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Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa Português Profª Maria Tereza

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Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa

Português

Profª Maria Tereza

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Português

Professora Maria Tereza

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Edital

PORTUGUÊS: Leitura, análise e interpretação de texto. Variedades de linguagem, tipos e gêneros textuais, adequação de linguagem. Elementos de sentido do texto: coerência e progressão semântica do texto; relações contextuais entre segmentos de um texto; informações explícitas, inferências válidas, pressupostos e implícitos na leitura do texto. Interpretação do texto: identificação do sentido global de um texto; identificação de seus principais tópicos e de suas relações (estrutura argumentativa); síntese do texto; adaptação e reestruturação do texto para novos fins retóricos.

BANCA: FAURGS

CARGO: Técnico Judiciário – Área Judiciária e Administrativa

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Aula 1

• Análise e Interpretação de textos. • Identificação da Ideia Central. • Análise das Alternativas. • Estratégias Linguísticas.• Inferência. • Tipologias Textuais.

LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

PROCEDIMENTOS

1. Observação da fonte bibliográfica, do autor e do título;

2. identificação do tipo de texto (artigo, editorial, notícia, crônica, textos literários, científicos, etc.);

3. leitura do enunciado.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Apesar de você

01.   Você é a favor ou contra cortarem árvores para alargar uma rua? A favor ou contra derrubarem uma casa para construir um edifício? Devem ser reabertos os arquivos da ditadura? Proibidas as máscaras nos protestos? Publicadasbiografiasnãoautorizadas?05. A   arena de debates públicos foi ampliada virtualmente ao infinito pela capilaridade das redes sociais. Pode parecer apenas mais uma discussão banal sobre um aumento de 20 centavos nas passagens, mas por trás de toda polêmica que exalta ânimos e inflama espíritos há um conflito de visões de mundo, um choque tectônico de ideias. Quase nunca é só pelos 20 centavos. 10.   Como nem sempre são evidentes todos os aspectos envolvidos em um debate – e como poucas pessoas entendem de todos os assuntos, tirando Leonardo Da Vinci e aquele seu amigo que dá palpite sobre tudo – é comum que fiquemos atentos à maneira como diferentes pessoas em quem confiamos se posicionam antes de formarmos a nossa própria opinião. O conceito de

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15. formador de opinião, porém, mudou muito nos últimos anos. Hoje há formadores de opinião por todos os lados, para onde você olhar, e por isso mesmo é cada vez mais difícil escolher quem vale a pena ouvir.   Na busca da iluminação cotidiana, gosto de prestar atenção em quem entende do riscado: arquitetos para falar de arquitetura, médicos para falar de 20. medicina, juristas para falar de leis. Mas não basta entender do assunto. Para conquistar o meu respeito, é preciso conseguir construir argumentos que voem além dos interesses de sua categoria. Médicos a favor do Mais Médicos, jornalistas contra o diploma de jornalismo, empresários dispostos a perder algum dinheiro: pode-se concordar ou não com eles, mas ganham um crédito 25. adicional de confiança por pensarem com a cabeça e não com o bolso ou o coração.   Quero que o formador de opinião seja coerente, mas, se for dizer algo desatinadamente oposto ao que disse antes, que reconheça isso, com humildade, porque mudar de opinião, às vezes, é um sinal de inteligência e 30. integridade. Quero ler opiniões que me surpreendam de vez em quando, porque o pensador independente não se torna refém de inclinações políticas ou ideológicas – e nada é mais triste do que ver pessoas inteligentes esforçando- se para tornar plausível um pensamento torto apenas para justificar uma ideologia ou um interesse particular. Ainda assim, quero o conforto de saber 35. que certas pessoas têm a capacidade de iluminar os caminhos mais tortuosos, invariavelmente apontando para a trilha do que é justo, honesto, honrado, coerente.   A polêmica recente envolvendo o grupo de artistas que defende restrições às biografias não autorizadas talvez seja lembrada menos pelo40. assunto em si do que pelo fato de ter colocado sob fogo cerrado dois dos nomes mais emblemáticos da cultura brasileira. Não me importa que Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda tenham opiniões diferentes das minhas – muitas vezes tiveram, inclusive politicamente. O que é triste é ver que emprestaram seu prestígio não a um princípio ou a uma causa maior do que 45. eles, mas a interesses restritos ao seu cercadinho. Pois, levado ao limite, o raciocínio da proteção à privacidade torna impossível publicar qualquer coisa que contrarie o interesse de qualquer pessoa – o que, vamos combinar, é muito parecido com censura.   O mais irônico é que justamente esse gesto pode vir a ser a nota mais50. embaraçosa das biografias dos dois – quando, “apesar de você”, elas forem escritas. E serão.

Adaptadode:LAITANO,Cláudia.ZeroHora.

1. Trata-se de um ARTIGO: texto autoral – assinado –, cuja opinião é da inteiraresponsabilidadedequemoescreveu.Seuobjetivoéodepersuadiroleitor.Geralmente,aborda assuntos atuais. O conhecimento do veículo de publicação – jornal diário de grande circulação –, também permite perceber a intenção textual.

2. O TÍTULO pode constituir o menor resumo possível de um texto. Por meio dele, certas vezes, identifica-se a ideia central do texto, sendo possível, pois, descartar afirmações feitas emdeterminadasalternativas.Notextoemquestão,otítulo– Apesar de você –, devido à

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locução adverbial “apesar de”, remete a um fato que contraria certa ação, mas que não impede sua realização. Tal conhecimento, somado às perguntas que constituem o primeiro parágrafo, permite inferir que o texto afirma que ações que desgostam o leitor ocorrerão, a despeito de sua concordância, visto que prescinde dela.

3. No ENUNCIADO, observa-se a presença da expressão “ideias presentes nO texto” (totalidade), o que norteia a estratégia de apreensão das ideias.

4. Destaque das palavras-chave das alternativas/afirmativas (expressões substantivas everbais).

5. Identificação das palavras-chave no texto.

6. Resposta correta = paráfrase mais completa do texto.

1. Considereasafirmaçõesaseguir.

I – Formadores de opinião que defendem pontos de vista contrários aos interesses de sua categoria profissional privilegiam a razão na expressão de suas opiniões.

II – As restrições às biografias não autorizadas constituem uma limitação à liberdade de expressão que se aproxima da censura.

III – A posiçãodeCaetanoVelosoeChicoBuarquedeHollanda na polêmica relativa às restrições às biografias não autorizadas é motivada por interesses particulares.

Quais expressam ideias presentes nOtexto?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III.

7. Identificação do “tópico frasal”: intenção textual percebida, geralmente, no 1º e 2º períodos do texto (IDEIA CENTRAL).

8. Identificaçãodetermoscujoaparecimentofrequentedenunciadeterminadoenfoquedoassunto (campo semântico).

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Escárnio na escola pode causar estresse pós-traumático.

1. Uma pesquisa que foi feita na Universidade de Warwick, na Inglaterra, 2. mostrou que palavras têm forte impacto no bem-estar e na autoestima de 3. adolescentes alvos de gozações humilhantes.4. O estudo avaliou o estresse pós-traumático em estudantes de 331 escolas 5. inglesasedescobriuquepelomenos40%deles jáfoialvo de escárnio por

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6. parte de colegas de colégio. Ao quantificar os efeitos dos diferentes tipos de 7. agressão, os pesquisadores descobriram que todos os tipos de humilhação 8. resultavam em baixa autoestima. Mas foram a agressão verbal e a 9. manipulaçãosocial–comoexcluiravítimadejogosedebrincadeiras–as10. principais causadoras do estresse pós-traumático entre os participantes da 11. pesquisa.12. O estudo revelou que brincadeiras vexatórias e, particularmente, os 13. xingamentos são coisas degradantes para os adolescentes – disse o 14. coordenador do estudo, Stephen Joseph. Os autores da pesquisa acreditam 15. que o relato desse tipo de situação deve ser levado a sério pelos pais. 16. Sintomas como insônia, ansiedade e depressão também devem ser levados 17. em conta, pois têm um impacto negativo na saúde física e mental das 18. vítimas.

ZeroHora.

1. FONTE:ZeroHora(semassinatura)=NotíciaouEditorial.

NOTÍCIA = INFORMAÇÃO / EDITORIAL = OPINIÃO.

2. TÍTULO: Escárnio na escola pode causar estresse pós-traumático. (síntese do texto)

3. ENUNCIADO: Percebe-se a intenção principal do texto na seguinte afirmação:

4. TÓPICO FRASAL = IDEIA CENTRAL: título + palavras + forte impacto + bem-estar e autoestima + adolescentes alvos de gozações humilhantes.

