por suas chagas

Por suas chagas

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Neil Velez

Por suas chagas


Editora Canção NovaRua São Bento, 43 - Centro01011-000 São Paulo SPTelefax [55] (11) 3106-9080e-mail: [email protected] [email protected] page: http://editora.cancaonova.com

Todos os direitos reservados.

ISBN: 978-85-7677-115-9

© EDITORA CANÇÃO NOVA, São Paulo, SP, Brasil, 2008

Título original: Por sus llagasEditora: Cristiana NegrãoCapa e projeto gráfico: Tiago Muelas FilúDiagramação: Claudio Tito Braghini JuniorPreparação e revisão:Lilian Miyoko Kumai Patrícia de Fátima SantosFoto de capa: Filipe Giovanni Peixoto dos Santos Sidney Souza Gomes dos Santos

© Copyright – MDJ Internacional826 E 166th StreetBronx, NY 10459ISBN: 978-958-98032-0-2www.misionerosdejesus.orgE-mail: [email protected]

Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa:


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Em primeiro lugar, quero dedicar este livro a Deus, a quem sirvo. Sem seu amor e misericórdia, nada do que faço seria possível.

Por outro lado, também quero consagrar este texto ao meu Senhor Jesus Cristo, já que, graças às suas chagas, eu fui curado.

Aos meus pais, Ângela e Nelson Velez, por serem meus mode-los de fé. Seu exemplo e sua caminhada foram e continuam sendo minhas forças.

Ao meu irmão Alex Velez, quem é mais que meu sangue. É meu melhor amigo!

Às minhas irmãs gêmeas, Marisol e Maryluz, por seu amor e apoio.

A Diamari, Jeggy, C. J., Mikey, Sammy e Brandon. Amo vocês!

A toda minha comunidade chamada Missionários de Jesus Internacional. Obrigado por suas orações!

A Miladys Espinal e Rina Rosário por estarem comigo tanto nos bons como nos maus momentos. Seu amor é sincero!


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A Miguel Catano, Luis A. Baré como também a Nora e Gra-ciela Serrano.

Ao meu bispo, Dom Josu Iriondo, por ser um pai espiritual.

Aos sacerdotes padre Pedro Núñez, padre Ramón, E. Albino Guzmán, padre Carlos A. Mullins e padre Eder Támara Alviz, pela respectiva colaboração e apoio a este livro. Ao diácono Felipe Sin, por sua contribuição e amizade.

A Florencia Ledesma, em agradecimento por seu esforço, tempo, dedicação e amor para com este livro. Você soube captar com sua escrita meus pensamentos. Você é uma bênção!

Finalmente, dedico Por suas chagas a você, leitor, com o pro-pósito de que descubra Nosso Senhor Jesus Cristo, que tanto nos amou e que entregou sua vida por nós.

E por suas chagas fomos curados!


Sumário

Prólogo ......................................................................................11

Palavras prévias ..........................................................................13

Introdução ................................................................................17

CAPÍTULO I - POR SUAS CHAGAS .....................................21

Por suas chagas ..........................................................................23

Você é um atrevido ....................................................................33

Jorge Borges ..............................................................................37

Montefiore ................................................................................43

Blanca Espinal ...........................................................................49

O Deus do como .......................................................................53

A tormenta ................................................................................57

Deus faz novas todas as coisas ....................................................61

Joshua .......................................................................................65

México ......................................................................................69


CAPÍTULO II - ESPÍRITO SANTO .......................................73

Espírito Santo............................................................................75

Necessário é nascer da água .......................................................83

Sacramento da cura ...................................................................87

Tudo acontece para o bem daqueles que amam a Deus ..............91

O sociólogo ...............................................................................95

Se Deus é por nós, quem será contra nós? ..................................99

O quarto de vidro....................................................................103

Completa calma ......................................................................109

A menina cega .........................................................................113

Deus abençoa ao que dá com alegria ........................................117

CAPÍTULO III - MINHA BÍBLIA VIAJANTE .....................121

Minha Bíblia viajante ..............................................................123

As chagas .................................................................................129

O paraplégico ..........................................................................133

O senhor do tumor .................................................................137

Os pentecostais ........................................................................141

O sacerdote cego .....................................................................145

República Dominicana ............................................................149

Um momento de Deus ............................................................153

A mulher e sua filha com distrofia muscular ............................157

“Deus não respeita homens” ....................................................161


