portugal no século xiii-1

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  1 Portugal no século XIII (A vida quotidiana) A vida quotidiana nas terras senhoriais A nobreza tinha sobretudo funções guerreiras. Participou com os seus exércitos na Reconquista, ao lado do rei, recebendo em troca rendas e terras. O senhorio era pois a propriedade de um nobre na qual viviam camponeses livres e servos. As terras do senhorio estavam divididas em duas partes: a reserva, explorada diretamente pelo senhor e onde trabalhavam os servos e criados; e os mansos ou casais, parcelas arrendadas a camponeses livres em troca de rendas pagas ao senhor. O senhor tinha grandes poderes sobre quem vivia no senhorio (terra do senhor): cobrar impostos, aplicar a justiça, ter um exército privado... Quando não estava em guerra, o senhor nobre ocupava-se a dirigir o senhorio e a praticar exercícios físicos e mili tares (caça, equitação, exercícios desportivos, torneios). Organizava festas e convívios onde, para além do banquete, se tocava, cantava e dançava. Estas festas eram animadas por trovadores e jograis. Jogava-se xadrez, cartas e dados. A dama nobre bordava, passeava e governava a casa. A maioria dos camponeses vivia nos senhorios. Trabalhava muitas horas, de sol a sol, e de forma muito dura. Do que produzia, uma grande parte era entregue ao senhor, como renda. Devia ainda prestar ao senhor outros serviços, como a reparação das muralhas do castelo, e pagar outros impostos, como os que devia pela utilização do moinho, do forno ou do lagar. Vivia em aldeias próximo do castelo do senhor. Morava em casas pequenas, de madeira ou pedra, com chão de terra batida e telhados de colmo. Estas casas tinham apenas uma divisão. A base da alimentação do povo era o pão e o vinho, legumes, ovos, toucinho, queijo... Peixe e carne só muito raramente, geralmente em dias de festa. O seu vestuário era simples, em tecidos grosseiros (linho, lã), fiados e tecidos em casa.

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Resumo Portugal no século XIII 5º ano HGP

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  • 1

    Portugal no sculo XIII (A vida quotidiana)

    A vida quotidiana nas terras senhoriais

    A nobreza tinha sobretudo funes guerreiras. Participou com os seus exrcitos na

    Reconquista, ao lado do rei, recebendo em troca rendas e terras.

    O senhorio era pois a propriedade de um nobre na qual viviam camponeses livres e servos.

    As terras do senhorio estavam divididas em duas partes: a reserva, explorada diretamente

    pelo senhor e onde trabalhavam os servos e criados; e os mansos ou casais, parcelas

    arrendadas a camponeses livres em troca de rendas pagas ao senhor.

    O senhor tinha grandes poderes sobre quem vivia no senhorio (terra do senhor): cobrar

    impostos, aplicar a justia, ter um exrcito privado...

    Quando no estava em guerra, o senhor nobre ocupava-se a dirigir o senhorio e a praticar

    exerccios fsicos e militares (caa, equitao, exerccios desportivos, torneios).

    Organizava festas e convvios onde, para alm do banquete, se tocava, cantava e danava.

    Estas festas eram animadas por trovadores e jograis.

    Jogava-se xadrez, cartas e dados.

    A dama nobre bordava, passeava e governava a casa.

    A maioria dos camponeses vivia nos senhorios. Trabalhava muitas horas, de sol a sol, e de

    forma muito dura. Do que produzia, uma grande parte era entregue ao senhor, como

    renda.

    Devia ainda prestar ao senhor outros servios, como a reparao das muralhas do castelo, e

    pagar outros impostos, como os que devia pela utilizao do moinho, do forno ou do lagar.

    Vivia em aldeias prximo do castelo do senhor. Morava em casas pequenas, de madeira ou

    pedra, com cho de terra batida e telhados de colmo. Estas casas tinham apenas uma

    diviso.

    A base da alimentao do povo era o po e o vinho, legumes, ovos, toucinho, queijo...

    Peixe e carne s muito raramente, geralmente em dias de festa.

    O seu vesturio era simples, em tecidos grosseiros (linho, l), fiados e tecidos em casa.

  • 2

    A vida quotidiana nas terras do clero (mosteiros)

    Tal como a nobreza, o clero era um grupo social privilegiado.

    Tinha a funo de prestar assistncia religiosa s populaes.

    Tinha grandes propriedades que lhe haviam sido doadas pelo rei ou por particulares e no

    pagava impostos.

    Tal como a nobreza, exercia a justia e cobrava impostos a quem vivia nas suas terras.

