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APOSTILA LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILA

LÍNGUA PORTUGUESA

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Compreensão, Interpretação e reescritura de textos com domínio das relações morfossintáticas semânticas e discursivas.

Texto

A palavra texto vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Essa origem aponta a idéia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo coeso e coerente.

Os concursos, de uma forma geral, apresentam questões interpretativas que têm por finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do autor diante de uma temática qualquer.

Denotação e Conotação

Sabe-se que não há associação necessária entre significante (expressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma convenção. É baseado neste conceito de signo lingüístico (significante + significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicionários, o chamado sentido verdadeiro, real.Já a conotação é um sentido que só advém à palavra numa dada situação figurada, fantasiosa e que, para sua compreensão, depende do contexto.Sendo assim, estabelece-se, numa determinada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado.Os textos literários exploram bastante as construções de base conotativa, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações diferenciadas em seus leitores.Ainda com base no signo lingüístico, encontra-se o conceito de polissemia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e esclareçam o sentido.

Como Ler e Entender Bem um Texto

O homem usa a língua porque vive em comunidades, nas quais tem necessidade de se comunicar, de estabelecer relações dos mais variados tipos, de obter deles reações ou comportamentos, interagindo socialmente por meio do seu discurso.

Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para resumir a idéia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento.Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjetiva, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinentes.No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momentos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida. Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identificação do autor.A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não, exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha

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adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver uma outra alternativa mais completa.Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descontextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor, desta maneira a resposta será mais consciente e segura.

TEXTO LITERÁRIOConotação Figurado, subjetivo Pessoal

TEXTO NÃO-LITERÁRIODenotação Claro, objetivo Informativo

TIPOS DE COMPOSIÇÃO

1. Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas.

2. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.

A Narração envolve:I) Quem? Personagem;II) Quê? Fatos, enredo;III) Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;IV) Onde? O lugar da ocorrência;V) Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;VI) Por quê? A causa dos acontecimentos.

3. Dissertação: dissertar é apresentar idéias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Instruções Gerais

Em primeiro lugar, você deve ter em mente que interpretação de textos em testes de múltipla escolha pressupõe armadilhas da banca. Isso significa dizer que as questões são montadas de modo a induzir o incauto e sofrido concursando ao erro. Nesse sentido, é importante observar os comandos da questão (de acordo com o texto, conforme o texto, segundo o autor...). Se forem esses os comandos, você deve-se limitar à realidade do texto. Muitas vezes, as alternativas extrapolam as verdades do texto; ou ainda diminuem essas mesmas verdades; ou fazem afirmações que nem de longe estão no texto.

Exemplo de Editorial

Em 1952, inspirado nas descrições do viajante Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias de canibalismo de índios brasileiros. São documentos de alto valor histórico (...)Porém não podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob influência do Renascimento, mitigou a violência antropofágica com imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e corpos esbeltos de europeus. As índias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês Rubens. No século XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ângulo do colonizador e procurou não fazer julgamentos. A Antropologia persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade desconcertante.

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Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo é uma experiência simbólica e transcendental - jamais alimentar.Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam pedaços dos corpos dos seus mortos. Ainda hoje, os ianomâmis misturam as cinzas dos amigos no purê de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que, na antropofagia que chegou ao século XX, o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar toda a história a você, pretende superar os olhares preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos. É sagrado.

(adaptado de: Superinteressante, agosto, 1997, p.4)

Questão 15 da prova de 98Considere as seguintes informações sobre o texto:I - Segundo o próprio autor do texto, a revista tem como único objetivo tornar o leitor mais informado acerca da história dos índios brasileiros.II - Este texto introduz um artigo jornalístico sobre o canibalismo entre índios brasileiros.III - Um dos principais assuntos do texto é a história da arte no Brasil.Quais são corretas?a) Apenas Ib) Apenas IIc) Apenas IIId) Apenas I e IIIe) Apenas II e III

Resposta correta: B

Comentários:A afirmação I usa a palavra único, e você deve ter muito cuidado com essa palavrinha, geralmente ela traz uma armadilha. A afirmação reduz o texto, que vai bem além de ter como único objetivo informar sobre a história dos índios. Aliás, não é a história dos índios, mas sim da antropofagia deles. A afirmação III está erradíssima, pois a história da arte está longe de ser um dos assuntos principais do texto. Essas afirmações da banca merecem algumas observações. Em primeiro lugar, a afirmação I diz: "Segundo o próprio autor do texto". Mas quem é esse autor, tendo em vista que se trata de editorial? Não há um autor expresso. A afirmação II, considerada como certa, traz uma imprecisão. O texto não introduz um artigo jornalístico. Como vimos, artigo é bem diferente. O editorial introduz matéria ou reportagem, nunca um artigo. Percebe-se aqui que os professores que elaboraram o texto desconhecem a tipologia e a nomenclatura textual do moderno jornalismo.

Testes

Vamos aproveitar alguns textos de provas de vestibulares, para formularmos algumas questões bem emblemáticas em relação à interpretação de textos.

Questão 1 Qual das alternativas abaixo é a correta:

No Brasil colonial, os portugueses e suas autoridades evitaram a concentração de escravos de uma mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros.

A) Os portugueses impediram totalmente a concentração de escravos de mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros.Essa política, a multiplicidade lingüística dos negros e as hostilidades recíprocas que trouxeram da África dificultaram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano, incluindo-se aí a preservação das línguas.

B) A política dos portugueses foi ineficiente, pois apenas a multiplicidade cultural dos negros, de fato, impediu a formação de núcleos solidários.Os negros, porém, ao longo de todo o período colonial, tentaram superar a diversidade de culturas que os dividia, juntando fragmentos das mesmas mediante procedimentos diversos, entre eles a formação de quilombos e a realização de batuques e calundus. (...)

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C) A única forma que os negros encontraram para impedir essa ação dos portugueses foi formando quilombos e realizando batuques e calundus.As autoridades procuraram evitar a formação desses núcleos solidários, quer destruindo os quilombos, que causavam pavor aos agentes da Coroa - e, de resto, aos proprietários de escravos em geral -, quer reprimindo os batuques e os calundus promovidos pelos negros. Sob a identidade cultural, poderiam gerar uma consciência danosa para a ordem colonial. Por isso, capitães-do-mato, o Juízo Eclesiástico e, com menos empenho, a Inquisição foram colocados em seu encalço.

D) A Inquisição não se empenhou em reprimir a cultura dos negros, porque estava ocupada com ações maiores.Porém alguns senhores aceitaram as práticas culturais africanas - e indígenas - como um mal necessário à manutenção dos escravos. Pelo imperativo de convertê-los ao catolicismo, ainda, alguns clérigos aprenderam as línguas africanas, como um jesuíta na Bahia e o padre Vieira, ambos no Seiscentos. Outras pessoas, por se envolverem no tráfico negreiro ou viverem na África - como Matias Moreira, residente em Angola no final do Quinhentos -, devem igualmente ter-se familiarizado com as línguas dos negros.

E) Apesar do empenho dos portugueses, a cultura africana teve penetração entre alguns senhores e entre alguns clérigos. Cada um, é bem verdade, tinha objetivos específicos para tanto.

(Adaptado de: VILLALTA, Luiz Carlos. O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura. In: MELLO e SOUZA. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997. V1. P.341-342.)

Resposta

A) Observe o advérbio totalmente. Além disso, o texto usa o verbo evitar, a afirmação utiliza impedir. Eles são semanticamente bem distintos. Logo, a afirmação exagera, extrapola o texto. Cuidado com os advérbios.

B) A afirmativa b diz apenas a multiplicidade cultural dos negros. No texto, foram a multiplicidade e as hostilidades recíprocas. Portanto, a afirmativa b reduz a verdade do texto.

C) Na afirmativa, há a expressão a única forma, e o texto usa entre eles. Novamente, temos uma redução, uma diminuição da verdade textual.

D) O texto não explica a falta de empenho da Inquisição, dessa maneira a afirmação não está no texto. Trata-se de um acréscimo à realidade textual.

E) Resposta Correta.

Questão 2

Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta de acordo com o texto.

A) Sendo a cultura negra um mal necessário para a manutenção dos escravos, sua eliminação foi um erro das autoridades coloniais portuguesas.

B) Os religiosos eram autoritários, obrigando os escravos negros a se converterem ao catolicismo europeu e a abandonarem sua religião de origem.

C) As autoridades portuguesas conduziam a política escravagista de modo que africanos de uma mesma origem não permanecessem juntos.

D) As línguas africanas foram eliminadas no Brasil colonial, tendo os escravos preservado apenas alguns traços culturais, como sua religião.

E) A identidade cultural africana, representada pelos batuques e calundus, causava danos às pessoas de origem européia.

Resposta

A) O texto não classifica como erro das autoridades coloniais. Essa é uma inferência que o leitor poderá fazer por sua conta e risco.

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B) O autoritarismo era dos proprietários de escravos e das autoridades. Busca-se aqui confundir o aluno dizendo que era o autoritarismo dos religiosos. Há uma troca, uma inversão das afirmações do texto.

C) Resposta Correta: Essa afirmação está no texto.

D) A afirmação contradiz o que está no texto. As línguas africanas foram, inclusive, aprendidas por alguns clérigos.

E) A afirmação exagera a verdade textual. O autor não chega a tanto. Se você chegar a essa conclusão é por sua conta e risco.

Questão 03

Marque a alternativa correta, segundo o textoO avanço do conhecimento é normalmente concebido como um processo linear, inexorável, em que as descobertas são aclamadas tão logo venham à luz, e no qual as novas teorias se impõem com base na evidência racional. Afastados os entraves da religião desde o século 17, o conhecimento vem florescendo de maneira livre, contínua.

A) O avanço do conhecimento sempre será por um processo linear, do contrário não será avanço.Um pequeno livro agora publicado no Brasil mostra que nem sempre é assim. Escrito na juventude (1924) pelo romancista francês Louis-Ferdinand Céline, A Vida e a Obra de Semmelweis relata aquele que é um dos episódios mais lúgubres no crônica da estupidez humana e talvez a pior mancha na história da medicina.

B) O episódio de Semmelweis é indiscutivelmente a pior mancha na história da medicina.

C) O livro de Céline prova que nem sempre a racionalidade preponderava no cientificismo.Ignác Semmelweis foi o descobridor da assepsia. Médico húngaro trabalhando num hospital de Viena, constatou que a mortalidade entre as parturientes, então um verdadeiro flagelo, era diferente nas duas alas da maternidade. Numa delas, os partos eram realizados por estudantes; na outra, por parteiras.Não se conhecia a ação dos microorganismos, e a febre puerperal era atribuída às causas mais estapafúrdias. Em 1846, um colega de Semmelweis se cortou enquanto dissecava um cadáver, contraiu uma infecção e morreu. Semmelweis imaginou que o contágio estivesse associado à manipulação de tecidos nas aulas de anatomia.Mandou instalar pias na ala dos estudantes e tornou obrigatório lavar as mãos com cloreto de cal. No mês seguinte, a mortalidade entre as mulheres caiu para 0,2%! Mais incrível é o que aconteceu em seguida. Os dados de Semmelweis foram desmentidos, ele foi exonerado, e as pias - atribuídas à superstição -, arrancadas.

D) A ala dos estudantes apresentava menores problemas de contágio.Nos dez anos seguintes, Semmelweis tentou alertar os médicos em toda a Europa, sem sucesso. A Academia de Paris rejeitou seu método em 1858. Semmelweis enlouqueceu e foi internado. Em 1865, invadiu uma sala de dissecação, feriu-se com o bisturi e morreu infeccionado. Pouco depois, Pasteur provou que ele estava certo.

E) A rejeição aos métodos de Semmelweis ocorreu em função da inveja comum ao meio. Para o leitor da nossa época, o interessante é que Semmelweis foi vítima de um obscurantismo científico. Como nota o tradutor italiano no prefácio agregado à edição brasileira, qualquer xamã de alguma cultura dita primitiva isolaria cadáveres e úteros por meio de rituais de purificação. No científico século 19, isso parecia crendice.

(Adaptado de: FRIAS FILHO, Otávio. Ciência e superstição. Folha de S. Paulo, São Paulo 30 abril de 1998.)

Vocabulário Inexorável - inabalável - inflexívelLúgubre - triste - sombrio - sinistroEstapafúrdia - extravagante - excêntrico - esdrúxulo -Obscurantismo - oposição ao conhecimento - política de fazer algo para impedir o esclarecimento das massas

Resposta

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Atente para este texto: trata-se de um artigo jornalístico. Observe como ele atende às características assinaladas na tipologia textual do jornalismo.

A) Observe que o texto usa o advérbio normalmente, mas a afirmação emprega sempre, mudando a verdade do texto.

B) Novamente, se compararmos com o texto, veremos que o autor afirma que o episódio talvez seja a pior mancha da história. Na afirmação, foi usado o advérbio indiscutivelmente acrescido de a pior mancha. Trata-se de um exagero, um acréscimo à realidade do texto.

C) Resposta Correta: O texto afirma que nem sempre o avanço do conhecimento é um processo linear.

D) A ala dos estudantes apresentava maiores problemas de contágio, pois as pias foram instaladas lá, justamente para lavar as mãos dos estudantes que trabalhavam na dissecação de cadáveres.

E) A inveja não é abordada pelo texto, portanto trata-se de uma exterioridade. Você, pode achar verdadeiro, mas a conclusão será pessoal

Questão 04

Com base no texto, assinale a alternativa correta.

A) Em relação aos povos primitivos, a Europa do século passado praticava uma medicina atrasada.

B) A comunidade científica sempre deixa de reconhecer o valor de uma descoberta.

C) A higiene das mãos com cloreto de cal reduziu moderadamente a incidência de febre puerperal.

D) Semmelweis feriu-se com o bisturi infectado porque queria provar a importância de sua descoberta.

E) Ignorar a redução nas estatísticas obituárias resultante da introdução da assepsia foi uma grande estupidez.

Questão 05

A partir da leitura do texto, é possível concluir que:

A) o livro A Vida e a Obra de Semmelweis recebeu recentemente uma cuidadosa tradução para o italiano.

B) a teoria de Semmelweis foi rejeitada porque propunha a existência de microorganismos, que não podia ser provada cientificamente.

C) a nacionalidade húngara do médico pode ter sido um empecilho para sua aceitação na Europa do século passado.

D) Semmelweis foi execrado pelos seus pares porque transformou a assepsia numa obsessão.

E) Semmelweis enlouqueceu em conseqüência da rejeição de sua descoberta.

Questão 04 - Resposta

Instruções:

As questões 4 e 5 devem merecer atenção. Estamos diante de questões de inferências. As alternativas corretas não estão propriamente no texto, mas poderemos chegar facilmente a elas, ou seja, o autor nos autoriza a concluir por elas.

A) O autor não classifica de atrasada a medicina européia da época.

B) Novamente o advérbio colocado para trair a atenção do aluno: sempre. Trata-se de um acréscimo, de um exagero.

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C) Não foi moderadamente. De novo o advérbio. Veja como as armadilhas são sempre as mesmas. Se você as conhecer, ficará bem mais fácil chegar à resposta correta.

D) O texto simplesmente diz que ele se feriu. Não dá as causas.

E) Resposta Correta: Foi de fato uma estupidez. Essa é uma conclusão possível do texto. Observe que o autor declara: "Mais incrível é o que aconteceu em seguida".

Questão 05 - Resposta

A) O livro foi recentemente publicado no Brasil.

B) Os microorganismos eram desconhecidos à época. Essa alternativa é perigosa, pode confundir o aluno.

C) Não há referência sobre essa afirmação. Os motivos, como já vimos, foram outros.

D) Semmelweis foi execrado por ter sido desmentido e por suas descobertas serem atribuídas à superstição.

E) Resposta Correta: Pode-se, tranqüilamente chegar a esse conclusão.

Questão 06

Supondo que o leitor não saiba o significado da palavra xamã, o processo mais eficiente para buscar no próprio texto uma indicação que elucide a dúvida consistirá em

A) considerar que a palavra encontra sua referência na cultura italiana, já que foi empregada pelo tradutor da obra para o italiano.

B) Observar o contexto sintático em que ela ocorre: depois de pronome indefinido e antes de preposição.

C) Relacionar o seu significado às palavras leitor e prefácio.

D) Relacionar o seu significado às expressões cultura dita primitiva e rituais de purificação.

E) relacionar a palavra a outras que tenham a mesma terminação, como iansã, romã e anã.

