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PÓS-GRADUAÇÃO IPECONT 2017, do jeito que o mercado quer! São 4 cursos: - Gestão e Planejamento de Tributos; - Gestão Empresarial e Inteligência de negócios (novo); - Gestão Estratégica de Compras (novo); - Gestão em Controladoria, Auditoria e Finanças (novo).

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PÓS-GRADUAÇÃO IPECONT 2017, do jeito que o mercado quer!

São 4 cursos:

- Gestão e Planejamento de Tributos;

- Gestão Empresarial e Inteligência de negócios (novo);

- Gestão Estratégica de Compras (novo);

- Gestão em Controladoria, Auditoria e Finanças (novo).

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Pressclipping em 14.nov.2016

"O homem que nada contra a correnteza sabe a força dela."

(Woodrow Wilson)

Não é só o Renan que tem “costas quentes”, tem mais gente...

Maluf é réu secreto no STF em ação penal há 15

anos sem julgamento

Publicado por Correio Forense

Uma ação penal fruto de investigação iniciada há mais de 15 anos, tendo sido um dos casos grande

repercussão em São Paulo nos anos 2000, continua sem decisão final do STF (Supremo Tribunal

Federal) e longe dos olhos do público. O personagem do processo é o ex-prefeito e hoje deputado federal

Paulo Maluf (PP-SP), alvo de uma das seis ações penais, do grupo total de 84 em andamento, que

tramitam cobertas por segredo de Justiça no STF.

Na prática, Maluf é um réu secreto, pois no sistema de acompanhamento processual do Supremo

seu nome não aparece relacionado ao processo, apenas suas iniciais.

Um cidadão que pretende saber a situação criminal de Maluf no sistema público da corte encontrará

apenas duas ações penais: uma por calúnia em campanha eleitoral, encerrada, e outra aberta em 2015 por

suposto crime eleitoral.

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O caso secreto trata de fatos revelados pela Folha em agosto de 2001: movimentações milionárias em

paraísos fiscais. Em março do ano seguinte, o então procurador-geral de Genébra, Bernard Bertossa,

confirmou ao jornal a existência de investigação sobre o dinheiro que Maluf transferiu de conta na Suíça

para Jersey, paraíso fiscal no canal da Mancha.

Na época, Maluf enfrentou investigação do Ministério Público de São Paulo, que levou à quebra de seu

sigilo bancário em 2002. Em 2006, contudo, ele foi eleito deputado federal e, com o foro privilegiado, o

caso seguiu para o Supremo.

No STF, o inquérito deu entrada há mais de nove anos, em fevereiro de 2007, já em segredo de

Justiça, e assim permaneceu até virar ação penal, em 2013. Está até hoje sem julgamento final.

Um texto curto divulgado pelo Supremo em 2011 afirma que se trata de uma ação sobre lavagem de

dinheiro derivada da investigação relativa à construção das avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga

Água Espraiada), em São Paulo. O então ministro relator do inquérito, Ricardo Lewandowski, afirmou à

época “haver indícios suficientes de que o esquema de desvio de verbas públicas operado por Maluf à

frente da Prefeitura de São Paulo gerou prejuízo ao erário de aproximadamente US$ 1 bilhão, dinheiro que

circulou por contas correntes mantidas pela família na Suíça, Inglaterra e na Ilha Jersey, a partir da

distribuição feita por conta mantida em Nova York”.

OUTRO LADO

O advogado de Maluf, Ricardo Tosto, diz que seu cliente “está exercendo o direito de defesa”. Contestou

a morosidade dos casos com foro ao dizer que “todo caso complexo leva muito tempo” e que “não é

verdade” que “no resto do mundo os processos correm de forma rápida”.

“O Supremo tem sido criticado equivocadamente. Eles estão decidindo o que é importante. O que torna o

andamento mais lento é o fato de o Supremo receber uma série de ações que não têm tanta importância e

poderiam ter sido resolvidas antes. As pessoas muitas vezes cobram que os casos emblemáticos sejam

julgados logo, mas não é assim que o Judiciário funciona”, afirmou Tosto.

RUBENS VALENTE CAMILA MATTOSO DE BRASÍLIA

FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

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Multas de trânsito ficam mais pesadas; veja o que

muda

Usar o celular e parar em vaga para deficiente viram infração gravíssima.

Publicado por Dr.ª VANDA LOPES

As infrações de trânsito cometidas a partir desta terça-feira (1º) terão penalidades mais pesadas. O

aumento das multas, anunciado em maio último, será de até 66%, e os valores irão de R$ 88 (infração

leve) a R$ 293,47 (gravíssima). Além disso, algumas infrações serão agravadas: usar o celular ao volante,

por exemplo, passou de grau médio para gravíssimo.

A multa, que era de R$ 85,13, agora é de R$ 293,47, uma alta de quase 245%, e os pontos na carteira de

habilitação aumentaram de 4 para 7.

Ainda para o celular, o texto da lei passa a dizer que é infração segurar ou manusear o aparelho. Assim, o

motorista que manda mensagens de texto ou fica olhando sites ou redes sociais também poderá ser punido,

mesmo quando estiver parado no semáforo.

Vagas exclusivas

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Também foi agravada a multa por estacionar em vagas reservadas para deficientes e idosos sem a

credencial que comprove sua condição. A partir desta terça-feira, a infração é gravíssima (R$ 293,47), e o

veículo será guinchado.

Depois de alguns atrasos, as multas para quem andar com as "cinquentinhas" (motos com motor de até 50

cc) sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A, para motos, ou Autorização para

Conduzir Ciclomotores (ACC) também começam a ser aplicadas.

Recusa ao bafômetro

Agora também há um artigo explicitando a punição para quem se recusa a fazer o teste do bafômetro, que

já era prevista desde a "Lei Seca", de 2008.

A atitude é infração gravíssima, com multa multiplicada por 10, ou seja, no valor R$ 2.934,70, além da

suspensão da CNH por 1 ano. É igual à punição mínima para quem é pego no teste.

O veículo também será retido, até a chegada de um condutor habilitado. Se o motorista se negar outra vez

a passar pelo teste, em menos de 1 ano, a multa será dobrada, chegando a R$ 5.869,40.

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Caso de CNH suspensa

Dirigir sem CNH ou permissão segue sendo uma infração gravíssima, com valor da multa multiplicado

por 3, mas agora o Código de Trânsito Brasileiro também inclui a ACC (documento aceito para pilotar

motos "cinquentinhas"), que tem a mesma penalidade.

Já quem andar com a CNH cassada ou suspensa terá um pequeno alívio: a multa gravíssima passa a ter

multiplicador de 3, em vez de 5 vezes.

Outra redução foi para CNH de categoria diferente da exigida para o veículo (usar a de moto para dirigir

carro, por exemplo): a multa passa a ser multiplicada por 2 vezes, em vez de 3 vezes.

Além disso, nesses casos, em vez de o veículo ser apreendido e levado a um depósito, como previa a lei

até então, ele será apenas retido, até a chegada de alguém habilitado a dirigir.

Novo teto

A multa para quem usar um veículo para interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem

autorização do órgão de trânsito, como em passeatas, manifestações ou eventos de rua, é de R$ 5.869,40

(20 vezes a gravíssima) para o condutor e de R$ 17.608 (60 vezes) para os organizadores.

Os valores podem dobrar, caso a pessoa seja reincidente no período de 12 meses. Segundo, a nova redação

do CTB, a penalidade pode ser aplicada a pessoas físicas ou jurídicas, ou seja, empresas também podem

ser responsabilizadas.

Por que a multa aumentou?

As multas básicas não sofriam reajustes desde 2000, quando o antigo indexador do valor das multas (Ufir)

foi extinto. Em 2002, uma resolução fixou o valor atual em reais. Desde então, não houve correção.

As elevações que ocorreram foram para certas infrações consideradas mais perigosas e por meio de um

fator multiplicador.

A alteração no Código Brasileiro de Trânsito também permite que o Conselho Nacional de Trânsito

(Contran) atualize o valor das multas anualmente, com reajuste máximo dado pela inflação (IPCA) do ano

anterior.

Por outro lado, os órgãos serão obrigados a publicar na web anualmente os dados de arrecadação com

multas e onde os recursos foram investidos.

Desconto de 40%

O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) promete lançar também nesta terça um aplicativo para

smartphones que dará desconto de até 40% em multas de trânsito para os usuários.

No entanto, poucos órgãos de trânsito já estão preparados para as notificações eletrônicas.

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Os Detrans de Santa Catarina e de Minas Gerais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (Dnit) e a Polícia Rodoviária Federal serão os primeiros.

De acordo com o Ministério das Cidades, os demais Detrans estaduais e órgãos ainda "estão se adequando

para adesão".

O desconto só será possível se o motorista não apresentar defesa prévia, nem recurso, reconhecendo o

cometimento da infração. O abatimento de 40% vale em qualquer fase do processo, com pagamento até a

data de vencimento.

Fonte: G1

Dr.ª VANDA LOPESPRO

Cidade e Região

10 de novembro de 2016 07:30

Receita cobra 5,4 mil empresários com dívidas no

Simples Nacional

por Vinícius Lemos

Quase 5,4 mil microempresas e empresas de pequeno porte receberam ou vão receber da Delegacia

da Receita Federal de Uberlândia a notificação de exclusão do quadro de optantes pelo sistema de

tributação Simples Nacional, por conta de débitos. O número representa um crescimento de 60% em dois

anos. Ao todo são R$ 165,5 milhões a serem recebidos das empresas de 39 Municípios sob a

responsabilidade da unidade local da Receita. É possível que as empresas se mantenham no Simples ao

quitar a dívida.

Só na cidade de Uberlândia, existem 3.164 empresas com débitos relativos ao Simples, o que representa

um montante de R$ 106,3 milhões. Ainda que possa haver cobranças de anos anteriores, a maior parte tem

2015 como ano de referência. Não é possível precisar quanto do valor das dívidas vai para os cofres do

Município, uma vez que cada tributo tem um fatiamento diferente, seja o ISS, ICMS, IPI ou qualquer

tributo incluído no Simples.

O delegado chefe da Receita, Valtair Soares, afirma que o crescimento das dívidas, ainda que expressivo

não se tornou um número alarmante. “O montante de toda a Delegacia representa cerca de 10% do total de

optantes do Simples na região, as quais chegam a aproximadamente 50 mil empresas”, disse. Na visão de

dele, a crise econômica poderia explicar os aumentos. Em todo o Brasil foram notificados 668.440

devedores, que respondem por dívidas que totalizam R$ 23,8 bilhões.

Notificações

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O chamado Ato Declaratório Executivo (ADE), documento que avisa sobre a dívida e a exclusão do

sistema de tributação, começou a ser enviado às empresas no dia 26 setembro. A notificação tinha 45 dias

para ser acusada pelas empresas e agora correm os prazos de quitação, que são de 30 dias após o

recebimento do ADE.

Benefício

Qualquer uma das quase 5,4 mil com dívidas relativas ao Simples Nacional na Delegacia da Receita

Federal de Uberlândia que quitar os valores até 30 dias depois de notificadas têm a exclusão anulada.

Todo atendimento às empresas é feito via Portal do Simples Nacional ou pelo Atendimento Virtual (e-

CAC), no site da Receita Federal, mediante certificado digital ou código de acesso. Quem não quitar os

débitos será excluído do Simples Nacional a partir do dia 1º de janeiro de 2017. O pagamento pode ser

feito em parcela única ou em até 60 parceladas.

Negociação

O contador Rogério Lucas de Sales, responsável por contas do Simples em uma empresa de contabilidade

de Uberlândia, explicou que o problema das empresas é até anterior ao pico da crise, em ter 2015 e 2016.

Por isso, a maioria espera um parcelamento de até 120 meses dos débitos do tipo. “Já foi sinalizado pelo

Governo essa possibilidade, mas não imagino que seja ainda nesse ano”, afirmou. Os setores mais

afetados, neste ano, em relação aos impostos, de acordo com Rogério de Sales, foram comércio e

indústria.

Petrobras registra prejuízo de R$ 16,458 bilhões

no terceiro trimestre

Richard Carson/Agência Petrobras

LUCAS VETTORAZZO

NICOLA PAMPLONA DO RIO

10/11/2016 19h19 - Atualizado às 20h35

Depois de um trimestre de alívio, a Petrobras voltou a registrar prejuízo no terceiro trimestre de 2016. A

perda foi de R$ 16,458 bilhões, provocada, principalmente, por nova baixa no valor de ativos.

A baixa nos ativos soma R$ 15,7 bilhões e refere-se a efeitos no aumento do risco país, do câmbio e da

postergação de alguns projetos, com relação à última avaliação feita em dezembro de 2015.

"É um evento não recorrente e a Petrobras não espera que nos próximos trimestres ocorram resultados de

testes de imparidade (baixas) dessa magnitude que aconteceram neste trimestre", disse o diretor financeiro

da companhia, Ivan Monteiro.

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Foram baixas de R$ 5,6 bilhões em campos de petróleo, R$ 2,8 bilhões em equipamentos vinculado à

atividade de produção, R$ 2,5 bilhões na refinaria de Pernambuco e R$ 2 bilhões no complexo

petroquímico de Suape.

No terceiro trimestre de 2015, a estatal havia registrado prejuízo de R$ 3,759 bilhões, provocado também

por baixas em valores de ativos. No segundo trimestre de 2016, teve lucro de R$ 370 milhões, o primeiro

após um período de nove meses de prejuízo.

Outra provisão com impacto no resultado refere-se aos acordos negociados com fundos de investimento

que acionaram a empresa na Justiça de Nova York, no valor de R$ 1,2 bilhão.

Em outubro, a companhia anunciou acordo com quatro fundos para encerrar as ações. Foram incorporados

esses acordos e aqueles que estão em fase final de negociações, disse Monteiro. Mas não há provisão para

ações coletivas.

A direção da Petrobras defendeu que os resultados operacionais mostraram evolução e que, se não fossem

os itens extraordinários, teria apresentado lucro de cerca de R$ 600 milhões.

"Todos os resultados operacionais da companhia melhoraram", disse Monteiro.

A empresa fechou o trimestre com R$ 16,4 bilhões com fluxo livre de caixa, o que significa que gerou

mais dinheiro do que gastou. "É um dinheiro que está sendo usado para pagar a nossa dívida", disse o

gerente executivo de desempenho, Mário Jorge da Silva.

DÍVIDA

A dívida, porém, fechou setembro em R$ 398,165 bilhões, ante R$ 397,760 bilhões do segundo trimestre.

Em dólares, houve pequena redução, de US$ 123,9 bilhões para US$ 122,7 bilhões.

A diretora de exploração e produção, Solange Guedes, disse que foi "o melhor trimestre da história" em

termos de produção de petróleo, com recorde trimestral de 2,87 milhões de barris por dia.

O crescimento da produção do pré-sal, que tem melhor qualidade, levou a empresa a reduzir as

importações, ampliando de 82% para 96% o uso de petróleo nacional em suas refinarias.

Com isso, chegou ao segundo trimestre consecutivo com saldo positivo em sua balança comercial, de 210

mil barris por dia.

Monteiro manteve a meta de venda de US$ 15,1 bilhões em ativos até o final de 2016 e frisou que, até

agora, 65% do valor já foi negociado.

A receita da estatal foi de R$ 70,443 bilhões no terceiro trimestre, contra R$ 82,238 bilhões no mesmo

período de 2015.

Entre janeiro e setembro de 2016, a Petrobras acumula prejuízo de R$ 17,334 bilhões, ante lucro de R$

2,102 bilhões no mesmo período do ano anterior.

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Entenda por que a inflação persiste no Brasil

Escalada de preços de produtos e serviços deveria dar trégua com a recessão, mas vários

fatores barram queda

postado em 07/11/2016 06:00 / atualizado em 07/11/2016 09:57

Antonio Temóteo

Alberto Bastos viu sua compra de supermercado passar de R$ 530 para R$ 650 em um ano: aperto e

redução do lazer (foto: Luís Nova/Espe.CB/D.A Pres)

Brasília – Ir ao cinema ou levar a família para comer uma pizza no fim de semana se tornou um luxo para

o motorista Alberto Bastos, de 51 anos. Casado e pai de uma filha, ele abriu mão do lazer para colocar

comida em casa. As compras mensais no supermercado e na feira que custavam, em média, R$ 530

durante o ano passado dispararam para R$ 650 em 2016. Uma alta de 22,6%. Com isso, Bastos precisou

colocar as despesas na ponta do lápis e teve de cortar o que não era extremamente essencial. “Tudo está

mais caro. O único jeito de economizar é deixar de sair com tanta frequência”, lamenta.

Assim como Bastos, milhões de brasileiros têm sofrido com a escalada nos preços de produtos e serviços

em meio a mais longa recessão da história do país. Para piorar a situação, os reajustes salariais são cada

vez mais magros e a renda dos trabalhadores tem encolhido. E o que parece uma contradição, já que a

teoria econômica ensina que em períodos de queda do Produto Interno Bruto (PIB) a carestia tende a dar

trégua, virou uma realidade no Brasil. Mesmo com a redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo

(IPCA) ao longo do ano, o ritmo está aquém do necessário para dar um alívio no bolso da população e

para acelerar o processo de corte da taxa básica de juros(Selic).

