portugues

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Erramos "Entre o total de vagas, 1.554 são destinadas ao sistema universal e 556 são reservadas para o sistema de cotas", escrevemos na pág. 19. Viu? Tropeçamos na preposição e nas repetições. Melhor: Do total de vagas, 1.554 são destinadas ao sistema universal e 556 ao de cotas. Cochilos da revisão 2 Flatônio José da Silva No título "Haitianos abandonados na Região Norte" (Política, p. 7), saiu este texto: "Comissão de senadores vai à Brasileia (AC) acompanhar a situação de refugiados que entraram no país sem condições de sobrevivência" . Corrigindo: Comissão de senadores vai a Brasileia (AC) acompanhar a situação de refugiados que entraram no país sem condições de sobrevivência . Explicação: O acento grave -- indicativo de crase -- está sobrando porque nomes de cidades rejeitam artigo. O a é, pois, simples preposição, exigida pelo verbo ir. Cochilos da revisão Flatônio José da Silva No título "Borghetti, gaiteiro virtuoso" ( Diversão&Arte ), saiu o seguinte: 1. "A princípio tímido, mas depois bem mais à vontade, sempre mostrou-se receptivo e caloroso nas entrevistas que me concedeu" . Corrigindo: A princípio tímido, mas depois bem mais à vontade, sempre se mostrou receptivo e caloroso nas entrevistas que me concedeu . Explicação -- Erro de colocação pronominal: o advérbio sempre exige a próclise (pronome oblíquo antes do verbo). 2. "Fala-se muito da integração proporcionada por Brasília, cidade que ao longo de sua história , tem acolhido pessoas de diferentes regiões do país" . Corrigindo: Fala-se muito da integração proporcionada por Brasília, cidade que, ao longo de sua história , tem acolhido pessoas de diferentes regiões do país . Explicação -- Erro de pontuação: a expressão intercalada "ao longo de sua história" tem de vir entre vírgulas. Sem artigo Morreu Marcelo Deda. O governador de Sergipe lutou bravamente contra o câncer. Venceu batalhas, mas perdeu a guerra. A imprensa, claro, faz o que tem de fazer. Noticia o fato. Mas tropeça. Não falta quem diga o Sergipe, do Sergipe, no Sergipe. Nada feito. Sergipe recusa o artigo: Sergipe fica no Nordeste. Estive em Segipe. Saímos de Sergipe. Leitor pergunta Procurei o plural da palavra tziu, mas não encontrei. Pode me ajudar? (Geraldo Adriano) O plural da avezinha é tzius sim, senhor. Alexandre Dumas Filho alertou "Como é possível que, sendo as criancinhas tão inteligentes, a maioria das pessoas seja tão tola? A educação tem algo com isso." Regras de ouro do estilo (19)

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  • Erramos

    "Entre o total de vagas, 1.554 so destinadas ao sistema universal e 556 so reservadas para o sistema de cotas", escrevemos na pg. 19. Viu? Tropeamos na preposio e nas repeties. Melhor: Do total de vagas, 1.554 so destinadas ao sistema universal e 556 ao de cotas.

    Cochilos da reviso 2

    Flatnio Jos da Silva No ttulo "Haitianos abandonados na Regio Norte" (Poltica, p. 7), saiu este texto: "Comisso de senadores vai Brasileia (AC) acompanhar a situao de refugiados que entraram no pas sem condies de sobrevivncia" . Corrigindo: Comisso de senadores vai a Brasileia (AC) acompanhar a situao de refugiados que entraram no pas sem condies de sobrevivncia . Explicao: O acento grave -- indicativo de crase -- est sobrando porque nomes de cidades rejeitam artigo. O a , pois, simples preposio, exigida pelo verbo ir. Cochilos da reviso Flatnio Jos da Silva No ttulo "Borghetti, gaiteiro virtuoso" ( Diverso&Arte ), saiu o seguinte: 1. "A princpio tmido, mas depois bem mais vontade, sempre mostrou-se receptivo e caloroso nas entrevistas que me concedeu" . Corrigindo: A princpio tmido, mas depois bem mais vontade, sempre se mostrou receptivo e caloroso nas entrevistas que me concedeu . Explicao -- Erro de colocao pronominal: o advrbio sempre exige a prclise (pronome oblquo antes do verbo). 2. "Fala-se muito da integrao proporcionada por Braslia, cidade que ao longo de sua histria , tem acolhido pessoas de diferentes regies do pas" . Corrigindo: Fala-se muito da integrao proporcionada por Braslia, cidade que, ao longo de sua histria , tem acolhido pessoas de diferentes regies do pas . Explicao -- Erro de pontuao: a expresso intercalada "ao longo de sua histria" tem de vir entre vrgulas. Sem artigo

    Morreu Marcelo Deda. O governador de Sergipe lutou bravamente contra o cncer. Venceu batalhas, mas perdeu a guerra. A imprensa, claro, faz o que tem de fazer. Noticia o fato. Mas tropea. No falta quem diga o Sergipe, do Sergipe, no Sergipe. Nada feito. Sergipe recusa o artigo: Sergipe fica no Nordeste. Estive em Segipe. Samos de Sergipe.

    Leitor pergunta

    Procurei o plural da palavra tziu, mas no encontrei. Pode me ajudar? (Geraldo Adriano)

    O plural da avezinha tzius sim, senhor.

    Alexandre Dumas Filho alertou

    "Como possvel que, sendo as criancinhas to inteligentes, a maioria das pessoas seja to tola? A educao tem algo com isso."

    Regras de ouro do estilo (19)

  • Variar pra agradar (6)

    A repetio malandra atrevida. Vai alm dos perodos. Tambm aparece na passagem de um pargrafo para outro . Veja :

    um susto atrs do outro. Mes e pais se surpreendem com a lngua da meninada. No telefone, usam cdigo prprio. um tal de t gdi pra c, t numa bad pra l, nope pracol. No computador, o sobressalto no diferente: abreviaturas estranhas, palavras inventadas tudo aos pedaos, sem comeo nem fim, sem p nem cabea. Bicho vira bx. Voc, vc. Beijo, bj. Aqui, aki. O que fazer? Nada.

    Somos poliglotas na nossa lngua. "No falamos portugus. Falamos lnguas em portugus", repetia Jos Saramago. Gria, internets, estrangeirismos, norma culta convivem com harmonia. Garotos e garotas so safos. Transitam com desenvoltura em todas. Melhor: dispensam professor pra lhes dizer quando recorrer a esta ou quela modalidade. Proibi-los de usar uma ou outra? exclu-los. Deus castiga.

    Melhor

    um susto atrs do outro. Mes e pais se surpreendem com a lngua da meninada. No telefone, usam cdigo prprio. um tal de t gudi pra c, t numa bad pra l, nope pracol. No computador, o sobressalto no diferente: abreviaturas estranhas, palavras inventadas tudo aos pedaos, sem comeo nem fim, sem p nem cabea. Bicho vira bx. Voc, vc. Beijo, bj. Aqui, aki.

    O que fazer? Nada. Somos poliglotas na nossa lngua. "No falamos portugus. Falamos lnguas em portugus", repetia Jos Saramago. Gria, internets, estrangeirismos, norma culta convivem com harmonia. Garotos e garotas so safos. Transitam com desenvoltura em todas. Melhor: dispensam professor pra lhes dizer quando recorrer a esta ou quela modalidade. Proibi-los de usar uma ou outra? exclu-los. Deus castiga.

    Erramos

    "No pacote a ser licitado na pr xima tera-feira, esto 60 lotes residenciais e cinco outros comerciais", escrevemos na pg. 29. Reparou no modismo? O outros sobra. Melhor: No pacote a ser licitado na prxima tera-feira, esto 60 lotes residenciais e cinco comerciais.