Resposta

Todas as provas DE CONCURSOS PÚBLICOS ou VESTIBULARES trazem questões de vocabulário. Empiricamente, você, candidato, quando não sabe o significado de uma palavra, busca o contexto. Cuidado! Não é o contexto sintático. Saber se uma palavra exerce a função de sujeito ou de objeto não define o seu valor semântico. Não confunda semântica com sintaxe. Xamã está no campo de ação de palavras dessa cultura primitiva. A resposta correta, portanto, é D. Atente para a alternativa E: dá a nítida impressão de bom humor. A banca também se diverte. O que anã e romã tem em comum com xamã? Gozação.

As questões a seguir estão baseadas no seguinte texto:

01 Lá pela metade do século 21, já não 02 haverá superpopulação humana, como 03 hoje. Os governos de todo o mundo - 04 presumivelmente, todos democráticos - 05 poderão incentivar as pessoas à reprodu- 06 ção. E será melhor que o façam com as 07 melhores pessoas. A eugenia humana - 08 isto é, a escolha dos melhores exemplares 09 para a reprodução, de modo a aprimorar a 10 média da espécie, como já se fez com ca- 11 valos - encontrará o período ideal para 12 sair da prancheta dos cientistas para a vi- 13 da real. Pessoas selecionadas por suas 14 características genéticas serão emprega-15 das do estado. O funcionalismo público te-16 rá uma nova categoria: a dos reprodutores.17 Este exercício de futurologia foi apresen-18 tado seriamente pelo professor do Institu-19 to de Biociências da USP Osvaldo Frota-20 Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Ale-21 manha - Ética e Genética, quarta-feira à 22 noite. [...] Nas conferências de segunda e 23

terça, a eugenia foi citada como um perigo 24 das novas tecnologias, uma idéia que não 25 é cientificamente - e muito menos etica- 26 mente - defensável.

(TEIXEIRA, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. Zero Hora, 6.10.95, p. 5, 2º Caderno)

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Questão 07

Considere as seguintes afirmações sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto.

I. O autor do texto é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico, como indica o primeiro parágrafo.

II. O autor trata as idéias do professor Osvaldo Frota-Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da palavra seriamente na linha 18.

III. Ao relatar posições contraditórias por parte dos cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela que esta é uma concepção controversa.

Quais estão corretas?A) Apenas I.B) Apenas II.C) Apenas III.D) Apenas II e III.E) I, II e III.

Questão 08

Assinale a alternativa que está de acordo com o texto.

A) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é considerado excessivo.

B) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial.

C) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota-Pessoa é a futurologia.

D) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética.

E) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma oportunidade de trabalho apenas para homens.

Questão 09

Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana:

I. O uso restritivo da palavra humana (linha 07), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 07) não se refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie.

II. Pelos princípios expostos no texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos quais será feita a seleção dos melhores exemplares.

III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico.

Quais estão corretas?A) Apenas I.B) Apenas II.C) Apenas I e III.D) Apenas II e III.E) I, II e III.

Questão 07 - Resposta

Normalmente em provas de Concursos e Vestibulares é solicitado do concursando este tipo de informação: saber de quem é a opinião. Muitas vezes, como é este o caso, o autor apenas expressa o ponto de vista de outra pessoa.

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A resposta correta é D.

Questão 08 - Resposta

A) Resposta Correta: Hoje existe superpopulação.

B) A causa da queda da população não foi revelada no texto.

C) Esta conclusão é falsa. O tal professor fez apenas um exercício de futurologia. Novamente a banca tenta iludir e confundir você. Cuidado!

D) Aqui temos uma troca: o maior perigo das novas tecnologias não é a ética, mas sim a eugenia.

E) Em absoluto o texto afirma que são os homens: aborda as pessoas em geral. Além disso, também não faz afirmações sobre o mercado de trabalho.

Questão 09 - RespostaO uso restritivo de humana diz exatamente isto: humana. Logo, não se estende a outras espécies. Resposta Correta: D

TextoO peso original volta depois das dietas 01 O corpo humano, mesmo submetido 02 ao sacrifício de uma dieta alimentar 03 rígida, tem tendência a voltar ao peso 04 inicial determinado por um equilíbrio 05 interno, segundo recente estudo reali- 06 zado por cientistas norte-americanos. 07 Depois do aumento de alguns quilos 08

supérfluos, o metabolismo buscará 09 eliminar o peso excessivo. 10 O corpo dispõe de um equilíbrio que 11

tenta manter seu peso em um nível 12 constante, que varia em função de 13 cada indivíduo. O estudo sugere que 14 conservar o peso do corpo é um fenô- 15 meno biológico, não apenas uma ati- 16 vidade voluntária. O corpo ajusta seu 17 metabolismo em resposta a aumentos 18 ou perdas de peso. Dessa forma, 19 depois de cada dieta restrita, o metabo- 20 lismo queimará menos calorias do que 21 antes. Uma pessoa que perdeu recente- 22 mente pouco peso vai consumir menos 23 calorias que uma pessoa do mesmo 24 peso que sempre foi magra. A pesquisa 25 conclui que emagrecer não é impossí- 26 vel, mas muito difícil e requer o consu- 27 mo do número exato de calorias quei- 28 madas. Ou seja, uma alimentação mo- 29 derada e uma atividade física estável a 30 longo prazo.

(Zero Hora, encarte VIDA, 06/05/1995)

Questão 10Segundo o texto, é correto afirmar:

A) Uma dieta alimentar rígida determina o equilíbrio interno do peso corpóreo.

B) O equilíbrio interno é um fenômeno biológico.

C) Conservar o peso não depende somente da vontade individual.

D) O ajuste de peso significa queima de calorias.

E) O número exato de calorias queimadas vincula-se a uma dieta.

Questão 11Das opções abaixo, todas podem substituir, sem prejuízo ao texto, a palavra rígida (l. 03),

A) menos rigorosaB) austeraC) severaD) íntegraE) séria

Questão 10 - RespostaAntes de mais nada, observe que o texto é um editorial de um caderno de Zero Hora. Portanto, não há um autor em especial declarado.

A) O texto busca exatamente mostrar o contrário.

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B) Conservar o peso é um fenômeno biológico. Temos, de novo, uma inversão com o objetivo de confundir o aluno.

C) Resposta Correta: Existem outros fatores.

D) Essa afirmação não está no texto.

E) O número exato de calorias queimadas depende de outros fatores.

Questão 11- RespostaEsse tipo de questão é muito comum: ele propõe a substituição de palavras. Em alguns Concursos ou Vestibulares, em vez de uma, aparecem três palavras, tornando o exercício mais trabalhoso. A palavra rígida só não pode ser substituída por íntegra, que vem de integridade, honestidade.

CRITÉRIOS PARA UMA BOA PRODUÇÃO DE TEXTOS

O que observar ?

I - Quanto ao aspecto estético; - legibilidade da letra; - travessão;- paragrafação; - ausência de rasuras

II - Quanto ao aspecto gramatical:- Ortografia; - Acentuação; - Concordância; - Pontuação; - Colocação pronominal; - Regência Verbal.

III- Quanto ao aspecto estilístico : - Repetição de palavras; - Frases longas. Emprego de palavras desnecessárias ; - Uso inadequado do pronome onde; - Uso de adjetivos inexpressivos. Presença de elementos da língua falada (oralidade); - Emprego repetitivo das palavras que, porque e mas; - Prolixidade.

IV- Aspecto estrutural Na narrativa- Presença de um conflito básico ou de uma idéia central, seqüência lógica - temporal. - Seqüência entre as idéias. - Presença de aspectos pertinentes à idéia (conflito) central. - Mundo interior da personagem (o que ela pensa e sente). - Seleção das falas da personagem. - Caracterização física e/ ou psicológica da personagem. - Criação do suspense. - Desfecho, Coerência do foco narrativo. - Coerência entre os fatos apresentados.

Na descrição- Descrição das personagem (s) com características físicas e psicológicas. Seleção dos detalhes com uma idéia básica.

Na dissertação- Seleção dos argumentos. - Análise de efeitos argumentativos de um recurso expressivo. - A Tese. - Desenvolvimento da análise de um problema. - Esquema de argumentação.

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I - NARRAÇÃO

A narração se caracteriza, essencialmente, pelo dinâmico, pela ação. Sempre é realizada sobre fatos de caráter dinâmico, onde o verbo predomina.É o relato das circunstâncias de um fato. Todo relato de fatos envolve: - - - um narrador na 1° ou 3° pessoa; - apresentação dos fatos em ordem cronológica ou de importância das circunstâncias que o envolveram. A caracterização é a fala dos personagens.O narrador é aquele através do qual a história nos chega; por isso, acaba por impor condições para o desenvolvimento dos demais elementos narrativos. Sabemos que, por exemplo, um narrador-personagem (aquele que narra em primeira pessoa e está, de alguma maneira, envolvido na história que conta) não tem, a princípio, acesso ao mundo interior das outras personagens, não possui um conhecimento pleno sobre a totalidade dos seres que participam de sua história . Se por acaso, um narrador personagem passar mais informações que as possíveis para o seu "foco", o leitor pode, imediatamente, desconfiar da veracidade do narrado, questionar o narrador (a não ser que o personagem tenha sido construído como um mentiroso salafrário...) e, mais ainda, apontar um problema de incoerência textual.Todo assunto deve ter começo (prólogo), meio (trama) e fim (epílogo).

Quando o narrador está em 1° pessoa ele narra sua própria estória, tornando-se o centro das atenções. Ex: "Eu quisera ser poeta, Ou compositor de hino, E num linguajar cristalino, Só fazer versos perfeitos, Porém, eu tenho esse defeito.

Quando o narrador está em 3° pessoa, ele relata a estória de outra pessoa ou coisa, estando completamente fora da estória, servindo apenas como interlocutor. Ex: "Os romeiros sobem a ladeira, Cheia de espinhos, cheias de pedras, Sobem a ladeira que levam a Deus, e vão cantando louvores pelo caminho.".

A ordem dos fatos em toda a estória se desenrola em duas coordenadas: tempo e espaço.- tempo: pode ser cronológico, quando os fatos são narrados na mesma ordem em que eles se dão no mundo real e há uma narrativa linear (com/meio/fim); ou psicológico, quando nós nos envolvemos em um tempo que flui dentro de nós independentemente do relógio. Para a personagem, um minuto pode parecer uma eternidade ou uma vida eterna pode ser sentida num instante.Uma outra característica que merece ser destacada é a que diz respeito ao próprio ritmo da narrativa.Sabemos que os acontecimentos podem ser narrados conforme uma estruturação de temporalidade seqüencial (os fatos seguem-se uns aos outros , na medida em que aconteceram, ou acontecem) ou rompendo-se essa estruturação através de flashbacks (retrospectivas) e de flashforwards (antecipações).- espaço pode ser:físico; lugar material (externo), onde se passam os fatos: rua, casa, cidade, etc; social; aglomerado de pessoas com objetivos comuns, ou seja, onde os indivíduos se congregam para fins sociais: cinema, sala de aula, baile.

Discurso direto e indireto

O discurso direto identifica-se com a fala dos personagens, quando o narrador está falando e transfere suas falas às personagens, nesse momento as personagens assumem o fio da narrativa. Ocorre a introdução do verbo dizer e outros sinônimos, e dos sinais específicos de pontuação (:-).Ex: O menino disse: - Hoje não quero ir à escola.A mãe retrucou: - Não posso aceitar que você não vá.

No discurso indireto, só o narrador fala pelos personagens. Os sinais de pontuação são trocados pela conjunção que, conservando-se o verbo dizer ou seus sinônimos.Ex: O menino disse que não queria ir à escola, a mão retrucou que não poderia aceitar que ele não fosse.

Na passagem do discurso direto para o indireto, os verbos que estão no presente vão para o passado, os que estão no passado vão para o mais-que-perfeito, "isto aqui" vira "aquilo lá" e "esta" vira "aquela". Na passagem do indireto para o direto, fazemos o caminho contrário.

Veja alguns exemplos:Do direto para o indireto:- A chuva veio logo, disse ele. Ele disse que a chuva vinha logo.

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- Estas memórias vão dar o que falar - admitia esfregando as mãos contentes, ao reler esses lances inéditos.Admitia esfregando as mãos contentes, ao reler aqueles lances inéditos, que aquelas memórias iam dar o que falar.

Do indireto para o direto:O marido perguntou se Diva queria café no quarto. O marido perguntou:- Quer café no quarto, Diva ?

Rodrigo perguntou se tu falaste com o Dr. Brandão. Rodrigo perguntou:- Falaste com o Dr. Brandão ?

Policarpo Quaresma me perguntou como ia a família. Policarpo Quaresma me perguntou:- Como vai a família ?

Verbos de elocução

Observe o verbo grifado: O pai chamou Carlinhos e perguntou:- Quem quebrou o vidro, meu filho ?

Observe :

A . O pedreiro disse que estava à disposição.B . O pedreiro disse: Estou à disposição.

Transformamos: A - discurso indireto em B - discurso direto . Faça o mesmo:

Observe:

A . Intrigado o pai perguntou ao filho: Você viu ontem uma carteira em cima desta mesa ?

B . Intrigado, o pai perguntou ao filho se ele vira, no dia anterior, uma carteira em cima daquela mesa.

Transformamos: A - discurso direto em B - discurso indireto.

O narrador empregou o verbo perguntar para indicar a personagem a que pertence a fala. Denomina-se verbo de elocução (verbos dicendi).

Veja agora uma relação dos principais verbos de elocução:

dizer (afirmar, declarar) exclamar (gritar, bradar)perguntar (indagar, interrogar) pedir (solicitar, rogar)responder ( retrucar, replicar) exortar (aconselhar)contestar (negar, objetar) ordenar (mandar, determinar)

Além desses verbos de sentido geral, existem outros, mais amplos.. Veja alguns: sussurar, murmurar, balbuciar, cochichar, segredar, esclarecer, sugerir, soluçar, comentar,

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propor, convidar, cumprimentar, repetir, estranhar, insistir, prosseguir, continuar, ajuntar, acrescentar, concordar, consentir, anuir, intervir, repetir, rosnar, berrar, protestar, contrapor, desculpar, justificar-se, suspirar, rir, etc.

Pontuação no discurso direto

A fala da personagem, no discurso direto, deve vir disposta em parágrafo e introduzida por travessão.Virou-se para o pai e aconselhou: Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado.

Os verbos de elocução são pontuados de acordo com sua posição.

1a posição - antes da fala - separa-se por dois pontos :O pai chamou Pedrinho e perguntou :Quem quebrou o vidro, meu filho ?

2a posição - depois da fala - separa-se por travessão ou vírgula :Agora você se chama Teresinha, disse me beijando a face.Agora você se chama Teresinha - disse me beijando a face.

3a posição - no meio da fala - separa-se por travessão ou vírgula: A Sociedade - afirmava Simão - tem obrigação de fazer o enterro. Nesse dia , observou Luís Garcia sorrindo levemente, há de ser tão sincera como hoje.

(Machado de Assis)

Numa narrativa, nem sempre os verbos de elocução estão expressos. Costuma-se omiti-los principalmente em falas curtas ou para traduzir tensão psicológica das personagens.

Utilização do discurso direto na produção de um texto.

Seleção das falas mais significativas, isto é, as falas pertinentes ao conflito básico vivido pelas personagens. Não se deve ter a pretensão de retratar fielmente a realidade, relatando tudo o que as personagens poderiam ter dito.

Adequação das falas ao nível cultural das personagens e principalmente ao registro lingüístico. Discurso indireto

Estabelece-se o discurso indireto, quando o narrador, em vez de deixar a personagem falar, reproduz com suas palavras o que foi dito, Exemplo:

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Chamou um moleque e bradou-lhe que fosse à casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não estivesse em casa, perguntasse onde podia ser encontrado(...)

( Machado de Assis)

Se o narrador reproduzisse diretamente a fala da personagem, a construção do texto seria assim:Chamou um moleque e bradou-lhe :Vá a casa do Sr. João Carneiro chamá-lo, já e já; e se não estiver em casa, pergunte onde pode ser encontrado.

No discurso indireto, também podem estar presentes verbos dicendi, mas seguidos de orações substantivas, geralmente iniciadas com a conjunção que ou se.

