português

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5/21/2018 Portugus-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/portugues-561aa13f204d6 1/118 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Como Ler um Texto Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar para tirar o maior rendimento possível da leitura de um texto. Mas não se pode responder a essa pergunta sem antes destacar que não existe para ela uma solução mágica, o que não quer dizer que não exista solução alguma. Genericamente, pode-se armar que uma leitura proveitosa pressupõe, além do conhecimento linguístico  propriamente dito, um repertório de informações exteriores ao texto, o que se costuma chamar de conhecimento de mundo. A título e ilustração, observe a questão seguinte, extraída de concurso, na qual já vimos anteriormente. Às vezes, quando um texto é ambíguo, é o conhecimento de mundo que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que se lê. Um bom exemplo é o texto que segue:  “As videolocadoras de São Carlos estão escondendo suas tas de sexo explícito. A decisão atende a uma portaria de dezembro de 1991, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e vendam tas pornográcas a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais. (Folha Sudoeste) É o conhecimento linguístico que nos permite reconhecer a ambiguidade do texto em questão (pela posição em que se situa, a expressão sem a companhia ou autorização dos pais permite a interpretação de que com a companhia ou autorização dos pais os menores podem ir a rodeios ou motéis). Mas o nosso conhecimento de mundo nos adverte de que essa interpretação é estranha e só  pode ter sido produzida por engano do redator. É muito provável que ele tenha tido a intenção de dizer que os menores estão  proibidos de ir a rodeios sem a companhia ou autorização dos pais e de frequentarem motéis. Como se vê, a compreensão do texto depende também do conhecimento de mundo, o que nos leva à conclusão de que o aprendizado da leitura depende muito das aulas de Português, mas também de todas as outras disciplinas sem exceção. Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido é a resposta a três questões básicas: - Qual é a questão de que o texto está tratando? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor será obrigado a distinguir as questões secundárias da principal, isto é, aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor não sabe dizer do que o texto está tratando, ou sabe apenas de maneira genérica e confusa, é sinal de que ele precisa ser lido com mais atenção ou de que o leitor não tem repertório suciente para compreender o que está diante de seus olhos. - Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão? Disseminados pelo texto, aparecem vários indicadores da opinião de quem escreve. Por isso, uma leitura competente não terá diculdade em identicá-la. Não saber dar resposta a essa questão é um sintoma de leitura desatenta e dispersiva. - Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião dada? Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele está falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor é também um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto signica acompanhar com atenção o seu percurso argumentativo. O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decompô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os conceitos denidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação fará com que o signicado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretação dos símbolos grácos, de códigos, requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura. Os diferentes níveis de leitura Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento ou cará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenhamos condições cognitivas para utilizar. De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.  O Primeiro Nível  é elementar e diz respeito ao período de alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sosticada e requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio da língua. O Segundo Nível  é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem duas funções especícas: primeiro, prevenir para que a leitura  posterior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comumente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de partes, respondem basicamente às seguintes perguntas: - Por que ler este livro? - Será uma leitura útil? - Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?  Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se propuser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito baixo. Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever melhor; relacionar-se melhor com o outro.  Pré-Leitura  Nome do livro Autor Dados Bibliográcos Prefácio e Índice Prólogo e Introdução

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  • COMPREENSO E INTERPRETAO DE TEXTOS

    Como Ler um Texto

    Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar para tirar o maior rendimento possvel da leitura de um texto. Mas no se pode responder a essa pergunta sem antes destacar que no existe para ela uma soluo mgica, o que no quer dizer que no exista soluo alguma. Genericamente, pode-se afirmar que uma leitura proveitosa pressupe, alm do conhecimento lingustico propriamente dito, um repertrio de informaes exteriores ao texto, o que se costuma chamar de conhecimento de mundo. A ttulo e ilustrao, observe a questo seguinte, extrada de concurso, na qual j vimos anteriormente. s vezes, quando um texto ambguo, o conhecimento de mundo que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretao adequada do que se l. Um bom exemplo o texto que segue:

    As videolocadoras de So Carlos esto escondendo suas fitas

    de sexo explcito. A deciso atende a uma portaria de dezembro de 1991, do Juizado de Menores, que probe que as casas de vdeo aluguem, exponham e vendam fitas pornogrficas a menores de 18 anos. A portaria probe ainda os menores de 18 anos de irem a motis e rodeios sem a companhia ou autorizao dos pais.

    (Folha Sudoeste)

    o conhecimento lingustico que nos permite reconhecer a ambiguidade do texto em questo (pela posio em que se situa, a expresso sem a companhia ou autorizao dos pais permite a interpretao de que com a companhia ou autorizao dos pais os menores podem ir a rodeios ou motis). Mas o nosso conhecimento de mundo nos adverte de que essa interpretao estranha e s pode ter sido produzida por engano do redator. muito provvel que ele tenha tido a inteno de dizer que os menores esto proibidos de ir a rodeios sem a companhia ou autorizao dos pais e de frequentarem motis.

    Como se v, a compreenso do texto depende tambm do conhecimento de mundo, o que nos leva concluso de que o aprendizado da leitura depende muito das aulas de Portugus, mas tambm de todas as outras disciplinas sem exceo.

    Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido a resposta a trs questes bsicas:

    - Qual a questo de que o texto est tratando? Ao tentar responder a essa pergunta, o leitor ser obrigado a distinguir as questes secundrias da principal, isto , aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor no sabe dizer do que o texto est tratando, ou sabe apenas de maneira genrica e confusa, sinal de que ele precisa ser lido com mais ateno ou de que o leitor no tem repertrio suficiente para compreender o que est diante de seus olhos.

    - Qual a opinio do autor sobre a questo posta em discusso? Disseminados pelo texto, aparecem vrios indicadores da opinio de quem escreve. Por isso, uma leitura competente no ter dificuldade em identific-la. No saber dar resposta a essa questo um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.

    - Quais so os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinio dada? Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele est falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor tambm um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto significa acompanhar com ateno o seu percurso argumentativo.

    O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decomp-lo, aps uma primeira leitura, em suas ideias bsicas ou ideias ncleo, ou seja, um trabalho analtico buscando os conceitos definidores da opinio explicitada pelo autor. Esta operao far com que o significado do texto salte aos olhos do leitor.

    Ler uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretao dos smbolos grficos, de cdigos, requer que o indivduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.

    Os diferentes nveis de leituraPara que isso acontea, necessrio que haja maturidade para

    a compreenso do material lido, seno tudo cair no esquecimento ou ficar armazenado em nossa memria sem uso, at que tenhamos condies cognitivas para utilizar.

    De uma forma geral, passamos por diferentes nveis ou etapas at termos condies de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou nveis so cumulativas e vo sendo adquiridas pela vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.

    O Primeiro Nvel elementar e diz respeito ao perodo de

    alfabetizao. Ler uma capacidade cerebral muito sofisticada e requer experincia: no basta apenas conhecermos os cdigos, a gramtica, a semntica, preciso que tenhamos um bom domnio da lngua.

    O Segundo Nvel a pr-leitura ou leitura inspecional. Tem duas funes especficas: primeiro, prevenir para que a leitura posterior no nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impresso sobre o livro. a leitura que comumente desenvolvemos nas livrarias. Nela, por meio do salteio de partes, respondem basicamente s seguintes perguntas:

    - Por que ler este livro?- Ser uma leitura til?- Dentro de que contexto ele poder se enquadrar? Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que

    se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se voc se propuser a ler um livro sem interesse, com olhar crtico, rejeitando-o antes de conhec-lo, provavelmente o aproveitamento ser muito baixo.

    Ler armazenar informaes; desenvolver; ampliar horizontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever melhor; relacionar-se melhor com o outro.

    Pr-LeituraNome do livroAutorDados BibliogrficosPrefcio e ndice Prlogo e Introduo

  • O primeiro passo memorizar o nome do autor e a edio do livro, fazer um folheio sistemtico: ler o prefcio e o ndice (ou sumrio), analisar um pouco da histria que deu origem ao livro, ver o nmero da edio e o ano de publicao. Se falarmos em ler um Machado de Assis, um Jlio Verne, um Jorge Amado, j estaremos sabendo muito sobre o livro. muito importante verificar estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na atualidade das informaes que ele contm. Verifique detalhes que possam contribuir para a coleta do maior nmero de informaes possvel. Tudo isso vai ser til quando formos arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental. A propsito, voc sabe o que seja um prlogo, um prefcio e uma introduo? Muita gente pensa que os trs so a mesma coisa, mas no:

    Prlogo: um comentrio feito pelo autor a respeito do tema e de sua experincia pessoal.

    Prefcio: escrito por terceiros ou pelo prprio autor, referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes tambm tecendo comentrios sobre o autor.

    Introduo: escrita tambm pelo autor, referindo-se ao livro e no ao tema.

    O segundo passo fazer uma leitura superficial. Pode-se, nesse caso, aplicar as tcnicas da leitura dinmica.

    O Terceiro Nvel conhecido como analtico. Depois de

    vasculharmos bem o livro na pr-leitura, analisamos o livro. Para isso, imprescindvel que saibamos em qual gnero o livro se enquadra: trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste caso, existe apenas teoria ou so inseridas prticas e exemplos. No caso de ser um livro terico, que requeira memorizao, procure criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o que est lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a fazer ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. J temos algum contedo para isso, pois o encadeamento das ideias j de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do incio ao fim. Esta a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique atento! Aproveite todas as informaes que a pr-leitura ofereceu. No pare a leitura para buscar significados de palavras em dicionrios ou sublinhar textos, isto ser feito em outro momento.