    Regras de ouro do estilo (18)

    gua parada apodrece. Exala mau cheiro que espanta os prximos e deixa os distantes de sobreaviso. S o movimento a mantm viva. O mesmo ocorre com a lngua. Frases mornas e tediosas afugentam o leitor e o ouvinte. Ele larga o livro, a revista ou o jornal. Desliga a tev ou o rdio. Corre da internet. Em suma: a receita do cruz-credo.

    A sada? Mexa-se. Seja dinmico. V logo ao ponto. Abuse de verbos e substantivos. Prefira a voz ativa. Fuja de adjetivos e advrbios. Evite palavras longas e pomposas. Opine. No ache. Em bom portugus: recorra s regras de ouro do estilo: menor melhor, menos mais, variar pra agradar. Posts anteriores deram dicas pra chegar l. Continuemos.

    Variar pra agradar (5)

    "Repetir palavras rouba pontos", ensinam os professores. A moada no est nem a. Insiste na esparrela. A alternativa dos mestres uma s. Impossibilitados de avanar, permanecem nos passos iniciais da variedade do estilo. Resultado: os mesmeiros deitam e rolam. Espertos, fazem de conta que no entram no time das repeties. Mas entram. So frases e pargrafos que se iniciam com estruturas iguais. Que sono. Veja:

  • A avaliao constitui passo importante no processo da aprendizagem. Os testes permitem considerar acertos e erros na caminhada de crianas e jovens em direo liberdade, alm de oferecer base para a correo de rumos. O Brasil descobriu tardiamente as vantagens do julgamento objetivo de resultados. O MEC , s na dcada de 90, tomou medidas concretas aptas a orientar polticas na rea da educao.

    Viu? O pargrafo tem quatro perodos. Todos comeam do mesmo jeitinho substantivo acompanhado de artigo. A repetio o torna montono. Sonolento, o pobre leitor boceja. Esfora-se pra se manter acordado. Sem sucesso, opta por uma destas sadas: cai nos braos de Morfeu ou parte pra outra. Vamos segur-lo?

    A avaliao constitui passo importante no processo da aprendizagem. De um lado , permite considerar acertos e erros na caminhada de crianas e jovens em direo liberdade. De outro , oferece base para a correo de rumos. O Brasil descobriu tardiamente as vantagens do julgamento objetivo de resultados. S na dcada de 90 o MEC tomou medidas concretas aptas a orientar polticas na rea da educao.

    Leitor pergunta

    Sou mestre de cerimnias aqui no Cear. O hfen, que sempre se usou no nome da minha profisso, caiu com a reforma ortogrfica? (Hlder Ponte)

    Mestre de cerimnias joga no time de p de moleque, testa de ferro e mo de obra. Todos perderam o tracinho. Agora se escrevem soltinhos da silva, sem leno nem documento.

    Regras de ouro do estilo (17)

    Variar pra agradar (4)

    4. Fuja da repetio de palavras . No d atestado de descuido ou pobreza vocabular. Persiga a s mesmeira s sem piedade. Use as armas que a lngua lhe oferece. So trs. Uma: suprimir o vocbulo. Outra: substitu-lo por sinnimo. Mais uma: dar outro torneio da frase.

    Espero terminar o curso de direito em quatro anos. No vou perder tempo. Em seguida, vou partir para um curso de ps-graduao.

    Vamos combinar? O leitor no merece a dose dupla do substantivo curso . X, monotonia! Vem, tesoura: Espero terminar o curso de direito em quatro anos. No quero perder tempo. Em seguida, vou partir para a ps-graduao .

    ***

    Trabalho porque pago minhas contas com o fruto do meu trabalho.

    Melhor: Trabalho porque pago minhas contas com o suor do meu rosto.

    Tambm: Trabalho porque preciso pagar as contas.

    Idem: Por que trabalho? S conto com o salrio pra pagar as contas.

    Erramos

    "Da janela, o visual: toda a Esplanada dos Ministrios, o Congresso Nacional e o Palcio do Planalto, onde o ex-ministro despachava nos tempos rduos", escrevemos na pg. 29. Ops! Ministro despacha. Quando vira ex-ministro, j era. Melhor: onde o ento ministro despachava nos tempos rduos.

    Regras de ouro do estilo (16)

  • Variar pra agradar (3)

    3. Livre-se de qus . Sem apegos ou compaixo, conjugue os verbos caar e cassar. Encontre os mesmeiros e passe a tesoura sem pena! Ah, coisa boa!

    Mau: O deputado afirmou que Braslia, que a capital do Brasil, deve servir de exemplo do que o pas tem de melhor no que se refere ao servio pblico .

    Melhor: O deputado afirmou que Braslia, a capital do Brasil, deve ser exemplo da excelncia nacional no tocante ao servio pblico.

    Tambm: O governador disse: "Braslia, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelncia nacional no tocante ao servio pblico".

    Idem: Sabe o que disse o governador? "Braslia, a capital do Brasil, deve ser exemplo de excelncia nacional no tocante ao servio pblico".

    Regras de ouro do estilo (15)

    Variar pra agradar (2)

    2 . Acabe com as fileirinhas de ds . Termos ligados por um trenzinho de ds contituem armadilha no caminho do leitor. De um lado, pecam pela abstrao. De outro, pela dificuldade de serem entendidos. Vale tudo pra fugir da esparrela. A melhor estratgia: transformar substantivos e adjetivos em verbos. Assim:

    Mau: O progresso dos estudantes de instituies de ensino do governo lento.

    Melhor: Os estudantes de escolas pblicas progridem lentamente.

    Regras de ouro do estilo (14)

    Variar pra agradar (1)

    Entra, a, a terceira regra de ouro do estilo. Ela recebe a divernsidade com banda de msica e tapete vermelho. Por qu? As repeties de sons, palavras ou estruturas so sinal de inexperincia, descuido e pobreza vocabular. H jeitos de evit-las. Vamos l?

    1. Elimine os ecos . A rima qualidade da poesia. Mas defeito na prosa. Pra descobrir os sons mesmeiros, leia o texto em voz alta. Eles incomodam o ouvido. Veja exemplos:

    Mau: H anos em que a reuni o no pavilh o da Bie nal men sal .

    Melhor: H anos em que ocorrem reunies mensais no pavilho da Bienal.

    ***

    Mau: O crescimento sem desenvolvimento implica incremento do subdesenvolvimento.

    Melhor: Crescer sem preocupao com o desenvolvimento implica mais atraso.

    Erramos

  • "Todo o universo onrico e imaginativo da cultura do romanceiro popular nordestino esto presentes nas obras que Gilvan Samico levava um ano para concluir", escrevemos na pg. 8 do Diverso&Arte. O leitor Flatnio Jos da Silva observou o tropeo na concordncia. Lembra ele: "Sujeito no singular (todo o universo) exige verbo e predicativo igualmente no singular (est presente)".

    Cochilos da reviso

    Flatnio Jos da Silva Na edio de hoje (p. 19), saiu este ttulo: "Casal maosta mantinha escravas" . Corrigindo: Casal maoista mantinha escravas . Explicao -- Erro de grafia: segundo a ltima edio do Volp ( Vocabulrio ortogrfico da lngua portuguesa ), que registra as mudanas introduzidas pelo Novo Acordo Ortogrfico, a grafia correta dispensa o acento agudo no i. Veja a regra que disciplina a matria: Em palavras paroxtonas, perderam o acento agudo as vogais tnicas "i" e "u" precedidas de ditongo decrescente: Sauipe, maoismo, maoista, Bocaiuva, feiura, baiuca .

    Regras de ouro do estilo (12)

    O que mesmeiro? Imagine uma pessoa sempre igual. Dia aps dia, ano aps ano, usa a mesma roupa. Corta o cabelo do mesmo jeitinho. Come a mesma comida no mesmo lugar na mesma hora. Acorda e dorme no mesmo horrio. V o mesmo filme. L o mesmo livro. Conta a mesma piada. Fala as mesmas coisas. Valha-nos, Deus! Nem o Senhor aguenta. X!