5. CAMPO SEMÂNTICO

escárnio escola estresse pós-traumático

palavras forte

impacto

bem-estar e

autoestima

adolescentes alvos de gozações

humilhantes

escárnio, humilhação

estudantes, escola,

colegas de colégio

estresse pós-traumático

agressão, agressão verbal,

xingamentos

autoestima, saúdefísica

e mental

agressão, humilhação, adolescentes

2. Percebe-se a intenção principal do texto na seguinte afirmação:

a) exclusãodejogosedebrincadeiraseaagressãoverbalpodemtransformaroadolescentevítima em um adulto com baixa autoestima.

b) Um percentual significativo de alunos das escolas inglesas sofrem de estresse pós-traumático.

c) escárnio na escola provoca sofrimento semelhante ao estresse pós-traumático.d) a zombaria de que são vítimas alguns jovens estudantes – sobretudo a verbal – pode

esgotá-los física e emocionalmente.e) a ansiedade e a depressão são decorrentes do estresse pós-traumático apresentado por

adolescentes vítimas de agressão.

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ERROS COMUNS

EXTRAPOLAÇÃO

Ocorre quando o leitor sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, normalmenteporquejáconheciaoassuntodevidoàsuabagagemcultural.

REDUÇÃO

Éoopostodaextrapolação.Dá-seatençãoapenasaumououtroaspecto,esquecendo-sedequeotextoéumconjuntodeideias.

CONTRADIÇÃO

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

01.   LioutrodiaqueSamuelBecketdiziaquequemmorriapassavaparaoutro tempo. Não queria dizer outro mundo, com um presumível outro clima. Referia-se ao tempo do verbo. Entre todas as mudanças provocadas pela morte havia esta: o morto passava irremediavelmente ao pretérito.05.   Era bom pensar assim. A morte acontecia no mundo antisséptico das palavras e das regras gramaticais, nada a ver com a decomposição da carne. O “é” transformara-se em “era” e “foi” e pronto. A migração do morto, em vez de ser da vida para o nada, era só em categorias verbais.   A vida vista como uma narrativa literária nos protege do horror10. incompreensível da morte. Podemos nos imaginar como protagonistas de uma trama que, mesmo quando não é clara, indica alguma coerência, em algum lugar.   O próprio Becket só escreveu sobre isto: a busca de uma trama, qualquer trama, por trás do aparente absurdo da experiência humana. E um 15. enredo, ou um sentido que faça sentido, só pode ser buscado na narrativa literária, no encadear de palavras que leva a uma revelação, mesmo que esta não explique nada, muito menos a morte.   Ese falar, falar, falar semcessar, como fazemospersonagensdoBecket na esperança de que aflore algum sentido, não der resultado, pelo menos está-20. se fazendo barulho e mantendo a morte afastada.   Aliteraturatemessafunção,adeumafogueiranomeiodaescuridãoda qual a morte nos espreita. Ou de uma matraca contra o silêncio final. Vale tudo, mesmoagarruliceincoerentedeumpersonagemdoBecket,contraaescuridão e o silêncio. [...]

Luis Fernando Verissimo. A morte não terá domínio (adaptado).

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Trata-se de uma crônica: fotografia do cotidiano; o cronista – Luis Fernando Verissimo – apropria-se de um fato do cotidiano e analisa-o, baseado quase exclusivamente em seu ponto de vista.

3. Considereasseguintesafirmações.

I – A literatura nos permite compreender a morte.

II – Toda trama literária é incoerente de forma geral, ainda que alcance coerência ao produzir um ruído que pode nos afastar da morte.

III–Trataramortecomoumamudançadetempoverbal,comosugereBecket,éummododesuavizar seus efeitos.

Quaiscorrespondemàsideiasveiculadaspelotexto?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e II.e) Apenas II e III.

I – errada = redução: quarto parágrafo.II – errada = extrapolação: terceiro parágrafo.

Análise das Alternativas – Estratégias Linguísticas

PROCEDIMENTOS

1. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS = PARÁFRASES, CAMPO SEMÂNTICO e ETIMOLOGIA.

Paráfrase=versãodeumtexto,geralmentemaisextensaeexplicativa,cujoobjetivoétorná-lomais fácil ao entendimento.

Campo Semântico=conjuntodepalavrasquepertencemaumamesmaáreadeconhecimento.

Exemplo:

• Medicina: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc.

Etimologia (do grego antigo) é a parte da gramática que trata da história ou da origem das palavras e da explicação do significado de palavras por meio da análise dos elementos que as constituem (morfemas). Por outras palavras, é o estudo da composição dos vocábulos e das regras de sua evolução histórica.

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Apesar de você

01.   Você é a favor ou contra cortarem árvores para alargar uma rua? A favor ou contra derrubarem uma casa para construir um edifício? Devem ser reabertos os arquivos da ditadura? Proibidas as máscaras nos protestos? Publicadasbiografiasnãoautorizadas?05. A   arena de debates públicos foi ampliada virtualmente ao infinito pela capilaridade das redes sociais. Pode parecer apenas mais uma discussão banal sobre um aumento de 20 centavos nas passagens, mas por trás de toda polêmica que exalta ânimos e inflama espíritos há um conflito de visões de mundo, um choque tectônico de ideias. Quase nunca é só pelos 20 centavos. 10.   Como nem sempre são evidentes todos os aspectos envolvidos em um debate – e como poucas pessoas entendem de todos os assuntos, tirando Leonardo Da Vinci e aquele seu amigo que dá palpite sobre tudo – é comum que fiquemos atentos à maneira como diferentes pessoas em quem confiamos se posicionam antes de formarmos a nossa própria opinião. O conceito de 15. formador de opinião, porém, mudou muito nos últimos anos. Hoje há formadores de opinião por todos os lados, para onde você olhar, e por isso mesmo é cada vez mais difícil escolher quem vale a pena ouvir.   Na busca da iluminação cotidiana, gosto de prestar atenção em quem entende do riscado: arquitetos para falar de arquitetura, médicos para falar de 20. medicina, juristas para falar de leis. Mas não basta entender do assunto. Para conquistar o meu respeito, é preciso conseguir construir argumentos que voem além dos interesses de sua categoria. Médicos a favor do Mais Médicos, jornalistas contra o diploma de jornalismo, empresários dispostos a perder algum dinheiro: pode-se concordar ou não com eles, mas ganham um crédito 25. adicional de confiança por pensarem com a cabeça e não com o bolso ou o coração.   Quero que o formador de opinião seja coerente, mas, se for dizer algo desatinadamente oposto ao que disse antes, que reconheça isso, com humildade, porque mudar de opinião, às vezes, é um sinal de inteligência e 30. integridade. Quero ler opiniões que me surpreendam de vez em quando, porque o pensador independente não se torna refém de inclinações políticas ou ideológicas – e nada é mais triste do que ver pessoas inteligentes esforçando- se para tornar plausível um pensamento torto apenas para justificar uma ideologia ou um interesse particular. Ainda assim, quero o conforto de saber 35. que certas pessoas têm a capacidade de iluminar os caminhos mais tortuosos, invariavelmente apontando para a trilha do que é justo, honesto, honrado, coerente.   A polêmica recente envolvendo o grupo de artistas que defende restrições às biografias não autorizadas talvez seja lembrada menos pelo40. assunto em si do que pelo fato de ter colocado sob fogo cerrado dois dos nomes mais emblemáticos da cultura brasileira. Não me importa que Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda tenham opiniões diferentes das minhas – muitas vezes tiveram, inclusive politicamente. O que é triste é ver que

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emprestaram seu prestígio não a um princípio ou a uma causa maior do que 45. eles, mas a interesses restritos ao seu cercadinho. Pois, levado ao limite, o raciocínio da proteção à privacidade torna impossível publicar qualquer coisa que contrarie o interesse de qualquer pessoa – o que, vamos combinar, é muito parecido com censura.   O mais irônico é que justamente esse gesto pode vir a ser a nota mais50. embaraçosa das biografias dos dois – quando, “apesar de você”, elas forem escritas. E serão.

Adaptadode:LAITANO,Cláudia.ZeroHora.

4. Ao utilizar a expressão capilaridade das redes sociais (l. 06), a autora refere-se à

a) profundidade dos debates que acontecem nas redes sociais. b) segmentaçãoderedessociaisespecializadasemdistintasquestõesdecaráterpúblico.c) capacidadedasredessociaisdepropagarideiasentreumnúmeroexpressivodepessoas.d) clandestinidade das redes sociais, necessária para garantir o anonimato de seus

participantes. e) finalidade das redes sociais de exercer um papel de crítica radical a iniciativas do poder

público.

Capilaridade < Capilar: vaso sanguíneo muito fino, muito estreito, especialmente o que liga a circulação arterial à venosa; que se assemelha ao sistema de vasos capilares (que permite ao sangue alcançar todos os recessos do organismo) ou ao modo de circulação e distribuição do sangue através deles.

5. A expressão choque tectônico de ideias (l. 09) contém uma metáfora que remete ao campo da

a) história. b) biologia. c) química. d) medicina. e) geologia.

Tectônico: relativo ao estrato (cada uma das camadas em que se dispõem as rochas) geológico.

2. PALAVRAS DE CUNHO CATEGÓRICO NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser incorreta):

• advérbios; • artigos; • expressões restritivas; • expressões totalizantes; • tempos verbais; • expressões enfáticas.

