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PÓS-GRADUAÇÃO EM
NEUROPSICOLOGIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
DISCIPLINA
FUNDAMENTOS DE NEUROLOGIA
SELEÇÃO DE TEXTOS E FACILITADOR
PROF. DR. MARCUS NASCIMENTO
JUÍNA – MT
MAIO / 2017
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 2
OPERATIVO
Horários: Sábado / Domingo
CURRÍCULO RESUMIDO DO PROFESSOR
Graduado em Educação Física pela ESEFEGO. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (1985). Pós graduação em Metodologia de Pesquisa, Psicologia do Adolescente, Psicopedagogia Institucional e Clínica, Docência em Filosofia. Mestrado em Ciências Sociais - Capoeira para Deficientes Visuais: Uma experiência de ensino, Mestrado em Psicanálise - A Síndrome da Desesperança Aprendida: A apreensão do conhecimento a partir da visão Psicanalítica. Doutorado em Psicanálise - O CAMINHO DA HEROÍNA: Uma investigação psicanalítica sobre o arquétipo feminino do Panteão Iorubá - Um estudo de caso. Ministrou cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia, Métodos e Técnicas e Educação inclusiva no Projeto Novo Saber da UNIVERSO - Universidade Salgado de Oliveira. É especialista no desenvolvimento de jogos, psicomotricidade e recursos audiovisuais para a otimização do ensino. De 2014 a 2015 assumiu as funções de Diretor Acadêmico da Gamaliel Cursos, Coordenando os Cursos de Extensão Universitária produzidos por esta empresa. Em 2013 atuou como Coordenador e Orientador no Mestrado Multidisciplinar Profissionalizante em Ciência da Educação e pelo Instituto Superior de Educação Professora Lucia Dantas. Em 2015 atuou como Coordenador do Doutorado Multidisciplinar Profissionalizante em Ciências da Educação pela ISEL. E, em 2016 atuou como Diretor Administrativo e Acadêmico no Projeto de Extensão Universitária Associação Educacional do Amazonas. Em 2017 atua como Professor em caráter de dedicação exclusiva na Faculdade do Noroeste do Mato Grosso, AJES, Brasil. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787099P8
EMENTA E BIBLIOGRAFIA
Conceitos de Neurologia necessários à compreensão de aspectos neurobiológicos do
psiquismo, de doenças neurológicas e de algumas patologias psiquiátricas. Relação
entre cérebro e processos psicológicos: organização funcional do cérebro e atividade
mental. Principais processos mentais e suas alterações. Compreensão dos fenômenos
psíquicos sobre a ótica da neurologia. Sistema nervoso: classificação, estrutura e
funções. Relação entre as áreas cerebrais e as funções intelectuais. Bases
morfológicas da atividade emocional. Quadros clínicos.
ANDRADE, Vivian Maria. SANTOS. Flavia Heloisa dos. Neuropsicologia Hoje. Arte Médica. 1º edição. 2004. CAIXETA, Marcelo CESAR. Fernando. Neuropsicologia dos Tratamentos Mentais. Artes Médicas. 1º ed. 2007. CONSENZA, Ramon Moreira. FUENTES. Daniel et. Ali. Neuropsicologia Teoria e Prática. Artmed. 1º ed. 2008. FONSECA, Vitor da. Cognição, Neuropsicologia e Aprendizagem, Abordagem Neuropsicológica e Psicopedagógica. Vozes. 1º ed. 2007 MACEDO, E.C. Avanços em Neuropsicologia. Santos Editora. 1º ed. 2007 MIOTTO, Eliane. LUCIA. Mara Cristina Sousa de. Neuropsicologia e as Interfaces com a Neurociência. Ed. Casa da Psicologia. 1º ed. 2007 SENNYEY, Alexa Lívia. Et. Ali. Neuropsicologia e Inclusão. Artes Médica. 1º ed. 2006.
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. . . . . . . . . . . . S U M Á R I O. . . . . . . . . . . .
FUNDAMENTOS DE NEUROLOGIA
SE CONHECENDO ATRAVÉS DA NEUROLOGIA ........................ 05
DISTÚRBIO, TRANSTORNO E DIFICULDADE ............................. 10
APRENDIZAGEM E MUDANÇA NO CÉREBRO ............................ 19
MEMÓRIA: O QUE É E COMO MELHORÁ-LA ............................. 22
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SE CONHECENDO ATRAVÉS DA NEUROLÓGIA: Os Três Cérebros (Teste Quociente Tricerebral)
André Gauer Franzon
Existem basicamente três tipos de pessoas: as Emocionais, as Mentais e as
Ativas. Cada uma delas com suas características, motivações e reações
diferenciadas. Todos nós sofremos a interferência de uma determinada parte de nosso
cérebro, o objetivo deste artigo é aplicarmos um pequeno teste de QT (Quociente
Tricerebral), para podermos nos auto conhecer e observar onde estamos falhando em
nossas ações.
Os Três cérebros são: Reptiliano, Límbico e Neo-córtex.
• Reptiliano - Parte interna do cérebro nos mamíferos, que se pode simplificar dizendo
que corresponde ao cerebelo que é o “único” cérebro dos répteis. É responsável pelo
comportamento agressivo de luta de reprodução e sobrevivência, pelo
estabelecimento de hierarquias sociais, (poder) e os rituais correspondentes. Nele
ocorrem também os padrões automáticos, os hábitos e as rotinas. Foco Ativo.
• Límbico - Segunda camada do cérebro, onde se encontram, dentre outras, as
estruturas do tálamo e hipotálamo; comum a todos os mamíferos, é responsável pela
emoção, comportamento e controle do sistema nervoso autônomo. É também
conhecido como o cérebro do sentimento. Foco Emocional.
• Neo-córtex - Camada mais externa e evoluída do cérebro, típica dos mamíferos
superiores e do homem: racionalidade, linguagem conceitual, verbal e simbólico. É
chamado de “cérebro inteligente”, mesmo porque, os seus neurônios altamente
especializados, lhe possibilitam múltiplas tarefas simultâneas. Foco Mental.
Todas as pessoas, logicamente, possuem os três cérebros e os utilizam quando
convenientes em cada situação da vida. Ou seja, em momentos de vida ou morte, por
exemplo, estaremos sob a interferência de nosso cérebro instintivo, o reptiliano, que
sem pensar ou sentir, toma uma atitude “rápida e rasteira”. Se pesquisarmos mais
sobre estes três centros de comandos, podemos obter conclusões sobre o padrão de
ação de cada pessoa. As diferenças entre elas, muitas vezes, são gritantes. O mais
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interessante é que todos temos os três cérebros, porém encontramos em um deles,
nosso conforto e segurança.
Conhecendo os três cérebros:
Para você se conhecer e aquilatar o poder de seus três cérebros, vamos
oferecer um exercício que se chama o Revelador do Quociente Tricerebral que foi
estruturado por Waldemar De Gregori (in Construção Familiar-Escolar dos Três
Cérebros). O exercício consta de 27 itens em que você deve se auto avaliar. As notas
obedecerão a escala de 1 (menor) a 5 (maior).
Obs.: Em uma folha de papel anote a cada pergunta seu símbolo [ (q), (t) ou (c)
] e ao lado numere a nota de 1 a 5. Tente ser o mais verdadeiro em suas respostas, o
teste não visa excluir pessoas, apenas avaliar você mesmo.