CAPÍTULO IV - EU MARCHO PARA O SENHOR ...........165

Eu marcho para o Senhor ........................................................167

Fernando e as máquinas ..........................................................171

Os planos de Deus não são os nossos .......................................175

As únicas limitações de Deus! ..................................................179

O tremendo “revolvão” ............................................................183

O homem que não queria ver ..................................................189

Terra Santa dos Estados Unidos ...............................................193

Yamilke ...................................................................................197

O taxista bruxo ........................................................................201

Está escrito ..............................................................................205

CAPÍTULO V - CONDICIONADO AO MOMENTO .......209

Condicionado ao momento .....................................................211

A mulher e seus cinco filhos ....................................................217

Juana Díaz – Porto Rico ..........................................................221

O morto que ressuscitou .........................................................225

Deus nos procura constantemente ...........................................231

O ouvir da palavra de Deus .....................................................237

Deus chama a existir o que ainda não existe .............................241

As torres gêmeas de Nova York ................................................247

O jovem que caiu do teto ........................................................251

Maná que caiu do céu .............................................................255

Queremos saber de você! .........................................................259


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Prólogo

Neil Velez é uma pessoa que experimentou a dor de terrí-veis enfermidades e que, ao mesmo tempo, experimen-tou na própria carne o grande poder de cura de Jesus

Cristo. Por isso pode, com conhecimento de causa, não só identi-ficar-se com os que padecem e sofrem como também tornar atuais as palavras de Pedro ao paralítico: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6). Em uma frase assim se pode resumir a vida de Neil Velez.

Entendo que Neil sofreu muito por causa da fragilidade de sua saúde, mas, no meio de sua tribulação, soube colocar sua con-fiança e toda sua vida nas mãos de Deus.

Nós, cristãos, cremos que Jesus é a solução de nossos proble-mas. Estamos convencidos de que ele é especialista em solucionar os casos impossíveis. Sem dúvida, assim acreditava e acredita Neil, que, depois de um longo e doloroso mal, experimentou o milagre de uma poderosa recuperação.


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Esse grande acontecimento em sua vida impulsiona Neil a desejar que outros recebam o poder da cura de Cristo Jesus. É assim que, deixando-se usar pelo Senhor, ele faz latente em sua vida e em seu ministério as palavras de Jesus, que disse: “Ide pelo mun-do inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura [...] Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios [...]; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (Mc 16,15.17-18).

Neste livro, intitulado Por suas chagas, Neil partilha alguns dos impactantes testemunhos que presenciou ao longo de sua vida. Sem dúvida, deixa bem evidente que as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo são tão reais, eficazes e necessárias nos dias de hoje como foram quando saíram pela primeira vez da boca do Senhor.

Apenas duas coisas são importantes, ressalta o autor do pre-sente livro: crer em Jesus e nos deixarmos usar por ele. O resto... quem faz é Deus!

Desfrute deste magnífico livro!

Padre Pedro Núñez

Fundador e Diretor do Ministério Mensagem

Nova Orleans, Estados Unidos


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Palavras prévias

Fomos curados

Ao contemplar o material do livro Por suas chagas, de Neil Velez, posso afirmar como afirmou a Santíssima Virgem no Mag-nificat: “O Poderoso fez grandes coisas”. Além disso, posso procla-mar como disse a Escritura: “O Senhor esteve grande conosco e estamos alegres”.

Creio que este livro será de grande bênção para o povo em geral. Por meio de sua leitura poderão experimentar o que disse o Escritor Sagrado: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre”.

Sinto que o ministério do Neil Velez também é de uma gran-de bênção para a vida de cada um de nós. Peço ao Senhor que con-tinue protegendo-o para que possa continuar a missão que Deus lhe confiou.

Abençoa-o,

Padre Ramón E. Albino Guzmán

Pároco de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa

Vice-Presidente do Comitê Nacional da Renovação Carismática Católica - rcc

Diocese de Mayaguez, Porto Rico


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Fatos que surpreendem e comovem

Um racionalista diz: “Somente creio no que posso comprovar”.

Um fiel afirma: “Creio, ainda que não possa compreender”.

Este é o milagre da fé, pelo qual o fiel pode aceitar sem compreender.

Neste livro, queridos leitores, encontrarão vários fatos surpre-endentes, que somente uma fé firme pode aceitar.

São histórias reais, narradas em uma linguagem simples, mas confirmadas pelo poder de Deus, que pode realizar maravilhas.

