (O&M) adotado é de 5% do valor do investimento. Considerando a

vida útil e outros parâmetros técnicos e financeiros obtém-se que a parcela na energia gerada

relativa ao investimento e O&M é de R$ 200/MWh. Este valor anualizado para a geração de

base dos sistemas isolados é de R$ 557.836.800,00. Importante ressaltar que a tecnologia

empregada nestes empreendimentos, ciclo vapor (Rankine), é dominada pela indústria

nacional, que conta com ampla capacidade de desenvolvimento de projetos.

A Figura 10 apresenta o potencial de redução de custos na geração elétrica nos Sistemas

Isolados com a substituição do diesel pela biomassa lenhosa residual, e considerando o

investimento, operação e manutenção das usinas a biomassa. Também são apresentadas

estimativas de arrecadação com tributos15 federais e estaduais sobre o óleo diesel, que, a

princípio, não seriam realizadas com a substituição por biomassa. 14 Como visto anteriormente, no município de Itacoatiara/PA existe a uma usina a biomassa, BK Energia.

15 Foram usados os valores médios dos tributos federais (CIDE e PIS/Cofins) e estaduais (ICMS) para os

estados da região norte, incientes sobre o diesel, de R$ 0,316/litro e R$ 0,658/litro levantados de

FECOMBUSTÍVEIS (2018).

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

31

Figura 10 – Potencial de redução de custos na geração elétrica nos Sistemas Isolados com a

substituição do diesel pela biomassa lenhosa residual.

A remuneração da biomassa pelo valor de referência mais alto, o de equivalência com o custo

do diesel para o gerador, resulta em um aumento de custos de geração. A diferença na parcela

de combustível é nula. Entretanto, a parcela de investimento e O&M é acrescida aos custos.

No outro extremo, a remuneração da biomassa pelos valores médio e máximo da lenha,

resulta em potenciais de redução nos custos anuais de cerca de R$ 1,6 bilhão e R$ 1,3 bilhão,

respectivamente. Estes valores permitem a manutenção da arrecadação federal e estadual

com o diesel, que chega a R$ 750 milhões/ano, resultando em um potencial de redução do

custo de geração (após compensação) entre R$ 850 milhões/ano e R$ 550 milhões/ano.

Caso a remuneração da biomassa tenha como referência o custo de importação do diesel ou o

preço médio da madeira em tora de extrativismo na região, em ambos os casos o potencial de

redução dos custos de geração é de cerca de R$ 700 milhões/ano. Entretanto, a compensação

da arrecadação de tributos com o diesel anula esta redução. Uma análise mais refinada,

considerando a arrecadação dos produtos madeireiros, e benefícios da não importação de

diesel, da emissão evitada de gases de efeito estufa, etc. pode indicar uma condição favorável.

Caso se adote o preço máximo da madeira em tora de extrativismo, o potencial de redução

inicial de R$ 300 milhões/ano, é inferior à perda com a arrecadação com o diesel.

O tratamento dos tributos (federais e estaduais), a devida remuneração da biomassa e a

economia global do Sistema Isolados requerem um estudo mais aprofundado, com ampla

discussão com os atores envolvidos na atividade madeireira e de geração de energia e o

governo.

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

R$

Bilh

õe

s

Preço médio da lenha Preço máximo da lenha

Preço médio da madeira em tora Preço máximo da madeira em tora

Custo de importação do diesel Custo do gerador com diesel

Tributos Federais sobre o diesel Tributos Estaduais sobre o diesel

Total Tributos sobre o diesel

(Potencial de redução de custo de geração)

(Arrecadação de

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

32

4. POTENCIAL DA BIOMASSA RESIDUAL DA INDÚSTRIA MADEIREIRA BASEADA EM PLANTIOS FLORESTAIS

O IBGE registra a produção municipal de madeira em tora para a indústria de papel e celulose,

carvão vegetal, lenha e outros fins, na silvicultura16 e no extrativismo17. Neste capítulo, o foco

é o aproveitamento energético dos resíduos do processamento da madeira em tora em

serrarias, abastecidas por plantios florestais.

4.1. Resíduos da Indústria Madeireira e Potencial Energético

Neste estudo, adota-se o fator de geração de resíduos da indústria madeireira baseada em

plantios de 50%, devido à maior uniformidade esperada das toras. Adicionalmente, para a

estimativa do potencial energético apenas os resíduos do processamento são considerados.

Assume-se que os resíduos da produção florestal são deixados para incorporação ao solo ou

são destinados para outras finalidades.

Os gêneros florestais dominantes nesta atividade são o Eucalyptus e o Pinus. A densidade

básica da madeira varia de acordo com diversos fatores tais como, idade, espécie arbórea,

localização, posição da amostra etc. RIBEIRO & ZANI (1993) apontam valores para o eucalipto

em torno de 0,51 t/m3, havendo espécies de eucalipto com densidades básicas superiores e

inferiores a esse valor. HIGA, KAGEYAMA & FERREIRA (1993) analisaram espécies de Pinus e

obtiveram um valor médio de 0,338 t/m3 para a densidade básica da madeira. Neste estudo,

será adotado um valor de densidade básica típica do Pinus, de 0,338 t/m3, com a motivação de

ser conservador nas estimativas.

O potencial energético dessa biomassa foi estimado com base na termelétrica de referência,

descrita no Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa Residual de Referência”. Os dados de

produção de madeira em toras para outras finalidades, na Silvicultura, por município, foram

obtidos do Levantamento da Produção da Extração Vegetal e Silvicultura para o ano de 2016

(IBGE, 2017). O potencial identificado, com os dados da atividade em 2016, permite uma

capacidade instalada de 633 MW. A Tabela 14 apresenta estes resultados agrupados por

unidade da federação.

16 A denominação é utilizada pelo IBGE para se referir à exploração de florestas plantadas. 17 A denominação é utilizada pelo IBGE para se referir à exploração de florestas naturais.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

33

Tabela 14 - Resumo estadual da produção de madeira em toras para outras finalidades,

potencial de geração de resíduos e de energia elétrica, e de capacidade instalada, em 2016.

UF Madeira em tora

(1.000 m3) Resíduos do Proc.

(1.000 t) Bioeletricidade

(GWh) Cap. Instalada

(MW)

PR 16.976 2.869 1.553 222

SP 8.419 1.423 770 110

SC 7.289 1.232 667 95

RS 6.099 1.031 558 80

MG 4.983 842 456 65

ES 1.472 249 135 19

PA 909 154 83 12

GO 668 113 61 9

BA 435 73 40 6

MS 361 61 33 5

MT 283 48 26 4

AP 241 41 22 3

RJ 241 41 22 3

DF 70 12 6 1

Total 48.499 8.196 4.438 633

Como informado no Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa Residual de Referência”, a usina de

referência de 1 MW de capacidade instalada, demanda 116 postos de trabalho para sua

implantação e 17 para operação e manutenção. Deste modo, considerando apenas a fase de

operação da usina, se todo o potencial de 633 MW de capacidade instalada se realizasse em

projetos de 1 MW, cerca de 10.700 postos de trabalho diretos poderiam ser criados.

A Tabela 15 apresenta, para os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São

Paulo e Minas Gerais, um recorte com os 10 municípios com os maiores potenciais (A relação

destes municípios e os dados calculados estão no Anexo “Municípios com os 10 maiores

potenciais de geração elétrica a biomassa de resíduos de serraria nos estados de RS, SC, PR, SP

e MG”. A capacidade instalada resultante é de 275 MW, cerca de 40% do total.

Tabela 15 – Produção madeireira, potencial de geração de resíduos, de geração elétrica e de

capacidade instalada, 10 municípios com maior potencial, nos 5 estados com maior potencial.

UF Madeira em tora

(1.000 m3) Resíduos do Proc.

(1.000 t) Bioeletricidade

(GWh) Cap. Instalada

(MW)

PR 7.226 1.221 661 94

SP 5.506 931 504 72

MG 2.908 492 266 38

RS 2.904 491 266 38

SC 2.511 424 230 33

Total 21.056 3.558 1.927 275

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

34

4.2. Mercados para a Energia Elétrica de Biomassa Residual

Ao contrário da produção de madeira em toras de florestas nativas, que se encontra

majoritariamente em áreas dos Sistemas Isolados, a produção por meio de plantios florestais

ocorre quase em sua totalidade na área do Sistema Interligado Nacional (SIN). Desta forma, a

remuneração desta energia segue outras oportunidades de mercado, conforme será

apresentado nesta seção.

4.2.1. Leilões de Energia

Os leilões de energia são a principal forma de contratação de empreendimentos de geração

para atendimento da carga das distribuidoras que fazem parte do SIN.