Na passagem do discurso direto para o indireto ou vice-versa, importa observar algumas transformações importantes:

discurso direto: primeira pessoa Eles perguntaram : - O que devemos fazer ? 1) Discurso indireto: terceira pessoa 2) Eles perguntaram o que deviam fazer.

discurso direto: imperativoO professor ordenou: - Façam o exercício !1) Discurso indireto: pretérito imperfeito do subjuntivo2) O professor ordenou que fizéssemos o exercício.

discurso direto: futuro do presenteA enfermeira explicou: - Com o medicamento, a criança dormirá calmamente

discurso indireto: futuro do pretéritoA enfermeira explicou que, com o medicamento, a criança dormiria calmamente.

discurso direto: presente do indicativoEla me perguntou : - A quem devo entregar o trabalho ?1) Discurso indireto : pretérito imperfeito do indicativo2) Ela me perguntou a quem devia entregar o trabalho.

discurso direto: pretérito perfeitoEle disse : - Estive na escola e falei com o diretor.Discurso indireto: pretérito mais-que-perfeitoEle disse que estivera na escola e falara com o diretor.

Discurso indireto livre

Às vezes, no entanto, as falas do narrador e da personagem parecem confundir-se numa só, sem que se saiba claramente a quem elas pertencem, Trata-se, neste caso, do discurso indireto livre. Observe, por exemplo, esta passagem de Graciliano Ramos, extraída do romance Vidas secas:

O suor umedeceu-lhe as mãos duras. Então ? Suando com medo de uma peste que se escondia tremendo ?

Note que a primeira frase pertence ao narrador, porém as interrogações são da personagem; entretanto, não há indicações dessa mudança através de verbos dicendi, o que exclui também as conjunções integrantes. Assim, a narrativa se torna mais fluente, aproximando mais narrador e personagem.

Monólogo

O monólogo, constitui, fundamentalmente, o registro das divagações interiores. Pode ser uma narrativa ou um simples relato, o qual pode ter a forma de um acontecimento determinado ou de análise do acontecimento, das relações lógicas ou causais aí implicadas.O monólogo é sempre, apesar do termo, uma linguagem dirigida a um interlocutor vivo; as reações deste permitem a correção no curso da alocução. Em alguns casos, o monólogo pode passar a ser uma forma encoberta de linguagem coloquial e ser regulada de fora. As duas formas também possuem, além dos meios de codificação verbais, uma série de elementos expressivos complementares ou

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"marcadores"(prosódicos, mímica e gestos expressivos), que pontuam diferentemente recursos sintáticos que podem ser semelhantes ou idênticos. Além disto, as duas formas permitem, em certa medida, que a estrutura gramatical da enunciação fique incompleta (elipse), de tal forma que o monólogo se aproxime estruturalmente do diálogo.

O texto apresenta o registro de um monólogo do narrador-personagem. Leia-o atentamente.

Alguns dias depois achava-me no banheiro, nu, fumando, fantasiando maluqueiras, o que sempre me acontece. Fico assim duas horas, sentado no cimento. Tomo uma xícara de café às seis horas e entro no banheiro. Saio às oito. Visto-me à pressa e corro para a repartição. Enquanto estou ali fumando, nu, as pernas estiradas, dão-se grandes revoluções na minha vida. Faço um livro notável, um romance. Os jornais gritam, uns me atacam, outros me defendem. O diretor olha-me com raiva, mas sei perfeitamente que aquilo é ciúme e não me incomodo. Vou crescer muito. Quando o homem me repreender por causa da informação errada, compreenderei que se zanga porque o meu livro é comentado nas cidades grandes. E ouvirei as censuras resignado. Um sujeito me dirá:

Meus parabéns, seu Silva. O senhor escreveu uma obra excelente. Está aqui a opinião dos críticos.Muito obrigado, doutor.

Abro a torneira, molho os pés. Às vezes passo uma semana compondo esse livro que vai ter grande êxito e acaba traduzido em línguas distantes. Mas isto me enerva. Ando no mundo da lua . Quando saio de casa, não vejo os conhecidos. Chego atrasado à repartição. Escrevo omitindo palavras, e se alguém me fala, acontece-me responder verdadeiros contra-sensos. Para limitar-me às práticas ordinárias, necessito esforço enorme, e isto é doloroso. Não consigo voltar a ser o Luís da Silva de todos os dias. Olham-me surpreendidos: naturalmente digo tolices, sinto que tenho um ar apalermado. Tento reprimir estas crises de megalomania, luto desesperadamente para afastá-las. Não me dão prazer: excitam-me e abatem-me. Felizmente passam-se meses sem que isto me apareça.De ordinário fico no banheiro, sentado, sem pensar, ou pensando em muitas coisas diversas umas das outras, com os pés na água, fumando, perfeitamente Luís da Silva. Uma formiga que surge traz-me quantidade enorme de recordações, tudo quanto li em almanaques sobre insetos. Agora não há nenhum livro traduzido, nenhuma vaidade. Olho a formiga. Quando ela vai entrar no formigueiro, trago-a para perto de mim, faço no chão um círculo com o dedo molhado, deixo-a numa ilha, sem poder escapulir-se. Observo-a e penso nos costumes dela, que vi nos almanaques.

Graciliano Ramos. Angústia.

II - DESCRIÇÃO

O ato de descrever requer alguns fatores básicos, como: percepção, análise, classificação. Descrever é traduzir em palavras, minuciosamente, um determinado objeto. A natureza da descrição é estática. Não se faz à base da ação, mas sim à base do estado do objeto. Todo o trabalho descritivo deve ser precedido de um levantamento de dados por parte do observador do objeto.Pode ser definida também como a definição de um objeto ou pessoa, através da exploração dos aspectos que caracterizam esse objeto ou pessoa. Ex: " ... um cara gordo, bem gordo, com a barriga saindo fora da cinta, paletozão largo, chapéu, e um revólver pequeno no coldre ... ".

Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido; mas ambos corajosos.

Nesse texto, extraído do romance O cortiço, Aluísio Azevedo selecionou determinados detalhes das personagens suficientes para caracterizar e sugerir ao leitor a força bruta de Jerônimo e a agilidade de Firmo. As demais características físicas que compõem essas personagens (olhos, rosto, cabelo, peito, pernas, etc.) são articuladas pela imaginação do leitor. Podemos dizer que o autor, diante da realidade física ou psicológica que está sendo descrita, coloca apenas as peças fundamentais de um quebra-cabeça, deixando as demais peças para serem preenchidas pela imaginação do leitor.

A descrição como enriquecimento da narração

A descrição constitui um excelente recurso a ser utilizado dentro de um texto narrativo. Podemos dizer inclusive que será ela a responsável pela vitalidade e expressividade da narrativa. Ela consegue criar toda a

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atmosfera dramática e afetiva do texto e é através dela que o narrador penetra na alma da personagem. Observe, no texto seguinte, a presença da descrição dentro da narrativa.

Maria Irma escutou-me , séria. A boquinha era quase linear; os olhos tinham fundo, fogo, luz e mistério, e tonteava-me ainda mais o negrume encapelado dos cabelos. Quando eu ia repetir meu amor pela terceira vez, ela, com voz tênue como cascata de orvalho, de folha em flor e flor em folha, respondeu-me:

- Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo acreditar...

Guimarães Rosa, Minha gente

Esse trecho perderá toda a atmosfera psicológica se omitirmos os trechos descritivos:

Maria Irma escutou-me. Quando eu ia repetir meu amor pela terceira vez, ela respondeu-me:

- Em todos os outros que me disseram isso, eu acreditei...Só em você é que eu não posso, não consigo acreditar...

1- Fornecemos, a seguir, alguns trechos descritivos.

Com base nos aspectos selecionados pelo autor, informe qual a impressão básica que cada um deles transmite:

(1) beleza (3) ironia (5) bisbilhotice(2) sensualidade (4) introspecção

a) Mas a repolhuda moça não se conformava com aquela desgraça. Vivia triste. As banhas cresciam-lhe cada vez mais; estava vermelha; cansava por cinco passos. Era um desgosto sério! Recorria a vinagre; dava-se a longos exercícios pela varanda; mas qual ! - as enxúndias aumentavam sempre. Lindoca estava cada vez mais redonda, mais boleada; estremecia cada vez mais com o seu peso; os olhos desapareciam-lhe na abundância das bochechas; o seu nariz parecia um lombinho; as suas costas, uma almofada. Bufava."

Aluísio Azevedo, O mulato.

b) Olívia era atraente, tinha uns olhos quentes, uma boca vermelha de lábios cheios.Érico Veríssimo, Olhai os lírios do campo.

c) Chegando à rua, arrependi-me de ter saído. A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. Cinqüenta e cinco anos, que pareciam quarenta, macia, risonha, vestígios de beleza, porte elegante e maneiras finas. Não falava muito nem sempre; possuía a grande arte de escutar os outros, espiando-os; reclinava-se então na cadeira, desembainhava um olhar afiado e comprido, e deixava-se estar. Os outros, não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo que ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para dentro de si, porque deixava cair as pálpebras; mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício, remexendo a alma e a vida dos outros.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

d) As senhoras casadas eram bonitas; a mesma solteira não devia ter sido feia, aos vinte e cinco anos; mas Sofia primava entre todas elas.Não seria tudo o que o nosso amigo sentia, mas era muito. Era daquela casta de mulheres que o tempo, como um escultor vagaroso, não acaba logo, e vai polindo ao passar dos longos dias. Essas esculturas lentas são miraculosas; Sofia rastejava os vinte e oito anos; estava mais bela que aos vinte e sete; era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques, se não quisesse prolongar ainda o trabalho, por dois ou três anos.Os olhos, por exemplo, não são os mesmos da estrada de ferro, quando o nosso Rubião falava com a Palha, e eles iam sublinhando a conversação... Agora, parecem mais negros, e já não sublinham nada; compõem logo as cousas, por si mesmos, em letra vistosa e gorda, e não é uma linha nem duas, são capítulos inteiros. A boca parece mais fresca. Ombros, mãos, braços, são melhores, e ela ainda os faz ótimos por meio de atitudes e gestos escolhidos. Uma feição que a dona nunca pôde suportar, - cousa que o próprio Rubião achou a princípio que destoava do resto da cara, - o excesso de sobrancelhas, - isso mesmo, sem ter diminuído, como que lhe dá ao todo um aspecto mui particular.

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Traja bem; comprime a cintura e o tronco no corpinho de lã fina cor de castanha, obra simples, e traz nas orelhas duas pérolas verdadeiras - mimo que o nosso Rubião lhe deu pela Páscoa.

Machado de Assis, Quincas Borba

e) Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase magestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma jóia. Ela.

Clarice Lispector, Laços de família.

2- Destaque, no texto abaixo, as passagens descritivas.

a) Inesperadamente reaparece o Silvino muito branco, com as suíças mais pretas, pelo contraste do medo.Raul Pompéia, O Ateneu

b) Fechei-me no quarto. Pela janela aberta entrava um cheiro de mato misantropo. Debrucei-me. Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro, que riscou um

psiu de luz.Guimarães Rosa, Sagarana

c) Sentada em uma mesa, a velha cafetina. Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes moles.

Leonor Maria A . de Carvalho, aluna

d) Vieram tomar o menino da Senhora. Séria, mãe, moça dos olhos grandes, nem sequer era formosa; o filho, abaixo de ano, requeria seus afagos. Não deviam cumprir essa ação, para o marido, homem forçoso. Ela procedera mal, ele estava do lado da honra.

Guimarães Rosa, Tutaméia.

e) Enfim, num morrer de mês, voltei ao São Martinho. Entrei modificado, sério, de poucas falas. Evitei falar com Dona Lúcia. Foi até bom que Naninha mostrasse interesse por mim. Moça limpa, sem um dedal de pecado. Se a mulher de Frederico viesse com imposições, falando em passeios pelos matos, eu era muito Eduardo de Sá Meneses de mandar que comprasse um espelho.

José Cândido de Carvalho, Olha para o céu, Frederico

3- Acrescente ao texto narrativo frases descritivas, na seqüência que você julgar adequada.

Trecho narrativo:

Uma tarde me chegou uma cabrocha me pedindo esmola para a mãe doente. Dei dois mil-réis. Voltou no outro dia, para falar não sei de quê.

Frases descritivas:a) Tinha os olhos claros e umas feições admiráveis.b) O corpo era bem-feito.c) Pequena.d) Os olhos, de um verde desmaiado, mas muito suja.e) Mexia com os quartos, quando andava.

4- Releia o texto "d" da 1a questão.O que o autor quis dizer com:

a) "Sofia rastejava os vinte e oito anos".b) "Era daquela casta de mulheres que o tempo..."c) "...era de supor que só aos trinta desse o escultor os últimos retoques..."

5- Qual o objeto de cada uma das descrições a seguir ?

Sublinhe as palavras que identificam os objetos , as noções ou os personagens descritos.a) "Escurinho, de seus seis ou sete anos, não mais. Deitado de lado, braços dobrados como dois gravetos,

as mãos protegendo a cabeça. Tinha os gambitos também encolhidos e enfiados dentro da camisa-de-meia esburacada, para se defender contra o frio da noite. Estava dormindo, como podia estar morto. Não era um ser humano, era um bicho, um saco de lixo mesmo, um traste inútil, abandonado sobre a calçada. Um menor abandonado."

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(Fernando Sabino)

b) "Na noite de S. João, a fogueira armada em pirâmide apontando para alguma estrela; galhos, gravetos, e folhas amparadas por toras mais grossas. Por baixo de tudo, bolas de alcatrão e um leve cheiro de álcool antigo (se lhes parecer possível) ."

(Gustavo Bernardo)

c) "Era um menino. Nem bonito nem feio; tem boca, orelhas, sexo e nariz no seu devido lugar, cinco dedos em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se bem da empreitada . Já enfrentou dez minutos de vida. Ainda traz consigo, nos olhinhos esgazeados, um resto de eternidade."

( Fernando Sabino )

Respostas/ Gabarito1-

a- (3) b- (2) c- (5) d- (1) e- (4)

2-a) Muito branco, com as suíças pretas, pelo contraste do medo.b) Noite sem lua, concha sem pérola. Só silhueta de árvores. E um vaga-lume lanterneiro que riscou um psiu de luz.c) Pintura pesada, boca vermelha, cabelo oxigenado, carnes moles.d) Séria, mãe; moça de olhos grandes, nem sequer era formosa; abaixo de anoe) modificado, sério de poucas falas. Moça limpa, sem um dedal de pecado.

3-Esse exercício admite várias soluções aceitáveis.

4- (com)

a) Sofia contava aproximadamente os 28 anos. (classe)

b) Era daquela linhagem de mulheres que o tempo...c) ...era de supor que só aos trinta atingiria o auge de sua beleza...

5-Somente não sublinhe:a) ..."para se defender contra o frio da noite. ... como podia estar morto. ... abandonado sobre a calçada. Um..."b)..."Na noite de S. João, a ...(se lhes parecer possível)"c) "Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se muito bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos de vida".

DESCRIÇÃO E NARRAÇÃO

Para que fique claro a diferença entre narração e descrição, vamos destacar dois momentos do texto:

A) Jerônimo, esbravecido pelo insulto, cresceu para o adversário com um soco armado; o cabra, porém, deixou-se cair de costas, a perna direita levantada; e o soco passou por cima, varando o espaço, enquanto o português apanhava no ventre um pontapé desesperado.

B) Os instrumentos calaram-se logo. Fez-se um profundo silêncio. Ninguém se mexeu do lugar em que estava. E, no meio da grande roda, iluminados amplamente pelo capitoso luar de abril, os dois homens, perfilados defronte um do outro, olhavam-se em desafio.

Nesses dois trechos, o narrador transmite aspectos da realidade. Há, porém, uma diferença na maneira como esses aspectos são captados.

No texto A, o autor captou determinados aspectos da realidade em seu dinamismo, transmitindo ao leitor a progressão dos fatos em seu desenvolvimento temporal. Essa forma de apresentar a realidade denomina-se narração.

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No texto B, os aspectos da realidade captados pelo narrador acontecem ao mesmo tempo, são simultâneos. Não há entre eles qualquer marca temporal que indique progressão. Essa forma de apresentar a realidade denomina-se descrição.A descrição capta a simultaneidade dos fatos e aspectos que compõe a realidade.Poderíamos dizer que a narração está para o cinema, assim como a descrição está para a fotografia.

1 - Informe, nos trechos seguintes, o processo utilizado pelo narrador: narração ou descrição.

a) O outro erguera-se logo e, mal se tinha equilibrado, já uma rasteira o tombava para a direita, enquanto da esquerda ele recebia uma tapona na orelha. Furioso, desferiu novo soco, mas o capoeira deu para trás um salto de gato e o português sentiu um pontapé nos queixos.

b) Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranqüila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido; mas ambos corajosos.

c) Piedade berrava, reclamando polícia; tinha levado um troca-queixos do marido, porque insistia em tirá-lo da luta. As janelas do Miranda acumulavam-se de gente. Ouviam-se apitos, soprados com desespero.

d) Mas, lá pelo meio do pagode, a baiana caíra na imprudência de derrear-se toda sobre o português e soprar-lhe um segredo, requebrando os olhos. Firmo, de um salto, aprumou-se então defronte dele, medindo-o de alto a baixo com um olhar provocador e atrevido.