QT - Revelador do Quociente Tri cerebral
1- Você confere os dados de uma passagem, de uma nota, de uma conta? Ao fim do
dia, da semana, de uma atividade, você faz revisão, avaliação? (q)
02- Em seu quarto, em sua casa tem ordem? Costuma prever o onde, o quando, o
como, o curso, o resultado do que pretende fazer? (t)
03- Você crê em alguma força maior, como o amor, a vida, alguma entidade superior?
Você crê que faz parte de um todo maior, invisível, espiritual? (b)
04 -Você anda alegre, gosta de brincadeira, piada, festa? Você é otimista apesar de
tudo? b)
05- Numa discussão, você tem boas explicações, tem bons argumentos, sabe
rebater? Sabe levar adiante uma discussão com paciência? (q)
06- Você tem pressentimentos, previsões ou sonhos que se cumprem? Você tem
estalos, insights, ideias luminosas, para resolver seus problemas? (b)
07- No relacionamento afetivo você entra pra valer, com romantismo, com paixão? (b)
08 -Você fala bem em grupo, tem bom vocabulário, tem fluência e correção
gramatical? Você sabe convencer os outros? (q)
09- Ao falar, você gesticula você olha todas as pessoas, você movimenta bem e com
elegância todas as partes do corpo? (b)
10- Você é capaz de pôr-se no lugar de outrem, de imaginar-se na situação de uma
outra pessoa e sentir como ela se sente? (b)
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11- Diante de uma situação, você combina os prós e os contras, você faz diagnósticos
realistas, faz julgamentos bons, acertados? (q)
12- Ao narrar algum fato você dá muitos detalhes, você gosta de descer às minúcias,
aos pormenores? (q)
13- Quando compra ou vende, você se sai bem? Se tivesse um negócio, você teria
êxito financeiro, saberia ganhar e multiplicar dinheiro? (t)
14-Você gosta de modificar a rotina do dia-a-dia, do ambiente? Você acha soluções
criativas, originais? Gosta de andar inventando? (b)
15- Você controla seus ímpetos? Pare e pensa antes de agir? Pensa nas
consequências antes de agir? (q)
16- Antes de tomar uma informação como certa, você se dedica a coletar mais dados,
a ouvir o outro lado, a averiguar as fontes a buscar comprovação? (q)
17- Como vão suas mãos em artesanato, consertos, uso de agulhas, facas, serrote,
martelo, ferramentas, jardinagem, habilidades manuais? (t)
18- Frente a dificuldade, você tem capacidade de concentração, dedicação
continuada, você tem boa resistência, aguenta muito? (t)
19 -Na posição de chefe, você sabe dividir tarefas, calcular o tempo para cada coisa?
Sabe dar comandos curtos, exatos, e cobrar a execução? (t)
20 -Você gosta de decoração, arrumação de ambientes? Você se arruma bem? Você
presta atenção a um pôr-do-sol, a um pássaro, a uma paisagem? (b)
21 -Você tem atração por aventuras, por desbravar caminhos, por tarefas
desconhecidas, pioneiras, que ninguém fez antes? (t)
22 -Você se autoriza a questionar pessoas e informações de TV, jornal, de política,
religião, ciência, e denunciar seus interesses disfarçados? (q)
23 -Você consegue transformar seus sonhos e Ideias em fatos, em coisas concretas?
Seus empreendimentos, suas iniciativas, progridem e duram? (t)
24 -Você fica imaginando o que poderá acontecer no ano que vem, daqui a 10 anos,
e nos possíveis rumos dos acontecimentos? (b)
25- Você se dá bem com a tecnologia, gravador, máquina de lavar, calculadora,
máquina fotográfica, cronômetros e os botões da eletrônica? (t)
26 -Você é rápido (a) no que faz? Resolve logo? Termina bem o que faz e no prazo
certo? Seu tempo rende mais que o de seus colegas? (t)
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27- Quando se comunica, você usa números, medidas, estatísticas, matemática, além
do palavrório popular? q)
Vamos, agora, à apuração e interpretação do exercício.
1. Some as notas de todos os (q) e escreva o escore; some também as notas de
todos os (t) e (b).
2. Observe os seguintes critérios:
2.1 A média está entre 28 e 35 pontos.
2.2 Abaixo de 28 é fraco, sendo 9 o mínimo. Acima de 35 é forte, sendo o
máximo 45 pontos.
2.3 Os três processos não podem ter pontos iguais, pois se anulam, sofrem de
impasse; nem mais de 07 pontos de diferença entre si pois ficam
desproporcionais.
2.4 Se o escore de um processo mental está muito abaixo de 27 pontos, ou seja,
baixando em direção ao 9, trata-se de atrofia, excepcionalidade negativa; se o
escore for acima de 35, aproximando-se de 45, trata-se de superdotado,
excepcionalidade positiva. É impossível ser superdotado nos três processos.
2.5 Não dê muito valor aos resultados. Na primeira vez, as pessoas fazem infra
valorização ou supervalorização. É aconselhável passar a observar seus
processos mentais e ouvir o parecer de pessoas de sua convivência.
3. Comece pelo escore mais alto. Este é o processo mental onde você tem
mais êxito.
3.4. Se for o (t), a parte central do encéfalo, então você é pessoa prática,
organizada, com êxito no trabalho, nos negócios, é líder de ação. Localize o segundo
escore mais alto. Tanto pode ser o lógico, científico, como pode ser o intuitivo. Se o
(t) tiver o escore mais baixo, então a luta pela sobrevivência, a vida prática não é seu
campo preferido.
3.5. Se o escore mais alto for o do (b), ou do hemisfério direito (límbico), você
é pessoa de sensibilidade, afetuosa, criativa, sonhadora. Se a segunda nota mais alta
for o (t), você tem os pés no chão; mas se for o lado lógico, você voa longe da
realidade: deve ser poeta ou místico.
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3.6. Se o escore mais alto for o do (q), lógico, você age conscientemente, é
pensador, intelectual. Se sua 2ª nota for a do (t) você raciocina em função de
sobrevivência; mas se sua segunda nota mais alta for a do (b) (processo intuitivo) você
é um teórico, um distraído.
3.7. Existem casos extremos, de um só processo afastar-se muito dos outros
dois. Nesse caso, existe a genialidade (típica de cada processo: cientista, artista,
realizador), aliada à esquisitice. São conhecidas as esquisitices dos sábios (processo
lógico); dos videntes, artistas e santos (processo intuitivo); e dos capitães de indústria,
estadistas e generais (processo operacional). Neste caso, existe a
desproporcionalidade entre os três processos.
4. Feita a interpretação, cada pessoa identifica seu processo predominante e
seu campo de ação favorito (ciência, profissão, etc.) sem excluir os outros dois.
Mesmo dentro de seu processo predominante existem os outros dois
processos, pois aceitamos que cada porção do encéfalo seja polivalente,
podendo assumir funções das outras, até um certo ponto, o que significa que
não há uma localização rígida de funções cerebrais ou mentais.
