portfolio intercambio afrobrasil + marrocos gnaoua

26
Residência Artística e Intercâmbio Musical Brasil-Gnaoua Coletivo Vira Saia Essaouira, Marrocos, Dezembro de 2012

Upload: mo-maie

Post on 28-Dec-2014

310 views

Category:

Education


2 download

DESCRIPTION

Portfolio do intercâmbio artístico e cultural entre a cultura afro-brasileira e marroquina realizado em Essaouira, no Marrocos, no ano de 2012. O evento foi realizado pelo Coletivo Vira Saia e Centro de Movimento Cultural Rosa dos Ventos. Sob o patrocínio do Programa Música Minas, Alliance Franco-Marrocaine d´Essaouira e delegação cultural desta cidade.

TRANSCRIPT

Page 1: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Residência Artística e Intercâmbio Musical Brasil-Gnaoua

Coletivo Vira Saia Essaouira, Marrocos, Dezembro de 2012

Page 2: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Realização

Patrocínio Apoio Cultural

Alliance Franco Marrocainne

d´Essaouira

Page 3: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

os espíritos que iluminam a noite os espíritos que sopram através do vento os espíritos que caminham pelas florestas

e desertos os espíritos que fazem tremer montanhas Os espíritos que enfrentam a tempestade um cavalo de vento que

reina sobre o mar e sobre as espumas do oceano somos escravos da pele recém-marcada. seja testemunhas destas

marcas, que nunca vão se apagar ºº chant gnaoui

Page 4: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Intercâmbio Musical “Tradições Afro-Musicais do Brasil e Marrocos Gnaoua”

O Projeto “Tradições Afro-Musicais do Brasil e Marrocos Gnaoua” foi idealizado e produzido pelo Coletivo Vira Saia e “Rose des

Vents – Centre de Mouviment Cultural” e só pôde ser concretizado graças ao patrocínio do Programa Música Minas e da Aliança

Franco Marrocaine de Essaouira, com o apoio cultural da Delegação de Cultura desta cidade.

Desde Outubro, este projeto desenvolveu oficinas de Ritmos Afro-Brasileiros no Espaço Municipal de Essaouira, Bastion Bab

Marraquech. Nestas oficinas, que foram gratuitas e abertas ao público, a artista brasileira Ana Maria Fonseca iniciou os

participantes em alguns ritmos brasileiros (como o Maracatu e o Congado).

Em dezembro, o Projeto realizou uma semana de intercâmbio e vivências intensivas entre ritmos brasileiros e marroquinos.

Vinda especialmente do Brasil para participar do Projeto, Mônica Elias, cantora do grupo Vira Saia, ministrou oficinas de ritmos

afro-brasileiros e recebeu oficinas de música gnaoua dos músicos marroquinos Aziz, Halid, Limini e Furat.

Durante os processos de trocas musicais das oficinas foi-se afinando a harmonia entre os participantes a fim de realizar um

cortejo pelas ruas da Medina antiga e preparar o repertório musical para o espetáculo “Lila Xirê”, resultado da fusão da música

brasileira com a tradição gnaoua.

Page 5: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

As oficinas foram realizadas gratuitamente e

em aberto para todos da comunidade que

desejassem descobrir mais sobre a história

da Confraria Gnaoua e da música afro-

brasileira, suas nuances, danças e ritmos.

Causando impacto artístico positivo entre

pessoas da comunidade e visitantes

estrangeiros, o Projeto conseguiu alcançar

todos os seus principais objetivos,

propiciando trocas e partilhas musicais,

gerando uma rede transcultural através da

música e abrindo espaços diversos para

futuros intercâmbios e pontes musicais entre

ambas culturas.

Pode-se dizer, dessa maneira, que o Projeto

ainda não terminou, ao contrário, apenas

começou. Inshallah.

As pontes culturais e artísticas que se

abriram continuam abertas e o público pede

bis.

Page 6: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Sobre a Confraria Gnaoua e a música afro-brasileira

No Brasil colonial, o termo "malê" deriva do Yorubá "imale", designando o que significa "muçulmano“. Malê identificava

os negros africanos que sabiam ler e escrever em árabe.