    O Quarto Nvel de leitura o denominado de controle. Trata-se

    de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com qualquer dvida que ainda persista. Normalmente, os termos desconhecidos de um texto so explicitados neste prprio texto, medida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicolgico far com que fiquemos com aquela dvida incomodando-nos at que tenhamos a resposta. Caso no haja explicao no texto, ser na etapa do controle que lanaremos mo do dicionrio.

    Veja bem: a esta altura j conhecemos bem o livro e o ato de interromper a leitura no vai fragmentar a compreenso do assunto como um todo. Ser, tambm, nessa etapa que sublinharemos os tpicos importantes, se necessrio. Para ressaltar trechos importantes opte por um sinal discreto prximo a eles, visando principalmente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a fixar a cronologia e a sequncia deste fato importante, situando-o no livro.

    Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, interessante que, ao final da leitura de cada captulo, voc faa um breve resumo com suas prprias palavras de tudo o que foi lido.

    Um Quinto Nvel pode ser opcional: a etapa da repetio aplicada. Quando lemos, assimilamos o contedo do texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prtica, ou seja, que tenhamos experincia do que foi lido na vida. Voc s pode compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria prtica. Na leitura, quando no passamos pela etapa da repetio aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos queles brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faa resumos.

    Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos de cada captulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para traduzi-lo com suas prprias palavras. Procure associar o assunto lido com alguma experincia j vivida ou tente exemplific-lo com algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando para uma turma de alunos interessados. importante lembrar que esquecemos mais nas prximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. No pense que um exerccio montono. Ns somos capazes de realizar diariamente exerccios fsicos com o propsito de melhorar a aparncia e a sade. Pois bem, embora no tenhamos condies de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos nossas aptides como o raciocnio, a prontido de informaes e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale a pena se esforar no incio e criar um mtodo de leitura eficiente e rpido.

    Ideias NcleoO primeiro passo para interpretar um texto consiste em

    decomp-lo, aps uma primeira leitura, em suas ideias bsicas ou ideias ncleo, ou seja, um trabalho analtico buscando os conceitos definidores da opinio explicitada pelo autor. Esta operao far com que o significado do texto salte aos olhos do leitor. Exemplo:

    Incalculvel a contribuio do famoso neurologista austraco no tocante aos estudos sobre a formao da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o incosciente e subconsciente. Comeou estudando casos clnicos de comportamentos anmalos ou patolgicos, com a ajuda da hipnose e em colaborao com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o mtodo que at hoje usado pela psicanlise: o das livres associaes de ideias e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbaes mentais. Para este caminho de regresso s origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da linguagem onrica dos pacientes, considerando os sonhos como compensao dos desejos insatisfeitos na fase de viglia.

    Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da poca, foi a apresentao da tese de que toda neurose de origem sexual.

    (Salvatore DOnofrio)

    Primeiro Conceito do Texto: Incalculvel a contribuio do famoso neurologista austraco no tocante aos estudos sobre a formao da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o incosciente e subconsciente. O autor do texto afirma, inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a cincia a compreender os nveis mais profundos da personalidade humana, o incosciente e subconsciente.

  • Segundo Conceito do Texto: Comeou estudando casos clnicos de comportamentos anmalos ou patolgicos, com a ajuda da hipnose e em colaborao com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o mtodo que at hoje usado pela psicanlise: o das livres associaes de ideias e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbaes mentais. A segunda ideia ncleo mostra que Freud deu incio a sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse mtodo, criou o das livres associaes de ideias e de sentimentos.

    Terceiro Conceito do Texto: Para este caminho de regresso s origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da linguagem onrica dos pacientes, considerando os sonhos como compensao dos desejos insatisfeitos na fase de viglia. Aqui, est explicitado que a descoberta das razes de um trauma se faz por meio da compreenso dos sonhos, que seriam uma linguagem metafrica dos desejos no realizados ao longo da vida do dia a dia.

    Quarto Conceito do Texto: Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da poca, foi a apresentao da tese de que toda neurose de origem sexual. Por fim, o texto afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando a novidade de que todo o trauma psicolgico de origem sexual.

    Interpretao de Charges

    A charge ou cartum um desenho de carter humorstico, geralmente veiculado pela imprensa. Ela tambm pode ser considerada como texto e, nesse sentido, pode ser lida por qualquer um de ns. Trata-se de um tipo de texto muito importante na mdia atual, graas sua capacidade de fazer, de modo sinttico, crticas poltico-sociais.

    Um pblico muito amplo se interessa pela charge, tanto pelo uso do humor e da stira, quanto por exigir do leitor apenas um pequeno conhecimento da situao focalizada, para se reconhecerem as referncias e insinuaes feitas pelo autor.

    H cerca de dez anos, os concursos pblicos e exames escolares passaram a se utilizar de charges para avaliar a capacidade de interpretao dos concursandos e alunos. Em um concurso, por exemplo, o tema proposto para a prova de redao era O indivduo frente tica nacional, que vinha, como de costume, acompanhado de uma coletnea composta por dois textos opinativos, publicados na mdia impressa, e a seguinte charge:

    De autoria de Millr Fernandes.

    A charge discute a honestidade social a partir de uma cena irnica: a lamentao de um indivduo que, por s poder lidar com gente honesta, encontra-se num deserto.

    A charge, associada aos textos da coletnea e ao tema anunciado na proposta, compunham um panorama mais amplo do problema includo na proposta, conduzindo o leitor a alguns questionamentos que poderiam direcionar a elaborao de seu texto:

    - Existe alguma pessoa completamente honesta no mundo? O que isso significa?

    - O indivduo que chama os outros de desonestos e antiticos apresenta realmente um comportamento tico que o diferencie dos demais?

    - O fato de acharmos que a maioria age de modo antitico nos daria o direito de assim tambm o fazer, para no sermos os nicos diferentes?

    - A tica que deveria nortear as relaes humanas hoje caracterstica de poucos? Ela se tornou uma exceo?

    Essa proposta de redao possibilitou construrem sua argumentao a partir dos exemplos que melhor se adequassem sua linha de raciocnio.

    Os temas de charges, porm, nem sempre so assim to amplos. Podem estar ligados a acontecimentos especficos de uma poca ou local, o que muito frequente nas charges dirias. Quando so publicadas em jornais regionais, por exemplo, as charges podem fazer referncia a fatos que no so conhecidos por moradores de outras cidades ou Estados, o que lhes dificulta a compreenso.

    Nos jornais de grande alcance, as charges normalmente recuperam os assuntos que ganharam destaque nacional nos dias anteriores. Abaixo veremos trs exemplos de charges, todas referentes ao mesmo tema. As trs tratam do mesmo tema: a queda do governador de So Paulo, Jos Serra, nas pesquisas que avaliam a inteno de voto do eleitor brasileiro para a campanha presidencial.

    Para compreend-las, o leitor precisa acionar uma srie de conhecimentos prvios que j possui no seu prprio repertrio cultural. Vamos examinar cada um dos casos:

    Charge da Folha de S. Paulo

    Criada por Glauco, no possui texto verbal. Assim, toda a informao deve ser identificada no desenho. Nele, pode-se ver um avio sendo consertado por um mecnico, um homem careca dentro do aparelho, com expresso aborrecida, e um tringulo usado no trnsito para indicar que o veculo est quebrado (esta j uma informao prvia do leitor).

  • Aps a identificao desses elementos bsicos, entram outros mais especficos que tambm precisam ser conhecidos pelo leitor: o reconhecimento dos personagens e das situaes especficas a que se refere o desenho: o avio tem formato de tucano, uma referncia ao smbolo de um partido poltico, o PSDB; o piloto do avio deve ser associado a Jos Serra, por ser careca e pertencer ao partido tucano; o avio quebrado uma referncia dificuldade de Serra para decolar (metfora poltica para designar avano nas intenes de voto) no incio da campanha para Presidncia da Repblica.

    Assim o leitor tambm precisa saber que haver eleio, que Serra pr-candidato, que pertence ao PSDB, cujo smbolo um tucano, que houve uma pesquisa de inteno de voto e que o candidato tucano teve desempenho ruim nessa pesquisa.

    O Povo (Fortaleza, CE)

    Aqui tambm no h texto verbal. A imagem traz uma caricatura de Jos Serra, com a expresso tensa, de quem passa por apuros, caminhando como um equilibrista sobre a corda bamba. A corda, porm, tem a forma de uma escada, que termina numa seta vermelha, referncia aos indicadores dos grficos cartesianos.

    Mais uma vez, para interpretar a charge, o leitor precisar relacionar a imagem a seu conhecimento sobre fatos divulgados pela mdia nacional naquela ocasio, ou seja, queda que o candidato Presidncia teve naquela pesquisa de inteno de voto.

    Agora So Paulo

    Dos trs casos, este o nico em que imagem e texto mesclam-se. No desenho de Cludio vemos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reconhecido pelos traos da caricatura. Ele abre a porta de um armrio, no qual est escondido Jos Serra, e, apontando para fora do mvel, grita para que Serra assuma.

    Enquanto isso, segurando a pesquisa em que cai de 37 para 32% e sua concorrente sobe de 23 para 28%, Serra afirma estar indeciso. Alm das falas e dos dados da pesquisa, a charge ainda tem ttulo, Eleio para Presidente, e um texto complementar, Tucanos cobram que Serra se declare candidato.

