por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...por mais longa que seja a caminhada o...

138
Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei 74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto-Lei 65/2018, de 16 de agosto e do Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de fevereiro. Orientador: Professor Doutor Cláudio Filipe Guerreiro Farias Ana Elisa Bessa Menezes Araújo Paiva Porto, setembro de 2019

Upload: others

Post on 22-Jul-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

Por mais longa que seja a caminhada o mais

importante é dar o primeiro passo

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado

com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos

conducente ao Grau de Mestre em Ensino da

Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao

abrigo do Decreto-Lei 74/2006, de 24 de março, na

redação dada pelo Decreto-Lei 65/2018, de 16 de

agosto e do Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de fevereiro.

Orientador: Professor Doutor Cláudio Filipe Guerreiro Farias

Ana Elisa Bessa Menezes Araújo Paiva

Porto, setembro de 2019

Page 2: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

II

Ficha de Catalogação

Paiva, A. (2019). Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar

o primeiro passo. Porto: A. Paiva. Relatório de Estágio Profissional para a

obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico

e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO-APRENDIZAGEM

ESTÁGIO PROFISSIONAL; MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA;

MOTIVAÇÃO.

Page 3: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

III

Agradecimentos

Um, OBRIGADA muito especial à minha família! Por estarem sempre

presentes ao meu lado nos momentos mais importantes da minha vida. Por me

apoiarem e incentivarem todos os dias a ir atrás dos meus sonhos e pelos

sacrifícios que fizeram para me ajudarem a concretizar este sonho! Sem eles

não conseguia chegar onde estou hoje!

Aos meus alunos, sem eles isto não fazia sentido! Um enorme obrigada,

por me terem recebido tão bem, por todas as conversas, por todos os momentos

partilhados, e por todos os desafios que me colocaram. Fizeram-me crescer

enquanto profissional e enquanto pessoa.

Aos meus colegas do Núcleo de Estágio, Alice Paiva, Rita Falcão e

Alberto Senra, pelo companheirismo, brincadeiras, pelo apoio e sobretudo pela

paciência que tiveram! Obrigada pela amizade que fomos criando ao longo deste

ano, nunca me vou esquecer de vocês e das nossas vivências!

Ao Professor Cooperante, Pedro Cunha, por ter sido incansável, por todos

os conselhos transmitidos que me permitiram evoluir, ajudando-me a ser melhor

todos os dias. Por me ter acolhido tão bem e por me conduzir nesta longa

jornada. Obrigada por tudo!

Ao Professor Orientador, Cláudio Farias, por me orientar tão bem, por toda

a disponibilidade, ajuda e preocupação manifestada ao longo deste ano.

Obrigada pelos ensinamentos, pelos conselhos, pelo apoio e pela simpatia com

que sempre me tratou!

À Escola Secundária de Barcelos, por me ter dado esta oportunidade!

À Comunidade Educativa, por me ter recebido muito bem e me fazerem

sentir parte integrante da mesma! Pelo apoio e por toda a confiança depositada

em mim e nos meus colegas de estágio!

Page 4: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

IV

E, por fim, não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que, de certa

forma, me apoiaram e me incentivaram ao longo deste grande percurso!

Page 5: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

V

Índice

Agradecimentos .............................................................................................. III

Índice de Tabelas ............................................................................................ IX

Índice de Figuras ............................................................................................. XI

Índice de Anexos ........................................................................................... XIII

Resumo .......................................................................................................... XV

Abstract ........................................................................................................ XVII

Lista de Abreviaturas ................................................................................... XIX

1. Introdução .................................................................................................. 1

2. Dimensão Pessoal ..................................................................................... 3

2.1. Quem sou eu? ................................................................................ 3

2.2. Expectativas iniciais ........................................................................ 6

3. Enquadramento Institucional ................................................................... 9

3.1. Entendimento sobre o estágio profissional ..................................... 9

3.2. O primeiro contacto com Estágio Profissional .............................. 10

3.3. A importância da disciplina de educação física na vida dos alunos

11

3.4. Contexto legal e institucional do estágio profissional .................... 13

3.5. Caracterização da escola cooperante: Escola Secundária de

Barcelos 15

3.6. Os brincalhões! ............................................................................. 19

3.7. As baratas tontas! ......................................................................... 20

3.8. O papel do estudante estagiário, do professor cooperante e do

professor orientador ...................................................................................... 22

3.9. Núcleo de estágio: o seu significado! ........................................... 24

4. Realização do estágio profissional ........................................................ 27

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e aprendizagem ................. 27

4.1.1. Conceção ..................................................................................... 27

4.1.2. Planeamento................................................................................. 30

Page 6: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

VI

4.1.2.1. A importância do planeamento .................................................. 30

4.1.2.2. Plano anual ............................................................................... 31

4.1.2.3. Unidade didática ........................................................................ 34

4.1.2.4. Plano de aula ............................................................................ 37

4.1.3. A realização ................................................................................. 40

4.1.3.1. Modelos de ensino: a necessidade de responder a problemas da

prática 40

4.1.3.2. Gestão do tempo de aula .......................................................... 46

4.1.3.3. Instrução .................................................................................... 47

4.1.3.4. Apresentação das tarefas .......................................................... 49

4.1.3.5. Demonstração e o Questionamento .......................................... 51

4.1.3.6. Feedback ................................................................................... 52

4.1.3.7. Observação ............................................................................... 55

4.1.3.8. Avaliação ................................................................................... 58

4.2. Área 2 – Participação na escola e relação com a comunidade ........... 65

4.2.1. Tretatlo ......................................................................................... 66

4.2.2. Corta-Mato .................................................................................... 66

4.2.3. Torneio Final de Período .............................................................. 67

4.2.4. Escola Aberta: atividades desportivas .......................................... 71

4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional: O Modelo de Educação

Desportiva influencia na motivação dos alunos? ....................................... 73

4.3.1. Resumo ........................................................................................ 73

4.3.2. Abstract ........................................................................................ 74

4.3.3. Introdução ..................................................................................... 75

4.3.3.1. Motivação .................................................................................. 76

4.3.3.2. Modelo de Educação Desportiva ............................................... 78

4.3.4. Objetivos ....................................................................................... 79

Page 7: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

VII

4.3.4.1. Objetivo Geral e Específicos do estudo ..................................... 79

4.3.5. Metodologia .................................................................................. 80

4.3.5.1. Desenho do Estudo ................................................................... 80

4.3.5.2. Participantes .............................................................................. 80

4.3.5.3. As unidades de ensino: aplicação do MED ............................... 80

4.3.5.4. Instrumentos .............................................................................. 81

4.3.6. Procedimentos de análise ............................................................ 83

4.3.7. Apresentação dos Resultados ...................................................... 83

4.3.8. Discussão dos Resultados ........................................................... 89

4.3.9. Conclusões ................................................................................... 91

4.3.10. Referências Bibliográficas ............................................................ 93

5. Conclusão ................................................................................................ 95

6. Referências bibliográficas ...................................................................... 97

Anexos .......................................................................................................... XXI

Page 8: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 9: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

IX

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Momentos em que foram aplicados os questionários nas três turmas,

referente às duas modalidades ........................................................................ 82

Tabela 2 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação,

regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada, motivação

intrínseca, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de andebol . 83

Tabela 3 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação,

regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada, motivação

intrínseca, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de basquetebol

......................................................................................................................... 84

Tabela 4 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à

satisfação, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de andebol 85

Tabela 5 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à

satisfação, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de basquetebol

......................................................................................................................... 85

Tabela 6 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pré-

teste, na unidade didática de andebol .............................................................. 86

Tabela 7 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pós-

teste, na unidade didática de andebol .............................................................. 86

Tabela 8 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pré-

teste, na unidade didática de basquetebol ....................................................... 88

Tabela 9 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pós-

teste, na unidade didática de basquetebol ....................................................... 88

Page 10: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 11: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XI

Índice de Figuras

Figura 1 - Localização geográfica .................................................................... 15

Figura 2 - Escola Secundária de Barcelos ...................................................... 16

Figura 3 - Pavilhão desportivo ......................................................................... 17

Figura 4 – Multiusos ........................................................................................ 17

Figura 5 - Campo exterior 1 ............................................................................. 17

Figura 6 - Campo exterior 2 ............................................................................. 18

Figura 7 - Sala de musculação ........................................................................ 18

Figura 8 - Roulement ....................................................................................... 18

Figura 9 - Turma residente .............................................................................. 19

Figura 10 - Turma partilhada ........................................................................... 20

Figura 11 - Núcleo de Estágio ......................................................................... 25

Figura 12 - Evento culminante ......................................................................... 43

Figura 13 - Cartaz ............................................................................................ 68

Figura 14 - Tabela de pontuação e calendário ................................................ 69

Figura 15 - Futebol e Voleibol .......................................................................... 69

Figura 16 – Basquetebol.................................................................................. 70

Figura 17 - Medalhas ....................................................................................... 70

Figura 18 - Vencedores do torneio final de período ......................................... 71

Figura 19 - Mapa de rotações .......................................................................... 72

Figura 20 - Escola Aberta: atividades desportivas ........................................... 72

Figura 21 - Teoria da autodeterminação ......................................................... 77

Page 12: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 13: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XIII

Índice de Anexos

Anexo 1 - Distribuição de matérias ................................................................ XXI

Anexo 2 - Plano anual .................................................................................. XXII

Anexo 3 - Constituição das equipas ............................................................ XXIII

Anexo 4 - Grelha de observação ................................................................. XXIV

Anexo 5 - Grelha de observação sobre a atividade dos alunos................... XXVI

Anexo 6 - Grelha de observação sobre o contexto de aula ........................ XXVII

Anexo 7 - Folha de inscrição ...................................................................... XXVII

Anexo 8 - Folha de pontuação .................................................................... XXVII

Page 14: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 15: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XV

Resumo

O Estágio Profissional insere-se no plano de estudos do 2º ano do Mestrado em

Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, apresenta-se como a última etapa de

formação inicial e é onde o estudante estagiário é, pela primeira vez, confrontado

com a realidade. É neste confronto que todo o conhecimento académico

adquirido no decurso da formação inicial irá ser colocado em prática, o Relatório

de Estágio espelha o percurso de uma estudante-estagiária, apresentando as

diversas aprendizagens e experiências vividas numa escola do concelho de

Barcelos. O presente documento está estruturado em cinco capítulos: o primeiro

capítulo diz respeito à introdução. O segundo, à dimensão pessoal, onde relata

a minha história de vida e as vivências que me influenciaram nesta escolha

profissional. No terceiro, no enquadramento institucional, reflito sobre o papel do

estágio e a importância da disciplina de educação física na vida dos alunos,

retrato o estágio profissional a nível legal e institucional, apresento a escola

cooperante, assim como caracterizo as minhas turmas e refiro o papel do

estagiário, do professor cooperante, do professor orientador e qual o significado

do núcleo de estágio. O quarto capítulo, a realização do estágio profissional,

organiza-se em torno de três grandes áreas: área 1 – organização e gestão do

ensino e aprendizagem, que evidencia temas como a conceção, o planeamento,

a realização, a observação e a avaliação; área 2 – participação na escola e

relação com a comunidade, que incorpora todas as atividades realizadas pelo

estagiário para a comunidade educativa; área 3 – desenvolvimento profissional,

agrega o estudo de investigação intitulado “O Modelo de Educação Desportiva

influencia na motivação dos alunos?”. Por último, no quinto capítulo, faço um

balanço final deste ano, destacando o que foi para mim ser professora e a

importância desta experiência na minha vida profissional, bem como as minhas

expectativas para o futuro.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO-APRENDIZAGEM

ESTÁGIO PROFISSIONAL; MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA;

MOTIVAÇÃO.

Page 16: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 17: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XVII

Abstract

The Professional Internship is inserted in the study plan of the second year of the

Master’s Degree in Teaching in Physical Education in Primary and Secondary

Education, from FADEUP. It presents itself as the last step of initial training, and

it’s where the intern is confronted with the real world for the first time. It’s within

this confrontation that all the academic knowledge acquired throughout the initial

training is going to be put into practice. The Internship Report mirrors the path of

an intern by presenting different learnings and experiences lived at a school in

the district of Barcelos. This document is structured in five chapters: the first

chapter is the introduction. The second is related to the personal dimention where

I talk about my life experience and what has influenced me to choose this

profession. The third, the institutional framework, I mention the role of the intern

and the importance of Physical Education in students’ lives. I portrait the

Professional Internship on a legal and institutional level, I present the cooperating

school as well as my classes, keeping in mind the role of the intern, the

cooperating professor, the thesis advisor and the meaning of the internship

group. The fourth chapter, the execution of the professional internship, is

organised around three major areas: area 1 – organisation and management of

teaching and learning which highlights themes such as conception, planning,

performance, observation and evaluation; area 2 – participation in the school and

relationship with community which incorporates all the activities performed by the

intern for the educational community; area 3 – professional development which

includes the investigation study “Does the model of Sports Education influences

students’ motivation?”. Finally, the fifth chapter where I give my final balance of

this year emphasising what was for me being a teacher and the importance of

this experience in my professional life as well as my expectations for the future.

KEY-WORDS: PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-LEARNING,

PROFESSIONAL INTERNSHIP, SPORT EDUCATION MODEL, MOTIVATION.

Page 18: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 19: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XIX

Lista de Abreviaturas

AD - Avaliação Diagnóstica

AEB – Agrupamento de Escolas de Barcelos

AF – Avaliação Formativa

AS – Avaliação Sumativa

EC – Escola Cooperante

EE – Estudante Estagiário

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

ESB – Escola Secundária de Barcelos

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FB – Feedback

MAPJ – Modelo de abordagem progressiva ao jogo

MED - Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de Instrução Direta

NE – Núcleo de Estágio

PC – Professor Cooperante

PES – Prática de Ensino Supervisionada

PO – Professor Orientador

UD – Unidade Didática

TGfU – Teaching Games for Understanding

Page 20: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 21: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

1

1. Introdução

O presente documento, é designado por Relatório de Estágio (RE), foi

elaborado no âmbito da unidade curricular do Estágio Profissional (EP), inserida

no 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação

Física (EF) nos Ensinos Básico e Secundário, pela Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP). Este documento, narra as experiências e

vivências do Estudante Estagiário (EE) ao longo do ano letivo.

A prática de ensino supervisionada (PES), decorreu numa escola

cooperante (EC), situada no concelho de Barcelos, distrito de Braga, com um

núcleo de estágio (NE), constituído por mais três colegas, tendo o nosso

acompanhamento sido realizado por dois professores: o professor cooperante

(PC), da escola e o professor orientador (PO), da faculdade. O facto de estarmos

constantemente juntos, fez com que fosse criada uma ligação forte entre nós,

isto levou a que houvesse momentos de partilha, de preocupações e

conhecimentos relacionados com a disciplina, havendo sempre um sentimento

de entreajuda uns com os outros, lutando em prol do mesmo objetivo.

Segundo Nóvoa (2009), é importante construir uma formação de

professores dentro da profissão. O EP enquanto espaço de formação, configura-

se como o terreno privilegiado para o início dessa construção pessoal. A

necessidade do EP se desenrolar em espaço real de exercício é considerada

determinante, pois é através deste contacto que o EE conhece os contornos da

profissão. Tornando-se, pouco a pouco um membro dessa comunidade

educativa (Batista et al., 2012). Segundo Falkenbach (2002) o EP é considerada

uma etapa de extrema importância para o EE, porque permite uma aproximação

profissional com os alunos, vivenciando os seus comportamentos, as suas

necessidades e os seus desejos, componentes reais, pouco presentes durante

o primeiro ano de mestrado. De acordo com Queirós (2014) o EP é um momento

de excelência de formação e reflexão, uma vez que os saberes teóricos da

formação inicial são confrontados com os saberes práticos. O EP possibilita ao

EE aplicar os seus conhecimentos, tanto práticos como teóricos no contexto real

da profissão.

Page 22: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

2

Durante este ano letivo (2018/2019) tive a meu cargo duas turmas, uma

turma residente do 9º ano e uma turma partilhada do 5º ano. Ao longo deste ano

conjuntamente com os meus colegas do NE e com o grupo de EF realizei

algumas atividades desportivas.

Com o intuito de espelhar as minhas experiências e vivências ao longo do

EP, o presente documento está estruturado em cinco capítulos. O primeiro

capítulo diz respeito à introdução, onde é contextualizado o presente documento,

apresentando um breve enquadramento do EP e fazendo uma caracterização do

que foi o meu EP, bem como a estrutura do RE. O segundo corresponde à

dimensão pessoal, onde relata um pouco sobre a minha história de vida e as

vivências que me influenciaram nesta escolha profissional. No terceiro,

enquadramento institucional, reflito sobre o papel do EP e a importância da

disciplina de EF na vida dos alunos, retrato o EP a nível legal e institucional,

apresento a escola onde realizei o meu EP, faço uma caracterização das minhas

turmas e por fim, reflito sobre o papel do EE, do PC, do PO e qual o significado

do NE. O quarto capítulo, a realização do estágio profissional, organiza-se em

torno das três áreas de desempenho apresentadas no regulamento da unidade

curricular Estágio Profissional. Assim este capítulo divide-se em três grandes

áreas: área 1 – organização e gestão do ensino e aprendizagem, que evidência

temas como a conceção, o planeamento, a realização, a observação e a

avaliação; área 2 – participação na escola e relação com a comunidade, que

incorpora todas as atividades realizadas pelo EE para a comunidade educativa;

área 3 – desenvolvimento profissional, agrega o estudo de investigação intitulado

“O Modelo de Educação Desportiva influencia na motivação dos alunos?”. Por

último, no quinto capítulo, faço um balanço final deste ano destacando o que foi

para mim ser professora e a importância desta experiência na minha vida

profissional, bem como as minhas expectativas para o futuro.

Page 23: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

3

2. Dimensão Pessoal

A identidade profissional de cada EE começa a desenvolver-se quando

estes se candidatam a cursos ligados à formação de professores, onde obtém

conhecimento sobre o que é ser professor de EF. Segundo Dubar (1997) a

identidade profissional é um processo de construção, influenciada pelas

experiências e vivências do EE ao longo da sua vida. Esta identidade profissional

começa a ser construída antes da formação de cada indivíduo com a

socialização antecipatória (Flores & Day, 2006). Este processo de construção

não termina após a sua formação inicial, permanecendo assim ao longo da sua

carreira (Albuquerque et al., cit. por Gomes et al., 2014).

A socialização antecipatória, é um fenómeno que se desenvolve pelas

experiências vividas ao longo da nossa infância, sendo responsável pelas

escolhas que cada um toma, influenciando de certa forma na escolha da nossa

profissão, neste sentido cada um irá acabar por escolher a profissão com que

mais se identifica e se sente atraído (Costa et al., 2011).

Neste entendimento, Gomes et al. (2014) confirmam que uma das razões

principais que levam os EE a escolher a área da docência como profissão,

sobretudo como professores de EF, é devido ao gosto pelo desporto e às

vivências e experiências que tiveram em contextos desportivos. No estudo

desenvolvido por Costa et al. (2011) uma professora apresentou as razões que

a levou a escolher a área da docência como profissão. As razões foram, então:

a identificação que esta tinha com um antigo professor de EF e com o desporto;

as manifestações que os pais apresentavam sobre a sua competência para o

desporto; e principalmente, devido às suas vivências positivas nas aulas de EF.

2.1. Quem sou eu?

O meu nome é Ana Elisa Bessa Menezes Araújo Paiva, sou de

nacionalidade Portuguesa, tenho 23 anos e nasci a 17 de novembro de 1995.

Nasci em Braga na Clínica Santa Tecla, mas resido em Barcelos, mais conhecida

como “a cidade do galo”. Em documentos antigos referentes a esta cidade

monumental, encontram-se expressões como “Coração do Minho” ou “Princesa

do Cávado”, nomes encontrados para designar Barcelos. Porém, também, tenho

Page 24: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

4

um carinho especial pela cidade da Póvoa de Varzim, como se fosse a minha

segunda casa. Quanto à minha família, tenho duas irmãs, a Paula Sofia, a mais

velha, formada há um ano no curso de Engenharia Civil da Faculdade de

Engenharia do Porto, e a Alice, a minha irmã gémea, que ainda hoje fazemos

tudo juntas, tanto a nível académico como desportivo.

Desde que eu me lembro de andar, correr, saltar e brincar, a PAIXÃO pelo

desporto já se fazia sentir, os meus tempos livres eram passados a jogar à bola,

para todo o lado que ia, levava sempre uma bola de futebol debaixo do braço.

Relembrando assim os meus tempos de infância, sempre tive a liberdade de

brincar na rua, pois tinha o privilégio de ter um “ringue” atrás de casa onde podia

jogar futebol, jogar às caçadinhas, jogar basquetebol. Na escola, durante os

intervalos estava sempre com os meus amigos a jogar à bola. Quando não havia

uma bola de futebol, tínhamos sempre no “bolso” outros planos, como jogar

futebol sem bola, saltar à corda, entre muitas outras atividades. Ainda durante a

minha infância, muitos dos fins de semana eram passados na casa da minha

avó, onde eu e a minha irmã gémea mais alguns vizinhos construíamos campos

de futebol nos jardins da casa e assim passamos as tardes a jogar à bola. Por

essa razão, às vezes pergunto-me: - “o que seria da minha vida sem o

desporto!?” O desporto sempre me cativou e sempre foi uma parte integrante da

minha vida, foi através das vivências e experiências que tive no desporto, que

desenvolveu em mim um espírito de entrega, de superação, de dedicação e de

persistência, ajudando-me a ser uma pessoa melhor todos os dias.

Ao longo de toda a minha vida pratiquei desporto e sempre consegui

conciliar com os estudos. É uma ideia errada, quando dizem que é difícil conciliar

os estudos com a prática desportiva, só depende da aspiração e motivação de

cada um de nós.

O meu sonho em pequena era ser jogadora de futebol, mas nessa altura

existiam poucas equipas para jogar, então optei pela natação, tive a sorte de ter

as piscinas municipais em frente a casa, foram perto de cinco anos de prática.

Após estes cinco anos, o meu sonho começava a tornar-se realidade através do

início de uma academia de futebol mesmo em frente a casa, só que o meu

percurso enquanto jogadora de futebol não durou muito tempo, após dois anos

Page 25: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

5

a academia terminou, impedindo-me assim de continuar a jogar. Mas quando

pensava que estava tudo perdido, apareceu uma “luz ao fim do túnel”. Um dia,

eu e a minha irmã gémea fomos buscar o nosso primo ao Basquete Clube de

Barcelos e foi aí que despertou em mim o gosto por uma nova modalidade, o

basquetebol.

Durante sete anos pratiquei basquete no clube de Barcelos, onde tive a

sorte de fazer grande parte da minha formação. Ao fim destes sete anos e devido

ao ingresso na faculdade, tive que optar por outro clube e foi assim que fui jogar

para o Clube Desportivo da Póvoa, durante quatro anos. Foram quatro anos

muito exigentes, pois tinha de conciliar os treinos com a faculdade. Mas tive

momentos muitos bons como: a subida à 1º Divisão e momentos piores, no

último ano, tivemos a infelicidade de descer. Contudo, levo amizades para a vida,

aprendi imenso enquanto jogadora e sobretudo enquanto pessoa.

Durante estes quatro anos também tive o privilégio de passar pelo mini

basket como treinadora, foi um ano incrível e de muitas aprendizagens. Ficando

assim o “bichinho” para mais tarde ingressar nesta área do treino. Este ano tive

a oportunidade de conseguir o estágio em Barcelos, foi assim que voltei às

origens, ao Basquete Clube de Barcelos. Não posso esquecer, um dos

momentos mais marcantes na minha vida, ocorreu no ano passado, tendo sido

campeã nacional universitária pela Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto.

“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.”

Vinícius de Moraes

Desde cedo que o meu objetivo era chegar onde estou hoje, no mestrado

2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. A

minha grande paixão era ser professora de EF, enquanto os meus colegas

andavam indecisos, eu já tinha a minha decisão tomada desde criança, ser

professora de EF.

Todo este querer de ser professora de EF começou muito cedo e esta foi

uma decisão tomada meramente pela paixão que tenho pelo desporto. A

Page 26: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

6

disciplina de EF era, sem dúvida a minha disciplina favorita. Uma das razões que

me levou a seguir esta área, foi o entusiasmo que senti dos meus professores

de EF, que fizeram com que ficasse com o gosto e com a vontade de poder

ensinar mais sobre o desporto e sobre a disciplina de EF. Sendo assim, enquanto

professora, gostaria de um dia conseguir incutir nos alunos esta paixão que trago

comigo.

Em 2014, após terminado os estudos na Escola Secundária de Barcelos

ingressei na Escola Superior de Educação do Porto onde realizei a minha

licenciatura em Ciências do Desporto. Após os três anos de licenciatura sem

qualquer razão de dúvida, candidatei-me ao mestrado 2º Ciclo em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto, onde estou hoje.

2.2. Expectativas iniciais

Segundo Rodrigues (s.d., p. 6) “a profissão de professor se aprende na

escola e na sala de aula e é um processo longo de uma vida”. Para mim esta

citação diz tudo sobre a formação de um professor, só aprendemos a ser

melhores profissionais dentro do verdadeiro campo e através das experiências

vividas. Este é, sem dúvida, o momento mais importante da nossa formação

inicial, uma vez que nos permite aplicar na prática todos os conhecimentos

adquiridos no primeiro ano de mestrado.

Passados quatro anos chegou o início de uma grande etapa, o estágio

profissional (EP). Para realizar o EP voltei à escola que me ajudou a crescer, foi

um grande desafio, porque os que faziam parte da comunidade educativa,

nomeadamente os professores, tinham sido meus professores, e eram agora os

meus colegas, de tal forma que não os conseguia tratar pelo nome próprio, o que

me fez muita confusão numa fase inicial.