4.1. O importante, entretanto, é a possibilidade de auto condução, de
modificação dos processos mentais. Depois da interpretação, cada um pode investir
na reeducação ou cultivo de determinados itens de um dos processos mentais, seja
para ficar proporcional aos outros, seja para distanciar os que têm pontos iguais, seja
para cultivar um item esquecido.
Referências:
Fonte do Teste: www.neuropedagogia.com.br
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DISTÚRBIO, TRANSTORNO OU DIFICULDADE?
Lucília Panisset
Aprender é um processo pelo qual o comportamento se modifica em
consequência da experiência. E, para que a aprendizagem aconteça, é necessário
haver integridades básicas das funções psicodinâmicas (aspectos psicoemocionais),
do sistema nervoso periférico (canais para a aprendizagem simbólica) e do sistema
nervoso central (armazenamento, elaboração e processamento da informação).
Se uma ou mais funções estão comprometidas, crianças, adolescentes ou
adultos apresentam desempenho acadêmico abaixo do esperado e, por isso, são
comumente rotulados como pessoas com problemas de aprendizagem. Mas, hoje,
quando profissionais de saúde e educação têm à sua disposição os conhecimentos
gerados pelas neurociências, já não é possível fazermos tal generalização. Afinal,
intervenções precisas só podem ser realizadas se, a partir dos sintomas observados,
forem feitos diagnósticos corretos.
Primeiramente, é preciso que reconheçamos as diferenças entre distúrbio,
transtorno e dificuldade, o que acontece com base não só na região cerebral afetada
e na função comprometida como também nos problemas resultantes de cada
condição.
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A palavra distúrbio pode ser traduzida como “anormalidade patológica por
alteração violenta na ordem natural”. Assim, o distúrbio é uma disfunção no
processo natural da aquisição de aprendizagem, ou seja, na seleção do estímulo,
no processamento e no armazenamento da informação e, consequentemente, na
emissão da resposta. É um problema em nível individual e orgânico, que resulta em
déficits nas medidas das habilidades de linguagem: fala, leitura e escrita. É uma
disfunção na região parietal do cérebro, com falha na atenção sustentada, no
processamento do estímulo e na resposta a ele, causando lentidão no processamento
cognitivo e na leitura, sem comprometimento comportamental aparente.
O transtorno decorre de uma disfunção na região frontal do cérebro, que
provoca perturbação na pessoa devido à falha na entrada do estímulo, e da integração
de informações, comprometendo a atenção seletiva e gerando impulsividade e
dificuldade visuo-motora. As respostas em tarefas que exigem habilidade de leitura e
memória de trabalho são inibitórias. Com isso, esse quadro transtorna a vida da
pessoa, em razão do evidente comprometimento comportamental. Já a característica
principal da dificuldade é ser escolar. Nas dificuldades escolares estão inseridos os
atrasos no desempenho acadêmico por falta de interesse, perturbação emocional,
inadequação metodológica ou mudança no padrão de exigência da escola, ou seja,
diversas alterações evolutivas normais que, no passado, já foram consideradas como
alterações patológicas.
Pain (1981) considera a dificuldade de aprendizagem um sintoma, que cumpre
uma função positiva, tão integrativa como o aprender: por ser intimamente ligada à
escola, às metodologias empregadas, ao despreparo profissional e às mudanças
sociais e culturais, sinaliza qual pode ser a remediação a ser realizada por uma melhor
prática pedagógica.
Em resumo, os distúrbios e transtornos de aprendizagem requerem uma equipe
multidisciplinar, enquanto as dificuldades escolares pedem acompanhamento
psicopedagógico.
Podemos concluir, então, que a neurociência abriu as suas fronteiras e, nesse
contexto, faz-se necessária uma mudança de paradigmas no sistema educacional, de
modo que a interface entre saúde e educação - na qual o assunto é o aprendizado
normal e seus principais problemas - possa gerar uma neuropedagogia. Juntas, essas
duas áreas certamente poderão trilhar, de modo muito melhor, os caminhos para
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alcançar nosso objetivo: a plena realização de todo ser humano, respeitando-se a
habilidade de cada um.
Referências
TRAVASSOS, Lucília Panisset. Distúrbio, transtorno ou dificuldade? Disponível
em: < http://www.apraconhecimento.com.br/mostraart.php?id=00014 >. Acesso em:
02 de dez. 2010.
TEXTO COMPLEMENTAR
Introdução
Nas literaturas sobre aprendizagem, muito se tem discutido sobre distúrbios
versos dificuldade de aprendizagem, ficando claro que não são sinônimos. Sem
pretensão de esgotar o assunto, apresentamos uma revisão bibliográfica na visão de
diversos autores sobre as terminologias adotadas.
No Brasil, foi (Lefèvre:1975) que introduziu o termo distúrbio de aprendizagem
como sendo:
“Síndrome que se refere à criança de inteligência próxima à média, média ou superior
à média, com problemas de aprendizagem e/ou certos distúrbios do comportamento
de grau leve a severo, associados a discretos desvios de funcionamento do Sistema
Nervoso Central (SNC), que podem ser caracterizados por várias combinações de
déficit na percepção, conceituação, linguagem, memória, atenção e na função
motora”.
Após esta data, muito se tem discutido e abordado sobre o assunto, visto a
importância no contexto da aprendizagem, surgindo diversos trabalhos e outras
definições sobre o assunto.
Conforme (Fonseca: 1995) distúrbio de aprendizagem está relacionado a um
grupo de dificuldades específicas e pontuais, caracterizadas pela presença de uma
disfunção neurológica. Já a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e
abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos
pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da
escola.
Já em (Ciasca e Rossini: 2000) as autoras defendem que a dificuldade de
aprendizagem é um déficit específico da atividade acadêmica, enquanto o distúrbio
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de aprendizagem é uma disfunção intrínseca da criança relacionada aos fatores
neurológicos.
Os fatores neurológicos citados pelos autores, significa que essas dificuldades
estão relacionadas na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio
ou habilidades matemáticas que se referem as disfunções no sistema nervoso central.
Não podemos também deixar de considerar que as dificuldades de aprendizagem
muitas vezes podem ocorrer concomitantemente com outras situações desfavoráveis,
como: alteração sensorial, retardo mental, distúrbio emocional, ou social, ou mesmo
influências ambientais de qualquer natureza.
Diante de todo o contexto envolvendo distúrbios de aprendizagem, é
necessário que muito se reflita acerca de como podemos contribuir na aprendizagem
dessas crianças. Uma conclusão prévia que já nos atrevemos a traçar é de que não é
prudente inserirmos todas as crianças com distúrbio de aprendizagem num mesmo
grupo. Para melhor distinção entre os distúrbios de aprendizagem, é evidente que
devemos tomar como base as manifestações mais evidentes que produzem impacto
no desempenho da criança. Há pelo menos dois grupos que se distinguem pelo
quadro que apresentam. Enquanto em um podemos encontrar crianças com um
quadro de deficiência mental, sensorial (visual, auditiva) ou motora, resultem de
retardo mental, afecções neurológicas ou sensoriais, de outro lado, ou outro grupo de
crianças que apresentam como manifestação os problemas escolares decorrentes de
alterações de linguagem cuja inteligência, audição, visão e capacidade motora estão
adequadas, sendo, então, o quadro de distúrbio de aprendizagem decorrente de
disfunções neuropsicológicas que acometem o processamento da informação,
resultando em problemas de percepção, processamento, organização e execução da
linguagem oral e escrita.