A situação fica mais dramática com o aumento dos riscos para a queda da inflação. Na última ata da

reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 18 e 19 de outubro, o Banco Central (BC)

apontou uma série de fatores condicionantes para preços administrados que, em tese, poderiam favorecer o

combate à carestia. O primeiro foi a mudança na política de preços de combustíveis. Em seguida, o BC

citou evidências que mostram a possibilidade de redução de tarifas de energia elétrica mais fortes que o

esperado em algumas regiões. E a perspectiva de adiamento de reajustes de preços do transporte urbano

em algumas cidades.

O único risco apontado pela autoridade monetária foi o de reajustes acima do esperado nos custos da

energia elétrica ao longo de 2017, em decorrência, entre outros fatores, de mudança na bandeira tarifária.

De lá para cá, a situação só piorou. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterou o regime de

verde para amarelo em novembro diante da seca no Nordeste, o que encarecerá o custo da eletricidade já

este ano. Além disso, a mudança na política de subsídios da Petrobras às distribuídas de gás pode elevar o

preço do botijão.

PESOS NACIONAIS No caso do transporte público, o governo do estado do Rio de Janeiro anunciou

que o valor da tarifa será reajustado de R$ 6,50 para R$ 7,50 a partir de 1º de janeiro de 2017. Outra

medida será limitar o benefício concedido ao usuário a R$ 150 por mês. Se o passageiro gastar acima

desse valor, ele ou o empregador terá de arcar com a diferença. A mudança pode ser feita por decreto, mas

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a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) precisa autorizar o governo a editá-lo. Para o governo,

a economia de será de R$ 256 milhões ao ano.

Outra pressão inflacionária que deve tirar o sono do BC é a elevação da alíquota de Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para vários setores no Rio. Um projeto de lei será enviado

para a Alerj prevendo que, em residências com consumo de energia superior a 300 quilowatts, o

percentual do imposto passará de 25% para 27%. Moradias com dois aparelhos de ar-condicionado,

geladeira, micro-ondas e máquina de lavar se enquadram nesse perfil. A cerveja terá 18% de imposto e o

fumo, 27%. A medida afetará ainda gasolina, refrigerantes e telefone.

Outro risco ao processo de queda da inflação é a possibilidade de o prefeito eleito de São Paulo, João

Dória (PSDB), não conseguir cumprir a promessa de congelar as tarifas de ônibus. Dória espera receber

R$ 500 milhões do governo federal para manter os preços, mas o Planalto não está disposto a arcar com

mais essa despesa em meio à crise nas contas públicas. A proposta gerou mal-estar no governo do Estado

de São Paulo, já que executivos do metrô destacaram que precisam de reajuste em 2017. Além disso,

ressaltaram que a medida sempre foi tomada em conjunto com o governo estadual.

Risco para o próximo ano

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Marzola Zara, avalia que a mediana das expectativas

de inflação para 2016 cedeu bastante nas últimas semanas até chegar a 6,88%. Entretanto, ela ressalta que

a maioria das projeções dos analistas não contava com a elevação da bandeira tarifária da energia elétrica

de verde para amarela. Nas contas dela, essa medida adiciona 0,11 ponto percentual à inflação de

novembro e deverá impactar as estimativas do mercado. “Tudo isso são riscos à inflação do ano que vem,

e o Banco Central precisa monitorar com cuidado os preços sensíveis à atividade econômica. Teremos

surpresas pelo caminho”, alerta.

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O pior dos riscos, destaca Thaís Marzola, é outros estados decidirem adotar pacotes semelhantes ao

anunciado pelo governo do Rio de Janeiro e aumentar alíquotas de ICMS para enfrentar a queda na

arrecadação e o crescimento do déficit orçamentário. Também há preocupação quanto aos municípios, que

dependem cada vez mais de repasses dos estados e da União para fechar as contas e podem elevar

impostos. Entre 2012 e 2015, o superávit primário das 146 cidades com mais de 200 mil habitantes caiu de

R$ 18,9 bilhões para R$ 2,9 bilhões, conforme dados do Tesouro Nacional. Além disso, 11 capitais

ultrapassaram o limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 60%

da receita corrente líquida. Essa situação tende a piorar nos próximos anos e a obrigar prefeitos a aumentar

impostos, o que terá impacto direto ou indireto sobre a inflação.

Outra pressão ao IPCA, destaca o economista Sílvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, é o ritmo

de queda da inflação de serviços. Ele afirma que esse grupo tem mostrado resiliência, mesmo com a forte

retração da economia brasileira. Campos Neto ressalta que a inércia inflacionária no país também é

enorme, já que os reajustes nos preços de produtos, serviços e contratos levam em consideração a inflação

passada. “Esperamos que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) suba 7% neste ano e 5% em

2017. Mas isso pode mudar se os riscos se transformarem em realidade”, diz.

Se os preços de serviços se mantiverem, o processo de queda dos juros pode ser ameaçado, avalia o

economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. Ele comenta que, além desse

desequilíbrio, a autoridade monetária deve acompanhar com lupa os efeitos secundários da alta de preços

para evitar uma disseminação da carestia. “Seria bastante preocupante se tivéssemos um sinal de que os

serviços não estão caindo. Mas ainda é cedo para isso e são necessárias mais evidências”, ressalva.

Dono de uma pastelaria, o comerciante Sidney Martins tem sentido no bolso o reajuste nos preços dos

produtos que precisa comprar para fazer o pastel. A especialidade da casa mais um suco custava R$ 3,50

há dois anos e em 2016 já está e R$ 5. “É automático: eles aumentam lá e gente tem que aumentar aqui,

senão o lucro vai por água abaixo”, conta. Apesar de a venda de alimentos não sofrer tanto com a crise

quanto outros setores, Martins comenta que o faturamento caiu. “Não é apenas o preço alto que prejudica.

A maioria das pessoas que costumava comprar aqui está desempregada”, lamenta.

Autuações da Receita Federal na Operação Lava

Jato chegam a R$ 1,54 bi

Postado por José Adriano em 7 novembro 2016 às 10:00

A Receita Federal vem participando das investigações da Operação Lava Jato, em conjunto com o

Ministério Público Federal e a Polícia Federal, desde antes da sua deflagração ostensiva, por meio de

cruzamentos e análise de dados internos realizados pelo setor de investigação. Embora a origem das

investiga- ções tenha sido a suspeita de fraudes na Petrobrás, as diligências realizadas pela Receita Federal

e demais órgãos parceiros têm aumentado o escopo das investigações, com desdobramentos em outros

órgãos pú- blicos e privados.

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Até o dia 30 de junho de 2016, 963 procedimentos fiscais foram instaurados no escopo da Operação Lava

Jato, sendo 279 em contribuinte pessoa fí- sica e 684 em contribuinte pessoa jurídica, tanto para apurar

fatos próprios como relacionados a terceiros.

Como resultado parcial das fiscalizações, tem-se cerca de R$ 1,54 bilhão de crédito tributário constituído.

Os valores referem-se ao encerramento parcial dos fatos ocorridos, em sua maioria, em 2010. Caso fatos

supervenientes revelem conduta de dolo ou fraude do contribuinte, podem ocorrer, ainda, autuações

complementares em relação a esse mesmo ano.

Cerca de 90% do crédito tributário constituído recaiu sobre as empreiteiras, que dentro do esquema

fraudulento eram responsáveis por distribuir parte do superfaturamento dos contratos entre executivos da

estatal, lobistas, operadores do esquema e, supostamente, campanhas eleitorais. Se o cartel montado pelas

empreiteiras não assumisse o risco em participar da corrupção, possivelmente todo o resto do esquema não

existiria.

Um total de 38 Representações Fiscais para Fins Penais também foram lavradas, nos casos em que foi

identificado fato que, em tese, configurou crime contra a ordem tributária. As Representações Fiscais

lavradas são comunicadas à Força Tarefa do MPF que, a partir delas, pode denunciar novo crime ou

confrontar os fatos apurados pela fiscalização com as informações prestadas pelos delatores.

Equipe

Para dar conta do volume de trabalho gerado pela Operação Lava Jato, a Receita Federal criou uma

Equipe Especial de Fiscalização que conta com 54 auditores-fiscais executando as auditorias, enquanto

que a Equipe Especial de Programação com mais 23 auditores-fiscais para processar, analisar e selecionar

os sujeitos passivos que serão objeto de fiscalização. Cumpre ressaltar, no entanto, que essas equipes

especiais de programação e fiscalização são ampliadas à medida que os trabalhos evoluem.

Desdobramentos

A parceira entre a Força Tarefa do Ministério Público Federal – FT/MPF e as Equipes Especiais da

Receita Federal otimiza os recursos e torna mais eficiente o resultado dos trabalhos para a sociedade.

O trabalho investigativo ganhou nova força com as representações e informações fiscais produzidas a

partir do andamento dos procedimentos fiscais instaurados.

Auditores-fiscais identificaram e representaram à FT/MPF fatos omitidos pelos delatores e pagamentos

efetuados a outras dezenas de empresas “noteiras”. Esses pagamentos teriam recursos oriundos de outros

setores não ligados ao de petróleo, tais como setor elétrico e de energia, transporte e saneamento básico.

Os fatos comunicados à FT/MPF complementam novas petições para investigação e quebra de sigilo

bancário pela via judicial, que podem resultar em novas fases da operação.

O fortalecimento das relações institucionais tem permitido a participação dos auditores-fiscais na

execução dos Mandados de Busca e Apreensão – MBA relacionados aos casos concretos em que atuam,

como ocorreu nas fases 21 - “Passe Livre”, 24 - “Aletheia”, 30 - “Vício” e 31 - “Abismo”.

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Todos ganham com essa integração entre as instituições: a Receita Federal na qualidade do levantamento

de provas, já que os documentos passam, desde a triagem, por análise altamente qualificada do auditor-

Fiscal que produzirá a prova na seara tributária; o MPF, que obtém o resultado do desdobramento fiscal e

da constatação, em tese, do crime contra a ordem tributária de forma mais célere; além de toda a

sociedade, no combate à corrupção.

fonte: REVISTA FATO GERADOR - RFB 11ª EDIÇÃO

ÍNTEGRA DA REVISTA FATO GERADOR - 11ª

EDIÇÃO: http://www.slideshare.net/joseadrianopinto/rfb-revista-fato-gerador...

Prescrição atinge um terço de ações contra

políticos no Supremo

RUBENS VALENTE

CAMILA MATTOSO DE BRASÍLIA

14/11/2016 02h00

Levantamento feito pela Folha revela que um terço das ações penais concluídas no STF (Supremo

Tribunal Federal) sobre congressistas com foro na corte foi arquivado nos últimos dez anos por causa da

prescrição dos crimes.

A demora que levou à prescrição, definida pelo Judiciário quando o Estado perde o direito de condenar

um réu porque não conseguiu encerrar o processo em tempo hábil, leva em conta o andamento da ação nas

instâncias inferiores e no STF.

Os atrasos, assim, podem ter ocorrido em etapas anteriores à chegada no Supremo.

Entre os casos arquivados estão acusações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), abertas em 2008,

2011 e 2014, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), iniciadas em 2007 e 2011, e o deputado federal Paulo

Maluf (PP-SP).

O foro privilegiado garante a detentores de alguns cargos públicos uma forma diferente de processamento

e julgamento. Em casos de crimes, eles são julgados diretamente por tribunais sem passar pela primeira

instância.

Além disso, ao ingressar ou deixar cargo com direito ao foro, o processo contra o político muda de

instância, o que pode ampliar atrasos.

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No Congresso Nacional, tramitam projetos para extinguir o foro privilegiado.

No caso de Maluf, a ação começou em 2007 após acusação por suposta lavagem de dinheiro em conta na

França.

O caso veio à tona há 13 anos, quando Maluf foi detido pelas autoridades francesas ao tentar fazer uma

transferência bancária em Paris. No fim de 2015, ele foi condenado a três anos de reclusão por um tribunal

francês. O deputado recorreu da decisão.

No Brasil, porém, a causa sobre tema semelhante foi arquivada no STF em dezembro do ano passado. Ao

longo de toda a tramitação, permaneceu sob segredo de Justiça.

Trecho dessa decisão revela que a denúncia havia sido recebida há mais de 11 anos e em 2011 já "se

encontrava fulminada pela prescrição".

Para chegar ao número de 33% de ações prescritas no STF, a reportagem considerou um total de 113

causas cuja tramitação foi encerrada de janeiro de 2007 a outubro de 2016. A lista de processos foi

fornecida pelo tribunal.

A corte trabalha com o número de 180 ações encerradas no período, porém a reportagem constatou que 67

acabaram por motivos alheios ao mérito, como congressistas que perderam foro no STF pois não se

reelegeram, morte do réu e desmembramentos.

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Das 113 ações encerradas, 37 tiveram a prescrição reconhecida pelo STF, muitas vezes a pedido da PGR

(Procuradoria Geral da República), e outras cinco resultaram em condenação, porém as penas também já

estavam prescritas.

Em um grupo de 41 ações, ou 36% do total, os ministros do STF decidiram, sozinhos, em turmas ou no

plenário, pela absolvição do parlamentar. Somadas todas as ações em que não houve nenhum tipo de

punição ao réu, o percentual chega a 96,5%.

Em apenas quatro houve condenação, atingindo sete políticos. Quatro foram condenados no mensalão a

regime fechado, porém em menos de um ano as penas foram mudadas para regime semiaberto, quando o

réu trabalha de dia e apenas dorme na cadeia, ou domiciliar.

Em outras duas ações, os dois condenados tiveram prisão em regime semiaberto. O quarto caso está sob

sigilo.

CÁLCULO

O cálculo para a prescrição considera a data da prática do crime e a pena máxima prevista. Quando o réu

completa 70 anos de idade, o prazo máximo cai pela metade.

Não há uma base de dados nacional que permita uma comparação com as prescrições em outras esferas.

O estudo "Justiça em números", divulgado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no mês passado, não

traz dados nacionais de prescrições.

Em 2012, o CNJ divulgou um balanço apenas sobre casos de corrupção e lavagem de dinheiro. Para cerca

de 25,7 mil casos desse tipo analisados à época, 2,9 mil prescreveram de janeiro de 2010 a dezembro de

2011.

Com o reconhecimento da prescrição antes da sentença, o mérito da acusação não chega a ser analisado.

No Senado, tramita desde 2013 uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do senador Álvaro Dias

(PV-PR) e relatada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que abole o foro privilegiado, com

exceção de ações sobre crimes de responsabilidade.

Randolfe leu na quarta (9) o relatório que apoia a extinção do foro, que classificou de "anacrônico".

Afirmou que os ministros do STF "em muitas ocasiões são submetidos ao constrangimento público de ter

que decidir ações penais cujos crimes já tiveram suas penas prescritas".

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MG - Operação 'Nota Zero' prende dois por

sonegação de impostos em Minas

Postado por José Adriano em 10 novembro 2016 às 12:00

Dois suspeitos de integrar uma organização criminosa especializada em sonegar impostos foram presos

em Minas Gerais nesta terça-feira (8). De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os

investigados criavam empresas de fachada utilizando nomes de pessoas inscritas em concursos públicos.

A dupla teria movimentado ilegalmente mais de R$ 17 milhões e os beneficiários no esquema seriam

grandes atacadistas do Ceasa, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Para combater o esquema fraudulento foi deflagrada a operação "Nota Zero", em que foram cumpridos

dois mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão em Belo Horizonte, Patos de Minas e

Confins. Os documentos foram expedidos pela Justiça de Patos de Minas.

Fraude

Com o auxílio da Secretaria de Estado de Fazenda (SEF) e da Polícia Civil, o MPMG investigou um

amplo e elaborado esquema de sonegação fiscal envolvendo a constituição fraudulenta de centenas de

microempreendedores individuais (MEI).

Segundo o órgão responsável pela ação, para a criação dessas pessoas jurídicas os suspeitos pegaram

indevidamente os nomes e os dados cadastrais de mais de 200 pessoas espalhadas pelo país. Essas

informações, conforme apurado, foram obtidas mediante acesso a bancos de dados de inscrições em

concursos públicos.

Participação

De acordo com o Ministério Público, a empresa de um dos presos na operação intermediava a venda das

mercadorias supostamente comercializadas pelos MEIs. Contudo, os produtos tinham como destino final

grandes atacadistas estabelecidos na região do Ceasa. O outro preso seria responsável por coordenar as

fraudes que beneficiavam os atacadistas.

Três promotores de Justiça, 17 auditores fiscais, um delegado de polícia e 22 policiais civis participaram

da operação.

http://hojeemdia.com.br/primeiro-plano/opera%C3%A7%C3%A3o-nota-zero...

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Ranger de dentes

"Não tenho o sentimento de que haja inocentes presos em

Curitiba", diz Barroso

8 de novembro de 2016, 19h45

"Não se muda o paradigma de impunidade fazendo mais do

mesmo", disse ministro Barroso, durante evento. Dorivan Marinho/SCO/STF

O ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, já sinalizou sua posição em relação aos

acusados na operação "lava jato". Em evento, nesta terça-feira (8/11), Barroso afirmou: “Há muito choro e

ranger de dentes, mas eu não tenho o sentimento de que haja inocentes presos em Curitiba”.

Em discurso para auditores dos tribunais de contas, em Brasília, o ministro falou sobre a operação que deu

fama ao juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Para Barroso, “não se muda o paradigma de

impunidade fazendo mais do mesmo”.