Dada a dimensão das demandas a serem atendidas, nesse ambiente de contratação

predominam grandes empreendimentos. Entretanto, não existe restrição em relação ao

tamanho do empreendimento, conforme pode-se verificar com a participação das UTE’s

Cisframa, ERB Candeias e Predilecta. Desta forma, todo o potencial é elegível a comercializar

energia neste ambiente.

A Tabela 16 apresenta usinas que venderam energia em Leilões de Energia Nova (LEN), gerada

a partir de cavaco ou resíduos de madeira, e que constam como sem pendências.

Tabela 16 – Usinas, a cavaco ou resíduo de madeira, vencedores em Leilões de Energia Nova.

Nome da Usina UF Tipo de Leilão

Realização do Leilão

Pot. (MW)

Preço de Venda

*(R$/MWh)

Início de Suprimento

Cisframa SC LEN 2006 4 254,63 01/01/2009

ERB Candeias BA LEN 2013 17 173,83 01/05/2018

Costa Rica I MS LEN 2014 164 251,91 01/01/2019

Acre AC LEN 2014 164 251,40 01/01/2019

Boltbah BA LEN 2015 50 313,64 01/01/2020

Onça Pintada MS LEN 2016 50 256,62 01/01/2021

Predilecta SP LEN 2016 5 209,98 01/01/2021

Fonte: CCEE, 2018. * Atualizado para dezembro de 2017.

Destaca-se que a maioria é de empreendimentos baseados em floresta energética, que geram

apenas eletricidade, ou seja, sem cogeração. Desta forma, o custo de geração de energia deve

ser mais alto do que em unidades que consomem biomassa residual e fazem cogeração. Vale

destacar o pioneirismo da usina Cisframa, localizada no estado de Santa Catarina, que

corresponde ao modelo de empreendimento de que trata este documento, com uso de

resíduo de indústria madeireira e cogeração de energia.

Neste ambiente, o tipo de empreendimento objeto desta nota técnica poderia comercializar

energia nesta faixa de preços, com vantagem competitiva em relação aos empreendimentos

de biomassa dedicada (florestas energéticas).

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

35

4.2.2. Chamadas Públicas de Geração Distribuída

Neste mercado pode-se alcançar um preço um pouco maior na venda da energia. Os agentes

distribuidores podem contratar energia de geração distribuída no montante de até 10% de sua

carga, conforme o Decreto 5.163 de 2004. Para empreendimentos a biomassa ou resíduos, o

decreto não estabelece restrição quanto à capacidade instalada18, nem eficiência energética19.

É necessário, entretanto, que eles estejam ligados na rede de distribuição para serem

enquadrados como geração distribuída.

A EPE é a responsável pelo cálculo do Valor de Referência Específico (VRES), usado como

preço-teto, que é publicado pelo Ministério de Minas e Energia através de Portaria. Deste

modo, a Portaria MME nº 65 de 2018 estabeleceu o valor de referência específico para

biomassa residual de R$ 349,00/MWh20. Importante salientar que este valor é um preço-teto e

que nos certames a competição entre os agentes geradores deve resultar em deságio.

Destaca-se a expressividade desta fonte, no estado do Paraná, onde o potencial de geração

elétrica se iguala ao mercado potencial de contratação de geração distribuída. No estado de

Santa Catarina, a biomassa residual de serraria tem um potencial de geração de cerca da

metade deste mercado e em Minas Gerais cerca de um quarto.

4.2.3. Compensação via Geração Compartilhada

Outra oportunidade para empreendimentos, que também são consumidores, mas têm

capacidade de gerar energia elétrica excedente, é formar cooperativas, ou condomínios de

consumidores, segundo a Resolução Normativa 482 de 2012 da Aneel. Assim, o excedente

poderia ser transferido para as demais unidades através da rede da distribuidora, por um

mecanismo de compensação.

Entretanto, os empreendimentos devem ser enquadrados como microgeração distribuída, com

até 75 kW de capacidade instalada, ou como minigeração distribuída, com capacidade

instalada acima de 75 kW e até 5 MW. Considerando apenas os municípios com potencial de

capacidade instalada entre 1 MW e 5 MW obtém-se o potencial de 268 MW que poderiam ser

habilitados como minigeração distribuída, conforme dados de 2016.

Os resultados para este conjunto de empreendimentos potenciais, agrupados por Unidade da

Federação, são mostrados na Tabela 20.

18 Para aproveitamentos hidráulicos, o limite de capacidade instalada é de 30 MW.

19 Para empreendimentos termelétricos, inclusive cogeração, exceto a biomassa e resíduos, é exigido

uma eficiência energético de no mínimo 75%.

20 Valor referente a preços de fevereiro de 2018, atualizado anualmente durante a vigência do contrato

pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, publicado pela Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

36

Tabela 17 - Produção de madeira em toras para outras finalidades, potencial de geração de

resíduos, de energia elétrica, e de capacidade instalada entre1 MW e 5 MW em 2016.

UF Madeira em tora (1.000 m3)

Resíduos do Proc. (1.000 t)

Bioeletricidade (GWh)

Cap. Instalada (MW)

PR 6.918 1.169 633 90

SC 4.533 766 415 59

SP 2.805 474 257 37

RS 2.530 428 232 33

MG 1.765 298 162 23

ES 659 111 60 9

GO 441 75 40 6

PA 322 54 30 4

MS 255 43 23 3

AP 125 21 11 2

RJ 92 16 8 1

BA 90 15 8 1

Total 20.534 3.470 1.879 268

Desta forma, caracterizada como geração compartilhada, as unidades consumidoras poderiam

remunerar a energia elétrica a um valor inferior à tarifa final que estas pagam, a qual depende

da classe de consumo. Para ilustrar estes valores, a Tabela 21 apresenta o valor médio da tarifa

final das distribuidoras, agrupado por unidade da federação, para as classes A4 (Alta tensão) e

B1 (Setor residencial), em 2017.

O valor médio mais alto da tarifa A4 foi observado no estado do Amazonas, com

R$ 579,40/MWh, enquanto que a média de todas as unidades da federação foi de

R$ 390,90/MWh. Na classe de consumo residencial (B1), o valor médio mais alto foi de

R$ 881,75/MWh e a média nacional de R$ 727,41/MWh. Esses valores incluem os tributos e

impostos incidentes sobre a energia.

Tabela 18 – Tarifa final média para alta tensão (A4) e residencial (B1), em 2017.

UF Média Tarifa A4 Média Tarifa B1 UF Média Tarifa A4 Média Tarifa B1

AC 339,47 744,53 PB 348,66 693,23

AL 422,07 753,28 PE 376,06 700,73

AM 579,40* 881,75 PI 441,88 808,76

AP 344,60 658,90 PR 455,33 765,89

BA 351,56 666,17 RJ 482,56 805,43

CE 396,82 712,78 RN 361,71 628,57

DF 438,69 703,65 RO 396,01 645,75

ES 441,82 747,45 RR 367,11 597,39

GO 457,57 753,49 RS 420,05 763,25

MA 340,95 843,61 SC 397,11 719,71

MG 340,80 742,78 SE 359,49 760,90

MS 367,42 718,25 SP 344,30 675,06

MT 447,60 748,87 TO 385,66 801,46

PA 446,06 874,45 Brasil 390,90 727,41 * Valor mais alto da tarifa.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

37

5. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

5.1. Impactos Ambientais

Embora sejam evidentes os benefícios do aproveitamento de resíduos florestais, essa atividade

não está isenta de impactos negativos, que devem ser evitados, mitigados ou compensados

para que os projetos sejam sustentáveis. Sendo assim, neste item serão abordados tanto os

benefícios quanto os impactos socioambientais negativos, além das medidas de mitigação

tipicamente associadas a esses projetos.

Para tal, inicialmente serão discutidos aspectos socioambientais relacionados ao

aproveitamento dos resíduos florestais que, para este estudo, foram considerados aqueles

gerados nas atividades de Manejo Florestal Sustentável (MFS) e de processamento da madeira.

Em seguida, serão abordados os aspectos socioambientais envolvidos no seu aproveitamento

na geração elétrica em usinas termelétricas (UTE).

5.1.1. Aspectos quanto ao aproveitamento de resíduos gerados nas atividades de MFS e de processamento de madeira

Nas áreas onde há manejo, os resíduos representam galhos, casca, dentre outros. Geralmente,

ficam na própria área do projeto, teoricamente sendo naturalmente decompostos e

incorporados ao solo. Contudo, quando não se verifica o uso das melhores práticas do manejo

florestal, a disposição de resíduos pode se tornar um problema, favorecendo a propagação do

fogo, compactação do solo e dificultando a regeneração natural da floresta (Imazon, 2002).

