posição católica perante a umbanda

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a Livros de drientação Católlca sobre o pspiriüsrno: Metapsíqarícos, J. I vol. br. Filipe Ma- l40x2l5 filn, As FraudesEspírltas e os Fenômenos pelo Pe. Carlos Heredia, S. ^ . 150I?10 mm, 36? pp. Cr$ 4O00. Estudo Criticodas Ciênciàó OcuÍtas. íoi chado Carrion. I r.ol.-br. 175 pp. Crg rS,00. O}ITRAA HERESIA ESPÍRTTÁ FRer BoRvENruRn, O. F. lï1. p.Ci.tu= à EDITORA V,JZES LIÀIITADA Caìxa postat 2g _ peirOpofis,"'h:'l:.. FOSIÇÃO CATÕLICA PERAI\TE BANDA õt t I ff) t+ .J I 1 1954 EDITORA VOZES LIi\{tT.qDA, PETRóPOLIS, R..J. RIO DE'JANEIRO -'SÃO PiLULO - Palavra telegráÌica. - (DITI)

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Igreja Católica, Umbanda, Espiritismo, Doutrinas.

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Page 1: Posição católica perante a umbanda

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Livros de drientação Católlca sobre o pspiriüsrno:

Metapsíqarícos,J. I vol. br.

Fi l ipe Ma-l40x2l5 filn,

As Fraudes Espírltas e os Fenômenospelo Pe. Car los Heredia, S.

^ . 150I?10 mm, 36? pp. Cr$ 4O00.Estudo Critico das Ciênciàó OcuÍtas. íoi

chado Carr ion. I r .o l . -br .175 pp. Crg rS,00.

O}ITRA A HERESIA ESPÍRTTÁ

FRer BoRvENruRn, O. F. lï1.

p.Ci.tu= à EDITORA V,JZES LIÀIITADACaìxa postat 2g _ peirOpofis,"'h:'l:..

FOSIÇÃO CATÕLICA PERAI\TE

BANDA

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1954EDITORA VOZES LIi\{tT.qDA, PETRóPOLIS, R..J.

RIO DE'JANEIRO - 'SÃO PiLULO -Palavra telegráÌica. - (DITI)

Page 2: Posição católica perante a umbanda

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Page 3: Posição católica perante a umbanda

IMPRIìTIATURPOR COI!ÍISSÃO ESPECIAL DO EXMO, EREVT{O. SR. DOÌI JV1ANUEL PEDRO DACUNHA CINTRÀ. BISPO DE PETR,ÓPOLIS.FREI LAURO OSTERIÌÍANN' O. F' M.

PETRÓPOLIS, 16.X-19ã4.

Segundo ama puhlícação olicial da Confederação Espt-rita Umbandista, exist'etm na drea do Dktrito Federsl e doEstado do RÌo, "cerco de trinla mil tendas, centros e terrei-ros" (Doutr ina e Ritual de Umbanda, Rìo /951, p. 152).Cre-mos haver exagerc na eslimativa. E, porém, inegavel a pro-Iiferação verdadeìromente espantosa desses centros de sÍr-perstição, Ieviand,ade, depravação, degradação morat e lou-cura, em que se misturam prdticas fetichistas e ritos cató-IÌcos, deuses alrimnos e santas nassos, doutrÌnas esplritase ensinamentos cotólícos, num sincretismo bdrbaro de ne-cromonci.d, magia, paltteisnto, demonolatria e heresia. O co-missário Rui A. Tenório, chefe da secção de Tóxicos e Mis-tificações da De[egatía de Costutnes e Diuersões do Rio delaneiro, declarou no dia I de Abril de 1953 à Tribuna daImprensa que aquela secção já rcgÌstrara até aquela dctauzas seté mil tendas espíritas. Acentuamos: trata-se de 7.000tendas registradas e úpenÍs na maratilh.osa cidade de SdoSebastião do Rio de laneìro! E cerÍo que exístem tambémmuitos terreíros não registrados, mas funcionand,o públÌm-mente e 'oulros rnuiÍos clandestinos. As údades flumínensesde Coxias, São João de ilIeriti, Nova |gaaçu e outros su-búrhios do Rio, poss$em cadtl unta, como sahemos por ín-lormações pessaais, não dezefias, mas rcntenas de cenÍrosde Umbanda. E nã.o só no Rio. Estivenrss nr Sul, em PortoAtegre, Pelotas, Rio Grande e outrüs cídadrc, onde o pro-blema ë exatemente o mesmo e em qfi$se idênticas propor-ções. Coisa ígual se poderd dizer do Norte, de Pernambuco,da Baía e de outros Esfados da Federação.

E não julguemos qüe se trata de um movì.menta apenasentre a gente de cor. A absoltttx maíoría dos "chefes de ter-reiros" são brancos e as tendas \ambëm são frequentadaspor pessoos que vão até td em tarrls de laxo ou comchapa branca. Poder-se-ía pensar que, sendo o letíchísmounu relígído própria da clssse ínculía ou ignorante, haveria

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Page 4: Posição católica perante a umbanda

Cr$ I. 98L000,00; a contrib$ição total às entidades umban'

dÌslas do Rio: CrÊ 7.202-000,00.. 'Se sãa milhares os centros de Umbanda, milhões serão

seus frequentadores. Ffais de 90Yo dos brasileíros' oficíal-

mente perguntados sobre sua religião, responderam em i,950

que srÍo cttrjlitos, Não se.rá iniuríoso supor qüe muitos des-

ies "católìtos" r,ão sos Tetreiros, ds Cabanas e âs ?"endas'

Supomos que o fazem por [gnorância, por iatta de esclare'

úmento. htfro sabem o que i a Urnbanda. Rtrrss vezts otl

talvez nutLcl recebersm orientação rl esss respeíto. Os pró''prios Padres não podem informar, porqne desconftecem u

lJmbanda. Estit,enos em pa-róquÌas onde hú rcnfenss desÍcs

centros e onde o seü pastor imediato, o vigdrio, pergün'

tado por nós, confessou não saber sequer o que ë a Um-

banda. Não tonhecemos um itnico litro da parte calóIica

sobre o assunto. Eís a razão por que iulgamos necessdrio e

oportuno apresentar esfa "posição catóIÌca perante a Um-

bandq".

CONFUSÃO NA UMBANDA.

Há muítos livros sobre a Umbanda. Temos diante denós mais de vinte, além de revistas e jornais. Emanuel Zes-po (pseudônimo de Paulo À,Íenezes), Oliveira À{agno, Lou-rerrço Braga, Jayme Madruga, Alnrizio Fonienelle e HeraldoMenezes são os autores principaís. Mas quem ler estes li-vros todos para, afinal, saber o que é a Umbanda, ficarádecepcionado. Náo há unanimidade nem clarcza. Cada umescrerre por conta própria, persuadido de ter assistêncïa es-pecial cle algum "guia" do além, O mais autorizado entreèles confessa: "Até hoje, nada de claro ao público, em ma-téria literária sobre Umbanda" (Emanuel Zespo, Codificaçãoda Lei de Umband.c, Parte Cient i f jca, Rio 1g51, p. 16). Ou-tro se lamenta: "Um autor contradiz o outro e vire-se emterrível confusão",' depois precisa; .,Os autores de Umbandase coutradizem a si próprios e não apenas a seus colegas',(Samuei Pônze, Lições de íJmbanrIt, Rio Ig54, p. 35). Nãosòrnente cada autor, cada chefe de terreiro proclama: 'AUmbanda que aqui se pratica, é muito diferente rlessa Um-banda q,.le se pratica por aí afora',. pois: ,,lnúmeras sãoas contradiÇões existentes , entre os próprios praticantes daUmbanda" (Aluízio Fontenelle, O EspìritÌsmo no Conceito dasRe/rgiõrs e n Lei de {lmbonda, Rio, p. 6g). ,,Cacla um pÍo-crtra Iazet umer Llnrbancla a seu modo, e dentro do conceitoque ele próprio inragina, de acorcio com a sua instrução,com a sua capacidade de imaginação, conr os seus conhe_

Alguns, não obsiante, conseguiram reunir grupos maio-res. Formaram-se assirn a Confederação Espírita Umban-

Page 5: Posição católica perante a umbanda

guia oü de seus guias, sÓ DeLrsl" (p '2?) '

E por que tocla essa confusão, essa falta de ciareza'

de unanimidade e de tniáo? Os melhores e mais enten-

didos entre os umbandistas sáo suÍicientemente francos pa-

ra confessâlo. Eis aí algumas declarações que convérn re-

ô

e comete o bem ou o mal, segundo as boas intenções oua burrice de seus dirigentes', (S. põnze, obra citadã, p. 25).

- "Todos os dias nascem novos terreiros de Urnbandaque são chefiados por pessoas de parcos conhecimentos es-piriiualistas, No geral são membros de outros terreiros maisantigos que se rebelam contra os caciques e saem para aaventura do espiritualismo prático, sem armas de deÍesa, semuma formação sólida, sem uma longa experiência,' (E. Zespo,Coúifì.cação da Lei de lJmbanda, parte prática, Rio 1g53,p. 97). "Como então fundarn-se terreiros e mais terreiros

No meio de tanta confusão é evidente a dificulclade emdar uma orientação definitiva sobre a Umbanda e que sa-tisiaça todos os umbandistas. Far€mos, entretanto, o possÍ-vel para ,não sermos injustos ou injuriosos. Não nos pÍo-pomos pròpriamente um estudo de Etnografia. eueremos mos-trar apenas aos ìrmãos na fé católica o que é este movi-mento religioso que atualmente se alastra pelo Brasit aforacom o estranho nonre de Espiritismo de Umbanda, ou Leide Un:banda ou simplesmente UmbancÍa. Não é, por conse-guinte, intenção nossa Íazer um rnsaio sobre o Africanjs-Íno no Brasil. Não investigamos o pa.ssarlo: procuramos co-trhecer o presente. Como organiza-ção, n movimento umban-dista é bastante recente. Seus dirigenies procurarn açanrbar-car, sob a bandeira de LÍnrbarrda, os mol'irnentos papularesdo Batuque (no Sul), da Mammhrr (no Rio) e do ,Ccndam-blê (na Baia) ). Nâo estu<laremos nenhuma deslas três de-nominações particularmente: o que veÍ€mos é a sua con-junçáo, unra espécie de superestrutura quer procurando coor-denar os elementos do Batuque, da l\{acumba e do Candom'blê, pretende oferecer-lhes uma Íachada mais atraente eaceifável também pâra o civilizado e o cristão. A isso dãoa exótica denominação de I|mbanda.

\ã.

Page 6: Posição católica perante a umbanda

A PAEAYRA "UMBANDA'"A cdnfusão já se manifesta na explicação da origem

e do significado da própria palavra "Urnbanda".No fascículo de Junho de 1954 o Iornal de Umbanda

(Rio, p. 2) ainda lemos: "Há mil e uma interpretações sobrea palavra Umbanda, Essa palavra é um constante e peÍ-

manente desafio aos estudiosos do assunto. Uns dizem queé Luz lrradiante, outros dízem que é Banda de Deus, háos que dizern que é Corrente Espiritualista e vai por alafo'ra, porém tudo vago e indefinido, sem haver, entrètanto,uma explicação cabal e convircente". A tendência geral erade não admitir que seja de origem africana. O primeiro Con-gresso 'de Espìritismo de Umbanda, realizado no Rio de Ja-neiro em Outubro de i941, tinha a manifesta preocupaçãode mostrar que a Umbanda é de origem antiquÍssima, vemdos hindus, contemporânea dos \'redas, que depois passoilà África, donde veio paÍa o B'rasiL. Eis o teor das primeirasduas conclusões unânimemente aceitas pelo dito Congresso:

"1) O Espiritismo de Umbanda é uma das maiores cor-rentes 'do pensamento humano existentes na terra há maisde cem séòulos, cuia raiz pfovém das antigas relìgiões .efilosofias da [ndia, fonte de inspiraçáo de todas as demalsdoutrinas f ilosóficas do Ocidente".

"2) Umbanda é, palavra sânskrita, quia signiïicação. emnosso 'idioma pode 3er dada por qualque-{ dos ̂ seguintesconceitos: Priniípio Ditino, Luz Ìrradiante, Fonte Permanen-te de lrida, Evolução Constante".

Á.luisio Fontenelle, todat'ia, regolve que a palavra e.!nquestáo vern da l]íblia, que originàriamente teria sido e s-crita em língua "palli", donde teria sido vertida para o he'braico. E naquela língua a palavra "Umbanda" signífica:"Na Luz de Deus", ou Luz Divina (cf. Á Unbsnds atra'rds dos sécuÍas, Rio 1953, p. T7). Mas o autor 'do Evan'gelho de Umítands (".r\Íestre Yokaanam") dirimiu a questão

sem maiores complicações: "Umbanda vem de Urn e Bandü" 'E depois esclatece: "Um signiÍica Deus, em linguagem sim-plificada oriental, para não entrar em detalhes esotéricos;e Bands significa Legião, exército"; logc Umbanda queÍ

dizer "Legionário de Deus" (p. 44). Seria interessante saberqual é essa rnisteriosa "linguagem simplificada oriental" ' - .

I

Tudo isso, entretanto, não passa de devaneios +e fanta-sias. O Dr. Artur Ramos já conhece a palavra, que é deorigem africanissima, designando o grão-sacerdote do cultobântu ou o evocador dcs espíritos (cf. O Negro Brasileiro,I vol. Etnografia Religiosa-, 3o ed. p. 107 e 102). Por issotambém o recente Cstecismo de Umbanda {Rio 1054) con-cede despretensiosamente: "Umbanda é uma palavra af rica-.na, significando ora o sacerdote, oÍa o local onde se pra-ticava o culto" (p. 7).

UJUBANDA É ESPIRITISÀ{O.

Existe grande desavença entre os adeptos do Espiritis-mo ldardecista (que aceita a doutrina codificada por ÂllanHardeci e os do Espiritismo Umbandista. Uns e outros fa-zem questão de dizer que são "esplritas". ,l\{as os primeirosdeclaram que foi Allan Kardec quem criou e fixou o termopara designar especìf icarnente o mor.imento espiritualistapor ele iniciado e que, poÍ coflseguinte, outros não podemusurpar a nesma de signação pâra um movimento essen-cialmente diferente. E' a razlao por que reclamam o termo"espírita" para si excÍusivamente. Nem por isso os umban-distas deixam de chamar-se "espíritas". Padem alegar emseu favor que a Umbanda de fato não e essencialmente di-fererrte clo Kardecisrno. Em I'ista disso a Federação Espí-riia Brasiieira, que lidera entre nós o movimento kardecista,declarou oÌiciaimenfe: "Baseados em Kardec, é-nos líciiorÌiretr Tado aquele qilr rië nas manifestações dos Espi-ritos é espírita; oÍa, o umbancÌlsta nelas crê, logo a urn-bandisla é espírita... Assim, todo urnbandista é espírita,por{ìue aceita a manifestação rÍos Espíritos, mas nem todoespírita é umbandista, pcrqfie nem todo espirita aceita asprátÌcas cie Unbanda" {Rtí(Ìrffindor, órgão oficial da Fede-raçáo Espír i ta Erasi ieira, Julho de 1953, p.149).

Entretanto, rnuitos kard-ecista.s não se conformaram corntão "iniempestii..a declaração" e *- apesar de alardearemilimitada tolerância - persistem em combater com estranhaintransigência o movimento untbanrÍista. Poderiamos, aliáqacrescentar mais uma razã.o QuÊ, a flosso ver, justificaria

Page 7: Posição católica perante a umbanda

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. plenamente a aspiração dos umbandistas quando teimam emchamar-se "espíritas,': é que eles não apenas crêem nas ma_nifestações dos Espíritos (coisa que nós católicos iambémadmitimos como possível), mas alern djsso praticam sua evo_cação e provocam suas manifestações (práìica, que nós ca_tólicos reputamos ilícita e pecaminosa porque, como vere_mos, rigorosamente vedada por Deus). e ie que os nossoskardecistas não sentem dificurdades óm quarificar como es-píritas semethantes movirnentos que, na Inglaterra e Amé_rica do Norte, se dedicam a evocaiao provocada dos espË'ritos,' muito embora não admitam á codificação kardeciana,nem mesmo a reencarnação, pela mesma razão deveriam elesreconhecer também como verdadejros irmãos espíritas osadeptos da Umbanda.

IDENTIDADE SUBSTANCIAL ENTRE UMBANDA E AI-LANTMRDEC.

Mas existe ainda ^outra r.azão muito nrais decisiva que

nos permite identificaf a umbanda com o Espiritismo. poistodos os umbandistas aceitam a doutrina ou'firosofia kar-decista da reencarnação. Como este ponto será de impor-tâncÌa Íundamental para uma tomada de posição .utOti.nperante a Umbanda, é necessário demonstrar nossa af ir_nativa. Àpresentamo.s ss seguintes clocumentos:

1) O já citacio Catecísmo de Ltmbanda (Rio 19b4) de_clara em seu prefácÌo querer e,\por apenas ,,o que é áceitopela maioria dos umbandistas', (p. Si. Na p. 66 damoscilnì a seguinte pergunta: '"Flá alguma diferenfa entre Uni-banda e Kardecism'?" A resposta é inequívoca: .,Doutrinà-riarre nte, não há dif e rença, A cloutrina de Umbanda é atnesma que a de Allan Kareìec. A sua base é a evolução,ct progresso espiritual, através cÍo soÍrimento, no oecoi.erdas reencarnações, sendo necessárÌa a prática da caridadepaÍa apressa,r-se esse desenvolvimento',.

2) Numa obra que se declara ,,aprovada e adotada ofi_ciaÍmente pela confederação Espírita umbanrlista': .aituã"no Rio em lgsi sob o títuro Doutrina e Rituar ae ú^nonaì,lemos à p. 68: *o umbandista acredita na Iei das reen-

10

carnações, na lei da el'olução das almas, aceita a revela-

ião de Jesus Cristo. Dois pontos distinguem o umbandista

do kardecistar a) a ptática da comunicação com os espí'

riios elementais; b) o ritual, muito complexo na lei de

Umbanda, que é uma religião de culto exteÍío",

3) Emanuel Zespo (pseudônimo de Paulo Àtlenezes), já

considerado em alguns meios "o codiÍicador de Umbanda",

ensina também que "o Espiritismo de Umbanda aceita in-

tegralmente a revelação kardeciana" (O gue ë a Umhanda,

Rio 1949, p. 4?) e, na p' 5l do mesmo livro, o autor es-

clarece: "Dos dit ersos tipos de espiritualistas existentes no

mundo, o umbandista é dos que praticam a mediunidade es-piritualista, e, como os espírìtas, o umbandista comunica-secom oÍi desencarnados, aceita a lei das reencarnações, aceitaa doutrina do Evangelho, e procura pratica,r a caridade co-

iro a entendeu Kardec. Ora, dois pontos apenas' distan-

ciam a Umbanda de Kardec: 1) a prática da comunicaçãocom os eÍementais, os espíritos da nalweza; 2) a sua ri-

tualística. .,. A Umbanda aceitou a comunicação com osdesencarnados, a terceira revelação kardeciana, absorvendodo Espiritismo todos os seus ensinanentos".

4) Em vista de tudo ìsso compreende-se que o Pri-meiro Congresso de Umbanda tenha aprovado com rtnani-midade esta quarta conclusão: "Sua doutrina (de Umbanda)baseia-se no princípio da reencarnação do Espirito em vidassucessivas na terÍa, conto etapas necessárias à sua er"oltt-

ção planetária".Destes ,clocrtmentos totlos irtferiÍlos colï razão que exis-

te ideniidade substancial entre a douirina kartlecista e a um-bandísta. Verificamos no ponto anterior que tambéni na prá-tica da evocação provocada dos espíritos há igualdade es-sencial entre os dois. Não diferem, por consegúinte, em suaessência, estes movimentos: baseados ambos substanciatmen-te na ruesma prática, procuram orientar seus adeptos comuma doutrina essencialmente idêntica. Daí já se vê que aposição dos católicos perante a Umbanda não será muitodistinta da já conhecida atitude frente ao Espiritismo kar-decista. Todavia. devemos assinalar duas diferenças.

Page 8: Posição católica perante a umbanda

UMBANDA, A QUARTA REVELAçÃO.