Uma das questões fundamentais nesse contexto é detectar as manifestações
desses distúrbios. A princípio parece-nos óbvio que alguns casos é, perfeitamente
perceptível, porém é relevante e necessário que saibamos como podem aparecer as
manifestações de distúrbio de aprendizagem.
Alguns autores já abordaram o assunto de uma forma que nos fica evidente como os
sintomas aparecem ou são manifestados.
Um dos autores que trata esse assunto de uma forma bastante clara é Lerner
(1989), que descreveu as manifestações da seguinte forma:
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- Distúrbios da atenção e concentração que retrata os comportamentos das crianças
com e sem hiperatividade e impulsividade;
- Problemas receptivos e de processamento da informação diz respeito à competência
linguística, como as atividades de escrita, distinção de sons e de estímulos visuais,
aquisição de léxico, compreensão e expressão verbal;
- Dificuldades de leitura manifestada pela aquisição das competências básicas
relacionadas a fase de decodificação, como sendo a compreensão e interpretação de
textos, as dificuldades de escrita e presença de erros ortográficos em gera.
- Dificuldades na matemática, que se revelam na aquisição da noção de números, no
lidar com quantidades e relações espaços-temporais e problemas de aquisição e
utilização de estratégias para aprender, manifestados na falta de organização e
utilização de funções metacognitivas, comprometendo o sucesso na aprendizagem.
Definições sobre Aprendizagem:
- Aprendizagem é a aquisição de conhecimento ou especialização; faz-nos ignorar
todo processo oculto existente no ato de aprender;
- Mudança permanente de comportamento, resultado de exposição a condições do
meio ambiente;
- Um processo evolutivo e constante, que implica uma sequência de modificações
observáveis e reais no comportamento do indivíduo, de forma global (físico e
biológico), e do meio que o rodeia, onde esse processo se traduz pelo aparecimento
de formas realmente novas compromissadas com o comportamento. Tanto na visão
neurológica como em diversas correntes psicológicas, a aprendizagem, apresenta
pontos comuns e com significados intrínsecos, que convergem para o fato de que tudo
aquilo que se sabe, o homem deve aprendê-lo, porém, é na escola que há um vínculo
integrativo da sociedade, cuja principal forma de ação é sobre o indivíduo em seu
desenvolvimento global, direta e abrangentemente, visando à maior possibilidade de
renovação e liberdade.
O aprendiz é concebido como um manipulador inteligente e flexível que busca
a informação e trata de organizá-la, integrá-la, armazená-la e recuperá-la, de forma
ativa e ajustada às estruturas cognitivas de que dispõe internamente. Prestar atenção,
compreender, aceitar, reter, transferir e agir são alguns dos componentes principais
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da aprendizagem. Todavia, se isso não ocorrer, com o aprendiz, implica que há nessa
criança um Distúrbio de Aprendizagem.
Mas o que é Distúrbio de Aprendizagem?
Designam-se crianças que apresentam dificuldades de aquisição de matéria
teórica, embora apresentem inteligência normal, e não demonstrem desfavorecimento
físico, emocional ou social.
Segundo essa definição, as crianças portadoras de distúrbio de aprendizagem
não são incapazes de aprender, pois os distúrbios não é uma deficiência irreversível,
mas uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados.
Os distúrbios de aprendizagem não devem ser confundidos com deficiência mental.
Considera-se que uma criança tenha distúrbio de aprendizagem quando: a)
Não apresenta um desempenho compatível com sua idade quando lhe são fornecidas
experiências de aprendizagem apropriadas; b) Apresenta discrepância entre seu
desempenho e sua habilidade intelectual em uma ou mais das seguintes áreas;
expressão oral e escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura e
compreensão e cálculo e raciocínio matemático.
Além disso, costuma-se considerar quatro critérios adicionais no diagnóstico de
distúrbios de aprendizagem. Para que a criança possa ser incluída neste grupo, ela
deverá: a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas; b)
Apresentar uma discrepância significativa entre seu potencial e seu desempenho real;
c) Apresentar um desempenho irregular, isto é, a criança tem desempenho satisfatório
e insatisfatório alternadamente, no mesmo tipo de tarefa; d) O problema de
aprendizagem não é devido a deficiências visuais, auditivas, nem a carências
ambientais ou culturais, nem problemas emocionais.
Principais distúrbios de aprendizagem:
1- Dislexia - Refere-se à falha no processamento da habilidade da leitura e da
escrita durante o desenvolvimento, é um atraso no desenvolvimento ou a
diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer
material escrito. São de três tipos: visual, mediada pelo lóbulo occipital
fonológica, ediada pelo lóbulo temporal; e mista, com mediação das áreas
frontal, occipital, temporal e pré-frontal.
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2- Disgrafia - Falha na aquisição da escrita implicando uma inabilidade ou
diminuição no desenvolvimento da escrita.
3- Discalculia - Falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar com
conceitos e símbolos matemáticos.
Diagnósticos de distúrbios de aprendizagem
O processo de diagnosticar é como levantar hipóteses. Uma boa hipótese ou
teoria explica uma grande quantidade de dados observáveis que são originados de
diferentes níveis de análise.
O diagnosticador apresenta vantagens importantes que compensam. Uma
delas é que ele possui muito mais dados sobre um sujeito do que geralmente um
pesquisador tem sobre todo o grupo de sujeitos.
Para diagnosticar deve haver:
- Sintomas apresentados;
- O histórico inicial do desenvolvimento;
- Histórico escolar;
- O comportamento durante os testes;
- Os resultados dos testes;
Como diagnosticadores e terapeutas, é importante ter um bom domínio de
quais características caem em qual categoria (algumas são típicas da espécie e outras
são únicas do indivíduo).
Embora um bom clínico deva estar consciente e fazer uso dos atributos únicos
de um paciente, o processo científico na compreensão e no tratamento dos distúrbios
mentais dependem de como eles apresentam variação “moderada”, diferenciando
características de grupos dentro de nossa espécie. Se assim, não for o trabalho com
saúde mental se reduz apenas a tratar os problemas que cada um enfrenta na vida
ou a recriar o campo para cada indivíduo único.
Outra crítica pressupõe um único modelo de causalidade física para todos os
distúrbios comportamentais. A maioria dos diagnósticos não fornece uma explicação
para todos os aspectos do paciente. Eles permitem tratamento e identificação
eficiente, e a pesquisa sobre um dado diagnóstico pode levar a identificação precoce
ou a prevenção. Podem contribuir para pesquisa básica em desenvolvimento humano.
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Finalmente, o diagnóstico em si pode ser terapêutico para pais e pacientes,
porque um diagnóstico acurado fornece uma explicação para os sintomas que
perturbam o paciente e um foco para os esforços que os pais e a criança já estão
fazendo para aliviar os sintomas.
Diagnóstico diferencial
Os diagnósticos são um emaranhado de situações associadas, que dependem
de algumas poucas restrições de peso e de muitas restrições mais leves. Nem todos
os pacientes com determinados distúrbios apresentam os sintomas característicos.
