postal 1114 - 6 dez 2013

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Veja anúncio pág. 6 SOLUÇÕES DE REFORMA > É hora do adeus ao consulado de Dália Paulo à frente da Direcção Regional de Cultura, a senhora que se segue é Alexandra Gonçalves, que foi até às eleições autárquicas vereadora em Faro. O último rosto socialista na administração regio- nal deixa assim o lugar. p. 4 Via do Infante: Dois anos de portagens a somar perdas de tráfego > 2 PUB RICARDO CLARO D.R. Direcção Regional com novo rosto CULTURA António Branco é o novo reitor UNIVERSIDADE > 6 RTA aposta na passagem de ano 2013 - 2014 PUB > 5 D.R. CA D.R. NOVA RESIDÊNCIA SÉNIOR ADAPTADA Residência Permanente Assistida ou Temporária para Reabilitação / Recuperação Serviços de Saúde multidisciplinares Serviços de Enfermagem 24 horas Num espaço de 4.800 m 2, com 56 quartos adaptados com WC, restaurante, salas de terapias diversas, gabinetes médicos, piscina, jacuzzi, com os cuidados de uma unidade hoteleira. INSCRIÇÕES ABERTAS: 281 380 080 Sítio do Carapeto, CP 659-5 8800-054 Conceição de Tavira Algarve www.solemar.pt Email: [email protected] DESDE 995€ / MÊS ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR 1,60 PUB Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1114 • Semanário à sexta-feira • 6 de Dezembro de 2013 • Preço 1 EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL EM FOCO 2 DIETA MEDITERRÂNICA JÁ É PATRIMÓNIO MUNDIAL 3 ALEXANDRA GONÇALVES ASSUME DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA 4 TURISMO APOSTA FORTE NO FIM DE ANO 5 ANTÓNIO BRANCO AOS COMANDOS DA UALG 6 BANCO ALIMENTAR VOLTA A CONTAR COM OS ALGARVIOS 7 Dieta Mediterrânica: Tavira liderou a candidatura portuguesa a Património Imaterial da Humanidade e Jorge Botelho, que liderou o processo, saiu de Baku no Azerbaijão com uma vitória e o Algarve ganha assim a primeira classificação mundial da UNESCO > 3 Já somos Património da Humanidade

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• VEJA O POSTAL DESTA SEMANA • Sexta-feira (6/12) nas bancas com o PÚBLICO • NESTA EDIÇÃO COM O CULTURA.SUL • • Partilhe o que é indispensável saber sobre o Algarve • EM DESTAQUE: > Já somos Património da Humanidade > Alexandra Gonçalves é a nova Directora Regional de Cultura > Turismo do Algarve aposta forte na passagem de ano > Via do Infante: Dois anos de portagens a somar perdas de tráfego > António Branco aos comandos da Universidade > Banco Alimentar volta a contar com os algarvios • POUPE centenas de euros ao assinar o POSTAL por 30€ anuais com o Plano de Saúde gratuito em medicina dentária, estética e ginásio • PRÓXIMA EDIÇÃO DO POSTAL dia 6 de Dezembro: o indispensável sobre o Algarve

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Page 1: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

Veja anúncio pág. 6

SOLUÇÕES DE REFORMA

> É hora do adeus ao consulado de Dália Paulo à frente da Direcção Regional de Cultura, a senhora que se segue é Alexandra Gonçalves, que foi até às eleições autárquicas vereadora em Faro. O último rosto socialista na administração regio-nal deixa assim o lugar. p. 4

Via do Infante:Dois anos de portagens a somar perdas de tráfego

> 2

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ricardo claro

d.r.

Direcção Regional com novo rosto

CULTURA

António Branco é o novo reitor

UNIVERSIDADE

> 6

RTAaposta na passagem de ano

2013 - 2014

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> 5

d.r.

CA

d.r.

NOVA RESIDÊNCIA SÉNIOR ADAPTADAResidência Permanente Assistida ou Temporária para Reabilitação / RecuperaçãoServiços de Saúde multidisciplinares � Serviços de Enfermagem 24 horasNum espaço de 4.800 m2, com 56 quartos adaptados com WC, restaurante, salas de terapias diversas, gabinetes médicos, piscina, jacuzzi, com os cuidados de uma unidade hoteleira.

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Director Henrique Dias Freire • Ano XXVI • Edição 1114 • Semanário à sexta-feira • 6 de Dezembro de 2013 • Preço € 1

EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL • EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL • EDIÇÃO ESPECIAL DE NATAL

EM FOCO 2 DIETA MEDITERRÂNICA JÁ É PATRIMÓNIO MUNDIAL 3 ALEXANDRA GONÇALVES ASSUME DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA 4

TURISMO APOSTA FORTE NO FIM DE ANO 5 ANTÓNIO BRANCO AOS COMANDOS DA UALG 6 BANCO ALIMENTAR VOLTA A CONTAR COM OS ALGARVIOS 7

Dieta Mediterrânica: Tavira liderou a candidatura portuguesa a Património Imaterial da Humanidade e Jorge Botelho, que liderou o processo, saiu de Baku no Azerbaijão com uma vitória e o Algarve ganha assim a primeira classificação mundial da UNESCO > 3

Já somos Património

da

Humanidade

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2 | 6 de Dezembro de 2013

Ricardo [email protected]

O PRÓXIMO DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO É FERIADO e como dia de descanso convida mui-tos a um passeio, mas para a larga maioria dos algarvios que queiram aproveitar a fol-ga, o passeio terá de se fazer pela Estrada Nacional 125 (EN 125), enfrentando o calvário do ritmo pachorrento de uma estrada nacional carregada de tráfego.

Tudo porque faz, também domingo, exactamente dois anos que a cobrança de por-tagens foi implementada na Via do Infante. Exactamente dois anos depois o POSTAL olha para a questão e analisa os números que provam que a região tem uma auto-estrada que serve bem poucos e uma estrada nacional que serve mal a maioria.

Os dados do Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias (InIR) são indesmentíveis. Os números do tráfego médio diário por trimestre estão em queda desde a adopção de portagens na A22 e não se vis-lumbra qualquer estratégia do Governo central no sentido de devolver aos cidadãos e empre-sas algarvios a circulação na-quela infra-estrutura rodoviá-ria se não gratuitamente, pelo menos a preços que tornem aceitável e competitiva a res-pectiva utilização.

TRÁFEGO MÉDIO DIÁRIO CONTI-NUA EM QUEDA Os últimos da-dos disponibilizados pelo InIR, relativos ao segundo trimestre de 2013, revelam um tráfego médio diário por trimestre (média diária de tráfego em cada trimestre ponderada) em queda face ao ano de 2012. Assim, entre Abril e Junho de 2013 o tráfego médio diário foi de 7.424 veículos por dia na A22 contra os 7.759 regis-tados no mesmo período de

2012, uma queda de 336 veí-culos por dia.

Se a diferença é esta numa relação entre 2013 e 2012 o mesmo raciocínio comparati-vo para os anos de 2011 e 2013 é devastador.

Entre Abril e Junho de 2011, o tráfego médio diário do tri-mestre foi de 16.129 veículos, o que confrontado com os nú-meros homólogos deste ano demonstra que a Via do Infan-te perdeu por dia 8.706 carros.

Num exercício de matemáti-ca simples, se cada um destes veículos pagasse apenas um euro de portagens por dia, um valor que permite a um veícu-lo da classe 1 percorrer nunca mais de um sublanço da A22, o Governo perdeu em cada dia 8.706 euros de receita diária, mais de 190 mil euros por mês.

Desde Dezembro de 2011 a queda do tráfego médio diário por trimestre na Via do Infan-te foi sempre constante face ao período homólogo do ano anterior.

No primeiro trimestre de 2012 face ao primeiro de 2011 a queda foi de 7.238 veículos, no segundo trimestre a derro-cada do tráfego médio diário saldou-se em 8.370, no tercei-ro trimestre escalou para uma perda de 9.769 e a diferença entre o quarto trimestre de 2012 e o de 2011 foi de menos 5.054 veículos por dia.

As perdas de 2013 face a 2012, apenas apuráveis pelos dados do InIR quanto aos pri-meiros dois trimestres man-tém a tendência de descida. Menos acentuada claro, por-que o tráfego médio diário mensal chegou a ter quebras da ordem dos 50%, o que, não regressando os veículos à A22, implica uma tendência de esta-bilização do tráfego automóvel e pois uma menor expressivi-dade das quebras nos volumes de tráfego médio diário.

Mas o facto existe e é indes-mentível, uma via transversal à

região criada a pensar na mo-bilidade dos algarvios, mas muito em particular pensada para satisfazer a região mais turística do país está deserta.

SAI CARO ANDAR NA AUTO-ES-TRADA Atravessar o Algarve de lés-a-lés na A22 custa hoje 20,10 euros ida e volta para um veículo classe 1, mas se se tratar de uma empresa de distribuição de mercadorias com uma carri-nha de distribuição da classe 2, o preço salta de imediato para os 32,30 euros para a mesma viagem

O mesmo percurso feito por um TIR (classe 4) leva qualquer empresário a corar, cifrando-se nuns impressionantes 50,80 euros, todos os custos de por-tagens a somar ao combustível num país onde já nem o gasóleo

é barato, muito pelo contrário.As perdas para a economia

algarvia e mesmo do país, dois anos volvidos sobre a in-trodução de portagens, nunca foram apuradas, mas o adeus às constantes visitas dos tu-ristas entrados pela fronteira do Guadiana, os custos eco-nómicos e ambientais asso-ciados ao maior consumo de combustível nos trajectos fei-tos em longas filas de trânsito pela EN 125, o preço do tempo perdido nos trajectos, em par-ticular durante a época alta do turismo, e as perdas de ganhos e competitividade das empre-sas e serviços constrangidos por uma estrada com condi-ções mas portajada a preços proibitivos, rapidamente se ci-frariam nos milhões de euros.

Tudo numa economia regio-

nal débil e numa conjuntura nacional de crise, cujos con-tornos e efeitos são por demais conhecidos.

A resposta do Governo as-sentou numa primeira fase numa suposta redução uni-versal dos custos das portagens em 15%, que beneficiou os não residentes e turistas, mas que aos algarvios ditou custos su-periores de utilização da A22, uma vez que acabadas as isen-ções a universalidade com des-conto se saldou num acrésci-mo do custo de circulação na Via do Infante.

Esta foi a resposta do poder central ao país e ao Algarve, numa postura muito mais liga-da à fuga face a possíveis san-ções da Comissão Europeia por descriminação entre cidadãos da União Europeia, do que à

necessidade de salvaguardar os interesses dos cidadãos portugueses afectados pelas portagens nas ex-SCUT.

DOIS ANOS À ESPERA DE UMA SOLUÇÃO QUE PODE SER INE-FICAZ Entretanto, aos solu-ços desde a revisão das taxas de portagem verificada em Outubro do ano passado, o Governo promete uma revi-são integral do sistema de portagens nas ex-SCUT que, defende o executivo, se deve-rá basear em estudos sobre a matéria. Dois anos depois da primeira portagem cobrada e mais de um ano depois da primeira revisão das taxas, ainda se estuda e as Grandes Opções do Plano anunciam que o executivo liderado por Passos Coelho está a preparar um novo modelo de porta-gens para assegurar a “equi-dade na cobrança” e a “coesão nacional e territorial”, naqui-lo que será “a segunda fase da alteração do modelo regu-latório do sector rodoviário”.  Nada mais simples, a revisão das portagens a verificar-se, e a ser favorável ao Algarve e aos algarvios, chegará decerto com mais de dois anos de atraso na melhor das hipóteses, depois de delapidada também pelas portagens a economia local e nada garante que a coesão na-cional e territorial a exemplo do que sucedeu com a primei-ra revisão das taxas não passe por um aumento global da re-ceita para o Estado.

Algo que acabe por ser a res-posta não aos problemas dos algarvios, mas ao drama da de-ficitária Estradas de Portugal, que, de acordo com o respecti-vo presidente, António Rama-lho, reconhece a “insustenta-bilidade” do actual modelo de pagamento nas antigas SCUTs, que absorve 29% do valor co-brado aos utilizadores nessas vias e representa 4% dos custos da empresa.

em foco

Dois anos de portagens a penalizar o AlgarveGoverno anuncia para 2014 a alteração do regime de cobrança assente na coesão nacional e territorial

Ô Revisão das portagens chegará depois de delapidada a economia local

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região

6 de Dezembro de 2013 | 3

Ricardo [email protected]

CENTO E DEZASSEIS VOTOS E ALGUNS MINUTOS foi quanto bastou para Portugal arrebatar mais uma classificação como Património Imaterial da Hu-manidade. Desta vez, depois do Fado, foi a Dieta Mediterrâ-nica que garantiu ao país a dis-tinção da UNESCO, agência da Organização das Nações Uni-das para a Educação, Ciência e Cultura, numa candidatura em que Tavira foi a represen-tante lusa.

A distinção, obtida numa candidatura transnacional que inclui o nosso país, Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Chi-pre e Croácia, foi arrebatada em Baku, onde Jorge Bote-lho, presidente da autarquia

tavirense, assistiu ao sim unâ-nime da Assembleia Geral da UNESCO.

Ao POSTAL, a partir da ca-pital Azeri, pouco depois do sim da UNESCO, Jorge Bote-lho afirmou que “esta é uma vitória de Tavira do Algarve e de Portugal”, que “deve encher de orgulho os tavirenses e to-dos os portugueses”. O autarca integrou a delegação nacional que se deslocou a Baku e que contava com representantes do Ministério da Agricultura, da representação da UNESCO em Lisboa e ainda com Jorge Queiroz, coordenador técnico da candidatura nacional.

Para Jorge Botelho foi “no-tório o reconhecimento da qualidade da candidatura portuguesa e da posição de li-derança que Portugal desem-

penhou em todo o processo da candidatura internacional”. “Todos reconheceram o assina-lável desempenho dos técnicos portugueses”, refere o autarca que “estende aos técnicos da Câmara de Tavira os elogios” ouvidos em Baku.

Além de Tavira assumiram a liderança das várias candida-turas nacionais Agros, Brac e Hvar, Soria, Cilento e Chefcha-ouen, respectivamente para re-presentar Chipre, Croácia, Gré-cia, Espanha, Itália e Marrocos e todos ouviram o sim final a este desafio perto da hora de almoço da passada quarta--feira, cerca das 17 horas na capital do Azerbaijão.

GOVERNO APOIOU TODO O PRO-CESSO A candidatura contou com o apoio total do Governo,

com a ministra da Agricultu-ra Assunção Cristas a ter uma “disponibilidade total” no se-guimento de todo o processo, afirmou ao POSTAL Jorge Bo-telho, sublinhando a impor-tância de António Serrano, ministro da Agricultura do anterior Governo, “no desafio que me lançou para que esta candidatura se realizasse”.

O autarca destaca que “ago-ra começa uma nova fase em que o mais importante é ga-rantir que se criam as condi-ções para que esta mais-valia, que é a classificação como Pa-trimónio Imaterial da Huma-nidade, possa trazer substan-ciais vantagens para o Algarve e para Portugal e muito em particular para Tavira”.