Aceiiando embora ,,integralmente a revelação kardecia_na", a Umbanda pretende, n-o entanto, aperfeiçoá_la e ultra_passáJa. para os umbanttistas Kardec d gru;;; rnÃ

-u*_banda é maior. Moisés trouteio corn a segunda revela,usmo portador da terceira ra última, a euarta Revelaçâe superou À,Íoisés, como Karassim a Umbanda julga pu:e À{oisés. E' que etes, os r

t, Codilicação da Leì de Ilm_

. São, por consesuinte, aoiÏï; i""?ïl em qre os um_bandjstas jurgam córrigii . .r;;";' a codiÍicação karde_

I i Segundo i{ardec todos os espíritos do além são al_.mas "desencarnadas',, não existindo outra orclem de s€Íesespirituais (pelo que nega a exístência de anjos e demô_dou.tr,ina cristã); mas a Unr_entes de espíritos flo além:JaCes, que estudarernas maisruins e per$efsos, denonina_c) os águns, que seriam ospor não reconhecerem outroêguns, ou os desencarnados.

evocam oríxas e e.rÍI.s e .rnãoInfluenciados pelo Espiritis_ue aliás em outros muitíssi_nitit a religião aÍricana, mor_ocam também os tlesencar-

t2

nados, principalmente sob as f ormas de Pretos Velhos eCaboclos.

2) Os kardecistas são moderados e sóbrios no rito evo-cativo e desconhecem um cerimonial de culto; cs umban-distas, pelo contrário, apresentam urna exterioridade e umritualisrno exuberante, exótico e complicado para a evocaçãoÊ incorporação dos vários tipos de espíritos, como, sobre-tudo, tambémt para a sua veneração e culto que, como adian-te se verá, degenerou num verdadeiro politeísmo e mesmoem demonolatria.

Se bem que estas diferenças entre Kardec e Umbandanáo atinjam a essência do Espiritismo como tal, em sua

"Tanto quanto Kardec não quis destruir o Evangelhoe apenas "esclar€cer" a obra de Jesus, nós não quefemosinutilizar a obra de Kardec e sim acrescentar mais uns ca-pftulos, outrora não escritos, ao Livro dos Espiritos e aoLivro dos ÌlIëdíuns (de Allan Kardec). Ao observador su-perficiai parecerá que Umbanda é. a retrogradação do Es-piritismo; rnas ao espírita verdadeiramente kardecista, e es-tudioso consciente, a razão e a lógica afirmarão que, se aobra do grancle druida foi a Tercei,ra Revelação, esta éentão, e põr justiça, a Quarta Revelaçáo!" (E- Zespo, CotIì-l icnção da l-eí de Urnbanda, Parte Cientí f ica, Rio 195i, p"31).

E não é pouco. Os ur-iibandisias não são nloiiestos: "AUmbanda é a rinica religiác que sobre a f.ace da terra tenta autoridade suÍiciente para falar e tratar das coisas di-vinas" (,{. Fontenelle, Á Umbanda stravës dos sicalog Rio1953, p. 15). Pois: "Tanto quanto o Budismo aproveitouquase tudo do Brananismo, o Cristianismo conser\rou o me-lhor cto À'Íosaísmo, assim a Umbanda aproveita, cons€rvae guarda o que de bom e aproveitár'el pode haver em to-das as religiões do passado. A Umbanda não é apenas umacorrente religiosa: ela é o sincretismo de todas as corren-tes religiosas, ela guarda os fundamentos de todas as teo-gonias e resume as bases de todas as filosofias" (E. Zes-

r3

Page 9: Posição católica perante a umbanda

p, 83),

UMBANDA É MAOIA.

Todos os autores unrbandistas que temos em rnão, quan-

do definem este atual movirnento denominado untbanda, con-

cordarn em coniessar que "é magia". Um exempLo: "Umban-

d,a é, lazer magia por intermédio das forças invisiveis, ba-

seada nas Íorças astrais, com rituais, preceitos, sinais ca-

8s ecl. p- 12, traz idêntica definição)' O mesmo autor que

dá esta definição, compara os umbandistas com os *'alqui-

mistas, feiticeiros, adivìnhos, profetas e pitonisas do passado"'

14

O Espiritismo Kardecista evoca os espíritos para delester notícias, obter comunicações dcutrinárias, olr ainda, quan-do se trata de espíritos atrasados, para inslruí-los; mas não.os explora com o fim de fazer certos "trahalhos" a fayorou contra determinadas pessoas. Os kardecistas, por conse-guinte, se limitam ao que antiganente era conhecido sobo nome de "necromancia". A Umbanda, porém, r.ai bem maiglonge: veremos adiante, quando tratarmos do culto ao Exugconsiderados "os agefltes mágicos universais", que estes es-píritos são evocados por meio de ritos, sinais cabalisticos('ípontos riscadosì'), v€rsos evocativos ("pontos cantados")e objetos (galos pretos, charutos, cachaça, velas, etc.) qüelhe são oferecidos ("presentes", "deEpachos"), para conse-guir que se ponham ao serviço do homem e façam ou des-manchem determinados "trabalhos". E isso é magia no sen-tido mais estrito da palavra.

,,., '., . Ora, tanto a n€crornancia dos kardecistas, como a ma-,, gia dos umbandisias, foi rigoiosamente interdita por Deus.i'*'' A magia, porém, foi proibida com pa,rticular severidade.

Deus ameaçou punir a magia com os mais tremendos casti-' gÕs. Diz-nos a Sagrada Escritura qre pot'os intei,ros Joram

exterminados poÍque praticavam a magia. Eis alguns exem-plos: Em Leu 20, 6 diz o Senhor: "A pessoa ql+e se di-rigir a magos ou adivinhos e tiver comunicação com eles,eu porei o meu rosto contra ela e a exterminarei do seupovo". E outra vez recebemos a otdem terminanter "Não vosdi'rijais aos magos, nen inierrogueis os adivinhos, para quevos não contamineis por meio deles, Eu sou o Senhor vos-so Deus" (Lev 19, 31). E temos, sobretudo, esta grave ad-moestação: "Ìr*ão se ache entre vós quefiÌ corrsulte adivinhosou obserue sonhos e agouros, nem qllem use malefícios

iiI

il

t5

Page 10: Posição católica perante a umbanda

Tambérn no Novo Testamento damos com idênticas proì-bições. Temos ai o exenrplo de um certo Simão "que pra-ticava a magia e iludia o povo"r "Toda a gente lhe davaouvidos, desde o menoÍ até ao maior, dizendo: Este é avirtude de Deus, que se chama grande. Aderiram-lhe, por-que os fascinara, por largo tempo, com as suas artes má-gicas" (Át 8,9-11). De quanto babataô e "pai de santo"dos nossos tenreiros umbandistas se poderia dizer ainda hojeo mesmo! Mais adiante, ainda nos Atos dos Apóstolos, en-contramos São Paulo diante dum certo Élimas, que eÍa magoe feiticeiro; mas Paulo encaÍou-o Jirmemente e disse: ítO'

filho dc demônio, cheio de toda a falsidade e malícia, ini-migo de toda a justiça, não cessas de perverter os cami-nhos retos do Senhor? Eis que vem sobre ti a m-ao dcSenhor; serás cego e não verás o sol por certo tempo" (At13, 10). Em Éfeso o grande Apóstolo das gentes, além demuitas conrre,rsões, conseguiu ainda o seguinte ,resultado:"Outros muitos que tinham praticado artes mágicas, trouxe-ÍaÍn os seus livros e os queimaïam aos olhos de todos; cal-culou-se o valor deles em cinquenta mil dracmas de prata"(At 19, 19),

UMBANDA E QUIIITBANDA.

Querem alguns distinguir entre Umbanda e Quirnbanda,dizendo qne ambos praticam a magia, sim, mas com a cli-f t rença de que em.Umbanda ela é fei ta apenas para o bem(e seria a À{agia Branca} e cn Quimbanda os trabalhosseriam exclusivaurente maus (ii,lagia Negra). A este rcspeito,contudo, o Sr. Aluísìo Fontenelle, que se diz 'isacerdote dosdiversos cultos de Umbanda", garaniindo ser "conhececLorreal de todas as práticas que se exeÍcem nos clir.ersos ter-Íeiros", considerando-se por isso "catedrático no assunto"(ci. Exu, Rio 1952, p. 94), esoreve o seguinte:

16

il

feitamente irmanadas dentro do mesmo sentido, divergindoapenas no que diz respeito à indumentária e certas práticasnà comunhão dos seus trabalhos espirituais. A Quimbandacontinua no Jirme propósito de manter as antigas tradiçõesdos seus ascendentes africanos, ao passo que a UmbandaprocuÍa, pelo contrário, afastar completamente esse sentidoincivilizado das suas práticas, devendo-se à influência dohomem branco, cujo grau de instrução, já nâo as admite"(A. Fontenelle, 0 Espiritismo no Conceito das Religiões e aLei de Umbanda, Rio, p. 8l).

E ainda gue, teòricamente, digam alguns umbandistasque eles quereÍn apenas a Magia BÍanca, (que, aliás, tam-bém é proibida por Deus!), a realidade dos terreiros, to-davia, afirma bastas yezes o contrário. O Sr. Oliveira Magno;em Prdtita de Umbsnds, Rio 1952, p, 7Q conhece umbandis-tas "que fazem, nos fundos da suas tendas ou terreiros,ou então, em suas residências, os mesmos trabalhos", istoé: Fazem trabalhos "para obrigaÍ o namorado ou amantea voltaÍ e se casar; paÍa amarfar o homem com a mulher;para que o marido se conforme com a mulher ter o seuamante; paÍa uma mulher tirar o homem de outra; paraque o hornem só tenha potência para uma mulher; paÍase saber em sonho com queÍn vai casar5e; para amarraÍa vida e negócio dos outros e os arruinar; para obrigaros outros a Ìazer o que não é justo; para castigar os ini-rnigos, pô-los doentes ou então os matar, etc.",

Também outro autor reconhece a existência de muitosumbandistas "que ainda procecÍem assim, aumentando a ce-gueira e ignorância desses infelises irmãos, e pior ainda,fazendo despachos corn fins malér'olos, projetando falangesatrasadas contra irmãos encarnados desprevenidos e incré-dulos, que na nraioria das vezes sofrem o efeito sem com-preenderem a origem do mal que estão padecendo, por des-conhecerem a Umbanda e a Quimbanda" (Florisbela M. Sou-sa Franco, Umbanda, Rio 1954, p. 131).- Reconhecemos, todavia, a existência de terreiros de Um-banda que "só querem lazer o bern", que fazem uso danagia e recorÍem aos serviços dos e.xÍts "apenas para obterbons efeitos", ou para "desmanchar" os malefícios da Quim-banda. E', porém, inegável que também nestes meios, onde

Ì leresia 5 - 2 t7

Page 11: Posição católica perante a umbanda

não negamos haver boa fé e excelente vontade, existe tremenda confusão religiosa, é praticada a evocação dos espÍ-ritos, é oferecido um r.erdadeiro culto aos eïüs, é pregadaa heresia da reencarnação e são identificados os SantosCristãos com deuses pagãos, como adiante se verá.

O PANTEISMO DOS UMBÀNDISTAS.

No Primeiro Congresso de Umbanda foi aprovada aquinta conclusão, Íorrnulada nestes termos: "Sua filosofiaconsiste no reconhecimento do ser humano como partículada divindade, dela emanada límpida € pura, e nela finalmenÍereintegrada ao fim do necessário ciclo evolutivo, no mesmoestado de limpidez e pureza, conquistado pelo seu próprioesforço e vontade",

AÍirma-se, pois, que nós (o "ser humano") somos "par-tícul'as da divíndade", que 'femanamos" de Deus. Tais ex-pressões são comuns na literatura umbandista: "A alma hu-mana é de essêneia 'divina", ensina o livro oficial da Con-federação Espírita Umbandista, Doutrìna e Ritual de IJm-handa, Rio 1951, p. 70. Nesta mesma obra lemos expres-sõeí 'ainda mais fortes: "Deus é o Todo e eu Sua parte";"Deus dorme no minetat, Ëonha no vegetal, desperta no ani-mal, é consciente no homem, que, deste rnodo, pode atingira perfeição"; "o fim da evolução é, para o homem, a com-pÍeta realização de sua divindade, a iclentificação de seu ;rró-prio ser coÍÌr a Realidade única" (p. 40).

Essa identificação da criatura com o Criador evidente-nrente despersonaliza Deus. O Deus panieísta de Umbandajá não é o Deus Pessoal e Consciente dos cristãos. O Deusumbandista do qual "emanam" todos os seres, náo é oDeus cristão que "no princípio criou o céu e a terra" (Gên1, 1). O Deus umbandista, identificado com o Universo, nãoé o Deus cristão anteríor a toda criatura, índependente doÍnundo, infinitamente superior ao universo limitado e mutá-vel, SenhoÍ absoluto e Criador de todas as coisas existen-tes fo.rà d'Ete, o Deus pessoal, individual e singular, deque nos falam as Escrituras. O homem umbandista, "parti-

l8

cula da divindade", iâ não é o homem cristão "que Deuscriou do nada" (2 Macab 7, Ar.

Mas o Deus dos cristãos não é apenas um Ser Intinito,anterior ao mundo e dele essencialmente distinto, Ele é tam-bém um Ser subsistente em Três Pessoas: Pai, Filho e Es-pirito Santo. E' o augusto mìstério da SantÍssima Trindade.E a fé cristã ainda nos ensina que Jesus Cristo é ver-dadeiramente Deus igual ao Pai e ao Espírito Santo: aSegunda Pessoa da Santíssima T.rindade. Ora, tudo isso náoé concebível num sistema de filosofia panteísta, qual o deUmbanda. Razão pela qual os urnbandistas apóiam os kar-decistas na negação da Santissima Trindade e na contesta-

ção da Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A respeito'da natweza de Cristo transcrevemos aqui uma passagem doumbandista Lourenço Braga, Umbsnda e Quimbandd, 8+ ed.,que é entre todas as obras sobre Umbanda a mais difun-dida e serve como manual em numerosos terreiros. O tre-cho que transcrevemos pode set encontrado na p. 45 s. Eí-lo:

Ínente, desenr.olvendo neie os rlons ntediúnicos que ele pos-suía, em esi:irlrr Jatente, e ensinando-lhe os mistérios daCabala e toda a filosoÌia da seita, da qual era o supremochefe. Esse aprendizado durou qtlas€ 18 anos, época emque lesus. afinal, atingiu a casa dos 30 anos de idade. Es-fíritd miósionáriô ani"mando um corpo carnal, inteiigênciaprivilegiada, alma boníssima, er.oluido bastante pelas inúme-ras entarnações por que passou e tendo recebido de Josede Arimateia sábios ensinamentos científicos e filosóficos e

I

1S

Page 12: Posição católica perante a umbanda

do, ensinando a sua doutrina' Ptriirando os Povos dos -. Iugaresiïiil- *rãudêiros trabalhos de'""'ï"Ílãm"s, Portanto, um Jes'espírito "evoluído bastante pelu

^.-que passou" 9 qu" ìlï'"ttuàut Ciências ocultas' Maçonaria'

Esoterismo e Magia na Escola de José ds Arimatéia" '

FATAIS CONSEA;ÊNCIAS DA DOUTRINA REENCARNA'

CIONISTA-

,,A umbanda, como " u*',ïllïiï;.:iffi,iï ïXì"'"Ëï

tas vidas no passado.e por outras muitas deverá passar,

não apenas nesre plan'eta terra' mas através de numerosas

estrelas rnais perfeitas, até alcançar a perfeição final, quan-

ã", -t*a",

tornará a reintegrar-se na divindade' no mesmo

estado de limpídez e pur€za eÍn que dela emanou' E esta

perfeição finat, ensin-a ï ãuinta conclusão do Congresso de

Urnbanda, o t o*.*"ã conquistara "pelo seu próprio esÍorço

e vontade"'Se analisarmos bèm a f ilosolia. teencarnacionista de

Kardec, integratmeritt -ttoàofoguda

pelos umbandistas' veriÌi-

caremos que tf^ '"

'resume nestes quatro postulados: 1)

pluralidade das ex-istências terrestres' 2) progÍesso contí-

nuo depois Ou *oìi., U expiação própria e evolução por

méritos rigorosamente' pessoa-is' .4) sempre novos corpos e'

atinal, viaa puranìtnì*"tpititual' sem corpo material' Ora'

não é preciso '*t

- àãnaË teólogo' para saber que Cristo'

conira o princÍpio t"tnt*nutioniJta da piuralidade das exis-

tências, ensina o u'i'iaoat da vÌda terrestre; contra o prin-

cípio ,reencarnacionista do progresso continuo depois da mor-

20

te, ensina a existêncía e a eternid.ade de am estado e lugarde condenação sem lim chamado inlerno; contra o princípioreencarnacionista de expiação própria e do aperfeiçoamentopor méritos rigorosamente pessoais, ensina a nossã redençdopor Sua sagiada paixão e morte; contra o principio reencar-nacionista de uma vida definitiva e puramente espiritual,ensina a ressurreição fínat de todos os homens. São quatroensinamentos de Nosso Senhor, que se encontram não ape-nas em um ou outro texto esporádico ou de significaçãoduvidosa, mas que perf azem, por assim dizer, o cerne damensagem cristã. À,[as os espíritas, precisamente por causada filosofia reencarnacionista que adotam, se viram for-çados a riscar grande parte do Evangelho, cfpgando porisso a negar a própria Bíblía, Endossando .# tefrja.'da reen-carnação, os umbandisfas devem tògicamente.iaCômpanhar oskardecistas na triste negação de tantas úerdades evangéli-cas e cristãs. Mas com isso mesmo og umbaÍrdistas Èe 'co-

it.'i"

locam Jora do Cristianismo

: . . . . . . a: | . i r ,

UMBANDA É A NEOAçÃO DO CRISTIANISftlç-;;r1+;n'* r-

Já vimos que a Umbanda, em sua prática da evocaçãodos espíritos e em seus trabalhos de magia (branca ou ne-gra, tanto faz) desobedece a Deus, revoltando-se contra umaordem clara e repetida do Criador, determinação que se elt-contra nc' Antigo e no Novo Testamento. Ve.rif icamos quea Umbanda, em sua doutrina panteísta, contesta e deve con-testar tcda uma longa série de r.erdades crisiãs a respeitode Deus: nega o augusto mistério da Santissima Trjndade;nega a existência de urn Deus pessoal e dístinto do mundo;nega a doutrina cristã a respeito da origem e a criação douniverso; nega a criaçáo da alma hurnana; n€ga â Divincla-de de Nosso Senhor Jesus Cristo; nega, consequentemente,a À'laternidade Divina de Maria Santíssima; etc. Apuramostambém que a Umbaúda, endossando o princípio kardecistada reencarnação, deve contestar e de Íaio contesta maisoutra sequência de verdades clararnente ensinadas por Cris-to, nosso À{estre Divino: nega a nossa redenção por Cristo;nega consequenternente a graça e toda a doutrina cristã

2l

Page 13: Posição católica perante a umbanda

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do sobrenatu'ral; nega, por isso mello' a doutrina cristã

aceÍca d.os Sacram"nïot; nega a unicidade da vida terrlll1.1

;;; "

juízo particular depois da morte; nega a ressurÍerçao

f inal de todos os homens; nega a existência do inÌerno;

etc. Tudo isso, em outras pala--vras, é a negação total da

Doutrina cristã e por isso do Cristianismo'

Em alguns meios umbandistas se Professa tt^U^-1*Ï"

uma maniÍóta tendência de retorno ao paganlsmo' A-sslm uts-'

.iriu, pot exemplo, a otru oficial da ConÍederação Espi-

rita Umbandistar "Curnprindo uma ordem de Xangô-Agaiú

Íundou-se a Confeder-a-çáo Espírita Umbandista' coÍn a fina-

lidade d.e restabele..t :u ttaAiião antiga' em torla 1 *Ï" f::-

ça e pureza primitiua" ( Doutrina e Rituat de llmbanda' Rio

1951 , p. 152). Heraldo Menezes' em sua obra Cabocíos na

I\mbanda (Rio), O+"i* de ponderaÍ que "o Universo é um

aonlunto de deuses'em perÍnanente harmonia"' levaflta a se-

;'ü;;';c;"çáo: "Qual roio compressor' o cristianisrno' avas-

saladoramente, destiuiu o politeismo gr€go e o romaflo' o

;;; e o egipcio,- togno*inando-os de cultos pagãos"' Em

ã"g"iau se d*iiige maii especialmente contra a lgreja e es-

creve: "A igreja Íomana' fundada po-r Pedro' no afã evan-

gelizador, p"n",runão poi invios continentes' substituindo os

tetiches dos selvícolas por imagens católicas' criou o sin-

cretismo religioso (sicf )"[' las' a ìgreia romana' um tanto dis-

tante da f ilosof ia de Cristo' também não possui as suas

lendas? A canonização Ao* homens não fomenta a id:lat:l:?

fogo, .t sã cc,nsciência, porlentos aÌirmar Qilê' s-€^ 1Ì"':],t-

bolos nos concluzem à Suprerna Ascensão' os povcs ptimiti*

vos, apesaï o* *uu decaniacla ausência de civilìzação' ado-

rando toda= u= forç"* vivas da Natureza' estavain certos"

(; 3-4). À'tais adiante preconiza abertamente: *O homem

ìeta qu" voltar ao primitivismo" (p' 35) "'

Entretanto, t t ""* t**osumbandistas'queprat icamanecromancia e a magia, apesaf de proibidas poÍ Deus sob

a cominação dos *uï* ittttndos castigos' revoltando-se .as-sim ccntra Deus; esses mesmos umbandistas' que contes-

tam e ridìcularizam as verdades centrais da mensagem cris-

tâ, rebelando-se desta maneira contra Cristo; esses mes-

mos umbandistas, que apregoam a necessidade de retornar

sar a reencarnação (4+ conclusão), o panteísmo (5e conclu-são), a auto-redenção (5n conciusão) e o tiberarismo religioso(6t conclusão) - princípios que levam a uma interminávelsérie de conclusões tão contrárias à Doutrina Cris{ã, quedo cristianismo nada sobrará - tem, todavia, a insoiênciade formular a 7G conclusão nestes termos: ..O reconheci-mento de Jesus Cristo como Chefe Supremo do Espiritismode Umbanda, a cujo serviço se encontram entidades alta_mente evoluídas, desempenhando funções de guias, instruto_res e trabalhadores invisíveis, sob a forma de caboclos epretos velhos". Eis mais algumas declarações semelhantespara a nossa documentação:' "A Umbanda, tal como se apresenta hoje ro Brasil,

é uma religião cristã" (Samuel ponze, Lìções de [Jmbanda,Rio l!Ì54, p. 12).