Ex: Nem sempre um autismo tem estereotipias motoras ou aversão à fixação do olhar,
embora sejam sintomas frequentes do autismo. Estes sintomas oferecem evidências
para este diagnóstico, mas sua ausência não viola uma restrição de peso. A tomada
de decisão diagnóstica envolve a ponderação da adequação de diferentes
diagnósticos competitivos às restrições de peso e às leves, fornecidas pelos dados.
Outro componente importante no processo de diagnóstico é o reconhecimento
de que isto é um processo e de que as decisões diagnósticas não são possíveis até
que haja dados suficientes.
Como há poucas restrições de peso em diagnósticos, diagnósticos duplos (ou
triplos) são possíveis e mesmo desejáveis. Crianças com distúrbios de aprendizagem
têm frequentemente um segundo diagnóstico psiquiátricos co-morbido, que pode ou
não estar etiologicamente separado dos distúrbios de aprendizagem. No modelo o
“espaço diagnóstico” é definido por duas dimensões, uma para distúrbios de
aprendizagem e a outra para distúrbios psiquiátricos. A finalidade do diagnóstico é
encontrar o ponto neste espaço bidimensional que melhor se ajuste ao funcionamento
cognitivo e emocional presente do paciente.
Não se supõe que os dois eixos tenham diferentes implicações etiológicas, com
os distúrbios de aprendizagem sendo mais orgânico e os distúrbios emocionais mais
“ambientais”. Ao contrário, todos os diagnósticos em cada eixo são conceitualizados
como resultado do funcionamento alterado do sistema nervoso central (SNC), sendo
estas alterações causadas por certa mistura de influências genéticas e ambientais,
em que influências ambientais se referem a fatores de riscos tanto neuro-evolutivos,
como ferimento na cabeça, quanto à história de aprendizagem social da criança.
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Uma parte importante e às vezes negligenciada da avaliação da criança com
distúrbios de aprendizagem é o fornecimento de um feedback ou retorno aos pais, a
profissionais e à criança que é o paciente.
Aspectos psicopedagógicos
As causas mais frequentes para as dificuldades de aprendizagem:
1- Escola
Além da instituição escola, estão incluídos nestes itens os fatores
extraescolares como inadequação de currículos, de programas, de sistemas de
avaliação, de métodos de ensino, e relacionamento professor - aluno. Vale salientar a
necessidade de diferenciar com uma especial atenção, as crianças com dificuldades
de aprendizagem das crianças com dificuldades escolares. Para elas essas últimas
revelam a incompetência da instituição educacional no desempenho de seu papel
social e não podem ser consideradas como problemas dos alunos.
É comum vermos professores usando material de ensino desestimulante,
desatualizado, totalmente desprovido de significado para muitas crianças, sem levar
em consideração suas diferenças individuais. O aluno não se envolve no processo de
ensino-aprendizagem e fica mais difícil a assimilação de conhecimentos.
2- Fatores intelectuais ou cognitivos.
3-Déficits físicos e ou sensoriais.
4-Desenvolvimento da linguagem.
5-Fatores afetivos-emocionais.
6-Fatores ambientais (nutrição e saúde).
7-Diferenças culturais e ou sociais.
8- Dislexia.
9- Deficiência não verbais.
Numa criança com DA o desenvolvimento se processa mais lentamente do que
em outra criança, especialmente na área da atenção seletiva. Não considere essas
crianças defeituosas, deficientes ou permanentemente inaptas. Podem aprender!
Procure uma forma de ensino. Não procure algo que esteja errado na criança.
É provável que seu método de ensino e a forma de aprendizagem pela criança estejam
em defasagem. Nem a criança nem o professor devem ser responsabilizados por isso,
mas o professor pode ser responsável se não tentar algo mais.
Conclusões e considerações finais
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Ao nos depararmos com quadros de crianças com distúrbios de aprendizagem,
nos surge a preocupação em que nós professores podemos contribuir para que esse
aluno, mesmo diante de suas dificuldades possa aprender? A esse questionamento
refletimos sobre o papel da escola e a inter-relação com a família.
Consideremos que o papel da escola deveria ser o de desenvolver o potencial
de cada um, respeitando as características individuais do aluno e sempre procurando
reforçar os pontos fracos e auxiliando na superação dos pontos fracos, evitando dessa
forma que as dificuldades que as crianças possuem na sejam motivos para serem
excluídas no processo de aprendizagem e muito menos possam ser rotuladas ou
discriminadas.
Outro fator que muito colabora no papel da escola, é a família, pois permite a
troca de experiência entre pais e professores. É muito importante que haja uma
integração entre os ambientes (escola e família) para se compor o quadro de uma
forma real e objetiva. Tanto os pais quanto os professores precisam entender que as
dificuldades que a criança possua não é culpa de ninguém, e que se tiver um trabalho
em conjunto todos serão beneficiados, principalmente a criança.
Temos que ter em mente que não há criança que não aprenda, o que ocorre é
que algumas aprendem de modo mais rápido, outras não, mas sem sombras de
dúvida, chega-se à conclusão que independentemente da via neurológica utilizada, o
sucesso escolar de crianças com distúrbios de aprendizagem possa ser uma
associação de fatores que envolvam ambiente adequado + estímulo+ motivação +
organismo, possibilitando que o professor na sua árdua tarefa de lidar com as mais
diferentes adversidades saiba que antes de tudo, ser necessário saber avaliar,
distinguir e principalmente querer mudar, respeitando cada criança em seu estado de
desenvolvimento.
Referências
MANHANI, Lourdes P.de Souza; CRAVEIRO, Regina Célia T.; RODRIGUES, ROSE, Rita
Cássia A; MARCHIORI, Inês. Uma Caracterização sobre Distúrbios de Aprendizagem.
Disponível em:< http://www.abpp.com.br/artigos/58.htm>. Acesso em: 02. 12. 2010.
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APRENDIZAGEM E MUDANÇAS NO CÉREBRO
Silvia Helena Cardoso, PhD e Renato M.E. Sabbatini, PhD
Até há pouco tempo, os neurocientistas acreditavam que, uma vez completado
seu desenvolvimento, o cérebro era incapaz de mudar, particularmente em relação às
células nervosas, ou neurônios. Aceitava-se o dogma segundo o qual os neurônios não
podiam se auto reproduzir ou sofrer mudanças significativas quanto às suas estruturas
de conexão com os outros neurônios. As consequências práticas dessas crenças
implicavam em que: a) as partes lesionadas do cérebro, tais como aquelas
apresentadas por vítimas de tumores ou derrames, eram incapazes de crescer
novamente e recuperar, pelo menos parcialmente, suas funções e b) a experiência e o
aprendizado podem alterar a funcionalidade do cérebro, porém não sua anatomia.
Parece que os neurocientistas estavam errados em ambos os casos. As
pesquisas dos últimos 10 anos têm revelado um quadro inteiramente diferente. Em
resposta aos jogos, estimulações e experiências, o cérebro exibe o crescimento de
conexões neuronais. Embora os pioneiros da pesquisa em comportamento biológico,
tais como Donald Hebb, do Canada e Jersy Konorski, da Polônia, acreditassem que a
memória implicava em mudanças estruturais nos circuitos neurais, ainda não se
dispunha de evidências experimentais que comprovassem essa noção.