Neil Velez foi testemunha de todas essas histórias, cuja leitura fortalecerá a fé dos leitores e avivará a confiança no Senhor, “que tudo pode”.

Desfrute a leitura desse livro e ao final de cada capítulo rezem como fizeram os apóstolos, quando suplicaram ao Senhor: “Aumen-ta-nos a fé” (Lc 17,5).

Padre Carlos A. Mulins

Autor de O sOnhO dO imigrante


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Que beleza, os passos de quem traz boas-novas!

“Que beleza, pelas montanhas, os passos de quem traz boas-novas, daquele que traz a notícia da paz, que vem anunciar a felici-dade, noticiar a salvação [...]” (Is 52,7).

Quero expressar meu apreço e admiração ao amigo e irmão Neil Velez, que foi agraciado pelo Senhor com o ministério de cura e da música.

Sou testemunha do poder de Deus: para ele nada é impossível!

Nas missões em que estivemos juntos eu, Neil e os Missioná-rios de Jesus, vi as maravilhas do Senhor. Também as presenciei, ao seu lado, ao desempenhar o papel de assessor da RCC da Diocese de Monteria, Colômbia, onde ocorreram numerosas conversões, li-bertações e curas prodigiosas.

O livro Por suas chagas se trata de uma série de testemunhos que revelam o poder de Deus em meio ao seu povo. Peçamos ao Senhor que, por meio desta leitura, muitas pessoas sejam também abençoadas com a conversão e a cura.

Dou graças a Deus pela vida do irmão Neil Velez. Que o Se-nhor e a Virgem Santíssima sempre o abençoe e o mantenha firme tanto na evangelização como na edificação da Igreja.

Padre Eder Támara Alviz

Diretor da rcc Diocese de Montería, Colômbia


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Um grande impacto espiritual

O escritor ressalta, de forma simples e concisa, no decorrer das páginas de Por suas chagas, o verdadeiro amor de Deus para com as suas criaturas. Aí está a grande bênção contida neste livro, escrito com dados recolhidos pelo autor durante os seus muitos anos de serviço ao Senhor. Posso assegurar que suas páginas serão de grande impacto espiritual para o coração de qualquer pessoa que o leia.

O irmão Neil Velez, sem dúvida, viu com seus próprios olhos a glória e o poder de Deus. Estamos falando de um homem que pensa grande quando se trata das coisas do Senhor, de uma pessoa dinâmica e com grande zelo apostólico, que conseguiu vencer os inúmeros obstáculos que lhe foram apresentados diante das várias missões que realizou pelos cinco continentes do planeta.

Neil é um dos pregadores leigos que poderíamos destacar por seu exemplo e por ter conseguido atualizar o Evangelho de Jesus através das muitas curas que, ainda hoje, o Senhor continua realizando a todos os que se aproximam dele com o coração contrito e humilhado.

Conheço o meu amigo e irmão Neil Velez desde a sua ju-ventude. Porque o conheço bem e acompanhei sua trajetória estou convencido de que Por suas chagas trará muitos filhos de Deus, que andam dispersos, de volta à Igreja. Por isso, querido leitor, convido-o a, logo após ler este humilde prólogo, fazer uma oração ao Espírito Santo e mergulhar na profundidade deste livro.

Sei que o mesmo produzirá uma grande transformação em sua vida.

Diácono Felipe J. Sin

Diretor da rcc de Rockville Center, Nova York


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Introdução

O livro Por suas chagas reúne cinqüenta testemunhos que presenciei ao longo de mais de vinte anos de Ministério ao redor do mundo. São só alguns exemplos das inume-

ráveis manifestações que o Senhor me permitiu presenciar.

A partir da inesquecível experiência de ser curado de cada uma das minhas doenças, dediquei meus dias a pregar, através dos meios de comunicação, um Cristo vivo, um Cristo que cura e um Cristo que salva. Percorro, junto com os Missionários de Jesus (mdj), vá-rios países para levar o que considero a mensagem mais importante para a nossa Igreja nestes tempos: a mensagem da fé.

Aprendi, a partir de cada uma das bênçãos que recebi e sigo recebendo em minha vida, a caminhar na fé. Não me cansarei nun-ca de dizer que este é o único modo de obter nosso próprio milagre. A partir dessa experiência, exorto a cada um dos meus irmãos que voltem a colocar seus olhos e sua confiança em Deus.