Ainda que a retirada desses resíduos possa interferir no balanço de nutrientes e na estrutura

florestal (Braz et al, 2014), esses impactos são difíceis de serem avaliados, uma vez que, em

condições naturais, não é gerado o mesmo montante de resíduo que é produzido em

atividades com caráter exploratório. Nesse sentido, nos Planos de Manejo de Flonas

concedidas, frequentemente há recomendações indicando que a retirada e o aproveitamento

econômico dos resíduos são desejáveis por agregar valor à atividade e evitar os impactos

decorrentes da destinação inadequada.

Quanto aos resíduos provenientes das unidades de processamento de madeira, são compostos

basicamente por serragem e lenha. Segundo WIECHETECK (2009), SILVA (2011) e PAIXÃO et al.

(2014), a indústria madeireira brasileira chama atenção pela baixa eficiência no uso da

matéria-prima, sobretudo da região amazônica. Sendo assim, um grande volume de resíduos é

gerado desde as fases operacionais até o produto final, o que agrava os impactos decorrentes

do tratamento inadequado.

O gerenciamento desses resíduos é atividade importante da cadeia produtiva da madeira, que

envolve o armazenamento, o transporte, o tratamento e a destinação final adequada com

intuito de evitar impactos na área. Entretanto, em muitos casos eles são queimados a céu

aberto ou descartados de forma irregular.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

38

A queima a céu aberto interfere na qualidade do ar com a emissão de gases poluentes e de

efeito estufa, bem como com a emissão de material particulado associado aos resíduos de

cinzas, fuligens e outros materiais. Ressalta-se que a queima pode se tornar um incêndio

descontrolado.

O descarte inadequado pode afetar cursos d’água causando assoreamento e interferindo na

qualidade da água, inclusive causando contaminação em função do chorume produzido pelos

resíduos acumulados ou da presença de substâncias tóxicas usadas no tratamento da madeira.

O acúmulo de grandes montantes de resíduos, além de alterar a paisagem, favorece a

compactação e a contaminação do solo e aumenta o risco de autocombustão, dado que a

serragem é um material altamente inflamável.

Os riscos à saúde e à segurança da população local, a perda de habitats nativos e a degradação

de corpos d’água, do solo e da paisagem são consequências diretas sofridas tanto pelo meio

social, quanto pelos meios físico e biótico. Diante desse quadro, a utilização dos resíduos para

fins energéticos é uma solução para evitar tais impactos, transformando-os em subprodutos e

ainda lhes atribuindo valor econômico.

5.1.2. Aspectos quanto à geração elétrica a partir de resíduos florestais

Considerando o aproveitamento energético dos resíduos na geração termelétrica, vale ainda

mencionar que os impactos associados à implantação de uma nova UTE são mais

preponderantes nas fases de construção e operação da planta. Para sua descrição considerou-

se o livro publicado pela EPE: Energia Termelétrica: Gás Natural, Biomassa, Carvão e Nuclear.

Com relação ao uso e ocupação do solo de usinas termelétricas, os impactos no geral não são

muito expressivos, pois se ocupa uma área relativamente pequena. Dependendo do local

escolhido para implantação da planta termelétrica pode ser necessária supressão de

vegetação ou mudança no uso do solo, também são esperados impactos sobre a fauna em

decorrência da interferência no habitat natural. A medida de mitigação mais importante no

que diz respeito ao tema é uma boa avaliação de alternativas locacionais.

Outro aspecto importante é o transporte do resíduo florestal à usina, que pode gerar impacto

sobre a infraestrutura viária devido ao tráfego de veículos pesados na fase de operação. A

circulação de veículos pesados gera poluição do ar e a sonora que provocam afugentamento

da fauna, além de impactos para a população local. As medidas de mitigação são um bom

planejamento logístico, evitar os horários de maior tráfego, manutenção adequada do

maquinário e a manutenção das vias utilizadas para transporte.

O tema recursos hídricos é importante para as UTEs porque, dependendo da tecnologia de

resfriamento adotada, pode haver consumo expressivo de água, o que impacta na

disponibilidade hídrica para outros usos. O consumo pode ser minimizado em usinas

termelétricas por meio de tecnologias de resfriamento de baixo consumo de água, redução de

desperdícios e reuso de água. Cabe destacar, entretanto, que o uso da água é sujeito à

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

39

outorga, que tem como objetivo garantir os direitos de acesso aos recursos hídricos pela

população e os diversos usos.

Outro ponto a ser observado é a geração de efluentes líquidos, que no caso das usinas a

biomassa são representados pela água de processo e pelo esgoto sanitário. O lançamento da

água de processo e esgoto sanitário sem o devido tratamento pode alterar a qualidade do solo

e da água e, consequentemente, interferir na biota como um todo, especialmente aquática. De

forma a mitigar esses impactos, os efluentes devem ser tratados e dispostos adequadamente,

respeitando-se os limites impostos pelos padrões de lançamento previstos na legislação

ambiental. Além disso, deve-se monitorar os efluentes lançados e a qualidade da água do

corpo hídrico receptor.

Uma das principais preocupações em relação aos impactos da geração termelétrica reside na

emissão de poluentes atmosféricos. Para termelétricas à biomassa destacam-se as emissões

de material particulado, que alteram a qualidade do ar, provocando efeitos na saúde da

população local. Existem diversos tipos de tecnologias para controle de emissão de

particulados que devem ser selecionados considerando aspectos econômicos e os limites de

emissões impostos pela legislação Federal e Estadual.

Com relação à emissão de gases de efeito estufa é importante ressaltar que apenas as

emissões diretas21 da combustão da biomassa e do óleo diesel na geração elétrica foram

consideradas. A biomassa é considerada uma fonte benéfica que contribui para a mitigação

das mudanças climáticas, pois é considerado que o CO2 emitido na combustão é o mesmo que

foi absorvido da atmosfera no processo de fotossíntese realizado pela planta. Portanto,

assume-se um balanço nulo de emissões de CO2.

Do ponto de vista socioeconômico, a usina cria postos de trabalho importantes, em maior

número durante a construção e menor durante a operação. Uma forma de potencializar os

benefícios da geração de empregos e renda na região é priorizar a contratação e capacitação

de mão de obra local. Ressalta-se que o contingente de trabalhadores atraídos pela obra pode

acarretar sobrecarga dos equipamentos e serviços públicos e alteração da organização social,

econômica, cultural e política da região. Como medida mitigadora, é preciso redimensionar os

equipamentos e serviços sociais da região, buscando melhorias na infraestrutura e garantir o

atendimento da população residente, além de ações para fortalecimento da gestão pública.

Cabe ressaltar ainda que no caso da substituição das térmicas a diesel dos sistemas isolados

por usinas termelétricas a biomassa lenhosa residual é necessário observar a correta

desmobilização das unidades evitando a geração de passivos ambientais nessas áreas.

21 Um estudo de ciclo de vida do óleo diesel e da biomassa usados como combustível para a geração

elétrica nos Sistemas Isolados permitiria uma visão mais precisa da vantagem da biomassa,

especialmente devido à sua origem renovável e pela complexa logística de distribuição do óleo diesel na

região amazônica. Entretanto, este estudo não foi incluído no escopo desta nota técnica, ficando como

sugestão de estudos futuros.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

40

5.2. Impactos Tributários

Como dito no capítulo 3.1, atualmente a geração nos Sistemas Isolados acontece

principalmente por meio de usinas termelétricas a diesel, cujo custo é reembolsado pela

CDE/CCC em sua maior parte, ainda que indiretamente em alguns casos (PIE, por exemplo). Na

aquisição desse combustível há a incidência de tributos, como o Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS), cuja alíquota varia de 17% a 25% nos estados da região Norte.

Dessa forma, ao reembolsar o combustível a CCC paga também o ICMS que incide sobre o

mesmo, ou seja, ocorre uma transferência desse recurso para os estados.

Assim, a introdução de novas fontes de geração nos Sistemas Isolados tem o potencial de

reduzir a arrecadação de ICMS pelos estados, necessitando de discussão com os governos a

fim de encontrar maneiras de contornar esse impacto econômico.

Por outro lado, sendo a geração a partir de biomassa de origem florestal potencialmente mais

econômica que a baseada em óleo diesel, como mostrado na Seção 3.2.4, o maior uso dessa

fonte abre a possibilidade de redução dos gastos da CCC, beneficiando os consumidores de

energia elétrica de todo o país.

Importante ressaltar, que o estado do Amazonas cobra uma alíquota de 25% de ICMS sobre a

energia gerada, nos demais estados este tributo não é cobrado. No caso da geração a diesel,

realiza-se uma compensação para evitar bitributação. Na análise apresentada neste

documento, foi considerado que não há incidência de ICMS sobre a geração.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

41

6. BARREIRAS

Algumas dificuldades são observadas quanto à penetração de fontes renováveis para a

geração de energia, o que inclui a geração a partir de biomassa de origem florestal:

• CAPEX e Financiamento – em comparação com a geração convencional a diesel, as

fontes renováveis demandam, em geral, maior custo de investimento, em termos de

R$/kW. Consequentemente, o uso dessas fontes implica ainda em maior custo

associado ao financiamento. Adicionalmente, a geração a biomassa incorre em alto

custo de operação, embora menor que o da geração a diesel, e dificuldade de

comprovar capacidade de abastecimento do combustível.