Segundo Doyle (cit. por Silva et al., 2014) a profissão de professor é uma

atividade de enorme diversidade e durante a sua formação inicial, tem como

objetivo criar um corpo docente bem qualificado para as escolas através de um

vasto conjunto de experiências. Olho para este último ano letivo como o culminar

de quatro anos de muitas aprendizagens, onde utilizei ao máximo todo o

Page 27: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

7

conhecimento adquirido ao longo da minha vida académica e pessoal com o

intuito de dar início à construção da minha identidade, enquanto futura docente.

Acabando esta grande etapa com um sentimento de dever cumprido. Foi um ano

que tenho a certeza que dei o meu melhor, procurei ao máximo aprender com o

meu PC e com o meu PO, uma vez que estes têm um alargado conhecimento e

experiência nesta área.

Ao longo do EP esperava atingir um conjunto de expetativas, estas

incidiam nomeadamente: na aquisição de competências e experiências como

professora de EF; melhorar o meu processo de ensino-aprendizagem; adquirir

mais conhecimento sobre as diversas matérias a ensinar; obter um conjunto de

ferramentas e estratégias para num futuro conseguir adaptar-me da melhor

maneira a diferentes situações/problemas com que me irei confrontar no dia a

dia.

Segundo Gomes et al. (2017, p. 87) “um ensino de qualidade em

educação física depende, em grande parte, da capacidade do professor

organizar as situações de aprendizagem com vista a que todos os alunos,

independentemente das suas características, desenvolvam os conhecimentos,

atitudes e competências necessárias para adotarem e manterem um estilo de

vida fisicamente ativo e saudável durante a escolaridade e ao longo da vida”.

Foi um ano que tive oportunidade de mobilizar tudo o que aprendi ao longo

da minha formação académica, mais propriamente aplicar o conhecimento

adquirido na área das didáticas específicas correspondentes ao 1º ano do

mestrado. Tive a capacidade de proporcionar uma boa aprendizagem a todos os

alunos, de forma a incutir nos alunos, o gosto pelo desporto e os valores do

desporto, tais como: o empenho; a superação, o esforço; o confronto; o respeito;

a partilha. Também, consegui promover experiências educacionalmente ricas e

autênticas nas aulas de EF, de forma a cativar e despertar nos alunos o gosto

para a prática das aulas de Educação Física e pela prática de exercício físico

fora da escola. Este foi sem dúvida o trajeto que tentei seguir ao longo do EP.

Em relação à minha prática enquanto professora, pretendi enriquecer o

meu leque de conhecimento acerca das várias matéria; melhorar a minha

capacidade reflexiva com o intuito de melhorar a minha prática pedagógica; na

Page 28: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

8

transmissão de conhecimento, adquirir as melhores estratégias para este efeito

e desenvolver uma boa relação com todos os elementos envolvidos na escola,

desde os alunos aos professores e funcionários.

Um dos meus anseios iniciais, antes de começar o meu estágio

profissional era saber com quem iria partilhar o meu dia a dia na escola, ou seja,

quem iriam ser os meus colegas de estágio. Numa primeira reunião com os meus

colegas e com o PC senti uma grande afinidade, perspetivando assim, uma

relação positiva com todos. Neste sentido, ambicionei que se criasse um clima

de amizade, que trabalhássemos em equipa, que nos apoiássemos uns aos

outros nas horas mais difíceis, sobretudo esperava que houvesse uma total

cooperação, entreajuda, momentos de partilha, de conhecimentos, vivências e

sentimentos dentro do grupo. Penso que os momentos que passamos juntos, as

opiniões, as críticas, as reflexões e o nosso comprometimento foram

fundamentais para melhorar a nossa prática pedagógica. Contei com um grande

acompanhamento e apoio do PC e mesmo do PO, que me ajudaram a evoluir e

fizeram-me sair da minha “zona de conforto”.

Por fim, a consciência das minhas principais lacunas, limitações e

dificuldades, foram um dos aspetos mais importantes para a construção do meu

eu como professora. Sempre estive consciente de que o EP seria um caminho

duro e cheio de desafios, espero ter sido capaz de cativar e motivar os alunos

para a prática de exercício físico e ter conseguido desenvolver na maior parte

deles uma vontade de aprender, e frequentarem as aulas de EF com um olhar

diferente do que tinham inicialmente. Espero ter alcançado cada tarefa que me

foi proposta de forma positiva, adquirindo um crescimento gradual, não só,

pessoal como profissional, cumprindo assim com o meu objetivo de vida, sendo

ele profissionalizar-me como professora de Educação Física.

Page 29: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

9

3. Enquadramento Institucional

3.1. Entendimento sobre o estágio profissional

De acordo com Lave e Wenger (cit. por Queirós, 2014) durante a formação

inicial, o contacto com os espaços reais da profissão, nomeadamente o EP,

constitui o processo onde o professor estagiário conhece os contornos da

profissão. Adquirindo novos papéis e aprofundando o seu entendimento sobre a

sua identidade e de que modo esta se vai edificando (Smit et al., 2014).

É uma fase intensa, com um misto de sentimentos, face às novas

responsabilidades que o EE irá assumir. No estudo desenvolvido por Oliveira et

al. (2009) os EE expressam um misto de sentimentos, no início do EP mostram-

se motivados para começar este longo caminho, mas ao mesmo tempo tem

medo de não conseguirem corresponder às suas expetativas, às expetativas do

PC e do PO e de não conseguirem aplicar os conhecimentos adquiridos no

primeiro ano de mestrado.

De acordo com Fletcher e Kosnik (2016) o estágio é fulcral na formação

dos futuros docentes, uma vez que este dá oportunidade aos EE aplicar na

prática o que aprenderam no ano anterior. Neste entendimento, o EP para os EE

é como o primeiro mergulho no mundo da docência, considerando na minha

perspetiva o momento mais marcante da sua formação inicial. É um momento

de construção individual, onde cada um mobiliza para a prática todos os seus

conhecimentos aprendidos no primeiro ano de mestrado, adquirindo novas

experiências.

Para Sinner (2010) o estágio é o espaço, onde o EE vivencia, assimila e

aprende sobre as rotinas diárias de um professor, desenvolvendo princípios,

valores, partilhando tradições, uma vez que estes aspetos influenciam de alguma

forma a maneira pensar e de se ser professor. Neste sentido, o EP é reconhecido

como uma das ferramentas mais importantes nos processos de formação

individual de profissões.

Umas das dificuldades sentidas inicialmente, deveu-se à perceção que eu

tinha dos alunos sobre o seu entendimento e envolvimento nas aulas de EF. Ou

seja, sendo eu treinadora de basquete, para mim o uso da terminologia do jogo

surgia de forma fácil. Por exemplo, “meninos vamos, jogam 3 contra 3 com GR

Page 30: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

10

avançado” para mim é uma organização óbvia. Contudo, quando eu usei esta

terminologia pela primeira vez na aula apercebi-me que maior parte dos alunos

não sabia a que me referia exatamente, provocando ambiguidade e ‘distúrbio’

organizativo. Outra dificuldade que senti passou pela explicação e demonstração

dos exercícios, no decorrer das primeiras aulas da UD de voleibol, apercebi-me

que os alunos demoravam imenso tempo para iniciar os exercícios, porque não

percebiam o que realmente era para fazer. Estas dificuldades fizeram-me

entender que dar aulas na escola é totalmente diferente de dar treinos. Neste

sentido, tive que alterar a minha forma de atuar e procurar estratégias para

ultrapassar estas dificuldades. Desta forma, procurei realizar exercícios simples

e adequados ao nível dos alunos, e usar uma terminologia clara e fácil de

perceber.

Como narra Flores (1999) o EP é um período marcado por intensas

aprendizagens e rico em termos de novas experiências pedagógicas, assumindo

um papel importante na formação do EE. Segundo Simões (2008) o estágio é

um período único e significativo na vida pessoal e profissional de qualquer

professor.

3.2. O primeiro contacto com Estágio Profissional

Os estagiários antes de ingressarem no EP possuem sentimentos de

familiarização com o ensino, acham que conhecem verdadeiramente o sítio onde

se vão inserir. Os futuros professores constroem uma imagem sobre a profissão

a partir das situações experienciadas ou observadas enquanto alunos, e por

mais que a formação inicial destes estagiários seja a mais apropriada, é difícil

evitar o chamado “choque com a realidade”. De acordo com Huberman (cit. por

Queirós, 2014) “a entrada no ensino é repentina e bruta”. De um dia para o outro,

o EE tem de assumir as mesmas responsabilidades que um professor experiente

(Flores, 1999). No início do estágio senti o chamado “choque com a realidade”,

este choque direto com a realidade aconteceu porque queria cumprir com o

planeamento previsto e não conseguia, estando constantemente a alterá-lo.

No dia-a-dia da profissão docente ocorrem constantemente problemas

inesperados, como por exemplo, o pavilhão está ocupado por algum motivo, ou

Page 31: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

11

de acordo com o roulement está previsto dar a aula no exterior e está a chover,

entre outros problemas, e isto implica sempre uma alteração no planeamento,

desenvolvendo assim nos professores a capacidade de improvisação. Já

aconteceu chegar à hora da aula e ter de alterar o plano de aula devido a uma

troca de espaço com outro professor ou ter de reduzir conteúdos que estavam

previstos na unidade didática (UD) porque não ia conseguir lecionar o número

de aulas que estavam previstas.

Segundo Queirós (2014) após este “choque com a realidade” o EE deverá

aproveitar ao máximo o tempo que passa na escola para aprender e sobretudo

desenvolver as suas capacidades, enquanto tem a oportunidade de ter

profissionais experientes orientando-o nesta grande etapa da sua vida. Uma vez

que este espaço proporciona diálogos entre os professores principiantes e os

professores experientes, direcionado para questões sobre o modo como se

aprende e se ensina, gerando no EE novos conhecimentos e novas

competências. Esta interação com toda a comunidade educativa que o EP

proporciona ao EE é considerado como um dos elementos centrais que

caracteriza o espaço do estágio, sendo possível refletir sobre todo o trabalho

desenvolvido, ajudando o EE a encontrar respostas (Batista & Pereira, 2012).

Assim, concluísse que o trabalho de grupo e a cooperação são pontos

chave neste momento da formação do EE e este confronto direto com a realidade

que o EP proporciona ao EE, é determinante para o seu desenvolvimento

enquanto futuro professor, permitindo ao estagiário adquirir um reportório de

competências, valores, atitudes e novos conhecimentos.

3.3. A importância da disciplina de educação física na

vida dos alunos

A escola é considerada como uma das instituições mais importantes e

responsáveis pela construção do nosso “eu” (Nunes, 2006). A escola tem um

papel fundamental na formação dos cidadãos, uma vez que permite aos alunos

aprender de forma a conseguirem viver e trabalhar neste mundo em constante

mudança. A escola é conhecida como a “instituição do saber”, mas esta vai para

além da transmissão de conhecimentos, exercendo um papel importante nas

Page 32: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

12

relações sociais dos indivíduos, neste entendimento a escola deverá ser

entendida como a “preparação” para a vida (Pontes & Palma, 2014).

Um panorama geral que acontece na disciplina de EF, atualmente, é a

desvalorização que os alunos e a sociedade dão à disciplina de EF. Tal facto, se

verifica no significado que lhe é atribuída relativamente às outras áreas

disciplinares, questionando-se assim a sua legitimidade enquanto componente

obrigatória do currículo escolar (Hirst & Peter cit. por Batista & Queirós, 2015,

p.33). A EF é uma das principais disciplinas que se encontra numa situação de

vulnerabilidade face ao contexto curricular, precisando desta forma procurar

novos trilhos, capazes de atrair e de incutir vontade e energia aos estudantes e

professores, de modo a construir um conjunto de aprendizagens enriquecedoras

e culturalmente significativas (Azzarito & Ennis, 2003).

Através desta desvalorização da disciplina de EF, atualmente estamos a

formar cidadãos que não sabem lidar com o seu próprio corpo, e não

desenvolvem noções de cooperação, superação, partilha e respeito. Portanto, a

EF enquanto matéria de ensino deverá ser encarada como uma disciplina

curricular que utiliza o desporto como uma forma especifica de lidar com a

“corporalidade”, devendo deste modo ser-lhe atribuída o mesmo grau de

importância comparativamente às outras disciplinas (Bento, 1999).

Devido à constante preocupação de recolocar a EF, enquanto disciplina

paritária às restantes, a UNESCO enfatiza a importância desta disciplina através

das suas diretrizes, reforçando a ideia de que “todo o ser humano tem o direito

fundamental de acesso à educação física e ao desporto, que são essenciais para

o pleno desenvolvimento da sua personalidade. A liberdade de desenvolver

aptidões físicas, intelectuais e morais, por meio da educação física e do

desporto, deve ser garantido dentro do sistema educacional, assim como em

outros aspetos da vida social” (UNESCO, 2015, p. 10).

Segundo Graça (2015) a disciplina de EF contribui para o bem-estar dos

alunos, para a realização das pessoas e para a melhoria da sociedade,

possibilitando a todos aumentar a sua capacidade de compreender e agir no

mundo através do seu valor educativo. Neste entendimento, a aula de EF deve

ser fundada nos valores do desporto, tais como, a cooperação, a confiança, o

Page 33: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

13

respeito, o espírito de equipa, a superação, o esforço, a resiliência e a

comunicação, procurando desta forma o desenvolvimento integral do aluno nos

domínios motor, cognitivo e sócio afetivo.

Segundo Masurier e Corbin (2006) a educação física é a única disciplina

na escola, na qual os alunos têm oportunidade de aprender e desenvolver

capacidades motoras, bem como adquirir conhecimentos que lhes permitem

participar numa variedade de práticas corporais e desportivas. Sendo a única

disciplina em que o exercício físico é um meio fundamental para atingir objetivos

educativos. É no seio da EF que os alunos aprendem a ter disciplina, a serem

responsáveis, aprendem a trabalhar com os colegas, para além de que

aprendem questões referentes à saúde, de tal forma, estes aspetos são

importantes para que o aluno na sua vida profissional saiba se relacionar com

os outros e saiba cuidar da sua própria saúde.

Assim, a EF tem um forte significado na vida dos alunos preparando-os

para a prática do desporto e para a sua vida social e profissional ao longo da

vida, contribuindo para a promoção de comportamentos saudáveis para consigo

mesmo, e para com os outros.

3.4. Contexto legal e institucional do estágio profissional

O EP é uma unidade curricular, inserida no 2º ciclo de estudos,

pertencente ao mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e

secundários da FADEUP.

Este EP agrega duas componentes: a) a PES realizada numa EC com

protocolo com a FADEUP, incluindo um PC e um PO, e um grupo constituído por

um máximo de 4 EE, designado por NE. Cada um destes 4 elementos fica

responsável por uma das turmas do PC para a concretização do EP até ao final

do ano letivo; b) o RE, orientado por um professor da Faculdade e pelo PC,

responsável pela supervisão do estagiário no contexto de PES (Batista &

Queirós, 2013, p. 37).

Como enfatiza Batista e Queirós (2013, p.33) “a prática de ensino oferece

aos futuros professores a oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas

mais diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos,

Page 34: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

14

costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela

comunidade específica.” Nesta perspetiva, é essencial desenvolver uma

formação de professores dentro da profissão, sendo o EP visto como o terreno

privilegiado para esse início de construção (Nóvoa, 2009). O EP integra o EE no

mundo do trabalho de forma progressiva e orientada, em contexto real,

aperfeiçoando as suas competências profissionais promovendo o seu

desempenho crítico e reflexivo, sendo capaz de responder aos desafios e

exigências da profissão (Matos, 2013).

O EE para exercer a profissão de professor de EF e desenvolver

competências profissionais terá de dominar 4 grandes áreas de desempenho: a

área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem engloba 4 tarefas, a

conceção, onde o EE analisa os programas de EF e os planos curriculares. O

planeamento, onde o EE elabora o planeamento anual, a unidade didática e o

plano de aula. A realização, onde o EE atua de acordo com as tarefas didáticas

conduzindo com eficácia a realização da aula, promovendo aprendizagens

significativas e desenvolver no aluno a noção de competência, e deve utilizar a

terminologia específica da disciplina, sobretudo otimizar o tempo potencial de

aprendizagem. Por fim, na tarefa de avaliação, o estagiário deve construir

instrumentos de avaliação, definir objetivos e realizar as diferentes modalidades

de avaliação; a área 2 – Participação na escola e Relações com a comunidade,

o EE participa em todas as atividades não letivas, tendo em vista a sua

integração na comunidade escolar. Compreendendo a atividade de ensino e

treino do Desporto Escolar e compreender o papel do diretor de turma; por

último, a área 3 – Desenvolvimento profissional, pretende-se que o estagiário

elabore o Projeto de Formação Individual, participe em ações de formação,

elabore o RE, atas e outros documentos, e, recorra principalmente à investigação

como forma a melhorar a sua qualidade de ensino.

Como descreve Batista e Queirós (2013, p. 39), a componente de

investigação é fundamental no processo de formação dos estagiários. Esta

atividade investigativa deve-se direcionar para as práticas educativas permitindo

aos estagiários adquirir novos saberes de forma a mobilizar no exercício da sua

profissão.

Page 35: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

15

3.5. Caracterização da escola cooperante: Escola

Secundária de Barcelos

A EC, onde estou inserida para a realização do meu estágio profissional

pretende ao Agrupamento de Escolas de Barcelos (AEB). Este agrupamento

teve a sua génese no dia 4 de julho de 2012, resultante da agregação do

Agrupamento de Escolas Abel Varzim e da Escola Secundária de Barcelos

(ESB). Este agrupamento tem por sede a ESB (figura 2), situada na Avenida

João Paulo II, apartado 166, 4750-304 Barcelos (figura 1), pertencente ao

concelho de Barcelos.

Este agrupamento tem uma dimensão significativa, com implantação num

vasto território do Concelho de Barcelos, nas duas margens do Cávado e oferece

resposta educativa à população estudantil desde a zona urbana de Barcelos até

aos limites das fronteiras concelhias com Póvoa de Varzim e Esposende.

Figura 1 - Localização geográfica

Page 36: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

16

Figura 2 - Escola Secundária de Barcelos

A sua principal missão é exercer a sua função educativa e formativa,

procurando sempre uma boa qualidade de trabalho, promovendo e incentivando

o desenvolvimento intelectual, físico, social e moral de todos os alunos,

tornando-os cidadãos responsáveis e ativos. Incutindo nos alunos hábitos de

cooperação, respeito, responsabilidade, a solidariedade, autonomia, entre

outros. Valorizando assim cada aluno como um indivíduo único e capaz.

Em relação às instalações da escola, esta encontra-se em muito bom

estado e com ótimas condições devido à sua reconstrução. Relativamente às

instalações para a prática da disciplina de educação física a escola oferece dois

espaços, um interior e um exterior. Sendo que no espaço interior temos o

pavilhão desportivo (figura 3) composto por três espaços de aula mais um

multiusos (figura 4), onde se realizam nomeadamente as aulas de ginástica

(aparelhos, solo e acrobática) e ainda existe uma sala de dança e uma sala de

musculação (figura 7). No espaço exterior, existe um campo de relva sintética

(figura 5) para as modalidades de futebol e andebol, mais uma pista e uma caixa

de saltos dentro do mesmo espaço, para além destes espaços, existe um campo

polidesportivo (figura 6) para a prática do voleibol e do basquetebol. Estes

espaços designados anteriormente são servidos por balneários próprios e uma

arrecadação de material. Quanto ao material, a escola oferece um vasto

equipamento para a prática das mais diversas modalidades.

Page 37: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

17

Figura 3 - Pavilhão desportivo

Figura 4 – Multiusos

Figura 5 - Campo exterior 1

Page 38: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

18

Figura 6 - Campo exterior 2

Figura 7 - Sala de musculação

Devido ao excesso número de turmas a utilizar o pavilhão, foi elaborado

um mapa de rotações de espaço (figura 8) permitindo aos professores uma

melhor organização das suas aulas, contudo sempre que fosse necessário havia

a possibilidade de trocar de espaço com outro professor, desde que fosse

comunicado com antecedência. Devido às alterações climatéricas, sempre que

estava a chover havia sempre a hipótese de ocupar a sala de musculação ou a

sala de dança, sendo que nestes espaços, as aulas eram direcionadas para o

desenvolvimento da aptidão física dos alunos.

Figura 8 - Roulement

Page 39: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

19

3.6. Os brincalhões!

Figura 9 - Turma residente

Quando o meu PC teve conhecimento das suas turmas optou por distribuir

as turmas pelos seus estagiários de forma aleatória através de um sorteio.

Assim, a turma que me foi atribuída corresponde ao 9º ano de escolaridade.

A turma é constituída por 20 alunos, sendo que 65% (13) dos alunos

corresponde ao sexo feminino e os restantes 35% (7) são do sexo masculino.

Com idades entre os 13 e os 14 anos. A esta turma esteve destinada uma carga

horária de 135 minutos por semana.

Antes de começarem as aulas o PC propôs-nos a elaboração de um

questionário para os alunos preencherem na aula de apresentação, com o

objetivo de reter uma informação mais detalhada sobre cada aluno. Este

questionário permite aos professores conhecer cada aluno individualmente,

permitindo perceber se algum aluno tem problemas de saúde, qual a sua

motivação para as aulas de Educação Física, qual a modalidade que mais

gostam, entre outros aspetos.

Assim, através da análise dos questionários confirma-se que a turma

apresenta uma taxa 30% de reprovação, o motivo apresentado pelos alunos

deveu-se, a excesso de faltas, problemas com o professor, questões de saúde

e falta de estudo.

Page 40: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

20

Relativamente a questões de saúde, apenas 4 alunos são portadores de

doença, são elas: escoliose, diabetes, bronquite e hiperatividade.

Numa escala, de 1 a 5, onde 1 representa “nada motivado” e 5 “muito

motivado”, a média da turma assume-se “motivado”, correspondendo ao nível 3.

As modalidades que maior parte da turma gosta, são o futebol e o basquetebol.

E onde tem mais dificuldades é na ginástica.

Verifica-se que a prática regular de atividade física fora da escola é muito

baixa, sendo que só 20% (4) alunos praticam desporto. 2 praticam futebol, 1

ginástica e 1 natação.

No que concerne, ao domínio motor a turma era pouco participativa e

homogénea, é constituída por alunos com muitas dificuldades ao nível da

coordenação e apresentam muitas debilidades técnicas na maior parte das

unidades didáticas (UD) lecionadas. Por essa razão, o planeamento das UD

baseou-se somente no nível inicial de cada uma das modalidades.

Correspondentemente ao domínio cognitivo, ao longo das aulas verificou-

se pouco conhecimento sobre as várias modalidades, a nível de regras,

conteúdos e habilidades.

Em relação ao domínio sócio afetivo, a turma manifestou uma boa

interação entre todos, porém nas primeiras aulas do 1º Período apercebi-me que

3 alunos se colocavam de parte, não interagindo com os restantes elementos da

turma.

3.7. As baratas tontas!

Figura 10 - Turma partilhada

Page 41: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

21

A turma partilhada, a qual o NE ficou encarregue de lecionar as aulas no

2º Período, não pertencia à Escola Secundária de Barcelos, tendo em conta que

esta não engloba o 2º ciclo. Assim, a nossa atuação decorreu na Escola Básica

2º e 3º Ciclos Abel Varzim, por esta razão o NE optou por escolher o horário mais

compatível de duas das turmas que o PC nos apresentou, ficando a nosso cargo

uma turma do 5º ano de escolaridade, sendo que a outra turma que havia,

correspondia ao 6º ano.

Através de uma análise feita ao planeamento anual referente à turma

partilhada e de acordo com o número de elementos do NE, decidimos lecionar

as aulas no 2º período, porque era o único momento que estava previsto a

lecionação de quatro UD. Sendo feita uma distribuição equitativa das UD por

todos.

A esta turma foi-lhes entregue na mesma os questionários referidos

anteriormente, com o intuito de obtermos uma informação mais individualizada

de cada aluno.

A turma era constituída por 16 alunos, sendo que o número de alunos do

sexo feminino e masculino é idêntico. Com uma média de idades entre os 9 e os

10 anos. A esta turma esteve destinada uma carga horária de 135 minutos por

semana.

Quanto a problemas de saúde, só 3 alunos é que eram portadores de

doença. Um deles tinha hiperatividade, mas estava medicado e os outros 2

alunos apresentavam síndrome de asperger, esta doença afeta as capacidades

de comunicação e de relacionamento e integra o grupo de doenças dentro do

espetro do autismo.

Numa escala, de 1 a 5, onde 1 representa “nada motivado” e 5 “muito

motivado”, a média da turma assumiu-se “bastante motivado”, correspondendo

ao nível 5. Mais de 60% da turma (11 alunos) referenciou que a disciplina

preferida é a Educação Física.

As modalidades que maior parte da turma gostava, eram a dança, o

futebol e a ginástica. E onde demonstraram ter mais dificuldades foi no futebol e

no basquetebol.

Page 42: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

22

Verificou-se que a prática regular de atividade física fora da escola era

muito baixa, sendo que só 31,25% (5) alunos praticavam desporto. 3 praticavam

futebol, 1 ginástica e 1 raquetes e 1 corrida, sendo que 1 dos 5 alunos praticava

duas modalidades. Em relação ao desporto escolar só participava 37,5% da

turma. 2 praticavam futebol e 1 dança, os restantes 3 alunos não referiram que

modalidade praticavam.

3.8. O papel do estudante estagiário, do professor

cooperante e do professor orientador

No segundo ano de mestrado de 2º Ciclo em Ensino de Educação Física

nos Ensinos Básicos e Secundários, os EE assumem o papel de professores

através da realização de um EP em contexto real de prática pedagógica

supervisionada (Silva et al., 2014). Os EE para poderem realizar o seu EP

assumem uma das turmas do PC, ficando responsáveis pelo processo ensino-

aprendizagem dessa turma até ao final do ano letivo.