Segundo o ministro, a criminalidade econômica, principalmente quando envolve lavagem de dinheiro e

operações offshore, "exige técnicas modernas de investigação e adequado processamento do 'big data', isto

é, grandes quantidades de informação que precisam ser analisadas, armazenadas e acessadas com

facilidade".

Advogados apontam que as investigações sobre corrupção na Petrobras e no governo ignoram os limites

da lei ao, por exemplo, permitir grampos em escritório de advocacia, divulgação de interceptações

telefônicas envolvendo a presidente da República e a "importação" de provas da Suíça sem a autorização

necessária. Mas o Tribunal Regional Federal da 4ª deu uma espécie de “carta branca” para a "lava jato",

afirmando que os processos "trazem problemas inéditos e exigem soluções inéditas".

Recentemente, o jurista argentino Raúl Zaffaroni fez duras críticas à decisão da corte federal.

“Excepcionalidade foi o argumento legitimador de toda a inquisição da história, desde a caça às bruxas até

hoje, através de todos os golpes e ditaduras subsequentes. Ninguém nunca exerceu um poder repressivo

arbitrária no mundo sem invocar a ‘necessidade’ e ‘exceção’, mas também é verdade que todos eles

disseram hipocritamente estar agindo legitimados pela urgência de salvar valores mais elevados contra a

ameaça dos males de extrema gravidade”, escreveu, em artigo.

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Para o ministro Roberto Barroso, o devido processo penal não pode ser sinônimo de processo sem fim,

mas onde houver abuso, excesso ou desvio, "cabe aos tribunais restabelecer o primado da ordem

constitucional". O ministro alerta que nenhuma área do Direito envolve mais riscos para os direitos

fundamentais do que o exercício da pretensão punitiva pelo Estado.

*Texto alterado às 14h45 do dia 9 de novembro de 2016 para correção.

Economia

A economia brasileira à beira do precipício

por Carlos Drummond — publicado 14/11/2016 00h12

As previsões para o PIB pioram, as expectativas se frustram e o País afunda na austeridade radical do

governo Temer

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Antonio Pinheiro, Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas

Foi preciso que 120 bancos, gestores de recursos, distribuidoras, corretoras, consultorias e empresas não

financeiras confirmassem, na segunda-feira 31, a piora das expectativas econômicas para o noticiário abrir

uma brecha na produção incessante de notícias otimistas. Participantes da pesquisa Focus do Banco

Central, aquelas instituições aumentaram sua previsão anterior de queda do Produto Interno Bruto neste

ano, de 3,22% para 3,30%, e reduziram a projeção de expansão do PIB, em 2017, de 1,23% para 1,21%.

As revisões apenas confirmam as análises dos economistas preocupados com as graves consequências da

austeridade fiscal radical do governo, PEC 55 incluída, na intensificação da crise. Um desses efeitos é a

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queda vertiginosa da arrecadação federal de setembro em 8,27%, diante do mesmo mês de 2015. Foi o

menor recolhimento de impostos e tributos dos últimos sete anos, informou a Receita Federal.

A suposta melhora das expectativas dos empresários no início do atual governo, apoiada em presumidos

bons efeitos do arrocho fiscal na economia, não se confirmou. Ainda na segunda-feira, a Fundação Getulio

Vargas divulgou a queda da confiança em 15 dos 19 setores industriais pesquisados e a diminuição do

Índice de Expectativas do setor de serviços em 4,3 pontos, para 86,7 pontos, no maior recuo desde

setembro do ano passado. Esse rebaixamento, diz a FGV, sugere acomodação e o início de uma fase de

ajuste para baixo.

Os indicadores decepcionantes incluem o desemprego de 11,8%, segundo o IBGE. No terceiro trimestre, a

taxa foi 2,4%, a maior na crise atual. Não fosse o pequeno aumento da força de trabalho, em 0,8%, em vez

do 1,8% dos trimestres anteriores, “a taxa de desocupação atingiria 12,7%, isto é, muito além dos 11,8%

verificados pelo IBGE”, chama a atenção o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Isso

porque a taxa de desocupação é o porcentual de desocupados em relação ao total de integrantes da força

de trabalho.

A situação das empresas também é grave, com o recorde histórico de 244 pedidos de recuperação judicial

em setembro. No mês anterior, houve 137 solicitações e em setembro de 2015, 147. Nos primeiros nove

meses deste ano, o aumento acumulado chegou a 62% em relação ao mesmo período do ano passado.

Há diminuição generalizada na concessão de crédito, mas o encolhimento adquire maior magnitude para

as empresas, com recuos de 12,5% no primeiro trimestre, 13,9% no segundo e 16,4% no terceiro, mostram

dados do Banco Central e do Iedi. O crédito para a aquisição de veículos diminuiu respectivamente

20,4%, 14,5% e 7,8%. No crédito pessoal, houve retrações de 14,8%, 8% e 9,8%.

A contração dos financiamentos e as altas taxas de juro pioraram a situação financeira das firmas, com

grandes estragos a partir de 2010, mostra trabalho do Centro de Estudos do Mercado de Capitais do

IBMEC sobre o endividamento de 605 empresas não financeiras. Os dados agregados indicam

endividamento crescente entre 2010 e 2015, acompanhado de redução da relação entre geração de caixa e

despesas financeiras, com forte queda no ano passado, quando a geração de caixa passou a representar só

58% das despesas financeiras.

Os efeitos combinados da recessão, desvalorização cambial e queda dos resultados das vendas “fizeram

com que 49% das empresas apresentasse geração de caixa inferior ao valor das despesas financeiras,

porcentagem essa que era de 22,6% em 2010”. Dados do primeiro semestre de 2016 relativos somente às

companhias de capital aberto mostram um aumento da proporção com geração de caixa inferior às

despesas financeiras, de 50,2%, em 2015, para 54,9%, nos 12 meses terminados em junho de 2016. Essa

situação financeira resulta do crescimento do seu endividamento entre 2010 e 2016, combinado à queda

das vendas e redução da margem de geração de caixa, com ápice em 2015 a partir do agravamento da

recessão, do forte impacto da desvalorização cambial e da elevação da taxa de juros sobre o valor da

dívida e das despesas financeiras a ela associadas. “Com isso, metade das pesquisadas não tem conseguido

gerar caixa nem para cobrir as despesas financeiras.”

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Nas exportações, saída habitual para atenuar o efeito da queda das vendas internas, a situação é

problemática, avaliam os analistas do Iedi. O saldo da balança comercial em outubro, de 2,3 bilhões de

dólares, foi o menor desde fevereiro, inclusive quando aferido pela média por dia útil. A média diária de

exportações chegou a 686,1 milhões, com queda expressiva de 10,2% diante de outubro de 2015. Essa

piora recente pode ser “um sinal dos efeitos da valorização da taxa de câmbio, que ultrapassa 20% entre

janeiro e outubro, em termos nominais”. Há outro motivo de preocupação com o desempenho da balança

comercial. O recuo da importação de bens de capital em outubro e a queda da produção interna desses

bens em setembro, de 7,2% diante do mesmo mês no ano passado, mostra que “as perspectivas para o

investimento não são das melhores”.

Entre todos os setores empresariais, a indústria é acompanhada com especial preocupação por seu papel

estratégico na inovação, no aumento da produtividade e na geração de empregos de maior qualidade. Aí

também não há notícias alvissareiras. A produção industrial cresceu 0,5% em setembro, segundo dados do

IBGE. É pouco, diante da queda de 3,5% em agosto. Além de que a elevação se limitou a 9 dos 28 setores

acompanhados pela instituição.

“Dessa maneira, restam poucas dúvidas de que foi ruim o desempenho da indústria no terceiro trimestre

do ano. A queda de 1,1% diante do segundo trimestre de 2016 interrompeu, na série com ajuste sazonal,

uma trajetória de redução das perdas iniciada na virada do ano e que já começava a dar alguma esperança

de recuperação”, concluem os redatores do informativo Análise Iedi. A queda da produção da indústria

como um todo foi de 11,5% no primeiro trimestre, 6,6% no segundo e 5,5% no terceiro.

Melhores perspectivas dependem em grande medida de uma política econômica apropriada à recuperação,

mas daí não surgem sinais animadores. O oposto é verdadeiro. O arrocho fiscal atrofiou o BNDES, único

banco fornecedor de crédito de longo prazo a taxas viáveis para os investimentos das empresas. A

Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e a Federação das Indústrias de São Paulo

protestaram contra o pagamento antecipado ao Tesouro Nacional de 100 bilhões de reais transferidos ao

BNDES no governo anterior, mas o banco já respondeu que considera a medida essencial para melhorar o

desempenho fiscal e a confiança do mercado.

A quitação desidrata a linha de crédito Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame), o

dispositivo mais próximo de uma política industrial no País. Uma proposta de emenda constitucional em

tramitação no Senado prevê a retirada do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do banco público e

pretende-se liquidar a carteira da BNDESPar.

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Por temor de complicações com a Lava Jato, a instituição anunciou, no mês passado, a suspensão de

pagamentos e a revisão de 47 contratos de exportação de serviços de engenharia de empreiteiras

implicadas na operação, no valor de 13,5 bilhões de reais.

Receia-se o descarte definitivo das empreiteiras nacionais por meio de relicitações dos projetos com

contratação de construtoras estrangeiras. Um cálculo desta revista estima em 31 bilhões de reais o valor de

projetos aprovados de aeroportos, rodovias e mobilidade urbana, com capacidade de gerar 900 mil

empregos, parados porque o financiamento com o BNDES contratado com as vencedoras das licitações

não sai, por estarem envolvidas na Lava Jato.

A obstinação do governo em impor uma austeridade anacrônica e muito além da capacidade de absorção

da economia e da sociedade é garantia de perenização de uma crise, em boa medida, desnecessária.

*Reportagem publicada originalmente na edição 924 de CartaCapital, com o título "Um verso a partir da

dor". Assine CartaCapital.

Por que a vitória do republicano pode ser devastadora para

o futuro dos Estados Unidos e como sua eleição ameaça a

estabilidade política e econômica do mundo

João Lóes, Mariana Queiroz Barboza

11.11.16 - 09h43 - Atualizado em 11.11.16 - 17h28

Donald Trump já era um famoso empresário do ramo imobiliário nos Estados Unidos quando estreou um

programa de tevê em que demitia participantes até contratar o finalista. O jogo foi um sucesso e virou uma

franquia, ganhando versões inclusive no Brasil. Doze anos depois, o excêntrico apresentador de 70 anos

pediu aos americanos que o contratassem. Como presidente, ele traria de volta os anos de prosperidade.

Faria a “América grande de novo”. Os eleitores compraram essa ideia e o escolheram como o próximo

presidente do país, contrariando os prognósticos que davam como certa a vitória da experiente, mas

desgastada, Hillary Clinton.

Protestos começaram com estudantes de Oakland, Califórnia, e se espalharam por cidades como Nova

York, Chicago e Seattle. Nos cartazes, um convite para lutar contra o racismo (que atinge negros,

muçulmanos, imigrantes e outras minorias) que o presidente eleito tantas vezes propagou em comícios e

entrevistas. Para eles, Trump representa mais um perigoso degrau na escalada do ódio, que tem se

espalhado por diversos países. O voto pela ruptura com a União Europeia expôs profundo ressentimento

dos britânicos com os imigrantes e a globalização. A xenofobia travestida de nacionalismo impulsiona o

apoio crescente a radicais de extrema-direta, como Marine Le Pen, na França, e a Alternativa para a

Alemanha. No mercado financeiro, que apostava na vitória de Hillary Clinton, os principais índices caíram

com a ansiedade gerada na madrugada da quarta-feira 9. O peso mexicano despencou mais de 7%.

No último ano e meio, Trump surpreendeu o público de diversas maneiras. Desde que foi eleito,

surpreendeu de novo ao adotar um tom conciliador. “Serei presidente para todos os americanos”,

discursou em Nova York, momentos após a confirmação da vitória. “Trabalhando juntos, vamos começar

a tarefa urgente de reconstruir nossa nação e renovar o sonho americano.” Depois do encontro com Barack

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Obama na quinta-feira 10, o republicano afirmou que gostaria de ter o presidente como conselheiro,

marcando o início de uma transição pacífica, em contraste com a campanha mais polarizadora da história

recente do país. “Devemos a Trump uma mente aberta e uma chance de governar”, disse Hillary,

emocionada, ao reconhecer a derrota.

Ninguém sabe quem será o Trump presidente. Um estranho dentro de seu próprio partido, o empresário é

o primeiro presidente desde Dwight Eisenhower (general que governou entre 1953 e 1961) a se eleger sem

ter construído uma carreira política. Na corrida presidencial, mentiu sem pudor, inventou números,

escondeu sua declaração de impostos, prometeu coisas que estarão fora de sua alçada de poder. Na Casa

Branca, talvez ele seja um moderado – não é religioso como os membros do Tea Party –, talvez se iluda

com a confiança que recebeu.

Tamanha inconstância e falta de clareza também se manifestam no projeto de política internacional que

seu governo pode colocar em prática a partir de 20 de janeiro de 2017. “Trump é um homem

imprevisível”, diz Carol Graham, analista do Instituto Brookings. “Torço para que o dia-a-dia no governo

modere seu discurso e que as instituições funcionem para colocar limites no que ele pretende fazer.”

Pouco detalhado, o plano de Trump tem como mote a máxima “America First” (ou “América Primeiro”,

em tradução livre) e pode acabar com mais de sete décadas de protagonismo geopolítico americano pelo

mundo. Em linhas gerais, o plano prevê a retirada, nem sempre gradual, dos EUA da arena internacional

nas suas mais variadas frentes.

Com isso, o país que era visto como uma força de estabilidade passa a ser poço de instabilidade. Sob

Trump, os EUA podem encerrar mais de 20 anos de prosperidade econômica de seu maior aliado na

América Latina: o México. Para além do muro, que nos moldes propostos pelo republicano seria

impossível de construir, há perspectiva de revisão ou invalidação do Tratado Norte-Americano de Livre

Comércio, um dos grandes eixos de diálogo entre os dois países. “Uma relação que era excelente passará a

ser muito difícil”, diz Roberto Abdenur, embaixador do Brasil em Washington de 2004 a 2006 e membro

do conselho do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Em campanha, Trump chegou a dizer que

pretendia deportar dois milhões de criminosos mexicanos – um número que ninguém sabe, ao certo, de

onde veio.

A simpatia mútua de Trump e o presidente russo, Vladimir Putin,

pode ter reflexos na Síria. Washington tem apoiado os

rebeldes, mas Putin quer manter Assad no poder

Em linha com a agenda de rupturas, Trump também anunciou que pretende exigir que os 28 aliados que

compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma das mais bem sucedidas alianças militares

da história, paguem pela proteção que recebem dos EUA – isso também serve para o Japão, aliado

histórico que abriga mais de 20 bases americanas. O temor é de que, com o abandono dos americanos, a

China amplie sua área de influência e a Rússia ganhe força no Leste Europeu, anexando nações como

Estônia, Letônia e Lituânia, como já aconteceu com a Crimeia e partes da Ucrânia. “O que Trump parece

não entender é que proteger esses países não é um favor que o Pentágono faz”, afirma o embaixador

Abdenur. “Protegê-los é estratégico para o próprio país.”

Dos temas que mais preocupam os aliados tradicionais dos americanos, a boa relação com o presidente

russo, Vladimir Putin, ocupa o topo. “A Rússia foi um dos primeiros países a parabenizar Trump pela

vitória”, lembra Graham, do Instituto Brookings. “O presidente eleito admira Putin e Putin o admira.” A

simpatia mútua pode refletir nos rumos da Guerra da Síria. Nos últimos anos, os EUA apoiaram os

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rebeldes contra o presidente Bashar al-Assad, amigo de Moscou. Agora, há espaço para Washington

apoiar uma solução para o fim da guerra que inclua a manutenção de Assad no poder, hipótese que

horroriza a União Europeia e as instituições de defesa dos direitos humanos. Permitir a expansão da

influência russa no continente estaria em linha com a ideia de não intervenção que parece permear a

política externa de Trump e que pode se manifestar até numa das grandes bandeiras do republicano: o

combate ao grupo Estado Islâmico (EI). Como Trump tem mostrado pouca disposição para entrar em

novos conflitos, o entendimento entre os especialistas é de que seus esforços para derrotar os terroristas se

limitarão a dar continuidade à operação militar em Mossul, no Iraque, iniciada por Obama.

AUTÊNTICO

Trump subverteu a maneira de fazer campanha. Assumiu a figura de falastrão como sendo sua verdadeira

personalidade, sem máscaras. No meio do caminho, falou demais, ofendeu de mexicanos a deficientes

físicos. Reduziu mulheres às suas características físicas. Contrariou assessores, suprimiu o politicamente

correto. Desafiou a cúpula partidária, intimidou jornalistas e colocou em dúvida a credibilidade do sistema

eleitoral americano. No último debate com Hillary Clinton, chegou a sugerir que não aceitaria o resultado

das urnas se elas apontassem para a vitória da democrata. Investiu um terço do que Hillary colocou em

anúncios de tevê, mesmo porque também arrecadou bem menos dinheiro. Ela levantou US$ 513 milhões,

ele, US$ 255 milhões. Entre os poucos grupos que o apoiaram publicamente, o mais ruidoso foi a

Associação Nacional de Rifles, principal lobista da venda e do porte de armas no país – mas mais

importante que tudo isso: Trump ganhou muita mídia espontânea. Até março, quando ainda disputava as

primárias, recebeu o equivalente a US$ 2 bilhões em cobertura gratuita, nos cálculos do jornal The New

York Times.