2 - Numa descrição, a ordenação dos fatos não é um fator determinante, por não haver entre eles progressividade. Você encontrará em cada item a seguir um conjunto de aspectos. Ordene-os na seqüência que julgar adequada e componha um texto descritivo.

a) Os olhos do gato riscam no escuro, verdes, demoníacos.b) A ladeira faz uma curva.c) As casas, velhas, tortas, desalinhadas, dormem.d) Os passos ecoam, sinistros, secos, vagarosos.e) Nenhuma janela acesa, nenhuma luz pelas frinchas.f) Os lampiões silvam.

Respostas / Gabarito:1-a) narração b) descrição c) descrição d) narração

2- Deve se aceitar qualquer seqüência, destacando-se:a) o aspecto que se pretende enfatizar b) o ritmo da seqüência de fatos

III - DISSERTAÇÃO

Consiste em tratar com desenvolvimento um ponto doutrinário. Para dissertar sobre algum assunto, é necessário planejamento e elaboração. Nem sempre exige pesquisas especializadas ou leituras profundas.Na dissertação propriamente dita, não se verifica, como na narração, progressão temporal entre as frases e, na maioria das vezes, o objeto da dissertação é abstraído do tempo e do espaço .Comumentemente, em provas de concursos ou nos exames vestibulares a dissertação exigida versa sobre tema genérico a respeito do qual uma pessoa mais ou menos informada possa escrever, desde que seja possuidora de alguns conhecimentos básicos. Dentre eles, destacam-se dois fundamentais: conhecimento sobre o tema e habilidade de expressão escrita.- conhecimento sobre o tema: Ao ler o tema exigido, a primeira coisa a fazer é elaborar um plano que dará segurança ao redator e firmeza sobre o que vai dissertar. É preferível escolher poucas idéias e bem argumentá-las a simplesmente constatar uma série de idéias sem argumentações coerentes. Seja qual for o tema, o espírito crítico do redator, quando evidenciado, deve revelar expressividade e inteligência.- habilidade de escrita:

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O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar : uma frase contendo a idéia principal (frase nuclear) e uma ou mais frases que explicitem tal idéia. Exemplo: " A televisão mostra uma realidade idealizada (idéia central) porque oculta os problemas sociais realmente graves. (idéia secundária)

1- Exercício Desenvolva as idéias apresentadas, construindo frases adequadas:

a- Muitas pessoas que vivem em grandes cidades sonham com a vida no campo porque...b- O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que ...c- As mulheres vêm conquistando um espaço cada vez maior na vida social e política de muitos países, no

entanto...d- Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência; outras, porém, ...e- Muita gente acha que arte é dispensável, mas ...f- Devemos lutar para a preservação do meio ambiente, pois ...g- O lazer é necessário ao homem, no entanto...h- Muitos são contra as pesquisas espaciais, porque ...i- Geralmente os alunos acham dificuldade em elaborar uma dissertação, pois ...

2- Exercício Com base no exemplo, desenvolva as frases apresentadas, colocandoargumentos que apoiem as idéias expressas:

Exemplo: idéia central - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente.Desenvolvimento - A poluição atmosférica deve ser combatida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas que sofrem de problemas respiratórios.

a- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado muita gente ao vício.b- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação criados pelo homem.c- A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e hoje parece claro que esse problema não

pode ser resolvido apenas pela polícia.d- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmente.e- O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a sociedade brasileira.

O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:

1 - Enumeração Caracteriza-se pela exposição de um série de coisas,uma a uma. Presta-se bem à indicação de características, funções,processos, situações, sempre oferecendo o complemente necessário àafirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-seos critérios de importância, preferência, classificação ou aleatoriamente. Exemplo : O adolescente moderno está se tornando obeso por várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de tv.

Exercícios No seu caderno , coloque a frase núcleo. Abaixo dela, apenas enumere os elementos que completarão a frase. Depois monte um parágrafo.Exemplo: Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o número de emissoras que dedicam parte da sua programação à veiculação de programas religiosos de crenças variadas.

Enumeração a- A Santa Missa em seu larb- Terço Bizantinoc- Despertar da Féd- Palavra de Vidae- Igreja da Graça no Lar

1- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios sociológicos e poluição.

2- Existem várias razões que levam um homem a enveredar pelos caminhos do crime.3- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo , porque pode trazer muitas conseqüências

indesejáveis.

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4- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer .

5- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em várias categorias.

2 - Comparação A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta idéias, fatos, fenômenos e apresenta-lhes as semelhanças ou dessemelhanças. Exemplo: "A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real. " (Arthur Schopenhauer)

Exercícios A partir das frases abaixo, desenvolver parágrafos com comparações.1- A tensão do futebol é igual à tensão da vida.2- Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador.3- Assim como as palavras, as expressões fisionômicas também têm a sua linguagem.4- Indubitavelmente, o vestibular pode ser comparado a uma angustiante corrida de obstáculos.5- Comparando-se o antigo Código Nacional de Trânsito com o atual, percebe-se claramente que a lei exige

mais responsabilidade do motorista.

3 - Causa e conseqüência A frase nuclear , muitas vezes, encontra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador) e , em outras situações, um segmento indicando conseqüências (fatos decorrentes) Exemplo: O homem , dia a dia, perde a dimensão de humanidade que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam. O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade fria e inamistosa.

Exercícios Para cada assunto apresentado, redija um parágrafo dissertativo com relações de causa ou conseqüência.1- O homem atua com vantagem sobre os outros animais pela sua capacidade de transformar elementos

naturais em instrumentos de dominação.2- A tecnologia desenvolveu meios que possibilitam a comunicação entre pessoas separadas por milhares

de quilômetros.3- Todo município conta , geralmente, com um sistema de tratamento da água a ser consumida pela

população.4- Na maioria dos povos primitivos e civilizados , o casamento monogâmico é encontrado com maior

freqüência que o poligâmico.5- A punição dos infratores está mais rigorosa e cara.

4 - Tempo e Espaço Muitos parágrafos dissertativos obedecem temporalmente e espacialmente a evolução de idéias e processos. Exemplo:

Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta evolução . Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa.

Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas região temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pouco profunda.(Melhem Adas)

ExercíciosPartindo das frases nucleares abaixo, construir parágrafos dissertativos ordenados por tempo e espaço.

1- Em todos os tempos, o mar tem exercido fascinante atração sobre o homem.2- O homem sempre buscou proteção ao longo de sua história.3- O Brasil conta com tipos de aficcionados por vários esportes.4- As novelas brasileiras tentam mostrar não mais apenas o Rio de Janeiro, mas também outras regiões

brasileiras.5- O homem sempre quis voar como os pássaros.6- O uso do cinto de segurança tem evitado mortes em acidentes de trânsito.

5- Explicitação

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Num parágrafo dissertativo, pode-se conceituar, exemplificar e aclarar as idéias para torná-las mais compreensíveis. Exemplo : "Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbônico."

Exercícios Explicitar as idéias contidas nas frases nucleares.1- Os benefícios do esporte são muito apregoados hoje em dia.2- A Internet é um auxílio rápido e eficaz às pesquisas escolares. 3- Uma mãe que vai buscar seu filho na escola pode somar muitos pontos e arcar com uma grande

quantidade de dinheiro em multas, se não obedecer ao novo Código Nacional de Trânsito.

Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve delimitar-se ao tema que será desenvolvido e que poderá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes idéias:a- A violência contra os povos indígenas é uma constante na história do Brasil.b- O surgimento de várias entidades de defesa das populações indígenas.c- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasileiro.d- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.

Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve fazer a estruturação do texto.

A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:

1- introdução - deve conter a idéia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafo) É a abertura do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser defendida.

2- desenvolvimento - exposição de elementos que vão fundamentar a idéia principal que pode vir especificada através da argumentação, de pormenores , da ilustração, da causa e da conseqüência, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da idéia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco maneiras expostas anteriormente.

3- conclusão - é a retomada da idéia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação. (um parágrafo) .

Observe o texto abaixo:

Vida ou Morte

INTRODUÇÃOA grande produção de armas nucleares, com seu incrível potencial destrutivo, criou uma situação ímpar na história da humanidade: pela primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente a sua própria raça da face do planeta.

DESENVOLVIMENTO A capacidade de destruição das novas armas é tão grande que, se fossem usadas num conflito mundial, as conseqüências de apenas algumas explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se chegar ao aniquilamento total da espécie humana. Não haveria como sobreviver a um conflito dessa natureza, pois todas as regiões seriam rapidamente atingidas pelos efeitos mortíferos das explosões.

CONCLUSÃO Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da corrida armamentista e desviando para fins pacíficos os imensos recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os homens aprendem a conviver em paz , em escala mundial, ou simplesmente não haverá mais convivência de espécie alguma, daqui a algum tempo. (Texto adaptado do artigo "Paz e corrida armamentista" in Douglas Tufano)

Na introdução, o autor apresenta o tema (desenvolvimento científico levou o homem a produzir bombas que possibilitam a destruição total da humanidade), no desenvolvimento, ele expõe os argumentos que apoiam a sua afirmação inicial e na conclusão, conclui o seu pensamento inicial , com base nos argumentos.

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Na dissertação, podem-se construir frases de sentido geral ou de sentido específico, particular. Às vezes, uma afirmação de sentido geral pode não ser inaceitável, mas se for particularizada torna-se aceitável. Exemplo: É proibido entrar nesta sala . (sentido geral) É proibido entrar nesta sala sem autorização. (sentido específico)

Exercícios Faça as especificações das afirmações, tornando-as aceitáveis.a- A liberdade é perigosa.b- Caminhar faz mal ao coração.c- Assistir a televisão é prejudicial à criança.d- Conduzir motocicleta é proibido.Quando o autor se preocupa principalmente em expor suas idéias a respeito do tema abordado, fica claro que seu objetivo é fazer com que o leitor concorde com ele. Nesse caso , tem-se a dissertação argumentativa Para que a argumentação seja eficiente, o raciocínio deve ser exposto de maneira lógica, clara e coerente.O autor de uma dissertação deve ter sempre em mente, as possíveis reações do leitor e por isso, devem-se considerar todas as possíveis contra-argumentações, a fim de que possa " cercar" o leitor no sentido de evitar possíveis desmentidos da tese que se está defendendo. As evidências são o melhor argumento.

Esquema comparativo

Com relação ao conteúdo específico:

Na Descrição: Retrato verbal: imagem: aspectos que caracterizam, singularizam o ser ou objeto descrito

Na Narração: Fatos - pessoas e ações que geram o fato e as circunstâncias em que este ocorre: tempo, lugar, causa, conseqüência, etc.

Na Dissertação: Idéias - exposição , debate, interpretação, avaliação - explicar, discutir, interpretar, avaliar idéias.

Com relação aos Aspectos humanos: Na Descrição: observação- percepção-relativismo desta percepção.

Na Narração: imaginação (fatos fictícios) - pesquisa- observação (fatos reais).

Na Dissertação: predomínio da razão - reflexão - raciocínio- argumentação.

Com relação à Composição:

Na Descrição: coleta de dados - seleção de imagens, aspectos - os mais singularizantes - .classificação - enumeração das imagens e/ou aspectos selecionados.

Na Narração: levantamento (criação ou pesquisa) dos fatos . organização dos elementos narrativos (fatos, personagens, ambiente, tempo e outras circunstâncias)classificação - sucessão

Na Dissertação: levantamento das idéias .definição do ponto de vista dissertativo: exposição, discussão, interpretação

Quanto as Formas:

Na Descrição: descrição subjetiva: criação, estrutura mais livre descrição objetiva: precisão, descrição e modo científico.

Na Narração: Narração artística : subjetividade, criação, fatos fictícios narração objetiva: fatos reais, fidelidade.

Na Dissertação: Dissertação científica - objetividade, coerência, solidez na argumentação, ausência de intervenções pessoais, emocionais, análise de idéias.Dissertação literária - criatividade e argumentação.

Referências Bibliográficas

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As referências bibliográficas devem estar de acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A bibliografia final deve seguir o seguinte padrão:a) Autor - último sobrenome com letra maiúscula, separado dos vírgula dos outros prenomes; (ponto e dois espaços ou travessão)b) Título - sublinhar ou colocar em itálico ;(ponto)c) Anotador ou tradutor -(ponto) d) Número da edição - se for a primeira , não se indica. Algarismo arábico, ponto, ed.(vírgula)e) Casa publicadora - nome da casa (vírgula)f) Ano da Publicação - em algarismo arábico (ponto)g) Número de páginas ou volumes - em algarismos arábicos (ponto) Abrevia-se p. e não pag ou pg.h) Ilustrações - se necessário (ponto)i) Série ou coleções - em algarismos arábicos, entre parênteses (ponto)

TIPOLOGIA TEXTUAL

Comunicar-se com eficiência parece, a princípio, algo fácil e simples a qualquer indivíduo.No entanto durante esse processo realizado automaticamente, não se questiona a seqüência de passos a percorrer para que se consiga realizar o complexo ato de comunicação por meio da língua.

Classificação dos Tipos Textuais

As diferentes tipologias textuais existentes, são classificadas da seguinte maneira:1) as que consideram as características textuais internas dos textos (ou formais);2) as que consideram os traços textuais exteriores aos textos (ou funcionais);3) as que conciliam traços internos e externos ao texto (formais e funcionais).

Classificação funcional

A classificação atende a critérios funcionais, de acordo com as funções que os textos desempenham em relação ao leitor: informar, explicar ou orientar. Propõe-se, então, três categorias básicas:a) jornalismo informativo: notícia, reportagem, história de interesse humano, informação pela imagem;b) jornalismo interpretativo: reportagem em profundidade;c) jornalismo opinativo: editorial, artigo, crônica, opinião ilustrada, opinião do leitor.Acrescentando alguns elementos, reduz-se essa classificação a duas categorias:

a) jornalismo informativo: nota, notícia, reportagem, entrevista

b) jornalismo operativo: editorial, comentário, artigo, resenha, coluna, crônica, caricatura, carta

Evidencia-se a proximidade que há entre gênero e tipos textuais. Os tipos textuais, assim, não se limitam especificamente ao literário, ao jornalístico, ao técnico ou ao científico: são, na verdade, modelos gerais, que são escolhidos, adaptados e readaptados de acordo com cada função especifica que exercem na comunicação.

Classificação formal e funcional

Uma das grandes dificuldades encontradas nas classificações de tipos textuais decorre da não diferenciação entre os planos ou níveis de análise, para uma classificação dos tipos textuais-discursivos em níveis.

a) Primeiro nível: estruturas discursivas.São estruturas discursivas disponíveis na língua, e, portanto, pertencentes ao plano das potencialidades da língua, tradicionalmente identificadas como gêneros de discurso:- estrutura narrativa [predicados de ação; ligação temporal];- estrutura descritiva [predicados estáveis, ou equilibrados, em torno de entidades];- estruturas de tipo expositivo/argumentativo [proposições, construções sintáticas complexas (subordinação) e construções, ou arquitetações hipotéticas];- estruturas procedurais [organizações seqüenciais nas quais a referência a pessoa tem menos interesse que o processo em si (daí a ocorrência de sujeitos genéricos ou da impessoalidade); o verbo se apresenta no modo dos diretivos, o imperativo, o futuro ou o infinitivo; é comum o uso de orações independentes];- estrutura expressiva [predicados com verbos de opinião, avaliativos, ou subjetivos, em que predomina a primeira pessoa];- estruturas dialógicas [identificadas pela alternância das pessoas do discurso envolvidas, podendo, porém, ser reproduzidas em certas formas da escrita].

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b) Segundo nível: uso das estruturas discursivas em situações reais de comunicação.

São possibilidades de uso de estruturas que aparecem sob organizações típicas associadas às diversas atividades desenvolvidas pelos indivíduos, como, por exemplo, a estória, a piada, o editorial.

c) Terceiro nível: função ou propósito comunicativo com que dada unidade discursiva é empregada, sua força ilocucionária, ou a variedade de eventos comunicativos a que se associa.

Gêneros: Primários , Secundários e Estilo

O gênero primário é caracterizado por tipos de enunciado espontâneos e naturais, que ocorrem na imediatez da fala.