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EXEMPLIFICANDO

advérbios, expressões restritivas, expressões enfáticas

TJ-RS – FAURGS

  DizemquequandoosdoisestavamchegandoaNovaYork,naamuradadonavio,Freudvirou-se para Jung e perguntou:

–Seráqueelessabemquenósestamostrazendoapeste?

  Nãoseiseahistória,quelinumtextodoStephenGreenblattpublicadorecentementenarevistaTheNewYorker,éverdadeira.NemseiseFreudeJungestiveramjuntosemNovaYorkalgum dia. Mas o que Freud pretenderia dizer com “a peste” é fácil de entender. Era tudo o que os dois estavam explorando em matéria de subconsciente, inconsciente coletivo, sexualidade precoce– enfim, a revoluçãonopensamentohumanoquena Europa já se alastrava, e eracombatida como uma epidemia. Os agentes alfandegários não teriam identificado o perigo que os dois recém-chegados representavam para as mentes da América, deixando-os passar para contagiá-las.

  Todo desafio ao pensamento convencional e a crenças arraigadas é uma espécie depragasolapadora,umaameaçaànormalidadeeàsaúdepúblicas.SantoAgostinhodiziaquea curiosidade era uma doença. Os que procuravam explicações para o universo e a vida além dosdogmasdaIgrejaoudaciênciatradicionaleramportadoresdovírusdadiscórdia,aseremespantados como se espanta qualquer praga, com barulho e fogo. As ideias de Freud e de Jung divergiram – Jung acabou derivando para um quase misticismo, literariamente mais rico mas menos consequente do que o que pensava Freud –, mas as descobertas dos dois significaram uma reviravolta no autoconceito da humanidade comparável ao que significou o heliocentrismo deCopérnicoeassacadasdoGalileu.Ohomemnãosónãoeraocentrodouniversoconhecidocomo carregava dentro de si um universo desconhecido, que mal controlava. Agostinho tinha razão,acuriosidadedebilitavaohomem.ApartirdeCopérnicoacuriosidadesólevaraohomemairdesvendando,poucoapouco,suaprópriaprecariedade,cadavezmaislongedeDeus.

  Marx,outropestilento,tinhapropostoodeterminismohistóricoealutadeclassescomoeventuais formadores do Novo Homem, livre da superstição religiosa e de outras tiranias.Suas ideias, e a reação às suas ideias, convulsionaram o mundo. Esta peste se disseminou com violência e foi combatida com sangrias e rezas e no fim – como também é próprio das pestes – amainou. Todas as pestes chegam ao seu máximo e recuam. A Terra há séculos não é o centro do universo, o que não impede o prestígio crescente da astrologia. O iluminismo do século dezoitopareciaseropreâmbulodeumfuturoracionaleprevaleceuoirracionalismo.ONovoHomemdeMarxfoivistopelaúltimavezpulandoomuroparaBerlimOcidental.EastesesdeFreud e Jung, que revolucionariam as relações humanas, nunca foram aplicadas nas relações que interessam, a do homem com seus instintos e a dos seus instintos com uma sociedade sadia. Foi, como as outras, uma novidade, ou uma curiosidade, que expirou.

  Mastambéméprópriodaspestesseremreincidentes.Cedooutardeviráoutraperturbara paz da ignorância de Santo Agostinho. E passar.

Adaptadode:VERÍSSIMO,L.F.Apeste.ZEROHORA,quinta-feira,1ºdesetembrode2011.

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6. Assinale a alternativa correta sobre o que é dito no texto.

a) Segundootexto,éimprovávelqueFreudeJungtenhamchegadojuntosnomesmonavioàAmérica.

b) Faz sentido dizer que Freud e Jung trouxeram a peste para os Estados Unidos, tamanho o impacto negativo que as suas teorias tiveram no pensamento americano.

c) OsfuncionáriosdaalfândegaemNovaYorknãoestavamtreinadosparaidentificarcasosdeperigo de contágio através de passageiros infectados.

d) O prestígio da astrologia, em princípio, estaria relacionado à ideia de que a Terra é o centro do universo.

e) ApartirdeCopérnico,acuriosidadedohomemsófezcomqueelesetornassecadavezmais fragilizado.

Expressões totalizantes

TJ-RS – FAURGS

  Juventudeprocuraporta-voz.Podesersábio,masnãoautoritário.Devesercapazdedizeracoisacertasobredúvidas,nãoimportaseparaocorriqueiroouparaoexcepcional.

  Opensamentomágicoquechegavapelavozdefadas,bruxas,monstroseheróistemacadadiamenorutilidadeprática.Criadosnummundoatravessadopelosaberdaciência,osjovensnãoencontramnaexperiênciapassadaorientaçãoparavivernoséculo21.

  ObomsensodeDonaBentanãodácontadosproblemasdojovemmoderno.Elatemdevirar“Dra.Benta”paraensinaravivercomtudodenovoqueaciênciaintroduziunodiaadia.

  Ondeestãoamãe,opaiouoavôquesentemfirmezaemorientaraação,ossentimentoseasdoresdosfilhos?

  Otranscendenteeocotidianotiveramsuaessênciamodificadapelasciênciasdocompor-tamento. O apoio para os momentos difíceis teve de ser inovado.

  Éaíqueentraa“nova ficção”ouo relatodeaventurasemocionais.Paraadultoscujasvidastambémsecomplicaram,háumainfinidadedetítulosdachamadaautoajuda,quenadamais é do que a intenção de substituir o bom senso, outrora tão valioso. Tais livros ensinam desde a escrever um currículo até a lidar com a depressão.

  Alinguagemdoslivrosdeautoajudabatedefrentecomaânsiadeautonomiadojovem.Elenãoaceitareceitasnemsoluçõesdecujaconcepçãonãoparticipou.Éprópriodosjovensansiarporresolveravida,surdosàspregaçõesdosadultos.Daíaatemporalimportânciadasfábulas e das parábolas na tarefa de orientar.

  Ojeitoépalpitarpormeiodaficção.Échegadoomomentodeeditarlivrosquefalemdeangústiasdegordinhos,medodosexooposto,pânicodahumilhação.Asconsequênciaspsico-lógicas dos conflitos familiares, das doenças, da morte e do abandono são temas aos quais a sa-bedoriadasavóstemhojepoucoaacrescentar.Comooadultonãosesenteeficienteparabemorientarosjovens,échegadaahoradosartistas.Pormeiodaquelashistórias,ojovempode,identificando-se, situar-se diante do moderno.

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  Sair da infância, adolescer e amadurecer é uma aventura para ninguémbotar defeito.Parece-meque,diantedainsegurançadosadultos,restaaliteraturaresgatarparaojovemapossibilidade de novas percepções sem obedecer à voz imperativa de um adulto.

  HarryPotteréumexemplodessatendência.Sãolivrosquefalamdeummododeviverdiferente,comoumaobradeautoajudadisfarçadadeaventura.Opalpitechegasemverbonoimperativo,envoltoporumalindahistória,ondeconflitosseresolvemdeumjeitonovo.

  Os jovensagradecemasmodernas formasdeesclarecere fazerpensar semopesodaautoridade outrora decretada pela “moral da história”.

Mautner, Anna Verônica. Aprenda nos romances. Texto adaptado. Folha de S. Paulo, setembro de 2007.

Trata-se de BREVE ENSAIO: autoral; opinativo/argumentativo, assinado, no qual o autorexpressa a sua opinião. Geralmente, aborda assuntos universais.

7. Em seu texto, a autora aborda

a) aformacomooslivrosdeautoajudaservemdeamparoparaasangústiasdepessoasdetodas as idades.

b) a conveniência de que os jovens retornem à tradição para encontrar respostas às suasangústias.

c) apossibilidadedealiteraturatrazercontribuiçõesparaasdúvidaseangústiasdosjovensno mundo contemporâneo.

d) o fato de que os jovens só desenvolverão hábitos de leitura se houver livros escritosespecialmente para eles.

e) a contribuição das ciências do comportamento para a resolução dos problemas existenciais dosjovens.

Artigos

Negação do meio ambiente

Até o final do século 19, quando nasceu meu avô, a vida na Terra, em qualquer que fosse o país, tinha estreitos laços com os produtos e serviços da natureza. O homem dependia de animais para a maior parte do trabalho, para locomoção e mal começava a dominar máquinas capazes de produzir força ou velocidade. [...]

8. No trecho“Ohomemdependiadeanimaisparaamaiorpartedo trabalho”,oempregodosingular na palavra homem destaca o seguinte aspecto:

a) valorizaçãob) depreciaçãoc) generalizaçãod) intensificaçãoe) particularização

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Tempos verbais

Ospaisdehojecostumamdizerqueimportanteéqueosfilhossejamfelizes.Éumatendênciaque se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960. É irrelevante que entrem na faculda-de,queganhemmuitooupoucodinheiro,quesejambem-sucedidosnaprofissão.Oqueespero,eisarespostacorreta,équesejamfelizes.Ora,felicidadeécoisagrandiosa.Éesperar,nomínimo,que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente, que consiga cumprir todososdesejoseambiçõesquevenhaaabrigar.Seaindaforpouco,queatinjaoenlevomísticodossantos.Nãodáparapreenchercadernodeencargosmaiscruelparaapobrecriança.