Relativamente ao PC, o que o diferencia dos restantes professores da

escola é o acréscimo das suas funções, tornando-se responsável pelo apoio e

coordenação do trabalho desenvolvido pelos estagiários (O’Brian et al., cit. por

Silva et al., 2014). Para além disto, o PC tem um papel fundamental na formação

dos estagiários, uma vez que deve desempenhar o seu papel de forma positiva,

partilhando ideias e conhecimentos, orientando e ajudando os estagiários a

trilharem o seu caminho com sucesso (Silva et al., 2014, p. 119). De acordo com

Gomes et al. (2014) quando o clima entre o EE e o PC é positivo salienta-se que

os EE ganham novas aprendizagens, sobretudo quando existe uma relação de

partilha e de companheirismo.

No início do ano letivo ficou delineado um compromisso entre o PC e o

meu NE, ou seja, no final de cada aula havia sempre uma reunião com todos os

elementos do NE presentes. Esta reunião tinha como objetivo, apresentar o

nosso ponto de vista sobre a aula do colega ou mesmo da sua. Explicando o que

correu melhor e pior durante a aula, quais os aspetos que poderiam ser

melhorados e como. No final o PC transmitia-nos o seu feedback. Nestas

reuniões debatemos sobre os temas onde apresentávamos mais dificuldade,

Page 43: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

23

como por exemplo, a gestão do tempo de aula, do clima, do controlo da turma,

das tarefas de aprendizagem, do plano de aula, entre outras coisas, ajudando-

nos de certo modo a melhorar a nossa prática pedagógica ao longo do ano.

“Por fim, tenho alguns aspetos a melhorar, como o tom de voz, os

alunos sentiram muitas dificuldades em perceber o que eu dizia, e

reduzir o tempo de instrução. Em relação ao plano de aula, estava

tudo bem só que tenho de ter mais atenção aos conteúdos e aos

objetivos específicos de cada exercício.” Diário de Bordo - 1º Período

Numa das reuniões iniciais o PC avisou-nos que estava cá para nos ajudar

em tudo o que nós precisássemos, mas que não nos ia dar as soluções para os

nossos problemas. Desta forma, o PC recorreu ao método de ensino pela

descoberta guiada, promovendo-nos uma aprendizagem pela descoberta.

Segundo Rodrigues (2013, p. 102) “o orientador é um profissional, com

mais experiência e com conhecimentos mais claros e reflexivos sobre as

situações, dificuldades e problemas que ocorrem na ação docente”. Segundo

Albuquerque et al. (2005) os PO tem com função guiar e ajudar os seus

estagiários no início da sua formação inicial. O PO, juntamente com o PC

coordena a sua ação de supervisão e orienta os estagiários na elaboração do

RE. O orientador tem como responsabilidade acompanhar, orientar e avaliar os

seus estagiários (Rodrigues, 2013). O PO tem como missão integrar o EE no

estabelecimento de ensino, ajudando-o a desenvolver as suas competências de

reflexão, de autoconhecimento e de inovação, de modo a tornar-se num bom

profissional (Rodrigues, 2013). Ao mesmo tempo, os PO “são observadores,

conselheiros, colaboradores, confidentes, modelos de ensino, organizadores e

avaliadores” (Albuquerque et al., 2005, p. 41). Contudo, os orientadores ao longo

do ano devem assegurar aos estagiários uma visão à cerca da sua própria

evolução ao longo do estágio, através das observações que realizam.

Page 44: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

24

O PO, durante o estágio, demonstrou-se sempre disponível para nos

ajudar. Às segundas feiras teve sempre a preocupação de realizar reuniões com

todos os NE, o objetivo era discutir sobre os problemas que os EE estavam a

sentir na lecionação das aulas, assim como possíveis soluções a utilizar para

resolver esses mesmos problemas. No entanto, também, nos dava a

possibilidade de agendar reuniões com ele através do doodle e mesmo que lhe

enviássemos algum email respondia na hora. A intervenção do PO também se

remeteu nas observações realizados durante o ano às aulas dos seus

estagiários.

Em suma, o PC e o PO têm como principal missão ensinar e facilitar as

aprendizagens dos EE, ajudando-os a tornarem-se melhores profissionais e

através do seu desenvolvimento deverão resultar novas formas de ensinar,

influenciando as aprendizagens dos alunos que tem à sua responsabilidade

(Alarcão & Tavares, cit. por Rodrigues, 2013). Neste entendimento, posso

afirmar que todos os momentos com os meus professores foram momentos de

grande aprendizagem e através das reuniões que tivemos ao longo do ano, fui

adquirindo ferramentas e estratégias necessárias para a construção do meu

“eu”, enquanto professora de EF.

3.9. Núcleo de estágio: o seu significado!

Segundo Batista e Queirós (2013), o protocolo que a FADEUP estabelece

com as instituições cooperantes, possibilita ao EE desenvolver a sua formação

através de um processo de interação, ou seja, em cada EC existe um NE, que é

constituído por um PC, um PO e 3 a 4 EE.

Ao longo do EP, os estagiários passam por sentimentos de insegurança,

ansiedade, receio de falhar, entre outros, então a cooperação, o respeito e o

trabalho de grupo são fundamentais, sendo fulcral a união do NE durante o ano

de estágio (Queirós, 2014, p. 74). Segundo Wenger (cit. por Cardoso et al., 2014)

quanto mais partilha de conhecimentos, princípios e valores houver dentro do

grupo, haverá de certa forma uma melhoria na prática pedagógica de cada um,

influenciando a sua forma de pensar e de ser professor.

Page 45: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

25

Como enfatiza Rolim (2013, p. 59), “o relacionamento do PC e do PO para

com os estagiários, sem deixar de ser vigilante, passa a ser um relacionamento

de cooperação, de colaboração, de facilitador, de mediador, em que o estagiário

tem a oportunidade de apresentar as suas conceções, defender os seus pontos

de vista e as suas crenças, refletir e justificar as suas opções (…)”.

Neste entendimento, os NE devem funcionar como comunidades práticas,

permitindo aos EE adquirir novos conhecimentos e novas competências, e

através da manifestação dos seus problemas, das suas dificuldades e das suas

limitações ao longo do ano letivo, permite-lhes construir uma relação de

cooperação, de companheirismo, de entreajuda entre todos os elementos do

grupo, havendo uma forte união dentro do grupo.

Ao longo do ano, dentro do meu NE, houve momentos de partilha de

ideias, opiniões, conselhos e, sobretudo, partilha de conhecimento, sendo

imprescindível para a nossa formação enquanto futuros docentes, ajudando-nos

a refletir sobre determinados pontos importantes, para a melhoria da nossa

prática profissional.

O meu NE (figura 11) funcionou sempre de maneira positiva, no sentido

de nos ajudarmos mutuamente e, sobretudo, no sentido de minimizar ao máximo

todos os erros cometidos por quem fosse adquirindo assim novas

aprendizagens. Desta forma, só tenho a agradecer aos meus colegas de estágio

pelas vivências que me proporcionaram durante o ano letivo, agradecer pela

paciência que tiveram por me aturarem, por todas as risadas e brincadeiras que

o estágio nos harmonizou. Levo comigo grandes amizades e momentos

inesquecíveis.

Figura 11 - Núcleo de Estágio

Page 46: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório
Page 47: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

27

4. Realização do estágio profissional

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e

aprendizagem

4.1.1. Conceção

A conceção que cada um têm acerca da disciplina de EF é influenciada

pelas vivências e experiências ao longo da sua vida. Neste sentido, afirmo que

chegamos ao início da nossa formação inicial com algumas ideias acerca da

disciplina de EF, mas após o primeiro ano de formação o nosso modo de olhar

para a disciplina de EF modifica-se, moldando assim a nossa conceção.

De acordo com Graça (2001, p. 110), “as conceções que os professores

possuem acerca dos conteúdos de ensino e acerca dos alunos com quem

trabalham refletem-se no modo como pensam e desenvolvem as suas práticas

de ensino”. Segundo Bento (2003) a conceção é uma tarefa de grande relevância

na primeira fase da atividade do professor, pelo que deve ser colocado um rigor

e cuidado especiais nesta preparação consciente do ensino. Segundo Tan et al.

(2012) as conceções de ensino sobre a disciplina de EF tem evoluído ao longo

do tempo, transpondo de uma abordagem centrada no professor para uma

abordagem mais centrada no aluno, onde são confrontados com o

desenvolvimento da resolução de problemas, pensamento crítico e autonomia,

tomando decisões sobre o uso mais apropriado de uma determinada habilidade

dentro do contexto de jogo, ou seja, o aluno deverá selecionar a resposta mais

adequada para o problema confrontado, colocando desta forma o aluno a pensar

(McPherson & French, 1991). Com o intuito de potenciar o desenvolvimento

destes três aspetos, optei por recorrer aos modelos de ensino, aos quais fui

familiarizada no primeiro ano de mestrado, algo que iria contra ao ensino

tradicional, ao qual fui acostumada no meu percurso enquanto aluna de EF.

Portanto, no decorrer do meu EP guiei-me por quatro modelos de ensino, dos

quais se destacam: o Modelo de Educação Desportiva (Siedentop, 1994), o

Modelo de Abordagem progressiva ao Ensino do Voleibol (Mesquita, 2006), o

Modelo de Ensino dos Jogos pra a Compreensão (Bunker & Thorpe, 1982) e o

Modelo de Instrução Direta (Rosenshine, 1979).

Page 48: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

28

De acordo com as Normas Orientadoras, a conceção tem como objetivo

analisar as competências gerais e transversais dos planos curriculares; analisar

os programas de EF, mais especificamente as suas finalidades, objetivos,

conteúdos e orientações metodológicas; de ter em conta os dados da

investigação em educação e ensino e o contexto cultural e social da escola e dos

alunos, de forma a construir decisões que promovam o desenvolvimento e a

aprendizagem desejáveis. Neste entendimento, este trabalho surge da

necessidade de serem definidas linhas orientadoras fundamentais com

apropriação sólida da matéria para a sua exercitação e aplicação, visando um

ensino educativamente eficaz, uma vez que o professor tem influência direta na

formação dos alunos, transmitindo-lhes determinados saberes e competências.

Neste entendimento, os professores analisam uma série de documentos

e materiais auxiliares que os ajudam a concretizar e adaptar as exigências

centrais às condições locais e situacionais da escola, como forma de organizar

o ensino. Assim, a fim de minimizar as dúvidas que surgiram inicialmente e de

modo a reunir toda a bagagem de conhecimento necessária para iniciar a minha

prática de ensino, fiz uma primeira análise ao Projeto Educativo da ESB, no qual

pude perceber quais eram os princípios, os valores, as metas e as estratégias

pelos quais a escola se orienta como forma de cumprir a sua função educativa.

De seguida, analisei o regulamento da respetiva disciplina, uma vez que este

determina as regras fundamentais a serem respeitadas tanto pelos professores

como pelos alunos, a nível de instalações, materiais, horários, regras de higiene

e de segurança. Com o objetivo de perceber quais eram as modalidades a

abordar neste ano letivo de acordo com o ano de escolaridade que me foi

atribuído, recorri a uma análise e interpretação de um documento construído pelo

grupo de EF. Por último, o foco esteve na análise dos Programas Nacionais de

EF referente ao 3º ciclo ensino básico, os quais me forneceram uma informação

pertinente acerca da matéria de ensino a lecionar no 9º ano. Segundo Jacinto et

al. (2001) os programas são um meio orientador para a ação do professor, onde

este encontra indicadores que o ajudam a orientar a sua prática em conjunto com

outros professores, com o intuito de potenciar o desenvolvimento dos seus

alunos.

Page 49: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

29

Através da interpretação feita ao Programa Nacional de EF, deparei-me

com algumas divergências entre o que estava estabelecido no programa e o que

foi efetivamente aplicado em contexto real. Como é possível verificar-se no

Programa Nacional de EF referente ao 3º ciclo, o número de UD previstas são

sete e no documento realizado pelo grupo de EF estavam previstas nove, ou

seja, não há concordância entre o número de modalidades que se devem

abordar neste ciclo de ensino. Por isso, em discussão com o meu NE, decidimos

retirar as modalidades alternativas, pois consideramos que não havia tempo

suficiente para lecionar tantas modalidades para um número de aulas tão

reduzido. Portanto, decidimos juntar a ginástica de solo à ginástica de aparelhos,

com o intuito de rentabilizar o tempo previsto. Porém, de modo a conseguir

lecionar todas as modalidades foi necessário proceder a uma divisão equitativa

de todas as modalidades pelo número de aulas previstas em cada período, o

que dificultou imenso no cumprimento dos conteúdos programáticos previstos no

Programa Nacional de EF referente a cada modalidade. Neste entendimento,

penso que o número de UD a abordar devia ser reduzido, proporcionando uma

aprendizagem mais rica aos alunos. Tal facto, não se verifica na realidade atual,

em que são abordadas muitas modalidades, prejudicando assim a aprendizagem

dos alunos, que é diminutiva. Outra divergência, deveu-se às vivências dos

alunos nos anos anteriores. Como descreve o Programa Nacional de EF, “o 9º

ano será dedicado à revisão das matérias, aperfeiçoamento e/ou recuperação

dos alunos (…)”, tal facto não se sucedeu na modalidade de andebol. Através de

um diálogo com a turma percebi que grande parte dos alunos nunca tinha tido

contacto com o andebol. Tendo em conta o sucedido, isto levou-me a fazer uma

adaptação dos conteúdos programáticos que estavam previstos no programa

nacional de EF.

Concluindo, o Ministério da Educação elabora os programas com o intuito

de fornecer uma equidade, a nível nacional, dos conteúdos a lecionar. No sentido

de indicar qual a direção geral do desenvolvimento dos alunos, apresentando as

competências a adquirir e a desenvolver em cada ano de escolaridade por

blocos, áreas ou modalidades. Porém, através da minha experiência no EP, creio

que estes conteúdos e competências muitas das vezes não vão de encontro às

Page 50: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

30

capacidades dos alunos em cada ano. Nesta perspetiva, cabe a cada um de nós,

professores, interpretá-los e adaptá-los de forma a potenciar a aprendizagem

dos nossos alunos, tendo sempre em consideração o contexto com que nos

deparamos. Posto isto, a realização deste EP fez-me perceber que neste ano e

futuramente cumprir com os pressupostos dos programas curriculares do

Ministério da Educação não foi nem será uma tarefa fácil para mim, ou qualquer

outro docente.

4.1.2. Planeamento

4.1.2.1. A importância do planeamento

O planeamento constitui-se como uma das tarefas didáticas mais

importantes e complexas dos professores (Stãnescu, 2013). Segundo Bossle

(2002, p. 31) “o planeamento é uma construção orientador da ação do docente,

como processo, organiza e dá direção à prática coerente com os objetivos que

se propõe”. O planeamento são todas as decisões e ações do professor na

interação com o contexto da comunidade escolar (Bossle, 2002, p. 33). Neste

entendimento, o ato de planear insere-se no reportório das várias funções que

professor deve ter, sendo considerada uma das tarefas principais realizadas

pelos professores no início do ano letivo. De acordo com Bento (2003) o

planeamento é o momento que antecede a prática do ensino e rege uma

sequência, começando com a elaboração do plano e a realização do mesmo,

sendo que este planeamento pode estar em constantes reajustes ao longo do

ano letivo.

De acordo com Stãnescu (2013) quando planeamos, projetamos a nossa

atividade de acordo com os princípios e recomendações científicas para a

respetiva atividade, ou seja, o professor planifica as indicações contidas nos

programas, tendo sempre em atenção as condições pessoais, sociais, materiais

e locais (Bento, 2003). No início do ano letivo foi fundamental iniciar esta tarefa

pela análise da documentação fornecida pelo grupo de EF, tal como, o mapa de

distribuição de matérias e a análise do roulement de instalações desportivas.

Toda a planificação realizada por mim durante o ano letivo, teve por base estes

documentos.

Page 51: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

31

A tarefa de planear é extremamente complexa, na medida em que envolve

diversas condições que, por vezes, não são possíveis de controlar. Ao longo do

estágio, fui percebendo que nem sempre é fácil seguir tudo o que está planeado,

uma vez que existem vários fatores que influenciam e condicionam as nossas

aulas. Por exemplo, os imprevistos que ocorrem constantemente a nível dos

espaços e materiais disponíveis, e o ritmo de aprendizagem dos alunos.

Neste sentido, o planeamento deve ser visto como um guião que ajuda a

melhorar a qualidade da aula e intervenção do professor. Segundo Bento (2003),

o planeamento deve ser dividido em três níveis distintos, mas que se relacionam

e complementam, são eles, o plano anual, a unidade didática (UD) e o plano de

aula.

4.1.2.2. Plano anual

Como enfatiza Bento (2003, p. 68), “é de extrema utilidade a elaboração

de um mapa ou «roteiro de viagem», com registo dos fatores mais importantes.

A forma e dimensão de tais mapas podem ser diversas; o importante é que

balizem com nitidez o itinerário a percorrer, o ritmo de «andamento», as etapas

intermédias, os pontos altos e tudo em função da meta final a atingir”. Neste

entendimento, os professores na elaboração do plano anual deverão ter em

conta certos aspetos, tais como, saber quais são as modalidades de ensino a

lecionar referentes ao ano de escolaridade, o volume de horas destinado a cada

modalidade e determinar os pontos altos (datas para a avaliação, competições,

festas e convívios desportivos).

Sendo assim, foi-me recomendado pelo meu PC no início do ano letivo a

elaboração do plano anual, indicando a distribuição das diversas modalidades e

a respetiva carga horária. Mas, para a elaboração deste documento tive de ter

em conta alguns documentos, bem como o plano anual de atividades da EC, o

roulement, as condições meteorológicas e o mapa de distribuição de matérias

facultado pelo grupo de EF (ANEXO 1). No último documento referido, estão

estabelecidas para cada ano de escolaridade, as matérias de ensino referentes

a cada UD a lecionar em cada período e o número de aulas previstas para cada

uma delas. Estes documentos são um ponto de partida e fundamentais para o

Page 52: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

32

planeamento dos conteúdos das diversas UD a lecionar ao longo do ano letivo e

à sua calendarização.

As UD delineadas para este ano letivo e de acordo com o ano de

escolaridade da turma a meu cargo, foram: no 1º período – atletismo (resistência

aeróbia), aptidão física (resistência, força, velocidade, flexibilidade), ginástica

(solo e aparelhos) e voleibol; no 2º período – aptidão física, ginástica acrobática,

andebol e futebol; e no 3º período – aptidão física, basquetebol e badminton.

De acordo o mapa de distribuição de matérias, no 1º período estavam

previstas 24 aulas, neste sentido optei por dividir o número de aulas pelas

respetivas UD de forma equitativa, sendo que a aptidão física e o atletismo foram

abordados em simultâneo, no intuito de preparar os alunos para a atividade do

corta-mato e de forma a rentabilizar a prática dos alunos nas outras UD. A

ginástica de solo e a ginástica de aparelhos (minitrampolim e o boque) foram

lecionados em simultâneo devido à passagem pontual pelo espaço multiusos.

Neste período, ressalto um problema vivenciado pelo meu NE, uma vez

que o roulement ainda não tinha sido elaborado, a seleção do espaço destinava-

se a quem o ocupasse primeiro, então nós (estagiários) como chegávamos

primeiro ao pavilhão que os restantes professores, decidimos ocupar o campo

do meio para podermos abordar o voleibol. Mas após a elaboração do roulement,

apercebemo-nos que estávamos completamente “tramados” porque ainda não

tínhamos abordado a ginástica e pontualmente passávamos pelo multiusos até

ao final do período, o que fez com que esta UD se alargasse até à segunda

semana do 2º período.

No 2º período, estavam previstas 25 aulas sendo que um tempo de 45

minutos se destinou a uma atividade extracurricular e três tempos de 45 minutos

destinou-se à avaliação da aptidão física dos alunos através da bateria de testes

do FITescola. Neste sentido, a carga horária destinada a cada UD deste período,

tais como, a ginástica acrobática, o futebol e o andebol foram divididas de forma

equitativa, ou seja, para a lecionação de cada UD ficou pré-estabelecido 10

tempos de 45 minutos.

Page 53: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

33

Dada a baixa motivação dos alunos no início do ano, optei por utilizar o

modelo de educação desportiva (MED) devido ao seu caráter atrativo nos jogos

desportivos coletivos (futebol e andebol).

Em relação ao ensino da ginástica acrobática baseei-me na

aprendizagem cooperativa. De acordo com Dyson e Casey (2016) é um modelo

pedagógico dinâmico que permite ao professor ser flexível e permite ensinar

conteúdos diversificados a alunos de diferentes níveis. Este modelo possibilita

aos alunos trabalharem em grupos pequenos, estruturados e heterogéneos de

modo a dominarem o conteúdo, para além disto, os alunos ficam responsáveis

não só pelo material, mas também por ajudarem os seus colegas e ao

desempenharem esta função, os alunos entendem da melhor forma o que está

sendo ensinado. Então na abordagem desta UD a turma distribuiu-se em 3

grupos, com o objetivo de realizarem uma sequência acompanhada por uma

música à escolha, utilizando as diversas figuras e pirâmides apresentadas num

documento de apoio fornecido aos alunos no início da UD, uma vez que também

tiveram a liberdade de pesquisar figuras e/ou pirâmides na internet.

No 3º período devido ao curto espaço de tempo para a lecionação da UD

de basquetebol e de badminton optei por dedicar mais tempo ao basquetebol,

desta forma foram destinados 9 tempos de 45 minutos para basquetebol e 6

tempos de 45 minutos para badminton. A implementação do MED esteve mais

uma vez presente na UD de basquetebol.

Segundo Bento (2003) um dos fatores determinantes na distribuição das

UD na elaboração do plano anual, são os fatores de ordem externa, como o clima

e o tempo porque influencia na sua realização. Neste sentido, ao longo do ano

letivo o plano anual sofreu inúmeras alterações mediante eventuais situações

que inviabilizaram a lecionação de determinadas matérias de ensino,

nomeadamente uma das causas foram as condições climatéricas.

Concluindo, a elaboração do plano anual (ANEXO 2) é fundamental

porque permite ao professor verificar o número de aulas previstas para cada UD,

como os momentos mais marcantes que estavam previstos acontecer de acordo

com o plano anual de atividades, ou até pelo simples facto de verificar em que

espaço ia decorrer a aula.

Page 54: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

34

4.1.2.3. Unidade didática

O planeamento da UD surge após a elaboração do plano anual. As UD

são partes fundamentais do programa de uma disciplina e do processo

pedagógico, apresentando aos professores e aos alunos as diversas etapas de

ensino e aprendizagem, sendo a base para uma elevada qualidade e eficácia no

processo de ensino (Bento, 2003). O planeamento da UD deve-se dirigir

preferencialmente para o desenvolvimento das habilidades, das capacidades,

conhecimentos e atitudes dos alunos. Segundo Siedentop (2008) o planeamento

da UD é uma das tarefas mais importantes na atividade do professor, referindo

que o principal objetivo desta tarefa consiste em conseguir que todos os alunos,

independentemente das suas características individuais, possam alcançar os

objetivos delineados para cada matéria de ensino.

A elaboração das UD teve por base o MEC de Vickers (1990) nas quatros

categorias transdisciplinares: fisiologia do treino desportivo, cultura desportiva,

habilidades motoras e conceitos psicossociais, para além disto, também tive a

preocupação de garantir uma sequência lógica-específica e metodológica dos

conteúdos referentes a cada matéria de ensino.

Como enfatiza Bento (2003, p. 83), “na estruturação didática da matéria é

preciso refletir, em primeiro lugar, sobre quais são os conhecimentos e

capacidades a desenvolver e que elementos da matéria devem ser forçosamente

apropriados e dominados por todos os alunos”. Neste entendimento, deverá ser

feita uma análise mais profunda por parte do professor, que o ajudará a delinear

quais os conteúdos mais importantes de acordo com o tempo que tem previsto

para cada matéria de ensino. Portanto, ao longo da elaboração das UD tive de

em conta uma série de fatores, particularmente, o número de aulas previstas,

sendo a primeira aula destinada à avaliação diagnóstica, e a última à avaliação

final, bem como a seleção dos conteúdos a lecionar, a sua articulação e o tempo

essencial para a sua consolidação, considerando a prestação dos alunos na

primeira aula da respetiva UD. A elaboração de cada UD só foi realizada no início

de cada matéria de ensino, após a avaliação diagnóstica (AD). Este tipo de

avaliação possibilita ao professor estabelecer o nível dos alunos em determinada

matéria de ensino.

Page 55: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

35

Em relação à organização metodológica dos conteúdos, principalmente

nas modalidades individuais, foram abordadas da base para o topo devido há

pouco familiarização dos alunos com as respetivas modalidades. Segundo

Mesquita e Graça (2015, p. 53) “neste tipo de organização o conteúdo é efetuado

numa perspetiva simplista, de articulação vertical, da base para o topo, na qual

se vão adicionando elementos novos”. De acordo com Rink (1993) este ensino

deve ser planeado de forma progressiva, facilitando o aluno na passagem de

nível de desempenho inicial para o outro mais avançado, passando do simples

para o mais complexo e do fácil para o difícil. No entanto, o processo de ensino

das modalidades individuais, nomeadamente, a ginástica de solo e a ginástica

acrobática baseou-se num processo mais criativo, ou seja, numa fase inicial os

alunos focaram-se somente na exercitação das habilidades lecionadas e numa

fase posterior tiveram como objetivo elaborar um esquema gímnico para

apresentar na avaliação final. Nas modalidades coletivas, nomeadamente, nos

jogos de invasão, a organização metodológica dos conteúdos foi desenvolvida

do topo para a base, ou seja, perceber o jogo era o principal objetivo de

aprendizagem. Com o intuito de alcançar este objetivo tive de recorrer aos vários

modelos de ensino referidos na conceção, permitindo-me planear cada UD de

forma particular, utilizando o(s) modelo(s) mais adequado a cada modalidade.