O gênero secundário, por tipos de enunciados da fala aprimorados por meio da escrita.

No que se refere ao estilo é possível fazer algumas observações:

Quando escrevemos, devemos criar um estilo próprio para valorizar o nosso trabalho. Sem nos alongarmos no assunto, sugerimos aqui apenas três qualidades fundamentais do estilo: clareza, concisão e originalidade.

A Clareza é a expressão de um pensamento. Para que ela ocorra, é necessário: pontuar corretamente, evitar construção de frases com palavras em ordem inversa e evitar períodos longos, com muitas orações intercaladas.

Exemplo: "Meu tio, que chegou hoje, o qual é diretor de marketing de uma multinacional, trouxe-me boas notícias, mas eu não as contarei a ninguém, enquanto morar aqui, porque isso, estou certo, me prejudicaria, por muito tempo, na minha repartição." Melhor seria: "Meu tio, chegado hoje, é diretor de marketing de uma multinacional. Trouxe-me boas notícias, que a ninguém contarei. Divulgando-as, isso me prejudicaria, por muito tempo, na repartição. Disso estou certo."

A Concisão é a arte de encerrar um pensamento com o menor uso possível de palavra. Para que haja concisão, é necessário: evitar um número excessivo de adjetivos, principalmente sinônimos, para cada substantivo (manhã, linda, radiosa e magnífica); evitar palavras inúteis ou redundantes (atualmente, nos dias de hoje, o homem atual ...); evitar, sempre que possível, o emprego de dois ou mais verbos juntos (vi que estava sofrendo).

A originalidade, para ser conseguida, é preciso que não se empreguem lugares-comuns ou chavões, evitando a repetição de frases vulgares, usadas constantemente pela gente inculta: (chorou um mar de lágrimas; vem surgindo o astro-rei; seus cabelos cor de prata).

Tipos Textuais como "ferramenta"

Quando um indivíduo utiliza a linguagem, sempre o faz por meio de um tipo de texto ainda que inconscientemente. A escolha de um tipo é um dos passos a ser seguidos no processo de comunicação.Por isso, os tipos textuais podem ser uma ferramenta que está à disposição do indivíduo, sendo-lhe facultado a escolha da melhor maneira que lhe convier para, no processo de comunicação, servir-lhe de esteio na sua expressão lingüística. Utilizar-se de um tipo textual como uma estrutura básica normalmente usada em uma determinada situação o torna uma valiosa "ferramenta" (ou "instrumento") que o indivíduo procura, guia e controla para poder expressar a função primordial da linguagem que é atingir uma comunicação, em maior ou menor grau, argumentativa, ou seja, uma comunicação cujo objetivo é integralmente alcançado e concretizado.

COESÃO E COERÊNCIA

Antes de tudo é preciso saber o que é coesão e coerência, pois sem essas duas chaves principais de qualquer texto, você não vai a lugar nenhum.

Coesão - em nossa linguagem cotidiana procuramos executar manobras coesivas, muitas vezes, com o intuito de melhorar a própria expressividade do enunciado. Veja alguns casos:

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Em lugar de- Comprei sorvetes. Dei os sorvetes a meus filhos.

usamos- Comprei sorvetes. Dei-os a meus filhos.

Dei-os funciona como relacional que recupera em B o que havia sido colocado em A. O objetivo é evidenciar o processo de repetição, considerado menos "rico ou sofisticado" por uma certa gramática.O uso indevido de elementos de ligação invariavelmente podem comprometer os processos coesivos do texto.

Coerência - A rigor, existem vários níveis e planos de coerência ou incoerência. Veja alguns casos:- Um sujeito resolve contar a última piada de papagaio num velório. Além de impertinente, a piada sofre de uma síndrome geral de incoerência contextual. A situação lutuosa não permite que o decoro seja quebrado e risos apareçam em torno do defunto.- Em vestibular da Fuvest, o candidato saiu-se com a seguinte "... a palidez do sol tropical refletia nas águas do rio Amazonas". Convenhamos que o sol tropical pode ser acusado de muitas coisas, menos de palidez. O riso provocado pela leitura daquele texto poético é derivado de um caso de incoerência no uso da imagem.A lista poderia aumentar muito. Basta reter a idéia que, no fundo, o problema básico envolvido na produção da coerência é o do acerto das partes com relação ao todo textual; do ajuste seqüencial das idéias; da progressão dos argumentos; das afirmativas que são explicadas... Coloque-se sempre no lugar do autor ou do ouvinte para sentir se realmente está sendo coerente.

A NOVA ORTOGRAFIA

Acento agudo

O acento agudo desaparece das palavras da língua portuguesa em três casos como se pode ver a seguir:* nos ditongos (encontro de duas vogais proferidas em uma só sílaba) abertos ei e oi das palavras paroxítonas (aquelas cuja sílaba pronunciada com mais intensidade é a penúltima).

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

Assembléia Assembleia

Heróico Heroico

Idéia Ideia

Jibóia Jiboia

No entanto, as oxítonas (palavras com acento na última sílaba) e os monossílabos tônicos terminados em éi, eu e oi continuam com o acento (no singular e /ou plural. Exemplos: herói(s), ilhéus(us), chapéu(s), anéis, dói, céu.

*Nas palavras paroxítonas com i e u tônicos que formam hiato (seqüência de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes) com a vogal anterior quando esta faz parte de um ditongo;

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

baiúca baiucaboiúna boiunafeiúra feiura

No entanto, as letras i e u continuam a ser acentuadas se formarem hiato mas estiverem sozinhas na sílaba ou seguidas de s.

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Exemplos: baú, baús, saída.No caso das palavras oxítonas, nas mesmas condições descritas no item anterior, o acento

permanece. Exemplos: tuiuiú, Piauí.

*Nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com o u tônico precedido das letras g e q seguido de e e i. Esses casos são pouco freqüentes na língua portuguesa: apenas nas formas verbais de argüir e redargüir.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

argúis arguisargúem arguem

redargúis redarguisredargúem redarguem

Acento diferencial

O acento diferencial é utilizado para permitir a identificação mais fácil de palavras homófonas, ou seja, que têm a mesma pronúncia. Atualmente, usamos o acento diferencial – agudo ou circunflexo – em vocábulos como pára (forma verbal), a fim de não confundir com para (a preposição), entre vários outros exemplos.

Com a entrada em vigor do acordo, o acento diferencial não será mais usado nesse caso e também nos que estão a seguir:

Péla ( do verbo pelar) e pela ( a união da preposição com o artigo);

Pólo ( o substantivo) e pólo (a união antiga e popular de por e lo);

Pélo (do verbo pelar) e pêlo (o substantivo);

Pêra (o substantivo) e péra (o substantivo arcaico que significa pedra), em oposição a pêra (a preposição arcaica que significa para ).

No entanto, duas palavras obrigatoriamente continuarão recebendo o acento diferencial:

PÔR (verbo) mantém o circunflexo para que não seja confundido com a preposição POR.

PÔDE (o verbo conjugado no passado) também mantém o circunflexo para que não haja confusão com pode (o mesmo verbo conjugado no presente).

Observação: já em fôrma/forma o acento é facultativo.

Acento circunflexoCom o acordo ortográfico, o acento circunflexo não será mais usado nas palavras terminadas em

oo.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

enjôo enjoovôo voo

abençôo abençoocorôo corôomagôo magooperdôo perdoo

Da mesma forma, deixa de ser usado o circunflexo na conjunção da terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

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crêem creemdêem deemlêem leemvêem veem

descrêem descreemrelêem releem

No entanto, nada muda na acentuação dos verbos ter, vir e seus derivados. Eles continuam com o acento circunflexo no plural (eles têm, eles vêm), e no caso dos derivados, com o acento agudo nas formas que possuem mais de uma sílaba no singular (ele detém, ele intervém).

TremaUm sinal a menos

O trema, sinal gráfico de dois pontos usados em cima do u para indicar que essa letra, nos grupos que,qui, gue e gui, é pronunciada será abolido. É simples: ele deixa de existir na língua portuguesa. Vale lembrar porém, que a pronúncia continua a mesma.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

agüentar aguentareloqüente eloquentefreqüente frequentelingüiça linguiçasagüi sagui

seqüestro sequestrotranqüilo tranquilo

anhangüera anhanguera

No entanto, o acordo prevê que o trema seja mantido em nomes próprios de origem estrangeira, bem como em seus derivados. Exemplos: Bündchen, Müller, mülleriano.

HífenPalavras compostas

O hífen deixa de ser empregado nas seguintes situações:

__quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as consoantes s ou r.Nesse caso, a consoante obrigatoriamente passa a ser duplicada;

__quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente.

COMO É HOJE COMO VAI FICAR

anti-religioso antirreligiosoanti-semita antissemita

auto-aprendizagem autoaprendizagemauto-estrada autoestradacontra-regra contrarregracontra-senha contrassenhaextra-escolar extraescolar

extra-regulamentação extrarregulamentação

No entanto, o hífen permanece quando o prefixo termina com r (hiper, inter e super) e a primeira letra do segundo elemento também é r. Exemplos: hiper-requintado, super-resistente.

Alfabeto

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Novas letras

O acordo prevê que nosso alfabeto passa a ter 26 letras – hoje são 23. Além das atuais, serão oficialmente incorporadas as letras, k, w e y. No entanto, seu emprego fica restrito a apenas alguns casos, como já ocorre atualmente. Confira os principais exemplos:

__em nomes próprios de pessoas e seus derivados:

Exemplos: Franklin, frankliniano, Darwin, darwinismo, Wagner, wagneriano, Taylor, taylorista, Byron, byroniano.

__em nomes próprios de lugares originários de outras línguas e seus derivados.

Exemplos: Kuwait, kuwaitiano, Washington, Yokohama, Kiev.

__em símbolos, abreviaturas, siglas e palavras adotadas como unidades de medidas internacionais.

Exemplos: Km (quilômetro), KLM (companhia aérea), K (potássio), W (watt), WWW (sigla de world wide web, expressão que é sinônimo para a rede mundial de computadores).

__em palavras estrangeiras incorporadas à língua.

Exemplo: sexy, show, download, megabyte.

ORTOGRAFIA OFICIAL

EMPREGO DE ALGUMAS LETRAS

X ou CH ? Emprega-se "X"

a. Após um ditongo: caixa - paixão - peixe.Exceção: recauchutar e seus derivados.

b. Após o grupo inicial en: enxada - enxergar - enxameExceção:← encher e seus derivados (que vêm de cheio)← palavras iniciadas por ch que receberam o prefixo en: encharcar (de charco) ; enchapelar (de chapéu)

c. Após o grupo inicial me: mexer - México - mexerica

Exceção: mecha

d. Nas palavras de origem indígena ou africana:Xingu - Xavante

e. Nas palavras inglesas aportuguesadas:xerife - xampu

G ou J? Emprega-se "G"

a. Nos substantivos terminados em:← agem: aragem - friagem← igem: origem - fuligem← ugem: ferrugem

Exceções: pajem - lambujem

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b. Nas palavras terminadas em:← ágio: pedágio← égio: colégio← ígio: prestígio← ógio: relógio← úgio: refúgio

Emprega-se "J"

a. Nas formas verbais terminadas em: jar← arranjar (arranjei, arranjamos)← viajar (viajo, viajaram)

b. Nas palavras de origem tupi, africana, árabe:jibóia, pajé, canjica, manjericão, berinjela, moji

c. Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com j:laranjeira (de laranja); lojista, lojinha (de loja).

S ou Z ? Emprega-se "S"

a. Nas palavras que derivam de outras que se escrevem com s:casebre, casinha, casarão (de casa)pesquisar (de pesquisa); analisar (de análise)Exceção: catequizar (catequese)

b. Nos sufixos- ês - esa: português - portuguesachinês - chinesa- ense, oso, osa (que formam adjetivos):paraense - orgulhoso - caprichosa- isa (indicando feminino):poetisa - profetisa

c. Após ditongo: coisa, lousa, pousard. Nas formas do verbo pôr (e seus derivados) e querer: pus, puseste, quis, quiseram

Emprega-se "Z"

a . Nas palavras derivadas de outras que se escrevem com z:razão - razoável; raiz - enraizado

b. Nos sufixos:- ez, eza (que formam substantivos abstratos a partir de adjetivos)

AdjetivoSubstantivo abstratoSurdo Surdez Avaro Avareza Belo Beleza

← izar (que formam verbos):civilizar, humanizar, escravizar← iza - ção (que formam substantivos):civilização, humanização

S, SS ou Ç ? Emprega-se "S"

Verbos com nd- Substantivos com ns

Distender Distensão

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Ascender Ascensão

Emprega-se "SS"

Verbos com ced - Substantivos com cessCeder CessãoConceder Concessão

← Emprega-se "Ç"

Verbos com ter- Substantivos com tençãoConterContençãoDeter Detenção

Atente para a grafia de: - acrescentar - adolescência - consciência - isciplina - fascinação - piscina - nascer - obsceno - ressuscitar - seiscentos.

← X

Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /s/: - experiência- Sexta- sintaxe- texto.

← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com X, mas que têm o som de /ks/:clímax- intoxicar- nexo- reflexo- sexagésimo- sexo- tóxico.

← XC ← Atente para a grafia de algumas palavras que se escrevem com XC, mas que têm o som de /s/: - excesso- exceção- excedente- excepcional.

E ou I ? Emprega-se "E"

a. Nos ditongos nasais: mãe, cães, capitãesb. Nas formas dos verbos com infinitivos terminados em : oar e uarAbençoe perdoe continue efetuec. Em palavras como: se, senão, quase, sequer, irrequieto

Emprega-se "I"

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Somente no ditongo interno: cãibra (ou câimbra)

H

← A letra "H" não representa nenhum som← É usada nos dígrafos: nh - lh - ch← É usada em algumas interjeições: ah, oh, hem← Sobrevive por tradição em Bahia mas desaparece nos derivados: baiano, baianismo

Palavras homófonas

Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre x e ch:← Brocha (pequeno prego) e broxa (pincel)← Chá (nome de uma bebida) e xá (título de antigo soberano do Irã)← Chácara (propriedade rural) e xácara (narrativa popular em versos)← Cheque (ordem de pagamento) xeque (jogada de xadrez)← Cocho (vasilha para alimentar animais) e coxo (manco)← Tacha (pequeno prego) e taxa (imposto)← Tachar (pôr defeito em) e taxar (cobrar imposto)

Exemplos de palavras homófonas que se distinguem pelo contraste entre z e s e pelo contraste gráfico:← Cozer (cozinhar) e coser (costurar)← Prezar (ter em consideração) e presar (prender, apreender)← Traz (do verbo trazer) e trás (parte posterior)← Acender (iluminar) e ascender (subir)← Acento (sinal gráfico) e assento (onde se senta)← Caçar (perseguir a caça) e cassar (anular)← Cegar (tornar cego) e segar (cortar para colher)← Censo (recenseamento) e senso (juízo)← Cessão (ato de ceder), seção ( departamento - parte ou divisão ) secção ( corte ) sessão (reunião).← Concerto (harmonia musical) e conserto (reparo)← Espiar (ver, espreitar) e expiar (sofrer castigo)← Incipiente (principalmente) e insipiente (ignorante)← Intenção (propósito) e intensão (esforço, intensidade)← Paço (palácio) e passo (passada)

Algumas palavras parônimas:← Área (superfície) e ária (melodia)← Deferir (conceder) e diferir (adiar ou divergir)← Delatar (denunciar) e dilatar (estender)← Descrição (representação) e discrição (reserva)← Despensa (compartimento) e dispensa (desobriga)← Emergir (vir à tona) e imergir (mergulhar)← Emigrante (o que sai do próprio país) e imigrante (o que entra em um país estranho)← Eminente (excelente) e iminente (imediato)← Peão (que anda a pé) e pião (brinquedo)← Recrear (divertir) e recriar (criar de novo)← Se (pronome átono, conjunção) e si (pronome tônico, nota musical)← Vultuoso (atacado de vultuosidade, ou seja, congestão na face) e vultoso (volumoso)

DICAS DE ORTOGRAFIA

Qual a série certinha?

a) civilizar, analisar, pesquizar b) civilizar, analizar, pesquizar c) civilisar, analisar, pesquisar d) civilizar, analisar, pesquisar

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A gente usa o sufixo -izar para formar verbos derivados de adjetivo: civil civilizar municipal municipalizar

Há palavras que já têm o s no radical delas. Aí a gente temque respeitar a família. Mantemos o s. E acrescentamos-lhe -ar, não -izar:

análise analisar pesquisa pesquisar

resposta do teste:D

Que opção está todinha certa?

a. Ele quiz fazer a transação, mas não fes. b. Ele quiz fazer a transação, mas não fez. c. Ele quis fazer a transação, mas não fes. d. Ele quis fazer a transação, mas não fez.