9. É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão.O emprego das formas verbais grifadas acima denota

a) hipótese passível de realização.b) fato real e definido no tempo.c) condição de realização de um fato.d) finalidade das ações apontadas no segmento.e) temporalidade que situa as ações no passado.

3. BUSCA DE PALAVRAS “ABERTAS” NAS ALTERNATIVAS (possibilidade de a alternativa ser a correta):

• Possibilidades; • hipóteses (provavelmente, é possível, uso do futuro do pretérito do indicativo (-ria) , modo

subjuntivo...).

TJ-RS – FAURGS

EXEMPLIFICANDO

  Todososjogossecompõemdeduaspartes:umjogoexterioreumjogointerior.Oexterioréjogadocontraumadversárioparasuperarobstáculosexterioreseatingirumametaexterna.Paraodomíniodessejogo,especialistasdãoinstruçõessobrecomoutilizarumaraqueteouumtaco e como posicionar os braços, as pernas ou o tronco para alcançar os melhores resultados. Mas, por algum motivo, a maioria das pessoas têm mais facilidade para lembrar essas instruções do que para executá-las.

  Minha tese é que não encontraremos maestria nem satisfação em algum jogo senegligenciarmosashabilidadesdojogointerior.Esteéojogoquesedesenrolanamentedojogador,eé jogadocontraobstáculos como faltadeconcentração,nervosismo,ausênciadeconfiançaemsimesmoeautocondenação.Emresumo,estejogotemcomofinalidadesuperartodos os hábitos da mente que inibem a excelência do desempenho.

  Muitasvezesnosperguntamos:Porquejogamostãobemnumdiaetãomalnooutro?Porqueficamostensosnumacompetiçãooudesperdiçamosjogadasfáceis?Porquedemoramostantoparanoslivrardeummauhábitoeaprenderumnovo?Asvitóriasnojogointeriortalveznãoacrescentemnovos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas, que são permanentes e que contribuem de forma significativa para nosso sucesso posterior, tanto na quadra como fora dela.

AdaptadodeW.TimothyGallwey.Ojogointeriordetênis.Trad.deMarioR.Krausz.S.Paulo:Textonovo,1996.p.13.

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10. As indagações feitas no início do terceiro parágrafo

a) consideram diversas dificuldades e deficiências que se relacionam exclusivamente com o exercíciodojogoexterior.

b) apontam para comportamentos inexplicáveis na prática do esporte, mas que na verdade são típicos de todos os seres humanos.

c) constituemperguntasretóricas,cujoobjetivoéapenasmostraraperplexidadedoautorquandoconsideraainstabilidadenapráticadojogoexterior.

d) encontram respostas apenas a partir do momento em que se abandona o ambiente esportivo para considerar a vida em sentido amplo.

e) sugeremqueproblemaspoucocompreensíveisdopontodevistadojogoexteriorpodemseresclarecidosdaperspectivadojogointerior.

INFERÊNCIA

PROCEDIMENTOS

INFERÊNCIA = ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do texto, de certas palavras ou expressões contidas na frase.

Enunciados =“Infere-se”,Deduz-se”,“Depreende-se”,etc.

Observe as seguintes frases:

a. Viajei nas férias, mas voltei cansadíssimo.

Nela,ofalantetransmiteduasinformaçõesdemaneiraexplícita:

a) queeleviajounasférias;b) que ele retornou cansado.

Ao ligar as duas informações por meio de “mas”, comunica também, de modo implícito, a quebra de uma expectativa: durante as férias, descansa-se.

b. Os alunos ainda não chegaram ao local da prova.

Pressuposto:Osalunosjádeviamterchegadoouosalunoschegarãomaistarde.

c. Sua paixão tornou-se pública.

Pressuposto:Apaixãonãoerapúblicaantes.

EXEMPLIFICANDOTJ-RS – FAURGS

Apesar de você

01.   Você é a favor ou contra cortarem árvores para alargar uma rua? A favor ou contra derrubarem uma casa para construir um edifício? Devem ser reabertos os arquivos da ditadura? Proibidas as máscaras nos protestos? Publicadasbiografiasnãoautorizadas?

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05. A   arena de debates públicos foi ampliada virtualmente ao infinito pela capilaridade das redes sociais. Pode parecer apenas mais uma discussão banal sobre um aumento de 20 centavos nas passagens, mas por trás de toda polêmica que exalta ânimos e inflama espíritos há um conflito de visões de mundo, um choque tectônico de ideias. Quase nunca é só pelos 20 centavos. 10.   Como nem sempre são evidentes todos os aspectos envolvidos em um debate – e como poucas pessoas entendem de todos os assuntos, tirando Leonardo Da Vinci e aquele seu amigo que dá palpite sobre tudo – é comum que fiquemos atentos à maneira como diferentes pessoas em quem confiamos se posicionam antes de formarmos a nossa própria opinião. O conceito de 15. formador de opinião, porém, mudou muito nos últimos anos. Hoje há formadores de opinião por todos os lados, para onde você olhar, e por isso mesmo é cada vez mais difícil escolher quem vale a pena ouvir.   Na busca da iluminação cotidiana, gosto de prestar atenção em quem entende do riscado: arquitetos para falar de arquitetura, médicos para falar de 20. medicina, juristas para falar de leis. Mas não basta entender do assunto. Para conquistar o meu respeito, é preciso conseguir construir argumentos que voem além dos interesses de sua categoria. Médicos a favor do Mais Médicos, jornalistas contra o diploma de jornalismo, empresários dispostos a perder algum dinheiro: pode-se concordar ou não com eles, mas ganham um crédito 25. adicional de confiança por pensarem com a cabeça e não com o bolso ou o coração.   Quero que o formador de opinião seja coerente, mas, se for dizer algo desatinadamente oposto ao que disse antes, que reconheça isso, com humildade, porque mudar de opinião, às vezes, é um sinal de inteligência e 30. integridade. Quero ler opiniões que me surpreendam de vez em quando, porque o pensador independente não se torna refém de inclinações políticas ou ideológicas – e nada é mais triste do que ver pessoas inteligentes esforçando- se para tornar plausível um pensamento torto apenas para justificar uma ideologia ou um interesse particular. Ainda assim, quero o conforto de saber 35. que certas pessoas têm a capacidade de iluminar os caminhos mais tortuosos, invariavelmente apontando para a trilha do que é justo, honesto, honrado, coerente.   A polêmica recente envolvendo o grupo de artistas que defende restrições às biografias não autorizadas talvez seja lembrada menos pelo40. assunto em si do que pelo fato de ter colocado sob fogo cerrado dois dos nomes mais emblemáticos da cultura brasileira. Não me importa que Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda tenham opiniões diferentes das minhas – muitas vezes tiveram, inclusive politicamente. O que é triste é ver que emprestaram seu prestígio não a um princípio ou a uma causa maior do que 45. eles, mas a interesses restritos ao seu cercadinho. Pois, levado ao limite, o raciocínio da proteção à privacidade torna impossível publicar qualquer coisa que contrarie o interesse de qualquer pessoa – o que, vamos combinar, é muito parecido com censura.   O mais irônico é que justamente esse gesto pode vir a ser a nota mais50. embaraçosa das biografias dos dois – quando, “apesar de você”, elas forem escritas. E serão.

Adaptadode:LAITANO,Cláudia.ZeroHora

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11. Assinaleaalternativaqueapresentaconteúdoquesepodedepreenderdaleituradotexto.

a) O programa Mais Médicos é uma boa iniciativa do Governo Federal. b) Formadores de opinião inteligentes costumam ter uma segunda opinião para mostrar que

são íntegros. c) Ésinalde independênciadeumpensadorelaborar seusargumentoscomoobjetivode

justificarsuaideologiaparticular.d) AironiacaracterísticadeCaetanoVelosoeChicoBuarquedeHollandaseráregistradaem

suas biografias em forma de nota. e) Aoaumentodonúmerodeformadoresdeopiniãocorrespondeumaumentodadificuldade

de seleção das opiniões que merecem ser consideradas.

INTERTEXTUALIDADE

Um texto remete a outro, contendo em si – muitas vezes – trechos ou temática desse outro com o qual mantém “diálogo”.

Vou-me Embora pra PasárgadaManuelBandeira

Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu queroNacamaqueescolherei

Vou-me embora pra PasárgadaVou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDetalmodoinconsequente

Que Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa demente

Vem a ser contraparenteDanoraquenuncative

E como farei ginásticaAndarei de bicicleta

Montarei em burro braboSubirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

[...]