    Assim, todo o contexto fica identificado, facilitando o trabalho de interpretao do leitor, mas a este ainda cabe acionar seu conhecimento de mundo para completar informaes, como a associao feita entre assumir-se candidato Presidncia e a imagem de sair do armrio, expresso usada principalmente para fazer referncia a pessoas que escondem publicamente sua condio sexual.

    O leitor deve perceber, porm, que no h na charge inteno de questionar a opo sexual do candidato. Apenas fez-se uma associao livre para gerar efeito de humor, criticando o medo de Serra de mostrar-se candidato diante da crescente rejeio popular.

    A leitura interpretativa de charges uma habilidade cada vez mais cobrada em provas de vestibulares e de concursos em geral, tanto nas questes de lngua portuguesa quanto nos temas de redao. Isso acontece porque a charge um modelo de texto que extrapola a linguagem verbal (por vezes at nem usada), exige um bom nvel de conhecimento de mundo e competncia para inferir crticas e relacionar fatos sociais. Por isso, treine a leitura de charges, procure ampliar seu nvel de compreenso e evite ser surpreendido.

    Dicas

    Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretao de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

    - Ler todo o texto, procurando ter uma viso geral do assunto;- Se encontrar palavras desconhecidas, no interrompa a

    leitura, v at o fim, ininterruptamente;- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo

    menos umas trs vezes;- Ler com perspiccia, sutileza, malcia nas entrelinhas;- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;- No permitir que prevaleam suas ideias sobre as do autor;- Partir o texto em pedaos (pargrafos, partes) para melhor

    compreenso;- Centralizar cada questo ao pedao (pargrafo, parte) do

    texto correspondente;- Verificar, com ateno e cuidado, o enunciado de cada

    questo;- Cuidado com os vocbulos: destoa (=diferente de...), no,

    correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, s vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;

    - Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;

    - Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lgica objetiva;

    - Cuidado com as questes voltadas para dados superficiais;

  • - No se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opo que melhor se enquadre no sentido do texto;

    - s vezes a etimologia ou a semelhana das palavras denuncia a resposta;

    - Procure estabelecer quais foram as opinies expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem;

    - O autor defende ideias e voc deve perceb-las;- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito so

    importantssimos na interpretao do texto. Exemplos:

    Ele morreu de fome. de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na

    realizao do fato (= morte de ele).Ele morreu faminto. faminto: predicativo do sujeito, o estado em que ele se

    encontrava quando morreu.

    - As oraes coordenadas no tm orao principal, apenas as ideias esto coordenadas entre si;

    - Os adjetivos ligados a um substantivo vo dar a ele maior clareza de expresso, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado;

    - Esclarecer o vocabulrio;- Entender o vocabulrio;- Viver a histria;- Ative sua leitura;- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se

    pede;- No se deve preocupar com a arrumao das letras nas

    alternativas; - As perguntas so fceis, dependendo de quem l o texto ou

    como o leu;- Cuidado com as opinies pessoais, elas no existem;- Sentir, perceber a mensagem do autor;- Cuidado com a exatido das questes em relao ao texto;- Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;- Todos os termos da anlise sinttica, cada termo tem seu

    valor, sua importncia;- Todas as oraes subordinadas tm orao principal e as

    ideias se completam.

    Vcios de LeituraPor acaso voc tem o hbito de ler movimentando a cabea?

    Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando baixinho... Voc no percebe, mas esses movimentos so alguns dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos so conhecidos como vcios de linguagem.

    Movimentar a cabea: procure perceber se voc no est movimentando a cabea enquanto l. Este movimento, ao final de pouco tempo, gera muito cansao alm de no causar nenhum efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.

    Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que tm dificuldade de memorizar um assunto, que no compreendem algumas expresses ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movimento apenas incrementa a falta de memria, pois secciona a linha de raciocnio e raramente explica o desconhecido, o que normalmente elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter uma sequncia e no fique indo e vindo no livro. O assunto pode se tornar um bicho de sete cabeas!

    Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas palavras que apenas servem como adereos. Procure ler o conjunto e perceber o seu significado.

    Sub-vocalizao: o ato de repetir mentalmente a palavra. Isto s ser corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de 250 palavras por minuto.

    Usar apoios: algumas pessoas tm o hbito de acompanhar a leitura com rguas, apontando ou utilizando um objeto que salta linha a linha. O movimento dos olhos muito mais rpido quando livre do que quando o fazemos guiado por qualquer objeto.

    Leitura EficienteAo ler realizamos as seguintes operaes:- Captamos o estmulo, ou seja, por meio da viso,

    encaminhamos o material a ser lido para nosso crebro.- Passamos, ento, a perceber e a interpretar o dado sensorial

    (palavras, nmeros, etc.) e a organiz-lo segundo nossa bagagem de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de motivao, de forma a tornar o processo mais otimizado possvel.

    - Assimilamos o contedo lido integrando-o ao nosso arquivo mental e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano.

    A leitura um processo muito mais amplo do que podemos imaginar. Ler no unicamente interpretar os smbolos grficos, mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos todo o nosso tempo lendo!

    O psicanalista francs Lacan disse que o olhar da me configura a estrutura psquica da criana, ou seja, esta se v a partir de como v seu reflexo nos olhos da me! O beb, ento, segundo esta citao, l nos olhos da me o sentimento com que recebido e interpreta suas emoes: se o que encontra rejeio, sua experincia bsica ser de terror; se encontra alegria, sua experincia ser de tranqilidade, etc. Ler est to relacionado com o fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este processo. lendo que vamos construindo nossos valores e estes so os responsveis pela transformao dos fatos em objetos de nosso sentimento.

    Leitura um dos grandes, seno o maior, ingrediente da civilizao. Ela uma atividade ampla e livre, fato comprovado pela frustrao de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja histria j foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as informaes lidas imensa bagagem de conhecimentos que temos armazenados em nosso crebro e ento somos capazes de criar, imaginar e sonhar.

    por meio da leitura que podemos entrar em contato com pessoas distantes ou do passado, observando suas crenas, convices e descobertas que foram imortalizadas por meio da escrita. Esta possibilita o avano tecnolgico e cientfico, registrando os conhecimentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, desde que saibam decodificar a mensagem, interpretando os smbolos usados como registro da informao. A leitura o verdadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em que ele vive!

    O mundo de hoje marcado pelo enorme fluxo de informaes oferecidas a todo instante. preciso tambm tornarmo-nos mais receptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e competitivos. Para isso, imprescindvel leitura que nos estimule cada vez mais em vista dos resultados que ela oferece. Se voc pretende acompanhar a evoluo do mundo, manter-se em dia, atualizado e bem informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura.

  • Observe: voc pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pessoa prxima no se interessar por este assunto. Por outro lado, ser que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre Histria ou esportes? No caso da leitura, no existe livro interessante, mas leitores interessados.

    A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e com o resultado que poder obter, deve pensar no ato de ler como um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente eficaz.

    - Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler. Manter-se descansado muito importante tambm. No adianta um desgaste fsico enorme, pois a reteno da informao ser inversamente proporcional. Uma alimentao adequada muito importante.

    - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela. Nada de ambientes com muitos estmulos que forcem a disperso. Deve ser um local tranquilo, agradvel, ventilado, com uma cadeira confortvel para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminao, deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a pgina acontecer antes de ter sido lida a ltima linha da pgina direita e, de outra forma, haveria a formao de sombra nesta pgina, o que atrapalharia a leitura.

    - Objetos necessrios: para evitar que, durante a leitura, levantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante, devemos colocar lpis, marca-texto e dicionrio sempre mo. Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, preciso aprender a tcnica adequada. No o fazer na primeira leitura, evitando que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de informaes aleatrias.

    Os concursos apresentam questes interpretativas que tm por finalidade a identificao de um leitor autnomo. Portanto, o candidato deve compreender os nveis estruturais da lngua por meio da lgica, alm de necessitar de um bom lxico internalizado.

    As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto em que esto inseridas. Torna-se, assim, necessrio sempre fazer um confronto entre todas as partes que compem o texto. Alm disso, fundamental apreender as informaes apresentadas por trs do texto e as inferncias a que ele remete. Este procedimento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideolgica do autor diante de uma temtica qualquer.

    Exerccios

    Este o caminho: leitura, exerccio, correo, entendimento dos erros. Quanto mais voc entender porque errou, mais estar aprendendo.

    Esaf: Leia atentamente o texto para responder s questes de 1 a 4.

    Parques em chamas Saudados por ecologistas como arcas de No para o

    futuro, por serem repositrios de espcies animais e vegetais em extino acelerada noutras reas do pas, alguns dos 25 parques nacionais do Brasil tiveram, na semana passada,

    a sua paisagem mutilada pelo fogo. A rigorosa estiagem que acompanha o inverno no CentroSul ressecou a vegetao e abriu caminho para que as chamas tragassem 6 dos 33 quilmetros quadrados do Parque Nacional da Tijuca, pegado cidade do Rio de Janeiro, e convertessem em carvo 10% dos 300 quilmetros quadrados do Parque Nacional do Itatiaia, na divisa de Minas Gerais com o Estado do Rio.

    Contido pelos bombeiros j no fim de semana, na Tijuca, e abafado por uma providencial chuva no ltatiaia, na quartafeira o fogo pipocou em outro extremo do pas. Naquele dia, o incndio comeou no Parque da Serra da Capivara, no serto do Piau, calcinado h seis anos pela seca, e avanou pela caatinga, que esconde as pinturas rupestres inscritas na rocha, h pelo menos 31.500 anos, pelo homem brasileiro prhistrico.