É essa mesma. Você acertou em cheio. O verbo querer não tem z no nome. Então não terá z nunca. Quando soar o som z, não duvide: escreva s: quis, quisemos, quiseram; quiser, quisesse, queséssemos, quisesse.

O verbo fazer tem z no infinitivo. Ele permanece fiel à letrinha. Todas as vezes que soar z, escreve-se com z: fazfazemosfazem fizfezfizemosfizeramfizerfizermosfizeremfizessefizéssemosfizessem.

resposta do teste:D

Está certinha a grafia de: a. garçom b. garçon c. garssom d. garsson

a. Você acertou em cheio. Garçom se escreve assim. Com m final.

resposta do teste: A

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Estão certinhas as palavras da série:

a. maciês, camponês, solidês, frigidês b. maciez, camponez, solidez, frigidez c. maciez, camponês, solidez, frigidez d. maciez, camponês, solidez, frigidês

Com s ou z? Se houver um dicionário por perto, consulte-o. Sem o paizão, o jeito é aprender a lição.Providência: saber de onde veio a palavra. Se do adjetivo, é hora do z: macio (maciez) embriagado (embriaguez) líquido (liquidez)sólido (solidez)frígido (frigidez)

Se do substantivo, o s pede passagem: Portugal (português)corte (cortês) economia (economês)campo (camponês)

resposta do teste:C

Estão certinhas as palavras:

a. rúbrica, previlégio b. rubrica, previlégio c. rúbrica, privilégio d. rubrica, privilégio

Dizer rúbrica? Cruz-credo! Só o ex-ministro Kandir. Ele não deixa por menos. Também diz previlégio. Seguir-lhe o exemplo? Só bobo. Rubrica é paroxítona. A sílaba tônica cai no bri. E privilégio se escreve com i.

resposta do teste: D

Estão escritas como manda o figurino as palavras da série:

a. eu apóio, o apôio b. eu apóio, o apoio c. eu apoio, o apoio d. eu apoio, o apôio

O ói faz parte de um grupo seleto. É o dos ditongos abertos. Joga no time do éi e do éu. Em qualquer circunstância, no singular ou plural, eles são acentuados: heróijóiajibóiaidéiaassembléiacéuescarcéus.

Atenção, ditongo vive junto e não abre. Na separação silábica, mantenha-os coladinhos: * i-déi-a* as-sem-bléi-a

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resposta do teste: B

PONTUAÇÃO

Emprega-se Vírgula ( , )

← Entre as orações coordenadas assindéticas.Exemplo: Ele arregaçou as mangas, pegou a enxada, pôs-se a trabalhar.

← Entre termos independentes entre si, não ligados por conjunção.Exemplo: O cinema, o teatro, a música, a dança ... nada o interessava.=

← Nas intercalações, por cortarem o que está logicamente ligado.Exemplo: Essas pessoas, creio eu, não têm o menor escrúpulo.

← Nas expressões: "isto é", "por exemplo", "ou melhor", "ou por outra", "ou seja", "quero dizer", "digo", "digo melhor".Exemplo: Isto é bom, ou melhor, é ótimo.

← Entre as conjunções coordenativas, quando intercaladas.Exemplo: Eu, entretanto, nem sempre consigo o que quero.

← Com vocativos, apostos, orações adjetivas explicativas, orações apositivas, quando intercaladas na sua principal.Exemplos: Ele, o melhor médico da clínica, participará de um congresso Ele, que é o melhor médico da clínica, participará de um congresso.

← Para separar as orações adverbiais, sobretudo quando iniciarem período ou quando estiverem intercaladas.Exemplo: Quando eu cheguei, ele já havia saído.

← Para separar os adjuntos adverbiais, sobretudo quando estão na ordem inversa ou ficam entre dois verbos.Exemplo: Pudemos, finalmente, ficar sozinhos.

← Para separar termos aos quais queremos dar realce.Exemplo: As telhas, levou-as o vento.

← Para indicar que houve elipse de verbo.Exemplo: Ela foi para a praia e ele, para o campo.

← Para separar os topônimos, nas datas.Exemplo: Ribeirão Preto, 16 de março de 1999.

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Não se emprega Vírgula ( , )

← Entre o sujeito e o verbo.Exemplos: Minha mãe, viajou. (incorreto). Minha mãe viajou. (correto).

← Entre o verbo e seu complemento.Exemplos: Vimos, o filme. (incorreto) Vimos o filme. (correto)

← Entre o substantivo e o adjunto adnominal.Exemplos: Meu bom, amigo não estava em casa. (incorreto) Meu bom amigo não estava em casa. (correto)

← Como norma geral, antes da conjunção e.Exemplos: Fomos ao teatro, e voltamos para casa. (incorreto) Fomos ao teatro e voltamos para casa. (correto)

Obs.: Se depois do "e", o termo seguinte for pleonástico ou se o "e" for repetido enfaticamente, a vírgula se torna obrigatória.Exemplos:Neguei-o eu, e nego. (Rui Barbosa)E suspira, e geme, e sofre, e sua... (Olavo Bilac)

← Com orações subordinadas substantivas, com exceção das apositivas que devem vir entre vírgulas (como já vimos). Se a subordinada substantiva estiver na ordem inversa, deverá ser separada por vírgula.Exemplo: Todos esperam que o Brasil vença a Copa do Mundo, todos esperam. (ordem inversa)

← Quando o numeral se refere ao substantivo do qual é adjunto.Exemplos: Caixa Postal, 158 (incorreto) Caixa Postal 158 (correto) Casa, 35 (incorreto) Casa 35 (correto)

Ponto Final ( . )

← Encerra o período e é o sinal que exige pausa mais longa.Exemplo: Não pudemos sair de casa, pois chovia demais.

← É empregado também em abreviações.Exemplo: Sr., V. Exa., pág., etc.

Emprega-se Ponto e Vírgula ( ; )

← Entre orações coordenadas que poderiam estar em períodos separados, mas que devem, por conveniência, permanecer no mesmo período por manterem unidade de sentido, ou por terem diversos aspectos em comum (o mesmo verbo, o mesmo sujeito, etc.) ou ainda, para separar enumerações longas dentro das quais existam vírgulas.

Exemplo: Os velhos, com suas reminiscências; os jovens, com seus sonhos; todos pareciam estar fora deste mundo.

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← Para separar os considerados de um decreto ou sentença, ou de diversos itens enumerados de uma lei, decreto, regulamento, relatório, etc.

Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim:a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem;c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional;d) ...................................;e) ...................................;f) ...................................;g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça.

← Empregam-se dois pontos para anunciar e introduzir uma citação ou uma enumeração, ou um esclarecimento.

Exemplos: a) - Então, ele disse - Não quero mais ver você. b) - Fui à feira e comprei: frutas, verduras, legumes e cereais.

← Para simplificar ou encurtar a frase, quando o segundo elemento estabelece situação de igualdade com o primeiro, ou quando o segundo elemento contém o efeito, a conclusão, a finalidade, etc. que se pretende ressaltar.

Exemplo: Aconteceu o esperado: O Corínthians é campeão!

Emprega-se Ponto de Interrogação ( ? )

← Após a palavra, a frase ou a oração que incluem pergunta direta.Exemplo: Quantos anos você tem?

Obs.: Nas perguntas indiretas não se pode empregar ponto de interrogação.Exemplo: Ele lhe perguntou quantos anos ele tinha.

Emprega-se ponto de exclamação ( ! )

← Após qualquer palavra, frase ou oração de caráter exclamativo, indicando surpresa, admiração, entusiasmo, desprezo, ironia, chamamento, súplica, dor, alegria, etc.Exemplos: Fica, por favor! Nossa!

Reticências ( ... )

← Indicam interrupção da frase, que, muitas vezes, é de caráter subjetivo, demonstrando: hesitação, ansiedade, surpresa, dúvida.Exemplo: Posso fazer. Não sei bem ... Será que posso mesmo? ...

← São empregadas em citações:Exemplo: No trecho do texto: "... que a situação financeira deixada pelo Estado ...", qual é a função sintática de "situação financeira"?

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Emprega-se Travessão ( - )

← Para indicar a fala da personagem.Exemplo: Ele gritou a plenos pulmões: Elisa!

← Para separar as explicações ou intervenções do autor situadas no meio da fala da personagem (nesse caso, são empregados dois travessões):

← Para destacar expressões ou frases explicativas ou apositivas.Exemplo: E ele - que não era nenhum bobo - aceitou prontamente a oferta.

Empregam-se Aspas ( " " )

← No início e no final de uma citação textual.Exemplos: "É a sua vida que eu quero bordar na minha Como se eu fosse o passo e você fosse a linha". (Gilberto Gil)

← Para destacar palavras ou expressões.Exemplo: Ele era um bom homem. Homem com "h" maiúsculo.

← Nos títulos de obras artísticas ou científicas:Exemplo: "Senhora" é um livro de José de Alencar.

Empregam-se os Parênteses ( )

← Com palavras, frases orações ou períodos que têm, simplesmente, caráter explicativo - intercalado e que pronunciamos em um tom mais baixo.Exemplo: E nós (por que não dizer?) ficamos impotentes diante da situação.

← Nos nomes de autores, obras, capítulos, etc., nas citações feitas.Exemplos: "Reproduzidos no bordado A casa, a estrada, a correnteza. O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza"(Gil, Gilberto, In: Extra, CD Warner Music Brasil, 1983)

COLCHETES ( [ ] )

Possuem a mesma função que os parênteses, porém seu uso está restrito aos dicionários.

ASTERISCO ( * )

Usa-se para remeter a leitura ao pé da página, no lugar de um nome que não queira mencionar,

PARÁGRAFO ( § )

É usado para indicar um item num texto, num decreto, etc.

DICA - PONTUAÇÃO

O ponto está certinho na frase:

a) Comprei os móveis na Loja Isa Ltda.. b) Na feira, comprei laranjas, bananas, pêras, abacaxis, etc..c) Comprei os móveis na Loja Isa Ltda.

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d) Vi carros, lojas, ônibus, etc....

A útlima palavra da frase é uma abreviatura. Ela, por natureza, tem ponto. Eis a questão: usa-se outro ponto para indicar o fim do período? Não. No caso, um vale por dois: Vi os móveis nas Lojas Carmel Ltda. Na feira, comprei laranjas, bananas, pêras, abacaxis, etc.

resposta do teste:C

SEMÂNTICA

É o estudo do sentido das palavras de uma língua.A Semântica estuda basicamente os seguintes aspectos:

Família de idéias São palavras que mantêm relações de sinonímia e que representam basicamente uma mesma idéia.

Veja a relação a seguir:- casa, - moradia, - lar, - abrigo, - residência, - sobrado, - apartamento, - cabana.

Todas essas palavras representam a mesma idéia: lugar onde se mora. Logo, trata-se de uma família de idéias.

Observe outros exemplos:← revista, ← jornal, ← biblioteca, ← livro, ← casaco, ← paletó, ← roupa, ← blusa, ← camisa, ← jaqueta, ← serra, ← rio, ← montanha, ← lago, ← ilha, ← riacho, ← planalto. ← telefonista, ← motorista, ← costureira, ← escriturário, ← professor, etc.

Sinonímia

É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes - SINÔNIMOS.

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Exemplos:

Cômico - engraçadoDébil - fraco, frágilDistante - afastado, remoto

Antonímia

É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS.

Exemplos: Economizar - gastarBem - malBom - ruim

Homonímia

É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica - HOMÔNIMOS.

As homônimas podem ser:

Homógrafas heterofônicas (ou homógrafas) são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.

Exemplos:gosto (substantivo) - gosto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo gostar)Conserto (substantivo) - conserto (1.ª pess.sing. pres. ind. - verbo consertar)

Homófonas heterográficas (ou homófonas) são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.

Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo)Cessão (substantivo) - sessão (substantivo)Cerrar (verbo) - serrar (verbo)

Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos) são as palavras iguais na pronúncia e na escrita.

Exemplos: cura (verbo) - cura (substantivo)Verão (verbo) - verão (substantivo)Cedo (verbo) - cedo (advérbio)

Paronímia

É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita - PARÔNIMOS.

Exemplos:

cavaleiro - cavalheiro

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Absolver - absorverComprimento - cumprimento

Polissemia

É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados.

Exemplos:

Ele ocupa um alto posto na empresa.Abasteci meu carro no posto da esquina.

Os convites eram de graça.Os fiéis agradecem a graça recebida.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

← Os adjetivos (que funcionam como adjuntos adnominais) concordam em gênero e número com o substantivo.Seus interesses pessoais só me prejudicam.

← Os adjetivos anteposto de dois ou mais substantivos devem concordar com o substantivo mais próximo.O hotel proporciona perfeito atendimento e localização.

← Os adjetivos pospostos a dois ou mais substantivos podem concordar com o substantivo mais próximo ou com todos eles.O hotel proporciona atendimento e localização perfeita.O hotel proporciona atendimento e localização perfeitos.

← Adjetivo com função de predicativo de um sujeito ou de um objeto composto pode concordar com os núcleos desses predicativos.Pai e filho são amigos.

← Adjetivo com função de predicativo de sujeito anteposto a esse sujeito pode concordar apenas com o núcleo mais próximo ou ficar no plural.É vergonhosa a fome e desemprego.São vergonhosos a fome e o desemprego

← Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo substantivo, podem ocorrer as seguintes construções.Estudo as línguas japonesa e chinesa. Estudo a língua japonesa e chinesa.

← Com numerais ordinais anteposto a um único substantivo, podem ocorrer as seguintes construções.Encontrei os alunos da 5ª e 6ª série.Encontrei os alunos da 5ª e 6ª séries.

← Próprio, mesmo, anexo, incluso, quite, obrigado concordam em gênero e número com substantivo ou Pronomes a que se referem .Elas mesmas farão as apresentações.Estamos quites.Seguem inclusas as notas fiscais .Seguem anexos os recibos,Ela lhe disse obrigada.Obs.: em anexo invariável Ex.: Seguem em anexo as notas fiscais.

← Meia, bastante, como adverbio são invariáveis.Meia classe participará do campeonato.Bastante livros foram doados.

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← Meio, bastante como adverbio são invariáveis.Estou meio chateada.Eles são bastante gordos.

← Substantivos desacompanhados de determinantes (artigos, pronomes, numerais) podem ter sentido genérico. Desse modo: é proibido, é bom, é necessário, é permitido não variam.É proibido entrada de pessoas estranhas.

Obs.: Se o substantivo for determinado, essas expressões são variáveis.É proibida a entrada de pessoas estranhas.

← Alerta e haja vista são invariáveis.Ex.: Todos estão alerta. A situação e caótica. Haja vista o número de desempregados.A situação e caótica. Haja vista os altos índices de desemprego.

CONCORDÂNCIA VERBAL

Regra Geral

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Nós compreendemos tudo

Sujeito Verbo1ª pessoa do plural 1ª pessoa do plural

Regra Básica para o Sujeito Composto

← Sujeito composto anteposto ao verbo o verbo vai para o plural.

Exemplo: Ele e seu amigo conversam durante muito tempo S. composto verbo no plural.

Atenção para o sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes:Teus amigos, tu e eu conversaremos ( = nós conversaremos) A 1ª pessoa prevalece sobre as demais

Tu e teus amigos conversareis ( = vós conversareis) A 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª ouTu e teus amigos conversarão ( = vocês conversarão)(forma já legitmada por grande parte dos gramáticos)

← Sujeito composto posposto ao verbo o verbo pode concordar com o sujeito próximo ou ir para o plural.Pouco disse o prefeito e o vereador. ouPouco disseram o prefeito e o vereador

← Sujeito composto posposto ao verbo, com idéia de reciprocidade o verbo vai para o plural.Olharam-se, com estranheza, gato e rato

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Casos de Sujeito Simples que Merecem Destaque

← Sujeito formado por expressão partitiva (parte de, uma porção de, a metade de, a maioria de,

grande parte de) e coletivos, quando especificados + substantivo ou pronome no plural o verbo pode ficar no plural ou singular. A maioria das pessoas gostou/gostaram do espetáculo.Um bando de pássaros destruiu/destruíram a plantação.

← Sujeito formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto

de) + numeral e substantivo o verbo concorda com o substantivo.Mais de uma pessoa acertou na loto.(faz a concordância com "pessoa")Mais de cem pessoas acertaram na loto.(faz concordância com "pessoas")

Obs.: Quando a expressão mais de um estiver associada a verbos que exprimem reciprocidade, deverá ser empregado somente o plural.Mais de mil pessoas se abraçaram depois de sessão.