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E quando eu estiver mais tristeMastristedenãoterjeitoQuando de noite me der

Vontade de me matar— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu queroNacamaqueescolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.TextoextraídodolivroBandeiraaVidaInteira,EditoraAlumbramento–RiodeJaneiro,1986,pág.90

AntievasãoOvídio Martins (Cabo Verde – 1928)

PedireiSuplicareiChorarei

NãovouparaPasárgadaAtirar-me-ei ao chão

E prenderei nas mãos convulsasErvas e pedras de sangue

NãovouparaPasárgada

GritareiBerrareiMatarei

NãovouparaPasárgada

12. OtextodopoetadeCaboVerderevela

a) temáticadeabrangênciaregional,semquehajatranscendênciapolíticaegeográfica.b) poética evasiva de relativa resistência em seu intratexto, de questionamento universal.c) tema de alcance universal, em que o eu lírico estabelece um diálogo intertextual com um

poeta modernista brasileiro.d) preocupação de contorno universal em que, de maneira inédita, questiona a existência de

um lugar idealizado para a solução dos problemas humanos.e) diálogocomumpoetabrasileiroemque,pormeiodeumcontraponto,expõeseudesejo

de evasão, embora o título desminta esse anseio.

EXTRATEXTUALIDADE

A questão formulada por meio do texto não se restringe ao universo textual, exigindo do aluno conhecimento mais amplo.

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EXEMPLIFICANDO

O Estado de São Paulo

13. Considereasafirmaçõesacercadocartum.

I – A fim de compreender o humor da tira, o leitor deve dominar a norma culta formal da língua portuguesa.

II – O efeito de humor é provocado pelo uso do recurso retórico denominado prosopopeia.

III – É possível inferir, por meio da leitura, séria crítica ao desconhecimento – comum entre os brasileiros – dos fatos da língua portuguesa.

Quaisestãocorretas?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e III.e) I, II e III.

TIPOLOGIA TEXTUAL

Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram emdeterminadotempoelugar,envolvendocertospersonagens.Háumarelaçãodeanteriori-dade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado.

Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que compõem determinado objeto,pessoa,ambienteoupaisagem.Usam-seadjetivosparatal.

Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias e opiniões gerais, seguidas da apresenta-ção de argumentos que as defendam e comprovem.

Exposição:apresentainformaçõessobreassuntos,expõeideias,explicaeavaliaerefleteNãofaz defesa de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo. O texto expositivo apenas revela ideias sobre um determinado assunto. Por meio da mescla entre texto expositivo e narrativo, obtém-se o que conhecemos por relato.

Injunção: indica como realizar uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos.Utilizalinguagemobjetivaesimples.Osverbossão,nasuamaioria,exprimemordem, solicitação, pedido. Os pronomes, geralmente, são os da segunda pessoa do discurso.

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EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Motoristas sobrevoam uma paisagem, de preferência sem dispersão, atentos a rotas, contextos, coordenadas. Lombas e acidentes do terreno só exigem uma rápida mudança de marcha. Nadaprecisamsaberde cheiros, gosmasna calçada, vegetaçãoe sombras,do zoológicodeanimaisdomésticos,dosadolescentescoreografandosuamúsicasolitária,develhosocupadose crianças contandoalgoaumadultoque se reclina,depessoasbelas, esdrúxulas, vivazes,sorumbáticos.Comcadarostocomquesecruzaháumanegociaçãodeolhares,umahistóriaimaginada, medo ou confiança. Só os loucos desrespeitam a separação entre carros e pedestres: atravessam a rua costurando entre os carros, conduzindo sua moto de delírio.

Entre os veículos também há breves encontros em que os motoristas se enxergam, no tempo impaciente de uma sinaleira, na redução contrariada de um obstáculo. Mas a identidade não é o corpo, é o carro: é o gordo do Gol vermelho, a loira do Audi prata, o senhor da Saveiro preta. O carro é avatar: através dele expressamos, mas também ocultamos nossa personalidade. Isolados, minimizamos o encontro, xingamos tudo o que obstrui o fluxo. Parar nos deixa acuados, o engarrafamentonosdesnuda.NocontodeJulioCortazarchamado“Aautopistadosul”,ahistóriase passa numa estrada francesa, num engarrafamento ocorrido sem razões reveladas. São vários dias de imobilidade, ao longo dos quais os passageiros dos carros vão se transformando em membros de uma pequena sociedade nascente. A identidade das personagens inclui as características do veículo que dirigem. Organizam-se em grupos, lideranças se consolidam, redes de solidariedade se firmam, intrigas ameaçam a união. Nesse tempo de movimentocessado, a vida segue: há doença, um suicídio; até uma história de amor brota do árido asfalto. O autismo (perdão pela piada involuntária) do trânsito foi sendo suplantado pela empatia do grupo. Subitamente o engarrafamento dissolve-se tão inexplicavelmente quanto se perpetuara. Retomado o movimento da autopista, os carros se distanciam velozmente e sentimos pena dos vínculos que se desmancham. Instala-se novamente o fluxo da impessoalidade.

Deslocar-se não é um trecho fora da vida. Existimos tambémno tempo emque ainda nãochegamos,enquanto“estamosindo”paraalgumlugar.Porquenãoincorporarostrajetosnanossaconsciência?Andar,pedalar,usartransportescoletivos(quenãofossemumatortura),são formas de locomover-se vendo sutilezas, suportando a existência de outros corpos. Mesmo que todos pareçam tão nus, sem seus cascos, tão frágeis, sem escudo.

Adaptadode:CORSO,D.Fluxodaimpessoalidade.ZeroHora.

14. Quanto ao tipo de texto, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de um texto predominantemente argumentativo, em que a narração está a serviço de defesa de um ponto de vista.

b) O texto é predominantemente explicativo, com o propósito fundamental de levar o leitor a compreender uma determinada informação.

c) O texto é descritivo, pois orienta o interlocutor em relação a procedimentos que deve seguir. d) Trata-sedeumrelatoinformal,emformadecrônica,cujapropostaérecriarparaoleitor

uma situação cotidiana em linguagem literária. e) O texto é predominantemente narrativo, visto que seu foco é a trama, que gira em torno de

personagenscujavidaécondicionadapeloatodedirigirequeapresentaummomentodecomplicação, que é o engarrafamento, a que se segue a solução final.

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Aula 2

• Gêneros Textuais. • Variedades de linguagem. • Ortografia. • Semântica e Vocabulário. • Polissemia. • Conotação e Denotação. • Elementos de sentido do texto.

GÊNEROS TEXTUAIS

EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) nãoexpressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntos bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública acerca de determinado tema, dirigindo-se(explícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções.

ARTIGOS: são osmais comuns. São textos autorais – assinados –, cuja opinião é da inteiraresponsabilidadedequemoescreveu.Seuobjetivoéodepersuadiroleitor.

NOTÍCIAS:sãoautorais,apesardenemsempreseremassinadas.Seuobjetivoétãosomenteode informar, não o de convencer.

BREVE ENSAIO:éautoral;trata-sedetextoopinativo/argumentativo,assinado,noqualoautorexpressa a sua opinião. Geralmente, aborda assuntos universais.

CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente coloquial.

PEÇA PUBLICITÁRIA: a propaganda é um modo específico de apresentar informação sobre produto, marca, empresa, ideia ou política, visando a influenciar a atitude de uma audiência em relação a uma causa, posição ou atuação. A propaganda comercial é chamada, também, de publicidade. Ao contrário da busca de imparcialidade na comunicação, a propaganda apresenta informaçõescomoobjetivoprincipaldeinfluenciarumaaudiência.Paratal,frequentemente,apresenta os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omissão) para encorajardeterminadas conclusões, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional enãoracionalàinformaçãoapresentada.Costumaserestruturadopormeiodefrasescurtaseem ordem direta, utilizando elementos não verbais para reforçar a mensagem.

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CHARGE: é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ouseja,exageratraçosdocaráterdealguémoudealgoparatorná-loburlesco.Apesardeserconfundida com cartum, é considerada totalmente diferente: ao contrário da charge, que tece uma crítica contundente, o cartum retrata situações mais corriqueiras da sociedade. Mais do que um simples desenho, a charge é uma crítica político-social mediante o artista expressa graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas por meio do humor e da sátira.

CHARGE

CARTUM

QUADRINHOS: hipergênero, que agrega diferentes outros gêneros, cada um com suas peculiaridades.

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Caracteriza-sepelaobediênciaàsnormasgramaticais.Maiscomumenteusadanalinguagemescritaeliterária,refleteprestígiosocialecultural.Émaisartificial,maisestável,menossujeitaa variações.

É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem, expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.

A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que asmensagens sejam decodificadas apenas pelopróprio grupo. Assim, a gíria é criada por determinados segmentos da comunidade social que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Pode, ainda, ser incorporada à língua oficial ou cair em desuso.

“Ligada aos grupos extremamente incultos, aos analfabetos”, aos que têm pouco ou nenhum contato com a instrução formal.

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Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais, empregos de certas palavras e expressões e do ponto de vista fonológico. Tais variações podem ser diafásicas, diastráticas, diacrônicas ou diatópicas.

Variação Diatópica: variação que corresponde ao lugar (região, estado, zona rural, zona urbana...)

Variação Diastrática: variação que se vincula às camadas sociais (faixa etária, escolaridade, ambiente de circulação).