O presidente eleito subverteu a maneira de fazer campanha.

Ao assumir a figura de falastrão, falou demais, mentiu,

ofendeu mexicanos, mulheres e deficientes físicos

Com esse aparato, a imagem de autêntico colou. Apesar dos inúmeros comentários sexistas que fez nos

últimos meses e durante toda a carreira – sobretudo, no período em que foi dono de concursos de beleza –,

Trump obteve mais da metade dos votos das mulheres brancas, uma fatia do eleitorado que se mantém fiel

ao Partido Republicano. Isso não dissipou, contudo, as desconfianças sobre o efeito que seu governo teria

nos direitos das mulheres. “A Presidência de Trump será devastadora para nós”, disse à ISTOÉ a texana

Gloria Feldt, presidente do “Take the Lead” (“Assuma a liderança”), movimento que incentiva a

participação feminina em posições de liderança. “A começar pela Suprema Corte. Ele vai nomear ao

menos um juiz, que deverá se opor aos direitos reprodutivos.” Segundo Gloria, isso inclui o aborto, mas

também se traduz em resistência a ações afirmativas, como uma legislação que garanta a igualdade de

remuneração entre homens e mulheres. “O futuro dos direitos femininos não estará no nível federal, mas

nos Estados”, afirma.

Os conservadores representados pelos republicanos, que agora também têm maioria na Câmara e no

Senado, foram muito questionados ao longo do último ciclo eleitoral. A transformação demográfica pela

qual os EUA passam, com o aumento da proporção das minorias na população, é considerada prejudicial

ao partido, fortemente ligado aos homens brancos. “Os democratas confiaram muito que haveria uma onda

de votos latinos”, afirma Sherry Jeffe, professora da Universidade do Sul da Califórnia, uma das poucas

instituições que previu a vitória de Trump. “Mas isso vai demorar mais tempo para acontecer do que eles

gostariam.” Sherry argumenta que os jovens latinos são cada vez mais significativos dentro do eleitorado

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americano e, em geral, eles se identificam mais com os democratas. O problema é o comparecimento às

urnas: Hillary não era a candidata que os faria sair de casa para votar.

“Nós devemos ser capazes de resolver o problema

fiscal do Brasil sem aumento de impostos. Ponto”

Com um olho na votação da PEC 241 no Senado e o outro na elaboração da reforma da previdência,

o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, promete muito diálogo para convencer a sociedade da

necessidade dos ajustes. Meirelles falou à DINHEIRO na segunda-feira 7, em seu gabinete, em

Brasília.

11/11/2016 17:00

// Por: Luís Artur Nogueira

Qual é o cronograma ideal: aprovar a PEC dos gastos no Senado e depois apresentar a reforma da

previdência ou as duas coisas simultaneamente? Essa foi uma discussão importante há alguns meses, mas agora já estamos na fase final da PEC. O

cronograma prevê a votação em primeiro turno no Senado no dia 29 de novembro e o segundo turno no

dia 13 ou 14 de dezembro. Em dito isso, a apresentação da Reforma da Previdência pode ser feita um

pouco antes ou um pouco depois, pois a essa altura tem menos relevância. Pode ser feito, por exemplo, no

início de dezembro, um pouco antes da votação em segundo turno ou logo depois do segundo turno. Não

serão uma ou duas semanas que farão diferença. O importante é que o projeto já está em andamento. Nós

estamos fazendo uma agenda intensa de trabalho para a Reforma da Previdência, a essa altura com a

participação do presidente Temer, do ministro Padilha, do secretário da previdência, Marcelo Caetano, e

também de alguns técnicos da Casa Civil. Está indo muito bem. Acreditamos que até o final deste mês ou

início de dezembro já teremos a proposta pronta para ser apresentada. Ela está em elaboração, mas muito

avançada.

Qual é a maior dificuldade da Reforma da Previdência Social? Não acredito que tenha dificuldade específica, não. O que acontece é que é uma emenda constitucional

importantíssima e complexa. Lida com uma vasta gama de assuntos e com várias implicações de ordem

constitucional. É a idade mínima, sim, mas a questão da transição. Depois tem a questão das pensões,

dupla pensão, pensão por morte etc. É um projeto complexo que afeta diretamente as pessoas e, portanto,

tem de ser tratado com muito cuidado e de uma forma que vai muito além de simplesmente achar uma

fórmula tecnicamente correta. Isso demanda um expressivo número de conversas, negociações, inclusive

com centrais sindicais. Mesmo quando não se chega a um acordo, é importante que haja a negociação com

setores da sociedade. Hoje estamos amadurecidos já fazendo a proposta. Mesmo em países muito

conservadores e com a tradição histórica de seriedade fiscal, como é o caso da Alemanha, o projeto de

Reforma da Previdência demorou um longo tempo, complexo, foi muito debatido como deve ser. Normal.

Eu recebo às vezes e-mails interessantes de algumas pessoas. Não muitos. Até esperava muito mais. Um

dizia o seguinte: “eu já fiz plano durante muito tempo de me aposentar aos 54 anos e agora, com essa

reforma, eu vou ter de trabalhar mais alguns anos e eu não gosto desta ideia, pois afinal de contas eu não

gosto de trabalhar. Eu prefiro me aposentar e gozar a vida”.

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O que o sr. responde? É muito simples. É mais importante para você ter a oportunidade de se aposentar um pouco mais cedo e,

talvez, receber ou ter a certeza de que vai receber a aposentadoria mais tarde?

E tem réplica ou tréplica? Não.

Será a batalha de comunicação mais difícil de todas? Eu acho que sim. É assim em qualquer país. Se você olha a experiência de países que já fizeram, de países

europeus, é um desafio importante do ponto de vista da comunicação, pois atinge todas as pessoas. Levar

esse outro lado da questão de que alguém paga tudo isso e que esse alguém, em última análise, é você

mesmo. Aliás, nesse aspecto é didático o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde para manter a

previdência pública dos funcionários do Rio de Janeiro, o governo teve de aumentar a contribuição para

que haja fundos para pagar. Essa ideia de que aquilo alguém recebe alguém paga é a ideia que começa

com a PEC dos gastos. Por isso, eu acho que a aprovação da PEC dos gastos antes é fundamental. Quando

todos entendem que as despesas públicas não podem subir sem controle, daí as contas ficam simples. Se

não fizer a Reforma da Previdência, a Previdência vai ocupar, no devido tempo, todo o espaço adicional

do teto dos gastos e vai passar a comprimir as outras despesas. É muito fácil primeiro para os

parlamentares entenderem isso e depois para a população em geral.

Qual análise que o sr. faz do pacote do Rio de Janeiro? Acho que é um pacote necessário, não há dúvida. Não nos compete discutir os detalhes do pacote, se a

questão aqui é o imposto que subiu ou o problema dos funcionários. Mas é um pacote responsável e eu

acho que o Rio de Janeiro é, evidentemente, um dos Estados que estão em situação pior, mais dramática.

Por outro lado, mostra uma disposição importante, uma coragem do governo de enfrentar o problema. É

um bom exemplo, inclusive, para os demais Estados.

Vocês vão usar esse exemplo na batalha de comunicação? Sim, não há dúvida. O governo não vai entrar necessariamente na batalha da comunicação do Rio de

Janeiro, que já está fazendo um grande trabalho nesse aspecto, mas certamente é um exemplo de que não

há recurso público que, em última análise, não seja pago pelos contribuintes. Quem prove os recursos

públicos para financiar qualquer despesa pública são os contribuintes, seja através de imposto, seja através

de dívida, financiando o governo através da compra de títulos do Tesouro Nacional.

Os governadores estão ligando muito para o sr. pedindo ajuda? Não.

Não ligam por que o sr. não vai ajudar ou por que eles não estão precisando? São duas coisas diferentes. Os Estados estão numa situação financeira muito difícil. Só que já tem um viés

quando se diz que eles precisam de ajuda da União. Não. Eles precisam fazer planos de ajuste muito

sérios. Fui procurado várias vezes no início do processo e logo depois da renegociação da dívida dos

Estados com a União e a minha resposta é muito simples. Todos os brasileiros, sejam consumidores,

trabalhadores, empresários, governos dos Estados, dos municípios e federal, estão tendo problemas

financeiros graves, produtos da crise econômica que leva à queda da arrecadação, do faturamento etc.. A

solução para todos está no aumento da atividade econômica, que vai levar ao aumento da arrecadação. E,

para isso, nós temos de controlar o déficit público federal, que é a raiz de todos esses problemas. Se para

tentar evitar ou mitigar os efeitos da doença, nós aplicamos um tratamento que pode mitigar alguns

efeitos, mas piora a doença, nós estamos, em última análise, piorando a situação do paciente.

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No problema fiscal dos Estados, a culpa é da crise ou foi má gestão? Acho que são as duas coisas. A crise é o que agudiza o processo. Não há ente público em qualquer país do

mundo que passe imune a uma recessão com contração de produto (PIB) ao redor de 7% em dois anos.

Não há como, levando em conta, inclusive, que a arrecadação cai mais que o PIB. É só ver a série

histórica. Quando o PIB sobe, a arrecadação também sobe mais. Então, nesse sentido, é necessário um

aumento da arrecadação, que é consequência do aumento da atividade econômica.

E não do aumento de impostos? Não do aumento de impostos porque, no momento em que a atividade econômica está caindo, a história

mostra que aumentar a tributação com a economia em queda, como estamos, isso piora a atividade

econômica e, em consequência, cai a arrecadação. Nós precisamos ter cortes de despesas. Poderia-se, em

tese, falar em aumento de imposto depois de um período razoável de crescimento, se for o caso, porque a

tributação no Brasil, de qualquer maneira, é muito alta.

Quanto é um período razoável? Nós devemos ser capazes de resolver o problema fiscal do Brasil sem aumento de impostos. Ponto. É pior

numa hora de contração. É contraindicado em recessão. Por outro lado, a tributação brasileira é alta em

comparação com todos os países com igual nível de renda e, portanto, já começa atingir limites de

eficiência. A ideia no geral é que seja possível, a médio e longo prazo, termos uma queda nas despesas

públicas brasileiras como percentagem do produto (PIB) e, numa etapa seguinte, uma queda da dívida

pública como percentagem do produto sem aumento de impostos. Em dito isso, não há nenhuma postura

ideológica contra aumento de impostos. Se por qualquer razão for necessário, o governo está disposto a

fazer. Agora, a nossa visão é de que não é necessário e seria negativo neste momento.

Os empresários pleiteiam um novo Refis. Há alguma chance? No momento, não. Não estamos estudando isso, inclusive porque o Refis tem algumas vantagens, permite

uma renegociação das dívidas, alivia a situação das empresas e muitas podem começar a pagar, mas por

outro lado o Refis tem funcionado no Brasil como um grande incentivo para as empresas não pagarem

impostos, esperando o próximo Refis. Então, no momento em que você começar a reestrutura as dívidas

tributárias em condições favoráveis, alguém que está pagando em dia vai questionar por que eu sou o

punido, pagando à vista, sem desconto, sem taxas favoráveis para beneficiar outros. Então não vou pagar

também e aguardar o próximo Refis. Então é importante que essa mensagem seja claramente dada. Com a

atividade econômica se recuperando, com o tempo as companhias aumentam as vendas e a receita, e

voltam a pagar os impostos.

Mesmo o fato de ser a maior recessão da história não justificaria um Refis? O problema é que para sairmos desta recessão nós precisamos cortar as despesas primárias e arrecadar

mais tributo. Para isso, é importante que a meta de primário seja atingida neste e nos próximos anos. E,

portanto, é fundamental que não haja neste momento nenhum incentivo a esse tipo de concessão, inclusive

porque a experiência recente do Brasil mostra que esse expediente de Refis, isenções e desonerações,

exaustivamente usado nos últimos anos, não aumentou a atividade econômica. Acho que já chegamos no

limite para isso.

Os exportadores querem saber se o governo vai deixar o dólar baixar de R$ 3... A experiência mostra que diversos países têm fracassado em tentativas de controlar a taxa de câmbio,

inclusive o Brasil. O Brasil tentou isso na segunda metade da década de 90 e acabou tendo que abandonar

o sistema em 99, inclusive quando o mercado passou por cima do Banco Central. O Banco Central fixou

uma banda e o mercado apostou contra e ganhou, repetindo o que já tinha acontecido no Reino Unido,

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onde existia um câmbio fixo e o mercado apostou contra e ganhou. Esse episódio, inclusive, fez a fama e a

fortuna do George Soros. Há exemplos na Argentina. É inevitável que, principalmente em países que

tenham câmbio livre, metas de inflação, preços livres e mercados funcionando normalmente, você não

consiga controlar um preço chave da economia, o câmbio, que é produto de um fluxo enorme de

transações. Países que têm regime fechado conseguem controlar várias coisas, até o câmbio. Só que esses

países fechados tendem a ter uma administração extremamente ineficiente da economia e, portanto,

terminam por, gradualmente, ter de abandonar não apenas o câmbio, mas todo um controle. Quanto mais

sofisticada vai se tornando uma economia, mais necessária é a abertura dos mercados para uma melhor

fixação de preços, aumento da eficiência etc. É normal que o governo vá cada vez intervindo menos. Nós

temos visto isso em diversos países do mundo, inclusive hoje em dia. Mas o fato concreto é que não é

viável esse controle do câmbio por um período prolongado. Pode ser temporariamente. Além disso, a

história mostra que têm grandes saltos comerciais são países muito eficientes e alguns deles com o câmbio

livre e até valorizados, como é o caso da Alemanha. A Alemanha, com o euro, consegue saldos comerciais

enormes e não está pensando em fazer uma desvalorização competitiva do euro para crescer o PIB.

Portanto, a solução para o Brasil não é tentar resolver o problema da baixa produtividade via intervenção

no mercado de câmbio, mas, sim, endereçar a questão da baixa produtividade.

E aí entra a infraestrutura, que no caso da Alemanha é ótima? Você tem toda a razão. É o grande problema. O custo do transporte no Brasil é muito elevado. Se

comparar com outros países, o Brasil está bem atrás, junto com países notoriamente deficientes nesta área.

E mesmo pior do que alguns vizinhos. O custo de energia, também. São dois insumos fundamentais,

energia e transporte. Tudo isso faz com que o investimento em infraestrutura seja fundamental. O

programa já está em andamento e é prioridade. Mas existem outras questões como uma que o Banco

Mundial chama de Ease of Doing Business e que eu estou chamando de produtividade da economia. O

Brasil está na posição número 123. É difícil produzir no Brasil. E caro. Tem questões trabalhistas e de

toda ordem. Há um número enorme de pequenos itens como licença de Corpo de Bombeiros municipal e

registro do estatuto em juntas comerciais. Nós já fizemos um acordo com o Banco Mundial, em

Washington, para fazer um grupo de trabalho formado por especialistas do Banco Mundial nessas medidas

e soluções, e o Ministério da Fazenda. Já começamos esse trabalho. Vamos, nas próximas semanas, definir

os itens para atacar um a um. É uma desburocratização ampla.

Todo governante fala em desburocratização. Por que vai ser diferente agora? É a mesma pergunta que faziam com a PEC. Havia desconfiança. Eu digo que o País já está preparado

para isso. A crise gerou demanda por mudanças. Em segundo lugar, a capacidade de negociação deste

governo e o apoio que ele tem no Congresso é sem paralelo na história recente do Brasil. É um governo

que tem no seu comando ex-parlamentares com grande trânsito no Congresso.

O Brasil rever o tamanho das reservas cambiais, que têm um custo fiscal? Isso é algo relativo ao Banco Central. Eu, como ex-presidente do Banco Central, respeito muito as

prerrogativas do Banco Central. É, evidentemente, uma decisão muito complexa na medida em que, de um

lado, as reservas têm custo e, de outro lado, você tem uma garantia de estabilidade nos mercados cambiais.

Isso é difícil de medir. É aquela história. Você sabe quando você tem estabilidade cambial. Você sabe

quando você não tem. No meio, é difícil. A partir de qual valor de reserva você perde? É difícil de medir.

Existem estudos teóricos, mas não são testados na prática. A grande verdade é que, de fato, é caro, mas,

por outro lado, eu me lembro do ex-ministro Mario Henrique Simonsen que dizia que inflação aleija e

câmbio mata. Então significa que não se brinca com câmbio. Basta lembrar das crises cambiais.

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Como o sr. está acompanhando a mudança nos Estados Unidos? Evidentemente qualquer mudança de orientação por parte dos Estados Unidos afeta o mundo todo.

Acompanhamos com atenção, esperando que não haja ações posteriores que possam criar problemas para

o restante do mundo de qualquer ordem, seja militar, seja econômica. Evidentemente um programa de

descontinuação das negociações de abertura comercial é negativo para todo mundo, inclusive, para os

próprios Estados Unidos. Eu acho que a abertura comercial beneficia a todos. Em dito isso, o importante é

que nós estejamos preparados para qualquer situação que possa evoluir nos Estados Unidos, na Europa ou

no Oriente Médio.