As responsabilidades são muitas e o Algarve não as ig-nora. Em declarações feitas ao POSTAL recentemente o pre-sidente da CCDR Algarve, Da-vid Santos, apontava já alguns caminhos para que a distinção viesse a ser potencializada nas áreas da economia e do turis-mo, mas também, no domínio da salvaguarda do património e da identidade algarvios.

ALGARVE DISTINGUIDO PELA PRI-MEIRA VEZ Esta é a primeira vez que o Algarve recebe uma dis-tinção da UNESCO enquanto Património da Humanidade e assim a região passa a ombrear com o Centro Histórico de An-gra do Heroísmo (distinguido em 1983), Mosteiro dos Jeróni-mos e Torre de Belém (1983), Mosteiro da Batalha (1983), Convento de Cristo, em To-mar (1983), Centro Histórico de Évora (1986), Mosteiro de Alcobaça (1989), Paisagem Cultural de Sintra (1995), Cen-tro Histórico do Porto (1996),

Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa (1998), Floresta Laurissilva da Ilha da Madei-ra (1999), Centro Histórico de Guimarães (2001), Região Vi-nhateira do Alto Douro (2001), Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (2004), Fado (2011), Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas e as suas Fortificações (2012) e Universi-dade de Coimbra, Alta e Sofia (2013).

Já somos Património da Hu-manidade, razão de sobra para o regozijo num desafio que está apenas a começar.

Dieta Mediterrânica já é Património MundialProjecto liderado por Jorge Botelho traz classificação de Património Imaterial da Humanidade para Portugal

d.r.

Ô Jorge Botelho considera vitória de Tavira, do Algarve e de Portugal

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL

JOSÉ OTÍLIO PIRES BAIA,

Presidente da Assembleia Municipal de Tavira.

TORNA PÚBLICO, que em sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Tavira, realizada no dia 29 de novembro de 2013, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 181/2012/CM, referente à determinação das taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e de participação no IRS;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 183/2012/CM, referente à EMPET _ Empresa Municipal de Parques Empresariais de Tavira EM – Nomeação de Fiscal Único;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 184/2012/CM, referente à TaviraVerde – Empresa Muni-cipal de Ambiente EM SA – Nomeação de Fiscal Único;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 185/2012/CM, referente à Alteração da composição do Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Planeamento, Turismo, Relações Públicas e Fiscalização (354-Div/13);

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 186/2012/CM, referente à Alteração da composição do Júri para o procedimento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Cultura, Património e Museus (353-Div/13);

Para constar e produzir efeitos legais se publica o pre-sente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume

Paços do Concelho, aos 29 dias do mês de novembro do ano 2013

O Presidente da Assembleia Municipal,

José Otílio Pires Baia

(POSTAL do ALGARVE, nº 1114, de 6 de Dezembro de 2013)

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4 | 6 de Dezembro de 2013

região

Alexandra Gonçalves assume Direcção Regional de CulturaDália Paulo deixa lugar depois de quatro anos de funções

d.r.

Ricardo [email protected]

ALEXANDRA GONÇALVES É A NOVA DIRECTORA REGIONAL DA CULTURA e assume funções no próximo dia 15, substituin-do assim o Governo a titular ac-tual da pasta Dália Paulo (PS) por uma cara do PSD algarvio.

Com esta alteração o Gover-no fecha as mudanças dos titu-lares dos lugares políticos da administração desconcentrada do Estado por terras algarvias, com Dália Paulo a resistir des-de as últimas eleições legislati-vas com duas nomeações em regime de substituição já du-rante este Governo, prova ca-bal da qualidade do trabalho

desenvolvido pela directora regional demissionária.

No lugar desde 2009, Dália Paulo abriu a Direcção Regional de Cultura a planos e campos de acção que até à sua entrada para o lugar estavam longe da inter-venção do organismo.

A Direcção Regional ganhou relevo e presença no panorama cultural da região e abandonou a postura de distribuidora de subsídios, tornando-se durante o consulado de Dália Paulo um agente activo da Cultura que se faz no Algarve, um mérito in-desmentível da ainda directora regional que regressa agora aos quadros da Câmara de Faro, a que pertence, muito embora ainda se desconheça que lugar

ocupará na autarquia. Recorde--se que Dália Paulo era directo-ra do Museu Municipal de Faro quando foi nomeada para o car-

go que deixa este mês.Ao POSTAL a responsável re-

gional da Cultura, afirma ter “a sensação de ter feito o trabalho

para que foi nomeada com se-riedade e grande empenho”, não obstante, Dália Paulo diz não ter a sensação de dever cumprido, “sou muito exigente comigo e com o que faço, pelo que o dever cumpriu-se, mas há ainda muito por fazer”, diz.

Palavras ditas ao POSTAL num momento de transferên-cia de competências e de rota-tividade nos cargos políticos que Dália Paulo encara como “natural”.

CÂMARA DE FARO VOLTA A ‘DAR’ DIRECTORA REGIONAL Alexan-dra Gonçalves, a nova directo-ra regional de Cultura, é tam-bém, como a sua perecedora, um quadro oriundo da Câma-

ra de Faro onde foi vereadora durante a administração de Macário Correia.

Aos 41 anos a nova cara da Cultura regional é a escolha do secretário de Estado Jorge Bar-reto Xavier, para o lugar numa remodelação dos titulares re-gionais da área que abrangeu quatro das direcções regionais do país.

Doutorada pela Universi-dade de Évora este ano em Turismo com uma tese que se debruça sobre o tema “Cultu-ra Material, a Musealização e o Turismo: A valorização da ex-periência turística nos museus nacionais” a nova titular é um quadro formado pela Univer-sidade do Algarve.

Ô Alexandra Gonçalves é a nova directora regional de Cultura

António Branco aos comandos da Universidade pág. 6

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região

6 de Dezembro de 2013 | 5

Ô Campanha pretende atrair portugueses e espanhóis para o destino Algarve

O TURISMO DO ALGARVE ANUNCIOU o lançamento da “maior campanha publicitária de sempre” para promover o fim de ano, destinada aos mer-cados português e espanhol e que se prolonga até ao próxi-mo dia 17, disse o presidente, Desidério Silva.

“Acho que não houve ne-nhuma [campanha publici-tária] feita no passado com esta dimensão. Daquilo que conheço do histórico da Re-gião de Turismo, acho que esta é aquela que tem uma dimensão muito mais forte, assinalável e diversificada”, afirmou Desidério Silva em declarações à agência Lusa.

O presidente do Turismo do Algarve sublinhou que a campanha publicitária, que será realizada através de mu-pis (expositores de publicida-de), autocarros, imprensa, te-levisão, rádio e multibanco, representa um investimento “considerável” em termos de verbas destinadas à promo-ção da região algarvia.

“Neste momento não te-nho o valor total, mas é uma verba considerável”, disse, sem especificar o montante investido na promoção da passagem do ano no Algarve.

Desidério Silva frisou que,

aliado ao objectivo de “pro-mover a região, os produtos e as actividades”, a campanha tem ainda por meta comba-ter a sazonalidade, estratégia na qual as entidades oficiais do Turismo têm apostado para dinamizar economica-mente o Algarve nos meses de época baixa e combater o desemprego.

“Esta promoção do fim de ano tem também muito a ver com a questão da sazo-nalidade, ou seja, é preciso que as pessoas ouçam falar do Algarve, independente-mente de virem ou não vi-rem só no fim de ano, para que possam também vir

noutras alturas”, afirmou.O presidente do Turismo

do Algarve acrescentou que “o objectivo é chamar a aten-ção para o fim de ano como charneira deste período me-nos visitado da região”, numa referência aos meses de In-verno, e dizer aos potenciais visitantes que a região “tem mais produtos, mais ofertas e é importante que as pessoas visitem o Algarve”.

A campanha publicitária multimeios pretende “con-vencer os portugueses e es-panhóis a festejarem o fim de ano no destino” Algarve e englobará “uma acção de marketing mais ousada, que

encherá de balões dois locais emblemáticos de Lisboa e do Porto”, adiantou o Turismo do Algarve num comunicado.

Nos 16 dias da campanha vão ser instalados “1.100 ‘mupis’ em centros comer-ciais, estações de metro e de comboio” e “775 retaguardas de autocarros em circulação em Lisboa, no Porto e em Bra-ga”, serão emitidos “15 anún-cios em revistas e jornais de Portugal e Espanha” e “260 ‘spots’ nas rádios nacionais e espanholas” e preenchidos “espaços publicitários em 2.250 caixas de multibanco do país”.

Lusa

D.R.

Turismo do Algarve aposta forte no fim de anoMaior campanha de publicidade de sempre promove a região

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Paulo Moreira apresenta Maria Manuel em Albufeira

Ô O conhecido actor e ence-nador Paulo Moreira apre-senta no próximo sábado, pe-las 16 horas, o seu livro “Maria Manuel” em Albufeira.No evento, que vai decorrer no restaurante Cepa Velha, nas Areias de São João, são orado-res Manuel dos Santos Serra, médico e escritor, a editora e escritora Luísa Monteiro, e Roberto Leandro, também ele um homem das letras.

CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRAEDITAL Nº 44 /2013

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião de Câmara Municipal, realizada no dia 19 de novembro de 2013 foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 172/2013/CM, referente à 14.ª e 15.ª Alterações ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano;

2. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 173/2013/CM, referente à atribuição de apoio à Âncora - Associação Centro Comunitário de Santa Luzia;

3. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 174/2013/CM, referente aos apoios ao abrigo do RMAAD;

4. Aprovado por unanimidade o ponto número um da proposta da Câmara Municipal número 175/2013/CM, referente à atribuição de apoio à Associa-ção das Obras Assistenciais da Sociedade de São Vicente de Paulo;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 176/2013/CM, referente ao protocolo de utilização das instalações da Irman-dade da Santa Casa da Misericórdia de Tavira pela EB1 de Cabanas - Atri-buição de apoio;

6. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 177/2013/CM, referente à atribuição de apoios de âmbito cultural a diversas entidades;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 178/2013/CM, referente aos auxílios económicos para livros escolares a alu-nos do Concelho - anulações/correções;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 179/2013/CM, referente à atribuição de Auxílios Económicos para livros escolares a alunos do 1º ciclo do ensino básico - 2ª. Fase - ano letivo 2013/2014;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 180/2013/CM, referente à adenda ao Contrato Programa relativo ao financia-mento do Programa Generalização do Fornecimento de Refeições Escolares aos Alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico;

10. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 181/2013/CM, referente à determinação das Taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e de participação no IRS;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 182/2013/CM, referente à EMPET – Empresa Municipal de Parques Empre-sariais de Tavira EM - Nomeação do representante do Município de Tavira;

12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 183/2013/CM, referente à EMPET – Empresa Municipal de Parques Empre-sariais de Tavira EM - Nomeação do Fiscal Único;

13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 184/2013/CM, referente à TaviraVerde - Empresa Municipal de Ambiente EM SA - Nomeação do Fiscal Único;

14. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 185/2013/CM, referente à alteração da composição do Júri para o procedi-mento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Planea-mento, Turismo, Relações Públicas e Fiscalização (354-Div/13);

15. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 186/2013/CM, referente à alteração da composição do Júri para o procedi-mento concursal para provimento de cargo de Chefe de Divisão de Cultura, Património e Museus (353-Div/13);

16. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 187/2013/CM, referente à receção definitiva das infraestruturas - Alvará n.º 2/2003 Atlântico à Vista - Sociedade de Construções, Lda. (Sítio da Igreja - Conceição);

17. Aprovada por unanimidade a alteração da reunião da Câmara Municipal de 03 de dezembro para o dia 10 de dezembro de 2013.

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 19 de novembro do ano 2013

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1114, de 6 de Dezembro de 2013)

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António Branco aos comandos da UniversidadeNovo reitor assume funções dia 18

Ricardo [email protected]

ANTÓNIO MANUEL DA COSTA GUEDES BRANCO É O NOME DO NOVO REITOR da Univer-sidade do Algarve e sucede a João Guerreiro depois deste ter exercido o cargo durante dois mandatos consecutivos.

A eleição, que teve lugar a 26 de Novembro, ditou a vitória do ex-director da Faculdade de Ciências Humanas e Social por maioria absoluta com 18 vo-tos, contra 12 apurados a favor de Efigénio Rebelo e somente dois a apontarem para reitor Adelino Canário. Dos votantes do Conselho Geral um votou em branco, tendo dois não comparecido ao acto eleitoral.

O novo homem forte da uni-versidade é doutorado na casa a que agora vai presidir com uma tese na área da Literatura Portuguesa Medieval e só no passado ano foi agregado.

António Branco assume funções no próximo dia 18 e será o sétimo reitor da acade-mia algarvia criada em 1979 e que conta com cerca de nove mil alunos e um corpo docen-te que ultrapassa os 800 pro-fessores.

MANDATO COMPLEXO O novo

titular da reitoria da Universi-dade do Algarve pode esperar um mandato complexo, em que as questões financeiras e a exiguidade dos candidatos à entrada na Universidade do Algarve serão os principais problemas.

Perante um Orçamento de Estado que prevê cortes sérios no financiamento do ensino superior, que levaram mesmo ao rompimento das relações entre o Conselho de Reitores das Universidades Portugue-sas - entretanto reatadas - e um volume de candidaturas à academia que põe em cau-sa a sobrevivência de algumas das licenciaturas ministradas na instituição, o percurso que António Branco agora inicia será decerto complexo.

Na ideia do novo reitor está

uma reorganização da colu-na formativa da Universidade do Algarve, a atracção de es-tudantes estrangeiros como resposta à falta de candidatos nacionais e a discussão políti-ca do financiamento da insti-tuição académica pública no quadro mais amplo do finan-ciamento do ensino superior a nível nacional.

Apostas de António Bran-co reveladas durante a can-didatura à reitoria e que garantiram a eleição para um cargo que será penoso de exercer numa instituição que atravessa sérios proble-mas de financiamento e de sustentabilidade.

A academia algarvia conta também com Filipa da Silva como presidente da Associa-ção Académica da Universida-de do Algarve (AAUAlg), ree-leita num acto eleitoral onde apenas a sua lista se apresen-tou à votação para a Direcção Geral da AAUAlg.

A nova presidente está en-volvida num processo que pretende acusar Guilherme Portada, antigo presidente da associação académica, de gestão danosa e que promete dominar a agenda da institui-ção académica nos próximos tempos.

Ô António Branco

d.r.

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ZZZ pág. ## região

6 de Dezembro de 2013 | 7

Banco Alimentar volta a contar com a ajuda dos algarviosRecolha de alimentos com menos dádivas

Ricardo [email protected]

OS ALGARVIOS VOLTARAM a dar uma resposta positiva aos apelos do Banco Alimentar da região naquela que foi a cam-panha de recolha de alimen-tos de Natal, que decorreu por toda a região no passado fim--de-semana.