    Vem, diversidade. legal ser diferente. Surpresa chama a ateno e desperta a curiosidade. o gosto pelo inusitado. O c havo serve de exemplo . Palavra ou expresso, tantas vezes repetida, perde o vio. Pontap inicial, abrir com chave de ouro, cair como uma bomba & cia. tiveram frescor algum dia. Hoje soam coisa velha. Transmitem a impresso de profissional preguioso, desatento ou malformado. Em suma: incapaz de surpreender.

    Cervantes ensinou

    "S breve em teus raciocnios, que a ningum agrada seres longo."

    Erramos

    "A contagem comea a partir do dia do crime, mas h vrias situaes em que ela interrompida e reiniciada", escrevemos na pg. 4. Um perodo, dois tropeos. Ambos tm a ver com excessos. O primeiro: o pronome ela sobra. O outro: a partir de e comea formam pleonasmo. Melhor: A contagem comea no dia do crime, mas h vrias situaes em que interrompida e reiniciada.

    Cochilos da reviso

    Flatnio Jos da Silva Na nota "No gostaram" (Braslia-DF, p. 8), saiu este texto: "Muitos diplomatas brasileiros ficaram meio constrangidos com o telefonema que a presidente Dilma fez a Michelle Bachelet para lhe parabenizar pela vitria antes do resultado final da eleio" . Corrigindo: Muitos diplomatas brasileiros ficaram meio constrangidos com o telefonema que a presidente Dilma fez a Michelle Bachelet para parabeniz-la / cumpriment-la / felicit-la pela vitria antes do resultado final da eleio . Explicao -- Erro de regncia: o verbo parabenizar pede complemento direto (sem preposio), ou seja, parabeniza-se algum, no a algum. Portanto, deve-se empregar o pronome oblquo "a" (que substitui um substantivo que exerce a funo de objeto direto), em vez de "lhe". Para evitar a sequncia para (preposio) + para (slabas iniciais do verbo parabenizar ), prefervel usar os verbos cumprimentar ou felicitar.

  • Regras de ouro do estilo (11)

    Seis por meia dzia (2)

    2. Troque oraes adjetivas por adjetivos : O banco financia agricultores que plantam caf . (O banco financia cafeicultores.) Roupas com as cores que esto na moda vendem bem. (Roupas com cores modernas vendem bem.) Os alunos que estudam tiram boas notas. (Os alunos estudiosos tiram boas notas.)

    3. Troque perguntas indiretas por perguntas diretas : Gostaria de saber se voc vai viajar. (Voc vai viajar?) No tenho certeza se ele vai participar da reunio. (Ser que ele vai participar da reunio?) Quero que me informe quando chegar a encomenda. (Quando chegar a encomenda?)

    4. Troque orao substantiva por substantivo : Exigimos que o servidor seja punido . (Exigimos a punio do servidor.) O aluno pede que o professor o desculpe . (O aluno pede desculpas ao professor.) O deputado pediu que o filho fosse admitido . (O deputado pediu a admisso do filho.)

    5. Troque pronomes comprides por curtinhos : Aquele que fala muito d bom-dia a cavalo. ( Quem fala muito d bom-dia a cavalo.) Aquilo que escrito sem esforo lido sem prazer. ( O que lido sem esforo lido sem prazer.) Sigam-me aqueles que forem brasileiros. (Sigam-me os que forem brasileiros. Siga-me quem for brasileiro.)

    6. Troque o futuro pelo presente : Vai viajar no fim do ano. (Viaja no fim do ano). Escreverei o texto at o fim da semana. (Escrevo o texto at o fim da semana.) Vamos sair logo, logo. (Samos logo, logo.).

    Regras de ouro do estilo 10

    Menos mais (2)

    Dois verbos entram em cartaz cortar e trocar. Cabe ao autor lipoaspirar os excessos artigos, substantivos, pronomes, adjetivos, locues que engordam a frase. A lngua, como as pessoas, adora a elegncia. Pra atingir a forma nota 10, submete-se a dietas e bisturis. Melhor: com alegria, sem gemer ou reclamar. O blogue exercitou as tesouradas nas gorduras. a vez, agora, do troca-troca. Vamos l?

    Seis por meia dzia

    1. Troque locues. Que bicho esse? So duplinhas ou trios que fazem as vezes de substantivo, verbo, adjetivo, preposio, conjuno. Quer ver?

    1.1. Locues prepositivas: A carta est embaixo do travesseiro. (A carta est sob o travesseiro.). Ps os pratos em cima da mesa. (Ps os pratos sobre a mesa.) Falou a respeito do patrimnio pblico. (Falou sobre o patrimnio pblico.) Em face do exposto, teria condies de tomar a deciso. ( Ante o exposto, teria condies de tomar a deciso.)

    1.2. Locues conjuntivas: Trabalha muito, de maneira que recebe bom salrio. (Trabalha muito, logo recebe bom salrio.)

    1.3. Locues verbais: Pr ordem nos livros espalhados pela casa. ( Ordenar os livros espalhados pela casa.) Fazer uma viagem (viajar). Ver a beleza do quadro (admirar o quadro). Pr moeda em circulao (emitir moeda).

    1.4. Locues adjetivas: material de guerra (material blico), criana com educao (criana educada), gua prpria para beber (gua potvel).

    Regras de ouro do estilo (9)

  • "Devo comear a redao pensando nas regras de ouro?" A pergunta de Davi Leite, concurseiro profissional. Ele persegue cargo com salrio superior a R$ 15 mil. Pra chegar l, estuda, estuda muito. Insiste na redao pra se sair melhor que os outros. Respira fundo, faz o plano e escreve o texto inteiro. Depois, passa-o a limpo.

    Eis o xis da questo. Passar a limpo no significa copiar o original. Significa melhor-lo. Reescrev-lo. A, sim, entram as regras de ouro. Vamos combinar? No tarefa fcil. Mas, medida que exercitamos, o sacrifcio vira prazer. Duvida? Banque o So Tom. Teste.

    Erramos

    "Mas no podemos nos esquecer da Alemanha, que est bem montada, da Espanha, que tem a base do Barcelona, e dos nossos vizinhos da Argentina", escrevemos na pg 3 do SuperEsportes . Cad o ponto e vrgula? Sem ele, misturamos vrgulas empregadas por causas diferentes. Melhor separar alhos de bugalhos. Assim: Mas no podemos nos esquecer da Alemanha, que est bem montada; da Espanha, que tem a base do Barcelona; e dos nossos vizinhos argentinos.

    Erramos

    "Governador do Distrito Federal se encontra com deputado e examina o parlamentar petista na penitenciria", escrevemos na pg. 7. Virgem Maria! Deixamos pra l uma das mais importantes qualidades do estilo a conciso. Melhor apostar no menos mais . Assim: Governador do Distrito Federal examina o parlamentar petista na penitenciria.

    Leitor pergunta

    Preciso que me ajude numa questo, alis, duas. Primeira: tira dvida ou tira-dvida ? Segunda: quando nos referimos ao nosso maisculo Brasil, escrevemos pas ou Pas? (Fbio Nunes)

    Tira-dvida , Fbio, se grafa assim com hfen.

    Cresce a tendncia de escrever pas seja o nosso, seja o de outros com a inicial minscula. Mas os rgos pblicos preferem a grandona.

    Pierre Larrousse ensinou

    "Importa instruir todo mundo sobre todas as coisas."

    Erramos

    "Cristiano Ronaldo, cujo segundo gol foi aplaudido pelo rival Ibrahimovic, negou que a exibio em Estocolmo seja uma resposta a Blatter", escrevemos na capa do Super Esportes . Ops! Tropeamos no emprego do tempo verba l . O seja s cabe ria se a ao fosse presente ou futura. Mas passada. Melhor: Cristiano Ronaldo, cujo segundo gol foi aplaudido pelo rival Ibrahimovic, negou que a exibio em Estocolmo tenha sido resposta a Blatter.