"A L]mbanda no Brasit e do Brasil é francamenle cristã,,

22 23

Page 14: Posição católica perante a umbanda

i{llrilü

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Cristo pregou sobre a Íace da terra, surgirá límpida e pura,em toda a sua finalidade r€dentora" (ib p. 83).

São palavras apenas; palavras impugnadas eloquente-mente pela prática da necromancia e da magia em todasas tendas e terreiros de Umbanda e contraditadas pela dou-trina da reencarnação, do panteísmo e do mais crasso paga-nismo em todos os livros de Umbanda e Quimbanda,

POSrçÃO CATÓLICA PERANTE A UIIIBANDA.

Já, a esta 4ltura, é fácil compreender e precisaÍ a po-

sição catolica perante a Umbanda. Para sêrmos claros, pro-cuÍâremos sintetizar esta posição nos seguintes pontos:

1) A primeira e máxima obrigação do homern é amar

a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alnta, de toda

a sua mente e com todas as suas forças (Mt 23, 37-38)'Entretanto, disse Crisio, "se me arnais, guardai os meus man-

damentos" (Jo t4, 14); "quern guarda os meus mandarnen-tos e os obseÍva, esse é que me ama" (Jo 14,2l) ; "vóssois tneus amigos, se tizerdes o que vos mando" (Jo 15,

14); "a caridade consiste em I'ivermos segundo os manda-

mentos de Deus" (cf .2 Jo 6).Ora, Deus mandou que não

evocássemos os espíritos, ordenou que não praticássemos

a magia. Já vimos os textos, que são insoÍismàvelmente cla-

ros. À'las é manifesto qtte todo o movimento umbandista se

apóia na evocação dos espíritos e Ía prática tla magia, sen-

do portanto um mot'inrento de declarada ciesobediência e

revolta contra Deus, E' irnpossível ao homent, neste esiado,

cumprir sua máxima ubrigação: amar a Deus sobre todas

as coisas. E' por isso que o católico de maneira rcenhumapode ader[r d UmLtanda.

2) Sendo o exercicio da evocação dos mortos e da ma-

gia pecado grave de desobediência, é tambérn vedado for-

mentar as práticas de Umbanda ou assistir a elas' Donde se

infere qae ë pecado mortal assrsíir rÌs sessdes espíriÍcs e rispraticas da magia nas tendas ou nos terreiras de Umbanda.

3) Já foi demonstrada a oposição frontal entre a Dou-trina Cristã e a Doutrina Umbandista. Nega a Umbanda

24

o que o Cristianjsmo afi,rma. São dois polos opostos. Se_gue daí que i impossível ser ao mesmo tempo umbandistae católico. Todo aquete, portanto, que aderir às práticas eàs doutrinas de Umbanda, sai da lgreja, exclui_se a si mes_mo da comunidade dos fiéis ae criito, deixa de ser catóricoê renuncia ao direito de receber seus meios de santif ica-ção: Em outras palavras: o umbandista já fez tudo paradesl{gar-se da lgreja e as autoridades eclesiásticas *ao up*_nâs consequentes com aquilo gue ele mesmo voluntàriamàn_te escolheu, quando o considera de fato desligado, isto é:extomungado. Com isso o umbandista perdeu o direito deassistir à santa ,\{issa (mas não é necessário expuisá_lo,quando entrar na igreja: apenas não pode reclamar parasi o direíío de assistir); perdeu o direito de receber o* .un_tos Sacramentos: na Confissão não pode receber a Absol_*içã0, na mesa da comunhão não pode receber a Eucaris-tia, etc.; perdeu o direito de tomar parte nas indulgên_cias, nos sufrágios e nas orações pribúcas da tgre;a.'

4) Verificamos e provamos que a Umbanda se identifi-ca substancialmente com o Espiritismo: é, a razáo peta quatvale para os umbandistas o que os Bispos do Brasil decla_taïam recentemente a respeito dos espíritas: são e d.evemser tratados tomo hereges. por ísso devem_se aplicar tam_bém aos unibandistas as seguintes determinaç*Ori'-'-'

_. não podem ser adrnitidos à recepção dos Sacramen-1,]r, ainda qLre os peçam de boa fé, sem que atrjurem aUmbanda e renovenì a profissão de fé católica:

não podem manda.r batizar na lgrejamenores. a não ser que estejarn e m imirenternorte ou ofereÇam garantias suficientes de queuma educaçâo catól ica;

seus filhosperigo dereceberão

- não podern ser convidados ou adrnÌtidos como padri_nhcs ou madrinhas de Batisn:o ou .de Crisma.

- quando falecerem, sem dar sinal de arrependimento,ficam privados da encomendação e da cerebração de Jrv[issapública por sua alma.

5) Visto que a Umbanda não é apenas desobediente emsuas práticas e herético em suas doutrinas, mas quer tam_

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Page 15: Posição católica perante a umbanda

lrprlr lonstituir üma religião particular, com hieraÍquia, ritose errllo próprios, seus adeptos devem ser considerados comotfltsfrfl)ros duma seita religiosa acatólica e existe, por conse-

Êulttl(, impedimento matrimoniat entre umbaniistas e cató-l f r r l r

ti) Já que os livros urnbandistas propugnaÍn a heresia

r, rrrsinam ou recomendam a superstição; o sortilégio, a adi-

vftrlt;rção, a evocação e a magia' sua leitura é interdita aos

Iutúl ìcos sob pena de pecado mortal e sob a censura de

, t \ t t ìmunhã.o.

A IIIERARQUIA EM UMBANDA.

E' intpossíve! dar ao leitor informaçíles mais ou menos

l)rr'( isas a respeito do ritualismo umbandista' "Temos visi-

llrrl,r inúmeros lerreiros no Brasil - escreve Emanuel Zespo

e não eneontra.mos a uniÌormização de ritual tão dese-

ilrtlrr por alguns. VeriÍicamos que cada terreiro, cada centro,

$egue, no getal, a orientação dada pelos seus próprios guias

c caciques" {Codificação da Lei de Umbanda, Parte Prática,I ì i r r tdSg, p. 44).Apenas para a or ientação dos lei tores,

dirremos no final, em apêndice, um exemplo do ritual um-lla irdisia.

A extrema complexidade dos ritos para a evocação má-

gica dos orixas, exils e êgutts, ou païa outros "ttabalhos

r:spirituais de caric!ade", reclama nunìeroso pessoal, suficien-

temrrrte iustruído e hat i i l i tado. Para consegui| tnos a necessá-

r i ; r or icntação soltre ulrrhanda, é cottvett iet t tc tomar cotthe-

cìmerrio clos rromes (pais em ulntrarrr-Ía se tlsa tirua terrni-

noiogia pariicular) e das atrib"rições dos r'áI ios graus cÍa

hierarquia umtrandista:

1 ) O chefe principal, ou o chantado chefe clo terreiro, é

cienominado geralmente "Pai de Santo" ( tradução ì ì teral debubnlorixd: babd=pai, orixo=santo) ou babalaô, baba[oxd,babaluê, ou ainda: cacique, principe de Umbanda, senhor deOlcruut. chef e de rebanho; quando f or mulher. é "À'Iãe deSanto", ou simplesmente babd' O Cateúsmo de Untbando,Rio, p. 69 S, resume as funções de babalortxd nos segLrinJespontos:

26

.. l ) lncorporaÍ o espir i to do Dono do terreiro, isto é. c loesprÍlto sob cuja proteção se fazem os trabalhos do teirei-

s que se manifestam:rráticas mágicas necessárias à, das imagõns dos orixás que

Ício de trabalhos;5) explicar a doutrina, ,fazendo prédicas, em sessõesque sejam dedicadas a tra6alhos de tiemanda:

ies de' car idade; '

Çâs, empregando as ervas no

; e inimizades enire os sócios

dos médiuns e dos auxiliaresl0) Conhecer a arte cle adiuinhação por meio dos búzios,

saber cartomâneia e leitura das nrâo*2) A seguir venì os ogsns, homens que auxiliam direta_

mente o baba[aô, tratam do ceiimonial, dirigem os trabalhosde incorporação dos médiuns, enÍoam os pontos cantados ezelam pela perfeita ordem do terreiro; conhecern a força daservas, os segredos e os efeitos dos pontos .riscados, a comidados Santos e sabem manejar a laça para sacrificar os ani_mais (Doutrina e Rítuat de IJmbanda, Rio 1951, p. l0O).Quando mulheres, têm o nome de jabonan, .iibonan ou ..,\{ãepequena", que são encarregadas tambérn de dirigir as dan_ças e devem ocupar-se coÍrì as nrulheres.

3) Vein então os cttÍttbones, i.smlrcrrcs ou caniband.os eas samlrss. 'lodos são "Filhus ou Filhas cle Santo',. São au_xiliares, cornpetinclo-llies abrir o terrei,r'c, receber qualquerbaboínô, enxugar cr rcsto dcs médiuns, er.i1"aÍ. que se machu-qnem, sccorrê-los quando em transe, ajudar nas clanças ecantar ilara as grandes cerimijlÌas. Os wmbonts prestam as-sistência aos homens, as sambtç às mulheres.

4) Seguem, aÌinal, os médiuns, julgados em condiçõesde incorporar ou receber os Grixtis hlenoret Na Umbandaesses rnÉcliuns, quando incorporados, são chamados tambémcavalos, aparelhos, moleqttes, etc. A respeito da expressãocav&Io, o Sr. Samuel Ponze, Li.ções de [Jmbanda, Rio 1g54.

Page 16: Posição católica perante a umbanda

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p. 27, tem a seguinte explicação: "Cal'alo é uma expÍessãoaparentemente brutal, porém bem judiciosa, O médium érealmente o cavalo de que se serve o cavaleiro (o guia,espirito ou orixá) pata perconrer o caminho dessa novaespécie de apostolado: ensinar aos filhos de Umbanda a

I'ereda da luz. Todo o cavalo, depois de domado, tem oseu car.aleiro; assim todo o cavalo de Umbanda, depois dedesenvolçido, tem seu guia, seu cavaleiro de Aruanda"

Muito embora não haia ainda, como vimos, unidade norito, ele obedece contudo a certas regras' que o Catecísmo deUmbanda,.Rio 1954, p. 39 s. resumiu nos seguintes traços:

TNSTRUMENTOS DA TiÀAÜIA UMBANDISTA.

Está em uso uma infinita variedade de instr'umentos na

Umbanda, païa a prática da ÀÍagia: Vestimentas as maisvariadas, tambores, chocalhos, pembas de todas âs cores,ponteiros (punhais de aço), coités (envólucro de coco ba-

bassú, cortado ao meio e polido), rnoringues de barro, velasde cera, fitas de seda, barbante (linha crua), otás (pedras

dos rios ou seixos roladds), conchas marinhas, estrelas domar, defumadores de todas as espécies, bodoques, f lechas,capacetes de penas (cocares), guias (colares de contas),plantas e raízes, charutos e cachimbos, fumo de rolo, pom-

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bos pretos, galos vermelhos ou pretos, sangue de boi, fa-rofa de Íarinha de mandioca, bebidas, cervejas, várias es-pécies de vinhos, marala (cachaça), azeite de dendê, melde abelha, pólvora, carvão, enxofre em pedta ou pó, perfu-mes e essências, etc. Casas há, especialistas em vender ,.ervasmedicinaiq defumadores, raízes, rasuras, resinas, cascas, fo-lhas, fiores, frutas, óleos, sucos, qtc,',, onde se podem com-pÍar ídolos, símbolos de Santos, punhais para riscar ospontos, pembas em diversas òores, orações fortes e toda asorte de defumadores. Assim, por exemplo, Ienos num jor-nal de hoje mesmo (22-8-1954r, do Rio, O Dia, p. lI, umanúncio da "Casa de Umbanda", que vendej .,Estatuetas decaboclos, índios e pretos velhos; ferramentas e material paraterreiro; imagens e artigos religiosos; artigos da Baía, bone-cos e colares; livros especializados; artigos indígenas, velase artigos de cera; especialidades para as cerimônias de Um-banda; depósito do defumador Caboclo; fantasias, cerâmica,artigos de barro e variedades; defumadoÍes em todas as qua-lidades". A casa está no Largo da Lapa. Na mesma páginadeste jornal damos com outro anúncio que apregoa o De-lumador Sete Flechas: "Seja mais um entre os milhares deconsumidores preferindo a proteção do Sete Flechas de Um-banda para seu progresso e proteção. O Defumador SeteFlechas é usado e recomendado pela Confederaçáo Espíri-ta de Umbanda". Em outro jornal lemos o anúncio do Sa-bonete de Defesa Pai Jacó, que "foi depois de longos es-tudos na prática e nos trabalhos espirituais, selecionado como extrato de I espécies de ervas atrativas: Arruda, Cuiné,Álecrim, Fumo, Comigo-ninguem-pode, Abre-caminho, Des-mancha-tudo, Palma benta e Bern-com-Deus. Este sabonetefoi lançado ao pfrblico, com o fim de substituir os banhosde plantas tão antiquados e incômodos de preparar; poisera necessário fener as plantas e depois de haverem torna-do o banho precisavam jogar as ervas utilizadas em águacorrente, fato est€ que nem todos poderiam LazeÍ".

Demos a palavra aos umbandistas, para que nos eluci-dem a razão de ser de alguns destes instrumentos de ma-gia, a fim de podermos conhecer melhor sua mentalidade e

Page 17: Posição católica perante a umbanda

suas curiosas práticas, algumas das quais já muito difun-

didas até mesmo nos meios que se dizem católicos'

ll O defumodor ocupa lugar de destaque no ritualismo

umbandista. O Catecìsmo de Umbanda, Rio 1954, p' 43, en-

tend.e assim sua finalidade: "O defumador serve para dois

fins. o primeiro é que a essência do defurnador, deslazendo-

se no ambiente, isto é, misturando-se com o éter atmosférico,

vai ser sentida pelos espíritos. A outra utilidade do de-

fumador é que o seu perfume desperta alguns centros ner-

vosos dos médiuns, fazendo esses centros vibrarem de acor-

do com as irradiações fluidicas do Protetor"- Lourenço Bra-

ga ainda conhece uma terceira finalidade: "Admite-se o

defumador pelo aroma que desprendem as ervas químicas,

cujo cheiro exerce grande ação sobre os sentidos das pes-

soas" (Umbando e Quimbanda, 8q ed. p. 31). Os charutos

e o cachimáo, prod.uzindo fumaça, têm c mesmo efeito (cf'

E. Zespo, O que é a lJmbanda, p' 621. O Sr. Oliveira À{agno,

em Prdtica de I|mbanda, Rio 1952, nas páginas 21 atê 42,

apÍegoa neste sentido numerosas fórmulas ou receitas: De-

fumador de d.escarga de casas e de pessoas presentes, De-

fumador de descarga Agum-À{egê, Defumador de descarga

Caboclo, Defumador pata atrair prosperidade, Defumador

de Cosme e Damião, Defumador para atrair prosperidade

pará casas comerciais, Defumador para descarregar uma pes-

soâ, Def umador Santa Luzia, Defirrnador de lixo do mar,

etc. Para amostra segue a fórmula "de descarga 'de casas

e de pessoas presentes":

Ao terminar a defumacáo_gada pela porta fora'diíer

mar, para que me deis naz-meu ideal. Estou confiarite'í.

Nota: Alguns umbandistas (p. ex., E. Zespo, O qae éa Umbanda? Rio 1941, p. 60) querem identificar o defuma-dcr com o incenso que os padres usam na igreja durantealgumas cerimônias solenes. Convém, todavia, ãbr*ruu, qu*na lgreja o incenso tem apenas um sentido estritamente sim-bólico: assim como o aÍoma rlo incenso se levanta da terrapaÍa o céu, do mesmo modo subam as nossas orações, .,comoum odor agradável',, a Deus. A lgreja não emprega o in_censo paÍa afugentar os maus espíritos.

2) A pólvora é outro elemenio cle muito uso. LourençoBraga, Umbanda e euÌmbanda., Bf ed., p. 32 s justifica seuuso com as seguintes palavras:

. "Eu explico a grancle utilidarle clela (da póI,-ora) paraa. descarga de amhiéntes ou deslocarnentos ae'camacás ïtrii-{ircas, d€nsas, pesailas, en volta de uma criatura. dentroqe uma casa, em um-a localidade qualquer. Nós. 'espíritosree'carnados, somos impcrÌeitos, pc'camôs oiariãi"e"tË'iiãrotrras, por palar.ras e poÍ pensamentos; os nossos mauspensamenros formam .camadas que se cbnaensàú- .ooi--oÀfluidcs dos espiritos inferiores, iiweJ-d;-;;Ë;ï;;,lìïË' *ããatraíclos por nós mesÍnos e, debsi'iòirà, tornam muitas ve-

nos causam, o uso da oól_. tais práticas são sempre au_'itos bem intencionados, que

'

I

Aloés, escama cle Peixe,ção se faz dos Ìundos Paraiom água na mão esquerda

f igatio de Peixe seco' A deÌunta-

À'las antes disso é necessário

a porta da rua, com um copoe d deÌumador na nrão direita.acender três velas e fazer três

trabalho e a terceira a Deusúffiõ Sen'hor, pedindo licença' Em seguida se canta o pon-to seguinte:

preces, sendo uma ao Anjo Governante do dia e outra à

ãntiãã"- qrã exeCuta o díto trabalho e. .a terceira a Deus

lïÍestrre LuÍs chegcuoi llestre Luílc balxou,,Mestre LuIs chegouprâ lerar .todos malesãe-*uí ; 'zef io" com stra Eonga- .pàra ã funtlo do mar, ê, ê. (Bis).

31

Page 18: Posição católica perante a umbanda

Írcodemr. pelos

guns trabalhos de magia" -4) l\Ías o instrumento mais

diversas vezes Ínencionada. Trata-se

ele sáo riscados os sinais evocativos

exige naturalmente um processo de cura apropriado. Riem-se por isso dos métodos da "medicina legal,'. procuremosconhecer também neste ponto a mentalidade dos umban-distas. Pois estamos aqui diante do fator de maior atraçãopopular que a propaganda espírita e umbandista apresenta.l\{uitos vão ao Espiritismo e à Umbanda por esta causa.Vejamos primeiramente como explicam eles as doenças.