Face aos resultados da cam-panha de Natal de 2012, que somaram a recolha de 173 toneladas de alimentos, desta vez os algarvios contribuíram menos para o Banco Alimen-tar, uma diferença que se salda em 15 toneladas, com a região a contribuir com um total de 158 de toneladas de alimentos, dados avançados ao POSTAL pelo Banco Alimentar do Al-

garve.Mais de mil voluntários dis-

tribuídos por supermercados de todo o Algarve num con-junto superior a 130 superfí-cies comerciais levaram o já conhecido saco branco com o logo da instituição a milha-res de algarvios prontos a dar, mais uma vez, a mão amiga a quem mais precisa.

Recorde-se que o Banco Ali-mentar do Algarve apoia mais de 70 instituições de solidarie-dade social que fazem chegar os alimentos a uma população de cerca de 15 mil algarvios, numa acção social que obe-dece ao mais estrito controlo na selecção dos beneficiários da ajuda.

Apesar da crise instalada, de uma taxa de desemprego

há muito alarmante e de uma descida das contribuições, o Banco Alimentar algarvio manteve assim a sua ajuda para os impressionantes resul-tados nacionais da campanha de recolha de alimentos nata-lícia a nível nacional.

No país foram recolhidas “2.767 toneladas de géneros alimentares numa campanha que abrangeu 1.895 super-fícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Cova da Beira, Évora, Leiria-Fátima, Lis-boa, Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Viana do Castelo, Viseu, Ter-ceira e Madeira”, avançou a Federação Portuguesa de Ban-cos Alimentares, presidida por Isabel Junot.

De acordo com a instituição, “Os resultados alcançados este fim-de-semana ultrapassam os da campanha de Maio deste ano e são ligeiramente inferio-res aos obtidos em Novembro do ano passado”.

Os números revelados não incorporam ainda os resulta-dos da Campanha Vale nem da Campanha On-line, que vêm adquirindo um peso cada vez maior nas contribuições dos particulares e que ainda decor-rem, razão pela qual o apelo à solidariedade se mantém.

Ao longo da próxima sema-na haverá ainda a possibilida-de de contribuir para os Ban-cos Alimentares Contra a Fome pela internet no site www.ali-mentestaideia.net.

Na Campanha “Ajuda Vale”,

d.r.

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disponibilizada pelas lojas Continente, Dia/Minipreço, El Corte Inglés, Jumbo/Pão de Açúcar, Lidl e Pingo Doce, onde serão disponibilizados em suportes próprios cupões--vale de produtos seleciona-dos, azeite, óleo, leite, salsi-chas, atum e esparguete. Cada cupão representa uma unida-de do produto e, para além de mencionar que se trata de uma entrega destinada aos Bancos Alimentares Contra a Fome, refere de forma clara a identi-

ficação do tipo de produto, da unidade e do correspondente código de barras, através do qual é efectuado o controlo das dádivas. 

Os géneros alimentares re-colhidos serão distribuídos, a partir da próxima semana, a nível nacional, a 2.280 insti-tuições de solidariedade social, que os distribuem a cerca de 418 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refei-ções confeccionadas.

Ô Banco Alimentar do Algarve apoia mais de 70 instituições

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região

8 | 6 de Dezembro de 2013

O PORTIMÃO ARENA recebe este fim-de-semana a segun-da edição da conferência GUE - Global Underwater Explorers, considerada actualmente o maior encontro de turismo subaquático a nível mundial.

A primeira edição da GUE teve lugar em 2011 na cidade alemã de Kiel, com cerca de meio milhar de participantes oriundos de todo o mundo, num total de 20 nacionali-dades representadas, tendo o evento contado com uma larga cobertura mediática, tanto na área especializada do segmen-to de mergulho, como na ver-tente promocional e turística do destino acolhedor.

No caso do evento que Por-

timão irá acolher, visa contri-buir para reduzir a sazonali-dade através da promoção de um segmento diferenciador como o turismo subaquático e de outras actividades náu-ticas associadas, com uma forte vertente de divulgação nos mercados estratégicos definidos pelo Turismo de Portugal.

O grande destaque caberá ao parque subaquático Ocean Revival existente ao largo de Portimão, que resulta do afun-damento deliberado de quatro antigos navios da Armada Por-tuguesa, os quais constituem um recife artificial visitável por turistas de mergulho, dinami-zando desta forma a economia

local ao longo de todo o ano.Consubstanciados os apoios

efectivos da ATP - Associação Turismo de Portimão e da ATA - Associação Turismo do Algarve, aos quais se associam marcas e entidades nacionais e internacionais relacionadas

com o segmento de mergu-lho, a vertente promocional desta conferência permitirá ainda uma importante divul-gação do destino Algarve, da sua história, das suas raízes e potencialidades associadas ao lazer e à oferta sol e praia.

Portimão Arena é palco de conferência sobre turismo subaquáticoEvento visa contribuir para a redução da sazonalidade

d.r.

Fidelização nas telecomunicações

“Tomei conhecimento da vossa petição online. De que se t rata e como posso subscrever?”

A DECO responde...

A DECO entende que exigir uma fidelização de 24 meses aos consumidores que contra-tam um serviço de telecomu-nicações é penalizador.Contudo, as operadoras insis-tem em aplicar o prazo máxi-mo previsto na lei. Além de ser um entrave à mudança, impede o acesso a novas e me-lhores ofertas.Para piorar, quem queira de-sistir do contrato antes do final do prazo, vê-se confron-tado com o pagamento de uma penalização onerosa e desproporcionada quando comparada com os benefícios que recebeu pela fidelização.A DECO calculou os valores a que ficam sujeitos os con-sumidores caso queiram de-sistir do contrato antes do final do prazo. Com base na informação constante dos termos e condições presentes na internet, a maioria das operadoras calcula a penali-zação multiplicando a men-salidade pelos meses em falta até final do contrato, o que é desproporcionado.Neste sentido, a DECO defen-de que é fundamental alterar a Lei das Comunicações Elec-trónicas com vista à redução dos períodos máximos de fi-delização. Ao mesmo tempo, é essencial a criação de uma norma que estabeleça os cri-térios para o cálculo da pena-lização cobrada ao consumi-dor, caso este termine o contrato antes do final. Para não ser um entrave à mudan-ça, há que definir limites ra-zoáveis para a penalização a ser cobrada face ao benefício obtido no início do contrato.Com esta alteração, a DECO pretende que o consumidor possa mudar de operadora de telecomunicações com maior facilidade e sem incorrer em custos elevados. Também se espera que esta medida esti-mule a entrada de novas ope-radoras no mercado, bem como uma maior concorrên-cia entre os rivais existentes. Para levar avante estas altera-ções, a DECO vai entregar a petição na Assembleia da República.Até esta sexta-feira, todos os portugueses podem juntar-se a esta causa. Basta acederem a www.liberdadenafideliza-cao.pt e preencher a informa-ção pedida.

Consultóriodo Consumidor

O que andam por aqui a fazer?

Andava com o pensa-mento às voltas. O que iria hoje escrever?

Sobre o acompanha-mento onde fui buscar os meus filhos e a paciência da avó? Sobre o gato que já só quer andar à sol-ta? Sobre o silêncio que temporariamente voltou a pairar na quinta? So-bre chakras e kundalinis ou o que irei fazer para o almoço de amanhã? So-bre o documentário em que ando a trabalhar ou os prazos de entrega de artigos que estão quase a chegar ao fim? Sobre o fabuloso mojito de mo-rango que ontem fiz ou os casamentos que tenho que organizar?

E então o pensamento parou e tudo voltou a or-denar-se num alinhamen-to perfeito com o acto de apenas ser.

Não preciso de escrever sobre nada de especial. Basta-me apenas deixar fluir os dedos no teclado ao sabor do mais puro sentir. É assim que todos os dias celebro algo que desejo a todos e tão bem sei atingir: o mais puro e reconfortante encontro comigo e com o que ando por aqui a fazer.

É por isso que hoje te-rão que me perdoar, mas vejo-me obrigada a dei-xar-vos a mais complexa questão: o que andam por aqui a fazer?

OPINIÃO

Ana Amorim Dias - [email protected]

Ô Parque subaquático de Portimão dinamiza economia local

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CONCLUSÃO PREVISTA PARA FINAL DO PRÓXIMO ANO

Vila do Bispo investe um milhão e trezentos mil euros em centro educativoAS OBRAS DE CONSTRUÇÃO da empreitada do Centro Educativo Comunitário Mul-tisserviços de Budens já ar-rancaram, prevendo-se que esteja concluído no final do próximo ano.

A empreitada foi adjudicada ao concorrente Dabeira - So-ciedade de Construções, Lda, pelo valor de um milhão, 250 mil e 312 euros acrescido de IVA à taxa legal em vigor.

O novo e moderno equipa-

mento educativo a construir no sítio do Piçarral em Budens, tem uma área de implantação de 1.902 m2 e será constituí-do por um único piso, onde funcionarão seis salas de aula destinadas ao ensino básico (1º ciclo) e duas salas desti-nadas a Jardim de Infância. O edifício irá dispor ainda de uma sala polivalente/refeitório com versatilidade para funcio-nar autonomamente aberta à comunidade.

Os trabalhos a realizar no âmbito da empreitada inclui-rão também, a construção dos arruamentos de acesso dota-dos de todas as infra-estrutu-

ras de urbanização.Com capacidade para rece-

ber 206 estudantes, o Centro Educativo receberá os alunos do ensino básico e pré-escolar de Barão de São Miguel, Bu-dens, Salema e Burgau. A obra é financiada através do instru-mento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural do continente PRODER/FEADER, cuja candidatura foi aprovada com financiamento a fundo perdido de 85% do valor elegível do investimen-to, que corresponde a um mi-lhão, 13 mil e 540 euros, sen-do o restante valor suportado pela autarquia.

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Page 10: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

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N. 07-08-1931 - F. 29-11-2013

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTIAGO - TAVIRA (SANTA MARIA E SANTIAGO) - TAVIRA

MARIA CATARINA DO NASCIMENTO MARTINS SERRA

N. 30-04-1956 - F. 01-12-2013

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AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a to-dos quantos se dignaram acompanhar o seu ente que-rido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa

durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios

e 2 impossíveis ao 9º dia pu-blique este aviso,

cumprir-se-á mesmo que não acredite. I.D.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa

durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios

e 2 impossíveis ao 9º dia pu-blique este aviso,

cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.J.

10 | 6 de dezembro de 2013

SÃO TEOTÓNIO - ODEMIRA (SANTA MARIA E SANTIAGO) - TAVIRA

FRANCISCO VIANA BATISTA

N. 01-09-1944 - F. 21-11-2013

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA - LISBOA(CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA) - TAVIRA

TIBÉRIA ROSA MIRRA CANÇADO

N. 03-02-1959 - F. 26-11-2013

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a to-dos quantos se dignaram acompanhar o seu ente que-rido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTA - LUZIATAVIRA

ROSALINA MARIA VIEIRA

XAVIER FIALHO LOPES

MISSA DO 3º ANIVERSÁRIO DE FALECIMENTO

A sua família informa que será celebrada Missa do 3º Aniversário de Falecimento, dia 18 de Dezembro, quarta-feira, pelas 18 horas, na Igreja de São Paulo, em Tavira.Agradecem desde já a quem comparecer ao acto.

“Paz à sua Alma”

Page 11: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

ZZZ pág. ##

6 de Dezembro de 2013 | 11

saúde & bem-estar

HÁ MUITO QUE O SOTAVEN-TO ALGARVIO ESPERAVA POR UMA INFRA-ESTRUTURA AS-SIM, capaz de responder às necessidades de quem, depois de toda uma vida, já chegou à idade de ouro e de todos aque-les que requerem cuidados es-peciais, nomeadamente, ao ní-vel da reabilitação.

A resposta a estas necessidades tem agora um nome, Sol & Mar, e aposta na excelência e qualidade como âncoras de uma residência assistida capaz de ombrear com o que de melhor se oferece no país neste segmento.

Menos não se poderia esperar de um investimento da família Nabais, cuja actividade económi-ca na zona do sotavento algarvio e políticas de responsabilidade social são sobejamente reconhe-cidas nesta região do Algarve.

A residência Sol & Mar, um projecto gerido por Maria Ade-lina Nabais, oferece 56 quartos adaptados, onde nada foi deixa-do ao acaso, desde a decoração a todo o equipamento, nomea-damente no que respeita ao es-crupuloso respeito pelas normas de acessibilidade e segurança dos WCs.

Num espaço envolvente apra-zível e rodeado pelo meio rural, com a serra como pano de fun-do mas apenas a meia dúzia de quilómetros da praia e da cida-de de Tavira, a residência ofe-rece acolhimento permanente ou temporário aos utentes num ambiente familiar enquadrado por uma assistência de elevados padrões que conta com enfer-magem durante as 24 horas do

dia e apoio médico.As instalações, abertas recen-

temente, permitem aos utentes usufruir de amplos espaços de convívio, zonas ajardinadas e mesmo um espaço reservado ao culto religioso dedicado àqueles para quem a fé é uma determi-nante na vida.

Restaurante e refeições prepa-radas com recurso aos melhores ingredientes e assentes num correcto equilíbrio nutricional juntam-se a cuidados especiali-zados prestados por profissionais seleccionados que vão desde a hi-giene ao apoio administrativo e às mais variadas áreas da saúde.

As valências de psicologia, fi-sioterapia, hidroterapia, análises clínicas e terapias ocupacional e da fala aliam-se para garantir, quer na área do apoio aos idosos, quer na área da reabilitação, os melhores cuidados a quem esco-

lhe para viver ou para fazer a sua recuperação um local único em que os lemas são amor, paz e ale-gria, como ferramentas de base para que cada um reconquiste na residência Sol & Mar todas as suas capacidades para viver uma vida em pleno.

Um espaço pensado para as necessidades particulares de cada utente e que desenvolve para cada novo habitante um plano individual de acompa-nhamento é a aposta da famí-lia Nabais neste que é um de-safio feito a pensar em quem precisa de um apoio especial em dado momento.

Escolher a residência Sol & Mar, seja de forma perma-nente ou temporária, conta com segurança e acesso a serviços variados de apoio, entre os quais cabeleireiro, massagens e estética, e pode

usufruir de regimes de esta-dia em que os utentes conser-vam toda a sua mobilidade e acesso ao exterior.

Na busca de uma integração completa dos utentes, sejam idosos, acamados, pessoas em recuperação de intervenções cirúrgicas, ou em reabilitação de doenças várias, a residência Sol & Mar conta com uma rede de parcerias que garantem uma proximidade privilegiada com a comunidade envolvente.

Tudo em prol de uma vida melhor, partilhada e plena de cada um dos utentes, porque na residência Sol & Mar a vida é um constante recomeço, num caminho seguro e acom-panhado com a felicidade como destino.

Residência Sol & Mar, um espaço único para todos os que procuram a felicidade

fotos: d.r.

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada >> ASSINALE A FRASE CORRETA

� Ele entrou na sala com descrição.

� Ele entrou na sala com descrissão. ;Ele entrou na sala com discrição. � Ele entrou na sala com discrissão.

� Com certesa, o João vai passar no exame de matemática.