    Jos Carlos Vieira disse

    "Tcnicas de redao todos sabem de cor, mas falta poesia nos textos. Poesia no sentido mais amplo da palavra... a maneira de ver a vida, de perceber a realidade. S sua!"

    Regras de ouro do estilo (8)

  • Vem, tesoura

    1. Corte, nas datas, os substantivos dia, ms e ano : em vez de no ms de janeiro, janeiro; no ms de novembro, novembro; no ano de 2013, 2013.

    2. Livre-se de artigos indefinidos . Em 99% das frases, a criatura sobra: No fim de semana, houve (um) entra e sai na Papuda como jamais se viu. Os presidenciveis prometem traar (um) plano de reduo dos gastos pblicos. O deputado pediu (um) adiamento da votao do projeto.

    3. Casse possessivos . O pronomes seu e sua so uma das piores pragas do texto. Alm de sobrecarregar a frase, tornam-na ambgua. X! Assim: Levantou a (sua) mo pra dizer que estava presente. Com ar divertido, mexeu os (seus) ombros. Balanou a (sua) cabea com graa. Calou os (seus) sapatos s pressas. A campanha foi equilibrada at o (seu) fim. Pra manter o (seu) ritmo de crescimento, o agronegcio precisa de excelentes estradas. O empresrio endurece as (suas) crticas ao governo.

    4. Mande os adjetivos-nibus plantar batata . Termos vazios e inexpressivos, eles se aplicam a qualquer substantivo. o caso de maravilhoso, formidvel, fantstico, lindo, bonito, espetacular, bonito, interessante & cia. ilimitada. X!

    5. Expulse os adjetivos-chaves . Associados a certos substantivos, os mesmeiros formam lugares-comuns pela insistncia do uso. Fuja deles. fcil: ascenso meterica (em que consiste?), lucros fabulosos (quanto?), inflao galopante (ndice?), congestionamento monstruoso (quantos carros?), prejuzos incalculveis (valor aproximado?), vitria esmagadora (nmero de votos? Percentagem?).

    6. Enxote pronomes enxotveis . o caso de todos e algum . Como? Basta conhecer as manhas do artigo definido. Ao dizer "os professores entraram em greve", englobam-se todos os mestres. Se no so todos, o artigo no tem vez: Professores entraram em greve.

    Compare:

    A presidente convocou todos os ministros. A presidente convocou os ministros.

    A presidente convocou alguns ministros para a reunio. A presidente convocou ministros para a reunio.

    Vou missa todos os domingos. Vou missa aos domingos.

    Na sala, h algumas crianas superdotadas. Na sala, h crianas superdotadas .

    Regras de ouro do estilo (7)

    Menor melhor. Menos mais. Variar pra agradar. As trs regras de ouro do estilo esto ao alcance da mo. Quem escreve tem os requisitos bsicos pra redigir um texto. Domina nmero suficiente de vocbulos, as manhas da grafia, as normas da construo de frase e da organizao de pargrafos.

    Mas, pra sobressair, precisa ir alm. Entra a a srie de dicas do blogue. Com elas, subimos dois degraus na requintada escada da expresso. Um: escrevemos mensagens fceis, claras, concisas e sedutoras. A outra: conquistamos o leitor. No pouco.

    Menos mais (1)

    O que conciso? Faa a sua aposta. Respondeu "escrever pouco"? Errou. Conciso no lacnico. denso. Ope-se a vago, impreciso, verborrgico. No estilo denso, cada palavra, cada frase, cada pargrafo deve estar impregnado de sentido. A regra: cortar sem prejuzo da completa e eficaz expresso do pensamento. Como chegar l? Conjuge dois verbos Um: cortar. O outro: trocar. Vamos l?

    Erramos

  • "Dlubio e mais dois condenados no mensalo tambm ficaro no mesmo setor da Papuda", escrevemos na capa. Reparou na distrao? O acento criou asas e mudou de lugar. Volta, fuj o: Delbio.

    Diquinha infantil

    Criana adora mexer o corpo. Corre, pula corda, brinca de roda, anda de bicicleta, faz guerra de almofadas. Vale tudo pra no ficar parada. Algumas so mais disciplinadas. Frequentam academias. Fazem ginstica. Praticam natao. Estudam e danam.

    H um esporte que parece dana. a capoeira . Conhece? O jogo uma festa para os olhos. Os participantes parece que tm molas no corpo: viram cambalhotas, do saltos mortais, fazem estrelinhas no ar.

    A capoeira veio da frica. Mas ganhou o nome aqui. Foi h muitos e muitos anos. Sabe como foi? Os escravos vendiam animais no mercado. Levavam a bicharada em gaiolas ou cestos. Alguns bichos eram castrados. Por isso se chamavam capes .

    Enquanto descansavam, os vendedores exibiam o jogo de agilidade que ns conhecemos. O pblico parava pra apreciar a graa e a beleza dos movimentos. Com o tempo, os escravos foram chamados de capoeiros . E o jogo virou capoeira . Por qu? Porque vem de capo, claro.

    Louis de Bonald compara

    "A literatura a expresso da sociedade como a palavra a expresso do homem."

    Leitor pergunta

    Podemos misturar tempos verbais como no exemplo abaixo?

    Acreditamos que bons exemplos meream ser divulgados e devem servir de incentivo para que outras cooperativas aprimorem ainda mais as prticas de gesto e governana. (Gabriela Afonso)

    No caso, Gabi, os dois verbos esto subordinados a acreditar que . O subjuntivo se impe: Acreditamos que bons exemplos meream ser divulgados e devam servir de incentivo para que outras cooperativas aprimorem ainda mais as prticas de gesto e governana.

    Erramos

    "Jos Eduardo Cardozo afirmou que preferia morrer do que cumprir pena em presdio brasileiro", escrevemos na pg. 10. Uiiiiiii! Pisamos a regncia. A gente prefere uma coias a outra. Melhor: Jos Eduardo Cardozo afirmou que preferia morrer a cumprir pena em presdio brasileiro.

    Leitor pergunta

    Abaixo ou a baixo ? A pronncia a mesma. Mas a grafia varia. Quando usar uma forma ou outra? (Mnica Cavalheiro)

    A baixo tem uso bem limitado. A duplinha ganha banda de msica e tapete vermelho em frases como esta: Olhou-a de alto a baixo. A cortina rasgou-se de alto a baixo. O examinador a observou de cima a baixo.

    Abaixo o contrrio de acima: A obra veio abaixo. A correnteza levava o barco rio abaixo. A temperatura est abaixo de zero.

    Regras de ouro do estilo (6)

  • Frase curta (2)

    Use ponto

    Os dois times prometiam partida emocionante na deciso de um dos campeonatos mais disputados dos ltimos anos, mas o tumulto das arquibancadas ps fim expectativa dos torcedores de assistir a belo espetculo.

    Vamos separar as oraes coordenadas? Com o ponto, d pra respirar fundo:

    Os dois times prometiam partida emocionante na deciso de um dos campeonato mais disputados dos ltimos anos. Mas o tumulto das arquibancadas ps fim expectativa dos torcedores de assistir a belo espetculo.

    ***

    Cheguei atrasada reunio porque, com a chuva, os semforos se apagaram e o trnsito ficou pra l de congestionado.

    Que tal expulsar a conjuno? Sem ela, podemos tornar o perodo mais animado. Quer ver?

    Cheguei atrasada reunio. Com a chuva, os semforos se apagaram e o trnsito ficou pra l de congestionado.

    Cheguei atrasada reunio. Sabe por qu? Com a chuva, os semforos se apagaram e o trnsito ficou pra l de congestionado.