• O impacto de incertezas relativas às informações sobre os custos de coleta e

transporte do resíduo florestal lenhoso, vis-à-vis a manutenção das salvaguardas do

manejo florestal de impacto reduzido.

• Inovação – risco associado não só ao pioneirismo da fonte, mas também ao aspecto

inovador em relação à região amazônica. Percebe-se, por parte das distribuidoras de

energia elétrica da região Norte, uma preferência pela geração convencional a diesel,

dada sua confiabilidade.

• Custo de oportunidade dos atuais geradores – o suprimento atual da maior parte dos

Sistemas Isolados conta com unidades geradoras a diesel, que poderão ser

desmobilizadas em caso de substituição pela geração a partir de biomassa. Assim, nos

leilões de contratação do atendimento aos Sistemas Isolados, em havendo competição

entre diferentes fontes, os atuais agentes geradores podem aproveitar as instalações

existentes, o que representa uma vantagem competitiva frente a projetos novos,

dificultando a substituição da geração a diesel por outras fontes.

• Cronograma de implantação – uma das vantagens da geração convencional a diesel é

sua facilidade e rapidez de implantação, enquanto tecnologias alternativas podem

demandar um maior prazo. No caso da geração a partir de biomassa florestal, um

projeto totalmente novo, com necessidade de plantio, pode demandar de 3 a 7 anos

para início de operação, considerando o manejo e colheita da biomassa. No caso de

aproveitamento de biomassa existente ou de resíduos provenientes de FLONAs, por

exemplo, essa desvantagem é minimizada, aumentando a competitividade dessa fonte

frente à geração a diesel. De toda forma, é importante que os leilões para

atendimento a sistemas isolados considerem cronogramas factíveis para diversas

fontes, criando condições de competição para as fontes renováveis.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

42

7. ATORES RELEVANTES NA QUESTÃO FLORESTAL E ENERGÉTICA

Dada a complexidade das questões florestais e energéticas, especialmente em relação ao

manejo de florestas nativas na região amazônica e à substituição da geração a diesel nos SI,

uma ampla participação de atores dos diversos setores da sociedade brasileira é desejável para

garantir o sucesso de políticas públicas que tenham por objetivo promover tais atividades.

Esta Seção pretende, de forma não exaustiva, identificar estes principais atores e destacar suas

relações com as questões aqui tratadas.

7.1. Atores Governamentais

Os principais atores governamentais na esfera federal são apresentados nesta seção, assim

como suas atribuições e competências. Em cada unidade da federação existem diversas

instituições relacionadas com os temas de energia, florestas, indústria, meio ambiente, etc.

que precisam ser incluídas nas discussões relacionadas com o objeto deste documento,

principalmente pelo fato de serem esses entes os detentores de informações mais detalhadas.

7.1.1. Ministério de Minas e Energia

O Ministério de Minas e Energia (MME) foi criado em 1960, pela Lei n° 3.782, de 22 de julho de

1960. Anteriormente, os assuntos de minas e energia eram de competência do Ministério da

Agricultura.22

O MME, órgão da administração federal direta, representa a União como Poder Concedente e

formulador de políticas públicas, bem como indutor e supervisor da implementação dessas

políticas nos seguintes segmentos23:

I - geologia, recursos minerais e energéticos;

II - aproveitamento da energia hidráulica;

III - mineração e metalurgia; e

IV - petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive nuclear.

Cabe, ainda, ao Ministério de Minas e Energia:

I - energização rural, agroenergia, inclusive eletrificação rural, quando custeada com recursos

vinculados ao Sistema Elétrico Nacional; e

22 http://www.mme.gov.br/web/guest/acesso-a-informacao/institucional/o-ministerio

23 http://www.mme.gov.br/web/guest/acesso-a-informacao/institucional/competencias

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

43

II - zelar pelo equilíbrio conjuntural e estrutural entre a oferta e a demanda de recursos

energéticos no País.

Veja o documento completo da Portaria nº 108, de 14 de março de 2017.

7.1.2. Ministério do Meio Ambiente24

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), criado em novembro de 1992, tem como missão

formular e implementar políticas públicas ambientais nacionais de forma articulada e pactuada

com os atores públicos e a sociedade para o desenvolvimento sustentável. A visão de futuro

do MMA é ser reconhecido pela sociedade e pelo conjunto de atores públicos por sua

excelência, credibilidade e eficiência na proteção do meio ambiente.

A Lei nº 13.502, de 1º de novembro de 2017, em seu art. 49, dispõe que os seguintes assuntos

constituem a área de competência do Ministério do Meio Ambiente:

I - Órgãos de assistência direta e imediata ao Ministro de Estado:

I - política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos;

II - política de preservação, conservação e utilização sustentável dos ecossistemas, da

biodiversidade e das florestas;

III - proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a

melhoria da qualidade ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais;

IV - políticas para integração do meio ambiente e produção;

V - políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal; e

VI - zoneamento ecológico-econômico.

7.1.3. Empresa de Pesquisa Energética25

A Empresa de Pesquisa Energética – EPE tem por finalidade prestar serviços ao Ministério de

Minas e Energia (MME) na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento

do setor energético, cobrindo energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados e

biocombustíveis. Somos uma empresa pública federal, 100% dependente do Orçamento Geral

da União. A empresa foi criada por meio de medida provisória convertida em lei pelo

Congresso Nacional - Lei 10.847, de 15 de março de 2004. E a efetivação se deu em um decreto

de agosto de 2004.

24 http://www.mma.gov.br/institucional 25 http://www.epe.gov.br/pt/a-epe/quem-somos

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

44

A EPE criada com o objetivo de resgatar a responsabilidade constitucional do Estado nacional

em assegurar as bases para o desenvolvimento sustentável da infraestrutura energética do

país. A partir de sua criação, a atuação da EPE consolidou-se como parte fundamental de um

ciclo de atividades que se inicia com as definições de políticas e diretrizes no âmbito do CNPE –

Conselho Nacional de Política Energética e do MME. A partir dessas definições materializam-se

os estudos e as pesquisas que irão efetivamente orientar o desenvolvimento do setor

energético brasileiro.

7.1.4. IBAMA26

Em 22 de fevereiro de 1989 foi promulgada a Lei nº 7.735, que cria o Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), integrando a gestão ambiental no

país. Até então, havia várias instituições no governo federal com diferentes visões, muitas

vezes contraditórias, para tratar sobre o tema.

De acordo com o Art. 5º da Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, o Ibama tem como

principais atribuições:

I. exercer o poder de polícia ambiental;

II. executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais,

relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de

uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental, observadas as

diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; e

III. executar as ações supletivas de competência da União, de conformidade com a legislação

ambiental vigente.

Outras atribuições:

• Propor e editar normas e padrões de qualidade ambiental.

• O zoneamento e a avaliação de impactos ambientais.

• O licenciamento ambiental, nas atribuições federais.

• A implementação do Cadastro Técnico Federal.

• A fiscalização ambiental e a aplicação de penalidades administrativas.

• A geração e a disseminação de informações relativas ao meio ambiente.

26 http://www.ibama.gov.br/institucional/sobre-o-ibama#atribuicoes

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

45

• O monitoramento ambiental, principalmente no que diz respeito à prevenção e

controle de desmatamentos, queimadas e incêndios florestais.

• O apoio às emergências ambientais.

• A execução de programas de educação ambiental.

• A elaboração do sistema de informação.

• O estabelecimento de critérios para a gestão do uso dos recursos faunísticos,

pesqueiros e florestais; dentre outros.

7.1.5. Serviço Florestal Brasileiro (SFB)27

O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) tem a missão de promover o conhecimento, o uso

sustentável e a ampliação da cobertura florestal, tornando a agenda florestal estratégica para

a economia do país.

A Lei de Gestão de Florestas Públicas (11.284/2006), que criou o SFB, estabelece, no artigo 55,

as competências do órgão. De acordo com a Lei, o SFB atua exclusivamente na gestão das

florestas públicas e tem por competência:

• Exercer a função de órgão gestor prevista no art. 53 desta Lei, no âmbito federal, bem

como de órgão gestor do FNDF.

• Apoiar a criação e gestão de programas de treinamento, capacitação, pesquisa e

assistência técnica para a implementação de atividades florestais, incluindo manejo

florestal, processamento de produtos florestais e exploração de serviços florestais.