    (Isto , 221811984)

    1. O autor justifica o fato de os ecologistas referiremse aos parques nacionais como arcas de No para o futuro da seguinte maneira:

    a) Porque so reas preservadas da caa e pesca indiscriminadas.

    b) Porque ocupam espaos administrativamente delimitados pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal.

    c) Porque espcies animais e vegetais que esto se extinguindo em outras regies tm preservada sua sobrevivncia nesses parques.

    d) Porque nesses parques colecionamse casais de espcies animais e vegetais em extino noutras reas.

    e) Porque h agentes florestais incumbidos de zelar pelos animais e vegetais dos parques.

    Resposta C.

    2. A respeito dos incndios referidos pelo autor, depreendese do texto que:

    a) Embora tivessem ameaado espcies animais e vegetais raras, apresentaram um lado positivo: aumentaram a produo de carvo.

    b) Foram provocados pela rigorosa estiagem do inverno, no CentroSul, e pela seca prolongada no serto nordestino.

    c) No foram combatidos com presteza e eficincia pelos bombeiros.

    d) S foram debelados por providenciais chuvas que eventualmente vieram a cair sobre os parques.

    e) Destruram parte da flora e fauna das reservas, desfigurando sua paisagem.

    Resposta Ea) Errado. O texto no fala que a produo de carvo positiva.b) Errado. Segundo o texto, a estiagem abriu caminho para

    que as chamas tragassem...; de acordo com esta alternativa a estiagem provocou o incndio. Abrir caminho no provocar.

    c) Errado. Se os bombeiros apagaram o fogo, pelo menos foram eficientes.

    d) Errado.e) Certo.

  • 3. Depreendese que o autor do texto, em relao ao fato descrito, manifesta:

    a) Descaso b) Hesitao c) Desesperana d) Pesar e) IndiferenaResposta D. paisagem mutilada pelo fogo

    4. Aponte a nica concluso que estrita e licitamente deduzvel do texto:

    a) As chamas serviram para mostrar a precria situao dos parques brasileiros.

    b) Devem ser tomadas providncias para dotar os parques de meios para se protegerem dos incndios.

    c) Devem ser desencadeadas campanhas para conscientizar a populao de como evitar incndio nos parques.

    d) Parte da culpa dos incndios cabe s autoridades responsveis pelas reservas e parques.

    e) O incndio no Parque da Serra da Capivara ameaou valioso patrimnio histrico e antropolgico.

    Resposta B.No comando deveria estar escrito dedutvel (que se deduz)

    porque no existe a palavra deduzvel.a) Errado. No se pode deduzir estrita e licitamente que se

    alguns dos 25 parques (o texto s fala em trs deles) esto em situao difcil, todos estaro. Trs no so vinte e cinco.

    b) Certo. O que seria competncia, por exemplo, dos legisladores. Os responsveis pelos parques no so culpados de no terem condies.

    c) Errado. O texto no culpa a populao nem as autoridades responsveis pelos parques e reservas.

    d) Errado. O texto no culpa a populao nem as autoridades responsveis pelos parques e reservas.

    e) Errado. Se as pinturas rupestres existem h pelo menos 31.500 anos, certamente j resitiram a inmeros incndios, o que no justifica dizer que um incndio constitua ameaa a elas.

    MPU auxiliar Esaf: Para responder s questes de 5 a 9, leia o texto a seguir.

    Procurase uma explicao

    Um mundo de mistrios se esconde por trs dos pequenos anncios. Nunca pude avaliar, pelas suas frmulas, quais as suas verdadeiras intenes. Fico a imaginar se o desespero de quem vende est na mesma proporo emocional de quem quer comprar.

    Objetos perdidos, quase sempre de estimao, documentos importantes, cachorrinhos desaparecidos, tudo na base do gratificase bem. Mas o que gratificar bem, por exemplo, a uma pessoa que acha uma carteira com pouco dinheiro?

    Acho que h um pouco de ironia e de deboche da parte de toda pessoa que pe um anncio e muito boa vontade da parte de quem acha que ali est a sua oportunidade. H vrios anos que encontro promessas de Iugar de futuro e acho incompreensvel que esse futuro no chegue nunca, e que as vagas continuem sempre disponveis. Ou as pessoas acabam por descobrir que o seu futuro est fora dali ou so outras

    firmas que esto se iniciando para oferecer novos futuros a futuros candidatos. H uma certa iluso de lado a lado: quem anuncia o futuro dos outros est pensando no seu presente e quem procura o seu futuro no presente de quem anuncia acaba fazendo o futuro dos outros.

    At que ponto sincero um anncio que procura moas de boa aparncia, de 18 a 25 anos, com prtica de datilografia e um mnimo de 150 batidas certas por minuto? to necessrio que sejam todas as batidas certas?

    E esses que vivem vendendo objetos, um de cada vez, por motivo de viagem? Ser que o dinheirinho de um aparelho de televiso ou de uma mquina de costura ou de um gravador ltimo tipo lhes pagar a passagem? Talvez a viagem seja consequncia: depois de vender os objetos, o melhor ser mesmo abandonar a cidade.

    E os tcnicos? impressionante como tem gente especializada anunciando sua especialidade. Mecnicos e eletricistas montam e desmontam qualquer aparelho em menos de cinco minutos, e no fim sempre nos entregam trs ou quatro parafusos que no tm a menor utilidade. Penso na economia monstruosa que as fbricas fariam se, ao montarem seus aparelhos, houvessem contratado os tcnicos do atendese a domiclio.

    (Eliachar, Leon. O Homem ao Cubo. Rio deJaneiro: Francisco Alves S.A., 6 ed., adoptado)

    5. Ao falar de pequenos anncios, o autor referesea) Essencialmente aos que tratam de empregos. b) Especificamente aos que oferecem servios. c) Exclusivamente aos que falam de objetos perdidos. d) Genericamente a vrios tipos de anncios. e) Somente aos anncios de compra e venda.Resposta D. Objetos perdidos, lugar de futuro = emprego,

    tcnicos = servios (venda).

    6. A expresso que no aparece nos anncios que o autor menciona :

    a) lugar de fututo b) gratifica-se bem c) procura-se uma explicao d) atende-se a domiclioe) por motivo de viagemResposta C.

    7. Conforme o texto, os tcnicos que anunciaram sua especialidade:

    a) Trabalham com rapidez, mas no conseguem encaixar todas as peas de um aparelho.

    b) Trabalham melhor que os das fbricas, resultando disto maior economia para as montadoras.

    c) Entendem mais da montagem dos aparelhos que os tcnicos das fbricas de eletrodomsticos.

    d) Duvidam da competncia dos mecnicos e eletricistas das grandes fbricas.

    e) Pretendem conseguir uma contratao como mecnicos ou eletricistas em firmas conceituadas.

    Resposta A

  • 8. As frmulas dos anncios a que se refere o autor dizem respeito:

    a) especificao b) quantidadec) Ao argumentod) Ao contedoe) correoResposta C. Nunca pude avaliar, pelas suas frmulas (=pelo que argumental

    gratifica-se bem, lugar de futuro, por motivo de viagem), quais as suas verdadeiras intenes (= o que realmente querem dizer).

    9. Assinale a opo que expressa o significado da seguinte frase do texto: ... quem procura o seu futuro no presente de quem anuncia acaba fazendo o futuro dos outros.

    a) Quem oferece melhoria de vida aos outros atravs de anncios pretende melhorar a prpria vida.

    b) Aquele que pretende encontrar boas oportunidades nos anncios proporciona lucros ao anunciante.

    c) O anunciante projeta seus atuais objetivos nas pretenses dos leitores.

    d) Quem busca o seu futuro no futuro dos outros prejudica irremediavelmente seu presente.

    e) O anunciante procura melhorar a vida do leitor independentemente de suas intenes.

    Resposta B.Observe que a frase ... quem procura seu futuro no presente

    de quem anuncia acaba fazendo o futuro dos outros pode ser reduzida a quem procura ... faz o futuro dos outros, em que o sujeito quem procura o leitor e os outros so os anunciantes.

    A nica alternativa que pe na ordem certa de importncia do texto leitor anunciante a letra b. Compare: letra a) anunciante anunciante; c) anunciante leitor; d) leitor leitor; e) anunciante leitor.

    MPU nvel tcnico MF: Leia o trecho abaixo para responder s questes de 10 a 14

    A rigor, se cometssemos para com a publicidade o ingnuo extremismo de acreditar plenamente no seu discurso, teramos nossa frente a mais desvairada das utopias. A sua eficincia, elevada ao absurdo, consistiria em fazer com que o consumidor, ao consumir um produto, incorporasse sua percepo sensorial um deleite Sublime, um estado nirvnico, um gozo celetial.

    A se ressalvar e a se ressaltar, porm, a defasagem entre a promessa publicitria e o real preenchimento proporcionado pelos bens de consumo, conclui-se tristemente que o saldo bastante negativo: a felicidade prometida muito fugaz e o retorno ao abismo da lacuna primordial da conscincia da finitude ainda maior, uma vez que a busca do sublime esteve exacerbada por estmulos fantasiosos. Cada vez que o paraso prometido, represemase (ritualizase) o drama do retorno. Cada vez que esse retorno frustrado, dramatizase, outra vez, o mito da queda.

    A promessa de preenchimento d lugar ao vazio. Existncia e angstia retornam sua condio de paralelismo. Compreendese ento o quanto a retrica publicitria era irreal, sublimadora. E uma leitura literalizante desse discurso delirante colocase de imediato lidando com uma elaborao profundamente onrica. Literalmente, a publicidade uma fbrica de sonhos.