    Por que cheguei atrasada reunio? Com a chuva, os semforos se apagaram e o trnsito ficou pra l de congestionado.

    Regras de ouro do estilo (5)

    Frase curta

    Como fugir das frases que se perdem no caminho? Vinicius de Moraes deu a receita. "Uma frase longa", escreveu ele, "no nada mais que duas curtas." Eureca! Desmembre as compridonas.

    1. Casse o gerndio

    Alunos recm-aprovados no vestibular entraro na universidade no prximo semestre podendo, se forem estudiosos, acabar o curso em quatro anos, fazendo, em seguida, um curso de ps-graduao.

    Com um ch e ga pra l no gerndio, o perodo fica assim:

    Alunos recm-aprovados no vestibular entraro na universidade no prximo semestre. Se forem estudiosos, podero acabar o curso em quatro anos e fazer, em seguida, uma ps-graduao.

    Regras de ouro do estilo (4)

    Quem quer? Todos querem emprego pblico. A concorrncia cresce dia a dia. Muitos viraram profissionais de disputas. So os concurseiros. Eles sabem que no basta estudar o contedo de ponta a ponta. Boa parte dos candidatos o faz. Impe-se sobressair. a que entra a redao. O texto tem a palavra final: diz quem entra e quem fica de fora.

    O blogue d uma ajudinha turma pra l de esforada. Oferece dicas que tornam o estilo claro, gil e prazeroso. Trs regras de ouro sintetizam o caminho a ser percorrido pra concretizar o sonho. Uma: menor

  • melhor. Outra: menos mais. A ltima, to importante quanto: variar pra agradar. Em posts anteriores, comeamos a desvendar os mistrios da primeira norma. Continuemos.

    Menor melhor

    Palavras curtas so preferveis s longas. Palavras simples, s pomposas. Essa foi a primeira dica. P erodos tambm entram na jogada. A frase curta tem duas vantagens. De um lado, contribui pra reduzir o nmero de erros. ( Vrgulas, conjunes, correlaes verbais oferecem menos desafios.) De outro, torna o texto mais claro. Clareza, vale lembrar, a maior qualidade do estilo.

    Erramos

    "Gente de todo o canto do mundo desembarca anualmente na cidade goiana", escrevemos na pg. 23. Reparou? O artigo sobra. A passagem aceita duas redaes. Uma: gente de todo canto do mundo (todo = qualquer). A outra: gente de todos os cantos do mundo (todos os = totalidade). Prefiro a segunda.

    Marcelo Abreu escreve

    Advogado de defesa do padrasto do menino Joaquim, agora ao vivo, na TV: -- Veja bem, veja bem, o delegado fala em possibilidades. Possibilidades no so provas. Se a polcia OBTER provas... Fico imaginando a petio de um advogado que desconhece a forma obtiver...

    Erramos

    "na sexta, jantam com o embaixador representante do Brasil na ONU, Antnio Patriota e, na segunda-feira, renem-se com o presidente do Conselho de Segurana da organizao", escrevemos na pg. 6. Repetimos erro pra l de comum. Esquecemos a segunda vrgula do aposto. Melhor lembrar-se dela. Assim: na sexta, jantam com o embaixador representante do Brasil na ONU, Antnio Patriota , e, na segunda-feira

    Leitor pergunta

    Posso escrever lage com g?

    Os dicionrios s registram laje, com j. Eles mandam. Ns no temos sada. O bedecemos. Ou obedecemos. Mas, se for nome prprio, a histria muda de enredo. Como no jogo do bicho, vale o que est escrito.

    Erramos

    "O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura biografias", escrevemos na pg. 8 do Diverso&arte . Viu? A crase nos pegou. No caso, falta o artigo. O acento no tem vez sem ele. Melhor: O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura a biografias. O cantor Eduardo Dussek critica os compositores que defendem a censura s biografias.

    Regras de ouro do estilo (3)

    A redao trabalha com palavras. Palavras compem perodos. Perodos formam pargrafos. Pargrafos constroem textos. As regras de ouro se referem a esse quarteto. Como diz o esquartejador, vamos por partes. Comecemos pelo primeiro membro.

    1. Palavras curtas . Entre dois vocbulos, fique com o mais curto:

    Somente ou s ? S.

    Colocar ou pr ? Pr.

  • Chuva ou precipitao pluviomtrica ? Chuva.

    Lombada ou obstculo transversal ? Lombada.

    Presidente ou chefe do Executivo ? Presidente.

    Somar ou contabilizar ? Somar.

    Morrer ou falecer ? Morrer.

    Equalizar ou igualar ? Igualar.

    Agilizar ou apressar ? Apressar.

    Modificar ou flexibilizar ? Modificar.

    Ratificar ou confirmar ? Confirmar.

    Geralmente ou em geral ? Em geral.

    Comercializar ou vender ? Vender.

    Olho vivo

    Reparou? Os curtinhos so mais simples. Vocbulos pomposos e pretensiosos funcionam como cortina de fumaa. Dificultam a leitura. No raro obrigam o leitor a voltar atrs ou consultar o dicionrio. No percurso, h um risco. Ele deixa o texto pra l e passar pra outro. Oferta que no falta. Por isso, entre causdico e advogado, tenha uma certeza. Advogado segura o leitor. Causdico? Sabe-se l.

    Regras de ouro do estilo (2)

    Como chegar l?

    Desvendar os mistrios de cada regra constitui trabalho de decomposio. So tcnicas que esto ao alcance de quem quer algo mais do que escrever. Quer escrever melhor. Em bom portugus: quer dar recados claros, simples, concisos e prazerosos. Texto difcil no tem vez. E no de hoje. Montaigne, no sculo 16, disse: "Ao encontrar um trecho difcil, deixo o texto de lado." Por qu? A leitura forma de felicidade", respondeu ele. "Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou", completou Jorge Luis Borges quatro sculos depois.

    A observao no se restringe a livros. Engloba jornais, revistas, blogues, sites, cartas comerciais, redaes escolares, receitas de comida gostosa. Sem fisgar o leitor, adeus, emprego! Adeus, sobremesa dos deuses! Por isso, roguemos a Deus . Que Ele ilumine mentes, penas e teclados. E cada um faa a sua parte. A coluna dar as dicas o passo a passo que diz com todas as letras: escrever bem no dom divino. tcnica. Aprend-la e aplic-la implica 99% de transpirao. A inspirao fica com 1%. Vamos l?

    Regras de ouro do estilo (1)

    Escrever verbo transitivo. Escreve-se para algum. O algum o leitor. No o perca de vista. Contemporneo, ele vive no sculo 21. Tem mo livros, jornais, revistas e o universo sem fim da internet. Cada poca tem seu jeito de falar e dizer. Um texto do padre Antonio Vieira (1608-1697) no se confunde com o de Marcelo Rossi. Ambos so pregadores e falam de religio. Mas guardam marcas do tempo. O estilo moderno influenciado pelas novas tecnologias obedece a trs regras de ouro:

    1. Menor melhor

  • 2. Menos mais

    3. Variar para agradar

    Jorge Luis Borges confessou

    "O fato central de minha vida foi a existncia das palavras e a possibilidade de tec-las em poesia."

    Leitor escreve

    Surpreso, li o seguinte post no blogue:

    "Argemiro Procpio professor de relaes internacionais da Universidade de Braslia. Cidado do mundo, atravessa Europa, Frana e Bahia com a naturalidade de quem vai ali, at a esquina. Frequenta livrarias, teatros, museus e, sobretudo, bons restaurantes. Cozinha como poucos. Generoso, no come sozinho. Divide a iguaria com os amigos. Outro dia, foi ao supermercado comprar bebidas. Buscou os sucos de frutas. Ops! Duvidou do que viu. Na embalagem do SuFresh, leu `Nctar de uva sem conservadores. Em vez de se indignar, riu, riu, riu. Olhou pro vizinho de ocasio e comentou. ` mais um caso de traduo malfeita. Em bom portugus, conservatives, escrito na caixa, conservantes. Virou conservadores. Ser que h sucos liberais?"