� Concerteza, o João vai passar no exame de matemática.

� Comcerteza, o João vai passar no exame de matemática.

� Com certeza, o João vai passar no exame de matemática.

Ô Espaço foi pensado para as necessidades particulares de cada um

La Coiffure regressa com um novo espaço de beleza e bem-estar

UM DOS MAIS PRESTIGIADOS ESPAÇOS DE BELEZA DE FARO REGRESSOU NA PASSADA SE-MANA AO TRABALHO e à com-panhia dos clientes que durante anos fizeram do La Coiffure - ca-beleireiros um dos destinos de referência de quem procura a excelência da beleza.

A equipa, liderada por Con-ceição Martins, que junta alguns dos melhores cabelei-reiros da região espera agora pelos clientes no FaroShopping à entrada de Faro, junto ao AKI, num espaço novo e pensado ao pormenor para o bem-estar de uma clientela que não prescin-de de cuidados personalizados quando se trata de cabelos e estética.

A receber cada cliente para um tratamento tailor-made está como sempre Sebastien Cor-reia e um ambiente único que alia a exclusividade aos mais altos padrões técnicos e a pro-dutos e serviços onde o rigor e a perfeição são as palavras-chave.

O novo conceito integrado de atendimento dispensa a cada cliente espaços especialmente dedicados aos tratamentos ca-pilares, ao corte e brushing, aos trabalhos técnicos e à coloração.

A estética vai ter um lugar especial no novo mundo La Coiffure - cabeleireiros, num espaço criado à medida de mo-mentos dedicados em exclusivo a si e ao seu bem-estar.

As marcas de referência como Kérastase, L’Oreal Profes-sionnel, Redken ou Shu Uemu-ra aliam-se à técnica, inovação e modernidade, que fazem do conceito La Coiffure - cabelei-reiros um must dos cuidados de beleza no Algarve e, agora, num local privilegiado com ex-celentes acessos, parque de esta-cionamento e um horário alar-gado que garante a cada cliente a certeza de em qualquer mo-mento poder contar com a ex-periência de uma equipa única que aposta tudo na satisfação.

Há espaços assim, criados a pensar em si e no seu confor-to, desenhados para a beleza e para o bem-estar e onde sabe que pode sempre contar com o melhor.

O convite está lançado e o La Coiffure - cabeleireiros promete surpresas únicas até 15 de De-zembro para quem aceitar o de-safio de se sentir melhor e mais bela. Uma proposta irrecusável onde já só falta você.

Ô A equipa La Coiffure - cabeleireiros está à sua espera

Page 12: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

A CAVIAR PORTUGAL É UMA EMPRESA CRIADA A PARTIR DA UNIVERSIDADE DO ALGAR-VE que vai começar a produ-zir caviar em 2015 a partir de uma unidade no Alentejo, com capacidade para exportar até cinco toneladas por ano.

Numa piscina azul que custou 500 euros, e que está instalada na Universidade do Algarve, nadam centenas de esturjões que chegaram da Holanda em Fevereiro, atra-vés de uma empresa de correio expresso, na versão de ovos fe-cundados, contou à Lusa Pau-lo Zaragoza, director executi-vo do projecto Caviar Portugal, recordando que pagaram “cin-co mil euros” pelos ovos.

O projecto-piloto empre-sarial nascido na Universida-de do Algarve está prestes a emancipar-se e, entre o final deste ano e o início de 2014, vai ser construída uma unida-de no distrito de Évora, com capacidade para produzir ca-viar, iguaria composta de ovos salgados de esturjão, a partir de 2017. O investimento pre-visto é da ordem dos quatro milhões de euros.

O luxuoso petisco “vai ser exportado principalmente para o mercado asiático, mas a América do Norte e Europa também estão no roteiro. Em

Portugal só devem ficar uns 5% da produção”, referiu o di-rector executivo e responsável técnico pelo projecto.

PRODUÇÃO INTENSIVA SÓ SERÁ POSSÍVEL EM 2017 A unidade produtiva no Alentejo dará para a instalação de cerca de 150 toneladas de quatro espé-cies de esturjão que vão ter a capacidade de produzir, ao fim de cerca de cinco anos, entre 4,5 toneladas a cinco toneladas de caviar, estimou Paulo Zara-goza, natural de Alcobaça.

“A produção de caviar em indústria intensiva só será pos-sível em 2017, mas em 2015 já se poderá provar alguma coisa, mas ainda numa fase de teste”, acrescentou o especialista.

A criação de esturjão em

aquacultura funciona com um sistema de água circular fechado, o que faz com que a renovação seja apenas de 5% de água por dia.

No ciclo de tratamento de água, há plantas que estão a ser utilizadas para filtrar e re-tirar os nutrientes da água dos esturjões e que servem de ali-mento a hortícolas como alfa-ces, pepinos ou tomates.

O projecto empresarial atra-vessou o “deserto” na busca de investidores e locais, tendo mesmo estado previsto para se instalar no concelho de La-goa junto ao Rio Arade, mas a unidade de aquacultura de esturjão vai ser uma realidade no Alentejo, assegurou Paulo Zaragoza.

Lusa

Empresa algarvia vai produz caviar no AlentejoLuxuoso petisco destina-se sobretudo ao mercado asiático

Ô Caviar vai começar a ser produzido em 2015

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Page 13: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

DEZEMBRO 2013 | n.º 64

www.issuu.com/postaldoalgarve8.280 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTALem conjuntocom o PÚBLICO

ricardo claro

Grande ecrã:

Natal recheado em Tavira

p. 3

Espaço AGECAL:

Cultura em meio rural

p. 3

Na sendada cultura

Orquestra Clássica do Sul: a música como palco da responsabilidade social

Espaço ALFA:

Cor e criatividade em mostra fotográfica

p. 10

d.r.

d.r.

d.r.

p. 7

d.r.

Ondjaki:Prémio

José Saramago à conversa

com o

Cultura.Sul

p. 4 e 5

Page 14: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

06.12.2013 2 Cultura.Sul

Fechamos o ano de 2013 e prometemos regressar em 2014, com a mesma vontade de sempre de dar a conhecer aos algarvios o que por cá se faz em termos culturais, o mui-to e o muito bom que por cá se faz e, ainda, o muito que cada artista no seu campo, cada gestor cultural, cada musólo-go, cada actor da realidade cul-tural dá de si ao Algarve e aos algarvios em cada momento.

Somos neste momento em que cai o pano sobre o palco de 2013, apenas isso, um veí-culo que dá voz à cultura no Algarve. Somos isso mesmo e não queremos ser mais por-que sê-lo é já de si relevante o quanto baste.

Este que é o único caderno cultural em formato jornal na região, não quer o relevo das luzes da ribalta, quer ser an-tes o foco que dá luz a quem verdadeiramente a merece, os ‘fazedores’ de cultura.

Não somos nunca o palco que desajamos ser, somos, não obstante, sempre fervero-sos perseguidores do sermos melhores naquilo que faze-mos a cada edição e contamos com todos e muito em parti-cular com quem dá, mês após mês, a sua colaboração a estas páginas para atingirmos esse objectivo.

É para os colaboradores que fazem do Cultura.Sul uma re-alidade, é para as mulheres e homens da cultura e para os leitores que vão nesta última edição deste ano os nossos agradecimentos.

Fazemos o Cultura.Sul por cada leitor que percorre as nossas páginas e é por ele que o contiunaremos a fazer em 2014.

Neste virar de página im-porta apenas mais um dese-jo que estendemos a todos. Tenham um óptimo 2014 pessoal e cultural.

Em Janeiro regressamos para dar início a mais um ano de Cultura.Sul porque continuamos a creditar que vale a pena fazer cada uma destas páginas a pensar em si que nos lê.

Cai o pano sobre 2013

Ficha Técnica:

Direcção:GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor:Ricardo Claro

Paginação:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Contos da Ria Formosa:

Pedro Jubilot• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço CRIA:

Hugo Barros• Espaço Educação:

Direcção Regionalde Educação do Algarve

• Espaço Cultura:Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Grande ecrã:Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Momento:

Vítor Correia• Panorâmica:

Ricardo Claro• Património:

Isabel Soares• Sala de leitura:

Paulo Pires

Colaboradoresdesta edição:Emanuel SanchoHugo BarrosHugo OliveiraPaulo SerraVanessa Caravela

Parceiros:Direcção Regional de Cul-tura do Algarve, Direcção Regional de Educação do Algarve, Postal do Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.issuu.com/postaldoalgarve

Tiragem:8.280 exemplares

Novo quadro, novas oportunidades

O passo mais difícil é o primeiro!

Consumidos pelo fluxo de informação dos jornais, tele-visão, ou que incessantemente circula nas redes sociais, não podemos deixar de sentir um misto de euforia e desespero.

Muito embora os recentes sucessos da seleção nacional ou os anunciados sinais de re-cuperação económica, a reali-dade continua a refletir uma elevada taxa de desemprego, particularmente elevada entre os jovens, a diminuição do po-der de compra das famílias, e o desafio de inúmeras empresas em ultrapassarem a barreira nacional e assegurarem a sua competitividade no exterior.

Mas acredito que o copo está “meio cheio”. E acredito que apenas pode subir.

Impulsionadas pelos apoios financeiros disponibilizados pelo atual Quadro Comunitá-rio, as empresas têm vindo a concretizar esforços no senti-

do de uma maior competitivi-dade, apostando em inovação e conhecimento como forma de captação de novos merca-dos, de otimização de proces-sos, ou de desenvolvimento de novos produtos.

Estes apoios têm permiti-do capacitar um conjunto de novas empresas inovadoras, constituídas e geridas por re-

cursos humanos qualificados, e orientadas na sua génese para mercados internacio-nais. Igualmente relevante é a constatação das áreas de inci-dência destes novos projetos, não apenas atuando nas áreas da computação ou biotecno-

logia (entre outros), mas re-descobrindo o potencial dos setores tradicionais, como o Mar ou a Agricultura.

Estas empresas nascem ou reinventam-se a partir de um ambiente difícil, conscientes dos problemas e dos riscos, mas se-guros das suas competências e certos do seu caminho.

Consciente das dificuldades

de comunicação ainda existen-tes, e do contínuo trabalho de aproximação necessário, é im-perativo salientar neste proces-so de dinamização empresa-rial o papel das Universidades, não apenas enquanto entida-de de formação de quadros

Para o ano é que é!

Aprecio imenso o entusias-mo de algumas pessoas, nesta época do ano. Uma certa es-pécie de parvos alegres com esperança no novo ano que aí vem. Como se o simples facto do ano mudar, mudasse algu-ma coisa.

À falta de capacidade de re-solver os problemas, o melhor é esquecer. Arrumam tudo no passado e fazem promessas

para o futuro. Tomam deci-sões épicas! As mesmas do ano anterior. Esquecendo que os mesmos caminhos levam, inevitavelmente, aos mesmos sítios.

E a meio do ano já começam a pensar novamente no próxi-mo. Para o ano é que é!

É a esperança do recomeço de quem não consegue dar a volta ao que não tem volta a dar. De quem perante as ad-versidades desiste, volta a co-meçar de novo ou deixa andar.

Culpam o Cristo, o carpin-teiro que fez a cruz e o ferreiro pôs os pregos, lavam as mãos como Pilatos e não fazem nada.

Uns não pensam muito nis-

to, porque não têm tempo e outros acham que pensar é perda de tempo. E passam a vida entre uma bica e um café, sem fazer uma pausa para a vida.

E andam nisto! As coisas não mudam por decreto, só porque decidimos e pronto. Há que mudar a atitude e os

comportamentos. Ter coragem para enfrentar medos e orgu-lhos, romper com o conformis-mo e a preguiça e arriscar. Per-ceber o que realmente se quer e lutar por isso.

Ou continuar, eternamen-te, a colocar alpista no aquá-rio à espera que o douradi-nho cante!

d.r.

d.r.

Ricardo [email protected]

Editorial Espaço CRIA

Hugo BarrosCoordenador do CRIA - Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologiada Universidade do Algarve

Juventude, artes e ideias

Vanessa Caravela

qualificados, mas também (e essencialmente) como centro de geração e transferência de conhecimento.

Esta interação Universida-de-Empresa tem permitido consolidar a transferência de conhecimento científico en-tre as empresas e os centros de conhecimento, traduzin-do um conjunto de benefícios mútuos entre os agentes pú-blicos e privados envolvidos, necessários à competitivida-de das empresas, das regiões e do País. Dando continuida-de a esta realidade, a política de “Especialização Inteligente” proposta às regiões, e conso-lidada no programa de apoio financeiro denominado “Ho-rizonte 2020”, vem reforçar a necessidade de relacionamen-to entre as entidades deten-toras e geradoras de conheci-mento científico e os agentes económicos no mercado, fo-mentando a geração de mais--valias económicas através da diferenciação.

Reforço que não é tarefa fácil, para nenhum dos inter-venientes. No entanto, a re-signação não é opção, como têm demostrado as empresas, as Universidades e a própria comunidade civil, que comba-tem diariamente a adversida-de, adotam novas estratégias de crescimento e consolidam mercados internacionais.

Termino portanto como co-mecei… entre um misto de eu-foria e desespero… Consciente das dificuldades e dos desa-fios, mas seguro do potencial da região e das competências das instituições.

Page 15: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

06.12.2013  3Cultura.Sul

Espaço AGECAL

Para a população rural, o sen-timento permanente da sua con-dição marginal parece ter so-brevivido até aos nossos dias. Compreensivelmente, as cidades maiores sempre exerceram a sua natural hegemonia. Aí estavam os poderes político, religioso, as famílias economicamente pode-rosas, muitas vezes com acção me-cenática importante, e os estran-geiros residentes, às vezes cultos, mas sempre ligados aos negócios mais rentáveis. Aí se ergueram te-atros e mais tarde cinemas. Fun-daram-se clubes e associações, onde as elites culturais desempe-nharam um papel fundamental na dinamização cultural citadina: os saraus, os concursos literários, as palestras.

Também no meio rural, as pes-soas procuravam organizar-se. Contudo, o panorama era diverso:

construíam-se réplicas simplifica-das do que se via na cidade com os clubes e sociedades recreativas a organizarem bailes ao fim de se-mana e a instituírem bibliotecas populares que pouco mais eram

do que umas prateleiras de livros fechados à chave. Algumas famí-lias destacavam-se no gosto pela leitura, pela música tocada ao pia-no ou ouvida na grafonola. Para-lelamente havia (e há) a chamada

cultura popular: um conjunto de saberes nascidos quase sempre da luta diária pela sobrevivência que persiste na memória das pessoas. São disso exemplo a poesia, a mú-sica e um instrumental próprios que chegaram aos nossos dias.

Neste ponto da reflexão convém referir a clara dificuldade em se estabelecerem os limites entre o rural e o urbano, conscientes que, tanto na cidade como no campo, as duas realidades convivem lado a lado. Talvez a predominância seja o factor chave deste difuso jogo de relações. Por isso, a pro-vocação deliberada do uso que fazemos - quase indiferenciado - destes conceitos/contextos sociais.