Ao longo da construção das UD surgiram inúmeras dificuldades,

principalmente relacionadas com os conteúdos que deveriam ser abordados em

cada modalidade, de acordo com as competências dos alunos, o espaço e os

materiais disponíveis, sentindo a necessidade de fazer uma pesquisa à cerca

dos conteúdos da respetiva modalidade, recorrendo à bibliografia disponível na

faculdade, incluindo os livros publicados pelos docentes da FADEUP,

nomeadamente, “Os jogos desportivos coletivos: ensinar a jogar”, e

nomeadamente recorri à elaboração dos diferentes MEC, o que me permitiu

conhecer melhor cada uma das modalidades, revendo conceitos e aprofundando

conhecimentos, que em muito suportaram o meu processo de tomada de decisão

ao longo do estágio. Outra dificuldade, relacionada ainda com os conteúdos, foi

nomeadamente, não conseguir lecionar todos os conteúdos que estavam

estipulados para cada UD. Dada a minha inexperiência na área, durante a

Page 56: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

36

elaboração das UD numa fase inicial do estágio, mais concretamente no 1º

período, tentei abordar mais conteúdos do que aqueles que eram possíveis para

o espaço de tempo disponível, excedendo desta forma o número razoável de

conteúdos. Esta dificuldade deveu-se à quantidade de modalidades que tinha de

lecionar num número de aulas claramente reduzidos, e devido ao ritmo de

aprendizagem e resposta dos alunos face ao planeado. De acordo com

Guilherme (2015), as UD devem contemplar poucos conteúdos para que o foco

não se disperse, verificando assim uma evolução nos alunos.

“Senti na “pele” a dificuldade de querer abordar vários conteúdos e

não conseguir, tendo em conta, o número de aulas possíveis para

abordar cada unidade didática e as dificuldades dos alunos, pois os

alunos não aprendem ao mesmo ritmo, uns demoram mais tempos

que os outros, portanto acho que os professores devem-se focar em

poucos conteúdos e só dar foco a esses, porque se não ninguém

aprende nada e sãos poucos os alunos que evoluem.” Diário de

Bordo – 1º Período

Neste entendimento, afirmo que nem sempre foi fácil construir as várias

UD, numa fase inicial definir os objetivos para cada uma delas, bem como

estipular quais os conteúdos essenciais para a evolução dos alunos, era um

verdadeiro “bicho de sete cabeças”, contudo a minha evolução foi notória.

Numa fase inicial do estágio, o conhecimento sobre os meus alunos na

construção da UD de voleibol não era muito, nomeadamente sobre as

capacidades e competências dos mesmos, o que me dificultou bastante na

escolha dos objetivos e conteúdos a lecionar. Mas ao longo do EP o

conhecimento sobre a realidade da minha atuação (alunos, material, espaços e

nº de aulas previstas) foi-se aprofundando, o que me permitiu construir UD mais

ajustadas ao contexto real de ensino. Isto verificou-se, sobretudo na construção

da UD de basquetebol, uma vez que já conhecia as competências e capacidades

dos alunos e, como sabia que o espaço e o nº de aulas iria ser limitado para a

Page 57: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

37

lecionação desta modalidade, permitiu-me definir quais os objetivos e os

conteúdos mais pertinentes para a evolução dos alunos.

Concluindo, as dificuldades sentidas na construção das UD foram

superadas, devido ao facto de o planeamento poder ser alterado consoante as

situações e contratempos impostos pela prática, permitindo assim o sucesso do

processo de ensino-aprendizagem. A UD é uma ferramenta fundamental para o

professor, mas para que seja realmente importante, a sua planificação deve-se

ajustar o mais próximo possível da realidade do contexto em que o professor se

encontra, adequado às capacidades dos alunos e às condições de prática, com

o objetivo de potenciar a evolução dos alunos e alcançar os objetivos propostos.

4.1.2.4. Plano de aula

Segundo Bento (2003) a aula deve proporcionar alegria e satisfação ao

professor e deve estimular nos alunos o seu desenvolvimento. Porém, é um

trabalho firme que exige da parte do professor um esforço tremendo obrigando

a estar concentrado durante 50 minutos seguidos, exigindo em simultâneo

mobilidade, flexibilidade e adaptações rápidas a novas situações. Neste

entendimento, o professor antes de entrar na aula já tem de ter a sua aula

planeada e na planificação desta, o professor tem de tomar certas decisões que

serão fundamentais para a qualidade da aula, tais como, decidir o objetivo

principal da aula, escolher as situações de aprendizagem e articulá-la de forma

a haver uma sequência lógica no decorrer da aula, considerando assim que o

resultado de uma aula depende sempre da qualidade da sua elaboração. Neste

sentido Bento (2003) considerada que a aula é uma unidade pedagógica e

organizativa básica e fundamental do processo de ensino na disciplina de EF.

Para além destas nuances na elaboração da aula, especialmente na

disciplina de EF, esta deve ser pensada em função de uma séria de

condicionalismo, considerando fatores de ordem externa, tal como, as condições

climatéricas. Como relata Bento (2003, p. 122) “nenhuma disciplina é tão

dependente do clima e do tempo como a Educação Física”. Por esta razão,

muitas das vezes tive de ter em conta este fator, porque de acordo com o

roulement pelo menos 2 vezes por mês passava pelos espaços exteriores e

Page 58: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

38

durante o inverno este foi um dos grandes problemas na elaboração dos planos

de aula, o que me obrigava a ter sempre um plano B na manga.

“Esta aula estava planeada para a UD de futebol, mas devido ao

mau tempo não foi possível que se concretiza-se e como já previa

este problema preveni-me com um plano B, se tivesse espaço no

multiusos introduzia a ginástica acrobática se não iria para a sala de

musculação.” Diário de bordo – 2º Período

De acordo com Bento (2003) o planeamento da aula é considerado o elo

final da cadeia de planeamento da atividade do professor, que tem como

referência a UD elaborada de acordo com a respetiva matéria de ensino em

questão. Aqui são convertidos os objetivos da UD em objetivos concretos,

balizando-os no tempo e apresentando indicações que possibilitam uma maior

concretização da exercitação e da aprendizagem motora dos alunos. Desta

forma, a elaboração do plano de aula como qualquer outra sessão de ensino

deve ser racionalmente organizada, repartindo-se em três partes: parte inicial,

parte fundamental e parte final (Bento, 2003).

Segundo o autor anterior, a parte inicial da aula não deve ser entendida

como «aquecimento», mas sim como o intuito de criar situações pedagógicas,

psicológicas e fisiológicas tendo em vista a parte fundamental da aula,

despertando os alunos para aprendizagem e exercitação. Nesta parte inicial, o

professor deve ter a preocupação de transmitir aos seus alunos quais são os

objetivos e atividades da respetiva aula interligando-os com a aula anterior, de

uma forma clara, cativante e estimulante, sendo percebida por todos. Numa

segunda fase, esta parte inicial assume então atividades com vista à preparação

funcional do organismo. Neste sentido, empregam-se atividades dinâmicas, que

atuem sobre os principais grupos musculares.

Neste entendimento, na parte inicial da aula incluí sempre duas tarefas de

aprendizagem, sendo praticamente idêntica a todos os planos de aula

estruturados. Em relação à primeira tarefa de aprendizagem, esta constitui-se

pelo controlo da assiduidade, explicação de toda a estrutura da aula, bem como

Page 59: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

39

a transmissão dos objetivos principais. A segunda tarefa correspondia à

realização de exercícios de caráter geral. Porém, numa fase inicial do estágio

não tinha bem a noção da importância desta fase, pensando somente como uma

fase de preparação do organismo para a parte fundamental, com o tempo fui

percebendo que esta fase podia e devia ser utilizada para a introdução e

exercitação de novos conteúdos, nomeadamente conteúdos relacionados com a

técnica da modalidade específica.

A parte fundamental é considerada como a parte mais longa das três

partes correspondentes, constituindo-se como a parte onde o professor tem a

tarefa de realizar os objetivos estabelecidos e de transmitir à turma os conteúdos

delineados. Numa fase inicial do estágio, revelaram-se dificuldades ao nível da

gestão do tempo de aula. Na elaboração dos primeiros planos de aula não tinha

consciência do tempo necessário para cada um dos exercícios, não conseguindo

cumprir com os tempos definidos e muitas das vezes planeava aulas com

demasiados exercícios, o que me dificultou e muito no cumprimento do plano de

aula. Após uma reflexão com o meu NE percebi que tinha de reduzir claramente

o número de exercícios e em consequência aumentar o tempo atribuído a cada

um deles. Porém, também tive algumas dificuldades na escolha das tarefas, de

modo a que estas fossem as mais apropriadas para a concretização do objetivo

principal da aula e ao mesmo tempo fossem motivadoras, dinâmicas e a

atraentes.

A parte final da aula deve ser organizada sob o ponto de vista fisiológico,

planeando exercícios com vista o retorno à calma. Nesta fase da aula o professor

deve fazer um balanço da aula, destacando aspetos relevantes e fazer uma

ligação com as outras aulas. Neste sentido, a parte final da aula remeteu-se para

o esclarecimento de potenciais dúvidas, arrumação do material e sobretudo

refletir sobre o que tinha sido abordado na respetiva aula.

No decorrer do estágio notei uma evolução relativamente à aplicação do

plano de aula. Se inicialmente seguia o plano minuciosamente, mais tarde

através da experiência adquirida e da familiarização com o ritmo da aula comecei

a deixar de me cingir um pouco mais do cumprimento completo do plano. O plano

de aula deve ser visto como algo flexível e adaptável ao contexto e às

Page 60: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

40

necessidades dos alunos, tendo em vista o seu sucesso, podendo ser alterado

a qualquer momento durante a aplicação.

4.1.3. A realização

4.1.3.1. Modelos de ensino: a necessidade de responder

a problemas da prática

Segundo Mesquita e Graça (2015, p. 39) “não há nenhum modelo que

seja adequado a todos os envolvimentos de aprendizagem (…)”. Uma vez que

existem vários modelos instrucionais que prevalecem no ensino da EF, “entre

modelos de instrução mais centrados na direção do professor e modelos que

concedem mais espaço à descoberta e à iniciativa dos alunos há que encontrar

o justo equilíbrio entre as necessidades de direção e apoio e as necessidades

de exercitar a autonomia de modo a criar as condições favoráveis para uma

vinculação duradoura à prática desportiva” (Mesquita & Graça, 2015, pp. 45-46).

Cabe então ao professor, selecionar o modelo que mais se adequa ao seu

contexto e realidade.

Neste entendimento, a minha prática pedagógica referente aos jogos

desportivos foi caracterizada com ideias de vários modelos de ensino, desta

forma o agente de ensino variou centrando o processo quer nos alunos, quer em

mim enquanto professora. Portanto, desde o início do ano letivo recorri a

modelos de ensino distintos, nomeadamente, o Modelo de Educação Desportiva

(Siedentop, 1994), o Modelo de Abordagem progressiva ao Ensino do Voleibol

(Mesquita, 2006), o Teaching Games for Understanding (Bunker & Thorpe, 1982)

e o Modelo de Instrução Direta (Rosenshine, 1979). De acordo com Graça e

Mesquita (2007) todos estes modelos à exceção do Modelos de Instrução Direta

(MID), partilham do mesmo núcleo de preocupações: o jogo como um espaço de

problemas; a importância da compreensão, da tomada de decisão e da

consciência tática; o aluno como construtor ativo da sua aprendizagem.

Page 61: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

41

4.1.3.1.1. O Modelo de Instrução Direta e o Modelo de Abordagem

Progressiva ao Jogo: a necessidade de ser mais diretiva por falta de

insegurança e, em simultâneo centrar no aluno o processo de

ensino-aprendizagem

A minha atuação teve como base o MID na abordagem das diversas

modalidades. De acordo com Mesquita e Graça (2015) este modelo centra no

professor a tomada de todas as decisões à cerca do processo de ensino-

aprendizagem, especificando as regras e as rotinas de gestão e a ação dos

alunos. Nesta perspetiva, optei por este modelo de ensino devido à minha

inexperiência e insegurança inicial, possibilitando-me de certa forma conhecer a

turma a nível de comportamento e de relação uns com os outros, garantindo

desde logo o controlo da aula e da turma. Paralelamente a este modelo de

ensino, na UD de voleibol, necessitei de utilizar um modelo que se centrasse

mais no aluno e no jogo, sendo assim na abordagem ao voleibol decidi aplicar o

modelo de abordagem progressiva ao jogo (MAPJ). Este modelo tem como

objetivo fazer com que o aluno compreenda o jogo (dimensão cognitiva),

possibilita a todos os alunos uma participação equitativa (dimensão social) e

permite aos alunos adquirirem competências ao nível tático, técnico e físico pela

prática do jogo modelado, em referência ao jogo formal (Graça & Mesquita,

2015a) . Neste modelo, as formas de jogo são modificadas e adaptadas ao nível

de desempenho e experiência dos alunos (Kirk & MacPhail, 2002). Por último,

este modelo permiti fazer adaptações regulamentares, tais como, a manipulação

da área de jogo, o nº de jogadores e ainda se pode modelar as regras de jogo

com o intuito de promover sucesso no aluno durante as tarefas de aprendizagem.

Neste entendimento, procurei sempre ensinar os conteúdos técnicos e

táticos através de uma lógica que os relacionava, levando a que os alunos

compreendessem a aplicabilidade da técnica perante os desafios táticos que o

jogo ia oferecendo. Desta forma, tentei promover aulas dinâmicas e atrativas aos

alunos, e todas as tarefas de aprendizagem foram realizadas com recurso ao

jogo, sendo modificadas tendo em consideração as etapas de aprendizagem,

bem como os objetivos delineados.

Page 62: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

42

De acordo com Mesquita et al. (2015) este modelo proporciona

oportunidades de prática prenunciadoras de inclusão, uma vez que proporciona

oportunidades de sucesso e evita que os alunos menos dotados fiquem

circunscritos de papéis menores, minimizando desta forma a exclusão dos

alunos menos dotados. Ao longo da UD de voleibol, fui verificando que existia

claramente níveis distintos dentro da turma e após esta observação foi um pouco

difícil decidir se dividia a turma por níveis ou não, porque não me sentia capaz

de lecionar uma aula com tarefas e objetivos diferentes, em simultâneo. Contudo,

penso que os professores devem atender às capacidades e dificuldades dos

alunos, sendo capazes de criar ambientes de aprendizagem favoráveis ao

desenvolvimento de cada aluno, tendo que optar pela divisão da turma por

níveis. Por isso, na tentativa de ir ao encontro das necessidades de cada aluno,

optei por dividir a turma por níveis.

4.1.3.1.2. Modelo de Educação Desportiva: oportunidade para envolver

os alunos numa prática de ensino mais autêntica

Relativamente aos jogos desportivos coletivos (andebol, futebol e

basquetebol) que foram abordados no 2º e 3º período, recorri à utilização de dois

modelos, nomeadamente, o Modelo de Educação Desportiva (MED) e o

Teaching Games for Understanding (TGfU).

No que concerne ao MED, este apresenta-se como um contexto

desportivo autêntico no ambiente da aula de EF (Siedentop, 1994). Tem como

objetivo formar alunos desportivamente competentes, desportivamente cultos e

desportivamente entusiastas. Como enfatiza Mesquita e Graça (2015, p. 59) “o

modelo define-se como uma forma de educação lúdica e crítica as abordagens

descontextualizadas (…)”. Ou seja, Siedentop et al. (2011) afirma que os papéis

que os alunos desempenham no MED são completamente diferentes dos papéis

que desempenham nas abordagens tradicionais. No ensino mais tradicional as

características como o trabalho de equipa, o desempenho de funções como:

árbitros, capitães, treinadores, o sentimento de pertencer a uma equipa, entre

outras características, não são apreciadas.

Page 63: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

43

Como enfatiza Mesquita e Graça (2015), neste modelo as UD de curta

duração como são insuficientes para a consolidação das aprendizagens, estas

são substituídas por épocas desportivas, estruturadas, pelo menos, para 20

aulas e (Siedentop, 1994) integrou neste modelo seis características do desporto

institucionalizado: a época desportiva, a filiação, a competição formal, o registo

estatístico, a festividade e os eventos culminantes. Considerando estes aspetos,

a minha abordagem ao MED não foi isenta de dificuldades, isto porque as aulas

previstas para cada modalidade eram insuficientes, nunca ultrapassando as

10/12 aulas, o que me impediu aplicar o MED na sua totalidade. A passagem

dos alunos por funções de árbitros, capitães e treinadores foi insuficiente, não

consegui elaborar um quadro competitivo e não consegui atribuir aos alunos

papéis de responsabilidade e autonomia durante as aulas. Porém, a afiliação, a

competição, o registo estatístico, a festividade e o evento culminante (figura 12),

estiveram presentes no decorrer de cada UD específica.

Figura 12 - Evento culminante

Portanto, para dar início a este modelo e fomentar a vertente de afiliação,

antes de tudo tive de constituir equipas “heterogéneas, mas equilibradas entre

si, em função da capacidade do jogo, do sexo e das características de

personalidade” (Graça et al., 2006, p. 6). Neste entendimento, a turma foi dividida

em 4 equipas de 5 elementos de forma a competirem entre si em todas as aulas,

fomentado desta forma a competição durante as aulas. Neste sentido, como

forma de fazer uma boa gestão das equipas durantes as aulas, na segunda aula

de cada UD os elementos de cada equipa ficaram encarregues de escolher um

Page 64: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

44

nome para a sua equipa, a cor da camisola, o seu treinador e o seu capitão

(ANEXO 3). Além disto, no decorrer das aulas, os alunos também estiveram

envolvidos em tarefas de organização, desempenhando funções de árbitros e

oficiais de mesa. Segundo Graça et al. (2003) a formação de equipas visa

assegurar o desenvolvimento das relações de cooperação e entreajuda na

aprendizagem. No entanto, os alunos não são colocados apenas no papel de

jogadores, mas também desempenham um conjunto de papéis ligados ao

contexto de prática desportiva, tais como, jogadores, árbitros, juízes de mesa,

capitães e treinadores. A utilização deste modelo teve como objetivo tornar as

aulas mais apelativas e motivantes para os alunos.

Por último, tive a preocupação de utilizar um sistema de pontuação na

maior parte das aulas, tentando despertar nos alunos uma natureza competitiva

e fazer com que o envolvimento e os níveis de motivação dos alunos

aumentassem. A utilização desta ficha de pontuação, permite que todos os

alunos colaborem para o resultado final, minimizando as diferenças individuais e

potenciando a participação ativa de todos os alunos nas tarefas de

aprendizagem.

Concluindo, penso que a implementação do MED teve um impacto

positivo sobre a turma, uma vez que provocou mudanças de comportamento e

atitudes nos alunos que apresentavam níveis de envolvimento mais baixos e na

maior parte das aulas foi possível verificar-se espírito de equipa, de cooperação

e de competição.

4.1.3.1.3. Teaching Games for Understanding: a necessidade de

desenvolver a capacidades dos alunos de compreender e atuar no

jogo

De acordo com Graça et al. (2003, p. 2) “os modelos tradicionais de ensino

dos jogos desportivos enfatizam a aprendizagem dos elementos técnicos,

apresentados e exercitados em situações descontextualizadas, ao mesmo

tempo que atribuem pouca ou nenhuma importância aos conteúdos táticos. Não

raramente a aprendizagem das habilidades isoladas transforma-se num fim em

si mesmo, perdendo a sua conexão com a aprendizagem do jogo”. Desta forma,

Page 65: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

45

o TGfU “surge como reação à abordagem tradicional ao ensino dos jogos

demasiado centrado nas técnicas descontextualizadas e na qual o ensino efetivo

do jogo, enquanto tal, está na maior parte das vezes ausente (…)” (Graça &

Mesquita, 2015c, p. 18). Neste entendimento, Graça et al. (2003, p. 5) constata

que “este modelo pretende que atenção tradicionalmente dedicada ao

desenvolvimento das habilidades se desloque para o desenvolvimento da

capacidade de jogo, subordinando o ensino da técnica à compreensão tática do

jogo”.

Este modelo tem como objetivo questionar os alunos sobre «o que fazer

e quando o fazer» e «não como o fazer». O TGfU centra-se no jogo e no aluno

preconizando uma viragem no sentido da compreensão tática do jogo (Graça &

Mesquita, 2015b). A intenção deste modelo é confrontar os alunos com

problemas de jogo que desafiem a sua capacidade de compreender e atuar no

jogo.

Durante a minha prática pedagógica, este modelo permitiu-me fomentar

nos alunos a capacidade de pensar no jogo, através do questionamento ou dos

constrangimentos das próprias situações de aprendizagem. Ao longo das aulas,

para que os alunos fossem capazes de entender que não tinham tomado a

decisão mais correta para uma determinada situação, intervinha sobre o erro

cometido pelo aluno e levava-o a tentar compreender qual seria a melhor tomada

de decisão para aquela situação. Colocando assim o aluno a refletir acerca do

significado das suas ações. Todos os conteúdos foram abordados através de

formas de jogo modificadas, pela manipulação e criação de constrangimentos

que condicionassem a ação dos alunos para a aquisição dos objetivos

pretendidos.

O TGfU coloca o aluno como construtor ativo das suas próprias

aprendizagens, uma vez que o aluno é exposto a uma situação problema e é

incitado a procurar soluções. Nesta perspetiva, é essencial que os alunos

percebem o jogo, e o que devem fazer e quando o fazer perante os

constrangimentos e problemas que o jogo lhes coloca.

Concluindo, penso que o professor não se deve centrar apenas num

modelo de ensino, uma vez que estes modelos podem ser utilizados de forma

Page 66: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

46

combinada. Neste sentido, utilizei os diferentes modelos por considerar serem

os mais ajustados a cada situação face às necessidades e níveis de

desempenho dos alunos. Os modelos instrucionais desempenham um papel

fundamental na construção de todo o processo de ensino-aprendizagem.

4.1.3.2. Gestão do tempo de aula

Segundo Metzler (2000) a gestão do tempo refere-se à capacidade do

professor para maximizar o tempo previsto para cada aula. Cada aula é

composta por vários blocos, sendo eles, a organização, a transição, a

apresentação das tarefas, as atividades de aprendizagem e a revisão da aula.

Neste sentido, um professor eficaz, é aquele que consegue minimizar o tempo

despendido na gestão, organização e transição, aumentando assim o tempo

destinado à realização das tarefas de aprendizagem. Por isso, o professor para

rentabilizar o tempo de aula deve definir o material que vai ser utilizado antes da

aula, usar um sinal de atenção para informar os alunos, de forma a prestarem

atenção ao professor e estes sinais podem ser verbais ou não-verbais.

De acordo Arends (2008) os professores eficazes no que concerne ao

tema da gestão e controlo da turma estabelecem regras e rotinas de aula,

prevenindo certos comportamentos inadequados dos alunos. Neste

entendimento, para que houvesse uma boa gestão da aula e um bom controlo

da turma, estabeleci algumas regras no início do ano, que foram aplicáveis a

todas as aulas do ano letivo. Considerando estas informações, na primeira aula

com a minha turma as regras que dizem respeito ao regulamento da disciplina

de EF foram apresentadas à turma, não sendo novidade nenhuma para os

alunos, uma vez que já são implementadas há bastante tempo. Estas regras

correspondem ao uso das instalações e à utilização do equipamento apropriado

para as aulas de EF, sendo que as raparigas são obrigadas a prender o cabelo,

elas como os rapazes, estão proibidos do usar bijuteria, como colares, anéis,

brincos, relógios e pulseiras, e, não menos importante, também foram

estabelecidas um conjunto de regras respeitantes à saúde e higiene, tal como, a

obrigação de todos tomarem banho a seguir às aulas de EF.

Page 67: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

47

No decorrer das aulas também existiram outras regras, tais como, a

contagem decrescente após o meu apito, como forma de reunir a turma no final

de cada tarefa de aprendizagem. Nas modalidades coletivas, os alunos estavam

proibidos de chutar as bolas com o pé, exceto no futebol e no momento da minha

instrução solicitava a todos os alunos que colocassem a bola debaixo do braço.

Como enfatiza Doyle (cit. por Rosado & Ferreira, 2015) a boa gestão de aspetos

organizacionais, bem como, a regulação da disciplina é crucial na criação de

ambientes positivos de interação e aprendizagem.

Em relação à gestão do tempo de aula, foram visíveis duas dificuldades

na fase inicial do estágio, nomeadamente, o tempo despendido na transição de

uma tarefa para a outra e o elevado número de tarefas planeadas para cada

aula. De forma a colmatar o primeiro problema, na elaboração dos planos de

aula procurei promover uma sequência de situações de aprendizagem com

estruturas organizativas semelhantes, permitindo desta maneira minimizar o

tempo despendido na organização e/ou na mudança de uma situação de

aprendizagem. Tal, como refere Quina (2009) uma boa organização facilita

grandemente as condições de aprendizagem e assume-se como indispensável

no sucesso pedagógico.

Por outro lado, uma forma de rentabilizar o tempo de aula é evitar a

utilização de tarefas de aprendizagem que envolvem filas de espera. Sou da

opinião que os alunos devem estar sempre em atividade. Como forma, de

prevenir este aspeto procurei utilizar tarefas de aprendizagem que se constituem

como jogos modificados nas modalidades coletivas, por exemplo, o jogo dos 10

passes, mas com regras especificas. Na modalidade de voleibol, com o intuito

de gerir bem o tempo e ao mesmo tempo melhorar a condição física dos alunos,

optei por fazer uma junção de um exercício de voleibol com um exercício de

condição física, evitando que os alunos ficassem na fila à espera da sua vez.