    Vejo que no estou s. Tenho a companhia ilustre do Argemiro Procpio. Sem dvida, minha cara e amiga Dad, os sucos liberais continuam se reproduzindo, agora sob proteo da fruThos , que embala nctar de laranja, sem conservadores...

    No demorar o ingls Partido dos Conservadores, historicamente Partido Tory, reclamar da abusiva discriminao! No pas do relaxe e goze, h que consultar o Ministrio da Cultura!

    Meu fraternal abrao

    Do admirador de sempre

    Jos Carlos Gentili

    Erramos

    " hora de definir quem estar ao lado dela na campanha pela reeleio ou prefere ficar `solto ", escrevemos na pg. 6. Reparou? As aspas, urubus do texto, sobram. X!

    Assim so os palndromos

    Conhece Rmulo Marinho? Ele o maior especialista brasileiro em palndromos -- palavras ou frases que se leem indiferentemente da esquerda pra direita ou da esquerda pra direita. Quem quer estudar o assunto no tem sada. Precisa recorrer s obras marinhas. Leitor do blogue, RM nos brinda com aula de imperador. Os exemplos, inclusive os ignbeis, foram produzidos por ele. Aprecie. Assim so os palndromos Rmulo Marinho Entendo que os palndromos devem ser ordenados assim:

    Quanto forma : naturais e artificiais

    Quanto esttica : perfeitos e imperfeitos

    Quanto ao sentido : explcitos, interpretveis, insensatos, esdrxulos e ignbeis

  • Quanto forma

    Palndromos naturais : nasceram quando as palavras foram inventadas e so palindrmicas por mera casualidade, tais como: ANILINA, ARARA, MERECEREM, SOMVAMOS.

    Palndromos artificiais : com duas ou mais palavras, foram criados intencionalmente para esse fim: LIBNIO INBIL - ATACA PACA PACATA A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA.

    Quanto esttica

    Palndromos perfeitos : so criados com obedincia s regras gramaticais e de sintaxe, nos quais os sinais ortogrficos (diacrticos ou de pontuao) no oscilam de posio: O TEU DRAMA AMAR DUETO O TENRO PRAZER REZAR POR NETO. Observe que o acento agudo nas leituras de l pra c ou de c pra l incide na mesma letra.

    Palndromos imperfeitos : no obstante produzidos com respeito s regras, a manuteno dos sinais na mesma letra no respeitada e pode at desaparecer: S COM O TIO SOMVAMOS OITO MOOS. Nesse, o acento agudo da palavra S no existe na parte inversa. O de SOMVAMOS muda de posio quando se l da direita para esquerda e o , que consta na parte inversa, no aparece na direta.

    Quanto ao sentido

    Palndromos explcitos : trazem mensagem direta, clara e inteligvel: E AT O PAPA POETA - A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA.

    Palndromos interpretveis : o leitor necessita de pequeno esforo intelectual para entender o que quis dizer o autor: A RITA, SOBRE VOV, VERBOS ATIRA.

    Palndromos insensatos : cuidam apenas de juntar letras ou palavras que formam frases sem qualquer sentido, mas palindrmicas: OL! MARACUJ, CAJU CARAMELO. Palndromos esdrxulos : alm de seguirem as regras idiomticas, podem ser lidos da direita para a esquerda, tm o mesmo sentido, mas no so palndromos na acepo da palavra: na leitura vice-versa falta-lhe a literalidade da similitude:

    A BOLA DA LOBA ATIVE EVITA.

    SOMAR A MACA NA CAMA E A MALA NA LAMA, RAMOS!

    Palndromos ignbeis : no obstante possam ser lidos da esquerda para a direita e vice-versa com o mesmo resultado dos demais, no obedecem s regras idiomticas. Devem ser desprezados: O LAVA COMO CAVALO e AGIR PARA OMITIR O RITMO A RAPARIGA e outras barbaridades similares que podero ser encontradas na internet.

    Erramos

    "Pelo menos mais 34 pessoas ficaram feridas", escrevemos na capa. Reparou no excesso? Com o pelo menos , o mais sobra. Melhor: Pelo menos 34 pessoas ficaram feridas.

    Frias!

    Volto em 11 de novembro. At l. Bicharada na praa

  • Erramos

    "Aurora boreal: espetculo celestial disponvel a quem quiser, e aguentar o frio do inverno", escrevemos na pg. 6 de Turismo . Viu? Tropeamos na estrutura da frase. Melhor: Aurora boreal: espetculo celestial disponvel a quem quiser aguentar o frio do inverno .

    Erramos

    "Aurora boreal: espetculo celestial disponvel a quem quiser, e aguentar o frio do inverno", escrevemos na pg. 6 de Turismo . Viu? Tropeamos na estrutura da frase. Melhor: Aurora boreal: espetculo celestial disponvel a quem quiser aguentar o frio do inverno.

    Cochilos da reviso 2

    Flatnio Jos da Silva

    No ttulo "A despedida de um artista", saiu este texto:

    "Cludio Cavalcanti deixa viva a atriz e psicloga Maria Lcia Frota Cavalcanti, com quem estava casado h

    34 anos" .

    Corrigindo: ...com quem estava casado havia 34 anos .

    Explicao -- Quando o verbo da orao principal est no presente ou no pretrito perfeito, usa-se h na

    orao que expressa o tempo: Ele mora aqui h muito tempo . / Ele morou aqui h muito tempo . Nesse

    caso, h = faz.

    Se o verbo da orao principal estiver no imperfeito ou no mais-que-perfeito, deve-se usar havia , e no h ":

    Ele morava aqui havia muito tempo . / Joo trabalhava na fbrica havia seis meses . / Joo trabalhara (ou

    tinha trabalhado ) na fbrica havia seis meses . / A seca andava castigando o municpio havia quase um ano

  • . / Havia trs meses que ele estava desempregado . / O cientista visitara (ou tinha visitado ) o Brasil havia

    pouco tempo . Nesse caso, havia = fazia.

    Cochilos da reviso

    Flatnio Jos da Silva

    No ttulo "De Braslia direto para Paris", saiu este texto:

    "A Air France aguarda autorizao da Agncia Nacional de Aviao Civil (Anac) para operar o trajeto

    Braslia/Paris, com embarques programados para s 22h, trs vezes por semana" .

    Corrigindo: ...com embarques programados para as 22h, trs vezes por semana .

    Explicao -- Erro de crase. No texto, aparece esta sequncia: preposio para + artigo definido as ,

    exigido pela indicao de horas. Como o "as" simples artigo, o acento indicativo de crase sobra.

    Manhas do infinitivo flexionado 3

    X, flexo

    A lngua tem averso a excessos. "X, redundncia", repete sem parar. O infinitivo no foge regra. Se o princpio bsico que lhe rege a flexo a clareza, no o flexione se outros ndices denunciam o sujeito:

    1. nas locues verbais, em que a desinncia do verbo auxiliar d o recado : Vou sair cedo porque adiantei o trabalho. Podemos viajar no fim do ms. Conseguiram vencer os obstculos.

    2. nas oraes em que o sujeito da orao principal o mesmo da subordinada: Samos (ns) para fazer (ns) a entrega. Trabalharam (eles) aos domingos para juntar (eles) dinheiro. Estudo (eu) para passar (eu) no concurso.

    3. quando, precedido da preposio de , preenche duas condies ser passivo e completar o sentido de adjetivos como fcil, possvel, bom, raro e assemelhados: Livros bons de ler. Trabalhos difceis de fazer. Aes passveis de contestar. Joias raras de encontrar.