Há alguma crise à vista no mundo? Alguns fundos de investimentos começam a falar que a próxima crise poderia ser maior que a de 2008,

criada pelo excesso de liquidez no mercado. Eles já estão preocupados com isso. E o que o Brasil vai

fazer? Só podemos fazer uma coisa. Estar com a economia bem preparada para isso. Por que o Brasil se

saiu bem na crise de 2008? Porque a economia estava bem, crescendo, e o fiscal estava em ordem. A

inflação estava ancorada, tínhamos reservas, depósito compulsório e um sistema financeiro sólido. Por

isso precisamos do ajuste fiscal.

Quando o Brasil pode retomar o grau de investimento? Acho que vai depender muito da velocidade do ajuste fiscal. Uma aprovação da PEC neste ano, como

projetamos, e a Reforma da Previdência no ano que vem e outras complementares que serão importantes,

além das medidas de aumento de produtividade etc., tudo isso eu acho que pode levar, sim, à volta do grau

de investimento. Eu tenho uma atitude para isso, desde quando eu trabalhava no setor privado, numa

instituição que também tinha rating. Minha preocupação não é a agência de rating. Eu faço o meu trabalho

e deixo que as agências façam o trabalho delas. E o tempo das agências é o tempo das agências e o meu

tempo é o meu tempo. E isso tem dado muito certo. Tanto que eu fui uma das primeiras pessoas no

governo que recebeu a notícia de que o País havia se tornado investment grade, em 2008. Me ligaram num

gesto de deferência porque eu tenho excelentes relações. A minha ideia é a seguinte: quanto mais cedo,

melhor. Eu entendo o trabalho deles, que tem que ser bem feito. No fundo, eles têm de avaliar o que nós

estamos fazendo aqui. Já foi resolvido o problema, isto é, as medidas fundamentais de ajuste já foram

tomadas? A trajetória das despesas públicas já entrou numa decrescente em relação ao PIB? Os projetos

de produtividade estão em andamento? A economia já está crescendo? Então, eu tenho certeza de que, na

hora em que o País estiver funcionado bem, as agências vão simplesmente bater o carimbo.

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Leia mais em "O olhar de Meirelles para 2017"

dez horas

Justiça manda Gol indenizar família que comeu só biscoitos durante voo

Empresa não teria disponibilizado refeições adequadas em

viagem de férias para Punta Cana, na República

Dominicana

Gol terá que indenizar família em R$ 26 mil

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PUBLICADO EM 07/11/16 - 13h33

Agência Estado

Uma família de Itajaí, em Santa Catarina, vai ser indenizada em R$ 26 mil pela companhia aérea Gol. A

empresa não teria disponibilizado refeições adequadas em viagem de férias para Punta Cana, na República

Dominicana. O caso ocorreu no réveillon de 2012.

A família embarcou em Curitiba pela manhã e desembarcou em Guarulhos onde faria a conexão para o

destino final. Mas o voo atrasou e todos tiveram que permanecer por duas horas dentro da aeronave até a

decolagem, sem acesso à alimentação adequada.

A viagem até Punta Cana durou mais sete horas.

A 1.ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina manteve a condenação, por

unanimidade, da companhia aérea na terça-feira 25 de outubro. Para o relator da apelação (número

0001262-52.2014.8.24.0033), desembargador Jorge Luiz de Borba, "além de não cumprir com suas

obrigações de assistência material no atraso, a empresa deixou de oferecer alimentação adequada e

proporcional ao tempo de espera".

"Os autores anexaram ao processo registros de outros consumidores, que estavam na mesma viagem, na

página eletrônica 'reclame aqui', especializada nesse tipo de controvérsia, confirmando os fatos", concluiu

o magistrado.

Jorge Luiz de Borba destacou que a companhia aérea "somente poderia se isentar dos danos morais caso

comprovasse culpa exclusiva da vítima ou motivo de força maior, o que não foi provado".

A Gol Linhas Aéreas informou que não comenta decisões judiciais.

A Jornada de Trabalho do Motorista Está

Regulamentada e Deve ser Obedecida

07/11/2016 Portal Tributário

Conforme a Lei 12.619/2012, alterada pela Lei 13.103/2015, integram esta categoria profissional os

motoristas de veículos automotores cuja condução exija formação profissional e que exerçam a profissão

nas seguintes atividades ou categorias econômicas:

I – de transporte rodoviário de passageiros;

II – de transporte rodoviário de cargas.

A jornada de trabalho do motorista é de 8 horas diárias e 44 horas semanais (art. 7º inciso XIII da CF), salvo

disposição mais favorável em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

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Poderá ser prorrogada a jornada de trabalho por até 2 horas extraordinárias, sendo considerado como

trabalho efetivo o tempo que o motorista estiver à disposição do empregador, excluídos os intervalos para

refeição, repouso, espera e descanso.

A convenção e acordo coletivo poderão prever jornada especial de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta

e seis) horas de descanso nos seguintes casos:

Em razão da especificidade do transporte;

Em razão de sazonalidade;

Em razão de característica que o justifique.

Portanto, havendo excesso de jornada de modo a violar a previsão legal, o empregador poderá ser condenado

ao pagamento não só do valor das horas extraordinárias, mas também de danos morais, conforme notícia

recente publicada no TST que condenou a empresa por impor jornada exaustiva ao empregado, conforme

abaixo.

TRANSPORTADORA É CONDENADA POR IMPOR JORNADA DE TRABALHO EXAUSTIVA

A MOTORISTA

Fonte: TST – 07/11/2016 – Adaptado pelo Guia Trabalhista

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho restabeleceu sentença que deferiu R$ 25 mil de

indenização por dano moral a um empregado de uma empresa paulista de cargas, que realizava jornada de

6h às 20h e ainda tinha o intervalo intrajornada reduzido parcialmente. Ele exercia na empresa as funções

de motorista de rodotrem, transportando ácido sulfônico, em escala 4×2.

Veja jurisprudência recente sobre a referida escala:

AGRAVO DE INSTRUMENTO . HORAS EXTRAS. JORNADA DE 12 HORAS NA ESCALA 4X2.

PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. Demonstrada a afronta ao artigo 7º, XIII, da

Constituição da República, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento, a fim de determinar o

processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE REVISTA HORAS EXTRAS. JORNADA DE 12

HORAS NA ESCALA 4X2. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE. 1. Nos termos da

jurisprudência pacífica desta Corte superior, consagrada na Súmula n.º 444, admite-se,

excepcionalmente, a jornada diária de doze horas de trabalho, desde que na escala de 12 por 36 e

somente se adotada mediante norma coletiva ou por força de previsão legal, porquanto considerada,

nestes termos, deveras benéfica ao trabalhador. 2. Inválida, por conseguinte, a referida jornada de doze

horas de trabalho diário se não observados tais requisitos. Nesse sentido, a jornada de trabalho de doze

horas na escala 4×2, ainda que prevista em norma coletiva, não encontra respaldo no artigo 7º, XIII, da

Constituição da República, porquanto sempre extrapola a jornada diária e semanal sem haver

compensação. 3. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST – RR: 2543009020095020046. Data de

Julgamento: 09/03/2016, Data de Publicação: DEJT 11/03/2016).

A verba indenizatória, fixada inicialmente pela Vara do Trabalho de Indaiatuba (SP), havia sido excluída

pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (SP). No entendimento regional, a empresa somente

tem obrigação de reparar dano moral quando o empregado demonstrar os prejuízos decorrentes de ato

ilícito do empregador.

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Em recurso de revista para o TST, o motorista sustentou que o trabalho extenuante “é prejudicial ao

trabalhador, em função da fadiga e cansaço, podendo ser causa para acidente de trabalho ou acarretar

doença profissional”. Ainda segundo ele, a situação “afeta o convívio familiar e produz danos diretos a

seu lazer, saúde e segurança”.

Segundo o relator que examinou o recurso, ministro Alberto Bresciani, “a sociedade brasileira assumiu

solenemente perante a comunidade internacional o compromisso de adotar uma legislação trabalhista

capaz de limitar a duração diária e semanal do trabalho”. Em sua avaliação, as regras de limitação da

duração da jornada semanal “têm importância fundamental na manutenção do conteúdo moral e

dignificante da relação laboral, preservando o direito ao lazer, previsto constitucionalmente”.

Para o magistrado, é fácil perceber que o descumprimento das normas que limitam a duração do trabalho

pelo empregador “não prejudica apenas os seus empregados, mas tensiona para pior as condições de vida

de todos os trabalhadores que atuam naquele ramo da economia”.

Reconhecendo a ocorrência do dano moral, o relator restabeleceu a sentença que condenou a empresa

indenizar o trabalhador com R$ 25 mil pelo dano causado. A decisão foi por unanimidade. Processo: RR-

3030-13.2013.5.15.0077.

Belo Horizonte é a 4ª capital mais endividada

A capital mineira ficou depois de Cuiabá e da vice-líder, Rio de Janeiro, de acordo com

estudo feito pelo Tesouro Nacional envolvendo longa análise das contas públicas de 24

capitais. São Paulo é a mais endividada entre as metrópoles brasileiras

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Capital mineira gastou 47,8% com pessoal, ficando distante do grupo das nove cidades reprovadas (foto:

Leandro Couri/EM/D.A Press)

Brasília – Estudo feito pelo Tesouro Nacional envolvendo longa análise das contas públicas de 24 capitais

indicou a cidade de São Paulo como a mais endividada entre as metrópoles brasileiras. Belo Horizonte

ficou em quarto lugar, depois de Cuiabá e da vice-líder, Rio de Janeiro, de acordo com boletim divulgado

ontem. Para definir o ranking, o Tesouro considera o endividamento medido pela relação entre a dívida

consolidada de cada capital e a receita corrente líquida, relativas a 2015. No caso de São Paulo, o

indicador foi de 204,3% e para a capital mineira, a dívida consolidada, que reúne todas as fontes de

endividamento, representou 53% da receita.

Em segundo lugar, o Rio teve uma relação de 87,73% entre as duas contas. “São Paulo aparece em

primeiro lugar isoladamente como o ente mais endividado entre as capitais”, reforça o documento do

Tesouro Nacional. A capital com melhor indicador é Macapá (AP). A média entre as capitais é de 36,68%.

BH contou com receite corrente líquida de R$ 8,394 bilhões no ano passado, sendo de 48% a parcela de

arrecadação própria, de R$ 4,042 bilhões, incluídos os tributos ISS, incidente sobre as operações relativas

aos serviços, e IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano (veja o quadro).

As despesas da cidade somaram R$ 8,128 bilhões, dos quais R$ 3,883 bilhões consistiram nas despeas

com pessoal. O endividamento da capital mineira somou R$ 4,128 bilhões, dos quais 65% se referiram a

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contratos com bancos no país, principalmente o Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal. Outros 25,8% foram contraídos junto ao

Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os precatórios representavam 9%

do total, ainda de acordo do Tesouro Nacional.

O Tesouro Nacional divulgou o quadro fiscal dos 146 maiores municípios do país, com população

superior a 200 mil habitantes em 2015. O relatório mostra que nove entre 24 capitais brasileiras

consideradas tiveram gastos com pessoal acima do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal

(LRF). A norma permite que os estados e municípios gastem 60% de sua Receita Corrente Líquida (RCL)

com o pagamento da folha dos três poderes.

BH ficou na 22ª posição, com gastos de 47,8% relativos a pessoal. No topo está Macapá (AP), que gasta

acima de 75% de sua receita com pessoal. Estão na lista também Rio de Janeiro, Florianópolis, Natal,

Maceió, João Pessoa, Porto Velho, Campo Grande e Goiânia. Em relação ao outro indicador de saúde

fiscal da LRF, que considera o nível de endividamento, o maior comprometimento da receita com a dívida

consolidada líquida está em São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá, nessa ordem.

SÉRIAS DIFICULDADES O relatório do Tesouro Nacional mostra que as grandes cidades do país

apresentaram sérias dificuldades fiscais no ano passado: em relação a 2014, as receitas correntes subiram

6,81% ou R$ 15,68 bilhões, bem abaixo da inflação acumulada no período, de 10,67%. Segundo o estudo,

os principais impostos arrecadados pelos prefeitos, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)

e o IPTU tiveram, ambos, quedas reais (descontada a inflação).

As despesas correntes e de capital subiram, em termos nominais, 5,99% e 2,28%, respectivamente. Os

gastos com pessoal aumentaram 8,29% e as despesas com juros e encargos da dívida tiveram uma queda

de 24,7%, influenciada por forte redução desse gasto no município de São Paulo.

A despeito dos problemas financeiros de vários estados brasileiros, as principais capitais do País ainda

mantêm a capacidade de honrar seus compromissos. O relatório do Tesouro Nacional traz – de forma

ilustrativa – notas de rating (classificação do risco de calote) para os municípios listados, com base em

seus níveis de endividamento e o custo do serviço de suas dívidas. Belo Horizonte e Porto Alegre

receberam notas B do Tesouro, enquanto os governos estaduais do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que

também têm passado por problemas de caixa, passaram de D+ em 2015 para D neste ano. Notas C e D

foram consideradas de alto risco fiscal.

Responsabilidade conjunta

Uber é condenada a pagar R$ 12 mil porque motorista

errou o caminho

7 de novembro de 2016, 19h37

Por Brenno Grillo

Apesar de não prestar diretamente um serviço, a Uber é responsável pelos atos de motoristas que usam seu

aplicativo. Assim entendeu o juiz Manoel Aureliano Ferreira Neto, do 8º Juizado Especial Cível e das

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Relações de Consumo de São Luís (MA) ao conceder indenização de R$ 12 mil a uma mulher que perdeu

seu voo porque o condutor do veículo que a levava ao aeroporto errou o caminho.

A defesa da autora, feita pelo advogado Bruno Duailibe, pediu a indenização por entender que foi um

erro do motorista que gerou todo o problema. A mulher ia do Rio de Janeiro para São Luís, mas o

condutor do carro errou o caminho para o aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador — e ela não pôde

embarcar.

Segundo a defesa da Uber, a cliente contribuiu para a perda da viagem, por ter contratado o serviço menos

de duas horas antes da decolagem do avião, contrariando indicação da Agência Nacional de Aviação Civil,

que pede aos passageiros que cheguem aos aeroportos 120 minutos de antecedência ao horário

determinado pela companhia aérea.

O argumento não foi aceito pelo juiz. Ele ressaltou que as informações dos autos mostram que a

passageira solicitou o transporte dentro do período suficiente (duas horas) para chegar ao aeroporto. O

julgador também citou que a própria Uber confirmou o erro do motorista a seu serviço, pois enviou uma

mensagem informando que estornaria a diferença entre o total cobrado e o montante que realmente seria

cobrado se o condutor não tivesse errado o caminho.

Para Ferreira Neto, não há o que falar em culpa concorrente, como alegou a Uber. “Na relação de

consumo, não há a figura de culpa concorrente”, explicou, detalhando que o Código de Defesa do

Consumidor limita a falta de obrigação das empresas em arcar com eventuais prejuízos a duas hipóteses: o

defeito citado não existir ou a culpa for exclusivamente do consumidor ou de um terceiro.

O juiz afirmou ainda definição de culpa do fornecedor é clara no CDC, principalmente no artigo 14 do

código: o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos

danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Ferreira Neto aproveitou sua decisão para dar algumas "dicas" à Uber. “Deveria, como deve, corrigir os

seus defeitos, a fim de que os seus serviços não venham a ser questionados judicialmente, ou mesmo

extrajudicialmente [...] Particularmente, sou um cliente contumaz dos serviços prestados pela Uber,

sobretudo quando estou em São Paulo. Porém, não gostaria de ser vítima de vícios de prestação de serviço

dessa natureza”, aconselhou o juiz.

Lei trabalhista britânica Cada vez mais a Justiça aproxima a Uber e seus motoristas. No fim de outubro, a dona do aplicativo foi

condenada no Reino Unido por descumprir a legislação trabalhista britânica. A companhia deverá pagar os

motoristas a partir do salário mínimo, além de férias.

A condenação ocorreu depois que dois motoristas que trabalham usando aplicativo pediam diferenças

salariais. Eles calculavam seu horário de trabalho a partir do momento em que passavam a rodar com o

carro. Já a empresa calculava apenas o período em que eles estavam efetivamente prestando serviço a

algum cliente. A Uber disse que vai recorrer da decisão.

Clique aqui para ler a decisão emitida no Brasil.

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

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Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 19h37

Bastidores maranhenses

Promotor que investiga Roseana Sarney diz ter combinado

estratégia com juíza

7 de novembro de 2016, 19h20

Por Marcelo Galli

O promotor que acusa a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney de participar de um esquema de

desvios de verbas disse ter combinado estratégias do processo com a juíza do caso. Advogados se

mostraram incomodados com a situação e o Ministério Público maranhense já saiu em defesa do servidor

público.

Foi durante uma coletiva de imprensa na última quinta-feira (3/11) que o promotor Paulo Roberto Barbosa

Ramos fez referência trato com a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leire, da 8ª Vara Criminal da Comarca

da Ilha de São Luís. Questionado se havia pedido cautelarmente a prisão de alguém, o promotor afirmou:

“Eu não disse que não fiz. Eu fiz. Eu só não quero antecipar, porque perde o sentido. Já que vai ser

decidido na sexta, até pelo acordo que fiz com a juíza, então vou esperar a manifestação em respeito a

ela”. (Veja o vídeo abaixo)

No início da coletiva, o procurador-geral de Justiça do Maranhão, Luiz Gonzaga Martins Coelho, chegou

a dizer que a força tarefa que investigou o esquema, coordenada por Ramos, teve a participação de

magistrados. Segundo Coelho, a investigação era integrada pelo “procurador-geral do Estado, a Secretaria

de Fazenda, por magistrados, por delegados e delegacias especializadas, enfim, por vários organismos”.

