por um fio - meu planeta - mariusa colombo

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MEU PLANETA Por um fio Por Mariusa Colombo, Bióloga, especialista em Saneamento Ambiental e mestre em Desenvolvimento Sustentável e Gestão de Sistemas Agroambientais da Universidade de Bolonha, Itália Se você acompanhou a coluna de setembro de 2008 intitulada “Preço da Modernidade”, então sabe, e espero que tenha o assunto sempre em mente, qual o preço que pagamos pela tecnologia que temos à disposição. Como todas as facilidades que o mundo pós-moderno nos oferece auxiliam, em muito, a nossa vida esquecemos que a moeda de troca tem sido nossa saúde. Com o corre-corre diário, não dispomos de muito tempo para conhecer e escolher produtos saudáveis – orgânicos, naturais, livres de químicos contaminantes e não envenenados. Não temos tempo sequer de refletir se precisamos da maioria dos produtos que chegam até nós por meio dos encartes de jornais, por exemplo. Percorra as prateleiras do supermercado e reflita comigo: será que precisamos de todos aqueles produtos ou esses potes, tubos e caixas coloridas e cheirosas não passam de mero apelo consumista? Eu poderia citar uma centena de itens desnecessários, cuja função é apenas satisfazer nosso ego consumidor, mas o foco agora é outro.

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Page 1: Por Um Fio - Meu Planeta - Mariusa Colombo

MEU PLANETA

Por um fio

Por Mariusa Colombo, Bióloga, especialista em Saneamento Ambiental e mestre em Desenvolvimento Sustentável e Gestão de Sistemas Agroambientais da Universidade de Bolonha, Itália

Se você acompanhou a coluna de setembro de 2008 intitulada “Preço da Modernidade”, então sabe, e espero que tenha o assunto sempre em mente, qual o preço que pagamos pela tecnologia que temos à disposição. Como todas as facilidades que o mundo pós-moderno nos oferece auxiliam, em muito, a nossa vida esquecemos que a moeda de troca tem sido nossa saúde.

Com o corre-corre diário, não dispomos de muito tempo para conhecer e escolher produtos saudáveis – orgânicos, naturais, livres de químicos contaminantes e não envenenados. Não temos tempo sequer de refletir se precisamos da maioria dos produtos que chegam até nós por meio dos encartes de jornais, por exemplo.

Percorra as prateleiras do supermercado e reflita comigo: será que precisamos de todos aqueles produtos ou esses potes, tubos e caixas coloridas e cheirosas não passam de mero apelo consumista? Eu poderia citar uma centena de itens desnecessários, cuja função é apenas satisfazer nosso ego consumidor, mas o foco agora é outro.

De setembro para cá, fiz um exame do fio de cabelo – aquele que indica a quantas anda a contaminação química do corpo por causa do efeito cumulativo dessa infinidade de produtos que usamos – e confesso que, com o resultado nas mãos, o sentimento de culpa e a reflexão são incontroláveis.

O cabelo é um “tecido excretor”

Primeiro, o cabelo. É um tecido excretor e, em regra, o teor de um elemento no cabelo é proporcional ao nível do elemento em outros tecidos do corpo. É importante saber que o cabelo da cabeça é

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vulnerável às contaminações externas, como, por exemplo, aos tratamentos capilares. Assim, se você, como eu, muda a cor do cabelo de vez em quando, saiba que pode estar se contaminando.

Será que usar corantes capilares com altos teores de chumbo atente ao quesito “proteção da vida e saúde”?

Elementos potencialmente poluidores como cádmio, mercúrio, chumbo e arsênico podem aparecer de forma mais evidente quando o teste é feito no fio de cabelo. No meu caso, a contaminação se deu com os elementos chumbo, mercúrio e prata. Após breve reflexão, atribuí a contaminação aos colorantes de cabelo.

Há ainda a possibilidade de xampus, condicionadores e cremes estarem saturando o organismo desses elementos, mas, como saber? Não consigo sequer enxergar as letrinhas da famigerada “composição do produto”, que dirá ler.

Nesse sentido, o Código de Defesa do Consumidor reconhece nossa vulnerabilidade no mercado. E, ainda, que “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”, é direito básico do consumidor.

Então pergunto: de que forma o Código assegura tal direito se nem temos condições de ler, de maneira clara e inteligível, a composição dos produtos que compramos? Será que não temos o direito de ler essas informações para, então, ponderarmos? Ou será que utilizar corantes capilares com altos teores de chumbo atende ao quesito sobre proteção da vida, saúde e segurança? (Artigo 6º, inciso I). Para finalizar, pergunto: e quando está tudo escrito em inglês?

Enquanto os produtos chegarem até nós, consumidores, com essas peculiaridades, paciência... Talvez alguém com visão privilegiada e conhecimento da língua estrangeira nos ajude com as letrinhas miúdas...

Fonte: Revista Seleções, págs. 37 e 38, edição 509, Maio 2009

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NOTA“A homeopatia tem armas terapêuticas capazes de enfrentar estes estragos usando o princípio do semelhante. Isto já foi comprovado através do exame dos fios de cabelo, de pessoas intoxicadas, por exemplo, pelo mercúrio. Tratando-se homeopaticamente e após seis meses repetindo-se o exame, constata-se que os níveis regridem para os tolerados e o mais importante, os sintomas curam-se.”

Saiba mais, lendo o artigo: “Homeopatia, Saúde e Meio Ambiente”, escrito pela Profa. Dra. Ana Teresa Doria Dreux.http://www.naturalhealthstrategies.com/homeopatia.html

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