    Os monges dedicavam a sua vida a Deus. A sua principal atividade era o servio religioso:

    Meditar; Rezar; Cantar cnticos religiosos.

    O clero dividia-se em dois grupos: o clero regular (todos os que pertenciam a uma ordem

    religiosa e viviam num mosteiro) e o clero secular (bispos e padres).

    No mosteiro, para alm de cumprirem as regras impostas pela Ordem a que pertenciam, os

    monges dedicavam-se:

    - Ao ensino (escolas monacais, junto aos mosteiros e episcopais junto s ss catedrais);

    - cpia e feitura de livros (com iluminuras);- assistncia a doentes e peregrinos.

    Em algumas Ordens, os monges dedicavam-se tambm ao trabalho agrcola nas terras do

    mosteiro.

    Algumas Ordens eram militares, tendo combatido contra os Mouros.

    No sculo XIII, faziam-se grandes peregrinaes a santurios para cumprir promessas ou

    rezar junto s relquias. Um dos principais santurios era o de Santiago de Compostela, na

    Galiza.

    A vida quotidiana nos concelhos

    A medida que iam conquistando terras aos Mouros, os nossos primeiros reis precisavam de

    as povoar e fazer cultivar, sobretudo a Sul.

    Para tal, em muitos casos, o rei ou grandes senhores criaram concelhos, para atrair

    povoadores, a troco de direitos e regalias. Os concelhos eram criados atravs de uma Carta

    de Foral.

    Carta de Foral - documento que cria um concelho, estabelece os seus limites e os direitos e

    os deveres dos moradores (vizinhos).

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    Os habitantes dos concelhos, chamados vizinhos, tinham mais direitos e mais autonomia

    que os habitantes dos senhorios pois podiam eleger os seus representantes para a

    administrao e a justia local:

    - Os juzes aplicavam a justia;

    - Os mordomos recebiam os impostos;

    - A assembleia dos homens-bons (os homens mais importantes do concelho) tratava dos

    assuntos de interesse geral e elegiam os juzes e mordomos. Reuniam no Domus

    Municipalis (casa do municpio).

    O rei fazia-se representar nos concelhos atravs do alcaide que era tambm o chefe militar

    que vivia na alcova ou torre do castelo.

    Os direitos e deveres dos habitantes dos concelhos estavam escritos na Carta de Foral.

    O smbolo da autonomia do Concelho era o Pelourinho.

    Havia:

    - Concelhos rurais: os seus moradores eram, maioritariamente, agricultores, pastores e

    alguns artesos;

    - Concelhos urbanos: os moradores eram, maioritariamente, comerciantes e artesos.

    O desenvolvimento do comrcio provocou o crescimento das cidades, tendo a populao

    aumentado. Era nas cidades que viviam os burgueses (mercadores e artesos enriquecidos)

    que, pela sua riqueza e cultura, se distinguem do povo.

    A arquitetura - A arte romnica

    Os edifcios (por ex. as Ss) tinham as seguintes caractersticas:

    Edifcios de pedra; Paredes muitos grossas e baixas; Poucas aberturas e estreitas; Arcos

    redondos.

    A vida quotidiana na corte

    O rei vivia na corte com a sua famlia, conselheiros e altos funcionrios.

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    Como chefe supremo do pas, competia-lhe: fazer as leis; aplicar a justia (s o rei podia

    aplicar a pena de morte e o corte de membros, nos casos de crimes graves. Reservava ainda

    para si o direito de apelo); decidir da paz ou da guerra; cunhar moeda.

    Acompanhado da corte, percorria o pas para o governar e ouvir as queixas das populaes

    sendo ajudado por funcionrios como:

    - O alferes-mor (comandante do exrcito);

    - O chanceler-mor (que autenticava os documentos com o selo real);

    - Os legistas (homens de leis) que constituam o Conselho do Rei.

    Em caso de decises importantes, como declarar a guerra ou lanar novos impostos, o rei

    convocava as cortes, uma reunio de representantes da nobreza, do clero e dos concelhos

    (estes apenas a partir do reinado de D. Afonso III).

    As cortes tinham uma funo consultiva, isto , o rei ouvia a sua opinio mas no era

    obrigado a segui-la.

    A cultura

    D. Dinis foi um dos reis que mais se preocupou com a cultura. Criou:

    - O Estudo Geral (1290, em Lisboa), futura Universidade

    - tornou o portugus lngua oficial do reino (substituindo o latim). Assim todos os

    documentos passaram a ser redigidos em portugus.

    Ele prprio foi poeta, recitando os seus versos nos seres da corte.