Porém, muitas vezes, não avançamos dessa maneira. Pelo con-trário, fazemos-o guiados pelo que os olhos nos mostram. No entanto,


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nós, os fi éis, não podemos caminhar pelo que nossos sentidos nos re-velam, senão pelo que você e eu estamos crendo. A Bíblia nos diz que aquele que crê caminha não pelo que vê senão pela fé (2 Cor 5,7).

Este livro não se trata de uma simples reunião histórica de tes-temunhos, mas sim de cinqüenta casos que revelam um Deus vivo que atua e está entre nós. Trata-se de um convite para dar passos na fé, que é a ação do crer. Que a experiência das pessoas mencionadas neste livro e abençoadas por Deus injete em você a fé necessária para provocar a intervenção dele também na sua vida.

Por que escolhi um livro de testemunhos? Sem dúvida algu-ma, a maneira mais poderosa de evangelizar é por intermédio do testemunho do que Deus faz em nossa vida; do que o Senhor faz em cada um de nós constantemente. Recordo quando, de modo claro, o padre Emiliano Tardiff me disse uma vez: “Neil, a arma mais poderosa que você tem não é o seu cantar nem mesmo a sua pre-gação ou sua oração pelos enfermos. O que verdadeiramente está suscitando fé no povo é o testemunho que você carrega, ou seja, o testemunho do que Deus fez em sua vida”.

Meditei nessas palavras por um longo tempo e cheguei à con-clusão de que todos nós podemos testemunhar, que podemos trans-mitir o que Deus fez em cada um de nós, seus fi lhos. Por suas chagas foi precisamente escrito para inspirar nos seus leitores o desejo de pôr em prática o hábito de testemunhar e assim levar mais almas aos pés de Cristo.

O porquê dos testemunhos é muito simples de explicar.

Diz a Bíblia que Deus não respeita homens. Se Deus curou tantos irmãos em diferentes países, e todos somos iguais diante de seus olhos, por meio destas páginas fará o mesmo com cada um


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de vocês, que também são seus fi lhos. Assim é nossa fé, assim é o que cremos e assim é o que acontecerá.

No entanto, antes que comece a leitura de cada um destes tes-temunhos, gostaria de fazer uma advertência. Este livro não é para qualquer leitor. Sim, você leu bem! Não é para o ímpio nem para o ateu, senão para aqueles que aceitaram a Deus como aquele que traz a cura e a salvação às suas vidas. Sem Cristo não há esperança!

Por último, se você se encontra pronto a assimilar a riqueza espiritual que transmite cada testemunho, peço que não o faça com os olhos da carne, mas sim com os olhos do Espírito. Abra o cora-ção na medida em que avança na leitura, para assim permitir que Deus vá transformando você desde o interior até converter-se em um homem novo.


CAPÍTULO I

POR SUAS CHAGAS


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Por suas chagas

Eu estava morrendo na cama de um hospital. Especialistas do Texas e da Califórnia haviam viajado para a cidade de Nova York para me dizer que não podiam fazer mais

nada por mim. Mais ainda, que me davam somente três meses de vida.

As válvulas do meu coração não estavam funcionando corre-tamente. Haviam se formado tumores em minha cabeça que pro-vocavam convulsões. Além disso, um desses tumores comprimia o nervo óptico, deixando-me cego. Eu tinha hemorragias internas, vomitava sangue e caia no chão banhado naquele líquido vermelho. E, ainda, padecia de meningite.

Enquanto me encontrava prostrado naquele quarto, discutia dia e noite com Deus. Essa discussão se centrava basicamente na leitura de 1 Pd 2,24, que dizia que, por suas chagas, eu havia sido curado. Recordo que esse versículo vinha à minha mente várias ve-zes sem que conseguisse tirá-lo do pensamento. Tentava esquecê-lo, mas não conseguia.


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Fazia esforço para pensar em outra coisa, mas essa frase vol-tava à tona. A cada segundo que passava me sentia mais irritado com o Senhor. Por que estava tão irritado? Porque esse versículo me falava em um tempo passado. Não dizia que eu ia receber a cura ou que esperava ser curado, mas que eu já estava curado, a pouco mais de dois mil anos, em uma cruz.

É claro que eu recordava perfeitamente o que a teologia ensi-na sobre aquele versículo. Porém, sentia que essa passagem bíblica (1 Pd 2,24) falava diretamente a mim, à minha enfermidade; que ia muito além da interpretação teológica.