• Estimular e fomentar a prática de atividades florestais sustentáveis madeireira, não

madeireira e de serviços.

• Promover estudos de mercado para produtos e serviços gerados pelas florestas.

• Propor planos de produção florestal sustentável de forma compatível com as

demandas da sociedade.

• Criar e manter o Sistema Nacional de Informações Florestais integrado ao Sistema

Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente.

• Gerenciar o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, exercendo as seguintes funções:

a) Organizar e manter atualizado o Cadastro-Geral de Florestas Públicas da

União. 27 http://www.florestal.gov.br/institucional

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

46

b) Adotar as providências necessárias para interligar os cadastros estaduais e

municipais ao Cadastro Nacional.

• Apoiar e atuar em parceria com os seus congêneres estaduais e municipais.

No exercício de suas atribuições, o SFB promoverá a articulação com os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios, para a execução de suas atividades de forma compatível com as

diretrizes nacionais de planejamento para o setor florestal e com a Política Nacional do Meio

Ambiente.

Para a concessão das florestas públicas sob a titularidade dos outros entes da Federação, de

órgãos e empresas públicas e de associações de comunidades locais, poderão ser firmados

convênios com o Ministério do Meio Ambiente, representado pelo SFB.

7.1.6. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)28

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime especial vinculada ao

Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular o setor elétrico brasileiro, por meio da

Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997.

A ANEEL iniciou suas atividades em dezembro de 1997, tendo como principais atribuições:

• Regular a geração (produção), transmissão, distribuição e comercialização de energia

elétrica;

• Fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as concessões,

as permissões e os serviços de energia elétrica;

• Implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à exploração da

energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos;

• Estabelecer tarifas;

• Dirimir as divergências, na esfera administrativa, entre os agentes e entre esses

agentes e os consumidores, e

• Promover as atividades de outorgas de concessão, permissão e autorização de

empreendimentos e serviços de energia elétrica, por delegação do Governo Federal.

28 http://www.aneel.gov.br/a-aneel

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

47

7.1.7. Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM)29

O Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) tem caráter permanente e foi

instituído pelo Decreto nº 6.263/2007 com o papel de orientar a elaboração, implementação,

monitoramento e avaliação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

Cabe ao CIM apoiar a articulação internacional necessária à execução de ações conjuntas,

troca de experiências, transferência de tecnologia e capacitação, assim como identificar ações

necessárias de pesquisa e desenvolvimento e promover a disseminação do Plano Nacional

sobre Mudança do Clima, além de propor sua revisão periódica. O CIM é composto por 16

Ministérios e pela Casa Civil, que o coordena.

7.2. Atores de Direito Privado em colaboração com o Estado

7.2.1. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)30

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão responsável pela coordenação e

controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema

Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob

a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Instituído como uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação civil sem

fins lucrativos, o ONS foi criado em 26 de agosto de 1998, pela Lei nº 9.648, com as alterações

introduzidas pela Lei nº 10.848/2004 e regulamentado pelo Decreto nº 5.081/2004.

Para o exercício de suas atribuições legais e o cumprimento de sua missão institucional, o ONS

desenvolve uma série de estudos e ações exercidas sobre o sistema e seus agentes

proprietários para gerenciar as diferentes fontes de energia e a rede de transmissão, de forma

a garantir a segurança do suprimento contínuo em todo o país, com os objetivos de:

(a) promover a otimização da operação do sistema eletroenergético, visando ao menor custo

para o sistema, observados os padrões técnicos e os critérios de confiabilidade estabelecidos

nos Procedimentos de Rede aprovados pela Aneel;

(b) garantir que todos os agentes do setor elétrico tenham acesso à rede de transmissão de

forma não discriminatória; e

(c) contribuir, de acordo com a natureza de suas atividades, para que a expansão do SIN se

faça ao menor custo e vise às melhores condições operacionais futuras.

29 http://www.mma.gov.br/clima/grupo-executivo-sobre-mudanca-do-clima

30 http://ons.org.br/pt/paginas/sobre-o-ons/o-que-e-ons

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

48

7.2.2. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)31

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE viabiliza as atividades de compra e

venda de energia em todo o País, promovendo discussões voltadas à evolução do mercado.

Constituída em 2004 como associação civil sem fins lucrativos, a CCEE sucede a Administradora

de Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica – Asmae (1999) e o Mercado Atacadista

de Energia Elétrica – MAE (2000).

A CCEE é responsável pela contabilização e pela liquidação financeira no mercado de curto

prazo de energia. A instituição é incumbida do cálculo e da divulgação do Preço de Liquidação

das Diferenças - PLD, utilizado para valorar as operações de compra e venda de energia.

A CCEE atua, ainda, desde a medição da energia gerada e efetivamente consumida até a

liquidação financeira dos contratos de compra e de venda no mercado de curto prazo.

Também promove os leilões de energia, sob delegação da Agência Nacional de Energia Elétrica

– Aneel.

Entre as atribuições principais da instituição, incluem-se ainda:

• Implantar e divulgar regras e procedimentos de comercialização;

• Fazer a gestão de contratos do Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e do

Ambiente de Contratação Livre (ACL);

• Manter o registro de dados de energia gerada e de energia consumida;

• Realizar leilões de compra e venda de energia no ACR, sob delegação da Aneel;

• Realizar leilões de Energia de Reserva, sob delegação da Aneel, e efetuar a liquidação

financeira dos montantes contratados nesses leilões;

• Apurar infrações que sejam cometidas pelos agentes do mercado e calcular

penalidades;

• Servir como fórum para a discussão de ideias e políticas para o desenvolvimento do

mercado, fazendo a interlocução entre os agentes do setor com as instâncias de

formulação de políticas e de regulação.

31 http://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/quem-somos?_adf.ctrl-

state=fpoyfmczd_50&_afrLoop=127003797737912#!

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

49

7.3. Atores Não Governamentais

A relação de atores não governamentais apresentada aqui não é exaustiva. A ampla divulgação

dos estudos para a sociedade deve permitir que outros atores sejam identificados.

7.3.1. Instituto de Energia e Meio Ambiente32

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) é uma Organização da Sociedade Civil de

Interesse Público (OSCIP) sem fins lucrativos, voltada a produzir e disseminar conhecimento

técnico-científico em temas de impacto no ambiente urbano, com ênfase na mobilidade, na

qualidade do ar, em energia e na redução de emissões de gases de efeito estufa. Ao mesmo

tempo em que gera subsídios técnicos, o IEMA busca integrar-se a diferentes coletivos da

sociedade civil organizada e ao próprio poder público, sempre na perspectiva do

aperfeiçoamento e implantação de políticas setoriais de interesse comum, da melhoria da

qualidade ambiental e do bem-estar das pessoas.

Criado em 2006, o Instituto tem hoje entre seus apoiadores importantes organizações como a

William and Flora Hewlett Foundation, a Oak Foundation, a Charles Stewart Mott Foundation,

o Instituto Clima e Sociedade (ICS) e o Global Environment Facility (GEF), como financiador de

projeto.

O IEMA tem como missão contribuir para a formulação, implantação e avaliação de políticas

públicas voltadas à melhora das condições de mobilidade e da qualidade do ar nos centros

urbanos e à redução de emissões de gases de efeito estufa, em especial no setor de transporte

e energia.

7.3.2. Indústria Brasileira de Árvores

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação

institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria, junto a seus

principais públicos de interesse.

Lançada em abril de 2014, a entidade representa as 60 empresas e nove entidades estaduais

de produtos originários do cultivo de árvores plantadas, com destaque para painéis de

madeira, pisos laminados, celulose, papel, florestas energéticas e biomassa, além dos

produtores independentes de árvores plantadas e investidores financeiros.

A Ibá reúne as empresas que participavam da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de

Madeira (Abipa), da Associação Brasileira da Indústria de Piso Laminado de Alta Resistência

(Abiplar), da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) e da

Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

32 http://www.energiaeambiente.org.br/quem-somos/#missao

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

50

Com o objetivo de valorizar os produtos originários dos cultivos de pinus e eucalipto e demais

espécies plantadas para fins industriais, a Ibá atua em defesa dos interesses do setor junto a

autoridades e órgãos governamentais, entidades da cadeia produtiva de árvores plantadas e

importantes setores da economia, organizações socioambientais, universidades, escolas,

consumidores e imprensa – tanto nacional como internacionalmente.

A missão da Ibá é incrementar a competitividade do setor e alinhar as empresas associadas no

mais elevado patamar de ciência, tecnologia e responsabilidade socioambiental ao longo de

toda a cadeia produtiva das árvores, na busca por soluções inovadoras para o mercado

brasileiro e global.

7.3.3. Instituto Nacional de Eficiência Energética33

O INEE é uma organização não governamental sem fins lucrativos. Seu objetivo é promover o

aumento da eficiência na transformação e na utilização de todas as modalidades de energia

em benefício da economia, do meio ambiente e da maior segurança quanto ao acesso à

energia e bem-estar da sociedade.