← Nome próprio precedido de artigo o verbo vai para o plural.

← Nome próprio sem artigo o verbo fica no singular. As Minas Gerais são inesquecíveis.Minas Gerais é um estado brasileiro.

← O sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural seguido de "de nós" ou "de vós" o verbo pode concordar com o pronome interrogativo ou indefinido ou com o pronome pessoal. Quais de nós são/somos culpados?Alguns de vós sabiam/sabíeis já o fato.

Obs.: Se o pronome interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo deve permanecer no singular.Qual de nós é o culpado?

← O sujeito é formado por expressão que indica porcentagem seguida de substantivo o verbo concorda com o substantivo.25% do orçamento foi para obras públicas.70% dos entrevistados foram reprovados no teste.

Obs.: Se a expressão que indica porcentagem não for seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o número.99% querem a emenda.1% é contra a emenda.

← O sujeito é um pronome relativo o verbo concorda com o antecedente desse pronome.Fui eu que fiz as compras.Foste tu que fizeste as compras.Ainda existem pessoas que são incapazes de uma caridade.

← Com a expressão um dos que o verbo vai para o plural.Ele é um dos deputados que lutaram pela emenda.

← O sujeito é o pronome relativo que o verbo fica na 3ª do singular ou concorda com o antecedente do pronome.Fui eu quem fez o bolo.Fui eu quem fiz o bolo.

Casos de Sujeito Composto que Merecem Destaque

Sujeito composto formado por núcleos sinônimos ou quase sinônimos o verbo vai para o plural ou singular.

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Descaso e desprezo marcam/marca sua conduta.

← Sujeito composto formado por núcleos dispostos em gradação o verbo pode ir para o plural ou concordar com o último núcleo do sujeito.Ao seu lado, uma hora, um minuto, um segundo me bastam/basta.

← Núcleos do sujeito composto unidos por ou ou nem o verbo fica no plural se o que se declara puder ser atribuído aos 2 núcleos ou fica no singular se o que se declara for atribuído a apenas um dos núcleos.Nem o aluno nem o professor acertaram a questão.(os dois erraram)Você ou ele será escolhido para o cargo.

← Com a expressão um ou outro e nem um nem outro o verbo costuma ir para o singular ou pode ir para o plural.Um ou outro poderá/poderão fazer o trabalho.

← Com a locução um e outro o plural de verbo é mais freqüente, embora também se use o singular.Um ou outro podem fazer o serviço.ouUm ou outro pode fazer o serviço.

← O sujeito é formado por núcleos unidos por com o verbo pode ficar no plural (os 2 núcleos recebem um mesmo grau de importância) ou pode ficar no singular (enfatizando, assim, o 1º elemento).O pai com o filho saíram juntos.O pai com o filho consertou o carro (ênfase para o 1º elemento)

← Núcleos do sujeito unidos por expressões como: não só ..., mas também; não só ... como também; não apenas ... mas também, e outros semelhantes o verbo, de preferencia, fica no plural. Não só ele como também você deverão realizar a tarefa.

← Se os elementos de sujeito composto forem resumidos por um aposto è o verbo concorda com o aposto.Muros, árvores, carros, tudo, a enchente levou.

O verbo e a palavra se

Como já vimos, emprega-se o pronome se:

← Como índice de indeterminação de sujeito (com verbos intransitivos, transitivos direto e indiretos) o verbo concorda com o sujeito.

3ª do singularPrecisa-se de empregados.

← Como partícula apassivadora (com verbos intransitivos, transitivos diretos ou transitivos diretos e

indiretos) o verbo concorda com o sujeito.

3ª sing. Suj. sing. Aluga-se uma casa na praia.

3ª plural Suj. Plural Alugam-se casas na praia.

Concordância com os verbos haver, fazer, ser .

← Verbo Haver significado existir é impessoal e deve ficar na 3ª do singular.

Havia pessoas demais aliDeve haver soluções viáveis para o caso.

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← Fazer com idéia de tempo (cronológico ou meteorológico) permanece na 3ª do singular.Faz frio. Faz anos que não o vejo.

Obs.: Os verbos haver e fazer já foram estudados, quando vimos oração sem sujeitos.

Ser

← Verbo ser entre substantivo comum no singular e substantivo comum no plural o verbo tende a ir para o plural ou poderá ficar no singular por uma questão de ênfase.

Sua cama são algumas tábuas retorcidas (tendência mais comum).

← Verbo ser entre substantivo próprio e substantivo comum ou entre pronome pessoal e substantivo tende a concordar com o nome próprio e com o pronome.O professor aqui sou eu.Garrincha fez as incríveis diabruras com a bola.

← Verbo ser entre substantivo e pronome não pessoal o verbo tende a concordar com o substantivo.Tudo eram flores em sua vida.

← Nas expressões que indicam quantidade o verbo ser é invariável.Vinte quilos é muito.Dez minutos é pouco tempo.Quinhentos reais é pouco para as compras.

← Nas indicações de tempo o verbo ser concorda com a expressão mais próxima.É uma horaSão três horas.Já é uma e dez.São cinco para as três.Hoje são dezoito de dezembro.(e: Hoje é (dia) dezoito de dezembro) pode estar elíptico

DAR, BATER + horas concordam com o sujeito expresso hora(s).

3ª pl. sujeito plural Deram onze horas no relógio.

3ª pl sujeito Bateram cinco horas da tarde no relógio. 3ª sing. Mas: O relógio deu onze horas.

3ª sing. O relógio da catedral vai bater duas horas.

Flexão do Infinitivo:

Impessoal: É proibido conversar com o motorista. (considere-se ao processo verbal)

Pessoal: É bom sairmos já (pessoal è atribui-se um agente ao processo verbal)

Infinitivo não flexionado

← Verbo assume valor substantivo

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Dormir é bom

← Infinitivo com valor imperativoDireita, volver

← Quando o infinitivo é regido de preposição "de", complementa um adjetivo e assume valor passivo.Isso são ossos duros de roer (de serem roídos).

← Quando o infinitivo é regido de preposição e funciona como complemento de um substantivo adjetivo ou verbo da oração anterior.Foram obrigados a ficar Estão dispostos a aceitarEu os convenci a aceitar

← Quando o infinitivo = verbo principal de uma locução verbal.Queriam comparecer.Estão a dizer que fui eu?

← Quando o infinitivo é empregado numa oração reduzida que complementa:Um verbo auxiliar causativo (deixar, mandar, fazer) ouUm verbo auxiliar sensitivo (ver, sentir, ouvir, perceber)Faça os ficar.Não os vi entrar.Deixaram-nos sair.

Obs.: Nas orações acima os pronomes oblíquos são sujeitos. (aparecem ao lado de um verbo causativo ou sensitivo e de um outro verbo no infinitivo).

Forma flexionada

← Quando o sujeito for diferente do sujeito da oração anterior.Ouvi gritarem meu nome.Suponho derem eles os responsáveis.

← É optativo quando a oração que complementa um auxiliar causativo ou sensitivo apresentam como sujeito um substantivo.Mande os meninos entrarem.

← Quando o sujeito da oração reduzida de infinitivo for o mesmo da oração anterior flexionado ou não.Eles iriam a Brasília para apresentarem sua proposta.Ênfase no plural pouco recomendável.

V. parecerSing.Elas parecem querer. Elas [parece] quererem.

DICA DE CONCORDÂNCIA

Está certinha a frase:

a. É proibida entrada. b. É proibido a entrada de estranhos. c. É proibido saída pela porta dos fundos. d. É proibido a falta de educação no recinto.

"Entrada é o substantivo. O adjetivo deveria concordar com ele. Ou não?"

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Há mais mistérios sobre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia, já dizia Shakespeare. Com essa expressão também. O x do quebra-cabeça é o artigo. Se o bichinho acompanhar o substantivo, proibido concorda com ele. Caso contrário, nada feito. O adjetivo fica no masculino e não abre. Compare: É proibida a saída pela porta dos fundos. É proibido saída pela porta dos fundos. *É proibida a falta de educação nas dependências desta empresa. É proibido falta de educação nas dependências desta empresa. É proibida a entrada de estranhos. É proibido entrada de estranhos.

resposta do teste: C

REGÊNCIA

Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramaticalmente de outro. A palavra que depende é chamada de termo regido e a palavra da qual outra depende é chamada de termo regente.

Ex.: A menina não gosta de jiló. (regente) preposição (regido) A regência pode ser nominal ou verbal.

REGÊNCIA NOMINAL

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo, ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma regência:

Observe:

Acesso a, em, para Gosto a, de, para, por, emAcostumado a, com Inveja a, de Amor a, de, para, para com Jeito de, paraÂnsia de, por Obediência a Ansioso de, para, por Orgulhosos com, de, porApaixonado com, de, por Pronto a, para, em Apto a, para Próximo a, deAtenção a, para, sobre, com, para com Respeito a, de, porAtencioso a, com, para com Feliz com, de, em ,por Aversão a, em, para, por Contente com, de, em ,porDigno de Aliado com, aEstima a, por, de Simpatia a, para, com, porFalta a, com, contra, para com Curioso de, porFértil de, em

REGÊNCIA VERBAL

É o estudo de relação que se estabelece entre os verbos e seu complementos.

DICAA regência do verbo ir está do jeito que o professor gosta em:

a. Quando eu morrer, com certeza vou pro céu. b. Vai pra Campos do Jordão no fim de semana?

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c. Fui pro cinema, mas a fila estava muito grande. d. Ele vai pra praia todas as manhãs.

Ir para quer dizer adeus: partir por longo tempo ou para ficar: ← "Quando eu morrer, com certeza vou pro céu", escreveu Álvaro Moreyra. ← Vou para São Paulo. Lá, há mais oportunidades de trabalho. ← Quando me aposentar, vou para uma praia distante. Quero viver em contato com a natureza.

Ir a significa até logo, saída curta, pra voltar rapidinho: ← Vou ao cinema. ← Paulo vai a Curitiba fazer uma consulta médica. ← Você vai a Campos do Jordão no fim de semana?

Exceção? Só três. As diferenças confirmam a regra. O lugar onde se mora, trabalha ou estuda pede para: ← Vou pra casa às 8h. ← Ele vai para a loja de ônibus. ← Vou para a universidade à tarde.resposta do teste: A

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS

Assistir

No sentido de "presenciar", "estar presente", "ver", deve ser transitivo indireto.No sentido de "assessorar", "acompanhar", "prestar socorro" é transitivo direto. O médico assiste seu paciente. Assistimos o jogo pela tevê.

Obs.: Com o sentido de socorrer o verbo assistir admite também objeto indireto. O sacerdote assistia aos doentes na sangrenta luta.

Com o sentido de "residir", "morar", "exerce um cargo em", intransitivo. Ela assiste, atualmente, na secretaria da saúde.

Com sentido de "caber", "ser direito", é transitivo indireto. Tais obrigações não assistem aos alunos.

Aspirar

No sentido de "sorver", "tragar", "respirar", é transitivo direto. O aparelho aspirou todo o pó do carpete.No sentido de "desejar", "pretender", é transitivo indireto. Aspiro àquele cargo há anos.

Chegar

Deve-se dizer chegar a e não chegar em "Cheguei à casa de minha mãe bem tarde.

Crer

No sentido de "acreditar", "dar como verdadeiro", é transitivo diretoEx.: "Admito a possibilidade de milagres, creio os que a igreja manda crer".

(Rebelo da Silva)

No sentido de "ter fé", "ter confiança", é transitivo indireto. É preciso crer na justiça.

No sentido de "julgar", "supor", é transitivo com predicativo do objeto. Eu o creio (como) uma boa pessoa.

Obedecer e desobedecer

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São transitivos indiretos. Obedeço aos meus pais.Obs.: Apesar de serem transitivos indiretos admitem a voz passiva analítica. Meus pais são desobedecidos por mim.

Informar

Apresenta objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa. Informe os preços das mercadorias aos clientes O.D. O.I.

No período composto:

Informe aos clientes que os preços baixaram.Informe-lhes que os preços baixaram.Informe os clientes de que os preços baixaram.Informe-os de que os preços baixaram.

Obs.: A mesma regência de informar cabe a avisar, certificar, notificar, prevenir.

Antipatizar, simpatizar

São verbos transitivos indiretos Eu simpatizo com ele.Não são verbos pronominais. É incorreto dizer: Eu me simpatizo com ele. Lembrar e esquecer

Lembrar admite 3 construções O.D.Eu lembrei o compromisso em cima da hora. (lembrar = recordar)

O.I. Eu lembrei-me do compromisso em cima da hora. (lembra = recordar) Sujeito Lembrou-me agora aquele compromisso. (neste caso, o verbo tem o sentido de "ocorrer", "vir à mente" )

Com o verbo esquecer ocorre o mesmo: O.D. Esqueci o dinheiro.

O.I. Esqueci-me do dinheiro.

Sujeito Esqueceu-me o dinheiro da empregada.

Agradecer, perdoar, pagar

Esses verbos apresentam objeto indireto de coisa e objeto indireto de pessoa .

Agradeço sua colaboração. / Agradeço aos presentes.Perdoei seus pecados. / Perdoei ao agressor.Paguei as contas. / Paguei ao leiteiro.

Responder

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É transitivo indireto. Respondi a todas as perguntas.

Apesar de transitivo indireto, também admite voz passiva analítica. Todas as perguntas foram respondidas por mim. Agradar

No sentido de "fazer carinho", "acariciar", é transitivo direto. O pai agradou o filho.

No sentido de "satisfazer", "ser agradável a", é transitivo indireto. O cantor não agradou ao público.

Querer

No sentido de "desejar", "ter vontade de", é transitivo direto. Queremos melhores condições de trabalho.

No sentido de "ter afeição", "amor" é transitivo indireto. Quero muito aos meus pais.

Visar

No sentido de "mirar", "apontar", "pôr visto" ou "rubricar", é transitivo direto. O arqueiro visou o alvo.

No sentido de "ter em vista", "ter como objeto", é transitivo indireto. Ele visa a conquistar uma melhor posição social.

Preferir

No sentido de "gostar mais de", é transitivo direto e indireto. Prefiro matemática a Português.

(É incorreta a construção: Prefiro matemática do que Português.)

(Não se deve também dizer: Prefiro mais... )

Gostar

No sentido de "experimentar", é transitivo direto. Gostei o vinho chileno.

No sentido de "ter afeição a", é transitivo indireto. Não gostei do que você fez.

Precisar

No sentido de "determinar com exatidão", é transitivo direto. Precisei todos os prós e contras. No sentido de "ter necessidade", é transitivo indireto Não preciso do seu dinheiro para viver.

Ansiar

No sentido de "causar mal-estar", "angustiar", é transitivo direto. O trabalho ansiava-o.

No sentido "desejar ardentemente" é transitivo indireto. Ansiava pelo cargo há anos.

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Namorar

É transitivo direto

Eu namorei Paulo durante dois anos.

(É incorreta a construção: Eu namorei com Paulo durante dois anos).

Nota

Sabemos que os pronomes pessoais do caso oblíquo que funcionam como objetos diretos são: o, a., os, as, (que podem assumir as formas lo, la, los, las, no, na, nos, nas, dependendo das formas verbais a que estão associados). Já como objetos indiretos funcionam os pronomes lhe e lhes. Esses pronomes só acompanham os verbos transitivos diretos para indicar posse (funcionando, neste caso, como adjunto adnominal). Ex.: Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto).

Chamar

No sentido de "convocar", "solicitar a atenção ou a presença de" (em voz alta , é transitivo direto. Por favor, chame-o mais cedo amanhã. Chamei-a várias vezes, mas ela não me ouviu.

No sentido de "dominar", "tachar", apelidar", pode ser transitivo direto ou indireto. Normalmente é usado com predicativo do sujeito, introduzido ou não pela preposição de. A polícia chamou o homem mercenário / A polícia chamou-o mercenário. A polícia chamou ao homem mercenário / A polícia chamou-lhe mercenário. A polícia chamou o homem de mercenário / A polícia chamou-o de mercenário. A torcida chamou ao jogador de mercenário / A torcida chamou-lhe de mercenário.

Implicar

No sentido de "ter como conseqüência", "acarretar" e transitivo direto. Sua negligência implicou o cancelamento do projeto.

No sentido de "ter implicância", é transitivo indireto. Ela implica muito comigo.

No sentido de "envolver", "comprometer", é transitivo direto e indireto. Acabaram implicando o mordomo no crime.