4.1.3.3. Instrução

O papel da comunicação na eficácia pedagógica constitui um dos fatores

determinantes no contexto de ensino das atividades físicas e desportivas, sendo

um instrumento inquestionável na orientação do processo de ensino-

Page 68: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

48

aprendizagem, de tal forma, a transmissão de informação é considerada por

(Rosado & Mesquita, 2015) como uma das competências fundamentais dos

professores e treinadores. Neste entendimento, um professor eficaz, é aquele

que consegue comunicar de maneira a permitir aos alunos compreenderem bem

a informação que lhes é transmitida. Mas para que isso aconteça, o professor

tem de conseguir a atenção dos alunos, tem de ser claro na transmissão de

informação, deve utilizar um vocabulário apropriado e tem de ter em atenção o

tom de voz que utiliza nas suas aulas (Metzler, 2000).

Quando se pretende transmitir informação aos alunos em contexto de

ensino e treino, recorre-se nomeadamente ao termo designado por “instrução”

(Rosado & Mesquita, 2015). De acordo com Siedentop (1991) a instrução faz

parte do reportório do professor, transmitindo a informação diretamente

relacionada com os objetivos e os conteúdos de ensino. Este comportamento

abrange todos os comportamentos verbais ou não verbais, como por exemplo, a

explicação, a demonstração e a emissão de feedbacks (Rosado & Mesquita,

2015). É através deste comportamento que o professor explica aos alunos o

conteúdo que quer ensinar, podendo recorrer a outros comportamentos.

Segundo Januário (1996) a instrução é fulcral para a interação entre o

aluno e o ensino, e comprova que grande parte do ambiente geral da aula

depende da forma como o professor apresenta a informação à turma. Como

relata Rosado e Mesquita (2015) a informação transmitida aos alunos deve ser

clara para todos e esta é emitida em três momentos, são eles, antes da prática,

recorrendo-se a apresentação das tarefas, explicações e demonstração; durante

a prática, emissão de FB; e após a prática, onde é feita uma análise da prática

desenvolvida.

Sem dúvida, a instrução foi um dos meus maiores desafios numa fase

inicial do estágio, por isso melhorar este comportamento foi um dos meus

primeiros objetivos a atingir. Assim, umas das primeiras dificuldades que senti

na comunicação com os alunos, foi referente ao tom de voz utilizado ao longo

das aulas. No início do estágio, os alunos demonstraram imensas dificuldades

em perceber o que eu transmitia porque o meu tom de voz não era o mais

adequado. Por isso, durante a instrução tive sempre a necessidade de pedir aos

Page 69: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

49

alunos que se chegassem perto de mim, de forma a poderem ouvir com mais

facilidade.

“Por fim, tenho alguns aspetos a melhorar, como o tom de voz, os

alunos sentiram muitas dificuldades em perceber o que eu dizia e,

nomeadamente, reduzir o tempo de instrução”. Diário de Bordo - 1º

Período

“Salientando que tenho de melhorar o meu tom de voz, os alunos às

vezes queixam-se que não me conseguem ouvir e melhorar também

a demonstração dos exercícios”. Diário de Bordo – 1º Período

De acordo com Rosado e Mesquita (2015) na otimização da comunicação

os professores devem ter em conta o nível de atenção dos alunos. No início tive

algumas dificuldades relativamente a este aspeto. Os alunos nem sempre

estavam atentos ao que eu dizia e eram frequentes as conversas paralelas. Para

contrariar estes momentos pedia para se colocarem de forma a ter contacto

visual com toda a turma e intervinha através da mudança de voz, ou com um

olhar fixo dirigido para o aluno perturbador.

4.1.3.4. Apresentação das tarefas

Segundo Rink (1993, 1994, p. 270) a apresentação de tarefas, define-se

como, a informação transmitida pelo professor ou treinador aos alunos ou atletas

durante a prática motora acerca do que fazer e como fazer. O professor

esclarece aos alunos à cerca do significado e da importância do que vai ser

aprendido, dos objetivos a alcançar e, ainda, da organização da própria prática.

Durante apresentação das tarefas, os alunos veem e/ou ouvem qual será a

próxima habilidade ou tarefa e, como se executa (Metzler, 2000). Desta forma, a

apresentação das tarefas deve ser transmitida de forma clara, objetiva e, de

modo a ser entendida pelos praticantes. Como enfatiza Rosado e Mesquita

(2015), a interpretação que os alunos fazem da tarefa, influencia a realização

das mesmas, reconhecendo que a transmissão de informação está muitas vezes

Page 70: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

50

sujeita a distorções por parte dos alunos. Neste entendimento, resulta na

necessidade de selecionar apenas a informação mais relevante, sendo

considerado um dos problemas iniciais confrontados pelos EE no EP. De acordo

com Rosado e Mesquita (2015), no início de carreira, aquilo que pretendemos

transmitir é diferente do que efetivamente dizemos, e aquilo que o praticante

ouve, não é o que compreende, e aquilo que compreende não é muita das vezes

executado, considerando assim umas das dificuldades iniciais no meu EP.

Numa fase inicial do EP, nos momentos de instrução a minha

comunicação para com os alunos era confusa e pouco clara, os alunos não

conseguiam compreender a informação que lhes era transmitida, o que levou a

perdas de tempo durante as aulas, porque originava uma exercitação

inapropriada por parte dos alunos, por consequência tinha de repetir de novo a

informação que havia explicado anteriormente.

“Agora relativamente ao penúltimo exercício da aula, os alunos

sentiram imensas dificuldades na realização, primeiro não tinham

percebido o que era para fazer (…)”. Diário de Bordo – 1º Período

“Porém, tenho de fazer uma melhor demonstração e explicação dos

exercícios”. Diário de Bordo – 1º Período

No entanto, quando me apercebi deste problema, tive como imediata

necessidade repensar sobre ele, com o intuito de encontrar uma solução para o

ultrapassar. Assim, tive sempre o cuidado de escolher exercícios simples, o que

facilitou na apresentação das tarefas e tentei usar uma linguagem mais clara e

objetiva possível, repetindo várias vezes a execução da tarefa, como a

organização dela. Nesta ótica, é essencial que a linguagem do professor seja

clara, concisa e objetiva, de forma a ter a certeza que todos os alunos

compreendem a informação transmitida. Pois, o entendimento do aluno à cerca

da matéria transmitida pelo professor interfere no modo de execução da tarefa e

consequentemente na aprendizagem do aluno.

Page 71: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

51

Por fim, um dos recursos que utilizava com mais frequência de modo a

auxiliar a minha instrução verbal era a demonstração, porém o questionamento

também foi um dos recursos que utilizei após apresentação da tarefa para ter a

certeza de que os alunos entenderam o que foi transmitido. De acordo com

Metzler (2000) no final da apresentação da tarefa é importante verificar se os

alunos entenderam o que lhes foi dito antes de se envolverem na tarefa de

aprendizagem. Caso os alunos não tenham entendido o que é para fazer, irão

obrigar o professor a repetir tudo de novo, o que leva a uma perda de tempo

durante a aula.

4.1.3.5. Demonstração e o Questionamento

O uso de diferentes estratégias instrucionais, nomeadamente na

apresentação das tarefas motoras revelou-se particularmente eficaz. A

demonstração e o questionamento, como referido anteriormente, foram

estratégias utilizadas para tornar mais clara a instrução e captar de forma mais

eficaz a atenção dos alunos.

De acordo com Darden (1997); Rink (1994) no contexto desportivo a

demonstração assume um papel preponderante, na medida que possibilita aos

praticantes a visualização dos movimentos a executar. Nesta perspetiva, o uso

da demonstração a par da instrução verbal, revelou-se eficaz (Rosado &

Mesquita, 2015).

Vários estudos comprovam que “a apresentação do modelo do movimento

pretendido permite diminuir o tempo de prática necessário para atingir

determinado nível de performance em relação à prática efetuada na ausência da

utilização prévia desta estratégia de apresentação” (Temprado, cit. por Rosado

& Mesquita, 2015, p. 96). Neste sentido, quanto à apresentação do movimento

pretendido, ao longo do estágio, optei sempre por escolher os melhores

executantes na modalidade específica. Porém em algumas aulas, se fosse um

exercício que eu considerasse complexo, eu própria realizava a demonstração,

nunca tive dificuldades em demonstrar o quer que seja porque me sinto

confortável na maior parte das modalidades, sobretudo, nas que foram

abordadas este ano letivo. Rosado e Mesquita (2015) apresentam alguns

Page 72: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

52

critérios didáticos gerais que podem ser formulados, tais como, o executante

deverá ser um bom modelo; deveremos ter em atenção à posição e a distância

dos observadores; devemos repetir diversas vezes a tarefa de aprendizagem; o

professor também deverá fazer a demonstração, com o intuito de criar uma

imagem mais positiva de si e da atividade desportiva em causa; a demonstração

dos erros deverá ser executada pelos melhores alunos, evitando a humilhação;

a informação verbal deve preceder a demonstração, focando-se nos aspetos

críticos; e no final deveremos sempre verificar a compreensão dos alunos.

Segundo Rosado e Mesquita (2015, p. 100) “o questionamento dos alunos

é um dos métodos verbais mais utilizados pelos professores, sendo a

interrogação dos alunos, como método de ensino, tão velha como a própria

instrução”. Constituindo-se como a chave para a compreensão (Harvey &

Goudvis, 2000). Neste entendimento, o questionamento otimiza o processo de

ensino-aprendizagem, porque verifica o grau de conhecimento que os alunos

têm à cerca da informação transmitida, ajuda no desenvolvimento da capacidade

de reflexão, ajuda no controlo de aspetos de caráter organizativo e aumenta a

frequência de interações entre o professor e o aluno (Rosado & Mesquita, 2015).

Após a demonstração, era frequente questionar os alunos sobre o que

tinha sido apresentado para garantir que os alunos compreendessem qual era o

objetivo principal da tarefa de aprendizagem. Este método permitia-me também

verificar se os alunos estavam concentrados durante a apresentação das tarefas

e conhecer as suas dificuldades e dúvidas que podiam possuir. Por isso, no final

da apresentação da tarefa é pertinente fazer-se o controlo da informação através

de questões relevantes sobre a matéria transmitida e não como a habitual

pergunta “alguém tem dúvidas?”, porque muitas das vezes a informação não é

percebida por todos.

4.1.3.6. Feedback

Uma das principais funções instrucionais do professor é a transmissão de

informação aos alunos sobre a sua performance ao longo das tarefas de

aprendizagem. Essa informação denomina-se por feedback (FB). Este tem como

objetivo fazer com que o professor reage à resposta motora do aluno, com o

Page 73: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

53

intuito de modificar essa resposta, no sentido de que o aluno adquire ou realize

uma habilidade (Fishman & Tobey, cit. por Rosado & Mesquita, 2015). De acordo

com Bloom (cit. por Rosado & Mesquita, 2015) o FB como instrumento

pedagógico é considerado um meio fundamental de qualidade de ensino. Porém,

os professores ainda sabem bem quando o utilizar (Rink, 1996). Contudo,

Metzler (2000) apresenta algumas “regras de ouro”: fornecer FB é melhor do que

não o fazer; o FB específico é mais eficaz do que o FB geral; O FB imediato é

mais eficaz do que o FB atrasado; o FB corretivo ajuda mais o aluno do que o

FB negativo; e os alunos mais débeis precisam de mais FB, sendo que este deve

ser um FB que os motive e reconheça o seu esforço.

Neste entendimento, o professor deve transmitir um conjunto de

informação aos alunos sobre a forma como realizou a ação imediatamente após

a realização da tarefa motora de maneira a melhorar o seu desempenho (Rosado

& Mesquita, 2015). Quando transmitimos um FB ao aluno não deverá ser uma

intervenção meramente apreciativa, mas sim, deverá ser feita uma transmissão

que contenha informação específica à cerca do que se fez e do que se deve

fazer de seguida. Desta forma, não nos cabe dizer aos alunos se a execução foi

ou não correta, é pertinente especificar o que é correto e o que não é, e o que

fazer para melhorar (Rosado & Mesquita, 2015).

Como enfatiza Rosado e Mesquita (2015), o FB é classificado em duas

categorias, conhecimento da performance e conhecimento do resultado, sendo

que o conhecimento da performance enfatiza-nos para a informação centrada na

execução do movimento, e numa fase inicial este conteúdo informativo é

fundamental para os alunos adquirirem referências concretas sobre o modo

como realizam os movimentos e o que devem fazer para melhorar a sua

performance (Schmidt & Lee, 2014). Neste entendimento, ao longo do EP,

durante a emissão de FB aos alunos, a minha intervenção remeteu-se quase

sempre para o movimento e qualidade da sua execução, de modo a garantir que

os alunos realizassem as habilidades técnicas em referência ao modelo correto

da sua execução.

De acordo com Pierón e Delmelle (cit. por Rosado & Mesquita, 2015) o

professor para emitir um FB pedagógico deve seguir uma série de

Page 74: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

54

comportamentos, sendo que em primeiro lugar tem de observar e identificar o

erro, depois têm de tomar uma decisão, se reage ou não, prestando um

encorajamento ou uma informação, após estes comportamentos transmite o FB

ao aluno, observa se há mudança no comportamento motor e transmite se

necessário um novo FB. Como relata Rosado e Mesquita (2015, p. 90) “depois

do FB inicial, o professor verifica se este teve o efeito pretendido, para de novo

diagnosticar e prescrever se necessário”. Assim sendo, a minha maior

dificuldade relativamente à emissão de FB centrou-se, nomeadamente, no fecho

do seu ciclo. No início do estágio, como pretendia ajudar todos os alunos mesmo

aqueles que não apresentavam grandes dificuldades na execução motora

pretendida, tinha muito vício de corrigir um aluno e passar logo para outro, sem

verificar se o comportamento do primeiro tinha sido alterado. Mas, após algumas

“chamadas de atenção” do PC e do PO, tentei ao máximo colmatar este

problema, uma vez que o PO na última observação que fez das minhas aulas,

notou uma evolução quanto a este aspeto.

Outro problema que tinha era o facto de incidir maioritariamente nos FB

individualizados, o que por vezes estava a dar o mesmo FB várias vezes, mas a

alunos diferentes. Portanto, como forma de superar este problema em vez de

transmitir um FB individual, transmitia um FB geral, ou seja, observava a turma

a realizar a tarefa, identificava quais os principais erros que os alunos estavam

a cometer e depois imitia um FB à turma toda.

Uma “chamada de atenção” para que o PC nos alertou, foi relativamente

às questões da especificidade do FB transmitido, como já referido inicialmente,

os FB específicos contêm a informação específica. Durante a emissão do FB

deveremos focar-nos somente no que é pertinente que o aluno retenha naquele

preciso momento. Por isso, os FB devem ser emitidos imediatamente à execução

do movimento, porque se forem transmitidos muitos depois da execução do

movimento, os alunos possivelmente já se esqueceram dos pormenores da

respetiva execução, acabando por não terem a eficácia pretendida (Rosado, cit.

por Rosado & Mesquita, 2015).

Concluindo, a transmissão de FB é uma ação fundamental na medida que

permite ao aluno ter consciência daquilo que está a fazer de errado e daquilo

Page 75: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

55

que está a fazer de forma correta, porque muitas das vezes os alunos não têm

consciência de que estão a cometer erros e desta forma necessitam de um FB

para melhorarem a sua performance.

4.1.3.7. Observação

Ao longo de EP, uma das tarefas incutidas aos EE foi, nomeadamente, a

observação. De acordo as Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio

Profissional, durante o ano letivo temos de elaborar os planos de observação

sistemática e realizar as respetivas observações. Desta forma, realizamos 10

observações de cada colega de estágio.

Segundo Aranha (2007, p. 3) “a observação é uma capacidade essencial

a qualquer professor ou treinador. Ela é tão importante na análise e avaliação

das prestações dos alunos ou atletas, como da própria atividade do professor.

Ela permite identificar prestações menos eficazes, e, consequentemente,

melhorar essa atividade. É neste contexto que a observação é largamente

utilizada no apoio à formação de professores”. A observação desempenha um

papel fundamental na formação de professores porque modifica o

comportamento e a atitude do professor em formação, uma vez que ajuda o

professor a construir as suas práticas e a modificar algumas atitudes com a vista

à sua formação profissional (Martins, 2011).

Como afirma Reis (2011, p. 12) “aprende-se muito através da observação

e o ensino não constitui uma exceção”. Por isso, a tarefa de observar alguém

com um nível de experiência idêntico, nomeadamente, no caso das observações

das aulas dos meus colegas de estágio, fez com que me deparasse com

situações semelhantes, o que me facilitou no reconhecimento de erros e

necessidades, que enquanto lecionava não me apercebia.

Desta forma, não encarei esta tarefa como um trabalho obrigatório, mas

sim como uma forma de aprender, ajudando-me aperfeiçoar as minhas práticas

e a melhorar o meu desempenho no processo de ensino-aprendizagem.

Conjuntamente com estas observações e com as observações realizadas pelos

meus colegas sobre a minha prática pedagógica, tentava procurar ideias,

Page 76: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

56

atitudes, comportamentos e soluções para os problemas que poderiam ocorrer

nas minhas aulas.

Segundo Reis (2011, p. 12) “a observação regular de aulas e uma

discussão de qualidade sobre o desempenho constituem uma componente

extremamente importante do processo de desenvolvimento pessoal e

profissional de qualquer professor, independentemente do seu nível de

conhecimento e experiência. Neste caso, a observação e a discussão das

informações recolhidas destinam-se a ampliar tanto os conhecimentos e as

capacidades profissionais do observador como do observado, constituindo um

catalisador importante de aprendizagem e mudança”. Afirma ainda, que a

observação das aulas tem múltiplas finalidades, tais como, a partilha de um

sucesso, o diagnóstico de aspetos relacionados com a prática profissional a

melhorar, encontrar possíveis soluções para colmatar um problema, apoiar um

colega, avaliar o seu desempenho, estabelecer objetivos, reforçar a confiança e

estabelecer laços com os colegas. Martins (2011, p. 18) constata que “o

feedback que surge após a aula do estagiário, na presença dos seus colegas e

do supervisor pedagógico constitui uma das técnicas de formação mais

tradicionais”.

Neste sentido, após a aula de cada um dos estagiários, realizávamos

pequenas reuniões de NE juntamente com o PC em que partilhávamos opiniões

sobre o desenvolvimento das aulas, identificando os aspetos positivos e os

aspetos negativos. Porém, apesar do PC nos fornecer algumas dicas, em

simultâneo tentávamos arranjar soluções para os problemas que ainda não

estavam colmatados. São exemplos, situações de organização de exercícios,

gestão do tempo de aula, entre outros problemas que iam aparecendo. Estas

reuniões eram realizadas no formato de diálogo, em que o principal objetivo era

o desenvolvimento profissional e a melhoria da prática em contexto de aula,

aumentando de certa forma o nosso leque de conhecimento e experiência, tendo

em vista uma única finalidade, tornarmo-nos os melhores professores possíveis.

Porém, a observação das aulas no início do estágio era algo muito

superficial. Nesta fase ainda não conseguíamos captar tudo o que se passava à

nossa volta, mas com a ajuda do PC e do PO, a minha capacidade de observar

Page 77: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

57

foi melhorando, o que me permitiu um crescimento gradual na capacidade de

observação.

Em suma, Martins (2011, p. 22) afirma que “a observação de aulas

constitui, na formação inicial, um dos momentos mais importantes da supervisão

pedagógica, pois implica levar o estagiário ou o futuro professor ao

aperfeiçoamento da prática docente”. Sendo assim, constato que as

observações e as reflexões realizados no decorrer deste ano letivo foram

fundamentais para a melhoria de cada um de nós, enquanto futuros professores.

Estes momentos foram uma mais valia para o nosso processo ensino-

aprendizagem, uma vez que contribuíram para a melhoria do meu desempenho

e ajudaram-me a melhorar a qualidade da minha prática de ensino.

Pessoalmente senti que houve um crescimento ao longo do ano, evoluindo de

certa forma a um bom ritmo e, graças ao contributo dos meus colegas, do PC e

do PO, estes foram uma mais valia para encontrar soluções como forma de

superar os problemas confrontados ao longo do ano letivo.

Tendo encarado o estágio como uma oportunidade única para

desenvolver as minhas competências enquanto professora, posso afirmar que a

observação é um excelente instrumento de aprendizagem e todas as

observações realizadas foram uma mais-valia para o desenvolvimento da minha

atuação na escola. Além da minha evolução, sinto que também ajudei os meus

colegas a progredir e a melhorar as suas práticas pedagógicas. A observação é

vital para avaliar a prestação do professor.

4.1.3.7.1. Instrumentos de observação

De acordo com Estrela (cit. por Martins, 2011) as grelhas de observação

constituem um meio de feedback objetivo que permitem verificar a evolução do

EE ao longo da sua formação inicial. As grelhas devem ser fiéis e objetivas,

fornecendo informações sobre a prática pedagógica desenvolvida pelo EE,

permitindo-lhe evoluir progressivamente. Portanto, para realizarmos estas

observações, no início do estágio tínhamos como suporte uma grelha de

observação (ANEXO 4), elaborada pelo nosso núcleo de estágio. Mas no 2º e 3º

período, a grelha de observação utilizada foi substituída por outras duas grelhas

Page 78: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

58

adaptadas de uma grelha de observação instrucional de (Simon Roberts & Stuar

Faircloughm, 2012). Uma das grelhas tinha como objetivo verificar o

comportamento do aluno (ANEXO 5) de acordo com a sua atividade motora

durante a aula, e a outra tinha como objetivo verificar o contexto de aula (ANEXO

6), ou seja, perceber qual era o tipo de tarefas que eram realizadas nas aulas e

o tempo destinado a cada uma delas. A implementação destas duas grelhas teve

como propósito recolher dados para o estudo.

4.1.3.8. Avaliação

A avaliação é a etapa finalizadora da Organização e Gestão de Ensino e

Aprendizagem e, permite compreender se o planeamento e a realização foram

concebidos da melhor forma e se levou ao sucesso e evolução dos alunos.

Avaliar de acordo com Rosado et al. (2002) é uma atividade humana

constante, já que a todo o momento temos que recolher informação do meio,

valorizar essa informação e decidir em conformidade. Segundo Rosado et al.

(2002) a avaliação informa o professor sobre a sua ação, informando-o se esta

foi ou está a ser eficaz e informa o aluno à cerca da sua evolução e o nível

alcançado por ele. O professor para além de avaliar os seus alunos, avalia a sua

prática pedagógica em relação à concretização dos objetivos estabelecidos

(Sánchez, 2010). Como afirma Lafourcade (cit. por Rosado et al., 2002) a

avaliação “é uma etapa do processo educativo que tem por fim comprovar, de

forma sistemática, em que medida foram conseguidos os resultados previstos

nos objetivos que se teriam especificado previamente”.

Segundo Rosado e Silva (2002) no âmbito da avaliação das

aprendizagens dos alunos é necessário avaliar aptidões cognitivas

(conhecimento e processamento da informação), sócio afetivas (atitudes,

comportamentos e valores) e psicomotores (habilidades motoras e capacidades

físicas), estas aptidões são consideradas como o domínio essencial da

avaliação. De acordo com o documento (ANEXO 1) fornecido pelo grupo de EF

da EC, os critérios de avaliação foram divididos em duas categorias: o domínio

do saber e o domínio do saber estar. O primeiro domínio tem um peso de 85% e

neste são avaliados os seguintes indicadores: domínio psicomotor e domínio

Page 79: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

59

cognitivo. A segunda categoria corresponde aos restantes 15%, onde são

avaliados o domínio sócio afetivo, a assiduidade/pontualidade, a participação e

empenho, e a responsabilidade e disciplina. A classificação final atribuída a cada

aluno resulta da média dos diferentes valores obtidos nas duas categorias, sendo

transformada no final, numa nota de 1 a 5 valores.

Por outro lado, nas avaliações realizadas tive em consideração os

padrões de referência, sendo eles relativos à norma e ao critério. A avaliação

normativa, segundo Rosado e Silva (2002) acontece quando os desempenhos

dos alunos são comparados entre si por relação a uma norma, este tipo de

avaliação apresenta as diferenças entre os alunos e tem como finalidade

selecionar, uma vez que informa a posição do aluno em relação à turma ou a um

grupo. Na avaliação criterial, o padrão de referência é um critério, neste sentido

são avaliadas as competências do aluno em relação a critérios pré-estabelecidos

pelos objetivos de ensino, sem que haja uma comparação entre alunos. Como

enfatiza Rosado et al. (2002, p. 32) “no que se refere à EF (…) e numa perspetiva

de avaliação formativa, a avaliação referida à norma tem pouco interesse,

devendo ser privilegiada a avaliação referida ao critério, isto é, em função dos

objetivos definidos”. Desta forma e considerando que o objetivo é formar alunos,

decidi utilizar a avaliação criterial, esta permite-me observar e avaliar os

processos individuais de aprendizagem de cada aluno, para que posteriormente

consiga reorganizar as condições de aprendizagem conforme as necessidades

dos alunos, de forma a atingirem os objetivos delineados, daí torna-se essencial

comparar o aluno na fase inicial e na fase final, de forma a perceber a sua

evolução. Porém, apesar de atribuir mais importância à avaliação criterial,

utilizava também a avaliação normativa com o intuito de não causar injustiças na

atribuição de notas, visto que é muito comum deparamo-nos com alunos com

mais aptidão para o desporto que outros, tendo mais facilidade em atingir níveis

de desempenho elevados.

Segundo as Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio

Profissional, no EP temos como objetivo utilizar as diversas modalidades de

avaliação como elemento regulador e promotor da qualidade de ensino, da

aprendizagem e da avaliação do aluno, designadas por Avaliação Diagnóstica

Page 80: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

60

(AD), Avaliação Formativa (AF) e Avaliação Sumativa (AS), refletindo sobre os

resultados, visando uma intervenção referenciada ao sucesso, neste sentido o

processo avaliativo ocorreu em três momentos distintos. De acordo com

Mesquita (2012) o que difere de uma avaliação para outra é a objetivo de cada

uma, podendo ser de caráter formal ou informal. A avaliação formal é

reconhecido pelos sujeitos como tal e na avaliação informal os alunos não se

apercebem que são objeto de avaliação (Rosado & Silva, 2002).