Desde há muito que as elites culturais passaram a interessar--se pela cultura popular, promo-vendo incursões e “recolhas” que terminavam sempre nas reservas e arquivos dos museus e univer-sidades. Também, como acontece frequentemente com as manifes-tações culturais em geral, o poder político sempre procurou usar-se delas em seu favor, moldando--as aos seus interesses. Exemplo paradigmático desse fenómeno é o caso do movimento folclóri-co que chegou aos nossos dias.

Apesar das múltiplas abordagens exteriores, a identidade rural sem-pre teve a consciência da distância que a separava do poder, vendo nisso inconvenientes mas, por ve-zes, também algumas vantagens.

E nos nossos dias? Existirá ain-da uma identidade rural e um modo de vida próprio capaz de reflectir nas suas raízes e, a par-tir daí, produzir valores e cultura para o tempo presente? Sabemos que o esquema de relações entre a cidade e o campo alterou-se pro-fundamente. Entre a globalização e a massificação dos nossos dias, as economias rural e urbana apro-ximaram-se em muitos aspectos, mas isso não reduziu os contrastes que sempre existiram entre elas. A cultura citadina foi ao campo e de lá trouxe o que melhor lhe aprouve. Ao invés, sabemos que ainda hoje o rural vive fascinado pelo brilho da cidade.

Ouvimos hoje falar do “regresso à terra”, das “slow cities”, da die-ta mediterrânica, do património cultural imaterial e sentimos, os rurais, afinidades bastantes com estes movimentos culturais emer-gentes. Serão os sinais de um des-pertar assente nos valores de uma cultura própria?

Grande ecrã

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | 965 209 198 | 934 485 [email protected]

SESSÕES REGULARESCine-Teatro António Pinheiro | 21.30 horas

07 DEZ | OPHIUSSA: UMA CIDADE DE FER-NANDO PESSOA - Fernando Carrilho - Por-tugal 2013 (70’) M/612 DEZ | DANS LA MAISON (DENTRO DE CASA) - François Ozon - França 2012 (105’) M/12

19 DEZ | NIGHT TRAIN TO LISBON (COM-BOIO NOTURNO PARA LISBOA) - Bille August - Alemanha/Suíça/Portugal 2013 (111’) M/1221 DEZ | “O DIA MAIS CURTO” - 10 CURTAS METRAGENS EUROPEIAS Vários - Europa 2000 - 2013 (89’) M/1226 DEZ | IO SONO LI (SHUN LI E O POETA) - Andrea Segre - Itália/França 2011 (98’) M/12

Um Natal recheado em Tavira

Em Dezembro iremos exibir seis filmes (atenção: duas ses-sões terão lugar num sábado), dos quais três nacionais ou pelo menos em co-produção com Portugal. Um destaque para a sessão de Curtas Metragens no âmbito do “Dia Mais Curto”, no

sábado, 21 de Dezembro. E para quem não conseguiu estar pre-sente na nossa sessão ao ar livre no passado mês de Julho, no dia 19 iremos trazer de volta Night Train to Lisbon (Comboio Notur-no para Lisboa), de Bille August. Os filmes falam por si próprios,

pouco resta para dizer ou para escrever. Contudo, os nossos mais sinceros votos de festas felizes! Desejamos a todos uma entrada pacífica em 2014, com grandes filmes para alimentar a nossa imaginação! Positive thinking!

Cena do filme Comboio Noturno para Lisboa

d.r.

Cestaria em cana, actividade exercida pela população rural

d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

IPJ | 21.30 HORAS | ENTRADA PAGA

CICLO VARIAÇÕES EM MAL MAIOR10 DEZ | REINO ANIMAL, David Michôd, Austrália, 2010, 113’, M/16

SEDE | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE

TRIBUTO A PATRICE CHÉREAU12 DEZ | O SEU IRMÃO, França, 2003, 92’19 DEZ | 18.30 HORAS | GABRIELLE, Fran-ça, 2005, 90’ (Leg. Ingl.)21.30 HORAS | PERSEGUIÇÃO, 2009, 98’ (Leg. Ingl.)

BIBLIOTECA MUNICIPAL | 21.30 HORAS | ENTRADA LIVRE

O FILME FRANCÊS DO MÊS20 DEZ | MIA ET LE MIGOU, Jacques-Rémy Girerd, França, 2008, 91’

FÁBRICA DOS SENTIDOS | 18.30 HORASE SOCIEDADE ARTÍSTICA FARENSE | 22.30 HORAS

21 DEZ | O DIA MAIS CURTO – exibição de seis curtas-metragens portuguesas numa sessão de 56’

Cultura em meio rural

Emanuel SanchoAGECAL

Page 16: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

06.12.2013 4 Cultura.Sul

Ondjaki:mais do que o escritor, o homem e o pensador

Panorâmica

O pseudónimo que usa para a arte da escrita é Ondjaky e é sob este nome - cujo significado, en-tre outros, é guerreiro - que as-sina vários livros premiados ao longo dos últimos anos até che-gar a 2013 e ser escolhido para ganhar o Prémio José Saramago, atribuído pela Fundação Círculo de Leitores.

Depois de em 2000 ter arre-batado a Menção Honrosa do Prémio António Jacinto pelo seu primeiro livro de poesia “Actu Sanguíneu”, soma-lhe com o livro de contos “E se amanhã o

medo”, em 2005, o Prémio António Paulouro, a

que acrescenta em 2007 o Gran-de Prémio APE fruto da obra “Os da minha rua”.

Três anos depois, em 2010, é a vez de o livro “AvóDezanove e o segredo do soviético” ser reco-nhecido com Prémio Jabuti na categoria juvenil. A escrita para os mais novos volta a garantir--lhe o reconhecimento com o Prémio Bissaya Barreto 2012, na sequência da obra “A bicicleta que tinha bigodes”, também distinguida, no Brasil, com o Prémio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Não espanta, pois, de todo, que Ondjaki tenha ganho, com a obra “Os transparentes”, o Pré-mio José Saramago, afinal, está traduzido em mais de uma de-zena de idiomas e há muito que o reconhecimento o coloca en-tre os nomes mais sonantes da escrita angolana da actualidade.

Depois de uma visita que o Cultura.Sul acompanhou às escolas olhanenses do Agrupa-mento Professor Paula Noguei-ra, onde Ondjaki arrebatou os alunos com uma impressionan-te veia de contador de histórias e uma rara capacidade de co-municação, conversámos com o escritor, mas ouvimos também o homem, Ndalu de Almeida, e o pensador sobre a realidade africana e mundial.

“Os Transparentes”, uma incursão para fora da

ficção pura

Escrever é também um acto político e se até agora, como o próprio reconhece, Ondjaki, se

detinha na “ficção pura”, com “Os Transparentes” o

escritor traz-nos uma his-tória literária, cheia de fac-

tologia sobre a Luanda dos dias de hoje e em larga medi-

da sobre Angola e o mundo da actualidade.

“Há [em “Os transparentes”] um manancial de informação sobre Luanda que eu tenho e usei para contar uma história que é literária, mas que permi-te abrir caminhos para o debate e que apresenta premissas para a discussão sobre aquilo que eu chamo de abandono do outro, seja o abandono crescente que temos uns face aos outros en-quanto cidadãos, seja o aban-dono dos políticos em relação

ao povo”, refere Ondjaki.“Há este abandono a que te-

mos que dar atenção e que não podemos de todo ignorar”, re-fere, defendendo que não po-demos ser transparentes, na medida em que não podemos ser ignorados, nem ignorar quem está ao nosso lado. “Não é um abandono que seja exclu-sivo de Angola, isto é um facto, é uma realidade generalizada, muito embora no livro o que se aborde seja Angola”, sublinha.

Democracia a cada quatro anos

“Esta coisa a que chamamos democracia, tornou-se uma re-alidade em que se convocam as pessoas de quatro em quatro anos para cumprir uma agenda eleitoral e depois não queremos saber, só voltamos novamente a querer saber delas daqui a qua-tro anos”, remata.

Há, entende o escritor, um alheamento de parte a parte que não é positivo e que condiciona o presente, mas também o fu-turo e dá o exemplo: “basta ver-mos o que acontece nas princi-pais cidades dos países africanos que neste momento não estão em guerra e que beneficiam de uma conjuntura de crescimen-to favorável. Em Lagos, Cidade do Cabo, Pretória, Joanesbur-go e Luanda, por exemplo, há dinheiro e paz e isso fez surgir uma febre de construção civil que na sua ânsia voraz descura o planeamento e ao fazê-lo põe em causa o presente e o futuro daquelas cidades”.

“O que importa é construir e negligencia-se o planeamento urbano e daqui a 20 anos não teremos argumentos para ter-mos cidades atractivas e com-petitivas por exemplo na área do turismo”, diz o escritor, que antecipa que, “daqui a 20 ou 30 anos todos já foram a Lon-dres, Madrid ou Nova Iorque e vão querer descobrir as capitais africanas como Luanda que tem uma arquitectura colonial que importava preservar, quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista turístico. Se não planificarmos o urbanismo e salvaguardarmos o patrimó-nio, nessa altura nada teremos para mostrar, o que nos fará ser pouco apetecíveis como destino turístico”, conclui.

Page 17: POSTAL 1114 - 6 DEZ 2013

06.12.2013  5Cultura.Sul

Ondjaki conquistou os estudantes olhanenses

fotos: ricardo claro

“ESPECTÁCULO DE NATAL”6 e 7 DEZ |19.30 | Centro Cultural de LagosApresentação de diversas coreografias interpretadas pelos alunos e professores da Escola de Dança de La-gos, das seguintes modalidades: ballet clássico, inicia-ção à dança, dança contemporânea, dança moderna, dança do Egipto, flamenco, hip hop, entre outras

“COMMON GROUND”7 DEZ | 21.30 | Cine-Teatro LouletanoMazgani, escritor de canções, cantor e guitarrista, re-gressa a Loulé com um espectáculo intimista integrado numa digressão que está a percorrer o país, celebrando a sua música de geografias muito personalizadasAg

endar

Panorâmica

“Temos que pensar em que termos devemos definir o pre-sente e em que medida é que as decisões que tomamos defini-rão também o futuro”, entende o escritor, que vê a participação cívica como a forma por exce-lência de encontrar as melho-res soluções, daí a importância de evitar que os povos se tornem transparentes.

Há cada vez mais transparentes no mundo

“Os transparentes são os transparentes para os poderes políticos e económicos instituí-dos e são uma vaga crescente em Angola como o são na Colômbia ou no Brasil, onde vivo há qua-tro anos”.

Para Ondjaki, “há uma ideia crescente no mundo, liderada pelos Estados Unidos da Amé-rica, de que a democracia, tal como a conhecemos hoje, in-dependentemente de estarmos perante um regime parlamen-tar, presidencialista ou semi-pre-sidencialista ou qualquer outro, é um sistema ideal”.

“Não acho que seja, acho que é mais interessante do que cer-tas ditaduras, porque há uma certa representatividade, mas não creio que seja um regime perfeito e fechado sobre a sua perfeição”, defende o escritor, que aposta noutro rumo, “acre-dito cada vez mais nos poderes locais e na proximidade destes com os cidadãos e com as suas necessidades básicas, que só po-dem ser satisfeitas através de um sistema que as conheça, algo a que a actual democracia não res-ponde, porque existe uma enor-me distância entre os cidadãos e os círculos da decisão política”.

“Temos que chegar ao poder local ao nível do nosso bairro, da nossa rua, e temos de ter in-terlocutores válidos na base do sistema político. É importante a eficiência do poder local e é fundamental a sensação de que quem manda somos nós, os ci-dadãos”, preconiza.

“Por outro lado, a democracia, tal como a conhecemos e a des-peito das regras de limitação de mandatos, continua a ser terre-no fértil para a criação e perpe-tuação de poderes”, diz o novo Prémio José Saramago. “É claro

que depois de eleito bastam dois ou três anos para construir uma rede que permita que estando ou não no poder mantenha uma situação de favorecimento pessoal ou do meu partido ou grupo”, refere Ondjaki.

Democracia 1.0

“O que defendo é que nos devemos manter alerta, seja do ponto de vista político, seja filosófico, quanto a todas estas questões e quanto às suas im-plicações e para isso é funda-mental preservar e fomentar a ideia de que a democracia também ela tem de sofrer up-grades”, sublinha.

“Estamos na democracia 1.0 e não podemos acreditar que che-gámos a uma solução suficiente, há lugar para uma democracia 2.0 e 3.0 e por aí em diante. Há sempre lugar para melhorias”, remata.

“No mundo global a demo-cracia é vendida sob medida de acordo com a vontade de alguns imposta a milhões, a democra-cia é exigida ao Iraque de forma diferente daquela que é exigida à China ou à Coreia do Norte. Os Estados Unidos da América lideram este discurso e a Euro-pa embarca volta e meia no mes-mo barco pouco sério”, lembra Ondjaki, defendendo que “nós somos o elo de ligação entre o animal e o homem social e po-lítico, não somos o fim da evolu-ção, somos apenas um dos seus momentos. Com a democracia é o mesmo, não é o fim é um ca-minho e não podemos dar-nos por satisfeitos”, conclui.

“A realidade que se vive em Angola não é neste capítulo muito diferente daquela que se vive em Portugal, na Itália, no Brasil ou nos Estados Unidos da América”, refere o escritor.

“Por isso é que digo que há corrupção em Angola como há em qualquer outra parte do mundo e defendo que não se deve criticar a corrupção em An-gola com se fosse um exclusivo nosso, somos apenas mais um país com a sua corrupção típica.

Em Angola é mais gritante? Talvez seja, mas na China tam-bém o é e sobre a China nin-guém ao nível das esferas do poder fala”, diz Ondjaki.

Em “Os Transparentes”, se-gundo o autor, a personagem Odonato “é a personificação da transparência, é um personagem ingénuo que acha que é possível fazer coisas em Luanda sem di-nheiro, quando até uma crian-ça sabe que para fazer coisas em Luanda é preciso dinheiro e que é necessária uma conversa para-lela à conversa principal e ao sis-tema para se conseguir alguma

coisa”, lembra.

A Luanda de hoje vivida por Odonato

“Este é o nosso modus vivendi

actual, que espero seja provisó-rio e que é fruto de toda uma soma de factores onde se in-cluem 500 anos de ocupação, quase 40 anos de várias guer-ras civis, contra os portugueses, contra a ocupação sul-africana, marcado pelos efeitos das dis-putas associadas à guerra fria. Angola é um país que de facto só está em paz há 12 anos”, re-corda o escritor.

“Estamos no começo das coi-sas e é um começo interessan-te, começamos com dinheiro, com um sistema político que não sei se é uma democracia mas é pluripartidário”, refere Ondjaki, questionando reto-ricamente sobre “onde é que existe democracia, nos Estados

Unidos da América há casos de pessoas que quiseram ser verda-deiramente de esquerda e que vão perdendo tudo e vendo as portas fecharem-se sucessiva-mente, mesmo quando Barak Obama está no poder e se diz ser um presidente de esquerda”.