Então qual era o meu problema?

Enquanto aquele versículo atestava que eu tinha saúde, meu corpo me mostrava precisamente o contrário. Nasci enfermo e mi-nha condição foi piorando até perder a visão e fi car prostrado em uma cama. Inclusive, quando os médicos descobriram que eu nas-ceria nessas condições, eles aconselharam à minha mãe que abortas-se para evitar que sua vida fosse colocada em risco.

Contudo, o som daquele versículo ecoava em todo o meu ser incansavelmente. Toda essa situação chegou a um ponto que comecei a gritar e a brigar com Deus, e lhe dizia: “Duas coisas es-tão acontecendo aqui: tudo isso é mentira ou eu não o conheço”.

Nesse momento, escutei uma voz muito clara que me respon-deu: “Meu fi lho, realmente você não me conhece”.

Sentia-me irritado, mas, com essa resposta, fi quei furioso. Por quê?

Porque passei a minha vida inteira dentro da igreja. Pertenço à segunda geração de um Ministério. Meus pais e meus tios me levavam, desde pequeno, a retiros e vigílias. Recordo, como se fos-


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se hoje, que, quando fi cava com sono, colocavam um agasalho no chão onde estavam ministrando para que eu pudesse me deitar com meus irmãos.

Em outras palavras, não conheço outra vida que não seja de igreja em igreja. Se eu escrevesse que fui resgatado das drogas ou das gangs, estaria mentindo. Esta nunca foi a minha vida. Dediquei toda ela ao Senhor. Formei-me e preparei-me na igreja, passando inclusive por um seminário.

Quando tinha doze anos, eu já estava ministrando, tanto que hoje em dia quem me acompanha em meu ministério são minhas irmãs gêmeas, meu irmão e meus primos, entre outras pessoas.

Então, imagine por um instante o que estava acontecendo. Por um lado, estava em um hospital com os dias contados por causa da enfermidade incurável que padecia. Por outro, uma voz nitida-mente me dizia que não o conhecia, apesar do meu caminhar den-tro da Igreja desde muito cedo. Como não conheço a Deus? Minha indignação aumentava minuto a minuto.

“Nem ‘aproveitei’ minha juventude por estar nestas coisas!”, pensava nisso freqüentemente.

Contudo, voltou a voz e me disse: “Meu fi lho, você não me conhece”.

A verdade é que eu acreditava conhecê-lo. E aí está a con-fusão de muitos que estão convencidos da mesma coisa que eu, naquela ocasião. Por um lado, há aqueles que consideram que, por nunca faltarem à missa, receberem a eucaristia diariamente ou serem constantes na oração do rosário, conhecem-no profunda-mente. Outros estão convencidos de que por estudarem fi losofi a, teologia ou psicologia conhecem a Deus. Ainda, há pessoas que até


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pregam sobre Jesus Cristo, mas não sabem de quem estão falando. Eu era um desses!

A enfermidade não me deteve até que perdi a visão. Enquanto estava doente, usava meus sofrimentos para converter almas. Pre-gava em retiros aos jovens e dizia-lhes que tinham ainda toda a vida pela frente, mas que a estavam desperdiçando. “Restam-me somente três meses de vida. Desejaria ter a sua para realizar grandes coisas no Senhor”, dizia a eles. E muitos se voltavam aos pés de Cristo como conseqüência não só desse ensinamento, mas também do meu testemunho de estar muito próximo da morte. No entanto, o Senhor me ensinou que eu falava de coisas que não conhecia.

Acreditava que o conhecia não só pela minha preparação, mas também pela minha educação e experiência. Porém estava equivo-cado. Naquela noite, descobri que estava longe de Deus. Represen-tava o personagem que a Bíblia nos descreve como aquele que fala de coisas que não entendia, que as conhecia somente de ouvir (Jó 42,3-5). Unicamente isso e nada mais.

Nunca havia tido um encontro pessoal com Deus. Mas sabe de uma coisa? Quando o Senhor voltou a me falar, compreendi a razão de suas palavras. Como pude, desci da cama, ajoelhei-me e comecei a chorar como uma criança. Entre gemidos, disse a ele as seguintes palavras: “É verdade meu Deus. Eu não o conheço, mas hoje quero conhecê-lo”.