4.1.3.8.1. Avaliação Diagnóstica

Segundo Rosado e Silva (2002, p. 8) a AD “é a modalidade de avaliação

que averigua se os alunos possuem os conhecimentos práticos e aptidões para

poderem iniciar novas aprendizagens. Permite identificar problemas no início de

novas aprendizagens, servindo de base para decisões posteriores, através de

uma adequação do ensino às características dos alunos”. De acordo com

Rosado e Silva (2002) esta avaliação não ocorre em momentos específicos do

ano letivo, podendo realizar-se no início do ano, no início de uma UD, sempre

que pretendermos introduzir uma nova aprendizagem ou se acharmos

necessário recorrer a este tipo de avaliação.

Nesta linha de pensamento a AD realizou-se sempre no início de cada UD

com o intuito de analisar e compreender o nível de desempenho dos alunos

relativamente a uma determinada modalidade, no entanto, houve modalidades

que não passaram por este processo avaliativo. A Ginástica Acrobática foi uma

das modalidades em questão, uma vez que a maioria dos alunos não tinha tido

qualquer contacto com esta. Por isso, a construção de cada UD só foi realizada

após a AD, exceto na ginástica acrobática. Este tipo de avaliação é fundamental

porque permite ao professor identificar as competências dos alunos

respetivamente a cada conteúdo de ensino com o objetivo de planear o processo

de ensino-aprendizagem e adequar os conteúdos pedagógicos de acordo com o

nível da turma.

Numa fase inicial do EP, senti imensas dificuldades na realização da AD,

nomeadamente, no registo (observar e avaliar simultaneamente) e na realização

da grelha de avaliação, pois tinha uma quantidade excessiva de conteúdos.

Page 81: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

61

Neste sentido, senti muitas dificuldades em filtrar o que era necessário, uma vez

que no decorrer do jogo estão diversas situações a ocorrer em simultâneo e por

vezes não conseguia avaliar todos os alunos. Outro problema deveu-se ao

tempo previsto para a realização da avaliação, gastando assim demasiado

tempo, o que me obrigou a ter “memória fotográfica”, uma vez que só acabava a

avaliação em casa, tentando-me relembrar do que os alunos tinham conseguido

executar ou não. No sentido de superar este problema eu e os meus colegas de

estágio reunimo-nos com o PC como forma de arranjar uma solução para isto,

assim foram criadas grelhas de avaliação simples e claras permitindo-nos de

certa forma conseguir alicerçar a observação com a avaliação.

4.1.3.8.2. Avaliação Formativa

Segundo Rosado e Silva (2002, p. 6) “a avaliação formativa visa desta

forma regular o processo de ensino-aprendizagem, detetando e identificando

metodologias de ensino mal-adaptadas ou dificuldades de aprendizagem nos

alunos”. Esta tem como objetivo identificar as dificuldades dos alunos ou os

desajustamentos no processo de ensino aprendizagem, para que posteriormente

o professor consiga adotar novas metodologias ou até mesmo adaptar o

currículo.

Neste sentido, a AF nunca foi realizada formalmente, contudo esta

acompanhou sempre todo o processo de ensino aprendizagem o que me

permitiu recolher alguma informação de forma a conseguir adaptar as estratégias

de ensino de acordo com as capacidades que os alunos demonstravam no

momento e se fosse necessário reajustava os conteúdos presentes na UD.

Porém, na maior parte das vezes reajustava as tarefas de aprendizagem no

presente momento, facilitando ou dificultando a aprendizagem dos alunos.

“Verificou-se também uma melhoria na minha capacidade de mudar

as ações através das regras de jogo, de forma a dificultar ou a

facilitar a aprendizagem” Diário de Bordo – 3º Período

Page 82: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

62

Um exemplo, ocorreu na modalidade de basquetebol, quando a bola era

reposta na linha final ou na linha lateral, uma vez que os alunos tinham imensas

dificuldades em conseguir repor a bola em jogo, foi imposta a regra de deixar

entrar o primeiro passe, facilitando assim o processo de aprendizagem dos

alunos.

4.1.3.8.3. Avaliação Sumativa

De acordo com o Despacho Normativo nº98 – A/92, a AS “traduz-se num

juízo globalizante sobre o desenvolvimento dos conhecimentos e competências,

capacidades e atitudes do aluno” (p. 2908-(3)). Segundo Rosado e Silva (2002)

a AS acontece no final de cada período letivo, no final de cada ano e de cada

ciclo de ensino e também pode ter lugar no final de cada UD. De acordo com

Rosado e Silva (2002), a avaliação sumativa é a que melhor possibilita uma

decisão à cerca da progressão ou retenção do aluno.

Esta avaliação permitiu-me perceber se os objetivos delineados

inicialmente foram atingidos com sucesso e enquanto docente permitiu-me

refletir sobre o meu desempenho em cada UD. Para além disto, ainda me

possibilitou classificar os alunos, atribuindo-lhes um valor de 1 a 5, que

representou o mais real possível as competências que os alunos demonstraram

ao longo da respetiva UD.

As diferentes UD correspondentes a cada período foram avaliadas de

acordo com o tipo de instrução utilizado nas aulas e de acordo com os objetivos

delineados no início de cada UD. No caso das modalidades individuais,

nomeadamente, na ginástica, dada as características desta modalidade serem

exigentes a nível da técnica e de exigir muita repetição para aprendizagem,

avaliei cada aluno individualmente, uma vez que estes no momento da avaliação

realizavam as técnicas aprendidas durante as aulas, sendo que na avaliação da

ginástica de solo, os alunos tinham que realizar uma sequência gímnica que lhes

foi apresentada no início da UD. Na ginástica de aparelhos cada aluno foi

avaliado com base na concretização dos critérios estabelecidos para cada salto.

Na ginástica acrobática, os alunos foram convocados para a realização de um

esquema gímnico com a utilização das figuras que estavam presentes no

Page 83: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

63

documento de apoio que lhes foi fornecido. Um dos conteúdos a avaliar foi

sobretudo a criatividade, para além das figuras e das pirâmides apresentadas.

Tradicionalmente, na avaliação das modalidades coletivas maior parte

dos professores só dá importância à execução motora das habilidades técnicas

negligenciando outras dimensões de aprendizagem, considerando desta forma

que este tipo de avaliação está desfasado daquilo que é verdadeiramente o

contexto de jogo. Neste entendimento, durante a avaliação das modalidades

coletivas nunca avaliei de forma isolada as habilidades, ocorreu sempre em

contexto de jogo privilegiando sempre o desenvolvimento da compreensão do

jogo e da tomada de decisão, permitindo ao aluno adequar as habilidades às

diversas situações de jogo, porque realizar um lançamento na passada sozinho

não é o mesmo que o fazer em contexto de jogo onde existe pressão por parte

do adversário.

Na minha turma, houve um caso que uma das alunas não podia realizar

as aulas de EF nos três períodos, sendo que no último realizou as aulas

referentes à modalidade de badminton, uma vez que apresentou atestado

médico para tal ocorrência. Por isso, como era impossível avaliar os

conhecimentos práticos desta aluna, tive de recorrer à avaliação teórica através

da realização de um teste escrito no 1º período e no 2º período a avaliação foi

realizada através de um trabalho sobre as modalidades lecionadas, nesse

mesmo período. Contudo, apesar das impossibilidades da aluna, esta teve

sempre integrada nas aulas, onde realizou funções de estatística, de árbitro,

ajudou sempre na montagem e desmontagem dos exercícios, nunca ficando de

parte na prática pedagógica.

De uma forma geral, os momentos de avaliação foram e são uma das

minhas grandes dificuldades, considerando uma das atividades relativas à

prática profissional, onde tenho muito para aprender e melhorar. Muitas vezes,

foram as inúmeras questões que me fazia a mim própria, em relação à avaliação

dos alunos, pois assentava numa dúvida se estava a ser justa para com todos

os alunos, havendo sempre momentos de incerteza no que diz respeito à

atribuição das notas. Na verdade, estes momentos de avaliação estão sempre

dependentes da forma de pensar e a avaliar de cada professor, ou seja, os

Page 84: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

64

mesmos alunos, com a mesma grelha de avaliação teriam sem sombra de

dúvida, avaliações diferentes consoante o professor responsável pelas mesmas.

Page 85: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

65

4.2. Área 2 – Participação na escola e relação com

a comunidade

Este capítulo explana a minha participação e as funções que me foram

atribuídas na realização das atividades desportivas não letivas previstas no

plano anual de atividades.

Segundo as Normas Orientadoras, a área 2 abrange todas as atividades

não letivas realizadas pelo EE, potenciando a sua integração na comunidade

escolar, e desta forma, contribuem para um conhecimento do meio regional e

local, melhorando a ligação entre o EE, a escola e o meio que o rodeia. Com o

objetivo de melhorar esta ligação, o EE tem certas tarefas a desenvolver, tais

como: participar nas atividades contempladas no plano educativo do

departamento curricular e do núcleo de estágio; desenvolver pelo menos uma

atividade, desenvolvendo uma relação com a comunidade educativa; participar

nos concelhos de turma.

Através do meu envolvimento nas atividades desportivas desenvolvidas

pelo Grupo de EF e nas atividades realizadas pelo meu NE, facilitou de certo

modo a minha integração e dos meus colegas na comunidade escolar, o que nos

permitiu manter relações saudáveis com todos os elementos envolventes no

meio escolar. No decorrer do EP participei em todas as reuniões do Grupo de

EF, nas reuniões do conselho de turma, nas atividades desenvolvidas pelo

Grupo de EF, tais como: o tetratlo e o corta-mato. Por fim, tive o contentamento

de realizar duas atividades juntamente com os meus colegas, foram elas, o dia

da escola aberta relacionado com o desporto e um torneio entre as turmas do 9º

ano da ESB e da Escola Abel Varzim que englobou três modalidades. O torneio

desenvolvido por mim e pelos meus colegas distingue-se das outras todas pelo

desafio que nos foi proposto, de certo modo foi a atividade que mais me marcou

este ano letivo.

As realizações destas atividades são importantes para dinamizar a escola,

mas sobretudo o desporto, ajudando a potenciar a participação dos alunos em

atividades extracurriculares. Contudo, o convívio, o contacto com os alunos, a

boa disposição, o entusiasmo e o à vontade que os professores de EF nos

proporcionaram ao longo do EP, foi algo que me marcou pela positiva.

Page 86: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

66

4.2.1. Tretatlo

O Tetratlo é uma atividade realizada pelo grupo de EF da ESB, teve como

objetivo divulgar a modalidade de atletismo. Nesta atividade realizaram-se

quatro provas: o salto em altura, o lançamento do peso, a corrida de mil metros

e a corrida de velocidade (40 metros). Esta atividade decorreu no dia 21 de

novembro de 2019, na parte da manhã. A população alvo era constituída pelos

alunos do 3º ciclo da ESB e da Escola Abel Varzim.

A divulgação desta atividade foi transmitida aos alunos através do seu

professor de EF. Houve uma grande adesão, quer do sexo masculino como do

sexo feminino. A atividade contou ainda, com a colaboração do meu NE, dos

alunos do curso profissional de desporto e dos professores de EF.

O meu grupo de estágio ficou responsável pela montagem do material

juntamente com os alunos do curso de desporto; desempenhamos as funções

de juízes no salto em altura; e colaboramos na entrega de prêmios.

Esta foi a primeira atividade desportiva realizada pelo grupo de EF em que

eu e os meus colegas de estágio participamos. Foi uma experiência muito

positiva, permitiu-nos desenvolver um trabalho de cooperação entre todos os

envolventes, potenciando o nosso desenvolvimento de relações com a

comunidade educativa.

4.2.2. Corta-Mato

O Corta-Mato é considerada como uma das atividades mais antigas, se

não a mais antiga e dinamizadora da escola, neste sentido as atividades letivas

pararam para que todos os alunos pudessem participar nesta atividade. Esta

prova destinou-se a todos os alunos pertencentes à ESB e à Escola Abel Varzim,

do 3º ciclo e secundário. A edição deste ano letivo foi realizada no dia 4 de

dezembro de 2018, nas instalações da Escola Secundária de Barcelos, teve

como intuito promover a prática de exercício físico e apurar os melhores alunos

para a competição distrital que se realiza todos os anos, em Guimarães.

Como esta atividade já é organizada há bastante tempo, os

procedimentos dela já estavam definidos e devido à pouca comunicação com o

grupo de EF sobre a atividade, não foi possível envolvermo-nos na fase de

Page 87: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

67

preparação da prova. Contudo, não deixamos de colaborar no dia da atividade,

contribuindo para que a atividade corresse da melhor forma possível. Nesse dia,

eu e os meus colegas de estágio ajudamos na montagem do percurso da prova,

tiramos fotografias e à medida que os atletas chegavam à meta retirávamos os

dorsais pela ordem de chegada.

Esta atividade contou com a colaboração dos Bombeiros Municipais de

Barcelos e com a colaboração dos funcionários da escola, assim como de alguns

alunos do curso profissional de desporto. Quanto à divulgação da atividade

através de cartazes, esta não se realizou, ficando cada professor de EF

responsável por informar a sua turma.

Em suma, a atividade correu dentro do esperado e a participação do meu

NE foi positiva, uma vez que desempenhamos todas a funções que nos foram

atribuídas, com sucesso.

4.2.3. Torneio Final de Período

A minha participação e a dos meus colegas de estágio ficou marcada pela

organização de um torneio, que incluiu três modalidades coletivas: o

Basquetebol, o Futebol e o Voleibol. Este torneio teve como principal objetivo

promover uma dinâmica dentro do Agrupamento com a junção da ESB e a

Escola Abel Varzim, com o intuito de cativar e estimular os alunos a

permanecerem no próximo ano letivo dentro do seio do Agrupamento. Este

torneio, também, teve como objetivo promover as várias modalidades

desportivas, estimular o gosto pela prática de exercício físico e sobretudo

desenvolver o espírito de equipa, o espírito competitivo e o fair-play.

Esta atividade realizou-se no penúltimo dia de aulas do 2º Período,

nomeadamente, no dia 3 de abril de 2019, durante a manhã. Contou com a

participação de todas as turmas referentes ao 9ºano da Escola Secundária de

Barcelos e da Escola Abel Varzim. Quanto à parte da organização contou com o

apoio dos alunos do curso profissional de desporto e com ajuda dos professores

de EF.

Page 88: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

68

Como a realização do torneio foi inteiramente da responsabilidade do meu

NE, todas as fases da organização, desde a divulgação (figura 13), à preparação

e dinamização do torneio, foram elaboradas por nós.

Figura 13 - Cartaz

Um aspeto importante a evidenciar foi o facto de a participação de todas

as turmas do 9ºano ser de caráter obrigatório, porém, não contou com a

participação de todos os alunos respeitantes a cada turma, uma vez que cada

turma criou três equipas com um número máximo de 4 elementos para o

Basquetebol e para o Voleibol, sendo que os jogos eram de 3 contra 3, ficando

assim um suplente. No futebol o número máximo de elementos que se podiam

inscrever eram 6, no qual realizavam jogos 4 contra 4. Sendo que em cada

equipa era obrigatório ter duas raparigas e cada uma das equipas só participava

numa modalidade, de tal forma que jogavam sempre as três equipas ao mesmo

tempo. Os resultados obtidos por cada uma das equipas nas diversas

modalidades contribuíam para o resultado da turma.

Em resultado do grande número de equipas presentes no torneio, tiveram

sempre a decorrer seis jogos em simultâneo, uma vez que as instalações e as

condições climatéricas possibilitaram a organização de dois campos para cada

modalidade, ao todo houve 75 jogos (figura 14). A duração de cada jogo foi de

10 minutos para cada modalidade e para a classificação do torneio, procedeu-

Page 89: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

69

se à soma das pontuações dos jogos realizados, em que 3 pontos correspondiam

à vitória, 2 pontos ao empate e 1 ponto à derrota (figura 14).

Tal como referi, o meu NE ficou encarregue de toda a logística do torneio.

Tivemos a preocupação de elaborar um regulamento e umas fitas com o

calendário geral e um calendário respetivo a cada turma, isto foi entregue na fase

da acreditação a cada capitão de equipa; preparamos, também, os campos

destinados a cada modalidade (figura 15 e 16); elaboramos um folha com o nome

dos alunos que faziam parte da organização mencionando as funções de cada

um deles durante o torneio; e elaboramos as fichas de inscrição (ANEXO 7),

estas foram dadas aos professores de EF que estavam responsáveis pelas

turmas do 9º ano. Para a entrega de prémios pedimos a ajuda do nosso PC, para

que fosse possível arranjar medalhas (figura 17) para os três primeiros lugares,

contudo ainda tivemos o cuidado de preparar um lanche para todos os

participantes.

Figura 14 - Tabela de pontuação e calendário

Figura 15 - Futebol e Voleibol

Page 90: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

70

Figura 16 – Basquetebol

Figura 17 - Medalhas

Uma das atividades que mais me marcou foi sem sombra de dúvida este

torneio, como toda a logística era do nosso encargo, queríamos demonstrar um

ótimo trabalho de equipa, uma boa organização e sobretudo causar uma boa

impressão, deixando assim a nossa marca na EC. O trabalho de equipa foi

fundamental para que esta atividade corresse com o máximo de rigor e

excelência, de modo a que o FB transmitido pelos participantes fosse muito

positivo. Tal facto aconteceu no final da atividade, foi-nos transmitido um

excelente FB por parte de um aluno – “Adorei o torneio e a escola e, para o

próximo ano letivo quero vir estudar para aqui”. Com isto, o sentimento de dever

cumprido estava presente, pois o objetivo principal foi atingido com sucesso.

Para finalizar, o torneio superou as nossas expectativas, proporcionou aos

alunos uma manhã muito divertida e a realização deste torneio foi muito

gratificante no nosso EP, uma vez que adquirimos novas experiências e

vivências que futuramente poderá a ser uma mais valia para a nossa atividade

profissional.

Page 91: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

71

Figura 18 - Vencedores do torneio final de período

4.2.4. Escola Aberta: atividades desportivas

A Escola Aberta realizou-se no dia 4 de abril de 2019 e como o próprio

nome indica, é um dia em que a escola tem como intuito mostrar a sua realidade

à comunidade escolar e às escolas do 1º ciclo pertencentes ao Agrupamento.

Neste dia, os participantes ficaram a conhecer as instalações da escola, como

os laboratórios e o pavilhão desportivo, onde se realizaram a maior parte das

atividades, conheceram ainda o clube do xadrez, o clube Europeu, o arboreto e

a rede pequenos cientistas. A escola contou com a participação de cinco escolas

referentes ao 1º ciclo e contou ainda com a colaboração dos alunos da escola,

como do meu NE e dos vários professores.

As atividades desportivas só se realizaram na parte da tarde e englobou

quatro modalidades, foram elas, o basquetebol, o futebol, a ginástica e a dança.

As atividades realizaram-se nas respetivas instalações, ou seja, a dança

realizou-se na sala de dança e contou com ajuda de umas alunas do curso

profissional de desporto e de uma professora de EF; o basquetebol e o futebol

realizaram-se no pavilhão desportivo; quanto à ginástica, esta realizou-se no

multiusos, onde os alunos realizaram um pequeno circuito.

Page 92: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

72

O meu NE ficou encarregue de criar um mapa de rotações (figura 19),

apresentando a rotação de cada turma pelas diversas atividades, permitindo

desta forma um envolvimento de todas as escolas nas diversas atividades.

Dando a conhecer a todos os alunos as instalações desportivas, mas sobretudo

dar a conhecer as respetivas modalidades. Ao longo da atividade ficamos

responsáveis por arbitrar os jogos de basquetebol e ficou ainda sobre a nossa

responsabilidade, tomar conta do tempo, sempre que passavam 15 minutos,

através do som de uma buzina assinalávamos a transição de todas as escolas

para a seguinte modalidade, de acordo com o mapa de rotações.

Para finalizar, na minha opinião a atividade correu dentro das expetativas,

houve sempre um contributo de todos, garantindo de certa forma uma tarde

satisfatória a todos os envolventes.

Figura 19 - Mapa de rotações

Figura 20 - Escola Aberta: atividades desportivas

Page 93: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

73

4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional: O

Modelo de Educação Desportiva influencia na

motivação dos alunos?

4.3.1. Resumo

Objetivo: O objetivo deste estudo foi perceber se o Modelo de Educação

Desportiva influencia na motivação dos alunos, em duas unidades didáticas:

andebol e basquetebol. Método: Participaram 63 alunos, de três turmas do 9º

ano de escolaridade da Escola Secundária de Barcelos. A recolha de dados

englobou o preenchimento de um questionário pelos alunos em quatro

momentos distintos, no início e no final de cada unidade didática. Resultados:

A análise de estatística descritiva revelou que os alunos da turma A, na

modalidade de basquetebol e os alunos da turma E, na modalidade de andebol

apresentaram um aumento nos valores da motivação intrínseca, do esforço e da

satisfação. As correlações de Spearman revelaram que existe correlações

negativas fortes entre amotivação e a motivação intrínseca; entre amotivação e

o esforço e satisfação. Também, se verificou correlações positivas fortes entre a

motivação intrínseca e o esforço e a satisfação. Conclusão: O Modelo de

Educação Desportiva teve influência na motivação, no esforço e na satisfação

dos alunos da turma A e da turma E.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESFORÇO; MODELO DE

EDUCAÇÃO DESPORTIVA; MOTIVAÇÃO; SATISFAÇÃO.

Page 94: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

74

4.3.2. Abstract

Objective: The aim of this study was to understand if the Sports Education Model

influences students' motivation in two didactic units: handball and basketball.

Method: 63 students from three classes of the 9th grade of Barcelos Secondary

School participated. Data collection included the a filled quiz by students at four

different times, at the beginning and end of each didactic unit. Results: The

analysis of descriptive statistics revealed that the students in class A, in

basketball and the students in class E, in handball showed an increase in intrinsic

motivation, effort and satisfaction. Spearman's correlations revealed that there

are strong negative correlations between motivation and intrinsic motivation;

between motivation and effort and satisfaction. Also, there were strong positive

correlations between intrinsic motivation and effort and satisfaction. Conclusion:

The Sports Education Model influenced the motivation, effort and satisfaction of

the students in class A and class E.

KEY-WORDS: PHYSICAL EDUCATION; EFFORT; SPORT EDUCATION

MODEL; MOTIVATION; SATISFACTION.

Page 95: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

75

4.3.3. Introdução

Segundo Pizani et al. (2016, p. 260) “a escola representa um dos

principais espaços educacionais. Para alcançar seus objetivos, os alunos

necessitam, além de compreender a sua importância, motivar-se na busca pela

aprendizagem”. A disciplina de EF é fundamental para a formação integral do

aluno e deve despertar nos alunos o interesse em aprender. Leal et al. (2012)

afirmam que existem estudos que mostram que a aprendizagem pode interferir

na motivação, bem como a motivação pode produzir um efeito na aprendizagem

e no desempenho dos estudantes. Como afirma Guimarães e Boruchovitch

(2004) um aluno motivado apresenta entusiasmo na execução das tarefas,

persiste em tarefas aspiradoras e está ativamente envolvido no processo de

aprendizagem.

De acordo com o estudo de Wallhead et al. (2014) os programas de EF

tem um impacto positivo na vida dos alunos, uma vez que são considerados

como um meio eficaz para o desenvolvimento de um estilo de vida saudável e

mais ativo. Segundo Wallhead et al. (2013) a disciplina de EF é fundamental

durante a adolescência. Segundo as diretrizes curriculares, a disciplina de EF

tem como finalidade promover o gosto pela prática regular de atividade física,

promover a formação de hábitos e atitudes, valorizando a cooperação, a

solidariedade e a responsabilidade pessoal. A disciplina de EF tem como

objetivos gerais promover êxito pessoal e de grupo, neste sentido os alunos

devem: respeitar os seus colegas, aceitar o apoio deles, ajudá-los favorecendo

o aperfeiçoamento deles e cooperar nas situações de aprendizagem e de

organização. Porém, Wallhead et al. (2014) afirma que os programas estão a

deixar de motivar os alunos a adotarem estilos de vida mais ativos e afirma que

existe uma disparidade entre a potencialidade da disciplina de EF e a sua

realidade.

Nesta perspetiva, o tema deste estudo emergiu do facto de ao longo do

primeiro período do meu estágio os alunos apresentaram baixos níveis de

motivação para a prática desportiva e para as aulas de EF. Através da análise

das fichas de caracterização que os alunos preencheram no início do ano letivo

verifiquei que maior parte, não praticava exercício físico fora da escola, nem

Page 96: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

76

mesmo no desporto escolar e eram poucos os que participavam nas atividades

desportivas desenvolvidas pelo grupo de EF. Neste sentido, o interesse deste

estudo incidiu na necessidade perceber se o MED influencia na motivação dos

alunos, pertencentes a três turmas do 9º de escolaridade.

4.3.3.1. Motivação

De acordo com Deci e Ryan (2000) a motivação constitui-se como um

aspeto comportamental do ser humano, na medida que elas acreditam que um

forte empenho numa atividade levará a resultados ou objetivos desejados. Como

enfatiza Samulsky (cit. por Januário et al., 2012, p.39) “a motivação é

caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual

depende da interação de fatores pessoais e ambientais”. Segundo Lens et al.

(2008) a motivação dos alunos pode ser modificada através da mudança do seu

ambiente de aprendizagem. Guimarães e Borunchovitch (2004, p. 143) afirmam

que “um estudante motivado se mostra ativamente envolvido no processo de

aprendizagem (…)”. Segundo Ryan e Deci (2000) uma pessoa motivada é uma

pessoa que persiste para atingir o objetivo pretendido, enquanto que uma pessoa

desmotivada não demonstra qualquer intenção ou inspiração para agir.

Ryan e Deci (2000) afirmam que as pessoas para além de terem

quantidades diferentes de motivação, tem diferentes tipos de motivação. Na

teoria da autodeterminação Lens et al. (2008); Ryan e Deci (2000) referem que

esta teoria faz uma distinção entre os diferentes tipos de motivação de acordo

com as razões que levam as pessoas atingir determinado objetivo. Neste

entendimento, a teoria da autodeterminação faz uma distinção entre motivação

intrínseca e motivação extrínseca (Ryan & Deci, 2000). A motivação intrínseca

envolve pessoas que realizam uma atividade de forma voluntária porque acham

interessante e obtém satisfação na realização da mesma e não o fazem com o

objetivo de obter recompensas, como dinheiro, prêmios, entre outras coisas

(Ryan & Deci, 2000) e a motivação extrínseca é um comportamento que leva o

indivíduo a realizar uma atividade, com o intuito de obter uma recompensa (Ryan

& Deci, 2000), ou seja, “a satisfação não vem da atividade em si, mas sim das

consequências extrínsecas produzidas pela atividade” (Leal et al., 2012, p. 163).

Page 97: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

77

Ryan e Deci (2000) apresentam um continuum da teoria da

autodeterminação, onde são apresentados seis tipos de motivação, sendo que

estes variam qualitativamente, de acordo com as regulações externas (Gagné &

Deci, 2005).

Como se verifica no quadro acima, a motivação de um indivíduo pode ser

classificada em três grupos: amotivação, motivação extrínseca e motivação

intrínseca. Começando da esquerda para a direita, a amotivação é caracterizada

pela ausência de motivação, ou seja, a pessoa não demonstra intenção de

realizar a atividade, segundo (Pizani et al., 2016, p. 262) “um estudante

desmotivado não vê o propósito nas aulas de EF escolar, o que pode resultar

numa baixa frequência ou numa participação apenas por obrigação”. Em relação

ao segundo grupo Ryan e Deci (2000) apresentam, quatro tipos de regulação

comportamental, à direita da amotivação está apresentada a forma menos

autónoma da motivação extrínseca, esta regulação designa-se por regulação

externa, neste caso a pessoa age para evitar punições ou receber recompensas,

por exemplo “um aluno pode estar (até mesmo altamente) motivado para estudar

na sexta-feira à noite, porque dessa forma a sua mãe permitirá que ele vá a uma

festa no sábado à noite” (Lens et al., 2008, p. 19). O segundo tipo de motivação

extrínseca é a regulação introjetada, neste tipo de motivação a pessoa realiza

uma tarefa com o intuito de melhorar ou manter a autoestima, ou seja, o aluno

Figura 21 - Teoria da autodeterminação

Page 98: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

78

estuda porque não se quer sentir culpado (Lens et al., 2008). A regulação

identificada apresenta já alguma regulação interna, neste caso o aluno executa

a tarefa por considerar importante os benefícios que dela resultam, ou seja, o

aluno realiza a tarefa porque pretende melhorar a sua condição física, este

envolvimento dá-se pelo dever e não porque quer participar (Pizani et al., 2016).

Por último, a forma mais autónoma de motivação extrínseca é a regulação

integrada, na qual o indivíduo realiza a tarefa devido à sua importância e utilidade

para atingir os seus objetivos pessoais.

4.3.3.2. Modelo de Educação Desportiva

O MED é um modelo curricular desenvolvido por Siedentop e é

caracterizado como uma forma de educação lúdica. Tem como intuito criar um

contexto desportivo nas aulas de EF, proporcionando aos alunos uma

experiência desportiva autêntica (Mesquita & Graça, 2015, p. 59). Graça e

Mesquita (2015) afirmam que o MED tem como objetivo substituir as UD de curta

duração em épocas desportivas, neste sentido a época desportiva desenrola-se

seguindo um cronograma, sendo que no início da época é elaborado um quadro

competitivo (Mesquita & Graça, 2015). A constituição das equipas tem como

propósito permitir a que todos os alunos possam contribuir para o resultado final,

diminuindo as diferenças individuais e potenciar a participação ativa de todos os

alunos. Tendo como objetivo diminuir os fatores de exclusão e assegurar o

desenvolvimento de relações de cooperação e entreajuda durante a

aprendizagem (Mesquita & Graça, 2015). Segundo Mesquita e Graça (20015, p.

63) “os alunos menos dotados e as raparigas, habitualmente marginalizados nos

programas tradicionais, sentem que, com os programas de educação desportiva,

trabalham mais e dão um contributo importante para a equipa”.

Segundo Mesquita e Graça (2015) o MED contempla seis características,

são elas, a época desportiva, a filiação, a competição formal, o registo estatístico,

a festividade e os eventos culminantes, elaboradas por Siedentop (1994). Este

modelo tem como objetivo tornar os alunos desportivamente competentes,

desportivamente cultos e desportivamente entusiastas (Wallhead et al., 2013).

Para além destas características, os professores ao longo da implementação do

Page 99: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

79

modelo utilizam estilos de ensino mais centrados nos alunos, uma vez que a

responsabilidade é atribuída aos alunos, ou seja, os alunos vão ter como

responsabilidade desempenhar diversos papéis, tais como: treinador, capitão,

árbitro, juiz de mesa e diretor de equipa (Wallhead et al., 2014).

O estudo de Wallhead e Ntoumanis (2004) relata que os alunos que

estiveram envolvidos no MED apresentaram maiores níveis de satisfação e

esforço em comparação aos alunos que estiveram envolvidos num ensino

tradicional. Neste sentido, os mesmo autores afirmam que as características do

MED quando são utilizadas de forma eficaz pelos professores, aumentam os

níveis de motivação dos alunos. Wallhead et al. (2014) revelaram que os alunos

envolvidos no MED apresentaram uma maior apreciação do programa em

relação aos alunos envolvidos dentro do modelo de pluriatividade. Revelaram

ainda que os níveis de perceção do esforço se mantiveram e os níveis de

satisfação aumentaram nos alunos que estiveram envolvidos no MED. De

acordo com Perlman (2010) o MED pode ser utilizado como um meio para apoiar

a necessidade psicológica dos alunos com baixos níveis de motivação e

contribuir para uma mudança positiva na satisfação dos alunos.

4.3.4. Objetivos

4.3.4.1. Objetivo Geral e Específicos do estudo

O objetivo geral deste estudo é perceber se o Modelo de Educação

Desportiva influencia na motivação dos alunos, do 9º ano de escolaridade.

Os objetivos específicos deste estudo, são:

• perceber se o esforço dos alunos aumenta com aplicação do

Modelo de Educação Desportiva;

• perceber se a satisfação dos alunos aumenta com a aplicação do

Modelo de Educação Desportiva;

• perceber se existem correlações positivas entre as diversas

variáveis em estudo;

Page 100: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

80

• perceber se existe correlações negativas entre as diversas

variáveis em estudo.

4.3.5. Metodologia

4.3.5.1. Desenho do Estudo

O presente estudo teve como propósito realizar uma intervenção

pedagógica impulsionada pela EE, no sentido de resolver problemas

relacionados com a inexistência de motivação nos alunos durante a realização

das aulas de EF. Este estudo teve como intuito aferir o impacto do MED nos

níveis de motivação, sobretudo na motivação autónoma e na perceção do

esforço e satisfação dos alunos, nas aulas de EF.

O desenvolvimento deste estudo decorreu ao longo do 2º e 3º período.

Através da implementação do MED e da aplicação de questionários na UD de

andebol e de basquetebol. O tipo de instrução e as estratégias de ensino foram

desenhadas em concordância com a natureza do modelo, no entanto, este

modelo não foi aplicado na sua totalidade devido ao pouco tempo disponível para

cada UD.

4.3.5.2. Participantes

Neste estudo participaram 63 alunos (30 do sexo feminino e 33 do sexo

masculino), de três turmas do 9º ano de escolaridade da Escola Secundária de

Barcelos, no ano letivo 2018-2019. As idades dos alunos eram compreendidas

entre os 13 e os 16 anos, sendo a média de idade dos participantes de 14 anos.

As três turmas frequentavam as aulas de EF duas vezes por semana, com

três blocos de quarenta e cinco minutos, sendo uma aula de quarenta e cinco

minutos e outra de noventa minutos.

4.3.5.3. As unidades de ensino: aplicação do MED

Este estudo teve como referencial instrucional e pedagógico no ensino da

EF a implementação do MED. Quanto às características do modelo, como

referido anteriormente, nem todas foram colocadas em prática.

Uma das principais condicionantes deveu-se ao número reduzido de aulas

previstas para a UD de andebol (composta por 10 blocos de quarenta e cinco

Page 101: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

81

minutos) e para a UD de basquetebol (composta por 9 blocos de quarenta e

cinco minutos), pelo que implicou numa adaptação à estrutura tradicional do

MED. Os conceitos de pré-epoca, época desportiva e evento culminante, não se

realizaram, à exceção do evento culminante.

As equipas constituídas na UD de andebol persistiram na UD de

basquetebol em concordância com todos os alunos, preservando o

desenvolvimento da afiliação e cooperação dentro de cada equipa. Nas duas UD

os conteúdos foram transmitidos aos alunos por instrução direta, isto deveu-se

ao facto de os alunos não serem suficientemente autónomos e devido ao pouco

tempo disponível, neste sentido foi sempre necessário a intervenção constante

dos professores estagiários, daí tornar-se necessário a explicação e

demonstração dos exercícios para a turma.

Todas as tarefas de aprendizagem realizadas nas aulas apresentavam

uma vertente competitiva, desta forma, todos os alunos contribuíam para o

resultado final da sua equipa, uma vez que a pontuação referente a cada tarefa

de aprendizagem era “assinalada” na ficha de pontuação (ANEXO 8) e a soma

de todos os pontos obtidos nas tarefas de aprendizagem resultavam para a

classificação final da aula. Para além disto, no evento culminante e durante as

aulas foram atribuídas algumas funções aos alunos, tais como, a função de

árbitro e juiz de mesa.

Outra característica comum às duas modalidades foi a organização do

evento culminante nos dois últimos blocos de cada UD. Estas aulas tiveram

como intuito desenvolver a autonomia e a responsabilidade dos alunos

referentes à organização do evento. Fomentando a competição, a cooperação,

a festividade, a união, a alegria e a afiliação, sendo que no final foram

apresentadas as classificações finais e a consequente atribuição de prémios.

4.3.5.4. Instrumentos

A recolha de dados englobou o preenchimento de um questionário, pelos

alunos em quatro momentos distintos. No início da UD de andebol (16 de janeiro

de 2019, aula nº 1 e 2), no final desta UD (20 de março de 2019, aula nº 9 e 10)

Page 102: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

82

e, no início e final da UD de basquetebol (24 de abril de 2019, aula nº 1 e 2 e 5

de junho de 2019, aula nº 8 e 9, respetivamente).

Tabela 1 - Momentos em que foram aplicados os questionários nas três turmas, referente às

duas modalidades

2º Período 3º Período

Andebol Basquetebol

1º Momento 2º Momento 1º Momento 2º Momento

Turma A 4 de janeiro 22 de março 30 de abril 31 de maio

Turma E 10 de janeiro 2 de abril 30 de abril 30 de junho

Turma F 16 de janeiro 20 de março 24 de abril 5 de junho

O questionário foi constituído por cinco categorias, nomeadamente, a

motivação autónoma (PLOC, Goudas et al., 1994, MAS) - (22 questões: e.g.,

“Porque me sinto mal comigo mesmo(a) se não me empenhar”); perceção do

esforço e prazer (IMI, McAuley, Duncan & Tammen) - (9 questões: e.g., “Eu

coloco bastante empenho nas aulas de Educação Física”); intenção para fazer

EF (Ntoumanis, 2005) - (2 questões: e.g., “Durante este ano e no próximo

pretendo participar com empenho nas aulas de EF e outras atividades físicas

dentro e fora da escola”); objetivos sociais (SMOSS, Allen, 2003) - (15 questões:

e.g., “Quando me divirto com os outros nas aulas”); atividade física (LTEQ, Godin

and Shephard, 1985) - (3 questões: e.g., “Ao longo dos últimos 7 dias, eu realizei

desporto e/ou exercício físico vigoroso…”).

No momento da aplicação do questionário, foi realçado que o mesmo só

podia ser entregue quando todas as questões estivessem respondidas e os

alunos foram informados para serem verdadeiros ao responderem. O

preenchimento do questionário realizou-se sempre no início da aula e demorou

aproximadamente 15 minutos. O caráter confidencial das respostas foi alvo de

garantia. Para a avaliação das questões, foi apresentada uma escala de 1 a 7 (1

e 2 = nada verdadeiro; 3, 4 e 5 = ligeiramente verdadeiro; 6 e 7 = bastante

verdadeiro). Ainda foi calculado um índice de autonomia relativa (RAI) para

Page 103: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

83

determinar o nível de motivação autónoma de cada participante, sendo que os

índices positivos representam maiores sentimentos de motivação autónoma,

enquanto que os índices negativos representam sentimentos de amotivação.

4.3.6. Procedimentos de análise

O tratamento e análise dos dados obtidos nos questionários foram

realizados através do programa informático SPSS 26. Na análise dos dados

utilizou-se a estatística descritiva de forma a proceder à apresentação das

médias e do desvio padrão de sete variáveis, com o intuito de verificar se houve

diferenças do pré-teste para o pós-teste. Também foram feitas correlações de

Spearman com o intuito de perceber se há correlação entre cada uma das setes

variáveis. Na análise exploratória dos dados, esta revelou não normalidade na

sua distribuição e por isso foram utilizadas estatísticas não-paramétricas (Teste

de Spearman).

Para efeitos da interpretação as correlações (r) foram consideradas fracas

se r ≤ 0,30, moderado se r ≤ 0,50, forte se r ≤ 0,70 e muito forte se r > 0,70.

4.3.7. Apresentação dos Resultados

Tabela 2 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação, regulação externa,

regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca, nos dois momentos de

avaliação na unidade didática de andebol

Modalidade Andebol

Turma A E F

Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste

M DP M DP M DP M DP M DP M DP

Vari

áv

eis

Amotivação 1,65 0,76 1,7 0,94 2,58 1,24 2,28 0,82 2,11 1,21 2,21 1,36

Regulação Externa 4,78 1 4,48 1,44 4,53 1 5,11 0,75 4,17 0,81 4,53 1

Regulação Introjetada 4,39 1,17 4,22 1,57 4,43 1,2 4,71 0,89 4,04 1,38 4,32 1,18

Regulação Identificada 5,83 1,16 5,44 1,36 5,18 1,18 5,41 0,86 5,14 1,13 5,24 1,15

Motivação Intrínseca 5,63 1,26 5,47 1,34 5,43 1,26 5,65 0,98 5,07 1,08 5,03 1,41

Nota: M – média; DP – desvio padrão

Page 104: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

84

Tabela 3 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação, regulação externa,

regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca, nos dois momentos de

avaliação na unidade didática de basquetebol

As tabelas 2 e 3 apresentam os valores de média e do desvio padrão

obtidos no pré-teste e no pós-teste em cada turma referentes à motivação

autónoma, focando os diferentes tipos de motivação existentes, tais como,

amotivação, regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada e a

motivação intrínseca, de acordo com a respetiva modalidade.

No que diz respeito à modalidade de andebol a turma A registou um

decréscimo dos valores de média do pré-teste para o pós-teste em todas as

variáveis, à exceção da amotivação, que revelou um aumento do pré-teste

(�̅�=1,65) para o pós-teste (�̅�=1,70). Já a turma E, registou um aumento dos

valores da média do pré-teste para o pós-teste em todas as variáveis, à exceção

da amotivação, que revelou um decréscimo do pré-teste (�̅�=2,58) para o pós-

teste (�̅�=2,28). A turma F registou um aumento dos valores da média em todas

as variáveis, à exceção da motivação intrínseca que revelou um decréscimo

significativo do pré-teste (�̅�=5,07) para o pós-teste (�̅�=5,03).

Na modalidade de basquetebol verifica-se que na turma A houve um

aumento dos valores de média do pré-teste para o pós-teste, à exceção da

amotivação, que revelou um ligeiro decréscimo. Na turma E, é possível verificar-

se que não houve qualquer alternância nos valores de média na categoria da

amotivação e da regulação externa ao longo do tempo. Mas houve um

Modalidade Turma

Basquetebol

A E F Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste M DP M DP M DP M DP M DP M DP

Vari

áv

eis

Amotivação 2,15 1,4 2,13 1,21 2,68 1,72 2,68 1,55 2,88 1,78 3,08 1,7

Regulação Externa

4,7 1,04 4,75 1,02 4,55 0,97 4,5 0,96 4,36 0,89 4,18 1

Regulação Introjetada

4,54 1,44 4,7 1,5 4,54 1,15 4,34 1,35 4,36 1,08 4,11 1,2

Regulação Identificada

5,62 1,13 5,72 1,1 5,52 0,98 5,43 1,15 5,2 1,27 5,1 1,27

Motivação Intrínseca

5,6 1,18 5,73 1,11 5,68 0,92 5,42 1,18 5,13 1,51 5,04 1,4

Nota: M – média; DP – desvio padrão

Page 105: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

85

decréscimo dos valores de média nas restantes categorias. Relativamente à

turma F, é possível verificar um decréscimo dos valores de média em todas as

categorias à exceção da amotivação, que revelou um aumento dos valores de

média do pré-teste (�̅�=2,88) para o pós-teste (�̅�=3,08).

Tabela 4 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à satisfação, nos dois

momentos de avaliação na unidade didática de andebol

Modalidade Turma

Andebol

A E F

Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste

M DP M DP M DP M DP M DP M DP

Vari

áv

eis

Esforço 4,69 0,78 4,55 1 4,68 1,05 4,87 0,65 4,37 0,87 4,32 1,11

Satisfação 5,63 1,29 5,34 1,38 5,45 1,37 5,55 0,97 4,91 1,25 5,05 1,47

Tabela 5 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à satisfação, nos dois

momentos de avaliação na unidade didática de basquetebol

Modalidade Turma

Basquetebol

A E F

Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste Pré-teste Pós-teste

M DP M DP M DP M DP M DP M DP

Vari

áv

eis

Esforço 4,75 0,95 4,78 0,91 4,82 1,05 4,57 0,97 4,58 1,25 4,54 1,11

Satisfação 5,48 1,18 5,72 1,08 5,72 0,93 5,31 1,27 5,1 1,55 5,07 1,38

As tabelas 4 e 5 apresenta os resultados da média e do desvio padrão

obtidos no pré-teste e no pós-teste de cada turma, referentes ao esforço e à

satisfação em cada uma das modalidades.

Na modalidade de andebol, é possível verificar-se que a turma A e F,

registam um decréscimo dos valores de média nas duas categorias, à exceção

da turma F na categoria do esforço, que revela um ligeiro aumento do pré-teste

(�̅�=4,91) para o pós-teste (�̅�=5,05). Já a turma E registou um aumento dos

valores de média do pré-teste para o pós-teste nas duas categorias.

Nota: M – média; DP – desvio padrão

Nota: M – média; DP – desvio padrão

Page 106: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

86

Por fim, na modalidade de basquetebol só a turma A é que registou um

aumento dos valores de média do pré-teste para o pós-teste nas duas

categorias, as outras duas turmas registaram um decréscimo dos valores de

média do pré-teste para o pós-teste nas duas categorias.

Tabela 6 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pré-teste, na unidade

didática de andebol

Tabela 7 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pós-teste, na unidade

didática de andebol

Modalidade Andebol

Variáveis Esforço Satisfação

r p r p

Amotivação -0,13 0,308 -0,435** 0,000

Regulação Externa 0,343** 0,006 0,359** 0,004

Regulação Introjetada 0,438** 0,000 0,468** 0,000

Regulação Identificada 0,576** 0,000 0,697** 0,000

Motivação Intrínseca 0,538** 0,000 0,810** 0,000

Modalidade Andebol

Variáveis

Esforço Satisfação

r p r p

Amotivação -0,374** 0,002 -0,477** 0,000

Regulação Externa 0,330** 0,008 0,391** 0,001

Regulação Introjetada 0,336** 0,007 0,345** 0,005

Regulação Identificada 0,642** 0,000 0,741** 0,000

Motivação Intrínseca 0,776** 0,000 0,897** 0,000

Nota: * correlações significativas: p ≤ 0,05; ** correlações significativas: p ≤ 0,01

Nota: ** correlações significativas: p ≤ 0,01

Page 107: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

87

A tabela 6 apresenta as correlações de Spearman referente ao pré-teste

realizado nas três turmas, na modalidade de andebol. É possível verificar-se

correlações positivas e negativas, de moderadas a muito fortes.

A correlação negativa que existe entre a amotivação e as duas variáveis

apresentadas na linha de cima (esforço e satisfação), revela que à medida que

a amotivação aumenta essas variáveis diminuem. Além disto, também, se

verifica correlações positivas, fortes e muito fortes, entre: a regulação

identificada e a satisfação; entre a motivação intrínseca e o esforço; entre a

motivação intrínseca e a satisfação; Através destas correlações positivas muito

fortes percebe-se que à medida que uma variável aumenta a outra variável

também aumenta.

A tabela 7 apresenta as correlações de Spearman referente ao pós-teste

realizado nas três turmas, na modalidade de andebol. É possível verificar-se

correlações positivas e negativas, de fracas a muito fortes. Na tabela é possível

verificar-se que existe correlações negativas fracas a moderadas entre a

amotivação e as duas variáveis apresentadas na linha de cima (esforço e

satisfação), portanto à medida que a amotivação aumenta essas variáveis

diminuem.

É possível verificar-se que existem correlações positivas moderadas a

muito forte entre a motivação intrínseca e o esforço e, entre a motivação

intrínseca e a satisfação, sendo assim, sempre que uma variável aumenta a

outra também aumenta, por exemplo, se a motivação intrínseca aumenta o

esforço também aumenta.

Page 108: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

88

Tabela 8 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pré-teste, na unidade

didática de basquetebol

Tabela 9 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no pós-teste, na unidade

didática de basquetebol

Modalidade Basquetebol

Variáveis Esforço Satisfação

r p r p

Amotivação -0,087 0,501 -

0,444** 0,000

Regulação Externa 0,391** 0,002 0,344** 0,006

Regulação Introjetada 0,343** 0,006 0,343** 0,006

Regulação Identificada 0,584** 0,000 0,786** 0,000

Motivação Intrínseca 0,752** 0,000 0,917** 0,000

Modalidade Basquetebol

Variáveis Esforço Satisfação

r p r p

Amotivação 0,008 0,953 -0,237 0,063

Regulação Externa 0,396** 0,001 0,420** 0,001

Regulação Introjetada 0,500** 0,000 0,411** 0,001

Regulação Identificada 0,659** 0,000 0,783** 0,000

Motivação Intrínseca 0,674** 0,000 0,883** 0,000

Nota: * correlações significativas: p ≤ 0,05; ** correlações significativas: p ≤ 0,01

Nota: * correlações significativas: p ≤ 0,05; ** correlações significativas: p ≤ 0,01

Page 109: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

89

A tabela 8 apresenta as correlações de Spearman referente ao pré-teste

realizado nas três turmas, na modalidade de basquetebol. É possível verificar-

se correlações positivas, de moderadas a muito forte.

É possível verificar-se correlações positivas moderadas a muito fortes

entre a motivação intrínseca e o esforço e entre a motivação intrínseca e a

satisfação. Através destas correlações positivas percebe-se que à medida que

uma variável aumenta a outra também aumenta.

A tabela 9 apresenta as correlações de Spearman referente ao pós-teste

realizado nas três turmas, na modalidade de basquetebol. É possível verificar-

se correlações positivas e negativas, de moderadas a muito fortes. Na tabela é

possível verificar-se que existe correlações negativas moderadas entre a

amotivação e a satisfação, portanto à medida que a amotivação aumenta a

satisfação diminui.

Também é possível verificar-se fortes correlações entre a motivação

intrínseca e o esforço e entre a motivação intrínseca e a satisfação. Através

destas correlações positivas muito fortes percebe-se que à medida que uma

variável aumenta a outra também aumenta.

4.3.8. Discussão dos Resultados

Neste ponto discute-se os resultados atendendo o objetivo central do

estudo, perceber se o MED influencia na motivação dos alunos do 9º ano de

escolaridade em duas unidades didáticas, andebol e basquetebol. Pretendeu-se

analisar e relacionar a informação proveniente dos dados quantitativos advindos

dos questionários que os alunos responderam.

Os resultados demonstram que na modalidade de andebol, na turma A

não existiram melhorias significativas na motivação intrínseca, no esforço e na

satisfação do pré-teste para o pós-teste. O mesmo acontece na turma E e na

turma F, mas na unidade didática de basquetebol. Neste sentido, posso afirmar

que os resultados não estão de acordo com o que eu estava à espera. Porém,

na turma A em basquetebol e na turma E em andebol verifica-se que existiu um

ligeiro aumento dos valores de média em todas as categorias, exceto na

amotivação. Relativamente à turma F em andebol, os resultados demonstram

Page 110: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

90

que existe uma ligeira descida na motivação intrínseca, no esforço e na

satisfação, tal facto não era o que eu esperava.

Neste entendimento, os resultados afirmam que o MED só resultou na

turma A em basquetebol e na turma E em andebol. De acordo com Wallhead et

al. (2014); Wallhead e Ntoumanis (2004) os alunos que vivenciam o MED

revelam maiores níveis de esforço e satisfação do que os alunos que vivenciam

uma ensino tradicional. Segundo o estudo de Spittle e Byrne (2009) os níveis de

motivação intrínseca foram maiores no MED do que num ensino tradicional.

Quanto à análise das correlações entre as diversas categorias, os

resultados obtidos na tabela 6 e 7 testemunham os resultados obtidos na tabela

1. Na tabela 6 é possível verificar-se que existe uma correlação negativa entre a

amotivação, o esforço e a satisfação , ou seja, se os níveis de amotivação

aumentam, os níveis de esforço e satisfação diminuem, tal facto, verifica-se na

tabela 1, quando os valores da média referentes a amotivação aumentam do pré-

teste para o pós-teste e os valores de média do esforço e satisfação diminuem.