As falas incomodaram a advocacia. O procurador nacional de defesa das prerrogativas do Conselho

Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Charles de Menezes Dias criticou: “Se for

verdadeira a afirmação do procurador-geral, já se pode perceber o total aniquilamento do direito de defesa

e o absoluto desequilíbrio da paridade de armas”.

Por causa da repercussão, o MP-MA já saiu em defesa de Ramos e defendeu que a investigação foi

imparcial. Em nota publicada no site do órgão no sábado (5/11), o MP diz que denúncia foi fruto de

investigação que teve 11 meses de duração. “Qualquer tentativa de desqualificação do promotor de Justiça

configura mera estratégia para tirar o foco dos fatos investigados e que agora estão submetidos ao crivo do

Poder Judiciário”, diz a nota.

A denúncia que envolve ex-secretários de Fazenda do Maranhão, ex-procuradores gerais, advogados e a

ex-governadora Roseana foi aceita na última sexta-feira (4/11). O MP investiga a compensações ilegais de

débitos tributários com créditos de precatórios que podem ter gerado, segundo a acusação, prejuízo de

mais de R$ 400 milhões aos cofres públicos.

De acordo com a denúncia, acordos judiciais reconheciam a possibilidade da compensação de débitos

tributários do ICMS com créditos não tributários oriundos de precatórios. Além disso, diz o MP, foram

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criados filtros para mascarar compensações muito acima dos valores estabelecidos no acordo homologado

judicialmente.

Marcelo Galli é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 19h20

Tags: bh 4ª capital endividada

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Pirataria e contrabando geram prejuízos de R$

115 bilhões por ano

Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria

e a Ilegalidade discutiu tema

Informe CNC

O contrabando e a pirataria no Brasil geram prejuízos acima de R$ 115 bilhões por ano à economia do

País e à sociedade. Desse total, cerca de R$ 80 bilhões vêm de 18 segmentos econômicos, como

vestuário, cigarros e indústria farmacêutica, por exemplo, e os outros R$ 35 bilhões são decorrentes da

sonegação de impostos. Os dados foram apresentados na edição especial do projeto Brasil em Foco,

promovido pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte

(Fecomércio-RN).

O tema desta edição, realizada em Natal em 7 de novembro, foi “RN contra a Pirataria e o Contrabando” e

teve o apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Prejuízos às empresas e ao consumidor

O presidente do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), Edson Vismona, apresentou os

dados e destacou a importância deles para alertar para os prejuízos decorrentes dessas práticas ilegais.

“Esses volumes não são nada insignificantes. São perdas para a sociedade brasileira e são produtos que

afetam nossa saúde, nossa segurança e prejudicam a competitividade. Uma concorrência ilegal ao nosso

comércio e indústria”, afirmou Vismona.

Segundo dados do FNCP, os produtos mais pirateados são filmes e músicas; os mais contrabandeados são

cigarros; e os mais falsificados são roupas, tênis e óculos. “Há uma estrutura criminosa por trás dos

produtos contrabandeados que gera uma fonte de recursos para outros crimes. Em uma pesquisa no

Nordeste, 79% dos entrevistados afirmam que o comércio ilegal estimula criminalidade. O que queremos

deixar claro é que não temos nada contra o comércio popular, e sim contra o comércio ilegal”, disse Edson

Vismona, que é também presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial.

O presidente do Sistema Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz, afirmou que não são somente as empresas, o

comércio e o poder público que acumulam perdas com as práticas e comércio ilegais. “Os consumidores

dos produtos desta cadeia de crimes assumem também uma posição egoísta, de se dar bem a qualquer

custo. Além disso, estes produtos nunca terão a qualidade de um item original, como também podem

prejudicar a saúde e a integridade física de quem os consumir”, alertou Queiroz.

O presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando e à Falsificação do Congresso Nacional,

deputado Efraim Filho (DEM-PB), alertou que o contrabando e a pirataria impedem ainda o

empreendedorismo. “Não dá para deixar de lado essa prática criminosa e ilícita, que deteriora, além da

saúde, o mercado de trabalho. É necessário exterminar essas práticas para propiciar um ambiente de

negócios favorável para o empreendedor”, disse.

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Choque de conhecimento

O presidente Marcelo Queiroz mediou ainda um debate entre o palestrante Edson Vismona e

representantes das diversas entidades municipais, estaduais e federais envolvidas na questão (foto acima).

O representante da CNC no Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Roncatto, afirmou que o

Brasil em Foco promovido pela Fecomércio-RN foi um “choque de conhecimento” aos empresários e

poder público presentes, aumentando assim a responsabilidade para o combate. “O comércio legal acaba

sendo prejudicado, e a convivência com a ilegalidade gera a falência da sociedade. Os poderes precisam

trabalhar integrados e em consonância, criando facilidades e gerando mais resultados”, orientou. O

presidente Marcelo Queiroz acrescentou que o objetivo da Fecomércio-RN e da CNC é combater o crime,

visando a uma “sociedade melhor, mais justa, produtiva e próspera”.

Também participaram do debate o secretário estadual de Tributação, André Horta; o secretário municipal

de Serviços Urbanos de Natal, Antônio Fernandes, representando o prefeito Carlos Eduardo Alves; o

chefe de Fiscalização Aduaneira da Receita Federal no estado João Felipe Filho; o delegado titular de

Defraudações da Secretaria de Segurança do estado, João Bosco Vasconcelos de Almeida; o vereador

Aroldo Alves, representando a Câmara Municipal de Natal; e o Procurador de Trabalho do Ministério

Público do Trabalho no estado, Luiz Fabiano Pereira.

A 4ª. Revolução Industrial está em curso

Udo Gollub em Messe Berlin- (Conferência da Universidade da Singularidade)

Em 1998, a Kodak tinha 170.000 funcionários e vendeu 85% de todo o papel fotográfico vendido no mundo.

No curso de poucos anos, o modelo de negócios dela desapareceu e eles abriram falência. O que aconteceu

com a Kodak vai acontecer com um monte de indústrias nos próximos 10 anos – e a maioria das pessoas

não enxerga isso chegando. Você poderia imaginar em 1998 que 3 anos mais tarde você nunca mais iria

registrar fotos em filme de papel?

No entanto, as câmeras digitais foram inventadas em 1975. As primeiras só tinham 10.000 pixels, mas

seguiram a Lei de Moore. Assim como acontece com todas as tecnologias exponenciais, elas foram

decepcionantes durante um longo tempo, até se tornarem imensamente superiores e dominantes em uns

poucos anos. O mesmo acontecerá agora com a inteligência artificial, saúde, veículos autônomos e elétricos,

com a educação, impressão em 3D, agricultura e empregos.

Bem-vindo à quarta Revolução Industrial!

O software irá destroçar a maioria das atividades tradicionais nos próximos 5-10 anos.

O UBER é apenas uma ferramenta de software, eles não são proprietários de carros e são agora a maior

companhia de táxis do mundo. A AIRBNB é a maior companhia hoteleira do mundo, embora eles não sejam

proprietários.

Inteligência Artificial: Computadores estão se tornando exponencialmente melhores no entendimento do

mundo. Neste ano, um computador derrotou o melhor jogador de GO do mundo, 10 anos antes do

previsto. Nos Estados Unidos, advogados jovens já não conseguem empregos. Com o WATSON, da IBM,

V. pode conseguir aconselhamento legal (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de

segundos, com 90% de exatidão se comparado com os 70% de exatidão quando feito por humanos. Por isso,

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se V. está estudando Direito, PARE imediatamente. Haverá 90% menos advogados no futuro, apenas

especialistas permanecerão.

O WATSON já está ajudando enfermeiras a diagnosticar câncer, quatro vezes mais exatamente do que

enfermeiras humanas. O FACEBOOK incorpora agora um software de reconhecimento de padrões que

pode reconhecer faces melhor que os humanos. Em 2030, os computadores se tornarão mais inteligentes

que os humanos.

Veículos autônomos: em 2018 os primeiros veículos dirigidos automaticamente aparecerão ao público. Ao

redor de 2020, a indústria automobilística completa começará a ser demolida. Você não desejará mais

possuir um automóvel. Nossos filhos jamais necessitarão de uma carteira de habilitação ou serão donos de

um carro. Isso mudará as cidades, pois necessitaremos 90-95 % menos carros para isso. Poderemos

transformar áreas de estacionamento em parques. Cerca de 1.200.000 pessoas morrem a cada ano em

acidentes automobilísticos em todo o mundo. Temos agora um acidente a cada 100.000 km, mas com

veículos auto-dirigidos isto cairá para um acidente a cada 10.000.000 de km. Isso salvará mais de 1.000.000

de vidas a cada ano.

A maioria das empresas de carros poderão falir. Companhias tradicionais de carros adotam a tática

evolucionária e constroem carros melhores, enquanto as companhias tecnológicas (Tesla, Apple, Google)

adotarão a tática revolucionária e construirão um computador sobre rodas. Eu falei com um monte de

engenheiros da Volkswagen e da Audi: eles estão completamente aterrorizados com a TESLA.

Companhias seguradores terão problemas enormes porque, sem acidentes, o seguro se tornará 100 vezes

mais barato. O modelo dos negócios de seguros de automóveis deles desaparecerá.

Os negócios imobiliários mudarão. Pelo fato de poderem trabalhar enquanto se deslocam, as pessoas vão se

mudar para mais longe para viver em uma vizinhança mais bonita.

Carros elétricos se tornarão dominantes até 2020. As cidades serão menos ruidosas porque todos os carros

rodarão eletricamente. A eletricidade se tornará incrivelmente barata e limpa: a energia solar tem estado em

uma curva exponencial por 30 anos, mas somente agora V. pode sentir o impacto. No ano passado, foram

montadas mais instalações solares que fósseis. O preço da energia solar vai cair de tal forma que todas as

mineradoras de carvão cessarão atividades ao redor de 2025.

Com eletricidade barata teremos água abundante e barata. A dessalinização agora consome apenas 2

quilowatts/hora por metro cúbico. Não temos escassez de água na maioria dos locais, temos apenas escassez

de água potável. Imagine o que será possível se cada um tiver tanta água limpa quanto desejar, quase sem

custo.

Saúde: O preço do Tricorder X será anunciado este ano. Teremos companhias que irão construir um

aparelho médico (chamado Tricorder na série Star Trek) que trabalha com o seu telefone, fazendo o

escaneamento da sua retina, testa a sua amostra de sangue e analisa a sua respiração (bafômetro). Ele então

analisa 54 bio-marcadores que identificarão praticamente qualquer doença. Vai ser barato, de tal forma que

em poucos anos cada pessoa deste planeta terá acesso a medicina de padrão mundial praticamente de graça.

Impressão 3D: o preço da impressora 3D mais barata caiu de US$ 18.000 para US$ 400 em 10 anos. Neste

mesmo intervalo, tornou-se 100 vezes mais rápida. Todas as maiores fábricas de sapatos começaram a

imprimir sapatos 3D. Peças de reposição para aviões já são impressas em 3D em aeroportos remotos. A

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Estação Espacial tem agora uma impressora 3D que elimina a necessidade de se ter um monte de peças de

reposição como era necessário anteriormente. No final deste ano, os novos smartphones terão capacidade

de escanear em 3D. Você poderá então escanear o seu pé e imprimir sapatos perfeitos em sua casa. Na

China, já imprimiram em 3D todo um edifício completo de escritórios de 6 andares. Lá por 2027, 10% de

tudo que for produzido será impresso em 3D.

Oportunidades de negócios: Se V. pensa em um nicho no qual gostaria de entrar, pergunte a si mesmo:

“SERÁ QUE TEREMOS ISSO NO FUTURO?” e, se a resposta for SIM, como V. poderá fazer isso

acontecer mais cedo? Se não funcionar com o seu telefone, ESQUEÇA a idéia. E qualquer idéia projetada

para o sucesso no século 20 estará fadada a falhar no século 21.

Trabalho: 70-80% dos empregos desaparecerão nos próximos 20 anos. Haverá uma porção de novos

empregos, mas não está claro se haverá suficientes empregos novos em tempo tão exíguo.

Agricultura: haverá um robô agricultor de US$ 100,00 no futuro. Agricultores do 3º mundo poderão tornar-

se gerentes das suas terras ao invés de trabalhar nelas todos os dias. A AEROPONIA necessitará de bem

menos água. A primeira vitela produzida “in vitro” já está disponível e vai se tornar mais barata que a vitela

natural da vaca ao redor de 2018. Atualmente, cerca de 30% de todos as superfícies agriculturáveis são

ocupados por vacas. Imagine se tais espaços deixarem se ser usados desta forma. Há muitas iniciativas atuais

de trazer proteína de insetos em breve para o mercado. Eles fornecem mais proteína que a carne. Deverá ser

rotulada de FONTE ALTERNATIVA DE PROTEÍNA. (porque muitas pessoas ainda rejeitam ideias de

comer insetos).

Existe um aplicativo chamado “moodies” (estados de humor) que já é capaz de dizer em que estado de

humor V. está. Até 2020 haverá aplicativos que podem saber se V. está mentindo pelas suas expressões

faciais. Imagine um debate político onde estiverem mostrando quando as pessoas estão dizendo a verdade e

quando não estão.

O BITCOIN (dinheiro virtual) pode se tornar dominante este ano e poderá até mesmo tornar-se em moeda-

reserva padrão.

Longevidade: atualmente, a expectativa de vida aumenta uns 3 meses por ano. Há quatro anos, a expectativa

de vida costumava ser de 79 anos e agora é de 80 anos. O aumento em si também está aumentando e ao

redor de 2036, haverá um aumento de mais de um ano por ano. Assim possamos todos viver vidas longas,

longas, possivelmente bem mais que 100 anos.

Educação: os smartphones mais baratos já estão custando US$ 10,00 na África e na Ásia. Até 2020, 70%

de todos os humanos terão um smartphone. Isso significa que cada um tem o mesmo acesso a educação de

classe mundial.

Fonte: IBM via INTELOG

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Retirada abrupta de benefícios tributários é

ameaça para o Rio

Guerra fiscal custa R$ 50 bilhões a estados

por Daiane Costa

08/11/2016 4:30

RIO - A crise financeira dos estados evidenciou os riscos da guerra fiscal travada por esses governos nos

últimos anos e, agora, poderá levar alguns deles a serem forçados a uma retirada abrupta dessas políticas.

A insegurança jurídica que sempre pairou sobre as empresas que recebem incentivos fiscais passou a

ameaçar também os estados. O primeiro exemplo veio do Rio de Janeiro: a Justiça proibiu, em 26 de

outubro, o governo estadual de conceder, ampliar ou renovar benefícios fiscais ou financeiros até

apresentar, dentro de 60 dias, um estudo sobre o impacto desses incentivos. O problema, alertam

economistas, é que um desembarque solitário da política de benefícios tributários deixa o estado em

situação muito desfavorável na guerra fiscal. O mais recomendável, afirmam os especialistas, seria uma

retirada gradual desses incentivos, e de forma coordenada entre os diferentes estados.

O economista Bernard Appy, do Centro de Cidadania Fiscal da FGV-Direito, estima que, a cada ano, o

conjunto de estados da federação deixa de arrecadar entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões devido à

concessão desses benefícios. A política, que surgiu como uma estratégia dos estados menos

industrializados para atrair investimentos, acabou ganhando contornos de vale-tudo na disputa por receber

empresas, diz Appy. O Estado do Rio, por sua vez, argumenta que a decisão da Justiça ameaça a captação

de R$ 20 bilhões e a criação de 25 mil empregos nos próximos anos.

— No começo, a guerra fiscal foi instrumento de desenvolvimento regional. Hoje, não passa de um leilão,

onde uma empresa que vai investir no Brasil sai vendo quem lhe dá mais incentivos. Para os estados, virou

apenas renúncia de receita. Entre as empresas, gera distorções competitivas, porque firmas de um mesmo

setor podem ter um custo muito menor de produção em determinado estado por conta dos incentivos —

avalia Appy, que promoveu ontem, em São Paulo, um seminário com especialistas e secretários de

Fazenda de alguns estados para debater soluções.

INSEGURANÇA JURÍDICA

Appy acrescenta que a decisão da Justiça do Rio mostra que a insegurança jurídica, que até então pairava

apenas sobre as empresas beneficiadas — já que, como essas concessões não são submetidas à aprovação

do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), podem ser questionadas na Justiça pelo estado que

se sentir prejudicado — agora ameaça as unidades da federação que, a exemplo do Rio, também vivem

dificuldades financeiras e podem ter suas políticas de incentivos fiscais questionadas.

Especialistas em contas públicas fazem críticas à decisão da Justiça do Rio, porque ela tira apenas um

estado da disputa.

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— Como os estados vizinhos seguem promovendo a guerra fiscal, o efeito pode ser atrair para lá os

empreendimentos hoje instalados no estado, com perda de produção e de emprego. O desembarque precisa

ser ordenado, planejado, pactuado e, sobretudo, realizado ao mesmo tempo e em todo território nacional.

É inócuo um estado tentar o fazer sozinho, ele só estará ajudando os demais estados, sobretudo os seus

vizinhos — afirma o economista José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto

Brasiliense de Direito Público.