O INEE constitui um fórum para comunicação entre entidades-chave envolvidas na otimização

do uso da energia e procura conscientizar a sociedade com relação às possibilidades de

economia de energia e seus benefícios. Procura também reduzir as diversas barreiras de

mercado que impedem a implantação de medidas de custo/benefício favorável.

O INEE atua para reduzir as imperfeições do mercado, melhorar o grau de informação sobre a

eficiência e apoiar a criação de legislação, normas e regulamentos através da promoção de

programas, projetos e eventos.

7.3.4. Greenpeace34

O Greenpeace é uma instituição sem fins lucrativos e independente, que não aceita doações

de governo, empresas ou partidos políticos. Seu trabalho é integralmente financiado por

milhões de doadores de todo o mundo. A independência econômica do Greenpeace garante

transparência, liberdade de posicionamento e expressão, permitindo que assuma riscos e

confronte alvos e comprometendo-se exclusivamente com os indivíduos e com a sociedade

civil.

A missão do Greenpeace é:

• Proteger a floresta amazônica, bioma de grande biodiversidade, hábitat de milhares de

espécies, milhões de pessoas e fundamental para o equilíbrio climático do planeta.

33 http://www.inee.org.br/sobre_quem.asp?Cat=sobre 34 http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/Missao-e-Valores-/

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

51

• Estimular o investimento em energia renovável e eficiência energética, reduzindo as

emissões de gases do efeito estufa.

• Defender os oceanos com a criação de uma rede de unidades de conservação e o

estímulo da pesca sustentável.

• Trabalhar pela paz, enfrentando as causas de conflito e eliminando a produção de

energia e armas nucleares.

• Incentivar a agricultura segura e sustentável, rejeitando os organismos geneticamente

modificados.

7.3.5. Fórum Brasileiro de Mudança do Clima35

O Fórum é o espaço de concertação de atores da sociedade e do Estado, de todo o Brasil. Foi

criado em 2000 para conscientizar e mobilizar a sociedade para a discussão e tomada de

posição sobre os problemas decorrentes da mudança do clima (Decretos Presidenciais

3.515/2000 e 28/8/2000). Em 2009, o Fórum foi reconhecido como um dos instrumentos

institucionais da Política Nacional de Mudanças Climáticas (Lei 12.187/2009). Em 2017, foi

reformulado e passou a se chamar Fórum Brasileiro de Mudança do Clima.

O Fórum produz deliberações e articula-se com as demais instâncias de governança climática

no país. A intenção é que produza orientações estratégicas e de grande alcance, obtidas por

consenso, deixando às demais instâncias do Executivo as definições de cunho operacional.

35 https://www.fbmc.com.br/informacoes-importantes

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

52

8. CONCLUSÕES

8.1. Sobre o Aproveitamento da Biomassa Residual de Manejo Sustentável na Região dos Sistemas Isolados

O estudo aponta um potencial energético significativo oriundo do aproveitamento dos

resíduos do manejo florestal e do processamento da madeira em tora na região norte do país

(incluindo os estados do Mato Grosso e do Maranhão) da ordem de 6,5 GW (2,1 em Florestas

Públicas Federais e 4,4 em Florestas Particulares). Cabe ressaltar que apenas a disponibilidade

física da biomassa, nas tipologias florestais apresentadas, foi considerada. Outras variáveis,

específicas de cada área passível de manejo, não foram consideradas e podem interferir na

realização do potencial estimado.

Limitando o escopo geográfico aos municípios atendidos por Sistemas Isolados, o potencial

destes resíduos de biomassa soma cerca de 2,5 GW de capacidade instalada, gerando uma

quantidade de energia seis vezes maior que atual demanda.

Considerando introduzir esta biomassa apenas na geração de base a diesel nos sistemas

isolados, a capacidade instalada seria de 398 MW. A instalação desta capacidade, na forma de

usinas conforme o projeto de referência descrito no Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa

Residual de Referência”, representaria um total de 6.800 postos de trabalho diretos.

A potência excedente, cerca de 2,1 GW, pode se viabilizar com o aumento do consumo de

energia nos sistemas isolados ou com a conexão dos Sistemas Isolados aos SIN.

A remuneração da biomassa pelo custo do diesel para o gerador nos Sistemas Isolados, resulta

em um preço de R$ 450/t. Entretanto, nessa opção, a viabilidade econômica é comprometida,

pois resulta em um aumento dos custos de geração, além da perda de arrecadação com o

diesel.

Caso se adote, como referência, os preços de lenha de extrativismo na região, cujo valor mais

alto em 2016 foi de R$ 81/t de lenha, observa-se uma potencial redução dos custos de geração

de cerca de R$ 550 milhões de reais ao ano, mesmo mantendo a arrecadação equivalente ao

consumo de diesel.

Adotando-se o preço médio da madeira em tora ou o custo de importação do diesel, e

mantendo a arrecadação incidente sobre o diesel evitado, praticamente se anula o benefício

econômico. Há que se pesar que atualmente o diesel é importado, e sua substituição por uma

fonte nativa é desejável do ponto de vista nacional.

O potencial de biomassa lenhosa residual na região amazônica é enorme. Mas em grande

parte depende de atividade madeireira ainda a se desenvolver, tanto para o manejo florestal

sustentável, quanto para a industrialização das toras.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

53

A remuneração desta biomassa para uso energético pode ser mais atraente, em alguns casos,

que o próprio mercado madeireiro, conforme se verifica pelo preço médio pago pela madeira

de extrativismo. Entretanto, a necessidade de remunerar o investimento e operação da usina a

biomassa, e a carga de impostos e tributos pode reduzir significativamente a margem da

atividade.

Em especial, a arrecadação estadual de ICMS sobre o diesel constitui uma receita importante,

que possivelmente os estados desejem manter. Uma análise mais profunda dos custos de

geração com diesel e com biomassa, e dos impactos econômicos da substituição de fontes

energéticas é necessária para refinar a percepção dos benefícios e barreiras.

8.2. Sobre o Aproveitamento da Biomassa Residual de Serrarias na Área do SIN

Foi estimado um potencial de cerca de 633 MW de capacidade instalada de biomassa residual

do processamento de madeira em tora, concentrada nos estados da região sul, São Paulo e

Minas Gerais. Esta energia pode ser gerada de forma distribuída, resultando em benefícios

para o Sistema Elétrico.

A implantação de todo este potencial em usinas de 1 MW poderia gerar cerca de 10.761

empregos diretos na sua operação e manutenção, considerando 17 postos de trabalho por

usina termelétrica a biomassa (Ver Tabela 20 do Anexo “Usina Termelétrica a Biomassa

Residual de Referência”).

As oportunidades de comercialização desta energia incluem os leilões no ambiente regulado,

as chamadas públicas de geração distribuída e a compensação via geração compartilhada. Os

preços pagos pela energia nos leilões do ambiente regulado tendem a ser inferiores aos das

chamadas públicas de geração distribuída específicos para a fonte biomassa residual, que

atualmente é de R$ 349/MWh. Na geração compartilhada, a referência para remuneração é o

preço pago pelos consumidores, da ordem de R$ 800/MWh.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

54

REFERÊNCIAS

BARRETO, E. J. F (Coord.). Combustão e Gaseificação de Biomassa Sólida. Brasília: Ministério

de Minas e Energia, 2008. 193 p. (Soluções energéticas para a Amazônia). Disponível em:

http://livroaberto.ibict.br/handle/1/863. Acesso em: 26 abr. 2018.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 406. 2009. Estabelece parâmetros técnicos a serem adotados

na elaboração, apresentação, avaliação técnica e execução de Plano de Manejo Florestal

Sustentável- PMFS com fins madeireiros, para florestas nativas e suas formas de sucessão no

bioma Amazônia. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=597. Acesso em: 15 mai. 2018.

BRAZ, R. L.; NUTTO, L.; BRUNSMEIER, M.; BECKER, G.; SILVA, D. A. Resíduos da colheita

florestal e do processamento da madeira na Amazônia – uma análise da cadeia produtiva.

Journal of Biotechnology and Biodiversity, Vol. 5, N.2: pp. 168-181, May, 2014. Disponível em:

https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/JBB/article/download/1216/8099/. Acesso

em: 26 abr. 2018.

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Resultado Consolidado dos Leilões de

Energia Elétrica por Contrato. 2018.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional – Ano Base 2016. 2017.

HIGA, A. R.; KAGEYAMA, P. Y.; FERREIRA, M. Variação da densidade básica da madeira de

Pinus elliottii var elliottii e Pinus taeda. IPEF (Atual Scientia Forestalis) n.7, p.79-91, 1973.