Variação Diafásica: adequação do uso da língua aos diversos contextos comunicativos em que o falante está incluso.

Variação Diacrônica: variação que se vincula ao tempo (evolução da língua).

Simplificação da escrita entre quem usa a internet.

EXEMPLIFICANDO

Saudosa MalocaPeguemo todas nossas coisas

E fumo pro meio da rua Preciá a demolição

Que tristeza que nóis sentia CadataubaquecaíaDuíanocoração

Mato Grosso quis gritá Mais em cima eu falei: Os home tá c’a razão, Nóisarranjaotrolugá.

Só se conformemo quando o Joca falô: “Deusdáofrioconformeocobertô”.

BARBOSA,Adoniran.In:DemôniosdaGaroa–Tremdas11.CD903179209-2,Continental-WarnerMusicBrasil,1995.

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15. Considereasafirmações.

I – A letra de “Saudosa Maloca” pode ser considerada como realização de uma “linguagem artística” do poeta, estabelecida com base na sobreposição de elementos do uso popular ao uso culto.

II – Uma dessas sobreposições é o emprego do pronome oblíquo de terceira pessoa “se” em lugar de “nos” (Só se conformemo), diferentemente do que prescreve a norma culta.

III – A letra de “Saudosa Maloca” apresenta linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

Estão corretas

a) apenas I.b) apenas II.c) apenas III.d) apenas I e II.e) I, II e III.

TJ-RS – FAURGS

A língua do Brasil amanhã

Ouvimos com frequência opiniões alarmantes a respeito do futuro da nossa língua. Às vezes se diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas(emespecialo inglês,atualcandidatonúmeroumalínguauniversal);ouquevai se “misturar” com o espanhol, formando o “portunhol”; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura.

AdaptadodePERINI,M.A.AlínguadoBrasilamanhãeoutrosmistérios.SãoPaulo:ParábolaEditorial,2004.Páginas11-14.

16. O autor apresenta o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado como exemplo de uso de gírias e expressões populares. Assinale a alternativa que apresenta uma possível reescrita dessa frase, de acordo com a norma culta da língua portuguesa.

a) O casaco que você sairia está rasgado. b) O casaco que você sairia com ele está rasgado. c) O casaco com o qual você sairia está rasgado. d) O casaco com que tu sairia está rasgado. e) O casaco que tu irias sair está rasgado.

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ORTOGRAFIA

Parônimos–palavrasquesãomuitoparecidasnaescritaounapronúncia,porémapresentamsignificados diferentes.

ALGUNS EXEMPLOS

absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver)

ao encontro de (a favor) de encontro a (contra)

ao invés de (oposto) em vez de (no lugar de)

apóstrofe (figura de linguagem) apóstrofo (sinal gráfico)

aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar)

arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair)

ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo)

bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe)

cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil)

comprimento (extensão) cumprimento (saudação)

deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir)

delatar (denunciar) dilatar (alargar)

descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)

descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir)

despensa (local onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar)

docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos)

emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país)

eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente)

eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)

esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)

estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um lugar)

flagrante (evidente) fragrante (perfumado)

fluir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar)

fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo)

imergir (afundar) emergir (vir à tona)

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inflação (alta dos preços) infração (violação)

infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar)

mandado(ordemjudicial) mandato (procuração)

peão (aquele que anda a pé, domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo)

precedente (que vem antes) procedente (proveniente; que tem fundamento)

ratificar (confirmar) retificar (corrigir)

recrear (divertir) recriar (criar novamente)

soar (produzir som) suar (transpirar)

sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito)

sustar (suspender) suster (sustentar)

tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal)

vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente)

vultosa (considerável, em excesso, de tamanho exagerado)

vultuoso (que possui os olhos salientes, os lábios e o rosto avermelhados e inchados)

Homônimos –palavrasquesãoiguaisnaescritae/ounapronúncia,porémtêmsignificadosdiferentes.

Homônimos perfeitos são palavras diferentes no sentido, mas idênticas na escrita e na pronúncia.

SãoJorge/São váriasascausas/Homemsão.

Homônimos homógrafos têm amesma escrita, porém diferente pronúncia na abertura davogaltônica“o”/“e”.

Omolho/Eumolho–Acolher/Voucolher

Homônimos homófonos têmamesmapronúncia,masescritadiferente.

Acender=pôrfogo/ Ascender = subir

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ALGUNS EXEMPLOS

Acento Inflexão da voz; sinal gráfico Assento Lugar onde a gente se assenta

Acerca de = a respeito de, sobreA cerca de = aproxima-damente, perto (dis-tância)

Há cerca de = tempodecorrido (aproxima-damente)

Anticé(p)tico Oposto aos céticos Antissé(p)tico Desinfetante

Aparte Comentárioacrescentadoaumafala mediante uma interrupção A parte Porção, parcela de um

todo

Caçar Perseguir a caça Cassar Anular

Cé(p)tico Que ou quem duvida Sé(p)tico Que causa infecção

Cela Pequeno aposento Sela Arreio de cavalgadura

Celeiro Depósitodeprovisões Seleiro Fabricante de selas

Censo Recenseamento Senso Juízo claro

Cerração Nevoeiroespesso Serração Ato de serrar

Cerrar Fechar Serrar Cortar

Cessão=doação,anuência Se(c)cão = divisão, se-tor, departamento Sessão = reunião

Cesta Recipiente de vime, palha ou outro material trançado Sexta Dia da semana;

numeral ordinal (fem.)

Cilício Cintoparapenitências Silício Elemento químico

Círio Vela grande de cera Sírio da Síria

Concertar Harmonizar;combinar Consertar Remendar; reparar

Empoçar Formar poça Empossar Darpossea

Estrato

Camadas (rochas); seção ou di-visão de um sistema organizado; faixa. P.ext., a classificação dos indivíduos a partir de suas con-dições socioeconômicas; grupo composto por nuvens baixas.

Extrato

Que foi extraído de al-guma coisa; registro de uma conta (bancária, p.ex.); perfume.

Incerto Duvidoso Inserto Inserido, incluído

Incipiente Principiante Insipiente Ignorante

Intenção ou tenção Propósito Intensão ou tensão Intensidade

Intercessão Rogo,súplica Interse(c)ção Ponto em que duas linhas se cortam

Laço Laçada Lasso Cansado

Maça Clava Massa Pasta

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Paço Palácio Passo Passada

Ruço Pardacento; grisalho Russo NaturaldaRússia

Senão A não ser, caso contrário, defeito (= um senão) Se não Casonão(condicional)

Tachar Colocardefeitosemsipróprioouapontar os defeitos alheios. Taxar

Fazer a cobrança de um imposto ou tributo sobre.

USO DO PORQUÊ

1. Por que1. nas interrogações;2. = o motivo pelo qual, a razão pela qual.Ex.:“Nãoseiporquevocêsefoi...”

2. Por quêIdem ao anterior – ganha acento quando “bate” no ponto terminativo de uma frase.Ex.:Vocêsefoiporquê?Nãoseibemporquê.

3. Porque

Valor causal ou explicativo (respostas). Substituível por “pois” Ou “por causa que (erro)”Ex.: Fuiemboraporqueestavacansada.   Vocêfoiemborasóporqueestavacansada.

4. PorquêValor substantivo. Antecedido por artigo, pronome ou numeral.Ex.:Nãosabemosoporquêdetantadesconfiança.

USO DO HÍFEN

1. Regra básica

Sempre se usa o hífen diante de h:

sub-habitação/proto-história/sobre-humano/anti-higiênico

super-homem...

2.

Prefixo Palavra REGRA

últimaletraigual à primeira letra SEPARAR

contra-ataque/semi-interno/anti-inflamatório/micro-ondas/inter-racialsub-bibliotecário/super-romântico/inter-regional

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Obs. 1: com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça.

3.

Prefixo Palavra REGRA

últimaletradiferente da primeira letra JUNTAR

antieducativo/autoescola/infraestrutura/socioeconômico/semiárido/agroexportador/semianalfabeto/coautor/subúmido

Obs. 2: O prefixo co- aglutina-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coordenar.

4.

Prefixo Palavra REGRA

terminado em vogal começada por R ou S JUNTAR e DOBRAR ESTAS LETRAS

autossuficiente/contrarregra/cosseno/semirrígida/ultrassom/microssistema/minissaia/semissubmersa/macrorregião/antirrábica/neorrealismo/semirreta/biorritmo/antirrugas

/antissocial

5. Comosprefixoscircum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.

circum-navegação/pan-americano

6. Comosprefixosex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró e vice usa-se sempre o hífen.

ex-aluno/sem-terra/além-túmulo/aquém-mar/recém-casado/pós-graduação/pré-vestibular/pró-euro/vice-rei

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Português é muito difícil

Essaafirmaçãopreconceituosaéprima-irmãdeoutra,“brasileironãosabeportuguês”.Comoo nosso ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, as regras que aprendemos na escola em boa parte não correspondem à língua que realmente falamos e escrevemosnoBrasil.Porissoachamosque“portuguêséumalínguadifícil”:_____temosdedecorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós.