Guilherme Mercês, economista-chefe do Sistema Firjan, concorda que é necessário um pacto nacional,

mas considera que ele só será viável se a legislação tributária do país passar por mudanças:

— A guerra fiscal nada mais é do que um reflexo da alta carga tributária do Brasil, que cria um ambiente

predatório. A discussão da reforma tributária é fundamental. Do contrário, o ambiente de guerra fiscal vai

prevalecer. Não pode só o Rio baixar a arma, com todos os outros armados, pois será o primeiro a morrer.

Isso representa o risco de um novo ciclo de esvaziamento econômico, como ocorreu nos anos 1980.

Levantamento da Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin) do Estado do Rio mostra que a

decisão da Justiça colocou em risco a captação de investimentos da ordem de R$ 20 bilhões. Esse

montante viria de 113 empresas que hoje estudam a possibilidade de se instalar no estado em troca da

redução ou postergação do pagamento de ICMS. Sem poder oferecer esse atrativo, o governo teme que

elas optem por outro estado. Segundo a presidente da Codin, Maria da Conceição Ribeiro, o levantamento

será apresentado à Justiça, com o intuito de mostrar que a decisão vai agravar ainda mais a situação

financeira do Estado do Rio.

— Na situação na qual estamos, o que é melhor: uma empresa que pague menos imposto e gere empregos,

ou nenhuma empresa e nenhum emprego? — questiona a presidente da Codin.

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Desde o dia 26, o estado está proibido de conceder, ampliar ou renovar benefícios fiscais ou financeiros. A

liminar foi concedida pelo juiz Marcelo Martins Evaristo da Silva, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio,

que acolheu pedido do Ministério Público Estadual (MP-RJ). Ele foi procurado pela reportagem, mas

limitou-se a informar, por e-mail, que “a decisão abrange todo e qualquer benefício que implique renúncia

de receita”. Um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), citado no processo, apontou que o

estado deixou de arrecadar R$ 138 bilhões em ICMS entre 2008 e 2013. A Secretaria de Estado de

Desenvolvimento Econômico contestou esse valor, que, segundo estudo do governo, seria cerca de R$ 9

bilhões menor. O órgão afirmou ainda que, dos R$ 129,8 bilhões de benefícios fiscais em vigor entre 2008

e 2013, somente um quarto, ou R$ 32,4 bilhões, foram renúncia efetiva. O restante refere-se a postergação

de pagamento de imposto — ou seja, haverá receita futura —, ou serão compensados por outros elos da

cadeia.

Um projeto de lei com motivação e determinação semelhantes às da Justiça, de autoria de quatro

deputados estaduais, foi aprovado em votação única no começo deste mês na Alerj. O texto impede o

estado de conceder, por quatro anos, financiamento, benefício, incentivo, fomento econômico ou

investimento estruturante a qualquer empresa sediada ou que venha a se instalar no Rio. Foi encaminhado

ao governador Luiz Fernando Pezão, que pode sancioná-lo ou vetá-lo. Pezão ainda não se manifestou

sobre o projeto, mas, em evento na Firjan, no último dia 28, ainda na condição de governador licenciado,

afirmou que, enquanto estivesse no governo, continuaria concedendo benefícios fiscais.

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De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento, nos últimos seis anos, a política fiscal atraiu

investimentos na ordem de R$ 19 bilhões ao Estado do Rio, que geraram 31 mil empregos. Números

compilados por José Roberto Afonso apontam, no entanto, que, entre 2010 e 2015, a receita corrente

líquida fluminense (que é a soma das receitas tributárias, deduzidos os valores das transferências

constitucionais) só cresceu 5,5%. A relação receita tributária/PIB também não vai bem: cai há pelo menos

cinco anos. Em 2010, a receita tributária correspondia a 6,47% do PIB do estado. No ano passado, ficou

em 4,18%.

— A arrecadação de todos os governos está caindo. A recessão, a desindustrialização e a crise de crédito

são fenômenos nacionais. O Rio é muito afetado pela crise do complexo de petróleo, e não apenas pelos

royalties, mas por toda produção e emprego que foram cortados em torno da Petrobras. As importações

também pesam muito no Rio e vêm caindo fortemente — explica Afonso.

Segundo o economista, com a guerra fiscal, novos empreendimentos se instalaram no estado, mas não

resultaram em aumento de arrecadação por causa dos incentivos tributários. Mas o grande problema dessa

disputa, diz, é que o contribuinte em potencial pode ser “roubado” pelo vizinho:

— Um estado que passe a conceder muitos incentivos abre mais mão do seu futuro do que perde algo que

já tinha.

PROPOSTA: ZERAR BENEFÍCIOS EM 15 ANOS

No Estado do Rio, além de redução da alíquota do ICMS, empresas podem ganhar terreno para instalação

— exclusividade das montadoras — e, em alguns casos, alívio no IPTU, negociado com o município,

explica Conceição. Os incentivos são apenas para expansão de empresas já instaladas ou para novas

companhias, e, em caso de inadimplência, o benefício é retirado. Mesmo com esses incentivos, nos

últimos dez anos R$ 9,2 bilhões em investimentos privados e 30 mil empregos foram para outros estados,

como Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, diz a presidente do Codin.

Quando da decisão, o promotor Vinícius Leal Cavalleiro, que integra o grupo que ajuizou a ação, disse

que falta transparência às concessões. Procurado, ele disse não ter tempo disponível para atender à

reportagem. Para Afonso, do Ibre/FGV, renúncia fiscal é uma forma de gasto público e deve ser avaliada e

passar pelo mesmo controle que qualquer outro gasto:

— É uma urgência, no Brasil, que se verifique qual foi o retorno de cada incentivo concedido, comparar

com seu custo e com seu objetivo. Mas isso não é um problema localizado do Rio.

Durante o seminário de ontem, Appy conta ter sido elaborado um esboço de solução para encerrar a guerra

fiscal entre os estados, sem prejudicar as empresas beneficiárias e gerando arrecadação maior aos cofres

públicos:

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— Uma direção é convalidar os benefícios já concedidos, para que não corram o risco de ser questionados

na Justiça, e estabelecer que teriam duração de 15 anos, com o incentivo sendo reduzido gradualmente, até

zero, nesse período. E que se aumentem as penalidades para o estado e o gestor público que descumprirem

a norma. Isso exigiria uma emenda constitucional. É projeto para ser amadurecido nos próximos dois

anos, para ser apresentado ao próximo presidente da República, em 2019.

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Não houve consenso, no entanto, quanto à proibição de novas concessões de benefícios.

Procurados, os governos de São Paulo, Paraná e Santa Catarina ressaltaram que os incentivos fiscais

concedidos não são o único fator de decisão para as empresas, que também avaliam a qualidade da

infraestrutura e da mão de obra, e o nível da atividade econômica estadual. O governo do Paraná disse

ainda que a complexidade da legislação tributária, principalmente em relação ao ICMS, abre precedentes

para concessões. Goiás ressaltou que o seu programa de benefícios levou o PIB estadual a crescer dez

vezes nos últimos 15 anos. Já Minas Gerais afirmou que a sua política de incentivos fiscais visa, entre

outras coisas, a prevenir perdas de arrecadação decorrentes da migração de empresas para outros estados.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/retirada-abrupta-de-beneficios-

tributarios-ameaca-para-rio-20429130#ixzz4PQC12aaJ

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Acidente fatal

Turma do STJ mantém ação penal contra ex-

presidente do Hopi Hari

10 de novembro de 2016, 15h48

Em decisão unânime, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça determinou o prosseguimento de ação

penal contra o presidente do parque Hopi Hari à época do acidente que matou uma adolescente, em

fevereiro de 2012, em brinquedo do complexo localizado no município de Vinhedo (SP).

Os ministros seguiram o voto do relator, Jorge Mussi, que entendeu não ser possível o trancamento de

ação penal por meio de Habeas Corpus quando depende de análise dos fatos.

Gabriela Yukai Nychymura, de 14 anos, caiu do brinquedo La Tour Eiffel, quando a trava da sua cadeira

se abriu. Pereira Filho, que também acumulava a função de gerente-geral de operações, foi denunciado

com mais 11 pessoas, sob acusação de homicídio culposo.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, o brinquedo La Tour Eiffel teve seu projeto modificado e, por

isso, um dos assentos estava inoperante desde a inauguração do parque, em 2004. Todavia, no dia do

acidente, o colete de segurança do assento estava inadequadamente destravado, sem que houvesse alerta

sobre o fato de não estar em operação.

Contra o recebimento da denúncia, o administrador ingressou com Habeas Corpus, sob o argumento de

que o brinquedo estava em funcionamento havia mais de dez anos, passando por ele mais de nove milhões

de pessoas sem nenhum registro de ocorrência grave. Ele também defendeu que o acidente fatal decorreu

diretamente do comportamento negligente de vários funcionários do Hopi Hari.

Em 2014, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que ele não deveria continuar

como réu do processo. Por maioria de votos, o colegiado entendeu que somente os funcionários do parque

deveriam responder, por falta de cautela ao operar o brinquedo. “A omissão é penalmente relevante apenas

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quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”, afirmou o acórdão paulista, determinando o

trancamento do processo.

O Ministério Público estadual recorreu ao STJ, alegando ser incabível o trancamento de ação em sede de

Habeas Corpus quando a questão demandar o exame aprofundado das provas, como no caso.

Em decisão monocrática, em agosto deste ano, o relator concordou com os argumentos. “Na hipótese dos

autos constata-se que o afastamento do nexo de causalidade entre a conduta do recorrido, na condição de

dirigente do parque, e a morte da usuária do brinquedo, demanda a indispensável análise das provas e

fatos levantados, o que não pode ocorrer, todavia, em sede de Habeas Corpus”, afirmou Mussi.

O ministro explicou que a jurisprudência do STJ autoriza o trancamento de ações penais por meio de

Habeas Corpus apenas quando houver comprovação da ausência de justa causa para a denúncia, em razão

da atipicidade da conduta, da falta de indícios de materialidade delitiva ou da incidência de causa de

extinção da punibilidade.

O empresário apresentou agravo contra essa decisão, mas a 5ª Turma do STJ negou o pedido, mantendo a

decisão do relator. “O afastamento do nexo de causalidade entre a suposta conduta omissiva do agravado,

na condição de dirigente do parque, e o acidente que resultou na morte da usuária do brinquedo, a fim de

aferir se ele deveria ter agido para evitar o resultado e não o fez, é questão a ser debatida ao longo da

instrução processual, não havendo, no caso, como se atestar, de pronto, a falta de justa causa, em especial

na via estreita do writ”, concluiu Mussi.

Recuperação judicial O Hopi Hari entrou em recuperação judicial em outubro, após a Justiça de São Paulo aceitar o pedido da

empresa. O parque aguardava a medida desde agosto, com o objetivo de evitar a falência do

empreendimento e tentar conseguir investidores para pagar uma dívida de R$ 330 milhões com

credores. Entre as causas citadas pelo parque para a situação econômica em que se encontra está o

acidente que resultou na morte da adolescente.

Em 2013, a família da adolescente morta firmou acordo com o Hopi Hari no processo de indenização que

buscava reparação por causa do acidente. O valor da indenização não foi divulgado, uma vez que foi

decretado segredo de Justiça e um Termo de Confidencialidade, a pedido da família e do parque. À época

do acidente, a família da adolescente pediu R$ 5 milhões. Com informações da Assessoria de Imprensa do

STJ.

Revista Consultor Jurídico, 10 de novembro de 2016, 15h48

Vendedor desleal

Enganada ao comprar "almofada curativa", idosa será indenizada

em R$ 5 mil

8 de novembro de 2016, 17h17

Fornecedor que se aproveita da fragilidade do consumidor para lhe vender produto que não cumpre o que

promete age de forma desleal e deve indenizar. Com esse entendimento, a 4ª Turma do Superior Tribunal

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de Justiça condenou uma empresa ao pagamento de reparação de R$ 5 mil a idosa que adquiriu uma

almofada térmica digital após ser convencida de suas supostas propriedades curativas.

A idosa narrou que, em 2007, recebeu a visita de vendedores da empresa, que lhe ofereceram a almofada.

Para adquirir o produto, ela obteve financiamento bancário com desconto em seus benefícios

previdenciários. Posteriormente, veículos de comunicação divulgaram a prática de golpe que envolvia a

falsa promessa de melhora para dores lombares com o uso das almofadas.

O juiz de primeiro grau julgou improcedente o pedido de rescisão contratual e de indenização, por

entender que o consumidor não tem direito à troca ou desistência de produto apenas sob o fundamento de

insatisfação pessoal, especialmente após transcorrido o prazo de 30 dias estabelecido pelo Código de

Defesa do Consumidor.

Fragilidade da consumidora Em segunda instância, todavia, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reformou parcialmente a

sentença para determinar a rescisão do contrato e, após a devolução do produto, o reembolso do valor

pago pela consumidora.

A idosa recorreu ao STJ para buscar a condenação da empresa ao pagamento de indenização por danos

morais. Alegou que a empresa agiu de má-fé ao adotar conduta que visava lesar idosos em situação de

hipossuficiência econômica.

A ministra Isabel Gallotti, relatora do caso na 4ª Turma, ressaltou que o produto, comprovadamente

ineficaz, foi adquirido após propaganda enganosa que se aproveitou da fragilidade da compradora. Dessa

forma, entendeu a relatora, houve o rompimento dos princípios jurídicos aplicáveis aos contratos, como

lealdade, confiança, cooperação, proteção, informação e boa-fé objetiva.

“Com efeito, a mera devolução do valor gasto com o equipamento e dos juros pagos para seu

financiamento, conforme determinado pelo acórdão recorrido, não se presta a dissuadir a prática de tal tipo

de ilícito, pois o fornecedor continuará lucrando com sua atitude desleal, uma vez que nem todos os

consumidores têm conhecimento e iniciativa para ajuizar ação após descoberta a fraude”, disse a relatora.

Sem polêmica Os tribunais brasileiros possuem o entendimento consolidado de que o fornecedor que faz propaganda

enganosa de seus produtos deve indenizar o consumidor por eles prejudicado. A TIM, por exemplo, foi

recentemente condenada a pagar a pagar R$ 1 milhão de danos morais coletivos. Embora a companhia

dissesse de maneira destacada em seus anúncios que o serviço de internet seria ilimitado, o Tribunal de

Justiça do Distrito Federal apontou que tal fato não se observava na prática, em razão das disposições

marginais à publicidade, nas quais estava contido que, após o uso da franquia contratada, a velocidade da

conexão ficaria reduzida.

Em outro caso, por prometer 100% de eficiência de uma vasectomia — o que não é cientificamente

possível —, clínica e médico vão pagar R$ 40 mil por danos morais a um casal que teve filhos gêmeos

após o marido fazer o tratamento. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.

REsp 1.250.505

Revista Consultor Jurídico, 8 de novembro de 2016, 17h17

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‘‘Casamento-negócio’’

Declaração de união estável não basta para garantir pensão a

viúva

7 de novembro de 2016, 14h52

Por Jomar Martins

A união estável, segundo a lei, exige convivência pública, continuidade e razoável duração da relação,

além do desejo de constituição de família pelo casal. Assim, mesmo que exista documento público

atestando a união estável, registrado em cartório, esse só é válido se atender tais requisitos, dispostos no

artigo 1.723 do Código Civil. O entendimento levou a 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul a negar Apelação de uma mulher que teve indeferido o pedido de pensão após a morte de

um servidor do estado com quem se relacionara.

Depois de ter o pedido negado pelo Instituto de Previdência do estado (Ipergs), a mulher ajuizou ação de

reconhecimento de união estável na 2ª Vara da Fazenda Pública. Disse que só não casou legalmente

porque o cartório de sua cidade natal não tinha mais sua certidão de nascimento, pois foi consumido por

um incêndio. Alegou que, para se resguardarem, ambos lavraram escritura pública de consolidação de

união estável em 2004, informando convivência matrimonial pelo período de cinco anos, e que seu

companheiro até conseguiu cadastrá-la como dependente no Ipergs. No início do ano seguinte, o servidor

morreu.

A juíza Carmen Carolina Cabral Caminha explicou que o artigo 9º da Lei 7.672/1982 — que dispensa a

comprovação de dependência econômica para a mulher ou companheira do segurado do Ipergs — está de

acordo a Constituição Federal, ou seja, dá igual tratamento e idêntica proteção conferida ao casamento à

união estável, conferindo-lhe reflexos patrimoniais, alimentícios, sucessórios e previdenciários.

Entretanto, para a magistrada, o caso dos autos aproxima-se do denominado ‘‘casamento-negócio’’, pois o

documento assinado no cartório teve a finalidade de criar segurança jurídica para que a autora viesse a se

beneficiar da pensão pós-morte do segurado. Nesse sentido, citou precedente o desembargador aposentado

Vasco Della Giustina: ‘‘Vício embutido na vontade dos contraentes, com simulação da vontade de

constituição de vida em comum, quando o casamento apenas serviu como meio de conferir à nubente a

qualidade de dependente, com posterior pensão previdenciária. Matéria de interesse público, não só por

afetar a formação da família, mas por traduzir, por igual, burla ao espírito do Código Civil e às normas

previdenciárias, assim como ofensa à moral média, transacionando-se bem indisponível, como se negócio

fosse. Idade dos nubentes. Ancião, de 91 anos, que casa com mulher 43 anos mais jovem, morrendo,

pouco depois, de câncer’’.