Disponível em: http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr07/cap03.pdf

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Extração Vegetal e da

Silvicultura para o ano de 2016. Consultado através do sítio da internet:

https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pevs. 2017.

IMAZON. Expansão madeireira na Amazônia: Impactos e perspectivas para o

desenvolvimento sustentável no Pará/ Editado por Ana Cristina Barros e Adalberto Veríssimo.

Belém: Imazon, 2002. Disponível em: imazon.org.br/PDFimazon/.../livros/a-expansao-

madeireira-na-amazonia-impactos-e.pdf. Acesso em: 26 abr. 2018.

INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética. Aproveitamento energético dos resíduos

industriais de madeira provenientes do manejo florestal sustentável no Noroeste do Estado

de Mato Grosso - Relatório Final. Janeiro de 2003.

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change. Guidelines for National Greenhouse Gas

Inventories. Volume 2 – Energia. Capítulo 2 – Combustão Estacionária. 2006.

IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológica. Catálogo de madeiras brasileiras para a construção

civil. [coordenação Augusto Rabelo Nahuz]. -- São Paulo. 2013.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

55

ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico. Plano Anual de Operação dos Sistemas Isolados

para 2018 (PEN SISOL 2018). 2017.

PAIXÃO, C. P. S.; FERREIRA, E.; STACHIW, R. Produção e destinação dos resíduos gerados em

serrarias no município de Rolim de Moura-RO. Revista Brasileira de Ciências da Amazônia, v.

3, n. 1, p. 47-56, 2014. Disponível em:

www.periodicos.unir.br/index.php/rolimdemoura/article/view/1181/0. Acesso em: 26 abr.

2018.

RIBEIRO, F. de A. & ZANI, J. Variação da densidade básica da madeira em

espécies/procedências de Eucalyptus spp. Revista IPEF (Atual Scientia Forestalis) - Edição Nº

46. Jan-Dez de 1993. Disponível em: http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr46/cap06.pdf

SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa. Emissões

totais. Disponível em: http://plataforma.seeg.eco.br/total_emission. Acessado em 2018.

SILVA, J. L. P. Aproveitamento de resíduos da indústria madeireira para geração de energia

elétrica – o caso da empresa B. K. Energia Itacoatiara Ltda. no estado do Amazonas.

Trabalho de especialização em Gestão da Indústria Madeireira. Universidade Federal do

Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em:

www.acervodigital.ufpr.br/.../JOSE%20LAZARO%20PINHEIRO%20DA%20SILVA.... Acesso em:

26 abr. 2018.

WIECHETECK, M. Projeto PNUD BRA 00/20: Apoio às Políticas Públicas na Área de Gestão e

Controle Ambiental. Sumário Executivo: Aproveitamento de resíduos e subprodutos

florestais, alternativas tecnológicas e propostas de políticas ao uso de resíduos florestais

para fins energéticos. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Mudanças Climáticas e

Qualidade Ambiental. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Curitiba, 2009. 40 p. Disponível

em: www.mma.gov.br/estruturas/164/_publicacao/164_publicacao10012011033501.pdf.

Acesso em: 26 abr. 2018.

SFB – Serviço Florestal Brasileiro. Plano Anual de Outorga Floresta (PAOF) 2018. Brasília – DF.

Disponível em: www.florestal.gov.br/publicacoes/1148-plano-anual-de-outorga-florestal-paof-

2018. 2017.

EMBRAPA TERRITORIAL. Agricultura e Preservação Ambiental. Disponível em:

https://www.embrapa.br/car. Acessado em 30 de julho de 2018.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

56

ANEXOS

Usina Termelétrica a Biomassa Residual de Referência

A usina termelétrica de referência foi modelada como sendo um empreendimento integrado a

uma unidade de industrialização de toras de madeira ou a um polo madeireiro, realizando

cogeração de energia, ou seja, geração simultânea de energia térmica e de energia elétrica,

para usos subsequentes. Assume-se que a planta opera em 80% do tempo no ano,

correspondente ao Fator de Capacidade. Este modelo busca representar um parque de

pequenas centrais termelétricas à biomassa residual para permitir estimativas do potencial de

oferta de energia elétrica.

Empreendimentos termelétricos associados ao beneficiamento de madeira em tora de

produzida por manejo florestal na Amazônia, utilizam como combustível o resíduo florestal

lenhoso e o resíduo do processamento das toras.

Para o caso de empreendimentos baseados na atividade madeireira com florestas plantadas,

considera-se apenas o resíduo do beneficiamento.

O vapor gerado na caldeira é direcionado para uma turbina de condensação e extração

acoplada a um gerador elétrico. Uma parte do vapor é extraído para ser utilizado na estufa. O

restante percorre toda a turbina, e é sugado pelo condensador à vácuo.

O rendimento termelétrico, relação entre a energia elétrica gerada e a energia química

liberada pelo combustível, é função da pressão e da temperatura do vapor na entrada, na

extração e na saída da turbina, e da quantidade de vapor extraído. Estes parâmetros são

específicos de cada projeto, o que inclui a serraria, a secagem da madeira, o mercado local de

eletricidade e a própria termelétrica. Em INEE (2003), este rendimento é de cerca de 12%, e o

excedente de energia elétrica comercializável é dimensionado para o escopo daquele estudo.

Consequentemente, apenas 37% de todo resíduo gerado é usado como combustível,

considerando apenas o resíduo da serraria.

Neste documento, pretende-se consumir toda a biomassa residual disponível, inclusive a

produzida no manejo florestal no campo. Desta forma uma quantidade maior de vapor será

destinada apenas à geração elétrica, em relação à quantidade extraída para aquecimento.

Assim o rendimento termelétrico deverá ser maior, de 15%.

A energia térmica do vapor extraído da turbina é utilizada em estufas para secagem da

madeira, o que agrega valor ao produto. Considera-se que 100% da madeira serrada é enviada

para a estufa. Nesta condição, o consumo específico de vapor, a 8,7 bar de pressão, é de

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

57

0,9 t vapor/m3 de tora processada, ou 0,636 MWh térmicos/m3 tora (INEE, 2003). O

condensado da estufa, a 90oC retorna para o tanque que alimenta a caldeira.

Parte da energia elétrica gerada é consumida pela unidade ou polo madeireiro, com um

consumo específico de 72,4 kWh/m3 de tora processada (INEE, 2003).

Nas condições da termelétrica de referência, a geração de energia elétrica total é de

520 kWh/m3 de tora processada (542 kWh/t combustível) e a energia exportável é de

447 kWh/m3 de tora (466 kWh/t combustível). O rendimento global da cogeração é de 35%.

A Figura 11 apresenta o fluxograma da termelétrica de referência integrada ao processamento

e secagem da madeira. Os parâmetros técnicos do modelo são dados na Tabela 19.

Figura 11 – Usina termelétrica de referência a biomassa, integrada à industrialização da

madeira.

É importante alocar adequadamente o consumo de combustível entre os serviços energéticos

realizados. Foi escolhido o método de alocação em base energética, tomando a energia

térmica fornecida à turbina como referência. Deste modo, a estufa responde por 17% do

consumo do combustível, o autoconsumo elétrico por 12% e a energia comercializada por

71%.

36 Assumiu-se que o vapor é extraído para a estufa na condição de superaquecido a 8,7 bar e 200oC.

Adicionalmente foi descontada a energia contida no condensado.

Armazen/to Res. Serraria

Armazen/to Res. Florestal

Caldeira

Processa/to Res. Florestal

Combustível para Caldeira

Turbina C.E. com Gerador

Serraria ou Polo Madeireiro

Madeira em tora

Resíduo Florestal

Estufa

Madeira Serrada Madeira Seca

Eletricidade para Rede

Eletricidade

Eletricidade

Trata/to Água para Caldeira Condensador

Água Bomba

Resíduo Serraria

Bomba

Fronteira do sistema da termelétrica

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

58

Tabela 19 - Parâmetros técnicos da usina de referência.