    Manhas do infinitivo flexionado 2

    Dose dupla

    Nem sempre s a clareza est em jogo. Muitas vezes a correo. A, no h jeito. flexionar. Ou flexionar. Quer ver?

    a ltima oportunidade de Ronaldinho e Eder participarem da Copa.

    Para os governadores cortarem gastos, no precisam sacrificar projetos sociais.

  • A me trabalha para os filhos estudarem.

    Manhas do infinitivo flexionado 1

    Andrea Faria leu os posts sobre o infinitovo. Gostou. Sugeriu continuar a caminhada. O tema proposto: infinitivo flexionado. Trata-se de um dos assuntos mais polmicos da lngua. At hoje, os gramticos no chegaram a consenso sobre a obrigatoriedade de flexionar to estranha criatura. Mas concordam em um ponto respeitar a majestade da clareza.

    Sua Excelncia

    A clareza o princpio bsico que orienta os atnitos falantes. A flexo serve pra indicar, sem ambiguidade, o sujeito do processo expresso pelo verbo. Assim, no duro, no duro, s obrigatria quando o infinitivo tem sujeito prprio, diferente do da orao principal. Compare:

    1. Sa (eu) mais cedo para irmos (ns) ao teatro.

    O irmos d o recado. Eu sa. Ns vamos ao teatro.

    2. Sa (eu) mais cedo para ir (eu) ao teatro.

    Sem flexo, o sujeito do ir o mesmo do sair. Eu sa. Eu vou ao teatro.

    Viu? Ambos os perodos esto corretos. Mas do recados diferentes. Veja mais um exemplo do time: Ao sairmos de casa, Maria comeou a chorar. Ao sair de casa, Maria comeou a chorar.

    Palavras de Voltaire

    "A senhora sabe latim? No. por isso que me pergunta se prefiro Pope a Virglio. Ah, minha senhora, todas as nossas lnguas modernas so secas, pobres e sem harmonia em comparao com as que falaram nossos primeiros mestres os gregos e os romanos. Somos apenas violinistas de aldeia."

    Tanto faz

    Ter que? Ter de? No portugus moderno, tanto faz. Voc escolhe: Tenho de estudar. Tenho que estudar.

    Erramos

    "Os alunos que ficar pelo menos uma hora no local onde a prova estiver sendo aplicada", escrevemos na pg. 22. A frase est sem sentido. Falta alguma coisa. Talvez isto: Os alunos tm que ficar pelo menos uma hora no local onde a prova estiver sendo aplicada.

    Cochilos da reviso

    Flatnio Jos da Silva

    No ttulo "O ponto" (p. 6), saiu este texto:

    "Marina no precisa do partido (Rede) para sair candidata presidente da Repblica, certo?" .

    Corrigindo: Marina no precisa do partido (Rede) para sair candidata a presidente da Repblica, certo?

    Explicao - O acento grave (indicador de crase) sobra porque o "a" simples preposio.

  • Catequizar e enfatizar

    Antonio leu o post "Manhas do infinitivo 3". Com a pulga atrs da orelha, escreveu: "Sabido que a forma correta catequizar. Mas, pela regra indicada, catequese tem s no radical. Por que ento o uso do izar? Como a regra explicaria isso?" Olho vivo! O -ar tem de se colar ao s: casa (casar), pesquisa (pesquisar), anlise (analisar). Catequese tem s no radical. Mas o sufixo no se cola a ele. Se se colasse, teramos catequesar. No catequesar? Convoquemos o -izar (catequisar). O mesmo ocorre com nfase. Se o -ar se fixasse no s, teramos enfasar. No o caso. Estendamos o tapete vermelho para o senhor -izar.

    Viva o Nobel

    Nobel joga no time de papel e Mabel. O trio se pronuncia do mesmo jeitinho. A slaba tnica do prmio mais cobiado do mundo bel.

    Erramos

    "Alm de Acio, com quem Eduardo dever contar caso v para o segundo turno com Dilma, o governador tambm recebeu telefonemas de pr-candidatos", escrevemos na pg. 2. Ops! Repetimos o pleonasmo. Alm indica adio. Tambm d o mesmo recado. Melhor evitar desperdcios. Fique com um ou outro. Assim: Alm deo governador recebeu telefonemas de pr-candidatos. Eduardo recebeu telefonemas de Acio e tambm de pr-candidatos.

    Turminha antenada

    Dad Squarisi

    um susto atrs do outro. Mes e pais se surpreendem com a lngua da meninada. No telefone, usam cdigo prprio. um tal de t gudi pra c, t numa bad pra l, se p pracol. No computador, o sobressalto no diferente: abreviaturas estranhas, palavras inventadas tudo aos pedaos, sem comeo nem fim, sem p nem cabea. Bicho vira bx. Voc, vc. Beijo, bj. Aqui, aki.

    O que fazer? Nada. Somos poliglotas na nossa lngua. "No falamos portugus. Falamos lnguas em portugus", repetia Jos Saramago. Gria, internets, estrangeirismos, norma culta convivem com harmonia. Garotos e garotas so safos. Transitam com desenvoltura em todas. Melhor: dispensam professor pra lhes dizer quando recorrer a esta ou quela modalidade. Proibi-los de usar uma ou outra? exclu-los. Deus castiga.

    Manhas do infinitivo 4

    Moral da histria

    O infinitivo uma das portas que se abrem para os segredos da lngua. H outras. Transp-las amplia o domnio das possibilidades que se oferecem ao falante. Com elas, ganha-se o poder de escolha. Viva! a liberdade.

    Manhas do infinitivo 3

    Terceira mozinha

    H mais. Muito mais. O infinitivo vai alm da famlia. Ele d dicas sobre a formao de palavras:

    1. verbos terminados em -dir formam substantivos escritos com s: dividir (diviso), confundir (confuso), aludir (aluso), iludir (iluso).

  • 2. verbos terminados em -uzir formam substantivos terminados em -o : seduzir (seduo), conduzir (conduo), traduzir (traduo).

    3. verbos terminados em -ar ora se grafam com s, ora com z. Por qu? A desinncia formadora de verbos -ar: martelo (martelar), casa (casar), Dilma (dilmar).

    Se o nome tem s no radical, o -ar se cola a ele: anlise (analisar), catlise (catalisar), camisa (encamisar), casa (casar).

    Se o -ar no se cola ao s, o -izar , com z, entra em cartaz: humano (humanizar), catequese (catequizar), civil (civilizar), canal (canalizar).

    Viu? No existe o sufixo -isar , com s. S existe -izar , com z.

    Manhas do infinitivo 2

    Segunda mozinha

    O infinitivo, temente a Deus, respeita o 4 mandamento. "Honrar pai e me", ordena o Senhor. O dono das possibilidades do verbo diz amm. Na conjugao, pe a famlia acima de tudo. Eis quatro casos:

    1. Se o infinitivo tem j no nome, sempre que o g soar, o j pede passagem: via j ar ( via j o, via j a, via j amos, via j am; que eu via j e, ele via j e, via j emos, via j em) .

    2. Se o infinitivo tem g no nome, sempre que o g soar, o g ganha banda de msica e tapete vermelho. Pra manter a pronncia, se necessrio, o g vira j : a g ir ( ajo, a g e, a g imos, a g em; se eu a g isse, ele a g isse, a g ssemos, a g issem), diri g ir ( dirijo, diri g e, diri g imos, diri g em).

    3. Se o infinitivo tem z no nome, sempre que o z soar, escreve-se a lanterninha do alfabeto: fa z er (fi z , fe z , fi z emos, fi z eram), di z er (ele di z , di z emos, di z em), tra z er (tra z , tra z emos, tra z em).

    4. Se o infinitivo no tem z no nome, quando soar z , escreve-se s : querer (eu qui s , qui s emos, qui s eram; qui s er, qui s ermos, qui s erem; qui s esse, qui s ssemos, qui s essem), pr (pu s , p s , pu s emos, pu s eram, pu s er, pusermos, pu s erem; pu s esse, pu s ssemos, pu s essem).