A CRASE

Crase é a fusão, a sobreposição de dois as, comumente preposição e artigo feminino. a + a (s) = à(s)

I - CASOS EM QUE NÃO EXISTE ARTIGO, SENDO O " A" APENAS PREPOSIÇÃO.

1. Antes de palavra masculina:Voltamos a pé.

O artigo feminino não pode estar antes de palavra masculina.

2. Antes de artigo indefinido (um, uma):Entregou-se a uma pessoa leviana.

Não pode haver, diante de um substantivo, ao mesmo tempo, um artigo definido (a) e um indefinido (uma).

Nota:

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Antes de uma poderá haver crase em duas hipóteses:a) quando "uma" for numeral, caso em que é possível substituí-lo por "duas":

Ele chegou à uma hora.Ele chegou às duas hora.

b) na expressão à uma , significando "ao mesmo tempo":Todos à uma começaram a vaiar.

3. Antes de verbo:Limita-se a cantar sambas.

Pode-se usar artigo antes de verbo (quando for substantivo), mas esse artigo será o masculino (Gosto de ouvir o cantar dos pássaros), nunca o feminino.

4. Antes de pronomes, exceto os possessivos (ver o item IV):Devo a ela minha aprovação. (pessoal reto)

Glória a ti, que soubeste vencer! (pessoal oblíquo)

Não me dirijo a qualquer pessoa. (indefinido)

Dedicou a vida a essa causa. (demonstrativo)

Solicito a V.Ex.ª um despacho favorável. (tratamento)

A quem te referes? (interrogativo)

Antes desses pronomes jamais aparece artigo.

Observação:Os pronomes de tratamento senhor, senhora e senhorita admitem artigo, podendo ser encarados, para efeito

de crase, como palavras comuns.Antes de pronomes relativos pode haver crase.

5. Quando a palavra que vem após o a (preposição invariável) estiver no plural:Dedicava-se a causas nobres.

Se houvesse o artigo, esse deveria concordar com "causas", e o s apareceria.

Muita atenção para este caso: trata-se de um a (preposição simples, sem s) e de uma palavra no plural (com s). Se tivéssemos escrito

"Dedicava-se às causas nobres", a construção seria outra na forma e no sentido, e a solução é a do caso comum (item III).

6. Antes do sujeito:Chegou a hora de resolver isso.Ouvem-se, ao longe, as vozes dos animais.

Antes do sujeito, jamais haverá preposição.

II - CASO EM QUE NÃO EXISTE PREPOSIÇÃO, SENDO O "A(S)" APENAS ARTIGO

- Quando, antes do a(s), houver uma preposição:

Insurgiu-se contra as autoridades.Compareceu perante a comissão de inquérito.Houve desavenças entre as partes.O concerto foi marcado para as 21 horas.

As palavras contra, perante, entre e para, como já vimos, são preposições; não poderia haver outra, a preposição a, junto ao artigo.

Observação:Até, quando significa mesmo, ainda, é advérbio; por isso, pode haver crase depois dele:

O bom leitor dá atenção até às vírgulas.

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III - CASO COMUM DE CRASE

1. Quando é que, "sobre" a preposição, está o artigo, caracterizando a crase?Na prática, é muito simples fazer essa verificação; basta aplicar o seguinte artifício:Substitui-se a palavra feminina que estiver depois do a(s) por uma masculina, respeitando a estrutura da

frase. Então:

a) se, no lugar do a(s), aparecer ao(s), haverá preposição e artigo; portanto, crase:Não foi à festa das amigas.(Não foi ao baile das amigas.)

Disse às amigas que estava resfriado.(Disse aos amigos que estava resfriado.)

As combinações ao e aos que aparecem nos artifícios provam a existência das contrações à e às (crase) nos exemplos.

b) se, no lugar do a(s), aparecer o(s), não haverá preposição e, evidentemente, não haverá crase:

Vendeu a casa em que morava.(Vendeu o prédio em que morava.)

Perdi as peças do jogo.(Perdi os dados do jogo.)

Os artigos o e os dos artifícios provam que a e as dos exemplos não passam também de simples artigos definidos.

c) se, ao substituir-se a palavra feminina por uma masculina, permanecer, antes desta, a, isso quer dizer que ele será apenas preposição.

Escreveu o bilhete a máquina.(Escreveu o bilhete a lápis.)

Estávamos face a face.(Estávamos rosto a rosto.)

Observação: Como o artifício prova, essas expressões repetidas ("cara a cara", "boca a boca" etc.) jamais apresentam

crase.

2. Outros exemplos com respectivos artifícios:- Escreveu à mãe, pedindo a grana de que precisava.(Escreveu ao pai, pedindo o dinheiro de que precisava.)

- Minha boa mãe, devo à senhora as maiores alegrias da vida.(Meu bom pai, devo ao senhor os maiores prêmios da vida.)

- À esquerda, navegava um barco a vela.(Ao lado, navegava um barco a vapor.)

- Andava às cegas à cata de amigas; por isso, só encontrou as infelizes.(Andava aos trambolhões ao encalço de amigos; por isso, só encontrou os infelizes.)

- Bebeu toda a cerveja, mas não aplacou a sede que, às vezes, lhe invadia a alma dilacerada.(Bebeu todo o vinho, mas não aplacou o sofrimento que, aos ensejos, lhe invadia o coração dilacerado.)

3. Às vezes, como no último exemplo, surge certa dificuldade para fazer a substituição, ou porque não se encontra uma palavra masculina que agrade, ou porque a expressão em que está o a(s) não tem similar com masculino.

No primeiro caso, basta dizer que a palavra masculina não precisa guardar qualquer relação de sentido com a palavra feminina; o que interessa manter é a construção, a mesma estrutura frasal.

Por exemplo:

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"Dirigiu-se à feira."O artifício poderia ser: "Dirigiu-se ao mercado."Mas também poderia ser:"Dirigiu-se ao cinema", "Dirigiu-se ao encontro", "Dirigiu-se ao inferno."

No segundo caso, ou seja, quando não há similar com masculino, a solução é familiarizar-se com tais expressões, que não são muitas.

Eis as mais freqüentes:

à baila à gandaia à procura de às tontas à bessa à grande à regalada às vezes à bica à guisa de às apalpadelas à superfície à bruta à larga às avessas à testa de à busca de à luz de às boas à toa à cata de à maneira de às carradas à tona à custa de à mão às cegas à traiçãoà disposição à míngua às claras à unhaà espera de à mercê de às escondidas à vela solta à força à mostra às ocultas à vista à frente à parte às pressas à vontade

4- Em duas circunstâncias, a palavra feminina a substituir está subentendida:

a) Fui à Casa CamposRefere-se à Globo.

b) Estava vestido à polonesa.

Ainda há quem escreva à Vieira.

No primeiro caso, é uma palavra de natureza genérica ("empresa", "livraria", "companhia", "construtora", "oficina" etc.) a que pertence o nome próprio.

Assim: Fui à empresa Casa CamposRefere-se à Livraria do Globo.

O artifício provaria: Fui ao reduto Casa Campos.Refere-se ao livreiro do Globo.

No segundo caso, subentende-se a palavra "moda":

Estava vestido à moda polonesa.(Estava vestido ao jeito polones.)

Ainda há quem escreve à moda de Cardin.(Ainda há quem escreva ao estilo de Cardin.)

5. Crase antes de hora.Caso interessante ocorre quanto à crase antes de horas, não por ser realmente um caso à parte, mas

pelos inúmeros ditos e até escritos estapafúrdios que sobre isso surgem. Na realidade, não há nada de novo a acrescentar. O que foi dito até aqui vale também para esse caso. Assim, antes de horas, pode ou não haver crase, bastando aplicar os mesmos recursos:

Compareceu às 15 horas.(Compareceu aos 15 minutos.)

À 1 hora, irá ao encontro.(Ao 1º minuto, irá ao encontro.)

Virá daqui a duas horas.(Virá daqui a dois minutos.)

A prova estava marcada para as 10 horas.

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("Para" é preposição. Veja o Item II).

Os estabelecimentos deveriam abrir das 10 às 16 horas.(Os estabelecimentos deveriam abrir dos 10 aos 16 minutos.)

IV - CASOS FACULTATIVOS

1. Antes dos Pronomes PossessivosO emprego do artigo antes desses pronomes é facultativo.Por isso, diz-se que a crase antes deles é facultativa. É, mas em certa circunstância e nada mais.Comecemos por examinar estes exemplos:

a) Dirigiu-se humildemente a seu pai. b) Disse não dever nada a seus irmãos. c) Disse não dever nada a suas irmãs.

Pelas razões expostas no item I (1 e 5), em nenhuma dessas frases existe artigo, não se caracterizando, portanto, a crase. Se quisermos dispor da faculdade de usar os artigos, teremos:

a) Dirigiu-se humildemente ao seu pai.b) Disse não dever nada aos seus irmãos.

E, obrigatoriamente: c) Disse não dever nada às suas irmãs.

Na última frase, existe a preposição (quem deve, deve algo a alguém), e passou a existir o artigo, comprovado pelo s; portanto, existe a crase indicada.

Vejamos, agora, estes exemplos:

a) Por que vendeste a tua casa?b)Não me interessam as tuas angústias.

Aqui, a indicação da crase nem é facultativa nem é obrigatória: é proibida, porque não há preposição, mas apenas artigos facultativamente usados. Tanto que poderíamos escrever:

a) Por que vendeste tua casa?b) Não me interessam tuas angústias.

Examinemos, enfim, os exemplos seguintes:

a) Dirigiu-se humildemente a sua mãe.b) Dirigiu-se humildemente à sua mãe.

Ambos estão certos, porque existe a preposição (quem se dirige, dirige-se a alguém), e o artigo é facultativo, sendo facultativa a indicação de crase.

Conclusão:Para haver crase facultativa antes de possessivo, é preciso que ele esteja no feminino singular e que

haja preposição. Nos demais casos, ou a crase é proibitiva ou é obrigatória.

2. Antes de Antropônimos (nomes de pessoas) FemininosSendo o uso do artigo facultativo antes dos nomes próprios de pessoas, é facultativo o uso da crase,

bastando que o nome seja feminino e que haja preposição.

a) Pediu um empréstimo a Helena.b) Pediu um empréstimo à Helena,.

Evidentemente, sem preposição não se admite crase.

Vi a Helena no cinema.

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Neste caso, o que se pode fazer é não usar o artigo, mas jamais indicar crase.

Vi Helena no cinema.

O artifício de substituir por nome masculino funciona aqui da seguinte maneira: surgindo a ou ao, a crase é facultativa; aparecendo o ou nada, é proibida.

V - CASO DOS TOPÔNIMOS (nomes de localidades)

Se o topônimo admite artigo feminino e houver preposição, haverá crase:Referiu-se à França.

Mas se o topônimo não admite artigo, de forma nenhuma haverá crase:Disse que iria a Paris.

O recurso para verificar se o nome da localidade admite ou não artigo é colocá-lo no início de uma frase qualquer, em função de sujeito.

A França possui muitos monumentos famosos.A Bahia é a terra de Castro Alves.Paris é centro cultural.Santa Catarina progrediu muito.

França e Bahia admitem artigo; Paris e Santa Catarina rejeitam-no.

Observe bem que o fato de o nome da localidade admitir artigo não é a razão suficiente para a existência da crase;é imprescindível que haja também a preposição:

Percorreu a Itália de automóvel. Fazia à Itália os maiores elogios.

Itália admite artigo (A Itália exporta gente), mas só no segundo exemplo há também a preposição.Cumpre destacar que todo topônimo acompanhado de um elemento determinante admite artigo. Roma

não admite artigo (Roma era dissoluta), porém, se colocarmos ao seu lado o determinante antiga ou dos césares etc., passará a aceitá-lo.

A Roma antiga era dissoluta.A Roma dos césares era dissoluta.

Por conseguinte, há crase em frases como:Referiu-se à Roma antiga.Devemos muito à Roma dos césares.

VI - CRASE DA PREPOSIÇÃO A COM O PRONOME DEMONSTRATIVO A(S) ANTES DE QUE, QUEM, QUAL, QUAIS E DE.

Nada parece mais difícil aos leigos do que reconhecer a crase antes do que, quem, qual, quais (pronomes) e de (preposição). Isso é, todavia, talvez mais fácil do que nos outros casos. Bastará aplicar o mesmo artifício de substituição da palavra feminina por uma masculina, com a diferença de que, nesse caso, a palavra a ser substituída estará antes do a(s) e não depois.

Exemplos:1) A rua a que nos dirigimos é paralela à que te referes.(O rio a que nos dirigimos é paralelo ao que te referes.)

2) A casa de Maria é semelhante à que pretendo construir.(O lar de Maria é semelhante ao que pretendo construir.)

3) A reunião à qual não compareceste terminou cedo.(O encontro ao qual não compareceste terminou cedo.)

4) As obras recentemente iniciadas, às quais se destinou vultosa verba, serão concluídas antes do prazo.

(Os prédios recentemente iniciados, aos quais se destinou vultosa verba, serão concluídos antes do prazo.)

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5) A sabedoria de certos homens é igual à dos burros.(O saber de certos homens é igual ao dos burros.) Observações:1) No caso do que, ao aplicar o artifício, é preciso tomar cuidado para não substituí-lo por qual ou quais,

pois isso dará solução errada. Esta é a obra a que me dedico.Artifício certo: Este é o livro a que me dedico.Artifício errado: Este é o livro ao qual me dedico.

2) O de pode estar combinado com outras classes, o que em nada altera a regra.Minha opinião é oposta à daqueles que fazem a guerra.(Meu parecer é oposto ao daqueles que fazem a guerra.)

3) Antes de quem, que entrou aqui por uma questão didática, nunca aparece crase.Esta é a moça a quem dedicou seus poemas.(Este é o povo a quem dedicou seus poemas.)

VII - CRASE DA PREPOSIÇÃO A COM O A INICIAL DE AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO.

O pronome demonstrativo aquele e suas variantes pode contrair-se com a preposição: a + aquele(s) =àquele(s) a + aquela(s) =àquela(s) a + aquilo =àquilo.

Como verificar a existência dessa preposição nas frases?

É só substituir aquele(s), aquela(s) ou aquilo por este(s), esta(s) ou isto. Se, na substituição, aparecer um a, será a preposição, comprovando a existência da crase.

O que dizer àqueles que não escutam?(O que dizer a estes que não escutam?) Àquela que vencer daremos uma viagem.(A esta que vencer daremos uma viagem.) Referiu-se àquilo como coisa certa.(Referiu-se a isto como coisa certa.)

Se nada aparecer antes de este(s), esta(s) ou isto, não haverá crase "sobre" aquele(s) , aquela(s) ou aquilo.

Percorria aqueles caminhos com desenvoltura.(Percorria estes caminhos com desenvoltura.) Eram muito tristes aquelas cenas da guerra.(Eram muito tristes estas cenas de guerra.)Aquilo não era coisa que se fizesse.

(Isto não era coisa que se fizesse.)

RESUMINDO

NÃO, ANTES DE ← Pronomes relativos (ex: eis a mulher a cuja empregada ajudamos)← Verbos (ex: a fazer)← Artigo indefinido (ex: a uma)← Pronome pessoal (exs: a ela, a V.a)← Pronome indefinido (a cada, a toda, a alguma, a nenhuma, a essa, a esta, a certa)← Pronome interrogativo (ex: A qual?)← Locuções repetidas (ex: gota a gota)← Preposição (ex: ante a comissão)← Terra # bordo (ex: o navio voltou a terra)← Casa = residência (ex: voltei a casa)Obs: voltei à casa dos sonhos (com complemento = determinada)

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às sete horas / refiro-me às três candidatas (numeral determinado) não vejo bem a distância / ele estava à distância de dez metros (com complemento)

SIM, ANTES DE← Locuções adverbiais femininas (exs: às vezes, à noite)← Locuções conjuntivas femininas (ex: à medida que)← Locuções prepositivas femininas (exs: em frente à grade, à procura de)← Pronomes demonstrativos (ex: àquele, àquilo)← Conjunção proporcional (à medida que, à proporção que)← Horas (ex: às 13:00 horas)← "À moda" (ex: à inglesa)← Nome de lugar (ex: fui à Bahia)

Obs: vou a Roma (venho de Roma), vou à Itália (venho da Itália) resposta igual à que dei (determinada)

OPCIONAL← Pronomes possessivos (ex: a/à sua, a/à dela)← Substantivos próprios (ex: a/à Sônia por: Virá daqui a um minuto (só preposição, sem artigo).