    (Extrado de A promessa do paraso j, Lus Martins, Humanidades,

    Ano IV, 1987/88, n15, p. 110/111)

    10. O tema central do fragmento acima :a) A publicidade desequilibra a relao de foras existente

    entre a demanda e a oferta de bens de consumo. b) Dramatizar o mito da queda o objetivo perseguido

    pela retrica publicitria. c) H uma similaridade estrutural entre a elaborao

    publicitria e a elaborao onrica.d) Os comerciais veiculados pelos meios de comunicao

    cumprem o papel de informar o consumidor em potencial sobre as reais qualidades dos produtos.

    e) Ao adquirir bens de consumo, o consumidor sublima suas carncias afetivas num estado de deleite sublime.

    Resposta C.Reler as quatro ltimas linhas do texto (onrico = de sonho).

    11. leitura literal da retrica publicitria associamse vrios termos no texto, exceto:

    a) Deleite sublime b) Estado nirvnico c) Gozo celestial d) Conscincia da finitude e) Estmulos fantasiososResposta D. a nica alternativa de significado negativo. A publicidade,

    no texto, s busca ressaltar o lado positivo.

    12. Uma leitura errada do texto levaria a afirmar que:a) Interpretar literalmente o discurso publicitrio uma

    atitude ingnua. b) A publicidade elabora um cenrio onrico para os

    objetos da sociedade industrial. c) O discurso publicitrio formulado com mensagens que

    se sustentam no princpio do prazer. d) A felicidade prometida nas propagandas d ao homem

    a conscincia de sua finitude. e) Est incorporado publicidade o componente mtico de

    retorno ao parasoResposta D.A conscincia de finitude acontece s depois que a iluso

    despertada pela publicidade acaba. A felicidade prometida nas propagandas d ao homem a iluso.

    13. Drama do retorno e mito da queda, no texto, referemse a:

    a) Elaborao da primeira verso da publicidade e sua recusa pelo cliente que a encomendou.

    b) Retorno dos comerciais aos meios de comunicao devido queda do faturamento das empresas.

  • c) Promessas fantasiosas contidas nos anncios e decepo do consumidor por no vlas realizadas ao adquirir o produto.

    d) Estado nirvnico do publicitrio no momento de criao da propaganda e posterior decepo ao vlo rejeitado pelo diretor de marketing.

    e) Mitos de povos primitivos a respeito das concepes de Paraso e Inferno.

    Resposta C.Por excluso, chega-se a esta resposta, porm, como o

    comando se refere a Drama do retorno e mito da queda, a alternativa melhor seria: decepo do consumidor por no ver realizadas as promessas da propaganda.

    14. Assinale a letra que contm o enunciado falso.a) Colocadas em sequncia, as expresses a se ressalvar

    e a se resaltar so equivalentes quanto ao contedo.b) O segmento - da conscincia da finitude explica a

    expresso lacuna primordial.c) O termo (ritualiza-se) especifica o sentido de

    representa-se.d) As expresses deleite sublime, estado nirvnico,

    gozo celestial, colocadas em sequncia, reiteram a mesma ideia.

    e) Em sua eficincia, o possessivo refere-se eficincia da publicidade.

    Resposta A.Ressalvar = corrigir, prevenir com ressalva, excetuar...

    Ressaltar = destacar, sobressair, dar relevo...

    (TJ-SP) Oficial de Justia

    Leia a charge para responder s questes de nmeros 15 e 16.

    15. Considerando-se o contexto apresentado na charge, correto afirmar que:

    a) se mostra a tecnologia estendida a todos os grupos da sociedade, que a utilizam bem, j que os usurios no subestimam seu potencial.

    b) se define o avano tecnolgico do pas levando em considerao, principalmente, a poltica pblica para o acesso a esse tipo de bem.

    c) se estabelece uma relao paradoxal entre os avanos obtidos na rea tecnolgica e as condies de vida a que est sujeita expressiva parcela da populao.

    d) se pode entender como positiva a nova relao do homem com as mquinas, j que elas tiram expressiva parcela da populao de condies aviltantes de vida.

    e) se veem a criticidade e o bom senso de grande parte da populao menos favorecida para o uso adequado das novas tecnologias no cotidiano.

    Resposta C.Sim, a charge ilustra o paradoxo (a contradio) que h na

    implementao de programas de incluso digital em um pas com elevado nmero de pessoas excludas socialmente (privao, falta de recursos ou, de uma forma mais abrangente, ausncia de cidadania, se, por esta, se entender a participao plena na sociedade, aos diferentes nveis em que esta se organiza e se exprime: ambiental, cultural, econmico, poltico e social).

    16. Levando-se em considerao a situao em que as personagens se encontram, correto afirmar que a fala proferida por uma delas se marca pelo(a)

    a) entusiasmo.b) displicncia.c) mau humor.d) ironia.e) redundncia.Resposta D. A fala irnica (instrumento de literatura que consiste em

    dizer o contrrio daquilo que se pensa, deixando entender uma distncia intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia a arte de gozar com algum ou de alguma coisa, com vista a obter uma reao do leitor, ouvinte ou interlocutor. Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor descreve a realidade com termos aparentemente valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada posio), pois demonstra que o programa de incluso digital no atinge seus reais objetivos entre aqueles que ainda precisam de incluso social: s pessoas sem moradia, mais vale o computador como material combustvel que conectado rede.

    As questes de nmeros 17 a 20 baseiam-se no texto.

    ONU pede ampliao de programas sociais do Brasil SO PAULO Os programas adotados no governo federal ainda no so suficientes para lidar com problemas de desigualdade, reforma agrria, moradia, educao e trabalho escravo, informou ontem a Organizao das Naes Unidas (ONU). Comit da entidade pelos direitos econmicos e sociais pede uma reviso do Bolsa-Famlia, uma maior eficincia do programa e sua universalizao. Por fim, constata: a cultura da violncia e da impunidade reina no Pas.

    A ONU sugere que o Brasil amplie o Bolsa-Famlia para camadas da populao que no recebem os benefcios, incluindo os indgenas. E cobra a reviso dos mecanismos de acompanhamento do programa para garantir acesso de todas as famlias pobres, aumentando ainda a renda distribuda.

    H duas semanas, o comit sabatinou membros do governo em Genebra, na Sua. O documento com as sugestes resultado da avaliao dos peritos do comit que inclui o exame de dados passados pelo governo e por cinco relatrios alternativos apresentados por organizaes no-governamentais (ONGs).

  • Os peritos reconhecem os avanos no combate pobreza, mas insistem que a injustia social prevalece. Um dos pontos considerados como crticos a diferena de expectativa de vida e de pobreza entre brancos e negros. A sugesto da ONU que o governo tome medidas mais focadas. Na viso do rgo, a excluso decorrente da alta proporo de pessoas sem qualquer forma de segurana social, muitos por estarem no setor informal da economia.

    (www.estadao.com.br/nacional/not_nac377078,0.htm. 26.05.2009. Adaptado)

    17. O texto do Estadoa) harmoniza-se com a charge, j que o relatrio

    apresentado pela ONU aponta a existncia da injustia social no pas.

    b) no mantm uma relao temtica com a charge, pois enfoca a necessidade de reviso dos programas sociais.

    c) trata do mesmo assunto apresentado na charge, mostrando a superao dos problemas sociais mais graves e urgentes.

    d) ajusta-se ideia expressa na charge de que os avanos tecnolgicos trouxeram inmeros benefcios aos menos favorecidos.

    e) discute a questo dos direitos econmicos e sociais, o que o distancia do assunto da charge, ou seja, a excluso social.

    Resposta A.Na verdade, Injustia Social nada mais do que o fato de existir

    na sociedade situaes que favoream apenas uma porcentagem (geralmente menor) da populao enquanto outra parte fica sem acesso aos meios, essenciais ou no, para o homem. Assim como a notcia veiculada no Estado, a charge trata da injustia social no pas, ao anunciar que a excluso social atinge 28 mil famlias.

    18. De acordo com o texto, em relao aos programas adotados no governo federal para lidar com os problemas sociais, a ONU deixa evidente que eles

    a) se mostram arrojados.b) devem ser ampliados.c) no precisaro de melhorias.d) extinguiram as desigualdades.e) combatem eficazmente a pobreza.Resposta B.O perodo que torna essa alternativa verdadeira : A ONU

    sugere que o Brasil amplie o Bolsa-Famlia para camadas da populao que no recebem os benefcios, incluindo os indgenas. E cobra a reviso dos mecanismos de acompanhamento do programa para garantir acesso de todas as famlias pobres, aumentando ainda a renda distribuda.

    19. No 1. pargrafo do texto, o termo universalizao aparece grafado entre aspas. Isso ocorre porque se pretende enfatizar que o benefcio deve

    a) atingir a todas as pessoas que o solicitem, independentemente de classe social.

    b) ser proporcionado a um contingente de pessoas que est fora da pobreza.

    c) estar na mira de pessoas incautas, que dele se beneficiam sem terem direito.

    d) ser, paulatinamente, oferecido a um nmero menor de pessoas dentro e fora do pas.

    e) estender-se a todas as famlias pobres e a camadas da populao excludas de receb-lo.