1) A atuação dos espiritos müus ou sofredores:

"Os espíritos malf azejos atuam primeiramente sobre operispírito de qualquer criatura e em seguida sobre o sis-tema nervoso. Depois de provocaÍ o descontrole desse, pas-sam a ter maior influência sobre a vítima, sendo-lhes assimmais fácit dirigir a projeção fluídica sobre determinado ór-gão do corpo humano, provocando nele a moléstia que de-sejarem, ou então valem-se de um espírito ainda sofredor,o quaL eles, os malfazejos conscientes, obrigam a fkar en-costado ao paciente provocando no m€smo as moléstias deque €ra portador quando ainda em vida, na Terra. A açãodos fluidos de um espírito sofredor ou trevoso sobre o or-ganismo hurnano é idêntico à ação que produzem os raiossolares, através de uma lente, sobre a nossa epiderme; eles,pela atuação constante, destróem os tecidos mais delicadosdo nosso organismo, provocando molésiias diversas. Emborasejam eles retirados de junto das vítimas, ficam essas emestado tal, que só com um tratamento médico espiritual, pro-longado, poderão recobrar a saúde" (Lourenço Braga, Um-banda e Quimbanda, 8s ed. p. 42 s).

"Os espíritas obsessores atuam de difererrtes modos. An-tes de atuarem, eles fazem pelo astral ,um exame da aurada pessoa e se utilieam de qualquer pontc fraco da aura,parâ poÍ aí exercerem a slla influência" Os vícios permitemo assalto dos obsessores, principalmente o álcool, os excessos

píritos sofredores também podem pela sua aproximação pro-vocar doenças, não poÍque queiram, porque esses espíritossofredores não são rnaus. .l\'las o seu sofrimento se irradiasob a forma de rnaus fluídos, qlle enyenenam e enfraquecem

à nossa chamadapcntos riscados no

cânticos (Pontos cantados)com a Pemba btanca"-

usado é talvez a Pemba, iátde simples giz e comdos espíritos. Segundo

peloscháo,

os umbandistas cada espírito possui seu próprio sinal ca-

balístico, denorninado ponto riscado' Temos em mão um exem-

plar da pemba branca, "legltima aÍricana, expoÍtada direta-

mente oã Átrica por Ali-Bem-ltah, descendente legítimo de

Li-U-Thab, da tribo de Umbanda", que foi feita "poÍ moças

virgens em completo iejum, presididas pelo Sacerdote' que

auiante a fabricação não pode tomar alimento de espécie

alguma nem beber água, apenas lumando o seu cachimbo

quï e considerado salrado' Durante três dias e três noites

" à" u"r"* mais, é tiabalhada a Pemba, acompanhada po.r

rnúsica do Congo, as virgens cantam sern cessar preces a

virgem Pemba, para que esta transmita todas as suas vir-

tud"es à que estão fabricando' " '" Lourenço Braga nos elu-

cida seu funcionamento: "A pemba branca Serve para Íir-

mar no chão os pontos ' das diferentes falanges' util izadas

em qualqtter irabalho; tais desenhos ferem o nosso peÍrsa-

*lntà neles, estabeiecendo uma corrente fluídica magnética'

poi **io áu qual, eles, os espíritos, fazem os trabalhos

qu* desejarem, projeção, descarga ou afastamento de ob-

sìssores" (IJmbunda e Quimbanda' 8s ed' p' 32)'

A DTAGNOSE EiI[ UMBANDA'

Persuadiram-Fe os umbandistas - e aliás todos os es-

píritas vivem nesta convicção - de que a causa mais co-

mum de todas as doenças está nos espíritos do além' lsso

32lleresia 5 - 3 33

Page 19: Posição católica perante a umbanda

a auÍa das criaturas" (Catecismo de Umbanda, Rio 1954,p, 60 s).

2) O espirito n'encostodo". A idéia popula'r mais comumé a de um espírito soÍredor que está "encostado" na p€ssoa

doente e que precisa de ser retirado por meios mágicos. Ostextos citados já aludem a estes espiritos encostadores- Paramaior elucidação, leiamos mais este passo:

citada, p. 25).3) O quebranto ofl o mau olhado é outra explicação

muito popular e tìpicamente umbandista para interpretar umasérie de doenças. Eis como justificam seu modo de ver:

da e Ocultismo, Rio 1953, p. 47 s).4) O casÍigo. A mentalidade reencarnacionista é mais nm

fator que explica outra série de doenças: segundo eles, jâ

vivemos muitas existências terrestres e nelas pecamos e co-metemos crimes; e como cada um deve expiar e r€pararpor seus próprios esforços e sofrimentos os pecados come-

tidos (pois negam a nossa redenção por Cristo!), ele *'está

sujeito a sofrer os castigos na próxima encarnação. Isso, se-gundo eles, é fatal e inevitável e nem Deus pode intervir,uma vez que a iustiça divina não pode perdoar o pecadosem que preceda rigorosa expiação feita pelo próprio pe-

34

cador' lr{esmo certos desastres, acidenres ou outras ocorrên-cias irnprevistas devem ser justiÍicados pela .,lei da KaÍ64,,,que funciona de modo inexorável, como as demaís leis fí-sicas.

A TERAPÊUTICA UMBANDISTA.

_ Portanto, segundo o modo de ver dos umbandistas, adoença pode ter sua origem nas seguintes causas;l) Ou há por aí algurn espirito maléfico e trevoso agin_do no doente ou sobre o doente, e €ste mau espírito veioou atraído por marefícios de outrem (quirnbandeito, t"iti.ui-Ío, batuqïeiro, maclmbeiro, etc.), ou' por más disposiçõesanteriores do próprio enfermo;

2) ou imiscuiu-se na vida do doente algum espírito so_fredor, nele encostado, e que lhe transmite a mesma doença,espÍrito que ai se encostou ou pofqu€ tem afinidade imediatacom a pessoa em questão, ou porque foi trazido por outrosespíritos maus;3) ou a pessoa é vítima dos maus pensaÍnentos ou domau olhado de outro indivíduo humano, que assim laz oupor inveja ou por real ou suposta inimizãde;4) ou então ela sofre um justo castigo por crimes co-

metidos em vidas anteriores.Neste últirno caso não há cura, nem remécÌio. Nos cu_

ttos, o remédio ,depende clo diagnóstico do médium ou dobabalaô. "üs mérliuns videntes, cle UmbanCa, podem ver qualé a cansa da moléstia, se há espíríto maléfico ou aigunrsofredor, 1;roduzindo a doerrça, se se trata de uma põ"",o que é que c doente deve fazer para livrar_se do mal,,(Catecismo de Umbanda, Rio lgb4, p. 62), Também os ba_balsôs dispõem de meios mágicos para diagnosticar. se forespírito mailr um bom defumador poderá,, íalvez, aÍastá_lo;se f or o resul,tado dum malefício, é preciso ,,desmancharo trabalho", neutÌalizando a ação do espírito pela interven-ção de outros espíritcs, recorrendo eventuarmente à pórvora;se for espírito sofredor encostado, às vezes pode recorrer-se à surra, mas também certos defumadores e banhos ,.de_sencostam" o espírito; se for por inveja ou mau olhado, é

35

Page 20: Posição católica perante a umbanda

De qualquer modo, é preciso recorrer ao babalaô, que en-

contrãrá um jeito. Em última análise, se não. houver possi-

bilidade de cura, paciência: será um castigo de pecados co-metidos em vidas anteriores: é a "lei do Karma" que estáa exigir justiça...

preces" (ib. p. 62).Sobte os despachos e presentes teremos que Íalar mais

adiante, quando tratarmos dos e.lrÍÍs. Faltam ainda trrevesesclarecimentos sobre a famosa água fluídica, o ritua[ da"troca de cabeça" e os célebres banhos ern tJmbanda.

1) lt dgua Ítuídica. "Os espíritos adiantados podem, pe-

la ação fluídica, aumentar o efeitc medicamentoso de qualquerremédio. Podem mais ainda, pelos seus fluidos cornbinadosno fluido univereal e com os ftrridos de um rnédium deefeitos físicos ou curador, tornar a simples dgua em ótì-mo medicamento" (L. Braga, Umbanda e QuÌmbanda, 8+ ed.p. 43). Pela simples concentração irradiam certos médiunsou babalaôs seus fluidos curadores, combinados com os in-tensos desejos do paciente, para um recepiente de ág,ua purae ela se transformará, sem mais, em mfuaculoso remédio.. .

2) O ritual da trom de cabeça- E' um processo muito

usado na medicina mágica. Procura-se transferir a doença

36

lo, por curiosidade ou inadvertência, atrairá. para si os ma_les que simbòlicamente ali se encontramf e o verdadeiro donoficará livre detes" (4, Alcântata, Ilmbanda em lulgtmento,Rio 1949, p- 141). outras vez€s procuram transferir a doen-ça para algum aninal. Eis ccmo se faz:

3) Também os banÍtos sãrr importantíssímos, não só pa-ra a terapêutica, como também para todo o ritual de Um-banda e outros efeitos mágicos. FIá banhos para i.udo. Hábanhos de mar, banhos de cachoeira, banhos de rio e so-bretudo banhos conì as mais variadas espécies de ervas eoutros ingredientes, às vezes incrír'eis. ..Os banhos de mare de cachoeira são usados como descarga de fluidos que seacharem impregnados nas criaturas; servem também paÍaÍortalecer as guias, colares e rosários. Os banhos de eryasé sabido que têm ação terapêutica, sendo que o arruda, oguiné, o sal grosso e o furno, além disso, exercem ação

I

g7

Page 21: Posição católica perante a umbanda

disimpregnatizante sobre o paciente" (L. Braga, Umbanda e doença, sobre o êxito desoiver problemas políticos.

certos negócios, inclusive para re-"Búzios" otr .'buzos" são peque-Quimbandq, 8+ ed. P'

vem poÍ vezes banhosexernplo, um tiPo demaldição":

31). E corn toda a seriedade pr€ore-

simptesmente repugnantes. Eis aí, por

banho "pata titar qualquer PÍâga ounas conchas marinhas.por meio das quais os üaóaÍads se

l.

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Rio 1953, p. 289).A tíiulo de arnostra, apresentamos mais outro exemplo,

tirado do mesmo livro, à p. 28ô. Trata-se de um tipo de

banho de descarga:

a água estiver morna tomar o banho e depois esperar- urnpouc'o e, logo a seguir, tomar o banho com água e__sabão,üsando toalha l impã e mudando de roupa limpa. Ern se-guida, põe o que puder apanhar da água do banho junta-mente com o pano com as fezes do Boi Preto, dentro dalata que cozinhou, deixando a mesme na encruzilhada: pe-dir ao Exu do Boi Preto qne leve todas as cargas de fei-t içaria, maus olhados (maus olhos), prâgas, etc, etc.".

o JoGo Dos Búztos.À,Iuiios vão ao ierreiro pedir ao "Pai de Santo" que "bo-

te os búzios", isto é, que interrogue os espíritos sobre de-

lerminado problema, sobre a natueza de alguma aflição ou

Orixd" (Catecismo de {Imbanda, Rio 1954, p. 7Z).Entre osumbandistas "o jogo dos búzios é uma decisão espiritualsernelhante ao' julgamento de um tribunal livre', (Doutrina eRituat 'de Umbanda, Rio lg5t, p. l3g). A comunicação éfeita do seguinte modo:

I

39

Page 22: Posição católica perante a umbanda

dh suarda. Esse procedimento acarretará graves' prejuízcsao b"abalaô". A intèrpretaçáo dos búzios iogados é uma d-asgrandes mirongas (spgredos) dp Umbanda, "e .o seu comple-t% conheciment"o não ãstá aô aicance mesmo de umbatrdistasiniciados" ( ib. p, 137).

ORIXAS DE UMBANDA E SANTOS CATOLTCOS

No Espiritismo de Umbanda encorrtramos uma parti '

cularidade que precisa de ser denunciada e desmascaradacom toda a energia. E' vezo comum a todos os espíritasdo Brasil apresentar uma f achada cristã. Poder-se-ia pen-

saÍ que o Espiritismo db Umbanda, que, como vimos, PÍ€-tende reintroduzir no Brasil um terdadeiro politeismo pagão,não encontraria jeito de encobrir seus intentos "sob pelede ovelha". ÀÍas como, infelizmente, por falta de suficienteinstrução religiosa (que, por sua vez, tem süa causa naabsoluta escassez de padres, graças às perniciosas ativida-des da Maçonaria no século passado), o nosso povo geral-rnente não está compenetrado do verdadeiro espírito da men-sagem cristã e conhece do Catolicismo apenas suas mani-ïestações externas, ou a fachada, cultivando ainda uma de-voção quase supersticiosa aos Santos, no que, por vezes, eem certos Santuários, ou outras manifestações populares, ain-cla é corroborado por Irmaúdades e mesmo por atguns pa-dres, por isso os dirigentes de Umbanda encontraram ummeio tácil de dissimular seu politeismo pagão sob a fachadapopular clc Catolicisrno. As nossas festas mais populares(clc Senhor do Bonf im, de Nossa Senlrora, cle 5ão Jorge,São Cosrne e São Damiâo, Santo Atrtônio, São Sebastião,etc.), são oportunidades extraordinárias, explcradas pelo Es-piritismo de Umbanda, para apresentar sua f achada cató-Iica e propagar seu politeÍsmo pagão, com todo o cortejode magias e superstições. Na última festa de São Jorge pu-demos obseÍvar uma procissão de Umbanda, com estátua deSão Jorge, acompanhada pela banda miliiar e que, para agente menos instruída, apresentava as características dasmanifestações populares católicas. Os terreiros, aÊ tendase os centros de Umbanda têm quase sempÍe nomes cató-licos: "Centro Santa Bâtbara"r "Tenda São Jerônimo", "Tei-

40

reiro Francisco de Assis", "Centro Santo Expedito", ,,Ten-da Santa Rita de Cássia", etc. , para não mencionar osínfinitos centros dedicatÍos a São Jorge. Na sala do centrohá verdacleiros altares, com grande variedade de crucifixos,estátuas e imagens de Santos nossos. E, a confusão. E con-fusão intencionaímente, pensadamente, acintosarnente, man-tida, Íavorecida e explorada pelos dirigentes de Umbanda.E' o grande meio para atrair o povo. E o povo vai. Vaipara a Tenda Sâo Jorge, como vai para a igreja de SãoJorge; leva seus filhos para serem ,,batizados" no terreiro,como os apresenta ao primeiro vigário que enconÍrar e quetambém os batiza, senr nraiores indagaçe,es, na dcce ilusãode que todo brasileirc é catóíico; comemora a festa de SãoCosme e São Damião em alguma igreja católica, para irdepois ao terreiro pagão; vai praticar a magia na tlmbandae vai confessar na igreja... Pois a Doutrina e Ritual deUmbsnda, Rio tg5l, p. 148, escrev€: .,Os umbandistas, emSua maioria também católicos, vão (durante a Semana San-ta) às igrejas, conlessando-se e pedindo perdão dos seuspecados"; e na p. 127 pÍescÍeve: ..As crianças, vestidas deazul e rosa, vão assistir, no templo católico, à missa deSão Cosme e São Damião. De volta, inicia-se a cerirnôniano r i tuaL afr icano. . ."

E' preciso abrir os olhos clos caiólicos. Urge desmas-tarar a Umbanda e mostrar que atrás de toda essa fachadacatólica não há nem vestígio de Cristianismo. .,À[as porrjentra são lobos - não, leões * vorazes!" Atrás de caciaSanto (cristão) está um cìeus pagão. Os rtirigentËï A* Urn-handa apreseniam o Senhor do Bonfim, na realidade, porém,querem prestar um culto a Oxald ou Obatald, ,,Chefe Su-premo da Corte Celestial"; aparentam ven€raÍ a VirgemNossa Senhora (da Conceição, do Rosário, dos Navegantes,da Glória, etc., conforme a devoção .de cada localidade),mas na verdade intencionam oferecer sacrifícios a Iemanjá.,deusa da água e do mar; simulam o culto a Sáo Jorge,entretanto pensam em Ogum, deus da gueÍra; fingem ve-nerar São Cosme e São Damião, quando de faio cultuamIbejì, deus protetor das crianças; etc. Se os urnbandistasse apresentassem como são - magos e politeístas - pou-

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4r

Page 23: Posição católica perante a umbanda

cos seriam seug sequazes. Bem o sabem eles. Por isso ocul-tam a rnagia sob o rnanto cristão da caridade e disfarçamo politeísmo com a devoção cristã aos Santos, para entãogritar a plenos pulmões peto Brasil afora: "Nós tambémsomos cristãost" E milhões de brasileiros, inctusive gentebranca e chíc, vão para lá.

Note-se, porém, que não há unidade no disfarce' Ogumé São Jorge no Sul, é Santo Antônio na Baía, é São Pauloem Recife (e é São Pedro em Cuba, único país do mundoem que, fora do Brasil, existe a mesma confusão); Ox.rÍssié São Sebastião no S,ul, é São Jorge na Baía (e Santo Al-berto em Cuba) ; Omutu é São Lâzarc no Sul e São Bento("Santo da cobra") na Baía; Xangô é São À'liguel no Sul,São Jerônimo na Baía e Santo Antônio em Recife; e assimpor diante.

Cada um desses deuses (ou orixás maiores) tem o seu

fetiche, suas insígnias ("pontos riscados", sinais cabalís-

ticos), sua comida predileta (que eles chamam de amald),

suas vestes especiais, seus dias preferidos e seus gritos ca-racterísticos. Eis aí uma lista, colhida em r'árias obras:

corresponclertte, sob o qual é dissimulado; São Jerônimo(ou Santa Bárbara) na Baía, Sâo À'Iiguel no Sul e SantoAntônio em Reci le.

Ogum (ou Ogun-iiÍegê, Ogu.n. Rompe_-illato): deus .daguerra] chefe das

- demandas espirituais. Fetiche: pá, Ìoice,

fança, bigorna, malho, enxacia; insignias: lança e espada;comÌda: õarne de bode, cabeça de boi, galinhola (galitrha

42

de angola), gaio vermelho; vesÍes.. encarnada, com putsei-ras verdes e brancas, de estanho_ ou bronze; dja; Ter{a-Fei-ra; .Sazfos.' São, Jorge no Sul, Santo Antônio na Baiâ, SáoPaulo em ReciÍe.

Oxgssi (ou Oxóce): deus da. caça, rei e senhor da ilo-testa. FeÍiche: arco e flecha, frigideira de barro; insígruias;flecha; comids: carne de carneiro, galo, milho verde e ãmen-doim; uesÍe.'verde; dia; Quinta-Fei-ra;'grito: latido como de

.",f

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i-BïiII

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amatela e^preta, com pulseiras de contas pretas, de chum-bo; dia: Segunda-Feirai griío: hã, SanÍosi São'Lázaro noSul, São Bento na Baía.-

Iansan: deusa do vento, da tempestade, deusa da vin-gança. Fetiche: meteoríto; insígnias: espada e raio; comida:bode, galinha; veste: vermelha, v€rde, com pulseiras ver-melhas, de cobre ou latãrí; dia: Quarta-Feira; grito: ei-i-i("mais suave do que o de Xangô"). Sanfa: Santa Bárbara.

Oxun (ou Osum, Axum): deus dos raios e da águafresca. Fetíche: pedrinhas raladas; ìnsignias: leque, pequenosino, espelho; comids: tainha, cabra, galinha, feijão Ìra-dinho; reste: azÍl e branca, com pulseiras da mesma cor,de prata; dla: Sâbado; grito: hmm-hmm. Santa: Nossa Se-nhora da Corceição no Rio, dos Prazeres no Recife, deLourdes na Baia (e em alguns centros Ca Baía tambémSant 'Ana).

cachorro. Santo: Sáo Sebastião no Sut, São Jorge na Baía.Omulu (ou Omulum, Xapanã, Ototó'j: deus da peste.Omulu (ou Omulum, Xapanã, Ototó): deus da peste,inalmente da variola. Füiche: caveira. oiacava com hri-prineipalmente da .variola. _F : caveira,. piaçava com bti-

zios, .enxada^; insígnias;. lança; comida: bõde, gato preto,ã'.ãïra, "ïã'üâ ;;.fr' ã'eite ãà'oe"ae,-óipoïï''"3Ëà; í;;i;l

Dô-ú, Dois-Dors, Beíjinho): deus protetor tlasIheii (ou Dô-ít, Dois-Dors, Beíjinho): deus protetor daslças. Fetithe: três. garotos; comida: bombons, balas ecrianças. Fetithe:crianças. Fetithe: três. garotos; comida:

doces; vesÍcs.' Íosa e branca, com pulseildja: Dominco. SanÍo.' São Cosme e São

sel Ías oe YaÍ las coÍes:dÌa: ingo. SanÍo.' São Cosme e São Damião (ern algunsterreiros da Baía também São Crispim e São Crispiniaio).