Em experiências realizadas com ratos, a neuroanatomista
americana Dr. Marian Diamond foi capaz de demonstrar que os
animais que foram criados em um ambiente enriquecedor -- uma
gaiola cheia de brinquedos e dispositivos tais como bolas, rodas,
escadas, rampas, etc. -- desenvolviam um córtex cerebral
significativamente mais espesso do que aqueles criados em um
ambiente mais limitado, sem os brinquedos ou vivendo isolados. O
aumento da espessura do córtex não era devido apenas a um maior
número de células nervosas, mas havia também um aumento
expressivo de ramificação de seus dendritos e das interconexões
com outras células.
O gráfico à esquerda mostra como o número médio de ramificações
observadas nas células estelares, que são encontradas na quarta camada do córtex
visual do rato, é maior nos animais criados em ambientes enriquecedores (reta
identificada como EC, isto é, condição enriquecedora) do que nos animais criados
juntos em grupos sociais, (identificados como SC, ou condição de grupo social), porém
desprovidos de brinquedos. Por sua vez, os ratos SC apresentam um número maior de
ramificações nas células estelares do que os animais criados isolados e sem
brinquedos (IC, ou grupo de condição de isolamento). Uma diferença ainda maior pode
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ser vista nas ramificações de quarto e quinto nível. Em outras palavras: as ramificações
originadas do corpo da célula não aumentam devido a uma experiência sensorial,
motora ou social mais rica; o inverso é verdadeiro para as ramificações no ponto dos
longos processos neuronais. Isso constitui uma evidência de que as células estelares
crescem e geram novas ramificações naquelas pré-existentes, e isso é um resultado
revolucionário.
As partes das células estelares que crescem são os dendritos. É através dos
dendritos que um neurônio recebe os impulsos nervosos de outras células, que são
transmitidos através do corpo celular e a partir daí para o axônio. Consequentemente,
o crescimento das ramificações dos dendritos só pode significar que os processos de
intercomunicação nas células do córtex aumentaram e que mais dendritos os tornaram
mais efetivos em termos de regulação da atividade dos circuitos neuronais.
Esse crescimento acontece também nos seres humanos?
Parece que sim, embora ainda não existem evidências diretas, tais como as
observadas por Diamond em ratos. Porém, sabemos que as tarefas de ativação mental
são acompanhadas por muitas mudanças, tais como mudanças no metabolismo
cerebral (consumo de glucose por células cerebrais, aumento do fluxo e temperatura
do sangue etc. Essas mudanças podem agora ser observadas diretamente através de
novos instrumentos de imagens computadorizadas, como por exemplo as imagens por
ressonância magnética funcional (fMRI) e a tomografia de emissão de pósitron (PET).
FFluxo Sanguíneo Cerebral (CBF) durante uma tarefa de ativação mental. O
ssujeito controle normal, linha de base (esquerda) e tarefa matemática (direita).
Nesse indivíduo, o aumento da perfusão durante as tarefas matemáticas é visível
tanto na área frontal inferior e parietal esquerda.
Fonte: Villanueva-Meyer et. cols. - Alasbimn Journal
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A consequência prática do conhecimento de que as células nervosas crescem
e se modificam em resposta às experiências e aprendizagem enriquecedoras é
extraordinária:
A educação de crianças em um ambiente sensorialmente enriquecedor desde
a mais tenra idade pode ter um impacto sobre suas capacidades cognitivas e de
memória futuras. A presença de cor, música, sensações (tais com a massagem do
bebê), variedade de interação com colegas e parentes das mais variadas idades,
exercícios corporais e mentais podem ser benéficos (desde que não sejam
excessivos). Na verdade, existem muitos estudos mostrando que essa "estimulação
precoce" é verdadeira. Ainda precisamos provar se isso provoca um crescimento no
cérebro das crianças, como acontece com os ratos;
Pessoas que sofreram lesões em partes de seu cérebro, podem recuperar
parcialmente as funções perdidas submetendo-se a estimulação mental intensa e
diversificada, de maneira análoga à fisioterapia para os músculos debilitados.
Alimentos ou drogas artificiais que aumentem a ramificação dos dendritos, o
crescimento dos neurônios e seu aumento de volume podem ajudar na melhora do
desempenho mental e memória nas pessoas normais ou em pacientes com doenças
degenerativas do cérebro, tais como Alzheimer.
Na verdade, um estudo pioneiro realizado por Dr. David Snowdon um
neurocientista da University of Kentucky com freiras católicas vivendo em um
convento no norte dos Estados Unidos, revelou fatos assombrosos que apoiam a
teoria da estimulação cerebral. Essas freiras foram escolhidas porque parecem
apresentar uma longevidade maior que o resto da população: várias delas já haviam
atingido mais de cem anos de idade. As freiras que viveram mais e que mostravam
uma melhor saúde mental eram quase sempre aquelas que praticavam atividades tais
como pintura, ensino e palavras cruzadas, que exigiam um constante "exercício
mental". De fato, Dr. David Snowdon surpreendeu-se ao observar nos exames post-
mortem dos cérebros doados pelas freiras falecidas, que alguns que estavam com
melhores condições mentais devida a essa rica estimulação, apresentavam todos os
sinais da insidiosa doença de Alzheimer. Essa doença degenerativa nervosa,
altamente incapacitante, aparece em cerca de 20% de todas as pessoas com mais de
80 anos de idade, e se caracteriza por inúmeras alterações patológicas dos neurônios,
e pela morte maciça de células, especialmente as células corticais. Isso provoca
profunda perda de memória, e outros tipos de deterioração do comportamento e da
personalidade.
Conclusões
O crescimento neuronal e a regeneração enquanto resposta a fatores
ambientais já não parecem impossível, devido ao que a neurociência já tem revelado
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em experiências com animais e seres humanos. Este conhecimento, de par com a
descoberta dos mecanismos que tornam isso possível constituirá um portão para um
futuro fantástico para a humanidade; um futuro onde talvez possamos manipular e
influenciar nossas próprias capacidades mentais de um modo inteiramente
imprevisível. Isso tem constituído o sonho duradouro tanto da ciência como da ficção
científica e talvez estejamos situados no limiar de sua realização.
MEMÓRIA: O QUE É E COMO MELHORÁ-LA (Planejamento de aula)
Por Dra. Silvia Helena Cardoso
O que nos faz lembrar de uma detalhada história ocorrida no passado? Como deixamos fluir naturalmente as frases complicadas de longas canções? Por que nunca nos esquecemos de como se dirige um automóvel?
Nestes exemplos, a memória surge como um processo de retenção de informações no qual nossas experiências são arquivadas e recuperadas quando as chamamos. É uma função cerebral superior relacionada ao processo de retenção de informações obtidas em experiências vividas.
O termo memória tem sua origem etmológica no latim e significa a faculdade de reter e /ou readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimentos adquiridos anteriormente reportando-se às lembranças, reminiscências.
A memória é uma faculdade cognitiva extremamente importante porque ela forma a base para a aprendizagem. Se não houvesse uma forma de
armazenamento mental de representações do passado, não teríamos uma solução para tirar proveito da experiência. Assim, a memória envolve um complexo mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências, portanto, está intimamente associada à aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o nosso comportamento através das experiências que foram armazenadas na memória; em outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos aprendidos.