Foi o dia em que fi z a oração mais importante da minha vida. A partir desse momento, humildemente abri mão de tudo o que eu pensava ser e ter, incluindo estudos, talentos, dons e formação. Naquele dia, morri para mim mesmo e para tudo o que eu tinha convicção de conhecer. Assim, pude permitir que Deus nascesse em mim.


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Momentos antes de concluir a manifestação daquelas palavras algo aconteceu comigo. Sentia uma dor tão forte que dava a sensa-ção de que minha cabeça iria explodir. Quando senti que não podia mais resistir àquele tremendo sofrimento, comecei a gritar como um louco. Gritei tanto que os médicos vieram correndo e entraram no quarto. Ao entrarem, rapidamente me socorreram, porém, meus gritos eram cada vez mais fortes. Não resistia a tal sofrimento. Logo aquela dor desapareceu e reinou a calma.

Quando parei de chorar e sequei minhas lágrimas, abri meus olhos e notei que minha visão havia voltado. Estava contemplando o rosto daqueles médicos que me olhavam atônitos. Eu lhes dizia, cheio de emoção e alegria, que podia ver. Eles estavam maravilha-dos, em seguida, começaram a fazer vários exames em mim e desco-briram que os tumores e a meningite tinham desaparecido.

Apesar dessa notável melhora, os médicos não compreendiam o que havia ocorrido comigo. Diziam que era conveniente que eu não tivesse ilusão já que, em muitas outras ocasiões, ocorriam alí-vios passageiros. Insistiam em recordar-me que só me restavam três meses de vida e que esse fato era irreversível. As válvulas do meu coração eram a grande causa que me fazia caminhar para a morte. Elas estavam tão deformadas, assim como meu coração, que nem mesmo um transplante poderia me ajudar. Contudo, naquela noite, naquele hospital, nascia outro Neil Velez.

A partir dali, podia compreender o que Jesus Cristo havia feito por mim naquela cruz. Recordo que, logo depois de escutar o que os médicos me informaram, disse-lhes: “Obrigado por tudo o que fi zeram por mim, mas não vou morrer”. Eles insistiam que eram especialistas em casos como o meu e que não tinham a menor dú-vida de que meu fi m estava próximo. Por curiosidade, igualmente


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perguntaram-me: “Quem disse a você que isso não irá ocorrer?”. “Deus”, respondi a eles. “Por suas chagas eu fui curado”.

A partir desse momento, comecei a fazer o que o paralítico retratado na Bíblia fez. Jesus Cristo pediu-lhe algo antes dele rece-ber sua cura. Um caminhar confi ante plenamente nele. E disse-lhe: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa” (cf. Lc 5,17-26). O paralítico confi ou em suas promessas e em sua palavra: acreditou e caminhou. Imitei a atitude daquele homem.

“Estou curado pelas chagas de Cristo”, repetia a quem me dissesse o contrário. Por isso disse aos médicos que me deixassem ir para casa. Sem dúvida, eles se negaram a dar autorização por-que ainda consideravam crítica minha situação. Porém, diante da minha fi rme insistência, fi zeram-me assinar uns papéis que decla-ravam não se responsabilizarem por minha decisão. Finalmente, deixaram-me ir.

Ao regressar para minha casa, descobri que minha família já havia preparado tudo para o meu funeral. Já tinham contratado a funerária e comprado, inclusive, o terreno onde seria enterrado. “Guardem ou vendam o terreno, já que para mim não vão usar”, disse a cada um deles, ao saber de tais decisões. Comecei a caminhar e todos me tratavam como se eu estivesse louco. Os irmãos da igre-ja, ao invés de me apoiarem naquilo que eu acreditava, entregavam-me à morte. Por exemplo, diziam: “Ah, meu irmãozinho, aqui na terra você está sofrendo. Mas no céu você não vai sofrer”.

Sei que esse é o nosso destino. Quero, algum dia, estar com o Senhor, mas ainda não era a hora, afi rmei a eles. Ainda tenho muito o que fazer, como testemunhar minha cura. Por suas chagas eu fui curado, insistia várias vezes. Não é fácil agir assim quando a ciência, a Igreja e até a sua própria família lhe dizem o contrário. Mas fi ca ainda


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mais difícil quando o seu próprio corpo lhe diz que o que você está acreditando receber é a mais pura mentira. Esse era o meu caso.