O MOTIVO DE TANTA CONFUSÃO.

Por que tão vergonhoso disfarce? Por que toda essa fa-chada católica? Por que Santos cristãos nos terreiros pagãcsde Umbanda? Por que a imitação de nossos altares, comquadros e estátuas de Santos catolicíssimos?

43

ffi

Page 24: Posição católica perante a umbanda

A esie respeito um umbandista mais sincero,ocultou sob o pseudônimo cie "Yonóti", conhecendoa Umbanda e certas íntensões menos correias delegas propagandistas, as denunciou vigorosamenteguintes termos:

que sede perto I

-I

Um outro senhorr.que se diz membro da União Espi-ritista de Umbanda, começa por conf essar singelamente oseguinte: "Em verdade, temos nos nossos altares as vene-randas imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo, de NossaSenhcra da Conceição, dos Santos Jerônimo, Jorge, Sebastião,Benedito, Antônio, À,iiguel, Cosme e Damião, das Santas Ca-tarina e Bárbara, sendo mesrno as Írossas Tendas registra-das no Registro de Titutos e Documentos com os nomes dosSantos Católicos" ([ornal de I]mbunda, Junho de 1954, Rio,p. 1).Está, porém, alarmado com a seguinte idéia: que "aIgreja de Roma poderá lembrar-se de mol.er contra nós umaação (tal como fez com bispo de JìIaura), com o ohjetivode nos privar, pelo menos por algum tempo, da práticado nosso culto, obtendo da Justiça a proibição de exibirmosnos nosscs aliares os santos por ela consagraclos, e dosquais pensa ser senhota absoluta, Diante do fato consuma-do, grandes seriam os nossos prejuízos, não só de ordemespiritual, conro material, poís, obrigados a acatat qualquerdecisão judicial, pelo menos enquanto se discutisse, tería-mos que nos privar, por atgum tempo, da pÍesença dosnossos altares, das figuras que representam as máximas en-t ìdades"que presidem os dest inos da Umbanda". Para evi tartáo desastroso acontecimento e para previnir táo inaudita

seus co-nos se-

44

l 'n - l ,,::tri,

45

Page 25: Posição católica perante a umbanda

OS EXUS DE UTïIBANDA E O CULTO AO DEMÕNIO.

46

E nâo se diga que obanda, da À'tacurnba, do

culto ao Exu ê, exclusivo da Quim-Candomblê ou do Batuque. "Na

Umbanda os Exus são constantemente invocados e trabalhoalgum é oorneçado sem que sejam salvadas (isto é: reve-renciadas) essas entidades" (A, Fontenelle, O EspÍritismo ea Lei de Umbanda, Rio, p. l2); ..nenhum trabalho de Um-banda pode fazer-se sem antes ser riscado o ponto de se_guÍança, chamado porteira, puxando-se ,um ponto (canto)adequado, dando-se algumas vezes uÍn presente a Exu, quan-do se trata de um trabalho importante,' (Catecismo de IJm-banda, Rio Í954, p. 30).

O Sr. Aluísio Fontenelle, ern uüta obra de 2?2 páginas,conr o tÍtrilo de Exu (Rio, 1952) dìz de si nresmor "OrÌen-tado ern grande parte pelos mer,rs Cuias Espirituais, pelospróprios Exus e ainda: al iado ao profundo conhecimento so-bre Magizr, como sacer"cloÍe que sou dos diversos cultos deUmbanda; aiém de conhecedor real de todas as práticasque se exercem nos diversos terreiros onde se praticam osBaíuques, Condomblês, Cangerês, etc., posso perÍeitamentecomo catedrático no assunto, mostrar-lhes o que é verdadeira-tnente um Exu" (p. 94).

Pois bem, este autor, como, aliás, também outros dou-trinadores de Umbanda, identifica sem mais os sf,Ís com oque nós catól icos denominamos "demônios" (p, 93, 103-116:

ü

Page 26: Posição católica perante a umbanda

errado e é pâra isso que eles existem" (p' 101)' "Sendo o

Exu o dono principal das Ruas e Encruzilhadas, é a ele

quem primeiro devemos salvaf, pois é sòmente com a eua

Iicença'que podemos dirigir um trabalho de Magia, pelo fa-

ro de ser ainda ele o elemento mágico univefsal" (p. too).

Pensam os umbandistas que Deus é bcm e não faz nem

pode fazer mal" Ele é o Pai bondoso de todos e tem obri-

gaçâo de cuidar de seue filhos. Não precisamos por isso

ãe -estar

pedíndo Íavores a Deus. Pedir a Deus seria até um

sinal de desconÍiança' À'Ias o Eru é ruim, sempre pronto a

Íazer das suas, a nos prejudicar e fazer o mal' Todavia,

querendo, o Extt também nos pode Íavorecer e servir para

o bem. E' por isso que precisarnos esforçar-ncs por estar

bem com ele. Daí a necessidade de cultuá-lo, de oferecer-

lhe sacrificios e presentes" Então ele se pôe às nossas or-

dens e faz o bern {ou o mal) que lhe pedimos. Os Erus

são numerosíssimos, Têm os nomes mais extravagantes: Exu

Tranca Ruas, Exu Quebra Galho, Exu das 7 Poeiras, Exu

das ? Portas, Exu Tranca Tudo, Exu Cheiroso, Exu da Capa

Preta, Exu Tiriri, Exu Calunga, Exu Morcego, etc' Cada

um deles lem a seu serviço flumefosos subalternos. Eles di-

vidiram entre si o mundo, de que são os senhores imediatos,

com liberdade sem restrições: uns mandam nos rios, outros

nas matas, outros nas estradasr nas montanhas, nos cemité-

rios, nas soleiras das casas, etc' Vários deles (como Tranca

48

Tudo e o Tranca Ruas) fazem qualquer "serviço". Outrostêm especialidades: alguns possuem qualidades especiais pa-ra transmitír doenças, outros para produzir desastres, ou-tros para matar, outros para seduzir moças, separar casais,etc. "Enfim - escÍeve Oliveira ìllagno, Ilmbanda e Oca!-tíímo, Rio 1953, p. 32 - há Exu para tudo, para todosos fins e atos da vida, por exemplo: Se o leitor quer en-ganar uma pessoa, pode se pegar com Exu Enganador; sequer seduzir uma moça, pode chamar por Exu Sedutor; seuma mulher quer prender ou amarrar um homem, pode cha-mar pelo Exu AmarradoÍ". E há .,comidas" prediletas, quelhes são olerecidas: uns gostam de poico, bode, galinha pre-ta, outros de charutos, outros preferem cachaça (,'marafo,'),pipoca, pimenta, dinheiro, velas, etc. Geralnente querem vá-rias iguarias ao mesmo tempo. E tudo isso deve ser pre-parado dentro dum bem determinado e complicado ritualmágico, acompanhado de "pontos riscados" (sinais cabalís-ticos), traçados com pemba branca e "pontos cantados" (es-pécie de hìnos)^ Esses sacriïícios del'em ser depois coloca-dos em determinados lugares, de acordo com a f inalidadee a qualidade do Exu; uns são levados à margem dum rio,outros ao cemitério, outros à entrada da casa onde moraa pessoa em favor ou contra a qual se faz o despacho, amaioria vai parar nas encruzilhadas, nos descampados, noalto de moÍros, ern pedreiras. . .

Tipo de um despacho a Exu Tranca Ruas: "Numa Ëncru-zilhada de quatro caruinlics ou nas ruas, coloca-se lÌrnatoalha quadrada tendo urn metro de cada laduo sendo essatoalha de cor vermelha, de preferência Setim. Deverá ter atoalha, em toda a sua extensão, ftanjas de seda preta comcinco centímetros de largura. No centro da toalha deve irbordado o ponto de Tranca Ruas, ponto esse riscado na ir-radiaçáo do irabalho païa a respectiva ÍÌnalidade, pcssuindoainda esse ponto 49 centímetros de circunferência. Estende.se a toalha de preferência no centro da encruzilhada, e so-bre ela, em cada um dos cantos, duas velas cruzadas e aÍnaÍ-radas com fitas de seda preta e r.errnelha. No centro da toa-

Heresia 5 - 4 4g

Page 27: Posição católica perante a umbanda

A: LI$TA MACABRA DOS EXUS'

Damos a seguir a Íetação de alguns Eras, sempre guia-do pelo "cafedrático no assunto", o Sr. Fontenelle (a pa'gínação se refere à obra intitulada Era, Rio lgSZ).

Exu-Rei ou trIaioratr ldentif icado com Lúcifer (p' 103e tt8). O Catecismo de Umbanda, Rio 1954, p. 22, pergunta""Queú é Exu Rei?" Resposta: "E' o maioral dos Exus,-con-siderado corno Lúcif er õu Satanás do Cristianismo". Pros-begue Fontenelle: "Apresenta-se como figura de altos conhe-ciõentos, tratando-nos corn grandes cieüação de sociabilida-de, prometendo-nos este muìdo e outro, exigindo táo sò-mente que por nós seja tratado por: À.iajestade, Raramentevem a um terreiro, preferindo apena$ aproximar-se dos lu-gares onde se professem altos estudos de Àlagia Astral, paracom os poderes de que é irnbuído, e usando de uma estra-gédia toda especial, procurar abalar ou captar' os que sejulgam portadores da Fé e que, não taramente, leva a me-lhor, pois pode produzir maravilhas de modo imediato" (p.103). "E' mais conhecido como possuidor de belíssima capapreta, forrada de verrnelho tendo no alto da cabeça doiscornos; tem as feições linas e o seu gesto é de um perfeitocavaleiro" (p, I 19). "Deì,e ser tratado como rei" (ib.) "Pro-tege todos quantos buscam rÌos malefícios prejudicar osincautos que inconscientemente se atiram de mil formas naspráticas da .ll lagia Negra" (p. 1lg).

Eru Rei das 7 EncritzÌlhadas; Um dos rnais invocados

Exu Veludo.' tem o "poder de proteger ou castigar osinimigos daqueles que recorrem aos seus incalculáveis be-nefícios" (p. 149).

Exu Tiriri: companheiro de Tranca Ruas. "E' grande-mente evocado na prática de trabalhos a serem despacha-dos. nas encruzilhadas, nos campos, nos rios, bem corno nosçeniitérios".

Exu Quebra Gslho: mancla principalmente uas matas."Exerce ainda Íorte domínio sobre as mulheres e rnoças, in-citando-as à perversão e ao abandono do Iar (quando ca-sadas). E grandemente evocado na prática da lVlagia Ne-gÍa, paÍa a separação e união ilícita de casais, e todos ostrabalhos nos quais se amarÍam bonecos de madeira, etc.,são entregues a essa poderosa entidade" (p. 158).

Exu Pomba Cira.' "Representa a maldade em figura demulher". "Encarrega-se da vingança, pactuando com as mu-lheres feiticeiras contra as suas inimigas. Todcs os traba-ihos inerentes a ca$os de amor, nos quais a mulher se senteprejudicada, ou então pretende realizar qualquer união, sãoentregues a Pomba Cira, e os seus resultados são de fatosurpteendentes" (p. 159).

Exu d.as 7 Cruzes: encarregado de zelar a entrada doscemitéríos. 'A essa entidade é entregue todo o 'trabalhoque se pretende lazer para que uÍna pessoa moÍra por aci-dente, assassinada, ou outra qualquer espécie de morte, des-de que não seja natutal" (p.162ì.

Exu Tronqueìra: é o encarregado das tronqueiras ouentradas de portas. "A essa entidade é que devemos salvar(saudar, oferecendo despachos) quando se jniciam quaisquertrabalhos ou sessóes de Umbanda, paÍa que esses trabalhoslogrem o seu devido êxito" (p. 1ô3 s). "Ao penetrarmos enum terreiro de alta magia, bem como, em qualquer terreirode Umbanda, depararernos na maioria das vezes, coiocadoà esquerda ou à direita. de quern entra, com algo de estranhonque iogo nos desperta a atençâc. Trata-se do ponto de sau-dação ao Poyo de Exn, o qual colocado muitas das vezesdentro de uma pequena casinhola, traz as seguintes carac-terísticas: Duas velas cruzadas com as duas- pontas quei-madas e apagadas, dispostas em X, tendo no vértice inferior,uma Cuité (cuia) contendo marafo (cachaça) e ainda, no fun-do, riscado no solo com pemba branca ou preta e que emgeral está representado por um ponto, sendo esse pontoapresentado .na forma de dais garÍos tridentes, cru.za4os, euma ou mais cruzes riscadas, que repÍesentam cabalìsfica-mente a Linha das Almas. A isto é o que se denornina deExd de Exu, ou ainda: a salya dessa entidade" (p. gg: cf,também Doutrina e Ritual de Umbanda, Rio 1951, p. ttZ s;.

Exu das 7 Portas (também chamado Exu das Z chaves):

II

iIIIIt .

tambémo mais

a eleencruzi-

Ãl 51

Page 28: Posição católica perante a umbanda

Exu Ì+Iorcego: "Trabalha principalmente depois da rneia-noite". "Tem o poder de transmitir toda e qualquer espé-cie de moléstia". E' a ele que se fazem as reeas no gadoatacado de bicheiras, verm€s, etc., (p.173).

Exu Tranca Tudo: Seu despacho deve conter: "Galopr.eto, farinha misturada ao azeite de dendê, ovos cozidosè marafo". Seja colocado de preferência nas encruzilhadas;mas qualquer outro lugar também seÍve. Ele ajuda em tudo:Tranca Tudol

cipalmente de jamelão.

{es de terreiros". (p. 183).Exu Caveira.' à serviço de Omulum, rei dos cemitérios.

Costa de bife cru ou de caÍne de porco, com farofa eazeite de dendê; é amigo também de marafo, r'inagre e azei-te doce. "Nunca se deve deixar de acender pelo menos 7velas, quando o presente para Exu Caveira -tem que se{entregue no cemitério" (p. 200). Os despachos devem serfeitos depois de meia-noite.

Exu da {Ií.eía-nuoite: "Ensina a falar de um modo ime-diato qualquer língua e tem o poder de decif rar qualquerenigma" (p. 203).-Foi eie quem deu a São Cipriano as-fa-

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Exu Pagão: "Seu trabalho se prende ao que comumente

Exu Ganga: "Seus trabalhos são feitos exclusivamentenos cemitérios-". A ele "é entregue todo e qualquer trabalhono quai se deseja a morte de pessoas, ou também a curade enfermos completamente desenganados; pois ele tanto curacomo mata qualquer indivíduo" (p, 225).

Exu Quirimód.' "Suas atividades maléÍicas são de rnoldea prejudicar simplesmente as mocinhas, induzindo-as a pÍa-ticarem atos indecorosos, induzindo-as ao caminho da pros-tituição" (p. 229). Despacho: marafo e sangue de galinha.

Exu Br'qsa: "E' o provocador das incêndios e dornina oreino do Íogo, tendo a facilidade de conceder aos pratican-tes da rlvlagia Negra o dom de caminhar entre chamas semqueirnar-se" (p. 123 s).

COMO FAZEITI OS "DE$PACHOS'.

"E! muito comum hoje em dia, mesmo entre os ele-mentos da alta sociedade, verem-se casos de larga ptocuraaos Quimbandeiros, para que estes realizem trabalhos demacumbas, feitiçarias, despachos, etc., com a Íinalidade deconseguirem desmanches de casamentos, aproximações deamantes, eniim, uma série de trabalhos próprios dos Exus,num cÍescer constante de maldade, perversidade e falta debom-senso" (4. Fontenelle, Exu, Rio 1952, p. 98). Em vistadesta enorme difusão, mormente nas grandes cidades, desterecurso aos Exus, para melhor alertar os católicos e paÍadar-lhes oportunidade de conhecerem rnais de perio esta pe-

53

i-J

Page 29: Posição católica perante a umbanda

I

Íigosa e condenável prática da magia, transcrevemos do Ii-vro de Oliveira r\{agno, Prdtica de Umbanda, Rio 1952, maisalgumas amostras e receitas.

l) Para sottar e desamarrar negócios; -- "Em uma Bex-ta-feira à rneia-noite ir a uma encruzilhada, leyando um galopreto vivo e amarrado com uma f ita preta e outra ver-melha; uma garrafa de cachaça; um charuto e uma caixade fósforos. Chegando na encruzilhada, pedir licença; emseguida abrir a garrafa e salvar os quatro cantos da en*cruzi lhada, um pouco de cachaça em cada um; porém quefique ainda bastante cachaça na gartaïa, a quai deve serposta no centro da mesma encruãilhada cora a caixa deÍósforos aberta e o charuto ao seu lado; depois disto fel-to cantar 'o ponto seguinte:

Exu Tirirl,Trabalhador da encruzÌlha.da"Tloma conta ,e presta contagÀo ,romper da rnadrugada, (Bts)

Firma o ponto,Âcerta q Fasso,Para trlxu d.a encruzilhadaNão há .embarago. (Bis)

Dcpois disto, pedir licença para retirar e termínar dizerdo:"EBtou conÍiante".

2) Trabúhos pnra diversos lins: - "Em uma sexta-feira da Iua crescente e próximo à meia-noite, ir a uÍrlãencruzilhada fêmea (dais caminhos que f echam em fornrade T) e Ìeuar: Unta Ìarof a arnareia dentro rle uÍn al-guidareinho de barro, uma garrafa de cachaça, uflr charuto€ umËì caixa de fósforos; pedir licença e cantar o pontaseguinte:

Que hela noite,Que linrÌo luar,Exu Pomba-GlraVem trabalha;r. (Bis)

Em seguida, pôr- no centro da encruzilhada a farofa, a gar-rafa aberta, o charuto e a caixa de fósforos, também a6er-ta, e dizer: "Eu vos ofereço para que meus caminhos se-jam

-ab.ertos ,e desembaraçados ê os úeus desejos sejam rea-Iizados". E logo a seguii cantar este ponto:

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Salr.e tá tá, Pomba-GiraSaÌvo Exu .muÌher,' -Ela É na encrr.izilhadaÀ que Íaz tudo q que quer. (Bis)

E terminar dizendo: "Assim como na encruzilhada tu Laztudo o que queÍes, assim também seja feitc o que eu quero.Estou conf iante" - Nota: Se for rnulher que deseja serbeneficiada, deve ir eff companhia de um homem, pois ostrabalhos de Exu Pomba-Gira obedecem à lei do sexo".

3) Para resoher-se todos os cosos: - "Em uma noitede segunda-ïeira pÍocuraÍ sete encruzilhadas levando setevrlas, sete clrarutos, sete caixas de fósforos, e acenclendouma das velas em cada encruzilhada e pcndo a seu ladoum dos charutos e uma das caixas de fósforos aberta e,na rhltima encruzilhada pôr iambém uma garrata de ca-chaça aberta, e dizer: "Eu vos oÌereço, ó Grande Rei dasencruzilhadas, para que os meus caminhcs sejam iluminados,abertos e desembaraçados, païa que tenha prcsperidade eos meus desejos seiam realizados. Estou confiante".

,l) Para se livrar do desânimr.' -"Quem estiver desa-nimaclo, triste, sem fé e esperança, é ïazer o seguinte: Emuma quinta-feira, ir a nrna mata levando uma vela, um t'i-

cantar o ponto seguinic:

Ver:r, ó caboclo,Vem, pena hranc.a,Ven Lrabalhar,Yenr dar â, esFerançâ. íBis)

És o cabccloDâ Íé e esFì!átàÌlqã,Da lnz vihrante,Ifa fc'v(a brarrca, (Eis)

E ternrinar rlize rrclo: "O' sublinte caboclo, cülïl a graça dcDeus. dai-tne ânimo, fé, esperança e alegria de t'ir-er, E queDeus Pai permita que assint seja".