Esta intrigante faculdade mental forma a base de nosso conhecimento, estando envolvida com nossa orientação no tempo e no espaço e nossas habilidades intelectuais e mecânicas.
Assim, aprendizagem e memória são o suporte para todo o nosso conhecimento, habilidades e planejamento, fazendo-nos considerar o passado, nos situarmos no presente e prevermos o futuro.
Tipos e Características da Memória
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Pense na diferença entre memorizar a data de aniversário de alguns amigos versus aprender a andar de bicicleta. As diversas coisas que aprendemos e lembramos não são processadas sempre pelo mesmo mecanismo neural.
Existem diferentes categorias de memórias, entre elas estão:
A memória ultrarrápida cuja retenção não dura mais que alguns segundos.
A memória de curto prazo (ou curta duração), que dura minutos ou horas e serve para proporcionar a continuidade do nosso sentido do presente.
A memória de longo prazo (ou de longa duração), que estabelece anagramas (ou traços duradouros (dura dias, semanas ou mesmo anos). Você acaba de ouvir o telefone ditado por alguém, mas em poucos segundos é incapaz de se lembrar de parte ou de todos aqueles números. Por que?
Esta memória é temporária e limitada em sua capacidade, sendo armazenada por um tempo muito curto no cérebro, da ordem de milissegundos a poucos minutos. É a memória de curta duração.
Para que ela se torne permanente, ela requer atenção, repetições e ideias associativas. Mas, através de um mecanismo ainda não conhecido, você pode se lembrar subitamente de um fato esquecido, como aquele número de telefone que havia esquecido.
Neste caso, a informação foi armazenada na memória de longa duração que é mais permanente e tem uma capacidade muito mais ampla. O processo de armazenar novas informações na memória de longa duração é chamado de consolidação.
A memória para datas (ou fatos históricos e outros eventos) é mais fácil de se formar, mas ela é facilmente esquecida, enquanto que a memória para aprendizagem de habilidades tende a requerer repetição e prática.
Uma elaboração do conceito da memória de curta duração que tem sido feita nos últimos anos é a memória operacional (veja abaixo), um termo mais genérico para o armazenamento da informação temporária.
Muitos especialistas consideram memória de curta duração e memória operacional como a mesma coisa.
Entretanto, uma característica chave que distingue uma da outra é, não somente o seu aspecto operacional, como também as múltiplas regiões no cérebro onde o armazenamento temporário ocorre. Isto implica que nós podemos não ser conscientes de todas as informações armazenadas ao mesmo tempo na memória operacional, nas diferentes partes do cérebro. Tomemos o exemplo de dirigir um carro. Esta é uma tarefa complexa que requer diversos tipos de informações processados simultaneamente, tais como a informação sensorial, cognitiva e motora. Parece improvável que estes vários tipos de informação sejam armazenados em um único sistema de memória de curta duração.
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Nossa habilidade de lembrar eventos não se reflete na operação de um único sistema de memória, mas em uma combinação de no mínimo duas estratégias usadas pelo cérebro para adquirir informação. Uma das estratégias é denominada de memória explicita, ou memória declarativa, requerendo participação consciente e envolvendo o hipocampo e o lobo temporal. A outra estratégia é a memória implícita, a qual não requer participação consciente, utilizando estruturas não corticais. Vejamos o significado de cada uma delas.
Memória operacional - é crucial tanto no momento da aquisição como no momento da evocação de toda e qualquer memória, declarativa ou não. Através dela armazenamos temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas, ou para a elaboração de comportamentos, podendo ser esquecidas logo a seguir. Em outras palavras, ela mantém a informação viva durante poucos segundos ou minutos, enquanto ela está sendo percebida ou processada. Armazenamos em nossa memória operacional, por exemplo, o local onde estacionamos o automóvel, uma informação que será necessária até o momento de chegarmos até o carro. Esta forma de memória é sustentada pela atividade elétrica de neurônios do córtex pré-frontal (a área do lobo frontal anterior ao córtex motor). Esses neurônios interagem com outros, através do córtex entorrinal, inclusive do hipocampo, durante a percepção, aquisição ou evocação.
Memória declarativa (ou explícita) é a memória para fatos e eventos, por exemplo, lembrança de datas, fatos históricos, números de telefone, etc. Reúne tudo o que podemos evocar por meio de palavras (daí o termo declarativa). Subcaracterizada em:
Episódica- quando envolve eventos datados, isto é relacionado ao tempo. Usamos a memória episódica, por exemplo, quando lembramos do ataque terrorista em 11 de setembro.
Semântica- Abrange a memória do significado das palavras (do latim "significado").
É a coparticipação partilhada do significado de uma palavra que possibilita às pessoas manterem conversas com significado. A memória semântica ocorre quando envolve conceitos atemporais. Usamos este tipo de memória ao aprender que Einstein criou a teoria da relatividade, ou que a capital da Itália é Roma.
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Memória não-declarativa (ou implícita) - Se difere da explícita (declarativa) porque não precisa ser verbalizada (declarada). É a memória para procedimentos e habilidades, por exemplo, a habilidade para dirigir, jogar bola, dar um nó no cordão do sapato e da gravata, etc. Pode ser de quatro subtipos.
Memória adquirida e evocada por meio de "dicas" (Priming) (ou memória de representação perceptual) - que corresponde à imagem de um evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um objeto, por exemplo, pode ser retido nesse tipo de memória implícita antes que saibamos o que é, para que serve, etc. Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas" (fragmentos de uma imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos, odores ou sons).
Memória de procedimentos - refere-se às habilidades e hábitos. Conhecemos os movimentos necessários para dar um nó em uma gravata, nadar, dirigir um carro, sem que seja preciso descrevê-lo verbalmente.
Memória associativa
Memória não-associativa - Estas duas últimas estão estritamente relacionadas a algum tipo de resposta ou comportamento. Empregamos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar pelo simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum momento de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à alimentação. Por outro lado, usamos a memória não associativa quando, sem nos darmos conta, aprendemos que um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho, não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo.
O hipocampo e o córtex temporal parecem estar envolvidos na formação da
memória declarativa, mas não na memória de procedimentos. Enquanto que certos
núcleos do cerebelo e medula espinhal parecem ser necessários para a formação de
memórias de procedimento, mas não intervêm na memória declarativa. Devido a esta
organização anatômica, assume-se que a memória declarativa é controlada por
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mecanismos cerebrais superiores, enquanto que a memória de procedimentos parece
depender de sistemas e regiões inferiores.
Perda da Memória
A perda de memória pode estar associada a determinadas doenças
neurológicas, a distúrbios psicológicos, a problemas metabólicos e também a certas
intoxicações. A forma mais frequente de perda de memória é conhecida popularmente
como "esclerose" ou demência.
A demência mais comum é a doença de Alzheimer que se caracteriza por
acentuada perda de memória acompanhada de graves manifestações psicológicas
como por exemplo a alienação.
Estados psicológicos alterados como o estresse, a ansiedade e a depressão
podem também alterar a memória.
A falta de vitamina B1 (tiamina) e o alcoolismo levam a perda da memória para
fatos recentes e com frequência estão associados a problemas de marcha e de
confusão mental.
Doenças da tireoide, como o hipotireoidismo, se acompanham de
comprometimento da memória.