    Resposta E.O sentido real (denotativo) da palavra universalizao a

    superao dos limites sociais, econmicos e mercantilistas que existem hoje em todos os servios que ainda so pblicos e estatais. A universalizao a superao das relaes patrimonialistas que determinaram e determinam os aparelhos do Estado que ainda possuem propriedade estatal e a absoluta garantia de acesso e atendimento aos servios pblicos. Portanto, no para atender todos os excludos ou mesmo todos os explorados, mas sim para atender a todos que queiram ou precisem dos servios pblicos. E, para isso, os servios devem ser construdos, planejados e administrados, fato que exige uma absoluta revoluo no modelo de administrao pblica no Brasil. Mas as aspas esto dando outro significado para a palavra universalizao, est restringindo o seu significado somente s famlias pobres e a camadas da populao excludas.

    20. Com a frase A sugesto da ONU que o governo tome medidas mais focadas. entende-se que as medidas devem ser

    a) diludas.b) controladas.c) direcionadas.d) competentes.e) amplas.Resposta C.Focar significa pr em evidncia, tomar por foco. Por

    isso, medidas focadas so medidas direcionadas (a um foco).

    TIPOLOGIA TEXTUAL

    Para escrever um texto, necessitamos de tcnicas que implicam no domnio de capacidades lingusticas. Temos dois momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de express-los por escrito (o escrever propriamente dito). Fazer um texto, seja ele de que tipo for, no significa apenas escrever de forma correta, mas sim, organizar ideias sobre determinado assunto.

    E para expressarmos por escrito, existem alguns modelos de expresso escrita: Descrio Narrao Dissertao

    Descrio- expe caractersticas dos seres ou das coisas, apresenta uma

    viso;- um tipo de texto figurativo;- retrato de pessoas, ambientes, objetos;- predomnio de atributos;- uso de verbos de ligao;- frequente emprego de metforas, comparaes e outras

    figuras de linguagem;- tem como resultado a imagem fsica ou psicolgica.

  • Narrao- expe um fato, relaciona mudanas de situao, aponta

    antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);- um tipo de texto sequencial;- relato de fatos;- presena de narrador, personagens, enredo, cenrio, tempo;- apresentao de um conflito;- uso de verbos de ao;- geralmente, mesclada de descries;- o dilogo direto frequente.

    Dissertao- expe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;- um tipo de texto argumentativo.- defesa de um argumento:a) apresentao de uma tese que ser defendida,b) desenvolvimento ou argumentao,c) fechamento;- predomnio da linguagem objetiva;- prevalece a denotao.

    Descrio

    a representao com palavras de um objeto, lugar, situao ou coisa, onde procuramos mostrar os traos mais particulares ou individuais do que se descreve. qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens.

    Sempre que se expe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a algum, est fazendo uso da descrio. No necessrio que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepo. Dessa forma, o que ser importante ser analisado para um, no ser para outro.

    A vivncia de quem descreve tambm influencia na hora de transmitir a impresso alcanada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoo vivida ou sentimento.

    Exemplos:(I) De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas

    a penumbra dos ramos cobria o atalho.Ao seu redor havia rudos serenos, cheiro de rvores, pequenas

    surpresas entre os cips. Todo o jardim triturado pelos instantes j mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.

    (extrado de Amor, Laos de Famlia, Clarice Lispector)

    (II) Chamavase Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligncia tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criana fina, plida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retiravase antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.

    (Machado de Assis. Conto de escola. Contos. 3ed. So Paulo, tica, 1974, pgs. 3132.)

    Esse texto traa o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava.

    Devese notar:- que todas as frases expem ocorrncias simultneas (ao

    mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai);

    - por isso, no existe uma ocorrncia que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato (no nvel dos acontecimentos, entrar na escola cronologicamente anterior a retirarse dela; no nvel do relato, porm, a ordem dessas duas ocorrncias indiferente: o que o escritor quer explicitar uma caracterstica do menino, e no traar a cronologia de suas aes);

    - ainda que se fale de aes (como entrava, retiravase), todas elas esto no pretrito imperfeito, que indica concomitncia em relao a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, portanto, no denota nenhuma transformao de estado;

    - se invertssemos a sequncia dos enunciados, no correramos o risco de alterar nenhuma relao cronolgica poderamos mesmo colocar o ltmo perodo em primeiro lugar e ler o texto do fim para o comeo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...

    Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados pode ser invertida, est-se pensando apenas na ordem cronolgica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos so descritos produz determinados efeitos de sentido.

    Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer certas modificaes no texto, pois este contm anafricos (palavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou catafricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem perder sua funo e assim no ser compreendidos. Se tomarmos uma descrio como As flores manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas alteraes, para que o texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor. Como, na verso original, o pronome oblquo as um anafrico que retoma flores, se alterarmos a ordem das frases ele perder o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra flores para a primeira frase e retom-la com o anafrico elas na segunda.

    Por todas essas caractersticas, dizse que o fragmento do conto de Machado descritivo. Descrio o tipo de texto em que se expem caractersticas de seres concretos (pessoas, objetos, situaes, etc.) consideradas fora da relao de anterioridade e de posterioridade.

    Caractersticas:- Ao fazer a descrio enumeramos caractersticas,

    comparaes e inmeros elementos sensoriais;- As personagens podem ser caracterizadas fsica e

    psicologicamente, ou pelas aes;- A descrio pode ser considerada um dos elementos

    constitutivos da dissertao e da argumentao;- impossvel separar narrao de descrio;- O que se espera no tanto a riqueza de detalhes, mas sim

    a capacidade de observao que deve revelar aquele que a realiza.

  • - Utilizam, preferencialmente, verbos de ligao. Exemplo: (...) ngela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo desenvolvimento das propores. Grande, carnuda, sangunea e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da multido (...) (Raul Pompia O Ateneu)

    - Como na descrio o que se reproduz simultneo, no existe relao de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados.

    - Devemse evitar os verbos e, se isso no for possvel, que se usem ento as formas nominais, o presente e o pretrio imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferncia aos verbos que indiquem estado ou fenmeno.

    - Todavia deve predominar o emprego das comparaes, dos adjetivos e dos advrbios, que conferem colorido ao texto.

    A caracterstica fundamental de um texto descritivo essa inexistncia de progresso temporal. Podese apresentar, numa descrio, at mesmo ao ou movimento, desde que eles sejam sempre simultneos, no indicando progresso de uma situao anterior para outra posterior. Tanto que uma das marcas lingusticas da descrio o predomnio de verbos no presente ou no pretrito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitncia em relao ao momento da fala; o segundo, em relao a um marco temporal pretrito instalado no texto.

    Para transformar uma descrio numa narrao, bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para transform-lo em narrao, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertouse desse medo...

    Caractersticas Lingusticas:O enunciado narrativo, por ter a representao de um

    acontecimento, fazer-transformador, marcado pela temporalidade, na relao situao inicial e situao final, enquanto que o enunciado descritivo, no tendo transformao, atemporal.

    Na dimenso lingustica, destacam-se marcas sinttico-semnticas encontradas no texto que vo facilitar a compreenso:

    - Predominncia de verbos de estado, situao ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).

    - Enfse na adjetivao para melhor caracterizar o que descrito; Exemplo:

    Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoo

    entalado num colarinho direito. O rosto aguado no queixo ia-se alargando at calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha outra lhe faziam colar por trs da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho calva; mas no tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, cado aos cantos da boca. Era muito plido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crnio.

    (Ea de Queiroz - O Primo Baslio)

    - Emprego de figuras (metforas, metonmias, comparaes, sinestesias). Exemplo:

    Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, no muito

    gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chins. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliosa e saltitante que lhe dava petulncia de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue.

    (Jos de Alencar - Senhora)

    - Uso de advrbios de localizao espacial. Exemplo: At os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e

    essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois voc entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; a voc entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saam trs portas; no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrs ainda tinha um galpo, que era o lugar da baguna...

    (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)

    Recursos:- Usar impresses cromticas (cores) e sensaes trmicas.

    Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol. - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, prprias, exatas,

    concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um cu sereno, uma pureza de cristal.

    - As sensaes de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.

    - A frase curta e penetrante d um sentido de rapidez do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente.

    A descrio pode ser apresentada sob duas formas:Descrio Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a

    passagem so apresentadas como realmente so, concretamente. Ex: Sua altura 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparncia atltica, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos.

    No se d qualquer tipo de opinio ou julgamento. Exemplo: A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central que se alcanava por trs degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro guas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...). (Pedro Nava Ba de Ossos)

    Descrio Subjetiva: quando h maior participao da emoo, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem so transfigurados pela emoo de quem escreve, podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Ex: Nas ocasies de aparato que se podia tomar pulso ao homem. No s as condecoraes gritavam-lhe no peito como uma couraa de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei... (O Ateneu, Raul Pompia)

    (...) Quando conheceu Joca Ramiro, ento achou outra esperana maior: para ele, Joca Ramiro era nico homem, par-de-frana, capaz de tomar conta deste serto nosso, mandando por lei, de sobregoverno. (Guimares Rosa Grande Serto: Veredas)

    Os efeitos de sentido criados pela disposio dos elementos descritivos:

    Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progresso temporal, a ordem dos enunciados na descrio indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou caractersticas que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela no indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou viceversa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos.

  • Observe os dois quartetos do soneto Retrato Prprio, de Bocage:

    Magro, de olhos azuis, caro moreno,bem servido de ps, meo de altura,triste de facha, o mesmo de figura,nariz alto no meio, e no pequeno.

    Incapaz de assistir num s terreno,mais propenso ao furor do que ternura;bebendo em nveas mos por taa escurade zelos infernais letal veneno.

    Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmo,1968, pg. 497.

    O poeta descrevese das caractersticas fsicas para as caractersticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido no seria o mesmo, pois as caractersticas fsicas perderiam qualquer relevo.

    O objetivo de um texto descritivo levar o leitor a visualizar uma cena. como traar com palavras o retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas caractersticas exteriores, facilmente identificveis (descrio objetiva), ou suas caractersticas psicolgicas e at emocionais (descrio subjetiva).

    Uma descrio deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, tambm denominado adjetivao. Para facilitar o aprendizado desta tcnica, sugerese que o concursando, aps escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locuo adjetiva.

    Descrio de objetos constitudos de uma s parte:- Introduo: observaes de carter geral referentes

    procedncia ou localizao do objeto descrito.- Desenvolvimento: detalhes (l parte) formato (comparao

    com figuras geomtricas e com objetos semelhantes); dimenses (largura, comprimento, altura, dimetro etc.)

    - Desenvolvimento: detalhes (2 parte) material, peso, cor/brilho, textura.

    - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto como um todo.

    Descrio de objetos constitudos por vrias partes:- Introduo: observaes de carter geral referentes

    procedncia ou localizao do objeto descrito.- Desenvolvimento: enumerao e rpidos comentrios das

    partes que compem o objeto, associados explicao de como as partes se agrupam para formar o todo.

    - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo (externamente) formato, dimenses, material, peso, textura, cor e brilho.

    - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto em sua totalidade.

    Descrio de ambientes:- Introduo: comentrio de carter geral.- Desenvolvimento: detalhes referentes estrutura global

    do ambiente: paredes, janelas, portas, cho, teto, luminosidade e aroma (se houver).

    - Desenvolvimento: detalhes especficos em relao a objetos l existentes: mveis, eletrodomsticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos.

    - Concluso: observaes sobre a atmosfera que paira no ambiente.

    Descrio de paisagens:- Introduo: comentrio sobre sua localizao ou qualquer

    outra referncia de carter geral.- Desenvolvimento: observao do plano de fundo (explicao

    do que se v ao longe).- Desenvolvimento: observao dos elementos mais prximos

    do observador explicao detalhada dos elementos que compem a paisagem, de acordo com determinada ordem.

    - Concluso: comentrios de carter geral, concluindo acerca da impresso que a paisagem causa em quem a contempla.

    Descrio de pessoas (I):- Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer

    aspecto de carter geral.- Desenvolvimento: caractersticas fsicas (altura, peso, cor da

    pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).- Desenvolvimento: caractersticas psicolgicas

    (personalidade, temperamento, carter, preferncias, inclinaes, postura, objetivos).

    - Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter geral.

    Descrio de pessoas (II):- Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer

    aspecto de carter geral.- Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas,

    associadas s caractersticas psicolgicas (1 parte).- Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas,

    associadas s caractersticas psicolgicas (2 parte).- Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter

    geral.

    A descrio, ao contrrio da narrativa, no supe ao. uma estrutura pictrica, em que os aspectos sensoriais predominam. Porque toda tcnica descritiva implica contemplao e apreenso de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrio focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.

    Conforme o objetivo a alcanar, a descrio pode ser no-literria ou literria. Na descrio no-literria, h maior preocupao com a exatido dos detalhes e a preciso vocabular. Por ser objetiva, h predominncia da denotao.

    Textos descritivos no-literrios: A descrio tcnica um tipo de descrio objetiva: ela recria o objeto usando uma linguagem cientfica, precisa. Esse tipo de texto usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peas que os compem, para descrever experincias, processos, etc.

    Exemplo: Folheto de propaganda de carro

  • Conforto interno - impossvel falar de conforto sem incluir o espao interno. Os seus interiores so amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant possuem direo hidrulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a climatizao perfeita do ambiente.

    Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para at 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.

    Tanque - O tanque de combustvel confeccionado em plstico reciclvel e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a deformao em caso de coliso.

    Textos descritivos literrios: Na descrio literria predomina o aspecto subjetivo, com nfase no conjunto de associaes conotativas que podem ser exploradas a partir de descries de pessoas; cenrios, paisagens, espao; ambientes; situaes e coisas. Vale lembrar que textos descritivos tambm podem ocorrer tanto em prosa como em verso.

    Narrao

    A Narrao um tipo de texto que relata uma histria real, fictcia ou mescla dados reais e imaginrios. O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espao, organizados por uma narrao feita por um narrador. uma srie de fatos situados em um espao e no tempo, tendo mudana de um estado para outro, segundo relaes de sequencialidade e causalidade, e no simultneos como na descrio. Expressa as relaes entre os indivduos, os conflitos e as ligaes afetivas entre esses indivduos e o mundo, utilizando situaes que contm essa vivncia.

    Todas as vezes que uma histria contada ( narrada), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episdio. por isso que numa narrao predomina a ao: o texto narrativo um conjunto de aes; assim sendo, a maioria dos verbos que compem esse tipo de texto so os verbos de ao. O conjunto de aes que compem o texto narrativo, ou seja, a histria que contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.

    As aes contidas no texto narrativo so praticadas pelas personagens, que so justamente as pessoas envolvidas no episdio que est sendo contado. As personagens so identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos prprios.

    Quando o narrador conta um episdio, s vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando onde (em que lugar) as aes do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ao ou aes chamado de espao, representado no texto pelos advrbios de lugar.

    Alm de contar onde, o narrador tambm pode esclarecer quando ocorreram as aes da histria. Esse elemento da narrativa o tempo, representado no texto narrativo atravs dos tempos verbais, mas principalmente pelos advrbios de tempo. o tempo que ordena as aes no texto narrativo: ele que indica ao leitor como o fato narrado aconteceu.

    A histria contada, por isso, passa por uma introduo (parte inicial da histria, tambm chamada de prlogo), pelo desenvolvimento do enredo ( a histria propriamente dita, o meio, o miolo da narrativa, tambm chamada de trama) e termina com a concluso da histria ( o final ou eplogo). Aquele que conta a histria o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1 pessoa: Eu...) ou impessoal (narra em 3 pessoa: Ele...).

    Assim, o texto narrativo sempre estruturado por verbos de ao, por advrbios de tempo, por advrbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que so os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as aes expressas pelos verbos, formando uma rede: a prpria histria contada.

    Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a histria.

    Elementos Estruturais (I):- Enredo: desenrolar dos acontecimentos.- Personagens: so seres que se movimentam, se relacionam e

    do lugar trama que se estabelece na ao. Revelam-se por meio de caractersticas fsicas ou psicolgicas. Os personagens podem ser lineares (previsveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burgus etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tmido, o avarento etc.), heris ou antiheris, protagonistas ou antagonistas.

    - Narrador: quem conta a histria.- Espao: local da ao. Pode ser fsico ou psicolgico.- Tempo: poca em que se passa a ao. Cronolgico: o

    tempo convencional (horas, dias, meses); Psicolgico: o tempo interior, subjetivo.

    Elementos Estruturais (II):Personagens Quem? Protagonista/AntagonistaAcontecimento O qu? FatoTempo Quando? poca em que ocorreu o fatoEspao Onde? Lugar onde ocorreu o fatoModo Como? De que forma ocorreu o fatoCausa Por qu? Motivo pelo qual ocorreu o fatoResultado - previsvel ou imprevisvel.Final - Fechado ou Aberto.

    Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que no possvel compreend-los isoladamente, como simples exemplos de uma narrao. H uma relao de implicao mtua entre eles, para garantir coerncia e verossimilhana histria narrada.

    Quanto aos elementos da narrativa, esses no esto, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o fato a ser narrado.

    Exemplo:

    Porquinho da ndia

    Quando eu tinha seis anosGanhei um porquinhodanda.Que dor de corao me davaPorque o bichinho s queria estar debaixo do fogo!Levava ele pra salaPra os lugares mais bonitos mais limpinhosEle no gostava:Queria era estar debaixo do fogo.No fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... O meu porquinhodandia foi a minha primeira namorada.

    Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4 ed. Rio de Janeiro, Jos Olympio, 1973, pg. 110.

  • Observe que, no texto acima, h um conjunto de transformaes de situao: ganhar um porquinhodandia passar da situao de no ter o animalzinho para a de tlo; levlo para a sala ou para outros lugares passar da situao de ele estar debaixo do fogo para a de estar em outros lugares; ele no gostava: queria era estar debaixo do fogo implica a volta situao anterior; no fazia caso nenhum das minhas ternurinhas d a entender que o menino passava de uma situao de no ser terno com o animalzinho para uma situao de ser; no ltimo verso temse a passagem da situao de no ter namorada para a de ter.

    Verifica-se, pois, que nesse texto h um grande conjunto de mudanas de situao. isso que define o que se chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa uma mudana de estado pela ao de alguma personagem, uma transformao de situao. Mesmo que essa personagem no aparea no texto, ela est logicamente implcita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um porquinhodandia, porque algum lhe deu o animalzinho.

    Assim, h basicamente, dois tipos de mudana: aquele em que algum recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinhoda ndia) e aquele algum perde alguma coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espao confortvel de debaixo do fogo). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisio e de privao.

    Existem trs tipos de foco narrativo:- Narrador-personagem: aquele que conta a histria na

    qual participante. Nesse caso ele narrador e personagem ao mesmo tempo, a histria contada em 1 pessoa.

    - Narrador-observador: aquele que conta a histria como algum que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a histria contada em 3 pessoa.