5) Paro resolver uffi caso dÌiicil: - "Primeiramente cha-rnamos a atençáo que qualquer trabalho cru oÌerta .que ser.ai Jazrr no mato, mar, enciuzilhaclas, pedreiras, cachoeiras,,rios, cemitérios, etc,, a primeira coìsa a fazer é saivar epedir l icença; fr incìpalmente nos cemiter ios não se deve fa-zer nenhum trabalho sem prìmeiramente pedir I icença aodono do cemitério (Omulu) e acender três ou sete uelas ttocruzeiro cnr henefício das almas" crrjos corpos foram aí en-terradrs c rezaÍ Pai-Nosso e Ave-IÍaria. Depois disto feito,

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Page 30: Posição católica perante a umbanda

então é que se pode fazer qualquer trabalho. Enfim, paraque uma pessoa resolva qualquer caso difícil, há o seguinte:Sete velas, sete caixas de fósioros, sete charutos, uma gar-rafa de cachaça e em uma sexta-feira das 23 e meia às24 horas percorrer sete encruzilhadas pondo em cada uma1 vela acesa, I charuto e I caixa de fósforos aberta; e naúltima encruzilhada entregar também aberta a garraÍ.a decachaça dizendo o que quer conseguir. No sábado seguintelevar 7 velas em um cemitério e acender no cruzeiro re-zando 7 Pai-Nossos e 7 Ave-Marias em benefício das al-mas cujos corpos foram a1 enterrados para qu€ se con-siga o que se pretende, No domingo seguinte levar sete ve-las em sete igrejas (católicas!) e acender úma em cadaigreja rezando um Pai-Nosso e uma Ave-Maria para que ter-mine se realizando o que deseja. Por exemplo: Queres ser vi-totioso em uma demanda ou luta, que a última igreja seiaa de São Jorge. Queres ser feliz no casamento, que a úl-tima igreja seja a de São José. Quem

'fizer este ttabalhoà risca, isio é. comoleto sem nada faltar. oode ter a c€r-teza dé realizai c que pretende, pois não'sb é a ação dasforças como também dá uÍna prova de fé, coragem e forçade vontade" (este último exemplo foi tirado do liÍro do mes-mo autor: Umbanda e Ocuttiimo, Rio 1953, p. 66 s).

.OS DESPACHOS PECAM IITESÀ{O?''

Paremos um instante. Fechemos esses livros de necÍo-manciâ, magia, politeísmo, demonolatria e heresia. Para de-senfoxicar-nos, tomemos os sagrados livros do Evangelho deCristo. Refliiamos, Façamos algumas considerações cf íticasdo ponto de vista cristão. Pois somos muitas vezes inter-rogado se o despacho ou o maletício tem os efeitos apÍegoa-dos e garantidos pelos autcres de Umbanda. Muita gentetem um pavor medonlic dos despachos e malefícios. NemqueÍem passar por perto. E se anranhecem con üm despa-cho destes à porta da casa, é uma calamidade. Os babalaôse os chefes de Umbanda não raro imperam e se impõemcorn semelhantes ameaças. Encontramos pessoas que gosta-riam de desligar-se de Umbanda, mas temem e tremem dian-te dos poderes misteriosos da À'1agia. E contam casos reaisde vinganças tremendas. Ficam assim presos nos laços doterrorismo umbandista.

Quantas vezes já nos foi feita esta pergunta: "Os des-pachos pegam mesmo?" Pensamos sinceramente que a respos-

0(}

ta nlao pode ser sem mais um sim ou não. A nosso vez exis-tern verdadeiros casos de magia. Não nos foi possível con-testar a realidade de certos efeitos examinados pessoalmente.

Se Deus proibiu a prática da magia sob pena de morte, nãoo fez sem motivos. Mas para que se compreenda perfeita-mente a posição cristã, é necessário recordar alguns ensi-namentos da Sagrada Escritura a respeito da existência edas atividades dos "espíritos das trevas". Abramos, pois,um parêntese necessárjo e muito útil.

A EXISTÊNCIA E AS ATTVIDADES DO DEMÔNIO.

Para sermos conciso numa questão que, talvez, mere-ceria longa exposição, compendiaremos o ensino cristão te-lativo ao demônio nos seguintes pontos:

I ) E' doutrina revelada por Deus, e portanto verdadçde fé, que existem espíritos maus. São seres espirituais, in-teligentes e livres (portanto: pessaas), criaturas de Deus quese revoltaram contra o Criador e foram condenados ao in-ferno. Pouco importa seu nome: demônio, satanás, diabo ouexa. Jesus Cristo preieriu estas primeiras três denominações.Mas também o chamou de "pai da mentira" (Jo 8, M), "prín-cipe deste mundo" (Jo 72, 31; 14, 30), "homicida desdeo começo" (Jo 8, 44), "inimigo" (Mt 13, 39), "o forte" (Mt12, 29), "espírito imundo", "impuro" (l\{c 3, 3O), etc.

2) Há entre eles certa ordem e hierarquia, sendo Lú-cífer o chefe. Cristo fala do "demônio e seus anjos" (Mt25, 4l ), referindo-se explicitamente ao "reino de satanás"que está unido (l/lt 12, 26). Também o Apocalipse nos re-corda o "dtagão e seus anjos" (12,7) e São Paulo tembraaos efésios "que temos que lutar contra os principados, coÍÌ:tra as potestades, contra os príncipes das trevas deste sé-culo, contra as hosles espirituais da maldade" (6, l2l'

3) Em certo e limiiado sentido podemos dizer que sa-tanás é como que o rei deste mundo; Já vimos a expres-são de Cristo que o chama de "princípe deste mundo" (J0

14,30). Sáo Paulo declara que é o "principe no reino dosaÍes, que opera no$ Íilhos da desobediência" (Ef 2,2), alé

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' , i ' : . i : l l . . ' . ' '

ì' ,lmgsmo 'diz que é o I'deus deste século" (2 Cor 4, 4). OsB€rvos ou filhos de satanás e os súditos de seu reino sãotbdos os'pecadores, ptihcipalmente os que combatem a ver-dade (cf. Jo 8, M; At 13, 10). São João escreveu: "Quemcomete pecado é.filho do demônio" (1 Jo 3, 8).

4) O reino de Cristo não é deste mundo (Jo 18, 36).Mas Jesus fr isa: "Eu sou rei" (Jo 18,37). Não é sirn-ples rei entre outros, mâs o "Rei dos reis e o Senhor dossenhores" (Apoc 19, 10), de tal modo -que tudo lhe foientregue: "Todo o poder me foi dado no céu e na teÍÍa"

'(Àít 28, 18). Ele é também o "príncipe dos reis da terra"(Apoc 1, 5). A Cristo e seu reino pertencem todos os queÍoram artancados do poder das trevas pela Redençâo (Col

, I ,3 s) . A missão de Cristo é a de' .destruir as obras dodemônio" (1 Jo 3, ü1 e que "todo o que nele crer não pe-reça mas tenha a vida eterna" (Jo 3, lb),

5) Assim temos de fato, nesta terra de lutas e pro-vocações, dois reinos opostos, inimigos um do outro. Sa-tanás e seus anjos tentam com todo o empenho destruilo reino de Deus. Pertence ao plano da providência divinaque o homem mostre sua virtude e constância na luta, n4sadversidades e nas tentações. E' esta a razão mais proÍun-da por que Deus concedeu ao demônio certa liberdade demovimento: para pÍovocar a luta, as adversidades e astentações.

6i À,las ' 'apâreceu a benignidade e ,o amor humanitáriode Deus, nosso Salvador" (f ito 3, 4) : Cristo veio "a fimcle aniquiÍar pela nrorte aquele que imperava pela morte,o demônio" (flb 2, l4). E Cristo venc€u e quebrou seupoder. Depois cle Jesus, Satanás de fato já não é o senhorimediato e absoluto deste rnundo.

7) Contudo, o demônio, mesmo depois de Cristo, con-tinuou com relativa liberdade para hostilizar os homens, atéo f im do nrundo. Por isso admoesta São Pedro: "IÍmãos,sede sòbrios e vigiÌantes, porque o demônio, vosso âdyersá-rio, anda em derredoÍ como um leão a rugir, procurando aquenr devorar; resist i - lhe f i rmes na fé" ( l Ped 5, S). Po-rém, e isso é nuito irnportanie: ele não pode agir à vontade!

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"Mau grado seu grande poder e obstinação - escrëve oCatecismo Romano, ed. Vozes, p. 589 - e seü ódio rnortalcontra o gênero humano, o demônio não pode tentar-nose importunar-nos, com a Íorça ou pelo tempo que ele queira,pois toda a sua inftuência é regulada pela vontade e peÍ-missão de Deus. Disso temos em Job o exemplo mais conhe-cido. Não tiyesse Deus djto ao diabo a s€u respeito: "Tudoquanto ele possui está em tuas mãos", não poderia sata-nás tocar em nada' que fosse dele. Todavia, se o Senhornão tivesse acrescentado: "Só não estendas tuas mãos con-tra a sua pessoa", um único golpe do demônio o teria ful-minado, juntamente com seus filhos e todos os cabedáis. Atal ponto está ligado o poder dos demônios, que sem per-missão de Deus não poderiam sequeÍ entrar nos poÍcos,de que falam os Evangelistas",

8) Insistimos: é relatil 'a e limitada a liberdade do de-mônio em hostilizar os homens. Satanás não independe deDeus, Os espÍritos maus nos podem tentar ou insidiar ape-nas dentro dos limites deterrninados poï Deus para cadapessoa humana e de acordo com suas forças. O demônionos hostiliza de duas maneiras: ou direta, imediata e sen-sìvelmente, ou indireta, mediata e imperceptìvelmente. O mo-do mais comum é o indireto, quando satanás, permanecendoele mesmo escondido, se serve de outros meios (maus livroscu revÍstas, Íilmes pornográf icos, bailes impudicos, homensperversos, etc,), para solicitar-nos ao mal. Pode-se dizerque é este o meio ltormal e ordinário. Extraordinàriamente.todavia, o demônio pode importttnar-nos tambén: de utn nto-do imediato, sendo diretamenÍe perceptír,el sua intervenção.Parece, porérn, que devemos dizer que neste caso satanás de-ve obter uma perrnissão especial de Deus, E o Criador podedar esta licença oü para provaÍ ou para castigar o homem.Garante-nos, todavÍa, a doutrina cristã que Deus jamais per-mite sejamos provados acima de nos$as lorças. Só cai no po*der do demônio quem livre e espontâneamente a ele se entre-ga. Este, sim, é muitas vezes tentado além de suas Íorças;mas a culpa não é de Deus: é dele mesmo, que voluntària-mente foi ao encontro do inimigo, brincou e pactuou com ele.

É

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Page 32: Posição católica perante a umbanda

9) Como vencer o demônio? Responde o Catecismo Ro_múno (p. 594): "O demônio, naÍuralmente, não é vencido

cair em tentação, mas livrai-nos do mal (ou malignot)".São estes os princípios que nos perrnitirão responder à

pergunta "se os despachos pegam mesmo,,.

VOLTANDO AOS DESPACHOS E À MAGIA.

Em vista do que acabarnos de expor, podemos agoraassumir uma atitude cristã frente à douirina e às práticasumbandistas e quimbandeiras em torno dos exrs. Há algu_mas verdades, vários exageÍos e muitas farsidades e arbi-trariedades que convém assinatar:

I ) Ef verdade que existern numerosos espíritos maus,que não foram assim criados por Deus, mas por própria

' e livre vontade se reyoltaram cohtra o Criador; pouco irn_porta o nome que lhes demos: demônio, satanás o\ exu; ehá entre eles certa organização ou hierarquia.

2) E' verdade que estes espírifos rnaus receberam deDeus uma relativa liberdade de agir neste mundo e hosti-lizar os homens.

3) E' verdade qrre o homem, abusando de seu livre ar-bítrio, pode pactuar com os espiritos maus e entregar-sea eles.

4) E' verdade que Deus pode permitir ao demônío in-tervenha de um modo direto e sensível na vida do homem,aparecendo mesmo sob alguma forma visível.

5) Mas é um formidár'el exagero dos teóricos de Um-banda dizer que os espíritos maus são os senhores imediatose absolutos deste mundo: Cristo yenceu e quebrou o poderde satanás.

6) E' outro grande exagero dizer que os espíritos rnausaBarec€m à vontade do homem: só o podem fazer ,com

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permissão divina e Deus pode permiti-lo ou para provar osbons ou para castigar os maus e revoltosos.

7) E' exageÍo e m€smo falso dizer que o demônio, in-dependentemente de Deus, obedece aos caprichos e aos de-sejos de certos homens su babalaôs.

8) E' falso dizer que em certas coisas nós homensdependemos dos espíritos maus.

9) E' falso dizer que é lícito ao homem chamar osespíritos maus: é sempÍe pecaminoso e revoltante qualquertentativa de evocar os €rils ou demônios, Ínesmo paÍa "pra-ticar o bem'f.

l0) E' totalmente falso e arbitrário dizer que certosespíritos mandam nas encruzilhadas, nos cemitérios, nos rios,nos bosques, etc., pois não existe para isso absolutamentenenhuma base na Revelação Divina.

1 1) E' falso e arbitrário dizer que os espíritos mauspreferem trabalhar de noite ou em deterrninadas horas.

12, E' falso e arbitrário dizer que são necessários de-terminados ritos ou objetos para chamar ou evocar os de-mônios.

13) E' pura e condenável idolatria, ou melhor de'mono-latrÌa, oierecer a satanás presentes e sacrifícios ou dirigír-lhe cçrtas orações e petições.

Suponhamos agora que algum babalaô, ou por iniciativaprópria ou a pedido, faça, segundo todos os requisitos dorituatismo, urn presente ou despacho contra Fulano, peciin-do a Extt Vetudo que castigue Fulano corn um desastrequalquer. O que acontecerá? Respondemos: En si e comotal o despacho não terá eJeito nenhutrn, pois, ccmo virnos,o demônio (ou Exu) só pode imiscuir-se de modo diretoe sensível na vida do homem coÍn permissão especial deDeus. Pode, no entanio, ser que Fulano seja, também ele,arnigo do demônio (ou vivendo habitualmente em estadode pecado mortal e, portanto, de inimizade com Deus, oupraticando também ele a demonolatria, a necromancia 'ou

â magia, proibidas rigorosamente por Deus, sob a comi-

naçáo ldos mais graves castigos) e neste caso é passÍue'I que

Deus, Wta castigar Fulano, aproveitando a oportunidade,

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Page 33: Posição católica perante a umbanda

de Deus que permite ao demônio uma atuação no caso,e do esiado de alma (gfaça santificante ou pecado mortal)da pessoa visada. Obserree-se, entretanto, que não queÍemoscom isso dizer que todo despacho ou "trabalho', feitô contra

pachos licam sem efeito. Mas, como cristão e dentro damentalidade cristã, não nos surpreendem certas histórias es-tranhas e extraordinárias, que se narram nos meios ondeé praticada a magia e a demonotafria e onde os homenspõem à disposição rio demônio portas escancaradas e cartabranca, oferecendo-lhe até presentes e verdadeiros sacrifÍ-

em transe, inteiramente tomados por algum espírito, que osfaz pronunciat palavras sem nexo e agitar_se e* rnovi*un-tos alucinados, parecendo os pés não mais tocar o soloe a cabeça balançando doidamente ern todas as direções,sobre urn pescoço desarticurado, chegando a executar dan-

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ças rituais, rodopiando 48 horas sem parar, fumando ca-chimbos e charutos ou comendo os bichos mais nojentos...O umbandista Lourenço Braga escÍeye que viu "muitos espí-ritos úiolentos jogarem o médium no chão, darem socos namesa, darem urÍos ou gritos Íofies, furar o corpo com aponta de punhal, pisar em brasas, mastigar vidro, estra-.çalhar uma galinha nos dentes para beber o sangue', e omédium a "gritar, sapatear, bater com as mãos na mesa ouficar corno se estivesse suÍocado" (Umbanda e euimbanda,8+ ed. p. 37).

O melhor e mais eficaz meio paÍa nos torharmos imu-nes contra toda a sorte de despachos e malefícios, é conser-var-nos na amizade de Deus, na graça santificante, E estavida sobËiratural da graça deve ser conservada, aurnenta-da e alimentada pela frequente recepção do Pão Eucarístico,que é o "Pão dos fortes": "Em verdade, em verdade vosdigo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e nãobeberdes o seu sangue, não tereis a vida em vôs, euerncome a minha carne e bebe o meu sangue terá a vidaeterna e eu o ressuscitarei no último dia.., euem comea minha car,ne e bebe o meu sangue fica em mim e eunele, . . Quem come este pão viverá eternamente" (Jo 6,53-58).

SATANÁS E AS DOENçAS.

lâ que estamos a estudar as possÍveis influências dodemônio sohre o homem, será interessante salientar maisum printo. trIimos que os espírìtas e umbanclistas atrjLruemmujtas cÍoenças à aluaçã,o dos espíritos atrasados e mau$ e,conseqnenternente, proruram a €ura pelo afastamento destesagentes importunos. E parece que à-s vezes conseguem real-mente eïeitos extraordínários. E' a tazã,o por que rnuitagente vai ao Espiritismo e procura os terreiros de Umbanda.

Qual é a posição cristã perante sernelhantes teorias eptor'ár'eis fatos?

Percorrendo as páginas do Evangelho, encontramos real-mente casos em que o demônio parece ser a única causade certas enfermidades e a cura é obtida pela simples ex-pulsão do demônio. Vejamos esses casos:

a

flI

63

Page 34: Posição católica perante a umbanda

Em lVIt 9, 32-33 lemos: .,ApÍesentaiam-lhe (a Jesus) umhomem mudo, possesso do demônio. E, expulso o demônio,fa lou o mudo.. ."

Em À{t 12, 22: "Então trouxeram-lhe um endemoninhado,cego e mudo e ele (Cristo) o curou, de sorte que falavae viat'.

'Mt 17, 14-20: é o caso do menino epiléptico...Jesus amea-çou o demônio, e este saiu do jovem, o quaÍ desde aquelemornenfo ficou curado" (v. 17).

Lc 13, l0-13: cuïa da mulher paralítica, .,que estavapossessa de um espírito que a tinha doente havia dezoitoanos, e andava encurvada, e não podia absolutamente olharpara cirna. lesus, vendo-a, chamou-a a si e disqç-lhe: Mu-lher estás livre de tua enÍermidade. E impôs-lhe a mão eimediatamente ficou direita". Àtais adiante, em discussão comos fariseus, o próprio Jesus esclarece que ,,satanás a lrl.aziapresa já por dezoito anos'' (v. l6).

Façamos primeiramente algumas considerações sobre es-tes fatos narrados e garantidos pelos Evangelhos.

Ernbora estas doenças (surdez, cegueira-mudez, epitep-sia e paralisia parcial) tenham, segundo o texto sagrado,origem diabólica, o dernônio, todavia, não parece dar outrosinal de sua presença, a nâo seÍ apenas a doença. E estaenferrnidade é curada coÍn a simples expulsão do demônio.Temos, portanto, que o próprio Evangelho, e ern um casoJesus pessoalmente, airibui certas doenças ao demônio esua cura é obtida pela expulsão do rnau espírito, l\{as Je-sus não atribui todas as doenças ao demônio. Temos floEvangelho inúmeros casos de doentes curados que nenhumarelação tinham com satanás. por outro lado encontramosnas mesmas sagradas páginas casos €m que a possessãonão se manifestava por meio de doenças, Jesus, pois, dis_tingue nìtidarnente entre dcenças simplesmente, doenças cau-sadas pelo demônio e possessão. No caso da mulher encuÍ_vada é o próprio Jesus quem chama a atenção para a atua_ção do demônìo, E a expressão até é estranha:, 'Satanása Eazia presa já por dezoito anos',.

Devemos, pois, dar razão aos espíritas e umbandistasquando dizem que certas enfermidades sâo causadas pelos

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espiritos maus. Talvez eles exagerem o número dessas do-enças. Pois em casos concÍetos será difícil saber se esta-mos ou não diante dum efeito causado diretamente pelo de-mônio, ou diante duma simples doença, uma vez que a ma-nifestação externa é a mesma, l\{uitas vezes nem mesmo se*rá possível sabê-lo. Pois a paralisia ou surdez tanto po-deria ser simples doença, como também pura atuação dodemônio, Há certos doentes que parecem totalmente incurá-veis, apesar de repetidos esforços dos mais competentesmédicos. Esta incurabiliclade seria talvez um indício paraconcluir que s€ trata da atuação diabólica?