O uso de medicação tranquilizante ("calmantes") por tempo prolongado
provoca a diminuição da memória e favorece também a depressão, o que leva a uma
situação que pode se confundir com a demência.
A vida sedentária com excesso de preocupações e insatisfações, bem como
uma dieta deficiente, favorece a perda de memória.
Contrariamente ao esquecimento comum ocorrido normalmente no dia-a-dia de
nossas vidas, existem algumas doenças e injúrias no cérebro que causam séria perda
de memória e também interferem com a capacidade de aprender.
A esta inabilidade dá-se o nome de Amnésia.
Fatores que podem causar perda total ou parcial da memória:
Alcoolismo crônico
Drogas e Medicamentos
Tumor cerebral
Encefalite
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Concussão
A Concussão ou traumatismo do cérebro pode causar perda da memória
manifestada de diferentes formas:
Amnésia retrógrada:
Os eventos ocorridos antes do trauma (no momento ou meses e anos antes)
não serão lembrados, mas a pessoa se lembra de coisas após o trauma.
Amnésia anterógrada:
Os eventos ocorridos após o trauma não serão lembrados. Em casos mais
severos, a pessoa pode ser incapaz de aprender qualquer coisa nova, como é o caso
de um paciente que todas as vezes que encontrava o seu médico o cumprimentava
como se fosse a primeira vez que o visse.
Amnésia transitória global:
É uma forma de amnésia que dura um curto período de tempo e envolve a
amnésia anterógrada acompanhada pela retrógrada.
Este tipo de amnésia é causado por isquemia cerebral (redução temporária do
suprimento sanguíneo).
De acordo com Bear e cols., 1996, embora raros, existem registros deste tipo
de amnésia causado por:
Stress
Acidente de carro
Jogo de futebol
Drogas
Banho frio
Sexo
Alcoolismo crônico
O alcoolismo é um dos mais sérios candidatos a afetar a memória. O álcool
afeta especialmente a memória a curta duração, o que prejudica a habilidade de reter
novas informações. Estudos mostraram que mesmo a ingestão de baixas quantidades
de bebida alcoólica durante toda a semana interfere com a habilidade de lembrar.
Drogas e Medicamentos
Medicação.
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Algumas drogas podem causar perda da memória: tranquilizantes, relaxantes
musculares, pílulas para dormir, e drogas anti-ansiedade, particularmente os
benzodiazepínicos que incluem o diazepam (valium) e lorazepam. Algumas drogas
cardíacas, tais como o propanolol, que é usada para controlar a pressão alta
(hipertensão) pode causar problemas de memória e depressão.
Fumo. Já é conhecido que o fumo quebra a quantidade de oxigênio que chega
ao cérebro e este fato muitas vezes afeta a memória. Estudos mostraram que
fumantes de um ou mais pacotes de cigarros por dia tiveram dificuldades em lembrar
de faces e nomes de pessoas em teste de memória visual e verbal, quando
comparados com indivíduos não fumantes (Turkington, 1996).
Cafeína. Café e chá têm um efeito muito positivo para manter a atenção e
acabar com o sono, mas a excitação provocada por estas bebidas pode interferir com
a função da memória.
Tumor cerebral
O Tumor cerebral pode evoluir com problemas de memória além de outros
sintomas próprios.
Encefalite
Nas Encefalitese no acidente vascular cerebral também podem ocorrer
problemas em diversas fases da memória.
Como Melhorar a Sua Memória
Existem muitas coisas que você pode fazer para melhorar a sua memória, entre
as quais o uso de determinadas técnicas mentais, e os cuidados com a nutrição e os
medicamentos.
Estimular a memória. Utilize ao máximo a sua capacidade mental. Desafie o
novo. Aprenda novas habilidades. Se você trabalha em um escritório, aprenda a
dançar. Se for um dançarino, aprenda a lidar com computador; se trabalhar com
vendas, aprenda a jogar xadrez; se for um programador, aprenda a pintar.
Isto poderá estimular os circuitos neurais do seu cérebro a crescerem.
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Prestar atenção. Não tente guardar todos os fatos que acontecem, mas focalize
sua atenção e se concentre naquilo que você achar mais importante, procurando
afastar de si todos os demais pensamentos.
Exercício: pegue um objeto qualquer, por exemplo, uma caneta e se concentre
nela. Pense sobre suas diversas características: seu material, sua função, sua cor,
sua anatomia, etc. Não permita que nenhum outro pensamento ocupe a sua mente
enquanto você estiver concentrado na caneta.
Relaxar. É impossível prestar atenção se você estiver tenso ou nervoso.
Exercício: prenda a respiração por dez segundos e vá soltando-a lentamente.
Associar fatos a imagens. Aprenda técnicas mnemônicas. Elas são uma forma
muito eficiente de memorizar grande quantidade de informação.
Visualizar imagens. Veja as figuras com os "olhos da mente".
Exercício:
Feche os olhos e imagine um bife frito, grande e suculento.
Sinta o aroma e a maciez da carne.
Imagine-se cortando a carne com uma faca e um garfo e saboreando-a.
Se a sua boca se encheu de água enquanto você visualizou esta cena, então
você fez um bom trabalho!
Faça exercícios com outros objetos como: um prato de sopa, uma taça de
sorvete, uma torta de chocolate, em uma sala de dentista, em uma sala de exame,
etc.
Alimentos. Algumas vitaminas são essenciais para o funcionamento apropriado
da memória: tiamina, ácido fólico e vitamina B12. São encontradas no pão e cereais,
vegetais e frutas. Alguns especialistas afirmam que vitaminas sintetizadas melhoram
a memória, mas outros duvidam dizendo que estudos não comprovaram que estes
nutrientes funcionam.
Água. A água ajuda a manter bem funcionante os sistemas da memória,
especialmente em pessoas mais velhas. De acordo com a Dra.Turkington, a falta de
água no corpo tem um efeito direto e profundo sobre a memória; a desidratação pode
levar a confusão e outros problemas do pensamento.
AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
Recredenciado pela Portaria - MEC n.º 1.081 de 31/08/2012 publicado no D.O.U. de 04/09/2012 30
Sono. A fim de se conseguir uma boa memória, é fundamental que se permita
sono suficiente e descanso do cérebro. Durante o sono profundo, o cérebro se
desconecta dos sentidos e processa, revisa e armazena a memória.
A insônia leva a um estado de fadiga crônica e prejudica a habilidade de
concentrar-se e armazenar informações.
Dicas tais como: tomar notas, organizar-se, usar um diário, manter-se em
forma, check up regular da saúde, etc.
Bibliografia 1. Bear, M.F.; Connors, Barry W. e Paradiso, Michael - Neuroscience: Exploring the Brain. Em: Memory Systems, pp514 a 545. Editora Williams & Wilkins, 1996. 2. Bear, F.M.; Connors, B.W and Paradiso, M.A. - Structure of the Nervous System. In: Neuroscience. Exploring the Brain - F.M. Bear.; B.W Connors, and M.A. Paradiso (eds.) - Williams & Wilkins pp.152-185, 1996 3. Turkington, C. - Improve your memory through your lifestyle. Em: C. Turkington (ed.). 12 Steps to a Better Memory. Editora Macmillan. 12:129-140, 1996.