    - Narrador-onisciente: o que sabe tudo sobre o enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos ntimos. Narra em 3 pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).

    Estrutura:- Apresentao: a parte do texto em que so apresentados

    alguns personagens e expostas algumas circunstncias da histria, como o momento e o lugar onde a ao se desenvolver.

    - Complicao: a parte do texto em que se inicia propriamente a ao. Encadeados, os episdios se sucedem, conduzindo ao clmax.

    - Clmax: o ponto da narrativa em que a ao atinge seu momento crtico, tornando o desfecho inevitvel.

    - Desfecho: a soluo do conflito produzido pelas aes dos personagens.

    Tipos de Personagens:Os personagens tm muita importncia na construo de um

    texto narrativo, so elementos vitais. Podem ser principais ou secundrios, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou indiretamente.

    A apresentao direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando suas caractersticas fsicas e/ou psicolgicas, j a apresentao indireta se d quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas aes, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.

    - Em 1 pessoa:Personagem Principal: h um eu participante que conta a

    histria e o protagonista. Exemplo:

    Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o corao parecendo querer sair-me pela boca fora. No me atrevia a descer chcara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez e estacava.

    (Machado de Assis. Dom Casmurro)

    Observador: como se dissesse: verdade, pode acreditar, eu estava l e vi. Exemplo:

    Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capito duma maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibiroca.

    Esse gacho desabotinado levou a existncia inteira a cruzar os campos da fronteira; luz do Sol, no desmaiado da Lua, na escurido das noites, na cerrao das madrugadas...; ainda que chovesse reinos acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...

    (...)Aqui h poucos coitado! pousei no arranchamento dele.

    Casado ou doutro jeito, afamilhado. No no vamos desde muito tempo. (...)

    Fiquei verdeando, espera, e fui dando um ajutrio na matana dos leites e no tiramento dos assados com couro.

    (J. Simes Lopes Neto Contrabandista)

    - Em 3 pessoa:Onisciente: no h um eu que conta; uma terceira pessoa.

    Exemplo:

    Devia andar l pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram de borboleta. Por isso no pde defender-se. E saiu rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara mostra, sem mscara piedosa para disfarar o sentimento impreciso de ridculo.

    (Ilka Laurito. Sal do Lrico)

    Narrador Objetivo: no se envolve, conta a histria como sendo vista por uma cmara ou filmadora. Exemplo:

    Festa

    Atrs do balco, o rapaz de cabea pelada e avental olha o crioulo de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meninos de tnis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos com menos de dez anos.

    Os trs atravessam o salo, cuidadosamente, mas resolutamente, e se dirigem para o cmodo dos fundos, onde h seis mesas desertas.

    O rapaz de cabea pelada vai ver o que eles querem. O homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guarans e dois pezinhos.

    __ Duzentos e vinte.

  • O preto concentra-se, aritmtico, e confirma o pedido.__Que tal o po com molho? sugere o rapaz.__ Como?__ Passar o po no molho da almndega. Fica muito mais

    gostoso.O homem olha para os meninos.__ O preo o mesmo informa o rapaz.__ Est certo.Os trs sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como

    se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.O rapaz de cabea pelada traz as bebidas e os copos e, em

    seguida, num pratinho, os dois pes com meia almndega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos pes, enquanto o rapaz cmplice se retira.

    Os meninos aguardam que a mo adulta leve solene o copo de cerveja at a boca, depois cada um prova o seu guaran e morde o primeiro bocado do po.

    O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando criteriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvidos com o sanduche e a bebida.

    Eles no tm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutveis, sentados naquela mesa.

    (Wander Piroli)

    Tipos de Discurso:Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para

    o personagem, sem a sua interferncia. Exemplo:

    Caso de Desquite

    __ Vexame de incomodar o doutor (a mo trmula na boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisav, um neto casado. Agora com mania de mulher. Todo velho sem-vergonha.

    __ Dobre a lngua, mulher. O hominho muito bom. S no me pise, fico uma jararaca.

    __ Se quer sair de casa, doutor, pague uma penso.__ Essa a tem filho emancipado. Criei um por um, est bom?

    Ela no contribuiu com nada, doutor. S deu de mamar no primeiro ms.

    __Voc desempregado, quem que fazia roa?__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui

    jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem ningum por mim. O cu l em cima, noite e dia o hominho aqui na carroa. Sempre o mais sacrificado, est bom?

    __ Se ficar doente, Severino, quem que o atende?__ O doutor j viu urubu comer defunto? Ningum morre s.

    Sempre tem um cristo que enterra o pobre.__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...__ Eu arranjo.__ S a troco de dinheiro elas querem voc. Agora tem dois

    cavalos. A carroa e os dois cavalos, o que h de melhor. Vai me deixar sem nada?

    __ Voc tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca, deixou morrer. Tenho culpa? S quero paz, um prato de comida e roupa lavada.

    __ Para onde foi a lavadeira?__ Quem?__ A mulata.(...)

    (Dalton Trevisan A guerra Conjugal)

    Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:

    Frio

    O menino tinha s dez anos.Quase meia hora andando. No comeo pensou num bonde.

    Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, afastou a idia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos bondes, quela hora da noite, poderiam roub-lo, sem que percebesse; e depois?... Que que diria a Paran?)

    Andando. Paran mandara-lhe no ficar observando as vitrines, os prdios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme e esforando-se para no pensar em nada, nem olhar muito para nada.

    __ Olho vivo como dizia Paran.Devagar, muita ateno nos autos, na travessia das ruas. Ele

    ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas esquinas. O seu coraozinho se apertava.

    Na estao da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatido de seus clculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passavam.

    (Joo Antnio Malagueta, Perus e Bacanao)

    Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fuso entre a fala do personagem e a fala do narrador. um recurso relativamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do sculo XX. Exemplo:

    A Morte da Porta-Estandarte

    Que ningum o incomode agora. Larguem os seus braos. Rosinha est dormindo. No acordem Rosinha. No preciso segur-lo, que ele no est bbado... O cu baixou, se abriu... Esse temporal assim bom, porque Rosinha no sai. Tenham pacincia... Largar Rosinha ali, ele no larga no... No! E esses tambores? Ui! Que venham... guerra... ele vai se espalhar... Por que no est malhando em sua cabea?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele est dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do Pas... Abra-la no alto de uma colina...

    (Anbal Machado)

    Sequncia Narrativa:Uma narrativa no tem uma nica mudana, mas vrias: uma

    coordenase a outra, uma implica a outra, uma subordinase a outra. A narrativa tpica tem quatro mudanas de situao: - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um

    dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma

    competncia para fazer algo); - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou

    devia fazer ( a mudana principal da narrativa);- uma em que se constata que uma transformao se deu e

    em que se podem atribuir prmios ou castigos s personagens (geralmente os prmios so para os bons, e os castigos, para os maus).

  • Toda narrativa tem essas quatro mudanas, pois elas se pressupem logicamente. Com efeito, quando se constata a realizao de uma mudana porque ela se verificou, e ela efetuase porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazla. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a escritura, realizase o ato de compra; para isso, necessrio poder (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).

    Algumas mudanas so necessrias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, necessrio apanhar um bambu ou outro instrumento para derrubla. Para ter um carro, preciso antes conseguir o dinheiro.

    Narrativa e NarraoExiste alguma diferena entre as duas? Sim. A narratividade

    um componente narrativo que pode existir em textos que no so narraes. A narrativa a transformao de situaes. Por exemplo, quando se diz Depois da abolio, incentivouse a imigrao de europeus, temos um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contm uma mudana de situao: do no incentivo ao incentivo da imigrao europia.

    Se a narrativa est presente em quase todos os tipos de texto, o que narrao?

    A narrao um tipo de narrativa. Tem ela trs caractersticas:- um conjunto de transformaes de situao (o texto de

    Manuel Bandeira Porquinho-da-ndia, como vimos, preenche essa condio);

    - um texto figurativo, isto , opera com personagens e fatos concretos (o texto Porquinho-dandia preenche tambm esse requisito);

    - as mudanas relatadas esto organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relao de anterioridade e posterioridade (no texto Porquinhodandia o fato de ganhar o animal anterior ao de ele estar debaixo do fogo, que por sua vez anterior ao de o menino levlo para a sala, que por seu turno anterior ao de o porquinhoda-ndia voltar ao fogo).

    Essa relao de anterioridade e posterioridade sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequncia linear da temporalidade aparea alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano Memrias pstumas de Brs Cubas, quando o narrador comea contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a sequncia temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relaes de anterioridade e de posterioridade.

    Resumindo: na narrao, as trs caractersticas explicadas acima (transformao de situaes, figuratividade e relaes de anterioridade e posterioridade entre os episdios relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha s uma ou duas dessas caractersticas no uma narrao.

    Esquema que pode facilitar a elaborao de seu texto narrativo:

    - Introduo: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que aconteceu, quando e onde.

    - Desenvolvimento: causa do fato e apresentao dos personagens.

    - Desenvolvimento: detalhes do fato.- Concluso: consequncias do fato.

    Caracterizao Formal:Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto

    narrativo apresenta, at certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a criao e o colorido do contexto esto em funo da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a narrao ter diversas abordagens. Assim de grande importncia saber se o relato feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, h a participao do narrador; segundo, h uma inferncia do ltimo atravs da onipresena e oniscincia.

    Quanto temporalidade, no h rigor na ordenao dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto linear e constituindo o que se denomina flashback. O narrador que usa essa tcnica (caracterstica comum no cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar