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Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 1 RELATÓRIO Nº 201600592 QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO? Avaliação dos Resultados da Gestão Centrais Elétricas do Norte do Brasil SA – Eletronorte Foi avaliada a gestão da Eletronorte na condução do empreendimento Usina Hidroelétrica - UHE SINOP, situada nos municípios de Sinop e Itaúba, no Estado de Mato Grosso. A usina, que terá capacidade de 400 MW, está sendo implantada em parceria com o setor privado, por meio da Sociedade de Propósito Específico Companhia Energética Sinop S.A., da qual participam as estatais Eletronorte e Chesf, subsidiárias da Eletrobras, cada uma com 24,5% das ações, e a empresa EDF UTE POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? A CGU elaborou metodologia para avaliação de empreendimentos de geração e de transmissão de energia em execução pelas empresas do Grupo Eletrobras, de forma corporativa ou em parceria com o setor privado. O trabalho foi realizado como avaliação piloto para validação de procedimentos. A Usina Hidrelétrica Sinop foi selecionada em função de seu porte e estágio de execução, adequados à aplicação dos testes. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? Os resultados indicam que na condução do empreendimento são adotadas medidas baseadas em gestão de riscos. Além disso, estão sendo implementados inúmeros programas socioambientais para tratamento dos impactos causados. Não obstante, houve atraso no cumprimento de condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental e na obtenção de licenças e autorizações necessárias à execução das obras. Os programas de desapropriação das terras atingidas pelo reservatório da usina e de remanejamento da população afetada também apresentam atrasos significativos. Foi também constatada alteração no contrato de execução das obras em condições desvantajosas para a CES. Como consequência dos atrasos verificados, o prazo de entrada em operação da usina foi postergado de março de 2018 para dezembro de 2018, o que ocasionará prejuízo devido a perda de receita com a geração de energia, além de sujeitar a Companhia à aplicação de penalidades contratuais e regulatórias. Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União

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RELATÓRIO Nº 201600592

QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO?

Avaliação dos

Resultados da Gestão

Centrais Elétricas do

Norte do Brasil SA –

Eletronorte

Foi avaliada a gestão

da Eletronorte na

condução do

empreendimento Usina

Hidroelétrica - UHE

SINOP, situada nos

municípios de Sinop e

Itaúba, no Estado de

Mato Grosso.

A usina, que terá

capacidade de 400

MW, está sendo

implantada em parceria

com o setor privado,

por meio da Sociedade

de Propósito Específico

Companhia Energética

Sinop S.A., da qual

participam as estatais

Eletronorte e Chesf,

subsidiárias da

Eletrobras, cada uma

com 24,5% das ações, e

a empresa EDF UTE

POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO?

A CGU elaborou metodologia para avaliação

de empreendimentos de geração e de

transmissão de energia em execução pelas

empresas do Grupo Eletrobras, de forma

corporativa ou em parceria com o setor

privado. O trabalho foi realizado como

avaliação piloto para validação de

procedimentos. A Usina Hidrelétrica Sinop foi

selecionada em função de seu porte e estágio

de execução, adequados à aplicação dos

testes.

QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS?

Os resultados indicam que na condução do

empreendimento são adotadas medidas

baseadas em gestão de riscos. Além disso,

estão sendo implementados inúmeros

programas socioambientais para tratamento

dos impactos causados.

Não obstante, houve atraso no cumprimento

de condicionantes estabelecidas pelo órgão

ambiental e na obtenção de licenças e

autorizações necessárias à execução das

obras.

Os programas de desapropriação das terras

atingidas pelo reservatório da usina e de

remanejamento da população afetada

também apresentam atrasos significativos.

Foi também constatada alteração no contrato

de execução das obras em condições

desvantajosas para a CES.

Como consequência dos atrasos verificados, o

prazo de entrada em operação da usina foi

postergado de março de 2018 para dezembro

de 2018, o que ocasionará prejuízo devido a

perda de receita com a geração de energia,

além de sujeitar a Companhia à aplicação de

penalidades contratuais e regulatórias.

Ministério da Transparência, Fiscalização e

Controladoria-Geral da União

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Norte Fluminense S.A.,

que detém 51% do

capital.

O escopo abrangeu a

avaliação das

atividades de

planejamento,

contratação, e

execução do

empreendimento.

QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS?

Para a mitigação/solução dos problemas

verificados foi recomendada a adoção de

medidas objetivando o cumprimento das

exigências ainda pendentes junto ao órgão

ambiental, bem como a continuidade dos

processos de negociação para indenização e

remanejamento dos proprietários rurais

afetados. Foi também requerida a

comprovação de despesas que foram

indenizadas à construtora executora das

obras, decorrentes de aditamento contratual.

Por fim, foi emitido um alerta à Eletronorte,

indicando precauções a serem tomadas em

novos aditamentos do contrato de execução

das obras, a fim de evitar prejuízos à

Companhia Energética Sinop S.A.

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Unidade Auditada: CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A Exercício: 2015 Processo: Município: Brasília - DF Relatório nº: 201600592 UCI Executora: SFC/DI/CGENE - Coordenação-Geral de Auditoria das Áreas de Minas e Energia

_______________________________________________

Análise Gerencial Senhor Coordenador-Geral,

Por meio deste relatório, apresentam-se os resultados do trabalho de Avaliação dos Resultados da Gestão na CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A - ELETRONORTE realizado de acordo com os preceitos contidos na Ordem de Serviço n.º 201600592 e em atendimento ao inciso II do Art. 74, da Constituição Federal de 1988, de acordo com o qual cabe ao Sistema de Controle Interno: “comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal”.

1. Introdução

O presente trabalho foi realizado em Brasília - DF, com o objetivo de avaliar a gestão da unidade e, para tanto, foi selecionado o macroprocesso denominado “Geração de energia Elétrica”. O macroprocesso foi selecionado por estar estreitamente relacionado à missão institucional da unidade, qual seja, “ atuar nos mercados de energia de forma integrada, rentável e sustentável”.

Para este trabalho de avaliação, foi selecionado o empreendimento denominado Usina Hidroelétrica - UHE SINOP.

Para constituição e manutenção de seu negócio, as empresas do Grupo Eletrobras realizam investimentos, seja diretamente, por meio dos denominados empreendimentos corporativos, seja por meio da associação com o setor privado, mediante a constituição de sociedades de propósito específico - SPE.

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Conforme estabelecido no art. 15, § 1º, da Lei n.º 3.890-A/1961, foi conferida à Eletrobras, às suas subsidiarias e às suas controladas a prerrogativa de poderem se associar, com ou sem aporte de recursos, para constituição de consórcios empresariais ou participação em sociedades, com ou sem poder de controle, no Brasil ou no exterior, que se destinem direta ou indiretamente à exploração da produção, transmissão ou distribuição de energia elétrica.

O empreendimento UHE SINOP está sendo realizado em associação com o setor privado, por meio da SPE COMPANHIA ENERGÉTICA SINOP S.A. – CES – CNPJ 19.527.586/0001-75, cuja composição acionária consiste em 24,5% para a ELETRONORTE, 24,5% para a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF – CNPJ 33.541.368/0001-16 e 51% para o sócio privado EDF UTE Norte Fluminense S.A. – EDFNF – CNPJ 04.781.515/0001-27.

Compete à União, diretamente ou mediante concessão, autorização ou permissão a terceiros explorar os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético de cursos d’água.

Assim, a implantação de novos empreendimentos de geração e transmissão de energia é precedida de leilões de contratação de energia, com posterior outorga de concessão.

Nos termos do Decreto 2.335/97, compete à Aneel elaborar editais e promover licitações destinadas à contratação de concessionários para aproveitamento de potenciais de energia hidráulica e para a produção, transmissão e distribuição de energia elétrica. O aproveitamento hidroelétrico da UHE SINOP foi concedido por meio do leilão Aneel nº 006/2013.

A realização de investimentos pelas empresas do grupo Eletrobras abrange dois momentos distintos: uma fase prévia à realização dos leilões da Aneel, denominada “Desenvolvimento de Novos Negócios”, e uma fase pós-leilão, caracterizada pela gestão dos empreendimentos.

Quando há a divulgação da realização de um leilão, a Eletrobras realiza uma avaliação prévia da carteira de projetos de seu interesse.

Em seguida, as empresas do grupo avaliam a viabilidade das oportunidades de negócios oriundas da realização de um leilão, analisando a perspectiva de rentabilidade de cada projeto. Para que as empresas do grupo Eletrobras participem dos leilões é necessária a aprovação do Conselho de Administração da holding. A participação das empresas Eletronorte e Chesf no leilão nº 006/2013 foi aprovada pela Eletrobras Holding por meio da Resolução RES-524/2013, de 01/08/2013 e da deliberação DEL 061/2013, de 30/08/2013.

Para a seleção de parceiros privados a fim de participar do leilão da UHE Sinop em associação com as empresas Eletrobras foi realizada chamada pública, em novembro de 2011, tendo sido selecionada a Alupar Investimentos S.A.

O leilão Aneel nº 006/2013 ocorreu em 29/08/2013, e o consórcio formado pela Eletronorte, Chesf e Alupar obtiveram a concessão do empreendimento.

Em janeiro de 2014, foi realizada nova chamada pública, visando a seleção de novo parceiro privado para substituir a Alupar Investimentos S.A. na Companhia Energética Sinop, tendo sido selecionada a EDFNF.

O Contrato de Concessão de Uso de Bem Público para Geração de Energia nº 01/2014-MME-UHE SINOP foi firmado com o MME em 26/02/2014.

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O objetivo deste trabalho foi avaliar as atividades desempenhadas pelas empresas do Grupo Eletrobras, e pela SPE CES no planejamento, contratação, aquisição e montagem de equipamentos e execução das obras destinadas à concretização do empreendimento.

Os trabalhos de auditoria foram realizados no período de 15/09/2016 a 10/11/2016, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal.

Nenhuma restrição foi imposta à realização dos exames.

2. Resultados dos trabalhos

A abordagem adotada pela CGU objetivou responder às seguintes questões de auditoria, referentes ao empreendimento UHE SINOP:

2.1 O mapeamento de riscos do empreendimento é adequado?

A política de Estruturação de Negócios e Gestão de Participações da Eletronorte estabelece como diretriz a análise prévia dos riscos inerentes aos empreendimentos, com o mapeamento de todas as fases sensíveis de sua viabilização, implantação, construção e operação.

É fato que à época da homologação da referida política1, o consócio que precedeu a SPE já estava constituído2. Não obstante, a avaliação de risco se constitui em prática fundamental para assegurar os interesses da Companhia. A existência de risco é inerente a qualquer decisão, como a de expandir novos mercados, lançar novos produtos ou realizar novos investimentos. Uma adequada avaliação desses riscos provê instrumentos para que a administração possa tomar a decisão de aceitá-los ou rejeitá-los, e ainda, adotar medidas para mitigá-los.

De acordo com o Manual do grupo de trabalho - GT de SPE da Eletrobras (também editado após a constituição do consórcio CES), “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Para o empreendimento em questão não foi elaborada matriz de risco específica, todavia, conforme manifestado pela Eletronorte, a participação no leilão foi precedida da avaliação dos riscos envolvidos.

A avaliação de riscos foi, inclusive, uma determinação do Conselho de Administração da Eletrobras, ao autorizar a participação da Eletronorte e da Chesf no leilão.

Dentre as providências mencionadas pela Eletronorte para tratamento de riscos na fase de leilão, constou a obtenção de aprovação em todas as esferas para participação no leilão, sem especificar quais seriam essas esferas. Cabe assinalar que, na data do leilão, o estudo de viabilidade do empreendimento estava aprovado na Aneel3, a licença ambiental prévia estava emitida4, e havia sido obtida declaração de reserva de disponibilidade hídrica5 para o aproveitamento hidrelétrico.

1 Del -0066/2013,d e 27.11.2013. 2 Termo de compromisso para constituição de consórcio firmado entre a Eletronorte, a Chesf e a Alupar Investimentos S.A. em 19.08.2013. 3 Despacho Aneel nº 3.164, de 10/010/2012. 4 Licença Prévia nº 301901/2012, emitida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do MT em 10/05/2012. 5 Resolução nº 772, de 24/10/2011, da Agência Nacional de Águas.

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Todavia, para a concretização do empreendimento, ainda existiam autorizações importantes a serem obtidas, como: elaboração do projeto básico e aprovação pela Aneel, obtenção de licença ambiental de instalação, autorização para supressão de vegetação para a área a ser alagada, declaração de utilidade pública para fins de desapropriação das áreas necessárias à formação do reservatório e reserva legal, outorga de direito de uso dos recursos hídricos, outorgas previstas no código de mineração para os materiais a serem utilizados nas obras, entre outras. Portanto, no que diz respeito às aprovações necessárias, havia riscos importantes a serem considerados por ocasião da participação no leilão. Cabe assinalar que esses riscos se materializaram, à medida que atrasos ocorridos na obtenção de licenças impactaram o cronograma de execução e causaram prejuízos à SPE.

Para tratamento dos riscos técnicos, a principal medida adotada foi a celebração de pré-contrato na modalidade Full EPC – Engineering Procurement Construction, ou empreitada integral. O contrato, de fato, continha garantias e cláusulas mitigadoras de riscos para a SPE. Não obstante, nem todas as garantias pactuadas foram constituídas. “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Com relação aos riscos ambientais e fundiários, a Eletronorte, ao identificar que os custos com meio ambiente, supressão vegetal e regularização fundiária tinham impacto relevante na viabilização do empreendimento, estudou cenários com vistas a minimizar os riscos. Verificou-se que os programas de regularização fundiária apresentam atrasos significativos. As avaliações não foram concluídas e as negociações com a população afetada não foram iniciadas. Há indícios de que os custos possam superar os estimados, inclusive os do cenário mais desfavorável.

Observa-se, portanto, que a Eletronorte adotou medidas com o objetivo de tratar os principais riscos associados à sua participação, e de seus parceiros, no leilão Aneel nº 006/2016, porém deixou de considerar aspectos importantes que podem ter grande impacto nos prazos e nos custos de implantação do empreendimento.

A SPE Companhia Energética SINOP – CES, por sua vez, possui mapa de riscos formalmente estabelecido. Foram mapeados riscos relativos às áreas: obras civis/eletromecânicas, aquisição de terras, remanejamento da população, supressão vegetal, obras do reservatório, socioeconômico, biótico, físico e outros. Os riscos foram classificados quanto à probabilidade e impacto. No plano de ação foram estabelecidas as medidas a serem adotadas para evitar, mitigar, transferir ou aceitar os riscos, atribuída responsabilidade às áreas envolvidas e definidos prazos.

Avalia-se que não foram abordados, nessa matriz, riscos que podem ter impactos significativos, tais como atrasos na entrega de componentes ou equipamentos por parte de sub fornecedores, inexecução ou abandono da obra por parte da empresa epecista, desastres naturais, calamidades, corrupção, falência ou concordata de fornecedores e/ou sócios, insuficiência ou indisponibilidade de recursos para realização dos aportes, vazamento de informações estratégicas para o negócio e não obtenção dos empréstimos e financiamentos programados.

Cabe destacar que o mapa elaborado pela CES abordou riscos majoritariamente relacionados à fase pré-operacional, sendo pouco tratadas as questões referentes à fase operacional. Já as avaliações realizadas pela Eletronorte previamente à participação no leilão chegaram a cobrir todo o período da concessão, haja vista que foram realizadas estimativas financeiras pelo financial advisor contratado pelo então consórcio.

Apesar disso, entende-se que há riscos relevantes, relacionados à fase operacional do empreendimento, que não foram tratados nem pela Eletronorte nem pela SPE a exemplo:

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• Projeções (câmbio, inflação, etc) que não se cumpriram; • Variações dos preços da energia no ambiente de contratação livre - ACL; • Queda na demanda por energia no ACL; • Risco hidrológico6 no período operacional; • Alteração na legislação tributária, trabalhista e/ou na regulamentação do

setor elétrico; • Obsolescência das instalações no decorrer do período de

concessão/permissão em razão de novas tecnologias; e • Manutenção e operação inadequadas.

2.2 Estão sendo adotadas medias para obtenção das licenças ambientais necessárias?

Previamente ao leilão de concessão o empreendimento já dispunha de licença ambiental prévia7. A licença de instalação para implantação do canteiro de obras8 foi emitida em 05/12/2013. Já a licença de instalação para a atividade de “construção de barragens e represas para a geração de energia elétrica”, que autorizaria o início efetivo das obras, foi obtida somente em 17/03/2014. O atraso na emissão da licença de instalação levou à prorrogação da data prevista para entrada em operação das unidades geradoras, e a despesas com indenizações à empreiteira contratada.

2.3 As condicionantes estabelecidas pelos órgão ambientais estão sendo cumpridas?

As condicionantes da Licença Prévia foram estabelecidas no Parecer Técnico (PT) nº 61987, de 10/05/2012. Foram emitidas 32 condicionantes, abordando ações para monitoramento e proteção da fauna, flora, recursos hídricos, reservas legais, além de aspectos socioeconômicos relacionados à população atingida. As condicionantes da licença de instalação, em número de oito, estão contidas no parecer 8173/CAIA/SUIMIS/2014, de 17/03/2014, e estabeleceram a realização de inventário florestal, o mapeamento de propriedades atingidas, a implantação de programa de recuperação de áreas degradadas e a necessidade de autorização para supressão vegetal.

Em atendimento ao solicitado na Licença Prévia, a CES elaborou Plano Básico Ambiental – PBA, para requerimento da Licença de Instalação, detalhando o conjunto de programas ambientais apresentado no Estudo de Impacto Ambiental - EIA e no Relatório de Impacto Ambiental - RIMA. O PBA é composto por 13 planos, 30 programas e 10 subprogramas.

Tendo em vista a quantidade de condicionantes das licenças prévia e de instalação, optou-se por selecionar uma amostra para fins de exame. Foram avaliadas as medidas que estão sendo adotadas pela CES para cumprimento de cinco exigências da licença prévia e uma da licença de instalação.

As condicionantes 10, 13 e 14 da licença prévia - LP tratam das questões fundiárias. A CES as considera “em atendimento”, conforme informou à SEMA/MT no 4º Relatório Consolidado de andamento do PBA.

Considera-se que as ações visando o cumprimento das condicionantes da LP apresentam atrasos significativos. Com relação à condicionante 10, referente à apresentação de

6 O contrato de execução das obras prevê responsabilidade da contratada quanto ao risco hidrológico durante o período de execução. O risco aqui citado se refere à fase de operação, de indisponibilidade hídrica para a geração da energia a ser entregue. 7 Licença Prévia LP Nº 301901/2012, emitida em 10/05/2012 pela SEMA/MT. 8 LI nº 63167/2013.

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projeto de reassentamento para os atingidos, observou-se que as áreas para remanejamento da população ainda não foram definidas, “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.Antes que a área seja plenamente definida não é possível elaborar o projeto de reassentamento.

Com relação à condicionante 13, que solicitava que fosse firmado acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA quanto às indenizações e compensações referente aos lotes atingidos em seus assentamentos, verificou-se que a minuta do termo de acordo foi encaminhada ao INCRA, porém, até o fechamento do 4º Relatório Consolidado de andamento do PBA o órgão ainda não havia se posicionado a respeito.

Quanto à 14ª condicionante – que estabelecia a realização de acordos com os proprietários de áreas rurais - foi possível constatar que os valores das avaliações ainda não haviam sido apresentados aos proprietários, e o processo de negociação das indenizações ainda não havia se iniciado. “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Avalia-se que o retardo no cumprimento dessas condicionantes tem o potencial de vir a causar sérios impactos no custo do empreendimento, em razão da incerteza relativa ao real montante de recursos necessários e de possíveis demandas judiciais. Pode haver também impacto no cronograma das obras e na entrada em operação da usina, pois, enquanto não solucionada a questão fundiária e não concluído o remanejamento da população, a operação de enchimento do reservatório não poderá ser iniciada.

A condicionante 15 da licença prévia diz respeito à constituição da reserva legal e, de acordo com o 4º relatório consolidado de andamento do PBA, foi considerada atendida. Todavia, observa-se que a atividade de análise das matrículas das propriedades não foi concluída. Conforme consta do relatório do programa 3.5.3 – Programa de Reserva Legal, as análises realizadas por empresas terceirizadas baseavam-se em matrículas datadas de dois, cinco ou até 10 anos atrás, sendo necessário atualizá-las. O relatório informa que, no período, “já foram efetivadas análises em mais da metade do reservatório”. Os resultados dessas análises indicaram que, de 203 propriedades verificadas, apenas 100 possuíam matrícula com algum tipo de averbação referente à reserva legal. Dessas, a maioria possuía apenas a citação de que a reserva abrangia 50% da propriedade, porém não discriminavam a localização desta dentro da propriedade.

Portando, considera-se que a condicionante está sendo, de forma equivocada, considerada pela CES como atendida. Além disso, os resultados até então obtidos apontam para um problema em potencial, a necessidade de recomposição da área de reserva legal nas propriedades a serem desapropriadas.

A condicionante 26 refere-se ao Programa de Apoio aos Municípios. Para esse programa, o PBA previa a elaboração de um plano de ação, considerando as necessidades municipais em função da implantação do empreendimento. Quando da elaboração do EIA, haviam sido identificados impactos que poderiam afetar negativamente os municípios, decorrentes da atração de pessoas em busca de emprego que, ao chegarem à região, poderiam demandar por serviços de saúde, educação, moradia, lazer, transporte, etc.

No 4º Relatório Consolidado de andamento do PBA, a condicionante foi considerada em atendimento. No período, foram relatadas ações relativas a levantamento de dados, monitoramento, e ações orientativas. Não foram relatadas, no período, ações concretas para reforço da infraestrutura e equipamentos sociais nos municípios, à exceção da

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realização de atendimentos nos Centros de Atendimento ao Migrante (CAM de Sinop e CAM Itaúba).

Já no período anterior, de acordo com o 3º Relatório Consolidado, fora relatada a antecipação de algumas ações pactuadas com os municípios, independente do resultado dos diagnósticos e monitoramentos. Fora apresentado um anexo com as ações que estavam sendo planejadas ou em andamento, decorrentes de acordos firmados com as municipalidades.

Observa-se que não há um plano de ação sistematizado, mas sim demandas isoladas e com grande quantidade de ações informais, aprovadas verbalmente.

O monitoramento do andamento dessas ações parece ter sido descontinuado, tendo em vista que no período do 4º Relatório não mais foi apresentada a situação de cada ação individualmente.

Os termos de compromisso firmados com os municípios foram anexados ao 1º Relatório Consolidado. Observou-se que esses termos não contêm cláusulas prevendo a forma de prestação de contas dos recursos aplicados.

Diante do exposto, conclui-se que o atendimento à condicionante não está sendo realizado de forma adequada.

Com relação à Licença de Instalação - LI, foi selecionada para a análise a Condicionante 2, que diz respeito à obtenção da autorização para supressão vegetal da área correspondente ao canteiro de obras, bem como para a área do reservatório.

A autorização para retirada da vegetação na área do canteiro de obras e parte das jazidas de materiais para construção foi obtida em 20149. Já para a área do reservatório foi obtida ASV parcial, sendo que ainda é necessária a obtenção de autorização complementar.

A CES não vem adotando medidas tempestivas para obtenção da ASV complementar. Foi estabelecido no PBA que os locais e proporção da área de vegetação a ser suprimida seria indicado mediante estudos de modelagem matemática da qualidade da água. Os estudos para simulações em cenários de supressão na modelagem da qualidade da água tiveram início, por empresa contratada pela CES, somente em dezembro de 2015, e não foram concluídos. O atraso na obtenção da ASV complementar tem grande impacto sobre o cronograma das obras.

Diante do exposto, observa-se que a Companhia vem adotando medidas visando cumprir as condicionantes assinaladas nas licenças ambientais, porém com grandes atrasos que já implicaram no comprometimento do cronograma de implantação do empreendimento e que podem resultar em acréscimo significativo nos custos estimados.

Cabe ressalvar que a presente análise não abrangeu o conteúdo técnico dos documentos. Objetivou somente identificar se a companhia vem adotando medidas voltadas ao cumprimento das condicionantes, de forma a assegurar a continuidade da implantação do empreendimento. A avaliação do conteúdo compete ao órgão ambiental, que pode chegar a conclusão diversa da aqui consignada.

2.4 Os estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental comprovam a viabilidade da alternativa selecionada?

9 Ofício nº 104582/CAIA/SUIMIS/2014, com o Parecer Técnico nº 82016/CAIA/SUIMIS/2014.

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O Estudo de viabilidade de um empreendimento de geração é realizado antes mesmo da concessão do serviço público.

Os empreendedores interessados em realizar estudos de viabilidade, anteprojetos ou projetos de aproveitamento de potenciais hidráulicos devem informar à Aneel, para fins de registro (Art. 28 da Lei nº 9.427). Para tal, apresentam informações (Art. 1º, § 1º, da Portaria MME nº 21/2008) à Empresa de Pesquisa Energética – EPE, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia – MME, que tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento de médio e longo prazo do setor elétrico.

O empreendedor interessado ou a EPE elaboram Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica - EVTE para o empreendimento.

Cabe à EPE cadastrar e habilitar tecnicamente os empreendimentos de geração para fins de participação nos leilões de energia provenientes de novos empreendimentos (Art. 4º da Portaria MME nº 21/2008).

O processo de análise e habilitação técnica tem o objetivo de selecionar, entre os projetos apresentados, aqueles que demonstram viabilidade técnica e capacidade de entregar o montante de energia a ser contratado.

A EPE fornece ao MME lista de referência dos empreendimentos aptos a participar dos leilões.

Realizado o leilão, o vencedor que obteve a concessão do serviço deve ressarcir os custos com a elaboração do EVTE.

No caso do empreendimento UHE SINOP, o EVTE foi elaborado pela própria EPE, em julho de 2010, que contratou uma empresa terceirizada para isso, a Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda – CNPJ 03.366.080/0003-65. Portanto, a realização do estudo não foi de responsabilidade da Eletronorte ou Chesf, nem de seus parceiros no empreendimento.

O EVTE elaborado pela Themag foi baseado em extensos levantamentos preliminares, que consistiram em estudos de cartografia, geológicos, geotécnicos, hidrometeorológicos e de disponibilidade hídrica.

Paralelamente ao desenvolvimento dos Estudos de Viabilidade da UHE Sinop foi realizado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para licenciamento ambiental do empreendimento.

No EVTE, foram avaliadas duas alternativas para a barragem do leito do rio: barragem de terra com enrocamento ou barragem de Concreto Compactado a Rolo-CCR. A alternativa em CCR foi considerada a mais viável. O estudo não avaliou a alternativa de barragem em terra, sem enrocamento, sob a justificativa de que não haveria disponibilidade de solo adequado nas proximidades em volume suficiente. Não obstante, essa foi a alternativa que veio a ser contratada para a execução da obra.

O EVTE estudou duas configurações para o circuito de geração: com três ou com quatro unidades geradoras. Não foi avaliada a alternativa com duas unidades, que foi a que veio a ser adotada na execução das obras. Em todos os casos seria mantida a mesma potência instalada, 400 MW.

No âmbito do EVTE foram realizadas estimativas de custos das alternativas propostas. Uma grande quantidade de itens foi estimada de forma genérica, sem indicação dos parâmetros de referência. Há indícios de que os custos fundiários possam ter sido

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subestimados, porém as avaliações reais, até o momento, não foram concluídas, e houve alteração nas condições de mercado.

A partir das verificações realizadas, observa-se que o EVTE foi elaborado a partir de estudos preliminares suficientes.

Foi realizado estudo de alternativas, porém em número reduzido. As alternativas que de fato vieram a ser adotadas posteriormente, por ocasião do projeto básico, não chegaram a ser consideradas no estudo de viabilidade.

Cabe destacar que não compôs o escopo deste trabalho a avalição do conteúdo desses estudos. O objeto de análise se restringiu a verificar se o EVTE abrangeu ou não a realização dos estudos necessários.

2.5 O projeto básico apresenta os elementos necessários a uma completa caracterização do empreendimento?

Obtida a concessão e constituída a SPE, foi iniciada a etapa de contratação de fornecedores para a concretização do empreendimento. Para isso, já haviam sido firmados pré-contratos, com o objetivo de assegurar preços e disponibilidade para prestação dos serviços.

A execução das obras civis e do fornecimento e montagem dos equipamentos foi objeto de um único contrato, na modalidade empreitada integral, celebrado pela CES com a Construtora Triunfo S.A – CTSA – CNPJ 77.955.532/0001-07, “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”. A elaboração dos projetos básico e executivo fez parte do escopo do contrato.

Para elaboração do projeto básico da obra, a CTSA contratou a empresa Intertechne Consultores Associados S/C Ltda – CNPJ 80.378.052/0004-88, que também prestará os serviços de elaboração do “Projeto básico consolidado” e do projeto executivo.

A análise empreendida neste trabalho consistiu em verificar se o projeto apresentava os elementos necessários a uma completa caracterização do empreendimento, com grau de precisão adequado. O escopo do trabalho não abrangeu qualquer avaliação quanto ao mérito dos arranjos e soluções adotadas, nem quanto ao dimensionamento das estruturas.

Os resultados da análise indicaram que o projeto contemplou as principais estruturas. Todavia, alguns elementos não foram suficientemente caracterizados, conforme detalhado no item 1.1.1.3 deste relatório. Não foram elaboradas planilhas de preços baseadas em quantitativos de serviços.

Avalia-se que o projeto básico elaborado não possui nível de detalhamento necessário para caracterizar as obras e serviços a serem realizados.

2.6 Foi realizada avaliação de custos com o objetivo de assegurar contratação de bens e serviços a preços de mercado?

Com base nos exames procedidos, verificou-se que, previamente às contratações, não foi utilizada, pela Eletronorte e parceiros, nenhuma referência técnica para avaliação dos custos dos serviços a serem executados.

Como não havia projeto básico, não se conhecia sequer as reais quantidades envolvidas. O único parâmetro existente era a estimativa de preços do EVTE, elaborada três anos antes. Mas o escopo do contrato que veio a ser firmado compreendeu a execução de um

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projeto diferente daquele proposto no EVTE. Houve redução do número de unidades geradoras e alteração da barragem principal de CCR para barragem em terra, soluções de menor custo.

Para definição dos valores a serem contratados foi realizada cotação de preços junto a fornecedores, descrita no item 1.1.1.4 deste relatório. Dentre as propostas cotadas foi selecionada a mais vantajosa.

2.7 Foi adotado procedimento objetivo para seleção de fornecedores?

Previamente à participação no leilão, a Eletronorte e seus parceiros realizaram cotações para escolha dos fornecedores com quem seriam firmados pré-contratos.

Todavia, não foram estabelecidos critérios objetivos para realização dessa seleção. A escolha não foi precedida de uma avaliação da capacidade técnica e operacional desses fornecedores que pudesse comprovar sua aptidão para a execução do empreendimento. Também não foi evidenciada a realização de avaliações da capacidade econômico-financeira desses fornecedores.

A proposta selecionada para o contrato principal, para execução das obras e equipamentos, foi a que apresentou menor valor. Observou-se que foram comparadas propostas com escopos diferentes. Como não existia projeto básico, cada proponente pôde avaliar alternativas de arranjo das estruturas. A empresa que veio a ser contratada, Construtora Triunfo, apresentou quatro diferentes opções de valores. Se comparada a opção que mais se assemelhava às demais propostas, ainda assim, seria a mais vantajosa.

2.8 Por ocasião da oferta de proposta no leilão da Aneel, as questões fundiárias relacionadas ao empreendimento estavam totalmente definidas? E por ocasião do início das obras?

O empreendimento, por suas características, demandará uma grande quantidade de desapropriações e remanejamento de populações. Para a formação do reservatório da usina diversas propriedades serão atingidas, conforme demonstrado na figura a seguir:

Figura 1 – Mapa de propriedades afetadas pelo empreendimento.

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Fonte: Cadastro sócio econômico elaborado no âmbito do PBA

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, na região a ser atingida pelo reservatório da Usina existem aproximadamente 400 propriedades rurais, em sua maioria, pequenas propriedades. Parte delas fazem parte de dois projetos do INCRA: o Projeto de Assentamento Wesley Manoel dos Santos e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável 12 de Outubro, parcialmente afetados pela implantação da usina.

As questões fundiárias foram tratadas no PBA nos programas 3.10.1 – Programa de Aquisição de Terras e 3.10.2 – Programa de Remanejamento da População.

Por ocasião do leilão, e também por ocasião do início das obras, essas questões não estavam plenamente definidas.

A primeira etapa do processo de desapropriações foi a obtenção da Declaração de Utilidade Pública – DUP. Apenas em 04/12/2015 a Aneel publicou DUP em favor da UHE Sinop, para áreas de terra destinadas à implantação do futuro reservatório e sua APP, bem como áreas para reassentamento da população interferida.

No que diz respeito às áreas necessárias à implantação da linha de transmissão, o pedido para emissão de DUP somente foi protocolado na Aneel em 17/03/2016 e, até a elaboração do 4º relatório consolidado de andamento do PBA encaminhado à SEMA/MT, ainda não havia sido emitida.

Conforme será relatado no item 1.1.1.5 deste relatório, decorridos 3 anos do leilão e 2 anos do início das obras, a avaliação dos imóveis não foi concluída, os laudos não foram apresentados aos proprietários para negociação e não foram selecionadas as áreas para remanejamento da população.

O retardo traz incertezas quanto ao real montante de recursos necessários ao pagamento das indenizações, aumentando o risco de judicialização das desapropriações.

2.9 Os prazos de execução do empreendimento estão sendo cumpridos?

O cronograma geral de execução das obras foi repactuado em 16/06/2015, no 1º Termo Aditivo ao Contrato de Engenharia, Fornecimentos e Construção da Usina Hidrelétrica SINOP. O prazo de entrega, em condições de operação das duas unidades geradoras foi prorrogado para 01/01/2018 e 01/03/2018.

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O cronograma estabelece marcos contratuais a serem atingidos e respectivas datas. O empreendimento apresentou atraso no cumprimento de um marco intermediário crítico, relativo ao desvio do rio, previsto para julho/2016. O não cumprimento do marco crítico pode acarretar a perda da janela hidrológica de 2016, condição necessária para manter a possibilidade de sincronizar as máquinas no primeiro semestre de 2018.

Os atrasos decorreram da demora na obtenção de licenças necessárias, em particular a autorização de supressão vegetal para a área de uma das jazidas. “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

2.10 Houve antecipação de pagamentos a fornecedores sem previsão de garantia que resguardasse os interesses dos contratantes?

O Contrato de Engenharia, Fornecimentos e Construção da Usina Hidrelétrica SINOP previa uma antecipação (Downpayment) de 10% do valor do contrato, no valor de R$ 112 milhões.

Para garantia, estipulava a apresentação de um Seguro Garantia de Adiantamento e Garantia de Fiel Cumprimento do Contrato.

Não foi comprovada a apresentação do Seguro Garantia de Adiantamento.

2.11 As sócias estatais realizam acompanhamento de todas as etapas da execução do empreendimento?

Ao longo de todo o período de exame foi elaborado pela própria Eletronorte apenas um relatório de acompanhamento, contendo informações sobre o cumprimento dos marcos contratuais, obtenção dos licenciamentos, principais contratações, andamento das ações para cumprimento dos programas ambientais, e avanços físico e financeiro das obras.

Por outro lado, constatou-se que a estatal se municia de informações abrangentes prestadas pela SPE, que emite relatórios mensais de gestão. Não foram apresentadas evidências de que a estatal realize algum controle ou auditoria quanto à consistência dessas informações.

Não foram aplicados testes acerca de eventuais monitoramentos pela sócia estatal Chesf.

2.12 As alterações, ajustes, aditivos e/ou reprogramações ao longo da execução estavam adequadamente justificadas? Acarretaram prejuízo ao contratante?

Por meio do 1º termo aditivo o contrato de execução das obras foi alterado. Além da alteração no cronograma geral de execução, houve mudança nas especificações de uma subestação e na sequência construtiva das ensecadeiras, “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

O referido aditivo estabeleceu o pagamento de custos adicionais, “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”, decorrentes de atrasos na obtenção de licenças e autorizações necessárias e na emissão da ordem de serviço. Além disso, houve alteração em cláusulas que tratavam de bônus por antecipação na entrega da obra e penalidades por descumprimento de obrigações.

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Avalia-se que as despesas adicionais não foram adequadamente comprovadas, e que as alterações nas condições contratuais foram desvantajosas para a SPE. A análise está apresentada no item 1.1.1.7.

3. Conclusão

Verificou-se, por meio do presente trabalho, que o macroprocesso finalístico “Geração de energia Elétrica”, especificamente no que diz respeito às atividades desenvolvidas para concretização do empreendimento UHE SINOP, apresenta os seguintes aspectos que contribuem para o alcance da missão da unidade:

• Existência de avaliação de riscos; e

• Realização de numerosos programas ambientais.

Por outro lado, verificou-se que os seguintes aspectos constituem obstáculos para o atingimento da sua missão:

• Atrasos na adoção de medidas para cumprimento de condicionantes ambientais e obtenção de licenças e autorizações necessárias, impactando no cronograma de implantação do empreendimento;

• Atrasos na implantação dos programas de aquisição de terras e de remanejamento da população afetada; e

• Aditivo contratual com condições desvantajosas para a SPE.

As recomendações registradas neste relatório serão acompanhadas por meio do Plano de Providências Permanente da Unidade.

Brasília/DF, 18 de janeiro de 2017.

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_______________________________________________

Ordem de Serviço nº 201600592 1 GESTÃO OPERACIONAL

1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

1.1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

1.1.1.1 CONSTATAÇÃO

Atraso na obtenção da autorização para supressão vegetal, impactando no cronograma de implantação do empreendimento Fato

O órgão ambiental, ao emitir a licença de instalação para o empreendimento, estabeleceu como condicionante a obtenção de autorização para supressão vegetal da área correspondente ao canteiro de obras, bem como para a área do reservatório. A autorização para retirada da vegetação na área do canteiro de obras e parte das jazidas de materiais para construção foi obtida em 2014, por meio do Ofício nº 104582/CAIA/SUIMIS/2014, com o Parecer Técnico nº 82016/CAIA/SUIMIS/2014, autorizando a supressão de uma área de 232,8057 ha. Todavia, para a área do reservatório, foi obtida ASV parcial, sendo que ainda é necessária a obtenção de autorização complementar.

Acerca desse desmatamento na área do reservatório, importa informar que foi estabelecido pela Agência Nacional de Águas – ANA (Resolução nº 772/2011-ANA) que a supressão da vegetação na área de inundação do reservatório seria realizada “em porções de áreas compatíveis com as condições de qualidade de água simuladas de acordo com orientações do órgão ambiental licenciador do empreendimento”.

Para atender a essa exigência, foi estabelecido no PBA que os locais e proporção da área de vegetação a ser suprimida seriam indicados mediante estudos de modelagem matemática da qualidade da água.

De acordo com informação contida no 4º Relatório Consolidado, o Plano de Desmatamento e Limpeza da área de Inundação do Reservatório, para a área do reservatório, foi protocolado na SEMA/MT em 17/04/2015 um pedido de ASV parcial, de uma área de 3.662,5 ha, a ser obrigatoriamente suprimida, independente das análises de modelagem a serem realizadas. Após extensa negociação, em 30/06/16 a ASV parcial foi emitida.

Porém, havia ainda a necessidade de obtenção da autorização para o restante da área. Com o objetivo de subsidiá-la na proposição da ASV complementar, a CES contratou a empresa ENVEX, que realizou simulações na modelagem da qualidade da água em cenários de supressão de vegetação, sendo a primeira em dezembro de 2015 e outras em março de 2016.

Os resultados desse estudo não haviam sido concluídos. Constava da matriz de riscos da CES o risco identificado como SV-R5 – “SEMA/MT aumentar significativamente o quantitativo de desmatamento (> apx 10.000 ha). No plano de ação para esse risco, constava a informação: “(aguardando os resultados da modelagem matemática de qualidade da água e complementação do Inventário florestal, previstos para o final de

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agosto/16 - após a obtenção de tais resultados a empresa Ferreira Rocha irá elaborar o documento a subsidiar a discussão com o órgão ambiental)”.

Portanto, três anos após o leilão, e cinco anos após a Resolução da ANA que emitiu a DRDHA, a CES não havia concluído a adoção de providência sob sua responsabilidade para obtenção da autorização, qual seja, a realização do estudo de modelagem matemática da qualidade da água.

O atraso na obtenção da ASV complementar tem grande impacto sobre o cronograma das obras, podendo comprometer o prazo para entrada em operação. Isso porque, para a realização das obras de desvio do rio havia uma janela hidrológica (período seco) que não poderia ter sido perdida.

Os efeitos do atraso na obtenção da ASV compreendem a perda da janela hidrológica para realização das obras do desvio do rio, com consequente atraso no cronograma global, podendo comprometer a data de entrada em operação do empreendimento. Como consequência, poderá ocorrer perda de receita com o atraso na geração de energia e pagamento de multas à Aneel. “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

##/Fato##

Causa

Atraso na adoção de medidas, por parte da CES, para realização dos estudos de modelo matemático da qualidade da água, necessários à obtenção da ASV. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada Na reunião de busca conjunta de soluções, realizada em 04/01/2017, os representantes da Eletronorte informaram que os estudos necessários à obtenção da ASV foram concluídos e protocolados junto à SEMA/MT. Foi apresentada cópia da Carta CE-CES-0784/2016-MA, protocolada na SEMA/MT em 06/12/2016, solicitando ASV para a área do reservatório. O documento informa que o quantitativo de área de supressão requerida seguiu orientação do PBA, que indicou o estudo da modelagem hidrodinâmica e da qualidade da água como parâmetro norteador para indicação da área de supressão das formações florestais na área do reservatório. A manifestação final, a seguir transcrita, foi apresentada pela Eletronorte em arquivo de texto anexo a mensagem enviada via e-mail em 13/01/2017: “Esclarecemos que os estudos de qualidade da água foram concluídos e, juntamente com a solicitação de emissão da Autorização para Supressão Vegetal – ASV Complementar, foram protocolizados na Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso - SEMA/MT em 06/12/2016. Adicionalmente, cumpre esclarecer que o Conselho de Administração da SPE Companhia Energética Sinop S.A., para o qual a Eletronorte indicou um representante, tem acompanhado e orientado, tempestivamente, a Diretoria da SPE quanto à atuação junto aos órgãos ambientais envolvidos e às empresas contratadas para prestação dos serviços necessários à implantação da UHE Sinop”.

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##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Foram apresentadas informações e documentação comprobatória que demonstram a adoção de medidas visando o atendimento à recomendação proposta. No entanto, a recomendação será mantida para monitoramento até a efetiva obtenção da autorização de supressão vegetal complementar. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Recomenda-se à Eletronorte que atue junto à SPE Companhia Energética Sinop, para que conclua e apresente à Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso - SEMA/MT os estudos de qualidade da água necessários à obtenção da Autorização de Supressão Vegetal - ASV complementar para o empreendimento UHE Sinop. 1.1.1.2 INFORMAÇÃO

O Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica - EVTE deixou de avaliar as alternativas que vieram a ser adotadas na contratação do empreendimento Fato

O EVTE foi elaborado em julho de 2010 pela empresa Themag Engenharia e Gerenciamento Ltda – CNPJ 03.366.080/0003-65, contratada pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, empresa pública vinculada o MME que tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento de médio e longo prazo do setor elétrico. Para a realização do EVTE foram realizados extensos levantamentos preliminares, contendo estudos de cartografia, geológicos e geotécnicos, hidrometeorológicos, e de disponibilidade hídrica.

A seleção das alternativas de aproveitamento do potencial energético da bacia do Rio Teles Pires partiu do estudo de inventário realizado em 2005 em acordo de cooperação firmado entre Eletrobras, Furnas e Eletronorte, no qual foi estabelecida a melhor divisão de quedas para a bacia.

Por ocasião da elaboração do EVTE não foram identificadas alterações no cenário que pudessem justificar uma eventual alteração na partição de queda dos estudos de inventário, que foi mantida.

Os estudos de inventário traziam uma proposta de arranjo para o barramento. O estudo de viabilidade concluiu que o local escolhido para o eixo era o mais adequado. Foram estudadas as alternativas de deslocamento do eixo para montante e para jusante, mas se concluiu que acarretariam barramentos significativamente mais extensos.

Os resultados das sondagens realizadas revelaram que as condições geológicas da margem direita eram muito melhores que na margem esquerda, o que levou à conclusão que a disposição das estruturas (denominada como arranjo da usina) deveria ser alterada. Foram então avaliadas duas alternativas para a barragem do leito do rio, a saber:

• Alternativa 1: Barragem de Terra e Enrocamento; e

• Alternativa 2: Barragem de Concreto Compactado com Rolo - CCR.

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Foram então realizadas avaliações de custos para essas duas alternativas, e foi selecionada a que previa a barragem em CCR. Observou-se que no EVTE não foi avaliada uma terceira alternativa, consistente em barragem de terra. De acordo com o estudo, haveria pouca disponibilidade de materiais terrosos nas proximidades.

Todavia, essa foi a opção que veio a ser adotada na elaboração do projeto básico pela construtora contratado pela SPE CES. Posteriormente, houve nova alteração, na qual a alternativa em CCR foi retomada, por ser de mais rápida execução. Essa decisão foi motivada pela necessidade de recuperar atraso no cronograma e evitar postergação da data de entrada da usina em operação.

Ainda com relação aos estudos de alternativas, outra definição técnica avaliada no EVTE foi a referente aos níveis de água máximo e mínimo. Para determiná-los, o estudo levou em consideração os impactos socioambientais (a partir do nível máximo estabelecido, a área para reservatório aumentaria significativamente), os benefícios energéticos e o impacto nas usinas a jusante e a montante. O estudo indicou também a necessidade de condições operativas diversas para a estação seca e estação chuvosa, com o objetivo de preservar a dinâmica de formação de lagoas nas proximidades da confluência do Rio Verde com o Rio Teles Pires.

Foram também realizados estudos de motorização, para definição da potência instalada ótima, nos quais foram analisados os incrementos de energia firme decorrentes da variação da potência.

Uma vez estabelecida a potência a ser instalada, de 400 MW, foram realizadas análises para escolha do nº de unidades geradoras. Foram avaliadas as alternativas com 3 e com 4 unidades. O estudo concluiu que as diferenças entre as duas alternativas quanto à segurança no atendimento não eram significativas, o que levou à escolha da opção com 3 unidades geradoras - UG, por acarretar um investimento menor.

Aqui, cabe mencionar que a empresa contratada pela SPE para execução das obras, ao elaborar o projeto básico, optou por uma alternativa que não havia sido avaliada no EVTE, com apenas duas unidades geradoras.

Conclui-se, portanto, que houve falha, ou no EVTE ou no projeto básico. Se, de fato, não havia disponibilidade de material solo, o projeto básico foi deficiente. Por outro lado, havendo o material, o EVTE falhou ao não considerar uma alternativa que poderia resultar em um investimento menor. Assinale-se que os estudos geológicos e geotécnicos do EVTE abrangeram toda a região, mas os ensaios destinados especificamente à prospecção de jazidas de materiais naturais de construção limitaram-se ao sítio das obras, em um raio de aproximadamente 2 km. Não constam informações, no EVTE, de que tenham sido prospectadas jazidas de solo a distâncias um pouco maiores, mas, ainda assim, economicamente viáveis. Já no projeto básico foram estudadas jazidas um pouco mais distantes, num raio de aproximadamente 4 km (peça 1320-SN-ITT-6-GE-G00-C-12-DE-006-RA). Da mesma forma, com relação ao nº de unidades geradoras, considera-se, que ou o EVTE falhou, ao não considerar uma alternativa que poderia ser ainda mais econômica, ou a CES está executando uma alternativa que não traz a mesma segurança em termos de permanência no atendimento de ponta em relação à alternativa com 3 UG.

Considerando que a contratação da execução das obras foi desprovida de projeto básico, o EVTE era a única referência de custo disponível. Dessa forma, caso tivesse sido avaliada uma quantidade maior de alternativas, incluindo as que foram selecionadas para contratação, haveria um parâmetro melhor de custo, que poderia ter resultado em maior economicidade.

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##/Fato##

1.1.1.3 INFORMAÇÃO

Incompletude do projeto básico Fato

Para elaboração do projeto básico da obra, a Construtora Triunfo S.A - CNPJ 77.955.532/0001-07, contratou a empresa Intertechne Consultores Associados S/C Ltda – CNPJ 80.378.052/0004-88, que também prestará os serviços de elaboração do “Projeto básico consolidado” e do projeto executivo.

A análise empreendida neste trabalho consistiu em verificar se o projeto apresentava os elementos necessários para uma completa caracterização do empreendimento, com grau de detalhamento adequado. O escopo do trabalho não abrangeu qualquer avaliação quanto ao mérito dos arranjos e soluções adotadas, nem quanto ao dimensionamento das estruturas. Os resultados da análise indicaram que o projeto contemplou as principais estruturas (barragens, casa de força, tomada d’água, vertedouro, canal de fuga, desvio do rio, ensecadeiras, subestações). Todavia, alguns elementos não foram suficientemente caracterizados, a saber:

a) Ausência de projeto de escavações e de proteção de taludes: a obra irá requerer grande volume de movimentação de terra, para construção da barragem e de ensecadeiras, e de escavação em rocha para implantação do canal de fuga. O projeto básico traz a geometria dos elementos acabados, mas não consta do projeto básico o detalhamento das escavações nas jazidas de material e no leito do canal.

b) Ausência de projeto das linhas de transmissão.

c) Ausência de projeto da interligação da casa de força às subestações.

d) Ausência de projeto do sistema viário para acesso ao empreendimento.

e) Levantamentos insuficientes: consta do projeto básico a informação: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

f) Sistemas auxiliares pouco detalhados: para os sistemas de ventilação, exaustão, esgotamento e enchimento, resfriamento, detecção e combate a incêndio, água tratada, coleta e separação de água/óleo, água de serviço e ar comprimido, serviços auxiliares de corrente alternada e serviços auxiliares de corrente contínua foram apresentados apenas fluxogramas de seu funcionamento, sem detalhamento da sua implantação. Para o sistema de drenagem, foram apresentados fluxogramas e representação parcial do sistema, em detalhes esparsos pelos demais projetos, sem que fosse apresentado um projeto completo e específico para o sistema.

g) Ausência de planilhas de preços.

h) Ausência de projeto de infraestrutura e suprimentos para a execução da obra.

i) Ausência de projeto estrutural das obras em concreto (que representasse disposição de juntas, lances de concretagem e fases construtivas, zoneamento e classes de concreto, armadura típica).

j) Não constam informações de cubagem de terraplenagem e dos materiais necessários.

k) Não consta comprovação de que tenha sido realizada análise da segurança global de barragens e estruturas de concreto (o documento 1320-SN-6-GE-G00-00-C-00-CP-0001

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estabelece os critérios que deverão ser utilizados no projeto, mas não há memorial ou documento que demonstre a sua utilização).

##/Fato##

1.1.1.4 INFORMAÇÃO

Seleção de fornecedores Fato

Previamente à participação no leilão, a Eletronorte e seus parceiros realizaram cotações para escolha dos fornecedores com quem seriam firmados pré-contratos. Os procedimentos adotados estão registrados no Relatório Final do Leilão nº 006/2013-Aneel.

Observou-se que não foram estabelecidos critérios objetivos para realização da seleção. A escolha não foi precedida de uma avaliação da capacidade técnica e operacional desses fornecedores que pudesse comprovar sua aptidão para a execução do empreendimento. Também não foi evidenciada a realização de avaliações da capacidade econômico-financeira desses fornecedores. Essas avaliações teriam importância fundamental, tendo em vista o porte e complexidade do empreendimento e valor do investimento envolvido.

Afim de verificar se foram comparadas propostas com escopos semelhantes, foram examinadas as cópias das propostas apresentadas. Foram selecionadas para exame as propostas na modalidade EPC, pois foi essa a modalidade contratada.

Considerando que houve duas rodadas de negociação, e que, portanto, todas as empresas apresentaram uma segunda proposta, foi considerada, na análise, apenas a mais recente.

Os escopos apresentados por cada um dos proponentes foram os seguintes:

a) Consórcio constituído pelas empresas Construtora Queiroz Galvão S.A., Engevix Engenharia S.A. e Alston Brasil Energia e Transportes Ltda

Valor da Proposta: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Quantidade de unidades geradoras: 3 UG.

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

b) Construtora Triunfo Trinfo S.A. - CTSA

b.1) Proposta com 2 Unidades Geradoras

Valor da Proposta: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Escopo: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

b.2) Proposta com 3 Unidades Geradoras

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Valor da Proposta: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”.

c) Consórcio Construtor Paraná, composto pelas empresas CR Almeida S/A Engenharia de Obras, J Malucelli Construtora de Obras S.A., CESBE S.A. Engenharia e Empreendimentos, VLB Engenharia Ltda e Impsa

Valor da Proposta: “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Número de unidades geradoras: 3 UG.

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Observa-se, portanto, que foram comparadas propostas com escopos diferentes. Como não existia projeto básico, cada proponente pôde avaliar alternativas de arranjo das estruturas.

A empresa que veio a ser contratada, construtora Triunfo, como informado, apresentou quatro diferentes opções de valores. Se comparada a opção que mais se assemelhava às demais propostas, qual seja, a opção com 3 unidades geradoras e com risco geológico para a contratante, ainda assim, seria a mais vantajosa.

Cabe aqui assinalar que as propostas apresentadas pelos demais consórcios sequer deveriam ter sido admitidas pela Eletronorte e seus parceiros, pois não assumiam os riscos geológico, hidrológico e topográfico. Considerando que o empreendimento não dispunha de projeto básico e que a sua elaboração estava a cargo dos proponentes, não seria admissível uma contratação com tais riscos para o contratante. Os custos poderiam se elevar indefinidamente a depender do arranjo proposto pelo projetista. Ademais, não haveria equilíbrio contratual. As alterações sempre onerariam o contratante, e eventuais otimizações de projeto com adoção de soluções mais econômicas não implicariam em descontos a favor deste.

##/Fato##

1.1.1.5 CONSTATAÇÃO

Atraso na implantação dos programas de aquisição de terras e de remanejamento da população afetada Fato

As questões fundiárias relativas ao empreendimento foram tratadas no PBA nos programas 3.10.1 – Programa de Aquisição de Terras e 3.10.2 – Programa de Remanejamento da População.

O Programa de Aquisição de Terras tem o objetivo de identificar e avaliar as propriedades atingidas pelo empreendimento, avaliar as áreas e benfeitorias a serem indenizadas e proceder à negociação com os proprietários para pagamento das indenizações. Já o Programa de Remanejamento da População visa cadastrar a população afetada passível de remanejamento, selecionar áreas a serem ofertadas à população afetada, viabilizar o remanejamento e reconfigurar a área residual dos assentamentos, com readequação da infraestrutura afetada.

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De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental – EIA, na região a ser atingida pelo reservatório da Usina existem aproximadamente 400 propriedades rurais, em sua maioria pequenas propriedades. Parte delas fazem parte de dois projetos do INCRA: o Projeto de Assentamento Wesley Manoel dos Santos e o Projeto de Desenvolvimento Sustentável 12 de Outubro, parcialmente afetados pela implantação da usina.

A primeira etapa do processo de desapropriações foi a obtenção da Declaração de Utilidade Pública – DUP. No dia 04 de dezembro de 2015 a Aneel publicou DUP em favor da UHE Sinop, para áreas de terra destinadas à implantação do futuro reservatório e sua APP, bem como áreas para reassentamento da população interferida.

No que diz respeito às áreas necessárias à implantação da linha de transmissão, o pedido para emissão de DUP somente foi protocolado na Aneel em 17 de março de 2016 e, até a elaboração do 4º relatório consolidado de andamento do PBA, a declaração ainda não havia sido emitida.

Após a emissão da DUP inicia-se a efetivação da desapropriação propriamente dita, que pode ocorrer por acordo ou ingresso em juízo.

Durante o período do 4º relatório complementar foram realizadas atividades de demarcação das áreas atingidas, das Áreas de Preservação Permanente - APP, cadastro fundiário, levantamento físico das propriedade e análise de viabilidade de áreas remanescentes e elaboração de laudos de avaliação.

O programa de remanejamentos tem interface com o programa de aquisição de terras. Estabelece que, após a identificação das propriedades total ou parcialmente atingidas, serão definidos critérios de negociação e formas de indenização, dentre as quais, a opção de remanejamento e reassentamento em outros imóveis rurais. Para um dos assentamentos, o PA Wesley Manoel dos Santos, as áreas originalmente propostas foram rejeitadas por uma comissão de representantes dos atingidos, que indicou novas áreas de seu interesse. A CES aguarda parecer do INCRA sobre a viabilidade de recebimento dessas áreas e inclusão no Programa de Reforma Agrária. Para o PDS 12 de Outubro, uma das áreas prospectadas apresentou problemas documentais, encontrando-se em fase de questionamento junto ao Instituto de Terras do Mato Grosso - Intermat. As demais áreas ainda sequer tiveram seus documentos examinados pela CES.

Em razão dessas dificuldades, a CES protocolou junto ao INCRA minuta de Termo de Compromisso disciplinando o remanejamento populacional, bem como o Plano de Negociação. No plano são apresentadas seis opções de negociação com assentados: 1º Reassentamento; 2º Indenização Integral (terra nua e benfeitorias); 3º Carta de Crédito (a família busca e adquire uma propriedade para autoreassentamento); 4º Reassentamento de famílias em área remanescente de grandes propriedades; 5º Remanejamento de famílias em áreas dentro do assentamento; e 6º Indenização da área afetada e permanência do assentado na área remanescente. Até o fechamento do 4º relatório de acompanhamento do PBA, o INCRA não havia se manifestado.

Observa-se, portanto, um atraso significativo na atividade de aquisição das terras necessárias à formação do reservatório da Usina e da APP correspondente. Decorridos três anos do leilão, a avaliação dos imóveis ainda não foi concluída. As atividades de negociação com os proprietários e pagamento das indenizações não foram iniciadas. Para a linha de transmissão, o atraso é ainda maior, tendo em vista que nem mesmo a DUP foi obtida.

Com relação ao Programa de Remanejamento da População, após 3 anos do início da concessão, as atividades encontram-se em estágio inicial. Não foram sequer definidas as áreas para onde a população será remanejada, impedindo a continuidade da elaboração

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do projeto de reassentamento (que deverá contemplar a compartimentação dos lotes, área destinada à agrovila, localização de reserva legal, além de infraestrutura viária, distribuição de energia e água, construção de moradias).

Não foram iniciadas as atividades de pagamento das indenizações, os processos de desocupação e apoio à remoção das famílias, as compensações financeiras para o período compreendido entre o remanejamento até que a produção no novo assentamento viabilize seus sustentos, bem como a reconfiguração da área residual dos assentamentos e adequação da infraestrutura afetada, e ainda, o apoio à produção rural e inclusão das famílias em programas sociais de geração de renda.

No plano de negócios que embasou a participação das empresas Eletrobras e suas parceiras no leilão havia previsão de um percentual do valor de investimento para fazer frente às despesas fundiárias. Todavia, há incerteza quanto à suficiência dessa previsão.

Quando da elaboração do estudo de viabilidade, pela EPE, os custos fundiários foram estimados em R$ 201 milhões a preços de dezembro de 2009, sendo R$ 106 milhões para aquisição de áreas para formação do reservatório e implantação do canteiro, R$ 51 milhões para unidades de conservação e áreas de preservação permanente, R$ 25 milhões para reassentamento rural e R$ 18 milhões para despesas legais e de aquisição. O preço unitário de aquisição das terras foi estimado em R$ 3.500,00 por ha, sendo prevista a desapropriação de uma área de 43 mil ha. Essa foi a área considerada na declaração de utilidade pública – DUP emitida por meio da Resolução Autorizativa nº 5.582/2015 editada pela Aneel.

Por ocasião da participação no leilão, foi feita uma análise dos investimentos necessários. O Relatório Final do Leilão nº 006/2013-Aneel, produzido pelas áreas técnicas da Eletronorte, consolida as ações e decisões que embasaram a participação da empresa e de seus parceiros no referido Leilão.

De acordo com o relatório, foram considerados dois cenários para composição do valor do investimento (CAPEX), variando os custos de aquisição das terras.

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”.

O relatório informa que foram realizadas consultas locais, e com base nessas consultas foi estimado o investimento necessário para aquisição e relocação das áreas necessárias à implantação do empreendimento.

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”.

O plano de negócios do empreendimento passou por uma atualização em março de 2016, na qual os custos fundiários previstos passaram a ser estimados em R$ 464 milhões. Cabe assinalar que os laudos de avaliação ainda não haviam sido apresentados aos proprietários para negociação, podendo implicar na não aceitação dos valores e judicialização das desapropriações.

O caderno de preços fornece os parâmetros para a avaliação, mas não é possível, apenas a partir dele, inferir o valor total necessário. Ele contém uma equação para apuração do valor das terras, tendo por variáveis características como acessibilidade, manejo da propriedade, vocação da exploração e área a ser adquirida. Somente com a alimentação das variáveis com os valores correspondentes às características de cada imóvel é que se pode conhecer a sua avaliação. Além disso, para as benfeitorias, o caderno de preços indica custos unitários, a exemplo de unidades de árvores frutíferas ou m² de edificações.

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Para apuração do valor, é necessário conhecer as benfeitorias de cada propriedade, o que fez parte do levantamento físico.

O caderno trouxe exemplos de aplicação da equação para 3 diferentes imóveis, com diferentes características. “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”. Nesses exemplos não foram computados os valores das benfeitorias. Saliente-se, conforme relatado anteriormente, que a própria equação está sendo revista pela CES, o que aumenta a incerteza quanto ao tema.

Com base nesses valores, pode-se afirmar que há um risco elevado de que os custos fundiários previstos no CAPEX não sejam suficientes para fazer frente aos reais valores necessários.

##/Fato##

Causa

Demora na realização das atividades previstas no PBA, tais como cadastramento da população, levantamento físico das propriedades. Incerteza da CES quanto à acurácia do caderno de preços elaborado para retratar a realidade de mercado, tanto que aventou a possibilidade de elaboração de novos cadernos específicos por loteamentos; existência de litígios de propriedade, com sobreposição de matrículas. Demora na prospecção e seleção de áreas para remanejamento da população. Existência de controvérsia jurídica (prazo de carência para que assentados do Incra possam comercializar seus lotes, impedindo o pagamento de indenizações). Demora no processo de negociação com o INCRA para assinatura de termo de compromisso disciplinando o remanejamento da população. Indisponibilidade de caixa para iniciar as negociações para pagamento de indenizações, decorrente da dificuldade da CHESF na realização de aportes e de atraso na obtenção de financiamento junto ao BNDES. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Na Reunião de Busca Conjunta de Soluções, a empresa afirmou que o Conselho de Administração acompanha o fluxo de caixa e o cronograma de implantação do empreendimento. Informou, ainda, que irá encaminhar à CES correspondência solicitando que os pontos deste relatório de auditoria sejam avaliados pela SPE, bem como será solicitada a manifestação formal da CES com relação ao relatório.

A manifestação final, a seguir transcrita, foi apresentada pela Eletronorte em arquivo de texto anexo a mensagem enviada via e-mail em 13/01/2017:

“Recomendação acatada, foram formalizadas as orientações propostas por essa Coordenação, conforme correspondência anexa. Adicionalmente, esclarecemos que o Conselho de Administração da SPE Companhia Energética Sinop S.A., para o qual a Eletronorte indicou um representante, tem acompanhado o fluxo de caixa da SPE e o cronograma de ações fundiárias, orientando a Diretoria da SPE quanto à atuação para a implantação da UHE Sinop”.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

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Análise do Controle Interno

Em sua manifestação, a Eletronorte não apresentou elementos que pudessem alterar as recomendações iniciais do órgão de controle interno, tendo informado, ainda, que essas foram acatadas. Com relação ao envio de correspondência anexa, conforme informado na manifestação, destaca-se que a mesma não foi localizada na documentação encaminhada pela empresa. Dessa forma, o monitoramento das recomendações será feito por meio do sistema Monitor. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Recomenda-se à Eletronorte que atue junto à SPE Companhia Energética Sinop - CES para que esta conclua as avaliações dos imóveis atingidos pela implantação da UHE SINOP e proceda à negociação com os afetados. Recomendação 2: Recomenda-se à Eletronorte que atue junto à SPE Companhia Energética Sinop - CES para que esta conclua a seleção de áreas para remanejamento da população afetada, bem como para a elaboração e implantação do projeto de remanejamento. 1.1.1.6 INFORMAÇÃO Ausência de garantias para antecipação a fornecedor do valor referente a projeto e canteiro de obras Fato

O contrato de Engenharia, Fornecimento e Construção entre a CES e a CTSA estabelecia, em sua cláusula 19ª, um adiantamento à construtora no montante de 10% do valor do contrato, mediante garantias, a saber:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

A partir da análise documental efetuada, pode-se constatar que não havia, na documentação apresentada até a emissão da versão preliminar do relatório, apólice específica para garantia de adiantamento, nos termos da cláusula 19.1.1, alínea “a” do contrato.

Haviam sido apresentadas as seguintes apólices:

• Apólice de risco de engenharia (apólice 1006700000512, seguradora Austral Seguradora S.A., CNPJ 11.521.976/0001-26), “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”;

• Apólice de Seguro Garantia de Execução (apólice 0243720140001077600000080 – BTG Pactual Seguradora S/A CNPJ 15.437.885/0001-68), “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”;

• Seguro de responsabilidade civil (apólice 51.5100138678, Swiss Re Corporate Solutions Brasil Seguros S.A.), “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”; e

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• Seguro de responsabilidade civil para administradores (AIG Seguros Brasil S/A CNPJ 33.040.981/0001-50), “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”./Fato##

##/Causa##

Na Reunião de Busca Conjunta de Soluções, a empresa informou que foi apresentada garantia de R$ 59,9 milhões pela construtora Triunfo, contratada para execução das obras da usina.

A manifestação final ao relatório foi apresentada por meio de arquivo de texto anexo a mensagem de e-mail datada de 13/01/2017:

“Esclarecemos que conforme definido no Item 19.1 do Contrato celebrado entre a Companhia Energética Sinop S.A. e a Construtora Triunfo S.A., o adiantamento equivalente a 10% do Valor Global do Contrato foi estruturado da seguinte forma:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”./

Foi anexada à resposta cópia da apólice nº 024612014000207760001577, processo SUSEP nº 15414.004045/2010-49, da Seguradora Austral, na modalidade de cobertura “Adiantamento de Pagamentos”, “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”, eemitida em 19/02/2014. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Dessa forma, a Eletronorte apresentou cópia de apólice de seguro, não disponibilizada anteriormente, sanando a constatação, motivo pelo qual esse ponto foi transformado em informação.

Acerca da interpretação da cláusula 19.1, a Eletronorte entende que os valores correspondentes aos itens a) e b), “informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”, não necessitariam ser cobertos com garantias, pois o “downpayment” seria a autorização para execução dos serviços preliminares.

Essa interpretação não traz plena segurança à contratação, visto que, no período compreendido entre o pagamento da antecipação e a efetiva execução dos serviços (nesse caso: desenvolvimento do projeto básico, do projeto das turbinas e instalação do canteiro) o adiantamento ficou desprovido de garantia.

Além disso, cabe destacar que esse período não foi necessariamente pequeno. De acordo com o cronograma do 1º termo aditivo, o marco intermediário M15-04 – “Apresentação do projeto do rotor Kaplan” foi previsto para set/2015, um ano e três meses após o downpayment.

Além disso, a forma como a cláusula foi redigida não estava plenamente compatível com a forma como o cronograma foi estruturado. A cláusula 19.2 estabelece:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Observou-se, porém, que os valores dos pagamentos são efetuados pelos valores medidos, sem a compensação de que trata a cláusula 19.2. Isso porque o cronograma de pagamentos foi composto por uma parcela de “downpayment”, no percentual de 10,03% do valor da obra, e 50 marcos, que somados totalizam os 89,97% restantes. #/AnaliseControleInterno##

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1.1.1.7 CONSTATAÇÃO

Aditivo contratual com condições desvantajosas para a SPE Fato “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Quadro 1 – Alterações no Cronograma Geral de Execução

Marco contratual Prazo Previsto no Contrato Prazo alterado conforme 1º termo aditivo

Entrada em operação da 1ª Unidade funcional

01/03/2017 01/01/2018

Entrada em operação da 2ª Unidade funcional

01/05/2017 01/03/2018

Fonte: 1º Termo aditivo ao contrato

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Embora solicitado, não foram apresentadas justificativas para as alterações procedidas. Os fatores mencionados no próprio termo aditivo, referentes a atrasos na obtenção de licenças e autorizações, justificam parte das alterações, particularmente a alteração nos prazos, mas não a totalidade delas.

Da mesma forma, também não foi atendida a solicitação para que fossem apresentadas planilhas ou informações que demonstrassem como foram apurados os valores alterados, seja para os acréscimos, seja para os decréscimos, seja para a indenização da contratante à contratada. Especificamente com relação à indenização, cabe assinalar o que dispunha o contrato:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

O contrato foi falho ao não estabelecer parâmetros para essa negociação, sujeitando a CES a acréscimos fora de seu controle. Além disso, a partir das informações prestadas, não há evidências de que a contratada tenha comprovado os acréscimos de custos em que incorreu. No que diz respeito à questão do sistema de transposição de peixes, considerando que o contrato foi firmado pelo regime de empreitada integral, o valor correspondente a essa obra estava incluído no valor contratado. A inserção de cláusula relativizando a obrigação causa prejuízo aos interesses da Companhia.

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Essa alteração foi extremamente prejudicial aos interesses da CES, pois tem o potencial de provocar atrasos cumulativos que podem comprometer a conclusão do empreendimento. Também, os fatos que motivaram a dilação no cronograma geral do empreendimento não justificam essa alteração, pois o atraso na emissão da LI e da ordem de serviço são de responsabilidade da contratante, e não ensejariam multas. A ocorrência

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de uma dilação de cronograma por um fator imputável ao contratante não justifica a isenção de multas por todos os novos atrasos que venham ocorrer por culpa da contratada.

Acerca da cláusula de bônus, avalia-se que foi acatada uma alteração que não atendia aos interesses da SPE CES e, consequentemente, de seus sócios, incluindo as sócias estatais. “Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº11.101/2005”.

Assim, se houver atraso na entrada em operação por qualquer motivo, exceto os imputáveis à Contratada, a CES incidirá em uma despesa à qual não estava obrigada na redação anterior, mesmo não tendo a receita para cobri-la.

Por fim, cumpre informar que há registro de tratativas para a realização de um segundo termo aditivo. Consta do “Relatório Mensal de Gestão do Empreendimento” de julho/2016, a seguinte informação:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Conforme tratado na Constatação 1.1.1.1, o atraso na emissão das ASV – Autorizações para Supressão de Vegetação foram significativos, causando grande impacto no cronograma das obras. Esses fatores, aliados à falta de critério para cálculo dos efeitos correspondentes, podem levar a prejuízos significativos.

O Relatório de Gestão Mensal de Julho de 2016 traz ainda um quadro com as principais notificações contratuais da Construtora Triunfo com potenciais consequências sobre o valor do Contrato ou prazo de execução, explicitando os valores reclamados pela construtora:

“Informações suprimidas por solicitação da Unidade Examinada, em função de sigilo, na forma da Lei nº 11.101/2005”.

Fonte: Relatório de Gestão Mensal da CES de julho de 2016

Cabe salientar que a ausência da composição detalhada dos custos da proposta original impede analisar a pertinência dos valores reclamados, podendo causar prejuízos significativos à CES.

Especificamente quanto aos itens 4 e 7 do quadro acima, cabe destacar que a proposta original da CTSA estabelecia os riscos hidrológicos e geológicos por conta da contratada. Portanto, entende-se que esses pedidos são impertinentes.

##/Fato##

Causa

Não adoção de providências tempestivas para cumprimento de condicionantes ambientais e obtenção de licenças. Ausência de composição detalhada dos custos do contrato, levando à falta de um parâmetro de custos para alterações; Ausência de comprovação de despesas incorridas; Falha na atuação dos negociadores. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

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Na Reunião de Busca Conjunta de Soluções, os representantes da empresa afirmaram que a entrada em operação comercial da usina está prevista somente para dezembro/2018, tendo em vista a perda da janela hidrológica para o desvio do rio em 2016. A unidade auditada solicitou mais prazo para a manifestação com relação a esse ponto, de cerca de 45 dias. No entanto, tendo em vista a necessidade do órgão de controle emitir o relatório final, ficou acertado que a Eletronorte irá encaminhar a documentação preparada pela CES relativa aos aditivos contratuais (notas técnicas) tão logo elas sejam recebidas pela empresa, além da avaliação da Eletronorte com relação ao teor dessa documentação, o que poderá ser feito ao longo da etapa de monitoramento das recomendações deste órgão de controle interno.

A entrada em operação da usina somente em dezembro/2018 pode impactar o caixa da CES, e consequentemente o da Eletronorte, em decorrência de sobrecustos com compra de energia para reposição dos montantes contratados e que deveriam ser entregues em janeiro/2018, além da perda de receitas de venda às distribuidoras no período em que perdurar o atraso.

A manifestação final da empresa foi apresentada em arquivo eletrônico anexo a mensagem de e-mail enviada em 13/01/2017, nos seguintes termos:

“Tendo em vista a perda da janela hidrológica, ocorrida principalmente em função das questões ambientais enfrentadas pela SPE, e a consequente postergação do prazo de entrada em operação do empreendimento, fez-se necessária a formalização do 2º Termo Aditivo ao Contrato celebrado entre a Companhia Energética Sinop S.A. – CES e a Construtora Triunfo SA – CTSA.

Dessa forma, em função desses acontecimentos recentes, solicita-se a postergação do prazo de manifestação em 45 dias a contar de 13/01/2017 (prazo final para manifestação ao presente Relatório Preliminar).

Cientes da necessidade desse Órgão de Controle emitir o Relatório Final de Auditoria, comprometemo-nos a envidar todos os esforços para dirimir, junto à SPE, todos os questionamentos referentes ao 1º e 2º Termos Aditivos ao Contrato de EPC.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Primeiramente, cabe destacar que a documentação examinada até o fechamento da versão preliminar deste relatório foi anterior à formalização do segundo termo aditivo. De acordo com a manifestação da Eletronorte, um segundo ajuste já foi formalizado, mas a documentação correspondente não foi apresentada para exame.

A Eletronorte solicita prazo adicional para apresentação de nova manifestação. Conforme informado na reunião de busca conjunta de soluções, o relatório final está sendo emitido, e a análise da manifestação complementar será realizada por ocasião do monitoramento das recomendações por meio do sistema Monitor.

Por outro lado, fica mantido o alerta acerca da inadequação em se acrescer, via aditamento, despesas não comprovadas e despesas de responsabilidade da empresa contratada, particularmente aquelas decorrentes dos riscos hidrológico e geológico. Cabe assinalar que a partir do exame de novas evidências que vierem a ser apresentadas poderão ser emitidas novas recomendações à empresa.

##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

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Recomendação 1: Recomenda-se à Eletronorte que atue junto à Companhia Energética Sinop - CES para Obter da Construtora Triunfo SA - CTSA a comprovação das despesas que deram origem ao valor da indenização do 1º termo aditivo. Recomendação 2: Recomenda-se à Eletronorte que atue junto à Companhia Energética Sinop - CES para que esta não aprove aditivos sem comprovação detalhada dos valores envolvidos, e não acate despesas cujos riscos são de responsabilidade da contratada, em particular os riscos tratados na cláusula 23.3 do contrato.