O olhar do escritor é uma mirada analítica sobre a sua Angola, mas sobre este que é o seu mundo e sobre o cami-

nho que trilhamos e como há tudo ainda por descobrir e por aprender a fazer melhor, de for-ma mais justa e participativa. É esse o desafio que Ondjaki deseja que “Os Transparentes” lance aos angolanos, como aos portugue-ses, como a qualquer cidadão de qualquer país.

Para isso conta já com o peso e a voz que ganha quem é um Prémio José Saramago e o escri-tor tem disso consciência.

“Este prémio é de Angola porque eu ainda estou numa fase em que preciso de dividir os prémios com o meu país”, diz Ondjaki. “Eu formei-me em Angola enquanto indivíduo, estudei sempre em Angola em escolas públicas. Eu tenho essa proximidade com esse univer-so pessoal que é o meu e inclui Angola e neste caso, que é um prémio muito importante, era impossível não o dividir com o meu país, é tão grande e tão sig-

nificativo que não aguento com ele sozinho e dividi-o com Ango-la” sublinha.

“Por outro lado, o prémio é de Angola na exacta medida de que este é um livro também so-bre Angola em que o que tento também é chamar a atenção dos Angolanos convidando-os a ler o livro e a tentarem descobrir se ali encontram razões para conver-sarmos todos sobre o país”, diz.

“Quando me falam sobre An-gola e a política em Angola e a realidade angolana, o que sem-pre digo é que temos que rei-vindicar o direito ao debate, ao espaço de discussão das ideias”, reforça o escritor.

“Esse deve ser o nosso prin-cipal propósito no panorama actual, debater. Em Angola já se pode falar, até se pode falar, só que ninguém ouve. O pro-blema é que os interlocutores que deveriam ser os primeiros a ouvir a a responder porque têm especiais obrigações sobre cada tema discutido, ignoram a discussão e passam ao lado do debate como se nada tivesse a ver com eles”, conclui.

A lusofonia

Para Ondjaki não existe uma lusofonia plena. “Mantenho esta opinião porque ainda não vi uma realidade que me fizesse

ter uma opinião diferente”, refe-re o escritor.

“Existe sim um espaço afecti-vo da língua portuguesa, para o bom e para o mau. Quanto a uma lusofonia que permita antever um espaço económico comum não há no médio ou longo prazo nada que indique essa possibilidade, para além de alguns pequenos privilégios absolutamente incidentais, nem existe ou se pode antever um verdadeiro espaço político e de cidadania comuns” diz.

“Se perguntarmos a qualquer escritor, já não digo a outros quaisquer profissionais, o que é a CPLP?, a resposta é a de que se trata de um grupo de políticos que se reúne em bons hotéis para assinarem qualquer coisa de pouco relevo em termos do que poderia ser feito em prol dos povos lusófonos”, refere o autor.

Mesmo a expressão lusofonia é, diz Ondjaki, “em regra aplica-da para definir pessoas de países africanos e apenas isso, Timor fica tão longe que mal se ouve falar a respeito, Portugal é Eu-ropa, o Brasil é Brasil porque é um poderio emergente e lusó-fonos somos nós, os africanos”, sublinha.

Por isso, diz, “para muitos africanos lusofonia é vista com desconfiança, como a tentativa de recuperar um espaço onde o gigante económico é o Bra-sil, que pouco se importa com lusofonia, o epicentro é o anão Portugal, que tenta recuperar espaço político de manobra no sentido de ganhar alguma influ-ência, Angola é o segundo país em termos de relevo económi-co, mas que tem uma atitude de indiferença face à lusofonia, e o resto é o resto.

“Se queremos brincar aos primos vamos brincar a sé-rio”, diz o escritor e remata com um exemplo que é vivi-do na própria pele: “é inad-missível o que os cidadãos lu-sófonos ainda têm que fazer para circularem e se estabe-lecerem livremente em qual-quer dos países lusófonos. Só isto basta para sabermos que estamos longe de ser uma comunidade na verdadeira acepção do termo”.

Ricardo Claro

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06.12.2013 6 Cultura.Sul

“LAGOS, OS ESPELHOS DA MEMÓRIA”Até 31 DEZ | Centro Cultural de LagosProcurando dar realce ao acervo da Fototeca Munici-pal de Lagos a câmara local apresenta um conjunto de fotografias e postais ilustrados incidindo sobre a primeira metade do séc. XX. São imagens que retra-tam a cidade e os arrabaldes

“UM NATAL MAIS ECOLÓGICO”Até 31 DEZ | Galeria de Arte Pintor Samora Barros - AlbufeiraExposição de trabalhos executados pelos estabeleci-mentos de ensino, lares e centros de dia do concelho que a partir da utilização de materiais reciclados acei-taram o repto para produzir diversas peças originaisAg

endar

O fantástico mundo encantado de Juliet Marillier

Juliet Marillier, nascida em 1948, na Nova Zelândia, é uma daquelas escrito-ras que, na senda de damas como Ma-rion Zimmer Bradley, está a tornar-se uma autora de culto do género fantás-tico. É claro que escritores que lançam um livro por ano podem ser discutíveis, tal como se podia aqui discutir se todo o tipo de obras do género fantástico cabe efetivamente nesse magnânimo e sempre estranho campo do que é a literariedade. Mas a verdade é que to-dos nós temos os nossos próprios pra-zeres culposos (soa muito melhor em inglês: «guilty pleasures», mas estava a tentar evitar estrangeirismos). Por isso é tão irritante quando certas pessoas andam em transportes públicos com livros forrados de um horrível papel celofane, como quem embrulha uma sandes. Talvez por terem vergonha de revelarem o que estão realmente a ler? Bem, assumo a minha quota parte de culpa. Tenho autores para todos os gostos, mas também sou um adepto desta senhora que, a cada novo livro, consegue surpreender-nos, ainda que ligeiramente, com uma fórmula previa-mente estereotipada. Que é como dizer, por exemplo, que quando se ouve um álbum de Enya ela consegue sempre a proeza de se igualar a si mesma. To-davia, há sempre autores (e pessoas), iguais a si próprios, e que valem por isso mesmo, alimentando certos pra-zeres de pura fruição estética, em que podemos regressar a um mundo que se vai revelando cada vez mais familiar, como quem chega a casa e se encosta num sofá com uma manta e uma chá-vena de chá. Ainda mais agora, quase em pleno Inverno, é reconfortante po-dermos contar com o último romance desta autora neozelandesa, cujas pai-sagens desse ambiente inóspito e pri-mitivista parecem ressaltar nas suas páginas e talvez igualar-se ao mundo céltico dos seus livros, transportando--nos a um sentimento de princípio dos tempos, em que os homens já se orga-nizam em sociedades tribais e clãs, mas são ainda as mulheres quem tece os fios do destino, interligando assuntos

deste mundo e do outro. A ascendên-cia de Juliet Marillier é escocesa e irlan-desa, tendo enveredado pela música, ensinando, interpretando, e trabalhan-do depois, durante cerca de 13 anos, em agências governamentais como a Commonwealth. Até que em 1999 a sua vida muda com Filha da Floresta, livro em que é mais claramente notó-ria a inspiração que a autora bebe em lendas célticas com a fantástica histó-ria de uma jovem que tem de salvar os seus sete irmãos transformados em cisnes por meio das artes maléficas de uma terrível feiticeira. Sendo bem recebida por leitores e críticos entre o público leitor anglófono, seguiram-se outros dois volumes da saga em me-nos de dois anos. Em 2003 dedicou-se completamente à escrita, e enveredou ainda mais longe no folclore das ilhas gaélicas e terras nórdicas, presentean-do-nos com Filho de Thor e Máscara de Raposa.

Consegue ainda ter tempo para acarinhar quatro filhos e seis netos, e ter transformado a sua casa de cam-po centenária, na Austrália, num asilo para cães abandonados. É também membro da ordem druídica, sendo claramente notório um espiritualis-mo associado ao tom elegíaco das suas histórias de jovens donzelas que, sem se aperceberem bem disso, são postas à prova, e vencem as ad-versidades com a natureza singela de um espírito indomável. Nestes livros, que não são livros mas sim trilogias, o tom é quase o mesmo, mas estas jovens têm sempre características marcantes e personalidades vinca-das, que ajudam a demarcá-las de entre um bando de irmãs e primas, pois acabam muitas vezes por se te-cer relações entre a complexa rede de famílias e romances.

Os seus romances combinam fic-ção histórica, fantasia e folclore, len-da e romance, porque, felizmente, estas jovens encontram sempre um amado improvável no decurso das suas viagens e aventuras. Mesmo em A Vidente de Sevenwaters, único livro em que se defende que a castidade é fundamental para manter o dom intacto da jovem rapariga, a jovem psíquica acaba por conseguir conci-liar o seu dom com o seu amor.

Com Shadowfell, um dos poucos tí-tulos não traduzidos para português, foi iniciada outra nova trilogia (ainda que tal não tenha ficado claro nem no início - e provavelmente nem no fim -, mas agora a culpa é das editoras

que andam a publicar ao desbarato, saltando a ordem de certos volumes e sem esclarecer que pertencem a um conjunto maior), agora retoma-da com O Voo do Corvo. Ainda que a autora tenha protelado esse hábi-to, retoma na continuação da saga a mesma protagonista. A jovem Neryn prossegue a sua jornada, com a mis-são e o fardo de ser uma das poucas Vozes que ainda restam, capaz de ver os chamados Boa Gente, que povoam o Outro Mundo, como donzelas das florestas e criaturas feitas de galhos

e rochas, com longos toucados onde se enredam ninhos e aves. Pode assim tornar-se uma estratega ou diploma-ta essencial num mundo em guerra, pois como quase sempre o ambiente fantástico remete-nos para um mun-do medievalizante. Temos, inclusive, como forma de espreitar o mundo da desordem e disputa masculina, o apaixonado de Neryn, Flint, que vive na corda bamba enquanto espião du-

plo, e conduz-nos ao seio do grupo de Rebeldes que se constituiu à margem da corte. Apesar de Neryn e Flint não estarem tão próximos fisicamente como no volume anterior, em que a proximidade e convivência eram eiva-das da desconfiança dela em relação a ele, julgando-o um inimigo, desta feita, agora que se distanciam fisicamente, o amor entretanto desabrochado com um beijo roubado nas últimas páginas,

tornou-se tanto mais forte quanto a distância aberta entre os dois. A força do sentimento que os une não deixa, no entanto, margens para dúvidas, até porque se comunicam em sonhos...

São reveladores e inovadores os epi-sódios protagonizados por Flint, que nos permitem entrar na corte e co-nhecer melhor o rei Keldec. Pode até tornar-se desconcertante observar a duplicidade deste agente infiltrado, empenhado em ganhar a confiança do monarca, mesmo quando se pressen-te que afinal não são os políticos que dão a cara os verdadeiros culpados, mas sim outras “Vozes” conselheiras.

O estilo da autora é escorreito e detém-se nos meandros da natureza humana, dos receios e esperanças, mas sem nunca cair, mesmo sendo as personagens jovens quase-mulheres, em tom lamechas. Transporta-nos para os contos tradicionais da nossa infância (isto fica bem de dizer mas a verdade é que muitos de nós não tivemos esse prazer na nossa primei-ra fase de vida), dentro de um estilo muito característico da autora, que, como dizia no início, nos permite sentir o embalo e um marulhar rit-mado que nos permite evadir por momentos da realidade mais crua para mergulharmos nos recessos do nosso coração. Afinal, homens ou mulheres, não somos todos jovens donzelas em perigo, muitas vezes divididos pela angústia das nossas próprias escolhas e desejos?

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

d.r.

Juliet Marillier é autora de várias obras de literatura fantástica

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06.12.2013  7Cultura.Sul

Momento

“Adeus”

Foto de Vítor Correia

Cor e criativiade de mãos dadas em mostra fotográfica

A ALFA – Associação Livre Fotógra-fos do Algarve vai dinamizar no pri-meiro semestre de 2014, uma mostra fotográfica onde a criatividade e as cores primárias são as musas inspi-radoras e os participantes podem demonstrar todo o seu talento.

Podem participar nesta iniciativa fotógrafos amadores, sócios e não sócios que são convidados a enviar uma foto por mês independente-mente do tema, tendo sempre pre-sente as cores primárias: branco, ver-melho, verde, azul, amarelo, preto, que vão mudando mês após mês.

E agora? Pois é bastante simples. Para Janeiro a cor eleita é o branco e devem enviar as fotografias durante o mês de Dezembro. Branco é foto-grafar as férias de Natal da família numa estância de esqui, fotografar a neve na Serra da Estrela, é aquela foto da noiva, é a magia das amen-doeiras em flor, é fotografar as cego-nhas, o papa Francisco, é a paz. Tudo é possível.

Mais ainda, em fotografia, balanço de cores refere-se aos ajustes que são efectuados pelo fotógrafo ou pela câmara fotográfica para se obter

imagens com fidelidade de cores próximas àquelas que os objectos apresentam sob iluminação ideal.

O júri escolherá a imagem vence-dora do mês. A foto será publicada no início da página de internet www.alfa.pt, identificada com o nome do autor e a cor correspondente. Além disso, será divulgada como foto pre-miada no facebook, na newsletter e restantes canais da associação.

As restantes fotos serão também colocadas na internet com link a uma página correspondente à mos-tra fotográfica.

A mostra é de acesso gratuito a todos. A intenção é demonstrar os novos talentos fotográficos. Para participar basta enviar a fotografia para o endereço [email protected] com o teu nome completo e o número de sócio, caso aplicável.

No final será realizada uma expo-sição na Galeria ARCO em Faro com as fotografias vencedoras de acesso ao público em geral.

Direcção da [email protected]

d.r.

Espaço ALFA

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06.12.2013 8 Cultura.Sul

“CONCERTO DE NATAL”21 DEZ | 21.30 | Cine-Teatro LouletanoO cantor Nuno Guerreiro, emblemático vocalista da Ala dos Namorados, volta a pisar o palco da sala de espectáculos da cidade que o viu nascer e irá entoar algumas canções de Natal, bem como os grandes êxitos do grupo Ag

endar “SENTINELAS DE OLHÃO”

Até 31 MAI 2014 | Museu Municipal de OlhãoExposição composta por oito painéis e duas réplicas de torres, cuja temática é centrada num conjunto de estruturas militares de carácter defensivo

Dezembro

Pedro [email protected]

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

fotos: d.r.

A Visita

São quase três da tarde e há muito barulho no antigo café do centro da cidade onde es-pero o Jaime. Entretenho-me a ler uma revista do jornal de domingo enquanto ele não vem. Pouco depois chega. Toma uma bica, acende um cigarro lights e diz simplesmente: Vamos?!

Vamos visitar os pais como quase todas as quartas à tarde. Também costumo ir sozinho quando me apetece. Acho que ele faz o mesmo. Deixamos os carros estacionados no centro, junto às ruas das lojas e dos cafés. Fazemos o caminho a pé. Porque é perto e porque gosta-mos de ir assim um ao lado do outro, vagaro-samente, conversando.

Amanhã deve vir muita gente, comenta o Jaime.