No Marrocos, o “Mâalem” é o mestre que toca o GUEMBRIL, instrumento dotado de imensa magia e poder nos rituais

Gnaoua. Feito de madeira de figueira (ancestralmente era feito a partir da cabaça de abóbora), pele de camelo e

cordas de tripas de cabra, o GUEMBRIL é o instrumento central dentro da concepção geral dos rituais Gnaoua. De

origem sudanesa, suas vibrações de harmônicos graves e ressonância cósmica chegam ao subconsciente e, mediante

repetições, conseguem dar nascimento a uma tensão corporal tão forte no ouvinte que acaba por tocar todos os órgãos

vitais do seu sistema nervoso, provocando o transe, que se crê capaz de curar o corpo e o espírito.

Page 7: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Os Malês (ou Nagôs) ainda em solo africano aceitaram a religião islâmica apropriando-se das tradições e crenças orientais,

onde as inúmeras etnias africanas sincretizaram sua religião matriz "animista" com o Islam, unindo-se as tradições e

doutrinas dos dois mundos (Africano e Oriental-Islâmico).

(Só abrindo um parênteses, “animista” é uma modalidade religiosa que vê espíritos em toda a natureza, sendo esses

espíritos semelhantes ao espírito do homem. Já foi conhecida por fetichismo, que vem de Fetiche, que vem de “feitiço”, que

vem do latim, coisa feiticeira, coisa encantada. )

1

Dessa forma o animismo politeísta africano, que se traduzia em cultuar o viver e o pensar com a natureza, juntou-se

ao Islamismo monoteísta (religião que crê que existe um só Deus, Alá).

É fácil de se entender porquê o Islam Negro influenciou e foi influenciado (tanto na África quanto no Brasil) pela

tradição dos “espíritos” africanos (“ORIXÁS”, no caso do Candomblé Brasileiro e “MLUKS”, no caso da Confraria

Gnaoua, no Marrocos), gerando um islamismo esotérico, compatibilizando representações simbólicas dos espíritos,

rituais, cerimônias e mandingas que mantiveram viva a magia "pagã" dos “ORiXÁS” e “MLUKS”. No caso do Brasil,

ainda se assoma à essa fusão espiritual o catolicismo e práticas indígenas.

Page 8: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

A história parece ter sido espelhada: os negros saíram da África negra e foram levados aos recantos do Brasil e

da África do Norte para trabalharem como escravos. Aqui nas plantações de cana-de-açúcar, nas lavouras de

ouro, nos trabalhos domésticos. No Marrocos, nas filas do exército e nas construções durante o Império

Almohade, uma dinastia marroquina de origem ‘beribéri” que dominou o norte da África e o sul da Península

Ibérica de 1147 a 1269. Obviamente sempre marcados pelas questões do preconceito social.

Page 9: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Os africanos que vieram ao Brasil saíram de Serra Leoa, Senegal, Nigéria, Guiné, Guiné Bissau, Gâmbia, Congo, Gabão, Angola,

Gana, Guiné Equatorial e Camarões. O grupo mais importante, no entanto, foi o “sudanês”. Desses negros, os mais notáveis foram

os “Yorubás” ou “Nagôs” e os “Jejes”, seguindo-se os “Minas” (musicalmente falando, tais nações negras, por terem sido

influenciados pela cultura árabe, possuem maior riqueza rítmica). Originários do Império do Sudão Ocidental, os Gnaouas que foram

ao Marrocos saíram sobretudo de Senegal, Sudão, Mali, Nigéria e Gana. Se você pára um pouco para observar um mapa do

continente africano poderá perceber que todos os países citados estão próximos, geograficamente falando.

Page 10: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

A condição de porto bastante ativo e de relevante importância nas relações do Marrocos com o mundo, com certeza

deu à cidade de Essauoira ares cosmopolitas e deu abertura à cidade e aos seus habitantes de receberem as

tradições Gnaouas vindas com os escravos em muitas caravanas de Tombuctu e de outros cantos do continente

africano. O termo “Gnaoua” primeiramente referia-se aos escravos e descendentes de escravos originários da África

negra. Para os dias de hoje, as comunidades “Gnaoua”, espalhadas por todo o Magreb e também por outros países

da África do norte, se organizaram em “Confrarias” místicas populares, particularmente ativas em Essaouira,

Marraquesh, Tamslort e Meknes. O termo “confraria” foi dado por estudiosos antropólogos, a partir de sua visão

ocidentalizadora.

Page 11: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

O essencial da Confraria Gnaoua é um rito de possessão chamado “Derdeba”, em que se misturam elementos africanos, sufis e

arabo-beriberes, onde a dança, o canto e alguns instrumentos contribuem para a criação de um clima hipnótico e sinestésico,

que gera o transe nos adeptos com a intenção de realizar a cura corporal e espiritual da comunidade ou de algum enfermo

específico. O transe dentro da concepção geral da cerimônia é uma espécie de manifestação “catártica”, mas com grande

valor espiritual. É só no meio da noite, no momento de sonhar, que começa o rito de posse chamado “Derdeba” ou LILA (que,

em árabe significa “noite”). A celebração pode durar uma noite inteira, desde o pôr do sol até o amanhecer, mas dependendo

da intenção, podem durar de três a sete dias. As “Lilas” de videntes (Mokdema ou Mokdem) ou mestres (Maalems) são mais

intensas e podem durar até 7 dias. Existem ainda rituais com a exclusiva participação de mulheres (as Haddarate), realizados

nos espaços fechados de alguns santuários e de acesso muito restrito, durante os quais as vozes femininas de Essaouira elevam

a Alá litanias e cânticos secretos. As “Lilas” têem maior ocorrência no mês lunar do “Chaâbane” (período que precede o mês

do Ramadam, quando os muçulmanos celebram a revelação do “Alcorão” aos homens e jejuam durante um mês). Durante o

“Chaabane”, os “Djines” ou espíritos são “acorrentados”. Os “servos” fazem inúmeras “Lilas” em mausoléus de santos Gnaoua

e devem sacrificar um galo azul (se pobres) ou um touro negro (se ricos).

Page 12: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Nas “Lilas” comuns, os músicos

entoam seu canto e sua música,

enquanto mulheres invisíveis

dançam o transe para incorporar

os “Mluks”, os espíritos de

diferentes cores, também

chamados “Djines” ou

“demônios”. A sensualidade tão

comum e natural nos corpos

africanos aqui deve ser tapada

por véus coloridos durante a LILA

Gnaoua (influências de costumes

muçulmanos, quando a mulher

deve ser tapada socialmente). O

corpo da mulher que dança o

transe vai se desumanizando,

tornando-se impessoal. Passa a

estar diretamente relacionado a

uma divindade e, por extensão,

aos elementos da natureza a ele

associados, levado pelo comando

das músicas. O transe torna-se a

forma de contato entre os

deuses ou espíritos da natureza

e a comunidade religiosa.

Imagem: Buderbala - Acrilico

sobre tela. Mâalem A. Gnya

Essaouira. Marrocos

Page 13: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Da mesma maneira acontece nos cultos do candomblé, quando a

música e a dança geram a possibilidade de cura e superação de

crises do cotidiano, através da “suspensão” da identidade

cotidiana e da abertura de espaço àquela do Orixá. Durante o

fenômeno do transe, o corpo da filha/filho de santo se torna o

próprio Orixá. A música, então, desenvolve o papel de

organizadora da desordem do exterior e do interior e a dança

expressa o equilíbrio e a ordem alcançada. Para o participante

ocasional de uma LILA ou de uma cerimônia de candomblé ou

umbanda, todo o conjunto do ritual (como os gestos, o cheiro do

insenso, as roupas, os cantos, os ritmos, as danças) pode parecer

elementos de um verdadeiro show, mas aquilo que se faz público

é também extremamente misterioso e dotado de simbologias que

transcendem aquilo que os sentidos percebem. A chegada do

orixá entre os mortais é assinalada por cantigas de saudação

apropriadas, todas numa seqüência lógica. Da mesma maneira, há

uma seqüência lógica e ritualística também nas práticas gnaouas,

mas aqui são os “Mluks”, os “Djines” representados pelas cores.

Imagem: Jesus - Acrilico sobre tela - 1,70 x 0,90m. Griot. Salvador. Bahia

Page 14: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

A estruturação da música Gnaoua, composta por solo

e resposta do coro também se assemelha bastante a

inúmeras modalidades musicais afro-brasileiras,

como o “Partido-alto” ou o “Samba de Roda”. O

samba de partido-alto é cantado em forma de

desafio por dois ou mais participantes, e se compõe

de uma parte coral e outra solada. Essa modalidade

de samba tem raízes nas canções do batuque

angolano.

Segundo Oneyda Alvarenga, “a estrofe solista e

improvisada, acompanhada de refrão coral fixo, e a

disposição coro-solo são características estruturais

de origem africana ocorrentes na música afro-

brasileira” e afro-marroquina. O coro é geralmente

composto de grupos de mulheres ou homens que

cantam de modo “monofônico”. Entre os grupos mais

culturados a “heterofonia” pode aparecer, com o uso

de terças paralelas nas cadências das frases corais. É

comum o solista e coro se sobreporem, um elemento

tipicamente africano.

Imagem: Lilit - Acrilico sobre tela - 1 x 1,70m. Griot.

Salvador. Bahia

Page 15: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Tiago de Oliveira Pinto, em seu artigo “Som e música. Questões de uma Antropologia Sonora”, cita o estudo de Kubik, que,

em um ensaio de 1984, enumera doze critérios que lhe parecem essenciais para uma compreensão de estruturas sonoras de

culturas africanas. Entre elas cito as que cabem dentro do que pude observar nessa experiência de intercâmbio musical no

Marrocos, características que estão presentes tanto na música Gnaoua quanto na música afro-brasileira: Música e dança: a

partir de sua significação, na maioria dos idiomas africanos o aspecto sonoro e o movimento de música e dança são

inseparáveis. Ao analisar-se música africana, portanto, dança e expressão corporal devem sempre ser considerados. Ritmos

cruzados: a combinação de ritmos, frases ou motivos pode realizar-se de tal forma que sua acentuação não coincide,

resultando em novas configurações rítmicas. Pulsos intercalados: trata-se de uma versão específica de ritmo cruzado, que

se apresenta de forma regular, quando dois ou três músicos intercalam suas marcações sonoras. Beat e off-beat:

representam a marcação e a batida entre as marcações. As acentuações melódicas do repertório africano caem

predominantemente fora da marcação, ou, na terminologia ocidental, fora do primeiro tempo do compasso. Dentro do

acontecimento musical a marcação representa um referencial onipresente, assim como também a pulsação elementar.

Ambos referenciais agem simultaneamente. Padrão: em muitas culturas africanas os músicos pensam em padrões

organizados, sejam estes rítmicos, ou de outra natureza sonora e de movimento. Notação oral: padrões rítmicos são muitas

vezes fixados de forma não escrita. A sua manutenção fonética serve para a transmissão de várias configurações musicais.”

Page 16: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Aqui também coloco a questão da afinação (que, tanto entre os

Gnaouas quanto entre músicos populares brasileiros, muitas

vezes se dá de maneira instintiva e orgânica) e da utilização de

“Escalas Pentatônicas” na construção das melodias (embora se

sirvam também de escalas de seis e sete tons e, inclusive, de

escalas mais alargadas, com a utilização de “microtons”,

característica marcante da música árabe). Todas essas,

características da música dita “modal”.

De origem chinesa ou mongólica, a escala pentatônica é formada

pela junção de cinco notas e é a base estrutural da música

oriental e tem bastante recorrência na música africana, do

extremo oriente, celta, escocesa e americanas indígenas,

sempre presente em cerimônias ritualísticas. Sua sonoridade

causa grande introspecção e é a escala mais comum na música

Blues (também de origens afro). Ian Guest define de maneira

leve a música modal, onde “a participação musical de todos não

só era permitida, mas desejável, núcleo dos rituais de toda e

qualquer festa popular, fosse ela triunfal ou fúnebre,

expressando alegrias e tristezas. Para atrair a todos, a música

era uma proposta de autoria coletiva, extremamente

envolvente e participante. A criatividade rítmica e tímbrica

desconhecia limites. Já as melodias eram simples e

transparentes, com a intenção de convidar a cantar e tocar

junto. Eram longos serões de música intermitente, sem início e

fim. Era a música modal, resultado da contribuição de todos,

fruto da tradição e da memória popular. Música de poucas notas

e de sabor provincial ou tribal. Tudo seria feito com as mesmas

poucas notas: a cantoria, o acompanhamento misturado com

percussão. Enfim, era o vale-tudo com aquelas poucas notas.”

Page 17: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Hoje em dia, além do caráter espiritual, a música gnaoua dita “profana” expandiu seus horizontes de circulação e se você vai

à Marraquesh, em sua praça principal Jamma Lafna, entre os encantadores de serpente, você verá alguns grupos Gnaoua,

com seus tambores chamados “Gangas”, roupas coloridas e chapéus ornamentados com búzios tocando com a finalidade de

conseguir algum dinheiro. O famoso festival que acontece em Essauouira há mais de quinze anos, “Festival Gnaoua et des

Musiques du Mond”, também conseguiu dar maior visibilidade à musica gnaoua para fora das fronteiras africanas e serviu

como propulsor da transformação da música gnaoua de raíz em um estilo mais contemporâneo, fusionado com o Jazz, a

música Ibérico-Andaluz, o Reggae e o Ragga Murf. Um paralelo pode ser traçado com o estilo musical brasileiro conhecido

como ‘Afoxé”, bastante difundido na Bahia e em Pernambuco nas épocas do carnaval. Antes conhecido como “candomblé de

rua”, o afoxé veio da música de “terreiro” e foi grande responsável pela estruturação do estilo comercialmente conhecido

como “axé music”. Tradicionalmente eram os adeptos da tradição dos orixás que formavam os cordões carnavalescos do

afoxé, com cânticos acompanhados por atabaques do tipo “ilu”, tocados com as mãos, além de agogôs e xequerês, no ritmo

conhecido como “ijexá”. Aliás, se formos à raíz da música popular brasileira, veremos que seu ponto de interseção com as

influências africanas se dá, principalmente, através das vias da religião.

Enfim, há que se ter ainda presente que a música «por si mesma» não existe na África. Na África, a vida e os seus

múltiplos aspetos falam a linguagem da música.

Page 18: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Fonte na internet:

http://www.gnawa.eu/Histoire.html

http://www.lilagnaoua.com/Fr/histoire.html

http://www.artigonal.com/desigualdades-sociais-artigos/a-

escravidao-no-brasil-411701.html

http://www.espacoacademico.com.br/050/50clopes.htm

http://osnegrosnobrasilatual.blogspot.com.br/2010/11/os-grupos-

africanos-que-vieram-para-o.html

http://www.essaouira.ca/histoire-essaouira

http://www.alsur.fr/assets/files/pdf/alcd147.pdf

http://boiadeirorei.wordpress.com/2010/12/01/maos-dos-ogas-e-

cambonas-como-devem-agir-estes-servidores-sagrados/

http://www.youscribe.com/catalogue/livres/savoirs/sciences-

humaines-et-sociales/les-gnawa-marocains-de-tradition-loyaliste-

173425

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2011/09/musicas_devo

cio.html

http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n12_p129.pdf

http://www.epoca.globo.com/especiais/...esp990920a.html

http://www.religiaodedeus.net/Ramadan_1429.htm

http://www.guerrapeixe.com/textos/texto05.html

http://www.cigam.mus.br/index.php?option=com_content&view=article

&id=78:musica-modal-o-que-e-afinal&catid=10:artigos&Itemid=17

http://www.ruadireita.com/musica/info/a-musica-na-africa/

Page 19: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

África, Brazil and Gnaoua - Music

Workshops with Mônica Elias

Fonte:

http://rosasventos.blogspot.com.br/

DECEMBER 6, 7 and 8

from 2pm to 5pm

at Bastion Bab Marrakech,

Essaouira

MARHABABIK! (Wellcome!) Our

Brazilian Rhythms workshops will

continue through december with

Mônica Elias, brazilian musician of

the group Vira Saia.

Through the program Música

Minas, she comes specially to

participate of the artistic residence,

and share with local musicians her

passion for african-brazilian

rhythms and gnaoua music.

More about “Vira Saia”

http://www.virasaia.tnb.art.br/

http://terreirodegriots.blogspot.c

om/ ).

Page 20: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua
Page 21: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua
Page 22: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Programa de Atividades da Residência Artística:

Quarta-Feira – 5 de dezembro 2012

Lugar das atividades: Bastion Bab Marrakech

* 14:00-16:00 - Oficina de Ritmos Afro-Brasileiros - Mônica Elias

* 16:00-17:00- Oficina de Música Gnaoua - Aziz, Halid e Limini.

Quinta-Feira - 6 de dezembro 2012

Lugar das atividades: Bastion Bab Marrakech

* 10:00 - Ensaio para o espetáculo Lila Xirê

* 14:00-16:00 - Oficina de Ritmos Afro-Brasileiros - Mônica Elias

* 16:00-17:00- Oficina de Música Gnaoua - Aziz, Halid e Limini.