    Manhas do infinitivo 1

    Luas Machado cursa o terceiro ano do ensino mdio. De olho no Enem, no vestibular e em concursos, faz o que tem de fazer. Estuda. Estuda muito. Ele sabe que no basta sair-se bem nas provas. Precisa sobressair ter desempenho melhor que o dos concorrentes. Pra chegar l, no se satisfaz com os contedos apresentados nas salas de aula. Vai alm. A consulta que faz serve de exemplo.

    Ele escreve: "Meu professor costuma dizer que o infinitivo a chave do verbo. Mas para a. No explica o porqu da importncia. J consultei gramticas e dicionrios. H explicaes aqui e ali. Mas, dispersas, pouco ajudam. Voc tem falado no assunto. Que tal juntar as partes para formar um todo? Se for atendido, vou emoldurar a resposta".

    Primeira mozinha

    Lucas, seu professor tem razo. O infinitivo no pouca coisa. Alm de nomear o verbo, d um monto de informaes. Uma delas: diz a conjugao a que o danado pertence. A terminao -ar (amar, cantar, danar) marca a primeira. A -er (ver, vender, conter), a segunda. A -ir (partir, sentir, dormir), a terceira. Com ela, formam-se paradigmas. Cada turma segue o prprio modelo de flexo. Se fugir a ele, entra no time dos rebeldes os irregulares.

    Partir , por exemplo, paradigma da 3 conjugao. Os que se flexionam como ele so regulares. Dividir serve de exempo: parto (divido), parte (divide), partimos (dividimos), partiram (dividiram). Sentir foge regra.

  • Na 1 pessoa do singular do presente do indicativo, abre o jogo. O e do infinitivo vira i : s e ntir, s i nto. irregular.

    Jos Lins do Rego ensina

    "A gramtica, como os andaimes, tem grande utilidade enquanto se est construindo a casa ou adestrando o estilo. Depois, a sua grande serventia a ausncia."

    Expresses curiosas da lngua 13

    Vai tomar banho Em Casa grande & senzala , Gilberto Freyre analisa os hbitos de higiene dos ndios versus os do colonizador. Depois das Cruzadas, como corolrio dos contatos comerciais, o europeu se contagiou de sfilis e de outras doenas transmissveis e desenvolveu medo ao banho e horror nudez, o que muito agradou Igreja. Ora, o ndio no conhecia a sfilis e se lavava da cabea aos ps nos rios, alm de usar folhas de rvore pra limpar os bebs e lavar no rio as redes nas quais dormiam. Ora, o cheiro exalado pelo corpo dos portugueses (abafado em roupas que no eram trocadas com frequncia e raramente lavadas), aliado falta de banho, causava repugnncia aos ndios. Ento eles, quando estavam fartos de receber ordens dos portugueses, mandavam que fossem tomar banho.

    (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 12

    Quem no tem co caa com gato

    Com o passar dos anos, a expresso se adulterou. Inicialmente se dizia "quem no tem co caa como gato", ou seja, se esgueirando, astutamente, traioeiramente, como fazem os gatos.

    (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 11

    Anda toa Toa a corda com que uma embarcao reboca a outra. Um navio que est toa no tem leme nem rumo, indo pra onde o navio que o reboca determinar.

    (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 10

    O pior cego o que no quer ver Em 1647, na universidade de Nimes, na Frana, o doutor Vicent de Paul DArgent fez o primeiro transplante de crnea em um aldeo chamado Angel. Foi um sucesso da medicina da poca, menos pra Angel, que, mal passou a enxergar, ficou horrorizado com o que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgio que lhe arrancasse os olhos. O caso acabou no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou pra histria como o cego que no quis ver. (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 9

  • Rasgar seda A expresso, utilizada quando algum elogia em excesso outra pessoa, surgiu graas pea de teatro de Lus Carlos Martins Pena. Um vendedor de tecidos usa o pretexto da profisso pra cortejar uma moa. Comea a elogiar exageradamente a beleza da jovem. Ela percebe a inteno do rapaz e diz: "No rasgue a seda, que se esfiapa". (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 8

    Para ingls ver A expresso surgiu por volta de 1830, quando a Inglaterra exigiu que o Brasil aprovasse leis que impedissem o trfico de escravos. Todos sabiam que as leis no seriam cumpridas. Eram criadas pra ingls ver. (Colaborao de Roberto Freire)

    Erramos

    "Quem poderia ter feito isso era o DEM se, poca, Ktia estivesse seguido direto para o PMDB, partido pelo qual se filia agora", escrevemos na pg. 5. Viu? Brigamos com a regncia e a conjugao verbal. Que tal fazer as pazes? Assim: Quem poderia ter feito isso era o DEM se, poca, Ktia tivesse seguido direto para o PMDB, partido ao qual se filia agora.

    Expresses curiosas da lngua 7

    Pensando na morte da bezerra A histria mais aceitvel para explicar a origem da expresso proveniente das tradies hebraicas, em que os bezerros eram sacrificados para Deus como forma de redeno de pecados. Um filho do rei Absalo tinha grande apego a uma bezerra que foi sacrificada. Assim, depois de o animal morrer, ele ficou se lamentando e pensando na morte da bezerra. Passados alguns meses, o garoto morreu. (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 6

    Onde Judas perdeu as botas Existe uma histria no comprovada de que, depois de trair Jesus, Judas se enforcou em uma rvore sem nada nos ps porque havia posto o dinheiro que ganhou por entregar Jesus dentro das botas. Quando os soldados viram que ele estava sem o calado, saram em busca do dinheiro da traio. Ningum ficou sabendo se acharam as botas de Judas. A partir da surgiu a expresso, usada pra designar um lugar distante, desconhecido e inacessvel. (Colaboraao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 5

    OK A expresso inglesa OK, mundialmente conhecida pra informar que est tudo bem, teve origem na Guerra da Secesso, no EUA. Durante o conflito, quando os soldados voltavam para as bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa "0 killed" (zero morto), expressando a grande satisfao da tropa. Da surgiu o OK. (Colaborao de Roberto Freire)

  • Expresses curiosas da lngua 4

    Guardar a sete chaves No sculo 13, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de joias e documentos importantes da corte em ba com quatro fechaduras. Cada chave era distribuda a um alto funcionrio do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O nmero sete passou a ser utilizado devido ao valor mstico atribudo a ele desde a poca das religies primitivas. A partir da, comeou-se a utilizar o termo "guardar a sete chaves" pra designar algo muito bem guardado. (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 3

    Dar com os burros ngua

    A expresso surgiu no perodo do Brasil colonial, quando tropeiros que escoavam a produo de ouro, cacau e caf precisavam ir da Regio Sul Sudeste sobre burros e mulas. Muitas vezes os burros, devido falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito difceis e regies alagadas, onde morriam afogados. Da em diante o termo passou a ser usado pra se referir a algum que faz um grande esforo pra conseguir algum feito e no consegue ter sucesso.

    (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 2

    Tirar o cavalo da chuva

    "Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque no vou deixar voc sair hoje!" No sculo 19, quando uma visita iria ser breve, deixava o cavalo ao relento em frente casa do anfitrio. Se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em lugar protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado s poderia pr o animal protegido da chuva se o anfitrio percebesse que a visita estava boa e dissesse "pode tirar o cavalo da chuva". Depois disso, a expresso passou a significar a desistncia de alguma coisa.

    (Colaborao de Roberto Freire)

    Expresses curiosas da lngua 1

    Jurar de ps juntos

    "Me, eu juro de ps juntos que no fui eu." A expresso surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisio, nas quais o acusado de heresias tinha as mos e os ps amarrados (juntos) e era torturado pra dizer nada alm da verdade. At hoje o termo usado pra expressar a veracidade de algo que uma pessoa diz.

    (Colaborao de Roberto Freire)