Pois. É feriado. É natural. As pessoas aprovei-tam, vou murmurando.

Então e que tal de semana? Não trabalhas hoje, pois não!? Ontem pensei que não me ias ligar, que tivesses ido para Lisboa, Sevilha ou…

Não! Não!Continuas sem ser aumentado… precisas que

te empreste algum?Não!, respondo de novo. Que tens hoje? Estás aborrecido?Apenas sonolência de meio de tarde neste clima

esquisito.Foste sair ontem à noite, é o que é, diz sorrindo.Sim. E depois fiquei a ler até quase de manhã,

confirmo-lhe.Chegamos ao portão. Há bancas a vender

flores e lamparinas e outras coisas que não sei

o que são.Quase nunca trazemos flores. Queres levar

flores?Não! Mas dá qualquer coisa àquele homem ali.

Aponto-o com um gesto de cabeça.O homem disse obrigado ao Jaime, e mais

qualquer coisa que não entendi, e continua-mos o trajecto até à campa onde estão enter-rados juntos. Sentamo-nos numa pedra ali ao lado e cada um de nós deixa-se ficar a falar com eles em silêncio. Às vezes também falamos os dois em voz alta, mas hoje está muita gente em volta. E apenas nos despedimos:

Adeus pai! Adeus mãe! Até depois. Que o meu irmão repete. E vamos embora.

Lá fora confesso-lhe:Tive muitas saudades dos dois esta semana,

mais do que nunca.O Jaime não responde e passado um bocado

pergunta-me se já não ando com aquela rapa-riga que conheceu há uns meses.

Não! Foi trabalhar para Lisboa, informo-o.Queres ir lá jantar hoje?Recuso o convite. Vou jantar fora com o Mário

e o Filipe…Então aparece lá amanhã.Está bem. Depois telefono-te.Ele entra no carro, baixa o vidro automático

e dá-me um cd. Eu agradeço enquanto ele liga o motor. Depois diz:

Ah! É verdade… a Carla foi hoje ao médico. Vou agora buscá-la. Acha que está grávida.

Não temos primos, tios, nem avós. Isso acon-tece. Não estou a divagar, nem a inventar. É de facto assim. Ele tem a mulher com quem vive. São uma família. Eu tenho-o a ele. Mesmo só duas pessoas podem ser uma família.

Paco de Lucia

De seu verdadeiro nome Francisco Sanchez Gomez (21.12.1947), teve pelo lado paterno o espanhol Don António Sanchez, homem de muitos ofícios, entre eles o de guitarrista. Pelo lado materno, estava Luzia Gomes, portuguesa, natural da vila de Castro Marim, ali junto ao Guadiana, onde o grande rio do sul separa o Algarve da Andaluzia. Paco de Lucia nasceu em Algeciras. Ali mesmo onde o mar estreita, para

deixar ver de um lado o Mar Mediterrâneo e do outro o Oceano Atlântico; para avistar a sul o começo da terra de África, e do outro encontrar a velha Europa.

Todas estas dicotomias criaram a sua vincada personalidade humana e artística contagiada pelo ritmo nervoso e histérico do flamenco, mas que é no entanto uma expressão ao mesmo tempo triste, representando como que o grito dos obstinados. É que, quando ouvimos flamen-co, esta música ao contrário do que possa pare-cer, não é só fiesta, mas é também introspecção, é melancolia e fado, só que apresentada doutro modo. Há guitarra, e há canto com origens ára-bes. É também (para além de bem) mal de vida.

Paco (Francisco, filho) de Lucia, tinha pela sua progenitora um amor inabalável. Dedi-cou-lhe dois dos seus trabalhos: «Castro Marin» (1987,philips) e «Luzia» (polygram 1998), to-cados através das recordações dos olhos e das palavras da mãe, que há muito deixara a villa vieja da infância.

Estofo de Maré

fecharam já todas as livrarias da cidadeestão simplesmente de portas e montras cerra-das, ao pó das horasou outros comércios tomaram as suas prateleiras

encerraram as salas dos cinemas da cidade ficam agora os assentos das cadeiras muito tem-po colocados na verticalou esperam por acontecimentos efémeros

vagueio junto ao molhe da doca da cidadeo único lugar ainda dedicado à poesia das ima-gens e das palavrasresta essa biblioteca litoral que respira do mar

… as águas

Depositam ali mesmo no hall de entrada, o pequeno pinheiro, as pinhas resinosas e o aze-vinho que carregavam nos braços, mas com o cuidado necessário para não sujarem os sacos azul claro e castanho ali já prontos para quando muito em breve o momento chegar. Ao serão o pai coloca uma rodela de vinil no prato do gira--discos. Poisa-lhe a agulha nas estrias exteriores. Recosta-se feliz a escutar enquanto os miúdos decoram a árvore. Penduram-lhe enfeites colo-ridos e depois fazem uma coroa de azevinho colocando-a sobre a porta da sala. A brincadeira resulta em cheio. Quando a mãe se assoma à porta, para dizer que vai para o quarto descan-sar, pára sob o arranjo. Logo o pai se levanta e dá-lhe um beijo na boca. Como numa tradição estrangeira que aprenderam num filme. Mas eles também querem a sua parte de mimo antes

de irem para a cama. No dia seguinte Sílvia, David e José prepa-

ram fatias douradas para a mesa do pequeno--almoço quando ouvem os passos arrastados de Maria.

Bom dia mãe! Estávamos à tua espera. Vem ver as prendas.

Bom dia! responde estremunhada. Pergunta: que dia é hoje?

Hoje é dia de…Esperem lá meninos… acho que me reben-

taram as águas.

Litão

Ali em Olhão, no dia da noite de natal (ou quando o filho de Olhão quiser) já o litão (pei-xe seco, a que os autóctones também chamam peixe de couro) foi demolhado e está pronto para ir para o tacho, como prato principal típico da ceia nesta terra de pescadores. Um pouco de azeite, cebola, dentes de alho picados, tomates sem peles nem sementes, salsa, um pouco de filha de louro; batatas cortadas às rodelas; litão. Tempera-se com sal e pimenta, acrescenta-se muito pouca água, tapa-se o tacho e deixa-se cozer. Ele há quem não goste… Mais sobra! E de um dia para o outro ainda está mais apu-rado. À nossa!

Praia de Alvor

No fim do ano as pessoas procuram as pequenas localidades costeiras a sul. Dizem que por aqui os dias são maiores, mais cla-ros, mais brilhantes… mas sobretudo mais quentes. E isso permite-lhes pensar melhor sobre o tempo dos dias que se foram e do que farão no tempo dos que virão. Sei que quando chega esta altura do ano páras de trabalhar, mas não páras de pensar. Até pá-ras só para pensar e não trabalhar. E esco-lhes o destino que te atulha a alma de uma irremediável saudade de estio. Da costa que te serve de ancoragem. O aqui, onde sabes que sempre estou.

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06.12.2013  9Cultura.Sul

Bem mais saudáveis do que a fast--food, os micro e-books estão aí para ficar. Basta deambular pela Internet para perceber que a short reading, inspirada nos singles musicais, está ganhando nos últimos tempos um crescente impacto junto dos aman-tes da leitura e das novas tecnologias.

Numa era em que abundam os conteúdos curtos, fragmentados, precisos – é pertinente a analogia com um postulado da Física: maior brevidade = maior intensidade –, os “singles de ler” (como são apelidados no Brasil) ou mini e-books (nos EUA) revelam bem como os hábitos de lei-tura de muitos indivíduos têm vindo a incorporar a chamada snack culture,

em que predomina o formato M&M’s. Se civilizacionalmente, depois da

oralidade dos primórdios, a escri-ta permitiu conteúdos mais longos e precisos, não tão dependentes da memória, agora chegou o tempo das mensagens curtas, ainda mais preci-sas, como apontava há tempos um criativo brasileiro.

No caso dos singles para leitura, trata-se, geralmente, de textos maio-res do que um post/notícia e menores do que uma novela ou conto conven-cionais, empacotados em formato digital para consumo portátil e de fácil/cómodo acesso, e que podem ser lidos no WC, na cama, nos trans-portes públicos ou na sala de espera do médico.

Basta atentar, por exemplo, na organização TED, a qual fomentou algumas das primeiras publicações deste tipo, replicando assim a abor-dagem sintética dos seus mediáticos talks. Os chamados TED BOOKS são produzidos a partir das conhecidas conferências e apostam na origina-lidade, provocação e criatividade, es-tando vocacionados para a difusão de ideias inovadoras e cativantes. Apre-sentam uma média de 20 mil pala-vras por e-book, tamanho suficiente para, na opinião dos promotores, produzir uma narrativa poderosa e atractiva e, ao mesmo tempo, passível de ser lida de uma assentada.

No site da Amazon os KINDLE SIN-GLES estão também a ganhar cres-centes adeptos. A um preço unitário muito barato, pode aceder-se na sto-re da KINDLE a publicações em áreas como Arte & Entretenimento, Ensaios e Ideias, Ficção (categoria com maior número de oferta), História, Humor, Sociedade, Ciências, entre outras. Este formato pretende divulgar ideias e temas realmente persuasivos, crite-riosamente pesquisados, bem arqui-tectados e com uma ilustração de qualidade.

Além dos mini e-books que já

nascem, à partida, em formato textualmente reduzido, há ainda editoras que, a nível de estratégia de marketing, têm vindo a apostar gradualmente no lançamento de livros-miniatura (uma espécie de redução inicial ou amostra [tea-ser] de uma obra mais vasta) para abrir o apetite do público-alvo para o surgimento posterior do “prato principal”. Estas versões curtas ou pequenos trechos são mais baratos e mais rápidos de ler, dando visi-bilidade antecipada aos autores e criando um inquietante horizonte de expectativa entre os leitores. Isto porque o menos pode, de facto, ser mais…

A Arqueologia no concelho de Olhão

Localizado sensivelmente a meio da Ria Formosa, o concelho de Olhão, tem vindo a ganhar o seu espaço como des-tino turístico no Algarve. Este aumento no fluxo de turistas, deve-se sobretudo à beleza natural proporcionada pela Ria Formosa, à sua gastronomia composta por uma variedade de sabores, à singu-laridade da arquitectura de expressão cubista, mas também, à diversão pro-porcionada pelos grandes eventos, que animam as noites quentes de Verão. Para muitos, a realidade cultural do concelho de Olhão é apenas esta; a face mais visível, o lado mais mediático.

Quem vive ou trabalha em Olhão, lerá esta afirmação com alguma desconfian-ça, pois reconhece uma outra realidade inegável.

Foi feito um claro investimento em infra-estruturas culturais: o Auditório, a Biblioteca, ou o Museu Municipais, ser-viram de rampa para o surgimento, de um certo sentimento de “necessidade cultural ”. Estes equipamentos deram a conhecer outras realidades, e formaram novos públicos cujo gosto não se cinge só ao binómio sol/praia – este público aprecia teatro; vai a exposições e assiste às apresentações de livros de uma forma bastante regular.

Os primeiros passos

A arqueologia, por seu lado, está muito longe destas realidades. De uma forma geral, os primeiros trabalhos de cariz arqueológico têm início no séc. XIX e XX, com Estácio da Veiga e Santos Ro-cha. Estes dois arqueólogos iniciaram um levantamento exaustivo do poten-cial arqueológico no actual espaço do concelho, com especial incidência no período compreendido entre o séc. I e IV d.C.. Desta época, localizaram estrutu-ras e vias de comunicação e recolheram vestígios materiais da presença humana por todo o espaço concelhio.

No entanto, o destaque foi para o es-tudo daquele que é um dos sítios mais emblemáticos e menos conhecidos do Algarve em contexto da presença latina, desde o séc. I. d.C.: a Quinta de Marim.

A realidade arqueológica e científica actual

Em meados da década de noventa, do século XX, o então Instituto Português do Património Arquitectónico e Arque-ológico (IPPA), realizou um levantamen-to dirigido por Teresa Marques e Ana

Cristina Araújo: a carta arqueológica de Portugal. Este importante trabalho não esqueceu o território olhanense. Na verdade, deu-lhe uma nova perspectiva cronológica, localizando não só sítios de cronologia romana, presentes em maior número em levantamentos an-teriores, mas acaba por situar outros cro-nologicamente mais antigos, como é o caso da gruta da Ladroeira Grande, até então desconhecidos da comunidade científica. Outro exemplo, são as referên-cias às épocas medieval islâmica e cristã, através da identificação de um conjunto de estruturas de carácter defensivo – as

torres de Atalaia – cuja utilização efec-tiva padece ainda de caracterização.

A década de noventa do séc. XX, re-gista também, um acréscimo, no que respeita aos trabalhos arqueológicos realizados no concelho. No ano de 1998, são levadas a cabo novas esca-vações na já referida Quinta de Marim, que reposicionam um conjunto de es-truturas relacionadas com a produção de garum e outras de carácter religio-so. Nos anos seguintes, este local foi alvo de mais três intervenções com re-sultados muito positivos e conclusivos.

O conhecimento do potencial ar-queológico do concelho passa tam-bém pelo acompanhamento de obras, que se encontrem a decorrer em zonas sensíveis ou de interesse arqueológi-co. Estes trabalhos, necessariamente

menos aprofundados, têm no entanto, ajudado a completar o mosaico arque-ológico do concelho, sendo uma parte importante do trabalho científico.

O quadro geral de trabalhos de inves-tigação arqueológica do concelho que tentamos traçar, não se cinge, contudo, ao meio terrestre. Em 2006, inicia-se o estudo da Fortaleza de São Lourenço. Um sítio arqueológico, construído em meados do século XVII, e que se encon-tra situado em plena Ria Formosa, jun-to à actual barra velha. A especificidade da localização deste sítio levou à inter-venção de uma equipa especializada

em arqueologia em meio aquático. Este trabalho inédito no concelho, só foi possível, através da formação de uma parceria, entre universidades nacionais e estrangeiras e a Câmara de Olhão.

Esta síntese, não reflecte na totali-dade o trabalho desenvolvido pelos técnicos de Arqueologia e de Patrimó-nio – na elaboração de uma carta ar-queológica do concelho ou no levan-tamento do património imaterial, só para citar dois exemplos.

O longo caminho que ainda falta percorrer, será feito ao lado da comu-nidade. O diálogo resultante desta união, será certamente bastante po-sitivo, e contribuirá para um conhe-cimento ainda maior da história de Olhão.

Espaço ao Património Sala de leitura

foto: h.o.

Hugo OliveiraTécnico superior na áreade Arqueologia,na Câmara de Olhão

Paulo PiresProgramador Culturalno DepartamentoSociocultural do Municípiode [email protected]

Atalaia Quinhentista de Bias

Fast-books

foto: d.r.

Os Ted Books apostam na originalidade

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06.12.2013 10 Cultura.Sul

Na senda da Cultura

A cultura é em si mesma um va-lor inestimável e a música enquanto expressão cultural também, natu-ralmente, o é. Nesta perspectiva e por si só a actividade da Orquestra Clássica do Sul é um trabalho de meritório relevo, mas tudo ganha um novo ângulo quando se junta à criação cultural a responsabilidade social e se faz do muito que a or-questra faz em prol dos seus públi-cos ainda mais.