Segundo a julgadora, embora a escritura seja dotada de fé pública, o reconhecimento de união estável,

com o intuito de dependência na autarquia previdenciária, exige provas robustas de convivência há mais

de cinco anos. É o que dispõe, aliás, o próprio artigo 9º do Estatuto de Ipergs, em seu inciso II.

‘‘No entanto, a escritura pública em comento foi firmada apenas em 2004, de modo que a declaração

retroativa dos cinco anos não é suficiente para a comprovação inequívoca da relação mantida entre a

autora e o extinto servidor. E mais, consoante os documentos que aportaram nos autos, verifica-se que a

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autora apenas restou divorciada de AG em março de 2003, o que quebra o lapso temporal de cinco anos de

união estável ora pretendido’’, afirmou, julgando improcedente a ação.

Fraude previdenciária O relator do recurso de apelação na corte, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, convenceu-se

de que a autora não conseguiu provar a existência de uma relação de casal com o segurado, qualificada

pela comunhão de interesses, o respeito mútuo e a fidelidade, como um núcleo familiar. A seu ver, a

escritura pública prova sua formação e os fatos presenciados pelo tabelião que a lavrou, mas não garante

prova absoluta dos fatos nela declarados pelas partes, que não prescindem de comprovação naquele

âmbito.

Aquino destacou que a escritura pública foi firmada sete meses antes da morte do servidor, quando este já

lutava contra o diabetes e o câncer. ‘‘Embora não seja óbice [a diferença de idade] à caracterização da

união estável, é sugestiva a cautela na interpretação de uma relação que se consolidou sob tais premissas’’,

observou.

O relator pontuou que não há prova de que a mulher tenha acompanhado os últimos dias de vida do

companheiro, já que a certidão de óbito foi lavrada por terceiro, constando que o morto era solteiro.

‘‘Aqui, parece flagrante que a intenção das partes, ao firmar a escritura pública de união estável, era

permitir à ora apelante ser reconhecida como beneficiária da pensão por morte do segurado; o que, a toda

evidência, não pode ser convalidado, pena de se permitir uma verdadeira fraude contra a autarquia

previdenciária’’, escreveu no voto. O acórdão foi lavrado na sessão de 13 de outubro.

Clique aqui para ler a sentença modificada.

Clique aqui para ler o acórdão modificado.

Jomar Martins é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.

Revista Consultor Jurídico, 7 de novembro de 2016, 14h52

Egos em exposição

"Maioria do Supremo é de pessoas que se pavoneiam com uma

vaidade absurda"

13 de novembro de 2016, 7h05

Por Brenno Grillo

A exposição excessiva do Judiciário é prejudicial, pois se antes a sociedade não sabia praticamente nada

sobre a capacidade dos seus integrantes, agora ela tem certeza de seus defeitos. A opinião é do professor,

diplomata, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente do governo Itamar Franco (1992-1994), Rubens

Ricupero. "É como a nudez. À nudez, pouca gente resiste", sentencia.

Em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico, Ricupero criticou duramente o Supremo Tribunal

Federal. Os membros da corte, diz ele, se expõem demais, o que acaba diminuindo-os frente à população.

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“A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma vaidade absurda e não são capazes

de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de discrição.”

E os juristas do país, segundo o professor, pararam no tempo, tornado-se “figuras intelectualmente

anacrônicas”, que prejudicaram o Direito brasileiro, tornando-o obsoleto. “Enquanto o Direito anglo-

saxônico olha o resultado, a efetividade, o nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias.”

E a influência do Direito anglo-saxônico fica visível na operação "lava jato", que investiga corrupção

envolvendo a Petrobras e partidos políticos. Para Ricupero, a investigação "só se viabilizou porque os

homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a delação

premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há décadas

nos Estados Unidos”.

Mesmo elogiando a inovação trazida pelos envolvidos na "lava jato", Rubens Ricupero não se furta de

apontar problemas no caso que deu fama ao juiz Sergio Moro. O uso seguido de prisões preventivas,

apontadas por advogados como uma forma de forçar delações premiadas, diz ele, contamina a operação.

Leia a entrevista:

ConJur — Desde a Ação Penal 470, o processo do mensalão, e agora com a operação "lava jato", o

Judiciário tem ocupado lugar de destaque no noticiário e nas rodas de conversa. Essa exposição é

boa ou ruim?

Rubens Ricupero — Acho que é muito negativa, porque a exposição excessiva revela muito. É como a

nudez. À nudez, pouca gente resiste. Porque, no fundo, a roupa foi uma invenção que, além de todos os

outros benefícios, tem um benefício estético muito grande. Só pessoas que têm um corpo perfeito

aguentam serem expostas a nu. A mesma reflexão se aplica ao caráter, à personalidade das pessoas.

Pessoas que se expõem, como esses ministros — falando, gesticulando, mostrando egos

superdimensionados—, na verdade, se diminuem aos olhos da população. O Supremo Tribunal Federal

pode ser que não tenha sido melhor no passado, mas as pessoas não sabiam. Hoje em dia elas sabem.

O que tem por aí, em geral, é triste. A imensa maioria é formada de pessoas que se pavoneiam com uma

vaidade absurda e não são capazes de manter um comportamento como um magistrado deveria ter, de

discrição. O contraste com a Suprema Corte americana é chocante. Não garanto que os juízes da Suprema

Corte americana sejam melhores do que os nossos, mas ninguém sabe. Porque eles se portam

publicamente com muita discrição. É raríssimo alguém dar uma opinião. Recentemente, uma juíza da

suprema corte fez uma declaração sobre o Trump, que era correta, mas ela logo depois pediu desculpas,

dizendo que não era apropriado, que ela não deveria ter falado aquilo. Aqui eles falam sobre tudo,

inclusive, questões que estão sendo julgadas. O Judiciário brasileiro, hoje, — incluindo aí os procuradores

e promotores públicos — tem uma imagem melhor, sobretudo a nova geração. É o caso do juiz Moro, dos

procuradores em Curitiba. Não só por causa da “lava jato”. São pessoas mais atualizadas.

O problema dos juristas brasileiros é que eles são, quase todos, figuras intelectualmente anacrônicas. O

Direito brasileiro é um Direito muito envelhecido. E eu sou bacharel em Direito, e por isso posso falar

disso. E meus dois irmãos eram magistrados, se aposentaram como desembargadores do Tribunal de

Justiça de São Paulo. O Direito brasileiro sempre foi de segunda mão. Sempre inspirado pela Itália, pela

Alemanha, pela França. No passado ainda havia, aqui, juristas que se equiparavam, de certa forma, aos

grandes juristas mundiais. Hoje, não há mais. O que impera é uma certa mediania.

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E é um Direito que não acompanhou a evolução do tempo. Por isso é que, no caso do Direito Empresarial,

nós temos coisas absurdas. Mesmo a reforma da Lei de Falência e os esforços que se fizeram são muito

insuficientes. O número de recursos... Os casos não terminam. Nos Estados Unidos, quando houve a mega

falência da Enron, aquela grande companhia de energia, em um ano, a falência estava liquidada. Era uma

falência gigantesca.

ConJur — Algumas levam décadas, não?

Rubens Ricupero — Levam. Enquanto que o Direito anglo-saxônico olha o resultado, a efetividade; o

nosso é muito formalista, envelhecido, sem ideias. Tanto assim que a operação “lava jato” só se viabilizou

porque os homens que a conduzem conhecem o Direito americano. E muitos estudaram lá. Por exemplo, a

delação premiada que, finalmente, foi incorporada ao direito brasileiro, é uma instituição que existe há

décadas nos Estados Unidos.

É a chamada plea bargaining, a negociação da sentença. Nos Estados Unidos, em Direito Penal, a maioria

dos casos nunca vai a julgamento. Eles são negociados. Porque eles estão mais interessados na rapidez e

na efetividade, do que na suposta perfeição da Justiça. O que está funcionando é por causa dessa gente que

está em contato com os procuradores americanos e da Suíça. O resto, o que depende desse pessoal mais

velho, se arrasta.

ConJur — A “lava jato” é muito criticada pela dobradinha “prisão preventiva-delação premiada”.

Os advogados de defesa, e outros tantos juristas, dizem que as prisões decretadas pelo juiz Moro são

um incentivador para as delações. O senhor concorda com isso?

Rubens Ricupero — A meu ver há um elemento de verdade nessa acusação. Eu não me sinto satisfeito

nem com o excesso de prisões preventivas que se prolongam por meses e meses; nem, justamente, por

essa prisão psicológica que se faz para a delação. Eu tenho a impressão de que essas coisas, de fato,

contaminam a “lava jato”.

ConJur — Assim como o senhor falou do Supremo, os procuradores da “lava jato” também têm

aparecido muito, por exemplo, encampando as 10 medidas do MPF. Essa exposição excessiva do

Ministério Público também não é prejudicial?

Rubens Ricupero — Em tese, eu distingo as duas coisas. Eu acho que mesmo em um regime com

instituições muito melhores do que as brasileiras, a Suprema Corte e os juízes, de uma maneira geral, têm

que ser discretos. Não sou favorável à transmissão ao vivo de julgamento — salvo exceções muito

excepcionais. Eu creio que é um princípio basilar da magistratura que o juiz se mantenha com uma certa

circunspecção. Então, não comparo uma coisa com a outra.

No segundo caso, eu diria a você que, se nós tivéssemos instituições melhores, seria estranho que

houvesse campanha pública de procuradores. Infelizmente, nas circunstâncias brasileiras, é inevitável.

Porque é óbvio que a mudança das leis penais e leis processuais penais não virá do Congresso. Porque há

tanta gente no Congresso que está ameaçada, inclusive, no caso da operação [“lava jato”]... O que nós

temos visto no Brasil é uma tendência sempre a aguar a legislação penal.

O Brasil é um país que tem uma legislação penal e de cumprimento de pena extremamente indulgente. É

um país que tem uma violência enorme. Níveis de violência fantásticos. E vai ter uma legislação penal, de

processo penal como se fosse a Dinamarca. É completamente contraditório. Então, a meu ver, eu penso

que eles têm razão de fazer essa campanha porque é uma maneira, talvez, de esclarecer a opinião pública e

criar uma pressão para uma reforma das leis penais. Não que eu pense que apenas a dureza das leis penais

resolva. Não. Eu acho que as leis penais e de processo penal têm que ser justas. Elas têm que ser, sem

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dúvida nenhuma, sentidas. Mas, têm que ser cumpridas. Eu acho um absurdo, por exemplo, essas saídas

periódicas que todo mundo já viu e uma boa porcentagem não volta.

É óbvio que não se deve ir nem a um extremo nem a outro. Eu não sou favorável, por exemplo, à

legislação penal de alguns estados americanos, que são absurdas, nas quais a pessoa que comete uma

terceira violação, mesmo que seja apenas a posse de um cigarro de maconha, pode ser condenada à prisão

perpétua. E lá é perpétua mesmo, a pessoa morre na prisão. Acho isso um absurdo. É um atentado.

Tem que se encontrar um ponto de equilíbrio. Mas, o ponto de equilíbrio, às vezes, tem que ser duro. Eu

vou lhe dar o exemplo da Itália. A Itália é um país que tem um direito penal brilhante. A maior parte dos

penalistas brasileiros até se formaram estudando os livros de penalistas italianos. No entanto, a Itália tem

uma espécie de pena que é prisão perpétua de verdade. Os líderes da Cosa Nostra não saem nunca.

Morrem na prisão. Por quê? Porque eles compreendem que em alguns casos não há recuperação possível.

Para um grande líder da Cosa Nostra que vive daquele poder, daquela riqueza, a prisão tem que ser

definitiva.

Porque ele solto causa ainda muito mais danos. O Brasil não tem essa possibilidade, fica jogando com

teorias que já não são aplicadas nem onde elas nasceram. Porque foi na Itália que começou o movimento

de humanização do Direito Penal, com o marquês de Beccaria. Mas o Brasil é o país que fica preso a

conceitos de cem anos atrás.

ConJur — O senhor é a favor da prisão depois de condenação em segunda instância?

Rubens Ricupero — Em muitos casos, sim. Não em todos os casos porque o Brasil tem uma qualidade de

Justiça muito diferente conforme os estados. E há estados por aí em que não se pode colocar a mão no

fogo pela qualidade da segunda instância. Então, haveria esse risco. Mas creio que os tribunais têm

competência para julgar caso por caso, como aquele episódio que houve aqui, da construção do fórum

[Trabalhista de São Paulo]. Um dos empresários desse caso da construção do Fórum, que foi condenado a

mais de 30 anos, já tinha acionado 33 recursos para não cumprir a pena. Isso, obviamente, é demais, em

qualquer lugar. E aí cai mesmo naquela questão: o sujeito que tem dinheiro, que tem bons advogados, não

vai preso nunca.

ConJur — O Supremo tem invadido competência do Legislativo?

Rubens Ricupero — O Supremo tem ido muito longe. Nós deveríamos ter, a meu ver, quando houvesse

uma grande reforma, um sistema diferente, uma corte apenas constitucional. Como há na Itália, na França

e em outros lugares. E uma Suprema Corte para a maioria dos outros processos. E a corte constitucional

deveria ter diretrizes que limitassem essa capacidade de legislar em lugar do legislador. Isso tem

acontecido no Brasil porque cria-se um vácuo. Aquela famosa regra: o poder odeia o vácuo. Quando há

um vácuo, alguém ocupa. No caso, tem sido a corte, porque os legisladores não são capazes de votar, às

vezes, em coisas relativas a eles.

ConJur — O Supremo acertou ao proibir as doações para empresas para candidatos?

Rubens Ricupero — Sou favorável à proibição das doações das empresas. Mas acho que não basta,

porque é preciso impor limites grandes ao quanto se pode gastar. É preciso adotar normas impedindo que

as eleições se transformem em programas, como se fossem filmes, e sejam mais de debates de ideias. Eu

creio que mesmo as doações individuais deveriam ser policiadas e observadas de perto. Porque pode

acontecer, por exemplo, que uma empresa seja proibida de doar, mas que os políticos façam pressão sobre

os diretores das empresas para fazerem doações a título de individual. E aí isso burlaria a lei. É preciso

verificar isso com muito cuidado, porque a violação das leis de financiamento de campanha existe em

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todos os países. Até na Inglaterra, que tem leis muito mais aperfeiçoadas e onde se gasta muito menos do

que aqui. É preciso ter um cuidado muito grande para que essas coisas não escapem ao controle.

ConJur — Qual é o modelo de voto que mais lhe agrada?

Rubens Ricupero — Distrital misto. Creio que deve haver um caráter de distrito, com algumas correções.

Como é que você vai se candidatar em um estado inteiro como São Paulo, com mais de quinhentos

municípios. O dinheiro que isso exige.

ConJur — O senhor é a favor de adiantar as eleições para presidente?

Rubens Ricupero — Não. Eu sou a favor do parlamentarismo. Sempre fui. Eu fui um dos votos

minoritários em janeiro de 1963. Sempre fui favorável ao regime parlamentar. Sou contra o regime

presidencial. Acho que se nós tivéssemos um regime parlamentar — é claro, não com 35 partidos, mas

com um número menor —, episódios como o do impeachment não existiriam. Porque o governo cairia. O

gabinete cai e forma um novo gabinete. Como a Angela Merkel disse quando veio o Brasil, né. No regime

parlamentar, a mudança do governo não é uma crise, mas uma solução da crise.

ConJur — E por que no presidencialismo essa mudança é tão traumática, enquanto no

parlamentarismo é mais aceita? Rubens Ricupero — É que o presidencialismo é muito rígido. É um sistema em que, praticamente,

durante o mandato que se conferiu à pessoa eleita, não há como interferir se ele não se provar à altura da

confiança depositada. A racionalidade deveria aconselhar a que se mudasse o governo quando este se

mostra incapaz de encaminhar soluções dos problemas.

No presidencialismo se espera uma data. No caso brasileiro, daí o impasse, o dilema em que nós

estávamos. Ela não deveria ter sido reeleita. Já a reeleição foi um engano, foi um engano obtido graças ao

uso maciço de recursos econômicos e ao poder do governo. A atitude do partido, no poder, de não aceitar

a transição, de não aceitar a alternância no poder. A verdade é que o PT tem uma tendência que não é

democrática. A tendência do PT é muito avessa à alternância do poder. O PT tentou se manter no poder a

qualquer custo. Não sou eu que estou dizendo. Eles disseram. Ela [Dilma Rousseff] mesmo declarou que

iria fazer o diabo. O Lula disse: “agora vocês vão ver do que nós somos capazes”. Eles são capazes de

tudo e foi o que se viu.

Conseguiram a reeleição, embora por pouca diferença. Esse é que foi o erro. O erro de onde nasce essa

crise é a reeleição de uma pessoa que era manifestamente inepta. Que tinha provado isso há quatro anos.

Por exemplo, os argentinos, que nós costumamos criticar, não cometeram esse erro. É verdade que lá não

poderia mais reeleger. Mas não reelegeram a pessoa que representaria a continuação do governo da

Cristina Kirchner. Aqui se elegeu a continuação de um sistema que já estava mergulhado numa profunda

crise a partir de 2013. Outra instituição contra a qual eu me pronuncio é a reeleição. Foi um grande erro do

Fernando Henrique ter patrocinado essa emenda da reeleição.

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 13 de novembro de 2016, 7h0