Cristo mostïa seu domínio sobre o dentônio, expulsando-o,Temos numerosíssimos exemplos nos Evangelhos. Jesus con-feriu também aos Apóstolos o poder de expulsar o espí-rito mau. Os Apóstolos por sua ïez transrnitiram este po-der de exorcismo. Na lgreja sempïe houve exorcistas. Ain-da hoje todo sacerdote recebe este poder. E no Ritual daIgreja encontramos bênçãos sobre os enfermos que encer-rarn verdadeiro exorcismo. Leia-se este exemplo:

Orstio et benedictio super aegrotum. - Per tuam maxi-mam misericordiam, per tuam summam bonitatem, per tuamamplissimam catitatem, per Domini nostri Iesu Christi -pas-sionem et crucem, oer merita et intercessionem beatissimaeVirginis et Omnium Sanctorum, in nomine lesu et sanctaeEcclesiae, ego, indignissimus servus tuus, rogo te pro liocfamulo tüo ïnÍirmo,"ut ipsi patientiam, constaitiam ei veram Ò

consolationem praebeas et augeas, et, si ad animae salutemprodest, restitue eam ad salutem. Si autem tu, nefande dia-bole hoc malum causasti ueI auxisti, trgo indignissÌmus ser-tus Dei, impero t ib i , r ; f recedas a.Li Í roc farnulo Dei et tal lasonrne noxiurn, quod causasti r,ei auxisti, et nuntqttarn redireaudeas. Non nobis, Domine, non nobis, sed Nomini trro dagloriam. BenedictÌo Dei Omnipolentis, Patris et FiliÌ ei Spi-iitus Sancti descenriat super te et maneat semper, Amen.

Eis aí uma tradução nossa (não oficial!) desta oração:

Heresia 5 - 5 65

Page 35: Posição católica perante a umbanda

solação e, se lJre for Jayorável paÍa a sah,ação da al_ma, lhe restítuais a sa.úde. Se, po'rem, tu, ãemôirï; pür"Ë*so,. causaste ou aumentaste este- mal, -eu,'mui

indisno sãi-vidor de.Deus, te ordeno que abanãìi,.J-Lt[ã-i.ii:J'",ià"oïï*e leves todo b mal -que èausaste ou u,iri!-ntãïË" J i"","ãïiousgs a ele retOrnar. Não a nó^s- Spnhnr nãn a nÁc 4 dr,\- t^*11.r _ il,91. .':1^o t I 1 t., I3o^ L,1 9l, Sgn rro 1 .n a 9 ; f ,ãr_ ; âïó_Cmas gtória .seja_ao vosú llãmìr E'ï Éê"iã"'d""'oür*"'Ëiïjpotente, Pai, e Fitho e,Espírito ,Santõ, ãõiçã-roïï""üï Ëï:maneça paÍa sempÍe. Assim seja.

desça sobre ti e per-

' I

1llril

rilh'l ì

OS PSEUDO.MILAGRES DO DEIï{ÕNIO.

tira e serem entregues ao juízo todos os que não deramcrédito à verdade, mas antes se comprazeram na iniquidade,,(2 Tess 2, g ss).

Ora, verificamos que, segundo o Evangelho, €m alguns' casosr satanás é a causa exclusiva de certas enfermidádes

(vimos o exemplo da surdez, cegueira, mudez, epilepsia eparalisia; nada obsta a admitir também outras doenças)e a retirada do demônio signif ica a cura do doente. Nãorepugna n€m é anticristão p€nsar que o diatro se retire

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Não nos deixemos iludir por semethantes prodígios! Foi

seguramente por isso que Jesus acrescentou: "Eis que vos

ponho de sobreaviso!"

Se forem reais as mil histórias de curas maravilhosas

que os espíritas e umbandistas ros contam, muito embora

não acreditemos em todas elas e muitas delas possam seÍ

explicadas perfeitamente por rneios naturais (sugestão, hip-

noiirrno, remédios verdadeiros - de homeopatial - que eles

também administram), não sentimos maiores diÍiculdades em

admitir também curas incontestáveis por meios mágicos: tra-

ta-se, entáo, de pseudo-milagres do próprio demônio que des'

ta maneira procuÍa prestigiar a doutrina espírita (reencar-

naçlao, panteismo, negação da Santíssima Trindade, da Di-

vindade- de Crísto, etc.), frontalmente contrária à doutrina

crístã.A este respeito possuimos tambérn interessantes decla-

rações e testemunhos de santos escritores dos primeiros sé-

cuios. Assim, poÍ exemplo, escreve São Cipriano, Bispo de

Cartago, no terceiro século:

E diz aÍnda o uirtttoso e heróica Bisno e rnártir da fé:

j Í

.9

5r 67

Page 36: Posição católica perante a umbanda

des dolorosas do coÍporhorrìveÍmente intensos da

assim como os abalos súbitos ealma". TertuÍiano admite como

O notável oradbr romano Tertuliano, do segundo século,escreveu na sua Apologia, dirigida aos imperadores, que aobra dos demônios, que os pagãos adoÍavam, iinha comoobjetivo a destruiçâo e o aniquilamento da humanidade. ..Comesse intento, diz ele, causam moléstias e certas deformida_

srande parte, toda razáo, Somos daqueles qtle ach.am que

ãuËm náo qúiser tomar a coisa a sério, no EspirÌtismo oun'ã umuan'ã, quem nuo t'1u".$",tfi8 5: i,ì,tJfrtï"frË'"'áü"ï1,:{

rita oï ao Terreiio de Urnbanda"ta Leí de Llnúanda, Parte Ci-

do o comPleto dQmínio do es-subconsciente grandemente en-

ou outro qua-lquet Íenômeno,)mar fàcilmente pelo espírito obces-

sor. iamais retornará esse elemento ao seu próprio estado,toríra"ndo-se um elemento perigoso, que, tomado pela obces-são é quase sempre levarló à 1o-!rcura, ç-om !en1 pou.cas pro-ÉãUit iouhes de ôura.. ." (4. Fontenel le, O Espir Ì t ismo ea Lei de lJmbanda, Rio, p. 24)- Na p-. 9l escreve o Ínesmoãutoi: "A Umbanda, pôr- se tratar de uma religião puÍa-mente fetichista, en contra "'.',fid#J

i";1ï1ï o*ï#.0.t3;h_;i

e acontecer no Íuturo, entre-ientes, sem de leve Perceberemum erÍo gravissimo, devido-ao

poÍtanto., Ë.ujeitos .a'.urna sériet invariàr'elmente à loucura ou

2) O perígo da ìmoralidade:"Nenhuma das religiões

leviandade e dePravações condium não Íor controlado e nãode bom caráter, ânimo Íortecão, ruirá Por terra, e se ar:tamâ Oa inconsciència" (A- Fode IJmbanda, Rio, P. 91) '-"Podeinos

atírmar iu., soh -a capa de. Espiritismo eUmtanãËmo, l rá mui ios 'ahLrsos. Casas de toierância disfar-.ïil;ï; '; i id i;i.io.* com algurnas imagens de Santos e ca-Èïiiàr"ïontìãu.'ïã' cabociosl Falsos ry_éd_luns fingem recebcr;iiãï; ì.óit ãJ-e exploranr os incautos. ì\Íulheres bonitas, usan-do-ãotares e ,,guias",,.r' ivem nababescamente. Há terreiros sirãó sïãniino$,

'que áli rleixam 'ultosas

coniribuiçõe.s. .l_n.t-;;o'"Ë;; ;' i luióres desencaminham -gente de boa fé" (Dou-irí,íí-i--nitual de Í.Jmbanda, Rio 1951, p. 153)'

as macumbas, os batuques, os candom-naÍa a derroóada moral iner,'itár'el. Ho-

los descambavam Para a baixaanismo, a magia cio mal, e, atécondição de rpais" ou "mães"com os resPdctivos f ilhos otl

69

ilusões certos processos empregados no tratamento das mo-

mo autor que essa fraude do espíritc mau, oculto por trásdos mortos, se descobre muitas vezes pelo exorcisrno quandoo esp{rito diz ser o pai ou a rnãe do possesso, ou outrapessoa qualquer.

OS PERTCOS DA UÀTBANDA.

pre a gramáfica deles. . .1) O perígo de doença ou loucura.

68

Page 37: Posição católica perante a umbanda

tìl

I

fi lhas de santo. Conhecemos r'ários casos desta ordem eviÍnos, nas chamadas macumbas, coisas de aterroriz ar;, qBma-nuel Zespo, Codiiicação da Lei de ümbanda, partè pìítica,Rio Í953, 'p.

52j.

'. , .9g/o dos dirigentes desses Centros não yisam ou-tra coisa a nãa ser a glória efêmera de serem adoradospor outros cegos, iguais a eÍes prôprios, ou apÍoveiiarem-seda igncrância e da dor aÍheia, para extorquir-lhe o dinheiro''(Yonóri , Lmbands. lndusÍr ia Rcndosa, Rio 1954, Ê.35i." . . . leÌ 'amos a nossa or isadia ao cíunrr lo de ciéclârarmós

glór ia ou dinheiro" ( idem, p,70).. "Quanto às curas fantásticas, conhecern eles aÍsuns ru-

dimentos de medicina e receitaú rernéclios caseiros- óu Ouflora, acertando algumas vezes, falhando outras. Os fracas-sos são esquecidos, mas os êxitos são berrados aos quatro

70

PROTEçÃO E EXPLORAçÃO POLICIAI.

Pelo que vimos, n-ao é preciso falar em nome de Deus,n€m em nome de Cristo, flem em nome da Igreja ou mes-nlo da Religião, para condenar as práticas de Umbanda,Basta apelar pata a razão e o bon senso do homem. Nãoobstante, o movimento cïesce de modo extraordinário. E cres-ce, protegido e amparado peÍa polícia e pelos políticos. Paraconseguir os votos do povc, os políticos prometem tudo:em nome da "liberdade de crença" garantem proteger e fa-vorecer o funcionamento dos terreiros e declará-los "de uti-lidade pública", a f im de isentá-los dos impostos. i\'Ias ocapitulo mais triste é o da polícia. Saberuos por informa-

ção passoal, constatada in loco, que, no Estado do Rio, osistema do protecionismo policial à Unrbanda f unciona daseguinte maneira:

1) O terreiro, por iirtermédio do delegado regional, pre-

cisa requereÍ Iicença de Ìuncionamento à SSP (Secretarla

de Segurança Pirblica) de Niterói, Iicença qu edeve ser re-

novada attualmente, custando sempre Cr$ 2'000,00.

tos r i tos de Umbanda).

3) Por ser contrário à ordem e ao sossego pirblico' o

delegado iamais pode conceder alvará para bater tambores

até ãtta madrugada; permite-o, no entanto, verbalmente, me-

diante uma "gratificaçãozinha" (Cr$ 100,00 para cima), a

ser dada Para cada vez.

7l

Page 38: Posição católica perante a umbanda

-

iúrli I

til

4) Por ocasião das grandeë festas do ierreiro, é pre_cjso enyiar ao delegado um convite especial, acompanhadode algurn "pÍesente" (Cr$ 2OO,OO até 500,00).

5) Há muito terreiro não registrado na SSp e issocom o conhecimento do delegado local, que entã,o, mediante"entrada" particular, os registra na própria delegacia, pas-sando a receber uma contribuição mensal, para dar licençaverbal. "Soubemos - escreye um umbandista _ por infor-mação que nos parece fidedigna, que somente en urn Ínu_nicÍpio perto do Distrito Federal, a coleta mensal das .,li-cenças verbais" para funcionamento de terreiros é deCr$ 58.000,00" (Freitas-pinto, Âs Mirongas de llmbanda,Rio 1954, p, ?E).

Por aí s€ compreende o interesse da polícia em manter,proteger e aurnentar os terreiros.. .

2) Perante a Umbanda como doutrina, a atitude do ca-'tólico é de franca e total condenação. De modo nenhumpode o iiel seguidor de Cristo aprovar a teoria da reen-carnação e a filosofia do panteísmo apregoadas pela Um-banda, doutrinas que se. opõem frontalmente à MensagemCristã.

3) Perante a umhanda como prútita, a atitude do ca-tólico é de enérgica e declarada repulsa. E inconcebível quealguém ame verdadeiramente a Deus ê ao mesrno tempopratique a evocaçâo dos espíritos, a magia, o politeísmo,a idolatria e a demonolatria. Jamais pode o católico sersócio de quaisquer grupos, confederações, sociedades, uniões,fraternidades ou centros de Umbanda. Quem o fizer, não obs-tante, deve ser afastado da recepção dos Sacramentos.

4) Perante as sessões de Umbanda, a atitude do católicoé de completa abstenção. Nem m€smo "apenas para ver"irá participaÍ em afos de tão manif esta revolta contra asclaras dete rminações de Deus que proibiu rigorosamente anecromancia, a magia, o politeísmo e a demonolatria. Assis-tir a uma sessão de Umbanda ou de Espiritismo, seria pe-cado grave de desobediência contra o Criador. Pior seriaainda este pecado, se o catóiico, ele mesmo, mandasse evo-car um determinado espírito ou alma de pessoa falecida.

5) Perante os /Írros de Umbanda, a atitude do católicoé de desaprovação e censura sem restrição. Livros que pÍo-pugnam tanta negação das doutrinas fundamentais de nossasanta Íé cristã, livros que recomendam a politeísmo e a de-nronolatria, livros repletos de superstições e receitas mágicasdevem ir ao fogo. O católico qlle, sem a devida licenca doBispo, ler, guardar, vender ou propagar semetrhante literatu-ra, comete pecado grave e incorre sem mais na pena deexcomunhão,

S) Perante a dÌagnose umbandista, a atitude do cató-

lico é de absoluta res€rva, Quando doente, o católico não

há de consultar pitonisas, babalaôs ou pais de santos, nem

mandar jogar os búzios ou recorrer a outras artes divina-

tórias em uso na Umbanda (ou fora da Umbanda), como

a cartomância ou coisas afins. São práticas que, se nãoforem simples explorações e mistiÍicações, incluem a evoca-

NORII{AS DE UMA ATITUDE PRÁTICA PERANTE AUMBANDA.

I) Perante os ambandjsfas, isto é: perante as pessoasque trabalham ,na Urnbanda, ou a ela aderiram frequentan_do suas sessões, consultando seus oráculos ou para ela con-tribuindo com mensalidades, a atitude do católico é de res-peito cristão e de prudente discrição. Em vista do perigo decontágio, não convém ao católico pÍocurar ou fomentar ami-zades ou intimidades naqueres meios. E' aconserháver aÍas-tar a infância inexperiente e a juventude aventureira dcr con-tacto habitual com estas pessoas. cerarmente é supérfluoe tempo perdido discutir com eles sobre questões relìgiosas.O melhor ato de caridade que podemos fazer em favãr de_

72 Heresia 5 - 6 73

Page 39: Posição católica perante a umbanda

ção de espíritos. Comete pecado grave de conivência coma Umbanda e de desobediência contra Deus, quem recorrera senrelhantes Íneios. "Não se ache entre vós - diz o Se-nhor ._ quem con$ulte adivinhos ou observe os sonhos eagouÍos, nem quem use malefícios nem quem seia encanta_dor, nem quem consulte pitões ou adivinhos, nem quem in_dague dos mortos a verdade. porque o Senhor abominatodas estas coisas" (Deut lB,12-13).

7) Perante a Íerapêutica umbandista, a atitude dos ca-tóticos é de repúdio integral. Não usará nem defumadores,nem 1'desmanches", nem fará uso da "lei do retorno',, nemdo passes, nem de água fluidica, nem das ..orações fortes,,ou de coisas ou práticas análogas. l\{as a chamada .,ho-meopatia" pode ser usada, porque é apenas explorada pe-los espíritas e umbandistas e nada tern de comum com arnagia ou a necÍomancia. Vimos que algumas yezes as do-enças podem ter sua origem numa atuaçáo do demônio.Mesmo nestes casos, porém, o cristão não pode Íecorref,aos amigos do demônio, mas deve dirigir-se àqueles aosquais Cristo deu o poder de expulsar os demônios s€m pac_tuar nern negocïar com eles: aos sacerdotes da Nova Lei.Recqrra, pois, o católico, corn fé e confiança, às bênçãose aos exorcisrnos da lgreja.

8) Perante o culío aos Orixás, a atitude do católico éde decidida reprovação. "Vede que sou Eu só e que nãohá outro Deus fora de mim" (Deut SZ, 3S). .{ idolatria edos pecados mais gïaves que o homen pode cometer con-tra fleus. A fé cristã nos ensina que úo céu existem anjose santos, mas todos eles são criaturas de Deus corno nós.inclusive J\'Íaria saniÍssima. EIes m€Íecem a nossa o*n.r"-lão e, respeito, jamais, porém, nosso culto de adoração.O católico protestará sempre contra a identificaÇão dos an_jos e santos com os deuses pagãos. podemos rezar aos san_tos, podemos recorreÍ a eles, podemos até fazer_lhes pro_mes-sas' mas sempre dentro dos limites do culto de vàne-lagão indicados por Deus e determinados pela lgreja deCristo.

' S) perante o culÍo aos exus, a atitude do católico éde santo horror e ele o repelirá ,.*pr" com apostólico vi-

7A

gor, O católico admite a existência do dernônio e sua rela-tiva liberdade para nos hostilizar. Porém jamais brincaráou pactuará com ele, nem muito menos lhe acenderá velasou lhe ofurecerá quaisques presentes ou sacrifícios. Satanásserá sempre nosso inimigo, mesmo quando se mostra "ami-go". Não é possível acender ao mesmo tempo uma vela aDeus e outra ao demônio. Serig querer servit a dois Se-nhores. Isso não pode ser. "Ninguém pode servir a doisSenhores" disse Cristo (Mt ô, ?AJ. A Igreja de Cristo nosoferece meios suficientes para nos defender e proteger con-tra as insídias e os ataques de satanás: são os Sacramentose os sacramentais. Absoluta e incondicional f idelidade aDeus!, eís o lema constante do verdadeiro católico, mesmonas mais diÍíceis siiuações e provações da vida,

l0) Perante os despochog a atitude do católico é desoberano desdém. Vimos que em si e como ial o despachonão "pega". Conservando-se na amizade de Deus e na gra-

ça divina, o católico não teme ,nem malefícios nem despa-chos ou práticas parecidas. Quando se encontra com des-pachos, mesmo diante da porta de sua casa, o católico mu-ne-se com o sinal da Q,ruz (pois está diante dum objeto"consagrado" ao Inimìgol), e remove-o tranquilamehte, poden-do serr.ir-se sem escrúpulos das coisas úteis que porven-tura aí encontrar (galinha, cerveja, charutos, fósforos, di-nheiro, alguidar, pratos, etc-).

11) Perante os demais meíos supersliciosos de defesacontra a atuação dos maus espíi' itos, os amuletos, as figttÌ-nhas, a ferr.adura, a pemlsa, a ortfida, o guínë, a espado de

São lorge, etc. etc., a atitude do católico é de siÌnples des-

prezo. Não recorre a eles em hipótese nenhuma, nern deles

se utiliza para Íins de decoração ou enfeite, a fim de evitar

possíveis escândalos otl maus exemplos. Ac católico verria-

deiro e praticante basta Deus e cis meios que Cristo, por

sua Igreja, lhe oÍerece.

Page 40: Posição católica perante a umbanda

APÊNDICE: RITUAL DE UMBANDA.

Não há unanimidade entre os umbandistas. Já vimosisso. Nem muito menos há uniformidade no ritual. Ceralmen-te cada chefe de terreiro taz o que e como bem entende.As váriae tentativas de uniformização não deram resultadoaté hoje. O movimento umbandista rnelhor organizado emais comedido é a tlnião Espírita de Umbanda do Êrasit,que possui um bom periódico mensal (Jornal de Umbanda,Rio), com a tiragem de 12.000 exemplares. O ritual destaUnião, embora mujto incompleto ainda, é o mais claro eo menos Íantástico. Mas evidencia bem o caráter religiosode Umbanda. A Umbanda pretende ser religião própria, a"religião do Brasil". E' necessário acentuar este pontó. Tra-ta-se, evidentemenÍe,' de uma organização religiosa acotó-lica. Será por isso útil mnhecer este Ritual. Reproduzirno-lo tal como foi publicado na p. 6 do fascículo de Agostode 1954 do mencionado jornal:

l) Seesão de Carldade (púbHca):

Abertura!