[...]

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Por isso aquela piadinha que muita gente solta quando vê uma criancinha estrangeira falando –“Tãopequenoejáfalatãobeminglês(ououtralíngua)”–temseufundodeverdade:muitopouca gente conseguirá falar uma língua estrangeira com tanta desenvoltura quanto uma criançadecincoanosquetemnelasualínguamaterna!_____?Porquetodaequalquerlínguaé “fácil” para quem nasceu e cresceu rodeado por ela!

[...]

Setantagentecontinuaarepetirque“portuguêsédifícil”é____oensinotradicionaldalínguanoBrasilnãolevaemcontaousobrasileirodoportuguês.

17. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto, respectivamente.

a) por que – Porquê – por queb) porque – Porquê – por quec) por que – Por que – porqued) porque – Por quê – por quee) porque – Por quê – porque

18. Leia as frases abaixo.

1–Assistiao________dobaléBolshoi.

2–Daqui______poucovãodizerque______vidaemMarte.

3–As_________dacâmarasãoverdadeirosprogramasdehumor.

4–___________diasquenãofalocomZambeli.

Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de vocábulos para as lacunas existentes.

a) concerto–há–a–cessões–Há.b) conserto–a–há–sessões–Há.c) concerto – a – há – seções – A. d) concerto–a–há–sessões–Há.e) conserto – há – a – sessões – A.

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SEMÂNTICA

SINONÍMIA E ANTONÍMIA

Sinônimos: palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

Antônimos: palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimo de um prefixo de sentido oposto ou negativo.

Exemplos:

mal X bempossível X impossível

simpático X antipático

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Cada biblioteca é uma biblioteca de preferências, e cada categoria escolhida implica uma exclusão.[...]OescritorfrancêsPaulMasson,quetrabalharacomojuiznascolôniasfrancesas,notouque a BibliotecaNacional de Paris tinha deficiências de livros em italiano e latimdoséculo XV e decidiu remediar o problema, compilando uma lista de livros apropriados sob uma nova categoria que “salvaria o prestígio do catálogo” – uma categoria que incluía somente livroscujostítulosele inventara. [...]Umavezqueasestantescontêmtodasascombinaçõespossíveis do alfabeto e, assim, fileiras e fileiras de algaravia indecifrável, todos os livros reais ou imagináveis estão representados: “a história minuciosa do futuro, as autobiografias dos arcanjos,ocatálogofieldaBiblioteca,milharesemilharesdecatálogosfalsos,ademonstraçãoda falácia desses catálogos, uma versão de cada livro em todas as línguas, as intercalações de cada livro em todos os livros”. [...]Salas, corredores, estantes, prateleiras, fichas e catálogos computadorizados supõem que os assuntos sobre os quais nossos pensamentos se demoram são entidades reais, e, por meio dessa suposição, determinado livro pode ganhar um tom e um valor particulares.

19. A segunda palavra de cada uma das alternativas abaixo poderia substituir a respectiva palavra dotextosemcausaralteraçãodesignificado,ÀEXCEÇÃODE

a) implica/acarreta.b) compilando/reunindo.c) indecifrável/incompreensível.d) falácia/precisão.e) suposição/conjectura.

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HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA

Observe este enunciado:

“Fomos à feira e compramos maçã, banana, abacaxi, melão... Estavam baratas, pois são frutas da estação.”

Hiperonímia (frutas) = como o próprio prefixo indica, confere ideia de todo; do todo se originam ramificações.

Hiponímia = (maçã, banana, abacaxi, melão) o oposto de hiperonímia; cada parte, cada item de um todo.

EXEMPLIFICANDO

20. Na tira deMafalda, encontram-se as palavras “gente” e “pessoas” para designar amesmarealidade.Considerandoocontextoemquefoiproduzidoodiscursoeasrelaçõesdesentidocriadas a parrtir dele, podemos inferir que “gente” representa um conceito mais amplo e que “pessoas”representaumconceitomaisrestrito,particularizado.Narelaçãoentreessasduaspalavras, no contexto da tira, há, pois, respectivamente, uma ocorrência de

a) denotação/conotação.b) hiperonímia/hiponímia.c) sinonímia/antonímia.d) homonímia/paronímia.e) singularidade/pluralidade.

POLISSEMIA

Significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”, contudo, assim que se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico, isto é, significado contextual.

Os vários significados de uma palavra, em geral, têm um traço em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção.

• A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço. • Ele é o cabeça da rebelião. • Sabrina tem boa cabeça.

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EXEMPLIFICANDO

21. O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos.Nocontextodailustração,afraseproferidarecorreà

a) polissemia, ou seja, aosmúltiplos sentidosda expressão “rede social” para transmitir aideia que pretende veicular.

b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.c) homonímia, para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o

espaço da população rica.d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso

da família.

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Denotaçãoéasignificaçãoobjetivadapalavra–valorreferencial;éapalavraem"estadodedicionário“.

Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outrasrealidades devido às associações que ela provoca.

EXEMPLIFICANDO

TJ-RS – FAURGS

Cultura de segurança

Nas últimas décadas, o país colecionou sucessos e reveses com o seu trânsito. Dentre osaspectospositivos,podem-seapontaroCódigodeTrânsitoBrasileiro,modernoeaustero,amunicipalização do trânsito, a melhoria da segurança dos veículos, com cintos de segurança (obrigatórios),airbagsefreiosABS(opcionais),computadordebordoeumanovaengenharia

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do veículo que o torna mais seguro. Ainda, algumas rodovias, principalmente as concessionadas, oferecem um padrão de segurança e assistência ao usuário comparável às vias americanas e europeias, embora com um custo elevado.

Poroutro lado,outrosfatoresaindadeixammuitoadesejar:osórgãosgestorescarecemdeestrutura adequada e de técnicos especializados, faltam políticas de segurança, a fiscalização é insuficiente, alterações no Código o tornammais brando, a formaçãode condutores temgrandesdeficiênciasetc.Tambémévisívelocrescimentoextraordináriononúmerodeveículos,que fazem uso de espaços viários que não acompanham minimamente aquele crescimento. As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás.

Apesar de tudo, o Estado incentiva efusivamente a aquisição de novos veículos, através derenúnciafiscaleprazosdefinanciamentoaperderdevista.Ofinalde2009,paramuitascidadeseregiões,trouxetambémaconstataçãodeumcrescimentononúmeroenagravidadedos acidentes de trânsito, lamentavelmente. Os dados sobre os acidentes são ainda muito pouco confiáveis, em nível municipal, estadual e federal, o que torna muito difícil combater um "inimigo"quenãoseconhececomclareza.

Umgrandeespecialistaemsegurançanotrânsito,J.PedroCorrea,queimplantouegerencianopaísomaioremaisimportanteprêmiodesegurançanotrânsito,apontaqueoBrasilnãopossuiuma cultura de segurança. Esse conceito vai além do trânsito; basta ver o comportamento do brasileirocomasquestões ligadasaenergiaelétrica,construçãocivil, indústria,manutençãodos veículos etc. Sobram ações inseguras a todo o momento. Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. Quem se preocupa em ler o cartão disponível no assento, sobre comoprocedernocasodepane?Quemsedispõeaassistir com interesseàexplanaçãodacomissáriadebordosobreosprocedimentosdesegurançaabordo?

Pude presenciar, em países europeus, vários exemplos de comportamento seguro que mostram essaculturadesegurança.Certavez,emMontet,naSuíça,viumgrupodecriançascorrendopela calçada ao sair da escola. Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. Correramatéchegaraocruzamentoepararam.Domeiodeles, saiuumgaroto,oguia,quese colocou no centro da via a ser transposta e, com o braço estendido, segurava uma placa de pare para deter o trânsito enquanto o grupo atravessava. Isso foi feito com muita consciência e calma. Após a travessia, como qualquer criança, voltaram a correr e brincar.

HáquesecitarumcasoraronoBrasil.Na capital federal é possível atravessar pela faixa de pedestres com muita segurança. Isso foi conseguido através de um grande movimento, do qual participou toda a sociedade brasiliense, que exigiu a redução da acidentalidade viária. Foi uma semente plantada na década de 1990 para que nascesse uma cultura de segurança. A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega.OBrasilurgeemdesenvolvereemimplantarcom seriedade uma verdadeira cultura de segurança, e toda a sociedade é responsável por isso.

(ArchimedesAzevedoRaiaJr.Extraídodehttp://www.transitobrasil.org/artigos/doutrina/cultura-de-seguranca.Textorevisadoeadaptadoparaestaprova.)

22. Assinale a alternativa em que há um fragmento do texto que apresenta sentido conotativo.

a) As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás. b) Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. c) Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. d) Nacapitalfederalépossívelatravessarpelafaixadepedestrescommuitasegurança.e) A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega.

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23. Texto l

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra

[...]

ANDRADE,C.D.ReuniãoRiodeJaneiro:JoséOlympio,1971(fragmento).