Recordo que, ao sair do hospital, os médicos recomendaram que eu me deitasse e desfrutasse o tempo que ainda me restava de vida. Sugeriram-me não fazer nenhuma atividade porque, do con-trário, aceleraria minha enfermidade, encurtando ainda mais os dias de vida restantes. Porém, se eu me submetesse à cama, estaria deixando de crer no que o Senhor havia realizado em mim. Ele me dizia que eu estava curado. Precisava crer em sua palavra e começar a agir como uma pessoa sadia.

Imitei o paralítico: que precisou levantar-se primeiro, acredi-tar no que Jesus Cristo lhe prometeu e fazer exatamente o que Ele lhe ordenou, para ser curado. Também fi z isso, acreditei. Proibi-ram-me de fazer atividades e decidi pregar incansavelmente. Recor-do que, na minha debilitada condição, tomava a Bíblia, começava a pregar e ensinava o que Jesus Cristo nos deu por meio de sua cruz. Pregava sobre essa passagem (1 Pd 2,24) e dava testemunho da minha cura.

Muitos dos que caminhavam comigo diziam que eu estava mentindo, porque a verdade era que meus dias estavam contados. Não mentia, pois fé é ter a certeza de que vai receber o que se está esperando, diz a Bíblia em Hb 11,1. E caminhava na fé. Era o que eu acreditava. Recordo que até minha família chegou a dizer que não me levassem a sério, não me levassem em consideração e não me seguissem. “Está em estado tão grave que perdeu a razão”, diziam constantemente.

Porém, saibam que a Bíblia me defendia contra todos esses ataques. Ela me dizia que essas coisas eram espirituais e que só podíamos discerni-las no Espírito. Alguns dos que estão lendo este


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testemunho talvez considerem que se trate de uma loucura. Por outro lado, os que lêem no Espírito, que louvam e glorifi cam a Deus por sua grandeza, não vão considerá-lo desse modo, porque o Espírito se dá a conhecer a eles.

Ignorando todas as circunstâncias da minha enfermidade, pregava cada vez mais, não me dando por vencido. Enquanto pre-gava, sofria hemorragias e o sangue caía sobre o mesmo versículo que insistia em pregar naquela época (1 Pd 2,24).

Ao fi nal da pregação, levavam-me para um local reservado, pois, por causa das tonturas, desmaiava e caía no chão banhado em sangue. Meus irmãos tinham que sair correndo comigo para o hospital. Quantas vezes estraguei a roupa deles com meu pró-prio sangue!

Outras vezes, permanecia inconsciente por alguns minutos, caído no chão. Depois de algum tempo, levantava-me com algum esforço, pegava o meu lenço e tentava me limpar daquele sangue como podia.

Ao ver meu lenço cheio de sangue dizia-lhes: “Mentira do diabo! Por suas chagas, fui curado!”.

O que escrevo aqui é algo que vivi e creio com todo o meu coração. Se não fosse assim, não teria dedicado minha vida a esta missão, a qual exerço por vinte anos, desde o meu estado crítico naquela cama do hospital. Podem me chamar de louco ou fanático, ou seja, de uma pessoa que cegamente crê em algo. Hoje estou aqui em pé, porque acreditei em Deus incondicionalmente. Porque ca-minhava crendo em meu Deus. Porque quando desmaiava e caía no chão, logo em seguida, levantava-me. Porque quando me chama-vam de louco, respondia-lhes que estava curado. Eu era uma pessoa cega, agora posso ver.


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Deus não respeita homens, não faz distinção entre uns e ou-tros, pois todos nós somos iguais diante dele. Não olhe para mim como um super-homem. Você é fi lho de Deus! E o que Cristo fez na cruz fez por você também. Pelas chagas do Senhor você foi cura-do. Basta acreditar nesse sacrifício que ele fez por todos nós e con-fi ar plenamente nele.

Jesus Cristo hoje diz a você: “Toma seu leito, vai para casa, porque já está curado”.

Glória a Deus!

Amado irmão:

Não se esqueça que Deus dispõe de todas as coisas para o bem daqueles que o amam, como diz Rm 8,28.

Talvez você não entenda o que está vivendo ou passando neste momento. O porquê das situações que chegam à sua vida. Nem tudo é tão mau como parece, às vezes, Deus tem um

propósito maior através delas.

Todas as situações de hoje podem ser um testemunho amanhã.

Pai, dá-me a paz e a força necessárias para suportar as coisas que são para meu bem.

Peço-te em nome de Nosso Senhor Jesus.

Amém.


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