1) Cinco minutos pelo menos, antes da hora (20 ou20,30 horas) do início dos trabalhos, os médiuns devem es-tar no terreiro, concentrados ern silêncio.

2) preparo do ambiente poÍ intermédio do defumddor,com ponto cantado, que devb ser um dos trës constantesdo anexo,

3) prece (proferida pelo Diretor de Assistência Espiri-tual, ou- por alguém credenciado para tal).

4\ continuação do preparo do ambiente, por meio deexplanação. doutrinária, Íilosófica, sobre prática de Urnban-da ou ile'moral. (Cerca de 15 mi'nutos de duração).

5) declaração de abertura dos trabalhos, em nome deDeus-ou Zambi, de Oxalá ou Jesus, do Patrono da Casa,do Guia-chefe da Casa e de todos os Trabalhadores in-visíveis de Umbanda.

n

Page 41: Posição católica perante a umbanda

Par{grafo único. Em dias de Íesta de Santo, a aber-tura dev'e ser feita em nome de Zambi, de Oxalá, do Santodo dia, do Patrono da Casa, do Guia-chefe da Casa e detodos os Trabalhadores invisíveis da Umbanda.

6) Ponto de Oxalá (cantado) (o Ponto deve serum dos constantes do anexo). Os médiuns de joelhos oudeitados, conforme a otganizáção da Casa.

7) saudação ao Patrono da Casa (ponto-prece) comono n, 6.

Parágrafo único. Em dias de Íesta de Santo, deve serantes, saudado o Santo do dia.

9) saudação ao Cuia-chefe da Casa, de acordo com aorganizaç-ao de cada Tenda.

. l0) Ponto (cantado) de chamada dos üuias que vãotrabalhar.

Encerramenio

1) Ponto de subida dos Guias (menosdepois de serern atendidos os assistentgs, outrabalhos.

2) saudação ao Cuia-chefe da Casa, deorganização de cada Tenda.

2 - Não será perrnitido o receituário de remédios, me-zjnha1.9u. ir1{igg.eões de ervas. Nas Tendas em que hóuveruonsurtôno /r{edico, os doentes serão encaminhadbs a essedepartamento.

3 - E' perrnitido nessas Sessões o uso do fumo. ásuaflores, velas, e indicação de banhos de descarga, '

4 - As bebìdas,_ pelas quais serão responsáveis os mé-diuns,_em qualquer descontrole, só serão pérmitidas em ses-sões de trabalhos com número predetermÌnado de assisten-tes ou -em dias de Festividades grandes.

5 -_ A Pemba é objeto de ritual secreto e por isso nãodeve aparec€r nas Sessões Públicas.

6 - E' aconselhável uma mesa de médiuns Dara se-gurança dos trabalhos e descarga de obcessores.

2l Sessões de desenvolvimento mediúnico (privativas):

A Sessão de desenvolvimento mediúnico compreende:a) instrução doutrinária, f i losófica e moral;b) desenvolvimento das diversas Íaculdades mediúnicas

do indivíduo.

Qganto à letra "Ã"

1 - O médium antes de começar o desenvolvimento de-ye conrparecer às Sessões, sern tomar parte efetiva, a fimde receber a instruçáo doutrinária necesSária.

2 - As aulas deverão levar pelo menos meia hora ese destinam aos principiantês e aos mais adiantados.

3 - Quando o iniciante começa a ter noção da suafunção de médium deve ser submetido a testes de mediuni-dade, isto é, a experimentação que venha a determinar se émedium de incorporação ou de outras faculdades (audição, vi-dência, ìntuição, transporte, efeitos físicog psicográficos, etc.).

4 -- Do r esultado dessa veriÍicação será o aspirantedesenyotuido dentro de sua especialidade.

q$ãnto à letra l'8"

I - O médium antes de começar o desenvolvimento de-ve ccmparecer às Sessões, sem tomar parte efetiva, a fimde receber a instrução doutrinária.

2 - Devem ser orientados de modo a quando fizeremuso do fumo, da bebida, não cuspirem. O cuspir é materiale o fumo e a bebida são elementos de precipitação Íluidicae, portanto, sáo elementos espirituais.

3) Ponto de subicla do Cuia-chefe.4) Ponto-prece de despedida que der-e ser cantado com

gs médiuns a-ioelhados ou deitadós, conf orrrie a praxe daCasa.

o Guia-cheÍe)terminados os

acordo com a

passes comperturbandopara os que

.. I - As Sessões de Caridade constarão deoDlefivo de eliminação de f luidos que estejamf:11,o$ p{cientes, oe conïóìtros- aóìãiãtei orientador

Coaslderações sobre as Sessões de Cartdade

se acham em aÍl ição, etc.

?8 7g

Page 42: Posição católica perante a umbanda

3) Cedmonlal de Firmeza das Sessões:

Há vários sistemas de se fazer a firmeza dos trabalhos:a) E' Ieito o ritual na "porteira" antes do início dos

trabalhos, acendendo-se uma I'ela e fazendo-se oÍerendade "marafo" ao Povo da Encruzilhada. sendo no final le-vantado o ponto.

b) São cantados três pontos para Exu, logo depois daentrada dos médiuns no teireiro e- decorridó o "tempti deter-minado no 'n. I do ritual, seguindo-se então o ,.deiumããoì"e o mais. No final, também sãã cantados três pontos Uè-Ëiì.. ç) A lirmeza é feita por mentalização, sem nenhum

ritual externo.

. Há. ainda os que adotam conjuntarnente os sistemas pre-conizados nas letras ú e b, sendb também comum cantaremsomente um ponto em que são chamadas diversas entidadeida encruzilhada.

Essas sessões são rcalizadas no princípio ou no fim decada mês e não devem. ter assistêncìa, dôvenão éãtai prã_sentes sòmente os mediuns,_ os^ ogãs, bs cambonoJ, os'âì_retores, enfim, a corrente da Casã.

Em todas as festividades, e comum a invocação dessestrabalhadores, que vão assim'se integrando dentro Oas õói-rentes fraternais da Umbanda.

Consiilerações Qerak

1 -. Todos os médiuns, cambonos, cgãs, dirigentes emais mernbros da corrente espiritual, devõm apre5entar-secom irriforme e sapatos de fênis brancos, de tecidc de al-godão, podendo variar de tenda para tenda, mas devendospmpre^ seÍ o mesmo para cada organização, Mesmo quan-do. o Guia trabalhar dèscalço deve õ médíum entrar no ter-reiro de sa-patos de tênis, iudo muito limpo, tanto o corpocomo o uniforme de modo a ser dada a-melhor impressãoaos que assistem à sessão.

^.._-1- E' .permitido o uso do fumo (cachimbo ou charuto)quando solicitados pelos Guias

^,,-J^ ;-!ão permitidas aos Guias as saudações recíprocasquanqo Incorporados, de acordo com o estiló e hierãrquiace cada um,-segundo insftïõ€Ë ãã"A-uia_ctrefe da Casa.80

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4) - Uma vez incorporado o Guia-chefe da Casa aele compete a direção espiritual dos trabalhos. disposicãodos médiuns, cambonos, ogás, etc., sendo igualniente'sua. aresponsabilidade pelo que ocorrer durante õs trabalhos.

5 - O Ouia-chefe-será sempre,o primeiro a incorporare o último a subir, 'não podendo haver mais nenhumà in-corpolação no Terreiro após a sua subida.

ô. _. Em dias de festa no Terreiro, são oermitidas asroupas de cores, segundo a organizaçâo de'cada Tenda,não signiÍicando tal permissão que sejam permitidas fanta-sias de caboclo ou semelhantes.

7 - Não é permitida a cobrança por qualquer Írabalhoou obrigação. E' sempre aconselhável quando houver neces-sidade de material para qualquer espécie de trabalho quesejam os próprios interessados que compÍem o que ior de-terminado pelo Cuia.

4) Sessões para as crianças:

1 - As crianças não devem ser admitidas nas sessõesde trabalhos ou de magia.

2 - Nas sessões de caridade podem assistir e tomarpasset.

3 - Também nas sessóes de desenvolvimento podem as-sistir, principalmente à parte doutrinária.

4 - Ressalvamos entretanto que o desenvolvimento me-diúnico sòmente deve ser iniciado na idade adulta.

5 - Aconselhamos, de preferência a criação de sessõesespeciais para as crianças, onde as mesmas tomem passese recebem orientação religiosa.

ô - E' de todo o'interesse que comece da infância aorientação doutrinária daqueles que serão futuramente os um-bandistas e que poderão assim seguir uma diretriz firme semconfusões nem influências estranhas adquiridas na frequên-cia de aulas de outras religiões.

5) O Batierno e a Confirmação:

a) do Ballsmo

I -- O batismo na religiáo de Umbanda é o primeirocontaeto do recém-nascido com os Guias espirituais . e porissò aeu. ser realizado dentro do primeiro mês do nascimento.

2 - As tendas devem ter um dia rnarcado em cadamês oara essa cerimônia, de preferência em dia em que náohaia 'outra s€ssão, podendo ser escolhido o domi'ngo à tarde,coin a presença dos médiuns, cambonos e ogãs uniformizado,s,sendo ieito o ritual comum das sessões até o n. 10, quando

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então o Guia-chefe ou seu preposto faria a cerimônja dobatismo que o Íaria com água' aã -cactroeirã

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3--..O.padrinho assjstirìa ao ato com uma vela acesana mão direíta e a madrinha ficaria com a crìançã-no cão.4

- O ritual de abertura poderá ser reduziâo-"oni'u

gu.prpssão. do ponto 5,. se_ndo qde ã -prece

e a pa*e ããu-trinária (ponto-s 3 e 4) cevem'iõr ]eitas de acordo com oobjetivo iia reunião.5 - terminado o .ato, far_se_á o enceÍramento, de acordo

lom a abertura, istc é, sô_ naqueú Ì"í-iuÈiímìãJ ó ìls,--,i*.:t.se começaÍá do númeio 2.

b) da Conflrmação

I - A confirmação deve ser feita na idade de T anos,pode.ndo Ser aproveitada uma data de ida ao Rio óu a Òu_choeira, devendo o banho ser de corpo inieiro... 2 - Os padrinhos, que podem ser os mesmos do ba_Ilslno .or1 outros, levarão velas e flores, sendo oficiante ouuta-cnete ou seu preposto.

3 - Se.rá seguido o mesmo ritual de abertura e en-cerramento da cerimônia do batismo, feita a aaaptíça; ;;_cessária.

_ 4 -, A criança deverá estar vestída toda de branco esef, enxuta após a cerimônia com umâ toarha urãnii-não.. q - Tanto do ba-tismo como da confirrnaçao sera ieitor.egistro

- na Tenda e forneciãã:ï*u certidão àã; ì;Ë.*;;_dos e feita uma comunicação ã---únÌào que criará o seuregistro próprio.6 - Nada será cobrado pelos afos, nem pelas certi_

9{.*, devendo as despesas qu.i porvãntura tenham de serfeitas ser custeadas diretamente Ëetos inieier;;ã;,

6) O Casamento:I -- O casamento é ato de suma ìmportância pois ern

sua base é construído o lar e a família é constiturdu. no,isso cie'e ser dadc realce especial à cerimônia com áftr?**iluminados e enfeitados de

'Ílores, e com a presenca dacorrente toda uniformizada, inrÍo a noi'a de vestído úì'ánco

r 'éuegr inalda. ' '2 . ! ritu.al preparatório será o de abertura, suprimido

q ponto 5, sendo que a prece (3) e a parte aóúi'.i"âïiâ"'iì:oevem ser tettas de acordo com o objetivo do ato.

3 - Será oficiante o Guia-chefe inõorporad.o, ou no s€uimpedimento o Substituto.

4 - As aliancas serão cruzadas pelo Cuia, devendo ospadrinhos e madriirhas tomar parte na cerimônia com umavela acesa durantê o tempo tõdo que dúãi-;-"to,

82

5 - Efetuado o casamento, Íar-se-á, suprindo o pontol, o ritual de encerramento.

6 - À diretoria da Tenda, dentro das possibilidades,poderá oferecer uma mesa de doces e refrigerantes,. paradar maior realce ao ato.

7 - Antes da realização do ato será exigida a apÍe-sentação da certidão do ato civíI.

I - Do ato será fornecida certidão e comunicado àUnião, que criará os registros necessários,

9 - Nada será cobrado pelo ato, nem pela certidão,devendo as despesas que porventura tenham de ser feitasser custeadas diretamente pelos noivos.

7') Considerações Gemis:

Todos os membros da corrente (médiuns, carnbonos, ogãs,

nozelo ou pelo menos até a metade da barriga da perna.E' preciso notar que essas variações acabadas de ser

indicadab, não são para que numa mesma tenda cada umuse um u,nif orme déntre os apontados, Ínas pelo contráriodeve haver em cada Casa uniÍormidade absoluta de Íno-delo de uniforme.

Sl O OÍício dos Desercarnados:

adotado o seguinte ritual:2 - Será constituícÍa tlma mesa de segurança e. de des-

carsa. constituida por médiuns, sob a direção do diretor deiËï;t'ê;#"'ËËôïiìtíàr, ou por um doutrinãdor de sua con-fiança.

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Page 44: Posição católica perante a umbanda

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3 -: A abertura será a do ritual comurn às sessõesde caridade, s.endo que os. pontoi i ã-+ ÌbËË "

dff;Jàïserão orÍentados de-acordo com ã oojetìïo'ìu'.ï;.ïüláádos espíritos debencarnados.4 - Na forma habituar, feita a abertura. o cuia-chefeorientará os trabalhos.5 - Findo o oJicio ou ofícios., será feito o encerra_mento dentro do ritr

ã;"p;d;"; "oüË,iïi' uà"'ïËiJi;."guindo-se sempÍe na paite

g) O Sinat

O sinal da cïuz, símbolocom as seguintes paÍavras:

, Ao tocar a mão direita à(em nome do pai) (em noÍneAo focar a mão direita nosus (em nome de Oxaiá).

,Á , mão_ direita cruzando os ombrora direitai"e,ïi'ïïï"" do Anjo oa cuaitaala esquerda para

, Pode seï feito:- EH..^lgf* de Deus (ou do pai), deJesus e do Anjo da Cuarda.Em nome de Zambì, de Oxalá e do Anjo da Guarda.

VT':.IRULÁRIO UMBAIìIDISTA"

dt Cruz:

do cristianismo, será f eito

frente: Em nome de Deusde Zambi|.coração: Em nome de Je_

Abacô, cozinheira que PrêPa.'ra as comidas de ta,nto.

Aoaeró, bolo de milho.Á'gô, licença-Âgõtê, clai-me licença.Aló, dossel no terreiro, debai-

xo do qua.l se serYem 8,scornidas de santo.

A-ura,lí, comida de' santo.Aparolho, médium ern função.Ata,beque, tsmbor.Babalaô, chefe de teueiro, pal

de santo.Bqba,lorlxÉ, o mesmo que ba-

balaô.Batuque, sapateado a,fricano,Burro, médium em trause,Búzio, concha marinha, Gâ,-

racol.Clanllr,rbu., vasilha,Calunilo, espírito protetor das

parturientes.Oalunga', cemitério.Ca,lunga grau.tle, rnar.Cambirô, amuleto para ser en-

terra.do,Ca,rnbono, auxilia-r nos traba-

Ihos do terreiro.Ca,rnbonrr colofg snxiliar nas

cerimônias de iniciaçã.o.Ca:rdomblô, reuniáo de mé-

diuns e pessoas eom aP€/trechos apropriados Para fa.-zerem canjerê.

Ca,njerê, despacho ou trabalhoresultante dos candomblês'

Ca.njira, Ìocal de dança.Caraun comida de santo.Can'alo, médium em transe.Goitó, vasilha" cuia,

. .*4 alta.r.CuriaÌ, cit;L:i , i+*ber-Cfrrimba, d,ança.Ilemanda, questão, luta,Du.m.ba, mulher,Ebó, milho branco preparado

cqm azeiLe-Egum, espírito de pessoa fa-

lecida"EEbé, sacrifício de animal.T'.rn.hamda,, rne'nsageiro, porta-

voz,Ebó, comiCa de santo,Epó, aaeite.Exr4 espírito mau, demônio.FïIho do Santo, méclium em

que se incolpora um orixá.Ganga, chefe de terneiro.Gongá, altar, santuário, local

de trabalho'Guia, pulseira.Ia,Dsan, orixá feminino do

vento, mulher de Xa,ngô, Pa-trona das mulheres livres.Santa BÉrbara.

{beji, orixás gêmeos. São Gos-me c São Damião.

Iema,r$rí, orixá femÌnino cloma.r. Ì{ossa Senhora.

Jabonanr, mãe do terreÍro, desegiunda categoria,

I{atungun espelho,Karungao rrrar.Macurrba, vara, de iPê ou

bambu, cheio de dentcs,com laços de fits em ums.das pontas, ,na qual um in-diúduo, com duas varinhasfinas e resistentes, fa-z oatrito sobre oe de'ntea, ten-

85

Page 45: Posição católica perante a umbanda

:'.'1,:: do um.a,_da,s pontas da va,ra Oxun, orixá, fernjnlno doa rios.:r,:. : encqstada na hAnriga e ou- Nosse SenhOra...,., tra-enooetada_ no pa.neae. pegl, attar..,r r ffe'nafal aguarrclente, paratÍ. 1'e'úu+ ;iz, para riscar osi

' }Itrqrga, ,rnistério.

-ontos.:' ,," Iftrcamtan mulher auxiliar do fÃtU.o, punhal.r . tenelro,:'' Ìrúú8lar- pipoca poeparaoa Polto

,cantado, hlno, canto'pa.ra ó ritút aa-t"õ.* au -evocativo'.,,.

cabeça. I:onto rlnoado, stnêl cabatísti-. Nunangar vestes certmoaiats, co evoca,tivo.

Ob$ céu. Saarrb4 mulher auxilian daOgan, babalaô de segunda ca. mã.e de salrto.

teE:oria-- -

SsüS,rrg vtnho.' ogum, or{xÁ das demandas. Sararf, saudação, cumpri-São-Jorge (no Rio)- e San- nnentq .,sa.lvei,,to Ántônio (na Baía). IIb4 cesca de d,ryore.orulq orixá da urorte, das ;frpestes. São La,saro. -

be@ "caboclo", chefe d.e

lffi'"rfgaf;. eecuadár'la,

",ïrffil"Lrimônia, rúnebre,' Ot6,,- fetiche, imagem do um depois da rnorte de um pai: ,t: _ orixá,. - de. santo ou de um baba_

OIÈ14 chefe dos orixás. espírito d" ;;;".Cristo- Xa,ngô, orixá aos iJL, a*Oxóaol, orÍxá da.s matas, da te,rnpestades. São Jerôni.mo.ca4a. São Sebastião (no Znnobt, DeusRio), São Jortle (na srÍ"i zGüf chefe, ret.

i

ti;f!

fi :

INDICE

lntroduçãoConfusão na Umbanda . .. .Umbanda e Espir i t ismo . . . .Ìdentidade substancial entÍe Umbanda e Allan Kardec . . ".Urnbanda, a quarta RevelaçáoUmbanda é rnagiaUmbanda e Quimbanda . . . .O panteísmo dos umbandistasFatais consequências da doutrina Íe€ncarnacionista ... ,,Umbanda e a negação do CristianismoPosição católica perante a UmbandaA hierarquia ern UmbandaInstrumentos da magia umbandistaA diagnose em UmbandaA terapêutica umbandistaO jogo dos búziosOrixás de Umbanda e santos católicosO motivo de tanta confusãoO exus de Umbanda e o culto do demônioA lista macabra dos exusComo fazem os "despachos" .."Os despachos pegam mesmo?"A existência e as ativiclades do dernônio\Íoltando aos despachos e à magiaSatanás e as doenças . . . .Os pseudo-rnìlagres do demônioOs per igos da Umbanda . . . .Proteção e exploração PolicialNormas de uma at i tude prát ica perante a Umbanda' . . . .Apêndice: Ri tual de Umbanda.. . .Vocabulário umbandista

3cI

1012141618202lu262832J3

384043465053563/

60OJ

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