Sexta-Feira - 7 de dezembro 2012

Lugar das atividades: Bastion Bab Marrakech

* 10:00 - Ensaio para o espetáculo Lila Xirê

* 14:00-16:00 - Oficina de Ritmos Afro-Brasileiros - Mônica Elias

* 16:00-17:00- Oficina de Música Gnaoua - Aziz, Halid e Limini.

Sábado - 8 de dezembro 2012

Lugar das atividades: Bastion Bab Marrakech

10:00 - 12:00 - Ensaio para o espetáculo Lila Xirê

14:00 - 18:00 - Ensaio para o espetáculo Lila Xirê

Domingo - 9 de dezembro 2012

* 12:00 - Passagem de som - Local: Alliance Franco- Marrocaine de Essaouira

* 16:30 - Cortejo pela Medina de Essaouira

* 18:00 - Espetáculo Lila Xirê - Local: Alliance Franco Marrocaine de Essaouira AFME

Segunda-feira - 10 de dezembro de 2012

*18:00 - Reapresentação do espetáculo Lila Xirê no Espaço Municipal de Essaouira

Lugar das atividades: Bastion Bab Marrakech

Page 23: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua
Page 24: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Espetáculo Lila Xirê

O Espetáculo “Lila Xirê” foi

apresentado no dia 9 de

dezembro de 2012 na Alliance

Franco Marrocaine de Essaouira

e reapresentado no Espaço

Municipal da Cidade, o Bastion

Bab Marraquesh, no dia 10 de

dezembro.

O espetáculo foi criado e

desenvolvido a partir de bases

rítmicas e melódicas de algumas

tradições afro-religiosas do

Brasil e do Marrocos, que

possuem práticas ritualísticas

animistas herdadas da diáspora

africana, ricas em música,

danças e cores.

No caso da Confraria Gnaoua,

suas práticas animistas se

fusionaram às tradições do

“Sufismo” islâmico. No caso do

Candomblé brasileiro, suas

práticas se fusionaram com

tradições católicas e ameríndias

caboclas.

Page 25: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

O cortejo “Gungas & Gangas”

contou com a participação de todos

que estiveram presentes nas

convivências das oficinas de

intercâmbio musical e, pelas ruas da

Medina antiga da cidade, trouxe

alegria e entrosamento entre

músicos, dançarinas, transeuntes,

turistas, homens, mulheres e

crianças e anunciou que o

espetáculo estava prestes a

acontecer. O nome é uma

homenagem às “Gangas” (tambores

Gnaoua) e às “Gungas”

(instrumentos percussivos utilizados

no Congado, que vão amarrados aos

tornozelos. Historicamente, as

“Gungas” eram um artifício

utilizado para dificultar a fuga dos

escravos e tolher sua liberdade).

Durante o percurso, foram tocados

os ritmos do Maracatu, do Samba,

do Congado e o ritmo Gnaoua da

“Aada”.

Page 26: Portfolio intercambio Afrobrasil + Marrocos Gnaoua

Ficha Técnica do Projeto, Espetáculo e Oficinas:

Idealização e Realização: Coletivo Vira Saia e Rose des Vents

Coordenação geral: Monica Elias e Ana Maria Fonseca

Produção executiva: Ana Maria Fonseca

Direção Musical: Anna Pujós

Arte Gráfica e ilustração: Aziz Oumoussa e Mônica Elias

Suporte artístico e técnico: Abdelhak Voix des Vents

Direção Alliance Franco Marrocaine: Oumaima Hourmatallah

Fotografia: Zacaria Tinariuen, Mônica Elias, Lulu

Direção de Vídeo, filmagens e edição: Sophien Bouhali

Músicos: Rachid- Guembril e voz

Limini – Guembril e Krakabs

Aziz- Percussão e Krakabs

Forat- Krakabs e dança

Halid – Krakabs, Dança, voz e guembre

Abdelhak – Percussão e voz

Ana Maria – Percussão, voz e dança

Mônica Elias – Percussão, voz, flauta e dança

Anna Pujos – Piano, voz e percussão

Daniel Pedrazza – Flauta indiana Bansuri

Produção: Ayouch Regragui, Youseph Aghardaf, Ana Maria,

Mônica Elias, Abdelhak Ahmed Elkaab, Anna Pujós , Lulu,

Aziz Oumosa, Bem Amou, Tuca Costa, Daniel Pedrazza