Há um agigantar da herdeira da Orquestra do Algarve que passa por ser, agora, a orquestra de to-das as gentes a sul do Tejo e esta majoração do âmbito da orquestra encerra em si um enorme desafio a que os responsáveis da instituição se não fizeram rogados. Sob a di-recção artística do maestro titular, Cesário Costa, a orquestra supera as expectativas e procura dar uma resposta à sua nova realidade, ul-trapassando aquilo que à primeira vista seriam as responsabilidades de índole social.

Prova deste novo estar é a demons-tração de uma crescente responsabi-lidade social da instituição para com aqueles que são no fim de contas o seu público natural e nota disso é o ciclo de concertos Música em Comu-nidade que a orquestra levou a cabo entre 20 e 22 de Novembro.

Pela mão dos músicos da Orques-tra Clássica do Sul a música clássica abriu as portas de unidades hospi-talares a sul do Tejo e na Andaluzia e deu asas ao encanto e aos sorri-sos de quem enfrenta dificuldades de saúde ao som de notas musicais solidárias.

Almada, Faro, Beja e Huelva fo-ram os palcos escolhidos pela or-questra para dar início a esta nova forma de abordagem do conceito de proximidade e de aproximação aos públicos.

O Hospital de Faro e o Garcia de Horta em Almada receberam um quarteto de cordas que interpretou obras de Mozart, Pachelbel, Schu-bert e Scott Joplin, com os músicos Laurentiu Simões e Emil Chitakov, violinos, Ivetta Naztkaya, em viola, e Vasile Stanescu, no violoncelo, a serem os protagonistas de momen-tos únicos.

Já o Hospital José Joaquim Fer-

nandes de Beja e o Hospital Juan Ra-mon Jimenez de Huelva, acolheram um quinteto de sopros, composto pelos músicos Stefania Bernardi, flauta, Eun-Hee Sohn, no oboé, Pe-dro Nuno, no clarinete, Joaquim Moita, no fagote e Thomas Gomes, na trompa, que deram som a obras de Haydn, Farkas Ferenc e Daniel Léo Simpson.

De acordo com a Orquestra Clás-sica do Sul, este projecto é o primei-ro de um conjunto de intervenções no plano social que a formação pretende desenvolver em conjunto com os mais diversos parceiros. Nes-te caso específico “aproveita-se o pa-pel terapêutico que a música pode ter junto dos diferentes grupos etá-rios abrangidos: crianças, pessoas em cuidados continuados, doentes em geral, bem como profissionais da área médica”.

Neste caminho de responsabili-dade social para com todos aque-les que são ouvintes potenciais da orquestra, numa busca pela não discriminação no acesso à cultura, a Orquestra Clássica do Sul ‘inva-diu’ as enfermarias e fez a música clássica chegar mais longe, a pa-cientes oncológicos, crianças e jo-

vens em tratamento nas unidades pediátricas.

Concerto solidário Apatris

Entretanto e porque a responsabi-lidade social e a solidariedade não podem ser incidentais, a Orquestra Clássica do Sul agendou já para esta sexta-feira, 6 de Dezembro, um con-certo beneficente a favor da APA-TRIS - Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve.

O maestro António Saiote dirige a Orquestra Clássica do Sul no pal-co do Teatro das Figuras em Faro, pelas 21.30 horas, onde marcará presença o solista Rui Baeta, barí-tono, e onde o programa promete obras de Mozart (Abertura de Don Giovanni, “Deh, vieni, alla finestra”, de Don Giovanni, e “Hai Gia Vinta La Causa”, de As Bodas de Fígaro), Bizet (“Votre toast, je peaux vous le rendre”, de Carmen e Jeux d’enfants, Op. 22, Petite Suite), bem como de Edward Elgar (Nimrod, Variações Enigma, Salut d’Amour, Op. 12 e Elegia, Op. 58), Alain Oulman (Ma-drugada de Alfama e Gaivota), Fre-derico Valério (Boa Nova) e Brahms (Danças Húngaras nº 1, 5 e 6).

Imperdível a proposta da Orques-tra Clássica do Sul para esta sexta--feira e indispensável a ajuda que pode dar à APATRIS com a presença no concerto.

Até ao início de 2014 a orquestra apresenta-se ainda em concertos de Natal em Setúbal, no dia 13, no Fó-rum Municipal Luisa Todi, em Aya-monte (Espanha), no dia seguinte no Teatro Cardenio, em Quarteira, no dia 15, na Igreja de São Pedro do Mar, ainda, em Lagos, no Centro Cultural local, no dia 20, seguindo--se, no dia 21, em Tavira, o concerto de Natal a realizar na Igreja do Car-mo e finalmente o de Faro, que terá lugar dia 22, no Teatro das Figuras.

Para o Ano Novo estão agenda-dos os concertos de Loulé, dia 1, no Cineteatro Louletano, e de Beja, no teatro Pax Julia, no dia 2.

A 5 de Janeiro a Orquestra Clássica do Sul regressa a Faro

e ao Teatro das Figuras para o tradicional Concerto de

Reis, que terá lugar pelas 18 horas.

Ricardo Claro

Orquestra Clássica do Sul: a música como palco da responsabilidade social

fotos: d.r.

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“RECORDANDO ALBUFEIRA”Até 31 JAN 2014 | Edifício dos Paços do Concelho de AlbufeiraMostra de fotografias antigas que fazem parte da co-lecção de Henrique Ferreira. As temáticas são muito variadas com prevalência para aspectos panorâmi-cos, arquitectónicos e urbanísticosAg

endar

“CONVERSA… INFORMAÇÃO… COMUNICAÇÃO”Até 21 DEZ | Centro de Experimentação e Criação Artística de LouléExposição reúne os artistas António Dias e Charlie Holt que começaram a trabalhar em colagens há dois anos. Estas colagens formaram um diálogo entre os dois artistas que levou à presente instalação

Cesário Costa, director artístico da Orquestra Clássica do Sul

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06.12.2013  11Cultura.Sul

Ondjaki – Os TransparentesDa minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

“LENITA VISITA OLHÃO”Até JUN 2014 | Casa João Lúcio – OlhãoAtravés de uma pequena história em banda dese-nhada, são dados a conhecer os locais mais emble-máticos de Olhão, quer pelo seu valor histórico, pa-trimonial e cultural, quer pela sua importância no desenvolvimento económico-social da cidadeAg

endar

“CONCERTO DE DINO D’SANTIAGO”13 DEZ | 21.30 | Cine-Teatro LouletanoNo dia em que celebra o seu 31º aniversário, o can-tor fará ecoar os sons de “Eva” no concelho que o viu nascer, naquele que será o primeiro espectáculo em Portugal após o lançamento do seu novo disco

Há cerca de um mês, a 5 de novembro, Os transparentes, romance do escritor angolano Ondjaki, foi anunciado como o vencedor do prémio literário «José Saramago 2013», galar-dão que distingue escritores de língua portuguesa com menos de 35 anos. E há pouco mais de uma semana Ondjaki esteve no Algarve. Quem teve o privilégio de o ver e ouvir pôde apreciar o grande conta-dor de histórias que ele é. Ape-sar da sua idade, imaginamo--nos como crianças a escutar um mais-velho, com toda a sua sabedoria de uma longa vida, a falar de um povo que luta para não ser transparente.

«era um prédio,talvez um mundo»

O romance, de 427 pági-nas, tem 9 divisões de folhas negras com letras brancas, como se fossem nega-

tivos de fotografias, onde se vê a realidade de outra maneira. É assim que o livro começa e acaba. A preto e branco, con-trastando com o que vamos lendo, a branco e preto. O tex-to dessas páginas vai fazendo sentido ao longo do livro. São sensações de personagens, saber do povo, anotações do autor, textos que nunca nin-guém leu. Como o primeiro, que contém apenas 3 linhas «do bilhete amarrotado de Odonato», que nos dá acesso a um conteúdo lido apenas por nós, ali, pois o papel foi ingeri-do, «letra por letra, palavra por palavra» (p.422), por um galo.

«era um prédio, talvez um mundo

para haver um mundo bas-ta haver pessoas e emoções, as emoções, chovendo interna-mente no corpo das pessoas, desaguam em sonhos» (p.75)

Com estas palavras, o nar-rador consegue descrever as pessoas boas desta história: os habitantes de um prédio e aqueles que o visitam, um pré-dio que escolhe quem acolhe, que tem água a escorrer em permanência pelos degraus e paredes, que refresca os cor-pos cansados dos seus mora-dores. Um prédio onde ainda se oferece um copo de água fresca ou um prato de comi-

da a quem os pede, sem nada em troca.

Mas, ao contrá-rio destas páginas, o mundo não é todo a preto e branco ou bran-co e preto.

Há outras personagens (sempre, de alguma maneira, ligadas a este prédio) que es-tão em níveis diferentes: por exemplos, os gémeos Des-taVez e DaOutra, fiscais de ministérios (nunca se sabe qual ou quais), sobrinhos de SantosPrancha, Assessor do Ministro, apresentados num registo quase cómico, sempre a tentar explorar o povo e a in-ventar esquemas para ganhar dinheiro à custa dos outros. O próprio SantosPrancha (até pelo nome, a remeter para Sancho Pança) é uma sátira, um boneco de todos os asses-sores que, infelizmente, não existem só em Angola.

Como não é só em Angola que existem personagem tene-brosas como as do senhor Cris-talino, homem discreto, que não quer protagonismo, mais culto e educado que a maio-

ria, que consegue do governo a concessão da distribuição de um bem vital: a água. Quando todos se distraem com a pros-peção de petróleo no subsolo de Luanda, esburacando a ci-dade e abalando as suas fun-dações, Cristalino aproveita os canais abertos para instalar uma rede, privada, de abaste-cimento de água. E, como na vida real, nada acontece a este homem sinistro.

Fora do prédio há gatunos que matam por um telemóvel e ladrões azarentos que sem-pre se deixam capturar e que são espancados e, alguns deles, mortos. Há um bar, o BarcaDo-Noé, de um senhor chamado Noé que tinha uma arca frigo-rífica que nunca se desligava, mesmo quando a luz faltava. Nesse bar paira uma persona-gem, o Esquerdista, que tem um discurso, entre as pp. 252-

255, que vale a pena ler e do qual destaco apenas uma frase, que lembra o poema de José Gomes Ferreira, musicado e orquestrado por Lopes Graça: «acordem, homens…»

E quando percebe que não o querem ouvir, diz, «com ar iró-nico, e triste, e desapontado, e sério (…) – durmam, enquanto vos anestesiam com doses de suposta modernidade!»

Mas, afinal, quem são os transparentes?

Nesta história há apenas uma personagem, Odonato, que está a tornar-se, literal-mente, transparente. No en-tanto, apesar de ele ser o único para quem todos olham com surpresa, os verdadeiramente transparentes são muito mais. Odonato tornou-se uma metá-fora viva (pp.281-4):

«Odonato arregaçou as mangas e a jornalista teve de disfarçar o susto, os seus bra-ços estavam ainda mais trans-parentes do que o seu rosto, eram visíveis, perfeitamente visíveis os movimentos dos ossos e o fluxo do sangue que corria de um canto do corpo para o outro, os tendões obe-decendo aos movimentos dos nervos, ou talvez o inverso (…)

– como é que começou?– (…) começou com a fome.

tinha fome e não tinha o que comer

– aqui em Luanda, neste prédio? há sempre uma mão amiga

– mas é que eu estava farto de comer de mão amiga. que-ria comer da mão do meu go-verno, mas não comer como os governantes comem, queria comer com o fruto do meu tra-balho, da minha profissão (…)

– fui comendo cada vez me-nos para que os meus filhos pudessem comer o pouco que eu não comia. e foi assim (…)

– a transparência é um sím-bolo. (…) um homem pode ser um povo, a sua imagem pode ser a do povo…

– e o povo é transparente?– o povo é belo, dançante,

arrogante, fantasioso, louco, bêbado… Luanda é uma cida-de de gente que se fantasia de outra coisa qualquer

– não é o povo que é trans-parente… – tentou a jornalista

– não, não é todo o povo. há alguns que são transparentes. acho que a cidade fala pelo meu corpo»

Apesar de o final parecer apocalíptico, este livro revela uma profunda crença no ser humano e na capacidade de salvação:

«nós somos a continuidade do que nos cabe ser. a espécie avança, mata, progride, de-sencanta, permanece. A hu-manidade está feia – de aspe-to sofrido e cheiro fétido, mas permanece

porque tem bom fundo»

Ondjaki (2012). Os transparentes.

Lisboa: Caminho.-

fotos: d.r.

O escritor angolano Ondjaki venceu o prémio literário José Saramago 2013

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06.12.2013 12 Cultura.Sul

O ambiente de contingên-cia financeira que vivemos faz esquecer que os desafios das políticas culturais não são propriamente orçamen-tais mas sobretudo estratégi-cos. Os criadores não podem continuar a produzir cultura como se o fizessem somente para si próprios e de costas voltadas para o público, como se a este fosse exigido situar--se num patamar cultural mí-nimo para poder, só então, ter acesso à produção cultural «de qualidade».

Sendo essencial promover a formação de públicos, é necessário investir em edu-cação para a cultura de uma forma coordenada entre as respetivas tutelas, e não ape-nas investir em equipamentos escolares, por um lado, e, por outro, em equipamentos cul-turais sem promover projetos concertados geradores de há-bitos culturais.

Também os espaços patri-monializados e os equipamen-tos que lhes estão associados (infraestruturas museográficas nos monumentos, centros de interpretação, museus de sí-tio) podem desempenhar um papel importante na progra-mação de atividades educati-vas: na mediação de saberes, na conceção e curadoria de exposições, na mobilização de recursos, mormente vo-luntariado, e na angariação de financiamentos.

Mais do que serviços edu-cativos que estendam para os equipamentos culturais os curricula e a pedagogia dos equipamentos de aprendiza-gem formais, necessita-se, em espaços de aprendizagem in-formal, de projetos educativos que estimulem a criatividade,

formem o gosto e incentivem as práticas e os hábitos de con-sumo culturais.

Neste âmbito, a Direção Re-

gional de Cultura do Algarve tem procurado promover al-guns projetos educativos diri-gidos ao público em idade es-colar, quer em colaboração com alguns dos museus da região (de que é exemplo o projeto

educativo para os Monumentos Megalíticos de Alcalar, desenvol-vido em parceria com o Museu de Portimão), quer em parceria

com organismos não governa-mentais (de que é exemplo o projeto «Lugares Mágicos», de-senvolvido em parceria com o Ateliê Educativo).

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Espaços patrimonializados e ação educativa: um desafio estratégico

d.r.

No Algarve, é frequente que se reivindique a requalificação de equipamentos escolares e a criação de novos equipamentos culturais. Contudo, subestima-se o uso dos lugares pa-trimonializados como espaços informais de atividades geradoras de hábitos culturais. E menospreza-se a necessidade de promover ações concertadas entre a comunidade esco-lar e os criadores, que são geradoras de hábitos culturais

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