Isto, também, se verifica na relação que existe entre a motivação intrínseca com

o esforço e a satisfação, sendo que neste último caso o que acontece é uma

correlação positiva, portanto sempre que os valores da motivação intrínseca

aumentam, os valores do esforço e da satisfação aumentam, tal facto se verifica

na tabela 1 referente à turma E.

Com forma a justificar os resultados obtidos, existem possíveis

explicações para o sucedido. A falta de melhoria nos níveis de motivação

intrínseca, do esforço e da satisfação pode adverse ao facto de as unidades

didáticas terem sido curtas, o que dificultou e muito na aplicação de algumas das

características do modelo, sobretudo, na elaboração do quadro competitivo que

se divide em pré-época, época desportiva e evento culminante. Isto, levou a que

a instrução ao longo das aulas se centra-se completamente na professora

estagiária, uma vez que o objetivo era conseguir dar os conteúdos previstos na

UD, portanto não foi dada quase nenhuma autonomia aos alunos, a não ser no

evento culminante e no desempenho de funções de árbitros e juiz de mesa.

Segundo Wallhead e Ntoumanis (2004) a autonomia que é atribuída aos alunos

dentro do MED pode ter um efeito positivo sobre os resultados motivacionais

Page 111: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

91

deles. Por isso, outra explicação possível pode advir da pouca autonomia e

responsabilidade atribuída aos alunos ao longo das duas UD. O que também

não foi possível, dar aos alunos total autonomia para a escolha das tarefas de

aprendizagem, consoante as dificuldades deles de forma a trabalharem

separadamente por equipas, sendo que o espaço de aula também não permitiu

que isso acontecesse.

Como tal, é possível verificar-se uma correlação positiva fraca entre a

regulação externa e o esforço, isto pode a dever-se à utilização de folhas de

pontuação em todas as aulas, uma vez que o resultado obtido em cada tarefa de

aprendizagem contabilizava para a pontuação final da aula. No final do período,

a equipa com melhores resultados ao longo da UD tinha uma recompensa. A

utilização desta estratégia fez com que os alunos percebessem que a sua

prestação, o seu empenho e o seu esforço contribuíam para o sucesso da sua

equipa. Tal como se sabe, a regulação externa é um tipo de motivação

extrínseca onde os alunos se empenham numa atividade com o intuito de

receber uma recompensa (Lens et al., 2008). Por isso, é possível verificar-se

uma relação entre estas duas categorias. Como, no final, a melhor equipa

obtinha uma recompensa, os alunos esforçaram-se em todas as tarefas de

aprendizagem para que a sua equipa atingisse o sucesso.

4.3.9. Conclusões

Face à discussão dos resultados anteriormente apresentados pode-se

constatar que o impacto do MED sobre os níveis de motivação dos alunos só se

verificou na turma A, em basquetebol e na turma E, em andebol.

O tipo de instrução utilizada pelos professores estagiários e a falta de

autonomia e responsabilidade atribuída aos alunos ao longo das duas unidades

didáticas poderão ter sido um dos motivos para o qual não se registou valores

positivos na maior parte dos casos.

Apesar de o estudo não ter revelado resultados muito positivos, considero

que o MED é um modelo bastante interessante para ser aplicado nas aulas de

EF, pois há vários estudos que afirmam que este modelo ajuda a colmatar

problemas de inclusão, uma vez que desenvolve um sentimento de pertença a

Page 112: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

92

uma equipa, possibilita o desenvolvimento de uma aprendizagem mais

cooperativa e potencia a participação mais ativa e equitativa de todos os alunos

nas tarefas de aprendizagem. De acordo com Wallhead e Ntoumanis (2004) as

características do MED quando são aplicadas pelos professores de forma eficaz,

desenvolvem respostas motivacionais nos alunos.

Com a realização deste estudo permitiu-me aprofundar os conhecimentos

acerca dos diferentes tipos de motivação e permitiu-me, também, perceber

melhor a realidade do meu EP e dos meus colegas de estágio. Como, já referido

anteriormente, sentimos algumas dificuldades em aplicar o MED na sua

totalidade o que talvez não nos ajudou a 100% na realização deste estudo, uma

vez que os resultados não foram de acordo ao que estava à espera.

No final deste estudo considero que houveram algumas limitações, tais

como: o número da amostra ser muito reduzido; não se ter aplicado o modelo na

sua totalidade; e, as características e estratégias utilizadas, foram idênticas nas

três turmas, o que não nos possibilitou concluir certamente quais as diferenças

entre turma, a que levaram a que turma A e a turma E tivessem melhores

resultados em cada uma das modalidades referidas. Neste sentido, acho que o

estudo teria resultados mais positivos se tivesse feito uma comparação do MED

a outro modelo e não uma comparação entre turmas.

Page 113: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

93

4.3.10. Referências Bibliográficas

Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2000). The "what" and "why" of goal pursuits: human

needs and the self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11(4),

227-268.

Gagné, M., & Deci, E. L. (2005). Self-determination theory and work motivation.

Journal of Organizational Behavior, 331-362.

Graça, A., & Mesquita, I. (2015). Modelos e conceções de ensino dos jogos

desportivos. In F. Tavares (Ed.), Jogos desportivos coletivos - Ensinar a

jogar 2ª ed. Porto: Editora FADEUP.

Guimarães, S. É. R., & Boruchovitch, E. (2004). O estilo motivacional do

professor e a motivação intrínseca dos estudantes: uma perspetiva da

teoria da autodeterminação. Psicologia: Reflexão e Crítica 143-150.

Januário, N., Colaço, C., Rosado, A., Ferreira, V., & Gil, R. (2012). Motivação

para a prática desportiva nos alunos do ensino básico e secundário:

influência do género, idade e nível de escolaridade. FTCD/FIP-MOC, 8(4),

38-51.

Leal, E. A., Miranda, G. J., & Carmio, C. R. S. (2012). Teoria da

autodeterminação: uma análise da motivação dos estudadntes do curso

de ciências contábeis. . R. Cont. Fin. - USP, São Paulo, 24(62), 162-173.

Lens, W., Matos, L., & Vasnsteenkiste, M. (2008). Professores como fontes de

motivação dos alunos: o quê e o porquê da aprendizagem do aluno.

Educação, Porto Alegre, 31(1), 17-20.

Mesquita, I., & Graça, A. (2015). Modelos instruticionais no ensino do Desporto.

In A. Rosado & I. Mesquita (Eds.), Pedagogia do Desporto. Cruz

Quebrada: Faculdade de Motricidade Humana.

Page 114: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

94

Perlman, D. (2010). Change in affect and needs satisfaction for amotivated

students within the sport education model. Journal of Teaching in Physical

Education, 433-445.

Pizani, J., Barbosa-Rinaldi, L. P., Miranda, A. C. M. d., & Vieira, L. F. (2016).

(Des)motivação na educação física escolar: uma análise a partir da teoria

da autodeterminação. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 259-266.

Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Intrinsic and extrinsic motivations: classic

definitions and new directions. Contemporary Educational Psychology, 54-

67.

Spittle, M., & Byrne, K. (2009). The influence of sport education on student

motivation in physical education Physical Education and Sport Pedagogy,

14(3), 253-266.

Wallhead, T., Garn, A. C., Vidoni, C., & Youngberg, C. (2013). Game play

participation of amotivated students during sport education. Journal of

Teaching in Physical Education, 149-165.

Wallhead, T. L., Garn, A. C., & Vidoni, C. (2014). Effect of a sport education

program on motivation for physical education and leisure-time physical

activity. Research Quarterly for Exercise and Sport, 478-487.

Wallhead, T. L., & Ntoumanis, N. (2004). Effects of a sport education intervention

on students' motivational responses in physical education. Journal of

teaching in Physical Education, 4-18.

Page 115: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

95

5. Conclusão

Após o encerramento do EP, é com satisfação que afirmo que esta

experiência se revelou muito gratificante, contribuindo amplamente para a minha

evolução enquanto professora.

O caminho percorrido ao longo deste ano, foi sempre uma descoberta

constante e em permanente aprendizagem. Este, foi o realizar de um sonho,

dado que desde nova pretendia ser professora de EF. O EP foi um momento de

grande aprendizagem, uma vez que potenciou o meu desenvolvimento pessoal

e profissional, ajudando-me a desenvolver as minhas competências e

capacidades associadas ao ensino da EF. Possibilitou-me, também, aplicar os

conhecimentos adquiridos no ano anterior no sentido de os adequar à realidade,

neste entendimento, não seria de todo possível realizar a minha formação. Poder

aplicar os conhecimentos no contexto real da profissão permitiu-me errar,

questionar e refletir, permitindo-me reajustar e reconstruir os meus

conhecimentos. Por isso, considero que ser professor é muito mais do que

lecionar, do que transmitir conhecimentos e fazer planos de aula. Ser professor

hoje em dia, é estimular o desenvolvimento pessoal dos seus alunos,

potenciando o seu desenvolvimento crítico, criativo, reflexivo e autónomo.

Atualmente o papel do professor vai para além dos seus conhecimentos sobre

uma determinada área de ensino (Cunha, 2008, p. 64). Segundo Bento (2017, p.

108) “o professor deve ser cada vez mais um instrumento requerido do

florescimento progressivo dos alunos como seres autónomos, livres e criadores”.

Apesar de ter sido um percurso exigente e cansativo, todas as

expectativas que coloquei para este ano foram correspondidas e, em certos

aspetos, ultrapassadas. Nos primeiros dias existiam em mim sentimentos como

a ansiedade, insegurança e o receio de errar, mas à medida que o tempo foi

passando, com a recolha de informação, a troca de experiências e, algumas

vezes, com a aprendizagem dos erros, estes sentimentos foram desaparecendo,

tendo-me ajudado a melhorar a minha capacidade pessoal e relacional com

todos os intervenientes do processo educativo., proporcionando-me momentos

inesquecíveis.

Page 116: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

96

Esta caminhada não teria sido a mesma se tivesse sido feita sem a

presença dos meus colegas do NE, por isso realço a importância do NE durante

o EP. A dinâmica do meu NE, no decorrer de todas as tarefas do estágio, permitiu

que este estágio fosse uma experiência positiva e enriquecedora. A partilha de

conhecimento, de experiências, de frustrações e preocupações, o

companheirismo, o ambiente de entreajuda e a união, foram sem dúvida os

aspetos chave, para conseguir ultrapassar os obstáculos com que me

confrontava no dia a dia. Importa também referir a importância e o contributo do

PC e do PO, que estiveram sempre presentes nesta longa caminhada e que

contribuíram sempre no sentido de me tornar numa melhor profissional.

Faço um balanço muito positivo do meu EP, acabo este trajeto com um

sentimento de orgulho, sobretudo, com a sensação de dever cumprido, por ter

conseguido finalizar esta grande etapa. No que concerne a perspetivas futuras,

estou ciente que por mais difícil que esteja para exercer esta profissão, nunca

vou desistir daquele que é o meu sonho de criança, ser professora de EF.

Page 117: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

97

6. Referências bibliográficas

Albuquerque, A., Graça, A., & Januário, C. (2005). A supervisão pedagógica em

educação física. Lisboa: Livros Horizonte.

Aranha, Á. (2007). Observação de aulas de Educação Física: Sistematização da

observação: Sistemas de observação e fichas de registo. Vila Real:

UTAD.

Arends, R. I. (2008). Aprender a ensinar. - 7ª ed. Boston: McGraw-Hill.

Azzarito, L., & Ennis, C. D. (2003). A sense of connection: toward social

constructivist physical education. Sport, education and society, 8(2), 179-

198.

Batista, P., & Pereira, A. L. (2012). Uma reflexão acerca da formação superior

de profissionais de educação física. Da competência à conquista de uma

identidade profissional. In I. Mesquita & J. Bento (Eds.), Professor de

educação física: fundar e dignificar a profissão (pp. 67-91). Belo

Horizonte: Casa da Educação Física.

Batista, P., Pereira, A. L., & Graça, A. (2012). A (re)configuração da identidade

profissional no espaço formativo do estágio profissional. In J. V. d.

Nascimento & G. O. Farias (Eds.), Construção da identidade profissional

em Educação Física : da formação à intervenção (pp. 81-112).

Florianópolis: Coleções Temas em Movimento.

Batista, P., & Queirós, P. (2013). O estágio profissional enquanto espaço de

formação profissional. In P. Batista, P. Queirós & R. Rolim (Eds.), Olhares

sobre o estágio profissional em educaçao física. Porto: Editora FADEUP.

Batista, P., & Queirós, P. (2015). (Re)colocar a aprendizagem no centro da

educação física. In R. Rolim, P. Batista & P. Queirós (Eds.), Desafios

renovados para a aprendizagem em educação física (pp. 31-43). Porto:

Editora FADEUP.

Page 118: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

98

Bento, J. (1999). Contextos e perspetivas. In J. Bento, R. Garcia & A. Graça

(Eds.), Contextos da pedagogia do desporto (pp. 19-112). Lisboa: Livros

Horizonte.

Bento, J. O. (2003). Planeamento e avaliação em educação física. Lisboa: Livros

Horizonte.

Bento, J. O. (2017). Em nome da educação física e dp desporto na escola:

Legitimação, considerações e orientações pedagógico-didáticas. MG,

Brasil: Belo Horizonte.

Bossle, F. (2002). Planejamento de ensino na educação física - uma contribuição

ao coletivo docente. Movimento, 8(1), 31-39.

Cardoso, I., Batista, P., & Graça, A. (2014). Aprender a ser professor em

comunidade de prática: um estudo com estudantes estagiários de

educação física. In P. Batista, A. Graça & P. Queirós (Eds.), O estágio

profissional na (re)construção da identidade profissional em educação

física. Porto: Editora FADEUP.

Costa, B. d. O., Henriques, J., & Freitas, R. C. d. (2011). Escolha profissional e

história de vida: uma análise na indução na carreira docente em educação

física. Comunicação apresentada em XVII Congresso brasileiro de

ciências do esporte e IV Congresso internacional de ciências do esporte.

Cunha, A. C. (2008). Ser professor - Bases de uma sistematização teórica.

Braga: Casa do Professor.

Darden, G. F. (1997). Demonstrating motor skills - Rethinking that expert

demonstration. Journal of Teaching in Physical Education, Recreation &

Dance, 68(6), 31-35.

Dubar, C. (1997). A Socialização: construção das identidades sociais e

profissionais. Porto: Porto Editora.

Page 119: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

99

Dyson, B., & Casey, A. (2016). Cooperative Learning in Physical Education and

Physical Activity. New York: Routledge.

Falkenbach, A. P. (2002). A educação física na escola: uma experiência como

professor. Lajeado: UNIVATES.

Fletcher, T., & Kosnik, C. (2016). Pre-service primary teachers negotiating

physical education identities during the practicum. Education 3-13, 44(5),

556-565.

Flores, M. A. (1999). (Des)ilusões e paradoxos: a entrada na carreira na

perspetiva dos professores neófitos. Revista Portuguesa de Educação,

12(1), 171-204.

Flores, M. A., & Day, C. (2006). Contexts wich shape and reshape new teacher's

identities: a multi-perspetive study. Teaching and Teacher Education, 22,

219-231.

Gomes, L., Martins, J., & Costa, F. C. d. (2017). Estilos de ensino em educação

física. In R. Catunda & A. Marques (Eds.), Educação física escolar:

Referenciais para o ensino de qualidade (pp. 87). Belo Horizonte: Cada

da Educação Física.

Gomes, P., Queirós, P., Borges, C., & Batista, P. (2014). Aprender a ser

professor: o papel dos agentes de mediação na formação inicial de

professores de educação física. In P. Batista, A. Graça & P. Queirós

(Eds.), O estágio profissional na (re)construção da identidade profissional

em educação física. Porto: Editora FADEUP.

Graça, A. (2001). Breve roteiro da investigação empírica na Pedagogia do

Desporto: a investigação sobre o ensino da educação física. Revista

Portuguesa de Ciências do Desporto, 1(1), 104-113.

Graça, A. (2015). O discurso pedagógico da educação física. In R. Rolim, P.

Batista & P. Queirós (Eds.), Desafios renovados para a aprendizagem em

educação física (pp. 15). Porto: Editora FADEUP.

Page 120: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

100

Graça, A., & Mesquita, I. (2015a). Modelos de Ensino dos Jogos Desportivos. In

A. Rosado & I. Mesquita (Eds.), Pedagogia do Desporto. Cruz Quebrada:

Faculdade de Motricidade Humana.

Graça, A., & Mesquita, I. (2015b). Modelos e conceções de ensino dos jogos

desportivos. In F. Tavares (Ed.), Jogos Desportivos Coletivos: Ensinar a

jogar. Porto: Editora FADEUP.

Graça, A., & Mesquita, I. (2015c). Modelos e conceções de ensino dos jogos

desportivos. In F. Tavares (Ed.), Jogos desportivos coletivos - Ensinar a

jogar 2ª ed. Porto: Editora FADEUP.

Graça, A., Musch, E., Mertens, B., Timmers, E., Mertens, T., Taborsky, F., Remy,

C., Clerq, D. D., Multael, M., & Vonderlynck, V. (2003). O modelo de

competência nos jogos de invasão: Proposta metodológica para o ensino

e aprendizagem dos jogos desportivos. The electronic Sport Education

Program.

Graça, A., Ricardo, V., & Pinto, D. (2006). O ensino do basquetebol: aplicar o

modelo de competência nos jogos de invasão criando um contexto

desportivo autêntico. In G. Toni, J. O. Bento & R. D. d. S. Petersen (Eds.),

Pedagogia do desporto (pp. 299-312). Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan.

Guilherme, J. (2015). Um olhar sobre o ensino dos jogos desportivos em contexto

escolar. In R. Rolim, P. Batista & P. Queirós (Eds.), Desafios renovados

para a aprendizagem em Educação Física. Porto: FADEUP.

Harvey, S., & Goudvis, A. (2000). Strategies that work. Portland: Stenhouse.

Jacinto, J., Comédias, J., Mira, J., & Carvalho, L. (2001). Programa de Educação

Física: ensino básico 3º ciclo.

Januário, C. (1996). Do pensamento do professor à sala de aula. Coimbra:

Livraria Almedina.

Page 121: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

101

Kirk, D., & MacPhail, A. (2002). Teaching games for understanding and situated

learning: Rethinking the Bunker-Thorpe model. Journal of Teaching in

Physical Education 21(2), 177-192.

Martins, A. (2011). A observação no estágio pedagógico dos professores de

Educação Física. Lisboa: Relatório de Estágio apresentado a

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Masurier, G. L., & Corbin, C. B. (2006). Top 10 reasons for quality physical

education. JOPERD, 77(6), 44-53.

Matos, Z. (2013). Normas orientadoras do estágio profissional do ciclo de

estudos conducente ao grau de mestre em ensino de educação física nos

ensinos básicos e secundários da FADEUP. Porto: Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto.

McPherson, S. L., & French, K. E. (1991). Changes in Cognitive Strategies and

Motor Skill in Tennis. Journal of Sport & Exercise Psychology, 26-41.

Mesquita, I., Afonso, J., Coutinho, P., & Araújo, R. (2015). Modelo de abordagem

progressiva ao jogo no ensino do voleibol: conceção, metodologia,

estratégias pedagógicas e avaliação. In F. Tavares (Ed.), Jogos

desportivos coletivas - Ensinar a jogar 2ª ed (pp. 73-122). Porto: Editora

FADEUP.

Mesquita, I., & Graça, A. (2015). Modelos instruticionais no ensino do Desporto.

In A. Rosado & I. Mesquita (Eds.), Pedagogia do Desporto. Cruz

Quebrada: Faculdade de Motricidade Humana.

Metzler, M. W. (2000). Instructional models for Physical Education. Boston: Allyn

& Bacon.

Nóvoa, A. (2009). Para una formación de profesores construida dentro de la

profesión. Revista de Educación, 203-218.

Page 122: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

102

Nunes, M. (2006). Educação física e esporte escolar: poder, identidade e

diferença. São Paulo: Mário Nunes. Dissertação de Mestre apresentada

a Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

Oliveira, A., Vieira, C., Alcoforado, J., Ferreira, J., & Simões, A. (2009). Vivências

e percepções do estágio curricular em Educação de Adultos: A perspetiva

dos alunos. Revista Portuguesa de Pedagogia, 43(1), 205-224.

Pontes, M., & Palma, P. (2014). A escola como veículo de motivação e

desenvolvimento dos alunos. EDUSER: revista de educação, 6(1), 4.

Queirós, P. (2014). Da formação à profissão: o lugar do estágio profissional. In

P. Batista, A. Graça & P. Queirós (Eds.), O estágio profissional na

(re)construção da identidade profissional em educação física. Porto:

Editora FADEUP.

Quina, J. d. N. (Ed.). (2009). A organização do processo de ensino em Educação

Física. Bragança: Instituto Politécnico de Bragança.

Reis, P. (2011). Observação de aulas e avaliação do desempenho docente

Cadernos do Conselho Científico para a Avaliação de Professores.

Rink, J. E. (1993). Teaching physical education for learning. - 2nd ed. St. Louis:

Mosby.

Rink, J. E. (1994). Task presentation in pedagogy. Quest, 46, 270-280.

Rink, J. E. (1996). Effective instruction in Physical Education. In S. J. Silverman

& C. D. Ennis (Eds.), Student learning in physical education: Applying

research to enhance instruction Champaing: Human Kinetics.

Rodrigues, Â. (s.d.). A formação de formadores para a prática na formação inicial

de professores.

Page 123: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

103

Rodrigues, E. (2013). Ser professor cooperante: das funções aos significados. In

P. Batista, P. Queirós & R. Rolim (Eds.), Olhares sobre o estágio

profissional em educação física (pp. 93-104). Porto: Editora FADEUP.

Rolim, R. (2013). Revisitar o baú de orientador de estágio: indagações, reflexões,

e retalhos sobre a supervisão dp estágio profissional. In P. Batista, P.

Queirós & R. Rolim (Eds.), Olhares sobre o estágio profissional em

educação física (pp. 55-83). Porto: Editora FADEUP.

Rosado, A., Dias, L., & Silva, C. (2002). Avaliação das aprendizagens em

Educação Física. In A. Rosado & C. Colaço (Eds.), Avaliações das

Aprendizagens: fundamentos e aplicações no domínio das atividades

físicas. Lisboa: Omniserviços, Representações e Serviços, Lda.

Rosado, A., & Ferreira, V. (2015). Promoção de ambientes positivos de

aprendizagem. In A. Rosado & I. Mesquita (Eds.), Pedagogia do Desporto.

Cruz Quebrada: Edições FMH

Rosado, A., & Mesquita, I. (2015). Melhorar a aprendizagem optimizando a

instrução. In A. Rosado & I. Mesquita (Eds.), Pedagogia do Desporto. Cruz

Quebrada: Edições FMH.

Rosado, A., & Silva, C. (2002). Conceitos básicos sobre avaliação das

aprendizagens. Lisboa: Ministério da Educação.

Sánchez, D. B. (2010). La evaluación en Educación Física. In C. G. Arévalo & T.

L. A. (coords.) (Eds.), Didática de la Educación Física (Vol. II). Barcelona:

Editorial GRAÓ.

Schmidt, R. A., & Lee, T. D. (2014). Motor learning and performance. From

principles to application: Human Kinetics

Siedentop, D., Hastie, P. A., & Mars, H. v. d. (2011). Complete Guide to Sport

Educatiom. Canadá: Human Kinetics.

Page 124: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

104

Siedentop, D. (1991). Developing teaching skills in physical education. Mountain

View: Mayfield Publishing Company.

Siedentop, D. (1994). Sport education: Quality PE trhough positive sport

experiences. Champaign: Human Kinetics.

Siedentop, D. (2008). Aprender a enseñar la educacion física. - 2ª ed. Barcelona:

INDE.

Silva, T., Batista, P., & Graça, A. (2014). Os programas de formação inicial de

professores de educação física nas universidades públicas portuguesas:

estrutura e fundamentos. In P. Batista, A. Graça & P. Queirós (Eds.), O

estágio profissional na (re)construção da identidade profissional em

educação física (pp. 113-141). Porto: Editora FADEUP.

Simões, M. A. (2008). Início da carreira docente: desafios e dificuldades. Lisboa:

Mara Simões. Dissertação de Mestrado apresentada a Universidade

Aberta.

Sinner, A. (2010). Negotiating spaces: the in-betweeness of becoming a teacher

Asia-Pacific Journal of Teacher Education, 38(1), 23-37.

Smit, B., Fritz, E., & Mabalane, V. (2014). A conversation of teachers: in search

of professional identity. In The australian educational researcher:

Springer.

Stãnescu, M. (2013). Planning physical education - from theory to pratice.

Procedia - Social and Behavioral Sciences, 790-794.

Tan, C. W. K., Chow, J. Y., & Davids, K. (2012). 'How does TGfU work?':

examining the relationship between learning design in TGfU and a

nonlinear pedagogy. Physical Education and Sport Pedagogy, 17(4), 331-

348.

UNESCO. (2015). Diretrizes em educação física de qualidade para gestores de

políticas. Brasília.

Page 125: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXI

Anexos

Anexo 1 - Distribuição de matérias

Page 126: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXII

Anexo 2 - Plano anual

Page 127: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXIII

Anexo 3 - Constituição das equipas

Page 128: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXIV

Anexo 4 - Grelha de observação

Page 129: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXV

Page 130: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXVI

Anexo 5 - Grelha de observação sobre a atividade dos alunos

Page 131: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXVII

Page 132: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXVIII

Anexo 6 - Grelha de observação sobre o contexto de aula

Page 133: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXIX

Page 134: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXX

Anexo 7 - Folha de inscrição

Page 135: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXXI

Anexo 8 - Folha de pontuação

Page 136: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXI

Page 137: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXII

Page 138: Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é ...Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo Relatório de Estágio Profissional Relatório

XXIII