Texto II

As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo [...]. A lavadeira eapedraformamumenteespecial,quesedivideesereúneaosabordotrabalho.Seamulherentoa uma canção, percebe-se que nova pedra a acompanha em surdina... [...]

ANDRADE,C.D.Contossempropósito.RiodeJaneiro:JornaldoBrasil,CadernoB,17/7/1979(fragmento).

Combasenaleituradostextos,épossívelestabelecerumarelaçãoentreformaeconteúdodapalavra"pedra",pormeiodaqualseobserva

a) oemprego,emambosostextos,dosentidoconotativodapalavra"pedra".b) aidentidadedesignificação,jáquenosdoistextos,"pedra"significaempecilho.c) apersonificaçãode"pedra"que,emambosostextos,adquirecaracterísticasanimadas.d) opredomínio,noprimeirotexto,dosentidodenotativode"pedra"comomatériamineral

sólida e dura. e) autilização,nosegundotexto,dosignificadode"pedra"comodificuldadematerializada

porumobjeto.

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Tomava coisas que poucos profissionais do copo se arriscariam, destilados das marcas mais diabo. Ou então era revés de um vinho da Serra com nome de Papa, algo que nem ao menos rolhatinha,eradetampinha.Bebidaque,comsuaqualidade,desonrava,simultaneamente,osvinhos e o pontífice.Nãoeramasoquismo.Acompanhandosuasperegrinaçõesetílicas,chegueia outra conclusão: ela realmente precisava daquilo.

StelainventaraumareligiãodoSantoDaimeparticular,caseira,sabiaqueeraprecisopassarpeloinferno para vislumbrar o céu. Os porres eram uma provação cósmica, um ordálio1 voluntário, umencontroreverencialcomosagrado.Depoisdadevastaçãodopileque,elaficavamelhor.Uma lucidez calma a invadia, sua beleza readquiria os traços que a marcavam, seus olhos voltavam ao brilho que me encantara. Tinha mergulhado no poço da existência e reavaliado seusrumos.Durantediasapazreinavaentrenóseentreelaeomundo.Masbastavaumanovadúvidaemsuavida,umadecisãoatomar,eelarequisitavamaisuminfernoparaserepensar.

A rotina era extenuante. Quem aguenta uma mulher que, em vez de falar sobre a vida, mergulha numporrexamânico?Masoamorperdoa.Láestavaeuajudando-aalevantar-sedemaisumatriste manguaça. Fiquei expert em reidratar e reanimar mortos, em contornar enxaquecas

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siderais e em amparar dengues existenciais. Amava Stela pela inusitada maneira de consultar o destino. Triste era o desencontro. Eu cansado por cuidá-la depois de uma noite mal dormida, servindo de enfermeiro, e ela radiante, prenha da energia que a purgação lhe rendera.

Adaptadode:CORSO,M.Ovalordaressaca.ZeroHora,n.18489,02/04/2016.Disponívelem:http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a5711255.xml&template=3916.dwt&edition=28691&section=4572.

Acessadoem02/04/2016.

1 – ordálio:provajurídica;tambémconsiderada,naIdadeMédia,juízodeDeus.

24. Considereasafirmaçõesaseguirarespeitodousodeexpressõesreferenciaisnotexto.

I – A expressão o pontífice faz referência ao vinho que Stela costumava tomar.

II – O pronome pessoal a faz referência a Stela.

III – A expressão a purgação faz referência ao desencontro entre Stela e o namorado.

Quaisestãocorretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

TJ/RS – FAURGS

Quasetodomundoconheceahistóriaoriginal(grega)sobreNarciso:umbelorapazque,todosos dias, ia contemplar seu rosto num lago. Era tão fascinado por si mesmo que, certa manhã, quandoprocuravaadmirar-semaisdeperto,caiunaáguaeterminoumorrendoafogado.Nolugarondecaiu,nasceuumaflor,quepassamosachamardeNarciso.

O escritor Oscar Wilde, porém, tem uma maneira diferente de terminar esta história. Ele diz que,quandoNarcisomorreu,vieramasOreiades–deusasdobosque–eviramqueaáguadocedolagohaviasetransformadoemlágrimassalgadas.“Porquevocêchora?”,perguntaramasOreiades.“ChoroporNarciso”.“Ah,nãonosespantaquevocêchoreporNarciso”,continuaramelas. “Afinal de contas, todas nós sempre corremos atrás dele pelo bosque, mas você era o únicoquetinhaaoportunidadedecontemplardepertoasuabeleza”.“MasNarcisoerabelo?”,quis sabero lago. “Quemmelhordoquevocêpoderia saber?”, responderam, surpresas, asOreiades. “Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias”. O lago ficoualgumtempoquieto.Porfim,disse:“euchoroporNarciso,masjamaishaviapercebidoqueerabelo.Choroporeleporque,todasasvezesqueelesedeitavasobreasminhasmargens,eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza refletida”.

Adaptadode:COELHO,Paulo.OlagoeNarciso(http://paulocoelhoblog.com/2010/01/02/o-lago-enarciso/).Acessoem14deabrilde2014.

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25. Os pronomes seu e sua estabelecem uma relação entre um elemento possuidor e um elemento possuído. Assinale a alternativa que apresenta corretamente o elemento possuidor seguido pelo elemento possuído na relação estabelecida por esses dois pronomes, respectivamente.

a) Narciso–lago/lago–beleza.b) rosto–Narciso/beleza–Narciso.c) umbelorapaz–lago/beleza–lago.d) umbelorapaz–rosto/Narciso–beleza.e) rosto–umbelorapaz/oportunidade–lago.

TJ/RS – FAURGS

Podem as máquinas pensar?

  Esse tema é muito explorado em obras de ficção científica e discutido por aqueles que se perguntam aonde chegaremos com os avanços da inteligência artificial, se é que existe tal inteligência.MarvinMinsky,umimportantepensadordaárea,afirmouqueapróximageraçãode computadores será tão inteligente que “teremos muita sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação”.

  JohnMcCarthy,quecunhouotermo“InteligênciaArtificial”,declarouque“máquinastãosimplescomoumtermostatotêm–podedizer-se–crenças”.Declaraçõescomoessas,feitaspor cientistas renomados, estimulam a imaginação e assustam os incautos. No entanto, ofilósofo J. R. Searle encarou com sarcasmo essas expectativas exageradas e elaborou então um “experimento mental” para demonstrar que uma máquina não tem sequer a capacidade de compreender significados, apenas segue regras e responde a comandos pré-estabelecidos.

  Opoder de processamento e a sofisticação dos programas nos dão a falsa impressãode inteligência. Searle chamou esse experimento de “sala chinesa”. Imaginemos uma pessoa dentro de uma sala. Ela entende inglês e tem um livro com regras em inglês para combinar símbolos em chinês. Dentro da sala, estão várias cestas numeradas, e, dentro delas, estãopapéis com símbolos em chinês. Essa pessoa recebe, por baixo da porta, símbolos em chinês que ela não entende. Então, ela consulta as regras que informam como os símbolos devem ser combinados e, aí, devolve por baixo da porta. As regras dizem mais ou menos assim: “se o símbolo recebido for parecido com este, pegue o papel da cesta nº 13 e devolva por baixo da porta”. A pessoa dentro da sala não sabe, mas está respondendo a perguntas em chinês. Ela sequer sabe o significado dos símbolos, apenas tem uma regra para combinar os símbolos e devolvê-losporbaixodaporta.Essaé,justamente,abasedo“pensamento”dasmáquinas.

  Esseexemplonosmostraqueoprocessamentodoscomputadoresnãopodesercomparadoà inteligência humana. O que renomados cientistas chamam de “Inteligência Artificial” é o resultadodeentradasesaídasdedadosrealizadasdeforma“burra”.Computadoresnãotêmcapacidade de saber o que significam as palavras. Se eu falo para alguém uma palavra (como “amor”, “ódio” ou “afeto”), essa pessoa lhe atribui um significado e recorda situações de sua vida em que ela se aplica. A inteligência humana leva em consideração esses significados e toma decisões baseadas em complexas interpretações pessoais. Isso é algo básico para qualquer ser humano e fundamental para o pensamento. E é algo que as máquinas ainda não podem fazer.

Adaptadode:CARNEIRO,AlfredodeMoraesRêgo.Podemasmáquinaspensar?Disponívelemhttp://www.netmundi.org/filosofia/tag/marvin-minsky.Acessadoem14dejulhode2014.

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26. Considereasseguintesafirmações.

I – O pronome Essefazreferênciaaotítulodotexto“Podemasmáquinaspensar?”.

II – O pronome los faz referência a símbolos.

III – O pronome ela faz referência a essa pessoa.

Quaisdasafirmaçõesacimaestãocorretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

Gabarito: 1.E 2.E 3.C 4.C 5.E 6.D 7.C 8.C 9.A 10.E 11. E 12.C 13.A 14.A 15.D 16. C 17. E 18.D 19.D 20.B 21.A 22.E 23. A 24. B 25.D 26.D