Parâmetros Valor Unidade

Processamento da madeira e do resíduo do manejo

Densidade básica da tora 0,8 t/m3

Fator de geração de resíduos no processamento 50%

Resíduo do processamento 0,4 t resíduo serraria/m3 tora

Fator de geração de resíduos no manejo florestal 100%

Resíduo do manejo 0,8 t resíduo manejo/m3 tora

Consumo interno específico de energia

Eletricidade 0,072 MWh-e/m3 tora

Vapor 0,89 t vap ext/m3 tora

0,61 MWh-t vap ext/m3 tora

Cogeração

Fator de Capacidade 80%

Total de resíduos 1,2 t res total/m3 tora

Fator de aproveitamento do resíduo 80%

Disponibilidade específica de resíduos (Combustível) 0,96 t comb (=res disp)/ m3 tora

Geração específica de vapor para estufa 0,93 t vap ext/t comb

0,63 MWh-t vap ext/t comb

Poder Calorífico Inferior do combustível 3,61 MWh-t bio/t bio

Geração elétrica potencial por m3 tora 0,520 MWh-e elet total/m3 tora

Geração elétrica potencial por t de combustível 0,542 MWh-e elet total/t comb

Consumo específico de combustível 1,85 t comb/MWh-e elet total

Rendimento global cogeração 33%

Rendimento termelétrico 15%

Excedente de energia elétrica

Geração elétrica excedente por m3 tora 0,447 MWh-e elet exc/m3 tora

Geração elétrica excedente por t de combustível 0,466 MWh-e elet exc/t comb

Alocação do combustível com base na energia do vapor de alta

Estufa 17%

Autoconsumo elétrico 12%

Comercialização de energia 71%

Geração de empregos diretos pela Usina Termelétrica

Tanto na construção, como na operação da usina termelétrica, cria-se uma demanda de mão

de obra com variado nível de qualificação, conforme mostra a Tabela 20. A mão de obra

demandada na fase de implantação é temporária. Mas com uma demanda firme de projetos

em cada região pode-se esperar um mercado de trabalho sólido para estes profissionais e para

empresas. Os empregos fixos diretos somam 17 por usina.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

59

Tabela 20 – Demanda de mão de obra direta na implantação e na operação e manutenção da

usina termelétrica (INEE, 2003).

Demanda de mão-de-obra direta na implantação

Nível Formação Quant.

Superior Engenheiro Eletricista 2

Superior Engenheiro Mecânico 2

Superior Engenheiro Civil 2

Superior Engenheiro Eletrônico 2

Médio Projetista 5

Médio Desenhista 6

Médio Eletrotécnico 3

Médio Civil 2

Médio Mecânico 4

Médio Eletrônico/Automação 2

M.O. Qualificada Eletricista 12

M.O. Qualificada Caldeireiro 6

M.O. Qualificada Soldador 7

M.O. Qualificada Pedreiro 8

M.O. Qualificada Pintor 3

M.O. Qualificada Encanador 2

M.O. Qualificada Isolador 2

M.O. Qualificada Armador 3

M.O. não-Qualificada Servente 43

Total 116

Demanda de mão de obra direta na operação e manutenção

Nível Formação Quant.

Superior Engenheiro Mecânico 1

Médio Técnico Mecânico 4

Médio Técnico Eletrotécnico 4

Médio Técnico Operador 8

Total 17

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

60

Balanço Nacional da Oferta de Óleo Diesel

O Brasil não produz todo o óleo diesel que consome, o que leva à necessidade de importação

de um volume significativo, que chegou a 19% do consumo interno total (Geração Elétrica e

Consumo Final) em 2014, e registrou 16% em 2016, de acordo com dados do Balanço

Energético Nacional (EPE, 2017), como mostra a Tabela 21.

Tabela 21 – Produção, importação, geração elétrica e consumo final de diesel, em 1.000 m3.

Fluxo 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Produção 41.429 42.891 45.576 49.168 49.302 49.059 44.804

Importação 9.007 9.333 9.719 10.024 11.275 6.940 8.469

Geração Elétrica 2.430 2.405 3.006 3.020 3.704 2.754 1.340

Consumo Final 46.711 48.865 51.838 54.764 55.671 52.808 50.818

Import./Cons. 18% 18% 18% 17% 19% 12% 16%

De acordo com os dados registrados no Sistema AliceWeb do Ministério da Indústria, Comércio

Exterior e Serviços (MDIC), os custos de importação de óleo diesel acumulados neste período

somam 48 bilhões de dólares FOB (moeda corrente), conforme mostra a Tabela 22.

Tabela 22 – Custos com importação e volumes de óleo diesel, de 2010 a 2017. (MDIC, 2018)

Ano US$ FOB US$ FOB Acumulado Quantidade (m3) Acumulado (m3)

2010 5.131.831.766 5.131.831.766 9.156.621 9.156.621

2011 7.421.521.500 12.553.353.266 9.460.750 18.617.371

2012 6.573.719.918 19.127.073.184 8.102.598 26.719.969

2013 8.284.785.484 27.411.858.668 10.479.995 37.199.964

2014 8.724.821.352 36.136.680.020 11.523.795 48.723.759

2015 3.415.147.205 39.551.827.225 7.096.871 55.820.630

2016 2.896.816.213 42.448.643.438 8.129.774 63.950.404

2017 5.622.448.833 48.071.092.271 13.291.114 77.241.518

A Tabela 23 apresenta os custos unitários da importação de óleo diesel. Em 2017, o metro

cúbico de diesel teve um custo de US$ FOB 423,02/m3, o equivalente a R$ FOB 1.350,25/m3.

Tabela 23 – Custo unitário do diesel, em US$ FOB/m3 e R$/m3, moeda corrente.

Ano Custo Unitário (US$ FOB/m3)

Taxa de câmbio* Custo Unitário (R$ FOB/m3)

2010 560,45 1,7585 985,55

2011 784,45 1,6739 1.313,10

2012 811,31 1,9544 1.585,62

2013 790,53 2,1599 1.707,47

2014 757,11 2,3541 1.782,32

2015 481,22 3,3381 1.606,36

2016 356,32 3,4827 1.240,96

2017 423,02 3,1919 1.350,25

* Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (compra) - Média de período - anual - u.m.c./US$.

Fonte: BCB-DSTAT.

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

61

Municípios com os 10 maiores potenciais de geração elétrica a biomassa de resíduos de serraria nos estados de RS, SC, PR, SP e MG

Os municípios dos estados de RS, SC, PR, SP e MG que apresentam os maiores potenciais de

geração a biomassa residual de serrarias somam 275 MW dos 633 MW do total, cerca de 40%.

A Tabela 24 apresenta estes dados.

Tabela 24 – Produção de madeira, geração de resíduos do processamento, geração elétrica e

capacidade instalada potencial, 10 municípios com maior potencial, em RS, SC, PR, SP e MG.

UF Madeira em tora

(1.000 m3)

Resíduos do Process.

(1.000 t)

Geração Elétrica (GWh)

Capacidade Instalada

(MW)

PR (10 maiores) 7.226 1.221 661 94

General Carneiro 1.200 203 110 16

Cerro Azul 991 167 91 13

Sengés 966 163 88 13

Cruz Machado 905 153 83 12

Bituruna 755 128 69 10

Lapa 540 91 49 7

Rio Negro 498 84 46 7

Cândido de Abreu 491 83 45 6

Tunas do Paraná 479 81 44 6

Rio Branco do Sul 402 68 37 5

SP (10 maiores) 5.506 931 504 72

Botucatu 1.101 186 101 14

Itatinga 1.059 179 97 14

Itapetininga 760 128 70 10

Lençóis Paulista 634 107 58 8

São Miguel Arcanjo 446 75 41 6

Agudos 378 64 35 5

Joanópolis 339 57 31 4

Angatuba 279 47 26 4

Capão Bonito 278 47 25 4

Avaré 233 39 21 3

MG (10 maiores) 2.908 492 266 38

Olhos-d'Água 524 89 48 7

Estrela do Sul 496 84 45 6

Uberaba 439 74 40 6

Nova Ponte 322 54 29 4

Morro da Garça 265 45 24 3

Uberlândia 227 38 21 3

Buritizeiro 196 33 18 3

Abaeté 162 27 15 2

Martinho Campos 141 24 13 2

Itamarandiba 137 23 13 2

Potencial Energético de Resíduos Florestais do Manejo Sustentável e de Resíduos da Industrialização da Madeira

Ministério de Minas e Energia

62

Continuação Tabela 24.

UF Madeira em tora

(1.000 m3)

Resíduos do Process.

(1.000 t)

Geração Elétrica (GWh)

Capacidade Instalada

(MW)

RS(10 maiores) 2.904 491 266 38

Cambará do Sul 601 102 55 8

Tabaí 502 85 46 7

Cachoeira do Sul 316 53 29 4

São Francisco de Paula 290 49 27 4

Taquari 266 45 24 3

Triunfo 265 45 24 3

São José do Norte 222 37 20 3

General Câmara 162 27 15 2

Paverama 160 27 15 2

Rio Grande 122 21 11 2

SC (10 maiores) 2.511 424 230 33

Campo Alegre 357 60 33 5

São Bento do Sul 330 56 30 4

Rio Negrinho 308 52 28 4

Caçador 252 43 23 3

Timbó Grande 251 42 23 3

Campo Belo do Sul 246 42 23 3

Lages 224 38 21 3

Campos Novos 187 32 17 2

Calmon 180 30 16 2

Ponte Serrada 177 30 16 2

Total (10 maiores) 21.056 3.558 1.927 275